Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/338104392
CITATIONS READS
0 166
1 author:
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Lucas Martins Néia on 22 December 2019.
LONDRINA
2013
LUCAS MARTINS NÉIA
LONDRINA
2013
LUCAS MARTINS NÉIA
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Prof.a Dr.a Heloisa Helena Bauab
Departamento de Música e Teatro
(MUT – UEL)
________________________________________
Prof.a M.e Sandra Parra Furlanete
Departamento de Música e Teatro
(MUT – UEL)
________________________________________
Prof.a Dr.a Sonia Pascolati
Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas
(LET – UEL)
Manoel de Barros
NÉIA, Lucas Martins. Peça radiofônica e plasticidade verbal:
investigação e composição de experimentos radioteatrais. 2013.
98 p. Trabalho de conclusão de curso (graduação em Artes
Cênicas) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2013.
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO ................................................ 12
3 RUBIANADAS .............................................. 50
3.1 ACERCA DE RUBIÃO ......................................... 51
3.2 DA ADAPTAÇÃO ............................................ 52
3.3 DO TRABALHO COM OS ATORES .................................. 58
3.4 DOS RECURSOS E TÉCNICAS ACÚSTICOS ........................... 59
REFERÊNCIAS ............................................... 65
APÊNDICES ................................................. 69
APÊNDICE A – TEXTO AS RUBIANADAS ............................... 71
APÊNDICE B – CARTAZ AS RUBIANADAS ............................... 95
1
Adota-se, aqui, classificação proposta por Mirna Spritzer (2005, p.
45-46), na qual a categoria ficcional abrigaria os gêneros
radionovela, seriado e peça radiofônica; dentro deste último,
estariam contidos esquetes, contação de histórias, leituras
dramatizadas, radiodramas (peças radiofônicas dramáticas de cunho
realista), peças radiofônicas épicas, monólogos interiores, poemas
sonoros e criações experimentais.
17
2
Acerca dos procedimentos da prática, o ator "apoia-se na estrutura
criativa que o teatro lhe oferece para ousar o acontecimento da
voz." (SPRITZER, 2005, p. 51).
34
APENAS
Palavras.
São letras – palavras articuladas.
São música – pontuação – entonação...
São dança – gestos – caras – atitudes
Numa cena.
A palavra, pois, está – ou pode estar – no corpo
todo,
e então ela se faz
2.3 SOPROS
3.2 DA ADAPTAÇÃO
APÊNDICE A
AS RUBIANADAS
peça radiofônica de
LUCAS MARTINS NÉIA
supervisão dramatúrgica
HELOISA BAUAB
AS RUBIANADAS
SEQUÊNCIA I – TELEGRAMA
GALATEU
BÁRBARA
PEDRO
CARTEIRO
COLEGA DE TRABALHO
DALILA
DONO DO RESTAURANTE
LOCUTOR DO CIRCO
GAROTO-PROPAGANDA DO CIRCO
UMA MULHER
JORNALISTA
MOÇA DE SORTEIOS
POLICIAL
PASTOR
ESPECTADORA
ESPECTADOR
UMA COLEGA DE TRABALHO
CHEFE
SEGISMUNDO (IMITADO POR BÁRBARA)
AGENTE DA ESTAÇÃO
COLONO
E AINDA
ao metteur-en-son:
PEDRO - ...azul como a; azul como aaa; azul como a, azul como a,
azul como a...
76
Figura 3 - Telegrama
SEQUÊNCIA I – TELEGRAMA
CARTEIRO – Telegrama.
PEDRO – É de Dalila.
PEDRO – Juparassuuuuuuuuu!
PEDRO (NARRADOR) – Foi com estas palavras que ele sentou-se à minha
frente. Muitas palavras, pouca estatura. O homem chamava a atenção
pelo fraque velho e batido que trajava e pela enorme cartola em sua
cabeça. Começou a discorrer sobre tudo: do tempo às questões
políticas do país...
GALATEU – ...e este não é o maior problema! Desde que aquele nanico
assumiu a presidência que as Minas não mais recebe atenção nos
setores que lhes são vitais para pujança econômica... (MUDANÇA DE
TOM) Aborreço-te, Pedro?
GALATEU – Mas sua fisionomia indica que algo muito maior que este
balançar atinge-lhe. Responda: está satisfeito com teu emprego?
GALATEU – Pode se abrir comigo, meu caro. Não me veja como aquele
homem do escritório que só sabe falar em burocracias! Sei o quão
penosa é a vida em uma repartição pública. O destino de todo homem,
ao atingir certa idade, é enfrentar uma avalaaanche do tédio e da
amargura. E, mesmo acostumados às vicissitudes desde a meninice,
através de um longo processo de dissabores, alguns não conseguem
encarar esta vida com a devida sobriedade.
79
MÚSICA DE CIRCO.
PEDRO – Juparassuuuuuuuuu...
PEDRO – Cru-ciante.
PEDRO – Cru.
PEDRO – Cru.
GALATEU – Que não poderia vir de parte alguma. (RÁPIDA PAUSA; SOM DE
SIRENE E BARULHO DE AGLOMERAÇÃO) Vinham guardas, ajuntavam-se
81
PASTOR – E o diabo tentou o Senhor: pula, que teu Pai mandará dois
anjos para lhe salvar.
BARULHO DO VENTO.
ESPECTADORA – Não!!!
GALATEU – (COM PESAR) Rolei ao chão soluçando! Eu, que podia criar
outros seres, não encontrava meios de libertar-me da existência!
(PAUSA; MUDANÇA DE TOM) Eis que uma frase, uma frase que escutara
por acaso na rua, trouxe-me nova esperança de romper em definitivo
com a vida...
GALATEU – Por que somente eu não tinha alguma coisa para recordar? O
amor? (AQUI CESSAM AS MÁQUINAS) O amor me veio por uma funcionária/
da seção e lhe declarei que não podia ser dispensado, afinal aqueles
dez anos de casa eram sinônimo de estabilidade no cargo!
GALATEU – Para lhe provar não ser leviana a minha atitude, procurei
nos bolsos documentos que comprovassem a veracidade do que eu dizia.
Só achei um papel amarrotado, fragmento de um poema inspirado nos
seios da datilógrafa. Dez anos... (TOM MELANCÓLICO) Confiara demais
na faculdade de fazer mágicas e ela fora anulada pela burocracia.
GALATEU – Ora, para alguma coisa estes vinte anos – que alguns
julgam quatro ou cinco – me serviram! Por mais curioso que possa
parecer, o mesmo homem que me taxara de cínico indicou meu nome para
seu substituto quando se aposentou da chefia. Você sabe que algumas
ocupações exigem certa frieza e comportamentos não muito
ortodoxos... (RETOMA A CONDIÇÃO DE NARRADOR) Até hoje suspiro alto e
fundo. Não me conforta a ilusão: serve somente para aumentar o
arrependimento de não ter criado todo um mundo mágico. (REPENTINA
MUDANÇA; VOLTA O HINO NACIONAL DA COCHINCHINA) Mas estou ciente de
que ainda posso fazê-lo! De que voltarei a arrancar do corpo lenços
vermelhos, azuis, brancos, verdes... De que encherei a noite com
fogos de artifício! E serei ovacionado, coberto dos aplausos dos
homens de cabelos brancos, das meigas criancinhas! (OUVEM-SE
APLAUSOS, ASSOVIOS E GRITOS)
PEDRO – É mesmo?
BÁRBARA – Bárbara.
Figura 4 – Ba-o-Bárbara
PEDRO – Como?
BÁRBARA – Houve uma época na qual, temeroso pela minha saúde e por
meu peso, ele se fez duro. Ameaçou até abandonar-me ao primeiro
pedido que recebesse! Mergulhei, então, em uma tristeza sem fim.
Todos diziam que minha angústia contagiava o ambiente. Acabei por
definhar, e meu ventre a crescer assustadoramente – foi aí que
constatamos a gravidez. (COM TERNURA) Quando meu marido me viu
magra, pálida, ficou com medo de que aquilo fosse prenúncio de grave
moléstia. Temia que nosso filho morresse em meu ventre! Suplicou-me,
então, para que eu lhe pedisse algo. (TOMA A POSIÇÃO DE NARRADORA)
Pedi o oceano. Chuááá, chuááá, chuááá...
CORTE BRUSCO.
PEDRO – Não! Ela não sabe que vou a seu encontro. Não vejo a hora de
beijá-la, abraçá-la! Não vejo a hora de olhar para seus olhos e
dizer: "vim de surpresa para ficarmos noivos". Seus olhos... Azuis
como o céu, azuis como a... Azuis como o mar!
BÁRBARA – Acredita que meu marido se assustou com meu tom de voz!?
Segismundo é muito tolo, até hoje não sabe diferenciar um chiste de
algo mais sério... Como o dono do imóvel se recusou a vender a
árvore separadamente, tivemos que adquirir toda a propriedade por um
preço exorbitante, acredita?
PEDRO – Mas você o retirou da terra? Por que não deixou o baobá
fincado no chão de origem?
BÁRBARA – Por que não deixa sua namorada a vagar pelo mundo em paz?
(TOQUE SINISTRO) Por vezes, necessitamos que certos seres se curvem
a nossas vontades. Eu só queria... Eu só queria colocar meus pés
naquele tronco. Chegar ao topo do baobá, sentir a maciez de suas
folhas... Coisa que não conseguiria com a árvore em pé.
APITO DE UM NAVIO.
88
BÁRBARA – A lua.
PEDRO – A lua!?
APITAR DO TREM.
APITAR DO TREM.
PEDRO – Ora, meu amigo, não sou engenheiro e nem pretendo ver obra
alguma.
AGENTE DA ESTAÇÃO – Hum. Não sei como poderá, pois... Acontece que
as casas de campo estão em... Ruínas.
ACORDE DE SUSPENSE.
COLONO – Nada disso aconteceu. Sei da história toda, contada por meu
pai. (TOMA A POSIÇÃO DE NARRADOR) Há muito tempo, toda a região foi
assolada por uma epidemia de febre amarela que perdurou por muitos
anos. A partir daí, ninguém mais se interessou pelo lugar. Os
moradores das casas de campo sobreviventes nunca mais voltaram, nem
conseguiram vender as propriedades. E o rapaz que vivia nessa casa
aí foi levado para a capital com a saúde precááária... Nem sei se
ele resistiu à doença.
BARULHO DO VENTO.
INTERFERÊNCIAS NA TRANSMISSÃO.
RAJADAS DE VENTO.
94
INTERRUPÇÃO NA TRANSMISSÃO.
APÊNDICE B
APÊNDICE ACÚSTICO
97
APÊNDICE ACÚSTICO A
98
AS RUBIANADAS
(versão original gravada em CD)
FICHA TÉCNICA
intérpretes
técnicos de som
BRUNO CARDIAL
JOÃO LOPES
edição
BRUNO CARDIAL
LUCAS MARTINS NÉIA
realização
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
(Depto. de Música e Teatro e Depto. de Comunicação – CECA)
NOVEMBRO DE 2013