Sendo o objeto deste projeto a investigação das práticas de
pesquisa e preservação do patrimônio arqueológico desenvolvidas pelos governos municipais, autonomamente ou em conjunto com instituições de pesquisa, são necessários amplos estudos a respeito dos conceitos adotados e das políticas implementadas. Para tanto, é preciso entender essa prática no contexto das três esferas de governo, no âmbito das estratégias de políticas públicas, particularmente das políticas culturais. Norberto Bobbio (1977) distingue política cultural e política da cultura. A primeira é o planejamento da cultura feita pelos políticos, visando fins políticos. A segunda é a política da comunidade dos homens da cultura, voltada para o desenvolvimento da cultura com o acesso de todos. Segundo FONSECA (1997: 43), na “perspectiva liberal, cabe à sociedade produzir cultura. Ao Estado, cabe apenas garantir as condições para que esse direito possa ser exercido por todos os cidadãos”. Ora, isso implica numa atuação efetiva do Estado não só para defender a preservação do patrimônio, mas para criar condições da sociedade formular e implementar as políticas culturais e de preservação, a qual a realidade brasileira tem demonstrado ser bastante difícil. Assim, acreditamos serem os governos municipais bons laboratórios para experimentação de práticas de preservação e políticas mais participativas na gestão do patrimônio histórico e arqueológico. E são os municípios que vêm implementando com maior visibilidade propostas neste sentido.
Políticas públicas e compliance em desenvolvimento urbano: instrumentos de políticas públicas, participação popular e compliance ambiental na ordenação territorial