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NARRATIVAS E PRODUÇÃO TRANSMÍDIA

[Construção de Universo Ficcional: Storyworld e Worldbuilding na Cultura Pop]


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WORLDBUILDING (a lógica das representações criadas por agentes produtores)

Mundos Imaginários (a diferença entre mundo primário e mundo secundário);


Quando numa Transmídia: Coerência Estética.

Imaginário e Realidade: os estudos das narrativas transmídia expandiram seu campo de investigação
para uma perspectiva mais ampla sobre a narrativa e seus elementos, concentrando-se mais na criação de
mundos ficcionais e no processo de construção de mundos que no caráter transmídia das tramas. Wolf
(2012) conecta a transmidiação aos conceitos de mundos imaginários e construção de mundos e apresenta
a noção de mundos primário, que diz respeito ao mundo real, e secundário, que trata do mundo ficcional.

Estética: O autor também argumenta sobre a necessidade de manutenção da lógica e da estética do mundo
criado em todas as mídias em que a narrativa for distribuída, a fim de que o mundo ficcional se mantenha
familiar ao espectador. Nesse sentido, não apenas a narrativa, mas também as personagens e os elementos
de composição visual devem se mover entre as diferentes plataformas.

[...] a construção de mundos diz respeito ao “processo de planejamento de um universo


ficcional [...] detalhado o bastante para permitir o surgimento de muitas histórias
diferentes, porém suficientemente coerentes para que cada história dê a impressão de
se ajustar às outras” (JENKINS, 2009, p. 376 apud MAGNO et al., 2019, p. 67)

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WORLDBUILDING (a lógica das representações criadas por agentes produtores)

Construção de Mundos (três variáveis):


a) Instituições Ficcionais (para o desenvolvimento da trama);
b) Exploração de Espaços (ambientação específica e detalhada);
c) Mundos Midiatizados (referenciais de, intertextualizando a obra).

Construção: há três variáveis pertinentes à construção dos mundos que, por sua vez, têm fundamental
contribuição à criação das personagens e ao desenvolvimento de suas tramas. São elas: (1) instituições
ficcionais; (2) exploração dos espaços; e (3) referências provenientes de mundos midiatizados.

(1) Johnson (2009) trata da criação ficcional de entidades – empresas, marcas e bens de consumo – com
a finalidade única de construir o mundo ficcional e apoiar o desenvolvimento da trama. Também analisa
como essas entidades se tornam fundamentais e relevantes à narrativa a ponto de transcenderem a história
e passarem a interagir com o público, preenchendo espaços e experiências da vida cotidiana;

(2) O espaço geográfico também desponta como elemento relevante à construção de mundo dos produtos
analisados. De acordo com Boni (2017) “detalhes visuais contribuem para atribuir consistência ao mundo
e ajudam a audiência a se familiarizar com ele”. Nesse sentido, busca-se identificar o modo como o uso
do espaço apresenta elementos que podem provocar o espectador a se conectar com o mundo ficcional;

(3) Freeman (2017), em estudo sobre a Disney, destaca a intertextualidade como um dos dois conceitos
presentes no processo de construção de mundo do universo de Mickey Mouse. É possível traçar um
paralelo com os produtos aqui analisados no sentido de que a intertextualidade também se revela como
parte do processo de criação, porém com uma possível função diferente: a de atribuir um caráter
midiatizado aos mundos criados.

[Os] textos midiáticos não apenas forjam histórias ou personagens; eles constroem
mundos a serviço de forjar personagens e histórias (FREEMAN, 2017, p. 93)

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Artigo: Expansões e Propagações de Conteúdos Transmídia / Seção: / Autor(es):

No que se refere à construção de um universo narrativo, Ryan (2014, 2018) defende a utilização do termo
storyworld e encontra suas raízes no referencial teórico advindo da narratologia. [...] Ryan destaca que “cada
meio é mais bem compreendido como um termo inerentemente polivalente, cujo sentido envolve dimensões
tecnológicas, semióticas e culturais.” (2014, p. 5). Em termos mais específicos em relação à construção do mundo
ficcional, Ryan (2013, p. 98) considera que “a noção de universo narrativo é central para o fenômeno da narrativa
transmídia, já que é ele quem amarra os vários textos do sistema”. (SOBRENOME, 2019, p. 151-152)

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STORYWORLD (as predefinições das histórias elaboradas pelos agentes produtores)

Mundo da História e “Cânone” na Cultura Pop;


O que será “Cânone” e o que não será?
Potencial Narrativo (executivos, produtores e consumidores).

Mundo e Cânone: Storyworld (Mundo da História) é a documentação que terá um grande significado,
porque é a principal referência, que garante que todos estão “no cânone”. A palavra “cânone” refere- se a
um conjunto de regras, crenças, princípios, personagens, eventos e assim por diante que são verdades para
o Storyworld. Todos que estão criando conteúdo para o Storyworld devem estar no cânone, ou então as
inconsistências criarão insatisfação para o público porque as histórias não vão soar verdadeiras. Além
disso, não oferecerá um caminho claro para a colaboração e irá criar problemas para você no
desenvolvimento de suas próprias histórias dentro do mundo ficcional.

“Cânone”: um benefício de criar a bíblia transmídia é distinguir o que é parte do mundo ficcional e que
não é. Entretanto, definindo-se o que não faz parte do Storyworld, descobre-se o que realmente fará parte
de um mundo maior, criando-se uma cultura popular.

Potencial: No desenvolvimento de um mundo que você quer criar, ele tem que ser grande o sufi ciente
para lhe dar muito espaço para várias histórias e personagens. Mesmo se você for implementar apenas
uma fração do mundo em primeira instância, você está preparando o terreno para futuras implementações:
série de filmes, jogos, livros e assim por diante.

O Storyworld é o universo narrativo que compõe todas as histórias que serão


“espalhadas” pelas diversas mídias do projeto (ARNAULT; TERRA, 2015, p. 6)

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BÍBLIA DO STORYWORLD (sistematização de tarefas)

Elementos:
a) Timeline;
b) Espaço e Territorialidade;
c) População;
d) Cultura;
e) Personagens Transmidiáticos.

Elementos da Bíblia do Storyworld:

a) Timeline: São eventos, guerras, tratados, fatos marcantes, histórias pregressas de personagens,
histórias futuras;

b) Espaço: Cenários /objetos - São elementos construtivos que dão base para criar um
entendimento sobre o mundo, além de sustentar a lógica e verossimilhança de toda a criação
(Bases de Worldbuilding). Geografia – (Topografia, Mapas e Mineralogia) –
locações/estados/cidades/cenários - dão noção espacial da história;

c) População: Quem habita seu universo? Como são? Onde habitam? Quais são suas
características? São divididos em grupos? Estudos de demografia fictícia ou não contribuem
para aumentar o conhecimento sobre o mundo criado;

d) Cultura: Cultura, Folclore e Lendas (Mitologia). Religião e Crenças. Deuses nórdicos,


panteão egípcio, Feng Shui, lendas urbanas modernas, folclore amazônico, cultos a deuses
fictícios. Toda e qualquer informação sobre ajudará a nortear histórias. f. Línguas, linguagens,
alfabetos, dialetos. Economia e Política. Ciência (Física, Química, Biologia, etc.) e Tecnologia.
Magias, Tratados Mágicos, Mecânicas de como funcionam as estruturas mágicas do mundo;

e) Personagens Transmidiáticos: Deve-se buscar o potencial da ligação psicoafetiva dos


personagens com o público na vida real, adicionando camadas e camadas nesta personagem,
dando densidade e profundidade psicológica. Toda história que lida com um universo maior
exige personagens engajem a audiência dentro e fora da narrativa. Segundo Nuno Bernardo,
“O que isto significa em termos práticos é que é vital o público saber quem é essa pessoa, para
onde estão indo, (...), de onde são provenientes. Concretizar (perceber) a história pregressa do
personagem (...).” (BERNARDO, Nuno. 2011).

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