O Uso de Aloe Vera

Camila Araújo Lima

Graduanda em Farmácia,
Universidade Cruzeiro do

para Tratamento Sul, Brasil.

E-mail: ca.lima16@gmail.com

de Hemorroidas Luciana Nogueira

e Outras Feridas Mestrado em Patologia

Ambiental e Experimental,

Cutâneas
Universidade Paulista,
UNIP, Brasil. Docente na
Universidade Cruzeiro do Sul.

E-mail: luciana.nogueira@
Resumo cruzeirodosul.edu.br

A Aloe vera é uma planta medicinal, conhecida pela população e

que apresenta diversas aplicações, desde formulações cosméticas
até às receitas das avós. Com o objetivo de compreender melhor o
conhecimento da população acerca dos benefícios do emprego dessa
planta, em especial no tratamento de feridas cutâneas e hemorroi-
das, foi aplicado um questionário via Google Forms® em conjunto com
uma revisão bibliográfica sobre seus usos terapêuticos. Identificou-se
que, do grupo pesquisado, a sua maior parte conhece a Aloe vera e
reconhece que a planta possui efeitos terapêuticos predominante-
mente para tratamento de pele e de feridas cutâneas, porém, o uso
para tratamento de hemorroidas é pouco conhecido. Conclui-se que,
apesar do seu uso consagrado, ainda são necessários mais estudos
sobre a utilização da Aloe vera, incluindo ensaios clínicos e, com isso,
a divulgação dos benefícios de utilização do produto.

Palavras-chave: Aloe vera; Hemorroidas; Feridas cutâneas; Plantas

medicinais.

Abstract
Aloe vera is a medicinal plant, known to the population and has
several applications, from cosmetic formulations to grandmother’s
recipes. In order to better understand the population’s knowledge
about the benefits of using this plant, especially in the treatment of
cutaneous wounds and hemorrhoids, a questionnaire was applied via
Google Forms® together with a bibliographic review on the therapeutic
uses. It was identified that, of the researched group, most of them know
about Aloe vera and recognize that the plant has therapeutic effects
predominantly for the treatment of skin and skin wounds, however
the use for treating hemorrhoids is little known. It is concluded that,
despite its established use, further studies on the use of Aloe vera are
still needed, including clinical trials and, with this, the dissemination
of the benefits of using the product.
Edição Especial | Junho de 2021
Keywords: Aloe vera; Hemorrhoids; Skin
wounds; Medicinal plants.
Introdução
Plantas medicinais são espécies vegetais uti-
lizadas para fins terapêuticos e/ou profiláticos
(ANVISA, 2018). O seu uso é tão antigo quanto a
espécie humana e está relacionado ao meio, à
cultura e ao modo de vida do indivíduo (MORESKI
et al., 2019). Na atualidade, sua utilização tam-
bém é praticada por influência de vários fatores,
dentre eles, a dificuldade de acesso à assistência
médica e farmacêutica (ZILLMER, 2010).
Uma das plantas usadas é a Aloe vera, tam-
bém chamada de babosa e que pertence à famí-
lia das Liliaceae, empregada como fitoterápico
devido às suas propriedades antibacteriana,
antifúngica, anti-inflamatória e cicatrizan-
te (MORESKI, 2018). A parte mais utilizada da
planta se localiza no centro da folha e é uma
substância mucilaginosa formada, principal-
mente, por polissacarídeos, que muitas pessoas
aplicam para tratamento de feridas cutâneas
(PARENTE, 2013).
As feridas cutâneas são lesões provoca-
das por uma agressão à pele, causando a sua
ruptura. Como exemplos de feridas cutâneas,
podemos citar: queimaduras, lesões por pressão
e feridas cirúrgicas (CHINI, 2017). O processo
de regeneração da pele é denominado cica-
trização e o tratamento da ferida faz com que
esse processo seja otimizado, promovendo a
sua cura em um tempo menor (CORREA, 2016).
Baseados nos aspectos terapêuticos men-
cionados anteriormente, Faleiro et al. (2009)
avaliaram o uso do extrato glicólico de Aloe vera
na ferida da coxa de um rato e verificaram que
o processo de cicatrização foi favorecido pelo
fitoterápico. Outros pesquisadores também
demonstraram que a planta é capaz de repa-
rar os tecidos da pele de dentro para fora por
conta da presença de ligninas e polissacarídeos
(MORESKI, 2018).
Com efeito, alguns estudos apontam que
a Aloe vera, pelas suas características anti-
42
-inflamatórias e cicatrizantes, também pode
ser utilizada para tratamento de hemorroidas,
que são estruturas vasculares presentes na
região anorretal, formadas por arteríolas e
vênulas (BARBOSA, 2014).
Dessa forma, Eshghi et al. (2010) observaram
que a aplicação do creme de Aloe vera no local
da hemorroida é eficaz na redução da dor dias
após o procedimento cirúrgico, na dor após
a defecação e na cicatrização de feridas no
pós-operatório.
Esse contexto indica a necessidade de veri-
ficar se a população que faz utilização de Aloe
vera tem a percepção de que seu uso realmente
promove efeitos terapêuticos no tratamento
de feridas ou hemorroidas.
A Aloe Vera
Aloe vera (Aloe vera (L.) Burm.f.), popular-
mente conhecida como babosa, é uma planta de
pequeno porte, pertencente à família Lilaceae
(ANVISA, 2016). Seu arbusto é pequeno, de raízes
abundantes e folhas grossas, carnosas, rosu-
ladas, eretas, ensiformes. Produzem flores, que
são cilíndricas, branco-amareladas, com seg-
mentos coniventes ou coerentes com as pontas
estendidas (CASTRO, 2002).
Essa planta é muito conhecida pelo seu gel
incolor mucilaginoso, que é composto, em sua
maior parte, por água (cerca de 96 a 98%)
(LIMA, 2010 apud LACERDA, 2016), sendo os
demais componentes uma combinação de po-
lissacarídeos, glicoproteínas, antraquinonas,
flavonoides, taninos, esteroides, aminoácidos,
enzimas, saponinas, proteínas, vitaminas, mi-
nerais como ferro, potássio, manganês e sódio
(PARENTE, 2013).
O gel da Aloe vera é usado há muito tempo
como fitoterápico devido às suas ações an-
tibacteriana, antifúngica, anti-inflamatória,
antivirótica e cicatrizante. (MORESKI, 2018).
Segundo Parente (2013), o uso tópico, asso-
ciado a outra substância ou não favorece à
regeneração da pele, auxiliando na cicatriza-
ção de feridas provocadas por ­queim­aduras,

­ lceras de pele, hemorroidas ou psoríase.
ú et al., 2019). Elas podem ser internas, formadas
A ação cicatrizante do gel ocorre pela ma-
nutenção da umidade da lesão, estímulo da
migração celular, proliferação de fibroblastos,
maturação mais rápida do colágeno e redução
do processo inflamatório.
A planta, usualmente, faz parte da com-
posição de cosméticos por ter propriedades
hidratante, antioxidante, anti-inflamatória,
cicatrizante e antimicrobiana (PARENTE, 2013).
Figura 1 – Aloe Vera
Fonte: valeverdejante.org.br
Figura 2 – Gel mucilaginoso de Aloe vera
Fonte: giardinaggio.org
Hemorroidas e
Outras Feridas Cutâneas
As hemorroidas são vasos dilatados do
plexo hemorroidário presente no canal anal.
Em condições normais, esses vasos desempe-
nham a função de proteção mecânica contra
a passagem de fezes, continência gasosa e
fecal e drenagem venosa da região anorretal
(SCHLEINSTEIN et al., 2019 apud NASCIMENTO
Pluri Discente
pela artéria retal superior, suas veias drenan-
do para o sistema porta, via veia mesentérica
inferior; ou externas, que se dão abaixo da linha
pectínea e são recobertas por epitélio escamoso
ou do tipo cutâneo (MOREIRA, 2007).
Cerato et al. (2014) afirmam que, geralmente,
pacientes com hemorroidas procuram atendi-
mento médico por sangramento indolor, pro-
lapso, dor ou prurido. Dependendo do grau da
lesão, o tratamento clínico conservador é indi-
cado, no qual incluem-se orientações quanto à
ingestão de fibras e líquidos e ao uso de agentes
tópicos. Por outro lado, o tratamento cirúrgico é
realizado quando os tratamentos conservado-
res não obtiveram êxito ou em quadros agudos
que não melhoraram com o tratamento clínico.
Já as feridas são a interrupção da conti-
nuidade de um tecido, em maior ou em menor
extensão, causada por qualquer tipo de trauma
físico, químico, mecânico ou desencadeada por
uma afecção clínica, podendo ser classifica-
das como agudas, provenientes de cirurgias ou
outros traumas, cuja pele se regenera em um
tempo esperado; ou crônicas, que não se re-
param no tempo esperado ou que apresentam
complicações. Podem, ainda, ser classificadas
pela sua extensão como superficiais, com perda
parcial ou perda total (BLANES, 2004).
Justificativa da Pesquisa
Segundo a Política Nacional de Práticas In-
tegrativas e Complementares no Sistema Único
de Saúde (SUS):
A Fitoterapia é uma “terapêutica carac-
terizada pelo uso de plantas medicinais
em suas diferentes formas farmacêuticas,
sem utilização de substâncias ativas isola-
das, ainda que de origem vegetal”. O uso de
plantas medicinais na arte de curar é uma
forma de tratamento de origens muito an-
tigas, relacionada aos primórdios da medi-
cina e fundamentada no acúmulo de infor-
mações por sucessivas gerações. Ao longo
dos séculos, produtos de origem vegetal
constituíram as bases para tratamento de
43
Edição Especial | Junho de 2021
diferentes doenças. Desde a Declaração de
Alma-Ata, em 1978, a OMS tem expressado
a sua posição a respeito da necessidade
de valorizar a utilização de plantas medi-
cinais no âmbito sanitário, tendo em conta
que 80% da população mundial utiliza es-
tas plantas ou preparações destas no que
se refere à atenção primária de saúde. Ao
lado disso, destaca-se a participação dos
países em desenvolvimento nesse processo,
já que possuem 67% das espécies vegetais
do mundo. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006)
Este projeto está em consonância com essa
política, onde a publicação aborda diretrizes
sobre plantas medicinais e fitoterápicos, para
atender ao que foi regulamentado na 10ª Confe-
rência Nacional de Saúde, realizada em 1996, que
aponta nos itens n. 286.12 e n. 351.10, o que segue:
286.12: “incorporar no SUS, em todo o País, as
práticas de saúde como a Fitoterapia, acu-
puntura e homeopatia, contemplando as
terapias alternativas e práticas populares”.
351.10: “o Ministério da Saúde deve incenti-
var a Fitoterapia na assistência farmacêu-
tica pública e elaborar normas para sua
utilização, amplamente discutidas com os
trabalhadores em saúde e especialistas,
nas cidades onde existir maior participa-
ção popular, com gestores mais empe-
nhados com a questão da cidadania e dos
movimentos populares”. (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2006)
Tal política procura
[...] estimular formas naturais de preven-
ção de agravos e recuperação da saúde
por meio de tecnologias eficazes e segu-
ras, com ênfase na escuta acolhedora, no
desenvolvimento do vínculo terapêutico e
na integração do ser humano com o meio
ambiente e a sociedade, bem como a vi-
são ampliada do processo saúde-doença
e a promoção global do cuidado humano,
especialmente do autocuidado. (MINIS-
TÉRIO DA SAÚDE, 2006)
Sendo a Aloe vera uma planta medicinal
amplamente conhecida e de fácil obtenção,
44
o seu uso para tratamento de hemorroidas
ou outras feridas cutâneas é uma alternativa
ao tratamento farmacológico e até cirúrgico,
dependendo do grau da lesão.
Objetivos
Verificar se a população tem conhecimento
da possibilidade de se tratar hemorroidas e
outras feridas cutâneas com Aloe vera e se tem
a percepção de que o uso da planta é eficaz ou
não no tratamento dessas patologias.
Metodologia
Inicialmente, o projeto abrangeu a revisão de
literatura, utilizando artigos científicos, livros em
formato e-book e monografias. No caso dos arti-
gos científicos e monografias, foram utilizadas as
bases de dados eletrônicas, como o Portal CAPES,
Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências de Saúde (LILACS), Scientific Eletronic
Library Online (SciELO), por meio, também, da
Biblioteca Virtual em Saúde, por intermédio dos
descritores: aloe, hemorrhoid, ferimentos e lesões.
Já os livros no formato e-book foram acessados
na Biblioteca Virtual Universitária da Universi-
dade Cruzeiro do Sul.
A seleção dos estudos obedeceu aos seguin-
tes critérios de inclusão: deveriam abordar
questões referentes ao uso de Aloe vera, fe-
ridas cutâneas e hemorroidas, publicados em
quaisquer países, seno artigos de periódicos
publicados entre 2000 e 2020 em que o resumo
estivesse de acordo com a temática do trabalho.
Após a leitura exploratória de todos os resu-
mos, alguns artigos inicialmente selecionados
não foram incluídos devido à dificuldade de
acesso, por não estarem disponíveis na ínte-
gra nas bases de dados pesquisadas ou por
não abordarem de forma satisfatória o tema
proposto, sendo selecionados apenas aqueles
diretamente relacionados com a temática e
que estavam disponíveis nas bases citadas.
Após essa etapa, foi realizada uma pesqui-
sa de levantamento (survey) para coleta de
dados e respostas de amostra não específica,
 Pluri Discente

utilizando a ferramenta Google Forms®, cuja Tabela 1 – Pessoas respondentes

pesquisa compreendeu 11 (onze) questões, sendo quanto à sua faixa etária
08 (oito) delas relacionadas ao tema proposto
Faixa etária N %
e 03 (três) questões gerais para identificar os
Até 20 anos 12 5%
perfis básicos dos respondentes (idade, iden-
tidade de gênero e escolaridade). De 21 a 30 anos 54 23%
De 31 anos a 40 anos 83 35%
O questionário foi estruturado de forma a
se coletar dados como: se a população conhe- De 41 a 50 anos 64 27%
cia a Aloe vera; se já havia usado a planta em De 51 a 60 anos 21 9%
determinadas apresentações (in natura, junto Acima de 60 anos 4 2%
com outro produto e outros); se houve resultado Total 238 100%
na terapia proposta; e se a população usaria Fonte: Acervo do conteudista
fitoterápicos caso esses fossem receitados pelo
médico, correlacionando essas perguntas com Tabela 2 – Pessoas respondentes
o objetivo do projeto. As questões também fo- quanto à sua identidade de gênero
ram elaboradas de forma simples, para melhor
Identidade de gênero N %
entendimento de todos os públicos, inclusive
Feminino 186 78%
substituindo a palavra “Aloe vera” por “babosa”,
como a planta é mais conhecida. Masculino 52 22%
Outro 0 0%
O link do questionário foi divulgado por meio
Prefiro não dizer 0 0%
dos aplicativos de redes sociais (WhatsApp®,
Instagram® e Facebook®) e por e-mail entre os Total 238 100%
dias 04 e 16 de agosto de 2020, sendo recomen- Fonte: Acervo do conteudista
dado aos que tiveram acesso a esse link que
Tabela 3 – Pessoas respondentes
também o compartilhassem com as pessoas
quanto à sua escolaridade
que conhecessem, com o objetivo de se alcançar
o maior número de indivíduos. O questionário Escolaridade N %
permaneceu liberado para acesso e respos- Nível fundamental 3 1%
tas no período de 04 a 31 de agosto de 2020,
Nível médio 54 23%
alcançando 238 participações, todas válidas.
Nível superior 181 76%
Os dados foram tabulados em uma planilha
Excel. Não foi possível realizar pesquisa de cam- Total 238 100%
po, pois estamos em estado de pandemia pela Fonte: Acervo do conteudista
COVID-19 desde março/2020. Entre os respondentes, 74% afirmaram que
cultivam ou conhecem quem cultiva a planta,
Resultados enquanto 26% responderam que não cultivam
ou não conhecem quem cultiva a babosa.
Responderam ao questionário um total de
Das pessoas que cultivam a Aloe vera, 58%
238 pessoas, sendo 78% do sexo feminino e 22%
responderam que o fazem para uso cosmético;
do sexo masculino. A participação de pessoas
13% que a cultivam para fins medicinais; 8%
entre 31 a 40 anos (35%) foi mais prevalente,
porque acreditam que em algum momento ela
seguida de pessoas entre 41 e 50 anos (27%).
será útil; e 4% disseram que a acham bonita. Do
Sobre a escolaridade, 76% tinham ensino su- total, 17% afirmaram que não cultivam ou não
perior, enquanto 23% possuíam o ensino médio conhecem quem cultiva Aloe vera, havendo uma
e 1%, o ensino fundamental. Nessa questão, não diferença no número de respostas da mesma
houve diferenciação entre os estudos completos alternativa da questão anterior, que totalizou
ou incompletos. 26% de respondentes.

45
Edição Especial | Junho de 2021

Tabela 4 – Pessoas respondentes que cultivam Utilização da babosa

ou conhecem quem cultiva a Aloe vera
sozinha ou junto com N %
Sobre cultivar ou conhecer algum produto
alguém que cultiva babosa N % Não me recordo 9 4%
(tem uma planta em casa) Total 238 100%
Sim, cultivo ou conheço Fonte: Acervo do conteudista
175 74%
quem cultiva
Nos resultados da pesquisa, foi possível ave-
Não, não cultivo ou não riguar se a amostra conhece os efeitos tera-
63 26%
conheço quem cultiva pêuticos da Aloe vera. Em uma questão que
Total 238 100% admitia mais de uma resposta, foi perguntado
Fonte: Acervo do conteudista se os participantes já tinham ouvido falar ou
lido que a Aloe vera produz alguns efeitos, onde
Tabela 5 – Pessoas respondentes quanto 46% informaram que sabiam que a planta tinha
ao objetivo do cultivo (próprio ou de
efeito umectante para a pele e 32% das pessoas
outra pessoa que conheça) da Aloe vera
afirmaram que conheciam os efeitos anti-infla-
O objetivo de cultivar ou de matórios da babosa. Já 10% informaram que
alguém conhecido cultivar N % sabiam dos efeitos bactericidas/antibacteriano
a babosa da planta e os que admitiram que a Aloe vera
possui efeitos antifúngico e antiviral são de 8%
Porque acho/a
9 4% e 2%, respectivamente. Apenas 3% das respos-
pessoa acha bonita
tas afirmaram que desconheciam quaisquer
Porque acho/a pessoa propriedades terapêuticas da Aloe vera.
que será últil em 19 8%
algum momento Tabela 7 – Pessoas respondentes
quanto ao conhecimento dos efeitos
Para fins medicinais 31 13% terapêuticos da Aloe vera
Para fins cosméticos (utili-
139 58% Conhecimento sobre
zar na pele, nos cabelos, etc)
efeitos terapêuticos N %
Não, não cultivo ou não
40 17% relacionados à babosa
conheço quem cultiva
Anti-inflamatória
Total 238 100% 132 32%
(para dor e inflamação)
Fonte: Acervo do conteudista
Antifungica (para micoses) 32 8%
Quanto à pergunta se os participantes já
Antiviral (para viroses
fizeram ou não o uso da planta, in natura ou 10 2%
por exemplo, herpes)
associada a outro produto, 79% responderam
Bactericida (Antimicrobiano) 41 10%
que sim e 17% responderam que não, enquanto
4% não se recordam se a usaram. Umectante (para
190 46%
hidratar a pele)
Tabela 6 – Pessoas respondentes
quanto ao uso ou não da Aloe vera Nunca ouvi falar ou li
(in natura ou associada a outro produto) alguma coisa a respeito 12 3%
dos efeitos da babosa)
Utilização da babosa
Total 417 100%
sozinha ou junto com N %
Fonte: Acervo do conteudista
algum produto
Sim, já usei 188 79% Em outra análise da mesma questão, foi ve-
rificado que, de 238 pessoas, 95% conhecem
Não, nunca usei 41 17%
alguma propriedade e/ou efeito terapêutico da

46
 Pluri Discente

planta, enquanto 5% desconhecem qualquer

efeito terapêutico da Aloe vera. Uso de Aloe Vera para
N %
tratamento de hemorróidas
As duas perguntas seguintes dizem respeito
ao uso da Aloe vera de forma medicinal para Não conheço ou não utilizei 215 90%
tratamento de determinadas patologias. Na Total 238 100%
pergunta, se a amostra já havia utilizado a
Fonte: Acervo do conteudista
planta para tratamento de problemas de pele,
como queimaduras, feridas, psoríase, 38% dis- Quando perguntado sobre a maneira que a
seram que sim e que o resultado foi ótimo e 18% Aloe vera foi utilizada, 33% responderam que foi
afirmaram que utilizaram, mas que não sabem in natura, da planta que possuíam em casa; 22%
qual foi o resultado. Já 44% afirmaram que informaram que utilizaram um produto compra-
não utilizaram ou não conhecem quem utilizou do no comércio; e 19% afirmaram que a planta
a babosa para tratamento de pele. foi fornecida por conhecidos. Já 8% informaram
que utilizaram a planta que compraram na feira
Quando abordado se a planta havia sido
e 4% que usaram um extrato líquido adquirido no
utilizada para tratamento de hemorroidas, 5%
comércio. 1% disse ainda que um conhecido for-
dos respondentes informaram que sim e que o
neceu um extrato líquido para uso e 13% informou
resultado foi ótimo, enquanto 4% responderam
que não fez uso da planta ou do seu extrato. Essa
que utilizaram, mas que não sabem do resulta-
do. Contudo, 90% das pessoas afirmaram que pergunta permitiu múltiplas respostas.
não utilizaram ou não conhecem quem já utilizou
Tabela 10 – Pessoas respondentes quanto
a Aloe vera para tratamento de hemorroidas. à maneira que a Aloe vera foi utilizada
Tabela 8 – Pessoas respondentes
quanto ao uso da Aloe vera para Como a Aloe Vera
N %
tratamento de problemas cutâneos foi utilizada
Usei a polpa in natura da
Uso de Aloe Vera para 107 33%
planta que tenho em casa
tratar de problemas
N % Usei em um produto
de pele (ex. feridas,
queimaduras, psoríase) que comprei pronto em
70 22%
uma farmácia/drogaria/
Sim e foi ótimo o resultado 90 38%
mercado/internet
Sim e não teve efeito 1 0%
Usei um extrato líquido da
Sim e não sei o resultado 42 18% planta que comprei em
13 4%
Não conheço ou não utilizei 105 44% uma farmácia/drogaria/
Total 238 100% mercado/internet

Fonte: Acervo do conteudista Usei a planta que

26 8%
comprei na feira
Tabela 9 – Pessoas respondentes
Meu vizinho/amigo/
quanto ao uso da Aloe vera para
tratamento de hemorroidas conhecido me trouxe a 60 19%
planta

Uso de Aloe Vera para Meu vizinho/amigo/conhecido

N %
tratamento de hemorróidas me trouxe uma garrafa 3 1%
(extrato líquido feito em casa)
Sim e foi ótimo o resultado 13 5%
Não usei 42 13%
Sim e não teve efeito 0 0%
Total 321 100%
Sim e não sei o resultado 10 4% Fonte: Acervo do conteudista

47
Edição Especial | Junho de 2021
Ainda sobre essa pergunta, de 238 pessoas,
foi verificado que 82% utilizaram a planta ou
seu extrato de alguma maneira e 18% não uti-
lizaram a Aloe vera de nenhuma forma.
A última questão foi a respeito do uso de
planta medicinal ou medicamento fitoterápico.
Do total de respondentes, 99% afirmaram que
usariam plantas medicinais ou medicamentos
fitoterápicos caso o médico receitasse.
Tabela 11 – Pessoas respondentes quanto ao
uso de plantas medicinais ou medicamentos
fitoterápicos se prescritos pelo médico para
tratamento de alguma patologia
Uso de planta medicinal
ou um medicamento feito
com plantas (medicamen-
tos fitoterápico) caso seu N %
médico lhe receitasse para
tratamento de algum
problema de saúde
Sim, eu usaria 236 99%
Não, eu não usaria 2 2%
Total 238 100%
Fonte: Acervo do conteudista
Discussão
A pesquisa realizada demonstrou que a maior
parte da amostra conhece a planta estudada
e que reconhece que há algum benefício em sua
utilização. Contudo, os resultados evidenciam
que existe maior associação da Aloe vera com
o segmento estético do que com o farmacêutico.
Enquanto planta medicinal, a amostra afir-
mou que os entrevistados reconhecem que a
Aloe vera tem propriedades terapêuticas (97%
dos respondentes) e 56% das pessoas que res-
ponderam à pesquisa afirmaram que utilizaram
babosa para tratamentos de problemas de pele,
ou seja, 133 pessoas. Considerando essa amos-
tra, 68% participantes (90 pessoas) afirmaram
que o resultado foi ótimo, ou seja, foi eficaz. Por
outro lado, somente 10% dos participantes a
utilizaram para tratamento de hemorroidas, em
que reconheceram um resultado positivo so-
mente 5% dos respondentes, sendo um número
48
muito pequeno para avaliar se a planta tem
alguma eficácia no tratamento desta patologia.
No entanto, é importante considerar que esta
pesquisa pode não representar a população
geral, já que a maior parte pesquisada possui
nível superior, o que não representa a população
brasileira. Esse viés pode ter ocorrido devido à
pesquisa ter sido divulgada por meios eletrô-
nicos, visto que a situação de pandemia rela-
cionada ao Coronavírus (COVID-19) impediu a
pesquisa em campo. Entretanto, esse indicador
sugere a necessidade de ampliar a amostra em
outros grupos. Essa situação se aplica à idade
dos entrevistados, que não abrangeu a um gran-
de grupo de pessoas mais velhas, geralmente os
maiores usuários de plantas medicinais.
Quanto aos estudos, encontra-se em litera-
tura diversas publicações, embora poucas com
estudos clínicos. Um estudo de caso relata a
aplicação de um composto à base de cloreto de
sódio e óleo essencial de folhas de Cymbopogon
citratus Stapf, gel à base de Aloe vera e colágeno
e cobertura de película de hemicelulose em uma
paciente portadora de úlcera venosa, cujo resul-
tado foi positivo, de forma que progressivamente
houve epitelização do local durante o tratamento
(SOUSA et al., 2013).
Em outro ensaio, controlado por placebo,
foi aplicado extrato glicólico de Aloe vera em
ratos da linhagem Wistar, sendo que oito re-
ceberam o extrato glicólico, quatro receberam
placebo e outros quatro eram do grupo controle.
Após análises macroscópicas e microscópicas,
evidenciou-se que o processo de cicatrização
foi facilitado pela utilização do fitoterápico
(FALEIRO et al., 2009).
Esses e outros estudos corroboram a eficácia
da Aloe vera, quando usada para tratamento
de feridas cutâneas das mais diversas origens.
A respeito das hemorroidas, nesta pesquisa
foi demonstrado que pouco se reconhece so-
bre a possibilidade de tratá-las com a planta
medicinal, que seria uma alternativa para o
tratamento conservador não cirúrgico com o
foco em diminuir as dores e as feridas hemor-
roidárias que o paciente esteja portando.

Não foram encontrados artigos em língua
portuguesa que tratavam, especificamente, da
utilização de Aloe vera em hemorroidas, sendo
o uso da planta para essa finalidade encon-
trada em pouquíssimos artigos internacionais.
Um estudo iraniano demonstrou que, dentre
diversas plantas com propriedades de cica-
trização de hemorroidas, estava a Aloe vera,
cujos resultados positivos dos estudos in vitro,
in vivo e clínicos foram registrados em livros da
medicina tradicional iraniana (ITM) e que a Aloe
vera, como as demais espécies avaliadas, deve
ser considerada como recurso importante para
a produção de novos medicamentos para o tra-
tamento dessa patologia (DEHDARI et al., 2018).
Um outro estudo, também iraniano, registrou
que, dentre quarenta e nove pacientes, vinte e
quatro receberam Aloe vera e vinte e cinco rece-
beram placebo para tratamento da ferida pós-
-operatória de hemorroidectomia. Os pacientes
que receberam o creme contendo babosa tiveram
expressivamente menos dor de 12 a 48 horas e
até 2 semanas pós-cirurgia, diminuindo ainda a
dor após a defecação de 24 a 48 horas após ao
procedimento. Demonstraram que a cicatrização
da ferida no final da segunda semana pós-ope-
ratória foi significativamente maior no grupo que
recebeu o creme contendo Aloe vera do que no
grupo de placebo, sendo que esse primeiro grupo
também não precisou de analgésicos adicionais
após a cirurgia (ESHGHI et al., 2009).
No Brasil, atualmente, a Aloe vera faz parte
da Relação Nacional de Medicamentos do com-
ponente básico da assistência farmacêutica do
Sistema Único de Saúde (SUS), na forma de gel
ou creme, e da Relação Nacional de Plantas Me-
dicinais de Interesse do SUS (Renisus). A planta
também faz parte do Memento Fitoterápico
da Farmacopeia Brasileira, na qual constam
informações completas sobre sua identificação,
indicações terapêuticas e contraindicações,
formas farmacêuticas, posologia e informa-
ções sobre segurança e eficácia (ANVISA, 2016),
sendo que alguns dos estudos citados são os
mesmos utilizados no presente projeto, de-
monstrando, assim, que há segurança no seu
uso e essa é uma planta medicinal acessível,
Pluri Discente
podendo ser amplamente empregada no SUS
para tratamento das mais diversas feridas,
sejam cutâneas ou, como demonstrado aqui,
até mesmo no caso de hemorroidárias.
Considerações Finais
Embora a Aloe vera seja vastamente conhe-
cida, este estudo demonstra que a amostra a
reconhece como uma planta utilizada, prin-
cipalmente, para fins cosméticos, apesar de
não desconsiderar seu uso com a finalidade
de tratamento, maiormente de pele. Porém,
fica evidenciada a possibilidade de aprofundar
esse assunto com a aplicação prática da planta
nas feridas cutâneas, ainda que haja estudos
demonstrando sua eficácia e, principalmente,
para tratamento de feridas hemorroidárias.
Por outro lado, é preciso trabalhar a imple-
mentação, divulgação e o fortalecimento do
uso de plantas medicinais e fitoterápicos no
âmbito do SUS, já que o país possui estratégias
dentro da política farmacêutica para tal, pois
isso amplia o acesso dos pacientes a essa al-
ternativa terapêutica, onde seu uso orientado
pode ser menos custoso se comparado a um
tratamento farmacológico convencional, sendo
possível, também, seu uso no âmbito da atenção
básica e hospitalar.
Com base no exposto, é necessário o segui-
mento do presente trabalho, com maior amos-
tra e com desdobramento em uma segunda
etapa para aprofundamento no estudo das
propriedades terapêuticas e farmacológicas
da Aloe vera e sua aplicação nos casos apre-
sentados (feridas cutâneas e hemorroidas) e
para verificar se há eficácia ou não em seu uso,
o que será realizado oportunamente conforme
o desenvolvimento acadêmico da autora e as
autorizações necessárias para a realização de
ensaios clínicos.
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macopeia Brasileira. Brasília, 2016.
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Edição Especial | Junho de 2021
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Apêndice – Questionário
Aplicado para a Pesquisa
de Levantamento (Survey)
Questionário elaborado e disponibilizado por
meio da plataforma Google Forms®.
Utilização da Babosa (Aloe Vera)
• Endereço de e-mail*
Este questionário é parte integrante do pro-
jeto de Iniciação Científica do Programa Inter-
disciplinar de Práticas Científicas, Tecnológicas
e Profissionais da Universidade Cruzeiro do Sul,
desenvolvido pela aluna bolsista Camila Araújo
Lima, acadêmica do quarto semestre do curso
de Farmácia, cujo título do projeto é “O USO DE
ALOE VERA PARA TRATAMENTO DE HEMOR-
ROIDAS E OUTRAS FERIDAS CUTÂNEAS”. Os
dados apurados são confidenciais e têm o único
objetivo de contribuir para o desenvolvimento
do referido projeto.
( ) Li e concordo com os termos descritos acima.
Cultivo e uso da Babosa (Aloe Vera)
Você cultiva ou conhece alguém que cultiva
babosa (tem uma planta em casa)?*
• Sim, cultivo ou conheço quem cultiva
• Não, não cultivo ou não conheço quem cultiva
Qual o objetivo de você ou de quem você
conhece cultivar a babosa?*
• Porque acho/a pessoa acha bonita;
• Porque acho/a pessoa acha que será útil
em algum momento;
• Para fins medicinais;
• Para fins cosméticos (utilizar na pele, nos
cabelos, etc.).
• Não, não cultivo ou não conheço quem cultiva
Você já utilizou a babosa sozinha ou junto
com algum produto?*
• Sim, já usei;
Pluri Discente
• Não, nunca usei;
• Não me recordo.
Já ouviu algum comentário ou leu em algum
lugar sobre estes efeitos abaixo relaciona-
dos da babosa? (Pode marcar mais de uma
resposta!)*
• Anti-inflamatória (para dor e inflamação);
• Antifúngica (para micoses);
• Antiviral (para viroses por exemplo, herpes);
• Bactericida/Antimicrobiano;
• Umectante (para hidratar a pele);
• Nunca ouvi falar ou li alguma coisa a res-
peito dos efeitos da babosa.
Já usou ou conhece alguém que usou babosa
(aloe vera) para tratar de problemas de pele
(ex. feridas, queimaduras, psoríase)?*
• Sim e foi ótimo o resultado;
• Sim e não teve efeito;
• Sim e não sei o resultado;
• Não conheço ou não utilizei.
Já usou ou conhece quem usou aloe para
tratamento de hemorroidas?*
• Sim e foi ótimo o resultado;
• Sim e não teve efeito;
• Sim e não sei o resultado;
• Não conheço ou não utilizei.
Você já utilizou a babosa (aloe vera) de que
jeito? (Pode marcar mais de uma resposta!)*
• Usei a polpa in natura da planta que tenho
em casa;
• Usei em um produto que comprei pronto
em uma farmácia/drogaria/mercado/
internet;
• Usei um extrato líquido da planta que
comprei em uma farmácia/drogaria/
mercado/internet;
• Usei a planta que comprei na feira;
51
Edição Especial | Junho de 2021

• Meu vizinho/amigo/conhecido me trouxe • De 21 a 30 anos;

a planta;
• De 31 a 40 anos;
• Meu vizinho/amigo/conhecido em trouxe
• De 41 a 50 anos;
uma garrafa (extrato líquido feito em casa).
• De 51 a 60 anos;
• Não usei.
• Acima de 60 anos.
Você usaria uma planta medicinal ou um
medicamento feito com plantas (medicamento Qual a sua identidade de gênero?*
fitoterápico) caso seu médico lhe receitasse
• Feminino;
para tratamento de algum problema de saúde?*
• Masculino;
• Sim, eu usaria;
• Outro;
• Não, eu não usaria;
• Prefiro não dizer.
• Fale sobre você;
Qual a sua escolaridade?*
• Não se preocupe, estes dados são confi-
denciais! • Nível fundamental;

Qual a sua idade?* • Nível médio;

• Até 20 anos; • Nível superior.

52