Balaústre

SECRETÁRIO ÍNTIMO

Três Vezes Poderoso Grande Mestre

Veneráveis Mestres Secretos

Introdução

A origem da maioria dos graus do Rito Escocês Antigo e Aceito

(REAA) surge em meados do século XVIII em França, em pleno
Iluminismo, embora a historiografia oficial remeta para os Estados
Unidos da América em 1801 (31 de maio), Charleston, Carolina do
Sul, local e data onde foi criado o “Primeiro Supremo Conselho do
Mundo”.
A Loja dos “Eleitos Perfeitos” de Bordéus (fundada em 1745 entre
outros, por Étienne Morin) dá mais tarde origem à Loja Mãe Escocesa
de Bordéus sendo a primeira “Potência Escocesa”.
A introdução destes graus criados em França, reagrupados sob a
qualificação de “Escoceses” (do Grau 4º ao 10º) complementaram os
Graus Simbólicos até aí existentes (1º, 2º e 3º), e proporcionaram
importantes acréscimos à “Lenda de Hiram”.
Surge assim pela primeira vez em 1750 o título de Secretário Íntimo,
Mestre por Curiosidade ou Mestre Inglês por Curiosidade
correspondente ao Sexto Grau, mais tarde integrado nos Graus
Inefáveis ou Lojas de Perfeição (do 4º ao 14º Grau) fazendo parte
das Lojas de Segunda Classe.

A Lenda

Este grau tem as suas origens no I Livro dos Reis, capítulo 9,

versículo 10 a 13, onde lemos:

“Depois de vinte anos, durante os quais construiu estes dois edifícios,

o templo onde ficaria a Arca da Aliança e o palácio real, o rei Salomão
deu vinte cidades da Galileia a Hiram, rei de Tiro, pois Hiram lhe havia
fornecido toda a madeira de cedro e de pinho e o ouro de que ele
precisou.
Mas, quando Hiram de Tiro foi visitar as cidades que Salomão lhe
dera, não foram boas aos seus olhos.

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Por isso disse: "Que cidades são essas que tu me deste, meu
irmão?". Chamando-lhes terras de Kabul (Terras de areia seca), um
nome que foi mantido até hoje. “

Desse relato bíblico, surge a lenda de que, convidado o rei de Tiro

para o funeral de Hiram Abif, retirando-se após a visita, visitou as 20
cidades recebidas como parte do pagamento do fornecimento dos
materiais e da mão-de-obra para a edificação do Templo.
Julgando-se enganado, dirigiu-se ao palácio de Salomão e levado
pelo ímpeto da sua indignação passou, precipitadamente, por entre
os guardas e foi, diretamente, à Câmara Real.
Johaben, um dos mais dedicados e fiéis secretários de Salomão,
observando a fúria do rei de Tiro, seguiu-o até a porta de Câmara,
onde, oculto velaria por Salomão.
Descoberto pelo rei de Tiro, este furioso exigiu a prisão de Johaben,
pois atribuiu ao fiel guarda, propósito de desrespeito à sua pessoa;
Salomão, porém, fez-lhe ver que Johaben, era digno entre os mais
dignos de seus servidores, assim procedera sem intuito de ofender
seu ilustre hóspede, mas simplesmente, levado pelo afeto sincero
que sempre manifestara ao seu rei.
Acalmado, o rei de Tiro aceitou as explicações e, compreendendo o
gesto do servidor, propôs a Salomão ser ele o escolhido para
secretário do tratado de aliança que deveriam assinar entre eles.

Tema do Grau

A história é interessante sob o ponto de vista moral, e as deduções

filosóficas que se tiram do seu conhecimento servem de base aos
trabalhos deste Grau.

O Ritual relata dois mal-entendidos que são fontes de erro, raiva e

conflito, alertando assim para todas as atitudes precipitadas
baseadas nas aparências ou em falsos juízos de valor.
Ambos são cometidos pelo Hiram, rei de Tiro. O primeiro erro é em
relação à divida de zelo do servo de Salomão.

O segundo prende-se com a sua avaliação das 20 cidades estéreis

que recebera de Salomão, onde aos olhos da sua ambição, somente
as partes negativas sobressaíram.

Este grau enfatiza a importância da palavra do Maçon bem como a

diferença entre a curiosidade sadia e a simples indiscrição, e deixa
claro o quanto a curiosidade a serviço de uma causa justa pode ser
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um fator estimulante para a inteligência, sublinha a sua utilidade no
caminho da verdade e na busca do conhecimento, sem o qual não
há progresso.
Para além do tema da curiosidade, que é explorado em profundidade,
encontramos também neste Grau o tema central das aparências e da
sua rejeição. Estes formam o mundo de ilusões, erros, aberrações.
Finalmente, o tema da aliança e o caráter sagrado da promessa
também são preponderantes.

Curiosidade no Dicionário Universal de Antoine Furetière é definido

como: desejo, paixão de ver, de aprender coisas novas, secretas,
raras e curiosas. Há uma curiosidade boa e uma negativa e o zelo é
definido como ardor, paixão que se tem por algo.

O secretário é aquele que por definição é o detentor de um segredo.

Que segredo é?

Catecismo
P – Sois vós Secretário íntimo?
R – O meu zelo foi tomado pela curiosidade.
P – O que vos aconteceu?
R – A minha vida correu grande perigo.
[ ... ]
P – O que aprendestes?
R – A ser zeloso, fiel, desinteressado e bondoso.
P – O que prometestes?
R – A Discrição.
P – Onde guardas os teus segredos?
R – No coração
P – De onde vindes?
R – De qualquer parte.
P – Onde ides?
R – A qualquer parte.

A curiosidade do Secretário Íntimo é motivada por uma causa

desinteressada e altruísta, cujo objetivo é proteger o seu Mestre da
ira do Hiram, rei de Tiro. Johaben, um homem de confiança ao
serviço do Rei Salomão, justifica a sua posição por zelo, lealdade e
coragem.

Podemos considerar a curiosidade como a vontade e o desejo de

descobrir que leva ao progresso no caminho da Sabedoria e do
Conhecimento.
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Os atributos do Secretário Íntimo são o Zelo e a Fidelidade
representados pelo Johaben. A Sabedoria, Benevolência e o
Altruísmo são ensinados pela atitude do Rei Salomão, a falta deles é
vista nas ações precipitadas e julgamentos do rei Hiram. No fundo
devem ser as algumas das virtudes a serem cultivadas não só na
Maçonaria, mas entre todos os seres humanos.

O curioso fica pelo caminho, quando não é destruído pela má

interpretação dos conhecimentos que adquiriu.
O zelo é útil e produtivo para quem quer realmente aprender.

Em resumo o Grau é baseado na ideia da busca constante de

conhecimento, o seu moral resume-se no respeito que devemos aos
segredos alheios, cuja descoberta e divulgação devemos evitar.
A indiscrição não passa de uma leviandade, e a falta de reflexão, que
leva a revelar os segredos alheios, é uma imprudência que pode ser
a origem de muitos males.

O Iniciado não deve querer subir por simples curiosidade, mas sim
por um desejo permanente de aperfeiçoamento.

1 – Ornamentação da Loja

O Templo decorado para este Grau representa a Sala de Audiências

do Rei Salomão, portanto, este é o primeiro Grau em que o Ritual
não se desenvolve no Templo de Salomão. A Câmara é revestida a
negro (que representa o mundo interior do homem) salpicada de
lágrimas brancas (simbolizando a tristeza e o luto pela morte de
Hiram Abif), três candelabros a iluminam; cada um com nove braços
(as nove luzes designam o número da humanidade).
Sobre o trono encontra-se um Ceptro e uma Espada Flamejante, que
representam o Intelecto e a Autoridade, e um rolo de pergaminho que
simboliza pela materialização da escrita, a palavra que, fixada em
suporte escrito, assume definitivamente ou por um determinado
período o caracter de um compromisso irreversível.
Neste Grau há uma presidência compartilhada. Dois tronos, um para
o Rei Salomão, rei dos Judeus, (O Presidente toma o título de
Ilustríssimo ou Três Vezes Ilustre Mestre) outro para Hiram, rei de
Tiro (1º Vigilante) representam a dualidade do poder baseada na
lenda do grau e simbolizam a subconsciência e a consciência no
homem.
Há mais dois oficiais, um Capitão das Guardas (2º vigilante),
representando Zerbal e um Tenente (Experto), mas que no momento
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da receção os dois Chefes estão a sós na Loja, estando todos os
outros no exterior, supostamente a formar a sua guarda.
O Guarda do Templo toma o nome de Sentinela e o Orador e o
Secretário ocupam os lugares habituais.
Por fim o recipiendário representa Johaben.

2 – Mistérios do Grau

Palavras:
Sagrada – Ivah (abrev. de Jehovah, palavra referente à divindade)
Passe – Johaben ‫ ןבאוהי‬Também nomeado por Iohaben, Jabin,
Jocabert, Johaber; Johabert, Joazert, palavra hebraica que significa
«filho de Deus», (nome do Curioso, recipiendário)
Resposta – Zerbal: ‫( לץרבז‬nome do capitão das guardas)

Toque – Garra de Mestre:

1º Movimento: Berith: ‫( הירב‬palavra hebraica para "Aliança");
2º Movimento: Neder: ‫( רךנ‬Voto, Oferta, Promessa);
3º Movimento: Schelemoth: ‫( הזםלש‬Perfeição, Integro, Puro).

As 3 palavras Berith, Neder, Schelemoth: significam: Uma Aliança

Pura e Perfeita é o pacto entre o espírito e a matéria.
(Aliança, Promessa e Perfeição)

Sinais
Ordem – Levar a mão direita ao ombro esquerdo, e fazê-la descer
ao quadril direito em diagonal.
Resposta – Cruzar os braços horizontalmente na altura do peito,
baixando-os depois até ao punho da espada, elevando os olhos céu.
Bateria – 27 pancadas, por 8 e 1, vezes 3. !!!!!!!! !
(nesta camara não se utiliza o malhete, os golpes e as baterias são
dadas com o cabo da espada)

3 – Insígnias do Secretário Íntimo

Avental – Branco forrado e debruado de vermelho, contendo sobre

a abeta um triangulo dourado. No centro 2 letras hebraicas YOD e
HEH contornadas por outras 3 letras (no sentido horário) BETH, NUN
e SHIN.
Fita – Fita carmesim ao pescoço, da qual pende a joia.
Joia – 3 triângulos entrelaçados (9 pontas) com as mesmas 3 letras
inscritas.
Luvas – Brancas
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Idade – Dez, duplo cinco (representação pitagórica na forma de um
triângulo, denominado "triângulo perfeito" Tetraktys)
Marcha – não há marcha.
Hora de início dos trabalhos – terceira hora do dia.
Hora de encerramento dos trabalhos – sexta hora do dia.

O Grau 6 é dado por comunicação, ou seja, dispensa a Iniciação.

Relacionamento entre Graus

Relacionamento com o grau de Mestre Secreto

Precisamente, através do conhecimento de algo secreto.
Porque será que Hiram ficou tão furioso quando percebeu que estava
sendo espionado?
Talvez ele temesse que algum segredo seu fosse revelado.

Albert Pike dá o nome de “Confidental Secretary” referindo-se ao

confiante, aquele a quem se confia segredos e que os sabe guardar.
Em ambos os Graus, trata-se de conhecer e guardar segredos,
embora de natureza diferente.
O Mestre Secreto guarda objetos sagrados.
O Secretário Íntimo guarda um acordo sagrado entre duas pessoas.

Relacionamento com o grau de Mestre Perfeito

O Mestre Perfeito é admitido ao Capítulo, onde anteriormente
apenas os dois Reis e Hiram Abbiff entraram.
O Secretário Íntimo é admitido às deliberações entre os dois Reis,
ou seja, ele é admitido a um Capítulo interior, aos segredos e
pensamentos dos Reis.

Do Mestre Secreto ao Secretário Íntimo, passando pelo Mestre

Perfeito, o Iniciado entra em um círculo cada vez mais interior (mais
íntimo).

Estes 3 Graus fazem parte dos Graus Inefáveis, que não se pode
pronunciar, nem falar, ou seja, Tetragramaton, o sagrado nome de
Deus, o qual segundo a tradição judaica, é proibido pronunciar.
O ensinamento destes graus tem como objetivo a procura do
Conhecimento que é feito através do aprofundamento da lenda da
morte de Hiram, na reconstrução de uma nova ordem ou lei, após o
caos gerado pela morte.
Entre os três graus há, portanto, uma continuidade.

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Em resumo:
o Mestre Secreto guarda coisas, objetos;
o Mestre Perfeito guarda o coração de uma pessoa morta;
o Secretário Íntimo guarda os segredos de duas pessoas vivas;

Desta forma os três graus implicam guardar segredos. Mas esses

segredos são transformados, dos mortos para os vivos.
O renascimento de Hiram está se formando...

6º. GRAU: SECRETÁRIO ÍNTIMO ou MESTRE POR CURIOSIDADE

(Grau Inefável concedido pelas Lojas de Perfeição)
É dedicado à necessidade constante da busca do conhecimento, sem o qual não há
progresso. Contudo, adverte para a simples curiosidade, capaz de gerar prejuízos.

Três Vezes Poderoso Grande Mestre

Veneráveis Mestres Secretos

Disse,

Jorge Lourenço,

Traç∴ ao Vale de Lisboa em Abril de 2022 (e∴v∴)

Literatura consultada;
Symbollique des Grades de Perfection et des Ordres de Sagesse - Irène Mainguy
Rito Escocês Antigo e Aceito 1º ao 33º - Rizzardo da Camino
REAA Ordenanças Graus Inefáveis: Cobridor – João Ferreira Durão
Secretário Íntimo – Jorge Adoum
Moral e Dogma – Albert Pike
Guia Maçonica – Lavoisier 33:.
Trolhamento dos 33 Graus do REAA – tradução João P. R. Dias
Dicionário da Antiga e Moderna Maçonaria – Manuel Pinto dos Santos

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