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Narrativas Transmidiáticas
DIGITAL MEDIA AND AUDIOVISUAL IN ONLINE TEACHING - EDU681 - 2.2
Transmedia storytelling - narrativas transmidiáticas • 2/15
Objetivos de Aprendizagem
• Diferenciar storytelling e transmedia storytelling (narrativas transmidiáticas);
• Identificar os elementos base da construção da narrativa transmidiática;
• Analisar possibilidades da construção de narrativas através das mídias.
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Introdução
Construir histórias é o primeiro passo e estudamos no tema anterior que o
storytelling possibilita uma melhor contextualização, gerando maior engajamento
e conexão dos estudantes com o tema apresentado. Aliás, em todas as situações, o
storytelling tende a gerar empatia.
Agora damos um novo passo. Considerando a construção das histórias no contexto
das novas mídias, temos que elas podem ser desconstruídas e reconstruídas em
diferentes estruturas e em múltiplas variações. Além disso, existe a possibilidade
de que essas histórias possam ser construídas em diferentes mídias ou em uma
combinação de mídias. E vamos além, entendemos que para cada uma dessas
mídias podemos optar por uma variação dessa história, seja pelo acréscimo ou pela
retirada de pequenos detalhes da história original que faz com que a referência
base seja mantida. A mesma história de fundo, porém compondo diferentes saídas,
seja no desenvolvimento da história, seja em sua finalização, seja no contexto em
que se insere. É daí que nascem as narrativas transmidiáticas.
Na forma ideal de narrativa transmídia, cada meio faz o que faz de melhor – a
fim de que uma história possa ser introduzida num filme, ser expandida para a
televisão, romances e quadrinhos; seu universo possa ser explorado em games
ou experimentado como atrações de um parque de diversões. Cada acesso
à franquia deve ser autônomo, para que não seja necessário ver o filme para
gostar do game, e vice-versa. (Jenkins, 2009, p.138)
A Questão é simples: storytelling temos uma mídia e uma história; narrativa transmidiática,
múltiplas mídias e múltiplas histórias que convergem e se complementam.
Transmídia no cinema
Estudo de Caso
Jeff Gómez, especialista nessa técnica e diretor de vários projetos transmídia para a
Coca-Cola e Disney, listou as oito chaves a seguir:
1. Conteúdo: é criado por um ou vários visionários, que mantém a unificação das
diferentes histórias que podem aparecer.
2. Transmídia: presente desde quando se começa a criar a história e a desenvolver o
projeto, onde são predefinidos os passos para criar uma experiência transmídia
para a narrativa.
3. O conteúdo deve ser distribuído em pelo menos 3 plataformas, em três mídias
diferentes, que dão ao projeto mais variedade e criatividade.
4. O conteúdo é original e exclusivo para cada plataforma, com características
próprias, oferecendo novos elementos da história, melhorando a ação ou
introduzindo novos personagens.
5. O conteúdo mostra uma visão única do mundo narrativo, compartilhada por
vários meios. O mundo narrativo permanece o mesmo.
6. Centralizar diferentes percepções em uma única visão, evita divisões ou
inconsistências no mundo da narrativa.
7. Integração de todos os atores do processo para garantir que compartilhem o
mesmo objetivo e a mesma visão.
8. Participação de usuários é fundamental, seus comentários e ideias mantêm a
visão unificada e viva.
A transmídia vem da demanda de que um único texto não conseguiria abranger todo
o conteúdo da narrativa, que é explorado em outras mídias tais como jogos digitais,
histórias em quadrinhos, sites, vídeos on-line, blogs, redes sociais etc., possibilitando,
através da narrativa transmídia, desenvolver histórias de personagens secundários,
apresentar outras perspectivas da narrativa, ou completar “buracos” da história. Cada
mídia oferece novos níveis de revelação da história original.
A transmídia se apoia em uma tríade: a convergência dos meios de comunicação, a
cultura participativa e a inteligência coletiva. Na prática, portanto, a narrativa transmídia
é uma estratégia normalmente utilizada para:
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1. fazer uma ponte entre um texto principal – geralmente o filme – e suas sequências;
2. prenunciar evoluções no enredo de uma obra;
3. expandir a narrativa ou completar suas lacunas;
4. desenvolver histórias de personagens secundários, outros detalhes e
perspectivas da narrativa;
5. oferecer um apoio para o ingresso de um novo público à franquia;
6. construir universos que não podem ser esgotados em uma só mídia.
Observando as produções midiáticas contemporâneas na indústria do entretenimento,
percebe-se que existem certas peculiaridades que se relacionam com as novas formas
de se contar, recontar e consumir (ouvir/ver/assistir/jogar etc.) histórias. Tais mudanças
resultam do crescente desenvolvimento de objetos midiáticos pertencentes a uma nova
era de produtos culturais híbridos e imersos em redes textuais cada vez mais complexas.
Saiba Mais
Não confunda Transmídia com Crossmedia
Crossmedia
Transmedia
Ou seja…
E na educação
A transmídia pode ser utilizada ao dividir o tema em grupo para que cada grupo faça uma
abordagem diferente do tema ou de um ponto específico, apresentando em diferentes
mídias, trazendo como fio condutor um tema central de estudo com visões diferentes.
Vamos pensar num clássico: Dom Casmurro de Machado de Assis. O livro traz a visão
de Bentinho, contada por Dom Casmurro (que seria o Bentinho mais velho), sobre sua
relação com a Capitu. Pode ser explorada a visão da Capitu sobre os acontecimentos,
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Em Resumo
A narrativa transmidiática permite explorar diferentes mídias para compor e aumentar
a profundidade de uma história. Como se todas as perguntas que não foram
respondidas sobre um determinado filme ou livro ou mesmo música pudessem ser
respondidas em outros formatos, apresentadas como pistas que devem ser reunidas
para completar toda a história. Porém, separadamente também continuam a fazer
sentido e são completas em si mesmas.
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Referências Bibliográficas
Ford, S.; Green, J. & Jenkins, H. (2015) Cultura da Conexão - Criando valor e
significado por meio da mídia propagável. São Paulo: Aleph, 2015. Tradução:
Patricia Arnaud.
Jenkins, Henry. (2009) Cultura da convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph.
McSill, James. (2013) 5 lições de storytelling: fatos, ficção e fantasia. 1. ed. São Paulo:
DVS Editora.
Murray, Janet. (2003) Hamlet no holodeck: o futuro da narrativa no ciberespaço. São
Paulo: UNESP/Itaú Cultural.
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Imagens: Shutterstock