O documento conta a história de um menino cego que tinha um grande amigo chamado Alex. Eles se distanciaram após um incidente envolvendo o irmão do menino, Martin. Anos depois, o tio do menino pede que Alex o visite novamente. Eles se reconciliam e o menino diz que a voz de Alex sempre foi sua cor favorita.
O documento conta a história de um menino cego que tinha um grande amigo chamado Alex. Eles se distanciaram após um incidente envolvendo o irmão do menino, Martin. Anos depois, o tio do menino pede que Alex o visite novamente. Eles se reconciliam e o menino diz que a voz de Alex sempre foi sua cor favorita.
O documento conta a história de um menino cego que tinha um grande amigo chamado Alex. Eles se distanciaram após um incidente envolvendo o irmão do menino, Martin. Anos depois, o tio do menino pede que Alex o visite novamente. Eles se reconciliam e o menino diz que a voz de Alex sempre foi sua cor favorita.
estivemos lá. Eu nunca poderia negar isso. Entretanto, quando meus pais, irmãos e eu viajamos, naquela noite fria em que pegamos o avião que estava fadado a cair, algumas coisas ficaram pendentes. Coisas que eu jamais acreditei que se resolveriam. -Os índios nos pegaram! Corre! - Dizia Valete. -Tem muito índio! Eu fiz dele naqueles anos, antes de viajar, o irmão mais velho que não tinha entre os meus. Ele me visitava e aparecia para brincar quase todos os dias, mesmo que nossas brincadeiras e o que fazíamos juntos mudassem com o tempo. Na última vez que nos vimos antes de eu ir, ele tinha acabado de fazer quinze anos, e eu ainda tinha nove. Mas ele estava na minha vida como meu melhor amigo e mentor desde quando eu consigo me lembrar. Mas só até o momento da viagem. Foi bem tribulado quando retornamos. A vingança do Martin. Ele enganando a própria família. Todos nós acreditando que os Windness haviam matado meu irmão, Kevin. E sem saber, eu acabei fazendo parte de algo terrível. Nunca tive chance de me desculpar com a senhorita Nancy por ter machucado ela no dia em que ataquei os Windness e por ter acreditado nas mentiras do meu irmão. Ainda me arrependo de não ter contado sobre Martin bem antes para eles, quando muitas daquelas tragédias ainda poderiam ser evitadas. O fato é que se passaram dois anos, e ele nunca me visitou e nem sombra daquela convivência que tínhamos retornou. -Ainda sente falta dele? -Sim. Como sabe? Tio Bernard entrou em meu quarto, e puxou a cadeira da escrivaninha para perto de mim. Eu estava sentado sobre a cama, perdido em meus pensamentos. Nas lembranças, nossas brincadeiras quando eramos crianças. -Só quando pensa sobre isso você tem esse olhar. É um conflito pessoal, seu, não é? -Sim, é sim. Quando eu estava com ele, ele tinha o dom de fazer com que o fato de eu ser cego não fizesse diferença nenhuma. O jeito de ele contar o que imaginava fazia com que suas imaginações se tornassem minhas também. Ele fazia com que eu não me sentisse mais inferior a ninguém por causa da minha condição. -Mesmo? -Sim. Sabe, tio, espero que não entenda errado, mas, desde aquele tempo que a voz dele é minha cor favorita, e espero poder dizer isso a ele de novo! Ele é um herói para mim, e sempre foi! Mas, talvez não tenha me perdoado por aquele dia! -Você foi tão vítima do Martin quanto os Windness. Não deve se culpar. E nem ele deveria te culpar. -Nem sei mais o que pensar sobre isso.
***
Alguns dias se passaram. Um belo dia, ao voltar
para casa do colégio, tive um quase enfarto ao chegar em casa. Ele estava sentado na poaltrona. Se levantou ao me ver novamente. Eu não podia vê-lo, mas sabia que era ele. Como sempre, tateando as pessoas e as coisas a minha volta em alta velocidade com o ar. -A-alex? -Seu tio pediu que eu viesse conversar com você. Espero que não me odeie. -M-mas, porque eu te odiaria? -Porque eu não te procurei nesses dois anos. Sabe, muitas coisas aconteceram. Quando você foi embora, e ainda mais depois, quando achei que vocês tivessem morrido na explosão do avião eu procurei dar outro rumo na minha vida. Me foquei nos estudos e também no Luke, que de uma forma ou de outra, sempre precisou de mim. Enfim, eu continuei minha vida. Quando voltou, achei que, crescendo, também se esqueceu de mim e da nossa infância juntos, por isso nunca quis forçar a barra! -E...? -E, até Bernard vir falar comigo hoje mais cedo e me pedir para vir te visitar, as coisas ficaram por isso mesmo. -E não... Não me odeia pelo que fiz quando Martin me enganou? -Qualquer pessoa no seu lugar teria cometido os mesmos erros. Não é sua culpa. E não estaria entre os amigos dos meninos Windness se fosse. Se aproximou de mim e me fez um carinho no cabelo, sorrindo, como há muitos anos eu já não o via sorrir. Ao menos não para mim. Abracei-o ternamente naquele momento. Senti uma lágrima escapar-me ao olhar, que ele prontamente enxugou com os dedos. -Não sabe como fico feliz de termos nos reaproximado de novo! -Eu também, maninho! - Disse, usando novamente o apelido de outrora. -Não sabe como fico feliz em te ver de novo! E ouvir também! Sua voz... É minha cor favorita!