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Luiz Ugeda
University of Minho
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All content following this page was uploaded by Luiz Ugeda on 01 June 2023.
TOMO I – Da História
APRESENTAÇÃO DE
Jorge Miguel Samek
PREFÁCIO DE
Carlos Ari Sundfeld
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico,
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e
transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da editora.
Bibliografia
ISBN 978-85-64533-01-1
11-09697 CDU-34:621.3(81)(09)
2011
Rua Hungria, 664, cj 63A – São Paulo – SP
CEP: 01455-904 – Tel.: 55 11 3554-1153
Site: www.geodireito.com
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Lista de siglas............................................................................21
Introdução.................................................................................29
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Conclusão............................................................................................. 463
Referências........................................................................................... 467
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1
PINTO JUNIOR, Helder Queiroz. Economia da energia: fundamentos
econômicos, evolução histórica e organização industrial. Rio de Janeiro: Elsevier,
2007. p. 2.
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2
Lei de 24 de setembro de 1828.
Taxa em quinze por cento para todas as nações, os direitos do importação de qua-
esquer mercadorias e generos estrangeiros.
D. Pedro, por Graça de Deus, e unanime acclamação dos povos, Imperador
Constitucional e Defensor Perpetuo do Brazil: Fazemos saber a todos os nossos
subditos que a Assembléa Geral decretou, e Nós queremos a Lei seguinte:
Art. 1o Os direitos de importação de quaesquer mercadorias, e generos estran‑
geiros, ficam geralmente taxados para todas as nações em quinze por cento, sem
distincção de importadores, em quanto uma Lei, não regular o contrario.
Art. 2o Ficam revogadas as disposições, que se oppuzerem ás da presente Lei.
Mandamos portanto a todas as autoridades, a quem o conhecimento, e execução
da referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteira‑
mente como nella se contém. O Secretario de Estado dos Negocios da Fazenda
a faça imprimir; publicar e correr. Dada no Palacio do Rio de Janeiro aos 24 dias
do mez de Setembro do anno de 1828, 7o da Independencia e do Imperio.
IMPERADOR, com rubrica e guarda.
3
Art. 1o As embarcações brasileiras encontradas em qualquer parte, e as estrangeiras
encontradas nos portos, enseadas, ancoradouros, ou mares territoriaes do Brasil,
tendo a seu bordo escravos, cuja importação he prohibida pela Lei de sete de
Novembro de mil oitocentos trinta e hum, ou havendo-os desembarcado, serão
apprehendidas pelas Autoridades, ou pelos Navios de guerra brasileiros, e
consideradas importadoras de escravos. Aquellas que não tiverem escravos a
bordo, nem os houverem proximamente desembarcado, porêm que se
encontrarem com os signaes de se empregarem no trafico de escravos, serão
igualmente apprehendidas, e consideradas em tentativa de importação de escravos.
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39
5
Para mais informações, LOUREIRO, L. G. K. A indústria elétrica e o Código de
Águas. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2007.
6
Importante notar que aquele que posteriormente foi denominado “monopólio
natural” inicialmente tinha uma terminologia que remetia a uma dimensão
geográfica, espacial. Era denominado “monopólio de área”.
7
Lei das S.A. inglesa (1853).
8
Lei Eusébio de Queiroz, de 1850.
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9
Para mais detalhes, ver PIRES, Paulo Valois. A evolução do monopólio estatal do
petróleo. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000.
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10
A base do texto foi extraída de Francisco de Castro Júnior, O domínio das águas
e a energia elétrica. Domínio público, 1909.
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Lei de 29 de agosto de 1828.
Estabelece regras para a construcção das obras publicas, que tiverem por objecto
a navegação de rios, abertura de canaes, edificação de estradas, pontes, calcadas
ou aqueductos.
D. Pedro I, pela Graça de Deus, e unanime acclamação dos povos, Imperador
Constitucional e Defensor Perpetuo do Brazil: Fazemos saber a todos os nossos
subditos que a Assembléa Geral decretou, e Nós queremos a Lei seguinte:
Art. 1o As obras, que tiverem por objecto promover a navegação dos rios, abrir
canaes, ou construir estradas, pontes, calçadas, ou aqueductos, poderão ser
desempenhadas por emprezarios nacionaes, ou estrangeiros, associados em
companhias, ou sobre si.
Art. 2o Todas as obras especificadas no artigo antecedente, que forem pertencentes
á provincia capital do Imperio, ou a mais de uma provincia, serão promovidas
pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Imperio; as que forem
privativas de uma só provincia, pelos seus Presidentes em Conselho; e as que
forem do termo de alguma cidade, ou vida, pelas respectivas Camaras Municipaes.
Art. 3o Logo que alguma das sobreditas obras fôr projectada, as autoridades, a
que competir promovel-as, farão levantar a sua planta e plano, e orçar a sua
despeza por engenheiros, ou pessoas intelligentes, na falta destes.
Art. 4o A planta, e orçamento da despeza da obra, se affixarão nos lugares
publicos mais vizinhos della, por um a seis mezes; convidando-se os cidadãos a
fazerem as observações, e reclamações, que convierem.
Art. 5o Approvado o plano de alguma das referida, obras, immediatamente será
a sua construcção offerecida a emprezarios por via de editaes publicos; e havendo
concurrentes, se dará a preferencia a quem offerecer maiores vantagens.
Art. 6o No contracto com os emprezarios se expressará, além das mais condições que
se convencionarem: primeiro, o tempo, dentro do qual a obra deverá ser principiada,
e acabada; segundo, o interesse, que os emprezarios devem perceber em compensação
das suas despezas: e este poderá consistir no direito exclusivo da taxa da navegação
dos rios, ou canaes, que se abrirem; na acquisição dos terrenos alagadiços, que, por
beneficio de taes obras, se aproveitarem; não sendo de propriedade particular; ou no
direito de cobrar certa e determinada taxa do uso da obra, que fizer o objecto da
empreza por certo numero de annos, que se entender necessario para a amortização
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14
Concede a Henrique José de Medeiros Calumbreiro Góes o privilegio exclusivo,
por dez annos, de uma machina de sua invenção para fazer navegar qualquer
embarcação, ainda sem vento, ou sendo elle contrario.
15
Concede a Belchior Corrêa da Camara o privilegio exclusivo, por 10 annos, pela
invenção, de fazer andar qualquer embarcação de lote ordinario, sem o emprego
de vapor, remos, ou velas.
16
Considera-se que essa vanguarda foi antecedida pelo Estatuto dos Monopólios
inglês, de 1623; pela lei norte-americana de proteção intelectual de 1790 e pela lei
francesa de privilégio de invenção, de 1791.
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47
17
A fortuna de Mauá, em 1867, era de 115 mil contos de réis, enquanto o orçamen‑
to do Império do Brasil para aquele ano era de 97 mil contos de réis. Mauá fale‑
ceu, aos 76 anos de idade, em sua casa de Petrópolis poucas semanas antes da
queda do Império. É atualmente o patrono do Ministério dos Transportes.
18
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
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Art. 81. Estes Conselhos terão por principal objecto propôr, discutir, e deliberar
sobre os negocios mais interessantes das suas Provincias; formando projectos
peculiares, e accommodados ás suas localidades, e urgencias.
20
Art. 167. Em todas as Cidades, e Villas ora existentes, e nas mais, que para o futu‑
ro se crearem haverá Camaras, ás quaes compete o Governo economico, e muni‑
cipal das mesmas Cidades, e Villas. Art. 168. As Camaras serão electivas, e
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51
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21
Adjetivo original do Decreto.
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Houve, ainda, a expedição do Decreto n. 8.736, de 1882, que aprovou contrato
provisório para a Rio de Janeiro Gas Company, Limited continuar a iluminar a
cidade do Rio de Janeiro, bem como do Decreto n. 3.278, de 1886, que firmava
contrato entre o Governo Imperial e o francês Henrique Brianthe para iluminar
o Rio de Janeiro com gás corrente.
23
Art. 10. Fica o Governo autorisado:
[...]
9) a rever o contracto com a Sociedade Anonyma do Gaz do Rio de Janeiro, afim
de ser melhorada, sem prejuizo do serviço existente, a illuminação da Capital por
meio da electricidade ou outro processo aperfeiçoado, podendo reduzir ou
transformar os encargos impostos á companhia, assim como os favores daquelle
contracto, os quaes poderá ampliar, comtanto que dahi não resulte onus para o
Thesouro nem para os consumidores; [...]
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24
Ressalvado breve período monárquico no México.
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bem como o interesse em criar uma elite no país. Foram expedidos al‑
guns marcos jurídicos nesse sentido. Por intermédio do IHGB,
buscava‑se formar cientistas em História Natural (que envolve a Geo‑
logia) e em Geografia. Foi criada a Seção de Mineralogia, Geologia e
Ciências Exatas no então Museu Imperial,25 em 1842. No ano seguinte,
foi instituída a Seção de Agricultura, Mineração, Colonização e Civili‑
zação dos Indígenas na Secretaria de Estado dos Negócios do Império.
Por seu turno, o Decreto n. 2.335, de 8 de janeiro de 1859, criou a ca‑
deira de Geografia no Rio Grande do Sul e o Decreto n. 7.315, de 14 de
junho de 1879, aprovou os estatutos da seção da Sociedade de Geogra‑
fia de Lisboa no Brasil. Era a busca do Imperador em constituir uma
identidade nacional a fim de dar unidade ao país.
No contínuo processo de consolidação das Geociências no Segun‑
do Reinado, o geólogo norte‑americano Orville Adelbert Derby (1851
‑1915) teve fundamental importância no Brasil. Advindo da
Universidade de Cornell, Derby terminou seu doutorado em junho de
1874, com tese sob o título “On the Carboniferous Braquiopoda of
Itaituba, Rio Tapajós.” Em 1876, Derby foi contratado para a seção de
Mineralogia do Museu Nacional. Naquela época, havia o entendimen‑
to interdisciplinar da ciência geográfica, enquanto especialidade de en‑
genharia. Como exemplo, o Decreto n. 3.001, de 9 de outubro de 1880,
estabelecia os requisitos que deviam satisfazer os Engenheiros Civis,
Geógrafos, Agrimensores e os bacharéis formados em matemáticas,
nacionais ou estrangeiros, para poderem exercer empregos em comis‑
sões. Com a contribuição de Derby, foi fundada a Comissão Geográfi‑
ca e Geológica do Estado de São Paulo, por meio da Lei Provincial n. 9,
de 27 de março de 1886.26
Assim, a Geologia em geral, e a exploração de hidrocarbonetos em
específico, ganhava seus primeiros contornos no Brasil.
25
O Museu Real no Rio de Janeiro foi criado em 1818.
26
Atualmente, se denomina Instituto Geológico de São Paulo.
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27
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
p. 54-55.
28
Art. 1o Fica incorporada no Rio de Janeiro huma Companhia anonyma com a
denominação de Companhia de – Refinação e Distillação – a qual tem por fim a
refinação de assucar, a distillação em geral, e o fabrico de carvão animal, tudo em
grande escala, com os apparelhos mais modernos e que concorrão para o aperfei‑
çoamento deste ramo de industria. [...]
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29
Attendendo ao que Me requerêrão o Barão de Mauá, o Conselheiro Luiz Anto‑
nio Barbosa e o Commendador Luiz Alves Leite de Oliveira Bello, e de confor‑
midade com a Minha immediata Resolução de 10 do corrente mez, tomada sobre
Parecer da Secção dos Negocios do Imperio do Conselho d’Estado, exarado em
consulta de 5, – Hei por bem conceder-lhes privilegio exclusivo por tempo de
trinta annos para, por meio de huma Companhia que ficão autorisados a formar,
lavrarem a mina de carvão de pedra do Arroio dos Ratos da Provincia do Rio
Grande do Sul, explorada á expensas dos cofres publicos, no perimetro com‑
prehendido nos lemites actuaes do Municipio do Triumpho, á margem direita do
Rio Jacuhy, e quaesquer outros jazigos carboniferos que descobrirem no mesmo
perimetro; outrosim faculdade para por tempo de cinco annos explorarem terre‑
nos de outros mineraes dentro do referido perimetro, e de carvão fossil em toda
aquella Provincia, mediante as condições que com este baixão, assignadas pelo
Marquez de Olinda, Conselheiro, d’Estado, Presidente do Conselho de Minis‑
tros, Ministro e Secretario d’Estado dos Negocios do Imperio, que assim o tenha
entendido e faça executar. Palacio do Rio de Janeiro em doze de Outubro de mil
oitocentos cincoenta e sete, trigesimo sexto da Independencia e do Imperio.
Com a Rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Marquez de Olinda.
30
A “Companhia – Rio Grandense – das Minas de Carvão”, empresa constituída
para esta finalidade, foi aprovada pelo Decreto n. 2.219, de 11 de agosto de 1858.
60
31
Concede a José de Barros Pimentel faculdade para por meio de huma Compa‑
nhia extrahir o mineral bituminoso, que denomina “Bituminous Shalk”, proprio
para fabrico de gaz de illuminação, e carvão de pedra, em terrenos situados na
margem do rio Marahú da Provincia da Bahia.
32
Decreto no 2.435 - de 6 de julho de 1859
Concede a Antonio de Paula Fernandes Eiras autorisação para explorar as minas
de carvão de pedra que descobrio e descobrir na Provincia de Pernambuco, e bem
assim as de qualquer outro mineral que descobrir na mesma Provincia.
Attendendo ao que Me representou Antonio de Paula Fernandes Eiras: Hei por
bem Conceder-lhe autorisação para por si, ou por mais de huma Companhia
explorar as minas do carvão de pedra que descobrio e descobrir na Provincia de
Pernambuco, e bem assim as de qualquer outro mineral que descobrir na mesma
Provincia, sob as condições que com este baixão, assignadas por Sergio Teixeira
de Macedo, do Meu Conselho, Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do
lmperio, que assim o tenha entendido e faça executar. Palacio do Rio de Janeiro,
em seis de Julho de mil oitocentos cincoenta e nove, trigesimo oitavo da Inde‑
pendencia e do lmperio.
Com a Rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Sergio Teixeira de Macedo.
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nos primeiros cinco annos, durante os quaes não pagarão imposto nenhum ou
para explorar ou para lavrar, ficando porém entendido que serão sujeitos assim
nestes mesmos cinco annos, como em todo o tempo, ás disposições da Lei e re‑
gulamentos do Governo no que fôr concernente a regular essa mineração, ou
esta seja nos terrenos devolutos, ou nos de dominio particular.
10. Ao emprezario ou Companhia fica concedida isenção dos direitos de impor‑
tação para os materiaes e instrumentos que mandar vir do estrangeiro para os
trabalhos de exploração ou mineração.
11. Esta concessão ficará dependente de approvação da Assembléa Geral Legislativa.
Palacio do Rio de Janeiro em 6 de Julho de 1859. – Sergio Teixeira de Macedo.
33
Como exemplos, podemos mencionar o Decreto n. 2.737, de 6 de fevereiro de
1861, que aprovava o contrato celebrado com o Visconde de Barbacena, para la‑
vrar as minas de carvão de pedra nas margens do Passa-Dous, Distrito da Laguna,
na Província de Santa Catarina; o Decreto n. 4.180, de 6 de maio de 1868, que
concedia à companhia de navegação a vapor do Pacífico favores de importação do
carvão destinado para os referidos paquetes; o Decreto n. 4.685, de 30 de janeiro
de 1871, que prorrogava o prazo fixado ao Visconde de Barbacena para a organi‑
zação da companhia destinada a lavrar as minas de carvão de pedra nas margens do
Passa‑Dous, na Província de Santa Catarina; o Decreto n. 6.765, de 15 de dezembro
de 1877, que concedia privilégio a Fernando de Albuquerque para fabricar e ven‑
der o aparelho de sua invenção, destinado a rachar lenha e o Decreto n. 8.235, de
27 de agosto de 1881, que prorrogava o prazo concedido a D. Antonina de Cantos
Durão, para a apresentação das plantas topographica e geológica relativas a lavra
de carvão de pedra e outros minerais nos territórios compreendidos entre as pon‑
tas do rio Santa Maria e os rios Candiotinha, Candiota, Jaguarão e Jaguarão Chico.
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34
Para aprofundamento da questão, SCHACKNE, Stewart. Petróleo para o mun-
do. São Paulo: Melhoramentos, 1950.
64
35
PINTO JUNIOR., Helder Queiroz. Economia da energia: fundamentos econô‑
micos, evolução histórica e organização industrial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
3 a reimpressão. p. 2.
65
36
De forma a ilustrar, não se concebem aeronaves movidas a carvão, ou submari‑
nos a lenha. Em que pese outros minerais, como o urânio, serem eficientes sob a
ótica energética, o petróleo consegue aliar eficiência energética e segurança no
manuseio com tecnologia acessível.
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37
Na Inglaterra do século XIX, a regulação contemplou diversos setores, como a
saúde pública, o trabalho, os setores ferroviário, de água, gás e de eletricidade.
Inspirada no modelo regulatório norte-americano, criou, no século XX, a Inde-
pendent Television Authority em 1954, além das novas agências reguladoras,
como a Oftel, de telecomunicações, em 1984; a Ofgas, de gás, em 1986; Offer, de
eletricidade, em 1989; Ofwat, de água, em 1990, OFRR, ferroviária, em 1993.
67
1
Art. 68. Os Estados organizar-se-ão de forma que fique assegurada a
autonomia dos Municípios em tudo quanto respeite ao seu peculiar
interesse.
2
Art. 67. Salvas as restrições especificadas na Constituição e nas leis
federais, o Distrito Federal é administrado pelas autoridades munici‑
pais. Parágrafo único – As despesas de caráter local, na Capital da Re‑
pública, incumbem exclusivamente à autoridade municipal.
3
Decreto n. 559, de 19 de setembro de 1891
Concede á Agencia Constructora do Banco Impulsor e ao Dr. Pedro Caminada
permissão para illuminar por luz electrica os theatros desta cidade.
O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brazil, attendendo ao que
requereram a Agencia Constructora do Banco Impulsor e o Dr. Pedro Camina‑
da, resolve conceder-lhes permissão para, na conformidade do plano apresenta‑
do, illuminar por luz electrica os theatros desta cidade, sob as condições
seguintes:
1a A presente concessão não importa privilegio e poderá cessar desde que o Go‑
verno o entender conveniente.
2a Onde os conductores para a illuminação electrica tiverem de atravessar as
linhas telegraphicas e telephonicas da Repartição Geral dos Telegraphos, ou
as linhas telephonicas de outras companhias, cuja concessão for anterior, serão
isoladas na extensão, pelo menos, de 20 metros de ambos os lados da travessia e
passarão sempre por baixo das linhas telegraphicas ou telephonicas á distancia
que for julgada conveniente pela direcção dos telegraphos.
3a Os conductores para a illuminação electrica não seguirão parallelamente as
linhas telegraphicas e telephonicas em distancia menor de 100 metros e serão
perfeitamente isoladas dos postes e supportes, sendo os postes collocados em
condições de evitar qualquer desastre.
4a Si verificar-se que as correntes empregadas para a illuminação electrica, por
qualquer motivo perturbem o funccionamento das linhas telegraphicas e tele‑
phonicas, ficam os concessionarios obrigados a mudar, sem direito a indemniza‑
ção, a direcção dos seus conductores.
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71
5
MACHADO DE ASSIS. Crônica para o jornal A Semana, de 16 de outubro de 1892.
6
ANDRADE, Oswald. O Bonde e a Cidade. In:___. Obras completas. São Paulo:
Globo, 2005. p. 72.
72
7
LEITE, Antonio Leite. A energia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
p. 53.
8
WALTEMBERG, David. O direito da energia elétrica e a Aneel: direito
administrativo econômico. São Paulo: Malheiros, 2000. p. 354.
73
energia elétrica não era uma finalidade que tinha sua circunscrição den‑
tro dos limites setoriais. Ela consistia em uma atividade‑meio, geral‑
mente atrelada à iluminação pública ou empregada com a finalidade de
servir de insumo para transporte, no que concerne à eletricidade en‑
quanto força motriz dos bondes do início do século XX.
Pelo fato de a energia ser considerada de interesse municipal, como
atividade‑meio do exercício da competência para regulamentar o trans‑
porte urbano e a iluminação pública, não havia critérios homogêneos
para regulamentar a atividade. Nesse cenário de precariedade na com‑
preensão dos elementos jurídicos que deveriam nortear o nascente se‑
tor elétrico, foi primordial para o desenvolvimento da eletricidade no
Brasil o aporte de conhecimento da Light no início do século XX, de‑
corrente das experiências das práticas regulatórias dos Estados Unidos
e de suas excursões mundo afora.
Os contratos municipais eram formados, invariavelmente, pela
provocação dos empresários interessados em explorar a atividade, de
forma que o objeto contratado era a cessão de uso do solo municipal
em caráter de exclusividade, haja vista o conceito de monopólio de
área. Logo, a natureza jurídica era de regime civil e contratual, de for‑
ma a dificultar a intervenção estatal para o alcance de objetivos como
a universalização do atendimento ou a modicidade tarifária, pois os
investidores não estavam obrigados a investir na rede sem que hou‑
vessem assegurado o retorno do capital a ser aportado. Todavia, a im‑
portância da atividade energética começava a se acentuar,
demonstrando a relevância de se ter uma maior intervenção do Estado
na atividade.
Importante registrar que, além da Light, outros grupos de inves‑
timentos internacionais em energia elétrica se interessaram em apor‑
tar capitais no Brasil. Como exemplo, em 1924 a American Foreign
Power Company – Amforp, de propriedade do grupo americano
Bond and Share Co., adquiriu várias concessões no interior do Estado
de São Paulo, integrando o fornecimento de energia elétrica à pro‑
74
9
Natal, Maceió, Recife, Salvador, Vitória, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre.
10
Niterói, São Gonçalo, Pelotas e interior do Estado de São Paulo.
11
EXÉRCITO. Energia elétrica no Brasil: da primeira lâmpada à Eletrobras. Rio
de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1977. p. 46.
75
12
LOUREIRO, L. G. K. A indústria elétrica e o Código de Águas. Porto Alegre:
Sergio Antonio Fabris, 2007. p. 46.
76
77
13
MCDOWALL, Duncan. Light. Rio de Janeiro, Ediouro, 2008. p. 148-149.
14
A mesma preocupação pode ser percebida, por exemplo, no art. 15, II, da Lei n.
1.453, de 30 de dezembro de 1905, que “fixa a despeza geral da Republica dos
Estados Unidos do Brazil para o exercicio de 1906, e dá outras providencias”.
78
79
15
Art. 5o O capital do concessionario será fixado mediante a approvação do Go‑
verno e não poderá ser aumentado nem diminuido sem sua autorização.
80
16
O preço do resgate será fixado de modo que, reduzido a apolices da divida
publica, produza uma renda equivalente a 7% do capital fixado pelo Governo,
deduzida a amortização correspondente ao numero de annos completos que já
houverem decorrido da data da inauguração do primeiro fornecimento de
energia electrica.
81
82
17
As armas do monopólio. In: BARBOSA, Rui. Discursos parlamentares. Rio de
Janeiro: Editora Casa de Rui Barbosa, 1985. p. 177.
83
18
As armas do monopólio, in BARBOSA, Rui. Discursos parlamentares. Rio de
Janeiro: Editora Casa de Rui Barbosa, 1985. p. 181
19
Vide Vol. XXXI, Tomo II, opúsc. X das Obras Completas de Rui Barbosa,
p. 201 a 247, concernente a pleito que, no Supremo Tribunal Federal, se conver‑
teu na Apelação Cível n. 1.049.
84
20
Parecer de 19 de fevereiro de 1905, p. 80-81.
21
O prefeito de São Paulo em 1931, professor Luiz Anhaia Melo, dividia o mono‑
pólio natural em duas vertentes: o primeiro era denominado “monopólio priva‑
do odioso”, que precisa ser destruído para o bem da humanidade, e o segundo
“monopólio público”, que terá tarifa mediante a prestação de serviços eficientes.
85
22
MCDOWALL, Duncan. Light. Rio de Janeiro: Ediouro, 2008. p. 190.
86
23
Parecer de 19 de fevereiro de 1905, p. 82.
24
Parecer de 19 de fevereiro de 1905, p. 83-84.
87
88
25
Expressão orgulhosamente empregada pela jornalista canadense Beverley Owen
em 1927 para justificar os investimentos canadenses no Brasil, México, Espanha
e em todo o Caribe. Os investimentos no Brasil foram os únicos que perduraram
após a Segunda Grande Guerra.
26
Artigo unico. E’ concedida autorização á The S. Paulo Railway Light and Power
Company, limited para funccionar na Republica, com os estatutos que apresen‑
tou, sob as clausulas que com este baixam assignadas pelo Ministro da Industria,
Viação e Obras Publicas, e ficando obrigada ao cumprimento das formalidades
exigidas pela legislação em vigor.
27
“Às primeiras horas da madrugada do dia 7 de maio de 1900, um som inusitado
ecoou pelas estreitas ruas de São Paulo. Da rua Barão de Limeira em direção ao
largo de São Bento, pequena praça no centro da então segunda maior cidade do
Brasil, vinha um ruidoso bonde elétrico, de laterais abertas, uma lanterna à fren‑
te, rompendo a escuridão. Enquanto isso, cidadãos curiosos pulavam da cama
para apreciar, amontoados nas calçadas, o espetáculo que se descortinava. No
controle das alavancas estava Robert Calthrop Brown, engenheiro americano de
35 anos que havia pouco mais de um ano fora gerente da companhia de bondes
da distante Halifax, na Nova Escócia. Brown se aventurara a fazer, à 1 h da ma‑
nhã, uma inspeção surpresa de última hora na linha recém-concluída, a ser inau‑
gurada mais tarde, ainda naquele dia. O bonde elétrico que conduzia (um bonde
com nove bancos, chassis e carroceria Brill e motor General Electric) fora cons‑
truído na América do Norte e era o primeiro a circular na próspera cidade, em
franca expansão, com 240 mil habitantes. Após um percurso sem problemas,
89
90
28
MCDOWALL, Duncan. Light. Rio de Janeiro: Ediouro, 2008. p. 110.
29
MCDOWALL, Duncan. Light. Rio de Janeiro: Ediouro, 2008. p. 115-116.
91
30
MCDOWALL, Duncan. Light. Rio de Janeiro: Ediouro, 2008. p. 134.
31
CANO, Wilson. Raízes da concentração industrial em São Paulo. 4. ed. Campi‑
nas: I.E.,Unicamp, 1998. p. 158 e segs.
32
Para aprofundamento da questão, SEGATTO, José Antonio. A república e a
92
Por sua vez, o Rio de Janeiro, então Capital federal e maior cidade
do país, fez com que a Light enxergasse a energia como uma atividade
‑fim. Essa era a principal diferença perante a atividade em São Paulo,
na qual a energia foi utilizada como meio para a obtenção de lucros no
setor de transportes e imobiliário. Em que pese o bonde ter viabilizado
os subúrbios, expandindo os limites urbanos e valorizando imóveis
distantes da praia, a substituição do carvão como energético na região
portuária da cidade, bem como o mercado consumidor de 750 mil pes‑
soas, tornaram‑se atrativos naturais aos executivos da Light no início
do século XX.
A alta dependência do carvão importado e ausência de possibilida‑
des, até então identificadas, com a eletricidade faziam com que o Rio de
Janeiro não observasse um desenvolvimento diretamente proporcional
à sua condição demográfica e de capital da República. Assim, em 1899
o Conselho Municipal do Rio de Janeiro concedeu a William Reid pri‑
vilégio para gerar e distribuir energia elétrica. Em 1904, Reid transferiu
seus direitos para o Banco Nacional Brasileiro e, após intricado arranjo
societário, a Light ingressou no mercado carioca, obtendo empresas de
transportes por bondes, sistema esse difuso e pulverizado no mercado
carioca, a ponto de sequer as bitolas dos trilhos entre concessões distin‑
tas estarem padronizadas. E a Capital passou a rapidamente se transfor‑
mar. Em consonância com os planos de modernização urbana do
93
33
Sobre o tema, pormenorizamos no capítulo sobre Rui Barbosa o litígio. Ver ain‑
da SAES, Alexandre Macchione. Conflitos do capital: Light versus CBEE na for‑
mação do capitalismo brasileiro (1898-1927). 2008. Tese (Doutoramento) – IE,
Unicamp, Campinas.
34
MCDOWALL, Duncan. Light. Rio de Janeiro: Ediouro, 2008. p. 190.
94
35
Para mais informações culturais, CABRAL, Ligia Maria Martins (Coord.). Light:
um século de muita energia: 1905-2005. Rio de Janeiro: Centro da Memória da
Eletricidade no Brasil, 2005.
95
36
MCDOWALL, Duncan. Light. Rio de Janeiro: Ediouro, 2008. p. 268-269.
96
37
MCDOWALL, Duncan. Light. Rio de Janeiro: Ediouro, 2008. p. 197.
97
98
99
38
MCDOWALL, Duncan. Light. Rio de Janeiro: Ediouro, 2008. p. 318-319.
39
MCDOWALL, Duncan. Light. Rio de Janeiro: Ediouro, 2008. p. 322.
100
101
40
PONTES, José Alfredo O. V. Pinheiros: do rio ao canal. In: História & energia.
São Paulo: Departamento de Patrimônio Histórico da Eletropaulo/Eletropaulo,
n. 5, 1995, p. 26 e segs.
102
41
SEABRA, Odette Carvalho de Lima. Os meandros do rio nos meandros do po-
der: Tietê e Pinheiros, valorização dos rios e das várzeas na Cidade de São Paulo.
1987. Tese (Doutorado) – Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia,
Universidade de São Paulo.
42
FIX, Mariana. Uma ponte para a especulação – ou a arte da renda na montagem
de uma “cidade global”. Cad. CRH. v. 22, n. 55, Salvador, jan./abr. 2009.
103
43
PASCHKES, Maria Luisa N. de Almeida. Bondes, terrenos e especulação. In:
História & energia. São Paulo: Departamento de Patrimônio Histórico da Ele‑
tropaulo/Eletropaulo, maio de 1986, p. 41 e segs. Para aprofundamento da
questão, LORENZO, Helena Carvalho de. Eletricidade em São Paulo na dé‑
cada de 1920. In: LORENZO, Helena Carvalho de; COSTA, Wilma Peres
(orgs.). A década de 20 e as origens do Brasil moderno. São Paulo: Edunesp,
1997. p. 177-178.
44
Interessante notar que a alegação ocorreu sete meses após a saída de Alexander
Mackenzie da presidência da Light, ocupada então por Miller Lash que, diferen‑
temente de seu antecessor, que tinha quase 30 anos de experiência no Brasil, não
residia no país, não falava português e muito pouco conhecia as peculiaridades
nacionais tão bem geridas pelo antecessor.
104
ciar que, mesmo diante da trégua das chuvas, os rios continuavam a ter
seus níveis elevados. Para Santos,45
45
SANTOS, Fabio Alexandre dos. Domando as águas: salubridade e ocupação do
espaço na cidade de São Paulo, 1875-1930. 2006. Tese (Doutorado) – Instituto de
Economia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006, p. 289.
46
No mesmo sentido, SEABRA, Odette Carvalho de Lima. Os meandros dos rios
nos meandros do poder. Tietê e Pinheiros: valorização das várzeas na cidade de
São Paulo. 1987. Tese (Doutoramento) – FFLCH, USP, São Paulo; e Enchentes
em São Paulo. Culpa da Light? In: Memória. São Paulo: Departamento de Patri‑
mônio Histórico da Eletropaulo, ano 1, n. 1; Janes Jorge, 2005.
105
47
MCDOWALL, Duncan. Light. Rio de Janeiro: Ediouro, 2008. p. 353.
106
48
Para mais informações sobre a venda da Light à União: VEIGA FIALHO, A
compra da Light: o que todo brasileiro deve saber. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1979.
49
Importante lembrar, conforme exposto no item 1.1.3, que em 1861, por força do
Decreto n. 2.809, foram aprovadas as instruções para a fiscalização e regime do ser‑
viço da iluminação a gás no então Império Brasileiro.
107
50
O Governo já havia decidido, em outras épocas, rever o aludido contrato, cf. mos‑
tra a Lei n. 490, de 16 de dezembro de 1897, que “fixa a despeza geral da Republi‑
ca dos Estados Unidos do Brazil para o exercicio de 1898, e dá outras providencias”,
na qual no art. 10 autorizou o Governo a “9) a rever o contracto com a Sociedade
Anonyma do Gaz do Rio de Janeiro, afim de ser melhorada, sem prejuizo do ser‑
viço existente, a illuminação da Capital por meio da electricidade ou outro proces‑
so aperfeiçoado, podendo reduzir ou transformar os encargos impostos á
companhia, assim como os favores daquelle contracto, os quaes poderá ampliar,
comtanto que dahi não resulte onus para o Thesouro nem para os consumidores”.
108
109
51
Os serviços que cabem à Inspetoria Geral de Iluminação serão desempenhados
por 1 inspetor; 3 engenheiros ajudantes; 1 engenheiro eletricista; 1 chefe de labo‑
ratório; 8 fiscais de 1a classe; 1 auxiliar de laboratório; 1 auxiliar técnico; 4 fiscais
de 2a classe; 3 aferidores eletricistas; 1 aferidor de gás; 1 oficial; 2 escriturários;
1 amanuense; 1 contínuo; e 1 servente.
110
111
52
Para aprofundamento dos estudos, ZAKARIA, Farred. O mundo pós-america-
no. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
112
53
O Tempo Universal Coordenado, derivado do inglês Universal Time Coordina-
ted – UTC, também conhecido como tempo civil, é o fuso horário de referência
a partir do qual se calculam todas as outras zonas horárias do mundo. Esse ins‑
tituto sucedeu o Tempo Médio de Greenwich, de forma a eliminar a inclusão de
uma localização específica num padrão internacional. Assim, se tomarmos como
exemplo o horário de Brasília, o Tempo Universal Coordenado está três horas
adiantado. Isto é, se são 19 h em Brasília, são 22 h no padrão UTC. Mas se for em
período de horário de verão, se são 19 h em Brasília, são 21 h no padrão UTC.
113
114
54
Capítulo retirado de UGEDA SANCHES, Luiz Antonio. O geodireito enquan-
to identificação do conteúdo da geografia no direito: o caso do setor de energia
como propulsor de desenvolvimento regional. 2010. Dissertação (Mestrado em
Geografia) – PUC/SP, São Paulo.
115
116
55
Art. 68. Os Estados organizar-se-ão de forma que fique assegurada a autonomia
dos Municípios em tudo quanto respeite ao seu peculiar interesse.
117
56
Art. 67. Salvas as restrições especificadas na Constituição e nas leis federais, o
Distrito Federal é administrado pelas autoridades municipais. Parágrafo único
– As despesas de caráter local, na Capital da República, incumbem exclusiva‑
mente à autoridade municipal.
57
Decreto n. 908-A, de 13 de novembro de 1902
Regula a collação do titulo de engenheiro geographo a alumnos da Escola Polyte-
chnica da Capital Federal e da Escola de Minas de Ouro Preto.
Francisco de Assis Rosa e Silva, Presidente do Senado:
Faço saber aos que o presente virem que o Congresso Nacional decreta e pro‑
mulga a seguinte lei:
118
119
59
JAGUARIBE, Domingos. Geographia social: memoria apresentada ao 1o Con‑
gresso de Geographia. São Paulo: Typ. Espindola & C., 1909.
60
Para mais informações, principalmente sobre os montantes financeiros aporta‑
dos, ver Decreto n. 12.945, de 3 de abril de 1918; Decreto n. 13.481, de 19 de fe‑
vereiro de 1919; Decreto n. 15.125, de 18 de novembro de 1921; e Decreto
n. 4.367, de 18 de novembro de 1921.
61
ALMEIDA, Humberto Mariano de. Mineração e meio ambiente na Constitui-
ção Federal. São Paulo: LTR, 1999. p. 36.
120
121
62
Substituiu o Serviço Geológico e Mineralógico.
122
63
No início do século XX, o açúcar perfilhava como uma das principais commodi-
ties a manutenir a balança comercial brasileira. Chegou a representar 30,1% das
exportações brasileiras entre 1821 e 1830, amargando 1,2% no limiar do século
XX, entre 1900 e 1910.
123
64
Ver art. 17, X, da Lei n. 1.145, de 1903, ou o item 2.1 já mencionado.
124
65
Castro, Maria Helena Magalhães; Schwartzman, Simon. Tecnologia para
a indústria: a história do instituto nacional de tecnologia. Disponível em: <http://
www.schwartzman.org.br/simon/int/int1.htm#N_22>. Acesso em: 22 nov. 2010.
125
cobertas, que por sua vez abrem novas perspectivas. Assim, a EECM,
que originariamente tinha como objetivo central identificar formas de
implementar o carvão na matriz energética nacional, teve seu desempe‑
nho tecnológico ofuscado pelo crescente uso do álcool‑motor nos veí‑
culos. O Governo Provisório do presidente Vargas outorgou o
Decreto n. 19.717, de 20 de fevereiro de 1931, que estabeleceu a aquisi‑
ção obrigatória de álcool, na proporção de 5% da gasolina importada.
Era a primeira tentativa institucionalizada de mitigar a dependência
nacional aos hidrocarbonetos importados.
Importante notar que o Poder Executivo tinha como prerroga‑
tiva (art. 6o) alterar a percentagem sempre que se verificasse o au‑
mento ou diminuição da produção de álcool no país, podendo
inclusive cessar, em caráter provisório, a obrigatoriedade da respec‑
tiva aquisição, se os mercados locais se encontrarem completamente
desprovidos do produto.
A centralização das decisões energéticas na esfera federal já podia
ser percebida no art. 8o, que vedava aos governos estaduais e munici‑
pais sujeitar os postos de venda exclusiva de álcool, e, bem assim, os
veículos que somente se utilizem de álcool ou de carburante nacional,
a taxa, emolumento, contribuição ou imposto superior a 30% do esta‑
belecido para os que empregarem a gasolina. Essa limitação também
foi estendida às estradas de ferro e às companhias de navegação nacio‑
nais, que passaram a ficar proibidas de estabelecer, para o álcool desna‑
turado, frete superior a 50% do estabelecido para a gasolina.
O sucesso da EECM na identificação do álcool‑motor enquanto
produto próprio ao comércio provocou um grande paradoxo. Como
sua função inicial era a otimização da pesquisa com o carvão, notada‑
mente o xisto, mas a principal descoberta foi o álcool‑motor em larga
escala, o governo Vargas buscou criar uma estrutura mais condizente
com essa finalidade, fato que culminou com a criação do Instituto de
Tecnologia e a extinção da EECM. O preâmbulo do Decreto n. 22.750,
de 24 de maio de 1933, coloca com clareza os propósitos federais:
126
Por outro lado, havia um grande desafio que era manter o forneci‑
mento regular de álcool para que pudesse cumprir a função de dimi‑
127
128
129
66
Considerando a riqueza de detalhes ocorrida com a produção de álcool na Se‑
gunda Grande Guerra, bem como o intuito de privilegiar o regime jurídico da
energia no Brasil em detrimento dos aspectos políticos que permearam – e pecu‑
liarizaram – as decisões governamentais realizadas, por opção metodológica o
tema será abordado no item “4.8. O ‘Sol líquido’: os biocombustíveis e o Proál‑
cool”, por compreender que tais oscilações estão na origem da nova sistematiza‑
ção regulatória que o álcool encontrou no II Plano Nacional de
Desenvolvimento – PND do governo Geisel.
130
1
Art 118. As minas e demais riquezas do subsolo, bem como as quedas
d’água, constituem propriedade distinta da do solo para o efeito de
exploração ou aproveitamento industrial.
2
Art 5o Compete privativamente à União:
[...]
XIX – legislar sobre:
[...]
j) bens do domínio federal, riquezas do subsolo, mineração, metalurgia,
águas, energia hidrelétrica, florestas, caça e pesca e a sua exploração.
notar como essa Carta Magna destinava a função supletiva aos Estados
para os temas minerais, energéticos e ambientais no exaustivo art. 5o:
3
Art 135. Na iniciativa individual, no poder de criação, de organização e de inven‑
ção do indivíduo, exercido nos limites do bem público, funda-se a riqueza e a
prosperidade nacional. A intervenção do Estado no domínio econômico só se
legitima para suprir as deficiências da iniciativa individual e coordenar os fatores
da produção, de maneira a evitar ou resolver os seus conflitos e introduzir no
jogo das competições individuais o pensamento dos interesses da Nação, repre‑
sentados pelo Estado. A intervenção no domínio econômico poderá ser mediata
e imediata, revestindo a forma do controle, do estímulo ou da gestão direta.
132
4
O mineiro Alfredo de Vilhena Valladão, filho do Senador Gomes Valladão e de
D. Maria Amália de Vilhena Valladão, nascido em Campanha em 1873, foi mi‑
nistro do Tribunal de Contas da União, Professor da Faculdade de Direito de
Minas Gerais e da Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, no Rio
de Janeiro. Interessante notar a interdisciplinaridade no jurista, que foi 1o Vice
‑Presidente do IHGB Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, que o home‑
nageou com o título de Grande Benemérito, fato que reforça a grande influência
que as geotecnologias produziram na República Velha.
133
5
Decreto n. 20.395, de 15 de setembro de 1931
Suspende, até ulterior deliberação, todos os atos de alienação, oneração, promessa
ou começo de alienação ou transferencia de qualquer curso perene ou quéda da-
gua, e dá outras providencias
O Chefe do Governo Provisorio da Republica dos Estados Unidos do Brasil:
Considerando que o problema do aproveitamento e propriedade das quedas da‑
gua esteve sempre, no Brasil, envolvido em dificuldades várias, oriundas, princi‑
palmente, de uma legislação obsoleta e deficiente que, tolhendo a exploração
eficente das nossas forças hidraulicas, se opunha ao interesse da coletividade;
Considerando que, só pela reforma constitucional a realizar-se e pelo “Codigo
das Aguas”, já em estudo, será possivel dar ao problema a solução reclamada
pelos altos interesses nacionais;
Considerando que, na fase atual, na iminencia dessa reformas, podem ocorrer
operações, reais ou propositadamente simuladas, que dificultem, oportunamen‑
te, a aplicação das novas leis ou frustrem a salvaguarda do interesse do país;
Considerando que o Governo Provisorio, inspirado em razões similares, já sus‑
pendeu, por decreto sob o n. 20.223, de 17 de julho ultimo, os atos de alienação
e outros, relativos a jazidas minerais;
DECRETA:
Art. 1o Os atos de alienação, de oneração, de promessa ou começo de alienação
ou transferência, inclusive para formar capital de sociedade comercial, de curso
perene ou queda dagua, da respectiva energia hidraulica, ou de terra circunja‑
cente, praticados da data da publicação deste decreto em diante, nenhum efeito
produzirão quanto ao aproveitamento ou utilização da referida energia, que
ficará sempre reservado, nas condições juridicas atuais, exclusivamente aos
atuais proprietarios, ou usufrutuarios e seus herdeiros, cabendo a estes toda a
responsabilidade pela observancia das normas legais que vierem a ser dotadas
sobre a materia.
Parágrafo único. Mediante prévia e expressa autorização do Governo Provi‑
sorio, o ato poderá ser praticado sem as restrições estabelecidas no dispositi‑
vo supra.
Art. 2o Revogam-se as disposições em contrario.
Rio do Janeiro, 15 de setembro de 1931, 110o da Independencia e 43o da Republica.
134
6
MCDOWALL, Duncan. Light. Rio de Janeiro: Ediouro, 2008. p. 227.
7
Introdução ao Código de Águas.
135
8
Introdução ao Código de Águas.
136
137
9
Art 5o Compete privativamente à União:
[...]
XIX – legislar sobre:
[...]
j) bens do domínio federal, riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, águas,
energia hidrelétrica, florestas, caça e pesca e a sua exploração;
[...]
§ 3o A competência federal para legislar sobre as matérias dos números XIV e
XIX, letras c e i, in fine, e sobre registros públicos, desapropriações, arbitragem
comercial, juntas comerciais e respectivos processos; requisições civis e milita‑
res, radiocomunicação, emigração, imigração e caixas econômicas; riquezas do
subsolo, mineração, metalurgia, águas, energia hidrelétrica, florestas, caça e pes‑
ca, e a sua exploração não exclui a legislação estadual supletiva ou complementar
sobre as mesmas matérias. As leis estaduais, nestes casos, poderão, atendendo às
peculiaridades locais, suprir as lacunas ou deficiências da legislação federal, sem
dispensar as exigências desta.
138
10
Redação atual dada pelo Decreto-lei n. 3.763, de 25 de outubro de 1941.
11
Art. 179. Quanto ao serviço adequado a que se refere a alínea “a” do artigo pre‑
cedente, resolverá a administração, sobre:
a) qualidade e quantidade do serviço;
b) extensões;
c) melhoramentos e renovação das instalações;
d) processos mais econômicos de operação;
§ 1o A divisão de Águas representará ao Conselho Nacional de Águas e Energia
Elétrica sobre a necessidade de troca de serviços – interconexão – entre duas ou
mais empresas, sempre que o interesse público o exigir. (Redação dada pelo De‑
creto-lei n. 3.763, de 25.10.1941)
§ 2o Compete ao C.N.A.E.E., mediante a representação de que trata o parágrafo
anterior ou por iniciativa própria: (Redação dada pelo Decreto-lei n. 3.763, de
25.10.1941)
a) resolver sobre interconexão; (Redação dada pelo Decreto-lei n. 3.763, de
25.10.1941)
139
140
141
142
143
14
Conforme demonstram o Decreto n. 2.386, de 27 de novembro de 1896, o De‑
creto n. 3.355, de 24 de julho de 1899, o Decreto n. 4.140, de 1o de outubro de
1920, o Decreto n. 4.498, de 19 de janeiro de 1922, e o Decreto n. 15.304, de 19
de janeiro de 1922.
144
15
A expressão “civilização da lenha” pode igualmente ser identificada na obra
FRÓIS DE ABREU, S. Matérias-primas industriais, 1950, disponível em:
<www.ibge.gov.br> e no discurso do então governador de Minas Gerais, Jusce‑
lino Kubitschek, para justificar a criação da Cemig, disponível em: <www.almg.
gov.br>.
145
16
Importante destacar que o art. 44 previa que “quando a exploração tiver por fim
o aproveitamento industrial do lenho e determinadas essencias, que, por sua
grande abundancia no local, possam ser abatidas sem inconveniencia para as flo‑
restas, terá lugar o corte sob a fiscalização da autoridade competente, afim de
146
147
17
As questões energéticas em função das necessidades ambientais serão aprofun‑
dadas no Tomo III – Da Epistemologia.
18
Art. 23. Nenhum proprietario de terras cobertas de mattas poderá abater mais de
tres quartas partes da vegetação existente, salvo o disposto nos arts. 24, 31 e 52.
§ 1o O dispositivo do artigo não se applica, a juizo das autoridades florestaes
competentes, às pequenas propriedades isoladas que estejam proximas de flores‑
tas ou situadas em zona urbana.
§ 2o Antes de iniciar a derrubada, com a antecedencia minima de 30 dias, o pro‑
prietario dará sciencia de sua intenção á autoridade competente, afim de que esta
determine a parte das mattas que será conservada.
19
Ele antecedeu o instituto da “Reserva Legal”, que adveio com a Lei n. 7.803, de
18 de julho de 1989, como critério espacial para garantir minimamente as condi‑
ções ambientais das propriedades privadas.
148
20
DEAN, Warren. A ferro e fogo: a história e a devastação da mata atlântica
brasileira. Tradução de Cid Knipel Moreira. São Paulo: Cia das Letras, 1996.
p. 268- 269.
21
Disponível em: <http://www.almg.gov.br/dia/A_2002/10/L121002.htm>. Acesso
em: nov. 2010.
149
22
Esse instituto foi superado pela Lei n. 4.771, de 15 de setembro de 1965, que es‑
tabeleceu nova normativa para a matéria.
150
23
QUINTAS, Humberto; QUINTANS, Luis Cezar P. A história do petróleo: no
Brasil e no mundo. Rio de Janeiro: Maria Augusta Delgado, 2009. p. 20.
151
24
Dispunha o art. 179 da Constituição Imperial de 1824:
A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos Brazileiros, que
tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida
pela Constituição do Imperio, pela maneira seguinte:
XXII. E’ garantido o Direito de Propriedade em toda a sua plenitude. Se o bem
publico legalmente verificado exigir o uso, e emprego da Propriedade do Cida‑
dão, será elle préviamente indemnisado do valor della. A Lei marcará os casos,
em que terá logar esta unica excepção, e dará as regras para se determinar a inde‑
mnisação.[sic]
25
Respectivamente, Decreto n. 20.799, de 16 de dezembro de 1931, e n. 23.016, de
16 de julho de 1933.
26
Dispunha o art. 113 da Constituição de 1934:
A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a invio‑
labilidade dos direitos concernentes à liberdade, à subsistência, à segurança indi‑
vidual e à propriedade, nos termos seguintes:
17) É garantido o direito de propriedade, que não poderá ser exercido contra o
interesse social ou coletivo, na forma que a lei determinar. A desapropriação por
necessidade ou utilidade pública far-se-á nos termos da lei, mediante prévia e
justa indenização. Em caso de perigo iminente, como guerra ou comoção intes‑
tina, poderão as autoridades competentes usar da propriedade particular até
onde o bem público o exija, ressalvado o direito à indenização ulterior.
152
27
MARINHO JR., Ilmar Penna. Petróleo: soberania e desenvolvimento. Rio de
Janeiro: Bloch, 1969.
28
QUINTAS, Humberto; QUINTANS, Luis Cezar P. A história do petróleo: no
Brasil e no mundo. Rio de Janeiro: Maria Augusta Delgado, 2009.
29
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
153
30
Ver art. 17, X, da Lei n. 1.145, de 1903, ou o item 2.1 já mencionado.
154
31
Decreto n. 21.079, de 24 de fevereiro de 1932
Autoriza o Governo a contratar um geofísico para o Serviço Geológico e Minera-
lógico do Brasil
O Chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil,
atendendo à necessidade de serem desenvolvidos os trabalhos de investigação do
sub-solo e sobre a exequibilidade da aplicação dos métodos geofísicos nas pes‑
quisas das estruturas adequadas à acumulação de petróleo e na prospecção de
jazidas metalíferas no país;
Atendendo ainda a que essas investigações só podem ser confiadas a técnicos que já
tenham demonstrado conhecimentos especiais sobre o assunto, razão por que foi
convidado para esse trabalho o especialista norte-americano Mark Cyril Malam‑
phy, que já vem prestando a sua colaboração ao Serviço Geológico e Mineralógico
do Brasil desde dezembro de 1931, resolve:
Art. 1o Fica autorizado o Ministério da Agricultura a contratar o geofísico Mark
Cyril Malamphy, pelo prazo de um ano, a partir de 1 de janeiro último, com a
gratificação mensal de 6:000$0 e uma ajuda de custo de primeiro estabelecimento
correspondente a um mês da dita gratificação, bem assim com direito à diária de
30$0, passagens de 1a classe e transporte de bagagem nas estradas de ferro e com‑
panhias de navegação, quando em serviço de campo fora desta Capital.
155
32
São Paulo, 20 de janeiro de 1935
Dr. Getúlio Vargas
Por intermédio do meu amigo Rônald de Carvalho, procurei no dia 15 do cor‑
rente, fazer chegar ao seu conhecimento uma exposição confidencial sobre o
caso do petróleo, estou na incerteza se esse escrito chegou a destino. Talvez se
perdesse no desastre do dia 20. E como se trata de documento de muita impor‑
tância pelas revelações que faz, seria de toda conveniência que eu fosse informa‑
do a respeito. Nele denuncio as manobras da Standard Oil para senhorear-se das
nossas melhores terras potencialmente petrolíferas, confissão feita em carta pelo
próprio diretor dos serviços geológicos da Standard Oil of Argentina, que é o
tentáculo do polvo que manipula o Brasil. E isso com a cooperação efetiva do sr.
Victor Oppenheim e Mark Malamphy, elementos seus que essa companhia insi‑
nuou ou no Serviço Geológico e agora dirigem tudo lá, sob o olho palerma e
inocentíssimo do dr. Fleuri da Rocha. É de tal valor a confissão, que se eu der a
público com os respectivos comentários o público ficará seriamente abalado.
Acabo agora de obter mais uma prova da duplicidade desse Oppenheim, cornaca
156
do Fleuri. Em comunicação reservada que ele enviou para a Argentina ele diz
justamente o contrário, quanto às possibilidades petrolíferas do Sul do Brasil, do
que faz aqui o Fleuri pelos jornais, com o objetivo de embaraçar a marcha dos
trabalhos da Companhia Petróleos.
O assunto é extremamente sério e faz jus ao exame sereno do Presidente da Re‑
pública, pois que as nossas melhores jazidas de minérios já caíram em mãos es‑
trangeiras e no passo em que as coisas vão o mesmo se dará com as terras
potencialmente petrolíferas. E já hoje ninguém poderá negar isso visto que tenho
uma carta em que o chefe dos serviços geológicos da Standard ingenuamente
confessa tudo, e declara que a intenção dessa companhia é manter o Brasil em
estado de “escravização petrolífera”.
Aproveito o ensejo para lembrar que ainda não recebi os papéis, ou estudos
preliminares do serviço que V. Excia. tinha em vista organizar, por ocasião do
encontro que tivemos em fins do ano passado, no Palácio Guanabara.
Respeitosamente,
J. B. Monteiro Lobato
33
São Paulo, 19 de agosto de 1935
Dr. Getúlio Vargas
Rio de Janeiro
Excelentíssimo Senhor:
Conforme previ na última audiência que me foi concedida a 15 do corrente, há
alguém interessado em embaraçar a ação da Cia Petróleos do Brasil, dificultando
a obtenção da autorização para que ela siga seu curso natural, fora das restrições
do Decreto nº 20.799, que, em requerimento ao Ministério da Agricultura, foi
pedida. E como V. Excia., me autorizou, neste caso, a recorrer diretamente a V.
Excia., como guardião que é dos verdadeiros interesses nacionais, sou forçado a
lançar mão desse recurso.
Negam-nos a autorização pedida, dificultando, retardando, protelando o neces‑
sário decreto. Isso vem impossibilitar a atividade da Cia Petróleos do Brasil. Os
homens contratados à custa de tanto sacrifício monetário para procederem em
nosso território quatro meses de provas, nada poderão fazer já que a companhia
que os contratou não pode fazer contratos de opção nos terrenos a serem exami‑
nados. E desse modo terão de regressar para a América do Norte sem que o
Brasil se beneficie das vantagens incomensuráveis da série de provas previstas e
para as quais a nossa empresa se formou.
Isso constitui um crime imperdoável, além de denunciar de modo esmagador
que há gente paga por estrangeiros para que o Brasil não tenha nunca o seu pe‑
157
Mas como não abrir poços nos terrenos que compra é mais fácil
do que impedir que outros os abram perto, ocorreu ao trust uma ideia
dum maquiavelismo genial. Habilissimos, traquejadissimos, com uma
velha sabedoria vulpina de lidar com a humanidade, manobraram os
nossos homens públicos e fizeram que por suas mãos inocentes fosse
desferido no Brasil o grande golpe. O trust gestou a Lei de Minas; o
nacionalismo patriotico o pariu.
Como não babaria de gozo Maquiavel, se ressuscitasse!
Os homens públicos que assinaram essa lei fizeram‑no convictos
de estarem defendendo da melhor maneira os nossos tesouros subter‑
râneos. Leis como essas são técnicas; presidentes e ministros apenas as
subscrevem – não as leem. Há o pavor de meter os dentes em ‘matéria
técnica’. É tabu lá dos técnicos. Mas se acaso hoje aqueles homens ti‑
vessem a curiosidade de ler o que assinaram e com o seu natural bom
‑senso refletissem sobre o texto, haviam de ficar de cabelos arrepiados.
Porque a Lei de Minas tranca de maneira mais absoluta qualquer inves‑
tigação do subsolo. Cria mais embaraços que só um doido varrido irá
perder tempo em cavocar a terra.
A coisa é clara. Já que o trust interessado no petróleo do Brasil
não pretendia explorá‑lo, e sim apenas acaparar as terras petrolíferas
tróleo. Em vez de, pelas funções de seus cargos, esses homens tudo fazerem para
que tenhamos petróleo, quanto antes, tudo fazem para que não o tenhamos nun‑
ca. O caso é, pois, desses que pede a imediata intervenção de homens que, como
V. Excia., só têm em vista os altos interesses do País.
Assim, de acordo com a promessa que V. Excia. Me fez, venho denunciar a ma‑
nobra da sabotagem burocrática e pedir o remédio urgente.
Respeitosamente subscrevo-me
De V. Excia. Atento servidor
Monteiro Lobato.
158
para reforço das suas reservas potenciais, nada melhor do que o apare‑
cimento de uma lei que, trancando as pesquisas em geral, só favorece a
política secreta do trust em particular. E para obter uma lei dessas nada
melhor do que pegar o indígena num dos seus acessos de febre nacio‑
nalista. Desse modo o trust afastaria os concorrentes para, com todo o
sossego, ir acaparando as zonas geofisicamente estudadas.
O plano surtiu efeito completo.
A nova lei constitue o mais lindo trabalho ainda feito no mundo
para manter o subsolo dum país em rigoroso estado de virgindade até
o momento em que o espírito santo de orelha entenda de explorá‑lo.
Por essa época, então, e já dono de todos os pontos estratégicos, nada
mais fácil do que mobilizar a opinião pública e denunciar o absurdo da
lei, fazendo‑a substituir. Quantas vezes esse trust já não manipulou,
fez e desfez, leis de minas por este mundo de Cristo afora?
A Lei de Minas, anunciada pelos seus promulgadores como o Seza‑
mo, abre‑te das nossas riquezas minerais, saiu um Sezamo, fecha‑te!...
Fecha‑te, até que todos os estudos geofísicos do trust estejam completos;
todas as estruturas petrolíferas que lhe convenham estejam adquiridas; a
atual superprodução do petróleo esteja passada; e haja para o trust inte‑
resse em abrir aqui novas fontes. Só então a bacoquice indígena percebe‑
rá a esparrela em que caiu, e virá o clássico “Ora veja!”34
34
LOBATO, Monteiro. O escândalo do petróleo e ferro. Obras completas. São
Paulo: Brasiliense, 1950. v. 7, p. 46-48.
159
35
Ou seja, federalista e estatizante, haja vista a atuação do general Júlio Caetano
Horta Barbosa.
36
Importante destacar, como típico dos instrumentos jurídicos expedidos no go‑
verno Vargas, a clareza do preâmbulo do Decreto-Lei n. 395, de 1938, que criou
o CNP e regulou a atividade do petróleo no país:
O presidente da República, ouvido o Conselho Federal de Comércio Exterior,
tendo em vista os elevados interesses da segurança do país e da economia nacio‑
nal, e usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição Federal, e,
outrossim:
Considerando que o Código de Minas, promulgado pelo decreto n. 24.642, de 10
de julho de 1934, impôs ao proprietário das minas e jazidas conhecidas a obriga‑
ção de manifestá-las ao poder público, dentro de prazos determinados, e que
nenhuma jazida de hidrocarbureto, líquido ou gasoso, de valor industrial, foi
manifestada e mandada registrar na vigência dos mesmos prazos, resultando em
consequência que todas essas jazidas, porventura existentes no território nacio‑
nal, foram incorporadas ao patrimônio da Nação (decreto-lei n. 66, de 14 de
dezembro de 1937 e 366, de 11 de abril de 1938);
Considerando que o petróleo refinado constitue a fonte principal de energia
para a realização do transporte, especialmente aéreo e rodoviário, serviço de uti‑
lidade pública nacional, indispensavel á defesa militar e econômica do país;
160
161
37
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
p. 80.
38
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
p. 81.
162
39
Petróleo na Baía. Revista Brasileira de Geografia, n. 1, jan. 1939.
163
40
A expressão “geojurídico” é empregada no sentido de demonstrar a interdisci‑
plinaridade entre Geociências e Direito, ou seja, o emprego de conceitos geográ‑
ficos – como é o caso de “região”, pelo direito posto.
41
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. p. 121.
42
O Decreto n. 6.519, de 12 de novembro de 1940, autorizava, a título provisório,
o cidadão brasileiro Francisco Matarazzo Júnior a pesquisar jazidas de petróleo
164
165
44
Mais informações em 1.4, “Iluminação pública: do gás à energia elétrica”.
45
Algumas exceções à aplicação do gás podem ser encontradas no Império, como
é o caso do Decreto n. 4.997 de 3/07/1872, que “Concede a Gustavo Adolpho
Wurffbain e Theodoro Just, privilégio para introdução e venda no império de
aparelhos destinados a fabricação de gás hidro-carbônico; Decreto n. 5.804, de
25/11/1874, que concede privilegio a William Denny Ruck para introduzir no
Imperio o apparelho de sua invenção destinado ao fabrico de gaz; Decreto n.
2.694, de 2/05/1877, que approva o Decreto n. 4597 de 15 de Setembro de 1870,
que concede privilegio a Claudio Guigon para introduzir no Imperio os tubos
fabricados por Vecque Jne. & Comp., e destinados ao encanamento d’agua, gaz
e outros fluidos; Decreto n. 6.905, de 18/05/1878, que concede privilegio a Silva
& Silva para os melhoramentos introduzidos no apparelho de fabricar gaz, de‑
nominado – Globe; Decreto n. 6.938, de 15/06/1878, que concede privilegio a
Domenico Tesouriere, Marquez Tupputi, para introduzir no Imperio combusto‑
res de gaz aperfeiçoados; Decreto n. 7.529, de 25/10/1879, que concede privile‑
gio a João Cerbasi e Luiz Lange para introduzirem no Imperio o apparelho de
purificar gaz de sua invenção denominado ‘Generador Cerbasi’; Decreto
n.7.759, de 14/06/1880, que concede privilegio a Henrique Brianthe para o appa‑
relho denominado – Carborador, destinado a produzir o gaz de illuminação por
meio do ar e da naphta e para a carboração do gaz carbônico; Decreto n. 7.983,
de 5/02/1881, que concede privilegio a Joaquim Alves de Souza para o apparelho
de sua invenção, destinado a produzir o gaz extrahido da turfa; Decreto n. 8.409,
de 11/02/1882, que ‘concede privilegio a Henrique Brianthe para o Avisador de
escapamento de gaz, de sua invenção’; Decreto n. 3.278, de 26/06/1886, que ap‑
prova o contracto celebrado entre o Governo Imperial e o cidadão francez Hen‑
rique Brianthe para a iluminação da cidade do Rio de Janeiro por gaz corrente;
dentre outro”.
166
46
Delag é a abreviação, em alemão, de “Deutsche Luftschiffahrt-Aktiengesells‑
chaft”, traduzido livremente para Sociedade Alemã de Transporte Dirigível.
167
47
Os próprios alemães rapidamente abandonariam a tecnologia dos dirigíveis para
o emprego de caças. O caso mais exemplar foram os esforços de guerra com caça
do alemão Barão Manfred von Richthofen, apelidado de “Barão Vermelho”.
48
A indústria Zeppelin tinha dificuldades para manter sua tradição de integrar po‑
vos a partir da Alemanha no período entre as Grandes Guerras. Como exemplo,
por pedido expresso de Hitler, os dirigíveis eram obrigados a realizar suas rotas
internacionais com a suástica nazista estampada na traseira.
49
Para muitos, um verdadeiro “Titanic do ar”, dada a suntuosidade do empreendi‑
mento e o trágico fim.
50
Existem teorias que buscam explicar que o acidente, na verdade, foi uma sabota‑
gem. Todavia, o tema foge ao escopo da presente obra, que busca identificar a
importância da matriz energética na sociedade.
168
169
51
LIGHT. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro Tramway, Light & Power Co. LTD.,
1928-1929. Mensal.
52
Decreto n. 20.089, de 9 de junho de 1931, fixava em 10% o emprego de carvão
nacional.
170
53
Posteriormente, o Decreto n. 29.084, de 4 de janeiro de 1951, criou subsídio
direto por tonelada de carvão, de modo a não onerar demasiado o custo do aço
da CSN.
54
Para mais informações, ver item 2.7.
55
Importante destacar que foi constituída em 1920, no Rio de Janeiro, a primeira
empresa importadora de produtos como fogões e aquecedores para uso com gás
encanado.
171
56
A forma de comercialização mais comum é a de engarrafamento em botijões de
13 kg de gás.
57
MAGNANI, Luís Antonio; SEGAWA, Hugo. Complexo do gasômetro: a ener‑
gia de São Paulo. São Paulo: Via das Artes, 2007. p. 63.
172
58
Vide item 2.4.
173
174
175
59
Decreto-Lei n. 879, de 23 de novembro de 1938, que tornou sem aplicação a
importância de 20:000$000, na verba que especificou, do Ministério da Agricul‑
tura e abriu o crédito especial de igual quantia para estudos de adaptação de
motores a explosão ao sistema de gasogênio.
176
60
Decreto-lei n. 3.534, de 21 de agosto de 1941
Abre, pelo Conselho Nacional de Petróleo, o crédito especial de 300:000$0 para
atender às medidas de emergência com o racionamento de combustíveis líquidos
minerais
O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da
Constituição,
Decreta:
Artigo único. Fica aberto, pelo Conselho Nacional do Petróleo, o crédito espe‑
cial de 300:000$0 (trezentos contos de réis), para atender às despesas (Serviços e
Encargos) com a execução e fiscalização das medidas de emergência, que se tor‑
naram necessárias para o racionamento de combustíveis líquidos minerais.
Parágrafo único. O crédito de que trata este artigo será distribuído ao Tesouro
177
178
63
Importante notar que, no mesmo dia, o Decreto-Lei n. 5.796, de 3 de setembro
de 1943, alterara disposições do Decreto-Lei n. 4.521, de 24 de julho de 1942,
referentes à reorganização da Comissão Nacional de Gasogênio.
179
180
1
Art 5o Compete à União:
[...]
XV – legislar sobre:
[...]
l) riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, águas, energia elétrica,
floresta, caça e pesca.
2
BAER, Werner. A industrialização e o desenvolvimento econômico do Brasil. 6.
ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1985. p. 54.
182
183
3
Carta-testamento de Getúlio Vargas, 2o parágrafo. Disponível em: http://cpdoc.
fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/AlemDaVida/CartaTestamento.
Acesso em: 05 set. 2011.
184
185
186
4
CENTRO DA MEMÓRIA DA ELETRICIDADE NO BRASIL. Energia Elé‑
trica no Brasil: breve histórico: 1880 – 2001. Rio de Janeiro. p. 114.
187
5
Estão correlacionados os Decretos ns. 63.951, de 1968, 73.620, de 1974, 75.468,
de 1975 e Decreto-lei n. 689, de 1969.
188
189
190
6
A Lei n. 7.465 de 21 de abril de 1986, no art. 1o, determinou que o cidadão Tan‑
credo de Almeida Neves, mineiro, advogado, eleito e não empossado, por moti‑
vo de seu falecimento, figurará na galeria dos que foram ungidos pela Nação
brasileira para a Suprema Magistratura, para todos os efeitos legais.
7
CALDAS, Geraldo Pereira. As concessões de serviço público de energia elétrica.
2. ed. Curitiba: Juruá. 2006. p. 45 e ss.
191
8
PANORAMA do Setor de Energia Elétrica no Brasil. Rio de Janeiro: Centro da
Memória da Eletricidade no Brasil, 1988. p. 69.
9
ANDRADE, Odilon. In: ESPÍRITO SANTO, Humberto da Silveira. Regime
fiscal e administrativo da eletricidade. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1949. p. 22.
192
10
GAMA E SILVA, Luiz Antonio. Causas fundamentais da crise – problema da
legislação – Estudo do Código de Águas e suas consequências sobre a aplicação de
capitais particulares e desestímulo à iniciativa privada – Modificações necessárias.
Apresentação exposta na II Sessão da Semana de 1956 realizada em 10 de abril.
INSTITUTO DE ENGENHARIA, Trabalhos publicados na Semana de Deba-
tes de energia Elétrica. São Paulo: Instituto de Engenharia, 1956.
11
Por exemplo, as Missões Cooke, Plano Salte e Comissão Mista Brasil – Estados
Unidos (CMBEU).
193
art. 15.12 Logo, o Iuee foi instituído por meio da Lei n. 2.308, de 31
de agosto de 1954, que também criou o Fundo Federal de Eletrificação
– FFE e alterou a legislação do imposto de consumo.
Tão relevante quanto a arrecadação setorial foi a promulgação do
Decreto n. 41.019, de 26 de fevereiro de 1957, que regulamentou os
serviços de energia elétrica. Ainda vigente, esse instrumento
democrático,13 raro em um setor então acostumado a ser regido por
12
Art 15. Compete à União decretar impostos sobre:
[...]
III – produção, comércio, distribuição e consumo, e bem assim importação e
exportação de lubrificantes e de combustíveis líquidos ou gasosos de qualquer
origem ou natureza, estendendo-se esse regime, no que for aplicável, aos mine‑
rais do País e à energia elétrica.
13
Interessante notar a construção de seu Preâmbulo, que demonstra o espírito des‑
te instrumento: “O Presidente da República, usando da atribuição que lhe con‑
fere o artigo 87, inciso I, da Constituição, e
Considerando que o Decreto n. 24.643, de 10 de julho de 1934 (Código de
Águas) em seu art. 178, previu a regulamentação dos serviços de energia elétrica
pela Divisão de Águas;
Considerando que várias leis posteriores, que alteraram e complementaram o
Código de Águas, deixaram à regulamentação os detalhes de execução de vários
de seus dispositivos;
Considerando que o Decreto n. 1.699, de 24 de outubro de 1939, incluiu entre as
atribuições do Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica (art. 2o, inciso
VI), a de “elaborar e submeter ao Presidente da República a regulamentação do
Código de Águas e das demais leis, que regem ou venham a reger a utilização dos
recursos hidráulicos e da energia elétrica;
Considerando que, no desempenho destas atribuições, o referido Conselho, pela
Exposição de Motivos n. 411, de 1951, submeteu à Presidência da República o
projeto de regulamento dos serviços de energia elétrica que foi publicado, para
receber sugestões, no Diário Oficial de 23 de novembro de 1951;
Considerando que o Conselho, depois de rever e atualizar o referido projeto de
regulamentação, propõe novamente a sua decretação, pela Exposição de Motivos
n. 133, de 29 de janeiro de 1957;
Considerando a necessidade de regulamentar a legislação vigente sobre energia
elétrica, fixando normas precisas que facilitem a ação fiscalizadora da adminis‑
tração, decreta o seguinte.
194
14
Sobre os programas de racionamento de energia elétrica, ver item 5.1.1 (c) “Pro‑
grama de racionamento de energia elétrica de 2001”.
195
15
Informações extraídas de PEIXOTO, João Baptista; PEIXOTO, Walter. Produ-
ção, transporte e energia no Brasil. Biblioteca do Exército, 1957. v. 238-239,
p. 377-378.
196
197
16
Apud PEIXOTO, João Baptista; PEIXOTO, Walter. Produção, transporte e
energia no Brasil. Biblioteca do Exército, 1957. v. 238-239, p. 399.
17
Atualmente a Cemig tem a denominação de “Companhia Energética de Minas
Gerais S/A”.
18
Destaca-se que nesse período a capital do país era o Rio de Janeiro.
198
19
Essa referência encontra-se em GÂNDAVO, Pero de Magalhães. História da
Província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Essa obra narra a
conquista e o estabelecimento de Portugal na América, sendo o primeiro livro
publicado por um português inteiramente dedicado ao Brasil.
20
SOARES DE SOUZA, Gabriel. Noticia do Brasil. Domínio público, 1587.
199
21
“Depois de quatorze léguas de viagem, desde a foz do Rio S. Francisco, chega-se
a esta cachoeira, de que se contam tantas grandezas fabulosas.
Para bem descrevê-la, imaginai uma colossal figura de homem sentado com os
joelhos e os braços levantados, e o rio de S. Francisco caindo com toda sua força
sobre as costas. Não podereis ver sem estar trepado em um dos braços, ou em
qualquer parte que lhe fique ao nível ou a cavaleiro sobre a cabeça.
Parece arrebentar de debaixo dos pés, como a formosa cascata de Tivoli junto a
Roma. Um mugir surdo e continuado, como os preparos para um terremoto,
serve de acompanhamento à música estrondosa de variados e diversos sons, pro‑
duzidos pelos choques das águas. Quer elas venham correndo velocíssimas ou
saltando por cima das cristas de montanhas; quer indo em grandes massas de
encontro a elas, e delas retrocedendo: caindo em borbotão nos abismos e deles se
erguendo em úmida poeira, quer torcendo-se nas vascas do desespero, ou levan‑
tando-se em espumantes escarcéus; quer estourando como uma bomba; quer
chegando-se aos vaivéns, e brandamente e com espandanas ou em flocos de es‑
cuma alvíssima como arminhos – é um espetáculo assombroso e admirável.
A altura da grande queda foi calculada em 362 palmos. Há 17 cachoeiras, que são ver‑
dadeiros degraus do alto trono, onde assentou-se o gigante de nome Paulo Afonso.
Muitas grutas apresentam os rochedos deste lugar, sombrias, arejadas, arruadas
de cristalinas areias, banhadas de frígidas linfas.
S.M, o imperador visitou esta cachoeira na manhã de 20 de outubro de 1859. O
presidente, Dr. Manuel Pinto de Souza Dantas, teve a ideia de erigir um monu‑
mento à visita imperial.” (Transcrita do Diário da Bahia).
22
ALVES, Castro. Introdução a Os escravos. In: PEIXOTO, Afrânio (Org.).Obras
completas de Castro Alves. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1944. v. II, p. 219.
200
23
Importante destacar que, no Império, a Geografia era concebida como uma es‑
pecialização da Engenharia.
24
Apud EXÉRCITO. Energia elétrica no Brasil: da primeira lâmpada à Eletrobras.
Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1977. p. 43. Teodoro Sampaio atuou poste‑
riormente na Campanha de Canudos pelo Governo Federal. O geógrafo reviu, a
pedido do amigo Euclides da Cunha, todas as descrições geográficas e de paisagem
da obra “Os Sertões”, que surpreende pela riqueza de detalhe. A partir de então foi
inspetor na The São Paulo Tramway Light and Power Company até 1900.
25
VAINSENCHER, Semira Adler. Chesf (Companhia Hidroelétrica do São
Francisco). Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://www.
fundaj.gov.br>. Acesso em: 1o jul. 2010.
201
26
O art. 2o previa que o aproveitamento da energia elétrica produzida destinava-se
ao fornecimento de energia elétrica, em alta tensão aos concessionários de servi‑
ço púbico na zona compreendida dentro de uma circunferência de quatrocentos
e cinquenta (450 km) de raio, tendo como centro a usina a ser construída para o
aproveitamento inicial.
202
27
EXÉRCITO. Energia elétrica no Brasil: da primeira lâmpada à Eletrobras. Rio
de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1977. p. 38.
203
28
Essa referência encontra-se no Capítulo XII – Paulo Afonso e o Desenvolvi‑
mento do Nordeste.
204
29
Em 1990, a Lei n. 8.028 extinguiu o MME e transferiu suas atribuições ao Minis‑
tério da Infraestrutura, criado pela mesma lei, que também passou a ser respon‑
sável pelos setores de transportes e comunicações. O Ministério de Minas e
Energia voltou a ser criado em 1992, por meio da Lei n. 8.422.
205
206
30
A Reserva Global de Reversão – RGR, instituída pela Lei n. 5.655, de 20 de maio
de 1971, foi regulamentada inicialmente pelo Decreto n. 69.721, de 9 de dezem‑
bro de 1971. A RGR sofreu diversas alterações no decorrer de sua longa existên‑
cia, com destaque para os Decretos-lei n. 1.383, de 1974, n. 1.506, de 1976 e n.
1.849, de 1981, sendo que, em função do Decreto-lei n. 1.383, de 1974, o Minis‑
tério de Minas e Energia publicou as Portarias n. 365, de 1975, n. 1.032, de 1977,
n. 355, de 1980 e n. 1.408, de 1986.
207
208
31
DUARTE, Antônio Fernando de Menezes. Pressupostos sobre equilíbrio de re‑
cursos nas expansões de sistema elétrico. Revista do Instituto de Direito da
Energia, Faculdade de Direito da Universidade Católica de Minas Gerais, n. 19,
p. 18-19, set. 1977.
209
210
32
WALTEMBERG, David. O direito da energia elétrica e a Aneel: direito admi‑
nistrativo econômico. São Paulo: Malheiros, 2000. p. 357.
211
33
LEOPOLDI, Maria Antonieta P. Estado, burguesia industrial e industrialização
no segundo governo Vargas. In: SZMRECSÁNYI, Tamás; SUZIGAN, Wilson
(Org.). História econômica do Brasil contemporâneo. São Paulo: Edusp, Impren‑
sa Oficial de São Paulo e Editora Hucitec, 2002. p. 59-60.
212
213
34
Mais detalhes no item 4.
214
35
CENTRO DA MEMÓRIA DA ELETRICIDADE NO BRASIL. Energia Elé‑
trica no Brasil. Breve Histórico 1880 – 2001. Rio de Janeiro, 2001. p. 117-119.
36
Importante destacar que em 30 de maio de 1962 foi criada a Comissão de Nacio‑
nalização das Empresas Concessionárias de Serviços Públicos (Conesp), para,
fundamentalmente, tratar da nacionalização das empresas do Grupo Amforp.
215
37
A Fundação Coge veio suceder o Comitê de Gestão Empresarial – Coge a partir
de 5 de novembro de 1998, com sede na cidade do Rio de Janeiro e era composta
por 26 empresas do setor de energia elétrica brasileiro.
216
217
38
CENTRO DA MEMÓRIA DA ELETRICIDADE NO BRASIL. Energia Elé‑
trica no Brasil. Breve Histórico 1880 – 2001. Rio de Janeiro, 2001, p. 147-148.
218
39
Os principais instrumentos jurídicos bilaterais entre Brasil e Paraguai são: (i)
Tratado de Limites (9/1/1872); (ii) Tratado Complementar ao de 1872
(21/5/1927); (iii) Protocolo de Instruções (9/5/1930); (iv) Tratado de Itaipu
(26/4/1973); (v) Protocolo Adicional ao Tratado de 1927 (4/12/1975); e (vi) No‑
tas aprovando a adjudicação das ilhas do rio Paraguai (15/2/1978).
40
Disponível em: <http://www2.mre.gov.br/daa/histparg.htm>. Acesso em: 22
jul. 2011.
219
41
Importante destacar que, com a inauguração da Ponte Internacional da Amizade
(Brasil – Paraguai) em 1965, bem como a inauguração em 1969 da BR-277, que
ligaria Foz do Iguaçu ao porto de Paranaguá, o comércio da região foi significa‑
tivamente acelerado.
42
Ata de Iguaçu de 22 de junho de 1966 firmada entre Brasil e Paraguai
Aos vinte e dois de junho de 1966, o Ministro de Estado das Relações Exteriores
dos Estados Unidos do Brasil, Embaixador Juracy Magalhães e o Ministro das
Relações Exteriores do Paraguai, Doutor Raúl Sapena Pastor assinaram uma Ata
Final e trocaram Memorandos.
ATA FINAL
Aos vinte e um e vinte e dois dias do mês de junho de mil novecentos e sessen‑
ta e seis, reuniram-se nas cidades de Foz do Iguaçu e de Porto Presidente Stro‑
essner, o Ministro das Relações Exteriores dos Estados Unidos do Brasil,
Embaixador Juracy Magalhães, e o Ministro das Relações Exteriores da Repú‑
blica do Paraguai, Doutor Raúl Sapena Pastor, com o objetivo de passar em
revista os vários aspectos das relações entre os dois países, inclusive aqueles
pontos em torno dos quais têm surgido ultimamente divergências entre as duas
Chancelarias.
Após terem mantido várias entrevistas de caráter pessoal e outras com a presen‑
ça de suas comitivas, os Ministros das Relações Exteriores dos Estados Unidos
do Brasil e da República do Paraguai chegaram às seguintes conclusões, que fa‑
zem constar da presente Ata:
I — MANIFESTARAM-SE acordes os dois Chanceleres em reafirmar a tradi‑
cional amizade entre os dois Povos irmãos, amizade fundada no respeito mútuo
e que constitui a base indestrutível das relações entre os dois países;
II — EXPRIMIRAM o vivo desejo de superar, dentro de um mesmo espirito de
boa-vontade e de concórdia, quaisquer dificuldades ou problemas, achando-lhes
solução compatível com os interesses de ambas as Nações;
220
221
Juracy Magalhães, Ministro de Estado das Relações Exteriores dos Estados Unidos
do Brasil, – Raúl Sapena Pastor, Ministro das Relações Exteriores da República
do Paraguai.
(Publicado no Diário Oficial da União de 8 de agosto de 1966, p. 9.061/62)
43
Referência ao Ministro das Relações Exteriores da República do Paraguai, Dou‑
tor Raúl Sapena Pastor.
44
MAGALHÃES, Juracy. GUEIROS, José Alberto. O último tenente. São Paulo:
Record, 1996. p. 349.
222
45
Documento histórico denominado “Criação de Comissão Mista Técnica Brasi‑
leiro – Paraguaia – Acordo entre o Brasil e o Paraguai”, firmado em Assunção
(PGY), em 12/02/1967, publicado no Diário Oficial de 31 mar. 1967, p. 3.877-78.
46
“Convênio de cooperação entre a Comissão Mista Técnica Brasileiro – Para‑
guaia, por uma parte, e, pela outra, a Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletro‑
bras), do Brasil, e Administración Nacional de Electricidad (Ande), do Paraguai,
para o estudo em conjunto do trecho do rio Paraná desde e inclusive o Salto de
Guaíra ou Salto Grande de Sete Quedas, até a foz do rio Iguaçu”, firmado em
10/04/1970, em Assunção (PY). Itaipu Binacional (Brasil). Atos oficiais da Itaipu
binacional. Curitiba: Itaipu Binacional, 2005. p. 21-33.
47
WEBER, Wagner Enis. Itaipu e o Paraguai: o renascer de uma nação. Assunción
(PY): Enfoque Económico, 2008. p. 28.
48
Aprovado pelo Presidente da República em 17 de outubro de 1978 e constante
do Processo n. 033/C/77 – PR. 3 635/77.
223
224
49
WEBER, Wagner Enis. Itaipu e o Paraguai: o renascer de uma nação. Assunción
(PY): Enfoque Económico, 2008. p. 29.
50
WEBER, Wagner Enis. Idem, ibidem.
225
51
Tratado entre a República Federativa do Brasil e a República do Paraguai para o
Aproveitamento Hidrelétrico dos Recursos Hídricos do Rio Paraná, pertencen‑
tes em Condomínio aos dois países, desde e inclusive o Salto Grande de Sete
Quedas, firmado em 26/04/1973.
52
Itaipu Binacional (Brasil). Atos oficiais da Itaipu binacional. Curitiba: Itaipu Bi‑
nacional, 2005. p. 39-43.
53
Idem, ibidem.
226
54
ÁLVARES, Walter T. Natureza jurídica de Itaipu. Parecer de agosto de 1975.
Item sobre Ordenamento Jurídico Positivo.
55
Importante destacar a profundidade do parecer de Walter T. Álvares, pela quali‑
dade e densidade de sua obra. O presente parecer remonta as seguintes passa‑
gens: I. Introdução temática – 1. Adequação fenomênica jurídico-econômica – 2.
Translação do fenenômeno jurídico – 3. Ultrapassagem do convencional – 4. Li‑
nha genética – 5. Fórmulas para novos efeitos – 6. Afinidade conceitual – 7. Emba‑
samento funcional. II. Retrospectiva histórica – 8. Agrupar para alcançar – 9.
Traços romanos 10. Resquícios helênicos – 11. Contribuição medieval e renascentista.
III. Natureza jurídica do consórcio – 12. Motivação criadora – 13. Grupamento
e coordenação – 14. Coordenadas jurídicas do dimensionamento consorcial – 15.
Fenômeno associativo (consórcio de 1o grau) – 16. Consórcio como negócio jurí‑
dico – 17. Relações internas e externas do negócio jurídico (consórcio de 2o grau) –
18. Contrato de consórcio – 19. Inserção societária (consórcio de 3o grau) – 20. O
Direito Positivo brasileiro (n. 36) – 21. Personalidade e coisismo – 22. Piramidação
e consórcio – 23. Sociedades coligadas e consórcio – 24. Grupo econômico e
consórcio – 25. A contribuição americana pela “joint-venture” – 26. Coordenadas do
funcionamento – 27. “Trade associations” inglesas – 28. Um quadro panorâmico –
29. O instrumento ou pacto consorcial – 30. Relação entre consorciados e ter‑
ceiros – 31. O instituto falimentar – 32. Juízo competente e delibação – 33.
Estabelecimentos públicos – 34. Posição dos consorciados – 35. Participação do
Direito Internacional. IV. Consórcio no Direito Brasileiro – 36. Penetração da fi‑
gura (n. 20) – 37. Consórcio administrativo – 38. Comunidade de Direito Público –
39. Distritos municipais – 40. Consórcio no Código de Águas – 41. Embasamento
227
228
56
GRAU, Eros. Itaipu binacional: seu caráter jurídico e seu ordenamento jurídico.
Revista de Direito Administrativo, v. 231, p. 389-433, jan./mar. 2003.
57
Idem, ibidem.
229
58
Idem, ibidem.
59
Parecer de Miguel Reale sobre a estrutura jurídica de Itaipu, publicado na revis‑
ta Problemas Brasileiros, n. 132, de agosto de 1974. Itaipu Binacional. Natureza
Jurídica da Itaipu. Curitiba: Itaipu Binacional, 2004. p. 51-61.
60
Refere-se à área atingida pela formação do lago de Itaipu e que o margeia, na
fronteira com o Paraguai, com cerca de 200 km ao longo do rio Paraná, entre Foz
do Iguaçu e Guaíra, e 1.460 km2 de área inundada.
61
Adquiridas mais de 6.913 propriedades, perfazendo o total de 100.607.7325 ha
de terras. LIMA, Ivone Teresinha Carletto de. Itaipu: as faces de um mega pro-
jeto de desenvolvimento. Niterói: Germânica, 2004. p. 306.
62
Dentre esses, destacamos o grupo indígena denominado Awá-Guarani, que vivia
numa área de, aproximadamente, 1500 hectares. Com a desapropriação das ter‑
ras do reservatório, indígenas dessa etnia foram transferidos, primeiro, para o
230
município de São Miguel do Iguaçu e depois, em 1997, parte deles para o muni‑
cípio de Diamante do Oeste, com grande área de matas e batizada pelos ocupan‑
tes de Tekoha-Añetete (aldeia verdadeira).
63
LIMA, Ivone Teresinha Carletto de. Itaipu: as faces de um mega projeto de de‑
senvolvimento. Niterói: Germânica, 2004. p. 334.
231
232
233
234
235
64
BRANDÃO, Rafael Vaz da Motta. O negócio do século: o acordo de cooperação
nuclear Brasil – Alemanha. 2002. Dissertação (Mestrado em História) – Univer‑
sidade Federal Fluminense, Niterói, 2002. p. 13.
236
65
Para Brandão, esse entendimento produziu alguns documentos, dentre eles
uma minuta de Tratado de Pesquisas Minerais para a elaboração de um progra‑
ma conjunto entre o Brasil e os Estados Unidos para a prospecção de minérios
atômicos, datado de 9 de março de 1954, e que seria válido por dois anos; o
Segundo Documento era uma nota da Embaixada norte-americana, demons‑
trando o interesse dos Estados Unidos na prospecção de urânio do solo brasi‑
leiro, com a participação de técnicos dos dois países, com data de 22 de março
de 1954.
66
Seu objetivo era desenvolver pesquisas sobre a energia atômica para fins pacífi‑
cos; produzir radioisótopos para estudos e experiência em qualquer ponto do
país; contribuir para a formação em ciência e tecnologia nucleares, de cientistas
e técnicos provenientes das várias unidades da Federação; estabelecer bases, da‑
dos construtivos e protótipos de reatores destinados ao aproveitamento da ener‑
gia atômica, para fins industriais, de acordo com as necessidades do país.
237
238
67
Nos termos do Decreto n. 66.932, de 21 de julho de 1970, que declarou de utili‑
dade pública, para fins de desapropriação, áreas de terra destinadas à instalação
de uma central nuclear de energia elétrica no Município de Angra dos Reis, no
Estado do Rio de Janeiro.
68
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
p. 182.
239
69
Essa realidade somente foi consubstanciada pelo Decreto n. 70.855, de 21 de ju‑
lho de 1972.
70
Importante destacar que essa formalização somente ocorre por força do Decreto
n. 67.620, de 19 de novembro de 1970, que extingue o Instituto de Energia Atô‑
mica – IEA, como Órgão Integrante da Comissão Nacional de Energia Nu
clear – CNEN nos termos do art. 114 do Regulamento aprovado pelo Decreto
n. 51.726, de 19 de fevereiro de 1963, e dá outras providências.
240
71
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
p. 221.
241
242
72
A usina de Chernobil localiza-se na Ucrânia, a 18 quilômetros a noroeste da ci‑
dade de Chernobil e a 16 quilômetros da fronteira com a Bielorrússia. A usina, a
110 quilômetros ao norte de Kiev, era composta por quatro reatores, cada um
capaz de produzir um gigawatt de energia elétrica. A usina de Chernobil foi
desativada em 12 de dezembro de 2000.
243
73
MARINHO JR., Ilmar Penna. Petróleo: soberania & desenvolvimento. Rio de
Janeiro: Bloch, 1970. p. 71.
244
74
Royal Dutch Shell, Standard Oil of New Jersey e a Anglo-Persian.
75
Que nas palavras de Deterding, “let us keep the position as it is”.
245
cido o cartel. Marinho Jr.76 expõe de forma sintética como esse Acor‑
do se transformou ao longo do tempo, nas palavras de Enrico Mattei,
no “Cartel das Sete Irmãs”, bem como sua importância para unir em‑
presas com práticas comerciais hostis a competição com um objetivo
comum.
76
MARINHO JR., Ilmar Penna. Petróleo: soberania & desenvolvimento. Rio de
Janeiro: Bloch, 1970. p. 102-103.
77
Posteriormente, se transformou em Texaco Inc.
78
Posteriormente, se transformou em Socony Mobil Oil Co.
246
79
Importante destacar que Winston Churchill já havia defendido, em julho de
1914 no Parlamento inglês, a instituição de mecanismos de intervenção estatal na
economia do petróleo, principalmente para garantir a soberania marítima inglesa
na Primeira Grande Guerra.
247
80
Dispunha o art. 141 da Constituição de 1946:
A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, a segurança indivi‑
dual e à propriedade, nos termos seguintes:
§ 16. É garantido o direito de propriedade, salvo o caso de desapropriação por
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante prévia e justa
indenização em dinheiro. Em caso de perigo iminente, como guerra ou comoção
intestina, as autoridades competentes poderão usar da propriedade particular, se
assim o exigir o bem público, ficando, todavia, assegurado o direito a indeniza‑
ção ulterior.
248
81
Combustível na fogueira. Campanha ‘O Petróleo é Nosso’ ganha força e organi‑
zação com criação de um novo órgão. Meta é derrubar o estatuto de Dutra e criar
estatal para cuidar das reservas brasileiras. Veja, maio de 1948.
82
Era filho do marechal Manuel Joaquim Ignácio Cardoso, irmão do general Leô‑
nidas Cardoso, pai do tenente-coronel Joaquim Ignácio Baptista Cardoso, avô
do contabilista e escritor Felicíssimo Cardoso Neto e tio do sociólogo e ex-
presidente da República do Brasil, Fernando Henrique Cardoso.
249
83
Exceções ao monopólio da sociedade de economia mista foram concedi‑
das apenas às refinarias de Petróleo de Manguinhos S.A. e Ipiranga S.A.,
que já estavam em operação quando se instituiu o regime de monopólio
da União.
84
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
p. 106-107.
250
251
85
YERGIN, Daniel. O Petróleo. Uma história mundial de conquistas, poder e di-
nheiro. São Paulo: Paz e Terra, 2010. p. 590.
86
Terceiro Mundo é um termo da Teoria dos Mundos, cunhado pelo demógrafo
francês Alfred Sauvy em 1952, que propunha a ideia inspirado na proposição do
Terceiro Estado usada na Revolução Francesa. Originado no período de Guerra
Fria para descrever os países que se posicionaram como neutros, não se aliando
aos países que defendiam o capitalismo, polarizado pelos Estados Unidos, tam‑
pouco aqueles que propagavam o socialismo, representado pela União Soviética.
252
87
Matéria produzida pelo Clube de Engenharia do Rio de Janeiro em agosto
de 2010.
253
254
88
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
p. 197-198.
255
256
89
ALMEIDA, Cezar Menezes; PIRES, Mônica de Moura; ALMEIDA NETO,
José Adolfo de; CRUZ, Rosenira Serpa da. Apropriação dos recursos naturais e
o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel. Bahia Análise & Dados,
Salvador, v. 16, n. 1, p. 79-88, jun. 2006.
90
Para aprofundamento da questão, recomenda-se a leitura do discurso proferido
pelo chanceler Gibson Barbosa no jantar oferecido pelo Itamaraty ao chanceler
da Liga dos Estados Árabes, apud Primeira página: Folha de S.Paulo. 6. ed. São
Paulo: Publifolha, 2006. p. 126.
257
desde 1969. Logo após a posse, o presidente Geisel promoveu três fun‑
damentais intervenções no setor energético brasileiro, todos devida‑
mente enquadrados em um projeto maior denominado II Plano
Nacional de Desenvolvimento – PND: (i) firmou com a então Ale‑
manha Ocidental o acordo nuclear para transferência tecnológica;91
(ii) flexibilizou o monopólio da Petrobras ao permitir que empresas
estrangeiras pudessem explorar petróleo em território nacional (vulgo
contrato de risco), algo que o general, enquanto presidente da Petro‑
bras, manifestava‑se contra;92 e (iii) criou o Programa Nacional do Ál‑
cool – Proálcool, objeto de estudo do presente capítulo.
Assim, o Proálcool, enquanto programa governamental, pôde ser
assim considerado após a publicação do Decreto n 76.593, de 14 de
novembro de 1975, que instituiu o Programa Nacional do Álcool. O
objetivo central era o atendimento das necessidades do mercado inter‑
no e externo e da política de combustíveis automotivos por intermédio
desta matriz energética. A produção do álcool oriundo da cana‑de
‑açúcar, da mandioca ou de qualquer outro insumo passava a ser incen‑
tivada por meio da expansão da oferta de matérias‑primas, com especial
ênfase no aumento da produção agrícola, da modernização e ampliação
das destilarias existentes e da instalação de novas unidades produtoras,
anexas a usinas ou autônomas, e de unidades armazenadoras.
Todavia, o decreto do Proálcool, que se institucionalizava na vés‑
pera do aniversário da República, não pode ser tomado como uma me‑
dida isolada. Para se compreender a amplitude que o Proálcool adquiria
naquele momento, é importante analisá‑lo em conjunto com os se‑
guintes instrumentos normativos:
a) Decreto n. 73.690, de 22 de fevereiro de 1974, que reordenou a
estrutura básica do Instituto do Açúcar e do Álcool, dentre elas
instituindo a possibilidade de criação de unidades regionais;
91
Ver item 4.6.
92
Ver item 4.7.
258
259
93
No Centro Técnico Aeroespacial – CTA, engenheiros aeronáuticos do Instituto
de Tecnologia Aeroespacial – ITA, liderados pelo Professor Urbano Ernesto
Stumpf, realizaram entre 1973 e 1976 diversas experiências com o álcool-motor
que fundamentavam tecnicamente as decisões de Brasília.
94
LIMA, Haroldo. Petróleo no Brasil: a situação, o modelo e a política atual. Rio
de Janeiro: Synergia, 2008. p. 107.
260
261
262
263
264
265
1
Não abordaremos aqui, por opção metodológica, a abrangência do Plano Collor,
que dentre outras consequências limitou o acesso a poupança que também teve
repercussões no setor energético.
268
2
É o caso do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069, de 13 de julho
de 1990); do Código do Consumidor (Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990);
do Imposto de Importação (Lei n. 8.085, de 23 de outubro de 1990); do regime
jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações
públicas federais (Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990); da Lei de Defesa da
Concorrência (Lei n. 8.158, de 8 de janeiro de 1991); e da Política Agrícola (Lei
n. 8.171, de 17 de janeiro de 1991).
269
O governo Franco ainda logrou êxito ao: (i) criar o Imposto sobre
a Propriedade Territorial Rural – ITR pela Lei n. 8.847, de 28 de janei‑
ro de 1994, com base no art. 236 da Constituição Federal; (ii) criar a Lei
dos Cartórios (n. 8.935, de 18 de novembro de 1994); (iii) publicar a
Lei de Licitações;3 (iv) publicar o Plano Real; e (v) buscar o combate às
desigualdades regionais, ao instituir o Plano Diretor para o Desenvol‑
vimento do Vale do São Francisco – Planvasf pela Lei n. 8.851, de 31 de
janeiro de 1994. Franco ainda criou o Ministério do Meio Ambiente e
da Amazônia Legal, vinculando assim poder coercitivo a uma dimen‑
são geográfica (Amazônia Legal), por força da Lei n. 8.746, de 9 de
dezembro de 1993.
Sob a ótica jurídica, chegava com força ao Brasil a corrente do
Realismo Jurídico anglo‑saxão, que propunha uma leitura econômica
da norma jurídica, denominada Law and Economics, que foi traduzida
pela doutrina majoritária como Direito Administrativo Econômico.
Sundfeld4 traduz, sob o prisma do realismo jurídico, esse momento em
que o Direito se aproxima da Economia.
3
Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993, que regulamentou o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal e instituiu normas para licitações e contratos da Adminis‑
tração Pública.
4
SUNDFELD, Carlos Ari. Direito administrativo econômico In: _____. (Co‑
ord.). Serviços públicos e regulação estatal. São Paulo: Malheiros, 2002. p. 17-18.
270
vedados e, por isso, ela não vê os pratos se movendo, nem o peso que
carregam: ela sente o movimento e, por meio desse meio, busca uma
relação de equilíbrio, que nada tem de matemática. [...]
Pouco a pouco, nós nos acostumamos com os raciocínios econô‑
micos. Por inspiração de estudos norte‑americanos, difunde‑se a aná‑
lise econômica do Direito, que ganha espaço e adeptos. Em paralelo, o
Estado aprofunda, modifica e sofistica suas ações de regulação econô‑
mica, concebendo novos mecanismos e criando órgãos e instituições
específicos. No Brasil não é diferente.
5
Fundamentamos essa afirmação no entendimento de Justen Filho, Marçal: “O
Estado Regulador é, antes de tudo, uma organização institucional que se relacio‑
na às concepções do Estado de Direito. Essa figura pressupõe não apenas o mo‑
nopólio do Direito por parte do Estado, mas também a submissão deste àquele.
Para compreender o conceito de Estado Regulador, é necessário reconhecer a
supremacia da ordem jurídica sobre a atuação política.” O direito das agências
reguladoras independentes. São Paulo: Dialética, 2002. p. 16.
271
272
6
LOSS, Giovani Ribeiro. A regulação setorial do gás natural. Belo Horizonte:
Fórum, 2007. p. 21.
273
274
Considerando:
a) que, de acordo com o artigo 170 da Constituição, compete,
preferencialmente, às empresas privadas, com o estímulo e apoio do
Estado, organizar e explorar as atividades econômicas;
b) que são objetivos prioritários do Governo, enunciados no De‑
creto n. 83.740, de 18 de julho de 1979, que instituiu o Programa Na‑
cional de Desburocratização, o fortalecimento do sistema de livre
empresa, a consolidação da grande empresa privada nacional, a conten‑
ção da criação indiscriminada de empresas estatais e, quando recomen‑
dável, a transferência do seu controle para o setor privado;
c) o firme propósito do Governo de promover a privatização do
controle de empresas estatais, nos casos em que a manutenção desse
controle se tenha tornado desnecessária ou injustificável;
d) que essa transferência não se vem operando com a rapidez de‑
sejada, pela ausência de uma clara definição das empresas enquadráveis
e de normas que definam os mecanismos e procedimentos de transfe‑
rência, transformação ou desativação;
e) que a política de privatização não deve alcançar nem enfraque‑
cer as empresas públicas cujo controle se considere intransferível, seja
por motivo de segurança nacional, seja pela necessidade de viabilizar o
desenvolvimento do próprio setor privado nacional, seja para assegu‑
rar o controle nacional do processo de desenvolvimento.
Decreta:
Art. 1o Fica atribuído ao Ministro Chefe da Secretaria de Planeja‑
mento da Presidência da República (SEPLAN), ao Ministro da Fazenda
e ao Ministro Extraordinário para a Desburocratização o encargo de, sob
a coordenação do primeiro, dirigir, supervisionar e acelerar o processo de
transferência de controle, transformação ou desativação de empresas
controladas pelo Governo Federal, observada as diretrizes, procedimen‑
tos e critérios de enquadramento estabelecidos neste Decreto.
7
Importante destacar, ainda, o Decreto n. 86.214, que instituiu o “Programa de
Melhoria do Atendimento ao Público”.
275
8
Durante a década de 1980, as maiores empresas privatizadas eram da área de
celulose: Riocell e Aracruz.
276
277
O governo Franco, por sua vez, buscou corrigir essa distorção e valo‑
rizar o uso de moeda corrente, dentre outas medidas.9
Importante notar que o PND somente lograria êxito em ambiente
de estabilidade monetária, graças ao advento do Plano Real no gover‑
no Franco. No governo Cardoso houve uma continuidade do PND
com mudanças centrais e estruturais, que viabilizaram a aplicação des‑
se instituto nos serviços públicos em geral e no energético em especí‑
fico. O instrumento jurídico escolhido para a promoção dessas
mudanças foi um intenso reformismo constitucional, por meio de
emendas que possibilitaram importantes alterações estruturais no se‑
tor energético.
(i) Emenda Constitucional n. 5, de 15 de agosto de 1995, que fi‑
xou caber aos Estados explorar diretamente, ou mediante con‑
cessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei;
(ii) Emenda Constitucional n. 6, de 15 de agosto de 1995, ao per‑
mitir que a pesquisa e a lavra de recursos minerais, bem como
o aproveitamento desses potenciais, pudessem ser efetuados
mediante autorização ou concessão da União;
(iii) Emenda Constitucional n. 7, de 15 de agosto de 1995, ao dele‑
gar à lei a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre;
9
Interessante notar que o governo Franco, nos últimos dias de gestão, publicou o
Decreto de 27 de dezembro de 1994 e criou o Programa de Desenvolvimento
Energético dos Estados e Municípios – Prodeem com a finalidade de: (i) viabili‑
zar a instalação de microssistemas energéticos de produção e uso locais, em co‑
munidades carentes isoladas não servidas por rede elétrica, destinados a apoiar o
atendimento das demandas sociais básicas; (ii) promover o aproveitamento das
fontes de energia descentralizadas no suprimento de energéticos aos pequenos
produtores, aos núcleos de colonização e às populações isoladas; (iii) comple‑
mentar a oferta de energia dos sistemas convencionais com a utilização de fontes
de energia renováveis descentralizadas; e (iv) promover a capacitação de recursos
humanos e o desenvolvimento da tecnologia e da indústria nacionais, imprescin‑
díveis à implantação e à continuidade operacional dos sistemas a serem implan‑
tados. Não há registro de continuidade do programa na gestão Cardoso.
278
279
10
Podem-se mencionar como exemplos os Decretos n. 6.026, de 2007; Decreto
n. 6.380, de 2008; Decreto n. 6.502, de 2008; Decreto de 16 de julho de 2008;
Decreto n. 7.267, de 2010; dentre outros.
11
Foi Ministro da Fazenda do presidente Itamar Franco de 1o de março a 24 de
maio de 1993, quando foi substituído por Fernando Henrique Cardoso, que por
seu turno implantaria o Plano Real no país.
280
12
Essa progressividade se deu por meio da aprovação da Lei n. 8.724, de 1993, que
alterou a Lei n. 8.631, de 1993, e estabeleceu novos procedimentos nas compen‑
sações de CRC ao instituir redutor de 25% sobre os saldos credores da CRC das
concessionárias de energia elétrica.
13
CALDAS, Geraldo Pereira. As concessões de serviço público de energia elétrica.
2. ed. Curitiba: Juruá, 2006. p. 49-50.
281
282
14
“Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a fim de man‑
ter-se o equilíbrio econômico-financeiro.”
15
Direito administrativo brasileiro. 22. ed. p. 297.
16
Idem, p. 301-302.
283
17
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 12. ed.
São Paulo: Malheiros, 2000. p. 610.
18
JUSTEN FILHO, Marçal. Teoria geral das concessões de serviço público. São
Paulo: Dialética, 2003. p. 59.
284
19
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
p. 287-288.
285
20
Art. 2o Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
I – poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município, em
cuja competência se encontre o serviço público, precedido ou não da execução
de obra pública, objeto de concessão ou permissão;
II – concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder
concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica
ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por
sua conta e risco e por prazo determinado;
[...]
IV – permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante lici‑
tação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa
física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua con‑
ta e risco.
286
após prévio aviso, quando: (i) motivada por razões de ordem técnica
ou de segurança das instalações; e (ii) por inadimplemento do usuário,
considerado o interesse da coletividade.
A Lei de Concessões também estabelece, de forma complementar
ao Código do Consumidor, o direito dos usuários em receber serviço
adequado, informações para a defesa de seus interesses, liberdade de
escolha e demais diretrizes perante o concedido. No tocante à política
tarifária, determina que será fixada pelo preço da proposta vencedora
da licitação, na qual os contratos poderão prever mecanismos de revi‑
são das tarifas, a fim de manter‑se o equilíbrio econômico‑financeiro.
Assim, alterações tributárias farão as tarifas oscilarem de forma direta‑
mente proporcional ao seu impacto, onerando ou não sua estrutura.
Os princípios da administração pública, originados no art. 37 da
Constituição Federal, estão presentes na Lei das Concessões no art. 14,
que prevê que toda concessão de serviço público será objeto de prévia
licitação, nos termos da legislação própria e com observância dos prin‑
cípios da legalidade, moralidade, publicidade, igualdade, do julgamen‑
to por critérios objetivos e da vinculação ao instrumento convocatório.
Em redação dada pela Lei n. 9.648, de 1998, o julgamento da licitação
deve considerar: (i) o menor valor da tarifa; (ii) a maior oferta; (iii) me‑
lhor proposta técnica, com preço fixado no edital; (iv) melhor propos‑
ta em razão da combinação dos critérios de menor valor da tarifa do
serviço público a ser prestado com o de melhor técnica; (v) melhor
proposta em razão da combinação dos critérios de maior oferta pela
outorga da concessão com o de melhor técnica; (vi) melhor oferta de
pagamento pela outorga após qualificação de propostas técnicas; ou
(vii) a combinação, dois a dois, dos itens i, ii e iii acima. A lei ainda es‑
tipula quais são as cláusulas essenciais do contrato de concessão, bem
como a possibilidade de arbitragem para resolução de disputas decor‑
rentes ou relacionadas ao contrato.
No tocante às responsabilidades, o Poder Concedente deve regu‑
lamentar, fiscalizar, intervir e extinguir, se necessário, a concessão, ob‑
287
21
A Aneel e a ANP terão tratamento específico e apartado no Tomo II – Do Mo-
delo Institucional.
22
BARROSO, Luis Roberto. Agências reguladoras: constituição, transformações
do Estado e legitimidade democrática. In: LANDAU, Elena (Coord.). Regula-
ção jurídica no setor elétrico. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. p. 40-41.
288
289
23
MARQUES NETO, Floriano de Azevedo. Agências Reguladoras no Setor de
Energia entre Especialidade e Eficiência. In: LANDAU, Elena (Coord.). Regu-
lação jurídica no setor elétrico. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. p. 76-77.
290
24
Tema a ser explorado no Tomo III – Da Epistemologia.
291
25
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. p. 293.
292
26
LANDAU, Elena (Coord.). Regulação jurídica no setor elétrico. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2006. p. 4-5.
293
294
295
296
297
27
Houve colaboração da consultoria Latham & Watkins, da banca Ulhôa Canto,
Resende e Guerra Advogados, Engevix e Main Engenharia.
298
28
PAIXÃO, Lindolfo Ernesto. Memórias do Projeto RE-SEB. São Paulo: Massao
Ohno Editor, 2000. p. 69-70.
29
Naquela época, eram tratados pela expressão “Working Papers – WP”, que eram
divididos em letras e números conforme o grupo que executava cada uma das
tarefas. O anglicismo era uma característica marcante no Primeiro Modelo
Energético.
299
30
PAIXÃO, Lindolfo Ernesto. Memórias do Projeto RE-SEB. São Paulo: Massao
Ohno Editor, 2000. p. 173.
300
301
302
31
CALDAS, Suely. Dependência política das agências. O Estado de S. Paulo, São
Paulo, 3 dez. 2000.
303
304
32
A Asmae foi constituída com a missão de operar o mercado e prover todo o supor‑
te administrativo, jurídico e técnico necessários para que o ambiente do MAE
pudesse funcionar adequadamente, sendo responsável pelas seguintes atividades:
(i) operar e administrar o Mercado; (ii) registrar os Agentes e os contratos bila‑
terais; (iii) Administrar o Sistema de Contabilização e Liquidação de Energia –
Sinercom; (iv) gerenciar a mediação comercial; (v) estabelecer o preço da energia
no MAE; (vi) implantar e monitorar as Regras de Mercado; (vii) definir os
procedimentos de Mercado; (viii) promover o permanente acompanhamento le‑
gal da operação do Mercado, propondo alterações quando necessário; (ix) pro‑
ver os treinamentos necessários aos Agentes; e (x) implementar ferramentas de
serviços aos Agentes, usando alta tecnologia de informação, com recursos de
telecomunicações e Internet.
305
306
33
LUSTOSA, Isabel. Valor normativo e self-dealing. Efeitos de sua adoção e con‑
sequências de sua extinção. In: LANDAU, Elena (Coord.). Regulação jurídica
no setor elétrico. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. p. 496.
307
308
309
34
Apresente consumo anual de energia elétrica superior a 600.000 KWH (seiscen‑
tos mil quilowatts/hora) ou consumo anual de combustível superior a 15 tep’s
(quinze toneladas equivalentes de petróleo).
310
35
Existiram ao longo da vigência da lei três regulamentos: Decreto n. 3.867, de 16
de julho de 2001, Decreto n. 5.879, de 22 de agosto de 2006, e Decreto n. 7.204,
de 8 de junho de 2010. Na redação atual, deve ocorrer até 31 de dezembro de
2015, os percentuais mínimos definidos no caput deste artigo serão de 0,50%
tanto para pesquisa e desenvolvimento como para programas de eficiência ener‑
gética na oferta e no uso final da energia.
Importante notar que o Decreto n. 7.204, de 8 de junho de 2010, expõe que a
verba de eficiência energética e pesquisa e desenvolvimento será empregada para
custear o ressarcimento de Estados e Municípios que tiverem perda de receita,
decorrente da arrecadação de Imposto sobre Operações relativas à Circulação de
Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunici‑
pal e de Comunicação – ICMS incidente sobre combustíveis fósseis utilizados
para geração de energia elétrica, nos 24 meses seguintes à interligação dos respec‑
tivos Sistemas Isolados ao Sistema Interligado Nacional – SIN.
311
36
KELMAN, Jerson. Revista P&D. Disponível em: <http://www.Aneel.gov.br/
arquivos/PDF/Revista_PD.pdf.>, p. 5. Acesso em: 22 jul. 2011
312
313
314
37
ÁLVARES, Walter Tolentino. Direito da energia. Belo Horizonte: Instituto de
Direito da Eletricidade, 1974. v. 2, p. 391.
315
38
ÁLVARES, Walter Tolentino. Direito da energia. Belo Horizonte: Instituto de
Direito da Eletricidade, 1974. v. 2, p. 393.
39
Conforme exposto na Resolução n. 177, de 29 de julho de 1952, da Câmara dos
Deputados.
40
EXÉRCITO. Energia elétrica no Brasil (da primeira lâmpada à Eletrobras). Rio
de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1977. p. 68.
316
41
Segundo o art. 4o, as empresas devem comunicar às Delegacias Regionais do
Trabalho da respectiva jurisdição, dentro do prazo de 10 dias, o novo horário de
trabalho que adotarem para aplicação dos critérios previstos neste decreto-lei.
317
318
42
ROSA, Luiz Pinguelli. A Califórnia é aqui; vivemos uma crise disfarçada. Folha
de S.Paulo, São Paulo, 1o fev. 2001.
319
320
43
ROLIM, Maria João C. Pereira. Direito econômico da energia elétrica. Rio de
Janeiro: Forense, 2002. p. 221.
321
44
JABUR, Maria Angela. Racionamento: do susto a consciência. São Paulo: Terra
das Artes Editora, 2001. p. 53.
322
323
324
45
KELMAN, Jerson. Relatório da Comissão de Análise do Sistema Hidrotérmico
de Energia Elétrica. Domínio público, p. 9.
46
Grifos do autor.
325
47
Logo após o término do período de racionamento, a Cerj mudou seu nome para
Ampla.
48
Diretor-Geral da Agência Nacional de Petróleo – ANP naquele momento.
326
49
Casa Civil.
50
JABUR, Maria Angela. Racionamento: do susto a consciência. São Paulo: Terra
das Artes Editora, 2001. p. 62-63.
51
Medida Provisória n. 2.148-1, de 22 de maio de 2001.
Cria e instala a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica, do Conselho de
Governo, estabelece diretrizes para programas de enfrentamento da crise de
energia elétrica e dá outras providências.
Art. 25. Não se aplica a Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, em especial os
seus arts. 12, 14, 22 e 42, às situações decorrentes ou à execução do disposto
nesta Medida Provisória e das normas e decisões da GCE.
327
52
Os contratos iniciais podem ser definidos como instrumentos jurídicos transi‑
tórios, que garantiriam as relações entre geradores e distribuidores de energia
elétrica enquanto estivesse alterando o modelo setorial de estatal para de merca‑
do, de forma a introduzir gradualmente a competição setorial, bem como pos‑
sibilitar a proteção dos agentes de mercado contra as oscilações de preços de
mercado de curto prazo, considerados voláteis e de preços baixos. Para apro‑
fundamento do tema, ver Nota Técnica n. 85/2003-SEM/Aneel e Parecer n.
313/2003-PF/Aneel.
328
mo, seria repassado aos consumidores finais como um custo não ge‑
renciável, fato que oneraria desproporcionalmente o setor produtivo e
elevaria significativamente os níveis de furto, fraude e inadimplência
das faturas de energia elétrica. Tais fatos tinham potencial para tornar
ainda mais agudo o repasse dos custos, no qual os principais perdedo‑
res seriam os consumidores, que pagariam a conta, e o Governo Fede‑
ral, que contabilizaria em sua conta mais um revés em não equacionar
o problema. Logo, tornou‑se claro que a questão não se resumia a
quem arcaria com os 5% da diferença, mas como tais interesses seto‑
riais seriam compostos e equacionados.
Em dezembro de 2001, momento em que o instituto da Medida
Provisória havia sido novamente regulamentado e sua reedição havia
sido proibida, foi publicada a Medida Provisória n. 14, que dispôs so‑
bre a expansão da oferta de energia emergencial, incluindo a instituição
do seguro‑apagão (art. 1o), criação do Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica – Proinfa (art. 3o), os percentuais e
mecanismos de aplicação da recomposição tarifária extraordinária, que
fariam o acerto de contas resultante do Anexo V (art. 4o) e a instituição
de mecanismos financeiros e societários de compatibilização setorial a
essa nova realidade (art. 5o e seguintes).
Em seus arts. 2o e 3o, a Resolução Aneel n. 249, de 2002,53 traz a
descrição do Encargo de Capacidade Emergencial – ECE (seguro
‑apagão) enquanto custos operacionais, tributários e administrativos,
incorridos pela Comercializadora Brasileira de Energia Emergencial –
CBEE na contratação de capacidade de geração ou de potência. O
ônus seria rateado pelos consumidores finais de energia elétrica atendi‑
dos pelo Sistema Elétrico Interligado Nacional,54 de forma proporcio‑
nal ao consumo individual verificado. O ECE era fixado em R$/kWh
53
Que havia revogado a Resolução Aneel n. 71, de 2002.
54
Estavam excluídos dessa metodologia os consumidores da classe residencial clas‑
sificados como baixa renda.
329
Por fim, é importante destacar que a CBEE foi liquidada por força
do Decreto n. 5.826, de 29 de junho de 2006, que estipulou competên‑
cia ao Ministério de Minas e Energia para coordenar e supervisionar os
procedimentos administrativos relativos ao inventário dos bens, direi‑
tos e obrigações da CBEE. Era o fim do ciclo do racionamento de
2001, que tantos efeitos jurídicos, sociais, políticos e econômicos cau‑
sou ao país.
A regulamentação sobre racionamento posterior a 2001 encontra
respaldo no art. 22 da Lei n. 10.848, de 2004, e emprega critério geográ‑
fico (região) para estipular proporcionalidade na obtenção de quotas.
A redação do dispositivo estipula que, ocorrendo a decretação de ra‑
cionamento de energia elétrica pelo Poder Concedente em uma região,
55
CanalEnergia. Disponível em: <www.canalenergia.com.br>. Acesso em: 10 de
out. 2008.
330
331
56
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo.
21. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. p. 163.
332
Essa situação trouxe de imediato dois efeitos: (i) uma política mo‑
nopsônica58 de gás, atrelada ao Direito Internacional, viabilizada pelo
Tratado de Brasília (firmado entre Brasil e Bolívia em 5 de agosto de
1996), que resultou em um Acordo para Isenção de Impostos Relativos
à Implementação do Projeto do Gasoduto Brasil‑Bolívia, aprovado
pelo Decreto Legislativo n. 128, de 13 de dezembro de 1996, com vi‑
gência a partir de 1o março de 1997, com forte cunho de integração
regional;59 e (ii) a criação de uma política energética associada à estru‑
57
BUCHEB, José Alberto. Direito do petróleo: a regulação das atividades de ex‑
ploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2007. p. 21-22.
58
Ao buscar instituir um único comprador para o gás boliviano, havia uma orienta‑
ção do Itamaraty em promover com a Bolívia os mesmos efeitos que Itaipu havia
provocado nas relações entre Brasil e Paraguai, com forte dependência financeira
causada pela venda de commodity a um único comprador possível – o Brasil.
59
Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da
República da Bolívia, para Isenção de Impostos Relativos à Implementação do
Projeto do Gasoduto Brasil-Bolívia
O Governo da República Federativa do Brasil e O Governo da República da
Bolívia, (doravante denominados “Partes Contratantes”),
Considerando a elevada prioridade política atribuída pelas Partes Contratantes à
Consolidação do processo de integração econômica na América do Sul;
333
334
335
61
É pacífico na doutrina que a ANP encontra fundamento constitucional na con‑
jugação dos arts. 21, XI ao 177, § 2o, III, sendo prevista sob a expressão órgão
regulador, o mesmo ocorrendo com a Agência Nacional de Telecomunicações
– Anatel.
62
D’ASSUNÇÃO COSTA, Maria. Comentários à lei do petróleo: Lei Federal
n. 9.478, de 6-8-1997. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. p. 145.
336
63
BUCHEB, José Alberto. Direito do petróleo: a regulação das atividades de ex‑
ploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2007. p. 36.
337
338
64
Por ter uma finalidade constitucionalmente determinada e com alcance setorial‑
mente limitado, a ampla doutrina reconhece a Cide como um tributo, destinado
a subsidiar preços ou transporte de álcool combustível, de gás natural e seus
derivados e de derivados de petróleo; e financiar projetos ambientais relaciona‑
dos com a indústria do petróleo, do gás e da infraestrutura de transportes.
339
65
Para aprofundamento da questão, MASCARENHAS, Anderson Oscar. Robo-
ré, um torpedo contra a Petrobras. Prefácio de Gondin da Fonseca: as ideias de
Teixeira Lott, Gabriel Passos, Gondin da Fonseca e Osny Duarte Pereira. São
Paulo: Flama, 1959; SILVEIRA, Joel. História de uma conspiração: Bolívia, Bra‑
sil e Petróleo. Rio de Janeiro: Coelho Branco, 1959; e PASSOS, Gabriel de Re‑
zende. Estudo sobre o Acôrdo de Roboré: voto proferido na Comissão de
Relações Exteriores nos dias 5 e 10 de novembro de 1959. Rio de Janeiro: Depar‑
tamento de Imprensa Nacional, 1959.
66
HAGE, José Alexandre Altahyde. Bolívia, Brasil e a guerra do gás. Curitiba:
Juruá, 2008. p. 120-121.
340
67
Conforme referenciado nos itens 1.4, 2.4, 3.4 e 3.5 da presente obra.
341
342
68
Ou seja, de hidrologia desfavorável, sendo os meses de abril a novembro com‑
preendidos nesse período.
69
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. p. 334.
343
70
Mais informações em 5.1.1, c.
344
71
FERREIRA, Oliveiros. A crise na política externa: autonomia ou subordinação?
Rio de Janeiro: Revan, 2001. p. 40.
345
72
Variável dos “Rounds” empregados como prática internacional do setor de
petróleo.
346
347
348
73
O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA ENER‑
GÉTICA – CNPE, no uso das atribuições que lhe confere o art. 2o da Lei n.
9.478, de 6 de agosto de 1997, em sua 8a Reunião Extraordinária realizada no dia
8 de novembro de 2007, com a presença do Excelentíssimo Senhor Presidente da
República, e considerando que
349
o Conselho Nacional de Política Energética – CNPE foi informado dos resultados dos
testes de produção obtidos pela Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, em áreas
exploratórias sob sua responsabilidade, que apontam para a existência de uma
nova e significativa província petrolífera no Brasil, com grandes volumes recupe‑
ráveis estimados de óleo e gás. Esses volumes, se confirmados, mudarão o pata‑
mar das reservas do País, colocando-as entre as maiores do mundo;
a Petrobras, isoladamente ou em parcerias, perfurou quinze poços e testou oito
deles numa área denominada pré-sal, entre 5 mil e 7 mil metros de profundidade.
A análise e interpretação dos dados obtidos nesses poços, integrada a um traba‑
lho de mapeamento com base em dados geofísicos e geológicos, permitiu à Pe‑
trobras situar essa área entre os Estados de Santa Catarina e Espírito Santo, nas
bacias do Espírito Santo, de Campos e de Santos;
a área delimitada possui cerca de 800 quilômetros de extensão e até 200 quilôme‑
tros de largura, em lâmina d’água entre 1,5 mil e 3 mil metros de profundidade.
Os testes indicaram a existência de grandes volumes de óleo leve de alto valor
comercial (30 graus API), com grande quantidade de gás natural associado. Par‑
celas dessa área já estão concedidas a várias companhias petrolíferas, entre elas a
Petrobras; e
a luz das novas informações, sendo competência do CNPE propor medidas que
visem preservar o interesse nacional, na promoção do aproveitamento racional
dos recursos energéticos do País, resolve:
Art. 1o Determinar à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombus‑
tíveis – ANP que exclua da 9a Rodada de Licitações os blocos situados nas bacias
do Espírito Santo, de Campos e de Santos, relacionadas às possíveis acumulações
em reservatórios do pré-sal.
350
74
Instrução Normativa n. 27, de 1998, que trata da fiscalização, pelo TCU, dos
processos de concessões.
Décima Rodada: Acórdão n. 1.671, de 14 de julho de 2010; Acórdão n. 2.124, de
25 de agosto de 2010.
Nona Rodada: Acórdão n. 1.283, de 2 de julho de 2008; Acórdão n. 15, de 21 de
janeiro de 2009.
Oitava Rodada: Acórdão n. 2.249, de 24 de outubro de 2007; Acórdão n. 1.874,
de 11 de agosto de 2010.
Sétima Rodada: Acórdão n. 1.158, de 13 de junho de 2007.
Sexta Rodada: Acórdão n. 707, de 8 de junho de 2005.
Quinta Rodada: Acórdão n. 520, de 5 de maio de 2004.
Quarta Rodada: Acórdão n. 68, de 5 de fevereiro de 2003.
Terceira Rodada: Decisão n. 232, de 20 de março de 2002; Decisão n. 585, de 5 de
junho de 2002; e Acórdão n. 498, de 14 de maio de 2003.
Segunda Rodada: Decisão n. 417, de 4 de julho de 2001.
Primeira Rodada: Decisão 351, de 10 de junho de 1999; Decisão n. 493, de 4 de
agosto de 1999.
Rodada Zero: Acórdão n. 236, de 24 de fevereiro de 2010.
351
352
75
POMPEU, Cid Tomanik. Águas doces do Brasil: capital ecológico, uso e conser‑
vação. São Paulo: Escrituras, 1999. p. 602.
353
354
CAPÍTULO III
DAS DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO
Art. 3o Constituem diretrizes gerais de ação para implementação
da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I – a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos
aspectos de quantidade e qualidade;
II – a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades
físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das di‑
versas regiões do País;
III – a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão
ambiental;
355
356
76
GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito das águas: disciplina jurídica das
águas doces. São Paulo: Atlas, 2001. p. 166.
357
77
INSTITUTO CIDADANIA. Diretrizes e linhas de ação para o setor elétrico
brasileiro. In: ROSA, Luiz Pinguelli (Coord.), 2002. Disponível em: < www.
cidadania.org> Acesso em: 11 de outubro de 2008.
358
Energia
26. O novo governo vai restabelecer o planejamento estratégico
que existia no setor elétrico e foi abandonado com a tentativa de im‑
plantação de um modelo de mercado. Com o desmonte do planeja‑
mento integrado, a cisão e privatização de empresas, o Brasil abriu mão
da sinergia de seu sistema e de uma de suas principais vantagens: a
produção da energia elétrica mais barata do mundo. O planejamento
integrado proposto exige uma nova estrutura institucional, envolven‑
do: hidroeletricidade, petróleo e gás natural, carvão, geração nuclear
(Angra I e II), fontes alternativas (eólica, solar e biomassa), eficiência
energética e co‑geração e geração desconcentrados.
27. Para os objetivos definidos no planejamento, deverá ser mo‑
bilizado o setor público e incentivado o setor privado. Para isso deverá
trabalhar a partir de requisitos de qualidade e confiabilidade; modici‑
dade das tarifas; respeito à legislação ambiental, e reinvestimento de
parte dos lucros em projetos destinados a modernizar o sistema e a
expandi‑lo proporcionalmente ao desenvolvimento econômico.
Setor Elétrico
[...]
32. A política energética do novo governo, além de garantir a
continuidade do abastecimento, sem os sobressaltos de racionamentos,
visará ao desenvolvimento sustentável. Também estará em harmonia
com o meio ambiente, considerando a diversidade na otimização do
aproveitamento das fontes de energia disponíveis localmente.
33. Deve‑se garantir políticas que levem as empresas estrangeiras,
recém‑chegadas ao setor com as privatizações, a realizar investimentos
no país a partir de uma perspectiva justa de ganhos. A internalização
também deverá ocorrer na forma de transferência de tecnologias, prin‑
cipalmente nos aproveitamentos do potencial de energias renováveis,
além do aproveitamento de equipamentos de produção nacional, esti‑
mulando a indústria nacional.
[...]
Setor Petróleo
45. O petróleo, seus derivados energéticos e não energéticos e o
gás natural ocupam uma posição central e estratégica para a vida mo‑
derna. Por isso mesmo, nosso governo vai aprofundar as políticas que
projetam a Petrobrás como empresa integrada de energia vocacionada
359
360
361
78
Conforme anteriormente informado, o horário de verão ocorreu pela primeira
vez no Brasil em 1931, tendo frequência anual desde 1985.
362
curto, médio e longo prazos, inclusive para obter a licença prévia am‑
biental e a declaração de disponibilidade hídrica necessárias às licita‑
ções envolvendo empreendimentos de geração hidrelétrica e de
transmissão de energia elétrica. Assim, as novas outorgas de aproveita‑
mentos hídricos passariam a ser emitidas com a devida licença prévia,
fato que preserva os investidores do ônus de pleitear a licença e facilita
o desenvolvimento dos novos empreendimentos sob outorga.
O vencedor das licitações para novos projetos de geração de ener‑
gia seria a empresa ou o consórcio que oferecesse a menor tarifa a ser
cobrada do consumidor. Além disso, quando o projeto era licitado,
havia uma premissa de que todas as licenças ambientais necessárias
para a sua construção seriam cedidas concomitantemente.
O Segundo Modelo objetivava, ainda, reduzir riscos e custos no
abastecimento aos consumidores, fossem cativos ou livres. Ele se ba‑
seia na garantia de uma remuneração constante e justa, garantida por
uma média entre a energia amortizada (denominada energia velha, ou
seja, a energia que não tem em sua composição o valor do custo do
investimento inicial), mais barata, e a não amortizada (denominada
energia nova, que tem em sua composição o valor do custo do investi‑
mento inicial), mais cara, feita pelo “pool” de aquisição, que será con‑
tabilizado pelo CCEE, sucessor do MAE.
O objetivo central da criação do “pool”, ou seja, do Ambiente de
Contratação Regulada – ACR, foi o de centralizar a oferta de energia
gerada, por meio das distribuidoras de energia elétrica, com o intuito
de atingir a modicidade tarifária, ou seja, tornar a energia elétrica ven‑
dida ao consumidor final mais barata possível, por estar eliminando
riscos e eventuais lucros que determinados agentes poderiam perceber
se pudessem atuar por sua conta e risco.
Segundo o MME, três características do Segundo Modelo impedi‑
riam reajustes altos de tarifa ou até fazer com que elas caíssem. São eles:
(i) a proibição das distribuidoras de comprar energia mais cara de gera‑
doras do mesmo grupo empresarial (self dealing); (ii) a instituição do
363
364
365
79
Mais informações na alínea c do item 5.1.1.
366
367
368
80
Posteriormente regulamentado pelo Decreto n. 5.175, de 2004, o CMSE ficou
incumbido de congregar os representantes das entidades responsáveis pelo pla‑
nejamento da expansão, da operação eletroenergética dos sistemas elétricos, da
administração da comercialização de energia elétrica e da regulação do setor elé‑
trico nacional.
369
370
371
372
373
81
Para essa hipótese, deverá ser observado o disposto no inciso XIII do art. 3o da
Lei n. 9.427, de 26 de dezembro de 1996, com redação dada pelo art. 17 da Lei n.
10.438, de 26 de abril de 2002, garantida a modicidade tarifária e atendido o dis‑
posto na Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
374
82
Estavam excluídas dessa imposição os aditamentos relativos a ampliações de pe‑
quenas centrais hidroelétricas, desde que não resultassem em aumento do preço
unitário da energia constante no contrato original.
83
Não se aplica nessa hipótese ao consumidor integrante da Classe Residencial.
84
Não se aplica nessa hipótese ao consumidor integrante da Subclasse Residencial
Baixa Renda.
375
II – Voto do relator
Retorna o Poder Executivo Federal a propor ao Congresso Na‑
cional reformulação de várias leis em vigor que tratam do setor elétrico
nacional, repetindo, quase em sua totalidade, o conteúdo da extinta
Medida Provisória n. 1.819‑1, de 30 de abril de 1999, objeto de liminar
concedida pelo Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de Incons‑
titucionalidade n. 2005‑6, de 1999.
O presente Substitutivo introduz relevantes alterações no PL ori‑
ginal. Trata da universalização do serviço público de energia elétrica,
proporcionando ao Poder Executivo instrumentos capazes de
concretizá‑la quer pelo estabelecimento de metas quer pela contratação
de novos agentes sob regime de permissão para atuarem em áreas já
376
85
Relatório do Projeto de Lei n. 2.905, de 2000.
377
378
86
Disponível em: <http://www.eletrobras.com/elb/data/Pages/LUMISABB61D26P‑
TBRIE.htm.>. Acesso em: 22 dez. 2010.
379
87
O conceito de monopólio natural será estudado no Tomo III – Da Epistemologia.
88
ÁLVARES, Walter Tolentino. Direito da energia. Belo Horizonte: Instituto de
Direito da Eletricidade, 1974. v. 2, p. 348-349.
380
89
ÁLVARES, Walter Tolentino. Curso de direito da energia. Rio de Janeiro: Fo‑
rense, 1978.
90
ARANHA, Luiz R. G. Aspectos do cooperativismo de eletrificação rural. In
Boletim do Instituto de Direito da Eletricidade, Belo Horizonte, n. 5, p. 22,
out. 1966.
381
382
91
Pode-se citar como outros encargos a Reserva Global de Reversão – RGR, insti‑
tuída pela Lei n. 5.655, de 1971, e a Conta de Consumo de Combustível – CCC,
instituída inicialmente pela Lei n. 5.899, de 5 de julho de 1973 (regulamentada
pelo Decreto n. 73.102, de 7 de novembro de 1973), e seu rateio ampliado de
forma a abranger todos os sistemas interligados e os sistemas isolados pela Lei n.
8.631, de 4 de março de 1993, regulamentada pelo Decreto n. 774, de 18 de mar‑
ço de 1993.
383
e pelo Uso de Bem Público – UBP,92 deveria ser regulado pela Aneel
com vistas ao interesse público subjetivo incidente da inclusão social.
Foi a primeira vez que se admitiu, por intermédio de política pública,
que o monopólio natural93 dos distribuidores deveria produzir igual‑
dade de oportunidades por intermédio do tratamento isonômico dado
aos clientes. Havia critério regional a ser obedecido, com expresso fa‑
vorecimento às regiões Norte, Nordeste e Centro‑Oeste, em razão do
baixo índice de eletrificação rural.
A atual forma de subsidiar a universalização do fornecimento de
energia elétrica foi introduzida pela Lei n. 10.438, de 2002,94, 95 com a
92
Respectivamente nos termos das Leis n. 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e
9.648, de 27 de maio de 1998.
93
Porque maiores economias de escala são obtidas apenas quando na presença de
um único “produtor”. VINHAES, E. A reestruturação da indústria de energia
elétrica brasileira: uma avaliação da possibilidade de competição através da teo‑
ria dos mercados contestáveis. 1999. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Produção) – UFSC, Santa Catarina, 1999.
94
O Decreto n. 4.541, de 2002, ao regulamentar a referida lei, determinou à Aneel
que publicasse, até 30 de novembro de cada ano, as informações necessárias à
gestão da CDE.
95
Alterada pela Lei n. 10.762, de 2003, impôs limites claros ao atendimento a ser
realizado “sem ônus para o solicitante”. A nova redação do art. 14 estabelece
que, para determinar as metas de universalização do uso da energia elétrica, a
Aneel fixará, para cada concessionária e permissionária de serviço público de
distribuição de energia elétrica, áreas progressivamente crescentes, em torno das
redes de distribuição, no interior das quais o atendimento em tensão inferior a
2,3 kV, ainda que necessária a extensão de rede primária de tensão inferior ou
igual a 138 kV, e carga instalada na unidade consumidora de até 50 kW, será sem
ônus de qualquer espécie para o solicitante que possuir característica de enqua‑
dramento no Grupo B, excetuado o subgrupo iluminação pública, e que ainda
não for atendido com energia elétrica pela distribuidora local.
Por sua vez, no inciso II do mesmo artigo, há a previsão de que as áreas, progres‑
sivamente decrescentes, no interior das quais o atendimento em tensão inferior a
2,3 kV, ainda que necessária a extensão de rede primária de tensão inferior ou
igual a 138 kV, e carga instalada na unidade consumidora de até 50 kW, poderá
ser diferido pela concessionária ou permissionária para horizontes temporais
384
redação dada pela Lei n. 10.848, de 2004, que dispõe no art. 13 a cria‑
ção da Conta de Desenvolvimento Energético – CDE, visando à pro‑
moção da universalização no sistema interligado em todo o território
nacional, bem como ao desenvolvimento energético dos Estados e a
competitividade da energia produzida a partir de fontes eólica, peque‑
nas centrais hidrelétricas, biomassa, gás natural e carvão mineral na‑
cional. De acordo com o § 1o do mesmo artigo, os recursos da CDE
serão provenientes dos pagamentos anuais realizados a título de uso
de bem público, das multas aplicadas pela Aneel a concessionários,
permissionários e autorizados e, a partir do ano de 2003, das quotas
anuais pagas por todos os agentes que comercializem energia com o
consumidor final.96
No governo Lula, houve a criação do Programa Nacional de Uni‑
versalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica – Luz Para Todos,
por força do Decreto n. 4.873, de 11 de novembro de 2003. O principal
objetivo do programa era o de universalizar a energia elétrica no meio
rural até 2010.97 O custeio98 advém de subvenção econômica pela CDE,
da RGR, de agentes do setor elétrico, da participação dos Estados, Mu‑
nicípios e outros destinados ao Programa.
A Lei n. 10.933, de 11 de agosto de 2004, que dispôs sobre o Plano
Plurianual para o período 2004/2007 e cria o Programa Energia
385
99
O Programa Energia Cidadã, proposto no bojo do “Megaobjetivo I – Inclusão
Social e Redução das Desigualdades Sociais” do Anexo I da Lei n. 10.933, de 11
de agosto de 2004, não encontrou eficácia frente ao Programa Luz para Todos.
386
100
No tocante à telefonia fixa, o Fundo de Universalização dos Serviços de Teleco‑
municações – Fust, criado pela Lei n. 9.998, de 2000, possibilita diminuir as de‑
sigualdades sociais por meio da criação de facilidades de comunicação via
Internet para escolas e bibliotecas, sendo empregado pela Agência Nacional de
Telecomunicações – Anatel.
A Lei n. 11.445, de 2007, por sua vez, estabelece diretrizes nacionais para o sanea
mento básico, de forma a prever, no art. 2o, inciso I, a universalização do acesso
como um princípio fundamental. O art. 49 desta lei ainda reforça o caráter social
do saneamento básico ao fixar como objetivo da Política Federal de Saneamento
Básico contribuir para o desenvolvimento nacional, a redução das desigualdades
regionais, a geração de emprego e de renda e a inclusão social.
101
GARCIA, Maria. Mas, quais são os direitos fundamentais? Revista de Direito
Constitucional e Internacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, n. 39, p. 122, 2002.
102
Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobras, sociedade anônima de economia
mista federal e de capital aberto, constituída em 11 de junho de 1962, em confor‑
midade com a autorização contida na Lei n. 3.890-A, de 25 de abril de 1961,
inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica do Ministério da Fazenda
(CNPJ/MF) sob o n. 00.001.180/0001-26, com seus atos constitutivos devida‑
mente arquivados na Junta Comercial do Distrito Federal sob o NIRE n.
53300000859, e registrada como companhia aberta perante a Comissão de Valo‑
res Mobiliários (“CVM”) em 28 de janeiro de 1971, sob o n. 2.437.
387
103
Importante destacar que a reestruturação societária da Eletrobras já contava com
aporte financeiro internacional. Desde 1995, a Eletrobras possui dois Programas
de American Depositary Receipts – ADR, nível 1, de ações ordinárias e prefe‑
renciais.
104
Era a conversão da Medida Provisória n. 396, de 2007, que não versava sobre dita
internacionalização.
388
389
390
105
YERGIN, Daniel. O petróleo: uma história mundial de conquistas, poder e di‑
nheiro. São Paulo: Paz e Terra, 2010. p. 891.
391
392
106
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
p. 396.
393
107
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
p. 407-408.
394
108
Disponível em: <http://www.prominp.com.br>. Acesso em: 21 dez. 2010.
395
109
SILVA, Daiane Tessaro da; TRENTINI, Flávia. Biodiesel x sustentabilidade: um
binômio possível? In: BENJAMIN, Antônio Herman; LECEY, Eládio;
CAPPELLI, Silvia (Org.). Direito ambiental, mudanças climáticas e desastres: impac‑
tos nas cidades e no patrimônio cultural. São Paulo: Imprensa Oficial, 2009. v. 2, p. 28.
110
LIMA, Haroldo. Petróleo no Brasil: a situação, o modelo e a política atual. Rio
de Janeiro: Synergia, 2008. p. 108.
111
Em 2 de julho de 2003, a Presidência da República instituiu por meio de Decreto
um Grupo de Trabalho Interministerial encarregado de apresentar estudos sobre
a viabilidade de utilização de biodiesel como fonte alternativa de energia. Cabe
registrar que, no governo Cardoso, o Ministério da Ciência e Tecnologia expe‑
diu a Portaria MCT n. 702, de 2002, que criou o Programa Brasileiro de Desen‑
volvimento Tecnológico de Biodiesel (Probiodiesel), com o objetivo de promover
o desenvolvimento científico e tecnológico de biodiesel. Todavia, essa iniciativa
era tímida e se situava em final de gestão.
396
112
Sob essa iniciativa, ver Decreto de 2 de julho de 2003, que institui o Grupo de
Trabalho Interministerial encarregado de apresentar estudos sobre a viabilidade
de utilização de óleo vegetal – biodiesel – como fonte alternativa de energia,
propondo, caso necessário, as ações necessárias para o uso do biodiesel; bem
como o Decreto de 23 de dezembro de 2003, que institui a Comissão Executiva
Interministerial encarregada da implantação das ações direcionadas à produção e
ao uso de óleo vegetal – biodiesel – como fonte alternativa de energia.
397
113
O BNDES lançou o Programa de Apoio Financeiro a Investimentos em Biodie‑
sel em 3 de dezembro de 2004, bem como fundo para aquisição de máquinas e
equipamentos (veículos de transporte de passageiros e carga, tratores, colheita‑
deiras e geradores) e redução de garantias reais para o valor a ser financiado.
114
Atrelado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA.
398
115
LEITE, Antônio Dias. A energia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
p. 427.
399
400
116
Primeiro automóvel flex fuel foi lançado pela Volkswagen, com um sistema de‑
senvolvido pela Bosch.
117
Importante registrar que o Decreto n. 3.546, de 2000, criou o Conselho Intermi‑
nisterial do Açúcar e do Álcool com o objetivo de deliberar sobre as políticas
relacionadas com as atividades do setor sucroalcooleiro, considerando a adequa‑
da participação dos produtos da cana-de-açúcar na Matriz Energética Nacional,
os mecanismos econômicos necessários à autossustentação setorial e o desenvol‑
vimento científico e tecnológico.
401
118
Para mais informações, ver item 3.4, “A regulação do gás: os dirigíveis, o carvão
e o DNIG”.
402
119
Tema pormenorizado no item 5.1.2, “Legislação do setor de petróleo: o CNPE
e a ANP”.
120
PIRES, Adriano; SCHECHTMAN, Rafael. Uma breve história sobre o gás na‑
tural. Valor Econômico, São Paulo, 9 jul. 2009.
403
404
121
A primeira ocorreu em 1937 com os ativos da Standard Oil, por meio do coronel
David Toro – um ano antes de o presidente Vargas fazer o mesmo no Brasil –, e
em 1969, sobre os ativos da Gulf, pelo general Alfredo Ovando.
122
Nessa data o presidente era Evo Morales.
123
O decreto mencionava expressamente que: (i) a Bolívia recupera a propriedade,
posse e o controle total e absoluto dos recursos hidrocarboníferos; (ii) as empre‑
sas operadoras ficam obrigadas a entregar toda a sua produção à YPFB (estatal
petrolífera boliviana); (iii) a YPFB assumia a comercialização dos combustí‑
veis, definindo condições, volumes e preços para o mercado interno e externo;
(iv) somente empresas que acatassem de imediato estes dispositivos poderiam
continuar a operar na Bolívia; (v) imposição unilateral de novos contratos entre
as partes em 180 dias; e (vi) transferência compulsória de 51% de todas as refina‑
rias, incluindo aquelas sob controle da Petrobras.
405
124
LOSS, Giovani Ribeiro. A regulação setorial do gás natural. Belo Horizonte:
Fórum, 2007. p. 87.
125
Ver art. 13 da Lei n. 10.438, de 26 de abril de 2002.
406
407
408
126
Sobre o tema, JANK, Marcos afirma que “mais de 85% da cana-de-açúcar bra‑
sileira cresce no Centro-Sul do país a mais de 2 mil quilômetros da floresta Ama‑
zônica, distância equivalente à que separa Paris de Moscou. Condições climáticas
inadequadas ao cultivo da cana e ausência de logística para escoamento da pro‑
dução inviabilizam essa região para produção do etanol. Os outros 15% são
produzidos em Estados da região Nordeste a igual distância da floresta”. JANK,
Marcos. Etanol de cana-de-açúcar: uma solução energética global sob ataque.
Biocombustíveis, a energia da controvérsia. São Paulo: Senac, 2009. p. 23.
127
A alternativa à produção de etanol, pela cana-de-açúcar, é a própria produção do
açúcar, que não pode ser considerado alimento.
128
Global Sustainable Bioenergy. Disponível em: <http://engineering.dartmouth.
edu/gsbproject/>.
409
410
129
JANK, Marcos. Etanol de cana-de-açúcar: uma solução energética global sob
ataque. Biocombustíveis, a energia da controvérsia. São Paulo: Senac, 2009. p. 23.
411
130
Para mais informações, ver item 4.7, “O ‘Ouro negro’: o sistema internacional e
a Petrobras”.
131
Importante ponturar que a doutrina geológica internacional é majoritária ao
afirmar que o Brasil perdeu muitas oportunidades por não conferir aos estudos
de Link a devida credibilidade. Como exemplo, “In 1954 Walter made a major
career change. He accepted an invitation to establish an exploration program for
the new Brazilian petroleum monopoly, Petrobras, with a budget of over $100
million per year. This led to a detailed evaluation of the petroleum potential of
all of onshore Brazil, but at the end of his six-year contract, Walter recommen
ded that Petrobras look offshore instead. His advice was ignored and he was
vilified mercilessly as the messenger with bad news in spite of having discovered
500 million barrels of new onshore oil for Brazil. The company proceeded to
waste seven years and a billion dollars before finally taking his advice.” DOTT
JR., Robert H. “Linkages”. Disponível em: <http://www.geology.wisc.edu/
outcrop/01/01pdfs/Linkages_R_Dott.pdf>. Acesso em: 21 dez. 2010.
412
132
LINK, Walter K. Avaliação das possibilidades petrolíferas das bacias sedimenta‑
res do Brasil. Anexo Depex-1.032, de 9 de agosto de 1960.
133
Para mais informações, ver item 2.3, “A Light e o desenvolvimento do eixo Rio
‑São Paulo”.
413
134
BACOCCOLI, Giuseppe. O dia do dragão: ciência, arte e realidade no mundo
do petróleo. Rio de Janeiro: Synergia, 2009. p. 13.
135
Em que pese haver experiências offshore desde a década de 1930 na Venezuela e no
México, bem como no Mar do Norte, não havia um agente em específico que do‑
minasse toda a cadeia e que pudesse ser aplicada de imediato à realidade brasileira.
414
136
Para mais informações, ver em 5.1.2, “Legislação do setor de petróleo: o CNPE
e a ANP”.
137
Para compreender a expressão “pré-sal”, devemos tomar como referência o centro
da Terra, ou seja, o petróleo se encontra antes da camada de sal. Para quem toma
como referência a superfície da Terra, o petróleo encontra-se após a camada de sal.
415
138
Principalmente RJ e ES, em maior escala por ter alta dependência dessa indústria,
e SP em menor intensidade, por depender menos dessa receita por ter um parque
industrial mais heterogêneo e uma cultura petrolífera menos desenvolvida.
416
417
418
1
O acrônimo foi cunhado em 2001 pelo economista Jim O’Neill, chefe
de pesquisa em economia global do grupo financeiro Goldman Sachs,
para conferir um sentido único ao grupo de países em rápido desen‑
volvimento econômico na década de 2000, que juntos totalizam mais
de 25% do território global e 40% da população mundial.
420
2
Valores até junho de 2010.
421
dente, ou seja, haja mandato fixo. Sob esse enfoque, torna‑se imperati‑
vo ampliar mecanismos de controle social e de prestação de contas das
agências, bem como criar condições para que elas tenham quadros pró‑
prios de pessoal.
As Agências reguladoras autônomas são necessárias para regular e
fiscalizar falhas de mercado, conferindo às concessionárias, permissio‑
nárias e autorizadas estabilidade regulatória, de forma a garantir a atra‑
tividade de fluxo de investimentos privados. Logo, cabe às entidades
governamentais, tais como os ministérios e os conselhos nacionais,
formular as políticas públicas setoriais, restando às agências a função
de regular e fiscalizar os mercados regulados.
Os desafios na busca de uma padronização regulatória são de di‑
versas matrizes e proporções. Dentre eles, está: (i) a precariedade de
instrumentos, na qual as regulamentações são feitas, dependendo das
agências envolvidas, por portarias, resoluções e subespécies; (ii) mode‑
los setoriais incompletos, com legislações difusas e concebidas em mo‑
mentos históricos distintos; (iii) níveis heterogêneos de transparência
da gestão pública; (iv) baixo nível de autonomia das agências, com es‑
trutura funcional incompleta e inadequação dos quadros de pessoal
nas Agências e Ministérios; (v) insuficiência de instrumentos de con‑
trole social e de gestão; (vi) processo administrativo heterogêneo e com
baixo nível de formalismo, dentre outros.
Outra característica importante, principalmente em um setor mar‑
cado pela intensividade de capital necessário ao desenvolvimento de
estruturas energéticas, é a existência de uma cooperação incipiente en‑
tre órgãos do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência – SBDC e
as agências reguladoras setoriais. Há a necessidade de a regulação subs‑
tituir os mecanismos de mercado de forma prévia, monitorando e
acompanhando as práticas de mercado dos agentes dos setores regula‑
dos, em consonância com as premissas fixadas na Lei n. 8.884, de 1993,
que dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem
econômica. Por outro lado, a função dos órgãos concorrenciais é de
422
423
424
425
3
BATISTA, Romário de Oliveira. Debate sobre uma segunda prorrogação de
concessões no setor elétrico (sem licitação): verdades, meias-verdades e pontos
para reflexão”. Direito Regulatório da Energia Elétrica – UnB – janeiro de 2009.
Disponível em: <www.aneel.gov.br> Acesso em: 23 jun. 2010. p. 27.
426
4
Para mais informações, ver ADI n. 1.582-6-DF proposta pelo Conselho Federal
da OAB, com julgamento em 7 de agosto de 2002.
427
5
Para aprofundamento da questão, Parecer n. 014/2006-PF/ANEEL, de 17 de
janeiro de 2006 (Contrato de Concessão de Transmissão da CTEEP), n.
374/2007-PF/ANEEL, de 26 de julho de 2007 (Contratos de Concessão de
Transmissão ESCELSA, LIGHT e COELBA), e n. 701/2008-PF/ANEEL, de 10
de novembro de 2008 (Contrato de Concessão de Distribuição CEB).
6
BATISTA, Romário de Oliveira. Debate sobre uma segunda prorrogação de
concessões no setor elétrico (sem licitação): verdades, meias-verdades e pontos
para reflexão”. Direito Regulatório da Energia Elétrica – UnB – janeiro de 2009.
Disponível em: <www.aneel.gov.br>. Acesso em: 23 jun. 2010. p. 27.
7
KELMAN, Jerson. Apud BATISTA, Ob. cit., p. 31.
8
BRANDÃO, Ricardo. III JURE – SIMPÓSIO JURÍDICO DO SETOR ELÉ‑
TRICO. Anais... – Funcoge, maio 2009, Rio de Janeiro.
428
9
O Deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), então presidente do grupo encarrega‑
do de avaliar as 180 mil leis brasileiras, tem a missão de consolidar as leis em vi‑
gor, nas quais, acredita, seja possível transformá-las em até mil, eliminando as
revogadas, caducadas, as repetidas e as colidentes.
429
430
431
432
10
GARCIA, Maria. A cidade e o Estado: políticas públicas e o espaço urbano. In:
______. (Org.). A cidade e seu estatuto. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2005. p. 42-43.
433
11
O método legislativo escolhido para essa construção normativa foi emendar a
Seção 9.3 – Instalações Prediais do Anexo I da Lei n. 11.228, de 25 de junho de
1992 (Código de Obras e Edificações).
434
435
436
437
438
439
440
12
O deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) chegou a demonstrar que o
desmembramento de Goiás, originando o Estado do Tocantins na região
Norte, proporcionou crescimento de 155% do PIB no período de 1988
a 2006 para os dois Estados, enquanto o crescimento registrado no país
foi de 58% do PIB. Essa proporção também teria sido percebida na di‑
visão entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
441
13
BOUERI, Rogério. Custos de funcionamento das unidades federativas brasilei-
ras e suas implicações sobre a criação de novos estados. Texto para Discussão
n. 1.367. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, dez.
2008. p. 25.
442
14
Capítulo IV – Da organização regional
Art. 50. A organização regional tem por objetivo:
I – o planejamento regionalizado para o desenvolvimento econômico e social;
II – a articulação, integração, desconcentração e descentralização dos diferentes
níveis de governo e das entidades da administração pública direta e indireta com
atuação na região;
III – a gestão adequada dos recursos naturais e a proteção ao meio ambiente;
IV – a integração do planejamento e da execução de funções públicas de interes‑
se comum;
V – a redução das desigualdades regionais e sociais;
VI – a participação da sociedade civil organizada no planejamento regional, bem
como na fiscalização dos serviços e funções públicas de interesse comum, na
forma da lei.
§ 1o A organização regional será regulamentada mediante lei complementar que,
dentre outras disposições, instituirá a regionalização administrativa e estabelece‑
rá seus limites, competências e sedes.
§ 2o O Estado poderá, mediante lei complementar, instituir regiões metropolita‑
nas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por grupamentos de
Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução
de funções públicas de interesse comum.
§ 3o Os Municípios que integrarem grupamentos previstos neste artigo, não per‑
derão nem terão limitada sua autonomia política, financeira e administrativa.
443
territorial. Com quase 160 mil m2, é maior que toda a Grécia e que os
Estados do Ceará e o do Acre. Esse Município, cortado pela rodovia
Transamazônica, é considerado o local onde inicia a “volta grande do
Xingu”, trecho de grande sinuosidade do rio Xingu no qual será cons‑
truída, dentre outras, a hidrelétrica de Belo Monte. Coincidentemente,
o rio Xingu é considerado a grande divisa entre o Estado de Tapajós, à
esquerda, o Estado do Pará e de Carajás, à direita.
Nessa circunstância reside a federalização do interesse público em
emancipar Santarém e Marabá, transformando‑as em capitais estaduais.
Por passar a separar dois Estados, o aproveitamento do rio Xingu, e de
seus afluentes, dependendo dos métodos a serem fixados para demar‑
car as divisas, deixa de ser estadual e, por conseguinte, passa a atender
somente aos requisitos ambientais e tributários federais. Os plebiscitos
para emancipação devem ocorrer até 2012.
15
Mais informações no item 5.2.2, b.
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445
16
Há a citação da obra A política indigenista brasileira quando o ministro Menezes
Direito explana que “o índio é ontologicamente terrâneo. É um ser de sua terra.
A posse da terra é essencial à sua sobrevivência”.
446
(i) o usufruto das riquezas do solo, dos rios e dos lagos existen‑
tes nas terras indígenas (art. 231, § 2o, da Constituição Fede‑
ral) pode ser relativizado sempre que houver, como dispõe o
art. 231, § 6o, da Constituição, relevante interesse público da
União, na forma de lei complementar;
(ii) o usufruto dos índios não abrange o aproveitamento de re‑
cursos hídricos e potenciais energéticos, que dependerá
sempre de autorização do Congresso Nacional;
(iii) o usufruto dos índios não abrange a pesquisa e lavra das ri‑
quezas minerais, que dependerá sempre de autorização do
Congresso Nacional, assegurando‑se‑lhes a participação
nos resultados da lavra, na forma da lei;
(iv) o usufruto dos índios não abrange a garimpagem nem a fais‑
cação, devendo, se for o caso, ser obtida a permissão de lavra
garimpeira;
(v) o usufruto dos índios não se sobrepõe ao interesse da políti‑
ca de defesa nacional; a instalação de bases, unidades e pos‑
tos militares e demais intervenções militares, a expansão
estratégica da malha viária, a exploração de alternativas ener‑
géticas de cunho estratégico e o resguardo das riquezas de
cunho estratégico, a critério dos órgãos competentes (Minis‑
tério da Defesa e Conselho de Defesa Nacional), serão im‑
plementados independentemente de consulta às comunidades
indígenas envolvidas ou à Funai;
(vi) a atuação das Forças Armadas e da Polícia Federal na área
indígena, no âmbito de suas atribuições, fica assegurada e se
dará independentemente de consulta às comunidades indí‑
genas envolvidas ou à Funai;
(vii) o usufruto dos índios não impede a instalação, pela União
Federal, de equipamentos públicos, redes de comunicação,
estradas e vias de transporte, além das construções necessá‑
rias à prestação de serviços públicos pela União, especial‑
mente os de saúde e educação;
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17
Para mais informações, ver em 4.6, “A questão nuclear: da bomba à eletricida‑
de.” O CNPq e a CNEM.
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18
Temas abordados no item 5.2.3, e.
19
MELLO, C. A. Curso de direito internacional público. 15. ed. Rio de Janeiro:
Renovar, 2004. 2 v. p, 1104.
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453
20
TORRES, L. C.; FERREIRA, H. S. Amazônia azul: a fronteira brasileira no
mar. CAAML – Centro de Adestramento Almirante Marques de Leão. Dispo‑
nível em: <http://www.mar.mil.br/caaml/index.htm>. Acesso em: 25 ago. 2009.
21
Os russos lideram uma corrida no norte do planeta, como parte de uma estraté‑
gia de obter acesso a recursos naturais e manter o controle perante o Oceano
Ártico e o Polo Norte. O mais prestigiado explorador da Rússia, Artur Chilin‑
garov, afirmou que “o Ártico é russo”, com base na Convenção das Nações Uni‑
das sobre o Direito do Mar, assinada em 1982. Nesse sentido, houve a
compreensão do maior país em extensão territorial do mundo que o Polo Norte
454
nada mais é do que uma extensão da plataforma do litoral russo. A indústria está
animada com o derretimento rápido da calota polar no Ártico, pois facilitaria a
exploração das reservas de gás e petróleo, abriria ao mundo novas rotas maríti‑
mas e possibilitaria à Rússia explorar toda sua costa ártica. Isso vem aliado ao
ressurgimento do nacionalismo russo no pós-Guerra Fria.
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Em um momento histórico em que os norte-americanos reativaram a Quarta
Frota para monitorar a região do Atlântico Sul, as questões que envolvem a An‑
tártida, a corrida armamentista venezuelana e as jazidas de petróleo e gás naturais
descobertas a trezentos quilômetros da costa do Brasil, e do maior núcleo urba‑
no da América Latina, existe o consenso de que as águas do Atlântico Sul passa‑
ram a ser um dos cenários de maior potencial conflitivo no planeta.
23
Existem duas formas de se dividirem as regiões polares. A primeira, o “método
da linha média”, dividiria as águas polares entre os países em consonância com a
extensão do litoral mais próximo da região. Se essa metodologia for aplicada ao
Ártico, o Polo Norte seria da Dinamarca, mas o Canadá teria enormes ganhos
territoriais. A segunda forma seria o “método do setor”, que fixa a centralidade
no polo, de forma a firmar fronteiras sob linhas longitudinais. Isso causaria per‑
das ao Canadá e ganhos à Noruega e à Rússia. O grande problema referente à
convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar é que os Estados Unidos
não a ratificaram, sob o fundamento de que os senadores não desejaram aceitar
restrições internacionais às ações daquele país. No lado de baixo do Equador, as
recentes crises em diversos países africanos, as incursões dos chineses na África,
a descoberta de grandes jazidas de gás e petróleo no litoral do Brasil, a questão
amazônica, a questão das ilhas Falklands e a exploração da Antártida (fato que
acarretaria na revisão do Tratado da Antártida é o documento assinado em 1o de
dezembro de 1959 pelos países que reclamavam a posse de partes do continente
da Antártica, em que se comprometem a suspender suas pretensões por período
indefinido) faz com que diversos especialistas militares exponham que existe a
possibilidade de uma guerra acontecer no Atlântico Sul no século XXI. Tais dis‑
cussões ainda estão muito incipientes na sociedade brasileira e no hemisfério sul.
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25
A “geograficidade” deve ser entendida enquanto a realização de ordenamento
territorial mediante conjunto de normas. A concepção empregada é de que a
Geografia pode – e deve – ser compreendida como conteúdo formal do Direito,
incluindo suas dimensões de estudo (principalmente o conceito de lugar, escala,
território e região). Para mais informações, ver UGEDA SANCHES, Luiz An‑
tonio. O geodireito enquanto identificação do conteúdo da geografia no direito:
o caso do setor de energia como propulsor de desenvolvimento regional. 2010.
Dissertação (Mestrado em Geografia) – PUC/SP, São Paulo.
26
O IBGE foi criado enquanto fundação pública da administração federal brasilei‑
ra após a transformação do Instituto Nacional de Estatística, criado em 1934.
27
Para aprofundamento da questão, ver os itens 4 e 4.2.
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LIGHT. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro Tramway, Light & Power Co. LTD.,
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