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Ethos x Habitus uma análise dos discursos intolerantes: breve análise.

Elton Fischer1

Resumo: Parece ser senso comum apelar à liberdade de expressão com o fim último de
disseminar discursos de ódio e intolerância independente do tema ou do lugar, seja ele físico
ou virtual. Nesse artigo procuramos expor alguns resultados sobre a construção discursiva de
sujeitos, que por meio do discurso, transparecem uma identidade intolerante. Os dados do
trabalho são oriundos de um questionário aplicado aos sujeitos ingressantes da ULBRA
Campus Carazinho no semestre 2018\1 na disciplinas de Cultura Religiosa. O objetivo é
demonstrar, na perspectiva da semiótica discursiva, como são construídos os discursos
intolerantes (sociais, racistas, separatistas e religiosos) e qual é o ethos ou o habitus que aí se
manifesta. Para tanto nos utilizaremos de recortes de citações e inferências trazidos pelos
participantes da pesquisa.

Palavras chave: Discurso de intolerância; preconceito; ethos do enunciador.

Abstract: It seems to be common sense to appeal to freedom of expression with the ultimate
aim of spreading discourses of hatred and intolerance regardless of theme or place, be it
physical or virtual. In this article we try to present some results about the discursive
construction of subjects, who through discourse, show an intolerant identity. The data of the
work come from a questionnaire applied to the subjects entering the ULBRA Campus
Carazinho in the semester 2018 \ 1 in the disciplines of Religious Culture. The objective is to
demonstrate, in the perspective ofm discursive semiotics, how intolerant (social, racist,
separatist and religious) discourses are constructed and what ethos or habitus is manifested
there. For this we will use citations and inferences from the research participants.

Keywords: Discourse of intolerance; preconception; ethos of the enunciator.

1Doutorando em Educação - Estudos Culturais ULBRA, Mestre em Letras UPF – Universidade de Passo Fundo\
RS. Professor Assistente Ulbra Campus Carazinho\RS. E-mail: elton.fischer@yahoo.com.br
1. Ethos ou Habitus?

O foco deste estudo delimita-se à análise da imagem que o sujeito contemporâneo tem
de si e dos outros, em meio a pós modernidade num espaço globalizado, marcado pelas
desigualdades sociais, no qual, a partir de um questionário aplicado aos alunos ingressantes de
2018\1 na disciplina de Cultura Religiosa da ULBRA Campus Carazinho. Entre as dez
assertivas do questionário o nosso recorte permeia duas questões em específico: Você
conhece práticas\preceitos de outras tradições religiosas? Quais? O que sabe sobre elas? Você
tem algum tipo de restrição em relação a alguma religião ou prática religiosa? Poderia citar
quais e por quê? As inferências dos sujeitos a essas questões serão a questão norteadora desta
pesquisa, na qual as marcas textuais presentes nos discursos que mostram as representações
identitárias do sujeito contemporâneo destacam o ethos discursivo no meio onde se encontra
inserido. A religião-incluídos seus dogmas e práticas - é a síntese da identidade de um grupo
social e atingi-la é desconstruir o que há de mais profundo dentro de cada indivíduo que é
partícipe dela, afetando o seu ethos.
A noção de ethos discursivo como construção de uma imagem de si no discurso é
discutida nos trabalhos de Maingueneau desde o início dos anos 80. Maingueneau,
inicialmente, busca na retórica oriunda de Aristóteles o conceito de ethos, definindo como a
imagem que o orador procura dar a si mesmo, pelo modo e tom de voz expressos e, a partir
desse aspecto, essa imagem se revela em seu universo de atuação. Destacamos que o nosso
objetivo não é traçar um panorama da evolução teórica do conceito de ethos dentro do
conjunto de suas principais obras e ou autores que abordam essa temática. O desafio consiste
em analisar alguns dos discursos evidenciados pelos sujeitos da pesquisa, e procurar, na
medida do possível, identificar o ethos discursivo manifestado através das assertivas oriundas
da pesquisa.
Segundo Maingueneau (2010) um dos maiores obstáculos com que deparamos quando
queremos trabalhar com a noção de ethos é o fato que ele possui um caráter extremamente
intuitivo. A ideia de que, ao falar, um enunciador provoca em seus destinatários uma certa
representação de si mesmo, procurando controlá-la, parece ser ponto pacífico. Portanto, com
frequência somos tentados a recorrer a essa noção de ethos, dado que ela constitui uma
dimensão de todo o ato de enunciação. Em alguns dos recortes esse fato ficará evidente.
A primeira parte de nosso estudo será dedicado à conceituação do que se compreende
por ethos e seu poder persuasivo em meio aos discursos intolerantes\preconceituosos e sua
relação\distinção no que diz respeito à liberdade de expressão ou a violação dos direitos do
outro. A nossa base teórica se fundamenta em José Luiz Fiorin (1998, 2004), Luiz Antônio
Marcuschi (2010), Pierre Bourdieu (2002), Dominique Maigueneau 2 (2008), Patrick
Charaudeau (2004) e Norma Discini (2003). A segunda parte terá como base os argumentos e
inferências dos sujeitos das entrevistas e uma análise no sentido de verificar se em tais
discuros é possível identificar um tipo de ethos do sujeito e se esse ethos é parte constituinte
de seu habitus.
Definir as fronteiras entre o que se entende por liberdade de expressão e, o momento,
no qual ela se converte em discursos de intolerância é um tema não apenas sensível, mas
envolve um conceito personalizado de ética ou moral. Liberdade de expressão não deveria ser
discurso de opressão e muito menos de segregação. “Toda narrativa tem uma dimensão
polêmica. A conjunção para um sujeito implica a disjunção para outro. ”(FIORIN, 2011, p.
36). Discursos de qualquer natureza, especialmente os de ódio, sempre serão polêmicos e
implicarão mais em disjunção do que conjunção pois demandam interpretação de quem os
ouve ou lê, dada a sua ambiguidade ou por fim qual a natureza do ethos impregnado nele.
Contudo não se deve confundir discurso de ódio com discordância ou opinião
contrária a certas concepções, ideias ou ideologias ligadas às chamadas ações afirmativas,
como por exemplo, a questão da diversidade religiosa em nosso País e suas diferentes
práticas, hábitos e costumes. Respeito e não concordância é a regra de ouro e ela encontra-se
dentro do princípio da liberdade de expressão, conforme Freitas e Castro (2013, p. 330) “foi a
afirmação da liberdade como valor essencial à condição humana. Um espaço sem ingerência
de terceiros, de modo a garantir a qualquer indivíduo a realização de seus próprios objetivos,
sem o dever de obediência a outrem.”
A afirmação dos direitos do homem deriva de uma radical inversão de perspectiva,
característica da formação do Estado moderno, na representação da relação política,
ou seja, na relação Estado / cidadão ou soberano / súditos: relação que é encarada,
cada vez mais, do ponto de vista dos direitos do cidadão não mais súditos, e não do
ponto de vista dos direitos do soberano, em correspondência com a visão
individualista da sociedade. (BOBBIO, 1992, p.4).

Apesar de não se configurar como uma questão essencialmente nova, essa visão
individualista e egocêntrica, é complexa e difícil de ser mensurada, pois parece ser senso
comum que os discursos intolerantes ou de discordância do outro, tornaram-se um ambiente à

2O conceito de ethos no pensamento do teórico francês começa a se desenhar na década de oitenta, quando da
publicação de Genèses du discours/Gênese dos discursos (1984/2005). Nessa obra, embora a concepção de
ethosjá esteja, em certa medida, delineada, o termo não aparece de forma explícita, o que só vai acontecer na
obra Novas tendências em análise do discurso(1997 [1987]). Na primeira dessas obras, Maingueneau
(1984/2005) trata o ethos dentro de uma “semântica global” do discurso, utilizando, para se referir ao conceito,
expressões do tipo “modo de enunciação”, “modo de dizer”, “maneira de dizer’ ou “maneira de enunciar”.
(GONÇALVES, 2015, p.70).
margem de qualquer tipo de lei ou do alcance do Estado que demanda ter muito bem
delineado qual é o seu território e campo de ação. O ponto a ser analisado é saber se as
palavras presentes nos discursos de ódio possuem legitimidade ou não, de modo especial,
quando dirigidas às minorias. Definir intolerância, ou o ethos do intolerante, constitui-se
noutro desafio extremo. Constatamos que o tema ainda é pouco usual nos meios acadêmicos
como objeto de estudo. Além da altercação face a face, na atualidade, o mundo virtual se
constitui num novo espaço de debate e nada mais é do que uma representação do real.
Conforme Moreira, Bastos e Romão (2012, p. 162) “a Internet é simultaneamente o
movimento de atualização do virtual, que passa a modificar a própria noção das coordenadas
espaço-temporais com as quais estamos habituados.” O espaço-tempo são configurados de
acordo com a vontade e interesse daquele que se mantem anônimo através de nomes falsos,
perfil que não pode ser rastreado ou um endereço inexistente na rede.

2. O Ethos e o habitus nos discursos de ódio

Sob a perspectiva dos discursos intolerantes, é possível perceber que a reprodução


desses discursos não decorre exclusivamente de escolhas políticas e ou ideológicas, mas da
incapacidade de reflexão e de pensamento crítico e, em alguns casos, a mais completa
ignorância. O que causa assombro é que grande parte desses discursos é usada para justificar
o autoritarismo, a restrição de direitos do outro e a não aceitação das diferenças do “outro”.
Segundo (SILVA et all, 2011, p.447), o “discurso de ódio” caracteriza-se pelo conteúdo
segregacionista, fundado na dicotomia da superioridade do emissor e na inferioridade do
atingido (a discriminação), e pela externalidade, ou seja, existirá apenas quando for dado a
conhecer a outrem que não o próprio emissor. “[...] O discurso do ódio refere-se a palavras
que tendem a insultar, intimidar ou assediar pessoas em virtude de sua raça, cor, etnicidade,
nacionalidade, sexo ou religião, ou que têm a capacidade de instigar violência, ódio ou
discriminação contra tais pessoas.” (WINFRIED BRUGGER, 2007, p. 118).
Naturalmente, os indivíduos são estimulados a não pensar, ou seja, são induzidos a um
vazio de pensamento que os leva à perda da humanidade e da alteridade. Essa ausência de
pensamento crítico reflexivo, contribui para que a discriminação e a intolerância cresçam e se
mostrem na sua forma mais extrema, e ainda assim, sejam vistas como algo normal. E, neste
caso específico, nada mais do que a reprodução do habitus, de geração a geração.
Esta dicotomia talvez esteja exacerbada em meio a sociedade pós-moderna, na qual,
segundo Hall (2006), os sujeitos estão em constante processo de mutação e a identidade, que
antes parecia estável e única, agora se encontra desagregada. Pode-se afirmar que somos
compostos não de uma identidade, mas de muitas identidades, meio no qual o sujeito é
transformado continuamente em relação à maneira como é representado e abordado pelos
padrões culturais que o envolvem. Bourdieu (1994), formula o conceito de habitus que surge
então como um conceito capaz de conciliar a oposição aparente entre realidade exterior e as
realidades individuais. Deveria ser capaz de expressar o diálogo, a troca constante e recíproca
entre o mundo objetivo e o mundo subjetivo das individualidades. Este conceito é deveras
interessante quando analisado sob a ótica dos discursos de ódio e intolerância e o ethos que
emerge dessa ação. Há justamente um choque entre as “individualidades” dos sujeitos e seu
modo subjetivo de encarar a alteridade. Segundo (SETTON, 2002, p.62) Habitus é então
concebido como um “sistema de esquemas individuais, socialmente constituído de
disposições estruturadas (no social) e estruturantes (nas mentes), adquirido nas e pelas
experiências práticas (em condições sociais específicas de existência), constantemente
orientado para funções e ações do agir cotidiano.”
Esse habitus ou ethos, mantidos as suas distinções e relação de preponderância, serão
analisados nos recortes que trazemos do questionário a partir da questão 8 que traz a seguinte
indagação: Você conhece práticas e ou preceitos de outras tradições religiosas? Quais? O
que sabe sobre elas? Algumas das respostas a essa questão denotam um certo grau de
intolerância que nada mais é do que uma reação mais instintiva do não reconhecimento do
Outro. A intolerância vem da exclusão, da ignorância, do medo, como uma forma de
imposição da “sua” verdade. Já a tolerância advém do conhecimento e do respeito à liberdade.
A prática intolerante nega o outro, como um verdadeiro humano, excluindo-lhe, causando-lhe
mal. Em qualquer sociedade, o conceito de “humano” fica restrito aos membros do grupo. O
outro é visto como diferente por sua cultura, perspectivas, atividades, crenças, entre outros.
Segundo (GABATZ, 2015) essa é a ideia-chave: negar o outro, rejeitar aqueles que não são
iguais nem pensam igual. De preferência eliminar suas ideias, seu modo de ser e suas
influências, pois assim já não se constituem uma ameaça e nossas ideias são as que
predominam. Contudo, essa exclusão, não é, necessariamente, física. Pode ser simbólica
também e atuar de diferentes modos através da inferiorização, da indiferença, da
desmoralização do outro. Importante destacar que passa sempre por uma ação e torna-se um
dos caminhos que levam à intolerância:
Sim. Mórmons. Tem um padrão de vestimenta, não tomam café. Evangélicas
não cortam o cabelo. Adventistas: o sábado é o dia sagrado. A63

3 Cada um dos respondentes que preencheu o TCLE – Termo de consentimento livre e esclarecido) foi
identificado pela letra A (aluno ou aluna). O número de questionários respondidos foi de 100 e, destes, 89 foram
aproveitados na pesquisa ação. Os recortes presentes no artigo foram as citações das tradições religiosas mais
referenciadas negativamente ou com viés negativo ou discriminatório.
Ateísta, católico, espírita e pentecostal. Não tem crença em algum Deus, tem céu e
inferno, acredita em Alan Kardec, proíbe as pessoas de algumas vestes e de usar
televisão. A7

Sim. Umbanda, Candomblé, Católica, Maçonaria, Espírita e diversas igrejas


pentecostais evangélicas. Umbanda, Candomblé e espírita cultuam e respeitam
espíritos. Das três a Umbanda é a mais ligth e o Candomblé mais pesado. Elas
tem origem africana e indígena. Maçonaria é uma seita que, segundo alguns,
cultua o demônio e é fechada apenas para homens. A14

No âmbito da amostra uma parcela significativa dos sujeitos demonstrou não apenas
conhecer práticas e preceitos de outras tradições religiosas como enfatizou, de alguns grupos
religiosos, suas práticas e dogmas, com teor pejorativo, discriminatório ou negativo. As partes
grifadas corroboram, sob nossa ótica, com um estilo de discurso passional e intolerante.
Quanto às modalizações, aspectualizações e moralizações discursivas, de que
decorrem as paixões construídas nos discursos, pode-se observar que os discursos
intolerantes são fortemente passionais, que seus sujeitos são sempre sujeitos
apaixonados e que predominam, nesses discursos, dois tipos de paixões – as paixões
malevolentes (antipatia, ódio, raiva, xenofobia, etc.) ou de querer fazer mal ao
sujeito que não cumpriu os acordos sociais acima mencionados. (BARROS, 2016,
p.2).

A questão 9 traz a seguinte indagação: Você tem algum tipo de restrição em relação
a alguma religião ou prática religiosa? Poderia citar quais e por quê? 21 dos sujeitos
(42% da amostra) afirmaram ter algum tipo de restrição a alguma religião e ou prática
religiosa. Os motivos restritivos são os mais diversos e envolvem práticas obscuras da
Maçonaria, proibição de doação e ou transfusão de sague das Testemunhas de Jeová, a
questão do sacrifício de animais dos Cultos Afro Brasileiros e a ênfase no materialismo de
algumas igrejas neopentecostais. Sem menosprezar os recortes de caráter negativo há sujeitos
que não possuem restrições a nenhum tipo de religião em específico:
Não tenho restrições. Apenas não compartilhamos da mesma crença.A12

Não tenho nada contra nenhuma religião ou a quem pratica, mas não tenho
pretensão de participar de nenhuma. A26

Não. Aceito cada um com seu credo particular para podermos viver em paz. Na
premissa de que Deus nos disse: “Amai-vos uns aos outros como vos amei.” A29

A partir de breve análise das citações podemos depreender que há diversidade e


liberdade religiosa, mesmo que as opiniões sejam divergentes. Contudo, por que a intolerância
se mantém? Talvez porque a lógica da intolerância permaneça intacta; porque, às vezes, pela
sua sutileza, seja difícil de ao conjugar poder e legitimidade, nega a humanidade do Outro;
porque quer eliminar e destruir o Outro; porque quer ser identificada; porque se manifesta tão
logo os atores sociais se sintam ameaçados nos seus interesses ou em risco na sua zona de
conforto; “ porque desaprova as crenças e convicções do outro e quer impor as suas; porque
quer impedir que o outro leve sua vida como bem entenda.” (AQUINO e SILVA, 2017,
p.118).
O habitus é historicamente construído ao longo do tempo no seio das diferentes
comunidades humanas, tornando-se um elemento natural na vivência. Nas palavras de
Bourdieu, “enquanto produto da história, o habitus produz práticas, individuais e coletivas,
produz história, portanto, em conformidade com os esquemas engendrados pela história”
(1994, p. 76). Em meio aos discursos, sejam intolerantes ou não, transparece a identidade do
sujeito, constituída do habitus e gerida pelo ethos, que se constrói a partir de uma identidade
discursiva. Contudo, sua identidade privada não teria sentido sem uma identidade social, a
ideia de grupo, a partir da qual ela é concebida. Com isso, as identidades estão associadas e é
pela combinação dessas que se constrói o poder da influência do sujeito falante.
Não possuo restrições, pois como cidadão de uma país livre de religiões tenho
direito de ter minha crença e isso não me dá o direito de criticar ou ter preconceito
sobre as religiões dos demais, pois todos são livres para crer e cultuar o que lhe
achar por verdade. A47

O habitus inclui tanto as representações sobre si e sobre a realidade, como


também o sistema de práticas em que a pessoa se inclui, os valores e crenças que veicula, suas
aspirações, identificações etc. O habitus opera na incorporação de disposições que levam o
indivíduo a agir de forma harmoniosa com o histórico de sua classe ou grupo social, e essas
disposições incorporadas se refletem nas práticas do dia a dia do sujeito.
Segundo Cherques (2006) o termo habitus, adotado por Bourdieu tem o propósito de
estabelecer a diferença de conceitos correntes tais como hábito, costume, praxe ou tradição.
Evidencia um sistema de predisposições duráveis e transferíveis, que funciona como princípio
gerador e norteador de práticas e de representações, associado a uma classe particular de
condições de existência. Nesse sentido o meio sócio cultural exerceria certo grau de influência
nas escolhas do sujeito. O habitus gera uma lógica, uma racionalidade prática expressa
através dos discursos. “É adquirido mediante a interação social e, ao mesmo tempo e, se
tomarmos como parâmetro os discursos intolerantes depreendemos que o sujeito intolerante e
preconceituoso possui uma ideia equivocada ou não compreende o conceito de alteridade 4 e a
necessidade de se apreender os diversos níveis que se estabelecem nas relações com o outro,
os diferentes graus de proximidade desse outro numa realidade social, em nosso caso, a de

4“A alteridade: ‘eu-para-o-outro’ e ‘o-outro-para-mim’. A categoria ‘eu-para-o-outro’ se refere à como o outro


me vê, como pareço aos olhos do outro. Inversamente, ‘o-outro-para-mim’ se relaciona a como percebo o outro,
como o outro que está fora de mim é apreendido pelo seu eu”. (FREITAS, 2013, p. 191).
caráter religiosa. Aquele que não é o mesmo que “nós” pode ser apenas diferente, mas deve
ser respeitado em sua individualidade.
O habitus constitui a nossa maneira de perceber, julgar e valorizar o mundo e
conforma a nossa forma de agir, corporal e materialmente. É composto: pelo ethos,
os valores em estado prático, não-consciente, que regem a moral cotidiana,
diferente da ética, a forma teórica, argumentada, explicitada e codificada da moral, o
ethos é um conjunto sistemático de disposições morais e de princípios práticos.
(CHERQUES, 2006, p.33).

Bauman, o filósofo da contemporaneidade, evoca o caráter das escolhas individuais,


que impactam na coletividade, mas cujas responsabilidades ficam no campo individual,
Num ambiente desregulamentado e privatizado que se concentra nas preocupações e
atividades de consumo, a responsabilidade pelas escolhas, as ações que se seguem a
tais escolhas e as consequências dessas ações caem sobre os ombros dos autores
individuais. Como assinalou Pierre Bordieu duas décadas atrás, a coerção tem sido
amplamente substituída pela estimulação, os padrões de conduta, antes obrigatórios,
pela sedução, o policiamento do comportamento, pela publicidade e pelas relações
públicas, e a regulação normativa, pela incitação de novos desejos e necessidade
(BAUMAN, 2008, p.116).

Na pós modernidade as diversas redes sociais e mídias diversas permitem a


socialização e interação de diferentes pessoas, com as mais variadas opiniões. Entretanto, “a
internet e outras tecnologias evidenciam o (des)centramento das identidades e condiciona os
modos de subjetivação ao proporcionar lugares para a construção de ‘si mesmo.” (GALLI,
2012, p. 179). O sujeito pode escrever utilizando fakes ou nicknames em bate-papos, blogs,
redes sociais, e-mails etc., a cada entrada um novo nome, uma identidade diferente pode ser
apresentada de acordo com a vontade e o interesse que o internauta possui no contato com
outras pessoas. Moreira, (2012) depreende que com a Internet, essa noção de possibilidade
parece mais palpável do que nunca, pois, com esse aparato tecnológico, o sujeito tem a
possibilidade de exercer várias posições ao mesmo tempo, amparado pelos efeitos de
anonimato e de liberdade que o espaço digital parece atribuir a ele. Destacamos, como
exemplo dessa suposta isenção de responsabilidade, alguns dizeres sobre atacar, ameaçar e
exteriorizar preconceitos contra determinados grupos, como homossexuais, negros,
nordestinos (MOREIRA e ROMÃO, 2011),
Existe uma diversidade de tipos de discurso na rede. Muitos são semelhantes por
abordarem um tema ou preconceito específico, mas nunca iguais.

Como cotação da instância enunciativa, o ethos está relacionado à tentativa de


causar boa impressão, agradar o público e, nesse sentido, é concebido como um
local distinto que dá conta do modo como os sujeitos estão inscritos em suas falas:
"O ato individual de apropriação da linguagem introduz o falante em seu discurso"
(Benveniste, 1994, p.85), o ethos é erigido como uma zona de referências internas
por meio da qual o eu da enunciação vai informando o você (para quem é
endereçado) dados sobre sua "identidade" discursiva: "(...) o ethos é uma conotação:
o falante enuncia uma informação e ao mesmo tempo diz: eu sou este, eu não sou
aquele" (BARTHES, 1974, p. 143, tradução nossa).5

Quando uma pessoa dirige um discurso de ódio a outra sua dignidade, amparada por
lei, é atacada. O discurso de ódio não deixa de ser, pelo menos figurativamente, uma cabeça
de Medusa. Segundo Marchuschi, (2008, p.51) “a língua é sistemática, constitui-se de um
conjunto de símbolos ordenados, contudo ela é tomada como uma atividade sociointerativa
desenvolvida em contextos comunicativos historicamente situados”. A partir do discurso\fala,
o habitus é entendido como um sistema de esquemas individuais, construído socialmente e
que existe através de arranjos – conforme seu meio sócio\cultural- constituídos na mente do
indivíduo, por meio de suas experiências anteriores. Assim, se pensarmos na relação do
indivíduo e a sociedade a partir da perspectiva do habitus, se percebe que o individual e o
social atuam de forma simultânea, estando os dois intimamente ligados e ambos se
influenciando. (SETTON, 2002).
A vida do homem em sociedade é extremamente complicada, para o sujeito que se
encontra numa “estrutura deslocada6”, devido a diversidade de opiniões e pontos de vista
conflitantes sobre os mais diversos temas. Apesar da necessidade de estarmos juntos e
convivermos no sentido de garantir a sobrevivência, os interesses pessoais sobrepõem-se aos
públicos. A vida em civilização contraria, em si, as razões pessoais do interesse próprio e da
constante busca pela felicidade. “Amar o próximo pode exigir um salto de fé. O resultado,
porém, é o ato fundador da humanidade. Também é a passagem decisiva do instinto de
sobrevivência para a moralidade” (BAUMAN, 2004, p. 98).
O conceito daquilo que é moral está em constante revalidação. Há no mundo todo tipo
de atritos, de turbulências, de descompasso, onde a vida em sociedade beira o caos. Em nosso

5 Como presupuesto de la instancia enunciativa, el ethos se relaciona con el intento de causar buena impresión,
de agradar al auditorio y en este sentido se lo concibe como un lugar distinguido que da cuenta del modo en que
los sujetos se inscriben en sus enunciado: si “el acto individual de apropiación de la lengua introduce al que
habla en su habla” (Benveniste, 1994, p.85), el ethos se erige como uma zona de referencias internas por medio
de la cual el yo de la enunciación va informando al tú (a quien se dirige) datos acerca de su “identidad”
discursiva: “(…) el ethos es una connotación: el orador enuncia una información y al mismo tiempo dice: yo soy
éste, yo no soy aquel”

6 O argumento de que as identidades estão mudando, vem demonstrar que o sujeito antes “unificado e estável”
passa a ser composto não de uma, mas várias identidades, “contraditórias e mal resolvidas”. Junto com essas
mudanças de identidade, muda também o processo de identificação (o modo como o sujeito se projeta na cultura)
com o mundo exterior que é cada vez mais problemático, variável. Eis o sujeito pós-moderno, cuja(s)
identidade(s) se define: historicamente, e não biologicamente. O sujeito assume em diferentes momentos,
identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias,
empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente
deslocadas. (HALL, 2006, p 13).
País são discussões e disputas políticas, econômicas, religiosas, de gênero, raça e de toda sorte
de manifestações que podem levar à discriminação e ao preconceito. É um meio fértil onde
prospera a intolerância e o discurso de ódio. Conforme o psicanalista Contardo Calligaris,
doutor em psicologia clínica e autor de diversos livros, a disseminação dos discursos de ódio
nas redes sociais, que para ele deveria ser "perseguida". "Deveríamos ter limites claros ao que
é o campo da liberdade de expressão, que é intocável, e o momento em que aquilo se torna
uma ameaça."

Para citar o discurso, o "outro" constitui uma das formas mais explícitas e literais de
intertextualidade; A relação de co-presença e co-referencialidade entre os textos
evidencia a possibilidade oferecida pela linguagem do uso do discurso estrangeiro.
A partir desse uso, torna-se evidente uma atitude retórica: quem se apropria de um
discurso estrangeiro também o faz para delimitar o eu, a identidade própria, a
alteridade. A intertextualidade funciona como uma estratégia que transmite as vozes
daqueles que estão em franca tensão discursiva; Mais especificamente, a citação
como veículo da intertextualidade é uma forma privilegiada e privilegiada de pensar
a relação do "eu" / "outro" na medida em que permite reconhecer que nenhum
falante ecoa uma voz individual, mas que são vozes sociais. aqueles que falam por
ele. (GRANA, 2011, p.96, tradução nossa).7

Diante de um mundo fluido, de constantes e aceleradas transformações, a identidade


desse sujeito, o propagador de discursos de ódio, torna-se permeável e de complexa
delimitação. As mídias digitais, sobretudo as redes sociais, agem diretamente nas questões de
identidade, o que se mostra um tema extremamente atual. Atualmente as diversas redes
sociais propiciam para que os indivíduos materializem suas representações de identidade,
reais ou desejadas. O meu “eu virtual” pode expressar livremente seus pensamentos,
sentimentos e opiniões. Conforme Cardozo, é a sensação de que a “persona virtual” tudo
pode, que não há limites ou sanções a qualquer tipo de manifestação. É o conceito de
liberdade de expressão entendido em sua forma mais danosa no qual a intolerância rompe a
censura moral e dá-se o direito de manifestar a “sua vontade”

3. É possível mudar o cenário?


Em parte, vivemos num mundo sombrio no qual a efemeridade das conexões nas redes
sociais, a facilidade de “desligar-se” e a dificuldade de estabelecer e manter relacionamentos

7 Citar el discurso el “otro” constituye una de las formas más explícitas y literales de intertextualidad; la relación
de co-presencia y co-referencialidad entre los textos pone en evidencia la posibilidad que ofrece el lenguaje de
usar el discurso ajeno. A partir de este uso se pone de manifiesto una actitud retórica: quien se apropia de un
discurso ajeno lo hace también para delimitar el sí mismo, la propia identidad, de la alteridad. La intertextualidad
funciona como una estrategia que vehiculiza las voces de aquellos que están en franca tensión discursiva; más
específicamente, la citación como vehículo de intertextualidad es un modo privilegiado y privilegiante para
pensar la relación del “yo” / “otro” em la medida en que permite reconocer que ningún locutor se hace eco de
una voz individual sino que son las voces sociales las que hablan por él.
de longo prazo parece validar a intolerância. Isso tudo leva a não preocupação com o outro,
com o impacto do que se faz ou diz ao outro, com a intolerância ao pensamento do outro.
Conforme Cardozo (2016, p.7):

“Nós somos responsáveis pelo outro, estando atento a isto ou não, desejando ou não,
torcendo positivamente ou indo contra, pela simples razão de que, em nosso mundo
globalizado, tudo o que fazemos (ou deixamos de fazer) tem impacto na vida de
todo mundo e tudo o que as pessoas fazem (ou se privam de fazer) acaba afetando
nossas vidas” (BAUMAN, 2001).

Retomamos a Lei Maior e o que afirma o dispositivo constitucional regulamentado


pela Lei nº 7.716/89, que criminaliza atos de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional. A criminalização do discurso está posta no artigo XX, que
tipifica as condutas de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito, e de
veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz
suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. A base disso inferimos que o
problema não se encontra na questão regulatória ou na criação de Leis, mas na sua
aplicabilidade e extensão.
Há uma contrariedade no ser humano que hora permite e ora é contra os discursos de
ódio. Com o advento da internet, e em especial, das mídias sociais, as rápidas mudanças no
comportamento social do homem, surgirão ativistas nos dois polos: os contras e os a favor da
intolerância. A natureza do ambiente virtual\físico não deveria ser permeado por ideias
racistas e homofóbicas, as quais são inadmissíveis em um regime democrático e respeito aos
Direitos Humanos.
Segundo Oliveira, (2017, p. 1) “A discussão se insere, pois, referente a um possível
limite para a liberdade de expressão, de modo tal a se imaginar até que ponto ela pode se
expandir sem causar prejuízo à igualdade e à dignidade do outro”. Há ações no sentido de
regular essa questão e uma das sugestões é que o Ministério da Justiça poderia criar
delegacias e centros de investigação especializados em crimes dessa natureza, a fim de
minimizar as ocorrências e evitar a impunidade. Por fim, caberia à mídia promover
campanhas socioeducativas na TV e em outras áreas de alcance, com o intuito de alertar a
população quanto à reprodução de imagens e textos associados ao discurso de ódio e, com
isso, minimizar a sua disseminação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há uma infinidade de formas de manifestação dos discursos de ódio e isso por si só se


constitui num problema pois não há um padrão conceitual para discursos de intolerância.
Existem apenas alguns traços característicos que podem auxiliar na compreensão desse
fenômeno. Marcuschi afirma que que quando um falante ou escritor se põe a usar a língua, ele
pode fazer escolhas diversas a partir do sistema virtual da língua, mas tem que ser decidir por
uma escolha. Em meio a complexidade da questão quem opta por incitar, divulgar, redigir e
compartilhar discursos de ódio já fez sua escolha.
Portanto, evidenciamos que o universo de sentido propiciado pelo discurso impõe-se
tanto pelo ethos como pelas ideias que transmite. Neste sentido, tais ideias se apresentam por
intermédio de uma maneira de dizer que remete a uma maneira de ser. O poder de persuasão
de um discurso consiste em parte em levar o leitor a se identificar com a movimentação de um
corpo investido de valores socialmente especificados (MAINGUENEAU, 2001, p. 99).
Tais discursos lançam um desafio de como encarar essas manifestações diante do
cenário atual. O Estado parte da premissa da laicidade e entende que a questão possui foro
privado e não público. A maior parte das minorias possui pouca ou nenhuma representação
política nos espaços do poder. Some-se ainda a dificuldade de identificação, responsabilização
e condenação daqueles que cometem tais ilícitos e o panorama está posto.
Entretanto, a simples sanção àquele que propaga discursos de ódio e intolerância não
irá mudar sua ideologia ou opiniões. A possibilidade que resta é o colocar-se no lugar
daqueles que são ofendidos e questionar se não possuem o mesmo direito à liberdade e
igualdade de quem os acusa. A construção de uma “sociedade livre, justa e solidária”, “sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”,
conforme artigo terceiro da Carta Magna, passa também pelo combate a discursos – de
qualquer natureza – que infrinjam esse mandamento constitucional.
Entendemos que, especialmente, o meio virtual - local no qual o habitus e não o ethos
do enunciador nos parece mais factível - pode e deve contribuir de forma positiva para a
construção de uma espécie de “contra discurso” por parte dos indivíduos e ou grupos étnico-
sociais discriminados. Promove-se, desse modo, uma cultura de cooperação e respeito entre
pessoas, imprescindíveis para a formação de uma sociedade mais humana e justa que se
norteia pela máxima proteção aos direitos humanos e fundamentais. Outro fato constatado é
que a internet propicia uma forma mais ágil para disseminar temas polêmicos que envolvem
discursos de ódio e intolerância. Temas, aliás, que pareciam antigos ou superados surgem com
uma nova conotação, outras faces que se desdobram nesse mundo. Não podemos esquecer que
tempos como esses não são algo novo ou raro na história e, se fizermos as escolhas corretas,
caminhamos no sentido de recuperar a capacidade de ouvir e aceitar o outro e as suas
diferenças. Imprescindível o diálogo, o único meio de resistência contra essa cultura que
insiste em dar voz e legitimar o absurdo.

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