Você está na página 1de 2

Gabarito da Atividade: Coesão e Coerência

1. Proposta de resolução.
Iconoclastia moderna
É possível lidar com as estátuas indesejadas recorrendo aos ritos democráticos
O visitante que vai a um museu com bom acervo de estátuas da Antiguidade clássica, como o
Louvre ou o Museu Britânico, dificilmente deixa de perceber o grande número de peças
desfiguradas — a ausência do nariz pode ser o sinal mais notável, mas não o único.
Parte desse efeito grotesco se deve à passagem do tempo, mas a maioria das desfigurações se
deu de forma proposital no passado. Cristãos, imbuídos da certeza de servir ao único Deus
verdadeiro, promoveram campanha sistemática de destruição do passado clássico, pilhando
templos, vandalizando estátuas e queimando livros.
Estima-se que apenas 10% da literatura clássica tenha sobrevivido. A devastação foi
particularmente intensa entre autores latinos. Só 1% do que foi escrito por romanos não
cristãos acabou preservado.
A maioria dos participantes dos ataques antipagãos julgava promover a mais justa das causas.
Não obstante, o efeito mais duradouro de suas ações foi uma irreparável destruição de
patrimônio arqueológico e cultural, sem mencionar as vítimas de torturas e assassinatos
nesses movimentos.
Ainda que o alcance e a escala da iconoclastia cristã sejam incomensuravelmente maiores que
os da atual onda de derrubada de estátuas, o alerta do passado continua útil — lembra que
bons sentimentos não asseguram decisões sábias.
Não resta dúvida de que o racismo constitui uma chaga em diversas nações, Brasil incluído, e
que já passa da hora de sermos mais proativos na adoção de medidas que possam minorá-lo.
Grandes manifestações são importantes para manter a população mobilizada, mas destruir
patrimônio público é errado, além de ilegal.
Defendê-lo, aliás, não implica que se deva aceitar o status quo. Se a população acredita que
algumas das figuras celebradas em estátuas são indignas da homenagem, é perfeitamente
viável alterar a situação pelos ritos democráticos.
As peças podem ser removidas de seus pedestais e enviadas a museus ou parques; podem ser
ressignificadas, por meio de contextualização ou da construção de monumentos concorrentes.
As mudanças estarão sempre sujeitas, decerto, aos humores de época e aos contextos
históricos. Parece, claro, hoje, que existe um déficit de homenagens nacionais a mulheres, a
negros, a indígenas. Também isso pode ser enfrentado por meio do entendimento, sem
prejuízo dos protestos legítimos.
Iconoclastia moderna. Folha de S.Paulo. 17 jun. 2020. Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/06/iconoclastia-moderna.shtml>.
2. Resolução
↩ Volte ao trecho já lido e procure o referente do termo ou da expressão.
+ Adicione o que é dito a seguir ao que foi dito antes.
⇆ Uma possibilidade, opinião ou afirmação exclui outra.

Por que a liberdade de expressão não é ilimitada


Paulo Lugon, doutor em direito internacional, fala ao Nexo sobre o papel do Estado na
garantia e também + na limitação desse direito ↩
[...]
Nesta entrevista ao Nexo, Paulo Lugon Arantes, doutor em direito internacional pela
Universidade de Leuven, na Bélgica, que ↩ acompanha de perto os debates sobre liberdade
de expressão no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra, onde ↩
vive, explica como o sistema internacional trata das garantias e dos limites ao exercício desse
direito. ↩
O amplo espectro de defesa da liberdade de expressão comporta tanto libertários radicais —
que ↩ acreditam que não deve haver restrição de nenhum tipo ao direito de expressão,
mesmo para mensagens nazistas e racistas — e os que ↩ consideram necessário restringir
esse direito ↩ quando ele ↩ viola outros direitos.
Lugon se situa nesse segundo grupo ↩, e explica quais os critérios que ↩, de acordo com ele
↩, pesam na hora de avaliar se um determinado discurso deve ou ⇆ não deve ser cerceado, ou
⇆ seus autores, responsabilizados. [...]
CHARLEAUX, João Paulo. Por que a liberdade de expressão não é ilimitada. Nexo. 20 jun. 2020.

Você também pode gostar