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Modelo de laudo de insalubridade/periculosidade – pedreiro

EXMO. SR. JUIZ DA 2a. VARA DO TRABALHO DE ESTEIO

Processo nº.: 011/2.33.0000333-8


Parte(s) autora(s): FLORÊNCIO RICARDO ASSIS
Parte(s) ré(s): INSS – INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL

ANGELO FRANCISCO ROMAN, engenheiro civil e de segurança do trabalho,


infra-assinado, inscrito no CREA/RS sob o nº 86.252, tendo sido solicitado por V. Exª.
para atuar como perito técnico, apresenta o laudo pericial técnico em anexo, para que
sejam atingidos os objetivos propostos, tendo concluído o laudo pericial, vem, mui
respeitosamente, requerer que seja expedido mandado de pagamento de seus honorários
profissionais correspondentes ao trabalho efetuado, permanecendo à disposição de
Vossa Excelência para quaisquer esclarecimentos que porventura se tornarem
necessários.

N. Termos
P. Deferimento

Esteio, 12 de abril de 2004.

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Processo nº.: 011/2.33.0000333-8
Parte(s) autora(s): FLORÊNCIO RICARDO ASSIS
Parte(s) ré(s): INSS – INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL

LAUDO TÉCNICO-PERICIAL
LEVANTAMENTO E AVALIAÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS
INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE

1. Identificação
2. Objetivo
3. Introdução
4. Atividades desenvolvidas
5. Local de trabalho
6. Instrumentos utilizados no levantamento
7. Análise das atividades e ambiente de trabalho
8. Equipamentos de proteção individual – EPI
9. Tempo e natureza da exposição a riscos
10. Conclusão
11. Bibliografia
12. Encerramento

1 IDENTIFICAÇÃO
Perícia Técnica nas atividades de Pedreiro no período de 02 de janeiro de 1977 até
20 de outubro de 2003, desenvolvidas pelo Requerente, Sr. FLORÊNCIO RICARDO
ASSIS, CPF 202.332.222.-39, RG 6466466466, residente na Rua San Martin, nº 2222,
Município de Novo Hamburgo, RS.

2 OBJETIVO
Levantamento, descrever, relatar e analisar as condições do ambiente de trabalho
do Requerente atentando para a ocorrência de insalubridade e/ou periculosidade nas
atividades desenvolvidas por este, conforme o disposto nas Normas Regulamentadoras
da Lei n° 6.514 de 22/12/77; aprovada pela Portaria 3.214 de 08/06/78; bem como o
Regulamento Geral de Benefícios da Previdência Social.

3 INTRODUÇÃO
O artigo 190 da CLT delegou competência ao Ministério do Trabalho para definir
as atividades insalubres. Este órgão público da administração federal, em decorrência
dos efeitos nocivos ao organismo humano, verificados em determinadas atividades,
condições de trabalho ou substâncias químicas, editou legislação complementar relativa
ao tema. Esta regulamentação, porém, ocorreu apenas em 1978, com a aprovação das
Normas Regulamentadoras 15 e 16 (atividades e operações insalubres e perigosas,
respectivamente) integrantes da Portaria 3.214/78 que regulamentou a Lei 6.514/77. Já a

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regulamentação da Previdência Social, define as atividades insalubres através dos
Decretos 53.831/64 e 83.080/79.

4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Em todo o período, o Requerente laborou na função de pedreiro, com as seguintes
atividades:
- locação das obras – cortava com serra elétrica (manual e/ou bancada) as
madeiras (tábuas, caibros, escoras, ripas etc), cravava estacas, alinhava, pregava etc;
- executava estruturas de alvenaria, assentava tijolos com argamassas, alinhava,
plumava, etc;
- executava estruturas de concreto armado, preparava as formas de madeira
(cortava e desdobrava com serra elétrica), preparava e lançava a ferragem, cortava aço
com pilicorte (serra elétrica ou mecânica), dosava, preparava e carregava materiais para
produção de concreto; materiais como: areia, brita, seixo, cimento, aditivos e água
(preparação de concreto em betoneira elétrica); executava concretagem;
- executava estruturas de madeira, cortava tábuas, caibros, guias, ripas etc. com
serra circular elétrica, alinhava, prumava, pregava etc, executava andaimes de madeira;
- executava revestimentos em paredes de alvenaria com argamassas de cimento,
cal, agregados, aditivos, água; executava as guias mestras, prumava, alinhava, lançava
argamassa, reguava, desempenava etc;
- executava o revestimento de pisos e paredes com material cerâmico (azulejos e
lajotas), cortava com máquina elétrica “maquita”, alinhava, plumava e colocava;
- executava pinturas com tintas à base de PVA, esmalte, óleo etc, (pintura manual
com pincel, rolo, trinchas);
- executava a colocação de esquadrias de madeira, ferro e PVC;
- executava a cobertura das obras, desdobrava e cortava madeira com serra
circular elétrica, montava, alinhava, pregava, pintava as estruturas de madeira, colocava
telhas cerâmicas, fibro cimento, zinco etc;
- executou as instalações de esgotos, água (quente e fria), abertura de canaletas em
paredes e piso de alvenarias (abertura com maquina elétrica e/ou manual); executou o
lançamento de tubulações de ferro, PVC etc, executava os testes de funcionamento das
redes, colocação de reservatórios etc;
- executava a instalação de eletrodutos para instalação elétricas, abria canaletas
em paredes de alvenaria com máquina elétrica, colocava eletroduto, caixas de passagem
etc;
- descarga de material de construção como sacos de cal virgem, sacos de cimento
comum de 50Kg, ferragem, madeira, tijolos etc, do caminhão; colocava e empilhava os
citados materiais no interior da obra, quando eram recebidos dos fornecedores;
- carregava, dosava e preparava, materiais para produção de argamassas de
revestimento, materiais como areia, cal, cimento, água e aditivos.

5 LOCAL DE TRABALHO
O Requerente laborou em todo o período, de 02 de janeiro de 1977 até 20 de
outubro de 2003, na construção civil em obras de pequeno, médio e grande porte. As
atividades eram exercidas a céu aberto e/ou no interior de obras, em obras horizontais e
verticais. Seguem endereços de algumas dessas obras:

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- em Novo Hamburgo – RS, laborou na Rua Tião Lecca, 223, Rua São Pedro, 231,
Av. Carlos Barbosa, 334, Rua Fernando Lauch, 445;
- em Cidreira – RS, laborou na Rua Gilberto Levais, 152, Rua Altenor Vargas,
515, Rua da Floresta, 563, Rua Quito, 412;
- em Dois Irmãos – RS, laborou na Rua Vieira Silva, 987;
- no Balneário Cassino – RS, laborou na Rua Bajé, 248.
Equipamentos e ferramentas utilizadas pelo Requerente: prumo de pedreiro, nível,
régua de pedreiro, metro, trena, mangueira para nível, balde, colher, martelo, furadeira,
martelete elétrico e pneumático, serra circular elétrica manual e de bancada, serra
elétrica para material cerâmico, betoneira elétrica, pá, enxada, carrinho de mão, etc.

6 INSTRUMENTOS UTILIZADOS NO LEVANTAMENTO


Para o levantamento das medidas do nível da pressão acústica percorreu-se a área
de trabalho utilizando o decibelímetro, na altura aproximada do ouvido do trabalhador.
O aparelho foi ajustado para o circuito de compensação “A” e circuito de resposta lenta
(SLOW). Utilizou-se o instrumento Decibelímetro Digital; Fabricante Instrutherm;
Modelo DCE-416, N°. Série 0189891; Laudo de Calibração em anexo.

7 ANÁLISE DAS ATIVIDADES E AMBIENTE DE TRABALHO


7.1 Exposição aos agentes físicos ruído
Nas atividades desenvolvidas junto a máquinas, como furadeira, martelete elétrico
e pneumático, serra circular elétrica manual e de bancada, serra elétrica para material
cerâmico, betoneira elétrica, máquina elétrica para abertura de canaletas em paredes de
alvenaria, o Requerente ficava exposto a níveis de pressão sonora superiores aos limites
de tolerância, estando estes níveis entre 91 e 96 dB(A), provenientes das máquinas de
corte de materiais de construção, sem a devida proteção. O limite de tolerância é de
85dB durante jornada diária de 8 horas; observa-se que os pedreiros trabalham quase
sempre mais que oito horas na jornada diária.
Atividades ou operações que exponham o trabalhador a níveis de ruído contínuo ou
intermitente superiores aos limites de tolerância, fixados no quadro constante na NR-15,
do Anexo 1 e no item 6 do mesmo anexo, caracterizam a insalubridade em Grau Médio.
O ruído pode causar ao homem dois tipos de transtornos:
a) Transtornos não-auditivos:
- dificuldade de comunicação através da fala, hipertensão, taquicardia e o stress
psicológico;
b) Transtornos auditivos:
- trauma acústico (lesão induzida no ouvido médio e/ou interno por impacto
sonoro interno) e surdez por exposição crônica ao ruído (caracterizada pela exposição
repetida, dia após dia, a um barulho excessivo, estando associada à existência de lesão
do órgão de Corti e tendo caráter irreversível e de bilateralidade).
A Norma Regulamentadora NR-15, anexos 1 e 2 da Portaria 3.214, de 08 de junho
de 1978, do Ministério do Trabalho fixa “Limite de Tolerância” para Ruídos Contínuos
ou Intermitentes e de Impacto. Em função dos níveis de pressão sonora medidos em
decibéis e no circuito de compensação A-dB(A) e C-dB(C), foram estipulados tempos
máximos de exposição, no caso dos trabalhadores que ficavam expostos ao Nível de
Ruído 96 dB(A); a Máxima Exposição Diária Permissívelde é de 1 (uma) hora e 45
(quarenta e cinco) minutos.

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7.2 Exposição aos agentes químicos
O Reclamante, no desempenho de suas atividades de preparo, transporte, dosagem,
execução de reboco, concreto, execução de paredes de alvenaria etc, mantinha contato
direto com cimento (cimento portland comum), e cal virgem, usados diretamente na
construção civil para fabricação de argamassas e/ou concretos.
O Requisitante abria o saco do cimento e cal virgem, a cal e o cimento, por serem
muito finos (pulverulento), expandiam-se no ambiente facilmente, formando uma
nuvem de poeira, contaminando o ar respirado e cobrindo o trabalhador; por ser uma
atividade pesada, o corpo do trabalhador libera suor, o pó do cimento ou cal com a água
do suor inicia o processo de hidratação e vira uma pasta nas partes do corpo do
trabalhador, podendo ocasionar dermatites alérgicas. Também existia o contato
diretamente de modo permanente e habitual com as mãos sem o uso de EPI´s com as
argamassas e o concreto.
Conforme a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), o cimento
portland pozolânico (EB-758/NBR 5736) é designado pela sigla CP IV, seguido do
número indicativo de classe: 25 ou 32, que representam os valores mínimos de
resistência à compressão aos 28 dias de idade, em Mpa. Componentes do CP IV:
clíquer, sulfato de cálcio, material pozolânico e material carbonático.
Composição química: o cimento portland CP IV é um material pulverulento,
constituído de silicatos e aluminatos de cálcio, praticamente sem cal livre. Esses
silicatos e aluminatos complexos, ao serem misturados com água, hidratam-se e
produzem o endurecimento da massa, que pode então oferecer elevada resistência
mecânica.
O cimento portland resulta da moagem de um produto denominado clínquer, obtido
pelo cozimento até fusão incipiente (+ ou - 30% de fase líquida) de mistura de calcário e
argila convenientemente dosada e homogeneizada, de tal forma que toda cal se combine
com os compostos argilosos, sem que, depois do cozimento, resulte cal livre em
quantidade prejudicial ao cimento. Após a queima, é feita pequena adição de sulfato de
cálcio, de modo a que o teor de SO3 não ultrapasse 3,0%, a fim de regularizar o tempo
de início das reações do aglomerante com a água.
Para facilitar o estudo dos componentes do cimento, é corrente considerá-los
formados pela associação de corpos binários contendo oxigênio, aos quais se dá o nome
de componentes.
Os componentes principais do cimento, cuja determinação é feita a partir de uma
análise química, são: cal (CaO), sílica (SiO2), alumina (Al2O3), óxido de ferro
(Fe2O3), magnésia (MgO), álcalis (Na2O e K2O) e sulfatos (SO3).
Convém preliminarmente passar em revista os componentes que se encontram nos
cimentos:
- CaO – A cal é o componente essencial dos cimentos, figurando numa
porcentagem de 60 a 67%. Na maior parte provém da decomposição do carbonato de
cálcio. Só em proporção muito pequena é que se encontra em estado de liberdade no
cimento artificial.
- SiO2 – A proporção de sílica no cimento portland varia de 17 a 25%. Ela se
encontra combinada com outros componentes e provém, sobretudo, das argilas usadas
como matéria-prima.

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- Al2O3 – Também da argila provém a alumina do cimento artificial; seu teor
varia geralmente de 3 a 8%.
- Fe2O3 – Esse óxido, trazido pela argila, aparece geralmente no cimento portland
em quantidades relativamente pequenas, 0,5 a 6%, combinado com outros óxidos
presentes.
- SO3 – Tem sua origem principalmente no sulfato de cálcio adicionado
correntemente ao cimento para regular sua pega, retardando-a. Geralmente, estabelecem
as especificações o teor máximo de 3% para SO3.
- MgO – A magnésia no cimento provém do carbonato de magnésio presente no
calcário, geralmente sob a forma de dolomita (CaCO3, MgO3), ou em pequena
quantidade, na argila. Seu teor no cimento varia de 0,1 a 6,5%.
- K2O – Na2O - Os álcalis K20 e Na2O encontram-se com freqüência no cimento
portland, em teores de 0,5 a 1,3%, desenvolvendo papel de fundentes na cozedura e
agindo como aceleradores da pega.
- A composição em óxidos dos cimentos nacionais, em valores médios, é a
seguinte: cal (CaO) de 61 a 67%; sílica (SiO2) de 20 a 23%; alumina (Al2O3) de 4,5 a
7%; óxido de ferro (Fe2O3) de 2 a 3,5%; magnésia (MgO) de 0,8 a 6%; álcalis (Na2O e
K2O) de 0,3 a 1,5%; sulfatos (SO3) de 1 a 2,3%.
O Clínquer é o produto granulado resultante da queima até fusão parcial ou
completa dos constituintes (componentes já citados) minerais.
Os resultados de inúmeros trabalhos sobre a constituição do cimento portland
mostraram ser ele essencialmente formado pelos compostos: silicato tricálcico, silicato
dicálcico, aluminato tricálcico e ferroaluminato tetracálcico, além do MgO e pequena
quantidade de cal livre. Há a considerar ainda a existência de gesso.
O exame microscópico do clínquer revela o seguinte: Silicato tricálcico – ocorre
em cristais bem definidos, relativamente grandes, com contornos hexagonais. Os cristais
em algumas amostras revelam formas muito perfeitas, com arestas bastante vivas, e em
outras apresentam corrosão acentuada, aparecendo os ângulos arredondados.
Silicato dicálcico: ocorre em cristais relativamente grandes, exibindo forma
arredondada ou apresentando bordos dentados, sem nenhuma evidência de forma
regular.
Entre os cristais dos silicatos de cálcio encontram-se o material intersticial claro e
o material intersticial escuro, constituídos essencialmente das fases que se achavam no
estado líquido à temperatura de clinquerização (Petrucci, 1980).
Alguns dos citados produtos químicos, como a cal, provoca ação abrasiva e
cáustico-corrosiva sobre o tecido de cobertura do corpo (pele). Atividade como
prioridade de modo habitual e permanente.
Atividades ou operações com manuseio de álcalis cáusticos, representam riscos na
manipulação. Estas substâncias, quando em contato com a pele do trabalhador,
determinam lesões cáusticas.
O manuseio de álcalis cáusticos com as mãos desprotegidas mais o pó do cimento
que tomava conta do ambiente onde o Reclamante trabalhava, entrava em contato com
outras partes do corpo desprotegidas e até suadas, agravando a ação cáustica sobre a
pele, que vão desde ressecamentos leves até espessamentos crônicos palmares, que
podem fissurar e infectar secundariamente e causar dermatites alérgicas. O tratamento
desse tipo de reação é, em geral, bastante difícil.

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Já escrevia Ramazzini, (As doenças dos trabalhadores, XLI Doenças dos
pedreiros): Ninguém ignora a propriedade da cal que ocupa o primeiro lugar entre os
alcalinos, ... e que acarreta gravíssimos males.
Os termos álcali ou base possuem o mesmo significado. Conceitualmente, são
consideradas substâncias capazes de neutralizar ácidos e elevarem o pH de misturas
entre 7,1 e 14. A força alcalina ou força básica é decorrente da capacidade de liberar
íons hidroxila (-OH), determinado pelo grau de ionização.
Assim, um álcali forte é uma substância que libera altas concentrações de íon
hidroxila. O conceito de álcalis cáusticos representa as substâncias ou materiais
alcalinos que são corrosivos à pele ou quaisquer tecidos vivos. Os álcalis cáusticos ou
álcalis fortes possuem ação sobre o homem semelhante à provocada pelo hidróxido de
soda cáustica. Um álcali forte representa valores de pH superiores a 9,0 e um álcali
fraco ou médio mostra valores de pH entre 7,1 e 9,0.
Monteiro e Bertagni descrevem em sua obra Acidente do Trabalho e Doenças
Ocupacionais (conceito, processos de conhecimento e de execução e sua questões
polêmicas)”, pág 233, Dermatite alérgica: O cimento e o uso de botas de borracha, que
constitui hábito usual da profissão de pedreiro, integrando o mesmo a indumentária
dos integrantes da profissão, até como instrumento protetor dos membros inferiores,
concorrem como agentes ocasionadores do mal (AP. 168.776, 9ª Câm., rel. Juiz
Joaquim de Oliveira, j. em 23-5-1984).
Conforme o Anexo 13 da NR-15, as atividades, no caso do Reclamante, devem ser
consideradas insalubres, exposição de modo habitual e permanente, analise qualitativa.

8 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPIs


O Requerente não usou EPI’s, em todo o período analisado. Quanto aos agentes em
função da forma de trabalho e exposição aos mesmos, inerentes aos procedimentos
laborais, não existem medidas efetivamente protetoras, capazes de elidir dita exposição,
que não impliquem no afastamento dos trabalhadores destas atividades.

9 TEMPO E NATUREZA DA EXPOSIÇÃO A RISCOS


Em todo o período citado, o Autor laborou expondo-se a riscos ocupacionais de
modo HABITUAL e PERMANENTE. Agentes Químicos álcalis cáusticos, pó de
cimento e cal, Agente Ruído (entre 91dB e 96 dB) acima do limite de tolerância.

10 CONCLUSÃO
Do anteriormente exposto no presente laudo pericial, concluímos:
As atividades de Pedreiro desenvolvidas pelo Sr. FLORÊNCIO RICARDO ASSIS,
são consideradas insalubres, em todo o período analisado, de 02 de janeiro de 1977 até
20 de outubro de 2003, conforme Lei nº 6.514 de 22 de dezembro de 1977 e Norma
Regulamentadora nº 15 aprovada pela Portaria 3.214 de 08 de junho de 1978, conforme
os anexos:
- Anexo 1 (exposto ao Agente Ruído acima do limite de tolerância ver Obs. 1,
abaixo);
- Anexo 13 (exposto aos Agentes Químicos álcalis cáusticos, pó de cimento e cal),
exposição de modo habitual e permanente.
Obs. 1: O Limite de Tolerância ao Agente Ruído é considerado insalubre conforme
parâmetros da NR-15, portaria 3.214/78 (85 decibéis “A”); conforme o Decreto nº

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53.831 de 25/03/64 (80 decibéis); conforme o Decreto n° 83.080 de 24/01/79 (90
decibéis).

11 BIBLIOGRAFIA
- Manual de Legislação Atlas vol. 16–Segurança e Medicina do Trabalho, 50ª
edição, 2002.
- GONÇALVES, Edwar – Segurança e Medicina do Trabalho, 2ª edição, SP 1998.
- BUENO, Antonio e Elaine – Perícias Judiciais na Medicina do Trabalho, LTr
editora, 2001.
- BLAKISTON, Dicionário Médico, Organização Andrei Editora SP, 2ª edição.
- Manual de Segurança e Saúde no Trabalho; IOB, julho/98, SP.
- FUNDACENTRO. As Doenças dos Trabalhadores. SP, 1985.
- Organização Internacional do Trabalho. Enciclopedia de medicina, higiene y
seguridad Del trabajo. Madrid, O.I.T., 1974.
- FUNDACENTRO. Segurança na Mineração e no Uso de Explosivos. SP, 1986.

12 ENCERRAMENTO
O presente laudo contém 8 folhas, impressas de um só lado, sendo todas rubricadas
e esta última datada e assinada pelo perito Avaliador Responsável. Anexo ART e cópia
do certificado de aferição do decibelímetro.

Esteio, 12 de abril de 2004.

ANGELO FRANCISCO ROMAN


Engº. Civil e Segurança do Trabalho
CREA-RS 86.252

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