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LIVRO 16 - Patologias em Forros e Coberturas
LIVRO 16 - Patologias em Forros e Coberturas
LIVRO 16 - Patologias em Forros e Coberturas
ESTRUTURAS
Maurício Thomas
Revisão técnica:
NOTA
As Normas ABNT são protegidas pelos direitos autorais por força da legislação
nacional e dos acordos, convenções e tratados em vigor, não podendo ser
reproduzidas no todo ou em parte sem a autorização prévia da ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas. As Normas ABNT citadas nesta
obra foram reproduzidas mediante autorização especial da ABNT.
ISBN 978-85-9502-396-3
Introdução
No Brasil, há uma enorme quantidade de estruturas de coberturas an-
tigas de madeira, seja em galpões, ginásios, pontes, coberturas prediais
e residenciais, entre outros. A idade dessas estruturas, combinada com
as alterações de uso e o controle precário, potencializou a ocorrência
de manifestações patológicas em muitas delas. Nesse contexto, há a
necessidade, em função da vida útil de várias estruturas, de avaliar as
patologias detectadas e indicar quais as possíveis soluções e intervenções
em manutenções, reabilitações, reforços ou substituições, a fim de garantir
a segurança dessas estruturas diante das eventuais condições de uso
durante os dias atuais. As devidas ações de intervenção estrutural que en-
volvem as estruturas de madeira devem abranger várias particularidades,
por se tratar de um material de origem biológica, que tem uma elevada
variabilidade, em função das suas propriedades físicas e mecânicas.
Neste capítulo, você vai aprender a identificar problemas com a estru-
tura de madeira de forros e coberturas, bem como avaliar os problemas
que ocorrem na concepção de projetos e na execução de coberturas
e forros. Também compreenderá a relação que existe entre o encontro
ou final das águas com as infiltrações em cumeeiras, rincões/espigões,
calhas e rufos.
110 Patologias em forros e coberturas
inclinação maior. Por exemplo, telhas francesas são mais inclinadas que as de
amianto e alumínio. Nesses casos, quanto maior for a inclinação do telhado, maior
é a velocidade das águas da chuva e, consequentemente, menor a possibilidade de
penetração por eventuais falhas do material de cobertura. A inclinação do telhado
mal calculada, bem como um encaixe errado das telhas pode levar à infiltração
de água na edificação. No caso do uso de telhas de maior dimensão, como as
de fibrocimento, por exemplo, os caibros e as ripas podem ser dispensados.
As ligações em uma tesoura de madeira, por sua vez, devem ser calculadas
e verificadas ainda em projeto. Basicamente, há três tipos de ligações em
estruturas de madeira:
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As ripas, por sua vez, são definidas como peças de madeira de pequena
esquadria paralelas ao beiral e apoiadas aos caibros. Também são simplesmente
pregadas nos caibros, nos quais a penetração do prego deve ser pelo menos
igual à metade do seu comprimento. Com relação ao espaçamento, as ripas
são espaçadas de acordo com as telhas que serão utilizadas na cobertura.
Estrutura pontaletada
Outra solução para coberturas utilizando madeira serrada, além do uso de
tesouras como estrutura principal, é a estrutura pontaletada. O pontalete
substitui a tradicional tesoura, quando da existência de uma laje de cobertura,
gerando assim uma grande economia de madeira.
Nesse tipo de estrutura, as terças são apoiadas nos pontaletes, que, por sua
vez, apoiam-se na laje do forro, como visto na Figura 5. Não podemos esquecer
que a laje deve ser corretamente dimensionada, já prevendo as cargas pontuais
originadas pelos pontaletes. Recomenda-se também que o pontalete seja con-
traventado nas duas direções: na direção da vertente e perpendicular a esta.
Estrutura de forro
Quanto à sua instalação, o forro é constituído por réguas cuja largura varia de
7 a 10 cm, com espessura média de 0,5 cm. As réguas costumam ser vendidas
em dimensões que podem variar de 1 a 6 m de comprimento. De maneira
geral, elas apresentam dois tipos diferentes de encaixes (Figura 6): o mais
comum é denominado macho e fêmea; o segundo é o encaixe saia e camisa,
que funciona com réguas posicionadas de forma intercalada.
116 Patologias em forros e coberturas
Outro fator que gera inúmeros problemas nas estruturas de madeira e que
ocorre com grande frequência é a ausência de contraventamentos. Se eles
forem negligenciados ou insuficientes, as ligações dos elementos estruturais
podem entrar em movimento, em função da carga de ações — principalmente
as horizontais — causadas pelo vento, podendo levar ao comprometimento
da ligação ou da própria estrutura.
Também é comum haver relatos de apoios com dimensões insuficientes nas
extremidades das treliças, como vemos na Figura 8, ou até mesmo deficiências
em ligações entre os elementos estruturais de montantes e diagonais com os
banzos, nos pontos de apoio. Essas deficiências favorecem as movimentações dos
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Figura 9. (a) Remoção parcial do banzo inferior; (b) remoção total do banzo inferior; (c)
remoção parcial do banzo superior.
Fonte: Branco, Cruz e Piazza (2006); Cruz (2009).
Outro aspecto que também diz respeito à vida útil da estrutura da madeira,
de acordo com Ritter e Morrell (1990), é a corrosão dos elementos metálicos
utilizados em conjunto com a madeira, observados na Figura 11. Quando
embutidos na madeira, esses elementos metálicos ficam sujeitos à corrosão,
devido à presença de água e oxigênio na estrutura celular da madeira, bem
como às reações químicas entre os seus componentes.
Além dos prejuízos de deterioração causados por corrosão nas madeiras,
em condições de teor de umidade muito elevados, podem aparecer fungos
apodrecedores. Esse efeito corrosivo pode ser amenizado com a substituição
das partes metálicas por conectores galvanizados ou não ferrosos.
Outro fator que pode vir a causar deteriorações nos elementos estruturais
de madeira é a ação de agentes atmosféricos. Essa ação resulta numa lenta
deterioração física, com aparecimento de fendas, empenamentos, remoção
de material lenhoso, etc. Embora a deterioração causada por umidade re-
lativa, radiação ultravioleta, temperatura do ar, precipitação e ventos não
cause problemas estruturais significativos, esses agentes podem favorecer
a origem de agentes biodeterioradores.
O intemperismo, que combina ações da incidência da luz solar e das chuvas,
provoca alterações na coloração e na textura da madeira, o que causa variações
em tonalidades acinzentadas, assemelhando-se a madeiras envelhecidas. Esse
é outro fator que, se não tratado superficialmente, pode favorecer a biodete-
rioração por apodrecimento.
Para buscar soluções para esse problema, caso a estrutura não esteja total-
mente comprometida, sugere-se uma soldagem de chapas da mesma espessura
no local do reforço, para que haja uma garantia de continuidade física, de
forma que as suas propriedades sejam capazes de suportar as solicitações.
Outro fator causador de patologias são as deformações excessivas, que
são causadas por sobrecargas, efeitos térmicos não previstos em projetos ou,
como ocorre comumente, pela ausência de dispositivos de contraventamento.
Também há riscos de flambagem, causada pelo uso de modelos estruturais
incorretos para a verificação de estabilidade ou de efeitos de imperfeições
geométricas não considerados no dimensionamento da estrutura.
Um erro também muito comum acontece no cálculo de elementos estrutu-
rais, que por vezes acabam ficando maiores ou menores do que o necessário.
O resultado disso é a necessidade de remendos, como vemos na Figura 13,
ou cortes durante a montagem. Pode-se ainda ter dificuldades referentes ao
aperto, devido à escolha de parafusos inadequados.
Patologias em forros e coberturas 123
devido à má vedação desses elementos, pois qualquer espaço não vedado, por
menor que seja, está sujeito à penetração de água. Isso também se deve ao
comportamento da chuva, que pode alterar a sua intensidade e direção, a qual
varia de acordo com a ação do vento.
Se o telhado tiver pouca declividade, por exemplo, a chuva pode criar pe-
quenas poças sobre a cobertura, e o vento espalha a água, que acaba entrando
pelo encaixe das telhas.
Elementos de extrema importância no combate às infiltrações das edifica-
ções são as calhas e os rufos. As calhas têm como objetivo coletar as águas
da chuva que caem sobre o telhado e encaminhá-las aos condutores verticais,
enquanto os rufos servem para proteger paredes expostas ou evitar infiltrações
nas juntas entre telhado e parede.
A inclinação das calhas de beiral e platibanda, por exemplo, deve ser uni-
forme e com valor mínimo de 0,5%. O completo dimensionamento das calhas
é exposto na NBR 10844 (Instalações prediais de águas pluviais) e se utiliza da
equação de Manning-Strickler para calcular a vazão de projeto (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1989). O que se sabe, por exemplo,
é que a seção retangular mais favorável ao escoamento ocorre quando a base
é o dobro da altura da água no canal. Já para calhas semicirculares, a Tabela 1
apresenta os diâmetros utilizados para cada vazão calculada.
Vazão (L/min)
Declividade
Diâmetro
interno (mm) 0,5 % 1,0 % 2,0 %
Área de
Diâmetro (mm) Vazão (L/s) cobertura (m²)
50 0,57 17
75 1,76 53
Forro de madeira
Apesar das inúmeras vantagens, o forro de madeira apresenta alguns pontos
negativos, os quais precisam ser avaliados antes da sua instalação:
custo alto;
manutenção regular;
pouca resistência à presença de umidade;
risco de infestação de pragas.
Forro de PVC
Os forros de PVC são importantes elementos de uma edificação. Eles são fabricados
a partir da resina PVC aditivada com produtos que são estritamente necessários à
sua transformação e que visam à obtenção de compostos de PVC rígido.
Geralmente, os perfis fabricados apresentam formatos e dimensões pa-
dronizados por seus fabricantes. Esses perfis são utilizados suspensos no teto
(seja ele laje ou cobertura) por um sistema de sustentação, de acordo com a
Figura 18. O forro é instalado internamente e deve ter proteção total às ações
de intemperismo. Tem como principal função o acabamento interno, definindo
volumetricamente os espaços e ocultando redes e estruturas de telhado. O
principal sistema de encaixe é o mecanismo macho e fêmea.
Forro de gesso
A utilização desse tipo de forro se tornou muito popular nos últimos anos.
Isso se deve à praticidade e aos benefícios desse recurso, que, além do belo
aspecto visual, facilita instalações elétricas, dá a opção de colocação de luzes
na estrutura e protege o local térmica e acusticamente. No mercado, há dois
tipos de forros de gesso que se destacam atualmente: forro em placas e forro
drywall. A norma que rege as instalações desse tipo de forro é a NBR 16382
(Placas de gesso para forros: requisitos).
Porém, nesse tipo de forro, também precisamos lidar com problemas de
origem patológica que surgem no decorrer da sua utilização. Como principais
problemas dos forros de gesso, podemos citar os seguintes:
Gesso com má precisão: pode ser causado por uso de gesso de expansão
acima do necessário.
Trincas e fissuras: são causadas por gesso mal executado e oriundas
das tensões no material, provocadas pela dilatação e retração térmica.
Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16382: placas de gesso para
forros: requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
BRITO, L. D. Patologia em estruturas de madeira: metodologia de inspeção e técnicas
de reabilitação. Tese (Doutorado) - Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola
de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2014.
HELENE, P. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto. São Paulo:
Pini, 1992.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.