LIVRO 16 - Patologias em Forros e Coberturas

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PATOLOGIA DAS

ESTRUTURAS

Maurício Thomas
Revisão técnica:

André Luís Abitante


Mestre em Engenharia e Ciência dos Materiais,
ênfase em Controle de Processos
Engenheiro Civil

NOTA
As Normas ABNT são protegidas pelos direitos autorais por força da legislação
nacional e dos acordos, convenções e tratados em vigor, não podendo ser
reproduzidas no todo ou em parte sem a autorização prévia da ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas. As Normas ABNT citadas nesta
obra foram reproduzidas mediante autorização especial da ABNT.

W415p Weimer, Bianca Funk.


Patologia das estruturas / Bianca Funk Weimer, Maurício
Thomas, Fernanda Dresch; revisão técnica: André Luís
Abitante. – Porto Alegre : SAGAH, 2018.
199 p.: il. ; 22,5 cm

ISBN 978-85-9502-396-3

1. Engenharia civil. I. Thomas, Mauricio. II. Dresch,


Fernanda. III. Título.
CDU 624

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147


Patologias em forros
e coberturas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar problemas com a estrutura de madeira de forros e


coberturas.
 Expressar problemas de projeto e/ou execução em coberturas e
forros em geral.
 Relacionar o encontro ou final de águas com as infiltrações (cumeeiras,
rincão/espigão, calhas e rufos).

Introdução
No Brasil, há uma enorme quantidade de estruturas de coberturas an-
tigas de madeira, seja em galpões, ginásios, pontes, coberturas prediais
e residenciais, entre outros. A idade dessas estruturas, combinada com
as alterações de uso e o controle precário, potencializou a ocorrência
de manifestações patológicas em muitas delas. Nesse contexto, há a
necessidade, em função da vida útil de várias estruturas, de avaliar as
patologias detectadas e indicar quais as possíveis soluções e intervenções
em manutenções, reabilitações, reforços ou substituições, a fim de garantir
a segurança dessas estruturas diante das eventuais condições de uso
durante os dias atuais. As devidas ações de intervenção estrutural que en-
volvem as estruturas de madeira devem abranger várias particularidades,
por se tratar de um material de origem biológica, que tem uma elevada
variabilidade, em função das suas propriedades físicas e mecânicas.
Neste capítulo, você vai aprender a identificar problemas com a estru-
tura de madeira de forros e coberturas, bem como avaliar os problemas
que ocorrem na concepção de projetos e na execução de coberturas
e forros. Também compreenderá a relação que existe entre o encontro
ou final das águas com as infiltrações em cumeeiras, rincões/espigões,
calhas e rufos.
110 Patologias em forros e coberturas

Composições estruturais de forros


e coberturas de madeira
A madeira, segundo Lelis et al. (2001), é caracterizada por uma composição de
polímeros naturais que apresenta resistência e durabilidade, quando utilizada
como material estrutural. O problema é que, a partir do momento em que há
a formação das árvores, a madeira está suscetível a degradação por diversos
agentes. O dano causado pode ser desde pequenas descolorações causadas
por fungos ou substâncias químicas, até deteriorações de ordem mais grave,
decorrentes de ataques de insetos e/ou fungos apodrecedores. Do ponto de vista
ambiental e biológico, a degradação da madeira é uma ação natural e benéfica
ao ecossistema, uma vez que retorna carbono e outros elementos ao solo e ao ar.
Porém, do ponto de vista estrutural, acaba se tornando prejudicial, em função
da sua importância para o sistema ao qual está destinada estruturalmente. A
madeira, quando utilizada em estruturas projetadas de forma adequada, apresenta
qualidades muitas vezes superiores, em comparação a muitos materiais; porém,
dependendo do grau de agressividade ambiental, deve ser preservada e protegida,
para garantir um desempenho adequado. As características da madeira fazem
com que ela venha sendo amplamente utilizada em estruturas de coberturas.
As madeiras utilizadas na estrutura de um telhado devem ser naturalmente
resistentes, no que diz respeito ao apodrecimento e ao ataque de insetos, ou
ser tratadas previamente, para que adquiram a resistência necessária. Quando
a madeira fica exposta ao ambiente externo, ela deve ser tratada com pintura
impermeabilizante, com tintas à base de óleo ou esmaltes. Logo, não devem
ser empregadas na estrutura peças de madeira que:

 sofreram esmagamentos ou outros danos que possam vir a comprometer


a segurança estrutural;
 apresentem um alto teor de umidade (as denominadas madeiras verdes);
 apresentem em sua estrutura nós soltos ou nós que abrangem boa parte da
seção transversal da peça, fendas exageradas ou arqueamento acentuado;
 não sejam adaptáveis às ligações;
 apresentem sinais de deterioração causados por fungos e/ou insetos.

A estrutura tradicional das coberturas utilizadas no Brasil é composta de


madeira serrada e é formada pela estrutura principal, da qual fazem parte as
tesouras, e pela estrutura secundária, constituída por ripas, caibros e terças,
como mostra a Figura 1. A inclinação dos telhados varia de acordo com o tipo
de telha que será utilizado. Telhas com canais de escoamento menor terão uma
Patologias em forros e coberturas 111

inclinação maior. Por exemplo, telhas francesas são mais inclinadas que as de
amianto e alumínio. Nesses casos, quanto maior for a inclinação do telhado, maior
é a velocidade das águas da chuva e, consequentemente, menor a possibilidade de
penetração por eventuais falhas do material de cobertura. A inclinação do telhado
mal calculada, bem como um encaixe errado das telhas pode levar à infiltração
de água na edificação. No caso do uso de telhas de maior dimensão, como as
de fibrocimento, por exemplo, os caibros e as ripas podem ser dispensados.

Figura 1. Madeiramento tradicional utilizado para telhas cerâmicas.


Fonte: Rodrigues (2006).

Estrutura principal: tesoura


Denomina-se tesoura a viga principal da treliça, responsável por transferir o
carregamento do telhado aos pilares ou às paredes da edificação. As tesouras
são muito eficientes para vencer vãos sem apoio intermediário. São estruturas
planas verticais que recebem cargas paralelamente ao seu plano, transmitindo-
-as aos seus apoios. A NBR 7190 (Projeto de estruturas de madeira) aconselha
que o espaçamento ideal para as tesouras deva ficar na ordem dos 3 m. (AS-
SOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1997). Para trabalhar
112 Patologias em forros e coberturas

como treliça, os eixos geométricos das barras devem necessariamente pertencer


ao mesmo plano, e as intersecções entre eixos de três ou mais barras devem
ocorrer em um único ponto, como mostra a Figura 2.

Figura 2. Intersecção entre eixos das barras concorrentes de


uma tesoura.
Fonte: São Paulo (1988).

Também não se pode esquecer que as estruturas de tesouras devem ser


contraventadas, de modo que se obtenha um conjunto estrutural rígido. O
contraventamento pode ser realizado com diagonais cruzadas entre as tesou-
ras centrais ou entre todas as tesouras. As tesouras também não podem ser
apoiadas diretamente sobre as alvenarias, mas sim sobre coxins ou cintas de
amarração, como mostrado na Figura 3.

Figura 3. Estrutura de tesoura apoiada sobre coxim e cinta


de amarração.
Fonte: Campos [(2015)].

As ligações em uma tesoura de madeira, por sua vez, devem ser calculadas
e verificadas ainda em projeto. Basicamente, há três tipos de ligações em
estruturas de madeira:
Patologias em forros e coberturas 113

 pinos metálicos: pregos ou parafusos;


 cavilhas: pinos de madeira torneados;
 conectores: anéis metálicos ou chapas dentadas.

Nas tesouras, ainda são utilizados entalhes, também conhecidos como


sambladuras, que servem para o devido encaixe das peças.

Estrutura secundária: terças, caibros e ripas


A terça pode ser definida como uma viga horizontal, paralela ao beiral, que
é apoiada nas tesouras e que dá sustentação aos caibros. As terças devem
ser apoiadas o mais próximo possível dos nós das tesouras, para que estas
trabalhem como uma treliça. Geralmente, o espaçamento entre elas varia de
1 a 3 m. Elas podem ser fixadas às empenas das tesouras, com chapuzes de
madeira, cantoneiras metálicas, tarugos de madeira ou parafusos passantes.
Já os caibros são peças de madeira de pequena seção transversal na direção
da vertente, apoiados nas terças, os quais dão sustentação às ripas. O afastamento
entre os caibros costuma variar de 40 a 60 cm, dependendo do material que
será utilizado na cobertura. Também vale destacar que o declive dos caibros
determina o caimento do telhado. Os caibros devem ser pregados às terças, tendo-
-se o cuidado para que a penetração do prego na terça equivalha, no mínimo, à
metade do comprimento do prego. Sempre que possível, deve-se evitar emendas
nos caibros; porém, quando houver necessidade, essa emenda deve ser realizada
sobre a terça, como mostra a Figura 4, que traz dois métodos de execução.

Figura 4. Emendas em caibros.


Fonte: São Paulo (1988).
114 Patologias em forros e coberturas

As ripas, por sua vez, são definidas como peças de madeira de pequena
esquadria paralelas ao beiral e apoiadas aos caibros. Também são simplesmente
pregadas nos caibros, nos quais a penetração do prego deve ser pelo menos
igual à metade do seu comprimento. Com relação ao espaçamento, as ripas
são espaçadas de acordo com as telhas que serão utilizadas na cobertura.

Estrutura pontaletada
Outra solução para coberturas utilizando madeira serrada, além do uso de
tesouras como estrutura principal, é a estrutura pontaletada. O pontalete
substitui a tradicional tesoura, quando da existência de uma laje de cobertura,
gerando assim uma grande economia de madeira.
Nesse tipo de estrutura, as terças são apoiadas nos pontaletes, que, por sua
vez, apoiam-se na laje do forro, como visto na Figura 5. Não podemos esquecer
que a laje deve ser corretamente dimensionada, já prevendo as cargas pontuais
originadas pelos pontaletes. Recomenda-se também que o pontalete seja con-
traventado nas duas direções: na direção da vertente e perpendicular a esta.

Figura 5. Terça de cumeeira apoiada sobre pontaletes e contraventamento dos pontaletes


com diagonais.
Fonte: São Paulo (1988).
Patologias em forros e coberturas 115

Características das principais madeiras utilizadas em telhados:


 Peroba rosa: é uma madeira nobre de alto preço, sendo o seu uso, portanto, inviável
para telhados. Também é difícil de encontrar esse tipo de madeira.
 Paraju ou maçaranduba: é uma madeira conhecida pela sua resistência e dureza.
Por essas características, é difícil de trabalhar, mas ainda assim é muito usada para
telhados. O preço é mais acessível.
 Garapeira: é uma boa madeira, resistente à umidade e a cupins. Dá excelente
acabamento e é muito boa para ficar aparente, como no caso de telhados de
varandas, garagens sem foro, entre outros.
 Cambará: madeira bastante usada para a construção de telhados. É bem dura,
mas não o suficiente para ser difícil de trabalhar. O preço dela também é bastante
acessível em relação às outras — como é o caso da garapeira, que é bem mais cara.
 Angelim: é outro tipo que pode ser usado em telhados, pois é mais leve e resis-
tente. No entanto, o angelim é mais usado para a fabricação de portas, janelas e
outras estruturas.
 Guajará: é uma boa madeira e é indicada para telhados leves. Pode ser usada
para ripas, por exemplo.
 Sucupira: é uma boa opção para telhados. É resistente e fácil de trabalhar, mas é
mais difícil de encontrar no mercado.
 Eucalipto: pode ser usado, mas é uma madeira que exige bastante cuidado, pois
pode rachar com muita facilidade. Além disso, é preciso ter em mente que ela pode
ser facilmente atacada por cupins, mas tem como vantagem o preço. Na prática,
o eucalipto é mais usado no Brasil para a fabricação de papel.
 Pinus: é muito mole e enverga com muita facilidade, não sendo indicado para uso
em telhados. O seu uso é comum na construção civil, mas para andaimes, fôrmas
para a criação de vigas, pilares e demais acessórios.

Estrutura de forro
Quanto à sua instalação, o forro é constituído por réguas cuja largura varia de
7 a 10 cm, com espessura média de 0,5 cm. As réguas costumam ser vendidas
em dimensões que podem variar de 1 a 6 m de comprimento. De maneira
geral, elas apresentam dois tipos diferentes de encaixes (Figura 6): o mais
comum é denominado macho e fêmea; o segundo é o encaixe saia e camisa,
que funciona com réguas posicionadas de forma intercalada.
116 Patologias em forros e coberturas

Figura 6. Tipos de encaixe mais utilizados em forros de madeira.


Fonte: Coisas de Arquitetura (2015).

Para a fixação das réguas, são utilizados pregos e parafusos. Também é


importante destacar que a junção das réguas, conhecidas como lambris, deve
ser sempre escondida, utilizando a estrutura da cobertura para tal finalidade.
Quanto à sustentação do forro, em vãos de até 4 m, geralmente fixam-se as
réguas em caibros espaçados no máximo a 60 cm, evitando-se assim a flam-
bagem das réguas. Também há a necessidade de travamento na parte central,
utilizando-se um sarrafo de 10 cm preso ao madeiramento do telhado.
Após a montagem do forro, é de extrema importância que se proceda o
acabamento final, que pode ser uma pintura em verniz ou outra tinta apro-
priada para madeira, a qual tem a função de proteger o forro contra ataques
de insetos xilófagos — os conhecidos cupins.

Patologias de origem estrutural


em forros e coberturas

Principais patologias em coberturas de madeira


Além de todas as degradações que as estruturas de madeiras podem apre-
sentar durante a sua vida útil, como resultado de muitos anos de serviço,
Cruz (2009) ressalta que frequentemente as estruturas podem sofrer com
utilização inadequada, ação de sobrecargas acidentais, falta de manutenção
— e muitas vezes esses fatores podem conduzir a resultados desastrosos. Há
ainda defeitos oriundos de falhas em projetos estruturais, falhas na escolha
e seleção de materiais durante a execução da estrutura, além de falhas em
manutenções corretivas.
Uma execução inadequada das ligações, que é considerada muito comum em
obras de cobertura utilizando madeira, tanto na geometria dos entalhes, quanto
Patologias em forros e coberturas 117

na ausência de contato entre os elementos, em elementos subdimensionados


ou no espaçamento insuficiente dos conectores, constitui uma das principais
deficiências encontradas nesse tipo de estrutura. Em algumas situações, por
exemplo, a falha de apenas uma conexão poderá ser responsável pelo colapso
de toda a estrutura. Um caso comum que pode ser citado é o que acontece em
uma cobertura de duas águas com estrutura em treliças, em que há ligações
importantes e fundamentais: o nó de apoio, a emenda do banzo inferior e o
nó de cumeeira. O comprometimento de qualquer uma dessas ligações pode
levar ao colapso da treliça em questão (CRUZ, 2009).
Essas ligações, quando executadas em elementos estruturais com madeira
verde, por exemplo, e expostas para secar in loco, podem acabar gerando
retrações, fissuras, distorções ou outras formas de rupturas locais. As cavilhas
de madeira, quando muito rígidas, e os entalhes com concepções inadequadas
podem se deslocar ou até mesmo se romper. A Figura 7 traz alguns exemplos
de ligações e encaixes inadequados.

Figura 7. Ligações e encaixes inadequados: a) ligação de emenda inferior com reforço


inadequado de chapa metálica; b) desencaixe de uma emenda em banzo de treliça em
função de erro de concepção de ligação.
Fonte: Arriaga et al. (2002); Machado et al. (2009).

Outro fator que gera inúmeros problemas nas estruturas de madeira e que
ocorre com grande frequência é a ausência de contraventamentos. Se eles
forem negligenciados ou insuficientes, as ligações dos elementos estruturais
podem entrar em movimento, em função da carga de ações — principalmente
as horizontais — causadas pelo vento, podendo levar ao comprometimento
da ligação ou da própria estrutura.
Também é comum haver relatos de apoios com dimensões insuficientes nas
extremidades das treliças, como vemos na Figura 8, ou até mesmo deficiências
em ligações entre os elementos estruturais de montantes e diagonais com os
banzos, nos pontos de apoio. Essas deficiências favorecem as movimentações dos
118 Patologias em forros e coberturas

nós das ligações, principalmente em função de aplicações de ações horizontais


nos topos dos pilares e/ou das paredes que são responsáveis pelo seu suporte.
Outro exemplo muito comum de anomalias existentes em estruturas de
cobertura são as excentricidades em aplicações de carga. Estas geralmente
são ocasionadas por tubulações e/ou equipamentos não previstos no projeto
inicial. Há também os problemas oriundos de erros de concepção de projetos
e/ou execução das fixações de engastamento inadequadas nas regiões de
apoio das treliças, com pequenas dimensões das extremidades dos banzos
inferiores fixados nas paredes. Nas treliças tradicionais de cobertura, a região
de ligação de apoio (suporte) entre o banzo inferior e o banzo superior é o local
de maior atuação das forças pontuais da estrutura, sendo ainda a região mais
vulnerável, uma vez que a sua localização é próxima aos beirais. Esse fator
torna a estrutura vulnerável a ataques de fungos apodrecedores.

Figura 8. Excentricidades em função de condições de apoio


incorretos e/ou com dimensões insuficientes.
Fonte: Cruz (2009).

Além disso, tem sido muito comum encontrar estruturas de coberturas


com madeiras danificadas pela remoção de algumas de suas partes, para a
instalação de utilidades (geralmente em reformas), ou que sejam decorrentes de
Patologias em forros e coberturas 119

manutenções com concepções incorretas. É comum haver cortes ou remoção de


vigas ou peças cujos elementos estruturais estejam tracionados, como vemos
na Figura 9. Outro fator que contribui para uma diminuição de capacidade
resistente é a redução da seção transversal de vigas e transversinas.

Figura 9. (a) Remoção parcial do banzo inferior; (b) remoção total do banzo inferior; (c)
remoção parcial do banzo superior.
Fonte: Branco, Cruz e Piazza (2006); Cruz (2009).

Já deformações, deslocamentos e flechas podem indicar um carregamento


excessivo sobre a estrutura, que acaba por precisar de correções com manuten-
ções adequadas. Em estruturas mais antigas, o deslocamento de determinadas
peças pode ser oriundo do efeito da fluência ou secagem, a partir de uma
condição de madeira verde.
Há ainda a presença de defeitos naturais; os mais característicos são as
fissuras, que resultam da secagem ao ar livre, quando a madeira é instalada
verde in loco. Embora sempre preocupem, as fissuras têm pouca importância
estrutural. Quando tratamos de estruturas antigas, elas podem permanecer
presentes na madeira durante décadas e ser somente observadas em des-
locamentos. Há casos também em que as fissuras são de grande extensão,
tendo, por exemplo, uma profundidade maior que a metade da espessura da
peça; em uma posição crítica em relação aos conectores; ou em uma barra
que necessite de proteção ao fogo. Nesses casos, devem ser realizados os
devidos reparos. A Figura 10 apresenta os principais defeitos naturais que
devem ser observados em elementos estruturais de madeira, quando da sua
inspeção visual, pois há ocasiões que podem favorecer a biodeterioração
por apodrecimento.
120 Patologias em forros e coberturas

Figura 10. Principais defeitos naturais em elementos de madeira.


Fonte: Brashaw et al. (2012).

Outro aspecto que também diz respeito à vida útil da estrutura da madeira,
de acordo com Ritter e Morrell (1990), é a corrosão dos elementos metálicos
utilizados em conjunto com a madeira, observados na Figura 11. Quando
embutidos na madeira, esses elementos metálicos ficam sujeitos à corrosão,
devido à presença de água e oxigênio na estrutura celular da madeira, bem
como às reações químicas entre os seus componentes.
Além dos prejuízos de deterioração causados por corrosão nas madeiras,
em condições de teor de umidade muito elevados, podem aparecer fungos
apodrecedores. Esse efeito corrosivo pode ser amenizado com a substituição
das partes metálicas por conectores galvanizados ou não ferrosos.

Figura 11. Danos químicos na madeira causados por corrosão


de parafusos metálicos.
Fonte: Shupe, Lebow e Ring (2008).
Patologias em forros e coberturas 121

Outro fator que pode vir a causar deteriorações nos elementos estruturais
de madeira é a ação de agentes atmosféricos. Essa ação resulta numa lenta
deterioração física, com aparecimento de fendas, empenamentos, remoção
de material lenhoso, etc. Embora a deterioração causada por umidade re-
lativa, radiação ultravioleta, temperatura do ar, precipitação e ventos não
cause problemas estruturais significativos, esses agentes podem favorecer
a origem de agentes biodeterioradores.
O intemperismo, que combina ações da incidência da luz solar e das chuvas,
provoca alterações na coloração e na textura da madeira, o que causa variações
em tonalidades acinzentadas, assemelhando-se a madeiras envelhecidas. Esse
é outro fator que, se não tratado superficialmente, pode favorecer a biodete-
rioração por apodrecimento.

Principais patologias em coberturas metálicas


A principal patologia presente em estruturas de coberturas metálicas é a
corrosão. Trata-se de um processo de deterioração dos materiais envolvidos
(no caso, o aço), que produz alterações indesejáveis neles. De acordo com
Gentil (1996), esse fenômeno, ao entrar em ação, faz com que os materiais
percam as suas qualidades principais, como resistência mecânica, elasti-
cidade, ductilidade, estética, etc., comprometendo as suas características
originais.
As principais causas para a ocorrência da corrosão estão na exposição
direta do carbono a um ambiente agressivo. Isso acontece porque, em muitos
casos, é empregado o aço carbono sem proteção alguma, com proteção de-
ficiente ou inadequada, como observado na Figura 12. A corrosão também
é causada pela deficiência de drenagem de águas pluviais, bem como pela
insuficiência de detalhes construtivos, permitindo assim o acúmulo de
umidade. Esse problema ainda é agravado por erros de projetos, disposição
inadequada de perfis, inexistência ou insuficiência de furos de drenagem,
entre outros.
122 Patologias em forros e coberturas

Figura 12. Terça metálica totalmente corroída.


Fonte: Castro (1999).

Para buscar soluções para esse problema, caso a estrutura não esteja total-
mente comprometida, sugere-se uma soldagem de chapas da mesma espessura
no local do reforço, para que haja uma garantia de continuidade física, de
forma que as suas propriedades sejam capazes de suportar as solicitações.
Outro fator causador de patologias são as deformações excessivas, que
são causadas por sobrecargas, efeitos térmicos não previstos em projetos ou,
como ocorre comumente, pela ausência de dispositivos de contraventamento.
Também há riscos de flambagem, causada pelo uso de modelos estruturais
incorretos para a verificação de estabilidade ou de efeitos de imperfeições
geométricas não considerados no dimensionamento da estrutura.
Um erro também muito comum acontece no cálculo de elementos estrutu-
rais, que por vezes acabam ficando maiores ou menores do que o necessário.
O resultado disso é a necessidade de remendos, como vemos na Figura 13,
ou cortes durante a montagem. Pode-se ainda ter dificuldades referentes ao
aperto, devido à escolha de parafusos inadequados.
Patologias em forros e coberturas 123

Figura 13. Erro de projeto: comprimento de peça insuficiente.


Fonte: Betineli (1998).

A locação errada do furo é outro erro gerador de patologia. Ocorre prin-


cipalmente em empresas que não possuem equipamentos automáticos de
furação, sendo o próprio homem o responsável pela tarefa, com auxílio de
trenas, riscadores e equipamentos manuais de furação.
A Figura 14 aponta um erro recorrente em coberturas metálicas: a não
consideração de coeficientes aerodinâmicos. Uma estrutura sujeita a rajadas
de vento acaba causando diversos pontos de sucção e sobrepressão, com
intensidades diversificadas em vários pontos da edificação. A NBR 6123
(Forças devidas ao vento em edificações) estabelece zonas especiais de sucção
em determinadas regiões da edificação — em geral nas bordas próximas à
cumeeira, onde o valor dos coeficientes supera em muito o valor utilizado no
cálculo estrutural (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
1988). Se o coeficiente aerodinâmico não for levado em consideração, o di-
mensionamento dos elementos estruturais (ganchos de fixação, telhas, terças,
tesouras, etc.) será inferior ao valor real da força de sucção, e o arrancamento
dessas regiões será praticamente inevitável.
124 Patologias em forros e coberturas

Figura 14. Falha por insuficiência de parafusos de fixação das telhas


sobre as terças.
Fonte: Castro (1999).

Basicamente, o sucesso de uma obra constituída de estrutura metálica co-


meça já na sua concepção e no desenvolvimento de seu projeto detalhado para
a fabricação e montagem. As empresas que trabalham em estruturas metálicas,
sejam elas de projeto, fabricação ou montagem, devem necessariamente prever
revisões de projetos criteriosas e minuciosas, no que diz respeito aos detalhes
e conjuntos da estrutura.
Nas fábricas, da mesma maneira, deve haver um controle rigoroso das
plantas executivas, bem como do controle dimensional, sendo sempre reco-
mendável efetuar a pré-montagem da estrutura, a fim de assegurar o mínimo
de falhas possíveis na montagem definitiva.

Principais patologias causadas pelo mau


dimensionamento de calhas e rufos
Ainda no que diz respeito às patologias causadas por intempéries, é importante
destacar que qualquer pequena falha no projeto ou na execução de telhados
pode acarretar enormes transtornos para a edificação. Transbordamento ou
penetração de água, entupimento de calhas ou condutores, envelhecimento das
telhas e danos causados por ações do vento são apenas alguns dos problemas
que ocorrem em coberturas.
A água da chuva, por exemplo, pode se infiltrar pelas frestas entre a telha
e a cumeeira ou entre a telha e as calhas. Esse problema surge principalmente
Patologias em forros e coberturas 125

devido à má vedação desses elementos, pois qualquer espaço não vedado, por
menor que seja, está sujeito à penetração de água. Isso também se deve ao
comportamento da chuva, que pode alterar a sua intensidade e direção, a qual
varia de acordo com a ação do vento.
Se o telhado tiver pouca declividade, por exemplo, a chuva pode criar pe-
quenas poças sobre a cobertura, e o vento espalha a água, que acaba entrando
pelo encaixe das telhas.
Elementos de extrema importância no combate às infiltrações das edifica-
ções são as calhas e os rufos. As calhas têm como objetivo coletar as águas
da chuva que caem sobre o telhado e encaminhá-las aos condutores verticais,
enquanto os rufos servem para proteger paredes expostas ou evitar infiltrações
nas juntas entre telhado e parede.
A inclinação das calhas de beiral e platibanda, por exemplo, deve ser uni-
forme e com valor mínimo de 0,5%. O completo dimensionamento das calhas
é exposto na NBR 10844 (Instalações prediais de águas pluviais) e se utiliza da
equação de Manning-Strickler para calcular a vazão de projeto (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1989). O que se sabe, por exemplo,
é que a seção retangular mais favorável ao escoamento ocorre quando a base
é o dobro da altura da água no canal. Já para calhas semicirculares, a Tabela 1
apresenta os diâmetros utilizados para cada vazão calculada.

Tabela 1. Capacidade de calhas semicirculares.

Vazão (L/min)

Declividade
Diâmetro
interno (mm) 0,5 % 1,0 % 2,0 %

100 130 183 256

125 236 333 466

150 384 541 757

200 829 1167 1634

Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (1989).

Já os condutores verticais dependem de considerações de projeto, do uso e da


ocupação do edifício. Ainda de acordo com a NBR 10844, o diâmetro interno
mínimo dos condutores verticais de seção circular é de 70 mm. A norma também
126 Patologias em forros e coberturas

apresenta ábacos específicos para o dimensionamento desses condutores, a


partir de dados de vazão, altura da lâmina na calha e comprimento do condutor
vertical (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1989).
O dimensionamento dos condutores verticais também pode ser feito com
o emprego da Tabela 2, que fornece o diâmetro do condutor e o valor máximo
da área de telhado drenado pelo tubo.

Tabela 2. Área de cobertura para condutores verticais de seção circular.

Área de
Diâmetro (mm) Vazão (L/s) cobertura (m²)

50 0,57 17

75 1,76 53

100 3,78 114

125 7,00 212

150 11,53 348

200 25,18 760

Fonte: Adaptada de Botelho e Ribeiro Jr. (1998).

Entre outras funções cumpridas por calhas e rufos, também se destacam


a proteção do reboco externo da edificação e das paredes contra a umidade,
que muitas vezes acaba causando estragos e bolhas na pintura.
Frequentemente, porém, ocorrem vazamentos em calhas e outros aparelhos
que têm a finalidade de coletar as águas da chuva. Esses vazamentos podem
se manifestar, por exemplo, por meio de manchas nos forros ou nas paredes
que ficam logo abaixo do sistema de captação pluvial.
As causas de infiltrações ocasionadas pelas calhas são variadas e podem
surgir por meio de:

 ferrugem de pregos: os pregos enferrujados podem causar furos nas


calhas por onde a água escoa e atingir a parte interna da cobertura;
 soldas: locais de emendas com soldas incompletas ou danificadas
podem se tornar canais para a infiltração de águas;
Patologias em forros e coberturas 127

 mau dimensionamento: resulta em uma seção insuficiente para suportar


o volume de chuva em determinados períodos; assim, em caso de um
aumento significativo no índice pluviométrico, ocorre o transbordo de
água, comprometendo toda a extensão da calha;
 falta de detalhamento em projeto: pode acarretar situações em que o
lado interno da calha está mais baixo do que o lado externo, ocorrendo
o extravasamento para o lado de dentro, no caso de transbordo, como
mostra a Figura 15;

Figura 15. Erro de concepção na execução da calha.


Fonte: Adaptada de Verçoza (1991).

 entupimento: o transbordo nas calhas pode ocorrer devido ao entupi-


mento do condutor por folhas, galhos e outros objetos.

O desrespeito às boas práticas de execução na construção de uma cobertura


também pode acarretar o surgimento de graves anomalias no desempenho fu-
turo dessa cobertura. Entre as mais frequentes, podemos destacar as seguintes:

 Inclinação insuficiente e excessiva da cobertura: a falta de inclinação


pode originar problemas de escoamento das águas da chuva, podendo
comprometer a estanqueidade das telhas, por exemplo, gerando infil-
trações. Já a inclinação excessiva também pode vir a gerar problemas,
caso as telhas não sejam devidamente fixadas ao suporte, pois nesses
casos a ação do vento pode originar deslocamento e queda das telhas.
128 Patologias em forros e coberturas

 Ventilação deficiente: a falta de ventilação em uma cobertura também


é uma das principais razões de anomalias. A circulação de ar é funda-
mental para um bom funcionamento das telhas, pois estas necessitam de
ventilação para se manterem inalteradas frente à exposição que sofrem
ao longo dos anos. Essa falta de ventilação pode originar descasque
das telhas por ação dos ciclos gelo-degelo, aparecimento de musgos e
degradação de outros materiais acessórios aplicados à cobertura.
 Sobreposição insuficiente: muitas vezes, não são respeitados os indi-
cadores de recobrimento das telhas, como número de peças por metro
quadrado, distância entre ripas, etc. Essa má prática acaba gerando um
mau encaixe das telhas, podendo originar deficiências no seu encaixe
e futuros problemas de infiltrações.
 Aplicação excessiva de argamassas em cumeeiras: é bastante comum,
em zonas de cumeeira, a utilização de argamassas para a fixação desses
elementos no telhado, tendo como objetivo evitar infiltrações. Porém, a
utilização excessiva de argamassas dificulta a ventilação e a secagem das
telhas, originando uma retenção de umidade na cobertura. Normalmente,
essa prática de aplicação excessiva de argamassa leva ao aparecimento
de plantas e musgos na cobertura. A argamassa também é suscetível a
fissurar, com o passar do tempo, podendo levar à abertura de fendas,
criando assim condições para a infiltração de umidade. A Figura 16
apresenta a correta aplicação de argamassa em uma linha de cumeeira
com uma e duas águas, a aplicação de um rufo metálico, e uma aplicação
incorreta e demasiada de argamassa em outra linha de cumeeira.

Figura 16. Aplicação de argamassas em diferentes cumeeiras.


Fonte: Meia Colher (2013).
Patologias em forros e coberturas 129

Forro de madeira
Apesar das inúmeras vantagens, o forro de madeira apresenta alguns pontos
negativos, os quais precisam ser avaliados antes da sua instalação:

 custo alto;
 manutenção regular;
 pouca resistência à presença de umidade;
 risco de infestação de pragas.

É certo que o forro de madeira se apresenta ao consumidor como um


material mais oneroso do que muitas opções no mercado, em especial quando
comparado com os forros em gesso e PVC. Porém, apenas o custo não deve
servir como único parâmetro: é necessário que se avaliem todos os benefícios
que esse tipo de forro apresenta.
Outro cuidado importante que pode vir a gerar algum desconforto
durante a utilização é a manutenção regular e frequente que o forro de
madeira necessita. É de extrema importância que se renovem regularmente
as proteções contra a infestação de pragas e insetos xilófagos (os cupins);
além disso, é fundamental proceder a renovação do verniz ou de outros
tipos de pintura. Uma boa manutenção aumenta consideravelmente a vida
útil da estrutura.
Talvez a maior desvantagem nesse tipo de forros seja com relação à
presença de umidade. A madeira absorve umidade com muita facilidade,
causando anomalias na estrutura, como o estufamento de algumas ré-
guas ou a aparição de mofos. A Figura 17 apresenta um forro de madeira
totalmente danificado, afetado pelo ataque de pragas e pela presença de
umidade, fazendo o material mudar de coloração, com tons mais escuros
do que o normal.
130 Patologias em forros e coberturas

Figura 17. Forro danificado pela presença de pragas e umidade.


Fonte: Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Agrícola (2009).

Forro de PVC
Os forros de PVC são importantes elementos de uma edificação. Eles são fabricados
a partir da resina PVC aditivada com produtos que são estritamente necessários à
sua transformação e que visam à obtenção de compostos de PVC rígido.
Geralmente, os perfis fabricados apresentam formatos e dimensões pa-
dronizados por seus fabricantes. Esses perfis são utilizados suspensos no teto
(seja ele laje ou cobertura) por um sistema de sustentação, de acordo com a
Figura 18. O forro é instalado internamente e deve ter proteção total às ações
de intemperismo. Tem como principal função o acabamento interno, definindo
volumetricamente os espaços e ocultando redes e estruturas de telhado. O
principal sistema de encaixe é o mecanismo macho e fêmea.

Figura 18. Sistema de sustentação de forro PVC.


Fonte: Associação Brasileira dos Fabricantes de Perfis de PVC para Cons-
trução Civil (2012).
Patologias em forros e coberturas 131

Quando não há o cumprimento de todos os requisitos estabelecidos em


normas, principalmente da NBR 14285 (Perfil de PVC rígido para forros:
requisitos), o forro sem dúvida apresentará um desempenho insatisfatório
ao longo de sua vida útil. As principais patologias que surgem nesse tipo de
forro são descritas a seguir:

 Fissuras e/ou rupturas: surgem em forros de PVC de baixa qualidade


e pouca resistência ao impacto. Essas falhas também ocorrem quando
são realizadas atividades que expõem o produto a situações de risco à
sua integridade, como o impacto de ferramentas.
 Manchas, escamações e alteração da cor: tais falhas costumam ocorrer
ao longo da vida útil do produto, principalmente em função da utilização
de matéria-prima inadequada na fabricação dos perfis.
 Deformação dos perfis de PVC: ocorre quando o produto apresenta
tensões residuais elevadas. Essas deformações podem ser tão signifi-
cativas, que podem proporcionar desde irregularidades na superfície
aparente do forro, até aberturas resultantes do desencaixe lateral dos
perfis, comprometendo o acabamento e a sua função de delimitação de
espaço (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014).

Forro de gesso
A utilização desse tipo de forro se tornou muito popular nos últimos anos.
Isso se deve à praticidade e aos benefícios desse recurso, que, além do belo
aspecto visual, facilita instalações elétricas, dá a opção de colocação de luzes
na estrutura e protege o local térmica e acusticamente. No mercado, há dois
tipos de forros de gesso que se destacam atualmente: forro em placas e forro
drywall. A norma que rege as instalações desse tipo de forro é a NBR 16382
(Placas de gesso para forros: requisitos).
Porém, nesse tipo de forro, também precisamos lidar com problemas de
origem patológica que surgem no decorrer da sua utilização. Como principais
problemas dos forros de gesso, podemos citar os seguintes:

 Manchas: geralmente são provenientes de umidade do sistema de


cobertura. Muitas vezes, pode haver um vazamento nas redes de abas-
tecimento da edificação, provocando essa patologia.
 Bolhas: podem ser causadas por um gesso que foi mal manipulado,
com uma proporção inadequada de água e pó. Outro fator que pode
causar a patologia é o desmolde precoce da mistura.
132 Patologias em forros e coberturas

 Gesso com má precisão: pode ser causado por uso de gesso de expansão
acima do necessário.
 Trincas e fissuras: são causadas por gesso mal executado e oriundas
das tensões no material, provocadas pela dilatação e retração térmica.

1. A cobertura é constituída por e) apresentem sinais de


um sistema frágil da edificação, deterioração causados
estando sujeita a inúmeras por fungos e insetos.
patologias desagradáveis aos 3. As infiltrações costumam ser um
usuários de uma edificação. Entre problema recorrente em coberturas
algumas causas dessas patologias de edificações. As principais
em coberturas, podemos citar: causas de infiltrações ocasionadas
a) uso de madeira com tratamento. pelas calhas podem surgir por:
b) emboçamento das a) mau dimensionamento, falta
telhas de beiral. de detalhamento de projeto
c) excesso de argamassa em e entupimento das calhas.
cumeeiras e arremates. b) dimensionamento adequado,
d) uso de rufo no encontro do transbordo de água e
telhado com a parede. soldas incompletas.
e) telhados com inclinação c) ferrugem de pregos,
elevada, superior a 35%. dimensionamento de
2. Quando há exposição da acordo com a norma e
madeira ao ambiente externo, soldas em locais corretos.
ela deve ser tratada com pintura d) diâmetro adequado da
impermeabilizante, para a sua calha, falta de detalhamento
devida manutenção. A fim de e entupimento.
evitar patologias, devemos e) ferrugem de pregos,
empregar na estrutura de dimensionamento adequado
telhado peças de madeira que: e detalhamento incompleto.
a) sofreram esmagamentos, 4. O desrespeito às normas e às
mas ainda apresentam um boas práticas de execução na
aspecto visual razoável. construção de uma cobertura
b) apresentem um alto teor podem acarretar o surgimento de
de umidade, denominadas graves anomalias nesse sistema. A
madeiras verdes. principal causa dessas anomalias é:
c) apresentem nós soltos a) inclinação suficiente.
em sua estrutura. b) circulação de ar para o correto
d) sejam adaptáveis às ligações. funcionamento das telhas.
Patologias em forros e coberturas 133

c) aplicação suficiente de a) umidade no sistema de


argamassa em cumeeiras. cobertura, muitas vezes
d) correta fixação das telhas, a fim ocasionada por vazamentos
de evitar a ação dos ventos. nas redes de abastecimento
e) sobreposição insuficiente da edificação.
das telhas. b) gesso mal executado e oriundo
5. Os forros de gesso muitas vezes das tensões do material.
apresentam patologias ao longo c) utilização de gesso de expansão
da sua utilização. Uma das mais acima do necessário.
frequentes é o aparecimento de d) utilização de uma
machas e amarelamentos na sua proporção inadequada de
superfície. As principais causas desse água e pó de gesso.
tipo de manifestação patológica são: e) dilatação e retração
térmica do material.

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14285: perfis de PVC rígido
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10844: instalações prediais de
águas pluviais. Rio de Janeiro: ABNT, 1989.
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134 Patologias em forros e coberturas

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Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16382: placas de gesso para
forros: requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
BRITO, L. D. Patologia em estruturas de madeira: metodologia de inspeção e técnicas
de reabilitação. Tese (Doutorado) - Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola
de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2014.
HELENE, P. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto. São Paulo:
Pini, 1992.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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