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Lynne Graham
HERANÇA ITALIANA, N° 1522 - 25.8.04
Título original: The Banker's Convenient Wife
Capítulo 1
É OBVIO que não vamos renovar lhe o contrato. O Banco Sabatino
não é lugar para diretores de recursos que não sabem realizar seu
trabalho disse Roel Sabatino com o cenho franzido. Magro, alto, de
cabelo escuro, bonito embora de rasgos duros, o senhor Sabatino
era um banqueiro internacional e um homem muito ocupado que
considerava aquela conversação uma perda de tempo.
Nielan, seu diretor de recursos humanos, Pigarreou
Tinha pensado que... possivelmente falando com o Rawlinson
conseguiríamos que voltasse para bom caminho ..
Eu não dou segundas oportunidades a ninguém -interrompeu-o Roel
com voz cortante-. Se por acaso não te deste conta, nossos clientes,
tampouco. Está em jogo a reputação de meu banco.
Nielan Weber se disse que também estava em Jogo a reputação do
Roel como um dos banqueiros mais inteligentes do mundo. Roel
Sabatino, milionário suíço descendente de nove gerações de
banqueiros era considerado por muitos como o mais brilhante de
todos eles.
Apesar de sua inteligência e de seu enorme êxito profissional, não
tinha piedade com os empregados que tinham problemas pessoais.
De fato, sua falta de humanidade dava pânico.
Mesmo assim, Stefan fez um último esforço para interceder pelo
empregado cansado em desgraça.
-Sua mulher o deixou o mês passado...
-Sou seu chefe, não seu psicólogo -respondeu Roel-. Sua vida privada
não é meu assunto.
Uma vez esclarecido aquilo, Roel se meteu em seu elevador privado e
se dirigiu ao estacionamento. Enquanto conduzia seu Ferrari seguia
zangado.
Que classe de homem deixava que a perda de uma mulher
interferisse em sua meteórica carreira? Roel decidiu que seu
empregado tinha que ser um homem débil e sem disciplina.
Certamente, um homem que choramingava enquanto contava seus
problemas pessoais e que esperava que o tratasse de maneira
especial por isso era um anátema para ele.
A vida era toda uma provocação em si mesmo e Roel sabia porque
tinha tido uma infância de felicidade austera quando sua mãe se
partiu de casa quando ele tinha dois anos. Com ela se desvaneceram
as esperanças de criar-se com amor e carinho.
Quando contava cinco anos, tinha ingressado em um internato e só
tinha recebida permissão para ir a casa quando suas notas tinham
completo as elevadas expectativas de seu pai.
Desde pequeno lhe tinham ensinado que tinha que ser duro e forte e
que jamais devia pedir favores nem ter esperanças de nenhum tipo.
Enquanto estava no entupo da hora de comer de Genebra, soou o
telefone de seu carro. Era Paul Correro, seu advogado.
Acredito que é meu dever, como seu representante legal. te recordar
que temos certo assunto pendente lhe disse em tom divertido.
Paul e Roel tinham ido juntos à universidade e Paul se - permitia com
o Roel certas brincadeiras que nenhum outra pessoa se permitia.
Entretanto, Roel não estava hoje de humor.
Vê o grão -urgiu-o.
Levo um tempo querendo lhe dizer isso... mas estava esperando a
ver se tirava você o tema. passaram já quatro anos. Não vai sendo
hora já de que termine com seu matrimônio de conveniência?
Aquela notícia o pilhou de surpresa, e ao Roel lhe impregno o carro
provocando que outros condutores lhe insultassem e lhe apitassem,
mas ele não fez nem caso.
Acredito que deveríamos ficar esta semana porque eu vou de férias
na segunda-feira -continuou Paul..
Esta semana é impossível -respondeu Roel.
Espero não te haver importunado recordando lhe disse isso Paul.
Não me tinha esquecido desse assunto, o que passa é que me
pilhaste por surpresa -riu Roel.
Acreditei que isso não era possível -brincou Paul.
Já te chamarei logo... o tráfico está fatal -respondeu Roel dando por
finalizada a conversação.
Capítulo 2
ESTOU casado, pensou Roel. Não era de sentir saudades que sua
memória tivesse eleito esquecer o pior que lhe podia passar a um
homem além de estar doente.
Apesar de que só tinha trinta anos, pareceu-lhe que tinha sacrificado
sua liberdade. Tinha terminado cometendo o mesmo engano que seu
pai e seu avô.
Sempre lhe tinham gostado das mulheres e tinha tido incontáveis
companheiras de cama, mas jamais tinha acreditado no amor, assim
tinha a esperança de que seu matrimônio não tivesse nada que ver
com isso.
Estava seguro de que sua esposa seria uma mulher alta e castanha
porque esse era o tipo de mulher que gostava, proviria de boa família
e teria dinheiro. Talvez, fora economista ou trabalhasse em banca.
Aquilo o aliviou em certa maneira.
Possivelmente, deu-se conta trabalhando com ela de que eram almas
as gema no terreno profissional. Aquilo seria perfeito pois se trataria
de uma mulher calada e distante que saberia respeitar seu apertado
horário de trabalho e não se queixaria por não vê-lo.
Naquele momento, bateram na porta. Roel, estava olhando pela
janela e se girou.
-Importa-te fechar os olhos para que entre? -perguntou uma vocecilla
em inglês.
Primeira surpresa. casou-se com uma estrangeira com acento
popular. Segunda surpresa. Falava como uma adolescente e pedia
coisas estúpidas.
-Roel?
Roel apertou os lábios com impaciência e acessou.
-Suponho que você também está nervoso por minha presença, mas
não tem nada do que preocupar-se -acrescentou Hilary.
Roel se voltou a girar para a janela. Terceira surpresa. Uma mulher
que não fazia nem um minuto que acabava de chegar e já o tinha
posto dos nervos.
-Emocionei-me quando me hão dito que tinha perguntado por mim...
-disse Hilary fechando a porta e abrindo os olhos.
-Quem te há dito que eu perguntei por ti? -respondeu Roel com
incredulidade-. Como ia perguntar por ti se nem sequer me lembrar
de ti?
-meu deus, o que faz fora da cama? -perguntou Hilary preocupada.
-Tem uma lista de comentários estúpidos ou lhe saem sem esforço? -
espetou-lhe Roel girando-se para ela.
Ao estar tão perto dele, a Hilary pareceu que sua altura era
ameaçadora, mas, apesar disso e da horrível pergunta que lhe
acabava de fazer, sentia-se irremediavelmente atraída por ele.
Não tinha esquecido o incrivelmente bonito e o surpreendentemente
sexy que era aquele homem, mas isso não impediu que ficasse
olhando-o com a boca aberta.
Roel não sorriu e aquilo não a surpreendeu. Não estava acostumado a
sorrir freqüentemente e, além disso, naqueles momentos não devia
ter nenhum motivo para sorrir. Embora jamais o tivesse reconhecido,
Hilary estava segura de que devia estar muito assustado.
-Detesto o sarcasmo -disse-lhe.
-E eu detesto as perguntas estúpidas -respondeu Roel.
Aquela mulher era muito mais baixa que ele e não devia ter mais de
vinte e três ou vinte e quatro anos. Tinha uns olhos cinzas da cor do
mar durante a tormenta e o cabelo loiro com as pontas tintas de
rosa.
De rosa? Roel decidiu que devia ser o efeito da luz.
Tinha sardas pelo nariz e uns lábios carnudos de cor cereja que
tivessem tentado a um santo, Roel sentiu que lhe endurecia a
entrepierna e se surpreendeu sobremaneira pois sempre tinha
controlado as reações de seu corpo, inclusive sendo um adolescente.
fixou-se no impressionante corpo em forma de relógio de areia de
sua esposa e a ereção se fez ainda mais urgente. Tinha peitos
volumosos e bem formados, cintura de vespa e quadris do mais
femininas.
Quarta surpresa. Sua mulher não ia bem vestida, mas tinha um
potencial sexual que era pura dinamite. Roel acreditou compreender
por que se casou com ela.
-Deveria estar na cama -disse Hilary encontrando-se com aqueles
olhos cor mel que jamais tinha esquecido.
-Revista me dizer sempre o que tenho que fazer?
-Você o que crie? -respondeu Hilary olhando-o aos olhos.
Hilary sentiu que a boca lhe secava e que as pernas lhe fraquejavam.
Sentiu que o ar não chegava aos pulmões e que o prendedor lhe
estava pequeno. Os peitos lhe tinham inchado e sentia os mamilos
eretos e uma cascata entre as pernas.
Hilary sabia o que lhe estava ocorrendo, mas não podia fazer nada
por controlá-lo. Estava ante o homem que tinha estado a ponto de
fazer que lhe oferecesse sua virgindade por uma noite de sexo sem
ataduras.
Desejou-o do primeiro momento em que o viu e, se o tivesse
mostrado qualquer interesse por ela, o orgulho e a dignidade não lhe
tivessem impedido de lhe entregar sua virgindade.
Fazendo um esforço sobre-humano, Roel conseguiu deixar de olhar a
sua esposa.
-Uma mulher que pretendesse me dizer o que tenho que fazer seria
uma idiota -murmurou-. E não acredito que você seja dessas.
Não, mas tampouco me deixo manipular facilmente -respondeu Hilary
com a cabeça muito alta-. depois de tudo o que te passou, deveria
estar na cama.
Já não necessito aos médicos -assegurou-lhe Roel-. Sinto-o muito se
tiver estado preocupada, mas me volto para trabalho.
-Não o dirá a sério -disse Hilary com os olhos muito abertos.
-Eu sempre falo a sério, deveria sabê-lo. Em qualquer caso, não
necessito sua opinião —insistiu roel com frieza.
-Você goste ou não, lhe vou dar -espetou-lhe Hilary-. Ao melhor crie
que te fazendo o duro me vais convencer de que não te passa nada,
mas me parece que te está comportando como um imbecil!
-Não te consinto... -disse Roel olhando-a com fúria.
-Tem amnésia e não pensa com claridade.
-Eu sempre penso com claridade -respondeu Roel.
-Se voltar a trabalhar, será como dizer que não tem nenhum
problema e não penso consentir que o faça.
-me responda a uma pergunta -sorriu Roel-. Antes do acidente de
carro, estávamo-nos divorciando?
-Que eu saiba, não! -respondeu Hilary com as mãos sobre os
quadris-. É um homem muito inteligente, mas também muito
cabezota e pouco prático. de agora em diante, devo me encarregar
de que não faça nada do que te possa arrepender, assim volta para a
cama e te tranqüilize.
Roel a olhou como se se tornou louca.
-Ninguém me diz o que tenho que fazer. Não sei como te atreve a
pensar que você tem esse direito.
-Talvez, porque sou sua esposa -espetou-lhe Hilary-. Não penso te
pedir perdão por tentar te proteger de ti mesmo. Se voltar para
banco, os empregados se vão dar conta de que te acontece algo...
-Não me passa nada, só estou atravessando por uma fase temporária
de leve desorientação...
-Sim, já me hão dito que te esqueceste que boa parte de sua vida -
respondeu Hilary acalorada-. Não me parece nenhuma tolice e
acredito que é muito mais perigoso do que você te crie. vai haver
empregados e clientes que não vais reconhecer, situações que não
vais entender e ocasiões nas que vais colocar a pata. Além disso, se
por acaso não te deste conta, não vais ter nem idéia do que estiveste
fazendo estes últimos cinco anos no trabalho. A quem lhe vais confiar
seu trabalho para não fazer o ridículo? A ninguém, verdade? Você,
Roel, não confia em ninguém mais que em ti mesmo.
Hilary ficou olhando-o com atitude desafiante e se deu conta de que
Roel se levava a mão à frente e de que lhe tremiam os lábios.
-Sente-se -disse-lhe aproximando-se dele e levando-o para a
poltrona que tinha detrás.
-Não necessito...
- te cale e sente-se! -ordenou-lhe Hilary observando-o enquanto se
sentava.
Só me dói um pouco a cabeça -protestou ele.
Muito tarde. Hilary já tinha apertado o mando que avisava à
enfermeira e o doutor Lerther já estava ali.
Roel se tinha dado conta de que sua esposa estava realmente
preocupada com ele. A aquela mulher lhe via o que pensava na cara.
Tinha os olhos cheios de preocupação e se mordia as unhas enquanto
esperava a que o médico lhe dissesse algo.
Roel não podia deixar de olhá-la. Parecia realmente assustada, até o
ponto de que se estava estremecendo. Devia-lhe ter gritado
precisamente por isso. via-se que o apreciava.
<Seguro que aprecia mais meu dinheiro», pensou Roel.
Tinha visto muito boas atrizes, mas o certo era que qualquer das
mulheres com as que tinha saído se tivessem deixado torturar antes
de morder uma unha.
Sua esposa era mais complicada e menos predecible do que tinha
imaginado. Baixo aquela associação de Futebol-fachada feminina se
escondia um gênio e uma paixão exacerbados.
Roel estava acostumado a que as mulheres dissessem a todo que
sim, nunca as tinha visto com uma mulher que se atreveu a lhe
gritar.
O certo era que jamais discutia com ninguém, homem ou mulher; as
discussões não formavam parte -de sua vida porque ninguém queria
vê-lo furioso.
Hilary se sentia terrivelmente culpado. Roel ainda não se recuperou
do acidente e ela se zangou com ele. Como tinha podido fazê-lo?
Normalmente, nunca se zangava. O que lhe tinha acontecido? ficou-
se olhando-a como se não se pudesse acreditar que estivesse lhe
gritando. Não devia estar acostumado a que ninguém lhe gritasse.
Hilary tomou ar e o olhou.
Seguia sendo tão bonito, elegante e masculino como fazia quatro
anos. Hilary recordou o preciso instante no que o tinha visto pela
primeira vez. Foi quando tinha entrado falando pelo móvel na
barbearia onde ela trabalhava.
Ao ver como ia vestido e como se comportava, Hilary compreendeu
em seguida que, como já tinha passado a outras pessoas, confundiu-
se de barbearia porque havia uma muito mais exclusiva na mesma
rua.
No mesmo instante no que Roel se dispunha a ir-se, algo tinha feito
que Hilary fora para ele. Algo? O fato de que fora tão
impresionantemente bonito que tivesse sido capaz de ficar uma
semana sem comer para ter uma foto dela.
Não podia permitir que saísse de sua vida de qualquer jeito.
-Siga falando por telefone enquanto lhe corto o cabelo -havia-lhe dito
ficando diante da porta para que não se fora.
Tal e como tinha esperado, por não reconhecer que tinha cometido
um engano, Roel se deixou levar.
Olhou-a perplexo, mas seguiu falando por telefone enquanto se
sentava e Hilary começava a lhe cortar o cabelo.
Quando terminou, entregou-lhe um cheque e saiu do
estabelecimento. Ao olhar o cheque, Hilary não podia dar crédito ao
que estava vendo. Saiu correndo atrás dele, mas Roel lhe disse que
era a gorjeta.
-É muito... -murmurou Hilary enquanto Roel se encolhia de ombros e
se introduzia em uma limusine com chofer.
Hilary voltou para presente e viu que Roel tinha recuperado a cor e
estava de novo em pé.
-Não estaria melhor sentado? -disse-lhe enquanto ele pendurava o
telefone.
-Vamos a casa —respondeu Roel ignorando sua pergunta.
-Doutor? -insistiu Hilary.
-O certo é que não há razão física para que seu marido siga na clínica
-sorriu o homem.
-Fisicamente estou muito bem e o outro... já me passará -anunciou
Roel muito seguro de si mesmo.
«Vamos a casa», havia dito.
A que casa? Não era o momento de perguntá-lo, diante do médico e
da enfermeira, assim Hilary não teve mais remedeio que seguir ao
Roel até o elevador. Uma vez na planta baixa, informaram-lhe que
sua bagagem já estava no carro que os ia levar.
-Onde estava ontem quando tive o acidente? -perguntou-lhe Roel.
-Em Londres... né... tenho um negócio ali -respondeu Hilary
perguntando-se que guia ia seguir.
Estava-os esperando uma limusine de cristais tintos. O chofer se tirou
a boina e lhes abriu a porta. Ao ver-se em um carro tão luxuoso,
Hilary teve que fazer um grande esforço para não ficar com a boca
aberta.
-Quanto tempo temos casados? -perguntou-lhe Roel.
-Acredito que seria melhor que não te desse muitos dados -
respondeu Hilary.
-Quero sabê-lo tudo -insistiu ele lhe pondo a mão no braço.
Surpreendida pela facilidade com a que a havia meio doido, Hilary se
estremeceu.
-Seu médico há dito que terá que ir te dizendo as coisas pouco a
pouco.
-Isso o há dito o médico, mas eu não opino o mesmo.
-Sinto muito te dizer que não penso me arriscar a que não te
recupere, assim vou seguir os conselhos do doutor Lerther -insistiu
Hilary.
-Isso é uma tolice.
-dentro de uns dias, terá recuperado a memória por completo -
recordou-lhe Hilary-. Será muito melhor assim.
-E enquanto isso? -perguntou Roel olhando a à boca e deixando-a
sem fôlego.
Hilary sentiu uma descarga elétrica por todo o corpo e a mente ficou
em branco.
-Enquanto isso? -repetiu como um louro.
-Você e eu -esclareceu-lhe Roel olhando-a com interesse e fazendo-a
avermelhar-. O que se supõe que devo fazer com uma esposa a que
não recordo?
-Não faz falta que faça nada. Simplesmente, tem que confiar nela
porque vai cuidar de ti respondeu Hilary sentindo-se como uma
adolescente enamoriscada.
por que estava pendente de todas e cada uma de suas palavras? por
que o olhava assim? enfureceu-se consigo mesma por ser tão débil.
Tinha que apoiá-lo como uma amiga, nada mais. E nada menos.
•
-Me vais cuidar? -disse Roel divertido.
Ninguém o tinha cuidado em sua vida porque não necessitava que
ninguém o cuidasse. Jamais tinha ouvido algo tão ridículo, mas não
disse nada porque se deu conta de que Hilary o havia dito com
sinceridade e boa intenção.
-Para isso vim... -respondeu Hilary sentindo-se fora de controle ao o
ter tão perto.
Enquanto falava, Roel lhe acariciou o lábio inferior fazendo que a
temperatura corporal lhe subisse pelas nuvens.
-Está tremendo -murmurou Roel com voz rouca aproximando-se
dela-. por que não? Ao fim e ao cabo, esta situação resulta do mais
estimulante.
-Como diz? -disse Hilary surpreendida.
-Uma esposa a que não recordo -respondeu Roel-. Uma mulher com
a que tive que compartilhar mil momentos íntimos, mas que nestes
momentos resulta uma perfeita desconhecida. É uma situação erótica
do mais estimulante, minha cara. O que outra coisa ia ser?
Capítulo 3
CAP 4
ROEL deixou a Hilary sobre a cama. O desejo lhe ruborizava as
bochechas e a camisola azul que levava não era precisamente
modesto. O certo era que a Hilary gostava de levar lingerie refinada
estando sozinha porque a fazia sentir uma mulher glamurosa, mas
não estava acostumada a ter público, assim que se apressou a
sentar-se e tampá-las pernas com o lençol.
Roel se desabotoou a camisa e se tirou os sapatos. Hilary ficou sem
fôlego. disse-se que devia apartar o olhar, mas não pôde. Tinha vinte
e três anos e nunca tinha visto um homem nu. Jamais tinha estado a
sós na mesma habitação com um homem.
por que? Porque seguia sendo virgem. Em certo sentido, estava
convencida de que seguia sendo-o precisamente porque tinha
conhecido ao Roel e tinha decidido que queria o que não podia ter.
Aos dezenove anos tinha descoberto que o desejo físico cortava como
uma faca e aniquilava o raciocínio e o orgulho. Embora quando se
conheceram ele não sentia por ela quão mesmo ela por ele, quando
se separaram Hilary tinha comparado a todos os homens que tinham
aparecido em sua vida com o Roel.
Nenhum tinha dado a talha. -Me vou tomar banho, bela minha... -Não
sou bonita, assim não me chame assim -respondeu Hilary apartando
os olhos daqueles músculos perfeitos e bronzeados.
Roel se ajoelhou junto à cama e a olhou. -Se te disser que é bonita é
porque o é -assegurou-lhe. -Mas...
-Tem um corpo precioso... -Sou baixa...
-Sim, mas suas curvas são maravilhosas. Desde que te vi, quis te
agarrar em braços e te depositar em minha cama e aqui está.
Roel ficou em pé e se baixou a cremalheira das calças.
-Deveria descansar -insistiu Hilary apartando o olhar muito a seu
pesar.
-Durma e deixa de discutir -riu Roel. ria, sorria. Parecia feliz e aquilo
a Hilary se o fazia estranho. girou-se e se disse que não passava
nada por compartilhar a cama. Além disso, era uma cama maior,
mas... e se Roel se aproximava de seu lado em metade da noite e
ficava carinhoso?
Rechaçaria-o? Sabia que não. Lágrimas de raiva se incrustaram em
seus olhos e piscou furiosa
para acabar com elas.
A voz de sua consciência lhe recordou que Roel recuperaria a
memória logo e Hilary se perguntou como se sentiria se tivesse
havido algo físico entre eles para então. Era um homem solteiro e
sofisticado e certamente o sexo para ele não seria nada sério. Se ela
conseguia comportar-se de maneira também casual, Roel acreditaria
que para ela tampouco tinha significado nada.
Hilary se deu conta de repente de que estava tentando convencer-se
a si mesmo de que não passaria nada por deitar-se com o Roel.
-Segue acordada, cara?
Para ouvir sua voz, Hilary tirou a cabeça de debaixo do travesseiro e
o olhou.
Só levava uma toalha atada à cintura e as gotas de água lhe
escorregavam do cabelo e lhe caíam pelo torso.
Hilary assentiu pajo o atento olhar do Roel, que se sentou no bordo
da cama e apartou o lençol.
-Quero verte -disse-lhe com voz rouca.
Hilary sentiu que o coração lhe acelerava.
-Quero verte tudo... -acrescentou Roel.
Hilary ia dizer que não, de verdade, ia negar se, mas então cometeu
o engano de olhar-se naqueles impressionantes olhos castanhos e
perdeu a razão.
-Roel...
-eu adoro como diz meu nome -respondeu ou I beijando-a nos lábios
com delicadeza.
Ato seguido, sua língua pediu aconteço e se introduziu em sua boca.
Hilary não pôde evitar gemer e lhe acariciar o cabelo.
-Tem uma boca incrível -disse Roel tomando-a em braços e
colocando-a escarranchado sobre seus quadris.
-Não deveríamos... -advertiu-lhe Hilary surpreendida-. Não podemos
fazê-lo.
-Ah, não? -respondeu Roel lhe desabotoando a camisola e deixando
seus peitos ao descoberto-. Santo céu... é preciosa...
Hilary se ruborizou de pés a cabeça enquanto Roel brincava com seus
mamilos. sentia-se intimidada e emocionada de uma vez por suas
carícias. Nesse momento, Roel inclinou a cabeça e seus lábios
seguiram o mesmo rastro que seus dedos.
-OH... -exclamou Hilary surpreendida enquanto uma deliciosa
sensação, entre prazenteira e doo-rosa, apoderava-se dela.
Era uma sensação que nascia no mamilo e viajava por todo seu corpo
até seu entrepierna. Hilary deixou cair a cabeça sobre seu ombro em
sinal de rendição.
-Desde que te vi na clínica, sonhei com este momento, te tendo em
minha cama -confessou Roel-. Ocorreu o mesmo quando nos
conhecemos?
-Nunca me há isso dito -murmurou Hilary escondendo o rosto em seu
ombro.
-Assim não compartilho meus segredos quando me acordado a seu
lado, não?
-OH...
Roel a apoiou contra os travesseiros para poder admirá-la e beijá-la
bem. Quando se deu conta de que Hilary movia ritmicamente os
quadris, sorriu satisfeito.
-Deseja-me, bela minha.
Era inútil negá-lo. Hilary sentia todo seu corpo em tensão, jamais se
havia sentido tão viva. Não podia pensar com claridade, só podia
sentir. Alargou o braço para atrai-lo para ela.
-Não tenha pressa -disse Roel com voz sensual enquanto lhe tirava a
camisola e se fixava nos cachos loiros de seu púbis.
-Roel...
Ao saber-se imperfeita e não podendo agüentar o escrutínio, Hilary se
deu a volta e se tampou com o lençol. Ato seguido, Roel ficou em pé
e se tirou a toalha. O que viu deixou a Hilary sem fôlego.
Roel estava completamente excitado.
Sem lhe dar importância, tombou-se junto a ela na cama e Hilary
acreditou que se ia derreter de desejo.
-Desejo-te -rugiu Roel beijando-a com força-, mas também quero te
atormentar de prazer...
Hilary se regozijou ao sentir o peso de seu corpo em cima, passou-lhe
os braços pelo pescoço e o beijou com paixão. Aqueles beijos e
aquela situação eram muito melhor do que jamais tinha sonhado.
O certo era que se sentia perdida em um novo mundo de
sensualidade e Roel não fazia mais que fazê-la gozar lhe acariciando
os peitos.
-Eu gosto de te olhar -disse-lhe.
Hilary sentiu uma pontada de desejo entre as pernas que a fez abrir
os olhos e, compreendendo seu desejo, Roel lhe tocou a entrepierna,
descobriu a umidade que ali se escondia e percorreu a entrada de seu
corpo fazendo-a gemer.
-Roel, por favor... -rogou-lhe Hilary completamente excitada.
Roel acessou a seus desejos e se introduziu em seu corpo.
-Está muito tensa, minha cara -rugiu de prazer enquanto Hilary se
surpreendia ante aquela invasão.
Roel voltou a tentá-lo e aquela vez conseguiu chegar ao centro de
seu corpo. Hilary gritou de dor e lhe saltaram as lágrimas.
Roel ficou olhando-a fixamente com incredulidade.
-É virgem ou são minhas imaginações?
O corpo da Hilary se estava ajustando ao invasor e a dor tinha
remetido. Sempre tinha sonhado com que Roel fora o primeiro
homem com o que se deitasse e o tinha conseguido, assim não podia
permitir-se parar agora.
-Não sabia que ia ser assim... não pares...
-Minha esposa é virgem... -comentou Roel algo nervoso.
Hilary lhe aconteceu os braços pelo pescoço convidando-o a seguir.
-Por favor...
Roel voltou a introduzir-se em seu corpo e logo seus quadris se
compassaram em cíclicos movimentos que os levaram a
convulsionar-se até alcançar o clímax.
Surpreendida por aquela sensação, Hilary se deixou cair contra os
travesseiros e ficou em silêncio. deu-se conta de que não deveria
haver-se deixado levar e de que, além disso, ao haver-se deitado
com o Roel se apanhou ela sólita.
Não se tinha dado conta de que Roel ia se precaver de que era
virgem e aquilo não encaixava, pois se supunha que era sua mulher.
Nesse momento, Roel a abraçou e a olhou aos olhos.
-É incrível... -comentou-. Como é possível que fosse virgem?
Hilary empalideceu e se deu conta de que Roel se estava
perguntando se se acabavam de casar. Estava tão envergonhada que
não se atrevia a olhá-lo aos olhos.
tornou-se louca?
-Está muito calada... -comentou Roel.
-Morro por tomar banho ! -exclamou Hilary levantando-se da cama
de um salto.
Quão único podia pensar era em fugir, mas de repente se deu conta
de que estava completamente nua e se ajoelhou no chão com pouca
graça para recolher sua camisola e ficar o a toda velocidade.
Uma vez vestida de novo, recuperou a compostura e saiu da
habitação com dignidade. Roel a olhou com incredulidade.
-O que te passa?
-O que quer que me passe? -respondeu Hilary forçando um sorriso e
voltando para sua habitação para encerrar-se no banheiro.
Capítulo 5
O CASTELLO Sabatino era um castelo medieval que se elevava sobre
um remoto vale perto da fronteira italiana.
Rodeava-o um precioso lago de águas cristalinas nas que se refletia
sua imensa silhueta e os picos nevados que o circundavam.
Tanto o edifício como os arredores eram incríveis e Hilary entendeu
imediatamente que Roel tivesse estado disposto a casar-se com ela
com tal de não perder aquele lugar.
O helicóptero que tinham tomado em Genebra aterrissou no heliporto
que havia junto ao castelo. Roel a ajudou a sair do aparelho, agarrou-
a pela mão e a conduziu para o interior.
De repente, Hilary se deu conta de que franzia o cenho ante a
claridade do dia.
-Está bem? -perguntou-lhe.
-Sim, só estou um pouco cansado -respondeu Roel molesto por não
estar em plena forma-. É que esta manhã me fui a trabalhar às
cinco...
-Como? -interrompeu-o Hilary parando-se em seco.
-Eu sou o Banco Sabatino. O banco não funciona sem mim -
respondeu Roel bruscamente-. Tinha que me familiarizar com o que
aconteceu recentemente, me assegurar de que as operações
seguissem sem mim e me ocupar do que não entendia.
-Não me posso acreditar que faça tão somente vinte e quatro horas
que seu médico te disse que necessitava repouso absoluto e você já
tenha ido trabalhar ao amanhecer! -espetou-lhe Hilary.
-Fiz o que devia fazer.
Hilary o olhou e viu que estava apertando os dentes. Aquele homem
era um cabezota exímio, mas parecia esgotado.
-Não respeita sua saúde.
-Crie-te que posso desaparecer como se nada? -respondeu-lhe Roel
entrando no castelo-. Tinha que dar uma explicação. Do contrário, o
pânico tivesse prejudicado a minha empresa.
-E o que lhes há dito?
-Hei-lhes dito que, como conseqüência do acidente, vejo dobro e que
tenho que descansar a vista. Assim, minhas secretárias me deram
toda a informação que lhes pedi sem suspeitar nada.
-Muito preparado -concedeu Hilary admirada.
-Além disso, hei-lhes dito que ia aproveitar para desfrutar de umas
bem merecidas férias com minha esposa.
-meu deus! Terá-os deixado com a boca aberta...
Hilary estava convencida, depois de ter visto a reação do Humberto,
de que exceto sua tia Batista ninguém devia saber que estava
casado.
portanto, ouvir falar dela assim, de repente, devia ter sido uma
comoção para seus empregados.
-Sim, surpreenderam-se porque nunca me estou acostumado a ir de
férias -admitiu Roel-. Por certo, deveria me haver consultado antes
de lhe dizer ao Humberto que não me passasse chamadas.
Hilary se ruborizou.
-Houvesse dito que queria te fazer carrego delas -defendeu-se.
-Pareceu-me uma boa idéia a curto prazo -respondeu Roel saudando
com respeito a Florenza, o ama de chaves que tinha saído a recebê-
los-, mas não volte a dar ordens em meu nome sem haver me
consultado isso primeiro.
Hilary abriu a boca para defender-se, mas Roel lhe pôs um dedo nos
lábios para que se calasse. Hilary se estremeceu.
-Sabe que tenho razão...
-Não, não sei. O que te passa?
Roel ficou olhando-a uns segundos e enrugou o cenho.
-Saiu correndo à rua detrás de mim...
Hilary não compreendeu o que lhe estava dizendo, mas, ao ver que
se secava o suor que lhe corria pela frente, assustou-se.
-Roel, por favor, sente-se.
-Não... -negou-se Roel agarrando a da cintura—. Vamos acima a falar
disto em privado.
-Falar do que? -murmurou Hilary nervosa.
Então, compreendeu-o.
«Saiu correndo à rua detrás de mim».
-recordaste algo -disse-lhe tensa-. recordaste algo sobre mim.
-foi como se alguém me tivesse posto uma fotografia velha diante -
explicou-lhe Roel abrindo uma porta com impaciência-. Queria me
devolver a gorjeta que te tinha deixado...
-Sim... -respondeu Hilary retorcendo-os dedos. Roel a olhava atônito.
-por que te tinha deixado uma gorjeta? Era nossa brincadeira ou algo
assim?
Hilary empalideceu. Entre eles se estava abrindo um abismo
impossível de fechar. Roel estava começando a compreender que ela
não pertencia a seu privilegiado mundo.
-Tinha-te talhado o cabelo -explicou-lhe. -O cabelo? -repetiu Roel
estupefato. Hilary apertou os lábios e assentiu. -Sou... cabeleireira.
Aquela vez em que me deu essa gorjeta foi a primeira que nos vimos.
-\lnferno\ Lembrança perfeitamente o que estava pensando e
sentindo nesse preciso instante! Estava completamente excitado -
admitiu Roel com brutal sinceridade-. Queria te colocar na limusine, ir
a um hotel e não sair em todo o fim de semana. Hilary se ruborizou
de pés a cabeça. Bom, pelo menos não lhe estava mentindo. Por uma
parte, era adulador que a tivesse encontrado atrativa, mas Hilary não
se sentia adulada. sentia-se furiosa.
E depois desse fim de semana o que? Nada, verdade? Para ele, só
teria sido uma fresca com a
que passar um par de noites. Como se atrevia a pensar que se foi
com ele se não o conhecia de nada?
O que a estava chamando?
De repente, sentiu uma imensa angústia. O certo era que, talvez, foi-
se com ele. Não o primeiro dia, é obvio, mas se Roel o tivesse pedido
mais adiante teria acessado porque estava completamente aniquilada
com ele e estava disposta a fazer o que fora com tal de estar a seu
lado.
Inclusive deitar-se com ele.
Sentiu que a raiva fazia que lhe saltassem as lágrimas.
-Perdão, não deveria haver dito isso -desculpou-se Roel apoiando-se
na parede.
Obviamente, estava esgotado.
-Não se preocupe, não sou uma mulher débil -mentiu Hilary tentando
soar natural-. Por favor, te tombe um momento. Está muito cansado.
Roel se afrouxou a gravata e se desabotoou a camisa enquanto
avançava para o dormitório contigüo.
-Acredito que vou chamar ao médico -disse Hilary da porta.
-Não me passa nada! —espetou-lhe Roel—. Deixa de me dar a lata.
Hilary o observou enquanto se deixava cair sobre a cama e apoiava a
cabeça sobre os travesseiros. Nem sequer se tinha tirado os sapatos.
Hilary fechou as persianas e o olhou. Roel estendeu uma mão para
ela em um gesto reconciliador.
-Deveria saber, minha cara, que tomo minhas próprias decisões.
-Nenhum problema -assegurou-lhe Hilary com ternura sentando-se
no bordo da cama e entrelaçando os dedos com os seus.
Não, que Roel tomasse suas próprias decisões não era nenhum
problema sempre e quando coincidissem com as conclusões da
Hilary.
-O que te hei dito... recordar assim, de repente, pilhou-me por
surpresa e fui um besta.
-Não diga isso -respondeu Hilary com ternura-. foste um pouco
brusco, isso sim, mas te perdôo porque revista ser o homem mais
romântico do mundo.
Roel lhe soltou a mão e abriu os olhos.
-Romântico? -sorriu-. Está-me tirando o sarro...
-Não, disso nada -assegurou-lhe Hilary.
Roel lhe aconteceu o braço pela cintura e a agarrou com força.
-Fica até que durma.
Hilary esteve a ponto de lhe perguntar se sua mãe estava
acostumada fazer isso, mas se mordeu a língua a tempo. Era
impossível que tivesse lembranças assim de sua infância pois sua
mãe se fugiu com seu amante quando Roel só tinha um ano e não
havia a tornado a ver.
Hilary esperou a que dormisse e baixou a falar com o ama de chaves.
Continuando, comeu em um delicioso comilão cheio de flores.
Apesar de que o entorno era incrível, ela só podia pensar no Roel e
em quão difícil ia ser voltar para casa sem ele, havendo-o perdido
para sempre. Já tinha começado a recordar, assim que aquilo era
imparable.
Quando o doutor Lerther lhe havia dito que a amnésia do Roel ia ser
temporário e que logo recuperaria a memória, Hilary tinha pensado
que o médico era muito otimista, mas agora se dava conta de que
tinha razão.
Roel não ia demorar para recordar os cinco anos que lhe tinham
apagado e deixaria de necessitá-la. É que acaso a tinha necessitado
em algum momento? Não tinha sido ela a que se feito aquela ilusão?
Voltou junto a ele depois de comer e se sentou em uma cadeira a
observá-lo enquanto dormia. disse-se que sua relação tinha que ser
estritamente platônica. O que pensaria dela quando tivesse
recuperado a memória?
Pareceria-lhe estranho que se deitou com ele? Talvez, nem lhe
importasse.
«É um homem», disse-lhe uma voz interior.
Efetivamente. Roel não ia passar se muito tempo lhe dando voltas à
cabeça sobre ela. Não, quão único ia querer ia ser voltar para sua
vida normal. Seguro que se sentiria muito aliviado de saber que
estavam casados só por conveniência.
Seguro que riria.
Hilary abriu os olhos e viu que estava tombada na cama. Os
primeiros raios do sol entravam pela janela e recortavam a silhueta
do Roel, que a estava olhando.
Estava nu e junto a ela. -Que horas são? -murmurou Hilary
surpreendida de ver-se de novo na mesma cama que ele.
-As sete e cinco -respondeu Roel-. dormi um montão e me sinto
muito bem.
-Não recordo me haver metido na cama... -Não te colocou você.
Ficou dormida na cadeira -explicou-lhe Roel-. Não deveria preocupar-
se tanto por mim, cara. Sei me cuidar sozinho.
Hilary sentiu um calafrio pelas costas e se encontrou aproximando-se
um pouco mais a ele. Presa do pânico, pensou que aquilo era como
estar poseída. «Não mais sexo», recordou-se sentando-se. Sem
duvidá-lo, Roel a agarrou, voltou-a a tombar e a olhou com
intensidade.
-Você não vai se mover daqui, senhora Sabatino. Que a chamasse
assim não fez a não ser lhe doer. -Mas...
-Está muito inquieta hoje -riu Roel colocando uma coxa entre suas
pernas-. Não pode te levantar até que eu te dê permissão.
Hilary o olhou aos olhos e se deu conta de que o desejava com todo
seu corpo. Enquanto o pensava, Roel a beijou com sensualidade e, ao
perceber seu desejo, o da Hilary se acrescentou sobremaneira.
Roel a olhou e, ao ver que estava igual a ele, começou a brincar com
seus mamilos. Hilary sentiu uma pontada entre as pernas e o instinto
lhe fez jogar os quadris para diante.
-Deseja-me -disse Roel muito satisfeito.
-Sim... —admitiu Hilary.
Como era possível que não fora capaz de resistir a ele quando tinha
tomado a firme decisão de fazê-lo?
morria por beijá-lo e seu corpo sentia falta daquelas mãos peritas que
sabiam lhe dar agradar. Aquilo esmagou a vocecita que lhe dizia que
não estava atuando com prudência.
Hilary o beijou com paixão, colocou os dedos entre seu cabelo e lhe
acariciou os ombros. Lambeu-lhe o torso e sentiu que o desejo era
superior a suas forças.
-Desejo-te -rugiu Roel tombando-se sobre ela e penetrando-a sem
prévio aviso.
A surpresa se tornou prazer rapidamente e Hilary sentiu um vivo fogo
entre as pernas. O êxtase se deu procuração dela e não deixava sítio
para a vergonha nem o orgulho.
Hilary alcançou o clímax com um grito e, poucos segundos depois,
Roel a seguiu. Hilary sentiu lágrimas de felicidade nos olhos, apoiou-
se nos almofadões e abraçou ao Roel, que a beijou lentamente
enquanto ela tentava recuperar o fôlego.
Olhou-o e se maravilhou ante sua beleza masculina ao tempo que
uma imensa quebra de onda de amor e de aprecio por ele se
apoderava dela.
Os olhos do Roel se olharam nos seus e se deu conta de que o estava
olhando com ternura, mas mesmo assim Hilary não quis negar o
prazer de olhá-lo.
Era incrivelmente bonito.
-Deixa-me sem fôlego... -sussurrou com voz trêmula lhe acariciando
os lábios.
Roel lhe agarrou a mão e lhe olhou os dedos surpreso.
-E sua aliança?
Hilary ficou geada.
-Eu... né... nunca quis levá-la... -improvisou.
-por que? -perguntou-lhe Roel com curiosidade.
Hilary se ruborizou.
-Eu... bom, sempre me pareceu que as alianças estavam acontecidas
de moda e não gostava de levá-la.
-Eu não gosto -opinou Roel sem duvidá-lo-. É minha esposa e quero
que leve aliança.
-Pensarei-me isso -respondeu Hilary sentindo-se fatal consigo mesma
por lhe mentir de novo.
-Não, não há nada que pensar. Te vou comprar uma aliança e a vais
levar. acabou-se a discussão -sentenciou Roel levantando-se da cama
e ficando-os cueca.
parou-se quando estava cruzando a habitação, girou-se para ela e a
olhou com intensidade.
-Agora que o recordo, ainda não me há dito por que seguia sendo
virgem -espetou-lhe.
-E não lhe penso dizer isso se me falar nesse tom -respondeu Hilary
sentando-se e tampando-se com os lençóis.
-cedo ou tarde, dirá-me isso -insistiu Roel. Hilary o olhou furiosa e
lhe falou em italiano. Disso, nada! Quando recuperar a memória,
dará-te conta de que minha falta de experiência não é nenhum
mistério.
-De verdade?
-Além disso, vai dar igual! -assegurou-lhe Hilary.
-Eu gostaria de saber por que me casei contigo?
Hilary ficou de pedra.
-Casou-te comigo pelas mesmas razões pelas que se casa qualquer
homem com qualquer mulher -murmurou Hilary.
-Está-me dizendo que me apaixonei por ti?
-Eu não hei dito isso... -respondeu Hilary-. Bom, sim, apaixonou-te
por mí-acrescentou decidindo que era melhor lhe dar a razão e deixar
o tema.
Roel deu um passo para ela.
-Queria um conto com final feliz?
-por que não? -defendeu-se Hilary.
-Por nada -respondeu Roel tomando-a em braços-. Se me apaixonei
por ti, seguro que foi porque você gostava de tomar banho comigo -
brincou. -Está-me desafiando? -respondeu Hilary.
Enquanto tomavam o café da manhã em uma preciosa terraço
coalhada de flores de vivas cores, Hilary perguntou ao Roel pela
história do castelo, um lar que era óbvio que adorava.
Tentou não pensar nas mentiras que lhe tinha contado pois Roel
tinha parado de fazer perguntas e já não parecia preocupado por sua
relação.
O doutor Lerther lhe havia dito que não devia lhe dizer nada que
pudesse preocupá-lo, assim tinha feito o correto, não?
Hilary se disse que por um par de mentirijillas não passava nada.
-Preparei-te uma surpresa -disse-lhe Roel ao terminar de tomar o
café da manhã.
-Que surpresa?
-Me ocorreu que já ia sendo hora de pôr solução ao problema de seu
vestuário -respondeu abrindo a porta de um salão.
Roel tinha convidado a vários desenhistas de roupa para que fossem
ao castelo com uma seleção de suas coleções.
Hilary se encontrou rodeada de modistas que tomavam medidas.
Estava aterrada. Como ia permitir que Roel se gastasse uma fortuna
em comprar roupa? Era impossível pois tinha visto com seus próprios
olhos a pouca roupa que tinha.
Minutos depois, puseram-na de novo ante seu marido vestida com
um traje de saia e jaqueta à última moda.
Roel a olhou atentamente. A cor aguamarina elogiava a brancura de
sua pele e os objetos, tanto a saia como a jaqueta, realçavam sua
figura.
-Impressionante -disse-lhe ao ouvido.
Pela primeira vez em sua vida, Hilary se sentiu o centro de atenção.
Ao ver que Roel a olhava com aprovação, deixou de pensar em suas
imperfeições.
Estava muito orgulhosa de si mesmo e se esqueceu de que sempre
tinha pensado que lhe faltava altura e lhe sobravam curvas.
A partir daquele momento, provou-se vários conjuntos encantada.
viu-se com um delicioso vestido de festa, um incrível traje calça e
uma série preciosa de vestiditos de jornal que fizeram as delícias do
Roel. Também havia bolsas e sapatos a jogo.
Aquilo era maravilhoso. Era como um sonho feito realidade. Todas
aquelas pessoas se puseram de acordo para que ela jogasse ao que
mais lhe tinha gostado de jogar de pequena: a disfarçar-se.
Em poucas horas, tinha mais roupa da que tinha tido jamais. deu-se
conta de que não ia dar tempo a estrear muitas das coisas que Roel
lhe tinha comprado, mas se disse que, quando se tivesse ido, Roel
poderia as devolver.
Não pôde negar-se a adquirir também várias camisolas e conjuntos
de lingerie.
-Parece-me que me estou passando -disse de repente.
-É minha esposa e quero que tenha tudo o que você goste -
respondeu Roel.
Hilary sentiu que algo lhe retorcia no coração e não pôde evitar fazer
uma careta de desgosto.
-Hilary?
-É muito generoso -respondeu com um nó na garganta.
-Mas você sabe como me dar as obrigado, verdade? -sorriu Roel com
malícia e sensualidade.
Hilary sentiu que o coração lhe pulsava rapidamente. Aquele homem
era tão bonito que a fazia estremecer-se. Tinha um poder sobre ela
que a angustiava e a atraía de uma vez.
-Se não souber, já te darei eu alguma pista, bela minha -
acrescentou.
Hilary teve que apertar as pernas, surpreendida pela intensidade de
sua reação física ante suas palavras.
Roel se aproximou dela e a abraçou. Ao sentir sua potente ereção,
Hilary se ruborizou e desejou senti-lo dentro dela imediatamente.
-Está preciosa com essa roupa, mas eu gostaria que lhe tirasse isso -
disse-lhe Roel.
Hilary se separou dele e fez algo que jamais tivesse sonhado fazendo.
tirou-se a blusa, baixou-se a cremalheira da saia e deixou que caísse
ao chão.
-Parece-me que me casei contigo porque não deixa de me
surpreender -comentou Roel abraçando-a com força e beijando-a
com paixão.
-É preciosa -disse Hilary-. Não sei o que dizer... não me esperava
isso.
Enquanto Roel lhe colocava no dedo anelar a delicada aliança de
platina, ela o olhava com gratidão.
Uma aliança. Aquele detalhe lhe tinha chegado ao coração porque
Roel queria que levasse algo que significava que estavam casados.
-Não te vou falhar, cara -disse Roel olhando-a aos olhos-. Quero que
nosso matrimônio vá bem.
Aquilo fez que o véu de fantasia no que Hilary estava vivendo caísse.
Levava quatro dias sem pensar no futuro, desfrutando de do
presente, do tempo que passava com o Roel.
Estava completamente apaixonada por ele.
Incômoda por sua sinceridade e ferida pelo que sabia que não podia
ter, Hilary desviou o olhar e olhou a seu redor.
Fazia um dia maravilhoso e a paisagem era espetacular. Estavam
sentados em uma terraço de pedra de um exclusivo restaurante
situado no lago de Candelabro. O céu estava espaçoso e a pitoresca
cidade medieval estava a seus pés.
-Hilary...
Nesse momento, um homem forte e loiro se aproximou deles.
-Roel? -disse-lhe com alegria.
Roel sorriu e ficou imediatamente de pé para saudá-lo. Hilary
reconheceu imediatamente ao Paul Correro, uma das testemunhas de
suas bodas. O pânico se apoderou dela e o intenso escrutínio do
advogado a paralisou.
Aquele homem sabia que não era uma esposa de verdade, que se
tinha casado com o Roel em troca de dinheiro.
Devia estar atônito de vê-los juntos na Suíça!
Capítulo 6
Hilary sentia que o coração lhe pulsava rapidamente, mas se deu
conta de que não tinha mais remedeio que tentar sair bem parada
daquela situação.
-Anya e eu estamos com uns amigos -estava-lhe dizendo-Paul ao
Roel, que estava saudando a preciosa e grávida ruiva que estava
junto ao advogado.
Roel olhou a Hilary, que se apressou a ficar em pé apesar dos nervos.
-Hilary... -saudou-a Paul com um morno sorriso que a fez
estremecer-se-. Me alegro muito de verte.
Hilary sentiu que as pernas lhe falhavam como se estivesse ante seu
verdugo, mas Roel lhe perguntou algo e começaram a afastar-se para
falar de suas coisas.
Imediatamente, a esposa do Paul se aproximou da Hilary.
-Sou Anya, a mulher do Paul -apresentou-se com frieza.
-Sim -respondeu Hilary muito nervosa sem saber o que dizer.
Olhou ao Roel e ao Paul e se perguntou do que estariam falando. Não
podia suportar aquela situação, assim pôs uma desculpa e fugiu ao
banho.
Como se atreviam Paul e Anya Correro a olhá-la como se fora uma
delinqüente? deu-se água fria nas bonecas e tentou controlar suas
emoções.
Fazia o que tinha feito pelo bem do Roel. Estaria-lhe contando seu
advogado naquele preciso instante que seu matrimônio tinha sido de
conveniência?
Ao sair do banho, Paul a estava esperando.
-A que joga? -perguntou-lhe-. Roel me acaba de contar por que não o
vimos depois do acidente.
-Me alegro de que se confiou a alguém mais -murmurou Hilary
perguntando-se se Roel já se teria informado de que não era a
esposa que ele acreditava.
Sentiu que o coração caía aos pés.
-Não me trate como se fora idiota -espetou-lhe Paul-. Ontem me
chamou o chefe de segurança do Roel para me perguntar o que devia
fazer. Imagine minha surpresa quando me disse que te tinha
apresentado na clínica dizendo que foi a senhora do Sabatino! Não é
coincidência que nos tenhamos encontrado aqui. interrompi minhas
férias para vir a Suíça. Acreditava-te que te foste sair com a tua, que
foste poder enganá-lo?
Hilary se estremeceu. Roel tinha um chefe de segurança? Devia ser
extremamente discreto pois ela não se deu conta de sua existência.
-Eu não estou enganando a ninguém -defendeu-se-. Contaste ao Roel
a verdade sobre nosso matrimônio?
-Em um restaurante? Não, chamarei a sua casa esta tarde.
Hilary fechou os olhos se desesperada.
-Deixa que o eu conte -suplicou-lhe-. Me deixe até manhã...
-Não, tem até esta noite. É tempo mais que suficiente e, se não
cumprir sua promessa, o contarei eu.
-Não sou como você crie -defendeu-se Hilary-. Quero-o. Sempre o
quis...
-O que você queira -interrompeu-a o advogado--. Jamais te perdoaria
esta traição.
Hilary voltou junto ao Roel completamente aturdida. Naquele
momento, Anya lhe estava pedindo que desse um discurso em um
evento de caridade. Paul chegou aos poucos segundos e Roel disse
que chegavam tarde a uma entrevista e indicou a sua mulher que se
fossem para a limusine.
-Paul estava estranho -comentou-lhe com o cenho franzido-. por que
estava tão incômodo contigo?
-Já o conhece -murmurou Hilary.
-Sim, conheço-o bem e por isso precisamente sei que lhe dá muito
mal dissimular. Hei sentido certa falta de respeito para ti e me parece
ofensivo.
Hilary se sentiu culpado. Não disse nada porque lhe pareceu que,
dadas as circunstâncias, não havia nada que dizer.
Roel era um grande observador e se deu conta da hostilidade de seu
advogado, mas logo recuperaria a memória e entenderia por que Paul
tinha sido incapaz de dissimular seu desprezo.
Uma mescla de medo e de desespero se apoderou da Hilary. Como ia
dizer ao Roel que seu matrimônio não era um matrimônio de
verdade?
Quando a limusine parou ante uma exclusiva barbearia, Hilary
recordou que no dia anterior tinha pedido hora ali para que lhe
tirassem as pontas rosas porque lhe pareciam muito juvenis.
« por que não é sincera contigo mesma?», disse-lhe a voz de sua
consciência.
O certo era que queria que lhe tirassem os reflexos rosas em um
intento por estar mais elegante para o Roel, mas já não importava.
-Hilary? -disse-lhe Roel.
-Poderia-lhe dizer ao condutor que desse uma volta? -respondeu ela
tão confusa que não se atrevia a olhá-lo aos olhos.
Não queria separar-se dele pois durante uma semana tinha sido tão
ingênua para deixar-se levar pela situação. Tinha vivido seu sonho.
Tinha fingido ser a verdadeira esposa do Roel e tinha sido
imensamente feliz, mais feliz do que jamais tinha imaginado porque o
homem de que estava apaixonada a tratava como se fora a mulher
com a que se casou.
Entretanto, a verdade era que ela não era a mulher que Roel queria e
que, por muito que o desejasse, jamais o seria.
Paul Correro tinha quebrado sua patética borbulha e lhe tinha deixado
claro que havia gente a que não lhe parecia bem o que estava
fazendo, mas suas intenções sempre tinham sido boas.
Jamais tivesse feito mal ao Roel porque o adorava!
Recordou como a tinha cuidadoso o advogado e se estremeceu. Seu
mundo de fantasia, que só habitavam Roel e ela, quebrado-se e
estava extremamente confundida.
-Não quer ir à barbearia? -perguntou-lhe Roel algo impaciente.
Hilary se perguntou o que ia pensar aquele homem de caráter tão
forte quando se inteirasse de seu engano. Desprezaria-a como lhe
tinha dado a entender Paul?
Aquela idéia lhe doía sobremaneira, mas à medida que foram
acontecendo os segundos se deu conta de que aquilo tinha que
terminar.
Aquilo tinha ido muito longe do mesmo instante no que tinha deixado
que Roel lhe fizesse o amor.
-E bem?
-Não, já tomei uma decisão e vou à barbearia -respondeu Hilary
tentando sorrir enquanto o olhava.
Separar-se dele era terrível, mas Hilary devia fazê-lo, assim que o
beijou com um ardor agridoce e saiu do carro.
-passei uns dias maravilhosos... -murmurou pendurando a bolsa do
ombro.
Isolada do familiar ruído da barbearia, Hilary se deu conta de que
tinha chegado o momento de sair da vida do Roel.
Devia ir-se quanto antes. Para que ia voltar para castelo? Para lhe
contar o que tinha feito? Se o fazia, quão único ia conseguir era
desencadear uma desagradável discussão que não ia beneficiar a
nenhum.
Hilary decidiu que seria mais fácil ir-se diretamente a Londres. Por
sorte, levava o passaporte na bolsa, assim, assim que terminasse de
arrumar o cabelo, iria ao aeroporto do Lugano.
Deixaria-lhe uma carta explicando-lhe tudo na limusine. Aquilo lhe
pareceu o mais razoável. Quando se inteirasse do que tinha feito, ia
se enfurecer e provavelmente ia pensar que lhe tinha tirado o sarro.
Então, a boa opinião que tinha sobre ela ia se desvanecer e ia ficar
destroçada.
Hilary sentiu um nó na garganta.
Tinha ido em ajuda do Roel, mas tinha deixado que suas vontades
por que a relação entre eles fora de determinada maneira a cegasse.
Tinha que pagar por seu engano e o preço ia ser muito alto pois não
ia voltar a ver o Roel jamais.
-Ainda não te tomaste um descanso? —perguntou- Sally Witherspoon
a Hilary.
-Não tenho fome -respondeu Hilary deixando uma pilha de toalhas
podas junto aos lavabos.
-Pois deveria tê-la -respondeu-lhe seu ajudante preocupada-. Não
pode trabalhar tanto com o estômago vazio. Parece esgotada.
-Não se preocupe por mim, estou bem -assegurou-lhe Hilary
tampando todos os frascos de xampu como se o fora a vida nisso.
Em certa medida, assim era. A atividade a mantinha viva pois,
quantas mais costure fizesse, menos tempo tinha para pensar.
Era consciente de que tinha olheiras e de que não estava em seu
melhor momento porque não estava dormindo bem e lhe tinha tirado
o apetite. Era incrivelmente infeliz, mas não gostava de compadecer-
se de si mesmo, assim estava tentando comportar-se com
normalidade.
O que parecia, feito estava. Fazia duas semanas que havia tornado
da Suíça. Roel tinha sido o centro de sua vida durante sete dias, mas
não ia voltar a vê-lo e devia aprender a viver sozinha.
Entretanto, a lição mais dura de assimilar era que o que tinha vivido
com ele naquela semana tinha sido falso e irreal.
-chegou seu cliente das onze -murmurou Sally-. É um homem
incrivelmente bonito. Que sorte tem.
Hilary levantou a cabeça. Roel estava no centro da barbearia. Ao vê-
lo, o xampu lhe caiu pelo lavabo.
A impressão de vê-lo-a fez afogar um grito de surpresa e o olhou com
uma intensidade que a fez enjoar-se. Levava um impecável traje azul
e olhava a um lado e a outro como se tentasse reconhecer a
barbearia.
girou-se para ela e seus olhares se encontraram. Ato seguido, dirigiu-
se a ela.
-É meu cliente das onze? -sussurrou Hilary.
Roel assentiu e a olhou de uma maneira que fez que Hilary se
ruborizasse. Levava uma camiseta de algodão branca e umas calças
de camuflagem que lhe penduravam dos quadris.
Aquela irônica inspeção fez que se desse conta de quão imperfeito
era seu corpo e de quão bem Roel o conhecia. Algo tinha trocado
nele, mas Hilary não sabia o que era.
Quão único sabia era que se sentia envergonhada.
-Vamos a outro sítio porque temos que falar —murmurou Roel.
Sem saber por que, Hilary sentiu que lhe gelava o sangue nas veias.
-Eu... né... tenho que trabalhar -murmurou sentindo-se incrivelmente
covarde.
—Bene... então, suponho que não te importará que suas empregadas
e sua clientela ouçam o que te tenho que dizer -respondeu Roel com
frieza-. Para começar, direi-te que não me impressiona o negócio que
puseste com meu dinheiro.
Hilary se estremeceu. Obviamente, Roel tinha recuperado a memória.
Agora, recordava tudo o que tinha acontecido entre eles no passado.
Nervosa, girou-se para a Sally e lhe pediu que se encarregasse da
barbearia até a hora de comer.
-Vamos acima -disse ao Roel-, Quando recuperaste a memória?
-Quando foi. Acredito que isso me ajudou. Ao fim e ao cabo, tinha-me
vivendo uma vida que não era a minha -respondeu Roel com ironia.
Hilary empalideceu e abriu a porta de seu apartamento com mãos
trementes.
-Surpreende-me que tenha vindo, acreditei que não quereria voltar
para ver-me.
Roel não disse nada. limitou-se a fechar a porta e a olhar a sua redor
com cara de asco.
-É mais pobre do que eu acreditava. Este sítio é um lixeiro -disse com
frieza-. Agora entendo que quando a idiota de minha tia Batista ficou
em contato contigo do hospital a tentação de te aproveitar de meu
acidente pudesse contigo...
-Não foi assim! -defendeu-se Hilary-. Como pode dizer isso?
Preocupei-me com ti. Acreditei que te podia morrer!
Roel tinha tomado uma carta que havia sobre a mesa e a estava
lendo.
-Deve dinheiro...
Envergonhada ao dar-se conta de que era a carta que o banco lhe
tinha enviado lhe pedindo que reembolsasse o descoberto que tinha
em sua conta, a tirou das mãos.
-te coloque em seus assuntos!
-Tudo o que a ti respeita é meu assunto -declarou Roel.
Hilary não sabia o que se propunha, mas estava disposta a defender-
se.
-Te vou explicar por que lhe devo dinheiro ao banco. Gastei-me tudo
o que tinha em um bilhete de ida e volta a Suíça e em pagaras horas
extras a minhas empregadas para que me cobrissem enquanto
estava fora. Meu salário não dá para extravagâncias assim.
Roel arqueou uma sobrancelha.
-Sua única desculpa para te colocar em minha cama sem pensar lhe é
isso que não tem dinheiro?
Hilary apertou os punhos.
-Foi você o que me meteu em sua cama...
-Claro, e você não queria, verdade? -burlou-se Roel-. É uma vigarista
profissional que sabia em todo momento o que estava fazendo. Sabia
perfeitamente que consumando o matrimônio poderia pedir uma
suculenta pensão quando nos divorciássemos.
Hilary ficou e pedra. Aquilo a fez sentir-se terrivelmente humilhada.
-Não te vou pedir nada nem agora nem nunca. Não entendo por que
pensa isso de mim. Parece-te um delito querer verte quando me
disseram que tinha tido um acidente? Já te disse na carta que te
deixei que o sentia muito...
-Refere às quatro linhas que me escreveu? -respondeu Roel rendo
com sarcasmo-. Nessa carta não me esclarecia nada. Limitou-te a
desaparecer sem nenhuma explicação.
-Quando chegou o momento, a verdade é que não soube o que te
dizer -murmurou Hilary.
-Não soube me dizer que tinha estado compartilhando minha cama
com uma fresca mentirosa?
-Não me insulte! -defendeu-se Hilary zangada.
-É uma atriz maravilhosa, bela minha -insistiu Roel olhando-a com
dureza-. Sabia como chegar a meu coração... Passou-te uma semana
inteira me confundindo, me ocultando as respostas cada vez que te
perguntava algo!
Em um arrebatamento de cólera, Hilary lhe lançou a taça que havia
sobre a mesa.
-Não foi assim. Eu não fiz isso!
Roel arqueou uma sobrancelha ao ver que a taça se estrelava contra
a parede.
-Comporta-te como uma menina pequena, mas isso não me importa.
Tampouco me emocionam as lágrimas, advirto-lhe isso.
-Não penso chorar por ti! -gritou-lhe Hilary-. Teria-me que torturar
para conseguir que derramasse lágrimas por ti!
-Não posso suportar as lágrimas, as escenitas nem as baixelas
voando e, acima de tudo, prefiro que arrumemos estes assuntos em
privado. Se fizer isto em público outra vez, você Mato.
-A que te refere? por que diz «outra vez»?
Roel se tirou algo do bolso da jaqueta e o deixou sobre a mesa. Era
uma folha de uma revista e Hilary se reconheceu rapidamente na
fotografia. Estava chorando a mares enquanto ia para o aeroporto do
Lugano e não se deu conta da presença do fotógrafo.
-O que diz? -perguntou ao Roel porque o pé de foto estava em
francês.
-«Muito dinheiro não dá a felicidade» -traduziu Roel.
Hilary se cruzou de braços.
-Sinto muito te haver envergonhado, mas isso demonstra que não o
passei bem quando o nosso terminou...
-O nosso? -espetou-lhe Roel-. Quem criou essa situação? Quem disse
que era minha mulher? Quem mentiu para meter-se em minha casa e
em minha vida?
-Olhe, tenta me entender -respondeu Hilary-. Deixei-me levar pela
situação. Quando cheguei a Suíça, acreditava de verdade que estava
muito mal e queria verte. Além disso, haviam-me dito que tinha
perguntado por mim...
-por que demônios ia perguntar por uma mulher a que não tinha
visto em quase quatro anos e que não significava nada para mim?
Como ia perguntar por alguém se estava inconsciente?
Hilary assimilou aquela informação com desgosto. Nunca se tinha
parado a pensá-lo. Era certo. Se estava inconsciente, era impossível
que tivesse perguntado por ela.
Lhe teria mentido sua irmã? O teria feito com boa vontade para que
se fora a Genebra para estar ao lado de seu marido?
«Uma mulher que não significa nada para mim». As palavras do Roel
ressonaram em sua cabeça. Acabava-as de dizer. Isso era o que
pensava dela.
E o que se esperava? Durante uma semana, seu comportamento
tinha feito que Roel acreditasse que a queria e por isso se mostrou
tenro com ela, mas isso já tinha terminado.
Hilary decidiu não deixar que a dor se apoderasse dela e tentou voltar
para o que estava dizendo antes de que Roel tivesse falado com
aquela cruel sinceridade.
-O doutor Lerther me disse que não te contasse nada que pudesse
preocupar-se.
-Por isso me deixou acreditar que estava casado? Não te parece que
isso pode ser muito preocupam-se para um homem que acredita que
é solteiro? —espetou-lhe Roel.
-Espero que aprecie sua liberdade agora que sabe que nunca a
perdeu.
-Eu nunca perdi minha liberdade, roubou-me isso você -respondeu
Roel olhando-a com asco-. Fez-me acreditar que foi minha esposa e
agora todo mundo crie assim. O certo é que, sobre o papel, sou um
homem casado, assim não posso negar esses rumores e os
jornalistas conseguiram te tirar fotos.
Hilary se sentiu terrivelmente culpado.
-Suponho que isso será uma vergonha para ti.
-Não é fácil me envergonhar -respondeu Roel com secura.
-Sinto-o muito -murmurou Hilary.
-Senti-lo não é suficiente para me satisfazer. Queria ser minha
esposa, verdade?
Hilary empalideceu.
-Queria ser minha esposa e não duvidou em mentir para te situar
nesse papel -burlou-se Roel.
Hilary se sentiu envergonhada e humilhada.
-Sei que parece que fiz mau, mas...
-Não quero escutar suas desculpas. Parece que fez mal porque fez
mau. Tem desfeito minha vida. Deixei a meu amante por ti...
-Como? -respondeu Hilary olhando-o com os olhos muito abertos.
-A preciosa mulher que foi ver-me a casa… era meu amante e a
deixei porque você me fez acreditar que era um homem casado.
Hilary fechou os olhos.
Como tinha sido tão parva de acreditar que um homem como Roel
Sabatino não ia ter a outra mulher em sua vida e em sua cama? Não
tinha querido aceitar aquela possibilidade porque, se o tivesse feito,
sua posição tivesse sido insustentável.
Por isso, tinha eleito acreditar que Roel não tinha nenhuma confusão
de saias. Como tinha sido tão ingênua e tão egoísta? O certo era que
lhe tinha complicado a vida. A culpa e a vergonha fizeram que lhe
formasse um nó na garganta.
-Agora, minha cama está vazia e quero que você encha esse espaço.
-Perdão?
-vais voltar para a Suíça comigo.
-por que ia fazer uma coisa assim? Hilary surpreendida.
-Não tem opção. Deu-me você acaso opção quando me fez acreditar
que vivia em um matrimônio de conto de fadas? -espetou-lhe Roel
com brutalidade.
Hilary empalideceu como se a tivesse esbofeteado e desviou o olhar.
-Não me ocorre uma boa razão pela que quisesse que volte para a
Suíça contigo.
-Quero te utilizar como você me utilizaste e logo te abandonar
quando me aborrecer. Fica claro? -espetou-lhe Roel olhando-a com
dureza.
-Não o diz a sério -riu Hilary.
-vamos comer com sua irmã, assim será melhor que faça as malas.
Hilary ficou de pedra.
-Como que vamos comer com a Emma? Seu colégio está a vários
quilômetros de Londres...
-Enquanto você e eu falamos, meu chofer foi a procurá-la.
-por que foste querer comer com minha irmã?
-Tenho minhas boas razões. Crie-te que você é quão única pode
fingir? Eu sou um professor da manipulação, bela minha. Sua irmã
acredita que nos reconciliamos e está encantada, assim mais te vale
sorrir e sorrir para que se cria que é feliz.
-pode-se saber como demônios localizaste a minha irmã?
-Resulta que me chamou esta semana e se desculpou com ternura
por sua hostil atitude quando nos casamos.
-OH, não... -gemeu Hilary ao dar-se conta de que todo aquilo tinha
sido culpa dela.
Depois de voltar da Suíça, tinha falado com sua irmã várias vezes por
telefone e tinha esquivado suas perguntas sobre o Roel.
-Nunca lhe contei por que nos casamos porque me deu medo...
-Medo de que deixasse de te respeitar por te haver casado por
dinheiro? -disse Roel com crueldade-. Para que saiba, não lhe hei dito
a verdade. Disse-me que sentia muito que estivéssemos vivendo de
novo separados e me perguntou se era culpa dela.
-E o que lhe há dito? Há-lhe dito que nos reconciliamos?
-Efetivamente, reconciliamo-nos. vamos viver uma reconciliação, mas
com minhas condições. Se resultar que é uma reconciliação negativa
por minha parte já sabe que lhe ganhaste isso em pulso.
-depois de te ouvir dizer o que opina de mim, que crie que sou uma
pessoa mentirosa e horrível, estaria louca para ir contigo -respondeu
Hilary.
-Muito bem. Se preferir, me vou comer eu sozinho com sua irmã e o
conto esta preciosa história desde o começo até o final.
-Isso seria asqueroso por sua parte! -exclamou Hilary horrorizada.
-A diferença de ti, eu só estaria contando a verdade. Me alegro de
que te dê conta de que sua conduta foi indesculpável -disse Roel
saindo da habitação.
Hilary o seguiu.
-Se quiser que te suplique, farei-o, mas não coloque a minha irmã
nisto...
Roel a olhou com sarcasmo.
-Suplicar é de paletós e deveria saber que, quando eu quero algo,
simplesmente tomo. vais aprender a te comportar como uma mulher
Sabatino e me vais economizar o tempo e o esforço de escolher a
outra amante porque você vais assumir esse papel.
-Não! -gritou Hilary.
-Ganhaste-lhe isso, mas não te cria que é indispensável —lhe
respondeu Roel com secura abrindo a porta.
-Não te atreverá a contar-lhe a Emma.
-claro que sim.
-Isso não te beneficiaria absolutamente. por que é tão cruel?
-Porque lhe merece isso -respondeu Roel olhando-a com dureza-.
Enganou-me e inclusive cheguei a comprar uma aliança e, antes de
te dar uma patada para que saia de minha vida, te vou fazer o
mesmo.
-Eu não te enganei... eu não te fiz acreditar...
-Passará uma limusine a te recolher dentro de uma hora e meia e te
deixará no hotel onde ficamos comendo com sua irmã. Veremo-nos
ali. Tenho que passar pelo primeiro despacho.
Hilary sentiu que o pânico se apoderava dela.
-Se me voltar a ausentar da barbearia, enfrento-me à bancarrota e
não me posso permitir isso porque...
-Eu me farei cargo de suas dívidas.
-Tenho duzentas e cinqüenta libras de descoberto, é certo que as
devo, mas deixa de falar como se...
-Recorda que sou banqueiro. Um descoberto que não está autorizado
é uma dívida.
-Não me faça isto, Roel -disse Hilary se desesperada seguindo-o ao
patamar-. Se for de Londres, quem vai se encarregar da barbearia?
-Contrata a alguém. Já me encarregarei eu de pagá-lo.
Hilary viu que Roel começava a baixar as escadas.
-Se utilizar a relação com minha irmã para me ameaçar, jamais te
perdoarei -advertiu-lhe.
-E te crie que me importa?
Hilary se teve que apoiar na parede e tomar ar várias vezes para
acalmar-se. Não se podia permitir o luxo de correr o risco de que Roel
contasse tudo a Emma.
Estava segura deque sua irmã entenderia por que se casou por
dinheiro quando quatro anos atrás sua situação tinha sido tão
desesperada, mas ia se sentir terrivelmente doída porque Hilary lhe
tinha feito acreditar que seu matrimônio era de verdade.
Seria capaz Roel de lhe contar a sua irmã que se deitaram? Hilary se
estremeceu ao pensar e» a imagem que sobre ela se podia formar
sua irmã pequena. supunha-se que lhe tinha que dar exemplo.
Roel tinha sabido escolher a ameaça que fazia que Hilary dançasse ao
ritmo que ele tocasse.
CAP 7
Capítulo 8
CAP 9
ROEL sorriu com irreverência. -Não lhe tome como uma crítica porque
o certo é que eu adoro a veia dramática que tem, mas, importaria-te
que jantássemos primeiro? Estou morto de fome.
Hilary estava nervosa como uma gata sobre um telhado de zinc e se
mordeu o lábio inferior. sentou-se à mesa e sua única contribuição à
conversação durante o jantar foram monossílabos.
-Quando está assim de calada, preocupo-me -comentou Roel.
-Às vezes, falo muito -respondeu Hilary incômoda.
-Agora que me acostumei, eu gosto -disse Roel lhe acariciando a
mão-. Vejo que me equivoquei acreditando que o que me tinha que
contar não era importante.
-Sim... -disse Hilary tragando saliva-. Em qualquer caso, não é algo
que te possa imaginar Y...
-Deitaste-te com aquele homem que estava em sua casa em
Londres? -perguntou-lhe Roel de repente.
-Com o Garret? -exclamou Hilary-. Claro que não!
-Isso era o pior que me podia imaginar e me queria certificar de que
não era assim.
-Importaria-te me escutar antes de voltar a falar? -espetou-lhe Hilary
nervosa.
-Não acostumo a interromper a ninguém.
-Não te zangue... isto não te vai gostar, mas não te zangue comigo -
suspirou Hilary desprezando-se por sua própria debilidade-. Somos os
dois responsáveis.
Roel apertou os dentes.
-O que acontece? Minha paciência tem um limite.
-Estou... -disse Hilary brincando nervosa com o garfo-. Fiquei-me
grávida. Ocorreu a primeira semana que estivemos juntos.
Roel ficou olhando-a atônito.
-Eu também me levei uma boa surpresa -admitiu Hilary.
Roel a olhou de cima abaixo, retirou a cadeira e ficou em pé.
aproximou-se do corrimão e ficou olhando o mar, que foi o único que
se ouviu durante o silêncio que se produziu a seguir.
-Não tinha pensado em me deitar contigo e, quando aconteceu, não
me dava conta de tomar medidas. Tinha muitas coisas na cabeça...
Roel estava de costas a ela e Hilary queria que se desse a volta.
-Suponho que estará zangado e o entendo porque não esperava que
isto acontecesse, mas eu tampouco. Não poderia suportar a idéia de
abortar, assim nem a menções.
Roel se girou para ela e a olhou com dureza.
-Talvez, nem sequer te tinha passado pela cabeça essa opção, mas
preferia deixá-lo claro desde o começo. Embora o filho que vou ter
não entrava em nossos planos, o vou querer igual -assegurou-lhe-.
Embora admita que agora mesmo estou assustada...
Roel se serve um uísque e o tirou de um gole.
Hilary ficou em pé.
-Por favor, dava algo.
-vais ser a mãe de meu filho -respondeu ele em um tom insolente
que fez que Hilary empalidecesse-. Devo ter muito cuidado com o
que te digo. Uma mulher grávida tem muitos direitos e terá que
tomar cuidado com sua situação. Desde quando sabe?
-Desde que veio a doutora quando me deprimi.
-Há tanto? -riu Roel-. E como é que não me há isso dito em toda esta
semana?
-O certo é que tivesse preferido não ter que lhe dizer isso nunca
porque não queria... não quero te perder.
-Nunca me tiveste -assegurou-lhe Roel com dureza-. Só da maneira
mais básica, isso sim.
-Sei -murmurou Hilary-, mas sei que até isso vai se romper.
-Não dê por feito que sabe o que penso, sinto ou o que vou fazer a
seguir -advertiu-lhe Roel.
-me diga o que está pensando, não me vou ofender -assegurou-lhe
Hilary se desesperada por tampar o abismo que se aberto entre eles.
-Muito bem. por que me ia surpreender de seu lucro? Na família
Sabatino os meninos sempre chegaram com uma etiqueta com um
preço muito elevado.
-Nosso filho não... -defendeu-se Hilary.
Roel passou a seu lado como se não existisse e se meteu no salão.
Hilary o seguiu e o alcançou no vestíbulo, justamente quando se
dispunha a sair da casa.
-Nosso filho não -repetiu-. Vai?
-Você o que crie?
-Onde vai?
-E a ti o que te importa?
Hilary ficou sozinha no vestíbulo. Quando conseguiu recuperar-se um
pouco, voltou para a terraço. O serviço já tinha recolhido a mesa,
mas Hilary ordenou que lhe levassem uma taça de chocolate com
torradas porque não queria que seu filho sofresse por sua falta de
apetite.
Durante a seguinte hora, chamou em duas ocasiões ao móvel do Roel
e uma delas ouviu uma risada feminina de fundo que a fez pendurar
mortificada.
Roel voltou para casa perto da uma da madrugada e foi diretamente
à habitação de sua mulher, que tinha deixado a porta aberta para
ouvi-lo chegar e que não duvidou em levantar-se da cama à carreira
para ir abraçá-lo.
Havia tornado e isso era quão único importava naqueles
momentos.138
-Não -advertiu-lhe Roel levantando as mãos.
Hilary se separou dele.
-tomei uma série de decisões -anunciou Roel-. Quero que te examine
um médico para que determine as datas relevantes do embaraço.
antes de que nasça o menino, quero estar todo o seguro que possa
de que é meu.
Hilary o olhou aniquilada.
-Duvida-o? -murmurou doída.
-Há mulheres que matariam por estar em seu lugar porque esse
menino te vai reportar incríveis lucros -respondeu Roel.
-Não acredito que nenhuma mulher matasse por estar em minha pele
neste momento -murmurou Hilary.
-É obvio, quero que lhe façam uma prova de DNA assim que nasça -
continuou Roel como se ela não houvesse dito nada-. Poderia haver
ficado grávida de outro homem durante as duas semanas que esteve
em Londres. Não me parece muito provável, mas seria uma estupidez
por minha parte não me assegurar.
-Sim... -tentou sorrir Hilary-. Como não foste aproveitar a
oportunidade de me humilhar?
-E o que esperava? Não acredito que este embaraço tenha sido um
acidente. Ao fim e ao cabo, ter um filho comigo te assegura uma vida
de sonho.
-Não está sendo justo. Se não confiar em mim, como te vou
demonstrar que te equivoca comigo?
-Não me equivoquei contigo.
-Hoje mesmo me há dito que estava convencido de que não era uma
cazafortunas.
-Isso foi antes de que me dissesse que estava grávida.
-E como ia eu a supor que me ia ficar grávida em uma semana? -
defendeu-se Hilary-. Se por mim tivesse sido, não tivesse eleito ter a
meu primeiro filho assim. por que ia querer ter um filho com um pai
que me odeia?
-Eu não te odeio.
-Ah, não? Odeia-me porque enquanto teve amnésia não te contei a
verdade sobre nosso matrimônio.
-Mentiu-me.
-Por seu bem. É certo que me deixei levar um pouco, estava vivendo
um sonho feito realidade Y...
-Por fim diz a verdade -interrompeu-a Roel com satisfação-. Estava
tão seduzida por meu estilo de vida que não te importou me mentir
para seguir desfrutando dele.
Aquilo fez que Hilary se riera com amargura.
-Para sua informação, meu sonho era ter um matrimônio de conto
com um homem que me tratasse como uma igual... sim, patético
acreditar que esse homem podia ser você. Um homem que nem
sequer me pediu uma entrevista quando era óbvio que eu houvesse
dito que sim! Claro que era meu sonho e não o teu Y...
-Assim que me fez viver sua estúpida fantasia!
-Por muito estranho que te pareça, estava muito feliz vivendo minha
estúpida fantasia -assegurou-lhe Hilary levantando o queixo em
atitude desafiante.
Roel ficou como se o tivesse esbofeteado.
-Falemos do bebê -disse ao cabo de um momento.
-Por favor, me escute -respondeu Hilary se desesperada porque Roel
entendesse que não se ficou grávida de propósito-. Quando me deitei
contigo, não considerei as conseqüências. Nunca antes me tinha tido
que preocupar com isso. Fui ingênua e irresponsável, mas nada mais.
Você tampouco tomou medidas.
-A primeira noite que nos deitamos, abri a gaveta da mesinha em
busca de preservativos e, ao não encontrá-los e dando por feito que
foi minha esposa, assumi que estava tomando a pílula.
-Assim a ti tampouco te ocorreu tomar medidas.
-Sinceramente, então aquele assunto não me preocupava. Tinha
amnésia e uma esposa a que não reconhecia.
-Recordo-te que isso te pareceu do mais excitante -respondeu Hilary.
-Confiei em ti. Esse foi meu engano e sei que vou pagar por ele -
espetou-lhe Roel-. Entretanto, você vais viver comigo tendo muito
claro o que é. Uma asquerosa que se meteu em minha cama em
busca de dinheiro!
-Não me fale assim -gritou Hilary furiosa-. Se segue fazendo-o, vou
dar uma bofetada.
Em um abrir e fechar de olhos, Roel tomou em braços.
-Baixa me!-exclamou Hilary.
-Não, é tarde e tem que dormir.
-Sei ir sozinha à cama.
-por que te crie que tornei? É minha esposa e vamos ter um filho,
assim, apesar do zangado que estou contigo, não quero que te ocorra
nada.
Hilary fechou os olhos com força e deixou que Roel a depositasse
sobre a cama e a tampasse como se fora seu tatarabuela. Ao
recordar a paixão que tinham compartilhado umas horas antes,
sentiu vontades de chorar.
Foi a primeira vez que dormiram em habitações separadas e aquilo
lhe doeu como se lhe tivesse parecido uma faca no coração. Era óbvio
que Roel queria marcar distâncias entre eles.
À manhã seguinte, voltaram para a Suíça. Quando levavam uma hora
de vôo, Hilary decidiu deixar de lado o orgulho e aproximar-se dele,
que estava trabalhando.
Roel a ignorou.
-Muito bem, mensagem recebida. Quer que desapareça, verdade?
Roel a olhou com indiferença.
-Não me olhe assim -disse Hilary com as mãos nos quadris-. Se não
me agüentar, te divorcie de mim!
Roel ficou em pé e se aproximou dela.
-Estava-me perguntando quanto tempo foste demorar para dizer isso.
Sinto muito te decepcionar, mas isso não vai acontecer.
-por que diz isso?
-Te vais ficar na Suíça, onde eu possa te vigiar.
A Hilary pareceu interessante que, embora acreditasse uma
ambiciosa cazafortunas, ao Roel não se
ocorresse-lhe um castigo pior que mantê-la a seu lado. Aquilo a fez
albergar certas esperanças.
-O que opina de ter um filho? -perguntou-lhe armando-se de valor.
-Queria o ter algum dia -confessou Roel com a mesma emoção com a
que diria que queria comprar um carro novo-. O certo é que vai
chegar antes do previsto, mas já me farei à idéia.
Hilary apertou os punhos com força e se cravou as unhas nas Palmas
das mãos. Voltou para seu sítio e decidiu que devia lhe dar tempo.
Roel era um homem muito cabezota e o melhor era tentar
compreendê-lo para ganhar sua confiança.
Amava-o tanto!
Seguro que, ao final, acabava aceitando-a. De verdade? Roel
sabatino ia aceitar ter uma esposa que era cabeleireira?
De momento, parecia preocupado por ela, mas isso era só porque
estava grávida. Poderia divorciar-se dela assim que desse a luz.
O certo era que nunca a tinha aceito como sua esposa, mas não
podia culpá-lo por isso pois, ao fim e ao cabo, nunca lhe havia dito
que se fora a viver com ele e, certamente, nunca lhe tinha pedido um
filho.
Não devia perder de vista a realidade e a realidade era dolorosa. Roel
se sentia apanhado. Preferia recuperar sua liberdade.
O que podia esperar do homem ao que amava?
Sexo? Jóias? Estava disposta a que Roel lhe jogasse em cara
constantemente seus enganos? Estava disposta a que lhe fizesse
sentir-se pequena e vendida?
Capítulo 10
À MANHÃ seguinte, Roel levou a Hilary ao ginecologista. Roel a
desconcertou perguntando um montão de coisas, que o médico
respondeu ao detalhe. Hilary se sentiu como um útero com pernas e
lhe doeu muitíssimo que Roel desse amostras de interesse por seu
filho ante uma terceira pessoa e não ante ela.
perguntou-se se não seria que o tinha feito para guardar as
aparências.
Nos três intermináveis dias seguintes, Hilary se sumiu em uma total
infelicidade. Roel ia se trabalhar ao amanhecer e voltava muito tarde
de noite. Não tomava o café da manhã nem comia nem jantava com
ela e não fazia nenhum esforço por reduzir a tensão que se instalou
entre eles.
Entretanto, chamava-a um par de vezes ao dia para ver que tal
estava. Parecia que isso era o único que lhe importava e que não
estava disposto a fazer nada mais. Certamente, a porta que havia
entre suas habitações estava fechada a cal e canto. Hilary despertou
o quarto dia quando amanheceu, tomou banho e se vestiu para correr
escada abaixo e poder tomar o café da manhã com ele.
-O que faz levantada estas horas? -perguntou-lhe ele franzindo o
cenho.
-Queria verte. Se não tomar o café da manhã contigo, ia ter que ir ao
banco e interromper sua jornada trabalhista, algo que me proibiu faz
tempo -sorriu.
Roel a olhou e sorriu levemente.
-Te vou sentir falta de -confessou Hilary fazendo um esforço.
-Não quero ouvi-lo! -exclamou Roel deixando o periódico a um lado e
ficando em pé.
Hilary o olhou com os olhos muito abertos.
-Não me acredito. Quando queira algo contigo, lhe farei saber isso.
Hilary chorou de humilhação enquanto a limusine se afastava.
Já tinha suportado o bastante. Não ia consentir que Roel a tratasse
como uma prostituta com a que podia compartilhar a cama sempre
que lhe desse a vontade!
Não deveria ter ido com ele a Cerdeña. Tinha sido um grande
engano. Roel já lhe tinha deixado claro para então que a desprezava,
mas ela se negou a ver a realidade.
Decidiu ir-se da Suíça, mas antes de fazê-lo tinha que limpar seu
nome para que Roel entendesse que se equivocou com ela.
Enquanto se passeava por sua habitação, deu-se conta de que só
havia uma maneira de fazê-lo. Tinha que falar com um advogado
para que lhe redigisse um documento legal no que ficasse
claro de uma vez por todas que suas intenções não eram pecuniárias.
Paul Correro estaria muito contente de que assinasse ante ele a
renúncia aos trilhões dos Sabatino antes de ir-se da Suíça com sua
dignidade intacta.
Quando chegou à escrivaninha do advogado aquela mesma manhã,
uma secretária a levou a seu escritório imediatamente. A Hilary
surpreendeu que Paul a recebesse tão depressa e a deixou aniquilada
que o advogado a recebesse com amabilidade e lhe desse as obrigado
por ir.
-Anya queria ir a sua casa para pedir perdão, mas eu me tinha
passado tanto contigo que acreditei que era melhor deixar que a
tempestade passasse -desculpou-se Paul-. Ameacei-te e te assustei,
mas quero que saiba que não estou acostumado a tratar assim às
mulheres.
-Estou segura disso -respondeu Hilary.
-Quando Roel se deu conta de que te tinha ido por minha culpa, ficou
como uma fera e com toda a razão.
-Não foi tua culpa.
-Sim, sim foi -insistiu Paul-. Meti-me em algo que não me concernia.
Agora que o entendo tudo, compreendo que havia algo entre o Roel e
você do que eu não sabia nada. Por isso, fui em seu resgate -riu-.
Como se Roel necessitasse que alguém o resgatasse.
-Houve uma série de maus entendidos, isso foi tudo. Agora, tudo
terminou. Em realidade, vim a verte por um pouco completamente
diferente
-disse-lhe Hilary conseguindo tampar sua dor com uma falsa calma-.
Necessito que um advogado me redija um documento legal e
necessito que o faça bastante depressa.
Depois de lhe haver contado o que queria, Paul a olhou atônito.
-Isto é um conflito de interesses para mim. Não posso te representar
a ti e ao Roel. Necessita outro advogado.
-Muito bem -respondeu Hilary ficando em pé.
-Espero que algum dia sejamos amigos e como amigo te aconselho
que não faça o que me há dito que quer fazer -despediu-se o
advogado-. Temo-me que Roel não o entenderia e se sentiria doído.
Enquanto voltava para casa, Hilary se deu conta de que Paul era um
bom homem. Não tinha nada que ver com o Roel, que era frio e
distante. Era impossível que o advogado entendesse que era
impossível fazer mal ao Roel.
Quão única estava sofrendo ali era ela.
De repente, perguntou-se por que se tomava tantas moléstias para
ficar bem aos olhos do Roel. Ao fim e ao cabo, não a queria, tinha
muito má opinião dela e inclusive vê-la no café da manhã o punha de
mau humor.
Custava-lhe acreditar que poucos dias atrás tivesse sido tão feliz com
ele e o que já lhe resultava impossível de acreditar era que tivesse
pensado que aquilo era um buraco de que poderiam sair bem
parados.
O problema com o Roel Sabatino era que Hilary estava disposta a
aceitar o que fora, embora fossem umas migalhas, e isso era
exatamente o que tinha conseguido.
Entretanto, tinha chegado o momento de atuar como uma mulher
amadurecida e adulta, tinha que pensar em suas necessidades e
tinha que acabar com uma relação que lhe estava fazendo muito
dano.
Agora compreendia que Roel jamais contaria a sua irmã a verdade de
seu matrimônio. Embora queria ocultá-lo porque o via como uma
debilidade, Roel era um homem de honra.
agarrou-se a aquela desculpa para estar com ele, mas tinha chegado
o momento de resolver de uma vez, de tirar a dignidade do armário
no que a tinha encerrado. Roel o fazia danifico e devia separar-se
dele.
Para ouvir o telefone do carro, sentiu mariposas no estômago.
-Por favor não me pergunte como me encontro, porque sei que não
te importa o mais mínimo -espetou-lhe-. Vou e espero que você e seu
dinheiro sejam muito felizes!
Dito aquilo, pendurou o telefone com mãos trementes. Não se podia
acreditar que acabasse de lhe dizer aquilo, mas era o que se merecia.
Era a última vez que jogava com seu amor. Aquele amor o ia levar
seu filho.
O telefone voltou a soar, mas Hilary não respondeu. Então, soou seu
telefone móvel, mas o apagou. Não havia nada mais que dizer.
Meia hora depois, estava em sua habitação fazendo as malas quando
a porta se abriu com um grande estrondo e entrou Roel.
-Não te pode ir! Não o poderia suportar!
Aquilo tomou a Hilary por surpresa.
-Tem idéia de como o passei a outra vez?
Atônita ante aquele arranque de sinceridade em um homem que
jamais demonstrava seus sentimentos, Hilary negou com a cabeça
lentamente.
-A primeira semana, acreditei morrer. Tinha-me abandonado me
deixando uma carta de quatro linhas como quem se desculpa por não
poder ir a um jantar -explicou-lhe-. Não me podia acreditar isso. Não
sabia onde estava. Quase me volto louco!
Hilary não se podia acreditar o que estava escutando.
-Nunca pensei que te fosses sentir assim...
-Deveria me haver contado a verdade sobre nosso matrimônio.
Hilary se deu conta de que tinha razão nisso, mas nunca lhe ocorreu
que sua ausência o ia fazer sofrer.
-Confiava em ti -continuou Roel olhando-a com intensidade-. Admito
que não tinha mais remedeio ao princípio, mas nossa relação ia bem
e baixei o guarda rapidamente. Acreditei que fomos um casal.
Pensava em ti como em minha esposa e, de repente, tudo se acabou.
Hilary sentiu que lhe formava um doloroso nó na garganta.
-Suponho que pensará que sou uma egoísta,150
mas te asseguro que jamais me passou pela imaginação que me
fosses sentir falta de...
-Crie-te que sou um témpano de gelo? -riu Roel com amargura.
-É um homem muito controlado e muito disciplinado.
-Educaram-me para ser forte e para não me mostrar jamais
vulnerável aos olhos de uma mulher. Meu avô e meu pai passaram
por matrimônios desastrosos e me influenciaram enormemente. Para
quando Clemente quis me fazer trocar de opinião, já era muito tarde.
Por isso redigiu aquele testamento de loucos, foi seu último intento
para me abrir os olhos, para me fazer compreender que, se fazia um
esforço e me arriscava, poderia reescribir a história da família e ter
um matrimônio feliz.
-Bom, isso não lhe saiu bem -respondeu Hilary ao bordo das
lágrimas-, mas ao menos não perdeste o Castello Sabatino.
-Quero que saiba que vinha para casa quando me chamou Paul.
-por que os homens sempre lhes aliam?
-Porque temos medo? Quando me detalhou o documento que queria
que te redigisse, compreendi envergonhado até onde te tenho feito
chegar.
-O que te passa? por que não está contente? Não entendo por que
está envergonhado. O que eu queria era deixar por escrito que não
penso te reclamar jamais nada.
-Mas tem todo o direito do mundo a compartilhar o que eu tenho.
-Quero que fique claro que nem quero nem necessito nada de ti!
Roel tomou ar e jogou os ombros para trás.
-Acusei-te de ser uma cazafortunas porque, assim, evitava-me o ter
que me enfrentar ao que realmente sentia por ti.
-Não entendo.
-Quando tinha amnésia, acostumei-me a estar contigo. Quando
recuperei a memória, zanguei-me contigo porque me tinha enganado.
-Não foi essa minha intenção -lamentou-se Hilary-. Em qualquer
caso, para mim não foi isso o que aconteceu nós -protestou.
-Enganou-me e, a partir de então, não confio em mim mesmo no que
a ti respeita. Entretanto, apesar de que não confiava em ti, seguia te
desejando, seguia querendo estar contigo e não somente pelo sexo.
-Pois me disse que era só por isso—respondeu Hilary um pouco
esperançada.
-Era mentira... estava... estava...
-O que?
-Assustado! -admitiu Roel-. Estava assustado. Jamais me havia
sentido assim, mas na Cerdeña voltei a confiar em ti e comecei a me
relaxar.
-E então foi quando te disse que estava grávida.
-De novo me tinha oculto a verdade. Oxalá me tivesse contado isso
imediatamente. Jamais tinha estado tão bem com uma mulher, mas
durante aquela maravilhosa semana você me estava ocultando que
íamos ter um filho. Aquilo me doeu muito e me fez me perguntar o
que outras coisas me' estaria ocultando.
-Dava-me medo sua reação -defendeu-se Hilary.
-Teria que ter sido sincera comigo. Voltei a perder a confiança em ti
e, a partir desse momento, tudo se voltou uma loucura.
-que te voltou louco foi você -corrigiu-o Hilary-. Entretanto, perdôo-
te. Não me ofende que não queira ter um filho que não tinha
planejado; ter comigo...
-Quero ter esse filho, mas me dava medo que me estivesse
enganando de novo -admitiu Roel-. Após, não deixei que lutar
comigo mesmo. Embora te pareça uma tolice,' não posso deixar de
me perguntar se o único pelo que estava comigo era pelo menino.
-me aconteceu o mesmo -murmurou Hilary.
-Isso me levou a te acusar de coisas que sabia que não eram certas -
desculpou-se Roel-. Nunca duvidei de que o menino fora meu, mas
me dava medo que voltasse a me fazer danifico, assim lhe decidi
fazer isso eu primeiro.
Hilary não podia dar crédito ao que estava ouvindo. De verdade Roer
acabava de dizer que lhe tinha feito mal?
-Já não posso seguir lutando contra o que sinto por ti. Dá-me outra
oportunidade?
Hilary sentiu que lhe saltavam as lágrimas e negou com a cabeça.
-Por favor -suplicou Roel lhe estreitando as mãos.
Hilary voltou a negar com a cabeça.
-Não te dá conta de quão importante é para mim? Disse-me isso na
Cerdeña e tinha razão. Fui feliz vivendo seu conto, mais feliz do que
tinha sido jamais.
Hilary o olhou aos olhos surpreendida.
-Imagine minha decepção quando me dava conta de que o conto era
mentira, de que nunca me tinha amado quando eu já me tinha feito à
idéia e eu gostava. ,
-De verdade? -perguntou Hilary com voz trêmula.
-Tinha-me apaixonado por ti, mas nunca me tinha apaixonado antes
e não soube reconhecer o que me estava acontecendo. Pensava em ti
inclusive durante as reuniões mais importantes.
-minha mãe! -exclamou Hilary lhe passando os braços pelo pescoço-.
Eu também te quero. Quero-te tanto... te vou fazer muito feliz.
Roel a abraçou com força e assim permaneceram, fundidos em um
abraço, durante um bom momento, desfrutando de uma proximidade
que ambos tinham acreditado perdida.
-Estou tão a gosto contigo -murmurou Roel.
-Vê como me querer não é tão mau?
—É-o quando desaparece e me ameaça me abandonando.
-Prometo-te que não voltará a acontecer -declarou Hilary
solenemente.
Roel a beijou na boca com ternura.
-Acredito que faz quatro anos me dava conta de quão perigosa
poderia chegar a ser para um solteiro, minha cara.
-Então, era algo imatura para ti, mas me apaixonei assim que te vi.
-Embora não quis admiti-lo nem sequer a mim mesmo, sentia-me
profundamente atraído por ti. Por isso voltei várias vezes à barbearia
em que trabalhava -confessou Roel-. Entretanto, depois de nos casar,
decidi não voltar porque não confiava; de mim mesmo.
-De verdade?
-De verdade. Entretanto, ainda sigo levando sua fotografia na carteira
-murmurou Roel.
Hilary sorriu encantada.
-eu adoraria verte vestida de noiva. Deveríamos nos voltar para
casar.
-eu adoraria... -respondeu Hilary sinceramente-, mas vamos ter que
esperar a que nasça o menino.
-Dá igual -respondeu Roel sem pensar-lhe duas vezes.
Onze meses depois, Hilary e Roel renovaram seus votos em uma
preciosa capela situada muito perto do Castello Sabatino.
O feliz casal só tinha olhos o um para o outro. depois da cerimônia,
seguiu uma maravilhosa comida e uma alegre festa a que assistiram
as melhores amigas da Hilary, Pippa e Tabby, com seus maridos,
Andreo e Christien.
Anya e Paul Correro se sentaram na mesa dos noivos porque no
último ano Hilary e Anya se feito muito amigas.
É obvio, também estava sua irmã Emma e o convidado de honra foi
Pietro, o membro mais jovem da família Sabatino, que logo que
contava três meses de vida e se passou a maior parte das
celebrações dormindo.
Aquela noite, Hilary o agasalhou enquanto observava o cabelo negro
que tinha herdado de seu pai e se dizia que também tinha seu
mesmo sorriso.
O certo era que sua vida era maravilhosa. transladaram-se a viver ao
Castello e Roel viajava cada vez menos para poder estar mais tempo
com sua família.
-Que bonita vista... -disse seu marido a suas costas.
-Já sei que está mal dizê-lo porque é nosso filho, mas, verdade que é
muito bonito?
-Não referia ao Pietro, minha amata.
-Ah, não? -disse Hilary vendo o desejo nos olhos de seu marido e
ficando sem fôlego.
-Está muito bonito e me sinto incrivelmente orgulhoso de que seja
minha mulher -respondeu Roel com satisfação-. Dá-te conta de que
hoje é nossa noite de bodas porque a primeira vez não tivemos?
Hilary o abraçou e o beijou enquanto Roel tomava em braços e a
levava a dormitório.
-Segue-me querendo? -perguntou-lhe emocionada.
-Cada dia te quero mais -sorriu Roel.
Com o coração cheio de felicidade, Hilary lhe aconteceu os braços
pelo pescoço e o atraiu para si.