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Tenda de Umbanda universalista Casa do Auxilio Fraterno

ASSENTO
DE ORIXÁ.
Apostila de Autoria de Pai Vinicius de Ogum
Dirigente da Tenda de Umbanda Universalista Casa do Auxilio Fraterno
Localizada na Travessa São Salvador, 85
Bairro Nossa Senhora de Fátima, Nilópolis – RJ
PAI MARCUS VINICIUS DE OGUM
Dirigente da Tenda de Umbanda Universalista Casa do Auxilio Fraterno

ASSENTAMENTOS
NA VERTENTE UNIVERSALISTA
A presente apostila demonstra a construção e concepção de Assentamento na Vertente Umbanda
Universalista, na forma que se pratica na TUUCAF. Dirigida aos Médiuns da casa, possui fotos de
assentamentos, que como fundamento, não pode ser passado, comentado, ou compartilhado com terceiros,
quer seja, através de cópias ou mídias eletrônicas, sem autorização do seu dirigente.

Notas:

● Apoio: Mãe Sara Magarão.


● Digitação e Formatação: Vando de Oliveira Pereira

Nilópolis – RJ
2020
Sumário
PAI MARCUS VINICIUS DE OGUM 2
1. INTRODUÇÃO: 4
II - O QUE SÃO ASSENTAMENTOS, TIPOS E FUNÇÕES: 5
II. 2 - A SEGUNDA FUNÇÃO DO ASSENTAMENTO: 5
II. 3- OS TIPOS: 6
III – A Origem: 8
III – OKUTÁ 8
IV – AS SOPEIRAS 9
V – DE LOUÇA OU DE BARROS. 10
V. 5- OS TIPOS: 11
VI – NOSSA VISÃO. 11
Quando for montar seu Ibá\assentamento, sinta o que o orixá te intuí, veja suas
condições financeiras, dê o seu melhor. A força do assentamento não está na
quantidade de elementos, no tamanho, se é grande ou pequeno, se é feito de
barro ou de porcelana. Essa força está na fé de cada um, e no amor que é
ofertado. 12
VII – AS FERRAGENS NOS ASSENTAMENTOS: 12
VIII – IMAGENS: 13
IX – QUARTINHAS: 13
X – DOIS TIPOS 14
X – QUANTIDADE DE NÚMEROS DE ELEMENTOS USADOS PARA CADA ORIXÁ 14
XI– CUIDADOS COM O ASSENTAMENTO 16
XII– CUIDADOS BÁSICOS 17
XIV – NO QUARTO DE SANTO O QUE COLOCAR 19
XV– QUEM DEVE TER ASSENTAMENTO 19
XVI– ASSENTAMENTO DOS MÉDIUNS: 20
XVI– SIGNIFICADOS DE ALGUNS ELEMENTOS NOS ASSENTAMENTOS: 21
XVII– FERRAMENTAS DOS ORIXÁS: 24
XVIII– MONTAGEM DE ASSENTAMENTO: 26
XIX– SASANHA: 26
XX– CONSIDERAÇÕES FINAIS: 29
1. INTRODUÇÃO:

A Intenção é trazer aos filhos informações de maneira didática para


situações que vivemos no dia-a-dia do terreiro, trazendo informações sobre
pontos não tão bem abordados dentro de nossas umbandas.

O tema “assentamentos” é controverso e polêmico, visto que muitas


vertentes de umbanda não são utilizadas, e nas vertentes que fazem uso, há
sempre divergências sobre a maneira “certa” de realizar.

Nós da Tenda de Umbanda Universalista Casa do Auxílio Fraterno fazemos


o uso sim de assentamentos, temos muita fé nós mesmos, mas respeitando a
concepção de outras vertentes, que em seu aspecto religiosos não fazem uso
de assentamento, ou com relação a estes, tem outro entendimento.

Não somos donos da umbanda, e a apostila não tem por pretensão


estabelecer normas ou regras com relação a visão de cada casa na
construção e constituição de assentamento. Visto que com relação ao tema,
não possuímos verdades absolutas. Devendo desta forma ser explorada sobre
diversas perspectivas num universos das mais variadas vertentes de umbanda,
razão esta, pela qual o estudo se faz fundamental.

Desta forma, dentro de respeito, que cada um pratique sua visão sobre o
tema, de acordo com sua vertente e seus fundamentos, da maneira que melhor
lhe prouver. Ressaltando, que neste ponto, inexiste certo ou errado, mas sim
entendimentos distintos, que ora podem convergir ou não.

A forma é o que menos importa, o importante é o objetivo que se pretende


alcançar com o presente conteúdo, o que acontece somente mediante ao
estudo e o empenho de cada um.

Que Zamby abençoe nossas vidas

Pai Vinicius de Ogum

II - O QUE SÃO ASSENTAMENTOS, TIPOS E FUNÇÕES:

(Foto assentamento de Ogum da Casa)


Podemos entender primeiramente
que assentamento é o altar de
culto do Orixá\ Entidade. É nele
que cultuamos, nos conectamos ,
rezamos, agradecemos ao nosso
orixá.

Importante frisar, que orixá não


está preso no assentamento,
sendo este um portal direto com a
força do orixá.
Através da força da energia do orixá, junto com as energias
contidas nos elementos naturais dos campos de atuação do orixá, é criado um
campo de força espiritual em benefício do médium. Lembremos que o médium
de Umbanda vai encontrar na sua vivência espiritual com os mais
necessitados, variados tipos de energias, que vão desde energias
elevadíssimas até zonas umbralinas.

A Umbanda trabalha com magias que são manipulação de


elementos para um determinado fim, por isso os médiuns devem ter suas
proteções energéticas ativas, e o assentamento é uma delas.

As iniciações de grau, o desenvolvimento da mediunidade, a


vivência de terreiro, o bom caráter, os assentamentos vão formando uma
armadura espiritual para o bom andamento dos trabalhos.

II. 2 - A SEGUNDA FUNÇÃO DO ASSENTAMENTO:

Para além da função anteriormente mencionada, o assentamento possui uma


outra função, que é a de ser o ponto de força daquele orixá, naquele ambiente
específico, o que trouxe em alguns trabalhos certas mobilidade ao terreiro.
Considerando que o assentamento traz para o terreiro, a força do orixá presente na
natureza.

EXEMPLO:

Suponhamos que num trabalho específico haja a necessidade de colocar


um cara para Ogum na Estrada:

O Assentamento de Ogum presente no terreiro, supre a necessidade da


oferenda ser entregue na estrada, uma vez que toda força de Ogum, dos
caminhos, estão ali presente parte ou fragmento do campo de atuação
desse orixá. Logo, colocando a oferenda na estrada ou aos pés do
assentamento, a força e energia será a mesma.

Importante ressaltar, com relação ao exemplo assim exposto, que a mesma dinâmica
se aplica aos demais orixás, excetuando ebós de descarrego e limpeza, que são
dados em outros caminhos.

II. 3- OS TIPOS:

Na nossa visão, tanto orixás como entidades, podem ser assentados, e


nesse sentido, existem dois tipos de assentamento:

OJUBO
Significa assentamento, contudo na nossa vertente, quando falamos de ojubó,
estamos falando em um assentamento comunitário, onde todos os médiuns da
casa, estão liberados para ali, rezar e ofertar. Claro, obedecendo as diretrizes
passadas pelo dirigente ou por alguma entidade.

Na Tenda de Umbanda Universalista Casa do Auxílio Fraterno, tem o


Ojubó de cada orixá cultuado na casa, formando-se assim, um consiste
fortaleza espiritual no nosso terreiro.

ASSENTAMENTO Temos o que chamamos de assentamento


propriamente dito, quando feito para o orixá do filho de santo, (Pai e Mãe),
sendo de sua responsabilidade os cuidados com este.

IMPORTANTE:

Sobre o tema, Pai Joaquim do Cruzeiro das Almas, nos ensinou que o
assentamento de orixá\direita tem por característica expandir a energia que a
ele é oferecida, multiplicando assim sua potência. Portanto, quando estiver
diante desta energia, faz-se necessário, por conta do seu vibracional, evitar
certos tipos de sentimentos tais como (choro, angústia, gritos e reclamações
dentre outros nessa mesma equivalência) visto que tais sentimentos, cria uma
egrégora, que não é benéfica ao médiuns e nem ao ambiente, uma vez estas
ficam vibrando no astral.

Por outro lado, quando equilibrados esses sentimentos, podemos sim,


com fé pedir orientações, força, calma, conselho, e principalmente quando for
agradecer, esse sentimento de gratidão, ao contrário do apontado no tópico
anterior, cria uma energia impulsionadora, que gera coisas boas no plano físico
e no espiritual.

Interessante frisar, que antes de adentrar ao PEJI, ambiente para nós


sagrado, é importante, para além do comportamento, estarmos como nosso
banho de ervas tomado, vela para a esquerda firmada, e assim, em silêncio,
adentra o ambiente e cultuar nossos orixás.

III – A Origem:
Suas origens se remota em África, onde cada tribo tinha a devoção a um
orixá, e se reuniam nos templos, onde existiam os assentamentos dos orixás, e
ali eram realizadas festas, rezas, oferendas e todos os tipos de cultos.

Com a diáspora para o Brasil, o culto tradicional, por necessidade de


sobrevivência, passou pelo processo de sincretismo religioso, sofrendo
algumas adaptações do culto e da forma de se fazer um assentamento
seguindo a realidade do Brasil, pois muitos apetrechos e favas e outros
materiais abundantes em África, inexistiam no Brasil.

III – OKUTÁ
Muito embora o termo certo seja Okuta, ficou-se o costume de chamar
de otá. Okutá é o elemento principal e insubstituível de qualquer assentamento,
podemos até fazer a afirmação, que não existe assentamento sem okutá!

Okutá é um eixo, uma pedra de um rio, cachoeira, estrada, pedreira e


mata etc. Tem uma energia mística/espiritual incrível, pois está no mundo
desde o começo da criação de todas as eras! É no Okutá, dentro de um rito de
sacralização, que a força do orixá será colocada dentro do okutá. A partir daí,
surge o fundamento de que assim como um corpo não vive sem coração, um
assentamento não existe sem okutá.

Na montagem e concepção dos assentamentos, algumas casas vão a


natureza dentro de um ritual, para buscar o okutá, outros já fizeram isso
anteriormente e possuem alguns okutás na casa, e os oferecem aos seus
filhos.

Nas umbandas mais antigas existiam os assentamentos que eram,


constituídos basicamente de um okutá dentro de uma bacia com água, que era
de fonte natural, e trocada toda semana para não secar.

Os assentamentos de nossa casa já levam outros elementos de


representação, tais como facas, mentais, e etc, pois a nosso ver a combinação
energética desses elementos, ativa e fortalece a energia do orixá assentado.

EXEMPLO:

No assentamento de Oxóssi colocamos o ofá, considerando que ele


é um odé (caçador), dessa forma é comum que nos assentamentos
deste orixá, leve partes de animais de caça, às favas com a energia
do orixá entre outras.

Desse modo, todas as energias dos elementos serão aglutinadas no ojubó


dando e mantendo a vida no assentamento. Contudo, lembramos que não adianta ter
um assentamento minúsculo ou gigante, uma vez que com apenas 1 okutá ou com
um monte de elemento, se não houver fé, zelo e cuidado.

Para além de tudo isso, precisamos respeitar as outras formas de umbanda,


seus fundamentos, e a vivência de cada um, uma vez que a nossa verdade nem
sempre será a dos outros, cada uma vai construindo a sua fé da forma que acredita, e
dando certo pra quem à prática, a ninguém mais cabe julgamentos.

IV – AS SOPEIRAS
É muito comum ao falarmos de assentamentos, vir à nossa cabeça
aquelas sopeiras coloridas, outras de louças ou de barros, cheias de pratos.
Como isso surgiu:

Na época da escravidão, as sopeiras eram utensílios de alto valor e


muito popular nas mesas da elite branca do Brasil colônia. Quando, esses
utensílios sofriam algumas avarias, e não eram mais do agrado da sinhazinha,
os mesmos eram substituídos, e iam parar nas mãos dos escravos, que lhes
davam outras destinações .

Na visão dos escravos, mesmo danificadas as sopeiras era aquilo, que


para eles, além de vistosa, possuíam um grande valor materialmente falando, e
os ofertavam aos seus orixás. Os pratos eram organizados uniformemente
dentro das sopeiras, junto com okutá de seu Orixá.

A partir desse momento a sopeira passou a ser um utensílio que faz


parte dos assentamentos dos orixás. Elas também ajudam a esconder os
okutas, se tornando numa forma de sincretismo e resistência, visto que o culto
aos orixás era proibido no Brasil colônia. Os senhores de escravos, quando
avistaram as sopeiras dispostas daquela forma, não alcançavam a
profundidade do que aqueles utensílios, tão comum para eles, representavam
para os escravos. Que dessa forma iam cultuando seus orixás

V – DE LOUÇA OU DE BARRO?.

Com relação aos assentamentos, precisamos lembrar que em África, no


período da escravidão, não existiam a presença de potes de louças, apenas
barro e madeira. Uma vez que a louça é um utensílio de origem europeia.

O africano, como não tinham acessos a esses artigos de luxo, assentava


seus orixás no chão ou mesmo em potes de madeiras ou barro, geralmente por
eles produzidos artesanalmente.
Quando os orixás denominados de fum-fum, (Brancos) como oxalá, por
exemplo, eram assentados, as peças recebem uma pintura de efun (uma
espécie de pemba de barro branco retirado dos rios), fazendo com que dessa
forma, que as peças ficassem embranquecidas. Os escravos só tiveram
contato com louças de porcelanas quando chegaram ao Brasil.

V. 5- OS TIPOS:

Com relação a esse conceito de assentamento, o candomblé


desenvolveu a seguinte ideia:

ORIXÁS “QUENTES” Ou ligados à terra, são


assentados no barro, exemplos: Oxóssi, Obaluaê, Nanã, Ossain, e
Ogum.

O Orixá Xangô devido a um ewô (quizila) é assentado na gameleira,


que tem por matéria-prima, a madeira.

ORIXÁS “CALMOS” Orixás fum-fum ou Yabás, como


Oxum ou Iemanjá são assentados em louças. É Comum o Orixá
Iemanjá ser assentada em potes de vidro.

VI – NOSSA VISÃO.
Não podemos dizer que a nossa visão, e predominante de toda vertente
de umbanda. Portanto, quando falamos sobre a nossa vivência, respeitamos
com relação ao assunto, toda opinião contrária a nossa.

Na nossa prática de fé, o assentamento é nosso altar, nosso portal,


nossa segurança energética. Devendo ser confeccionado com o melhor
possível, pois é destinado ao sagrado.

Esse “melhor” vai muito do particular e das condições de cada um, há


pessoas que poderão comprar ibás de porcelanas com fios de ouro, enquanto
que para outros, uma panela de barro cru, é o melhor que tem para ofertar ao
orixá.

Independentemente de onde se coloque o orixá assentado, importante


que seja o melhor que se tem no momento a oferecer, o que não pode faltar de
jeito nenhum, é o amor, dedicação, empenho, zelo, tendo esses sentimentos
envolvidos, o orixá aceitará de bom grado.

DICA IMPORTANTE:

Quando for montar seu Ibá\assentamento, sinta o que o orixá te intuí,


veja suas condições financeiras, dê o seu melhor. A força do assentamento não
está na quantidade de elementos, no tamanho, se é grande ou pequeno, se e
feito de barro ou de porcelana. Essa força está na fé de cada um, e no amor
que é ofertador.

VII – AS FERRAGENS NOS ASSENTAMENTOS:

Em muitos assentamentos podemos


observar que no lugar das sopeiras, há
uma peça de ferro, geralmente, com o que
se chama de “armas” que os orixás usam.

Elas representam o corpo do orixá, seu uso


dependerá da doutrina de cada casa.

VIII – IMAGENS:

As imagens com temas católicos começaram a serem


utilizadas nos assentamentos no Brasil, como meio de
sobrevivência do culto afro através do sincretismo
religioso, uma vez que a sociedade na época era
predominantemente católica, e associava a religião do
povo negro, como um mal a ser combatido.

Em África, encontraremos algumas


imagens de orixás talhadas em madeira, e em barro
moldadas no próprio assentamento, que muitos irão
chamar de vulto.

No decurso do desenvolvimento da umbanda, veremos que


algumas casas irão utilizar as imagens de santos católicos em seus
assentamentos, representando o “corpo” do orixá.

Na nossa visão, o uso de imagens em assentamentos, está


correta, tudo dependerá muito da vertente da casa e da sintonia do médium,
pouco importando, neste caso, se utilizará ferragem, imagem ou sopeira. A
energia será a mesma, pois a vida do assentamento vai da fé de cada filho de
santo.
Em nossa casa fazemos de três formas: (Imagem, Ferragem
ou Sopeira), podendo ser de barro ou de porcelana.

IX – QUARTINHAS:
As quartinhas podem ser feitas em barro, louça ou latão, o tipo de
material do ponto de vista energético, não tem grande relevância e a
explicação é a mesma relatada, no item que trata das sopeiras, o importante é
o conteúdo.
No geral, as quartinhas ficam com água, ao lado dos assentamentos. A
água é vida, geração, emoção e prosperidade. Um assentamento sem a
quartinha com água, é um corpo sem vida. A evaporação da água contida nas
quartinhas simboliza a respiração do orixá.

X – DOIS TIPOS

Quartinhas com Alças Quando vemos quartinhas com alças,


sabemos que elas pertencem a uma Yabá (Orixá, Entidade, pessoa do sexo
feminino).

Quartinhas sem Alças Quando vemos quartinhas sem alças,


sabemos que elas pertencem a um Oboró (Orixá, Entidade, pessoa do sexo
masculino).

Em sentido espiritual, não tem efeito prático nenhum, é mais um


costume de identificação.

X – QUANTIDADE DE NÚMEROS DE ELEMENTOS USADOS


PARA CADA ORIXÁ

Na nossa visão de umbanda, não nos aprofundamos no estudo da


energia dos números em si. Entretanto, sabemos que existem estudos no
campo da numerologia, e na ciência dos odus que são da mais extrema
seriedade.
Ressaltamos que respeitamos muito toda forma de estudo sobre a
ação espiritual. Contudo, na nossa vertente entendemos que a energia que
precisamos para um determinado fim, provém do elemento em si, e não da
quantidade X ou Y, de cada elemento.

Porém à nível didático, para melhor compreensão dos médiuns e por


costume usamos as seguintes escalas para cada elemento colocado nos
assentamentos de cada orixá, vejamos:

Nesse caso, se for um assentamento de uma entidade, quantos


elementos (quantidade) usar?

Com resposta, usaremos o exemplo do caboclo Tupinay, entidade da


linha de Oxóssi, logo utilizará 6 (Seis) quantidade de cada elemento.

No mesmo raciocínio, por exemplo, a Dona Rosa, é da linha de Ogum,


logo irei utilizar 7 (Sete) quantidade de cada elemento.

Vale lembrar, que a quantidade de elemento não é estática, assim como o


próprio elemento também não é, uma vez que no decorrer do tempo, podem a
pedido do orixá ou entidade ser acrescentados mais elementos e quantidade
no assentamento.

XI– CUIDADOS COM O ASSENTAMENTO

Nós, da Casa do Auxílio Fraterno, entendemos que o assentamento não


pode ser constituído na emoção, visto que não é um “brinquedo” ou algo que
se possa deixar de lado, quando não for mais do meu interesse ou quando não
me resta tempo para cuidar. Assentamento não é um objeto de decoração que
possa ser deixado num canto qualquer, acumulando poeira e sujeira.
O Assentamento, e nosso altar, nosso portal de energia natural do orixá,
é um aglutinador, mantenedor e multiplicador da energia da natureza, do orixá,
e uma das paredes de nossa fortaleza espiritual.

Por ter vida energeticamente falando, o assentamento requer muito


trabalho, cuidado e dedicação da parte do médium. Antes de assentar, os
mesmo precisam saber quais são suas reais condições, pois o culto do
assentamento pede um cuidado extremo.

Quando por inúmeros motivos o assentamento não é cuidado com a


atenção devida e os detalhes que se pede, a força do orixá se desliga do
mesmo, ficando apenas um portal de aglutinação de energia que pode ter a
sua polarização invertida e ocasionar desequilíbrio energético no ambiente e
nas pessoas.

A energia natural, não é boa ou ruim, ela é neutra e pode acabar tendo
uso não pretendido. Isso só acontece quando o orixá abandona o
assentamento. Por isso, se você achar que não está preparado para ter esse
compromisso, é melhor ficar somente com suas firmezas, que apesar de
provisórias, são de grande valia.

Ressalto aqui que o assentamento de orixá é uma ligação da divindade


com seu filho. O pai de santo NÃO tem o poder de prejudicar o filho de santo
através do assentamento.

Se o filho de santo é displicente com o seu orixá, o mesmo se afasta do


assentamento e deixa nas mãos dos filhos a consequência de um
assentamento “negativado”.

Se o pai de santo ameaçar prender o assentamento, não age com


dignidade para com o seu filho de santo. O orixá larga o assentamento, que
quem assume a carga negativa do assentamento é o sacerdote.

Isto, porém, não significa vulgarizar o assentamento, com a troca de


uma casa de santo para a outra, largando o mesmo para trás. Assentamento é
coisa extremamente séria, não admite promiscuidade.

XII– CUIDADOS BÁSICOS

Geralmente os assentamentos ficam no terreiro, mas também podem


ser levados para a residência do médium após completar 1 (um) ano de
assentado, período em que o filho aprende a cuidar do assentamento. Este
deve ficar em um local silencioso, cuidado, limpo, sem muita movimentação.

Não há a possibilidade de retirar o assentamento do terreiro, para deixar


no ambiente comum da residência, tais como sala, cozinha, varanda onde
existe um entra e sai de energia e pessoas, é necessário um quarto somente
destinado a este, com os seguintes cuidados:
Quartinhas Mantê-las sempre com água pura, sem química, uma vez
que não existe vida em um assentamento sem água. Aqui no Terreiro a água é
trocada 1 (uma) vez por semana

Velas No nosso terreiro o assentamento está sempre ativado, com uma


vela sempre acessa, pois cada vez que à acendemos, rezamos, entramos em
sintonia com a energia do orixá, além do papel místico do fogo que também
descarrega e limpa o ambiente, deixando-o com uma energia agradável.

Com relação aos assentamentos, as velas não são insubstituíveis, ao contrário


das firmezas que sim. Na casa temos o costume de sempre deixar velas
acessas nos assentamentos.

Limpezas Geralmente a cada semana ou de 15 em 15 dias, é realizada


a retirada de pó, troca-se a água e a bebida das quartinhas colocam-se as
velas, e rezamos.

Quatro vezes durante o ano, é feito o que chamamos de osé, que é o ato de
desmontar todo o assentamento, lavar tudo com ervas, também é feita a troca
de alguns elementos, caso tenha deteriorado. Ao final oferta-se a comida do
orixá.

Oferendas Além das datas do osé, ofertamos rotineiramente comida


ao assentamento, nada muito requisitado, porém sempre de coração,
geralmente ofertamos acaçá, canjica, inhame, obi, orobô e etc. O
assentamento é um acumulador de energia que rotineiramente é alimentado
para gerar mais vida obtendo a energia da natureza.

No nosso terreiro, todos os


assentamentos possuem uma quartinha
com água, outra quartinha com a bebida
do orixá, e a terceira com um agrado, que
pode ser dendê, azeite, mel, melado e etc.
Trocados a cada 6 meses para não
estragar. Vez ou outra acrescentasse aos
assentamentos ervas frescas, trazendo a
energia viva do vegetal.

Todos esses cuidados são


feitos com muita fé, e requer da nossa
parte muito empenho, embora trabalhoso
e cheio de detalhes a serem observados,
precisamos estar sempre conscientes da
responsabilidade que é zelar por um assentamento.

XIV – NO QUARTO DE SANTO O QUE COLOCAR


Independentemente se fica na sua casa, ou se fica no terreiro, o assentamento
sempre fica em um cômodo separado, cuidado e zelado. Para a espiritualidade
pouco importa se o mesmo está em um pano no chão ou em cima de uma
coluna de mármore. Pode-se colocar em uma prateleira, em cima de porões no
chão. Para o espírito não existe alto ou baixo, existe compromisso, fé e
devoção. O importante é que se tenha isso.

É sempre bom lembrar que no seu assentamento, só você


deve mexer ou seu zelador, além dele, mais ninguém está autorizado.

XV– QUEM DEVE TER ASSENTAMENTO


Quando falamos sobre algum assentamento, segundo a
nossa vivência dentro da nossa vertente, não falamos por toda a umbanda.
Cada vertente tem sua tradição, seu aprendizado, seus costumes, e sua forma
de fazer, e, respeitamos muito isso.

Na casa do Auxílio Fraterno, os médiuns terão durante a sua


caminhada espiritual 4 (Quatro) assentamentos que são consagrados conforme
o seu desenvolvimento espiritual, maturidade, e comprometimento do filho de
santo para com a sua espiritualidade e para com seu pai de santo.

Quando autorizado a fazer o seu assentamento, o médium já


tem uma preparação, uma fé equilibrada, não se faz um assentamento apenas
por costume ou por medo.

Acreditamos que devido a umbanda ser uma religião mística


que a sacramentação correta, o cuidado e principalmente a fé, através do culto
e experiências espirituais, promove a robustez energética que o médium de
umbanda necessita para os seus trabalhos.

Os assentamentos, iniciações de grau, oferendas, o culto,


postura de caráter, fé, e todos esses fatores juntos promovem uma vida
equilibrada para os médiuns.

XVI– ASSENTAMENTO DOS MÉDIUNS:


Dito isto, se o filho tiver “coroa de chefia”, quando ele for abrir
a sua tenda, a entidade que comandará os trabalhos deverá ser assentada,
podem ser elas, caboclos, preto velho, entre outros.

Não será a quantidade, forma, tamanho ou beleza, que irá


trazer a força espiritual ao assentamento. O que manterá a sua força, é o
caráter, fé, dedicação, sabedoria, conhecimento das leis espirituais e seu
uso. Lembre-se sempre disso!

XVI– SIGNIFICADOS DE ALGUNS ELEMENTOS NOS


ASSENTAMENTOS:

Não se trata de uma receita de bolo, cada casa ou vertente


terá a sua visão e interpretação sobre o assunto, aqui explicamos as nossas
experiências.

⮚ Ferragens, Imagem, Sopeira e Ibá:

Representa, o corpo, as ferramentas e a vida da entidade


que está assentada.

⮚ OKUTÁ (OTÁ):

É indispensável em qualquer
assentamento, é o coração do
assentamento, ali a força do orixá está viva
e presente.

⮚ IMÃS:
Tem a capacidade de
atrair as energias, e
aglutiná-las dentro do assentamento.

⮚ MOEDAS (NOVAS OU ANTIGAS):


Representa a energia de valor, uma vez que o dinheiro é
movimento, uma vez que passa de mão em mão,
promovendo a circulação.
A moeda no assentamento é um pedido de prosperidade
para o filho

⮚ IDÉS:
São pulseiras em formato de círculo que são usados
pelos iniciados no orixá. O círculo representa total
união, pois não tem começo e nem fim.

O ides, no Brasil, foi adaptado e colocado dentro do


assentamento.

Em África existe toda uma preparação


para os ferreiros confeccionar os idés, é algo muito
sagrado para eles Tem a capacidade de atrair as energias, e aglutiná-las
dentro do assentamento.

⮚ PEDAÇOS DE METAL:

Assim como existem a energia dos orixás nas ervas,


também existe nos metais. Essa energia é adicionada
dentro dos assentamentos, e será aglutinada com a
energia de outros elementos.

Podemos utilizar o exemplo de um remédio que


possui apenas uma única substância, é analgésico.
Em remédio que tem duas substâncias é analgésico e antitérmico, o princípio
ativo deste será muito mais potente, do que aquele que tem apenas uma
substância.
Os elementos colocados nos assentamentos funcionam como essas
“substancias“, os deixando com mais potência energética.

⮚ FAVAS:
São sementes variadas dos orixás. As favas têm em sua
composição, nutrientes que geram a vida dos brotos, e
também representam nossas ancestralidade, pois toda
semente provém de uma árvore anterior, mostrando que
só existimos, porque existiram outros antes de nós, e nós
geramos novas sementes, que se tornarão árvores e, irá
gerar novas sementes.
Quando colocamos as favas nos assentamentos, estamos colocando a
energia de vida que essas sementes têm em seu interior. E, dessa forma,
saudamos a nossa ancestralidade. Fora os outros usos que as favas possuem
o aridam, por exemplo, protege contra as demandas, o obi, acalma, o Orobó,
dá vigor e por aí vai. São exemplos de favas; Aridam, Obi, Orobô, vidência,
pichuri, saúde, tento, exu, garra de exu, Ogum, alibe, Obaluaê, olhos de
boi, dentre outras. O assunto sobre as favas é longo, e merece um estudo
mais aprofundado.

XVII– FERRAMENTAS DOS ORIXÁS:

Representa a força, a história do orixá, destacamos: o espelho, ofá,


abebé, adagas, obé, ichã, oxês, eruexim, xaxará, entre outros. Quando
olhamos as ferramentas, automaticamente identificamos o orixá.

⮚ OBÍ:

Uma fava de extrema importância dentro do culto, sua


função é apaziguar, acalmar, abrandar, suavizar, e dar
vida (existe um estudo só de obí e suas funções).

⮚ OROBÔ:
A função de fava e dar
vigor, ânimo, crescimento e força.

Importante ressaltar, que com a exceção do orixá Xangô, que não utiliza
a energia do obí, geralmente nos assentamentos da casa leva-se 1 (uma) fava
de Obí, junto com o orobô . As duas trabalham juntas, promovendo o equilíbrio
energético no assentamento.
⮚ BÚZIOS:

Representa a prosperidade, riqueza, poder e beleza.


Foi a primeira forma de dinheiro da África.
Os Orixás, em suas paramentas, trazem muitos
búzios, que revela a energia da criação, pois sua
fenda natural lembra a de um órgão sexual feminino,
simbolizando a guarda e geração de energia.

⮚ ERVAS:
Considerada o sangue verde, as ervas trazem a
força do reino dos orixás. As ervas passam pelos
fatores climáticos, como o vento, sol, chuva, água e
terra.

As ervas carregam consigo toda energia de vida,


que será transferida para o assentamento.

⮚ PARTES DE ANIMAIS:

Representam a caça, a prosperidade, força , proteção,


técnica, e agilidade. No assentamento de Oxóssi,
representa a força do caçador, os chifres de búfalo nos
assentamentos de Iansã, mostra a ligação com o mesmo,
o faisão de longum edé, as cascas de íbis no
assentamento de oxalá representa constância, e por aí vai.
Os ossos trazem proteção, pois são eles que
sustentam os músculos e protegem os órgãos. Na nossa
visão, entendemos que para serem ativados precisam ter em sua composição
elementos de três reinos. Mineral, Vegetal e Animal.

⮚ Mineral: Representados através do okutá, imãs e metais.


⮚ Vegetal: Representado pelas favas e ervas.
⮚ Animal: Através de partes de animais, ou através das mãos de pai e
mãe de santo, e do filho durante a montagem do assentamento, na
maceração das ervas, escolha dos elementos, preces e invocações,
transmitem através das mãos e da fala, o ectoplasmas (energia do
sangue vermelho de origem animal) para o assentamento.
Todas as vezes que rezamos, baforamos em cima de um
assentamento, estamos doando, nossa energia ectoplasmática.

XVIII– MONTAGEM DE ASSENTAMENTO:


Falaremos sobre a montagem dos assentamentos com
elementos base, porém não é receita de bolo, pois cada vertente pode incluir
ou retirar elementos, conforme seus estudos e práticas. Ressaltamos, que
todas as demais formas, que por ventura divergem da nossa, devem ser
respeitadas. O importante é a fé, dedicação e amor.

XIX– SASSANHA:

É o banho de ervas preparadas, despertadas espiritualmente


com nossas rezas e preces. Todos os elementos do assentamento são lavados
com a sassanha, cada um por vez, pedindo para que o orixá desperte sua força
ali contida.

É um momento sagrado para o orixá e\ou entidade, não pode


ser vulgarizado, todo mundo passando, falando, e etc. Isto porque, depois da
sassanha, os elementos são colocados com fé no assentamento, depois
rezado e oferecido.

Ressalta-se, que assentamento não é brincadeira, não é só


por querer ou achar que se deve ter. É preciso ter a verdadeira noção e carinho
pelo que o assentamento representa. Orixá não é brincadeira!
XX– CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Tentamos dentro dos nossos conhecimentos, passar aos


médiuns, em benefício da umbanda, o que aprendemos dentro da nossa
vivência da religião e estudo.

Não falamos de modo algum sobre toda a umbanda, visto que


a religião possui várias vertentes, várias formas de fazer, várias visões.

Nós não somos a última palavra no assunto, não é nossa


intenção.

A proposta é informar didaticamente, a função dos


assentamentos energéticos, suas características e forma de culto.

Tenho a certeza que ficou bem claro durante no transcorrer da


apostila para os filhos de santos, a importância da fé, empenho, dedicação,
carinho, cuidado, zelo, e, acima de tudo amor pela espiritualidade, quando
falamos da constituição de um assentamento.

Esperamos com esse estudo, que você filho tenha fé, tenha
compreendido melhor sobre a Constituição, elementos e estruturação de um
assentamento.

Lembrando que nossa intenção é auxiliar a propagação da


nossa mãe umbanda

Um Abraço, e a benção à Todos

Pai Vinicius de Ogum Dirigente da Tenda de Umbanda Universalista Casa do


Auxílio Fraterno.

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