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UNIVERSIDADE DO ESTADO PARÁ – UEPA

CAMPUS XI- SÃO MIGUEL DO GUAMÁ – PA

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS

Áquila Farias da Silva Sampaio

FICHAMENTO DE CITAÇÕES DO TEXTO: “O carnaval das direitas: o golpe


civil-militar” Em: 1964: “História do Regime Militar Brasileiro”, de Marcos
Napolitano.

São Miguel do Guamá


2024
“Os grandes jornais, até então divididos em relação à figura do presidente João
Goulart, começaram a se articular na chamada “Rede da Democracia”, nome
pomposo para a articulação golpista que tinha na imprensa mais do que um mero
porta-voz.” (NAPOLITANO, 2014).

“Portanto, Jango ainda era um candidato forte se houvesse reeleição. Aliás, a


imprensa passou a alardear a possibilidade de um autogolpe, como feito por Getúlio
em 1937. Só que, ao contrário do protofascismo do Estado Novo, Goulart estaria
preparando um golpe de matiz revolucionário e esquerdista, viabilizando sua
reeleição. A radicalização do seu discurso e a aproximação com as esquerdas,
consolidada no final de 1963, seriam a prova deste plano.” (NAPOLITANO, 2014).

“A cl asse média, ainda tributária do elitismo dos profissionais liberais que serviam
às velhas oligarquias, acrescida de um novo grupo de profissionais assalariados
ligados ao grande capital multinacional, se viu acossada pela crise econômica,
tornando seu eterno pesadelo do descenso social, a “proletarização”, uma realidade
plusível no curto prazo. Ainda mais em um contexto em que os proletários e
camponeses se organizavam em movimentos que, no fundo, buscavam melhores
condições de vida.” (NAPOLITANO, 2014).

“O fato é que, por vários motivos que incluem o bloqueio sistemático das iniciativas
presidenciais por parte do Congresso, os mecanismos da política tradicional brasil
eira – a negociação pelo alto – pareciam não mais funcionar para gerenciar a crise.”
(NAPOLITANO, 2014).

“Para justificar um possível golpe da direita, cada vez mais disseminou-se a ideia de
um golpe da esquerda em gestação. E esse golpe tinha um alvo: silenciar o
Congresso Nacional e impor as reformas por decreto presidencial, ou pior, pela via
de uma nova Constituinte que reformaria a Carta de 1946.” (NAPOLITANO, 2014).

“A imprensa elaborou o discurso e a palavra de ordem. As organizações golpistas,


como o Ipes, preparavam o projeto político para sal var a pátria em perigo, mas no
xadrez da política ainda faltavam muitas peças e movimentos para o xeque-mate.
No começo de 1964, seriam feitas as jogadas decisivas.” (NAPOLITANO, 2014).

“Nos primeiros meses de 1964, o ato final começou a se desenhar para ambas as
partes. Reformistas e antirreformistas foram à luta. A batalha da política saía das
instituições tradicionais e dos pequenos círculos do poder para ocupar as ruas. À
esquerda e à direita. A primeira, mais experiente neste tipo de batalha, parecia levar
a melhor. Mas a segunda não ficaria em casa, como mera expectadora. As palavras
de ordem já estavam dadas.” (NAPOLITANO, 2014).

“O ano de 1962 parece ser o marco zero das efetivas preocupações norte-
americanas com o comunismo no Brasil. Nesse ano, a grande estrela do
anticomunismo católico chegou ao Brasil, com pompa e circunstância. Sob o lema “A
família que reza unida permanece unida”, o padre Patrick Peyton veio ensinar como
a família brasil eira deveria esconjurar o demônio de Moscou apenas com o rosário
nas mãos. Foi bem recebido pelas autoridades, teve facilidades de transporte pelo
território brasileiro e reuniu multidões. A técnica do rosário contra o comunismo foi
incorporada pelas classes médias em terras tropicais.” (NAPOLITANO, 2014).

“O que impressiona, mesmo aos historiadores, é como uma ação golpista efetiva,
que se anunciava havia, pelos menos, dois anos, conseguiu surpreender a todos. A
ação do tresloucado general Mourão criou uma grande confusão entre
conspiradores e governistas.” (NAPOLITANO, 2014).

“Em um ambiente de polarização ideológica radicalizada e de disputa por afirmação


de projetos autoexcludentes para a sociedade e para a nação, a política de
negociação é virtualmente impossível. No começo de 1964, dois projetos históricos
se digladiaram e exigiram o reposicionamento cl aro dos atores políticos e sociais.
Os analistas que defendem uma visão meramente institucionalista de política
tendem a desconsiderar este princípio. Obviamente, é desejável que as instituições
possam se modificar, absorver os conflitos e neutralizar as posições antagônicas na
direção do aprimoramento da democracia e das liberdades públicas. Mas isso não
significa uma regra de ouro da análise política ao longo da história. Nem sempre a
política é uma equação perfeita, cujo resultado é o empate entre os atores.”
(NAPOLITANO, 2014).

“A tentativa de conciliar esta dupla expectativa marcou boa parte dos golpistas, que
tal vez até acreditassem na pantomima democrática que ‘elegeu’ Castelo Branco.
Mas o que se viu foi o abandono paul atino das ilusões ‘moderadoras’ que estavam
no espírito do golpe civil militar, na direção de uma ditadura. O golpe civil-militar
rapidamente se transformaria em um regime militar. O carnaval da direita civil logo
teria a sua quartafeira de cinzas.” (NAPOLITANO, 2014).

REFERÊNCIAS

NAPOLITANO, Marcos. “O carnaval das direitas: o golpe civil-militar”. Em: 1964:


História do Regime Militar Brasileiro / Marcos Napolitano. – São Paulo: Contexto,
2014. Disponível em: 1964 - História do Regime Militar Brasileiro (Marcos
Napolitano).pdf Acesso em 22/01/2023.

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