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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E INTERVENÇÃO ESTATAL NA

ORDEM ECONÔMICA: UMA ANÁLISE DO MODELO DA ZONA FRANCA


DE MANAUS*

SUSTAINABLE DEVELOPMENT AND STATE INTERVENTION IN THE


ECONOMIC ORDER: AN ANALYSIS OF THE MANAUS FREE ZONE

Alan Fernandes Minori


Ana Luísa Celino Coutinho

RESUMO

Este estudo se propõe a analisar o desenvolvimento sustentável a ser instrumentalizado


pela intervenção estatal na ordem econômica. Iniciado pela evolução do pensamento
desenvolvimentista, adota-se a corrente de Amartya Sen, pautado na liberdade como
figura central do desenvolvimento e na abordagem abrangente que o envolve, o que
implica a correspondência dessa perspectiva no desenvolvimento sustentável. Em
seguida, o tema será identificado no texto constitucional, de onde se destacará a
utilização da extrafiscalidade como política desenvolvimentista. A partir de então, será
analisado o modelo da Zona Franca de Manaus como espécie de intervenção estatal na
ordem econômica, perpassando, de forma breve, pela história sócio-econômica da
região até alcançar a sua adequabilidade ao desenvolvimento sustentável.

PALAVRAS-CHAVES: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL –


INTERVENÇÃO ESTATAL – EXTRAFISCALIDADE – ZONA FRANCA DE
MANAUS

ABSTRACT

The purpose of this article is to analise the kind of sustainable development to be


adopted by the state intervention in the economic order. Starting by the evolution of the
development ideas indorsed by Amartya Sen’s followers, based in freedom as the most
essential part of development and in the broad approach, that embraces it, which
extends the correspondence of that perspective in the sustainable development itself.
Afterwards, the theme shall be identified in the constitutional text, pointing out the
extrafiscal policy in favor of development. Then, the Manaus Free Zone shall be studied
as a form of state intervention in the economic order, in a transitory way, in the social-
economical history of the region until it reaches it adequacy to development sustainable.

KEYWORDS: SUSTAINABLE DEVELOPMENT – STATE INTERVENTION –


EXTRAFISCAL POLICY – MANAUS FREE ZONE

*
Trabalho publicado nos Anais do XVIII Congresso Nacional do CONPEDI, realizado em São Paulo –
SP nos dias 04, 05, 06 e 07 de novembro de 2009.

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A busca por um método adequado de desenvolvimento vem intrigando os estudiosos do
tema diante do agravamento das desigualdades econômicas e sociais e da elevação da
pobreza no mundo, mormente após as Guerras Mundiais. Tais circunstâncias
consolidaram o entendimento de que o desenvolvimento não mais se confunde com
simples crescimento econômico.

Como o Amazonas possui um passado exemplar quanto à incapacidade de manter o


progresso econômico vivido nos tempos da economia gomífera, o atual modelo de
desenvolvimento da Zona Franca de Manaus, baseado na extrafiscalidade, merece ser
avaliado dedutivamente à luz do que se entende por desenvolvimento sustentável sem se
olvidar da conjuntura histórica da região.

Apenas na década de 80, o desenvolvimento sustentável ganhou efetivo destaque como


norte das políticas públicas. Para tanto, a evolução do pensamento desenvolvimentista
foi fundamental, a se enfatizar o elaborado por Amartya Sen, que realçou fatores não
econômicos no tema.

Na Constituição Federal de 1988, o desenvolvimento sustentável encontra-se


disseminado em inúmeros dispositivos, passando a ser objetivo do país a promoção do
desenvolvimento e a redução das desigualdades regionais e sociais (art. 3º, II e III). O
meio ambiente equilibrado ganhou hierarquia de direito fundamental a ser preservado e
protegido por todos (art. 225).

Essas características constitucionais do desenvolvimento sustentável receberam um


instrumento de concretização consubstanciado na técnica da extrafiscalidade, nos
termos do art. 151, I, da CF/88, que consiste, conforme Eros Grau e Washington Peluso
de Souza, em forma de intervenção estatal na ordem econômica.

Atualmente, a indução estatal para promover o desenvolvimento consagrou a Zona


Franca de Manaus e a criação de um Polo Industrial na região que vem agregando renda
para os povos do local e gerando divisas consideráveis para o país. Entretanto, os
resultados econômicos obtidos exigem uma maior atenção quanto aos fatores não
econômicos que devem lhes acompanhar para realização sustentável do
desenvolvimento.

2 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O desenvolvimento traz, inicialmente, imagens de crescimento, evolução, progresso,


prosperidade e melhoras. O termo "sustentável" agasalha concepções de possibilidade
de sustento e mantença, continuidade, permanência, dentre outras conotações ligadas a
provimento ou disponibilidade de recursos e condições para que um ser possa se manter
realizando atividades que garantam a sua sobrevivência.[1]

Todavia, a fusão desses termos e a formação da expressão "desenvolvimento


sustentável" transcende a mera soma dos significados dos elementos que lhe compõe no
que se refere ao conjunto de políticas adotas por um país para avançar e melhorar suas
condições.

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Não se trata de apenas entendê-lo como mero conjunto de políticas que promovam o
progresso de uma nação de forma permanente, porque são as forma e as perspectivas
instrumentalizadas para a concretização desse desiderato que torna o tema de difícil
aplicação prática.

Para melhor examinar o que seria o desenvolvimento sustentável, faz-se imprescindível


perfilhar pela evolução da ideia de desenvolvimento.

2.1 Breve evolução do pensamento desenvolvimentista

Welber Barral[2] destaca que a análise do conceito de desenvolvimento perpassa pelos


estudos das obras clássicas de Adam Smith, Karl Marx, John Keynes, Celso Furtado e
Amartya Sen, pois todos elas reúnem características de terem condensado os novos
pensamentos de um período, inovado na análise de uma determinada problemática e
influenciado a ordem política em sentido amplo (liberalismo, socialismo, regulação
estatal, e neoliberalismo).

No século XVI, o desenvolvimento estava atrelado ao mercantilismo, que refletia a


importância do poderio militar, a posse de colônias e a acumulação de metais preciosos.
Contudo, a partir de Adam Smith, a conotação política e militar do desenvolvimento é
superada pelo caráter econômico, passando-se a primar pelo livre mercado como o
melhor (e único) mecanismo de produção de riquezas para as nações, sendo, portanto,
suficiente para promover, sem interferência estatal, o desenvolvimento a partir do
crescimento econômico.

Com Karl Marx, as falhas do mercado foram evidenciadas cientificamente e o


comunismo foi proposto como uma alternativa revolucionária e sucedâneo inevitável do
sistema capitalista, cuja acumulação de capital e elevação da mais-valia gerariam
empobrecimento em massa e declínio de crescimento econômico. A partir de John
Keynes, para se desenvolver, era imprescindível um mercado composto por uma classe
média que consumisse bastante e permitisse a circulação de dinheiro, cabendo ao
Estado, entretanto, a regulação da economia (antes livre).

O início de uma nova perspectiva se inicia com Celso Furtado, que demonstrou que os
Estados não se desenvolvem naturalmente, podendo, a depender da contribuição das
estruturas políticas e sociais, sofrer um retrocesso ou estagnação. No caso brasileiro,
Furtado identificou uma estrutura dualista, composta por uma parte atrasada (latifúndios
exportadores de commodities) e avançada (industriários e empresários), em que se devia
incentivar essa segunda parte com a promoção da classe média, do setor de serviços e da
indústria de transformação.

Não se restringindo ao aspecto econômico do desenvolvimento, Amartya Sen confere


ênfase inédita a elementos não econômicos os quais se resumem na liberdade. A partir
de então, a expansão das liberdades humanas passa a ser figura central do
desenvolvimento, de modo a ser meio e fim das atividades desenvolvimentistas. Nas
palavras de Barral, Sen "identifica validade econômica a valores sociais e jurídicos que

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são hoje bastante respeitados, como a questão dos direitos humanos, da tolerância, do
respeito às minorias."[3]

Amartya Sen[4] destaca que a expansão das liberdades (facilidades econômicas,


liberdades políticas, oportunidades sociais, garantias de transparência e segurança
protetora) não só é instrumento como também é a finalidade do desenvolvimento a ser
concretizado com a participação de estruturas mescladas, que envolvam o Poder Público
e, principalmente, o particular como agente social ativo (e não só beneficiário).

Como bem destacado por Gustavo Justino[5], o fortalecimento das liberdades humanas,
no Estado desenvolvimentista de Amartya Sen, deve ser promovido tanto pelo Poder
Público como pela própria sociedade, mas competindo àquele harmonizar a perspectiva
do desenvolvimento humano com o crescimento econômico.

A crítica que remanesce ao desenvolvimento por meio da (e para a) liberdade não reside
no plano abstrato, como constatado nas doutrinas anteriores, mas na sua implementação
ou concretização de suas premissas.

Esse obstáculo ocorre porque as liberdades indicadas não se restringem aos direitos
fundamentais de primeira dimensão (ou de prestação negativa), mas refletem com maior
clareza sobre os direitos fundamentais de segunda dimensão (de prestação positiva), que
envolvem as liberdades reais ou concretas decorrentes da igualdade e se afinam aos
direitos humanos sociais, econômicos e culturais. A efetivação desses direitos, ademais,
exige maior dispêndio financeiro estatal e privado (v.g. o direito à educação que é dever
estatal em cooperação com a sociedade, bem como a proteção e preservação de um
meio ambiente ecologicamente equilibrado que é dever do Estado e de toda a
coletividade).

Como o direito ao desenvolvimento compõe os direitos de terceira dimensão, que, por


sua vez, trazem o hibridismo dos direitos de prestação positiva e negativa, ele
necessariamente apresentará os mesmos problemas verificáveis nesses. Essa
característica se constitui em obstáculo relevante nos países subdesenvolvidos, cujos
orçamentos são de menor pujança (e já bastante comprometidos com o custeio da sua
máquina administrativa) e cuja população carece de valores cívicos, o que prejudica a
sua titularidade coletiva nos rumos da nação.

A fonte desses entraves ao desenvolvimento varia conforme o momento histórico por


qual se passa, tanto que os recursos naturais e a mão-de-obra em grande disponibilidade
já foram determinantes, assim como a ética protestante também foi tida como essencial
para o sistema financeiro do mercado. Além deles, o fator climático e, até mesmo,
questões raciais e governos autoritários já tiverem essa qualidade elementar para o
desenvolvimento.

Como condição ao desenvolvimento no século XXI, Barral[6] elenca os seguintes


fatores para a efetivação das liberdades: o capital humano (altos níveis educacionais),
elevado grau de liberdade política e econômica, promoção da tecnologia e da inovação,
estrutura logística, capital social e instituições com credibilidade. Dentre eles, pela
importância à Zona Franca de Manaus (a ser constatada a seguir), ressaltem-se o capital
social e a credibilidade das instituições.

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O capital social se constitui pelo o civismo e deve ser promovido pelas instituições, pois
é fundamental para a formação de uma massa social solidária e comprometida com os
fins de toda a comunidade, o que diminui a corrupção e avigora a cidadania e as
expansões das liberdades. Tal fenômeno deve ser incentivado e realizado pelo Estado e
por todos demais atores sociais (sociedade civil organizada, particulares e sociedades
empresárias). Nesse ponto, ressalte-se a importância de uma ética cidadã, ou seja, um
desenvolvimento social com interdependência dos fatores econômicos, políticos,
ambientais e jurídicos.

A credibilidade das instituições, por sua vez, vincula-se aos efeitos da ingerência do
poder público na economia. Trata-se da intervenção estatal a ocorrer apenas quando
necessário (falhas do mercado) para desincentivar a inadimplência, exigir das empresas
um maior comprometimento com o interesse publico e obstar a concentração de
mercado com justas normas de concorrência.[7] Nesse particular, cumpre destacar o
papel do desenvolvimento jurídico e político em diálogo com as perspectivas
econômicas e sociais.

Portanto, denota-se que o desenvolvimento é um fenômeno único composto por


elementos interdependentes (econômicos, políticos, ambientais, sociais, jurídicos,
culturais etc.), de modo que a análise de um deles sempre resvalará na avaliação do
outro, ainda que em menor grau de intensidade, em razão da necessária interrelação que
os envolve para a realização das liberdades.

É o que se denomina de abordagem abrangente do desenvolvimento, realizável por meio


da integridade conceitual de Amartya Sen[8], o qual, metaforicamente, a explica como
um típico dia de verão que "requer que se considere de forma integrada os
desenvolvimentos em diferentes domínios como o econômico, o jurídico, etc. (da
mesma forma que um típico dia de verão depende do sol, da temperatura, do céu azul, e
assim por diante)."[9]

A corroborar o exposto, Fiorillo realçou a preocupação com a proteção ambiental no


conteúdo do desenvolvimento, incumbindo ao Estado a titularidade dessa tutela, in
verbis:

Passou-se a reclamar um papel ativo do Estado no socorro dos valores ambientais,


conferindo outra noção ao conteúdo de desenvolvimento. A proteção do meio ambiente
e o fenômeno desenvolvimentista (Sendo composto pela livre iniciativa) passaram a
fazer parte de um objetivo comum, pressupondo a convergência das políticas de
desenvolvimento econômico, social, cultural e de proteção ambiental.[10]

Tais conclusões decorreram do crescimento econômico verificado após as duas grandes


guerras mundiais que veio desacompanhado de melhorias em outros segmentos sociais
(educação, saúde, preservação ambiental, igualdade de oportunidades, liberdades
políticas etc.), desvendando a insuficiência da exclusividade econômica como
perspectiva única de desenvolvimento.

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A Organização das Nações Unidas (ONU), atenta a isso, passou a avaliar o
desenvolvimento dos países utilizando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),
que se vale da expectativa de vida, da educação e do PIB per capita. Ou seja, outros
dois fatores não econômicos passaram a compor o exame do desenvolvimento das
nações.

Essa organização supranacional também consolidou a dimensão abrangente do


desenvolvimento na sua Declaração Sobre o Direito ao Desenvolvimento de 1986[11],
cujo artigo inaugural também adota o conceito de Amartya Sen ao viabilizar o exercício
desse direito somente em meio a um desenvolvimento econômico, social, cultural e
político, em que se possa realizar plenamente todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais.

Assim, existem inúmeras conotações de desenvolvimento que compõem a sua


integralidade conceitual. Dentre elas, destacam-se o desenvolvimento humano, o
desenvolvimento político, o desenvolvimento jurídico, o desenvolvimento econômico e
o desenvolvimento ambiental. Todos eles, na verdade se completam e se
interrelacionam dialeticamente.

A partir dessa integração conceitual de "desenvolvimentos", passou-se a formatar a que


se entende por desenvolvimento sustentável.[12]

2.2 O nascimento e a consolidação do desenvolvimento sustentável

A preocupação com um desenvolvimento que se compatibilizasse com a preservação


ambiental veio efetivamente à tona com a Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente[13], em Estocolmo, em 1972. Entendeu-se que o desenvolvimento de uma
nação deveria se basear em suas próprias potencialidades (independência externa),
harmonizando os objetivos sociais e econômicos com uma gestão ecologicamente
prudente dos recursos e do meio, o que se denominou ecodesenvolvimento, composto
por cinco dimensões de sustentabilidade: social, econômica, ecológica, espacial e
cultural.[14]

Em 1987, a primeira-ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland elaborou o relatório


intitulado de "O Nosso Futuro Comum", apresentado na Comissão Mundial Sobre o
Ambiente e o Desenvolvimento. Nele, avigorou-se o conteúdo de ecodesenvolvimento,
mas por meio de uma nova expressão: "desenvolvimento sustentável". Trata-se do
desenvolvimento que atende aos anseios da contemporaneidade sem prejudicar as
necessidades das gerações posteriores.

A consolidação do desenvolvimento sustentável como modelo desenvolvimentista ideal


ocorreu na Eco-92, no Rio de Janeiro, cujos documentos (Agenda 21 e Declaração do
Rio) evidenciaram a importância de "combinar de forma estratégica o econômico, o
social e o ambiental, garantindo um vínculo sistêmico entre estes três vetores do
desenvolvimento, com vista a obter o equilíbrio desejável que a sustentabilidade deverá

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traduzir." [15] Nos dez anos seguintes, em Johanesburgo (Rio+10), o dever de cumprir
os objetivos da Agenda 21 foi ratificado.[16]

Doutrinariamente, o modelo também está consagrado no mundo jurídico. Fiorillo[17] o


ratifica, lembrando que o desenvolvimento sustentável não pode obstar o
desenvolvimento econômico. Servinskas[18], ressaltando a identidade das expressões
"ecodesenvolvimento" e "meio ambiente ecologicamente equilibrado", também o
confirma como o princípio que visa à conciliação da proteção ambiental com o
desenvolvimento socioeconômico para a melhoria da qualidade de vida do homem,
utilizando-se racionalmente os recursos naturais não renováveis.

Para José Afonso da Silva, o desenvolvimento sustentável emanaria da conciliação entre


o desenvolvimento econômico-social e a preservação da qualidade do meio ambiente
ecologicamente equilibrado, conjunção essa realizável por meio de um crescimento
econômico que envolvesse a redistribuição dos resultados do processo produtivo de
forma equitativa, resultando na erradicação da pobreza com a diminuição das
disparidades nos padrões de vida e na melhora das condições dos mais vulneráveis[19].
Do contrário, conclui o referido autor: "Se o desenvolvimento não elimina a pobreza
absoluta, não propicia um nível de vida que satisfaça as necessidades essenciais da
população em geral, ele não pode ser qualificado como sustentável" [20].

Destarte, pode-se constatar dos conceitos atribuídos ao desenvolvimento sustentável que


este modelo desenvolvimentista reúne a realização simultânea de todas as dimensões do
desenvolvimento (econômico, social, político, jurídico e ambiental). Em outras
palavras, a conotação de desenvolvimento mais aceita hodiernamente (integridade
conceitual de desenvolvimento) confunde-se com o que se entende por desenvolvimento
sustentável.

2.3 O Desenvolvimento Sustentável na Constituição da República Federativa do Brasil


de 1988

O desenvolvimento sustentável encontra-se disseminado no Texto Constitucional de


1988, pois a conotação desenvolvimentista é depreendida desde o seu texto preambular
(quando o constituinte institui um Estado Democrático, destinado a, dentre outros
compromissos, garantir o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, o
bem-estar, o desenvolvimento, a justiça como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos), até os arts.1.º; 3.º; 5.º, caput, XXIII, XXVI,
XXIX, §§2.º e 3.º; 21, IX, XX; art. 23, X e parágrafo único; 24, I; 43; 48, IV; 149; 151,
I; 159, I, c; 163, VII; 170; 174, §1º; 180; 182; 192, 200, V; 205; 215, §3º; 218; 219; e
225.

Esse conjunto normativo destacado acima reforça a interdisciplinaridade do


desenvolvimento constitucionalmente prescrito, pois o tema encontra-se propagado em
títulos distintos da Constituição Federal (princípios fundamentais, direitos e garantias
fundamentais, organização do Estado, tributação e orçamento, ordem econômica e
financeira e ordem social), de modo a indicar que a sua sustentabilidade ou manutenção

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depende da integração de segmentos econômicos, sociais, políticos e ambientais. Assim,
evidencia-se que o legislador originário também instituiu a realização do
desenvolvimento sustentável para o país.

Dentre os dispositivos constitucionais mencionados, considerando o modelo da Zona


Franca de Manaus, destacam-se os arts. 3.º, incisos II e III; 225; e 151, I.

O inciso II do art. 3.º, da Constituição programa não apenas o desenvolvimento


nacional, mas a própria garantia desse desenvolvimento. Vale dizer, não basta
desenvolver por um período (na fórmula do stop-go), mas criar meios para que se
mantenha (permaneça) esse desenvolvimento. O Inciso III desse dispositivo, por sua
vez, demonstra que o constituinte, reconhecendo a realidade brasileira de desigualdades
sociais e regionais como um quadro de subdesenvolvimento evidente[21], instituiu, com
o teor de imposição, o objetivo de reduzi-las. Nesse ponto, há de se destacar que as
desigualdades regionais se caracterizam, no mais das vezes, como desigualdades
sociais, pois são carências de saúde, educação, lazer etc. que tendem a determinar o
desnível regional.

Essa preocupação de efetivar o desenvolvimento atendendo à diminuição das


desigualdades regionais e sociais também deve ser observada como princípio da ordem
econômica do país, de acordo com o inciso VII do art. 170 da CF/88, bem como se
perfaz como requisito essencial para o desenvolvimento sustentável, consoante o
princípio 5, da Declaração do Rio/92.

Ademais, o modelo desenvolvimentista constitucionalmente previsto possui a sua


conotação ambiental enfatizada no art. 225, da CF/88. A partir dele, o meio ambiente
ecologicamente equilibrado passa a ser um direito fundamental de terceira dimensão,
pautado na solidariedade em relação às presentes e futuras gerações, concebido como
um bem de uso comum do povo essencial à sadia qualidade de vida e titularizado por
todos, de modo que a sua defesa e preservação impõe-se não só ao Poder Público, mas à
toda a coletividade.

Segundo Herman Benjamin[22], trata-se de direito de estrutura bifronte, que comporta


prestações positivas e negativas do Estado e da sociedade, bem como pode ser
exercitado individual ou coletivamente sob uma perspectiva antropocêntrica mitigada
que denota a valorização da dignidade e da saúde humana em simultânea harmonia com
a importância intrínseca dos elementos bióticos e abióticos da vida em sentido amplo.
Aliás, esse realce ecocêntrico, v.g., foi consolidado quando da institucionalização da
Floresta Amazônica como patrimônio nacional a ser utilizado dentro de condições que
assegurem a preservação do seu meio ambiente, conforme o §4.º do art. 225 da CF/88.

As aparentes contradições que possam, no plano fático, surgir entre desenvolvimento e


proteção ambiental devem ser superadas por meio da aplicação do princípio da
proporcionalidade/razoabilidade (ponderação), pois o objetivo desenvolvimentista da
República Brasileira há de se valer de um meio ambiente equilibrado, cuja proteção, por
outro lado, clama por um Estado econômica e socialmente forte que, muitas vezes,
exigirá intervenção humana no cenário ecológico.

O Supremo Tribunal Federal, nesse mesmo diapasão, enfatizou a importância da


ponderação entre os princípios do equilíbrio ambiental e do desenvolvimento para a

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realização do desenvolvimento sustentável. Na ADI 3540 MC/DF, o Ministro relator
Celso de Mello consignou que:

A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL (CF, ART. 3º, II) E A


NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE
(CF, ART. 225): O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO
FATOR DE OBTENÇÃO DO JUSTO EQUILÍBRIO ENTRE AS EXIGÊNCIAS DA
ECONOMIA E AS DA ECOLOGIA. - O princípio do desenvolvimento sustentável,
além de impregnado de caráter eminentemente constitucional, encontra suporte
legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e
representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da
ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, quando ocorrente
situação de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável,
cuja observância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais
significativos direitos fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que
traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das
presentes e futuras gerações.[23]

Inolvidável também que, apesar da autorização já contida no §2.º do art. 5.º da CF/88, a
Emenda Constitucional n.º 45/04 possibilitou a elevação dos direitos humanos
declarados em tratados internacionais ao status de emenda constitucional, desde que
sejam aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros.

Sobre o tema, o STF[24] passou a entender que os tratados e convenções internacionais


têm status supralegal, situando-se acima da legislação ordinária e abaixo da
Constituição da República, o que reflete também na natureza de superioridade, perante
as normas infraconstitucionais, dos direitos humanos, ainda que não observem o
procedimento previsto no art. 5.º, §3.º, da CF/88.

Na prática, esses direitos humanos supralegais gozam de prerrogativas semelhantes às


emendas constitucionais, pois somente poderão ser revogados ou alterados por
intermédio de novo tratado ou por meio de emenda constitucional.

Nesse sentido, o desenvolvimento sustentável é direito humano (e fundamental)


constitucionalmente (e internacionalmente) consolidado a ser efetivado
obrigatoriamente pelo Estado (art. 3º, II e III, da CF/88) em cooperação com a
sociedade (art. 225, da CF/88, quando do uso da expressão "dever de todos") por meio
de atuações complexas e multidimensionais, que envolvam o aspecto econômico, o
social, o ambiental, o jurídico, o cultural etc.

Para garantir essa atividade multidisciplinar e coletiva de promoção do desenvolvimento


sustentável, existe um instrumento constitucionalmente previsto (art. 151, I, da CF/88).

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3. A intervenção estatal na ordem econômica por indução positiva como forma de
promoção do desenvolvimento sustentável

Como visto, o desenvolvimento sustentável deve ser realizado pelo Estado e pela
sociedade organizada à luz das diferenças regionais. Para tanto, o constituinte se valeu,
dentre outros meios, da técnica da extrafiscalidade, que corresponde à atividade estatal
que se vale da tributação não apenas para compor os cofres públicos (interesse
meramente arrecadatório), mas também para atender a compromissos sócio-
econômicos.

Roque Antonio Carrazza conceitua os incentivos fiscais como instrumento pelo qual "a
pessoa política tributante estimula os contribuintes a fazerem algo que a ordem jurídica
considera conveniente, interessante ou oportuno (p. ex., instalar indústrias em regiões
carentes do País)"[25] através da redução ou até da supressão da carga tributária,
manifestando-se sob a forma de imunidade ou de isenções tributárias.

No âmbito do Direito Econômico, segundo a classificação de Eros Roberto Grau[26],


trata-se do Estado promovendo intervenção econômica por indução positiva, pois passa
a legalmente incentivar e estimular comportamentos conformados com os interesses
gerais em troca da concessão de benefícios aos participantes (redução, isenção ou
subsídio tributário, preferência creditícia etc.).

Segundo Washington Peluso Albino de Souza[27], tendo em vista a politização fática da


intervenção do Estado, a extrafiscalidade se perfaz em intervenção estatal como medida
política de economia orientada, em que se usam instrumentos para atrair os agentes
econômicos a uma certa direção, seduzindo-os a atuar em um determinado segmento,
mas sem qualquer imposição.

Para João Bosco Leopoldino da Fonseca[28], as razões para o Estado intervir na ordem
econômica respondem a critérios de equidade na distribuição de renda (justiça
distributiva), considerando a insuficiência dos puros e naturais critérios econômico-
capitalistas.

Entretanto, Albino Peluso[29] assevera que o desenvolvimento, juntamente com a


justiça social, não seria motivo, mas um dos objetivos a serem alcançados por meio de
mudanças estruturais profundas, mormente nos países subdesenvolvidos, ganhando
conotação de intervenção social ou protetora. Ressalta também que a extrafiscalidade
pode vir acompanhada de apoio estatal na infra-estrutura do agente econômico
destinatário dos incentivos, in verbis:

Além das vantagens financeiras de toda espécie, porém, novos instrumentos de


incitação vão sendo aperfeiçoados, como os referentes à política de organização do
território (amenagement du territoire), que extrapola o acanhado âmbito administrativo
para assumir as proporções da política econômica com o aperfeiçoamento de
equipamentos de infra-estrutura, tais como preparo do terreno para a implantação de
indústrias, sistemas de transporte e comunicação e todos os demais dados sobre a
localização vantajosa dos empreendimentos. É o que identificamos com a política dos

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distritos industriais, dos pólos de equilíbrio, das metrópoles de equilíbrio, que se
compõem de variados elementos dirigidos nesta intenção.[30]

O mecanismo extrafiscal de intervenção por indução tem peculiar previsão no art. 151,
I, da CF/88. Permite-se que a União excepcione o princípio da uniformidade tributária e
confira incentivos tributários (imunidade e isenção tributária, remissão, anistia,
moratória etc.) a ponto de distinguir e preferir um ente político em detrimento de outro
para promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes
regiões do País.

O referido preceito constitucional ganha particular importância para este trabalho


quando combinado com os arts. 40 e 92, do ADCT, porque corrobora a
constitucionalização da Zona Franca de Manaus (ZFM) como área fiscalmente
incentivada para a promoção do desenvolvimento sustentável atenta à superação das
desigualdades regionais do país.

4 A ZONA FRANCA DE MANAUS COMO MODELO DE DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL

O estudo da aptidão desenvolvimentista da Zona Franca de Manaus não pode ser


iniciado sem prévias considerações sobre as fases econômicas que antecederam a sua
implantação. Superado isso, passa-se ao exame de adequabilidade do modelo
desenvolvimentista da Amazônia Ocidental à luz da perspectiva abrangente de
desenvolvimento (sustentável).

4.1 Evolução da Zona Franca de Manaus

A Amazônia, economicamente vigorosa no áureo Primeiro Ciclo da Borracha (entre


1870 a 1913) que geraram pujança econômica, política e cultural à região (então tida
como a "Paris das Selvas"), faleceu logo depois com a concorrência da borracha do
sudeste asiático. Mas com o advento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945),
instaurou-se o Segundo Ciclo da Borracha, consubstanciado na valorização da borracha
amazônica por parte dos aliados, diante da ocupação japonesa dos seringais asiáticos.

Admilton Pinheiro Salazar[31] destaca que o desenvolvimento regional, no primeiro


ciclo gomífero, se caracterizou por três fatores: a) pelo isolamento espacial em relação
aos centros populacionais do país (litoral); b) por uma colonização da região com
propósito único de garantir a exploração e comercialização dos recursos da floresta
(mero entreposto comercial); c) bem como pelos elevados custos de logística, daí
porque a economia pautada na borracha garantiu o crescimento econômico (ainda que

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efêmero e insustentável) da Amazônia, pois se tratava de produto de elevado valor
específico com demanda internacional e preços compensadores que geravam receitas
elevadas o suficiente para cobrir custos e incentivos fiscais (Decreto n.º 2.543-A, de 05
de janeiro de 1912).

No ápice do chamado Primeiro Ciclo da Borracha (1910), segundo Salazar[32], as


exportações da Amazônia arrecadaram 1,3 bilhões de libras esterlinas para o país[33] e,
durante o Segundo Ciclo da Borracha, em razão dos Acordos de Washington (1943), a
produção da borracha amazônica serviu de garantia de financiamento norte-americano
para a implantação da indústria do aço no Brasil. Assim, a economia gomífera teve
papel fundamental na industrialização brasileira, seja por meio da contribuição
financeira à industrialização e produção do café[34], seja por intermédio do
financiamento da indústria do aço.

Nada obstante, o fim da Segunda Guerra Mundial ratificou a insustentabilidade desse


"modelo desenvolvimentista", pautado em mero crescimento econômico, pois a
economia gomífera não suportou a escassez do investimento externo, o retorno da
produção asiática e a ampliação da produção sintética.

A insustentabilidade desse ciclo econômico se deu também em função da sua cadeia


produtiva e do seu sistema social (sistema de aviamento), os quais se baseavam
exclusivamente na exploração (escravidão) do seringueiro, cuja produção de borracha
sequer fazia frente aos seus gastos com a sua subsistência (mantimentos) perante o
seringalista e o regatão e ainda sofria os efeitos especulativos das casas aviadoras e dos
estrangeiros (oligopólio)[35].

Assim, após o fim da economia da borracha, a região voltou a se valer apenas do


extrativismo dos recursos florestais (castanha, juta, malva, sorva etc.), mas com a
agravante de abrigar a pobreza dos inúmeros nordestinos e caboclos que foram atraídos
pela economia da borracha a qual, em meados do século XX, estava em irremediável
decadência.

A região ainda se caracterizava por vazios demográficos que contrastavam com a


biodiversidade que respirava na floresta, cujo solo abrigava potencialidades
inestimáveis. Tais fatores atraíam a atenção e a cobiça alienígena sob o discurso de
internacionalização da Amazônia. Nesse sentido, muito mais por questões de soberania
que de efetivação dos direitos dos habitantes da região, o Estado brasileiro passou a
buscar medidas de promoção do desenvolvimento amazônico.

A Constituição do Brasil de 1946, em seu art. 199, incumbiu a União, os Estados e os


Municípios do dever de investir no Plano de Valorização Econômica da Amazônia
(PVEA) durante, no mínimo, 20 anos, a ser custeado por, pelo menos, 3% da sua renda
tributária. Todavia, apenas em 1953, essa política desenvolvimentista foi efetivamente
implantada com a criação da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da
Amazônia (SPVEA), através da Lei nº 1.806, de 06 de janeiro de 1953, a qual, no seu
art. 3.º condicionava a aplicação dos recursos do plano apenas aos empreendimentos
que guardassem fim estritamente econômico ou relação direta com a recuperação
econômica da região. Aliás, o próprio nome dessa superintendência já indicava a
concepção restrita de desenvolvimento: crescimento econômico.

4131
Já na era presidencial de Juscelino Kubitscheck, além da capital do país (Brasília) ter se
aproximado da Amazônia, foi publicada a Lei n.º 3.173, de 06 de junho de 1957,
regulada pelo Decreto n.º 47.757/60, criando, em coordenação com a SPVEA, uma zona
franca de 200 hectares em Manaus, que serviria de armazenamento ou depósito de
mercadorias importadas para o consumo interno da Amazônia e dos países vizinhos.

Entretanto, as pressões do centro-sul do país, a burocracia para o repasse dos incentivos


fiscais e a falta de continuidade política obstaram o êxito do plano em questão[36].

Somente no regime militar presidido por Castelo Branco e sob o lema da segurança
nacional ("Integrar Para Não Entregar"), a Zona Franca de Manaus foi efetivamente
operacionalizada com a publicação do Decreto-lei nº 288/67.

Tratava-se de um novo marco regulatório da política desenvolvimentista da região. O


referido decreto-lei reformulou o modelo anterior nas perspectivas espacial, substancial
e temporal ao estabelecer, em Manaus, uma área de 10 mil km² de livre comércio de
exportação e importação que tinha como objetivo a criação de um polo de
desenvolvimento regional (centro comercial, industrial e agropecuário) por meio da
concessão de 30 anos de incentivos fiscais, tomando em consideração os fatores locais e
logísticos que afastam a região dos grandes mercados consumidores.

Para a administração das instalações e serviços da Zona Franca de Manaus, o Decreto-


lei n.º 288/67 criou a Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA),
regulamentada pelo Decreto nº 61.244/67 e configurada em uma autarquia especial
sediada em Manaus e vinculada diretamente ao Ministério do Interior (atualmente, ao
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

Os incentivos abrangiam isenções ou reduções do Imposto de Importação (II), do


Imposto de Exportação (IE) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), bem
como de benefícios fiscais a serem concedidos pelo Estado do Amazonas e pelo
Município de Manaus, na forma de, respectivamente, crédito e restituição do Imposto de
Circulação de Mercadoria (ICM) e de isenção do Imposto Sobre Serviços (ISS). Havia,
ademais, a isenção do Imposto de Renda por 10 (dez) anos e a possibilidade de
financiamento por intermédio do Fundo de Investimento da Amazônia (FINAM).

Como bem destaca Salazar[37], esse modelo desenvolvimentista se concentrava, quase


que na sua integralidade, na concessão de incentivos tributários sobre o produto
industrializado e não na outorga de incentivos financeiros ao capital, o que beneficiou
apenas os empreendimentos que passaram a produzir e a faturar bens e serviços.

O Decreto n.º 291, de 28 de fevereiro de 1967, dividiu a Amazônia em Ocidental e


Oriental e, no ano seguinte, o Decreto n.º 356, de 15 de agosto de 1968, estendeu alguns
dos incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus para toda a Amazônia Ocidental, a
abranger as capitais de Rondônia, Acre e Roraima. Em 17 de abril de 1986, o Decreto
n.º 92.560/86 prorrogou os incentivos da ZFM por mais 10 anos.

A manutenção das prerrogativas da ZFM foi constitucionalizada em 1988, no art. 40, do


ADCT, por mais 25 anos a partir da promulgação da Constituição e, por intermédio da
Emenda Constitucional n.º 42/2003, os incentivos regionais foram estendidos até o ano
de 2.023.

4132
Segundo o domínio eletrônico da SUFRAM[38], o modelo ZFM pode ser divido em 05
fases.

Na primeira, envolvendo o período de 1967 a 1975, em meio à política nacional de


substituição das importações, a atividade comercial (terciária) predominava em função
da quase ilimitação às importações, contribuindo para a intensificação do turismo e para
a iniciação da atividade industrial.

Na segunda fase, delimitada entre 1975 e 1990, pautada na política nacional de fomento
à indústria nacional de insumos, foram estabelecidos os Índices Mínimos de
Nacionalização para produtos industrializados na ZFM e vendidos para as outras regiões
do país, bem como o contingenciamento das importações (estabelecimento de limites
máximos globais anuais). No fim dessa fase, o modelo registrou um de seus melhores
desempenhos ao faturar U$ 8,4 bilhões, gerar 80 mil empregos diretos e consolidar um
parque industrial de bens de consumo duráveis bem diversificado, no qual se destacou o
setor eletroeletrônico[39].

Na fase seguinte, compreendida entre 1991 e 1996, a ZFM viveu o seu momento mais
difícil e foi compelida a se modernizar. As medidas adotadas pelo governo Collor
("Nova Política Industrial e de Comércio Exterior", "Programa Brasileiro de Qualidade
e Produtividade", "Programa de Competitividade" e Lei n.º 8.387/91) abriram a
economia brasileira para o mercado exterior e reduziu o Imposto de Importação (II) para
o resto do país, o que minou a peculiaridade regional que garantia competitividade ao
modelo. Assim, a atividade terciária entrou em declínio, eliminaram-se os limites
máximos globais anuais de importação, foi fixado o patamar de 88% de redução do
Imposto de Importação para a ZFM e impôs-se a política do Processo Produtivo Básico
(PPB).

No período delimitado entre 1996 a 2002, as sociedades empresárias da região


promoveram intensa modernização na sua cadeia produtiva, automatizando-a e
qualificando-a. O modelo se encontrava em meio à globalização, a estabilização
monetária do plano Real, privatizações e desregulamentação. Nesse período, a ZFM
passou a funcionar como plataforma de exportação de seus produtos juntamente com a
consolidação da abertura econômica do país.

Durante todas essas fases, foram criadas 07 Áreas de Livre Comércio em que se
conferiram alguns dos benefícios da Zona Franca de Manaus no sentido de caracterizá-
las como entrepostos comerciais para efetivar a interiorização dos benefícios
econômicos do modelo. Dentre elas, destacam-se Tabatinga (AM), Macapá-Santana
(AC), Boa Vista-Bonfim (RR) e Guajará-Mirim (RO).

Hodiernamente, a ZFM vem atuando com base na Política de Desenvolvimento


Produtivo (PDP) e busca promover o aumento da eficiência produtiva e da capacidade
de inovação das empresas, bem como elevar as exportações e estimular o financiamento
privado em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

Outrossim, de acordo com o domínio eletrônico da SUFRAMA[40] e em consonância


com o ressaltado anteriormente por Albino Souza, a Zona Franca de Manaus se compõe
não apenas de incentivos fiscais, mas também de infra-estrutura local básica a título de
diminuição dos custos de instalação das indústrias interessadas. No Polo Industrial de

4133
Manaus (PIM), há estação de captação e tratamento de água, sistema viário asfaltado
com 48 km, sistemas sanitário e de telecomunicações, baixos preços para aquisição de
lotes e concessão de 10 anos para pagamento, bem como planejamento ambiental
configurado na preservação das áreas verdes na proporção da área industrializada.

Segundo o superintendente de Projetos da SUFRAMA, Oldemar Iank (informação


verbal)[41], o parque fabril do modelo se tornou uma plataforma de exportação do país,
ressaltando que metade do que é produzido no PIM é de origem nacional e um quarto
regional, ou seja, peças produzidas no Amazonas. Dentre os principais produtos de
exportação destacam-se telefones celulares, motocicletas, concentrados de refrigerante e
aparelhos de barbear e receptores/decodificadores de sinais digitais para televisão. A
intensa produtividade do polo contribuiu, em 2008, para a arrecadação tributária
estadual de R$ 4.952 bilhões e federal de R$ 9.774 bilhões.

4.2 A Zona Franca de Manaus e Desenvolvimento Sustentável

A economia gomífera no final do século XIX e primeira metade do século XX


nitidamente promoveu o crescimento econômico da região amazônica, gerando divisas
consideráveis ao país. Entretanto, a insustentabilidade desse modelo desenvolvimentista
se deu por se restringir a sua perspectiva econômica. Não houve qualquer preocupação
com o aspecto do desenvolvimento social, baseado na expansão das liberdades
humanas, tendo em vista que o sistema social da época (sistema de aviamento)
contrastava com os ensinamentos de Amartya Sen.

Após o fim da economia da borracha, o retorno econômico à exploração dos recursos


florestais de forma totalmente desarticulada e desconsiderada dos planos
macroeconômicos do país, não ensejavam qualquer espécie de desenvolvimento, mas
simples subsistência humana na região. Em assim sendo e considerando as
potencialidades ambientais da região e da pobreza dos seus habitantes, os interesses
estrangeiros na internacionalização da Amazônia despertaram no Estado Brasileiro a
importância de intervenção na região, o que se deu muito mais por imperativo de
segurança nacional que de desenvolvimento social. Ademais, essa soberania do país no
ocidente amazônico se pautou exclusivamente na perspectiva econômica, conforme se
depreende da nomenclatura da Superintendência de Valorização Econômica da
Amazônia (SPVEA) e das suas disposições normativas (que condicionava a aplicação
dos recursos garantidos na Constituição de 1946 apenas aos empreendimentos
estritamente econômicos).

A Zona Franca de Manaus também emergiu com nítido compromisso de crescimento


econômico da Amazônia Ocidental, conforme se depreende do art. 1º, do Decreto-Lei
n.º 288/67, que indica como finalidade a criação de um centro industrial, comercial e
agropecuário dotado de condições econômicas para o desenvolvimento. Nesse
momento, a perspectiva do desenvolvimento social era obscura e a preocupação
ambiental era muito tímida quando da simples indicação dos fatores locais como ponto
a ser considerado na política de incentivos fiscais. Era inolvidável a preocupação quase
que integral com o desenvolvimento por meio do crescimento econômico.

4134
Avaliando que a Zona Franca de Manaus adotou as diretrizes internacionais da
Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI),
destacadamente com isenções tributárias, facilidades de crédito, tarifas especiais de
transporte, disponibilidade de mão de obra etc., Deusamir Pereira[42] critica esse
modelo regional de desenvolvimento. Ele acredita que se trata de uma proposta
desenvolvimentista de fora para dentro ao obedecer à lógica da divisão internacional da
produção, o que teria intensificado as dependências tecnológicas, comercial, produtiva e
cultural da região, em relação às economias dos países centrais. Nesse sentido, conclui
pela inadequação e insuficiência do modelo para o desenvolvimento da região, in
verbis:

O modelo de desenvolvimento, neste terceiro ciclo, o da Zona Franca de Manaus, se


configura como mais uma tentativa de desenvolver e integrar a região com a prevalência
de interesses exógenos. A implantação dos pólos que compõem o distrito industrial
focado em produtos que não podem estabelecer relação de afinidade em sua cadeia
produtiva com os recursos e potencialidades da região, de forma insofismável, atesta
esse histórico 'equívoco', que, como visto nos ciclos que o precedem, tiveram como
efeito colateral, ao seu fim, o desespero, a miséria ainda mais intensa e um vergonhoso e
covarde abandono pelo restante da nação. A manutenção de um modelo de
desenvolvimento, de fora para dentro, responde satisfatoriamente às interrogações
formuladas nessas conclusões.[43]

O reconhecimento da fragilidade dessa proposta desenvolvimentista também foi


realizado por Ernesto dos Santos Chaves da Rocha[44] quando da constatação da
contínua necessidade de prorrogação dos incentivos fiscais para a manutenção do
parque industrial da ZFM, considerando que dificilmente as instalações industriais
seriam viáveis sem uma compensação (incentivos) para as dificuldades logísticas que
acometem a região.

Entretanto, hodiernamente, a SUFRAMA vem despenhando sua gestão no sentido de


interiorizar os benefícios dos incentivos fiscais aos 153 municípios dentro da sua área
de atuação, bem como de promover e fomentar ciência, tecnologia e inovação a partir
das potencialidades regionais, agregando valor a elas.[45] Para viabilizar essas
investidas, a autarquia está realizando parcerias com os Estados e Municípios e
instituições de pesquisa e ensino, fornecendo cooperação técnica ou conferindo valores
decorrentes da Taxa de Serviços Administrativos (TAS), desde que os interessados
apresentem potencialidades de investimentos em atividade econômica que gere renda
permanente no interior da região ou se afine ao turismo local[46].

Nesse mesmo diapasão, foram criadas o Centro de Ciência, Tecnologia e Inovação no


Polo Industrial de Manaus (CT-PIM) e o Centro Biotecnologia da Amazônia (CBA).

Atualmente, em suma, os incentivos fiscais da ZFM são compostos, no âmbito federal,


pela redução de até 88% do Imposto de Importação (II) sobre os insumos destinados à
industrialização; isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); redução de
75% do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IR), inclusive adicionais de

4135
empreendimentos classificados como prioritários para o desenvolvimento regional,
calculados com base no lucro da exploração até 2013; e isenção da Contribuição para o
PIS/PASEP e da COFINS nas operações internas na Zona Franca de Manaus.

No plano estadual, as prerrogativas econômicas são crédito estímulo, diferimento,


isenção, redução de base de cálculo e crédito fiscal presumido do Imposto sobre
Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), de acordo com o
art. 2.º, da Lei Estadual n.º 2.826/03.

Interessante notar que o referido diploma legal estadual está norteado pelo princípio da
reciprocidade, configurado na contrapartida a ser oferecida pelo beneficiário através de
salários e benefícios sociais locais (art. 2º, parágrafo único, I). Uma das formas de
efetivação desse princípio se dá por meio da necessidade dos beneficiários recolherem
contribuições financeiras em favor do Fundo de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
ao Desenvolvimento Social do Estado do Amazonas (FMPES), da Universidade do
Estado do Amazonas (UEA) e do Fundo de Fomento ao Turismo, Infra-Estrutura,
Serviços e Interiorização do Desenvolvimento do Estado do Amazonas (FTI).

Daí, denota-se que, em consonância com o art. 4.º, §1.º, da Lei Estadual n.º 2.826/03, a
concessão dos incentivos estaduais está condicionada apenas a produtos resultantes de
atividades tidas como fundamentais para o desenvolvimento do Estado, quais sejam, as
que cumulem três das seguintes características: concorram para o adensamento da
cadeia produtiva com o objetivo de integrar e consolidar o parque industrial,
agroindustrial e de indústrias de base florestal do Estado; contribuam para o incremento
do volume de produção industrial, agroindustrial e florestal do Estado; contribuam para
o aumento da exportação aos mercados nacional e internacional; promovam
investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia de processo e/ou produto;
contribuam para substituir importações nacionais e/ou estrangeiras; promovam a
interiorização de desenvolvimento econômico e social do Estado; concorram para a
utilização racional e sustentável de matéria-prima florestal e de princípios ativos da
biodiversidade amazônica, bem como dos respectivos insumos resultantes de sua
exploração; contribuam para o aumento das produções agropecuária e afins, pesqueira e
florestal do Estado; gerem empregos diretos e/ou indiretos no Estado; e promovam
atividades ligadas à indústria do turismo.

Especificamente, quanto à concessão de diferimento e de crédito presumido de


regionalização, o art. 4.º, §3.º, da Lei Estadual n.º 2.826/03, vincula o beneficiário ao
preenchimento de três das seguintes condições: geração de novos empregos diretos ou
indiretos e realização de investimentos considerados relevantes em ativo fixo; absorção
de novos processos de tecnologia de produto e de processo no parque industrial do
Estado; não constituição do bem intermediário a ser industrializado em
desmembramento do processo produtivo de bem final; que o preço FOB praticado pelo
fabricante de bem intermediário nas vendas para empresa controlada, controladora e
coligada seja, no máximo, similar ao preço médio do mercado; e a utilização, nas
transferências entre estabelecimentos matriz e filial, do valor do custo industrial dos
produtos intermediários.

Ademais, nos termos do art. 5.º, da Lei Estadual n.º 2.826/03, os interessados devem,
preliminarmente, apresentar a obtenção de licença ambiental prévia e fundar o seu

4136
pedido de concessão dos incentivos em projeto técnico-econômico que aponte a
viabilidade e a adequação legal do empreendimento.

Diante das condicionantes estaduais para a concessão dos incentivos fiscais, Omara
Oliveira Gusmão[47] ressalta a preocupação do Amazonas em promover o
desenvolvimento sustentável ao observar a perspectiva regional, social e econômica
com a estipulação da concessão de incentivos tributários sem se olvidar da proteção
ambiental.

Em sede municipal (Manaus), confere-se a isenção, pelo prazo de 10 anos, do Imposto


sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), das Taxas de Serviços de
Coleta de Lixo, de Limpeza Pública, de Conservação de Vias e Logradouros Públicos e
das Taxas de Licença para empresas industriais que se instalarem e gerarem, pelo
menos, quinhentos empregos diretos quando do início de sua atividade, mantendo este
número durante o gozo do benefício, em consonância com a Lei Municipal n.º 427, de
08 de janeiro de 1998. Quanto às empresas industriais já existentes, esses benefícios
municipais poderão lhes ser atribuídos desde que cumpram a mencionada condição de
geração de emprego e ampliem o seu parque industrial no âmbito da Zona Franca de
Manaus.

Quanto à perspectiva do desenvolvimento ambiental da Zona Franca de Manaus, um


recente estudo, provindo da atividade fomentadora da SUFRAMA, confirmou a
imprescindibilidade do Polo Industrial de Manaus para a preservação da cobertura verde
da Amazônia e para a geração de externalidades a serem compensadas.

A pesquisa resultou na obra "Impacto Virtuoso do Polo Industrial de Manaus sobre a


proteção da Floresta Amazônica", desenvolvida por pesquisadores da Universidade
Federal do Amazonas (UFAM), Universidade Federal do Pará (UFPA), do Instituto
Piatam e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Segundo um de seus
pesquisadores e coordenador, José Alberto da Costa (informação verbal)[48], o parque
fabril manauara contribuiu para a redução de 70% do desmatamento no Amazonas entre
2000 a 2006 e, até 1997, em aproximadamente 85%. Essa contribuição resultou na
preservação de 98% da cobertura vegetal do Estado.

Assim, em meio aos graves e iminentes riscos do aquecimento global gerado pela
emissão de dióxidos de carbono na atmosfera, muito dos quais provindos do
desmatamento florestal, a proteção ambiental gerada pelo PIM constitui-se em
externalidade positiva. Nas palavras de Fábio Nusdeu:

As externalidades correspondem, pois, a custos ou benefícios circulando externamente


ao mercado, vale dizer, que se quedam incompensados, pois, para eles, o mercado, por
limitações institucionais, não consegue imputar um preço. E, assim, o nome
externalidade ou efeito externo não quer significar fatos ocorridos fora das unidades
econômicas, mas, sim, fatos ou efeitos ocorridos fora do mercado, externos ou paralelos
a ele [...] como já se indicou, existem igualmente benefícios transferidos
incompensadamente a terceiros, ou seja, externalidades ou efeitos externos positivos,
chamados ainda de benefícios sociais, quando os beneficiários não são identificáveis
nem formam um grupo definido de pessoas[49].

4137
O domínio eletrônico da SUFRAMA[50] também noticia o referido estudo e ressalta
que, a partir dos valores de mercado (tonelada de carbono nas bolsas americana e
europeia) e das pesquisas econômicas na seara ambiental (serviços resultantes da
biodiversidade), avaliou-se que, respectivamente, a economia ambiental gerada com o
PIM alcançou valores entre US$ 1 bilhão e US$ 10 bilhões e US$ 158 bilhões, no
período analisado. Em razão disso, os pesquisadores envolvidos propõem a
transformação do PIM em EcoPIM (ou Polo EcoIndustrial de Manaus) e sugeriram a
compensação dessa externalidade positiva por intermédio da criação de uma taxa
compensatória (cobrada pela ONU e repassada aos governos dos Estados da Amazônia
e, principalmente ao Amazonas); da emissão de ações negociáveis de carbono e/ou do
estabelecimento de compensações governamentais e de mecanismos pactuados.

Portanto, denota-se que os incentivos fiscais que compõem a Zona Franca de Manaus
não se restringem ao mero crescimento econômico da região, pois a SUFRAMA vem se
valendo de parcerias e dos recursos da TAS para fomentar e promover pesquisas que
aprimorem a tecnologia regional fundada nas potencialidades da floresta, o que
responde às críticas de que o modelo seria falho por observar interesses externos e
desvinculados dos atributos locais.

Outrossim, há inúmeras condicionantes sociais e ambientais a serem observadas pelas


indústrias para gozarem dos incentivos fiscais do Polo Industrial de Manaus sem contar
a necessidade delas atentarem para o princípio da reciprocidade, de modo que um
percentual dos seus faturamentos devem ser revertidos, por meio do pagamento de
contribuições, a Fundos concernentes à interiorização do desenvolvimento, à realização
de pesquisas científicas e tecnológicas e ao turismo.

Nesse sentido, a ZFM se apresenta como modelo capaz de desenvolver


sustentavelmente a região amazônica ocidental. Apesar da delimitação temporal dos
incentivos fiscais (2.023) insinuar a insustentabilidade do modelo e dos problemas ainda
presentes no seu funcionamento (concentração de renda em Manaus e nas elites da
cidade), existem inúmeras atividades institucionais em cooperação com a iniciativa
privada que buscam a agregação de valor à produção gerada com insumos locais e a
consolidação fabril independente das prerrogativas extrafiscais. Há, também, a
vinculação das receitas do PIM a empreendimentos sociais. Ademais, a concentração
em atividades econômicas menos agressivas ao meio ambiente (em comparação com a
pecuária, extrativismo de madeira, agroindústria etc.) vem gerando externalidades
positivas em âmbito mundial que devem ser compensadas (financeira, tecnológica e
socialmente) em prol desse modelo de desenvolvimento.

5 CONCLUSÃO

O desenvolvimento abrangente corresponde ao desenvolvimento sustentável e requer a


atuação institucional em cooperação com a sociedade de forma multidimensional,
envolvendo a interrelação entre os segmentos econômicos, sociais, ambientais,
políticos, jurídicos, culturais etc. Trata-se de direito fundamental de terceira dimensão e
direito humano inalienável.

4138
Um dos instrumentos constitucionalmente previstos para a promoção do
desenvolvimento nacional, em conformidade com as desigualdades regionais e sociais e
em harmonia com o meio ambiente ecologicamente equilibrado, consiste na
extrafiscalidade, cujo exemplo de sucesso reside na Zona Franca de Manaus.

Esse modelo desenvolvimentista da Amazônia Ocidental, fundamentado em incentivos


fiscais condicionados a aspectos sociais e ambientais, inequivocamente ensejou
crescimento econômico para o Amazonas. Diferentemente da economia gomífera, a
Zona Franca de Manaus vem se adaptando às conjunturas mundiais e sociais e passou a
investir em interiorização de seus benefícios, na biotecnologia e na melhoria das
condições de vida dos amazônidas. Apesar da presença de fatores a serem
aperfeiçoados, são inequívocos os benefícios (expansão das liberdades) gerados pelo
modelo, bem como os êxitos ambientais constituídos pela garantia de preservação da
Floresta Amazônica na sua área de influência, o que pode (e deve) se internalizado
financeira e tecnologicamente para o PIM.

Por conseguinte, a avaliação da importância da ZFM deixa de perpassar pela renúncia


fiscal gerada por seus incentivos ou pelo seu prazo constitucionalmente delimitado, pois
o contributo fornecido por ela para a preservação ambiental sem obstar o
desenvolvimento econômico e social da Amazônia transcendem a conotação regional (e
até nacional) e alcança o âmbito internacional, o que deve corresponder a divisas ao país
(com a compensação das externalidades positivas geradas). Ou seja, o modelo
desenvolvimentista da ZFM é imprescindível para o desenvolvimento sustentável não
só da região, mas para a sustentabilidade (e subsistência) mundial e, principalmente, do
Brasil.

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[1] NUSDEO, Fábio. Sustentabilidade. In: MARQUES, José Roberto (Org.).
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[2] BARRAL, Welber. Direito e desenvolvimento: um modelo de análise. In:


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ótica do desenvolvimento. São Paulo: Singular, 2005. p. 33.

[3] BARRAL, Welber. Direito e desenvolvimento: um modelo de análise. In:


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[4] SEN, Amartya. O desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das
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[5] OLIVEIRA, Gustavo Henrique Justino de. Direito ao desenvolvimento na


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[9] SEN, Amartya. Reforma jurídica e reforma judicial no processo de


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[10] FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro, São
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[11] ORGANIZACIÓN DE LAS NACIONES UNIDAS. Declaración sobre el


derecho al desarrollo. Disponível em:
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[12] MACHADO, Paulo Affonso Leme Machado. Direito ambiental brasileiro. 14.
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[13] BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Declaração da conferência da ONU no


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[14] FERREIRA, Gustavo Assed. Desenvolvimento sustentável. In: BARRAL, Welber


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[15] CRUZ, Branca Martins da. Desenvolvimento sustentável e responsabilidade


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[16] BRASIL. Ministério do meio ambiente. Declaração do rio sobre meio ambiente e
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Conteudo=576/>. Acesso em: 27 ago 09.

[17] FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro, 8. ed.
São Paulo: Saraiva, 2007. p. 32.

[18] SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. 4. ed. São Paulo:
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[19] SILVA, José Afonso da Silva da. Direito ambiental constitucional. 5. ed. São
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[20] SILVA, José Afonso da Silva da. Direito ambiental constitucional. 5. ed. São
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[21] GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na constituição de 1988. 13. ed. São
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[22] BENJAMIN, Antônio Herman. Constitucionalização do Ambiente e Ecologização


da Constituição Brasileira. In: CANOTILHO, Joaquim Gomes; e LEITE, José Rubens
Morato (Orgs.). Direito constitucional ambiental brasileiro. São Paulo: Saraiva,
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[23] BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI 3540 MC/DF. Rel. Min. Celso de
Mello. Tribunal Pleno. Brasília. DF, 01 de janeiro de 2005. Disponível em:
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[24] BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE 466343/SP. Rel. Min. Cezar Peluso.
Tribunal Pleno. Brasília. DF, 03 de dezembro de 2008. Disponível em:
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[25] CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário. 11. ed.
São Paulo: Malheiros, 1998, p. 475-476.

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[26] GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na constituição de 1988. 13. ed. São
Paulo: Malheiros. p. 147-149.

[27] SOUZA, Washington Peluso Albino de. Direito econômico. São Paulo: Saraiva,
1980. p. 413-416.

[28] FONSECA, João Bosco Leopoldino da. Direito econômico. 4.ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2003. p. 241.

[29] SOUZA, Washington Peluso Albino de. Direito econômico. São Paulo: Saraiva,
1980. p. 435.

[30] SOUZA, Washington Peluso Albino de. Direito econômico. São Paulo: Saraiva,
1980. p. 417.

[31] SALAZAR, Admilton Pinheiro. Amazônia: globalização e sustentabilidade. 2. ed.


Manaus: Valer, 2006. p. 223.

[32] SALAZAR, Admilton Pinheiro. Amazônia: globalização e sustentabilidade. 2. ed.


Manaus: Valer, 2006. p. 231.

[33] SALAZAR, Admilton Pinheiro. Amazônia: globalização e sustentabilidade. 2. ed.


Manaus: Valer, 2006. p. 228.

[34] PEREIRA, Deusamir. Amazônia insustentável: Zona Franca de Manaus: estudo e


análise. 2. ed. Manaus: Valer, 2006. p. 97.

[35] PEREIRA, Deusamir. Amazônia insustentável: Zona Franca de Manaus: estudo e


análise. 2. ed. Manaus: Valer, 2006. p. 99.

[36] PEREIRA, Deusamir. Amazônia insustentável: Zona Franca de Manaus: estudo e


análise. 2. ed. Manaus: Valer, 2006. p. 105.

[37] SALAZAR, Admilton Pinheiro. Amazônia: globalização e sustentabilidade. 2. ed.


Manaus: Valer, 2006. p. 237.

[38] SUPERINTENDÊNCIA DA ZONA FRANCA DE MANAUS. Interiorização do


desenvolvimento. História. Disponível em: <
http://www.suframa.gov.br/zfm_historia.cfm>. Acesso em: 10 set. 09.

[39] PEREIRA, Deusamir. Amazônia insustentável: Zona Franca de Manaus: estudo e


análise. 2. ed. Manaus: Valer, 2006. p. 126.

[40] SUPERINTENDÊNCIA DA ZONA FRANCA DE MANAUS. Interiorização do


desenvolvimento. História. Disponível em: <
http://www.suframa.gov.br/zfm_hist_implantacaodi.cfm>. Acesso em: 10 set. 09.

[41] Informação fornecida por Oldemar Iank na Conferência Nacional sobre Direito
Ambiental e Questão da Amazônia, em Manaus, em 05 de setembro de 2009.

4144
[42] PEREIRA, Deusamir. Amazônia insustentável: Zona Franca de Manaus: estudo e
análise. 2. ed. Manaus: Valer, 2006. p. 115.

[43] PEREIRA, Deusamir. Amazônia insustentável: Zona Franca de Manaus: estudo e


análise. 2. ed. Manaus: Valer, 2006. p. 120.

[44] ROCHA, Ernesto dos Santos Chaves da. Os incentivos do ICMS na zona franca de
manaus. In: MARTINS, Ives Gandra da Silva; RAMOS FILHO, Carlos Alberto de
Moraes; e PEIXOTO, Marcelo Magalhães (Coords.). Tributação na zona franca de
manaus: comemoração aos 40 anos da ZFM. São Paulo: MP. 2008. p. 117.

[45] SUPERINTENDÊNCIA DA ZONA FRANCA DE MANAUS. Interiorização do


desenvolvimento.

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Acesso em: 11 set. 09.

[46] SUPERINTENDÊNCIA DA ZONA FRANCA DE MANAUS. Critérios de


recursos financeiros da SUFRAMA. Desenvolvimento regional. Disponível em:
<http://www.suframa.gov.br/zfm_desenvolvimento_ regional_carfs.cfm>. Acesso em:
11 set. 09.

[47] GUSMÃO, Omara Oliveira de. Zona franca de manaus: extrafiscalidade,


desenvolvimento regional e preservação ambiental. In: MARTINS, Ives Gandra da
Silva; RAMOS FILHO, Carlos Alberto de Moraes; e PEIXOTO, Marcelo Magalhães
(Coords.). Tributação na zona franca de manaus: comemoração aos 40 anos da ZFM.
São Paulo: MP. 2008. p. 171.

[48] Informação prestada na Conferência Nacional sobre Direito Ambiental e Questão


da Amazônia, em Manaus, em 05 de setembro de 2009.

[49] NUSDEO, Fábio. Sustentabilidade. In: MARQUES, José Roberto (Org.).


Sustentabilidade e temas fundamentais de direito ambiental. Campinas:
Millennium, 2009. p. 152-153.

[50] SUPERINTENDÊNCIA DA ZONA FRANCA DE MANAUS. Pesquisa científica


comprava contribuição do PIM para a redução do desmatamento na amazônia. Notícia
de 15/09/2008. Disponível em:
<https://www.suframa.gov.br/suf_pub_noticias.cfm?id=7255>. Acesso em: 11 set. 09.

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