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Apostila Digital - e-book

BIOAPROPRIADA

Um guia essencial
para a saúde e
bem-estar do
seu animal.

Licensed to Rodolfo Evangelista de Abreu - rodolfogbarra@hotmail.com - 012.100.531-36


SOBRE O AUTOR
“Você já se questionou que o foco não deveria
ser a doença, mas a ausência dela?

Você é meu aliado para construirmos uma nova


medicina veterinária.” Artur Vasconcelos

Médico veterinário funcional, adepto e defensor da


alimentação natural bioapropriada para cães há 18 anos.

Graduação e residência em clínica médica de pequenos


animais pela Universidade Federal de Minas Gerais -
UFMG.

Palestrante sobre alimentação natural e imunização de


cães e gatos.

Tutor orgulhoso da Kira, do Khenpo e do Sheidt, minha


turma de quatro patas.

Material desenvolvido
com o apoio do Convite a Sáude.
https://conviteasaude.com.br/

https://www.arturvasconcelos.com.br/
instagram @arturvasconcelos.vet

Protegida por direitos autorais ©arturvasconcelosveterinario

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Conteúdo

ANTES CAP. 1 - INTRODUÇÃO


Comida de verdade 01

DO
Ancestralidade da Dieta Canina 03
Ração não é opção 04
Benefícios da Alimentação Natural 08

CAP. 2 - DIETAS NATURAIS PARA CÃES

NASCER
Tipos de Alimentação natural 09
Ingredientes da Alimentação Natural 12
Proporção entre os alimentos na dieta 13
Ossos não deveriam ser polêmica 14

DO SOL
Escolhendo o osso para seu animal 17
Carnes, vísceras musculares e vísceras secretoras 19
Sardinhas valem ouro 21
Vegetais, verduras e frutas 22
Outros Alimentos 23
Suplementos 24
Prebióticos e probióticos 26

CAP. 3 - ALIMENTAÇÃO NATURAL NA PRÁTICA


Onde encontrar os ingredientes da Alimentação Natural 27
Como calcular a quantidade de comida para o cão 28
Quantas refeições por dias oferecer 30
JeJum é perfeitamente natural 31
O que o cachorro não pode comer 33
Lista de Equipamentos 35
Considerações sobre cão filhote 36

CAP.4 - PERGUNTAS FREQUENTES 38

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1. INTRODUÇÃO

Comida de verdade não precisa de explicação. Nunca essa


máxima da nutrição foi tão atual.

A prática de alimentar cães com dietas caseiras baseadas em


alimentos frescos, popularmente conhecida como alimentação
natural, bateu à nossa porta nos últimos anos, prometendo não ir
embora. É impossível permanecer alheio ao movimento, mesmo
aos mais desinteressados dos veterinários e tutores.

Mas porque largar a praticidade das rações e se aventurar por um


assunto tão polêmico? Não é difícil culpar o alimento
industrializado quando nosso objetivo não é alcançado. Cada vez mais
nossos animais vivem menos e apresentam mais doenças de comum
associação com a má alimentação e um estilo de vida
inadequado. Câncer, endocrinopatias e obesidade, para citar
algumas delas. Nós mesmos já nos preocupamos com a nossa própria
dieta. Com a tendência dos cães ocuparem papel central nas famílias, é
natural estender a eles o benefício de uma alimentação mais
adequada possível.

Infelizmente, a maioria dos veterinários não recebe treinamento


adequado para orientar sobre nutrição e alimentação de
carnívoros domésticos durante a graduação. Em menos de 50 anos,
deixamos de oferecer alimentos frescos aos nossos
animais para desacreditarmos na possibilidade de alimentá-los
senão com alimentos processados. Interessante, não?

Atualmente, o termo “alimentação natural” engloba uma gama


extensa de práticas alimentares sob diferentes interpretações, de
complexidade variável. Infelizmente, algumas delas são pouco
diferentes de versões caseiras de rações extrusadas. E outras, são
questionáveis quanto à sua viabilidade e segurança.
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Nesse e-book apresento para vocês um modelo simples e prático: o
quanto mais nos aproximarmos da dieta do lobo em ambiente
silvestre, mais próximos estaríamos da dieta ideal para o cão.

Em outras palavras, deveríamos alimentá-los com carnes, ossos e


vísceras cruas, suplementadas com um mínimo de material
vegetal. Com nomenclatura ainda mais atual, seria o que
chamamos de dieta bioapropriada.

O QUE É A ALIMENTAÇÃO NATURAL PARA CÃES?

Uma alimentação natural ou bioapropriada (apropriada para a


espécie, ou espécie-específica) é aquela que fornece todos os
nutrientes necessários para que o indivíduo viva com saúde,
respeitando a sua fisiologia e evolução.

No caso dos cães, a dieta deve conter uma alta quantidade de proteína
animal, concentração moderada de gordura e pequena quantidade de
material vegetal (frutas e vegetais, algas e sementes), fonte de
fibras, fitoquímicos e algumas vitaminas e minerais. Os cães não
precisam de carboidratos para produzir energia. Além disso, os
alimentos devem ser frescos, úmidos e não processados.

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Para garantir que a dieta seja ideal para o seu cão, um veterinário
experiente na prescrição de dietas caseiras pode ser o seu maior
aliado. Animais podem ter necessidades individualmente diferentes
e, algumas vezes, apresentam doenças ou condições especiais que
exigem uma adequação na proporção entre os alimentos.

Além disso, em alguns modelos de dieta é necessário suplementar


a alimentação natural com algumas vitaminas e minerais.
A deficiência ou o excesso de alguns nutrientes podem ser
extremamente prejudiciais à saúde.

ANCESTRALIDADE DA DIETA CANINA

Antes de serem domesticados, os cães viviam na natureza e se


alimentavam de caça. O principal ingrediente da dieta era a carne, um
alimento rico em proteína, úmido e com a presença
de microrganismos.

Isso mesmo! O aparelho digestivo animal é perfeitamente


adaptado para consumir alimentos contendo alguns microrganismos,
sem que isso traga qualquer problema. Muito pelo contrário,
as bactérias que naturalmente ocorrem nos alimentos são
importantes para o desenvolvimento de uma microbiota intestinal
saudável.

Com a domesticação, alguns cães, por serem animais adaptáveis,


se tornaram mais tolerantes ao consumo de alimentos ricos em
carboidratos (como o tubérculos, e grãos como milho, trigo e arroz,
por exemplo). Porém, eles estão longe de ser o alimento ideal.
Os efeitos em longo prazo de uma alimentação inapropriada são
devastadores para o organismo dos animais.

Eles sobrevivem, mas não têm a saúde, o vigor e a longevidade dos


seus ancestrais não domesticados.

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AS RAÇÕES COMERCIAIS

As rações comerciais contêm uma quantidade excessiva de


carboidratos, especialmente na forma de grãos que não foram
considerados apropriados para o consumo humano e seriam
descartados.

Além disso, contêm partes dos animais e peixes que sobram na


indústria de alimentos, gordura descartada por restaurantes,
e até restos de animais doentes, eutanasiados e mortos nas estradas.

Todo este material é submetido a um processamento térmico, numa


instalação chamada graxaria, que transforma a proteína animal em
material para a indústria da ração. Este material é
misturado a uma grande quantidade de amido (milho, trigo, arroz e
batata), é feita a extrusão em alta temperatura e pressão e, por fim, são
colocados suplementos e minerais sintéticos, para criar a
ração que conhecemos.

A ração é conveniente e prática, mas não


promove saúde.

Imagine comer a mesma comida todos os dias,


a vida inteira!

Ainda por cima um alimento desidratado, processado


extensivamente, com alto teor de carboidratos, pouca proteína
(e a maior parte dela de origem vegetal) e contendo vários aditivos
e conservantes.

Não é à toa que a maioria dos cães atualmente está acima do peso, ou
obeso, e a incidência de alergias, problemas cardiovasculares,
endócrinos e câncer é enorme.

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RAÇÃO NÃO
É OPÇÃO
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AS RAÇÕES COMERCIAIS

1. SÃO FEITAS COM INGREDIENTES ULTRAPROCESSADOS,


NÃO NATURAIS À ESPÉCIE

Comp ostas p or resíduos de abatedouros industriais e, principalmente,


p elas partes menos nobres de grãos cultivados em regime de mono cultura.

Os grãos, esp e cialmente, nunca fizeram parte da dieta do lob o e da maior


parte da história de 30 mil anos do cão doméstic o c omo sub esp é cie do lob o.

Não me espanta o número cada vez maior de pacientes c om alergias,


hipersensibilidades e problemas gastrointestinais no consultório, visto
que lidam c om proteínas e fatores anti-nutricionais aos quais não eram
exp ostos antes.

2. É RICA EM CARBOIDRATOS

Composta basicamente por milho, trigo, arroz ou outros grãos, as raç õ es


ofere c em mais de 50% de suas calorias originadas de carboidratos.

Vale lembrar que não há re quisito mínimo de carb oidratos na dieta dos
cães, nem mesmo fibras, é um nutriente não essencial.

A alta carga glicêmica pode ser o denominador comum das doenças


mais prevalentes na esp é cie hoje:

/ Cardiopatias ;
/ Nefropatias ;
/ Dermatopatias ;
/ Câncer ;
/ Obesidade e problemas endócrinos.

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3. NÃO POSSUI NÍVEIS ADEQUADOS DE NUTRIENTES

Estudos re c entes mostram que a maioria das raç õ es não atendem aos
requisitos mínimos ou máximos de nutrientes exigidos p elas instituiç õ es
oficiais c omo o NRC, AAFCO e FEDIAF.

Esqueça então o Marketing “completo e balance ado”.

Os problemas que iss o acarreta são silencios os, e s e des envolvem ao longo
da vida do animal. Mas há p ossibilidade tamb ém de problemas agudos.

4. NÃO OFERECE A ABRASÃO DENTÁRIA NECESSÁRIA PARA


UMA BOA SAÚDE ORAL

O resultado é que quas e to da a p opulação de cães hoje s ofre de doença


periodontal e suas c ons e quências diretas:

/ Valvulopatias ;
/ Gromerulonefrites ;
/ Perda dentária ;
/ Dor ;
/ Alterações de ordem imunológica.

5. ESTÁ POTENCIALMENTE CONTAMINADA

Bactérias, fungos e outros parasitos p o dem s er resistentes à extrusão ou


s e des envolverem ap ós este pro c ess o.

Mais perigosas ainda são contaminações p or aflatoxinas (de origem


fúngica), herbicidas (como o glifosato), p-BPA, entre outros, como metais
pesados.

Em 2007, uma contaminação por melamina de vár ias rações e pe t iscos que
cont inham glúten de milho chinês, causou complicações relacionadas à
insuficiência renal em até 5 mil cães nos E UA, com óbito de vár ios deles.

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BENEFÍCIOS DA ALIMENTAÇÃO NATURAL PARA CÃES

Maior resistência a doenças infecciosas, especialmente virais;


Melhora de problemas de pele e alergias;
Pelagem brilhante e macia;
Ganho de massa muscular; fezes firmes e com menos odor;
Menos gases;
Boa hidratação;
Dentes limpos e gengivas saudáveis;
Melhora na cognição;
Mais vitalidade.

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2. DIETAS NATURAIS PARA CÃES

Podemos classificar a alimentação natural canina em três principais tipos:

Alimentação natural cozida


Alimentação natural crua sem ossos
Alimentação natural crua com ossos

A indicação do melhor tipo de dieta, sua formulação e a prescrição dos


suplementos, deve ser feita, preferencialmente, por um veterinário experiente
com dietas caseiras. Mas é sempre um responsabilidade e decisão do tutor.

Alimentação natural cozida

Vantagens
Bastante palatável, em especial para cães muito seletivos;
Mais familiar para o tutor que está começando com a prática;
Não requer congelamento prévio;
Menor carga bacteriana, o que pode ser interessante para cães
imunossuprimidos ou com problemas gastrointestinais.

Desvantagens
Mais trabalho para preparar o alimento;
Menor rendimento;
Maior custo;
Requer suplementação (especialmente cálcio);
Perda de alguns nutrientes com o cozimento.

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Alimentação natural crua sem ossos

Vantagens
Praticidade no preparo, pois não requer cozimento;
Fácil ingestão por filhotes, cães de pequeno porte e braquicefálicos;
Maior teor de água;
Melhor valor nutricional

Desvantagens
As carnes devem ser congeladas por alguns dias antes de serem oferecidas;
Requer suplementação (especialmente cálcio);

Alimentação natural crua com ossos

Vantagens
Praticidade no preparo, pois não requer cozimento;
Mais econômica, pois os ossos carnudos têm custo baixo;
Melhor valor nutricional;
Dispensa a suplementação de cálcio;
Maior teor de água;
Combate o cálculo dentário;
A mastigação de ossos oferece estímulo mental.

Desvantagens
As carnes devem ser congeladas por alguns dias antes de serem oferecidas;
Alguns cães não conseguem mastigar os ossos com segurança.

É o tipo de dieta mais apropriada para os cães, pois se assemelha


à alimentação deles na natureza.

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Fotos Ilustrativas Alimentação Natural Bioapropriada.
Autor: Artur Vasconcelos

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INGREDIENTES DA ALIMENTAÇÃO NATURAL

Os cães devem receber, na alimentação natural, os mesmos tipos de alimentos


que consomem na natureza:

Proteína de origem animal;


Gordura de boa qualidade;
Pequena quantidade de frutas e vegetais ricos em fitoquímicos e fibras;
Outras fontes naturais de minerais, vitaminas e ácidos graxos.

Além disso, os alimentos devem ser frescos, úmidos e não processados. As


carnes são a base da dieta dos cães e devem, preferencialmente, ser oferecidas
cruas.

Os cães NÃO PRECISAM de grãos, tubérculos, corantes, conservantes


artificiais, aditivos, produtos químicos ou comidas processadas.

Fotos Ilustrativas Alimentação Natural Bioapropriada.


Autor: Artur Vasconcelos

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Proporção entre os alimentos na dieta

A dieta ideal do cão é rica em proteínas de origem animal, tem quantidade


moderada de gorduras e é pobre em carboidratos, o que corresponde à
composição de uma presa na natureza. Geralmente, a proporção indicada entre
os alimentos, na dieta crua com ossos, é:

30% de carnes desossadas;


5%
30% de ossos carnudos; 5%
20% de vísceras musculares;
10%
10% de vísceras secretoras; 30%

5% de frutas e vegetais;
5% de outros alimentos. 20%

30%

Em dietas cruas ou cozidas que não incluem ossos, sugiro as seguintes pro-
porções:

50% de carnes desossadas;


20% de vísceras musculares; 5%
10% de vísceras secretoras; 15%
15% de frutas e vegetais;
5% de outros alimentos.
10% 50%

20%

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Ossos não deveriam
ser uma polêmica.

Os cães sempre
comeram ossos,
desde o início
da sua evolução
em subespécie,
há 30 mil anos
atrás, e o fazem
até os dias de
hoje.

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Ossos carnudos
Os cães sempre comeram ossos, desde o início da sua evolução em
subespécie, há 30 mil anos atrás, e o fazem até os dias de hoje.

Considerando que a dieta natural ideal de um cão é baseada


principalmente no consumo completo, ou quase completo, de presas
variadas, e os ossos e cartilagens que compõem o esqueleto
do animal abatido são essenciais para uma boa nutrição .

Ossos são seguros

Quando oferecidos crus, sob supervisão, e escolhidos de acordo com


o tamanho e comportamento mastigatório do seu cão, ossos são
muito seguros. São componentes fundamentais na dieta e possuem
diversos benefícios não replicáveis.

Não se iluda! O consumo de ração também leva a vários problemas e


pode ocasionar acidentes graves, como asfixias, dilatação e
torção gástrica.

NUNCA ofereça ossos cozidos ao seu cão, pois eles podem lascar e
formar pontas afiadas e perigosas.

Melhor forma para equilibrar minerais

Ossos são muito mais que cálcio!


São essenciais para o fornecimento, em equilíbrio, de vários
minerais.

Frequentemente, dietas suplementadas com outras fontes de cálcio


(como cascas de ovos e manipulações de carbonato de cálcio)
apresentam-se deficientes em fósforo e outros minerais, e podem
levar a complicações, especialmente para filhotes.

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Ricos em colágeno

O colágeno é o principal componente da matriz orgânica dos ossos.

Ele é essencial para o fornecimento de glicina e prolina,


aminoácidos que geralmente estão em falta na maioria das dietas
caseiras. O equilí brio aminoacídico da dieta é essencial para a saúde
da pele, das articulações, do intestino e do sistema imunológico .

Dieta Bioapropriada

Além de deixar as fezes em menor volume e com menos odor, a oferta


de ossos permite uma dieta o mais próxima possível da natural, com
mínimo material vegetal, e com isso menos carboidratos e fibras,
que podem ter função anti-nutricional e ocasionar interferência na
digestibilidade protéica e de vitaminas lipossolúveis.

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ESCOLHENDO OS OSSOS PARA SEU ANIMAL

Cães de grande porte


Pescoço de peru e pato;
Pés de frango, peru e pato.
Cortes maiores de frango: coxas, sobrecoxas, dorso,metades;
Costela em ripas, peito e pescoço bovinos serrados;
Costela em ripas, paleta e pescoço de ovino, caprino e suíno;
codornas inteiras;
Coelhos inteiros ou cortados pela metade.

Cães de médio porte


Sobrecoxas, dorso e asas de frango;
Pescoço de peru e pato; peito bovino serrado;
Costela em ripas de ovino, caprino e suíno;
Codornas inteiras ou cortadas pela metade;
Coelhos cortados pedaços grandes;
Pés de frango, peru e pato.

Cães de pequeno porte


Pescoço, cabeça e drumet de frango, Rã, Codorna em pedaços;
Pescoço de peru e pato moídos;
Osso do peito de ovino picado ou moído;
Pés de frango, peru e pato picados ou moídos;
Coelho inteiro moído.

Cães esfomeados tendem a mastigar pouco os ossos e


engoli-los inteiros. Nesse caso, os ossos, especialmente
o pescoço e os pés, devem ser picados em pedaços menores
ou moídos.

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ESCOLHENDO OS OSSOS PARA SEU ANIMAL - TABELA

BRAQUICEFÁLICOS
CÃES DE GRANDE CÃES DE MEDIO CÃES DE PEQUENO
DE MÉDIO OU
PORTE PORTE PORTE
PEQUENO PORTE

Cortes maiores de Sobrecoxas, dorso e Pescoço, cabeça e As mesmas


frango - coxas com asas de frango. drumet de frango, rã, recomendações dos
sobrecoxas, dorso, codorna em pedaços animais de pequeno
metades (*) porte, quando bem
ensinados a
Pescoço de peru e Pescoço de peru e Pescoço de peru e
mastigar
pato inteiros (*) pato (*) pato moídos

Costela em ripas, Osso do peito de


peito e pescoço Peito bovino serrado ovino ou caprino, Para os gulosos,
bovino, serrados picado ou moído (**) sempre picar em
pedaços bem
Costela em ripas,
pequenos ou moer
paleta, pescoço e Costela em ripas de Pés de frango, peru e
qualquer tipo de osso
cabeças serradas de ovino, caprino e pato picados ou
ovino, caprino e suíno moídos (**)
suíno

Codornas inteiras Codornas inteiras ou Coelho inteiro moído


cortadas pela
metade

Coelhos inteiros ou Coelhos cortados


cortados pela pedaços grandes
metade

Pés de frango, peru e Pés de frango, peru e


pato (**) pato (*)(**)

(*) Para cães esfomeados, que tendem a mastigar pouco os ossos e tentar deglutí-los
inteiros, recomendo que sejam picados em pequenos pedaços, ou moídos.

(**) Ossos com pouquíssima quantidade de carne. No cálculo das proporções, contar
somente como osso (a maioria dos ossos carnudos tem metade carne, metade osso).
Com isso ajustar o resto da dieta, aumentando a quantidade carne desossada.

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CARNES, VÍSCERAS MUSCULARES E VÍSCERAS SECRETORAS

As carnes são os principais componentes da dieta dos cães. Elas


fornecem proteínas, gordura, vitaminas, minerais e água.

Especialmente nas vísceras musculares e secretoras, há uma


quantidade grande de nutrientes como as vitaminas A, D, C, E, K e do
complexo B, ácido fólico, cobre, zinco, magnésio, manganês, sódio,
fósforo, ferro, selênio e potássio.

É importante variar os tipos de carne oferecidos para garantir uma


boa quantidade de cada um dos micronutrientes essenciais.

Tipos de carnes sem ossos:

Bovinos: cortes magros de acém, músculo, coxão duro, lagarto;


Aves (frango, peru, pato): peito, coxa e sobrecoxa desossadas
(retirar pele e gorduras visíveis);
Suínos: filezinho e lombo;
Peixes: sardinha, cavalinha, peixes brancos;

Além disso, podem ser utilizados outros tipos de carnes como


avestruz, cordeiro e cabra. Porém, são mais difíceis de encontrar
e têm custo mais elevado .

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Tipos de vísceras musculares:

Bovinos, ovinos e caprinos: língua, coração, pênis, estômago;


Aves (frango, peru e pato): coração e moela;
Suínos: coração, estômago e língua;

Tipos de vísceras secretoras:

Bovinos: fígado, baço, rim, pulmão, testículo, pâncreas, linfonodos, olhos,


timo, cérebro, intestinos, próstata, útero, ovários, placenta e bexiga;
Ovinos, caprinos e suínos: fígado, baço, rim, pulmão, testículo;
Aves: fígado;
Peixes: fígado, guelras, ovas, cérebro e olhos.

Algumas vísceras não possuem venda regulamentada no país, mas podem ser
encontradas diretamente com produtores, peixarias e em açougues que fazem
descarna. Recomenda-se cuidado com a escolha, manipulação e conservação,
porque se estragam facilmente e podem conter cargas de contaminação mais
altas.

Fotos Ilustrativas Alimentação Natural Bioapropriada.


Autor: Artur Vasconcelos

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Sardinhas valem ouro!

As sardinhas, especialmente inteiras e não evisceradas, são um alimento


extremamente rico e interessante na dieta dos cães. Recomenda-se que elas
ocupem em torno de 5 a 10% da dieta e, nessa quantidade, podem entrar
substituindo parte da carne muscular desossada.

Sardinhas em lata também são interessantes, lavando os pedaços em água


corrente antes de oferecê-los.

Foto Sardinha, Kefir e ovos.


Autor: Artur Vasconcelos

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Vegetais
Para a dieta dos cães, os vegetais não são essenciais. Carnívoros têm
dificuldade em assimilar os nutrientes das células vegetais porque não
conseguem quebrar a parede celular sozinhos. Mas eles fornecem fibras e
fitoquímicos com propriedades antioxidantes e vermífugas, não devendo
ultrapassar 20% da dieta (preferencialmente devem constituir menos do que
isso). Em dietas que não contêm ossos uma maior porcentagem de vegetais
na dieta ajuda a manter as fezes com melhor consistência.

Os legumes podem ser cozidos no vapor ou em água para melhorar seu


aproveitamento. O ideal é que sejam sempre processados em pasta, para
facilitar a digestão. As frutas podem ser oferecidas cruas, mas não devem
ultrapassar 5% da dieta.

Sementes e algas devem ser sempre processadas antes da oferta através de


moagem, cozimento, demolhagem, fermentação ou germinação.

Verduras

Folhas verdes: acelga, rúcula, agrião, espinafre, alface-romana, azedinha,


chicória;
Crucíferas: couve, brócolis, couve-flor, repolho;
Vegetais fibrosos: abobrinha, chuchu, salsão, pepino, aspargo;
Solanáceas: jiló, berinjela, tomate e pimentão devem ser evitadas para
animais com alterações intestinais e inflamatórias.
Abóbora e tubérculos como cenoura vermelha, inhame, batata baroa e
yacon podem ser incluídos para animais sem tendência a ganhar peso,
com muita moderação.

Ervas, brotos e raízes

Frescas ou secas: hortelã, manjericão, alecrim, orégano, tomilho, salsinha,


coentro, funcho, moringa (utilizar em pequena quantidade);
Brotos: linhaça, brócolis, girassol e alfafa;
Raízes frescas ou desidratadas em pó: cúrcuma, gengibre
(utilizar em pequena quantidade).

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Frutas
Frutas vermelhas: amora, mirtilo, framboesa, casca de jabuticaba, acerola
sem semente, pitanga sem semente;
Abacate e coco fresco (moído);
Bananas frescas verdes ou em biomassa;
Frutas ricas em água: melão, melancia, kiwi, pêra sem sementes
(incluir com moderação).

Sementes
Oleaginosas: linhaça, chia, cânhamo, abóbora, girassol, gergelim;
Nozes: noz mariposa, pecan, avelã, amêndoa, castanha-do-pará,
castanha-de-caju.

Algas
Secas: Wakame, Nori e Kombu (incluir com moderação);
Unicelulares, em pó: Chlorella, Spirulina (incluir com moderação).

Outros alimentos
O fator mais importante para uma dieta equilibrada é a variedade ao longo do
tempo, simulando a oferta de alimentos na natureza. Dessa forma, incluir
outros alimentos torna a dieta mais variada e reduz a chance de deficiência de
nutrientes essenciais para a saúde. Seu uso deve ser rotativo, para torná-los
ainda mais interessantes:

Óleo de coco;
Azeite de oliva;
Óleo de linhaça;
Óleo de peixe;
Manteiga de leite;
Sal marinho iodado;
Ovos (crus ou cozidos);
Moluscos (mexilhões, ostras e lulas);
Crustáceos (cabeças de camarão, siri);
Lácteos fermentados: iogurte, kefir, coalhada, queijos maturados.

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Suplementos

O uso de suplementos manipulados ou comerciais pode ser importante para


suprir alguma deficiência em determinados perfis de dieta, especialmente em
situações de pouca variedade. Pergunte ao seu veterinário sobre a necessidade
de suplementação.

Micronutrientes

Cálcio
Nas dietas caseiras sem ossos, o principal mineral em falta é o cálcio. Ele é
essencial para a saúde dos ossos e para vários processos metabólicos. As três
opções para suplementar esse mineral são:

Pó de cascas de ovos tostadas e moídas;


Carbonato de cálcio (em manipulação);
Suplemento comercial, como o Food Dog ou o NutroPlus (recomendados
para quem está fazendo sem acompanhamento veterinário).

Fósforo
Os ossos também são ricos em fósforo, que deve ser oferecido em equilíbrio
com o cálcio. Nas carnes e vísceras existem quantidades suficientes de fósforo
para os cães adultos.

Para filhotes, deve ser procurada ajuda profissional para nos certificarmos do
correto aporte desse e outros minerais. Suplementos como o FoodDog ou o
NutroPlus também podem ser úteis para corrigir o fósforo nas dieta sem ossos.

Glicina e prolina
Uma alimentação natural sem ossos é beneficiada da adição de uma fonte dos
aminoácidos glicina e prolina, como colágeno hidrolisado ou gelatina em pó
sem sabor. Caldo de ossos caseiro é também uma ótima opção.

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Outros micronutrientes

Mesmo dietas variadas e com ossos podem apresentar deficiência de Vitamina


D, E e K2, assim como os minerais zinco, selênio, magnésio e manganês.
Eles podem ser manipulados de forma conveniente e barata pelo veterinário.

Ômega 3

O Ômega 3 é considerado um nutriente essencial em todas etapas da vida, é


encontrado na natureza em diversos alimentos como carnes, peixes,
sementes e alguns tipos de alga.

O ômega 3 presente nos alimentos animais, como os peixes e frutos do mar é


de dois tipos: DHA (ácido docosahexaenoico) e EPA (ácido eicosapentaenóico).

Essas são formas ativas, que exercem várias funções metabólicas no


organismo. Comparativamente, o ômega 3 vegetal, presente em alimentos
como sementes, castanhas e algumas algas, é principalmente do tipo ALA
(ácido alfa linolênico). Para exercer suas funções no organismo, o ALA deve ser
primeiramente convertido em EPA e DHA. Porém, nos carnívoros, a eficiência
desta conversão é muito pequena.

Alimentos ricos em ômega 3 devem ser incluídos na dieta dos cães:


Sardinha, cavalinha, manjuba, lula, mexilhões, salmão, truta.

A maioria das carnes de produção convencional é pobre em ômega 3 e


excessivamente rica em omega 6, também essencial. Mas esse desequilíbrio
deixa a deita com perfil pró-inflamatório.

Quando a dieta não possui alimentos ricos naturalmente nesse ácido graxo
(como os descritos anteriormente) é recomendado suplementar diariamente
com óleo de peixe de boa qualidade, indicado pelo veterinário.

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Prebióticos e probióticos

Adicionar prebióticos e probióticos à dieta do animal pode oferecer diversos


benefícios à saúde. A microbiota intestinal regula múltiplos mecanismos
neuroendócrinos e imunológicos, determina a absorção de nutrientes e ainda
ajuda na proteção contra bactérias patogênicas, que podem causar doenças
infecciosas. Ela pode sofrer desequilíbrios devido a diversos fatores, como
a genética, tipo de alimentação, poluição ambiental, estresse e até mesmo,
algumas patógenos crônicos.

Prebióticos
Os prebióticos são alimentos ricos em fibras não digeríveis que funcionam
como alimento para as bactérias intestinais benéficas:
Frutas;
Vegetais crus ou cozidos;
Alho;
Sementes.

Probióticos
Probióticos são alimentos naturais ou suplementos que contêm
microrganismos vivos. Estes, quando consumidos de forma correta,
ajudam a modular a microbiota intestinal.

Probióticos naturais

Iogurte Natural;
Kefir (um produto fermentado com leveduras e bactérias. É semelhante ao
iogurte, porém, possui maior número e diversidade de microorganismos);
Produtos orientais a base de soja (missô e nato);
Vegetais fermentados (chucrute, picles etc).

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3. ALIMENTAÇÃO NATURAL NA PRÁTICA

ONDE ENCONTRAR OS INGREDIENTES DA ALIMENTAÇÃO NATURAL?

A maior parte dos alimentos que fazem parte da dieta caseira para os cães
podem ser adquiridos no mercado, sacolão, feira e açougue.

Alguns, no entanto, como as vísceras, podem ser difíceis de encontrar.


A opção é procurar fontes alternativas: açougues que aceitam encomendas,
pequenos produtores ou mesmo grupos de tutores em sua cidade, que
compram volumes maiores e dividem entre si.

Organização e preparo

As refeições podem ser preparadas com antecedência e congeladas por até 2 a


3 meses. Dependendo do número e do tamanho dos animais, será necessário
bastante espaço no freezer.
Os ovos podem ser adicionados no momento de servir, da mesma forma que
sal, gordura, sementes e temperos, ervas frescas, probióticos e suplementos.

Considerações sobre higiene e contaminação

A qualidades dos ingredientes é importante. Procure açougues inspecionados


e organizados. Prefira sempre a compra de carnes congeladas, e não frescas
no balcão, e evite carnes previamente moídas.
Após a compra, prepare as refeições e congele o mais rápido possível.
O congelamento deve ser feito em freezer, pelo tempo mínimo necessário para
eliminar os parasitas que podem ser transmitidos pela carne crua:

Carne bovina, caprina ou ovina, rã, coelho: 3 dias ;


Carne suína: 21 dias ;
Salmão e truta: 7 dias ;
Outros peixes: 2 dias ;
Aves: não é obrigatório, apesar de ser considerada boa prática o
congelamento por 24 horas (ou já comprar congelado).

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COMO CALCULAR A QUANTIDADE DE COMIDA PARA O CÃO?

Uma das dificuldades mais frequentes de quem optou pela alimentação


natural é definir a quantidade diária de comida a ser oferecida.

Oferecer pouca comida pode comprometer a quantidade de nutrientes na


dieta. Por outro lado, comida demais pode resultar em obesidade e isso é tudo
que nós não queremos!

Vários fatores interferem no cálculo da quantidade de comida:

Idade: cão filhote, adulto e idoso;


Raça: tendência ou não a ganhar peso;
Porte: pequeno, médio, grande e gigante;
Nível de atividade física (ativo ou inativo);
Estado de saúde do animal.

A tabela a seguir utiliza uma porcentagem do peso ideal do animal, e pode ser
usada como ponto de partida. Use sempre o bom senso, e ajuste a quantidade
de alimento oferecida de acordo com o escore corporal do seu cão.

Cão grande Cão médio Cão pequeno


(> 25kg) (12 - 25kg) (< 12kg)

Inativo, castrado, raças


com tendência ao sobrepeso
1,5 - 2% 2 - 2,5% 2,5 - 3%

Ativo, não-castrado, raças com


dificuldade para ganhar peso 2 - 3% 2 ,5- 3,5% 3 - 5%

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Raças com tendência ao sobrepeso: Raças com dificuldade em ganhar
peso:
Golden retriever;
Labrador; Buldogue francês;
Spitz; Border collie;
Husky; Boxer;
Beagle; Dobermann;
Pug; Dog alemão.
Dachshund;
Cocker spaniel.

Animais que precisam ganhar peso, ou tendem a perdê-lo, mesmo que inativos,
podem ser iniciados na quantidade máxima de alimentos indicada para animais
ativos.

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QUANTAS REFEIÇÕES OFERECER POR DIA ?

A maioria dos cães adultos saudáveis pode ser alimentada uma única vez ao dia.
Isso permite uma boa digestão e melhor apreciação do alimento pelo animal.
Essa seria a freqüência alimentar considerada normal para a espécie.

No entanto, dentro do contexto moderno, os cães estão mais próximos dos seus
donos, muitas vezes participando da rotina alimentar da família. Com isso, a
prática de oferecer duas refeições diárias é mais aceita pela maioria das
pessoas, e pode ajudar em questões comportamentais do cão, evitando o mau
hábito do animal de pedir alimento à mesa.

No entanto, vale avaliar se o hábito de oferecer duas ou mais refeições diárias é


uma dependência emocional e costume mais dos tutores que necessidade
do animal.

Jejum é perfeitemente natural


O jejum também possui vantagens metabólicas e está relacionado a
uma maior longevidade e menor ocorrência de doenças
degenerativas.

Como a maioria dos carnívoros predadores, cães se adaptaram a uma


oferta muito irregular de alimento. Na natureza, lobos raramente caçam
diariamente. Com isso, são capazes de manter o funcionamento
normal do corpo mesmo na ausência de comida por vários dias.

Quando os levamos para dentro de casa, em um processo de


humanização, acabamos por impor um número de refeições que não
seria o mais adequado à espécie. A oferta muito frequente de
alimento pode ter consequências danosas, a médio e longo prazo.

Segue então mais algumas considerações sobre o Jejum.

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TEMPO JEJUM

Ao contrário de animais com hábitos forrageadores (como o homem


e outros onívoros e herbívoros), cães precisam de mais tempo para
colher os benefícios que associamos ao jejum. Estamos falando de
períodos superiores a 36 ou 48 horas sem comida.

BENEFÍCIOS METABÓLICOS

A ausência prolongada de alimento resulta em baixos níveis de


glicemia e insulina, e produção aumentada de corpos cetônicos.
A reserva de gordura corporal torna-se a principal fonte energética.

Sob jejum, mecanismos de reparação tecidual são ativados,


reduzindo marcadores relacionados à inflamação e ao
envelhecimento celular. Isso justifica seu uso terapêutico para
doenças como o câncer, obesidade e neuropatias (epilepsia e déficit
cognitivo senil).

SAÚDE INTESTINAL

O trato gastrointestinal dos cães é perfeitamente adaptado à oferta


infrequente, mas volumosa, de alimento. Seu estômago é
extremamente elástico, e o intestino, curto, com baixa capacidade
fermentadora.

Naturalmente, cães que apresentam vômito ou diarréia tendem a


recusar alimento. Esse “descanso” é instintivo, e deve ser respeitado.

O alimento ingerido não é fonte de nutrição apenas para o animal, mas


para o seu microbioma intestinal. Em situação de desequilíbrio
(infecções, inflamações diversas e disbiose), o jejum é uma
ferramenta poderosa para modulação dessa população de bactérias,
fungos e protozoários.

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NA PRÁTICA

A maioria dos cães saudáveis adultos pode ser jejuada por um


período de 48 horas semanal ou quinzenalmente, sem maiores
riscos. O uso de uma alimentação bioapropriada, preferencialmente
crua e com ossos, torna esse processo melhor aceito dentro do
contexto domiciliar, por promover maior saciedade.

No dia escolhido para o jejum, a oferta de um osso recreativo (com


mínima cobertura de carne) pode distrair um animal acostumado a
receber alimento diariamente. Sair para uma boa caminhada no
horário destinado para a refeição é outra estratégia útil.

CUIDADOS

Filhotes, cães doentes e fêmeas gestantes (ou em lactação) não


deveriam ser jejuados sem acompanhamento profissional.

E água, sempre deve ser oferecida à vontade.

Ao promover mudanças na dieta do seu cão, seja em frequência,


quantidade ou tipo de alimento, se instrua a ponto de estar seguro
para assumir a responsabilidade da ação e converse com o
veterinário que o acompanha.

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O QUE O CACHORRO NÃO PODE COMER

Fique atento aos alimentos que podem não fazer bem ao seu peludo!

Sementes de frutas;
Uvas e passas;
Chá mate;
Chá Camellia Sinensis (verde ou tostado)
Kombucha (chá fermentado);
Café;
Bebidas alcoólicas;
Açúcar e similares (rapadura, melado);
Adoçantes artificiais (especialmente o xylitol);
Aloe vera;
Açaí;
batata inglesa crua;
Pães, biscoitos e farináceos;
Maconha;
Chocolate;
Macadâmia;
Carambola;
Aliáceas (cebola, alho em grande quantidade etc);
Ossos cozidos;
Casca, folha e sementes de abacate;
Pequi;
Neem.

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REFEIÇÃO CONGELADA COMO ALIADA NA ALIMENTAÇÃO NATURAL

Na correria do dia a dia, pode ser difícil preparar a comida do animal em casa.
Quando isso acontecer, ao invés de recorrer à ração, porque não buscar opções
de refeições congeladas?

Em vários locais do Brasil, existem empresas trabalhando com alimentação


natural para cães, inclusive preparando refeições customizadas para cada
animal. Consulte sempre o seu veterinário para saber quais as marcas
recomendadas e fique atento ao selo de inspeção na embalagem.

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LISTA DE EQUIPAMENTOS

Antes de começar com o preparo em casa, além de certificar-se do espaço


adequado em freezer para o congelamento das refeições (por pelo menos, 10
dias), vale conferir se você já possui os equipamentos necessários para otimizar
seu tempo na cozinha.

A maioria deles pode ser comprada em lojas de gastronomia ou produtos para


cozinhas comerciais:

Equipamentos sugeridos:

Faca bem afiada (recomendo um cutelo profissional e uma faca de desossa);

Tesoura de desossa (excelente opção para lidar com frango e outras aves)

Tábua de polipropileno ou bambu, de fácil higienização;

Balança de cozinha (preferencialmente digital);

Tigelas para preparo e divisão dos alimentos, amplas e de fácil higienização


(preferencialmente de inox ou vidro);

Processador, mixer ou liquidificador (para processar os vegetais);

Liquidificador comercial ou moedor de carnes potente (se o seu plano é


moer os ossos);

Panelas amplas para cozimento dos alimentos (especialmente se optar por


uma dieta com carnes cozidas);

Vasilhame ou embalagens plásticas para congelamento das refeições;

Detergente e desinfetante de superfície, da sua preferência (pessoalmente,


gosto de sabão de coco, vinagre de álcool, álcool 70 e água oxigenada).

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CONSIDERAÇÕES
SOBRE O CÃO
FILHOTE

ALIMENTAÇÃO NATURAL DO CÃO FILHOTE

Filhotes precisam de maior quantidade de alimentos para crescer e se


desenvolver normalmente. Pode-se iniciar a alimentação com 7 a 10% do peso
corporal do filhote, e possivelmente manter essa quantidade até os seis meses
de idade, especialmente em cães de pequeno porte.

Em cães de maior porte e crescimento mais explosivo, esse percentual tende a


cair mais rapidamente.

Aos seis meses, um filhote de porte médio deve comer algo em torno de 5 a 7%
do seu peso corporal em alimentos frescos. A partir daí, a quantidade deve ser
reduzida progressivamente até um ano de vida.

Aos 12 meses, pode-se calcular a quantidade de alimentos usando o peso


estimado que o cão irá atingir quando adulto. Esse valor é estimado levando em
conta o peso dos pais, variações raciais e de linhagem.

Quantas vezes por dia os filhotes devem comer?

Até 3 meses de vida, é recomendado oferecer pelo menos quatro refeições


diárias aos filhotes. Entre 3 e 6 meses, três refeições são suficientes. Após os 6
meses, eles podem comer duas vezes ao dia.

IMPORTANTE: a alimentação dos filhotes deve ser excelente! É essencial que


eles recebam alimentos apropriados para a sua espécie, na quantidade correta
e com as proporções de nutrientes ideais. Isso irá garantir que eles tenham um
crescimento harmonioso e se desenvolvam no melhor de seu potencial.
Recomenda-se que o plano alimentar do filhote seja elaborado ou, pelo menos,
orientado por um veterinário capacitado.

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4. PERGUNTAS
FREQUENTES

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1. Dar alimentos crus para o cão é perigoso?
Em um cão saudável, o sistema digestivo está preparado para consumir
alimentos com algum grau de contaminação. O estômago deles é muito ácido e
contém enzimas capazes de destruir várias bactérias.

2. Qual o custo da alimentação natural ?


O custo varia com o local onde são comprados os alimentos, a variedade da dieta
e o tipo de suplementos oferecidos. Levando em conta esses fatores, os custos
de uma dieta preparada em casa são comparáveis aos de uma ração Super
Premium. E os benefícios são enormes.

3. Posso dar restos de comida para o meu cão?


Alimentação natural NÃO significa dar restos de comida da família! Tampouco
dar apenas frutas e vegetais. Os cães e gatos são animais carnívoros e
necessitam de proteína de origem animal, gordura de boa qualidade, pequena
quantidade de vegetais e frutas e fontes naturais de minerais e vitaminas para
se manterem saudáveis.

4. É perigoso dar ossos para o cachorro?


É realmente muito perigoso dar ossos cozidos, fritos ou assados para os cães. Os
ossos, ao serem aquecidos, sofrem alterações em sua estrutura que os tornam
mais rígidos e perigosos. Isso faz com que eles se quebrem, formando pontas
afiadas que podem causar perfurações, ou ainda que não possam ser partidos
ou digeridos, causando obstruções.
Já aquele famoso osso de couro, em formato de palitinho ou com nós nas pontas,
é extremamente pobre em nutrientes e tratado com substâncias químicas que
são prejudiciais à saúde do animal, como amônia e soda cáustica. Além disso,
são pouco digestíveis e adquirem uma textura grudenta quando mastigados, o
que também pode levar a engasgos e obstruções. No entanto, um osso bem
escolhido e cru pode trazer muitos benefícios ao seu peludo!
Os ossos carnudos, como o dorso de frango e o pescoço de galinha e peru,
fornecem nutrientes valiosos e ainda cuidam da limpeza dos dentes dos
animais. Os ossos grandes, oferecidos para roer, como de articulações de
bovinos, são chamados ossos recreativos, e são dados com a finalidade de
promover enriquecimento ambiental, reduzir ansiedade e stress e limpar os
dentes. Também devem ser oferecidos crus, e podem ser dados a qualquer cão,
até áquele que come ração.
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5. Um cão pode ser vegetariano?
Os cães são carnívoros! Mesmo que consigam sobreviver com uma dieta pobre
em proteína animal, eles não terão a saúde que poderiam ter com uma dieta
bioapropriada. Eles podem desenvolver deficiências nutricionais graves! Quer
um animal de estimação vegetariano? Que tal adotar um coelho?

6. Quais as principais dificuldades da alimentação natural?


As principais dificuldades enfrentadas por quem opta pela alimentação
natural são:

Planejamento e preparo das refeições: se acostumar com o processo de


comprar os ingredientes e preparar as refeições leva algum tempo. Mas
não desista! O resultado vale a pena e seu animal merece esse presente!

Espaço no freezer: dependendo do tamanho e número de animais, o espaço


de congelamento pode ser um desafio.

Suplementação correta: os suplementos são importantes para a adequação


nutricional de alguns modelos de dieta.

Acompanhamento veterinário: algumas cidades do Brasil ainda não têm


um veterinário com treinamento em nutrição e alimentação natural (ou
mesmo um que já ouviu falar no assunto, pasmem!).

Resultados ruins na transição: vômitos, diarréis e recusa do alimento, são


exemplos de desafios que podem surgir na introdução e adaptação à nova dieta.
Nesse caso, vale contar com o ajuda de um veterinário experiente, para orientar
com o uso de suplementos nutracêuticos (probióticos e enzimas), assim como
guiar a introdução dos novos alimentos.

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7. Todos os cães podem aderir à alimentação natural?

A alimentação natural pode ser adaptada a cães de todas as idades, castrados ou


enfermos. Algumas doenças como obesidade, diabetes, alergia, gastrite,
epilepsia, doença renal crônica, câncer, doenças urinárias e problemas
intestinais têm boa resposta quando se associa a alimentação natural ao
tratamento. Importante: sempre que possível conte com o acompanhamento
de um veterinário capacitado!

Palavra final...

Como veterinário gostaria de te parabenizar por buscar uma melhor qualidade


de vida e saúde para seu companheiro e incentivá-lo a uma jornada contínua de
aprendizado e capacitação como um tutor proativo.

Espero que esse guia tenha esclarecido as suas dúvidas básicas e o ajude
no preparo de uma alimentação bioapropriada para o seu cão.

Lembre-se de que alimentá-lo bem é sua responsabilidade, por isso instruir


sobre o assunto, buscando conhecimento continuamente é essencial para
colher os melhores resultados.

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