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Para um centurião que desejava a cura de seu servo, o qual estava a certa
distância de Jesus, este lhe disse: “Vai-te, e seja feito conforme a tua fé. E, naquela
mesma hora, o servo foi curado” (Mt 8:13). Ao enfrentar uma forte tempestade numa
pequena embarcação, Ele “repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O
vento se aquietou, e fez-se grande bonança” (Mc 4:39).
Verificamos, portanto, que a Palavra de Deus quer ela seja diretamente
proferida por Ele, quer tenha vindo por Cristo ou por intermédio de Seus mensageiros, é
tremendamente poderosa. Sendo assim, o que dizer da palavra falada pelo homem?
Isto é, a palavra falada por uma pessoa comum, sobre assuntos seculares, e que não é
fruto da inspiração divina? Tem ela algum poder? É claro que sim! A palavra
meramente humana pode entristecer, angustiar, animar, alegrar, convencer, persuadir,
provocar mudanças, fazer as coisas acontecerem.
Quer falemos a uma única pessoa, quer falemos a um auditório, nossa
palavra tem poder. Este poder varia de indivíduo para indivíduo, de modo que, quanto
mais importante for uma pessoa aos olhos dos homens, quanto maior autoridade
possuir, maior será o peso, o poder de sua palavra. Assim, um cidadão comum pode
expressar sua opinião sobre determinado assunto e como resultado pouco ou nada
acontecerá. Contudo, se uma importante autoridade expressar o mesmo ponto de vista,
algo vai acontecer.
É de suma importância saber a que público irá atingir. Tal palavra pode ter
um grande efeito para o bem ou para o mal. Com o poder da palavra alguns indivíduos
conseguiram até alterar o curso da História. Entre eles podemos citar Jesus Cristo que
usou o poder da Palavra para transformar vidas, Maomé que era analfabeto e disse ter
escrito o “Livro Sagrado dos Mulçumanos” com o poder da palavra arrebatou uma
grande legião de seguidores, Hitler que era carismático e com o poder da palavra
persuadiu muitas pessoas para fazerem suas vontades, etc.
Se a palavra meramente humana pode ser tão poderosa, recordemos que
nossas palavras terão ainda maior poder se estiverem a serviço de Deus. Segundo a Sra.
Ellen G. White: “de todos os dons que recebemos de Deus, nenhum é capaz de se tornar
maior bênção do que este. ... Cada cristão... deve procurar perfeição no falar. (...) Isto
se aplica especialmente aos que são chamados para o ministério público. (...) E para
algumas almas a maneira de alguém apresentar a mensagem determinará sua aceitação
ou rejeição Seja pois falada a verdade de modo que apele ao arrependimento e
impressione o coração. Seja ela pronunciada compassada, distinta, e solenemente, mas
com toda a sinceridade que sua importância requer. A cura e uso conveniente do dom
da palavra relaciona-se com todos os ramos da obra cristã... Devemos acostumar-nos a
falar em tom agradável, usando linguagem pura e correta, com palavras amáveis e
corteses”1.
Uma vez que você escolheu servir a Deus, aproveite a oportunidade de educar bem sua
voz de modo que ela possa ser mais poderosa e efetuar um maior bem à Igreja e à
humanidade.
1
Ellen G. White, Parábolas de Jesus (Santo André, SP: Casa Publicadora
Brasileira, s/dt.), 336.
2
CAPÍTULO II
A HISTÓRIA DO DISCURSO2
Não se sabe quem foi o primeiro homem a discursar, nem qual o conteúdo
de sua mensagem, mas sabemos que foram os gregos os primeiros a descobrir as
melhores técnicas para falar em público. Quando, na sociedade democrática em que
viviam, os cidadãos gregos se reuniam nas praças para analisar e decidir sobre os
problemas urbanos comuns, havia alguns que se destacavam, que eram mais admirados
e cujas ideias eram mais seguidamente acatadas. Percebeu-se que eles possuíam alguns
pontos em comum, algumas técnicas, quanto à maneira de falar e de se expressar, que
aos poucos foram sendo estudados e transformados em regras. Surgiu, assim, uma nova
arte, chamada por eles de “retórica”, palavra esta derivada de “rêtos”, que em grego
significa “palavra falada”. Falar em público tornou-se a “coqueluche” do momento, e
por todo o país surgiram mestres dispostos a ensinar os que estivessem interessados.
Isso aconteceu justamente quando a Grécia alcançava seu apogeu, com a
consolidação da democracia, por volta do ano 500 a.C. O primeiro homem a propor as
normas de um discurso foi Córax, da cidade de Siracusa. Ele era um sofista, um mestre
popular de filosofia, sem muita profundidade e ética, que ensinava com objetivos
financeiros. Talvez, por essa razão – o receio de que a retórica fosse utilizada por gente
leviana e mal intencionada – foi que os grandes filósofos gregos – Sócrates, Platão e
Aristóteles – preocupavam-se em que ela estivesse sempre à serviço da verdade. A
retórica grega abrangia as áreas política, forense e epidítica (demonstrativa), mas nunca
foi utilizada para propagar a religião. O maior orador grego foi Demóstenes.
Tempos depois, quando os romanos conquistaram os gregos e tornaram-se
um império mundial, acabaram assimilando muito da cultura grega, interessando-se
também pela retórica, que passaram a empregar com o nome de “oratória”, derivado de
“oris” que significa boca, em latim, a língua romana.
O maior orador romano foi Cícero (106 – 43 a.C.). Era um estudioso
incansável e tornou-se erudito em vários ramos do saber. Graças ao seu conhecimento e
à sua eloqüente oratória tornou-se um célebre advogado e renomado estadista. Também
ficou famoso pelas teorias que expôs sobre a oratória. Contudo, o maior teórico foi
Quintiliano (c. 35 – 95 A.D.), natural da Espanha. Lecionou oratória por vinte anos e
escreveu a melhor e mais completa obra de oratória da antigüidade, “Instituição
Oratória”. Assim como os gregos, os romanos nunca fizeram uso da oratória para
divulgar a religião.
As religiões pagãs nunca se interessaram por divulgar suas crenças através
de discursos e em seus rituais não havia espaço para a pregação. Entre os judeus,
embora houvesse algo nesse sentido, era em pequena escala e bastante informal. Temos
o caso dos profetas que, de tempos em tempos, faziam certas proclamações nas cidades
e no pátio do templo e a prática empregada nas sinagogas, de ler uma parte das
Escrituras e efetuar comentários simples sobre o conteúdo. Assim, podemos afirmar
que as técnicas da oratória não foram conscientemente utilizadas para propagar a
religião, qualquer religião, até o advento do cristianismo.
Mesmo os primeiros cristãos, limitavam-se, em seus cultos, a seguir o
procedimento que haviam aprendido nas sinagogas. Nos sermões dos tempos
apostólicos, mais especificamente nos de Paulo, podemos perceber a presença de
2
Adaptado de Plínio Moreira da Silva, A arte de pregar o Evangelho (Mogi das
Cruzes, São Paulo: Sociedade Literária e Religiosa ABECAR, 1982), 16-21.
3
algumas técnicas de oratória. Possivelmente, já que ele era um doutor, tivesse
conhecimento dessa arte e a utilizasse para propagar a fé cristã.
Mas foi apenas no IV século que os pregadores cristãos começaram a
estruturar suas mensagens, seguindo as regras da retórica grega e da oratória romana.
Entre os mais destacados citamos os pregadores gregos Basílio e Crisóstomo e os
latinos Ambrósio e Agostinho. Assim surgiu a oratória sacra, que, no século XVII –
quando se convencionou dar nomes gregos às disciplinas teológicas – passou a se
chamar homilética. Esta palavra é derivada de homilia, que originalmente equivalia a
“conversa” e que, com o decorrer do tempo, veio a significar “discurso”.
Assim, homilética é um ramo da retórica ou da oratória que trata do preparo e da
apresentação de sermões e, como disciplina, pertence à área da teologia aplicada. Suas
regras visam a facilitar a propagação do evangelho feita pelo pregador e o entendimento
e a aceitação por parte dos ouvintes.
CAPÍTULO III
Cada pessoa tem uma voz tão própria, tão inconfundível, quanto o rosto ou as
impressões digitais. Ela é um produto de todo o organismo e não apenas do aparelho
fonador. Através dela todo o nosso ser se revela. A voz mostra a saúde, a cultura, a
região de origem, o grau de segurança, o temperamento, a emoção e outras
informações daquele que está falando. De fato, ela é a própria expressão sonora da
personalidade. Diz um provérbio: "Fala para que eu te veja".
Um dos elementos mais importantes para se viver bem e para se alcançar
sucesso é ter uma voz bem modulada e que revele e possa gerar confiança e
solidariedade. Infelizmente, são muitos os que fazem um mau uso da voz. Isto pode
ocorrer por vários motivos: respiração errada, falta de abrir bem a boca, forçar as cordas
vocais, ataque vocal defeituoso, tom inadequado, intensidade excessiva, deficiência de
articulação e de ressonância. Além disso, quando não se utiliza uma boa técnica vocal,
muita energia é gasta inutilmente.
A voz que ouvimos de nós mesmos pode não ser a mesma que os outros ouvem. Isto
ocorre porque os outros captam a nossa voz através do ar, ao passo que nós a
ouvimos através do ar e da transmissão óssea. Esta é a razão porque quando
ouvimos uma gravação de nossa própria voz, nós a estranhamos. Seja qual for o
timbre de nossa voz e o uso que dela tenhamos feito, o certo é que ela pode ser
aperfeiçoada. Qualquer voz pode ser melhorada, contanto que façamos, com
dedicação e paciência, os exercícios apropriados. A educação física da voz
compreende três elementos:
Emissão vocal
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Nosso Aparelho Respiratório
Vias Aéreas
As vias aéreas são os canais por onde passa o ar atmosférico até chegar aos pulmões.
Elas abrangem as seguintes estruturas:
(a) Fossas nasais
Elas se comunicam com o meio exterior pelos orifícios das narinas. O interior delas
está dividido em duas metades pelo septo nasal; a porção superior de cada fossa
nasal, em contato com a base do crânio, tem função olfativa; a porção inferior tem
função respiratória e é revestida por um epitélio rico em glândulas mucosas, cuja
secreção umedece e filtra o ar inspirado.
(b) Faringe
Sendo uma continuação das fossas nasais, constitui a passagem comum do ar em
direção à traqueia, e dos alimentos em direção ao esôfago.
(c) Laringe
Situada entre a faringe e a traqueia; durante a deglutição, a laringe eleva-se ao
mesmo tempo que a epiglote fecha o orifício de comunicação com a faringe,
impedindo que o alimento entre na traqueia. No interior da laringe encontram-se as
cordas vocais.
(d) Traqueia
É um tubo de aproximadamente l2cm de comprimento e 2cm de diâmetro, formado
por uma série de anéis cartilaginosos, que o mantêm aberto.
(e) Brônquios
São as duas ramificações da traqueia, direita e esquerda, que penetram nos
pulmões. No interior deles, os brônquios se ramificam em tubos cujo diâmetro vai
diminuindo à medida que eles se subdividem, reduzindo-se finalmente a finíssimos
canais, denominados bronquíolos. Estes terminam nos alvéolos pulmonares.
O funcionamento das cordas vocais. O ar, expelido dos pulmões pela
traqueia, provoca a vibração das cordas vocais, que se assemelham a pequenas lâminas
e não a cordas propriamente ditas. A vibração das cordas produz som. A voz resulta da
articulação dos sons da laringe. Esta articulação é feita principalmente pela língua,
5
pelos lábios e pelos dentes. A faringe, a cavidade bucal e as fossas nasais servem como
ressoadoras, isto é, reforçadores do som.
(f) Pulmões
Os pulmões são dois órgãos de consistência esponjosa, situados no tórax.
Todos os alvéolos pulmonares são percorridos por uma densa rede de vasos
sanguíneos (rede capilar). Através das delgadas paredes desses alvéolos, o sangue
6
elimina gás carbônico e recebe oxigênio em seu lugar. Envolvendo os pulmões,
encontram-se duas membranas superpostas, denominadas pleuras.
(g) Fisiologia e Respiração
A renovação do ar contido nos pulmões é feita através dos movimentos
respiratórios. Cada movimento respiratório completo consta de duas fases: inspiração e
expiração.
7
cigarro paralisa a ação dos cílios, provocando a acumulação de muco e impurezas,
principalmente o alcatrão.
Os pulmões têm outros meios de eliminação de corpos estranhos além do fluxo de
muco. A tosse representa uma contração reflexa repentina do diafragma e dos
músculos do peito, fazendo o ar ser expelido com violência e removendo assim
obstruções das vias respiratórias. Outro meio é o espirro, durante o qual o ar
expelido sai principalmente pelas fossas nasais. Acredita-se que o ar expelido pelo
espirro tenha velocidade supersônica, o que explicaria o ruído alto que provoca.
A voz começa com uma coluna de ar, produzida pela caixa torácica
músculos respiratórios e principalmente pelo diafragma, que é o músculo que separa o
tórax do abdômen. Este ar entra em vibração à altura das cordas vocais, vibração esta
que é de pouca intensidade e sem qualidade e timbre. Ao continuar sua trajetória, a
coluna de ar chega à faringe, às cavidades da face e à boca, que formam o sistema de
ressonância, e é aí que a voz ganha qualidade, volume e personalidade.
Depois disto entram em cena os órgãos articuladores que transformam a coluna de ar
em sons da fala ou fonemas. São eles: os lábios, os dentes, a língua, o palato duro e
o mole. As diferentes posições destes órgãos produzem os diferentes sons da fala.
Em condições normais, o diafragma é responsável por 75% de nosso esforço nos
movimentos respiratórios. Quando participamos de uma partida de futebol ou de
qualquer outra modalidade esportiva, às vezes sentimos uma “pontada” do lado.
Essa “pontada” é o resultado do excesso de trabalho do diafragma.
A respiração é a ciência da própria vida, é a ciência da saúde, do prolongamento da
juventude e da beleza. É através dela que absorvemos o oxigênio do ar, tão
indispensável à vida e expelimos o gás carbônico que nos é prejudicial. Uma vez
que o som é produzido pelo ar, a respiração correta é o primeiro passo para quem
pretende educar a voz.
Exercícios de Respiração
Primeira Fase:
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Terceira Fase
Enquanto caminha, mantenha o corpo ereto, os braços livres e o passo regular.
Inspire lentamente pelo nariz, contando mentalmente até sete.
Ainda caminhando, prenda a respiração e conte mentalmente até sete.
Sempre caminhando, expire lentamente, também contando até sete.
OBS: Repita este exercício várias vezes. Depois de alguns dias você poderá ir
aumentando o tempo, isto é, contando até mais do que sete.
Dicção
Exercícios de Dicção
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o, o, o, o, o, o, o, o, o, ...
10
LR - Por que palavras palras pardão, perdão? Palro, palre e palrarei, porque sou o
pardal pardo, palrador-mor d’el rei.
Qualquer jornal ao verificar a burla entregar-lhe-á o melro
(4) LINGUO-PALATAIS
R - O rato roeu a rede rubi da roseira da rua das rosas.
O raro guerreiro da guerra tocou guitarra em Araraquara.
O urubu ficou jururu na parede de fora.
O rato roeu a rica rede e a rica roupa do rei de Roma, e a rainha de raiva morreu no
rio Reno arrebentada.
(5) PALATAIS
J - Juju jogou a cajuada da jarra bojuda e ajudou o judeu a judiar da judia e do jacaré do
japonês.
X - Xexé e Xaxá mexiam a faixa de peixe no coxo de Xerxes.
(6) PALATAIS-NASAIS
NH - Nhonhô apanhou o ninho no galinheiro do vizinho e nenhuma galinha do lenheiro
seguiu seu caminho.
LH - O coelhinho orelhudo e abelhudo recolheu à colheita de milho e a palha do
palheiro da palhinha na palhoça.
(7) ALVEOLARES
SS - Essa pessoa assobia enquanto amassa e assa a massa da passoca.
S - Osmar usa fósforos, isqueiros, iscas e cigarros, vendo os cisnes de Célia comerem as
caixas de biscoitos.
Z - Zezé, Zizi, Zazá, Zozó e zuzu, ouviram a zoada do zabumba da gazeta do Zeca e do
Zaqueu.
(8) GUTURAIS
C - Carlos comeu uma caixa de biscoitos de coco e bebeu o cacau na cuia.
Q - O moleque quer um leque de coqueiro e uma cota de quilos de queijo de qualidade.
G - O gato gosta de figos, goiabas e guaco e sai em fuga ao ver o fogo e a água.
BR/FR - O braço do frade encontrou na fronha do travesseiro do dragão o escravo
prateado da gravura que livrou o livreiro.
BL/FL - Flávio com sua blusa e seu blusão de flanela, olha a gloriosa placa do atleta.
RR - É um erro pensar que as barras de ouro na jarra bizarra estejam na carreta de terra
que sobe a serra.
CR - O sepulcral sepulcro sepulcrório é sepultura de Cronos.
Exercício nº 5 – COM VELOCIDADE
(l) O tênue fio de água do arroio levou o níveo chapéu do irmão de João. Não,
alemão, alemães, piões, pião, irmão, irmã, irmãos, cidadão, cidadã, cidadãos,
tabelião, anciães, não são fáceis de articulação.
(2) Sou um original que não se dosoriginalizará, nem mesmo quando os originais
estiverem desoriginalizados.
(3) Traze treze pratos de trigo para três tigres comerem.
(4) Caiu, quase caiu, Pedro Prado pedroso.
(5) Rui raivoso é rústica torrente.
(6) O cri-cri do grilo cria clamor para o frade, as freiras e o padre que quebrou o
braço.
(7) Um ninho de mafagafos com cinco mafagafinhos, quem os mafagafar bom
mafagafador será.
(8) Os cônjuges de Araraquara e os de Itaquaquecetuba, injuriados, requereram
divórcio no Uruguai e viajaram pela Araraquarense.
(9) Um material bem materializado quando desmaterializar-se será um mau material.
11
(lO) As mais brilhantes aparências podem encobrir as mais medíocres realidades.
(l l) Aranha arranha o jarro. Aranha arranha o jarro bizarro.
(l2) Toco preto, porco crespo, toco preto porco crespo.
Inflexão
CAPÍTULO IV
A ESTRUTURA DO SERMÃO
O Tema
Análise da Situação3
Análise do Auditório
O que os ouvintes já sabem sobre o tema que vou abordar?
Qual a atitude deles em relação a esse assunto?
Qual a atitude deles em relação a mim como orador?
Quais são as ocupações deles?
Qual o seu nível educacional?
Qual a idade deles?
Quantos serão os ouvintes?
Quais são as necessidades deles?
Análise da Ocasião
Qual a finalidade da reunião?
Onde a reunião será realizada?
Quais os recursos que estarão à minha disposição?
3
Leon Fletcher, Como falar como um profissional (Rio de Janeiro: Record,
s/dt.), 33-47.
12
Quais as outras partes da programação que ocorrerão antes e depois da minha
palestra?
Análise do Orador
Conheço suficientemente o assunto que pretendo falar?
Tenho tempo suficiente para preparar o assunto?
Estou realmente interessado no assunto?
Qual é a minha reputação como orador e como autoridade no assunto?
Agora que eu analisei a mim mesmo como orador, analisei os meus ouvintes
e a ocasião em que lhes falarei, posso escolher com mais segurança o tema que convém
ser tratado.
O Objetivo
O Título
A Introdução
13
ouvintes atentos, dóceis e benévolos. Como o orador pode cativar assim o auditório?
Eis algumas maneiras:
Despertando a curiosidade dele;
Deixando-o intrigado;
Demonstrando claramente a importância e utilidade do tema que será
apresentado;
Recorrendo a novidades;
Fazendo referência à ocasião;
Definindo um termo;
Demonstrando conhecer bem o assunto que será tratado;
Mostrando-se bondoso;
Dando boas notícias;
Prometendo ser breve;
Elogiando-o;
Mostrando-se humilde.
Uma introdução deve ser breve, apropriada, interessante e simples. Na
introdução o pregador conquista ou perde a atenção dos ouvintes. Ela deve ser
suficientemente longa para captar a atenção, levantar as necessidades e orientar o
auditório para o tema. Antes de ser feito isto, a introdução é incompleta, e, depois disto
é longa demais.
Tipos de Introdução
1. Ler um texto e apresentar o seu contexto literário ou histórico. Pode
incluir os aspectos geográficos e históricos, costumes da época, etc.
2. Apresentar um paradoxo. Pode ser uma contradição aparente nas
Escrituras. Exemplo: Declarações de Paulo e Tiago quanto à justificação (Rm 3:28 e
Tg 2:24).
3. Apresentar uma pergunta retórica (só para pensar). Exemplos: “Se fosse
possível Deus morrer, e Ele morresse hoje de manhã, quanto tempo levaria para
você ficar sabendo?” ou “Uma mulher que trabalha fora de casa pode ser uma boa
mãe?”.
4. Apresentar um fato ou estatística alarmante. Exemplo: “Um casamento
em três acaba no tribunal do divórcio. Apenas um casamento em seis é feliz”.
5. Fazer referências a um acontecimento atual (local/ nacional /
internacional).
6. Fazer referência a ocasião, quando esta for especial. Exemplo:
Congressos, concílios, lançamento de pedra fundamental, inauguração, campais,
formaturas, etc.
7. Contar uma história que de algum modo tenha ligação com o tema ou
com a ocasião e circunstância.
8. Fazer uma referência ao tema, mostrando sua importância ou historiando-
o.
9. Fazer referência à alguma parte precedente do programa.
10. Identificar-se de alguma maneira com os ouvintes.
O orador sempre deve fazer uma introdução ao assunto que vai apresentar, a
não ser que seja bem conhecido e bem aceito como orador, pois, neste caso, antes dele
começar a falar o auditório já está cativo e atento e até ansioso para ouvi-lo. Na
introdução o pregador deve responder à pergunta do ouvinte: “Por que preciso
escutar?”
14
O Uso da voz na Introdução
Ao chegar o momento de falar, o orador deve se dirigir ao púlpito e, durante
uns poucos segundos, em silêncio, contemplar todo o auditório. Esta postura inicial é
uma homenagem indireta aos ouvintes.
Deve então começar falando mais vagarosamente e com pouco volume de
voz e ir aumentando gradualmente a velocidade e o volume até atingir a normalidade no
final da introdução. Este procedimento traz algumas vantagens: permite ao orador
dominar-se emocionalmente; possibilita-lhe prestar atenção à sua própria voz e graduá-
la de acordo com a acústica local e contribui para que os ouvintes fiquem em silêncio
para poder ouvi-lo.
A Argumentação
O Esboço
Todo sermão, à semelhança de um corpo humano, deve possuir um
esqueleto que dê sustentação a todas as suas partes. A este esqueleto chamamos de
4
Reinaldo Polito, Como falar corretamente e sem inibição, 22ª ed. (São Paulo:
Saraiva, 1989), 106-110.
5
Usar sentença ou provérbio muito batido pelo uso.
15
esboço. Ele consiste de alguns tópicos (geralmente de 2 a 5) mais salientes e
abrangentes, que são as divisões, e de outros tópicos, menos importantes mas
necessários, aos quais denominamos de subdivisões. Alguns esboços admitem apenas
divisões, enquanto que outros necessitam de subdivisões e até de outras divisões
menores. Observe o exemplo abaixo, baseado em Lucas 9:23-24, onde há apenas
divisões.
6
Osmar Barbosa, A arte de falar em público (Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/dt.),
89-97.
7
Fletcher, 78.
16
Modelo de Tempo
É o melhor quando se apresenta um tema histórico ou quando se quer
mostrar como se realiza uma determinada atividade. O último esboço da página anterior
serve de exemplo. Também o que segue:
I. A MORTE DE JESUS
II. A RESSURREIÇÃO DE JESUS
III. A INTERCESSÃO DE JESUS
IV. O RETORNO DE JESUS
Modelo de Espaço
Serve para organizar os tópicos em uma seqüência física ou geográfica.
Exemplo 1 (Palestra ou relatório):
I. O CRESCIMENTO DA IASD EM SÃO PAULO
II. O CRESCIMENTO DA IASD EM MATO GROSSO
III. O CRESCIMENTO DA IASD EM GOIÁS
IV. O CRESCIMENTO DA IASD EM TOCANTINS
Exemplo 2:
I. O MINISTÉRIO DE JESUS EM CAFARNAUM
II. O MINISTÉRIO DE JESUS EM NAZARÉ
III. O MINISTÉRIO DE JESUS EM JERUSALÉM
Modelo de Tema
É também chamado de vale-tudo. Adapta-se a qualquer assunto. É o mais
utilizado.
Exemplo 1:
I. PRECISAMOS COMBATER A CARNE
II. PRECISAMOS COMBATER O MUNDO
III. PRECISAMOS COMBATER A SATANÁS
Exemplo 2:
I. O QUE SÃO OS DONS ESPIRITUAIS?
II. QUEM OS RECEBE?
III. COMO DEVEM SER UTILIZADOS?
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2. Precisamos promover encontros de integração entre a
juventude de nossa igreja com os jovens de outras igrejas ASD.
Isto pode acontecer através de excursões, de acampamentos e de
congressos.
Os Materiais de Apoio
Uma vez que temos os tópicos do sermão bem definidos e bem distribuídos
em um certo modelo, o esqueleto está pronto. Precisamos, agora, colocar a carne, os
tendões, os músculos, o sangue, a pele e tudo mais que for necessário; precisamos
completar e dar consistência. Isto é realizado utilizando em cada tópico alguns dos
materiais de apoio que seguem:
Citações,
Comentários,
Definições,
Ilustrações,
Estatísticas,
Etc.
A Conclusão
Maneiras de Concluir8
8
Haddon W. Robinson, A pregação bíblica (São Paulo: Vida Nova, 1983), 111-
114.
18
O Que Não Fazer na Conclusão9
(1) Não diga a seus ouvintes que esqueceu algum tópico; (2) não pare
abruptamente ao final de seu discurso (Lembre-se de um automóvel em movimento e
que deve diminuir a velocidade aos poucos até parar); (3) não se desculpe; (4) não
estique; (5) não coloque novos argumentos.
Por meio deste capítulo aprendemos que o sermão possui três partes: introdução,
argumentação e conclusão; e também as diferentes maneiras de preparar cada uma
delas. Aprendemos ainda a diferença entre tema e título, e para que servem. Na
sequência descobriremos como escolher um texto bíblico e transformá-lo num esboço
bem organizado que serva de roteiro para a pregação.
CAPÍTULO V
Tipos de Ilustração
Figuras de Linguagem
Uma boa maneira para chamar a atenção para nossa mensagem é utilizar
uma linguagem diferente da corriqueira onde as ideias são expressas por meio de
palavras e construções incomuns – que comunicam mais força e colorido, intensidade e
beleza – chamadas de linguagem figurada10. As figuras não são enfeites inúteis, pois
conseguem maior expressividade. Foram muito utilizadas por Jesus e Seus apóstolos e
também pelos escritores do Antigo Testamento. Existem dezenas de tipos de figuras,
que podem ser encontradas em uma boa gramática. Mencionamos a seguir algumas das
mais utilizadas.
(1) Símile:
9
Polito, Ibid.
10
Carlos Emílio Faraco e Francisco Marto de Moura, Gramática, 14ª ed. (São
Paulo: Ática, 1995), 430.
19
É uma comparação expressa. Utiliza as palavras SEMELHANTE ou
COMO. Enfatiza a semelhança entre duas ideias, objetos, ações, etc. O sujeito e a
coisa com a qual ele está sendo comparado, são mantidos separados11. Exemplo: “Não
é a Minha palavra [COMO] fogo, diz o Senhor, e [COMO] martelo que esmiúça a
penha?” (Jr 23:29).
(2) Metáfora:
É uma comparação não expressa. Portanto, não usa as palavras
SEMELHANTE ou COMO. Nela o sujeito e aquilo com o que ele é comprado
possuem algum ponto de semelhança e estão entrelaçados12. Exemplos: “Eu sou o pão
da vida” (Jo 6:35), “Eu sou a videira verdadeira” (Jo 15:1), “vós sois a luz do mundo”
(Mt 5:14) e “vós sois o sal da terra” (Mt 5:13).
(3) Antítese:
É a colocação, lado a lado, de idéias opostas13. Exemplos: morte e vida (Rm
6:23); carne e Espírito (Rm 8:9) e luz e trevas (I Jo 1:5).
(4) Hipérbole:
É o exagero intencional de uma verdade com o intuito de realçá-la.
Exemplo: “Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem
relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que
seriam escritos” (Jo 21:25). Este é o último versículo do evangelho de João e ele
simplesmente está dizendo que não escreveu tudo que Jesus ensinou ou fez, mas apenas
uma amostra que, apesar disso, é suficiente para crermos e sermos salvos (veja 20:30 e
31).
Outros exemplos são: “Minha mãe é a melhor mãe do mundo” e “o
professor lhe havia dado mil vezes o mesmo conselho”.
(5) Alegoria:
É uma metáfora ampliada. Nela a história e sua aplicação acham-se
entrelaçadas. A interpretação está em seu próprio conteúdo14. Exemplos: Gálatas 4:2-
31 e Salmo 80:8-16.
(6) Parábola:
É um símile ampliado. Geralmente mantém a história e sua aplicação de um
modo distinto e esta acompanha aquela15. Exemplos: Mateus 13:3-8, 18-23; 24-30; 36-
43; 47-50 e Isaías 5:1-7.
(7) Alusão Histórica:
É uma referência a um fato histórico de importância local, nacional ou
mundial. Pode se referir a uma batalha, uma descoberta ou outro evento que se julga
relevante. Exemplo: Salmo 95:7-11.
(8) Incidente Biográfico:
É um episódio na vida de um personagem. Pode ele ter sido um líder
religioso, um estadista, um cientista ou outro indivíduo qualquer cujo incidente
11
Henry A. Virkler, Hermenêutica – Princípios e Processos de Interpretação
Bíblica (Miami, Flórida: Vida, 1987), 122.
12
Ibid.
13
Faraco, 435.
14
Virkler, 122.
15
Ibid.
20
contenha alguma importante lição espiritual. Em Hebreus 11, encontramos traços
biográficos de diversos personagens bíblicos. Veja também Lucas 4:25-27.
(9) Experiência Pessoal:
É contar algo que aconteceu em sua vida. Este é o melhor tipo de ilustração
que há. Quando falamos de algo que vivenciamos o efeito de nossas palavras sobre os
ouvintes é maior, talvez por causa do tom de voz e de um maior empenho, mesmo
inconsciente, de nossa parte. Cícero, grande orador romano, dizia que sempre que
puder, o orador deve dar exemplos pessoais, porque junto com o exemplo vem o
testemunho, o que serve de garantia e reforça a credibilidade. O apóstolo Paulo
seguidamente falava de suas experiências pessoais. Veja Atos 22; 24; 26; e II Coríntios
11:22-30.
Uma boa ilustração precisa ser apropriada. Isto significa que deve ter
relação com o assunto ou com as circunstâncias e o auditório. Deve ser tão
compreensível que não necessite de explicação e ser contada de tal maneira que apele à
imaginação do ouvinte, fazendo-o ver. Ao contá-la devemos ser breves, não entrando
em detalhes irrelevantes nem exagerando os relevantes. De preferência deve ser inédita
para aqueles que nos ouvem e, se for algo espetacular, será interessante darmos a fonte
ou especificarmos a data, o local e o nome de quem esteve envolvido, de modo que se
torne digna de crédito.
1. Precisamos cuidar para que o sermão não seja apenas um colar de ilustrações.
Elas são recursos que facilitam o entendimento a mensagem. Portanto, em si
mesmas, não são a mensagem. Devem chamar a atenção para a verdade e não
para si.
2. A ilustração não deve servir como base do sermão. A base é sempre o texto
bíblico. No caso de prepararmos um sermão sobre uma história bíblica, esta não
funciona como mera ilustração e sim como texto.
3. Nunca devemos empregar uma ilustração que desvia a atenção dos ouvintes do
assunto principal do sermão. Uma única frivolidade ou esquisitice que ela
contenha pode prender de tal modo a atenção dos ouvintes que eles não mais
consigam acompanhar o restante do sermão.
4. Ao contarmos casos pessoais, envolvendo nós mesmos ou nossa família,
devemos ser modestos. É preciso estar alerta para não causar a impressão de
que somos os melhores. O objetivo é a glorificação de Cristo e não a
glorificação pessoal.
5. Quando cortarmos uma ilustração real devemos certificar-nos de que as
informações são verdadeiras.
6. Uma ilustração não deve constranger nem comprometer as pessoas. Por isso é
necessário cuidar para não propagar coisas que nos foram confidenciadas. Seria
constrangedor falar de assuntos que alguém tenha depositado confiança em nós,
vê-lo sendo revelado em público.
21
Fontes de Ilustração
CAPÍTULO VI
16
James D. Grane, O sermão eficaz, 2ª ed. (Rio de Janeiro: JUERP, 1990), 131
e 132.
22
Definições
Explicações
Pormenores
23
(5) O Olfato:
Os pormenores se referem ao que é perfumado ou fétido, inodoro, irritante,
sufocante, etc.
As Analogias e os Contrastes
Os exemplos
CAPÍTULO VII
Aparência e Vestuário
24
As camisas de cores claras parece serem as melhores. Atualmente também
estão usando camisas escuras com a gravata da mesma cor, mas de tom diferente. Faz
parte da moda chamada tom sobre tom. Se for listrada, que as listras sejam discretas.
Camisas com listras largas, aquelas com tecido xadrez ou estampado, não combinam
com paletó e gravata.
(3) A Gravata:
Quanto à cor deve combinar com o paletó e com a camisa. Seu tamanho
deve ir até à fivela da cinta. O prendedor deve ficar a uns 20 cm acima da ponta da
gravata.
(4) O Sapato:
Deve estar em boas condições de uso, limpo e engraxado, combinando com
a cor das meias e das calças.
(5) As meias:
Embora não apareçam quando o orador está em pé, ficam à mostra quando
se ajoelha ou está assentado. Devem combinar com a cor das calças e dos sapatos.
(6) As Calças:
As calças em seu comprimento, devem atingir o salto do sapato.
(7) Os Adornos:
O pregador deve cuidar com qualquer adorno que possa salientar-se em sua
aparência. Exemplos: pulseiras de relógio, abotoaduras, prendedores de gravata,
distintivos muito grandes e brilhantes; gravatas com cores muito vivas, etc. Não
estamos sugerindo que estas coisas não sejam usadas, mas sim que não sejam muito
vistosas.
(8) Os Trajes:
Especialmente nos ritos da Igreja, o pregador dá preferência a trajes (ou
ternos) de cor escura e sóbria.
(9) O Material:
Devemos dar preferência a material de boa qualidade e durabilidade, e saber
adequar a nossa vestimenta ao tipo de atividade que estamos realizando.
(10) A Moda:
Se uma moda for decente e boa o pregador não deve ser o primeiro a adotá-
la mas também não o último.
(11) O Bom Gosto:
A religião cristã também afina o gosto das pessoas e espera-se que isto
ocorra especialmente com os pregadores. Devem ser pessoas de bom gosto.
Gestos e Postura17
17
Adaptado de Reinaldo Polito, Gestos e Postura para Falar Melhor, 15ª ed.
(São Paulo: Saraiva, 1993).
25
As Funções dos Gestos
18
Reinaldo Polido, Gestos e postura para falar melhor, 15ª ed. (São Paulo:
Saraiva, 1993), 66 e 67.
26
7. Há situações em que as ideias e sentimentos são melhor transmitidos pelo semblante
ou pelo olhar, ou pela combinação destes com os movimentos dos braços e das
mãos.
8. O orador não deve fazer um gesto para cada informação que transmite. Geralmente,
ao pronunciar uma frase, ele efetua um único gesto, que vai se referir àquilo que ele
quer destacar. Por exemplo: Qual seria o gesto correto para acompanhar o verso
bíblico “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará”? Este verso permite três
ênfases: Senhor, meu e nada, mas o orador deve escolher apenas uma. Se quiser
destacar a ideia de Senhor, então, ao pronunciar esta palavra, ele apontará seu dedo
indicador para o alto; se preferir salientar o fato de que o pastor é seu – meu pastor –
deverá colocar a mão aberta sobre o peito, indicando assim a relação de posse; se,
contudo, desejar ressaltar que nada vai faltar, posicionará sua mão espalmada na
frente do peito e num gesto rápido a afastará dele para o lado.
9. Os gestos precisam ser aprendidos. É necessário que se façam exercícios, pelo menos
dos gestos que transmitem as idéias e sentimentos mais utilizados, até que eles
sejam incorporados a nós e se tornem parte natural de nossa comunicação. Assim,
depois que forem aprendidos, não importa o sermão que pregue, eles fluirão
naturalmente e, mesmo, inconscientemente.
Os Tipos de Gestos
O Olhar:
Ninguém aprecia ouvir um orador que não olha para ele uma única vez
durante todo o tempo do sermão. Quanto mais olharmos para os ouvintes, maior será a
sua atenção e interesse em nossas palavras.
Quando o auditório é pequeno se torna fácil para o pregador olhar as
pessoas nos olhos, mas, quando os ouvintes se contam às centenas, isso é impossível.
Nestes casos, contudo, o orador pode agir de tal modo que os ouvintes sintam que ele
está olhando para eles. Para causar esta impressão ele deve dividir, mentalmente o
auditório em umas poucas seções, digamos, entre ala direita e ala esquerda e cada uma
subdividida em três ou quatro partes, e, então, de vez em quando, lançar um olhar para
cada setor. Quando ele olha para uma seção, de cinquenta pessoas por exemplo, devido
a distância entre ele e elas, cada uma pensa que ele está olhando para ela. Este método
ajuda o orador a granjear o favor do auditório.
Este capítulo revelou que sempre que alguém se apresenta em público e profere uma
mensagem, ocorrem duas comunicações: Uma verbal (seu discurso) e outra não verbal,
que em grande parte é visual (sua aparência, vestuário, a postura e gesticulação de seu
corpo). Salientou também a importância delas estarem em harmonia e como isso pode
ser feito. O capítulo seguinte será analisado a natureza humana e o papel das emoções,
da razão e da vontade.
27
CAPÍTULO VIII
Emoção
É a energia que leva o homem a realizar coisas. Podemos dizer que o ser
humano é movido por emoções. Assim, é a energia emocional que permite a você sair
da cama pela manhã, vestir-se, alimentar-se, vir para a escola, trabalhar, lutar, etc. Sem
emoção você não faria nada disto, mas permaneceria em repouso19.
As emoções – amor, ódio, medo, inveja, ciúme, ansiedade, ambição, etc. – é
que motivam a conduta humana. Elas vivificam e embelezam a existência, criando a
verdadeira alegria de viver. Mesmo muitas das grandes realizações humanas –
especialmente nas artes – tiveram sua inspiração em fontes emocionais e não em
motivos intelectuais.
Precisamos lembrar que a energia emocional pode ser usada tanto para o
bem como para o mal. Essa força pode ser destrutiva, acarretando sofrimento e
infortúnio às pessoas, ou pode ser construtiva, trazendo paz de espírito, auxiliando na
sobrevivência e promovendo toda sorte de coisa boas20. Qualquer trabalho fica mais
fácil quando feito com amor e entusiasmo, mas também pode tornar-se mais difícil
quando o indivíduo está possuído de emoções negativas21.
A energia emocional que o nosso ser produz, vai se acumulando e, por isso,
deve encontrar saída em atividades exteriores tais como o trabalho, as relações sociais e
os esportes. Se, por alguma razão, essa vazão não acontece, a energia emocional vai se
concentrar nos órgãos internos do corpo, resultando em enfermidades 22. É uma lei da
física que “a energia não desaparece; continua acumulando-se, aumentando sua carga,
até alcançar tais proporções que exigem a descarga”23.
As emoções têm o poder de produzir alterações em nosso organismo. Elas
afetam a respiração, a circulação e a pressão sanguínea, a transpiração e o ritmo do
coração. Podem causar lesões e podem combater as enfermidades24. Também acontece
19
Alberto Montalvão, Psicologia Biblioteca de Ciências Exatas e Humanas
(São Paulo: Novo Brasil Editora Ltda., 1982), 2:28.
20
Ibid., 2:29.
21
Russell Norman Champlin e J. M. Bentes, “Emoções”, Enciclopédia de
Bíblia, Teologia e Filosofia, ed. 1995, 2:354.
22
Montalvão, 2:30.
23
Ibid., 31.
24
Champlin, 2:354.
28
de um indivíduo estar sob o domínio de uma forte emoção sem ter consciência disso. A
tristeza, a perda de concentração, a insônia, uma fraqueza geral no corpo, podem ser
disfarces comuns da cólera, do medo e da ansiedade25.
Razão
Vontade
É uma expressão que pode ter diversos significados, sendo que os mais
usados parecem ser:
Desejo, anseio, aspiração. Exs.: “Estou com vontade de comer um
pedaço de bolo” e “Ele sentiu vontade de rever seus pais”;
Capacidade de escolha, de decisão. Ex.: “O apóstolo Paulo tinha uma
vontade de ferro” (o que indica que possuía firmeza e energia nas decisões).
É imprescindível não confundir um significado com o outro, i. e., não
confundir vontade com desejo. “A vontade não é o gosto nem a inclinação, mas o poder
que decide”26. Assim, alguém pode passar diante de uma confeitaria e, vendo os doces
expostos na vitrina, desejar comê-los e, contudo, embora tenha tempo e dinheiro, por
alguma razão sua vontade diz “não”, e ele segue seu caminho, sem saboreá-los.
Uma pessoa pode ter uma infinidade de desejos mas a vontade é apenas
uma. A vontade pode combater os desejos ou aliar-se a eles. Ela está acima das
emoções e da razão, e é responsável pelas decisões e pelos caminhos do indivíduo. “A
vontade é o poder que governa a natureza do homem, pondo todas as outras faculdades
sob sua direção”27. As faculdades mentais e as paixões devem ser controladas pela
vontade28.
A razão pode analisar com clareza tudo que está envolvido e apontar o rumo
correto, mas é a vontade que detém o comando. Pode concordar com a razão e decidir
em harmonia com ela; pode render-se á emoção; pode ir contra uma e outra. É como
uma máquina interna que toma decisões. A vontade é livre para escolher e se constitui
na grande capacidade que torna o homem senhor de si mesmo, de seus atos, e, por isso
mesmo, ele é simultaneamente livre e responsável29. A vontade é a própria essência da
25
Montalvão, 2:29 e 30.
26
Ellen G. White, Mente, caráter e personalidade (Tatuí, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 1998), 2:685.
27
Ibid.
28
Ibid., 1:100 e 2:354.
29
Montalvão, 2:29 e 30.
29
personalidade. É a fonte de todas as ações30.
A vontade tem sido comparada a uma ponte capaz de nos permitir alcançar
o outro lado, onde se encontra o que desejamos obter. Aliás, quase tudo quanto
almejamos se encontra no futuro ou oferece múltiplas dificuldades para ser alcançado.
Assim, é por meio dessa ponte que conseguiremos atingir o outro lado, onde se encontra
o que ambicionamos. É ela que leva um indivíduo a estabelecer objetivos e o mantém
no caminho que conduzirá a eles, apesar das contingências e obstáculos. A vontade
tudo vence. Querer é poder. Quando a vontade decide atingir um objetivo, força o
corpo, a mente e o espírito para alcançá-lo.
Nos vários campos da atividade humana a vontade quase sempre compensa
a falta de maior inteligência ou habilidade manual. É por esta razão que indivíduos
pouco dotados intelectualmente, ocupam lugares que outros mais inteligentes e de
vontade fraca, não conseguem atingir, e que operários pouco hábeis, mas perseverantes,
ultrapassam outros mais engenhosos, mas fracos de vontade31.
A vontade é um dom de Deus a cada ser humano e é algo em que ninguém
pode tocar: nenhum homem e nenhum anjo bom ou mau32. O único que poderia
interferir em nossa vontade é Deus, mas Ele nunca o fez, nem o fará33 – porque não
combina com seu caráter. Ele nos deu o livre-arbítrio, o poder da escolha, e a nós
unicamente compete usá-lo, de um ou de outro modo.
O que acontece, na prática, é que outros seres, dotados de inteligência e de
vontade, tentam nos atrair para que aceitemos suas ideias e procedamos como é do seu
agrado. Assim, os homens fazem suas propagandas, Satanás e seus anjos também, e até
o próprio Deus e seus anjos. Cada um busca nossa adesão mas a decisão é nossa, só
nossa. Assim, se vamos comprar ou não este ou aquele produto, se vamos ceder a
tentação ou, ao contrário, seguir no caminho proposto por Deus, depende apenas de
nossa escolha. Em cada caso nossa vontade deve decidir.
O Ato Voluntário
30
White, Ibid., 2:685.
31
Montalvão, 2: 202 e 203.
32
White, 2:710.
33
Ibid., 1:325.
34
Montalvão, 2:25.
35
Ibid., 185.
30
realizar. Para realizar um ato voluntário, passamos por algumas fases. São elas:
atenção, consideração, decisão e ação36.
(1) Atenção:
Ao nosso espírito acode um projeto ou um ato que poderemos ou não
realizar. Nesta fase vemos o ato como um todo37. Ex.: Um colportor apresenta a uma
dona de casa o seu prospecto sobre um livro que trata da educação de filhos, e a atenção
dela é chamada para a possibilidade de adquirir a boa literatura que está sendo
oferecida.
(2) Consideração:
Agora analisamos o que está envolvido, os prós e os contras, as vantagens e
desvantagens de realizar o tal ato ou projeto. No exemplo dado, a senhora deveria
pensar nos benefícios que teria: sugestões de como proceder como mãe, de como
melhor compreender e ajudar os filhos, de como guiá-los no bom caminho; mas também
no que o esposo pensaria sobre uma compra assim e se teria o dinheiro necessário no
dia da entrega, etc.
(3) Decisão:
Nesta fase a vontade escolhe um dos caminhos que se lhe oferecem. No
exemplo que estamos usando, a senhora decide encomendar ou não o livro.
(4) Execução:
A vontade decidiu e agora completa sua obra, ordenando ao corpo e ao
espírito que façam o que for necessário para atingir seu objetivo38. Assim, se a dona de
casa decidiu comprar o livro, ela irá tomar a caneta e assinar o pedido. Se ela decidiu
não comprar, provavelmente irá se desculpar e agradecer a visita.
Uma pessoa pode ter uma vontade saudável ou uma vontade enferma. Se
for saudável, ela passará normalmente por estes quatro estágios ao praticar um ato
voluntário. Em alguns casos, todo o processo durará uns poucos segundos, enquanto
que em outros, meses ou anos. Se você estiver dirigindo um carro e logo á frente um
semáforo mostrar a luz amarela, quanto tempo durará até você pisar no freio ou no
acelerador? Se um jovem tem pela primeira vez sua atenção chamada para uma moça,
quanto tempo passará até que eles casem?
Como exemplo bíblico de alguém com vontade sadia encontramos a jovem
rainha Ester. Quando sua atenção foi chamada para a desesperadora condição do povo
judeu, refletiu cuidadosamente sobre o assunto, tomou a firme decisão de fazer o que
era possível e, então, mesmo pondo em risco a própria vida, executou o que planejara,
salvando deste modo o seu povo (Ester 4 e 5:1, 2).
Doenças da Vontade
Mas há pessoas que possuem uma vontade doente. Elas não passam
naturalmente pelas fases acima estudadas. Essas pessoas podem ser classificadas em
três grupos:
(1) Os impulsivos:
36
Ibid., 200.
37
Ibid.
38
Ibid.
31
São os que não gastam tempo para pensar. São incapazes de resistir a certos
impulsos39. São impetuosos, rápidos demais em decidir e agir. “Muitos impulsos são
devidos à influência obscura, mal definida dos instintos”40.
(2) Os indecisos:
Ao contrário dos anteriores, estes pensam demais. Em sua mente, os prós e
os contras assumem grandes proporções e eles não sabem o que decidir. A razão analisa
com clareza mas a vontade não assume o seu papel de comando41.
(3) Os inconstantes:
São os que raciocinam e decidem corretamente mas não são capazes de
executar o que decidiram. Deixam-se dominar pelos acontecimentos, em vez de
dominá-los. Têm medo de agir42.
Na Bíblia encontramos exemplos de indivíduos que, pelo menos em certos
momentos da vida, manifestaram uma vontade doentia. Assim, como exemplos de
impulsivos, temos Ananias e Safira que, levados pelo ímpeto do momento, decidiram
doar para a igreja apostólica todos os recursos adquiridos com a venda de um terreno,
mas que, ao terem o dinheiro em mãos, arrependeram-se da decisão precipitada que
haviam tomado (Atos 5:1-11).
Ló, sendo avisado pelos anjos que Sodoma seria destruída, demorava-se em
tomar a decisão de partir (Gn. 19:1, 12-16). Ele é o exemplo de alguém indeciso.
Pilatos, por sua vez, é apresentado como inconstante, pois, havendo analisado as
acusações feitas contra Jesus, chegou à conclusão e declarou que Ele era inocente e,
havendo decidido soltá-Lo, deixou-se dominar pelos acontecimentos e O entregou para
Ser morto (At 3:13; Lc. 23: 13-25).
A Educação da Vontade
39
Ibid., 2:202.
40
Ibid., 2:193.
41
Ibid., 2:202.
42
Ibid.
32
1. A vontade deve ser colocada sempre ao lado da razão;43
2. A vontade deve ser dirigida sempre em forma contínua;
3. A vontade deve sempre ser aplicada a um trabalho definido e útil;
4. A vontade nunca deve ser colocada em oposição ao nosso dever.
É através da vontade que o pecado conserva seu domínio sobre os homens44.
A vontade que não foi rendida ao domínio de Cristo é governada por Satanás45 e,
embora o homem não possa por si mesmo controlar seus impulsos e emoções como
gostaria46, tem a capacidade de tirá-la do domínio de Satanás e entregá-la a Cristo47.
Quando isto é feito, “a graça de Cristo se apresenta para cooperar com o agente
humano48” transformando a mente e o coração, pela atuação do Espírito de Deus49.
Quando entregamos a Deus nossa vontade, ela é devolvida “purificada e refinada” e tão
em harmonia com Ele que nos tornamos condutos de Seu “amor e poder”50.
Já que a vontade é que detém o comando do homem, o que mais Deus quer
de nós é que Lhe entreguemos nossa vontade. Isto é o que significa tomar a nossa cruz
(Lc 9:23) ou tomar o jugo de Jesus (Mt 11:29). Por isso, todo pregador deve ter como
propósito conquistar a vontade de seus ouvintes, e não apenas seu intelecto ou suas
emoções.
Contudo, em seu trabalho para Deus, deve levar em conta “que as emoções
são mais poderosas que a razão51” e que, por isso, a maioria das pessoas decide mais
pela emoção que pela razão52. Desta forma, quando o sermão é muito argumentativo e
racional e não possui componentes emocionais, poucos decidem. Por outro lado,
quando se manifestam as emoções sem equilibrá-las com os aspectos intelectuais da
verdade, facilmente os ouvintes se decidem, mas são decisões que não perduram.
Tratando desse assunto, a Sra. White escreveu: “A pregação da Palavra
deve apelar para a inteligência, e comunicar conhecimento, mas cumpre-lhe fazer mais
que isso. A palavra do ministro, para ser eficaz, tem de atingir o coração dos
ouvintes”53. Assim, a melhor maneira de se atrair a vontade do ouvinte para que se
43
White, 2:689.
44
Ibid., 693.
45
Ibid., 692.
46
Ibid., 694.
47
Ibid. 686.
48
Ibid., 691.
49
Ibid., 692.
50
Ibid., 693.
51
Champlin, 2:354.
52
Montalvão, 2:155 e 156.
53
Ellen G. White, Obreiros evangélicos (Santo André, SP: Casa Publicadora
Brasileira, sdt.), 152.
33
decida ao lado de Deus, e aí permanecer, é apresentar argumentos que satisfaçam a
razão e argumentos que alcancem as emoções.
Persuasão e Convencimento
O ser humano foi criado por Deus como um ente social, devendo, portanto,
relacionar-se com seus semelhantes. Em nossos relacionamentos estamos
constantemente desejando que nossos interlocutores sejam favoráveis às nossas ideias e,
por isso, fazemos uso da palavra, tentando ou persuadi-los ou convencê-los.
Popularmente, persuadir e convencer têm sido usados como sinônimos, mas,
na realidade, a diferença entre eles é enorme. Persuadir vem do latim “persuadere” e
significa “aconselhar até o fim”, ou melhor, aconselhar até que o outro concorde em
fazer o que pretendemos. Assim, o persuasor é um conselheiro, alguém que aconselha,
que recomenda. Na persuasão não existe violência, nem ameaças, nem coação moral,
nem constrangimento, pois o aconselhado pode seguir ou não a sugestão recebida. Não
precisa haver uma adesão irremediável à verdade.
Já convencer tem outro significado. É derivado do verbo “vencer”. Isso dá
a idéia de combate, luta, disputa. Assim, o convencido, foi, antes de mais nada,
vencido. Vencido pelos argumentos, pela demonstração da verdade do que foi exposto.
Está obrigado moralmente a atuar de acordo com sua convicção. O fato de estar
convicto implica em certeza, conhecimento, verdade e dever de agir de acordo com a
razão.
Portanto, aquele que quer persuadir se preocupa em conquistar a vontade
mas não a inteligência do outro, ele quer que este faça alguma coisa e consegue;
enquanto que quem procura convencer deve conquistar a inteligência do outro.
O persuasor não perde tempo tentando fazer os outros mudar de ideia ou de
opinião. Ele apenas quer que eles pratiquem determinada ação e nada mais. A maneira
mais comum de persuadir alguém é intensificar ou mesmo criar algum desejo na pessoa
que se quer persuadir. Se o desejo dela se tornar mais forte que sua vontade, esta
obedecerá à sugestão recebida. Um bom exemplo de persuasão pode ser visto nas
propagandas de alimentos prontos e bebidas, que são veiculados pelas emissoras de
televisão próximo aos horários das refeições.
Todas as pessoas têm objetivos e necessidades – chamados de bens ou fins –
que buscam alcançar. Para tanto, precisam de meios. É papel da razão mostrar quais
coisas, pessoas ou atividades são meios para atingirmos nossos fins. Toda vez que algo
for, ou parecer ser, um meio para atingirmos um fim, a vontade o prefere e nos obriga a
agir para que ele seja, de fato, usado como um meio para atingirmos nossos propósitos.
Assim, para persuadir alguém, devemos antes descobrir qual é o fim (bem)
mais desejado por ele e, então, bastará mostrar-lhe que aquilo que estamos sugerindo é o
meio para que ele o alcance. Ele seguirá nossa sugestão somente porque por seu
intermédio alcançará aquilo que realmente o interessa.
Podemos classificar os bens em três grupos:
(1) Bens Úteis:
São materiais e visam ao conforto do corpo ou a sua conservação. Podem
ser simbolizados pelo dinheiro. Exs.: casa, carro, alimento, vestuário, medicamento,
etc.
(2) Bens Agradáveis:
São aqueles que dizem respeito aos sentidos e dão prazer. Exs.: alimento,
bebidas, sexo, perfume, beleza, música, etc.
(3) Bens Honestos:
34
São aqueles que respondem aos fins supremos da alma humana e cujo
principal aspecto é o dever. Ex.: socorrer uma pessoa que foi assaltada e ferida. Isto
nos lembra da história do bom-samaritano. Ajudar o homem moribundo não era para
ele nem útil, nem agradável, mas ele o fez porque acreditava ser seu dever.
Para algumas pessoas o que mais interessa são os bens úteis, para outras, os
bens agradáveis, e há aqueles que dão preferência aos bens honestos. Estes são os mais
equilibrados. Assim, cada indivíduo busca mais um destes três tipos de bens, embora,
vez e outra, possa se decidir por outro.
É interessante que os antigos gregos já conheciam essas coisas. Eles, que
tinham o costume de ter um deus para cada sentimento ou situação, possuíam a deusa da
persuasão – chamada Pitho – que era representada pela imagem ou figura de uma
mulher procurando atrair um fabuloso animal de três cabeças: uma de macaco, uma de
gato e outra de cão. Cada cabeça representando uma preferência: a de macaco, pelos
bens úteis; a de gato, pelos bens agradáveis e a de cão, pelos bens honestos. Isso
ilustrava que aquele que se aventurar a persuadir alguém, deve procurar atrair o outro
apelando também para três cabeças, cada qual com sua preferência. Tentará atrair as
três, embora seja mais enfático com uma delas. Assim, para persuadir alguém que dá
prioridade para os bens úteis, deve se insistir no apelo aos bens materiais; para atrair
outro que dá mais valor aos bens agradáveis, enfatiza-se o prazer que ele gozará ao fazer
o que estamos sugerindo; e, para influenciar aquele para quem o mais importante são os
bens honestos, salientaremos o que é honesto e correto.
Persuadir é descobrir o que o outro quer e encaixar o que nós queremos
naquilo que ele quer. O melhor veículo para tanto é a palavra falada. A palavra escrita
é proveitosa quando se quer convencer, mas para persuadir ela é inadequada. Ocorre
que a palavra falada contém mais coisas que a escrita: possui a capacidade de transmitir
emoções, intenções e estados de alma de quem a pronuncia. Além disso, a palavra
falada penetra no ouvinte ainda que ele não queira, ao passo que podemos deixar de ler
algo, se quisermos. A continuação ou interrupção da mensagem não depende da
vontade do ouvinte, mas da nossa. Podemos, ainda mais, alterar completamente o rumo
de nossa mensagem, conforme leiamos na fisionomia de quem ouve, o agrado, a
simpatia, o tédio, o desinteresse ou a curiosidade e atenção. Já a palavra escrita, depois
de entregue, escapa ao nosso domínio. Portanto, a palavra falada é mais palavra que a
palavra escrita. Praticamente as únicas vantagens desta é que atinge distâncias maiores,
quer no espaço, quer no tempo.
Existe uma arte que cuida exclusivamente da persuasão e de como descobrir
o modo de dirigir a conduta humana. Esta arte é a retórica ou oratória. Aristóteles a
chamava de “arte de persuadir”. Ela preocupa-se muito mais com a verossimilhança do
que com a verdade em si. Como exemplo disto temos o caso dos sofistas
contemporâneos de Platão (especialmente Górgia) que falavam sobre qualquer assunto,
tanto a favor como contra, e que, ao final de seu discurso, conseguiam que todos
estivessem de pleno acordo com eles. Embora esses sofistas persuasores fossem
amorais, indiferentes ao bem ou ao mal, ao certo ou ao errado, eles provaram algo muito
importante para a psicologia, i. e., que podemos apenas com palavras, levar os homens
para onde quisermos.
Observe que a moralidade ou imoralidade da persuasão depende
exclusivamente do persuasor, da pessoa que dela faz uso. Ela pode ser usada tanto para
o bem como para o mal. É como um bisturi, que na mão de um médico pode salvar uma
vida, mas na mão de um malfeitor pode ser instrumento para um crime. Alguém disse
que a persuasão é a mais terrível de todas as artes.
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Principais Diferenças Entre Convencer e Persuadir
(1) Persuadir:
01. É dar um conselho;
02. É indicar um caminho possível;
03. É suave e delicado;
04. É um apelo á credulidade;
05. Visa somente a uma ação;
06. Lida com os desejos e a vontade;
07. O homem persuadido age;
08. Embora possa discordar de nós, o persuadido faz o que queremos;
09. O persuadido dá mais valor à opinião do que à certeza;
10. A dúvida é a grande aliada;
11. É mais prático e objetivo;
12. Não tenta fazer o outro concordar conosco;
13. É falando que melhor persuadimos;
14. Quem persuade não precisa crer e agir da mesma forma que aconselha;
15. Ao lado da verdade admite aquilo que se parece com ela.
(2) Convencer:
01. É ensinar uma lição;
02. É apontar o único caminho;
03. É autoritário e firme;É um apelo à razão;
04. Dita normas para todas as ações semelhantes no futuro;
05. Lida com a inteligência e com os fatos;
06. O homem convicto pode agir ou não;
07. Embora concordando conosco, o convencido pode agir diferente;
08. O convicto só aceita a verdade;
09. A dúvida é a grande inimiga;
10. É mais teórico e subjetivo;
11. Preocupa-se essencialmente com a concordância do outro;
12. É escrevendo que melhor convencemos;
13. Quem pretende convencer precisa antes estar convencido do que diz;
14. Admite unicamente a verdade.
Em nosso trabalho para Deus, precisamos convencer as pessoas, pois, assim,
estarão colocando a razão ao lado da verdade. Contudo, pode acontecer que a vontade
não acompanhe a razão, de modo que elas se tornam convencidas mas não decidem
favoravelmente. Nesses casos seria útil usar também a persuasão para levá-las à
decisão.
Este capítulo analisou as três características essenciais do homem: emoção, razão e
vontade, com destaque para esta última, demonstrando como o pregador deve agir para
que os ouvintes submetam sua vontade a Cristo. Em continuação, estudaremos sobre as
diferentes maneiras de se apresentar um sermão.
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CAPÍTULO IX
O Sermão Lido
Este discurso pode ter sido muito bem preparado e até totalmente escrito,
mas nenhuma anotação é ocupada na hora da apresentação. O orador tem completo
domínio do tema. As divisões são bastante lógicas e claras em sua mente ou no próprio
texto bíblico que ele está utilizando. O orador também está alerta a qualquer orientação
do Espírito Santo, no momento da apresentação.
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O ideal na apresentação é que o orador tenha tal domínio do tema que não
precise usar qualquer coisa a não ser a Bíblia. Contudo, é bom que tenha consigo,
dentro da Bíblia, um esboço, pois, se houver um esquecimento momentâneo, ele não vai
se atrapalhar: bastará uma olhada rápida para que saiba o que falar na seqüência.
Este capítulo mostrou as três maneiras de se apresentar um sermão, ressaltando as
vantagens e desvantagens de cada uma e o método ideal. O capítulo seguinte ensinará
como fazer apelos e conseguir uma resposta favorável da parte dos ouvintes.
CAPÍTULO X
O apelo ao qual nos referimos neste capítulo é aquele que ocorre logo após a
conclusão de um sermão, sendo uma espécie de cobrança da verdade que foi exposta
pelo pregador. É uma oportunidade e um convite para que o ouvinte manifeste
publicamente sua decisão. Seu objetivo é provocar mudanças de atitude e
comportamento.
Vantagens
1. Um bom apelo é breve. Uns poucos minutos são suficientes. Embora pessoas
tenham se decidido porque algum pregador se alongou no apelo, normalmente
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este procedimento causa irritação em uns e constrangimento em outros, o que
prejudica a finalidade espiritual. É melhor decidir fazer apelos curtos e só se
alongar se o Espírito de Deus, no momento, sugerir que seja assim.
2. O apelo também deve ser claro. Aquele que se propõem a atendê-lo deve saber
exatamente o significado do que está fazendo.
3. Também precisa ser objetivo, direto, sem rodeios.
4. Outra característica fundamental é a honestidade. O pregador não deve usar de
astúcia para conduzir os ouvintes à decisão. Como exemplo negativo citamos o
caso do pregador que dizia: “Quem atender ao apelo e vier à frente aceitando a
Cristo receberá uma Bíblia de presente” ou “... esta linda camiseta”.
5. O apelo precisa se espontâneo, quer dizer, voluntário, natural. Embora todo
sermão deva ter algum tipo de apelo – ora às emoções, ora ao intelecto, mas
querendo acima de tudo conquistar a vontade – nem todos precisam ser
direcionados para que os ouvintes exteriorizem suas decisões. O pregador deve
estar completamente livre de qualquer pressão humana para, submisso só a
Deus, decidir quando é melhor fazer o apelo.
6. No apelo, o orador não deve fazer uso de gesticulação muito expressiva. O
importante é a inflexão da voz, o semblante, o olhar e o amor pelas pessoas.
Tipos de Apelo
O apelo para que os ouvintes revelem publicamente sua decisão pode ser
realizado de várias maneiras. O pregador deverá escolher a que mais convém na
situação em que se encontra. Ele pode solicitar que eles levantem a mão, ou que fiquem
em pé, ou que venham à frente. O melhor é convidar que venham à frente do auditório,
pois serão mais notados e haverá maior comprometimento. Porém, alguns do auditório,
por serem demasiado tímidos, não teriam tal ousadia.
Para ajudá-los a mostrar o que sentem, o pregador pode inicialmente
solicitar que simplesmente estendam a mão, o que, em geral, não é muito difícil de
conseguir. Depois pode acrescentar: “gostaria de que estes que levantaram a mão se
colocassem em pé, por favor”. Ora, quem levantou a mão já foi visto pelos que estão
mais próximos, e não se esquivará de ficar em pé. Continuando, pode dizer:
“Apreciaríamos que estes amigos viessem à frente para que todos pudessem vê-los...”
ou “Queremos fazer uma oração especial em favor de vocês. Poderiam vir à frente, por
bondade?”. Com certeza alguns que não iriam à frente se o primeiro chamado fosse
para isso, irão quando for seguido o procedimento que acabamos de apresentar.
Há situações em que é impossível ir à frente, simplesmente porque não há
espaço. Nesses casos, o orador deve se contentar e que levantem a mão, ou fiquem em
pé ou se ajoelhem onde estão e acompanhem sua oração, ou que fiquem após o culto por
alguns minutos, para dar alguma orientação extra ou para anotar seus nomes e
endereços.
Enfim, como vimos, o orador pode combinar duas ou mais maneiras para levar
seus ouvintes a uma determinada decisão. Algumas vezes o apelo pode ser planejado,
outras não. O importante, no entanto, é que sempre esteja aberto e submisso à
orientação do Espírito Santo de Deus.
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CAPÍTULO XI
AS FERRAMENTAS DO PREGADOR
Bíblia
Concordância Bíblica
Dicionário Bíblico
Enciclopédia Bíblica
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Comentário Bíblico
Explica a Bíblia toda ou parte dela, verso por verso, e, às vezes, quase que
palavra por palavra. Mostra-nos o que os eruditos da Bíblia descobriram sobre os textos
que estamos estudando. Existe o Comentário Bíblico Adventista (SDABC) somente em
inglês e espanhol. Em português, um dos melhores comentários é a “Série Cultura
Bíblica” e o “O Novo Comentário da Bíblia” da Edições Vida Nova em parceria com a
editora Mundo Cristão. Frëquentemente as lições da Escola Sabatina trazem citações
dos autores desses comentários.
CAPÍTULO XII
A Escolha
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O certo é que o pregador deve ser sensível à voz do Espírito de Deus de
modo que se deixe guiar na escolha do que falar na pregação. Deve orar suplicando que
o Espírito o conduza. Deve também ser sensível às necessidades espirituais de seu
rebanho. Deveria se preocupar em pregar aquilo que é mais necessário à sua
congregação. Por isso, quanto mais conhecer os membros de sua igreja, mais claro se
tornará para ele o conteúdo que deverá abordar em sua pregação.
Uma das maneiras de se preparar um sermão é baseá-lo em um texto
bíblico, contudo deve-se levar em conta que, embora toda a mensagem bíblica seja
inspirada por Deus, existem textos que simplesmente não servem como base de sermões
porque as informações que eles fornecem não possuem relevância espiritual. Em
contrapartida há incontáveis textos que, se bem trabalhados, podem resultar em
excelentes sermões. À guisa de exemplo, citamos alguns: Salmo 32 e 51; Isaías 1:10-
20; 40; 53; Daniel 2 e 7; Mateus 5-7, 24 e 25; Lucas 15; Romanos 8; I Coríntios 12 e
13; Efésios 2, 6; Hebreus 4:14-16; 11; I João; Apocalipse 1-3 e 21.
Quando lemos a Bíblia para proveito pessoal, deparamo-nos com
determinadas passagens que, por alguma razão, falam mais de perto ao nosso coração,
as quais podem ser transformadas em bons sermões. Se elas foram uma grande bênção
para nós, poderão ser para muitos outros mediante a nossa pregação.
A Análise
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Análise de Textos Paralelos
43
O texto de Lucas porque os detalhes que ele traz são mais úteis para uma
aplicação espiritual.
O Esboço
Em uma tarde, depois de lavar e passar a roupa, ela vai guardá-los no lugar
certo. A primeira peça que ela toma é uma toalha de rosto. Em que gaveta ela a
guardará? A próxima é uma fronha de travesseiro. Qual é o seu lugar? E os
guardanapos? E os lençóis, as toalhas de banho e as toalhas de mesa? Tudo está bem
organizado de modo que cada tecido tenha sua gaveta certa.
Podemos comparar um sermão com uma cômoda, e suas divisões com as
gavetas que ela possui. Os diferentes materiais de apoio tais como textos, comentários,
citações, e ilustrações com os diferentes tecidos. Estes, por sua vez, são empilhados
dentro de uma mesma gaveta. Assim, há uma pilha de lençóis de baixo, há outra de
lençóis para se cobrir e outra de fronhas. Cada uma dessas pilhas, em nossa
comparação, seria uma subdivisão. Enfim, tudo deve ser feito de tal maneira que cada
idéia, cada informação, cada argumento esteja na gaveta certa. Portanto, o sermão é
formado por tópicos que podem ser assim classificados:
Tópicos primários – chamados de divisões ou “gavetas” – são as ideias e
argumentos mais importantes e abrangentes.
Tópicos secundários – chamados de subdivisões – consistem em ideias e
informações menores que estão dentro das divisões ou “gavetas”. Se for necessário,
as subdivisões podem conter divisões ainda menores.
Vamos ainda usar outra comparação, onde uma pequena casa representa o
sermão; seus cômodos, as divisões; e os móveis e outros aparelhos, os materiais de
apoio. O esboço ficaria assim:
Qualquer um que observa esta distribuição concordará que tudo está bem
lógico e organizado. Do mesmo modo, um esboço de sermão deve possuir lógica e
44
coerência. Cada informação deve estar no lugar certo. Imagine agora a mesma casa
onde a disposição dos móveis e aparelhos fosse diferente.
Texto: I Coríntios 13
I. A necessidade do amor
II. As qualidades do amor
III. A duração do amor
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III. A visão do perdão
IV. A visão do serviço
CAPÍTULO XIII
TIPOS DE SERMÕES
Sermão Temático
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4. Ele virá para dar aos justos um corpo glorificado – Filipenses 3:20 e 21
5. Ele virá para destruir os que não creram nEle – II Tessalonicenses 1:7-9
Conclusão:
(2º) Tema: O SÁBADO
Introdução:
Argumentação:
I. A INSTITUIÇÃO DO SÁBADO
1. A instituição na Criação – Gênesis 2:1-2
2. Instituído por Deus – Gênesis 2:3
3. Instituído por causa do homem – Marcos 2:27
Conclusão:
Sermão Expositivo
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conseguir apresentar em um único sermão toda a essência de um livro, se este for de
cunho histórico, como é o caso de Jonas, Oséias e Jó.
O sermão expositivo começa com um texto, então descobre-se o tema e o
seu desenvolvimento. Observe, como exemplo, o esboço que segue, o qual já inclui a
introdução e a conclusão, e as ideias apresentadas com o texto bíblico. Procure perceber
a lógica e a sequência da estrutura, adotando o seguinte procedimento: primeiro observe
somente as divisões e o relacionamento mútuo que há entre elas; depois, cada divisão
com seu respectivo conteúdo, isolada das demais; e, finalmente, atente para o todo.
Argumentação:
I. DEUS REPREENDE SUA IGREJA
1. A igreja é acusada de desviar-se dos estatutos de Deus – 7
2. A igreja é acusada de roubar a Deus – 8
(1) Há roubo nos dízimos – 8
(2) Há roubo nas ofertas – 8
Conclusão:
1. Quando Deus olha para nossa vida e vê que não estamos andando em Seus
caminhos, Ele nos repreende a fim de que sejamos corrigidos. Isto Ele faz
porque nos ama e está interessado em nossa salvação.
2. Deseja que reconheçamos nossos descaminhos e que, arrependidos, voltamos a
Ele em busca de Sua bênção. O convite apresentado neste texto – “tornai-vos
48
para Mim... e Eu Me tornarei para vós outros” (Zc 1:3) – é repetido
continuamente através das Escrituras, e de modo destacado no ministério
terrestre de Cristo (Mt 11:28). Assim, se dermos um passo em direção a Deus,
Ele virá ao nosso encontro e nos abençoará com Sua salvação e também com
tudo o que for necessário a esta vida (Sl 23:1).
3. Em relação específica ao texto que acabamos de estudar, devemos examinar a
nossa própria situação individual, a fim de verificar se estamos sendo fiéis ou
não, quanto aos dízimos e ofertas.
(1) Se estivermos em falta, não hesitemos em voltar ao Senhor, atendendo a Seu
amorável convite e decidindo pela Sua graça a ser fiéis.
(2) Se temos sido fiéis ao Senhor, reconheçamos que é privilégio fazer prova de
Suas promessas.
Introdução:
Texto: Mateus 7:13 e 14
Argumentação:
I. A PORTA LARGA
1. Dá acesso a um caminho espaçoso
2. Conduz à perdição
3. São muitos os que entram por ela
4. Devemos desviar-nos dela
Conclusão:
I. A DEGRADAÇÃO DO PECADOR
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II. AS CAUSAS DE SUA DEGRADAÇÃO
III. DA DEGRADAÇÃO À RESTAURAÇÃO
A única diferença que se percebe entre este esboço e o relato bíblico é que a
ordem na primeira e da segunda divisões foi invertida.
(3) Observe agora outra situação, em que o tema escolhido para o sermão não é
idêntico à ideia central do texto. O exemplo que segue é baseado no mesmo
texto da parábola já citada.
A ideia de que “o homem cai em si” não é a ênfase maior do texto bíblico, mas o
autor deste esboço a escolheu como seu tema de pregação. A mensagem é
bastante clara. De um lado encontramos o mundo com seus atrativos, e do
outro, Deus e o que Ele nos oferta. No primeiro caso, o resultado é a decepção;
e no segundo, a satisfação. A última seção do esboço realça que compete a nós
escolher entre Deus e o mundo e que nosso destino final dependerá dessa
escolha.
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preparar bons sermões expositivos isolados, isto é, que não tenham relação com o
sermão anterior ou com o que virá a seguir.
Sermão Textual
É aquele que é baseado em um texto bíblico curto (cujo tamanho vai desde
uma simples frase até uns poucos versículos). Dele deverão brotar tanto a ideia central
(o tema) como as idéias primárias (as divisões). Este sermão admite usar ideias
secundárias (subdivisões) provenientes de outros textos bíblicos.
Introdução:
Texto: Mateus 6:19-21
Argumentação:
I. NÃO DEVEMOS ACUMULAR TESOUROS NA TERRA
1. Porque podem ser tirados de nós
2. Porque fixam nosso coração neste mundo
3. Porque podem trazer muitos males – I Timóteo 6:10
4. Porque podem desviar-nos da fé – I Timóteo 6:10
Conclusão:
51
(10) Preparar a Conclusão; e
(11) Preparar a Introdução.
Homilia
CAPÍTULO XIV
QUALIDADES DE UM PREGADOR
Consagração
52
coisa a qual temos amado mais do que a Jesus. É justamente isso que Deus quer que
abandonemos. Um pregador, mais que qualquer outra pessoa, deve ser alguém
consagrado ao Senhor.
54
White, O desejado de todas as nações (Tatuí, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 1998), 396.
53
confiando na graça de Deus, e sua vida é de contínuo crescimento
espiritual, ele pode perfeitamente pregar o ideal de Deus; embora, como
dissemos, ele próprio ainda não tenha atingido esse ideal. Mas, se está
em falta em algum aspecto de sua vida e não reconhecido seu erro, nem
se apropriado da ajuda oferecida pelo Senhor, então não deve se atrever
a pregar o tal assunto. Suas palavras não podem ser um disfarce daquilo
que ele é.
Quando o pregador não crê ou não busca viver a mensagem que está
apresentando, de algum modo (talvez por causa do semblante ou do tom da voz) há
ouvintes que sentem isso e acabam não dando valor à mensagem. Deste modo, “quando
a teoria da verdade é repetida sem que sua sagrada influência seja sentida na alma do
que fala, não tem nenhuma força sobre os ouvintes, mas é rejeitada como erro,
tornando-se o próprio orador responsável pela perda de alma”55. Por outro lado, há
poder na sinceridade.
Humildade
Sensibilidade
55
Ibid., Obreiros evangélicos (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1998),
253.
54
Entusiasmo
Conhecimento
Inteligência
Memória
Imaginação
55
Vocabulário
Síntese
Fluência
Coragem
Expressão Corporal
Quer queira, quer não, o pregador não comunica somente com a palavra,
também com sua expressão corporal, que é a gesticulação. Não é apenas movimento. É
movimento que se harmoniza com a mensagem falada e que, quando feita de modo
correto, auxilia na compreensão e receptividade por parte dos ouvintes. O pregador
precisa aprender os gestos próprios para cada ideia e trená-los, de modo que, ao
enunciar sua mensagem, sua gesticulação seja natural, expressiva, adequada, variada e
moderada.
56
Neste capítulo estudamos os atributos pessoais que o pregador deve ter e o
relacionamento apropriado que precisa manter com Deus, com os homens e com a
própria mensagem que transmite.
BIBLIOGRAFIA
Montalvão, Alberto. Psicologia. Biblioteca de Ciências Exatas e Humanas. Vol. 2. São Paulo: Novo Brasil Editora
Ltda., 1982.
Oliveira, Marques de. Como Persuadir Falando. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1965.
Polito, Reinaldo. Como Falar Corretamente e Sem Inibição. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 1989.
_________. Gestos e Postura para Falar Melhor. 15ª ed. São Paulo: Saraiva, 1993.
Robinson, Haddon W. A Pregação Bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1983.
Silva, Plínio Moreira da. A Arte de Pregar o Evangelho. Mogi das Cruzes, São Paulo: Sociedade Literária e
Religiosa ABECAR, 1982.
White, Ellen G. Parábolas de Jesus. 2ª ed. Santo André, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1967.
_________. Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes. 3ª ed. Santo André, São Paulo: Casa Publicadora
Brasileira, 1975.
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Apêndice
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CURSO DE ORATÓRIA 2016
HOMILÉTICA
A arte de preparar e pregar sermões bíblicos
Macapá, AP
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