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Sumário
Introdução ................................................................................................ 2
Bibliografia ............................................................................................. 27
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Introdução
Figura 1
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A denominada terapia familiar sistêmica recebeu influência,
predominantemente, da teoria geral dos sistemas (TGS) e da teoria da
comunicação. No que se refere à TGS foi desenvolvida pelo biólogo austríaco
Von Bertalanffy a partir da década de 20 e postula que em toda a manifestação
da natureza há uma organização sistêmica, que pressupõe não apenas um
aglomerado de partes, mas sim um conjunto integrado a partir de suas interações
(OSÓRIO, 2002; LOPEZ e ESCUDERO, 2003).
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As regras de relação definem a interação entre seus componentes e a
maneira que as pessoas enquadram a conduta ao comunicar-se entre si.
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Um Esboço Histórico Conceitual da Psicoterapia de
Casal
A história da Terapia de Casal apresenta diferentes inícios, de acordo
com o critério de corte adotado por diferentes revisores. Os trabalhos de
pioneiros como C.C. Jung que escreveu no contexto de sua obra, já no início do
século XX, sobre aspectos ligados ao relacionamento conjugal, e pesquisaram
aspectos ligados à transmissão transgeracional de complexos inconscientes,
podem ser adotados como ponto de partida (Jung, 1977; Clarck, 1993). Porém,
esta contribuição não é sequer mencionada pela maioria dos revisores.
Figura 2
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Fase do Aconselhamento Matrimonial
Broderick e Scharder (1991), ao traçarem a história do Aconselhamento
Matrimonial, identificam quatro estágios:
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A abordagem dos conselheiros era muito focal, de curto prazo e
essencialmente pedagógica. O modelo clínico envolvia o atendimento aos
casais, mas em sessões em separado, e raramente ocorria atendimento
conjunto ao casal (Barker, 1984). A segunda fase, que vai de 1934 a 1945,
nomearam de “Estágio do Estabelecimento” assinalado pela formação da AAMC,
“American Association of Marriage Counselors”. A fundação de centros de
treinamento e da AAMC, tornaram-se importantes fatores tanto para melhoria da
formação, como da busca por melhor qualificação profissional. No entanto, o
modelo de atendimento permaneceu o mesmo.
A terceira fase, que iria de 1946 a 1963, foi considerada por Broderick e
Scharder (1991) como o “Estágio de Consolidação”, levando ao reconhecimento
oficial da profissão em 1963. A quarta fase foi de 1964 até 1981sendo o estágio
de “Formação” caracterizado pelo que L’abate e MacHenry (1983) classificam
como período de “intenso crescimento, clarificação de padrões e competências”.
Entretanto, Gurman e Fraenkel (2002) discordam quanto ao término deste
período em 1981, propondo na classificação de sua revisão, realizado em 2002,
o término deste período em 1978.
Este número sobe para 9% na década de cinquenta até atingir 15%, nos
início dos anos sessenta. Apenas no final da década de sessenta é que a
entrevista conjunta passou a ser predominante na prática clínica,
aparentemente, pela influência de profissionais de outras formações que
praticavam a Terapia de Casal (Gurman e Fraenkel, 2002).
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empiricamente. E sem uma teorização derivada desta fundamentação não era
possível operar na clínica de modo consistente. Broderick e Schrader (1991)
notam ainda que, durante o período de predomínio da abordagem do
Aconselhamento Matrimonial, havia uma ausência de qualquer compromisso
com qualquer filosofia clínica em particular, o que levou Manus (1966) a declarar
que “o Aconselhamento Matrimonial era simplesmente uma técnica em busca de
uma teoria”.
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Este movimento apresentou, contudo, consequências imprevistas, pois o
campo da Terapia Sistêmica de Família, ao emergir, apesar de muitos de seus
primeiros líderes e fundadores possuírem formação e treinamento formal em
Psicanálise, colocou-se em uma posição radicalmente crítica quanto à
abordagem psicanalítica, criticando seu modelo e sua compreensão altamente
individual.
Contribuições da Psicanálise
As contribuições do pensamento psicanalítico à Terapia de Casal podem
talvez for divididas em três períodos, segundo as tendências metodológicas,
teóricas e contribuições técnicas (Gurman e Fraenkel, 2002). O primeiro período
vai da década de 1930 até a década de 1960, sendo caracterizado por
experimentações e aplicação dos princípios e técnicas psicanalíticas tradicionais
à situação de tratamento do casal.
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abordagem psicanalítica, caracterizando um novo período que se estende até os
dias de hoje.
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longe, ao realizar, provavelmente, primeira sessão de casal conjunta na
abordagem psicanalítica, motivado pela diferença das histórias dos casais, que
não combinavam em aspectos significativos (Sager, 1966).
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realização de duas ou três sessões de anamnese com cada um dos cônjuges
antes da realização de sessões conjuntas. Tal prescrição seguia o pressuposto
da necessidade do analista compreender o modo de conexão e sistema
comunicativo do casal, bem como seus padrões de homeostase.
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Sager (1967) apontava a importância de o terapeuta evitar assumir um
lugar onipotente e encaminhar a sessão para que os cônjuges, ao dialogarem,
desenvolvessem suas próprias e criativas soluções. Essa ambivalência técnica
refletia uma ambivalência teórica ainda maior para os psicanalistas do período.
O lugar central daquilo que tradicionalmente seria o caráter distintivo da
Psicanálise, ou seja, a análise da transferência.
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Contribuições da Terapia de Família à Terapia de
Casal
Durante as décadas de 1950 e 1960, outro paradigma desenvolveu-se a
partir de estudos, reflexões e novas descobertas que colocavam novos enfoques
sobre a questão das “patologias psicológicas”. Estudos pioneiros como de
Bateson, Haley, Weakland (1956), Lidz (1958), Wynne (1958), Lang e Esterson
(1964) criaram, juntamente com o desenvolvimento de novas abordagens
teóricas e metodológicas (Bertalanffy, 1968), um novo campo de estudo e
intervenção: a Terapia Sistêmica de Famílias (Foley, 1985). Os estudos de
Wynne (1958), Lidz (1958) e Lang e Esterson (1964) colocaram em relevo o
envolvimento da família na esquizofrenia.
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psicodinâmicos individuais como princípios teóricos explicativos e de
intervenção.
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separava ambos os campos e que marcou a evolução histórica de ambas as
abordagens.
Haley (1984a) revela o que pode ser visto como a dinâmica do campo,
no período, quando observa que:
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Em um momento anterior havia uma concepção particular da família: a
linhagem. Compreendida como solidariedade estendida a todos os
descendentes de um mesmo ancestral, a linhagem constituía proteção na
ausência do Estado, não levando em conta os valores da coabitação e da
intimidade. A posição social era sustentada pelo patrimônio material, pela
herança familiar (Casey, 1992). Todos os membros do grupo familiar deviam
obediência e respeito ao pai, aquele que os deveria proteger, vigiar e corrigir.
Nos séculos XVI e XVII, os “sentimentos dolorosos” e “maus” eram os
predominantes nas relações familiares, e não o amor.
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desaparecer a antiga sociabilidade. Paulatinamente, através dos séculos, o valor
social da linhagem transferiu-se para a família conjugal.
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O namoro transformava-se, incorporando duas características: a
substituição de um sistema de valores baseado na fidelidade, na cadeia de
gerações e na responsabilidade perante a comunidade, por um sistema de
valores baseado na felicidade pessoal e no autodesenvolvimento; e com a
possibilidade de escolha, o controle pela comunidade dos encontros dos dois
sexos cessa-se.
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isolamento da comunidade. A mulher, ao mesmo tempo “degradada e exaltada”
nesse novo sistema familiar (Donzelot, 1986), precisava ser “educada” para criar
seus filhos, precisava ser companheira de seu marido e executar as tarefas
domésticas. Ao domesticar a mulher provocou-se uma “desordem geral”.
Surgiram aspirações ao crescimento pessoal, o feminismo.
Figura 7
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Há um paradoxo na construção moderna da família nuclear: é uma
imposição modelar, mas não pode mais ser controlada, já que se advoga o direito
à livre escolha. A esse paradoxo segue-se outro: a liberdade é regulada pelo
saber médico-psicológico, prescrevendo as normas do comportamento de todos
os membros da família. Na convivência dessas duas alternativas, aparentemente
opostas – a do controle pelo saber especializado e a da liberdade de escolhas –
, constrói-se a possibilidade de não se seguir a um modelo único, tal qual o da
família conjugal. Surge a imprevisibilidade; surgem inúmeras configurações
familiares, ou pelo menos elas têm a liberdade de se tornarem mais visíveis do
que antes.
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T.2 – Medicina – Especialização em Psiquiatria (Início dos anos 70), Psicanalista,
formação em Terapia de Família realizada em grupo de estudos no início dos
anos 80, sexo masculino;
A terapia de família chegou ao Brasil nos anos 70. Foi, porém, no final
dos anos 50 que ela começou a tomar forma nos Estados Unidos, orientando-se
principalmente pela Teoria dos Sistemas. Nesse momento foi forte a presença
do modelo de família nuclear, tendo o casal, com uma maior centralidade do que
na sociedade tradicional, a função de constituir um núcleo em torno dos filhos.
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Esse modelo, característico da modernidade, tem sido questionado em
sua forma nuclear, preservando-se algumas características, como a intimidade
e a privacidade. Nesse sentido, para a terapia de família foi necessário, ao longo
de sua história, posicionar-se de modos diferentes em relação à configuração
familiar, constituindo o contexto da intervenção terapêutica em estreita relação
com as transformações histórico-sociais.
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Resumimos as ideias de Minuchin, que configuram a relação familiar a
partir da relação conjugal: o casal, ao se constituir, precisa separar-se de suas
relações anteriores, principalmente com os respectivos pais, isto é, “o
investimento no casamento é feito a expensas de outras relações”; o casamento
é um primeiro momento em que os participantes irão confirmar ou não suas
novas identidades; “um contexto poderoso para confirmação e desqualificação”;
“refúgio para as tensões de fora” (Minuchin, 1990). Pelo descrito, percebe-se
a necessidade de a constituição familiar, iniciada pelo casal, separar-se como
um núcleo isolado e diferenciado.
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como um grupo que cuida de um ser dependente permanece e permanecerá.
Outras formas de cuidado poderão surgir, ainda que os papéis familiares não
continuem os mesmos. Mantém-se assim a ideia de proteção fornecida por esse
grupo formador das identidades pessoais, seja ele biológico ou não.
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um define um papel, um que vai cuidar dessa forma, um que vai cuidar
daquela forma. (...) Talvez no futuro não seja pai, mãe e filho, possam
ser outras coisas. O ser humano precisa dessa estrutura... ela vai
mudar, mas nunca vai sair de foco” (T.6).
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Bibliografia
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From rigid borderlines to fertile borderlands: reconfiguring family therapy.
Journal of Marital and Family Therapy. Apr. FÉRES-CARNEIRO, T. (1994).
Diferentes abordagens em terapia de casal: uma articulação possível? Temas
em Psicologia. jul/dez.
Refúgio num mundo sem coração. A família: santuário ou instituição sitiada Rio
de Janeiro: Paz e Terra. LAX, W.D. (1998).
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O pensamento pós-moderno na prática clínica. In: MCNAMEE, S.;
GERGEN, K. A terapia como construção social. Porto Alegre: Artes Médicas.
LEBOW, J. (1997).
The integrative revolution in couple and family therapy. Family Process. jan/mar.
MCNAMEE, S.; GERGEN, K. (1998).
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