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Disponibilização:

Eva
Tradução:

Monica B.
Formatação:

Any Cunha
SINOPSE

Ryan Christensen...
...só queria ser um ator. Nunca em seus sonhos mais selvagens que ele
imaginou que ele se tornaria a mais procurada estrela de cinema do
planeta.

Taryn Mitchell...
...foi fingindo satisfação durante a execução do pub família em Seaport,
Rhode Island. Sua vida pacífica é lançada de cabeça para baixo quando
Ryan tenta fugir de um grupo de fãs, tomando um atalho através de
Mitchell Pub.

Informamos que Love Unscripted


contém linguagem e situações adultas
e não é apropriado para jovens leitores.
PREFÁCIO

— Você nunca sabe qual direção o vento sopra — era uma das
expressões favoritas do meu pai. Eu costumava pensar que era bobagem;
apenas um desses ditos que dizemos a nós mesmos quando não achamos
que temos controle sobre nosso próprio destino.
Mas desde que vim a perceber que às vezes, quando estes ventos de
mudança sopram, eles são fortes o suficiente para lançá-lo em um mundo
totalmente novo, e você realmente não tem controle sobre onde você voa ou
como você pousar.
Sempre estive muito contente com a minha vida; era relativamente fácil
e previsível, com apenas uma pitada de drama aqui e ali, causada por uma
brisa leve ocasional. Houve alguns momentos em que a Mãe Natureza me
acertou com seu melhor tiro, mas eu sempre consegui pousar em meus
pés.
Em algum lugar ao longo da linha, eu realmente pensei que havia
ganhado o controle sobre o tempo, mantendo a possibilidade de uma
terrível tempestade sempre na baía.
Isso foi até o dia que o vento soprou pela minha porta e me levou.
CAPÍTULO UM

O olho da Tempestade
— Ooh, ooh, Taryn, aumente o som! — Marie apontou freneticamente no
ar, ao fazer um gin tónico com a outra mão.
Sua súbita emoção me pegou de surpresa e me fez saltar. Rapidamente,
peguei o controle remoto de televisão, desastrada em ajustar o volume do
noticiário da noite. Eu deveria ter sabido melhor; havia apenas uma coisa
que Marie ou qualquer uma das outras mulheres na cidade sentiam que
era notícia estes dias, e não era que o shopping estava tendo uma
liquidação de sapatos. Eu nem sequer pensei que "sapatos de graça"
poderia ter sido mais emocionante para elas.
Logo após meu polegar apertar o botão do controle remoto, fiquei um
pouco perturbada, mas já era tarde demais para corrigir meu erro. O dano
já estava feito.
— Parece que os fãs obsessivos causaram outro engarrafamento hoje —
eu disse, rindo levemente, tentando fingir que eu realmente me importava.
Por um momento, pensei que estava vendo uma repetição da notícia de
ontem. A câmera de notícias garimpou uma grande multidão de meninas
frenéticas que se alinharam ao longo da estrada — mais uma vez. Elas
estavam tentando espionar a equipe de filmagem enquanto eles filmavam
em uma de nossas praias locais — mais uma vez, esperando a chance
aleatória de obter um vislumbre "dele".
Entre todos os carros que estavam estacionados ao acaso e as meninas
correndo para lá e para cá do outro lado da rua, o tráfego na Ocean View
Drive estava quase parado. A polícia estava tentando o seu melhor para
acabar com o caos da área, inadvertidamente, criando mais caos no
processo.
— Tenho certeza que todos os seus pôsteres de “Eu amo Ryan” irão
capturar sua atenção — eu disse em tom de brincadeira, revirando os
olhos para o absurdo de tudo isso.
Do que eu tinha visto e ouvido sobre ele, presumi que ele não se
importava nem um pouco com as mini divas e seus sinais infantis de amor
e adoração. Ainda assim, suas ações me deixavam perplexa. O que possuía
essas meninas — muitas delas mulheres adultas — para passar todo o
tempo do seu dia decorando cartolina e ficando ao lado de uma rua
movimentada? Será que elas realmente achavam que ele pode
simplesmente parar um dia?
— Querida, seu cartaz com meu nome escrito em rosa fluorescente, com
corações de prata é uma representação artística tão brilhante da minha
vida. Valida a minha existência e me deixa tão quente. Por favor… venha…
fuja comigo… — Puxei o braço de Marie, fingindo ser "ele".
Alguns dos clientes sentados no bar riram da minha teatralidade,
enquanto as meninas que estavam sendo entrevistadas pelo repórter na TV
gritaram um pouco mais alto. Apontei o controle remoto de volta para a
televisão e rapidamente baixei o volume de seus gritos estridentes; eu
realmente queria mudar de canal.
— Espere um segundo, eu quero ver isso — Marie defendeu
rapidamente, descartando minhas ações com a mão. Seus olhos
encararam a tela.
— Ahh! Veja, é ele novamente! — Marie gritou com entusiasmo. Várias
senhoras sentadas no bar saíram de seus bancos para ter uma melhor
visão da televisão.
— Ei! Veja o que está fazendo! — Apontei.
Marie estava tão preocupada vendo as notícias que ela derramou vodca
pelo lado de fora do copo.
— Droga, olhe para ele! Ele é tão malditamente lindo — Traci, uma das
minhas clientes regulares, gritou. Um grupo de empresários sentado em
uma das mesas mais próximas da televisão vaiou em voz alta e então
pediu para eu mudar para ESPN.
Inconscientemente, meus olhos foram de volta para a televisão para ver
o que era o grande negócio, mas eu só vi parte de sua cabeça enquanto ele
subiu no banco de trás de um carro.
Havia passado cerca de duas semanas, desde que "ele" e "o elenco"
chegaram em nossa cidade, mas eu já estava cansada de ouvir sobre eles.
As notícias e estações de rádio locais falaram sobre os atores
incessantemente, a tal ponto que se tornou um exagero. Tentei
desesperadamente me lembrar de como era a vida antes deles chegarem,
mas estava difícil.
Eu, rapidamente, desviei minha atenção para coisas mais importantes,
como os dois rapazes bem vestidos que apenas sentaram-se no bar perto
do primeiro conjunto de torneiras de cerveja — clientes. Um dos homens
chamou minha atenção quando ele afrouxou o nó da gravata de lã
marrom, tomando um momento para relaxar após um longo dia no
escritório, sem dúvida. Eu o tinha visto uma vez antes no pub, e agora ele
estava sorrindo radiante para mim.
Deixei escapar um pequeno suspiro, enquanto aguardava o fluxo de
cerveja âmbar encher a caneca de vidro na minha mão. Meus dedos
seguraram o grande cabo de madeira, e com um movimento rápido do meu
pulso, cortei o fluxo da torneira de cerveja.
Deslizei a nota de dez dólares de sob os dedos e segui com o meu dia.
— Ele é bonito — Marie murmurou privadamente.
Soquei as teclas na registradora para registrar a venda.
— Ele é casado.
Marie olhou para ele. Seus olhos examinando minha afirmação.
— Sem anel — ela sussurrou, parecendo um pouco confusa.
Ela obviamente não olhou o suficiente.
— Você pode ver o contorno.
Levei seu troco de volta para ele. Marie pareceu espantada que eu notei
isso. O que ela não sabia, era que a última vez que este homem em
particular veio ao meu pub, ele estava usando uma aliança de ouro em
torno de seu dedo anelar, da mão esquerda. Pobre homem… de alguma
forma seu anel de casamento deve ter, acidentalmente, escorregado antes
dele se sentar.
Enquanto eu estupidamente lavei alguns copos sujos na pia, o pôr do
sol irradiou seus raios finais, lançando belos tons de rosa e roxo através
das grandes janelas que dominavam a frente do meu bar.
O meu pub — eu poderia dizer isso agora, com absoluta autoridade,
embora a dor de cabeça que eu me coloquei para estar neste local, nunca,
em um milhão de anos, valeu a pena. Não valia a pena a perda pessoal.
Mas, novamente, quando a vida foi justa? Eu tinha me preparado
adequadamente… me formar na faculdade com honras, planos para um
mestrado a seguir. Ainda assim, apesar de meus melhores esforços, o
destino aparentemente tinha algum outro futuro em mente para mim, e
não era a de me preocupar com situações financeiras de outras pessoas.
Eu encarava as janelas, imaginando que a visão do céu noturno sobre o
Oceano Atlântico era ainda mais impressionante. Pensei em subir as
escadas para o telhado, para ver o pôr do sol sobre a água, mas não
consegui; os clientes já estavam entrando para o happy hour.
Mesmo que houvesse um enorme afluxo de novas pessoas em nossa
pequena cidade de Seaport, Rhode Island, recentemente, minha contagem
de clientes estranhamente permaneceu a mesma — provavelmente porque
todo o caos estava localizado no outro extremo da cidade.
Fazia quase dois meses desde que as carretas carregadas com câmeras
caras e equipamento de filmagem retumbaram pelas nossas ruas.
Uma extensa equipe de produção imediatamente os seguiu. Eles vieram
em massa.
Num piscar de olhos, barricadas policiais bloquearam estradas
selecionadas e enormes tendas brancas foram erguidas no estacionamento
vazio, ao lado do armazém vago, em Píer Sete. Luzes imponentes foram
trazidas para iluminar todo o lote e vários guindastes mecânicos grandes
estavam estacionados em stand-by, perto da nova cerca.
Longos trailers brancos foram dispostos em fileiras e lembraram-me dos
tempos em que o carnaval vinha para a cidade. A única coisa que faltava
era a roda-gigante.
Tudo, em sua maior parte, estava calmo; até os grandes-nomes de
Hollywood chegarem. Com eles vieram as equipes de reportagem,
fotógrafos e multidões de fãs obcecadas. Era como ter cães selvagens e
raivosos desencadeados nas ruas. Todos estavam em um estado de
confusão.
A maior confusão, no entanto, foi causada por um ator de 26 anos de
idade que se transformou em megaestrela durante a noite…
Ryan Christensen
1,88m, cabelo loiro sujo, olhos azuis, corpo incrível pelo que tenho visto
nas revistas que Marie enfia no meu rosto, e declaradamente solteiro
novamente.
Oh, como todos eles desmaiaram — todos, exceto eu.
Marie e vários das minhas clientes do sexo feminino ficaram
completamente perturbadas apenas de ter um rápido vislumbre dele na
TV. Fiquei aliviada que elas não se comportaram como a multidão de fãs
gritando que era mostrada no noticiário.
Eu nunca poderia entender o que levava as mulheres ao ponto de
histeria quando veem um cantor famoso ou uma estrela de cinema.
Lembrei-me de ver clips de vídeo de mulheres que saíam de suas mentes
ao ver Elvis ou os Beatles — gritando, chorando e desmaiando apenas por
vê-los. Eu sabia que era emocionante, mas tinha de haver um limite antes
de perder o controle de suas emoções e comportamentos. Eu simplesmente
não podia entender.
Crescendo, não estava em minha personalidade pendurar fotos de galãs
adolescentes em minhas paredes. Até o momento em que cheguei à minha
adolescência, eu tinha descoberto a fina arte ao invés. Meu quarto foi
coberto pelos clássicos, com a minha própria arte pontilhada no meio. Isso
era mais meu estilo, mais… realista, tangível.
Deslizei uma nova jarra de cerveja para o meu cliente atual.
— 5,50 por favor. — Sorri de volta, dançando um pouco, a música
tocando do meu iPod sobre o sistema de som do pub.
Um dos bombeiros do nosso Corpo de Bombeiros local, que estava
sentado com um grupo de colegas de trabalho na mesa grande e redonda
na minha frente, levantou a jarra de cerveja vazia no ar para chamar
minha atenção.
— Phil realmente gosta de você — Marie sussurrou.
— Quem é Phil? — Perguntei, puxando meu cabelo louro e comprido
para remover os poucos fios que, irritantemente, prenderam no canto da
minha boca.
Marie revirou os olhos para mim.
— Taryn! — Ralhou.
— Desculpe, mas eu não sei de quem você está falando! — Eu
sinceramente não tinha ideia de quem era Phil.
— Departamento de bombeiros? — Ela direcionou com os olhos. — O
cara bonito sorrindo para você? Aquele que é divorciado recentemente e
agora está no mercado aberto?
— Ele? — Apontei com uma inclinação de cabeça. — Pensei que seu
nome era Todd.
— Não, é Phil — Marie corrigiu, rindo da minha expressão confusa. —
Ele tem perguntado sobre você.
Abri uma nova garrafa de vodca, imaginando de onde tirei o nome Todd.
— Bem? — Marie perguntou impaciente, esperando pela minha
resposta.
— Não estou interessada — murmurei enquanto preparava um Martini.
Sandy tinha pedido três azeitonas neste.
Marie colocou a mão em seu quadril, assim como ela sempre faz quando
sente a necessidade de me repreender. Comecei a rir de sua postura; isso
me fez lembrar de quando éramos adolescentes, nos inclinando sobre os
nossos armários na escola e falando sobre os meninos.
Eu estava grata que ela, pelo menos, manteve sua voz baixa para
repreender-me desta vez, por isso todas as pessoas sentadas no bar não
ouviriam cada palavra dela.
— Taryn, o que está errado com ele? Ele tem boa aparência, porra! —
Marie sussurrou.
Suspirei.
— Nada há de errado com ele. — Eu rapidamente corri ao longo do bar
para entregar o Martini. Não importava como ele era bonito; eu não queria
ser a segunda escolha de qualquer homem por uma mulher.
— E quanto ao Dan ali? — Marie sugeriu. — Esse pobre rapaz te chama
para sair, pelo menos, uma vez por semana. Ele é adorável também. Ou
Jeff, ou Kevin, ou Andy? — Ela apontou discretamente ao redor do pub.
Olhei em volta para os rostos dos homens a quem ela estava se
referindo. Todos eles me pediram para ir a um encontro em um momento
ou outro e eu tinha mentido para todos e cada um deles, dizendo-lhes que
eu já tinha um namorado.
— Você precisa dar a alguns desses idiotas uma chance… você pode
apenas encontrar um que se encaixe! — Marie me provocou. — Além disso,
se eu tivesse um corpo como o seu, eu o colocaria em bom uso todos os
dias!
Ela não precisava agitar sua bunda, para mim captar sua insinuação.
Revirei os olhos.
— Não, você não faria isso! E você me conhece o suficiente para saber
que eu não sou assim também.
— Tar, tem sido, tipo, oito meses. Esta existência em que você está, não
é saudável.
— Saudável em comparação com o quê? — Perguntei. Meu peito ainda
tinha uma dor persistente por causa do último homem que quebrou meu
coração em milhões de pedaços.
Eu não preciso explicar mais longe; Marie sabia exatamente o que eu
quis dizer.
— Além disso, eu gosto da minha existência — informei-a com um
sorriso exagerado.
Era segura, previsível e indolor.
— Eu só quero ver você feliz de novo — Marie proferiu, derrotada.
— Não se preocupe comigo. Eu estou bem. — Na verdade eu tinha ficado
bastante acostumada a mentir para ela também. Mal ela sabia, que eu tive
outro sonho estúpido, ou devo dizer pesadelo, sobre Thomas novamente
esta manhã. — Eu não preciso de um cara divorciado no rebote para me
fazer feliz — eu disse a ela, passando.
— Humm, Taryn? — Ouvi uma voz de homem chamando meu nome.
Phil, o bombeiro, estava em pé no bar. Instintivamente, meus ombros
curvaram pelo medo de ter sido ouvida. Eu esperava como o inferno que
ele não tenha ouvido meu comentário; eu me sentirei terrível se ele ouviu.
Olhei para Marie para confirmação. Seus olhos se abriram mais amplos
e ela encolheu os ombros um pouco, isso não ajudou em nada. Comecei a
entrar um pouco em pânico por dentro; a última coisa que eu queria fazer,
era ferir seus sentimentos.
Phil acenou vinte dólares para mim e fez um gesto para a nova jarra de
cerveja que eu ainda segurava na minha mão.
— Eu queria te perguntar se você já tentou essa nova churrascaria no
shopping? — Phil resmungou nervosamente, quase ao ponto que eu não o
entendesse. Enquanto eu processava sua pergunta, meus olhos se
fecharam brevemente e respirei fundo pelo nariz. Esta era uma tentativa
de me convidar para sair.
— Não, eu não fui, mas Marie foi. — Corri até a caixa registradora com o
seu dinheiro na mão e apertei as teclas devagar, tentando descobrir como
sair dessa facilmente. Eu podia sentir o que estava por vir.
— Você, quero dizer, talvez em algum momento, eu posso levá-la lá para
jantar? — Foi difícil para ele pedir. Eu me senti realmente mal por ele e
para o que eu estava prestes a dizer em seguida.
— Phil, isso é muito gentil de sua parte, mas eu já estou vendo alguém.
Sinto muito. — Minha mentira revestida de açúcar soou tão convincente
que eu quase acreditei em mim mesma.
— Então, quem você está namorando atualmente? Sua mão direita ou a
esquerda? — Marie zombou quando Phil se afastou.
Eu não poderia evitar, um instinto juvenil me fez reagir. Mostrei a língua
para ela.
— Você sabe qual é seu problema? Você precisa transar — ela
murmurou baixinho. — E eu não estou falando de transar do tipo “faça-
você-mesmo”. Basta escolher um desses caras e vá ter um descontraído,
que altera a mente, sexo suado, já!
Retaliei seu comentário sarcástico, batendo em sua bunda com o meu
pano de prato úmido.
— Então é isso que você faria se você já não fosse casada? — Eu ri. —
Eu só quero esclarecer este maravilhoso conselho que você está me dando,
porque eu não me lembro de você selecionar Gary das massas aqui.
— Ah… — Ela acenou com a mão, descontente comigo. — Você não tem
esperança.
Soltei um sonoro suspiro, concordando.
— Por que você não vai até lá e seja legal com ele? Eu ouvi que o Corpo
de Bombeiros foi chamado para o set de filmagens, esta manhã. Talvez ele
pudesse nos fazer entrar? — Marie deu de ombros, um lampejo de
esperança infundido em sua voz.
Enruguei meu nariz para ela e rebati sua sugestão com uma das
minhas:
— Por que você não vai ser legal para ele, então? Não tenho nenhum
desejo de ir em algum set de filmagens como uma groupie patética.
— Falando de groupies, você ouviu que a polícia teve de escoltar sua
limusine para seu hotel na noite passada? — Ela perguntou, batendo uma
de suas unhas longas sobre a foto de Ryan Christensen no jornal de hoje.
— O artigo diz que havia uma multidão de mulheres por lá; elas cercaram
seu hotel novamente.
Revirei os olhos e continuei limpando o bar com uma toalha. Eu
realmente não podia ficar incomodada com essa insignificância, mas era
difícil ignorar. Todos queriam saber os detalhes mais minúsculos sobre ele,
seus colegas atores e suas vidas glamorosas. Os fotógrafos e repórteres os
caçava diariamente.
Todos os dias, as notícias tinham algo a dizer sobre os atores, o filme, as
locações ou as interrupções causadas pelas centenas de fãs enlouquecidas
que os seguiram até aqui. Era tudo muito absurdo para o meu gosto, mas
Ryan Christensen era uma droga que todos pareciam irremediavelmente
viciados.
— As meninas tentaram dormir na calçada e tudo… a polícia teve que
dizer-lhes para sair — Marie balbuciava a algumas clientes sentadas no
bar enquanto ela embaralhava o jornal em uma pilha arrumada.
Balancei a cabeça enquanto tentava imaginar que recompensa seria, até
mesmo considerar dormir em um concreto frio com 10º de temperatura.
Ainda estava agradável durante o dia, mas era o último dia de setembro e
as noites estavam frias.
— Isso é ridículo — murmurei.
— Elas vão ter que dormir, na praia agora — Sandy, nossa esteticista
local, entrou na conversa. Ela tomou outro gole de seu Martini enquanto
todos esperavam, em antecipação para ela explicar. — Uma das meninas
que trabalham no Lexington Hotel foi no salão de beleza, esta tarde —
Sandy balbuciou, conforme as informações que ela tinha não eram grande
coisa.
— Ela disse que era segredo, mas a equipe foi informada que todos os
atores estavam sendo realocados para lá hoje. Aparentemente, o Lexington
tem melhor segurança e entradas de garagem privadas. Eu não sei, o que
seja. De qualquer forma, parece que eles estarão logo descendo a rua
agora.
— Não brinca! — Marie gritou entusiasmada. — Você quer me dizer que
Ryan e todo o elenco vai estar a apenas três pequenas quadras, naquela
rua? — Ela apontou para fora da janela na direção da Mulberry Street.
Sua exuberância sobre todo este assunto era irritante.
— Eu ainda não posso acreditar que eles estão filmando o segundo filme
Seaside aqui em nossa cidade. Este vai ser ainda melhor do que o
primeiro! — Marie jorrou.
— Ok, essa é, tipo, a centésima vez que você diz isso — provoquei.
— Bem, talvez se você se preocupasse em assistir o primeiro filme, você
saberia por que todas nós estamos tão animadas — ela retrucou.
— Eu li em uma revista no salão que ele está dormindo com a menina
que estrelou seu último filme… qual é o nome dela, Suzette, Suzanne,
alguma coisa? — Sandy comentou.
— Não, Sandy, isso não é verdade — Marie atirou de volta, balançando a
cabeça em desacordo. — Ele estava namorando Lauren Delaney daquele
programa de TV Modern Times, mas eles se separaram.
O tom de Marie era quase simpático. Ela jogou seu longo cabelo
castanho-chocolate fora de seus ombros, parecendo que sentia pena por
este homem que ela não conhecia pessoalmente.
— Ouvi dizer que alguém roubou algumas de suas roupas no hotel na
semana passada e tentou vendê-las no eBay — acrescentou Traci.
— Oh, isso é simplesmente errado — soltei, tentando imaginar que tipo
de doente iria comprar calções usados de um cara. O pensamento me fez
estremecer. — Por que na Terra alguém faria isso? Bem, quem fez isso,
espero que foram presos. — Minha mente não poderia racionalizar as
ações. — Com certeza é um mundo torcido em que vivemos.
— Se eu tivesse a chance, eu me enroscaria nele várias vezes! — Marie
rosnou. Eu ri quando ela mexeu os quadris.
— Por que você não se enrosca em seu caminho até a mesa grande com
este jarro para mim? Por favor? Nosso departamento de fogo parece que
ainda têm fogo para apagar.
Eu me senti mal por deixar Phil para baixo, então eu estava tentando
fazer as pazes com ele, com uma jarra de cerveja grátis. Secretamente,
embora, eu não queria ir a qualquer lugar perto dele.
— Por que você não a leva e pelo menos fala com ele? Ele é realmente
um cara legal, Taryn.
— Marie, eu não estou interessada, ok?
— Bem, desde que você parece ter desistido de homens… — ela
murmurou — aqui, eu tenho algo para você. Não é pornografia, mas é
perto o suficiente. — Ela riu enquanto vasculhava em sua enorme bolsa.
Ela estendeu a outra revista de fofocas com uma imagem grande e
brilhante de Ryan Christensen na capa. A legenda sob a foto dele leia-se:
A verdade sobre Ryan:
Sua ex-namorada diz tudo!
Apertei meus lábios e virei-me, ligeiramente repugnada que qualquer ex-
namorada teria a audácia de "contar tudo". Ele estava provavelmente
melhor sem ela.
— Ei, deixe-me ver isso! — Traci gritou, estendendo a mão para a
revista.
— Qual é o seu problema, Taryn? — Marie resmungou e bateu o pé. —
Você não acha que ele é quente? Quero dizer, olhe para ele!
— Não importa — dispensei. — Ele é apenas mais um cara que está todo
cheio de si mesmo. Além disso, eu tenho coisas melhores para pensar,
como por que George e Ted parecem bravos, porque eu não estou trazendo
suas bebidas com rapidez suficiente.
— Sim, como se esses dois velhotes estivessem com pressa. O único
lugar que eles vão é o seu próximo coma induzido pelo álcool — declarou
ela.
Dei-lhe o meu mais dramático e horrorizado olhar.
— Sobre quem vocês todas vão fofocar, uma vez que as celebridades
saírem da cidade? Você precisa encontrar alguém para falar. — Eu não
pude deixar de rir.
— Nós vamos apenas falar sobre você, Tar. Nós vamos sentar e falar
sobre quão divertida você costumava ser, enquanto usamos as teias de
aranha crescentes entre suas pernas para tricotar chapéus para os pobres!
— Marie me cutucou.
— Você é uma vadia! — Eu ri para ela.
— Sim! — Ela sorriu, fingindo que ia me sujar com a torneira de
refrigerante. — Mas você nunca vai me demitir porque eu sou sua melhor
amiga e você me ama!
Maldita por estar certa.
No dia seguinte, acordei com o sol irradiando brilhantemente através da
minha janela. Bocejei enquanto meus dedos descuidadamente se
atrapalharam para desligar o despertador. Contemplei voltar a dormir,
mas já eram nove horas e havia coisas que eu queria fazer hoje.
Com um gemido, joguei as cobertas de cima e pousei meus pés
descalços no chão de madeira frio do meu quarto.
— Brr — murmurei em voz alta. As pranchas de carvalho frígidas
enviaram um arrepio pelo meu corpo.
Fora da minha janela, freios do caminhão gritaram muito alto, fazendo-
me recuar e esquivar reflexivamente. Curiosidade fez-me na ponta dos pés
sobre o chão para encontrar a fonte do ruído.
Ah, Maggie está recebendo uma entrega, observei, olhando pela janela,
para o beco atrás do meu prédio.
Demorei-me no chuveiro quente, me ajeitando por alguns minutos
extras, enquanto minha mente estava mentalmente distraída criando
minha agenda. Quanto mais eu pensava nisso, mais longa minha lista de
tarefas ficava.
Peguei meu jeans favorito do cesto de roupa limpa e coloquei uma
camiseta branca sobre a minha cabeça, passando meus dedos pelo meu
cabelo louro e comprido para separar as ondas.
Depois de adicionar os toques finais de maquiagem e de rímel,
escorregueis pelos degraus e pela porta que dava diretamente para o pub.
— Boa tarde, meu adorável bar — eu disse em voz alta para ninguém. —
Hora de acordar e cumprimentar um novo dia. — Abri cada uma das
cortinas da janela, observando as partículas de poeira microscópicas
flutuarem na luz solar. Pensei sobre a limpeza das janelas novamente, elas
estavam parecendo um pouco sujas. Eu tenho que lembrar de pedir ao
meu amigo Pete se eu poderia emprestar a sua escada.
Isso teria que esperar. Era quarta-feira já e eu ainda não tinha
atualizado a minha placa de entretenimento para o fim de semana.
Primeiras coisas primeiro.
Deixei cair o pedaço de giz de volta na caixa e levei a placa de ardósia
atualizada para a calçada. Tive que apertar meus olhos; o sol estava
brilhante — mais ainda desde que eu acabei de sair de um pub escuro.
Uau!
É lindo aqui fora!
Eu me inclinei para trás em minha porta aberta, respirando fundo e
fechando os olhos por um momento para sentir a luz do sol quente em
minhas bochechas. Até mesmo o ar cheirava melhor hoje.
Talvez se eu abrir tarde hoje, eu poderia desfrutar deste bom tempo no
telhado com um bom livro na mão? Oh, o pensamento era muito tentador.
Razões para ficar de bobeira estavam começando a superar minha lista
de coisas a fazer, mas a parte responsável do meu consciente apagou
rapidamente isso. Não, tenho muito o que fazer lá dentro. Melhor ir logo…
em um minuto… o sol está tão bom…
Meus olhos relutantes instantaneamente se abriram quando ouvi os
sons frenéticos de mulheres gritando. Minha visão estava turva pelo sol
brilhante e levou aos meus olhos um momento para ajustarem-se ao
pandemônio vindo direto para mim.
Foi quando o avistei — o que parecia ser Ryan Christensen — correndo
a toda velocidade pela calçada. Seu corpo estava em rota de colisão direta
com o meu.
— Porta dos fundos? — Ele perguntou em pânico quando ele quase me
derrubou no chão. Tropecei desajeitadamente pela porta aberta, agarrando
o batente para me impedir de cair.
— Porta — rapidamente respondi, minha mão trêmula apontando para a
direção, mas ele já estava correndo através do pub.
Em vez de fugir pela porta da cozinha ao virar da esquina, ele voou pela
primeira porta que viu.
— Não, não é essa porta! — Gritei, tropeçando em meus próprios pés
enquanto o segui para dentro. Era tarde demais; ele desapareceu pela
porta que dava para o meu apartamento.
— Droga! — Xinguei em voz alta.
Uma fração de segundo depois que ele desapareceu da vista, a porta da
frente se abriu e bateu alto na parede. Um pequeno grupo de mulheres
invadiu o local; por trás delas haviam homens com câmeras, mas
estranhamente eles ficaram de fora.
— Whoa, espera lá! Espera! Oh não, não! — As palavras apenas
derramaram para fora da minha boca enquanto eu corria para a porta. O
instinto me dizia que eu tinha que pará-las antes que estivessem muito
longe dentro do bar. Era óbvio que era delas que ele estava fugindo.
— Nós o vimos entrar aqui — uma das mulheres que procurava
enlouquecida latiu quando tentou passar por mim.
— Não, ele não está aqui, ele correu para fora da porta traseira —
Guinchei, bloqueando seu avanço com os braços. — Se você correr pela
rua, você pode pegá-lo. — Eu esperava que minha mentira soasse
convincente.
— Vocês todas têm que sair daqui. AGORA! Não me façam chamar a
polícia! — Gritei enquanto as empurrava de volta para a porta.
No instante em que elas saíram, tranquei a porta atrás delas e bati o
interruptor de luz. Merda, o que eu faço? Comecei a entrar em pânico.
Havia uma grande multidão de fotógrafos e as pessoas começavam a
amontoar-se na calçada. Muitas delas já estavam esmagando o rosto no
vidro, tentando olhar em minhas janelas.
Mudei-me o mais rápido que pude, deslizando de joelhos sobre o
assento no banco de madeira, na primeira cabine ao lado da porta. Eu me
senti como um ser humano infeliz, o último sobrevivente, que tem que
afastar os zumbis atacando sozinha. Meu coração estava batendo no meu
peito quando abaixei as persianas em seus rostos intrusos.
Meus pensamentos giraram em círculos enquanto eu corria de janela em
janela. Eu estava tão preocupada em obscurecendo a vista que eu não
tinha notado onde ele estava.
Tentei reproduzir os últimos sessenta segundos outra vez na minha
mente. Ele ainda estava dentro ou ele conseguiu sair do edifício depois de
tudo?
Será que ele escorregou para fora pela porta dos fundos quando eu
estava distraída?
CAPÍTULO DOIS

Portas Abertas
Lentamente, abri a porta que conduz para o meu apartamento, meus
olhos se esforçando para ver se conseguia avistá-lo. Lá estava ele, sentado
encolhido no patamar superior, com o rosto enterrado em seus braços.
Suas mãos, tremendo levemente.
Eu podia ver que sua camisa tinha sido rasgada; partes de seu
estômago eram visíveis através de um rasgo esfarrapado. Meu Deus! O que
aconteceu com este pobre homem?
Eu me senti um pouco mais corajosa, já que ele estava obviamente em
perigo, assim abri a mais a porta e limpei minha garganta para que ele
soubesse que eu estava lá. Eu não tinha ideia do que dizer.
— Desculpe — suplicou ele, me advertindo com as mãos abertas. — Eu
não sou um maníaco louco. Por favor, por favor, não grite.
— Está tudo bem… está tudo bem. Eu sei quem você é — eu disse na
minha voz mais suave, tentando acalmá-lo. — Hum, você está bem?
— Não realmente — ele sussurrou. Ele estava com falta de ar, sua mão
cobriu seu coração. — Você pode me dar um minuto?
— Claro — sussurrei de volta. — Leve o tempo que você precisar.
— Essa não é a porta de trás? — Ele mal pronunciou, apontando o
polegar por cima do ombro para a porta atrás de si.
— Ah, não. Essa é a porta do meu apartamento.
Eu queria dar-lhe um pouco de privacidade, então comecei a retroceder
para fora da porta.
— Elas estão lá embaixo? — Seus dedos trêmulos cobriram seus olhos,
as palmas das mãos em suas bochechas. Olhei de volta para ele.
— Não. Não há ninguém aqui — eu tive que tomar outra respiração
profunda; meu coração ainda estava batendo pela onda de adrenalina.
— Botei todos para fora e tranquei a porta. Todas as persianas estão
abaixadas também, ninguém pode ver aqui dentro. Está tudo bem, você
está seguro aqui… eu, hum, vai deixá-lo sozinho agora.
Rapidamente fechei a porta e voltei para o bar para continuar a estocar
os coolers com garrafas de cerveja. Eu precisava me acalmar. Eu precisava
de uma distração.
Poucos minutos depois, a porta da escada rangeu e eu o vi olhar em
torno da parede para ver se o bar estava realmente vazio. Este pobre
homem parecia absolutamente aterrorizado. Lentamente, ele foi até a beira
do bar.
— Você se importa se eu ficar aqui por um tempo? — Ryan estava
falando tão baixo que quase não podia ouvi-lo.
— Sim claro. Por favor, sente-se — sussurrei, combinando com seu tom.
— Posso pegar algo para você beber? Refrigerante ou uma cerveja… talvez
até mesmo uma dose ou duas?
Ele estava segurando a cabeça entre as mãos, os cotovelos descansando
no bar.
— Posso, hum, tomar uma cerveja? — Ele suspirou.
Ele parecia abalado e sem condições de decidir que tipo de cerveja ia
beber, então eu rapidamente peguei uma caneca e lhe servi da torneira.
Ele começou a tatear os bolsos; suas mãos ainda estavam tremendo.
— Está bem. Por favor, não se preocupe com isso, é por conta da casa.
— Tem certeza? — Ele perguntou timidamente. — Você não tem que
fazer isso. Eu não quero que você fique em apuros.
— Não, está tudo bem. É o meu pub. Eu sou a proprietária — eu disse,
encolhendo os ombros ligeiramente.
Os olhos de Ryan se estreitaram em mim.
— Obrigado. Você não sabe o quanto eu aprecio isso. — Ele soltou um
grande e aliviado suspiro. Um pequeno sorriso apareceu em seus lábios.
— Sem problemas. Por favor, apenas sente e relaxe, e não se preocupe,
eu prometo que não vou incomodá-lo — eu disse suavemente. Ergui as
mãos para deixá-lo saber que eu estaria mantendo distância.
Peguei outro pacote de seis de cerveja da caixa de papelão e abri o
refrigerador novamente. Meu nervosismo fez com que eu quase deixasse
cair o pacote, derrubando mais garrafas dentro do refrigerador no
processo. Tive de me inclinar muito para chegar às garrafas que tinha
derrubado, e por um momento eu quase cai no refrigerador eu mesmo.
Senti-me muito desconfortável pelo meu desastrado descuido, sabendo
que ele deve ter acabado de ver meus pés vindo acima do chão, comecei a
corar.
Felizmente, a temperatura fria no refrigerador contrabalanceou o calor
subindo para as minhas bochechas. Talvez se eu ficasse aqui eu não teria
que olhar para ele?
Só então eu ouvi um telefone tocar. Tirei minha cabeça do refrigerador e
apalpei meu bolso, mas não era meu celular que estava tocando.
— Ei, Mike. Sim, estou seguro. Eu estou em um bar — Ryan murmurou,
tentando soar como se estivesse bem. A mão que esfregou a testa ainda
estava tremendo. Ele não estava bem.
Ele olhou para mim enquanto segurava o telefone longe de seu rosto. Ele
estava piscando rapidamente e ele pareceu confuso por um momento.
— Ahh, qual é o nome deste lugar?
— Mitchell’s Pub. — Deslizei um novo guardanapo com o nosso nome de
família nele em direção a ele.
— Um lugar chamado Mitchell’s Pub. Ouça, eu vou chamá-lo quando eu
estiver pronto. Estou apenas tomando uma cerveja. O meu motorista —
afirmou, como se ele pudesse ler a pergunta em minha mente. — Acho que
ele pensa que pode ser demitido pelo estúdio por perder o meu rastro.
Eu não tinha ideia do que dizer, então dei-lhe um breve sorriso e saí
correndo para a cozinha. Imaginei que ele quisesse ser deixado sozinho de
qualquer maneira; me distrair, estocando os refrigeradores parecia uma
boa ideia. Levei meu tempo para carregar duas caixas de cerveja para o
carrinho de metal e roda-los de volta para o bar.
Ele ainda estava sentado lá enquanto eu descarregava as caixas nos
refrigeradores do bar. Tentei não olhar para ele.
Ele provavelmente está cheio das pessoas o incomodando.
Assim que ele terminar sua cerveja, ele vai chamar o seu motorista.
Qual seria o ponto de falar com ele? Basta deixá-lo sozinho.
Ele olhou para mim enquanto esvaziei as caixas de cerveja nos
refrigeradores. Eu podia ver pelo canto do meu olho que sua cabeça se
virou e seus olhos me seguiram quando levei as caixas vazias de volta para
a cozinha. Eu ainda não podia fazer-me olhar para ele. Ryan limpou a
garganta quando voltei.
— Bem, você obviamente sabe quem eu sou. Posso perguntar qual é seu
nome? — Seu tom era muito educado e simpático.
— Taryn — respondi, olhando para ele por uma fração de segundo
através da cortina de cabelo que derramou do meu ombro. Puxei meu
cabelo para trás fora do meu caminho e tentei reorientar meus olhos em
arrumar os copos limpos que permaneciam no bar da pia.
— É bom conhecê-la, Taryn.
— É bom conhecer você também. — Meu nervosismo fez as minhas
respostas soarem involuntariamente indiferentes.
— Então, Taryn, você tem um sobrenome?
— Mitchell? — Rangi. Tanta coisa para parecer casual e não abalada.
— Ah, eu vejo — ele murmurou enquanto levantou o guardanapo do bar
com a insígnia de Mitchell’s Pub. — Tem certeza de que não se importa se
eu ficar por alguns minutos? Então eu prometo que vou estar fora daqui.
— Não é nenhum problema, realmente — sussurrei, dando-lhe um
sorriso breve e amigável.
Meus nervos estavam emaranhados em nós, então eu tinha de me
manter ocupada. Peguei um novo formulário de pedido de bebidas e levei-o
para a outra extremidade do bar para preenchê-lo.
Eu podia senti-lo me observando, mesmo que me recusei a olhar para
cima e confirmar esse sentimento. Talvez eu não devesse ter usado este
top hoje? Ele pôde ver na frente quando me inclinei? Fixei minha camisa
nos ombros, tentando ver discretamente se eu podia ver qualquer decote.
Vou ter que trocar minha camisa depois que ele for embora. Sua cerveja
está quase terminando.
Tentei não fazer contato visual com ele, mas ainda podia dizer que ele
estava olhando; sua cabeça se virou e seguiu cada movimento que fiz. Eu
me senti um pouco estranha em como ele olhou abobado para mim, então
peguei o controle remoto da televisão e liguei a TV grande de tela plana;
talvez ele precisasse de algo mais para olhar.
Mas ele não pareceu notar a televisão.
Eu me permiti uma outra olhada rápida para ele e observei que sua
testa estava franzida. Ele parecia confuso; ou isso ou ele estava imerso em
pensamentos.
— Você está bem? — Perguntei, preocupada.
— Sim, acho que sim. — Ele balançou a cabeça e passou os dedos pelo
cabelo. — Eu estava pensando, você é sempre assim falante?
Eu estava tentando parecer preocupada, preenchendo o suporte com
canudinhos. Eu sorri timidamente em seu comentário.
— Eu achei que você preferisse ser deixado sozinho. Tenho certeza de
que o silêncio e a paz devem ser refrescantes — murmurei, assumindo que
ele iria concordar.
Ele riu levemente em meus comentários.
— É, mas também é bom ser capaz de falar com uma mulher que não
está gritando para mim — disse ele, parecendo um pouco mais relaxado.
— Você não vai gritar comigo, não é?
— Não — eu disse no meu mais suave tom, não ameaçador. Foi quando
notei a laceração em seu rosto. — Você tem certeza que está bem? Eu não
sei se você percebeu, mas tem um muito grande arranhão em seu rosto. —
Agora que eu era capaz de realmente olhar para ele mais de perto, vi a raia
seca de sangue que escorria pelo seu pescoço.
Ryan esfregou os olhos e suspirou profundamente.
— Inacreditável — ele murmurou.
Abri o kit de primeiros socorros que eu guardava atrás do bar e escolhi
um algodão embebido em álcool.
— É tão ruim assim? — Perguntou.
Eu balancei a cabeça suavemente.
— Há um pouco de sangue. Não é tão ruim, mas deve ser limpo assim
mesmo.
— Eu posso sentir — Ryan murmurou enquanto corria os dedos sobre
as marcas levantadas. — Meu queixo dói.
— Não toque — adverti, puxando o kit de primeiros socorros para mais
perto. Tentei entregar-lhe o cotonete, mas ele parecia perfeitamente bem
em me deixar cuidar dele.
— Hum, você pode se inclinar um pouco mais? — Perguntei
nervosamente. Minha mão tremia um pouco enquanto eu passava o
cotonete em toda sua ferida, tentando ser o mais suave possível. Havia
realmente duas marcas de unhas distintas em toda a sua mandíbula,
embora uma barba cobria a maior parte do seu rosto. Eu vi seus olhos
amassarem; o álcool deve ter picado um pouco. — Sinto muito —
sussurrei. — Quase pronto.
Ryan estava olhando para o meu rosto, enquanto coloquei um pouco de
creme antibiótico sobre os riscos levantados. Notei que a cor dos seus
olhos era uma agradável mistura de azul e verde, tornando-os muito
marcantes. Era difícil olhar para qualquer outra coisa.
— Obrigado — ele disse, suave e sinceramente.
Limpei o creme restante do meu dedo.
— Eu não quero ser intrusiva, mas posso perguntar o que aconteceu
com você hoje? — Secretamente, eu estava morrendo para saber como ele
chegou nesta condição.
— Hum — ele começou — Eu tinha algumas coisas para fazer, mas acho
que não cheguei muito longe. — Um sorriso quebrado apareceu em seus
lábios enquanto ele coçou a sobrancelha com o polegar. — É realmente um
pouco constrangedor.
— Está tudo bem. Eu entendo se você não quiser falar sobre isso. —
Educadamente rejeitei a minha pergunta e fechei a tampa do kit de
primeiros socorros.
— Ahh — ele gemeu, mantendo-me engajada na conversa. — Eu saí
para ver se eu poderia comprar um presente para minha mãe; seu
aniversário é em poucas semanas. Eu tinha algum tempo livre hoje, então
escapei do hotel e fui andar. Consegui entrar em uma das lojas da rua,
mas não conseguiu encontrar qualquer coisa que eu quisesse comprar.
Ele tomou um gole de cerveja, fazendo uma pausa para recolher seus
pensamentos. Seus olhos focados no bar em vez disso.
— Quando saí da loja, havia um punhado de mulheres à espera de fotos
ou autógrafos ou algo assim. Eu tentei ser educado e ir embora, mas… —
Ele soltou um grande suspiro. — Uma menina me agarrou e tentou puxar
a minha camisa. Em seguida, a perseguição começou. — Seus lábios
torceram em desgosto. — Eu saí correndo e aqui estou. Eu sinto como se
tivesse sido assaltado.
— Parece-me que você foi assaltado. Você quer que eu chame a polícia?
— Não — ele disse, balançando a cabeça infinitamente. — Elas eram
apenas fãs excitadas.
Alcancei o topo da prateleira para a minha garrafa fechada de Johnnie
Walker Azul, pensando que nós dois precisávamos de algo especial para
nos acalmar.
— Você gostaria de um? — Perguntei.
Seus olhos se arregalaram e ele concordou com entusiasmo.
— Você tem bom gosto — ele elogiou.
Sorri brevemente e empurrei um copo cheio em sua direção. Ele bateu
seu copo no meu antes de virá-lo em sua boca.
— Você se importa se eu lhe fizer outra pergunta? — Perguntei,
hesitante. Eu ainda não tinha certeza se ele queria ser ignorado.
— Não, eu não me importo. Por favor, pergunte — Ryan estremeceu e
franziu os lábios da queimadura do uísque. Sua expressão era um pouco
divertida.
— Bem, estou apenas curiosa do porquê você estar andando por aí sem
escolta. Você não costuma ter guarda-costas com você?
— Sim, a maior parte do tempo — ele timidamente admitiu. — Eu
realmente queria ir para uma caminhada sozinho. Está lindo lá fora hoje.
Eu não achei que precisava de segurança para fazer isso, mas suponho
que deveria repensar isso, hein? — Disse ele, enquanto examinou o grande
rasgão em sua camiseta. — Droga. Esta era uma das minhas favoritas.
Não pude evitar em acenar de acordo com a sua declaração; uma dose
de uísque estava queimando minha garganta agora. Recarreguei nossos
copos; levaria mais de uma dose para me acalmar.
— Você poderia me dar licença por um momento? — Perguntei
educadamente. — Volto já.
Corri para cima para pegar uma camiseta para ele. Havia um enorme
buraco na sua e me senti terrível por ele. No meu caminho através do meu
apartamento, parei para verificar a minha aparência no espelho. Grande,
meus mamilos estão em posição de sentido. Acho que fiquei no
refrigerador por tempo demais? Tentei empurrá-los novamente conforme
escolhi uma camiseta limpa no cesto de roupa limpa. Ainda estava quente
desde quando a tirei da secadora esta manhã.
— Aqui. Por favor… pegue isso. — Entreguei-lhe a minha camiseta larga
favorita. É azul escuro e suave de muitas lavagens. — Sua camiseta está
realmente rasgada. Você não pode andar por aí assim. O banheiro é ali se
você gostaria de se trocar.
— Obrigado! Muito obrigado! — Ryan desenrolou a camiseta e olhou
para ela, parecendo muito confuso. — Espere, esta camiseta não pode ser
sua. É muito grande. É do seu…
Sacodi minha cabeça.
— Não, é minha… bem, costumava ser do meu pai, mas agora é uma
camiseta muito confortável para dormir. — Minha admissão me fez
encolher os ombros. — Acabei de lavá-la. Sinto muito, é tudo o que tenho.
Você não tem que… eu só pensei…
Ele sorriu para mim e puxou a camiseta do meu alcance. Ele amassou-a
na mão e partiu para os banheiros. A maneira como ele olhou para mim
me fez questionar se ele já foi tratado com carinho por estranhos. Meu
gesto pareceu surpreendê-lo.
Quando ele voltou, estendeu as mãos para os lados. Sua postura foi a
pergunta não dita para eu dar minha opinião.
Quando eu vestia essa camiseta me servia como um vestido, mas em
seu corpo, o algodão macio o cobria como uma segunda pele. Notei os
contornos de seu peito definido através do tecido fino e como as mangas
acentuaram seus bíceps musculosos.
Eu balancei a cabeça e sorri. Ele estava lindo na minha camiseta.
— Acho que serve melhor em você — murmurei, percebendo que a cor
fez seus olhos azuis ainda mais sedutores.
— É muito macia, e tem um cheiro muito bom. — Ele tinha a gola
puxada até seu nariz. — Obrigado.
— Por nada — sorri calorosamente. Fiquei satisfeita que ele não parecia
mais uma vítima.
— Então, você mora lá em cima?
Acenei concordando; meus olhos instintivamente foram até o teto. Eu
ainda não podia olhar diretamente em seus olhos.
— Meu apartamento é todo o segundo andar.
— Colegas de quarto? — Ele perguntou, quase me esperando dizer sim.
— Não, eu moro sozinha — informei depressa.
— Gatos? — Ele questionou.
Eu ri levemente em sua insinuação.
— Não. Sou alérgica a eles.
Ryan sorriu e empurrou o copo vazio para a frente no bar.
— Eu também — ele murmurou. Batemos nossos copos juntos e
tomamos a segunda dose de uísque.
— Você gostaria de outra cerveja? — Eu não quero supor.
Ele balançou a cabeça e sorriu.
— Sim por favor. Se você não se importar.
Enquanto eu estava reabastecendo o copo, o barril se sacodiu, enviando
um monte de espuma por todo o meu rosto, camisa e cabelo. Oh ótimo,
timing perfeito. Suponho que pela maneira como ele riu de mim, ele achou
que era divertido.
— Você tem o meu tipo de sorte — admitiu.
— Ugh — gemi, limpando-me com um pano de prato.
Ryan tinha um enorme sorriso no rosto. Por mais que eu estivesse
envergonhada, seu sorriso era muito contagioso. Abaixei-me para puxar o
barril vazio do refrigerador e engasguei um pouco quando notei que ele
tinha vindo ao redor para atrás do bar. Ele estava parado lá olhando para
mim novamente.
— Aqui, deixe-me ajudá-la. É o mínimo que posso fazer. — Ele
gentilmente limpou a espuma de cerveja do meu cabelo, em seguida,
moveu-me para fora do caminho para pegar o barril vazio. Corei enquanto
meu coração pulou uma batida.
Notei que quando ele estava ao meu lado, ele me cheirou; ele até se
inclinou para sentir melhor.
— É você que cheira a… pêssegos?
Olhei para ele com o canto do meu olho conforme eu, reflexivamente, me
afastei. Senti o cheiro de minha camisa para obter uma melhor
compreensão ao que ele estava se referindo.
— Acho que sim — respondi.
Ryan se inclinou mais perto e me cheirou novamente. Eu,
instintivamente, me inclinei para mais longe, quase me desequilibrando.
Suas narinas se abriram mais e um ligeiro sorriso apareceu em seus
lábios.
— Perfume com aroma de pêssegos? — Perguntou.
— Não. Apenas sabonete e loção para o corpo. — Por que esse cara
estava me cheirando? — Eu cheiro mal?
— Não. Muito pelo contrário. — Ele sorriu e respirou profundamente
pelo nariz, como se estivesse sentindo o mais agradável de todos os
aromas. Ele murmurou alguma coisa sobre ser o primeiro sob sua
respiração. Eu não entendi. — Então, você realmente possui esse lugar? —
Perguntou Ryan, levando o barril vazio para a sala dos fundos para mim.
— Você parece surpreso.
— Bem, eu não sou o melhor juiz da idade de uma mulher, mas você
não é do tipo jovem? Quero dizer, você parece tão velha quanto eu e você
possui o seu próprio negócio.
Sua observação não me incomodou. Eu estava acostumada a ter
pessoas fazendo suposições sobre a forma como eu era capaz de ter um
pub, estando apenas com vinte e sete anos.
— Bem, meu avô tinha o Mitchell original. Então, quando ele faleceu o
meu pai assumiu — informei a ele. — Meu pai morreu há pouco mais de
um ano atrás, tem sido meu desde então.
— Oh, eu sinto muito, sobre o seu pai — ele corrigiu. — E sua mãe?
Ela…?
— Não — murmurei. — Ela morreu há quatro anos, logo depois de eu
completar vinte e três.
— Uau! Sinto muito por ouvir isso. Então você tem irmãos ou irmãs?
Apenas balancei a cabeça.
— Não — dei de ombros, tentando parecer contente e alegre. — Apenas
eu.
Eu odiava o lembrete de que eu estava sozinha neste mundo. Virei o
carrinho para carregar um novo barril de cerveja enquanto a tristeza
tomou conta de mim.
— Aqui, deixe-me fazer isso. — Ryan colocou a mão na parte inferior das
minhas costas e gentilmente me tirou do caminho para que ele pudesse
assumir o carregamento do barril no carrinho. Pulei, muito ligeiramente,
quando seus dedos fizeram contato com meu corpo; fiquei surpresa que ele
me tocou.
Estávamos tão perto que eu podia sentir o cheiro que emanava de seu
corpo; ele tinha um aroma levemente picante, mas suave e viril. Ele
cheirava maravilhoso.
Respirei o cheiro dele o máximo que eu podia, só que eu não era tão
óbvia sobre isso.
Ryan deu ao barril um bom empurrão para obtê-lo no refrigerador sob
as torneiras. Por que notei os músculos dos seus braços flexionando? Tive
que afastar o pensamento da minha cabeça.
— Obrigado — sorri.
— Certo! Não há problema — disse ele alegremente. — Este bar é lindo.
— Ele esfregou as mãos sobre o trilho de mogno conforme ele voltou ao seu
lugar. — Você não vê mais artesanato assim. O entalhe e os detalhes são
magníficos.
— Meu avô construiu. — Sorri. — Toda vez que eu olho para isso, me faz
sorrir. Ele colocou tanto de si mesmo neste lugar. Todo esse trabalho em
madeira que você vê, foi feito por suas mãos. As cabines, os lambris, ele
construiu tudo isso.
Ryan se levantou e caminhou em direção a enorme coluna de madeira
que se estendia do chão ao teto.
— Seu avô era um homem talentoso. — Seus dedos estavam ocupados
traçando os intrincados padrões esculpidos no poste de carvalho escuro.
— Eu realmente gosto dos tijolos vermelhos expostos também. Este lugar
me lembra um pub que fui uma vez quando filmei na Irlanda. Tem aquela
autêntica sensação, sabe?
— Obrigado! — Respondi. Seu elogio parecia genuíno e me fez sorrir. —
Eu sempre achei que este lugar tinha o charme do velho mundo também.
Seu olhar rolou até o final do pub.
— Isto é um palco bem grande. Você tem bandas tocando aqui?
— Sim, somente às sextas-feiras e sábado à noite. Eu estive pensando
em fazer noites de microfone aberto durante a semana também.
Ryan estava distraído.
— Yamaha — disse ele em uma voz divertida, derivando os dedos pelas
teclas. — Seu piano?
— Sim — assenti. Por alguma razão desconhecida eu o segui para o
palco. — Esse é o meu bebê grandioso. Foi um presente de aniversário do
meu avô.
— Legal. Parece que você tem um sistema de som impressionante.
Iluminação e tudo. — Sua mão apontou e acenou no ar.
Os olhos de Ryan tremeram na parede oposta, e ele se afastou para
investigar uma outra parte do pub. Outra coisa que havia capturado sua
atenção.
— O que você diria sobre um jogo de bilhar? — Ele perguntou,
levantando uma sobrancelha para mim enquanto estava no arco de tijolos
que levava ao salão de sinuca.
— Você quer jogar bilhar… comigo? — Eu verdadeiramente olhei por
cima do ombro para ver se ele estava falando com outra pessoa, mesmo
que eu soubesse muito bem que não havia mais ninguém aqui.
— Claro! Isto é, se você quiser. Eu não tenho sido capaz de jogar em um
longo tempo. — Sua voz se arrastou, uma pitada de tristeza gravado em
suas palavras.
Balancei a cabeça, me perguntando por que ele quer passar mais tempo
aqui do que precisa. Talvez ele esteja apenas sendo educado?
— Eu não sei — sussurrei.
— Vamos, por favor? Apenas um jogo. Eu vou até mesmo deixá-la
ganhar.
— Por que, você não acha que eu posso vencê-lo por conta própria? —
Será que ele pensa que todas as meninas são ruins jogando bilhar ou ele
está apenas me provocando?
— Bem, eu não sei. Você é realmente boa? Você provavelmente vai
chutar a minha bunda — ele admitiu. — Mas eu acho que vou me arriscar.
Vamos lá, um jogo. Eu só preciso para colocar minha mente em outra
coisa.
— Ok, um jogo. — Concordei com a cabeça e comecei a escolher um
taco de sinuca. Ele foi bastante irresistível quando pediu assim.
— Vou arrumar, você pode começar — disse Ryan, colocando as bolas
de bilhar no triângulo de madeira.
Debrucei-me sobre a mesa na posição de tacada e acertei o taco na bola
branca, encaçapando uma bola listrada.
— Huh, acho que estou em apuros! — Ele riu.
Encaçapei a próxima, mas perdi a terceira. Era a sua vez.
— Então você é canhota? — Perguntou ele enquanto ele passou giz na
ponta de seu taco.
— Não, não realmente. Eu sou ambidestra — timidamente admiti.
— Ambidestra? — Ele sorriu. — Muito interessante.
Sua reação me fez sentir como eu se tivesse que explicar.
— Eu sou mais destra, mas jogo bilhar e atiro com a minha esquerda.
— Tentei escrever com a mão esquerda uma vez, quando meu braço
direito estava engessado, mas não saiu nada além de rabiscos. Você pode
escrever com a mão esquerda? — Ele fez um gesto como se estivesse
escrevendo no papel.
— Sim, mas parece estranho e só posso desenhar. Acho que eu teria
sido canhota, mas me lembro dos professores na escola primária me
forçando a usar minha mão direita ao invés. Sempre fiquei um pouco
confusa com qual tesoura usar.
Ele sorriu para mim novamente. Depois de todos esses anos, ele foi o
primeiro cara que já reparou isso sobre mim.
— Às vezes queria que eu pudesse escrever com ambas as mãos. Isso
provavelmente faria os autógrafos mais toleráveis. — Ele sorriu.
Ryan tentou uma tacada, mas perdeu. Seu copo de cerveja estava quase
vazio, então eu, rapidamente, fui até o bar e enchi um jarro de cerveja e
peguei um copo para mim. Eu sempre jogo bilhar melhor quando estou
relaxada, e eu estava tudo, menos relaxada neste momento.
— Posso perguntar o que você fez para ter que engessar seu braço? —
Olhei para ele enquanto me alinhava para a minha próxima tacada.
Ele sorriu inocentemente e riu.
— É uma história engraçada, na verdade.
— Eu gosto de histórias engraçadas. — Dei de ombros um pouco.
— Ahh, quando eu tinha cerca de nove anos de idade, meu irmão, Nick,
tinha onze anos, tivemos essa ideia brilhante de fazer um kart. Nós
usamos supercola em um dos cestos de roupa da minha mãe em um skate
e um…
Eu não podia deixar de fazer uma cara boba para ele.
— Espera, fica melhor — disse ele com uma risada. — No início, apenas
amarramos o cesto na parte de trás da bicicleta do meu irmão e eu, é
claro, tive que andar na parte de trás. Mas não conseguimos obter
velocidade suficiente. Então nós levamos a cesta para o topo da colina na
rua Doze. Subi e Nick me deu um empurrão. Você sabia que não pode
dirigir um cesto de roupa em um skate?
Eu podia imaginá-lo como uma criança descendo uma colina em um
cesto de roupa suja. Comecei a rir.
— É assim que consegui essa cicatriz bem aqui. — Ryan torceu o braço
direito para me mostrar a marca em seu cotovelo. — Vinte pontos. — Ele
sorriu com orgulho.
Balancei a cabeça e sorri, imaginando-o sendo um pequeno aventureiro
audacioso quando ele era jovem.
— Ei, soou como uma boa ideia naquele tempo!
Notei outra cicatriz em seu antebraço direito.
— Como você conseguiu essa? — Apontei para a marca em questão.
— Ahh, acidente de pesca. — Ele riu. — Nick novamente. Pegou-me com
um gancho, uma vez, enquanto estávamos pescando com nosso pai. Eu
gritei, ele arrancou, e eu consegui mais pontos. Depois deste dia, fiquei
longe dele quando estou pescando. E você? — Perguntou. — Tem alguma
boa história de cicatriz?
— Eu tenho que pensar sobre isso por um minuto. Espere, eu tenho
uma no meu joelho direito.
— Bem, sabe, você tem que mostrá-la para mim agora — ele brincou.
Hesitante, puxei a perna da calça para revelar a cicatriz circular do
tamanho de uma moeda no meu joelho. Fiquei aliviada que eu tinha
raspado as pernas esta manhã.
— Não me lembro se eu tinha seis ou sete anos, mas tenho essa do dia
que meu pai tirou as rodinhas minha bicicleta — admiti. — Acho que há
um pedaço ou dois de concreto ainda preso lá dentro. — Meu dedo
pressionou o local.
— Ha! É uma boa história, mas essa não é uma boa cicatriz. É quase
imperceptível — acrescentou depois de esfregar o dedo sobre a minha
marca fraca.
— Desculpe, é tudo o que tenho. Eu costumo ir direto quebrar os ossos
em vez de ficar com cicatrizes simples.
— Quantos? — Perguntou ele enquanto dava sua próxima tacada em
cima da mesa.
— O que? Ossos quebrados? Dois: pulso esquerdo e tornozelo direito.
— E há boas histórias junto com os ossos quebrados? — Ele perguntou,
parecendo esperançoso.
— Tornozelo direito não é tão emocionante. Escorreguei e caí sobre
alguns degraus com gelo na faculdade. — Tomei um gole do meu copo de
cerveja. — O pulso esquerdo, no entanto, tem uma linha mais intensa.
Vamos apenas dizer que foi o dia em que eu aprendi que tequila e patins
nunca devem ser usados na mesma frase.
Ryan começou a rir.
— Isso é algo que eu teria gostado de ver!
— E você? Alguma vez quebrou algum osso?
Ele olhou para mim e balançou a cabeça.
— Muito poucos realmente. Principalmente os dedos das mãos e pés,
mas eu quebrei meu braço esquerdo uma vez na escola. Estava jogando
beisebol e fui derrubado pelo batedor da terceira base.
Enquanto ele estava me contando sua história, errei minha tacada; era
a vez dele.
— Obrigado! Muito obrigado! — Ele brincou. — Você está me matando
aqui! Você acha que poderia ter, pelo menos, me deixado uma tacada?
Eu poderia dizer que ele estava apenas me provocando. Ele caminhou ao
redor da mesa à procura de um ângulo já que eu tinha escondido a bola
branca atrás da bola oito.
Notei que eu era capaz de olhar para ele agora por mais de dois
segundos de cada vez. Eu vi como os dedos de sua mão esquerda
formaram uma ponte, enquanto ele estava alinhando para dar sua
próxima tacada. Ele tinha dedos muito longos. Os músculos de seu
antebraço flexionaram quando ele balançou o taco na mão.
Do meu ângulo atual, observei suas pernas longas e como os bolsos de
trás da sua calça jeans curvavam em sua forma. E quando ele se inclinou
sobre a mesa, a minha camiseta azul separou do corpo, expondo um
pouco de carne apertada em seu estômago. Eu podia ver o que a grande
atração era para suas fãs… e não era suas habilidades no bilhar.
— Bola oito na caçapa do canto — eu disse enquanto peguei meu taco
de volta para fazer a tacada que ele tinha perdido. Com um movimento
preciso, bati na bola branca e encaçapei a oito.
— Bom trabalho! — Ryan levantou a mão e me deu um high-five.
Comecei a colocar meu taco de volta na parede quando ele me
interrompeu:
— Ah não! Você tem que jogar comigo de novo! — Ele entregou o taco de
volta para mim. — Estou apenas aquecendo.
— Ok, mais um — concordei. — Você pode começar dessa vez.
Quando foi minha vez de novo, notei que ele estava bem atrás da caçapa
que eu estava mirando. Eu estava alinhando minha tacada, mas era difícil
quando ele estava deslocando seu peso para trás e para a frente, de pé
para pé.
— Hum, você pode se mover? — Perguntei, apontando com a mão.
— O que? Estou incomodando? — Ele riu.
— Não. Bem, sim, é meio irritante, na verdade. — Alinhei-me para
minha tacada, concentrando-me no jogo. Ele se moveu alguns centímetros
e, em seguida, começou a girar o taco de sinuca. Seus movimentos eram
tal distração que perdi uma tacada fácil.
Seus olhos alternaram entre tentar jogar bilhar e me observar coçando
uma coceira falsa. Ele soltou um grande fôlego e perdeu a bola.
— Oh, boa tentativa — elogiei, condescendente.
— Eu vejo! — Ele riu. — Você não joga limpo também!
Sorri e dei de ombros; ambos fomos pegos tentando distrair um ao
outro. Ele torceu o nariz para mim e fez uma cara engraçada. Ele era
realmente muito adorável.
Quando me inclinei para fazer a tacada seguinte, ele estava diretamente
atrás da caçapa novamente. Desta vez, ele levantou a frente de sua
camiseta o suficiente para falsificar um arranhão no estômago. Eu podia
ver o cabelo em seu estômago, que era visível acima do botão da calça
jeans. Um pensamento um pouco impertinente passou pela minha cabeça,
mas, apesar disso fiz a jogada de qualquer maneira.
— Boa tentativa. Mas rodopiar o taco foi mais distração do que isso!
Tive que passar por ele, e quando fiz, ele colocou seu taco entre meus
pés, fazendo-me tropeçar. Ele me pegou com o braço livre para me impedir
de cair.
— Idiota! — Eu ri.
— Desculpe, eu não posso evitar, se você está caindo para mim — disse
ele, confiante.
— Pff, dificilmente — murmurei. Inclinei meu taco na parede.
— Vamos lá. Eu sinto muito. Eu não quis dizer isso. Não vá embora —
ele implorou.
— Eu só vou até o banheiro feminino — eu disse sobre meu ombro.
Ryan trotou atrás de mim.
— O que, você está me seguindo agora? — Brinquei.
— Dificilmente. — Ele sorriu um sorriso arrogante para mim e me deu
um pequeno empurrão inocente para a porta do banheiro feminino.
Alguns momentos depois, retomamos o segundo jogo e era sua vez de
tacar.
— Então, Taryn, diga-me. Você é uma fã de Seaside, também? —
Perguntou ele, monitorando a minha reação.
— Não. Eu não assisti — eu disse calmamente. Era a verdade. Eu tomei
um gole da minha cerveja, contemplando reabastecer meu copo.
— Você ainda não viu o filme? Sério? — Ele estava congelado em seu
lugar, de boca aberta para mim como se eu tivesse duas cabeças
crescendo nos meus ombros.
— Não, eu não assisti. — Acenei. Acho que ele ficou surpreso com essa
revelação; a boca aberta transformou-se em um sorriso.
— Sim, certo! — Ele bufou e tomou um gole de sua bebida.
— O que, você acha que estou mentindo para você? — Eu não podia
deixar de olhá-lo diretamente nos olhos.
— E sobre os livros de Seaside? Você leu algum deles?
— Não, eu não li. Embora, todo mundo que conheço leu. Acho que é por
isso que você é tão popular nos dias de hoje? — Dei de ombros e terminei a
minha cerveja.
Ele contraiu os lábios em um sorriso.
— Sim… acho que você está mentindo para mim. — Ele coçou a testa
novamente.
Sua acusação me irritou; não gostava de ser chamada de mentirosa,
mas, permaneci amigável. Levantei-me da minha cadeira e caminhei até
onde ele parou junto à mesa de bilhar. Parei dois pés na frente dele e olhei
diretamente em seus olhos, certificando-me de manter o olhar antes de
falar:
— Honestamente não vi o filme nem li os livros. Você pode ver nos meus
olhos que não estou mentindo. Não sei mais o que dizer para fazer você
acreditar em mim.
Ryan ficou perfeitamente imóvel, parecendo pasmo. Depois de alguns
segundos, quebrei nosso contato com os olhos e caminhei até a mesa onde
eu tinha colocado o jarro de cerveja. Enchi meu copo e olhei para ver onde
seu copo estava. Podia muito bem dar-lhe uma recarga, também. Dei um
passo em direção a ele, para servir sua bebida.
— O quê? — Perguntei com cuidado. Parecia que ele estava em transe.
— Eu disse algo errado? Eu… eu sinto muito, não vi o filme. Espero que
não te ofendi.
— Não! Isso está… perfeitamente bem — disse ele, uma sugestão de um
sorriso tocou seu rosto. Vi como ele praticamente engoliu todo o seu copo
de cerveja.
— Então, além de dar chutar bundas na mesa de sinuca, o que mais
você gosta de fazer? — Ele perguntou depois que ganhei oficialmente o
nosso segundo jogo.
— Muitas coisas — respondi rapidamente. Eu não sabia o que dizer a
ele. Eu estava muito ocupada me perguntando por que ele estava aqui
ainda passando tempo comigo. Certamente ele tinha coisas mais
importantes para fazer.
— Como o que? — Ele cutucou.
— Bem, eu gosto de tudo o que envolve água… natação, passeios de
barco, coisas assim. Durante o verão, algumas das empresas locais aqui
em Seaport tem uma liga softball. Às vezes, a gente joga voleibol na praia.
Mas, infelizmente, desde que assumi o pub, não tenho mais tanto tempo
livre como eu costumava ter. — Dei de ombros. — Eu trabalho muito.
Enquanto eu estava ocupada falando, Ryan arrumou a mesa para o jogo
número três. Notei que seu comportamento mudou ligeiramente. Ele
estava mais à vontade… relaxado… calmo. Era como se um cobertor de
tensão tivesse sido removido de seus ombros.
Eu estava me arrumando para começar, quando ele me interrompeu:
— Rápido, sem pensar, qual é o seu filme favorito de todos os tempos?
Levantei-me um pouco rápido demais. O movimento, juntamente com
vários copos de cerveja e doses de uísque afetou meu equilíbrio.
— Hum, hum — gaguejei, enquanto tentava descobrir qual era meu
filme favorito de todos os tempos. — Eu não sei se eu tenho um favorito
em particular. Eu tenho alguns, mas é difícil escolher.
— Ok, bem… o que compõe essa lista?
Suspirei profundamente através dos meus dentes.
— Monty Python e o Santo Graal, Galaxy Quest, qualquer coisa de
Pixar… — divaguei.
— Entendo. Você gosta de humor estranho. — Ele riu. Ele acertou um
monte de falas engraçadas do filme Monty Python. Era óbvio que ele tinha
visto o filme tanto quanto eu.
— Agora vá embora ou vou provocá-lo uma segunda vez! — Dissemos
em uníssono, ambos adicionando o sotaque francês na fala do filme. Isso
me fez rir em voz alta.
Foi a minha vez de tacar de novo, e assim quando eu estava pronta para
fazer minha jogada, Ryan gritou outra fala engraçado do filme. Eu não
conseguia parar de rir.
— Pare com isso! — Implorei, enxugando meus olhos.
Tentei fazer minha jogada novamente quando Ryan surgiu bem perto de
mim e disse uma frase de uma cena engraçada no Galaxy Quest:
— Existe ar? Você não sabe. — Ele cheirou o ar. — Parece bem.
Eu estava rindo tanto que não conseguia respirar.
— Pare! — Engoli em seco.
Cheguei a dar-lhe uma cutucada provocando com meus dedos. Ryan me
pegou pelo pulso e gentilmente me puxou, dobrando meu braço com o
dele, até que minha mão estava pressionada contra seu ombro.
— Ok, ok, ok — disse ele, rachando de rir novamente.
Eu podia sentir o calor de seu peito nas pontas dos meus dedos. Mesmo
que estávamos inclinados um no outro, rindo histericamente, minha
mente começou a cambalear por este toque inocente. Eu não podia me
permitir ter esses pensamentos sobre ele, então rapidamente puxei minha
mão.
Ele continuou fazendo vozes engraçadas e citando meus filmes favoritos.
Eu estava rindo tanto que perdi o terceiro jogo. Eu não conseguia me
concentrar com lágrimas de riso nos meus olhos.
— Você roubou! — Eu o repreendi.
— Quem, eu?
— Sim, Sr. Inocente!
Eu estava me preparando para minha próxima jogada, quando ele parou
atrás de mim. Olhei por cima do meu ombro; ele me deixou nervosa de pé
lá atrás.
— O quê? — Ele perguntou com um sorriso, como se não fosse nada.
Olhei de volta para a mesa e tentei bater na bola quando ele agarrou a
ponta do meu taco.
— Você não presta! — Brinquei com ele depois de quase não acertar a
bola branca.
— Não, você não presta. Você perdeu a tacada — ele disparou de volta
para mim.
Tentei acertá-lo com a ponta do meu taco, mas ele correu para longe,
rindo.
Ryan inclinou-se para dar sua tacada; ele estava prestes a bater na bola
branca quando fingi uma tosse alto.
— Huh, hum, você é uma droga.
Ele perdeu a tacada e nem sequer acertou qualquer bola. A bola rolou
lentamente até parar. Foi quando ele me perseguiu ao redor da mesa.
— É isso aí, você pediu! Ei, onde você está indo? Como se você pudesse
fugir de mim!
Eu dei duas voltas ao redor da mesa, rindo e gargalhando todo o
caminho.
Oito jogos de sinuca e uma jarra de cerveja depois, estávamos
empatados — quatro jogos para cada. Nós estávamos nos divertindo
muito. O tempo todo que jogamos, seu encanto nunca falhou. Mesmo que
provocávamos um ao outro, ele ainda me cumprimentou quando dei boas
tacadas, incentivou-me com palavras gentis quando eu tinha uma tacada
difícil de fazer, e ele sorriu para mim sem parar.
Nós continuamos assim como dois amigos de longa data. Ele me fez rir
muito. Estar em torno dele era surpreendentemente fácil. Toda essa
personalidade de celebridade escapuliu e ele era apenas — Ryan — um
cara verdadeiramente agradável.
— Tudo bem, este é o desempate. O vencedor ganha todos os direitos de
se gabar — disse ele, brincando e me acertando no traseiro com a ponta do
seu taco.
Seu rosto assumiu uma expressão séria quando ele se alinhou para a
sua próxima jogada.
— Posso lhe fazer uma pergunta, Taryn?
— Sim, claro, o quê? — Eu estava curiosa sobre o que ele queria saber.
— Bem, eu meio que estava me perguntando se você está casada ou
saindo com alguém. Eu não sei se poderia lidar com um cara ciumento me
atacando hoje, também — admitiu.
— Hum, não. Nunca fui casada. E, você não precisa se preocupar, não
há namorado ciumento também — respondi rapidamente, tentando ser
alegre e reconfortante sobre isso.
Após as palavras saírem da minha boca, desejei que eu pudesse
reformulá-las. Fiquei olhando para o chão com vergonha. É por isso que
eu não deveria beber cerveja — você fica muito honesta com as pessoas,
sua idiota. Ele provavelmente acha que você é um caso perdido que
ninguém quer.
Mas racionalizei que ele já havia sido abordado uma vez hoje; tenho
certeza de que uma briga de bar seria a última coisa que ele precisava
lidar.
— Você não está namorando alguém? — Ele parecia meio chocado.
Olhar nos olhos dele era como tomar uma vacina de soro da verdade.
— Não, ninguém — respondi honestamente.
Minha mente voltou até o último homem com quem namorei. Como
Thomas (O Idiota, como ele era conhecido agora) me pediu para casar com
ele, como ele prometeu me amar para sempre, e como dei o anel de volta
depois que descobri que ele tinha um apetite insaciável por sexo aleatório
com estranhos. Ele foi a última adição em uma pequena lista de caras que
quebraram meu coração em pedaços.
— Hmm, bom saber. — Ryan assentiu enquanto se inclinou para fazer
sua próxima jogada na mesa de sinuca. — Então, por que isso?
— Suponho que o homem certo não apareceu na minha porta ainda —
respondi casualmente, tentando me redimir.
Na realidade, os homens entravam e saíam da minha porta todos os
dias, mas eu tinha estado dormente por tanto tempo que eu nem sequer
me importei em observá-los. Minha necessidade de autopreservação era
mais forte.
Seus olhos prenderam nos meus enquanto ele propositadamente perdeu
a última tacada do jogo.
— Acho que ganhei todos os direitos de me gabar, então — sussurrei
depois que afundei a última bola em cima da mesa. Ele felicitou-me com
outro high-five suave.
Observei-o olhar para o relógio quando ele terminou sua bebida.
Presumi que ele estava pensando em ir embora, então um pouco espiei por
trás da persiana para ver se ainda havia pessoas ociosas na calçada.
— Está tudo limpo? — Perguntou ele, mesmo sabendo a minha
resposta.
— Não. Ainda há uma multidão lá fora. Eu vejo caras com câmeras e um
monte de mulheres.
— Isso é ridículo — ele suspirou e esfregou os olhos com os dedos.
— O que é pior, os paparazzi ou sua camiseta rasgada por psicopatas?
— É a mesma coisa — Ryan murmurou. — A maioria das fãs são
ótimas, mas algumas delas vão a extremos assustadores, como hoje. E os
paparazzi, bem, eles são implacáveis. — Sua voz soava tão derrotada.
— Você realmente não tem liberdade ou privacidade, não é? — Eu disse
o assunto com naturalidade quando olhei de volta para ele.
— Não — ele sussurrou. — Não mais.
Ele parecia completamente abandonado. Eu me senti muito mal por ele.
Como alguém poderia ter tudo e, ao mesmo tempo, não ter nada? Tive que
lutar contra a vontade de ir até ele e envolvê-lo em um grande abraço. Eu
não sabia mais o que dizer, além disso:
— Eu sinto muito.
Ele me deu um breve sorriso, mas a angústia em seu rosto era muito
fácil de ver.
— Eles não vão sair até que se certifiquem que você não está aqui, não
é? — Eu não queria dizer isso em voz alta, mas era uma questão que
precisava ser feita.
— Não. — Seus olhos vieram para cima para travar com os meus.
— Bem, você não pode simplesmente caminhar para isso! De jeito
nenhum! — Eu o imaginava saindo pela porta da frente e sendo atacado
novamente pela multidão de mulheres gritando.
— Que escolha tenho? — Ele suspirou. — Mesmo se eu conseguir
chegar à rua… — A voz dele falhou derrotada.
Minha mente estava tramando, como ganhar-lhe uma passagem segura
para fora daqui. O pensamento dele sendo abordado por aquela horda lá
fora, me irritou.
— Deixe-me ir verificar a porta de trás, ver se o caminho está livre.
Fique aqui, ok?
Ryan não respondeu; o brilho de esperança em seus olhos era
confirmação suficiente que ele estava disposto a aceitar a minha ajuda.
Olhei pela porta dos fundos; o beco estava vazio. Onde diabos ele iria
partir daqui? Meus olhos procuraram o beco para ter certeza de que não
havia perigo e então eu tive uma ideia brilhante.
— Alguém pode buscá-lo? — Perguntei.
— Sim. — Ele concordou com certeza.
Peguei meu celular.
— Maggie? Oi, é Taryn. Eu preciso te pedir um favor. Bem, você vê, eu
tenho um convidado muito especial dentro do meu pub e ele está
necessitando de uma saída segura. Quero dizer, ele é muito bem conhecido
e, hum, há câmeras e mulheres loucas fora do meu bar. Sim, ele é um dos
meninos do filme.
Meus olhos foram até ele e dei-lhe o meu melhor sorriso torto de
desculpas.
— Posso enviá-lo através de sua loja… através de sua porta dos fundos?
Não, ele só precisa chegar à rua… com segurança. Ok, obrigado Maggie.
Você é a melhor!
— Diga ao seu motorista para estacionar em frente à padaria Maggie’s,
na rua cinco, entre as ruas Elm e Mulberry, e ligar para você quando
estiver em posição. — Por que tenho a sensação repentina de estar
planejando alguma grande travessura em um suspense muito ruim? —
Você estará seguro. Maggie é uma senhora mais velha muito boa. Ela nem
vai saber quem você é. Ela vai deixá-lo sozinho.
Olhei para cima para vê-lo sorrindo para mim como se eu fosse uma
salva-vidas.
— As coisas que nós tomamos por garantidas — ele murmurou.
— Hmm? O que quer dizer? — Eu queria que ele explicasse.
— Nada — ele sussurrou, balançando a cabeça conforme uma pontada
de um sorriso tocou seus lábios. Ele puxou o telefone do bolso para
chamar seu motorista.
Dez minutos mais tarde, ele disse seu adeus.
— Obrigado, Taryn, por tudo. Sinto muito por colocá-la nisto hoje.
— Está tudo bem, Ryan. Você não precisa se desculpar. Foi bom
conhecê-lo.
— Foi muito bom conhecê-la, também. Huh, eu não me lembro a última
vez que me senti tão relaxado. Foi bom me sentir normal, por uma vez,
mesmo que fosse apenas por um par de horas. Tive realmente um grande
momento!
— Fico feliz em ouvir isso. Tive um grande momento também.
— Taryn, espero que possa confiar em você para manter o nosso tempo
juntos só entre nós. Nosso segredo. — Seus olhos estavam implorando, e
eu sabia que ninguém poderia saber sobre o nosso encontro.
— Não se preocupe Ryan — assegurei a ele. Eu, propositadamente, olhei
diretamente em seus olhos para ele saber que eu estava dizendo a verdade.
— Por favor, saiba que você pode confiar em mim. É tão meu segredo,
como seu. Eu juro que nunca vou dizer uma palavra sobre isso a ninguém.
Nunca, eu prometo.
Ele estendeu a mão para apertar a minha, então reflexivamente
respondi. Eu estava toda preparada para um aperto de mão amigável, mas
em vez disso ele torceu minha mão na sua e, sempre muito gentil, beijou a
palma da minha mão.
— Até mais — ele disse suavemente, ainda segurando meus dedos em
sua mão.
Senti meu coração saltar outra batida, uma vez que pulou no meu peito.
— Até mais — consegui murmurar.
Andei até a porta de aço cinza na cozinha e observei-o atentamente
enquanto ele passou para a porta oposta do outro lado do beco,
completamente desapercebido. Ryan parou na porta aberta e sorriu para
mim uma última vez antes de desaparecer na padaria.
CAPÍTULO TRÊS

Encontros
— Perdi alguma coisa? — Marie perguntou, seus olhos me avaliando de
cima para baixo em como provavelmente eu tinha a palavra "culpada"
escrita por todo o meu corpo.
— O que você quer dizer? — Tentei parecer alheia à sua acusação. Eu
não estava me voluntariando para qualquer coisa, eu prometi a ele.
Ela inclinou a cabeça na direção da janela onde dois fotógrafos
montavam guarda lá fora. Eu queria muito correr no andar de cima e
despejar alguns baldes de água da minha janela do segundo andar para
afastá-los.
— Eu não faço ideia. Talvez alguns dos famosos saíram do confinamento
— respondi categoricamente. — Você cortou algum limão? — Eu estava
procurando por um novo tópico, mantendo meu coração vibrando em
cheque; não havia nenhuma maneira que discutiria as últimas horas.
— Sim, mas estamos quase sem — ela resmungou.
Eventualmente, os paparazzi desapareceram, obviamente desapontados
que não conseguiriam a foto de milhões de dólares de Ryan Christensen no
meu bar. O resto da noite, minha mente permaneceu nas memórias do dia.
Ryan tinha sido tão encantador, tão amável e engraçado. Eu senti remorso
por ter dito em voz alta que ele estava cheio de si mesmo. Eu não poderia
ter estado mais errada sobre uma pessoa. Seus olhos azuis salpicados
foram tão hipnotizantes quando ele olhou para mim ao beijar minha mão.
Que estranha me senti a partir deste encontro casual. Eu me permiti um
breve sorriso antes de forçar a minha mente de volta a gerenciar meu pub.
Eu sabia que nunca iria vê-lo novamente; nós viemos de dois mundos
diferentes que não foram feitos para existir juntos.
No dia seguinte, eu tinha algumas coisas para fazer; eu tinha evitado as
compras de supermercado por tempo suficiente. Eu também tinha bandas
reservadas para as noites de sexta e sábado e certamente significava que
teríamos multidões muito maiores do que o normal. Completei minhas
compras de alimentos pessoais e, em seguida, enchi meu carrinho com
limões frescos, limas e laranjas para o bar antes de ir para o caixa.
Eu peguei a fila com o menor número de pessoas, pensando que assim
ia sair da loja mais rápido. Quão tolo da minha parte assumir que seria o
caso. A senhora idosa na minha frente começou a discutir com o caixa, e
você sabe que as coisas só vão piorar quando o caixa chama alguém para
uma verificação de preço. Apenas, sorte.
Passei meus olhos sobre as capas das revistas que enchiam as
prateleiras, tentando matar o tempo. A maioria das capas tinha deliciosas
fotos de itens assados, cercados por palavras como "baixo teor de gordura"
e "diet" ou fotos de atrizes de Hollywood maquiadas à perfeição. O absurdo
de tudo isso me fez rir.
Estudei as imagens dos astros de Hollywood que enchiam as capas do
resto das revistas até que meus olhos focaram em um rosto familiar com
penetrantes olhos azuis. Lá estava ele — Ryan Christensen — uma nota
lateral ou seu rosto na capa de todas as revistas de fofocas na prateleira.
Olhei alguns dos títulos em torno de suas imagens:
Estrela de Seaside: Ryan — toda a verdade.
Ryan Christensen — O ator mais quente do planeta!
Ryan Christensen, ator de Seaside, e seu bagunçado triângulo amoroso.
Por mais que eu desprezasse aquelas revistas, a curiosidade mórbida
levou o melhor sobre mim. Peguei o primeiro com “Toda a Verdade”
anunciado e folheei-a até que me deparei com o artigo em destaque de
Ryan. As páginas estavam cheias de imagens brilhantes dele tentando
parecer discreto em algum clube, fotos do set do filme e fotos dele
posando.
Não havia nenhuma "verdade" como o título prometia. Todas as palavras
que rodeavam suas fotos eram nada mais do que dicas sobre especulações
de escândalos e acusações de suas indiscrições.
Conforme digitalizei através das fotos, parecia que eu sabia mais
"verdades" e fatos sobre este homem do que essa revista patética. Durante
o nosso tempo juntos Ryan tinha revelado muito sobre si mesmo —
indiretamente, somente pelas minhas observações — e diretamente através
de suas histórias.
Notei Ryan esfregando muito a testa quando ele estava estressado, como
ele tinha o hábito de estralar os dedos e como ele mordia o interior de seu
lábio quando iria refletir sobre alguma coisa.
Minha mente deslizou ao longo das quatro horas incríveis que passamos
juntos ontem. Essas memórias de Ryan eram diferentes das visões
rebocadas na revista. Ele era bom, cara-a-cara, assim como um cara
normal.
Por mais que ele fosse o tipo e amigável, notei outros traços de caráter
que a maioria das pessoas provavelmente não viram. Muitas pessoas
consideram atores francos e sociáveis, mas Ryan não era nada disso. Ele
era tímido, mas muito brincalhão, péssimo em paquera e um pouco de um
introvertido… assim como eu.
Mas através da decisão de sua carreira, alguma boa sorte e talvez algum
momento incrível, o status de Ryan foi elevado de cara normal a quase
semelhante a Deus durante a noite. Qualquer chance que ele tinha de ser
uma pessoa normal foi destruída pela fama. Essa constatação me deixou
triste. Eu tinha pena dele.
Meus lábios franziram juntos, quando li a legenda sob uma das
imagens: "Ryan e Suzanne — aos beijos dentro e fora do set". As palavras
lançaram visões em minha mente dele beijando cada menina que
apresentava uma oportunidade. Ele era desejado por tantas que ele
poderia escolher.
Meu monólogo interno começou novamente. Ele, provavelmente, tem
uma garota diferente em sua cama todas as noites, assim como o meu ex-
noivo, Thomas. O pensamento me revoltou completamente. Fechei a
revista e a empurrei de volta na prateleira.
Na sexta-feira à noite, eu havia substituído os pensamentos de Ryan
Christensen, por cerca de trinta diferentes receitas da bebida mista. Fiquei
feliz de ver uma multidão de tamanho decente apreciando o guitarrista que
eu contratei. Ele envolveu a multidão com uma boa mistura de músicas
populares, e eu não conseguia parar de dançar atrás do bar. Vou ter que
reservá-lo novamente, pensei para mim mesma enquanto misturava dois
uísques com Coca-Cola para um cliente.
Avistei Pete, meu leão de chácara do fim de semana e amigo de longa
data, quando fiz a varredura da multidão. Ele tinha 1.92m, construído
como um linebacker com um pescoço grosso real e um cavanhaque bem
aparado e era parcialmente loiro, mas principalmente careca. Ele não era
difícil de perder. Imaginei o que estivesse errado para fazê-lo deixar seu
posto na porta da frente. Notei que ele estava acompanhando um jovem
com cabelo castanho curto e jeans rasgados, até onde eu estava. O menino
parecia um adolescente mais velho, mas definitivamente não velho o
suficiente para estar em um bar.
— Taryn — Pete gritou por cima da música. — Esse garoto diz que tem
uma entrega para você.
— Você é Taryn Mitchell? — Perguntou o rapaz.
— Sim, sou eu.
— Tenho uma mensagem para você — ele disse em voz alta, enquanto
entregava um envelope branco para mim.
Abri o envelope; no interior havia uma carta escrita à mão.
Tive que ler a nota duas vezes; não compreendi na primeira vez. Isso
significa que ele gosta de mim? Ele quer ver… a mim? Por quê? Então, eu
posso ser a terceira perna de algum novo triângulo amoroso? Assim, ele
poderia começar a curtir com a seleção local, enquanto está na cidade? Ele
era uma super celebridade e eu não era — e, tanto quanto eu queria vê-lo
novamente, sou inteligente o suficiente para saber que nada duradouro
poderia vir disso.
Peguei uma caneta ao lado da caixa registadora, mordi a tampa com os
dentes, e com toda a minha força e determinação escrevi NÃO na parte
traseira do guardanapo do bar. Meu coração estava batendo por esta ação
comum, mas estranhamente dolorosa. Ele não era o primeiro cara que
havia negado, mas ele era definitivamente o primeiro, negando em um
guardanapo através do serviço de mensageiro adolescente.
Ryan Christensen não era material para um namorado de longa data e
eu não tinha nenhum interesse em ter um caso de uma noite com
qualquer pessoa, independentemente de quão famoso eram — então por
que até mesmo começar? Eu não poderia colocar meu coração para este
aqui.
Engoli em seco, dobrei o guardanapo e entreguei-o ao rapaz.
— Por favor, dê isso a ele, Jason — murmurei sombriamente. Eu
esperava não me arrepender desta decisão.
Meus olhos foram para o meu fiel amigo.
— Pete, certifique-se que este jovem chegue com segurança em seu
carro. — Fiquei lá parada e vi quando o menino saiu pela porta da frente
com a minha resposta na mão, enquanto uma velha dor familiarizar
causou uma fissura no meu coração quebrando-o um pouco mais. Seria
mais uma longa noite desprovida de amor.
Na manhã seguinte, os sons dos pássaros cantando fora da minha
janela me puxaram do meu sono sem sonhos. Meu quarto estava cinza;
não o amarelo brilhante e ensolarado que eu esperava acordar. O tempo
parecia combinar perfeitamente com o meu mau humor. Respirei fundo e
segurei o ar em meus pulmões por um momento antes de expirar com
força, enquanto uma visão de Ryan apareceu em meus pensamentos.
Empurrei meu cabelo para trás da minha testa e tentei esfregar o sono dos
meus olhos. Talvez se eu pressionar meu crânio com força, a visão
desapareceria?
Conforme marchei meu caminho pelo corredor até o banheiro, meus
pensamentos piscaram de volta a mim escrevendo "não" em um
guardanapo. Por que eu fiz isso? Ele pediu meu número de telefone e eu
me acovardei.
Uma fração de segundo depois, a racionalidade se afundou em mim. Ele
não era apenas um outro cara com o potencial de arrancar seu coração e
entregá-lo a você, enquanto ainda está batendo. Ele seria capaz de muito
mais danos do que isso.
Mas ele queria me ver de novo — então deve pensar que sou atraente o
suficiente. Afinal, sua última namorada conhecida era linda.
Dei um longo olhar para mim mesma no espelho, tentando ver se
poderia concordar com a sua avaliação.
Puxei o laço de cabelo do meu rabo de cavalo, escovando meu cabelo
comprido. Meu bronzeado de verão estava desbotado, minhas marcas de
biquíni estavam quase desaparecidas, mas eu ainda tinha um pouco de
brilho em meu rosto.
Liguei a torneira, espirrando um pouco de água fria sobre meus olhos.
Quanto mais eu esfregava, mais o azul dos meus olhos aparecia.
— Nada mau para 27 anos de idade — sussurrei em voz alta para o
espelho.
Mas e daí se ele gosta de mim — então o quê? Eu devo adicionar uma
pessoa famosa na minha pequena lista de amigos? No fundo do meu
cérebro, a dúvida deslizou para fora de sua gaiola.
Apesar gesto exterior de Ryan, como eu poderia competir com as muitas
estrelas de Hollywood lá fora? Todas elas esperando nas sombras para
ensacar seu próprio protagonista. Com suas roupas de grife, cabelos de
estilista e bronzeados de alto brilho — para não mencionar suas figuras
assassinas, seios de silicone e contas bancárias podres de ricas. Exemplos
delas foram listados convenientemente nos tabloides de supermercado, e
todas elas estavam em busca de um de sua própria espécie. Ryan
Christensen estava definitivamente na lista de solteiros elegíveis.
Então imaginei por que pensei que as famosas, atrizes solteiras seriam
diferentes de mim. Elas também tinham seu quinhão de inferno, estrelado
com a perda de seus homens com as vagabundas dos sets de filmagens e
infidelidade. Mesmo as belas atrizes ficam de coração partido.
E então meus pensamentos depressivos pioraram. Indo diretamente
para as lindas atrizes à procura de maridos sendo a legião de modelos
superquentes à procura de seu próprio doce braço. Ooh, olhe para mim,
eu tenho um ator superquente no meu braço.
Se ele não fosse um ator extremamente famoso no momento, qualquer
uma destas mulheres alguma lhe dariam a hora do dia? Acho que não.
Droga, enquanto estou fazendo a lista, por que não acrescentar todas as
filhas elegíveis dos ricos e poderosos… e ainda por cima várias milhões de
mulheres comuns em torno do planeta que matariam por uma chance com
Ryan Christensen.
Isso seria entrar em uma longa e terrível fila por um homem.
Oh inferno, qual é o ponto? Em poucas semanas ele terá ido de qualquer
maneira. Longe para outro local, para fazer seu próximo filme com
algumas co-estrelas totalmente sexy que ele vai se ligar, e sem perder
nenhum momento, eles vão, certamente, tentar entrar nas calças um do
outro.
Todos os dias, milhões de pessoas vão para o trabalho, mas quantas
delas têm romances falsos ou enfiam a língua na boca de outra pessoa
para viver?
Querido, tenha um grande dia no trabalho e espero que você tenha uma
boa ação de língua no set hoje! Oh, você está fazendo uma cena de amor
hoje com uma atriz quente e solteira? Bom para você! Devo chamar o
advogado agora ou esperar até que você me deixe oficialmente por ela?
Quantas vidas pessoais dos atores foram arruinadas por causa disso?
Eu me perguntei se seria possível para alguém como Ryan ter um
relacionamento normal. Talvez ele fosse seguir os passos de tantos outros
antes dele e se ater apenas a breves relacionamentos com uma variedade
de atrizes?
Pensei sobre a maioria dos relacionamentos entre os atores — apenas
um punhado deles estavam entre os atores e os seres humanos normais.
As probabilidades estavam contra mim, independentemente.
Balancei meus dedos pelo meu cabelo para dispersar os pensamentos.
Estou apenas me iludindo para pensar que isto — seja o que for — alguma
vez pudesse dar em algo.
Hora de voltar para o mundo real, Taryn. Homens assim não se
apaixonam por pessoas comuns como você. De repente, me senti muito
insignificante, tudo de novo.
— Por que você está em um humor tão ruim? — Marie resmungou para
mim enquanto fazia uma bebida. Ela me conhecia bem o suficiente para
saber que algo estava errado.
Eu tinha passado o dia inteiro me batendo internamente; às nove horas,
minha luta interna atingiu o lado de fora do meu corpo.
Balancei a cabeça e tentei dar de ombros. Melhor amiga ou não, não
havia nenhuma maneira que eu derramaria meu segredo para ela; meu
fiasco privado se tornaria de conhecimento público para todos que
estavam no bar, pois certamente ela me castigaria em voz alta pelo resto
da noite.
Ela olhou de soslaio para mim, exigindo uma resposta.
— Algo não funcionou do jeito que eu esperava. — Achei que era uma
resposta boa o suficiente para lhe dar. Conheci um cara maravilhoso,
peculiar que poderia me fazer muito feliz, mas ele também é muito famoso
e nunca poderia ser meu…
— Você quer falar sobre isso? — Perguntou Marie.
Eu sabia que ela se importava comigo, mas isso era algo que eu não
podia compartilhar.
— Não — respondi suavemente. — Não há nada a falar. Eu vou ficar
bem.
Eu estava grata que tinha uma grande multidão de estranhos se
misturando no pub; era comoção suficiente acontecendo para eu ficar
distraída. Uma das minhas bandas locais favoritas acabou de arrumar seu
equipamento no palco e logo estaríamos todos desfrutando um pouco de
rock. Pete segurou sua posição habitual, sentado em um banquinho
dentro da porta, certificando-se de verificar todos as identidades e
recolhendo uma pequena taxa de cobertura para a banda.
Quando olhei em volta, tudo o que sempre foi estável e constante na
minha vida estava assim como deve ser. Aceitei que minha decisão foi uma
escolha sábia e saudável e manteve-me firme na minha decisão.
A noite avançava e Marie e eu estávamos dançando atrás do bar, como
de costume, misturando bebidas e deslizando copos e garrafas para os
nossos clientes.
A música estava tocando, a multidão era pesada e meu mau humor, a
maior parte, foi embora.
Todo mundo estava tendo um bom tempo.
Eu estava esperando o pedido de um cliente, quando, de repente, senti
um aperto forte ao redor do meu antebraço e unhas afiadas escavando na
minha pele.
— Marie! O que você está fazendo? — Perguntei, olhando para sua mão
me apertando. Meus olhos foram para o rosto dela e percebi que ela estava
ficando branca; sua boca estava escancarada. Olhei ao redor do bar, na
direção de seu olhar petrificado; eu não sabia qual era o problema.
— Marie?
Eu fiz a varredura da multidão rapidamente e então eu o vi — Ryan
Christensen — e um pequeno grupo de pessoas que filtravam através da
multidão.
Um dos meus clientes regulares, Dan, começou a bater a mão várias
vezes no bar para chamar minha atenção.
— Taryn, Pete quer vê-la agora!
— Marie, me solte! — Gritei, retirando seus dedos do meu braço. Saí
pela outra extremidade do bar e fiz meu caminho através da multidão para
a porta da frente. Pete estava segurando uma grande multidão quando
finalmente o alcancei.
— Taryn! O que diabos eu deveria fazer? Eu tive que deixá-lo entrar, ele
pagou!
— Pete, não podemos deixar entrar mais pessoas. Estamos no máximo
agora. Tudo que eu preciso são os bombeiros aparecendo - eles vão me
fazer fechar — gritei por cima da música.
— Bem, então você tem que dizer a todos eles que não posso deixá-los
entrar! — Pete apontou para a multidão que se estendia por todo o
caminho pela calçada.
— Pete, basta fechar a porta e sentar-se em seu banquinho na frente
dela. Vou pegar Dan para ajudá-lo. — Pisei na calçada e levantei a voz
para falar à multidão esperando.
— Sinto muito a todos, mas estamos na capacidade máxima. Se você
gostaria de entrar, terá que esperar até que outros clientes saiam.
Corri de volta para o bar e rapidamente localizei Dan.
— Oh, Dan, outra coisa… — Virei para pegar em seu braço musculoso.
— Se a multidão lá fora ficar fora de controle, chame a polícia, em seguida,
venha e me avise imediatamente.
Corri para trás do bar; em todos os anos que estava no negócio, nunca
tinha tido uma multidão deste tamanho antes. Os clientes eram de duas a
três pessoas no fundo no bar. Isso era uma loucura.
Avistei um homem corpulento, de pé na extremidade oposta com
dinheiro na mão. Sua postura era um pouco intimidante. Marie ainda
estava tonta de ver Ryan; ela estava tendo um momento difícil em atender
aos clientes e lembrar os pedidos de bebida.
— Oi, o que eu posso fazer por você? — Perguntei ao homem corpulento.
Imaginei que ele fosse segurança pessoal dos atores. Ele encaixou seu
olhar.
— Olá — disse ele, sorrindo para mim enquanto recitou um pedido de
bebidas.
Olhei em volta procurando Ryan; eu sabia que ele estava aqui em algum
lugar. Nossos olhos bloquearam quando o encontrei; ele estava encostado
na parede de tijolos na porta da sala de sinuca, com os braços cruzados
sobre o peito — olhando para mim com um leve sorriso. Já havia um
enxame de meninas em torno dele, mas ele não parecia estar prestando
muita atenção a elas. Ele estava conversando com um cara ao invés.
Quando eu estava misturando seu pedido de bebidas, notei que duas
das famosas atrizes de seu filme também estavam no meu bar. Alguns
clientes do sexo masculino estavam tentando romper o campo de força
feitos pelos guarda-costas que as rodeava.
Ryan parecia estar tendo um bom tempo. Ele tinha um grande copo de
cerveja na mão e ele estava rindo e sendo bastante sociável, com seu
grupo, mas não tanto com o público em geral.
Eu me senti estranha pensando sobre o nosso primeiro encontro e
minha rejeição quando ele pediu meu número. Eu estava tão nervosa de
vê-lo mais uma vez que tentava ignorá-lo, mas era difícil. Eu podia sentir
sua presença ao meu redor.
Eu estava na extremidade do bar à espera de um cliente quando Marie
me cutucou com o cotovelo.
— Ele está sentado no bar! — Ela gritou com entusiasmo. Ela estava se
contorcendo tanto, que pensei que ela ia fazer xixi nas calças.
— Eu tentei servi-lo, mas ele disse que quer falar com você! — Ela
balbuciou enquanto apontou o dedo para mim. Lancei os olhos para o
outro lado do bar. Ele estava sentado casualmente com os braços
cruzados, vestindo um pequeno sorriso, no mesmo banquinho em que ele
se sentou na primeira vez que esteve aqui. Continuei a cuidar do meu
cliente atual, antes que eu fizesse minha abordagem. Eu não ia me
apressar.
Caminhei lentamente em direção a ele, cuidando de vários clientes em
meu caminho, enquanto minha mente estava piscando um milhão de
pensamentos diferentes. Posso dizer oi? Eu deveria fingir que não o
conheço? Eu gostaria de ter mais alguns metros para andar, mas eu havia
o alcançado.
— Oi! — Patético como soou, era tudo que eu poderia forçar-me a dizer.
— Oi, também — disse ele, dando um sorriso sexy. — Como você está?
— Surpresa? — Dei de ombros. — E extremamente ocupada, graças a
você! — Tentei soar indiferente.
— Isso é bom, eu acho. — Seus olhos foram para o palco. — Você tem
um ótimo entretenimento aqui esta noite.
— Obrigado. Esses caras são ótimos. Eles tocam aqui bastante.
Senti-me sorrindo para ele enquanto falávamos, conforme minha mente
vagava pelas memórias da última vez que ele esteve aqui. Não importa o
que, ainda era fácil de falar com ele. Isso foi até que me dei conta de que
as pessoas estavam olhando para nós.
— Então, eu posso encher seu copo? — Perguntei, tentando ser casual
com ele como se fosse apenas mais um cliente. Pulei de volta para o modo
de negócios.
Ryan rapidamente terminou sua cerveja e colocou o copo vazio em
minha direção. Enquanto eu caminhava até as torneiras de cerveja, voltei
a olhar para ele; seus olhos tinham me seguido e ele estava sorrindo. Eu
não poderia evitar, além de sorrir de volta.
— Quanto lhe devo? — Ele enfiou a mão no bolso da frente.
Acenei com a cabeça novamente em desaprovação.
— Nada, é por conta da casa; conheço o proprietário. — Dei de ombros.
Eu estava tentando ser indiferente.
— Você não tem que fazer isso, você sabe. — Ele fez uma careta para
mim.
Enruguei meu nariz para ele em resposta à sua expressão infeliz.
Ele me imitou, até que um sorriso abre em seus lábios.
— Obrigado… Taryn. — Aqueles seus penetrantes olhos azuis
aceleraram meu pulso.
Havia tantas pessoas no bar, eu tinha que me afastar e esperar o
próximo cliente. As pessoas gritavam pedidos de bebida e acenavam com o
dinheiro.
Tão logo eu viro meus olhos, três mulheres o abordaram. Elas estavam
rindo, jorrando excitadamente, flertando e tentando levá-lo a posar com
elas, para que pudessem captar o momento de celebridade em seus
telefones com câmera.
Meus lábios se curvaram em desgosto. Eu estava feliz por tomar decisão
que tomei. Era uma fila muito longa para chegar a esse homem. Tentei
ignorá-lo novamente.
— O que posso fazer por você? — Perguntei ao cara de boa aparência
que estava esperando por uma bebida. Ele murmurou alguma coisa
ininteligível; a música misturada com o barulho de pessoas falando e
gritando tornou-se quase impossível de ouvir.
Ouvi Ryan espirrar um par de vezes seguidas. Minha atenção se voltou
automaticamente para ele. Perguntei-me: ele está pegando um resfriado?
Enfiei alguns guardanapos brancos na frente dele caso ele precisasse de
um lenço. Eu não estava olhando, quando os coloquei perto de sua mão;
sorri quando senti as pontas dos seus dedos quentes escovando sobre os
meus.
— Desculpe, não entendi. — Coloquei minha outra mão ao redor do meu
ouvido, então meu último cliente chegaria ao ponto. — O que você
gostaria? — Perguntei novamente.
— Você é linda! — Ele gritou para mim.
Fiz uma careta ao ouvir suas palavras e sua estúpida tentativa de
chegar em mim.
— Obrigado — respondi categoricamente. — O que posso fazer por você?
— Eu estava ficando impaciente.
— O me diz do seu número de telefone? — Ele gritou de volta para mim
logo que ele estava quase levantando seu corpo no bar.
Notei que depois que falou, ele olhou para seus amigos para que eles
pudessem reconhecer sua bravura.
Olhei para baixo e sorri quando o constrangimento me fez corar. Minha
regra de ouro era não sair em encontros com clientes aleatórios,
especialmente os que eram idiotas.
— Obrigado. Estou muito lisonjeada — respondi com um sorriso
indiferente. — Mas desculpe, a única coisa que você vai conseguir deste
lado do bar é álcool.
Meus olhos voltaram para Ryan, que estava sentado ali olhando para
mim com um sorriso maroto no rosto.
— Oh, vamos lá! — O jovem me implorou. Eu apenas balancei a cabeça
negativamente.
Alguns homens sentados no bar provocaram o pobre rapaz.
— Ooh, queimado! Ouch!
Eu dei-lhes um olhar de desaprovação.
— O que você quer beber? — Perguntei de novo, tentando ser mais
cordial. Na realidade, ele tinha dez segundos para responder antes que eu
passasse para o próximo cliente.
— Três lagers — ele finalmente gritou de volta.
Dez pedidos de bebidas mais tarde, eu estava fazendo um whisky azedo
para um cliente do sexo feminino, quando notei uma das atrizes,
Francesca LeRoux, abordando Ryan. Francesca era jovem, de pernas
longas, super magra, com cabelos castanhos lisos e longos. Ela parecia
uma modelo. Ela estava inclinada sobre o ombro de Ryan com o braço em
torno dele, sussurrando em seu ouvido.
Aconteceu de eu estar olhando quando ela passou os dedos pelo cabelo
de Ryan. Ele estremeceu e inclinou a cabeça longe do seu toque. Eu
poderia dizer que o incomodou. Por que isso me incomodou? Havia algo
sobre a maneira como ela tocou-lhe que me irritou. Alguns momentos
depois, Ryan se mudou de volta para a mesa com ela, para se juntar seu
grupo. Ele se sentou em uma das cabines laterais, mas havia tantas
pessoas ao seu redor, que a minha visão foi obscurecida.
— O que ele disse para você? — Perguntou Marie. Ela estava saindo de
sua mente com curiosidade.
— Eu dei a ele uma cerveja. Ele disse obrigado. — Dei de ombros. — É
isso aí.
— Você tem Ryan fodido Christensen em seu bar e você não fala com
ele?
— Marie, o que eu deveria dizer? — Eu não iria ter essa conversa com
ela, então fui embora.
Ryan ficou na mesa com seu grupo, embora eu não estava tentando
manter o controle sobre seu paradeiro. Três guardas de segurança
volumosos pairaram em torno deles, mantendo a população em geral na
baía. Eu vi algumas mulheres conseguirem se espremer através do grupo e
conseguir um autógrafo e eu desejei que elas o deixassem sozinho.
Perguntei-me se a maneira como ele passou o dedo debaixo de seu nariz
para coçar era outro tique nervoso, mas ele começou a espirrar
novamente.
Ele deve estar ficando resfriado.
Enquanto estava servindo outro pedido de bebida, minha mente
contemplou sobre o que era o grande negócio de conseguir a assinatura de
alguém em um pedaço de papel. Era simplesmente o ato de pará-lo em
tudo o que ele estava fazendo, para fazê-lo reconhecer a presença de outro
ser humano?
Assino meu nome várias vezes ao dia — principalmente em cheques
para pagar as contas — mas não é como se a empresa de energia estivesse
em minha porta flertando ou gritando o meu nome para me fazer assinar o
cheque.
Eu vi quando ele rabiscou seu nome na parte inferior da camisa de uma
garota. O que possuem essas meninas para desejar que ele escreva em
suas roupas com marcador permanente?
Embora eu tenha notado uma coisa: algumas das meninas que se
aproximou para incomodá-lo variaram de muito bonitas a muito atraentes,
mas todas elas pareciam ser formas sem rostos para ele. Ele nem sequer
realmente olhou para elas. Era como se ele também estivesse no modo
negócios.
— Olá! — Gritou uma voz masculina que me tirou dos meus
pensamentos privados.
Olhei para cima para ver um homem de boa aparência, vestindo um
paletó sobre uma camisa de botão, cabelo escuro e grosso, pequenas
covinhas em suas bochechas, sem anel de casamento na mão que
descansou no bar.
— Oi. O que posso fazer por você? — Meus olhos se adaptaram a este
novo homem bonito.
— O que você tem na torneira? — Ele perguntou, piscando um sorriso
sedutor para mim.
Listei os dez tipos diferentes que eu tinha na torneira e entreguei-lhe um
menu de cerveja engarrafada disponível apenas no caso.
— Hmm, você me deu muitas opções. O que você recomenda?
— Bem, isso depende — respondi — você prefere uma cerveja encorpada
mais escuro ou uma maltada light?
Ele se inclinou ainda mais no bar.
— Você não está facilitando as coisas para mim. Por que você não
escolhe uma? Tenho certeza de que vou gostar do que você escolher.
Saí sorrindo e pegando um copo novo ao longo do meu caminho. Bati
uma das cervejas mais populares e deslizei o copo ao longo do bar para
ele.
— Mmm, isso é bom! — Ele sorriu e piscou para mim. — Você tem bom
gosto! — Seu elogio me fez rir. Ele não foi o primeiro homem que me dizer
isso.
— Meu nome é Mark. Qual é o seu?
— Taryn — respondi, perguntando se ele iria pagar a cerveja que acabei
de servir.
— É um prazer conhecê-la, Taryn. — Mark sorriu e estendeu a mão para
mim.
Eu não queria ser rude, então apertei sua mão.
— Sua mão é macia — Mark elogiou.
— Obrigado — eu disse cautelosamente, tentando terminar com o aperto
de mão.
Antes que eu percebesse, o homem fechou sua mão ao redor da minha,
prendendo minha mão na sua. Puxei contra seu aperto, mas ele era mais
forte do que eu. Meu sorriso desvaneceu-se rapidamente conforme não
gostei do aperto que ele tinha sobre mim.
— Alguém já te disse como você é linda? — Ele sussurrou. Sua mão livre
começou a acariciar do meu pulso até o antebraço, do mesmo modo que
você acaricia um gato doméstico. Meu estômago torceu em um nó.
Tentei puxar minha mão livre, mas ele manteve segurando.
— Solte a minha mão — eu disse calmamente, de forma quase
provocando.
— Eu não posso. Não até que você me diga por que estou tão atraído por
você — Mark ponderou, como se fosse minha culpa que ele não podia
controlar-se.
Puxei várias vezes enquanto ele tentou flertar desajeitadamente comigo,
mas eu não poderia sair do seu aperto.
— Solte. Minha. Mão. — Enfatizei cada palavra.
Olhei por cima do ombro, surpresa em ver Ryan em pé, bem atrás dele.
Sua cerveja estava em uma mão e os dedos da outra mão estavam enfiados
em seu bolso; seus olhos estreitos estavam fixos nos meus. Próximo a ele
estava um dos seus guarda-costas.
— Oh Taryn — Mark mostrou seu melhor sorriso para mim. — Eu não
posso deixar você ir! Desde que você foi tão boa em escolher uma bebida
para mim, acho que você deve escolher um restaurante para mim levá-la.
— Acho que não — respondi friamente, cansada de seu jogo.
— Oh, vamos lá, querida. Não seja assim! — Seu tom me fez estremecer.
Ele arrastou o dedo presunçoso por cima do meu pulso.
Ryan olhou para o meu novo admirador e de volta para mim; seu rosto
estava mostrando sua preocupação. Balancei a cabeça levemente,
esperando que Ryan ouviria minha advertência. Eu não quero nenhum
problema.
Duas mulheres jovens se aproximaram de Ryan e tentaram chamar sua
atenção. Uma delas agarrou seu braço. Ryan imediatamente levantou o
cotovelo, obviamente descontente com seu comportamento e intrusão. Ele
quase derramou sua cerveja. Eu podia ver que ele não gostava de pessoas
tocando-o também.
Repeti, levantando minha voz irritada com Mark.
— Solte a minha mão. São três dólares pela cerveja.
— Vamos lá. Você deve sair comigo! Nós vamos ter um monte de
diversão, eu prometo. — Seu tom gotejava coerção, mas ele finalmente
soltou minha mão.
— Não. Isso nunca acontecerá. Três dólares, por favor.
Ryan ergueu a mão para as meninas e eu pensei tê-lo ouvido dizer: "por
favor, não agora" para elas. Seu guarda-costas imediatamente interveio.
— Basta dar uma chance! Eu sei que você sentiu alguma coisa agora
mesmo, quando segurei sua mão. Havia uma conexão lá. Não negue! —
Mark pressionou.
Ryan estava olhando para ele agora. Sua raiva era evidente.
— Desculpa. Eu não senti nada — afirmei categoricamente, mantendo
todas as emoções fora do meu tom. Esse cara estava além de ser um
idiota.
— Você feriu meus sentimentos — Mark, pateticamente, fez beicinho.
Marie estava me olhando com o canto do olho também; nós sempre
olhamos uma pela outra. Nós somos amigas desde o ginásio e trabalhamos
no bar juntas há tanto tempo, que temos o sinal para perigo pronto. Puxei
meu pano de prato do bolso de trás e deixei-o cair no chão.
— Quem é o seu novo amigo, Taryn? — Marie gritou para mim.
— Oh, este é Mark — eu disse em voz alta apontando para ele. — Ele
quer me levar para jantar, mas eu realmente quero que ele apenas pague a
sua cerveja. É um tal dilema!
Ryan riu sutilmente.
Meu novo admirador finalmente pegou a dica. Ele tirou três notas de
seu dinheiro dobrado, jogou no bar, e se virou num acesso de raiva. Ele
quase esbarrou em Ryan quando ele saiu de seu local.
Ryan sorriu para mim antes de levantar o copo para tomar um gole de
sua bebida. Lancei meus olhos entre Ryan e o assento vago, esperando que
recebesse a dica. Ele não desapontou.
— Posso atualizar sua bebida para você, senhor? — Eu disse em um
tom brincando enquanto peguei o copo do bar.
Ele riu um pouco e acenou com a cabeça. Coloquei o copo na pia e lhe
servi uma cerveja fresca em um copo novo.
— Poderia também lhe interessar uma dose de uma das tequilas mais
suaves que você já provou? — Coloquei sua nova cerveja na frente dele.
— Definitivamente interessado — ele afirmou diretamente, seus olhos
penetrantes presos nos meus.
Alcancei o topo prateleira atrás do bar e passei meus dedos em torno de
uma garrafa transparente com tampa redonda, prata.
— O que é isso? — Ele perguntou, tentando ler a garrafa.
— Tequila Gran Patrón Platinum. — Servi duas doses.
— Um brinde aos… fãs psicóticos! — Brindei, levantando meu copo no
ar.
Ele bateu seu copo no meu e nós dois viramos as doses em nossas
bocas.
Ryan enfiou a mão no bolso e tirou um maço de dinheiro, mas balancei
a cabeça para ele.
— Não. Guarde seu dinheiro — sussurrei quando recolhi os copos
vazios.
Ele franziu a testa para mim. Instintivamente, fiz uma careta para ele.
Então, como se tivéssemos dois anos de idade, ele mostrou a língua para
mim! Casualmente esfreguei meu dedo médio em toda a minha
sobrancelha. Nós dois começamos a rir.
Quando olhei de volta para ele, Suzanne Strass, a outra atriz que o
seguiu até o bar, estava pairando em torno dele. Ela sussurrou algo em
seu ouvido; tudo o que ela disse o fez revirar os olhos e apertar os lábios.
Ele não parecia feliz com o que ela disse.
Sem dizer uma palavra, ele se levantou e voltou para a mesa com seu
grupo original, onde permaneceu durante o resto da noite. Eles tinham
várias rodadas adicionais de bebidas e pareciam se divertir. Notei Suzanne
tentando se esconder enquanto balançava com a música. Ryan sentou-se
de frente em minha direção, e de vez em quando ele em encarava até que
nossos olhos se encontrassem.
Os olhos azuis de Ryan eram hipnóticos e eu não podia deixar de sorrir
cada vez que um de nós foi pego olhando.
Ele era extremamente bonito, mas havia algo mais. Ele não se mantinha
em alta conta; ele só queria se misturar.
Os olhos de Ryan seguraram os meus por um momento extra. Ele sorriu
para mim, inclinou a cabeça um pouco, e então começou a desabotoar a
camisa. Eu estava curiosa para saber por que ele estava se despindo em
meu pub. Eu não conseguia desviar o olhar.
Ele bateu a mão sobre o peito e se esticou. Foi quando percebi que ele
estava usando minha camiseta azul sob todo o resto.
Eu ri para mim mesmo; não pude conter meu grande sorriso. Ele ergueu
as sobrancelhas um par de vezes e piscou para mim.
Era quase uma hora da manhã, quando seu grupo se levantou para
sair. Ryan ficou lá olhando para mim enquanto colocou seu casaco. Ele
deixou escapar um suspiro, em seguida, virou-se e dirigiu-se para a porta.
E assim, sem palavras, nenhum adeus, ele se foi. Felizmente, quando as
celebridades saíram, assim fez a maior parte da multidão. O pub estava
destruído. Nós quase ficamos sem a maioria das garrafas de cerveja que eu
tinha abastecido nos refrigeradores, bem como a maioria das minhas
reservas de bebidas. Garrafas, copos e jarros vazios cobriam a maior parte
das mesas.
— Quão louco foi isso? — Pete gritou enquanto nos ajudou a recolher o
lixo.
Marie levou bandeja após a bandeja de copos sujos para o bar, mas,
apesar da enorme confusão que a aguardava para limpar, ela ainda estava
sorrindo de seu encontro com as celebridades.
— Eu não posso acreditar que eles vieram aqui! — Ela riu. — Eu ainda
estou nervosa!
Sorri para ela. Ryan e seus amigos eram apenas pessoas que queriam
ter um bom tempo esta noite também.
— Uma coisa é certa: Ryan Christensen não conseguia tirar os olhos de
você — ela me provocou.
Gemi para ela por apontar isso.
— E você não revire seus olhos para mim também! — Ela repreendeu.
Deixei escapar um grande suspiro enquanto as visões de Ryan
passaram pela minha mente. Nós olhamos demais um para o outro, esta
noite.
Por que ele tentou me proteger? Começou a lavar os copos sujos
tentando não pensar sobre isso, mas eu estava falhando miseravelmente.
CAPÍTULO QUATRO

Jogos
— Você apareceu no jornal — Tammy anunciou, jogando a seção local
de segunda-feira do jornal The Times Seaport na minha frente. Meu
querido amigo Pete estava segurando a outra mão de Tammy. Ele puxou
uma cadeira para que Tammy pudesse se juntar a mim na mesa grande,
redonda no meio do pub.
Fiquei muito feliz quando Pete colocou esse anel de noivado no dedo de
Tammy. Ele a amava muito e ela certamente o faz feliz. Tammy era uma
querida e uma grande amiga.
— Nós aparecemos? — Perguntei enquanto folheava o jornal para
encontrar o artigo.
— Sim, você está na página dois — respondeu ela.
— Onde? — Eu não vi o artigo.
— Lá, a imagem. — Tammy apontou.
Estudei a foto das pessoas ao lado de fora da minha porta da frente. A
legenda dizia: “O local noturno, Mitchell’s Pub, teve uma longa fila de
espera no sábado, quando foi relatado que celebridades que visitam a
cidade estavam lá dentro.”
— Só isso? — Marie perguntou quando ela leu sobre o meu ombro. —
Nenhuma história?
— Tanto faz. Vou aceitar a publicidade grátis — brinquei. — E por falar
em longas filas… aqui, isto é para vocês. — Puxei dois envelopes do bolso e
deslizei um para ambos Pete e Marie.
— O que é isso? — Perguntou Pete, olhando dentro do envelope. Ele
contou. — Aqui tem quinhentos dólares!
— Bem, nós tivemos uma noite de sábado monumental e eu queria
compartilhar os lucros com vocês. Você dois trabalharam muito duro e eu
queria dizer obrigado em mais do que apenas palavras.
— Obrigado! — Ambos disseram em uníssono.
O marido de Marie Gary tentou agarrar o envelope dela.
— Tire as mãos, senhor! — Ela gritou, batendo em sua mão. — Eu ralei
minha bunda por isso!
— Sim, Gary! Mantenha suas mãos fora desse dinheiro! — Eu o
repreendi. — Marie precisa de tudo isso. Talvez dessa forma ela vai ser
capaz de permanecer no jogo mais esta noite.
— Oh, eu vejo! — Pete gritou. — Você pensa que vai ganhar esse
dinheiro de volta hoje à noite, não é? — Ele sorriu para mim.
— Está certo! Estamos aumentando as apostas de hoje à noite em um
quarto de dólares. E quanto mais cedo você embaralhar as cartas, mais
cedo eu vou ser rica — brinquei com ele.
— Marie… enquanto você está lá, você pode pegar uma tigela para os
pretzels, por favor?
— Então nós não estamos jogando por um quarto de dólares? — O rosto
de Pete caiu.
Tammy o cutucou no braço.
— Eu tenho certeza que Taryn está brincando.
Marie estava cavando em um dos armários atrás do bar quando o
telefone tocou.
— Boa noite, Mitchell’s Pub.
Olhei para ela, confusa por suas ações.
— Não responda a isso. Estamos fechados, lembra?
— Não me desculpe. Nós não estamos abertos hoje à noite. O pub estará
aberto amanhã há uma hora. Claro, espere um minuto. — Marie segurou o
telefone em seu ombro. — Taryn, telefone para você.
— Quem é? — Sussurrei para ela.
Ela encolheu os ombros, sem se preocupar em perguntar.
— Eu não sei.
— Olá? — Respondi.
— Taryn? Oi, é Ryan. Como você está?
— Bem! E você? — Por que ele está me ligando?
— Eu estou bem. Eu estava pensando se o bar está aberto. Cal e eu
estávamos à procura de algo para fazer e pensei em jogar sinuca — Ryan
divagava.
— Bem, na verdade estamos fechados às segundas-feiras — disse eu,
lamentavelmente.
— Oh, o que você está fazendo, então? — Perguntou.
— Eu estou apenas passando o tempo com alguns amigos. Às segundas-
feiras jogamos pôquer.
— Você disse pôquer? — Ele soou como se não acreditasse em mim.
— Sim — eu ri nervosamente. — Nós jogamos todas às segundas-feiras.
— Isso parece divertido! — Ryan declarou.
Eu podia ouvir outra voz masculina no fundo pedindo ao Ryan para
explicar.
— Jogando pôquer — Ryan falou com alguém.
— Oh, inferno, sim! — A voz no fundo respondeu em voz alta e com
entusiasmo.
— Então, acho que esta é a parte onde eu pergunto se você quer se
juntar a nós? — Eu ri.
— Eu não sei. Há um monte de gente aí? — Ele perguntou, preocupado.
— Não, apenas quatro dos meus amigos. É isso aí.
— Apenas quatro? Você se importaria se nós fôssemos? — Ele parecia
esperançoso. — Gostaríamos muito de jogar; precisamos sair do hotel.
— Não, eu não me importo. Ou seja, desde que você não traga seus fãs
psicopatas com você. Aliás, vamos jogar valendo dinheiro.
Ryan riu no meu ouvido.
— Você vai ter que nos esgueirar-se para dentro. Podemos chegar
através do beco.
— Hmm, parece que você já pensou sobre isso — o acusei.
— Talvez — ele disparou de volta. — Nós estaremos aí em meia hora.
— Quem era? — Perguntou Marie. Seus olhos se estreitaram em no meu
rosto.
Sentei-me de volta à mesa grande e corro o dedo ao redor da borda do
meu copo de cerveja.
— Era… — respirei fundo. — Ryan.
— O que? Quer dizer, como Ryan Christensen? — Marie praticamente
pulou de sua cadeira.
— Sim. — Eu estava lutando contra um sorriso.
— E? — Ela olhou para mim.
— Ele e alguém chamado Cal vão se juntar a nós esta noite.
Tammy saltou para cima da mesa, quase derramando sua bebida.
— Cal? Cal Reynolds? Quer dizer o ator Cal Reynolds que interpretou o
irmão de Charles, Randolph, em Seaside?
— Quem é Charles? — Perguntei.
— Charles! Você não sabe quem Charles é? — Tammy guinchou para
mim.
Deslizei mais para trás em minha cadeira balançando a cabeça. Ela,
meio que, me assustou por um momento.
— Charles é o personagem que Ryan Christensen interpreta em Seaside!
— Sua expressão me fez sentir estúpida, como se estivesse me faltando um
pedaço grande de conhecimento comum.
— Ok, se você diz. Ele disse Cal, por isso, se é o mesmo Cal, então sim
— respondi.
— De jeito nenhum maldito jeito! — Tammy gritou. — Eles estão vindo
para cá?
— Calma, Tammy. Eles estavam aqui na noite de sábado. Bem, Ryan
estava, mas não acho que Cal estava. De qualquer forma, ouça, não é
grande coisa, ok? Eles são apenas pessoas normais. — Tentei fazê-la
descer das nuvens.
— Vocês todos terão que ser legais sobre isso. Eu não quero ouvir
nenhum de vocês fofocando sobre eles estarem aqui, também. Vocês têm
que prometer. PROMETAM! — Balancei o dedo para eles. — Eles só
querem jogar pôquer com a gente, então todo mundo apenas relaxe. — Os
olhos de Marie estavam inchados em sua cabeça. Ela sabia que eu estava
segurando.
— Tudo bem, Taryn, derrame! Que diabos está acontecendo aqui? Ryan
Christensen só apareceu aqui, aleatoriamente, sábado à noite e agora não
é grande coisa que ele vá se juntar a nós para o pôquer?
— Eu o conheci no outro dia — relutantemente, confessei com um
suspiro. — O rapaz que veio aqui na sexta à noite tinha uma mensagem de
Ryan. Ele enviou-lhe para pedir o número do meu celular.
— Isso faz sentido agora — Pete respondeu.
— O quê? — Pensei que a cabeça de Marie sairia do seu corpo. — Ele
pediu o seu número?
— Sim, está bom? — Eu disse um pouco na defensiva. — Mas eu não
dei a ele. Eu acho que é por isso que ele apareceu aqui no sábado.
Marie estava sacudindo a cabeça violentamente.
— Ryan fodido Christensen solicitou seu número de telefone e você não
deu a ele? Eu estou ouvindo isso corretamente?
Apenas dei de ombros e revirei os olhos.
— Você está fora de sua mente? — Marie gritou para mim enquanto
puxava seu próprio cabelo.
— Tenho meus motivos.
— O que? Que razões você poderia ter? Um dos caras mais quentes do
planeta quer o seu número de telefone, mas você tem razões? É melhor
esta merda não ser sobre Thomas, porque eu vou chutar o seu traseiro eu
mesma!
— Não, isso não tem nada a ver com Thomas. Ryan é uma celebridade
pelo amor de Deus! Ele está na cidade apenas por um par de semanas. O
que você quer que eu faça? Apenas me deitar para ele, porque ele é
famoso?
— Eu iria — ela disse, mas o olhar que Gary lhe deu a fez recuar em seu
comentário. — Quero dizer, se eu fosse você, eu iria.
— Bem, você deveria me conhecer melhor do que isso. Você, de todas as
pessoas. — Seu julgamento a meu respeito machucou. — Olha, ele é uma
boa pessoa, e se ele quiser que sejamos amigos, enquanto ele está na
cidade, estou bem com isso. Mas não vou ter meu coração esmagado de
novo, por qualquer pessoa. E eu, certamente, não vou me iludir a pensar
que ele quer um relacionamento comigo!
Minhas próprias palavras ardiam. Levantei-me da mesa e corri para o
banheiro. Eu não queria continuar esta conversa. Boa o suficiente para a
luxúria, mas não boa o suficiente para o amor passou pela minha mente
como um sinal elétrico rolante.
Marie e Tammy me seguiu até o banheiro. No segundo que Marie passou
pela porta, ela me puxou para um abraço.
— Sinto muito — ela sussurrou em meu ouvido. — Eu não queria
chateá-la.
— Está tudo bem. Eu chateei a mim mesma. — Olhei por cima do ombro
na parede de azulejos quando ela me apertou. — Ryan é muito, muito
legal. Ele é engraçado e gentil e… ele é o tipo de cara que eu poderia
facilmente me apaixonar. Mas eu não posso. Eu não vou me permitir ser
pega assim. Ele é uma celebridade! Ele tem meninas fazendo fila por ele.
Tive que desviar o olhar. Mais uma vez me encontrei interessada em um
homem inalcançável.
— Oh, Taryn — Tammy disse enquanto esfregava minhas costas — ele,
obviamente, gosta de você! Por que outra razão você acha que ele está ao
redor? Não seja tão dura consigo mesma. Você é uma mulher linda,
impressionante. E você não sabe o que o futuro nos reserva.
— Eu sei porque ele está ao redor — murmurei, sabendo que ele é um
homem com necessidades. — Se ele quer ser meu amigo: bom; e se ele
quer jogar pôquer: isso é bom também. Mas, por favor, por favor, não faça
um grande negócio sobre isso e não me pressione sobre ele tampouco.
Vocês duas são minhas melhores amigas, e se você me ama e se importa
comigo, então você vai entender que eu não quero ser usada ou me
machucar novamente. E eu não estou interessada em um caso de uma
noite.
— OK. Nos entendemos — Marie disse, me soltando. — Ryan fodido
Christensen, huh? — Ela parecia completamente atônita. — Tem certeza
de que não quer tê-lo apenas por uma noite e depois nos contar tudo sobre
isso e talvez tirar fotos?
Eu sorri.
— Não, absolutamente não.
— Ei, valeu a pena perguntar! — Brincou ela.
Vinte minutos mais tarde, encontrei Ryan e Cal na porta de trás do pub.
Eles chegaram em um SUV comum, e assim que o carro parou, os dois
homens saltaram do veículo e disparou em minha porta aberta.
— Ei, você! — Ryan me cumprimentou com seu sorriso torto. — Taryn,
este é Cal.
— Oi Cal, é bom conhecê-lo — eu disse educadamente enquanto
esticava minha mão. Eu nunca o tinha visto antes, então não houve
associação de celebridade em minha mente quando o conheci. Ele era
apenas mais uma pessoa normal para mim.
— Oi Taryn! É muito bom conhecer você também. — Cal sorriu
largamente para mim, então piscou os olhos e ergueu as sobrancelhas
para Ryan. Avistei o cara dar um aceno de reconhecimento com a cabeça.
— Ryan me diz que você tem um lugar agradável aqui.
— Obrigado! — Respondi. — Por favor, venha, estamos jogando no pub.
Ryan e Cal seguiram-me para fora da cozinha. Cal deu um empurrão em
Ryan, provocando. Acho que passei no teste amigo.
Todos se apresentaram e meus amigos estavam um pouco contidos em
suas emoções, embora, não posso negar que estavam um pouco abalados.
Não é todo dia que você tem pessoas famosas saindo com você. Servi uma
cerveja para Ryan e Cal e dancei em meu caminho para a grande mesa
circular onde iríamos jogar.
— Eu amo essa música! — Pete segurou minhas mãos e começou a
dançar comigo. Nós embaralhamos nossos pés por alguns momentos, até
que ele me girou debaixo do braço na direção do meu assento habitual no
pôquer.
— Vocês dois são loucos — Tammy gritou.
Ryan sentou-se ao meu lado; ele me cutucou com o cotovelo antes de
piscar-me um sorriso.
— Você sabe como jogar Texas Hold-em1? Nós jogamos por dinheiro —
sussurrei para ele.
Ele acenou para mim e enfiou a mão no bolso da frente, tirando um
maço amarrotado de notas mistas. Sorri para ele. Sua desorganização
ocasional me divertia por algum motivo.
— Bem, desde que você me deixou extremamente rico esta noite, Taryn,
dá-me duzentos em fichas. — Pete jogou o dinheiro sobre a mesa. — Estou
com sorte! — Disse, esfregando as mãos energicamente.
Enquanto eu estava contando as fichas de Pete, Ryan estava tentando
endireitar sua pilha de dinheiro bagunçada. Ele devia ter quase mil dólares
com ele; eu vi várias notas de cem dólares, quando ele as organizou. Ainda
bem que as fãs obcecadas não chegam nos bolsos!
Pete estava cantando junto com a música que estava tocando; ele me fez
rir com a forma como ele inclinou a cabeça para trás e para frente.
— Ei Pete — Gary chamou do outro lado da mesa — quem canta essa
música?

1 Tipo de jogo de poker.


— Michael Bublé! — Pete respondeu com orgulho, sabendo que ele tinha
a resposta certa.
— Bem, talvez você deva deixá-lo cantar em vez disso? O que você diz
sobre isso?
— Espere… aqui vem as buzinas. — Assim que as buzinas começaram a
tocar na música, Pete acenou seus dois dedos médios em Gary a cada
batida.
Eu podia ver Tammy e Marie se coçando em seus assentos. Ambas
encararam Cal e Ryan, como se estivessem morrendo de vontade de fazer-
lhes perguntas.
Tammy começou a abrir a boca, olhando-me para minha aprovação. Eu
esperava que a minha expressão descontente fosse suficiente para
dissuadi-la. Oh, por favor não lhes pergunte qualquer coisa.
Tammy levantou seu dedo.
— Só uma? — Ela murmurou para mim. — Uma minúscula?
Deixei escapar um suspiro profundo e revirei os olhos para o teto. Ryan
olhou para mim, preocupado.
— O que está errado?
— Minhas amigas estão morrendo de vontade de fazer-lhe perguntas…
sem dúvidas, sobre seu filme, mas eu gostaria que elas apenas o
deixassem em paz — eu disse com humor enquanto tentava deixá-las
saber que eu estava um pouco irritada.
— Posso fazer-lhe apenas uma pergunta sobre o Sea…? — Tammy
começou.
— Eu sabia! Eu sabia que você não seria capaz de resistir! — Pete riu. —
O que tem neste maldito filme que é como drogas para vocês, mulheres?
— Eu tenho tentado descobrir isso sozinho — Ryan admitiu. Ele olhou
para mim e sorriu.
— Não olhe para mim! Não tenho a menor ideia — defendi.
— Sim, você nem sabia quem era Charles! — Tammy riu quando ela
apontou para mim.
Ryan ainda estava sorrindo enquanto seus olhos prenderam nos meus.
— Eu ainda não sei quem Charles é — admiti.
— Vou lhe dizer o que é: todas as mulheres adoram meninos maus e
perigosos, e é sobre isso que o filme é — Tammy afirmou.
— Sim, eu acho que há algo sexy sobre um cara que quer matá-la —
Ryan murmurou.
Entendi que não era a primeira vez que ele dizia essas palavras em voz
alta apenas pela sua linguagem corporal.
— Ei Marie, me pegue outra cerveja ou eu vou te matar — Gary
resmungou. Marie bateu-lhe com força no braço.
— O que? Eu só estou tentando ser sexy para você! — Ressaltou,
empurrando os óculos no nariz.
— Qual é a sua pergunta, Tammy? — Perguntou Ryan, ainda rindo de
observação de Gary.
— Eu estava me perguntando se a cena do livro dois, onde Charles
encontra Gwen sangrando na caverna, vai estar no filme?
Marie mudou-se para a borda da sua cadeira. Ela, obviamente, queria
saber a resposta para essa pergunta também.
— Sim. É uma cena bastante significativa. Nós já a filmamos —
respondeu Ryan.
Marie e Tammy pareciam que explodiriam de emoção. Pete estava
balançando a cabeça; ele pensou que toda a conversa era absurda.
— Oh Pete, você não entende. Charles encontra Gwen quase morta em
uma caverna depois de ter sido baleada. E ele deveria matá-la também,
mas em vez disso, ele tira a camisa e envolve em torno dela para parar o
sangramento. E então ela olha para ele e implora para ele matá-la assim a
dor pararia, mas ele diz que a ama demais para deixá-la morrer… —
Tammy jorrou como se ela estivesse prestes a chorar.
— E? — Perguntou Pete. — Será que ela morreu?
— Claro que não! Ele — ela aponta para Ryan — a salva.
Olhei para Ryan; ele estava sentado para frente em sua cadeira com a
cabeça inclinada. Ele parecia estar um pouco desconfortável com a
conversa.
Debrucei-me sobre ele, envolvi meu braço em torno da sua cadeira, e
sussurrei em meu pior sotaque britânico:
— Vejo que você conseguiu gerenciar ficar com sua camisa.
Ryan olhou para mim e riu levemente.
— É uma rock monster; ela não tem quaisquer pontos vulneráveis — ele
respondeu. Ele sorriu amplamente e se inclinou ainda mais perto de mim,
batendo seu braço no meu.
Todos os outros na sala estavam alheios às nossas referências de falas
de filmes. Era como se tivéssemos o nosso próprio idioma secreto.
— E o que dizer… — Tammy começou novamente, mas eu a cortei com
um aceno de mão.
— Por favor, Tammy. — Implorei, enquanto Ryan e eu ainda estávamos
se inclinando um para o outro. — Não o incomode. — Ryan rapidamente
correu o dedo embaixo do meu queixo, aparentemente satisfeito que eu o
defendi. Parecia que minha pele explodiu em chamas quando ele me tocou.
— Quanto tempo até vocês terminarem aqui? — Pete interrompeu
rapidamente.
— Nós vamos ficar aqui por mais seis semanas e então teremos uma
pausa perto da Ação de Graças — Ryan respondeu enquanto chutou a
parte de trás do meu pé de brincadeira.
Seu pequeno toque me fez sorrir.
— Cal, eu entendo que você está casado com KellyAnn Gael, não é
mesmo? — Perguntou Tammy.
— Sim. Acabamos de completar o nosso sexto aniversário de casamento.
— Cal balançou a cabeça orgulhosamente.
— Sua esposa está aqui em Rhode Island com você? — Tammy
continuou.
— Ainda não, mas ela está voando no sábado com a nossa filha, Cami.
Acabei de encontrar uma casa para alugar nas proximidades.
— Lembro-me de assistir a sua esposa quando ela estava em Just
Neighbors. Eu amei esse show! Quantos anos tem sua filha? — Perguntou
Tammy.
— Ela tem quase quatro e bastante uma mão cheia — disse Cal. — Eu
sinto falta delas.
— Deve ser difícil quando você está longe de sua família. Mas é bom que
ela está vindo para vê-lo — disse Tammy.
— Sim, é difícil, mas nos certificamos de que o tempo e o espaço que
ficamos separados não nos afaste — disse Cal enquanto olhava para Ryan
e eu.
Sem que ninguém mais saiba, Ryan esticou a perna e apoiou o pé assim
ele estava tocando no meu. Por mais que eu queria tirar meu pé, eu não
podia. Por que ele tem que cheirar tão bem? Tomei uma respiração
profunda para limpar a neblina que causou no meu cérebro, endireitei-me
na cadeira, e afastei meu pé.
Jogamos pôquer por quase duas horas. Todo mundo estava tendo um
bom tempo: rindo, bebendo e provocando um ao outro. Ryan e Cal eram
apenas dois amigos que estavam se divertindo conosco.
— Última rodada e então acho que nós precisamos fazer uma pausa —
Pete anunciou conforme deu as cartas.
Chutei Ryan de volta em seu pé. Ele tinha me chutado muitas vezes
debaixo da mesa quando eu não estava prestando atenção e eu lhe devia
um.
Gary olhou para as suas cartas e cedeu imediatamente.
— Você não pode apenas me dar duas boas cartas em vez dessa merda?
— Ele soltou enquanto Pete coçou o bigode.
Olhei para as minhas cartas. Pete me deu um dez e um Ás, ambos de
copas.
— Eu aumento quatro dólares — eu disse enquanto joguei as fichas. Eu
tinha duas cartas altas do mesmo naipe… não estava ruim, para começar.
Ryan espiou suas cartas.
— Pago — ele murmurou. Senti seu pé bater no meu.
— Pago — Cal disse, jogando suas fichas.
Pete estava tomando seu bom e velho tempo olhando suas cartas.
Enquanto esperávamos, estiquei-me em minha cadeira e bati na parte de
trás da panturrilha de Ryan com a parte superior do meu pé, fazendo com
que sua perna voasse para frente e seu pé batesse no chão. Ele olhou para
mim através do canto dos olhos e me deu um olhar sujo. Sua encarada
não durou muito tempo, antes do sorriso sensual aparecer em seu rosto.
Finalmente, Pete contou quatro dólares em fichas e jogou-as na pilha no
centro da mesa.
— Desisto — disse Tammy, jogando suas cartas no centro da mesa.
— Eu também — Marie bufou. — Estou mantendo minhas fichas.
Pete mostrou o Flop2: outro dez e dois ases.
Eu tinha um belo Full House3 — Aces e dez. Notei que Pete franziu um
pouco a testa e ele se sentou um pouco para trás em sua cadeira. Pete
sempre se sentava em frente quando ele tinha uma boa mão. Eu poderia
dizer que ele tinha duas cartas ruins.
— Eu aumento quatro — eu disse calmamente, casualmente jogando
minhas fichas no centro da mesa. Eu não queria entregar que eu tinha
uma mão incrível.
Ryan estava mastigando um canudinho em seus dentes. Ele olhou para
mim enquanto deslizou o canudo ao redor de sua boca. Brincou com suas
fichas por um momento, e depois coçou a sobrancelha com o polegar. Ele
estava protelando.

2 Mostrar o Flop é quando a pessoa que está dando as cartas vira três cartas na mesa e
elas servem para todos que estão apostando combinar seus jogos.

3 Full House
— Eu vejo o seu quatro e aumento quatro — ele respondeu.
— Desisto — Cal anunciou triste. Ele jogou suas cartas e se encostou
em sua cadeira.
— Ah, desisto também — Pete resmungou. Eu ri para mim mesma… Eu
sabia o que estava por vir.
Era minha vez novamente. Contei minhas fichas; eu tinha sessenta
dólares sobrando e um forte Full House. Eu estava pensando sobre como
Ryan coçou sua sobrancelha — ele estava nervoso ou blefando?
— Eu vou de All In4. — Empurrei todas as minhas fichas para o centro
da mesa.
Os olhos de Ryan se estreitaram em mim e ele tinha uma expressão
séria no rosto. Seus lábios franziram e se contraíram um pouco em torno
do canudo em sua boca.
— Quanto foi isso? — Ele perguntou, apontando para as minhas fichas.
— Sessenta — respondi.
Ele pegou cinquenta e seis dólares de sua pilha de fichas e jogou-as no
centro. Ele ainda tinha fichas sobrando.
— Vamos ver o que você tem, querida. — Ele sorriu, levantando as
sobrancelhas para mim.
Virei o meu dez e o Ás. Ryan tinha dois dez. Nós dois tínhamos um Full
House completo, mas minha mão era maior. Olhamos um para o outro e
sorrimos. Mas ainda não havia acabado.
Pete virou a carta do Turn 5 . Era um inútil nove de espadas. Dei um
suspiro de alívio. Eu ainda estava ganhando.
A última carta, a carta do River6, era um quatro de ouros.

4 All in é quando um jogador aposta todas as fichas em suas cartas, após isso, se
alguém pagar a aposta não se pode mais apostar e os pagantes têm que mostrar suas
cartas.
5 Turn é a carta virada depois do Flop no jogo. O dealer (quem dá as cartas) distribui

duas cartas para cada, todo mundo aposta, então vira três (Flop), todos apostam
novamente, então ele vira o Turn, todos apostam novamente, mas como a Taryn estava de
all In (apostando tudo) eles não tinham mais direito a fazer apostas.
6 Depois do Turn é virada uma última carta, O River. É a última carta do jogo e

normalmente o momento mais emocionante, pois pode mudar tudo.


— Sim! — Eu disse calmamente.
Ryan riu, sabendo que ele acabou de perder. Ele se esticou em seu
assento, e, em seguida, sempre muito casualmente deu um tapinha e
esfregou minhas costas enquanto puxei a pilha de fichas para o meu peito.
A sensação de seu toque enviou um toque de eletricidade através de meu
corpo.
Ryan apertou meus ombros quando se levantou para se afastar da
mesa. Seu aperto foi incrível nos meus músculos doloridos. Tinha sido um
longo tempo desde que deixei qualquer homem chegar perto o suficiente
para me tocar dessa maneira. Eu estava começando a virar massa de
vidraceiro sob seus dedos.
— Bom jogo — ele sussurrou seu elogio privado no meu ouvido. Senti o
calor que emanava de seus lábios acariciando minha pele. Seu peito
pressionou levemente em minhas costas. Um milhão de pequenos
impulsos dispararam pelo meu corpo.
— Estou impressionado. Lembre-me de levá-la aos casinos em algum
momento — Ryan brincou comigo.
Cal e Gary foram até a mesa de bilhar e todos os outros os seguiram.
Nós precisávamos de uma pausa e nos esticar de ficar sentados.
Eu rapidamente dei um passo atrás do bar e peguei uma coqueteleira,
que eu girei em toda a minha palma. Eu não tinha estado com bom humor
assim em um longo tempo.
Eu comecei a despejar a vodca quando Ryan se juntou a mim no bar.
— O que você está fazendo? — Perguntou.
— Mind Eraser7. — Sorri. — É hora das doses do primeiro intervalo.
— Parece bom! Vou levar dois — Ryan disse, piscando para mim.
Ryan andou ao meu lado enquanto eu carregava uma bandeja com os
copos para o salão de sinuca.

7 Bebida feita com licor de kalua, vodka e club soda.


— Não se atreva a tentar me fazer tropeçar! — Brinquei com ele depois
que ele me deu uma cotovelada. Chutei a parte inferior do seu pé enquanto
ele estava dando um passo. Ele começou a rir.
— Esta é uma linda mesa de bilhar, Taryn — disse Cal. — Você acha
que seremos capazes de trazer algumas pessoas da equipe aqui qualquer
noite? Acho que todo mundo apreciaria uma noite divertida e relaxante
como esta. — Seus olhos foram até Ryan. Ryan estava balançando a
cabeça concordando.
— Eu acho que sim. — Olhei para Marie. — Acho que podemos fechar
uma noite para uma festa privada.
— Nós vamos cobrir suas despesas por uma noite se você estiver
disposta a fazer isso por nós — disse Cal.
— Você só tem que me deixar saber qual noite e nós podemos arranjar
alguma coisa — respondi.
Cal e Gary jogaram uma partida de sinuca e, em seguida, Pete e Ryan
jogaram contra Cal e Gary em times. Pete e Ryan os esmagou. Os caras se
deram muito bem juntos.
— Vamos jogar mais uma rodada de pôquer ou o quê? — Ryan
perguntou em voz alta enquanto ele estava guardando seu taco na
prateleira da parede. — Eu gostaria de uma oportunidade de ganhar um
pouco do meu dinheiro de volta — ele gracejou comigo, me cutucando no
estômago com o dedo.
Seus olhos estavam absolutamente fascinantes quando ele olhou para
mim.
— Boa sorte com isso! — Brinquei com ele e puxei o canudo da sua
boca. Ryan apertou os dentes com força em seu canudo e divertidamente
rosnou para mim.
Nós todos nos reunimos de volta à mesa, para jogar a próxima rodada
de pôquer. Todo mundo estava se concentrando em suas cartas; estava
estranhamente silencioso. Ryan e eu já tínhamos empurrado e chutado
um ao outro debaixo da mesa algumas vezes e nós dois sorrimos de nosso
segredo.
Pete quebrou o silêncio primeiro.
— Você sabe o que eu poderia comer agora? — Ele perguntou em voz
alta enquanto empilhava suas fichas.
— Boceta? — Gary respondeu imediatamente.
— Gary! — Marie gritou e lhe bateu no braço.
Ryan estava tomando um gole do seu copo; ele praticamente cuspiu sua
cerveja em cima dele mesmo, rompendo em uma risada.
— O quê? — Gary se encolheu longe de Marie. — Ele perguntou, eu só
respondi. Soa como uma coisa perfeitamente boa para comer agora, certo
pessoal?
— Você está levando-o para casa! — Apontei para Marie, rindo.
— Embora eu tenho que concordar com Gary, eu estava realmente
pensando sobre aqueles bifes suculentos que Taryn grelhou para nós um
par de semanas atrás. Eles estavam deliciosos! — Pete passou a língua nos
lábios.
— Vê? Pete tem carne suculenta no cérebro — Gary brincou.
— Não, eu acho que você tem carne suculenta no cérebro — Marie
gemeu. Ela lançou seu cotovelo em suas costelas.
Sorri e ri com vergonha. Meus amigos eram loucos.
— Ryan, você gosta de boc… bife? — Perguntou Pete.
— Sim. — Ryan concordou e sorriu timidamente.
— Você quase perguntou se ele…! — Gary estava rindo histericamente
enquanto apontava para Pete. Ele não poderia nem mesmo terminar a sua
própria frase. Ele corou algumas tonalidades de vermelho, enquanto
tossia, tentando recuperar o fôlego.
Ryan olhou para baixo constrangido, mas ainda estava sorrindo quando
ele rolou seu olhar para mim. Pete ignorou a explosão de Gary.
— Bem esta menina aqui grelha um inferno de um bife — afirmou com
orgulho, apontando o dedo para mim.
— Eles foram os melhores bifes que eu já comi — Tammy concordou.
— O que posso dizer? — Dei de ombros. — É bom que eu comece a usar
a minha educação universitária.
— Onde você foi para a faculdade? — Ryan perguntou em tom de
conversa.
— Brown, em Providence. Economia / Negócios e bifes de lombo maior
— declarei.
— Então você grelhará para mim outro bife em breve, ou o quê? — Pete
queria voltar ao ponto.
— Pete, você sabe que vou grelhar para você em qualquer dia da
semana! — Eu amo cozinhar para meus amigos.
— Então, onde você grelha estes bifes maravilhosos? — Perguntou Ryan.
— No telhado. — Eu ri.
— Não realmente. — Ryan parecia confuso.
— No telhado! — Repeti com uma risadinha. — A topo do prédio é plano.
Eu tenho um pátio com jardim lá em cima. Temos excelentes festas de
verão, certo pessoal? — Todos os meus amigos confirmaram. — Você pode
ver o mar de lá de cima também — continuei.
— Um bife soa bem agora — Cal concordou.
— Ok, deixe-me perguntar isso. Quantas pessoas você estava pensando
em ter aqui para esta festa privada? — Perguntei ao Cal.
— Talvez dez ou doze pessoas? — Ele resumiu.
— E você se importaria se meus quatro amigos aqui participassem deste
encontro? — Perguntei.
— Claro, eles são bem-vindos. Absolutamente — Cal confirmou.
— Você me diz qual noite, e eu vou bifes grelhados. O que acha disso?
Então, todo mundo vai estar relaxado, feliz e bem alimentado.
Ryan deslizou o pé debaixo da minha perna. Nossas pernas estavam se
tocando agora sob a mesa e eu estava super consciente de sua presença.
— Vamos verificar a agenda de todos e voltar para você. Está tudo bem
assim? — Perguntou Cal.
— Certo. Apenas para você saber, eu tenho entretenimento reservado
para sexta-feira e sábado, mas podemos fazer um dia de semana ou no
domingo se você preferir. Apenas me avise tempo suficiente para que eu
possa obter os bifes.
Jogamos por mais uma hora; Marie começou a bocejar.
— Você está pronto? Está ficando tarde. — Ela agarrou o braço de Gary
e começou a puxá-lo de sua cadeira.
— Oh droga, fiquei sentado muito tempo… meu quadril dói — Gary
gemeu. — Marie, você vai ter que ficar em cima hoje à noite! — Ele sorriu.
Ryan e eu não conseguíamos parar de rir.
Todo mundo começou a apertar as mãos e ter essas breves "Foi bom
conhecê-lo, vejo você mais tarde" conversas. Cal usou seu telefone celular
para ligar para seu motorista. Eu estava triste em ver a noite chegar ao
fim; pareceu passar tão rápido com Ryan aqui. Levei meus amigos até a
porta e tranquei-a por trás deles. Ryan e Cal sairiam pela porta dos
fundos. Cal partiu para o banheiro, deixando-me sozinha com Ryan.
Comecei a limpar.
— Eu tive um tempo muito grande hoje à noite. — Ryan sorriu e definiu
alguns copos vazios no bar. — Seus amigos são ótimos.
— Obrigado! — Sorri de volta. — Sinto muito sobre as questões,
entretanto.
Ryan encolheu os ombros.
— Não se preocupe com isso.
— Estou feliz que todos se divertiram — eu disse, embora eu realmente
estava feliz que ele tinha se divertido.
— Eu te ligo quando descobrirmos em qual noite podemos fazer a festa,
ok? Hum, então número devo ligar? — Perguntou Ryan.
Eu parei no meu caminho e sorri para mim mesma.
— Que número gostaria de ligar? — Perguntei, sabendo onde ele estava
realmente indo. Eu só queria que ele dissesse isso.
— Eu gostaria do número que pedi, mas eu não tenho certeza se vou tê-
lo — disse ele. Ele sorriu para mim enquanto pegava um novo guardanapo
do Mitchell’s
Pub do suporte e o virou.
Respirei fundo e peguei a caneta ao lado da caixa registradora.
Questionei minhas próprias ações conforme escrevi meu número de
telefone celular no papel. Meus amigos eram os únicos que tinham o
número do meu celular. Justifiquei que eu e ele estávamos nos tornando
amigos também. O sorriso de Ryan era enorme.
— Obrigado! — Ele rapidamente pegou o guardanapo e enfiou-o no
bolso. Levei os dois para a porta dos fundos e Cal me agradeceu por uma
excelente noite. Ele me deu um abraço desajeitado antes de colocar o
casaco.
O carro deles parou no beco e Cal deu um tapinha no braço de Ryan
antes de sair pela porta. Ryan olhou para mim e sorriu quando ele deu um
passo mais perto. Ele passou os braços em volta dos meus ombros e me
puxou para me dar um bom abraço. Sensações, muito reprimidas,
dispararam através de mim quando nossos corpos se tocaram. Seu corpo
se pressionou no meu, quando ele me abraçou mais apertado. Eu me
permiti um momento para apreciar o seu calor, seu cheiro, a sensação dos
músculos em suas costas nas minhas mãos, a alegria que este abraço me
deu.
A mão de Ryan suavemente embalou a parte de trás da minha cabeça,
seus dedos deslizaram em meu cabelo. Ele me beijou suavemente na testa;
seus lábios permaneceram por um segundo extra ou dois antes dele
libertar nosso abraço.
— Vejo você em breve — ele sussurrou baixinho, deu alguns passos
para trás e saiu pela porta dos fundos.
CAPÍTULO CINCO

Conexões
— Então, ele tentou beijá-la ontem à noite? — Marie bufou em minha
orelha.
— Não — balancei minha cabeça, chateada que até mesmo perguntou.
— Você prometeu! — Lembrei-a.
— Sim, eu sei. Eu não estou empurrando! Eu só queria saber se essa é a
razão que você está finalmente sorrindo. Então, ele não tentou beijá-la?
Abri uma nova caixa de garrafas de cerveja.
— Não. Ele não me beijou… em meus lábios. — Parei a última parte da
minha sentença esperando que ela não iria entender.
Ela começou a saltar para cima e para baixo.
— Vamos! Eu estou morrendo aqui!
— Ele me deu um abraço, ok? — Calmamente murmurei. — E ele meio
que beijou minha testa. — Encolhi meus ombros e continuei a colocar
mais garrafas no refrigerador. — Lembre-se, você não pode dizer nada a
ninguém sobre eles estarem aqui. Eu não vou ter meu pub e meus amigos
envolvidos em qualquer circo da mídia. Entendeu? Nem uma palavra! —
Eu disse para ela privadamente.
Ela torceu os dedos sobre os lábios e, em seguida, abriu um sorriso
arrogante para mim.
— Estou te avisando! Eu tenho certeza que posso empurrar todo o seu
corpo neste cooler. Ninguém vai encontrá-la lá!
Marie me ignorou e trocou o canal da TV a tempo de pegar o jornal de
entretenimento das sete horas. Sua desculpa era para ver se o nosso pub
chegou à versão televisiva de fofocas de celebridades, mas eu sabia melhor.
Minha atenção foi desviada para a tela quando ouvi seu nome
mencionado.
— Pegamos Ryan Christensen chegando ao LAX esta tarde… — um cara
na TV dizia.
Ryan foi filmado enquanto corria através do aeroporto. Eu estava
contente que ele tinha vários seguranças em torno dele; os fotógrafos e as
pessoas o incomodando por seu autógrafo eram implacáveis. Gostaria de
saber se esses sanguessugas não faziam nada durante todo o dia, apenas
se escondiam em torno do aeroporto à espera de celebridades.
— O que ele está fazendo em L. A.? — Marie perguntou em voz alta. Ela
parecia tão surpresa quanto eu.
— Shh, eu quero ouvir isso — sussurrei.
O rosto de Ryan alternou entre um olhar vazio e momentos de
aborrecimento quando os cinegrafistas que o perseguiam fizeram
perguntas estúpidas. Para mim, ele parecia cansado. Eles conseguiram
filmá-lo assinando um autógrafo ou dois antes de pular em um carro
esperando na calçada.
Fiquei surpresa que ele estava na Costa Oeste. Ele não mencionou nada
na noite passada sobre pegar um avião hoje, mas, novamente por que ele
faria isso.
Logo depois disso, meu telefone tocou no meu bolso. Meu polegar
apertou os botões para recuperar uma nova mensagem de texto. Para
minha surpresa, alguém me enviou uma imagem bonita de flores
vermelhas e brancas. Eu, imediatamente, sorri. Nunca havia recebido
flores virtuais antes.
A mensagem de texto lia-se: "Saudações de LA" borboletas
instantaneamente vibraram em meu estômago. Eu mandei uma mensagem
de volta: "Quem é?"
Eu não queria deixar transparecer que eu sabia onde ele estava, embora
eu só tinha descoberto há poucos minutos.
Eu li sua resposta: "Cavaleiro que diz Ni?"
Eu ri alto por Ryan usar uma de referência do filme.
"Você é engraçado. Por que você está em LA?"
"Reunião e entrevista com o meu agente e produtor, volto na quinta"
"Você está se divertindo?" Enviei de volta.
Alguns momentos depois, ele enviou outra mensagem: "não realmente".
"Lamento ouvir isso", respondi, adicionando um emoticon cara triste.
"Posso te chamar hoje à noite?"
"Claro" rapidamente digitei.
Era quase três da manhã quando me arrastei para cama. Desde que
Ryan e seus amigos tinham estado no pub no sábado, minha contagem de
clientes parecia subir. Eu ri para mim mesma, considerando que a maior
parte da multidão nova era do sexo feminino. Enquanto eu estava lá, fiquei
bastante absorta em meus pensamentos de como patética algumas de
suas fãs eram. Uma menina estava mesmo vestindo uma camiseta com o
rosto de Ryan esta noite. Eu me perguntava como Ryan se sentia sobre
isso.
A maioria dos homens provavelmente adoraria a atenção e teria enormes
egos, mas eu não podia ver Ryan sendo assim. Ele era muito modesto.
Imagino que coisas assim, provavelmente o deixavam muito
desconfortável.
Marie e eu estávamos ocupadas novamente hoje à noite, e era só uma
terça-feira. Eu estava pensando em perguntar à Tammy se ela queria
trabalhar nos fins de semana para ajudar enquanto as celebridades ainda
estavam na cidade. Uma vez que eles se fossem, as coisas voltariam ao
normal. Mas havia muitos clientes para apenas Marie e eu lidarmos por
conta própria. Talvez eu devesse contratar alguma ajuda adicional? Eu
poderia ter um terceiro barman.
Comecei a bocejar; minhas pálpebras estavam muito pesadas. Puxei
meu edredom sobre o meu ombro, me aconchegando ainda mais. Senti-me
à deriva quando me assustei com meu celular tocando na minha mesa de
cabeceira. Olhei para o número, mas a tela mostrava “número privado”.
— Alô? — Sussurrei. Minha voz soou definitivamente grogue quando
falei.
— Oi. Desculpe ligar tão tarde. Você estava dormindo? — Ryan
sussurrou.
— Não… quase. Como você está? — Outro grande bocejo escapou do
meu peito.
— Estou cansado também. Tem sido um longo dia — disse ele com
tristeza.
— Que horas são aí? — Olhei para o meu despertador, mas eu estava
muito grogue para fazer a matemática do fuso horário.
— É quase meia-noite — ele respirou com um suspiro.
— Obrigada pelas flores! — Sussurrei. — Isso foi fofo. Você
definitivamente me pegou de surpresa.
Ele calmamente riu.
— Bom — ele proferiu. Considerando que foi ele que me ligou, suas
respostas eram estranhamente breves.
— Então, o que você está fazendo? — Eu só podia imaginar a glamorosa
coisa de estrela de cinema que ele deveria estar fazendo.
— Estou em meu quarto de hotel. Acabei de voltar. — Pela maneira em
que seu telefone celular estalou, parecia que ele estava ocupado se
acomodando.
— Hmm. Você teve um bom dia? — Murmurei, tentando fazer conversa.
Aconcheguei-me mais fundo no meu cobertor.
— Foi tudo bem, eu acho… Estou feliz que acabou — apesar de sua
resposta, o tom de sua voz estava longe, muito longe. Eu poderia dizer que
ele estava perturbado.
— Ryan, o que está errado? Você está bem? — Meus olhos se abriram e
me sentei na cama, dominada pela preocupação com seu bem-estar. —
Algo está errado.
Ele suspirou.
— Como você pode dizer? — Ele parecia surpreso que eu poderia lê-lo
assim.
— Eu só posso. Eu posso ouvir em sua voz.
— Eu vou ficar bem. Às vezes, minha vida fica uma loucura. Hoje foi um
daqueles dias. — Sua voz tremeu e ele fungou algumas vezes. Eu poderia
dizer que ele estava mentindo. Ele não estava bem.
Respirei fundo, imaginando-o encolhido, com a cabeça entre os braços
de novo, como naquele primeiro dia na minha escada.
— Você quer falar sobre isso? — Ofereci.
Escutei quando ele soltou o ar em seu telefone.
— Ah, eu não sei se falar sobre isso vai fazer diferença — ele murmurou.
Ele e eu éramos muito parecidos. Agora era a sua vez de se sentar lá e
sentir pena de si mesmo.
— Hmm. Eu tenho uma ideia. Por que você não rasteja sob o seu
cobertor e me diga tudo sobre isso? — Por um momento, desejei que
pudesse subir através do telefone para confortá-lo.
Ele riu levemente.
— Pode esperar um minuto? Preciso colocar o telefone de lado.
— Claro — sussurrei. Eu podia ouvi-lo se deslocando ao redor. Imaginei-
o se despindo… os cabelos leves em seu estômago espreitando acima de
um elástico. Eu me perguntei como ele se parece nu.
Ele soltou um grande suspiro, interrompendo meus pensamentos.
— Você está melhor? — Perguntei.
— Muito — respondeu ele, mas não acreditei.
Respirei profundamente e exalei bruscamente.
— Você não parece muito convincente. — Ele riu suavemente. Eu
poderia dizer, apenas pela sua falta de respostas, que ele estava chateado.
— Você já está sob suas cobertas? — Sussurrei sedutoramente,
esperando que poderia animá-lo.
— Sim — ele riu.
— Feche os olhos… e relaxe. Basta ouvir a minha voz. Respire fundo…
expire… Apenas respire.
Eu queria desesperadamente levar suas preocupações embora. Os
sentimentos eram avassaladores.
— Você está deitado em um cobertor macio em uma praia de areia
branca. O céu acima é de um azul profundo e sem nuvens… — Fiz uma
pausa para deixá-lo se afundar nas imagens. — O sol está quente em seu
rosto… você pode ouvir o som do mar enquanto as ondas rolam
lentamente. Você pode sentir a suave brisa deslizando sobre sua pele, uma
vez que sussurra através das árvores… sentir o estresse deixar o seu
corpo… através de seus dedos… através de seus dedos do pé.
Um leve "Mmm" escorregou de sua garganta.
— Isso é bom.
— Mmm, o que é bom? — Murmurei.
— Este… sentimento de paz… você.
— Hmm — suavemente suspirei ao telefone, feliz em saber que as
minhas palavras o ajudaram a relaxar.
— Eu gostaria de estar aí com você — ele sussurrou.
— Eu queria que você estivesse aqui também — sussurrei de volta
suavemente.
Após as palavras saírem da minha boca, não havia como levá-las de
volta, mas isso não importava, eu não queria levá-las de volta. Minhas
palavras vieram do meu coração e não da minha cabeça. Parte de mim
esperava que ele realmente quis dizer o que disse.
Ryan me ligou três vezes na quarta-feira apenas para dizer “Olá” e me
perguntar como o meu dia estava indo. Eu estava completamente chocada
que ele me ligou tantas vezes.
Ele tinha falado com Cal e o plano era que a reunião privada seria
realizada no próximo domingo, no pub. Todo o elenco tinha sido
convidado, mas nem todo mundo era esperado para participar. A última
contagem tinha oito.
A terceira vez que Ryan ligou, era meia-noite em L. A. e as suas
obrigações estavam concluídas. Ele partiria ao meio-dia de LAX para
Detroit e, em seguida, Detroit para Providence. Ele estaria de volta na
cidade na quinta-feira. Eu ri para mim mesma que ele sentiu a
necessidade de me manter atualizada do seu itinerário. Eu nem sequer tive
que perguntar; ele ofereceu a informação primeiro. Foi muito fofo. Nós dois
nos aconchegamos em nossas camas quando ele me preenchia com seu
dia. Ele tinha uma entrevista em um talk show e, em seguida, uma
reunião final com algum produtor e seu agente e gerente sobre um projeto
de um filme que eles queriam que ele estrelasse. Embora Ryan não
admitiria isso diretamente, tive a impressão de que algumas de suas
decisões de carreira estavam sendo tomadas por ele e ele apenas deveria
concordar com o que eles dissessem.
A fama e a popularidade de Ryan eram tão novas e frescas que ele
estava sendo arrastado em tudo isso. Esses magnatas do cinema estavam
atacando, enquanto o ferro estava quente. Eu não precisava ser parte do
seu mundo para reconhecer isso. Ryan era um brinquedo novo para eles;
seu filme fez milhões de dólares e foi fácil visualizar a ganância de
Hollywood assumindo como um súcubo do mal.
Enquanto eu ouvia sua voz, permiti que a minha imaginação corresse
livre conforme imaginei o que seria tê-lo deitado ao meu lado — tão perto
que eu poderia tocá-lo, acalmá-lo, protegê-lo da insanidade. Ugh! O que eu
estou pensando? Eu tive que me parar de pensar sobre isso.
Conversamos por quase três horas; os pássaros já estavam começando a
acordar e piar fora da minha janela. Começamos a nos abrir um para o
outro e nossa conversa tornou-se mais pessoal. Ele me disse que cresceu
em uma pequena cidade no oeste da Pensilvânia e que seus pais ainda
viviam na mesma casa até hoje; como ele já teve um Jack Russell Terrier8
chamado Bailey, que costumava cavar buracos no quintal.

8 Raça de cachorro.
Contei-lhe sobre a oferta de trabalho que eu havia aceitado em uma
grande corretora em Manhattan, e por que eu tive que recusar quando
meu pai morreu de repente. Eu estava a uma semana de me mudar.
Ryan me contou sobre a atriz principal que ele tem de trabalhar nesses
filmes e como ela, às vezes, se comportava como uma criança mimada. Ele
a chamou de "BB", como todos os tabloides se referiam a ela como a
“Bombshell Britânica”, mas ela era mais conhecida como Suzanne Strass.
Ela era uma atriz adolescente de Londres, que recentemente completou
vinte e um anos.
Mesmo que eles fossem amigos, ela, às vezes, irritava o inferno fora dele,
e provoquei-o sobre todas as revistas de fofocas que estavam espalhando
mentiras sobre eles estando romanticamente ligados. Ela tinha marcado
junto com ele, na noite em que ele veio no meu pub.
Ao longo da nossa conversa, rimos e brincamos. Ele era tão fácil de
falar. Mas ele sempre parecia hesitante em falar sobre o que estava
realmente o incomodando. Eu podia sentir que havia questões
subjacentes, no entanto, ele nunca entrou em detalhes e eu não queria me
intrometer. Eu podia ouvir em sua voz que havia coisas que ele não estava
compartilhando.
Era quinta-feira, início da noite, quando Marie folheou os canais na
televisão do pub. Ryan tinha dado uma breve entrevista em um dos
programas de notícias de entretenimento à noite e estavam transmitindo
hoje.
Era estranho vê-lo na televisão. Mesmo que a voz fosse a mesma, a
imagem da celebridade na tela estava desconectada do homem que eu
estava tentando desesperadamente não me apaixonar pelo telefone. Mas
algumas coisas eram as mesmas; ele estava encantador, tímido e um
pouco desconfortável com toda a atenção durante a entrevista. Notei seus
tiques nervosos e maneirismos quando fizeram perguntas em que ele
estava desconfortável. Ainda assim, ele foi humilde e muito adorável.
E então meu coração se alojou em minha garganta quando vi as cenas
adicionais dele sendo levado pela multidão histérica por seis seguranças
volumosos. Em um momento, eu não tinha certeza se ele estava mesmo
andando por conta própria ou se a equipe de segurança estava apenas o
carregando.
Os fãs estavam o alcançando — segurando câmeras sobre suas cabeças,
apenas para o caso de que eles pudessem tirar sua foto. Outros estavam
segurando fotos dele na esperança de conseguir um autógrafo. Algumas
mulheres choravam e hiperventilavam apenas por obter um vislumbre
dele.
A equipe de segurança praticamente o atirou no carro esperando; seus
fãs estavam gritando e bloqueando seu carro na estrada. Multidões de
paparazzi estavam por toda parte. Agarrei a borda do bar enquanto meus
joelhos cederam. Ele era a presa sendo perseguido pelos lobos.
Naquele momento, percebi a magnitude do que ele estava me poupando.
Não era o fato dele ser um astro adorado por milhões que me deixava
fraca. Era a sensação de que eu queria me jogar em seu caminho e
protegê-lo que era mais poderosa.
Uma hora depois, meu celular tocou no meu bolso. Ryan estavam me
mandando mensagem:
“Oi, estou de volta”
Rapidamente enviei-lhe uma resposta:
“Oi, você está bem?”
“Sim, por que pergunta?”
“Nada, contente de ouvir que voltou em segurança”
Eu não poderia dizer-lhe porque eu estava preocupada.
“Estamos filmando cenas noturnas, será bem tarde”
Sorri quando vi a carinha triste.
“Não trabalhe muito duro e se divirta”
“Eu vou tentar ligar para você logo, ok?”
“Ok”
Fiquei aliviada por saber que ele estava de volta em Rhode Island, longe
da loucura da Califórnia, embora parecia que alguma daquela loucura
seguia-o onde quer que fosse.
Nós estávamos muito ocupadas por ser uma noite de semana. Parecia
que a enorme base de fãs do sexo feminino que invadiram meu pub,
tinham atraído uma nova seleção de clientes do sexo masculino — todos
estavam caçando — e as chances eram melhores se você fosse um homem.
— É como a maldita época de acasalamento! — Gritei até Marie.
Ela bufou para mim.
— Eu sei! Isso está uma loucura, não é?
— Eu não sei se eu deveria estar chocada ou grata — eu ri de volta para
ela.
— Estou extremamente grata! — Ela balançou a cabeça para trás e para
frente e enfiou mais alguns dólares no nosso pote de gorjeta. — Vá!
Encontre um companheiro! — Ela me provocou.
Eu não me opunha, a encontrar alguém e ter amor, ser uma parte da
minha vida de novo, mas todos os caras que me deparei eram
estranhamente o mesmo: abordagens esfarrapadas, comentários baratos,
comportamento agressivo e assustador, ou simplesmente não o que eu
estava esperando. Neste ponto da minha vida, não sinto a necessidade de
me acomodar, nem ter que fazer com metade de nada.
Era depois das três horas da manhã novamente quando me arrastei
para a cama. Minhas mãos doíam de lavar tantos copos sujos e jarras de
cerveja vazias esta noite e isso me incomodou, que eu não podia enrolar as
mãos debaixo de meu queixo como eu normalmente fazia para dormir.
Nunca tentei me comprar os contos de fadas que a maioria das meninas
se apaixonavam, mas por um momento me senti como eu pudesse
realmente me relacionar com a Cinderela, sendo forçada a limpar depois
de todos os maus tratos e ingratidão.
Eu ainda estava pensando sobre a Cinderela esporadicamente durante
todo o dia seguinte. Eu me perguntava por que ela nunca apenas estalou e
mandou à malvada madrasta e suas irmãs irem para o inferno. Será que
as coisas teriam sido diferentes se ela tivesse um taco de beisebol enfiado
debaixo do avental e não precisasse de o Príncipe Encantado vir e resgatá-
la?
Por que essa coisa grudenta não sai do balcão? Quão difícil eu preciso
esfregar?
— Ei, garota! Como vai você esta noite? — Perguntou Pete, batendo as
mãos no bar.
Eu estava tão perdida em meus próprios pensamentos, enquanto
vasculhava a parte superior do balcão que seu barulho me assustou. Meus
olhos focaram em seu rosto radiante, conforme eu tentava sacudir meu
cérebro de volta à realidade.
— Eu indo bem — respondi, me forçando a sorrir.
— Devemos ter uma boa multidão de sexta-feira esta noite — disse ele
com entusiasmo. Sorri mais largo quando ele ergueu as sobrancelhas para
cima e para baixo para mim. — Frank e os caras acabaram de encostar.
Vou ver se eles precisam de uma mão para descarregar — Pete informou.
Os clientes foram entrando, enquanto a banda de hoje à noite montava
o equipamento. Minha cabeça estava lentamente ficando para trás no jogo,
quando minhas distrações anteriores foram substituídas com o
malabarismo de uma multidão pedindo bebidas.
À medida que a noite avançava, a multidão cresceu ainda mais e a
música tornou-se mais alta e eu me encontrei fluindo e dançando atrás do
bar novamente.
Tammy tinha concordado em trabalhar alguns fins de semana, então a
coloquei para cobrir as mesas.
Havia dois homens sentados no bar, que Marie sentiu que eu deveria
estar interessada. Ela continuou me empurrando na direção deles, mas eu
não conseguia parar de imaginar que eles tinham molas gigantes ligadas
aos seus pescoços, pela forma como suas cabeças acenavam para mim.
— O que há de errado com você? — Marie disse quando colocou o braço
em volta dos meus ombros. — Aquele com o boné de beisebol é bonito! Vá
flertar com ele!
Eu meio que sorri e fiz um som de asfixia.
— Não me venha com essa merda! — Ela retrucou. — Você precisa ser
corajosa e voltar a montar no cavalo! — Sua mão me estapeou no traseiro.
Sr. Boné de Baseball havia acabado de acenar seu copo vazio para mim
quando meu telefone vibrou no meu bolso. Meu coração virou no meu
peito.
— Alô? — Respondi, sabendo muito bem qual voz responderia. Tive que
cobrir meu ouvido para ouvi-lo.
— Oi, como você está? — Perguntou Ryan.
— Estou bem! Como você está? — Eu estava realmente feliz em ouvi-lo.
Ryan foi momentaneamente distraído por uma conversa ao lado. Ouvi, ele
e outro homem, trocando palavras.
— Ei, cara, como vai?
Por que essa voz soava tão familiar para mim?
— Estou muito bem — Ryan respondeu com uma risada suave.
— Bom te ver. Nah, basta entrar — a voz masculina declarou.
— Obrigado! Ei, eu te vejo mais tarde — disse Ryan.
— Estou com sede — Ryan informou, respondendo à minha pergunta
original. — Eu realmente gostaria de uma cerveja, por favor.
Olhei para cima para ver que ele estava a vinte pés na minha frente,
caminhando em direção ao bar. Ele tinha um grande sorriso sexy em seu
rosto quando deslizou seu telefone no bolso da jaqueta.
Ryan era o homem no centro em um pacote de quatro outros caras. Eu
reconheci Cal imediatamente. Um dos outros homens parecia familiar —
como se eu o tivesse visto em um filme ou algo assim antes, mas eu não
sabia quem ele era. Os outros dois tinham que ser seguranças — pareciam
que poderiam ferir alguém.
— Ei, você! — Ryan cumprimentou-me com aquele sorriso que deixou
meus joelhos fracos.
— Oi! — Meu tom era involuntariamente uma mistura de surpresa e
aborrecimento. Fiquei muito feliz em vê-lo, mas agora eu teria que lidar
com o controle da multidão e suas fãs psicóticas que invadiam meu pub.
Olhei atrás deles e com certeza havia meia dúzia de meninas, rindo e
caminhando pela porta.
Cal mudou-se para o espaço ao lado de Ryan. Obviamente esta era a
noite dos meninos.
— Taryn, este é Shane Richards — Ryan disse, acenando com a mão na
direção de Shane.
Shane era alto e excessivamente magro, com cabelo castanho
despenteado. Parecia que ele deveria estar em uma banda de rock em vez
de ser uma estrela de cinema. Independentemente disso, seu sorriso era
deslumbrante.
— O que os senhores gostariam de beber esta noite? — Tentei ser
cordial assim como mais mulheres excessivamente excitadas entraram. No
segundo em que elas viram Ryan e seus amigos, seus comportamentos
transformaram-se em borbulhante exuberância.
Enquanto os rapazes olharam o menu de cerveja, os coiotes atacaram.
Ryan era como um enorme ímã de garotas, embora Shane e Cal fossem
igualmente lindos. Sem perder tempo, as corajosas na multidão tentaram
agradar aos atores. Servi uma cerveja para cada um deles e a cada
segundo que eu tinha que assistir a todas aquelas meninas flertando,
fiquei cada vez mais irritada. Coloquei a última cerveja no bar quando
Ryan perguntou quanto me devia.
Acenei minha mão.
— Nada. É por minha conta. — Sorri.
Meu sorriso, porém, desvaneceu-se rapidamente depois de ver mais
mulheres risonhas se apressando pelas minhas portas. Corri de trás do
bar; eu estava em uma missão para deter a invasão.
— Pete, sem mais pessoas entrando — Lati para ele.
— Ok — ele respondeu um pouco na defensiva. — Desculpe. Têm
muitas pessoas lá, agora?
— Não, mas nós preenchemos a nossa quota de fãs obsessivas —
retruquei, enquanto olhava as meninas que estavam esperando para pagar
o couvert. — As pessoas precisam ter uma maldita vida — murmurei para
mim mesma e pisei de volta para o bar.
Ryan e seus amigos ainda estavam de pé no bar, mas agora as mulheres
os cercavam por todos os lados. Vagabundas! Vadias! Gritei em meu
cérebro quando passei por eles. O olhar de Ryan me seguiu, mas não olhei
para ele. Dei um passo para trás do bar e por um momento, me entreti
com a ideia de esmagar algumas meninas com meu taco de beisebol.
Propositadamente, fiquei o mais longe possível dele e do bando de
mulheres, o que me desembarcou diretamente na frente do Sr. Boné de
Baseball. Cutuquei Marie na direção de Ryan.
Felizmente, meu pub estava lotado e foi excitante fazer uma bebida após
a outra. Fiz um esforço consciente de não olhar para ele ou em sua
direção, apesar de ter sido difícil. Ocasionalmente, me permitir uma
espiada, mas nunca deixei meus olhos descansarem.
— Você está brava que ele está aqui? — Marie sussurrou em meu
ouvido.
Balancei minha cabeça enquanto preparava duas vodcas tônica.
— Bem, você parece brava — ela riu de mim. — O que está errado?
— Eu sou alérgica a prostitutas — murmurei sob a minha respiração.
— Oh, eu vejo. Ciumenta, não brava — ela corrigiu.
Bufei em voz alta.
— Como é que vou competir com tudo isso? — Acenei para a multidão
de mulheres. Ahh, não importa.
— Você está fodida! — Marie bateu de volta para mim, enquanto
misturava uma bebida. — Se você ainda não percebeu, ele está em seu
pub. Ele está sendo legal com elas, mas está longe de flertar com qualquer
uma delas. Ele está muito ocupado observando-a para notá-las.
Fiz uma careta quando ela me cutucou para falar em particular.
— E outra coisa, se você está ciumenta, então, isso significa que você
gosta dele mais do que está disposta a admitir. Esta merda é uma parte de
sua vida — observou ela e agitou as mãos para a parede de meninas. —
Isso vem junto, de modo que você precisa decidir se pode lidar com isso ou
não.
Ela ficou bem na minha frente e agarrou meu pulso.
— Taryn, você é muito atraente e amável. Todo mundo vê. Ele vê. Mas
você é a única que não vê. Você deixou idiotas como Thomas despir a sua
autoestima. E é muito evidente que Ryan gosta de você, porque ele não
está prestando atenção a elas.
Olhei para longe dela para perceber que ele estava me observando. Só
então Sr. Boné de Baseball acenou com o dinheiro no ar.
— Eu tenho que atender alguém. — Soltei-me do seu aperto. — Você
precisa de um outro? — Perguntei.
— Oi. Meu nome é Jesse. Qual é o seu? — Perguntou o Sr. Boné de
Baseball.
— Taryn — eu disse com um sorriso forçado.
— Então Taryn, você trabalha aqui todo fim de semana?
— Hum, sim. — Aqui vamos nós de novo… abordagem pobre padrão.
— Você sabe o nome da banda que está tocando hoje à noite? —
Perguntou.
— Chamam-se “Being Frank”. Você gostou deles? — Presunção minha;
ele está apenas tentando ser amigável.
— Sim, eles são realmente bons! Mas, falando sério, diga-me que o cara
não se parece com Art Garfunkel! — Seu comentário me fez rir. Todos nós
brincamos com Frank porque ele se parecia com Art Garfunkel. — Você vê
também, não é? — Sr. Boné de Baseball brincou comigo, rindo alto. — É o
cabelo!
Balancei a cabeça em concordância. Minha mente voltou para Frank
dando uma chave de braço em Pete, uma noite, pelo comentário.
— Eu não posso dizer que eu discordo de você. Sim, ele parece
exatamente como ele. — Eu ri. — Mas não importa o que você faça, não
fale isso com ele!
Eu estava limpando as lágrimas de riso dos meus olhos, quando notei
Ryan sentado a três bancos longe do meu novo admirador. Parado,
obedientemente, atrás dele estava um de seus guarda-costas.
— Então Taryn, eu queria saber se você gostaria de sair comigo algum
dia. Ir se divertir um pouco. O que você acha? — Sr. Boné de Baseball
engasgou.
Algo sobre o olhar nervoso em seu rosto foi engraçado para mim. Uma
pequena risada acidentalmente escapou da minha garganta. O pobre rapaz
parecia um pouco petrificado, mas ainda encontrou um momento de
bravura, e aqui estava eu, sendo rude.
Piscou os olhos, rapidamente, sobre a Ryan. O corpo de Ryan endureceu
em seu assento e notei o aperto em seu copo, ficou mais apertado. Parecia
que ele estava segurando a respiração.
— Estou muito lisonjeada, Jesse. Mas vou ter que dizer não. Desculpe.
— Eu estava realmente assistindo à reação de Ryan com o canto do meu
olho.
Ryan soltou um grande suspiro enquanto seus lábios se contraíram em
um sorriso. Acho que ele realmente queria sorrir, mas lutou contra a
emoção. Não escondi o meu, deixei o sorriso sair no meu rosto.
— Achei que você tinha um namorado de qualquer maneira, mas não
poderia ferir apenas perguntar. — Jesse deu de ombros.
Ryan terminou sua cerveja e deslizou seu copo vazio para a frente no
bar.
— Desculpe-me, senhorita, posso pegar outra cerveja, por favor? —
Disse ele com um sorriso confiante.
Peguei o copo vazio e servi-lhe uma cerveja fresca em uma caneca limpa,
fosca.
Coloquei a caneca no bar e girei a alça da caneca para que ele fosse
capaz de pegá-la. Ele escorregou uma nota de dez dólares no bar e piscou
para mim.
Deixei o dinheiro dele ao lado seu copo e me afastei; eu tinha que
atender outro cliente e eu não tinha intenção de aceitar o dinheiro dele. Eu
queria saber para onde Marie havia desaparecido, quando notei que ela
estava no palco falando com Frank.
Eu vi o momento em que Ryan e seu guarda-costas caminharam de
volta para a mesa para se juntar aos seus amigos; um bando de mulheres
se arrastou atrás deles. Tive que reprimir a minha raiva.
Quando a banda terminou sua canção, Frank começou a falar no
microfone:
— Senhoras e senhores, temos uma senhora muito talentosa aqui
conosco hoje à noite, e se vocês lhe derem algum incentivo, talvez
possamos convencê-la a vir aqui e tocar para vocês.
Olhei para cima e examinei a multidão pela pessoa que ele estava
falando. Comecei a bater palmas com todo mundo.
— Taryn — Frank gritou quando olhou para mim. — Por que você não
vem até aqui e toque para essas pessoas agradáveis?
Minhas palmas pararam. Parecia que minhas mãos estavam coladas.
— Oh, não. — Minha cabeça girava e eu fiquei chocada. — Não!
— Vamos, Taryn! Uma canção! — Frank vaiou. — Vamos pessoal, vamos
dar-lhe uma recepção calorosa!
— Não. — Eu estava balançando a cabeça com tanta força que eu estava
tonta. — Não, eu não posso.
Marie agarrou meu braço com força e me puxou de trás do bar.
— Vai mostrar a eles como você é especial — ela sussurrou em meu
ouvido, em seguida, me deu um empurrão em direção ao palco.
Meu coração estava batendo tão forte no meu peito que senti que
poderia desmaiar.
— Lembre-me de demiti-la depois disso — reclamei para ela.
A multidão aplaudiu quando fiz meu caminho para o piano. Eu estava
tão envergonhada.
— O que eu devo tocar? — Perguntei ao Frank.
— O que você quiser — ele respondeu. — Vamos tentar segui-la.
Tomei uma respiração profunda e ajustei o banco do piano. Tinha sido
um bom tempo desde que toquei na frente das pessoas e agora não era o
melhor momento para um ataque de pânico.
Corri através das músicas que eu sabia de cor. Olhei através do pub
lotado e vi Ryan em pé, me observando. Conforme eu pensava nele, uma
música em particular me veio à mente.
— Mmm, obrigado. — Ajustei o microfone à boca e soltei um suspiro
pesado para pôr meus nervos sob controle.
— Esta canção é uma das minhas favoritas de todos os tempos e eu
espero que vocês gostem. Ahh, chama-se You’ve got a friend.
Coloquei meus dedos sobre as teclas, respirei fundo e comecei a tocar.
A música fluiu e eu, milagrosamente, lembrava as letras e as notas.
Senti a força e a coragem aumentando em mim enquanto meus dedos
dançavam sobre as teclas.
Enquanto eu tocava, senti que cada palavra, cada nota era para Ryan e
apenas para ele. Eu esperava que quando ele fechasse os olhos, ele
pensasse em mim e se ele precisasse de mim, tudo o que ele tinha de fazer
era chamar meu nome. Não houve nenhuma explicação para os meus
sentimentos avassaladores — eu estava atraída por ele como uma
mariposa em uma chama.
Por um breve momento, nossos olhos se encontraram do outro lado da
sala. Ryan era o único que eu queria olhar. Ele tinha o sorriso mais
glorioso em seu rosto quando ele se levantou para me ver tocar. Empurrei
as teclas com força extra, desejando que ele pudesse perceber que essa
música era para ele.
Para minha surpresa, recebi uma ovação de pé quando terminei. Senti o
calor subir em meu rosto enquanto o constrangimento tomava conta de
mim. Cobri brevemente o rosto com as mãos. Olhei para Ryan novamente;
ele ainda estava de pé e batendo palmas com um enorme sorriso no rosto,
a cabeça lentamente balançando para frente e para trás.
Eu, educadamente, agradeci a todos e rapidamente virei o microfone.
Não havia nenhuma maneira que eu faria outra canção. Pete estava em pé
na porta da frente, batendo palmas freneticamente. Seus gritos foram
definitivamente os mais altos.
— Senhorita Taryn Mitchell, pessoal! — Frank gritou no microfone.
Curvei-me e, bem depressa, saí do palco.
Era difícil caminhar de volta para o bar no meio da multidão espessa.
Mãos que eu não conhecia me tocaram e me deram tapinhas nas costas e
as pessoas estavam em meu rosto me elogiando. Foi uma sensação muito
desconfortável e por um momento eu imaginei se era assim que Ryan se
sentia o tempo todo.
Passei direto por Ryan, embora ele estivesse sorrindo de orelha a orelha.
Tentei devolver o sorriso, mas eu estava muito confusa até mesmo para
olhar para ele. Ele estendeu a mão para mim, mas não parei. Eu estava
quase correndo quando desviei para minhas escadas; eu só precisava de
um momento para me acalmar e pôr meus nervos sob controle.
Eu só subi quatro degraus antes de cair e colocar minha cabeça em
minhas mãos. Meu coração estava prestes a estourar no meu peito e
estava difícil respirar.
Meus olhos dispararam quando ouvi minha porta da escada abrir. Ryan
escorregou virou a esquina e fechou a porta rapidamente atrás dele. Ele
estava sorrindo e rindo levemente para si mesmo enquanto ficou ali
olhando para mim.
— É assim que é para você? — Perguntei, cobrindo meu coração com a
mão para diminuir o barulho.
— Bem, isso depende — disse ele. — Você está se referindo ao
constrangimento extremo ou o total ataque de pânico?
Eu só balancei a cabeça e suspirei algumas respirações profundas.
— De qualquer maneira… sim! — Ele assentiu. — Ei, venha aqui. —
Ryan estendeu a mão para mim, tomando minhas mãos nas suas. Ele me
puxou para um bom abraço, envolvendo seus braços fortes delicadamente
em torno de meus ombros. — Você foi absolutamente impressionante lá
em cima — ele sussurrou, me tranquilizando. — Você não tem nada para
se envergonhar.
Sua mão segurou minha cabeça contra seu peito e ele beijou
suavemente meu cabelo; me senti confusamente natural em abraçá-lo.
Apertei minhas mãos em volta de sua cintura e enterrei meu rosto em seu
peito. O perfume suave de sua pele era como um afrodisíaco, fazendo-me
desejar-lhe ainda mais.
Fechei os olhos e senti meu ritmo cardíaco caindo lentamente, enquanto
ele passou a mão nas minhas costas para me acalmar.
— Está tudo bem, querida. Apenas respire comigo — ele disse
suavemente.
CAPÍTULO SEIS

Folga
— Eu tenho folga no domingo e na segunda-feira e eu realmente gostaria
de vê-la… isto é, se você ainda não tiver planos com um de seus
admiradores — Ryan brincou.
Notei o tom de sarcasmo na sua voz.
Sorri para ele. Aparentemente, eu não era a única um pouco ciumenta.
— Não seja ridículo.
— Eu? — Ele pareceu chocado.
— Sim, você! Como se você tivesse qualquer espaço para falar! — Ele
franziu a testa para mim.
— Bem de qualquer maneira… — Ele se inclinou na parede da escada.
— Eu estava pensando se você e eu poderíamos fazer alguma coisa juntos.
Sentei-me nos degraus. Por mais que eu quisesse recusá-lo e proteger-
me, eu não tinha mais vontade de fazê-lo. Eu não podia negar esta
poderosa atração por ele por mais tempo.
— O que você tem em mente?
— Qualquer coisa — ele respirou desesperadamente. — Eu só preciso
ficar longe. — Ele levemente bateu sua cabeça de volta à parede.
— Eu não tenho nenhum plano — de bom grado, admiti. — Segunda-
feira à noite é o pôquer, mas você já sabe disso.
— Sim, falando nisso, eu gostaria de uma oportunidade de ganhar um
pouco do meu dinheiro de volta.
— Claro. Eu ficaria feliz de ter todas as suas fichas desta vez! — Eu ri.
Alguns momentos de silêncio passaram. Eu só olhava para a sola do
meu sapato, tentando me acalmar e banir a confusão que estava colhendo
em minha mente. Ryan pareceu pensar profundamente.
— Huh — ele suspirou. Seus olhos mediram as escadas.
— O quê? — Olhei por cima do meu ombro para ver o que ele estava
olhando.
— Nada — disse ele, balançando a cabeça. — Eu estava pensando na
última vez que estive nesta escada. Eu estava de forma muito pior do que
você há alguns minutos.
Ele me fez rir.
— Lugar perfeito para ataques de pânico, então, hein?
— Eu estava realmente pensando que é mais do que uma porta de
entrada para a paz. Insanidade lá fora… — ele apontou para a porta —
refúgio aqui — afirmou com firmeza. — Você está pronta para mais
insanidade? — Ele estendeu a mão e me puxou para cima do degrau. —
Você não pode se esconder aqui para sempre.
Gemi.
— Não, eu gosto mais de refúgio. — Um grande suspiro escapou dos
meus pulmões. — Estou feliz que você veio hoje à noite.
— Eu também — ele disse suavemente, olhando-me nos olhos. Seus
dedos acariciaram minha bochecha. — Apenas pense, eu poderia ter
perdido seu desempenho estelar e seu ataque de pânico privado, tudo em
uma noite!
— Não seja um idiota! — Tentei cutuca-lo nas costelas com meu dedo,
mas ele pegou minha mão na sua. O toque de sua mão na minha, fez
coisas estranhas para o meu coração.
— Vamos, querida. — Ele acenou com a cabeça, levando-me até a porta.
— Insanidade está esperando.
Escorreguei para fora em primeiro lugar. Ryan ficou para trás por
alguns minutos, para não causar um grande alvoroço aparecendo junto
comigo do mesmo lugar.
Um dos seus seguranças estava de guarda diretamente ao lado de fora
da porta das escadas, fazendo um bom trabalho ganhando o seu sustento.
Retomei meu lugar atrás do bar e fui recebida por Marie e Tammy, que
estavam sorrindo de orelha a orelha para mim.
— Então, estou demitida ou estou recebendo um aumento? — Marie
brincou.
— Você foi espetacular lá em cima! — Tammy jorrou. Ela me deu um
abraço.
Revirei os olhos, sorri para as duas e voltei para os negócios.
Era quase uma e meia da manhã quando meu celular vibrou no bolso;
Ryan estava me mandando mensagens de texto de sua cabine.
“Muitos olhos observando, vou ligar para você amanhã”
“Ok, amanhã você filma?” — Ele estava me observando escrever de volta
para ele.
“Sim durante todo o dia e a noite também, talvez até 1:00?” — Ele
digitou com uma careta em seus lábios.
“Vou estar aqui” — digitei.
“Pense sobre onde ir domingo, por favor”
“Eu vou”
“Promete?” — Ele estava olhando para mim agora.
Olhei para ele, sorri e fiz o gesto de cruz em cima do meu coração.
Ryan empurrou o telefone de volta em seu casaco.
Observei-o andar até a porta; seu segurança tinha lhe rodeado. No
segundo em que ele saiu para sua interpretação pessoal de loucura, eu
podia ouvir as mulheres gritando e ver o flash das câmeras iluminando a
rua escura.
Passei uma boa parte da manhã de sábado tentando pensar em ideias
de onde ir no domingo. Não era como se eu pudesse levá-lo em qualquer
lugar público, sem causar uma cena. Fiquei imaginando o que outras
celebridades faziam para se divertir. Eu tinha visto uma abundância de
imagens das estrelas famosas fazendo coisas normais como tentar pegar
uma xícara ruim de café ou almoçando. O simples fato de ver as suas fotos
fazendo essas coisas comuns, me fizeram perceber que há poucas coisas
que poderíamos fazer sem sermos seguidos.
Lembrei-me das palavras que Ryan tinha murmurado sob sua
respiração no primeiro dia que o conheci: "as coisas que nós tomamos por
garantidas." Eu já sabia o que ele queria dizer. Ele não podia mais
simplesmente sair de uma loja ou restaurante sem ser perseguido para
fotos ou autógrafos.
As celebridades já se acostumaram com a loucura ou eles simplesmente
desenvolvem uma maneira de ajustar-se? A fama de Ryan ainda estava
fresca e eu sabia que ele não gostava de toda a atenção.
Eu queria levá-lo em algum lugar onde ele pudesse simplesmente ser ele
mesmo. Ri de mim mesma, pensando que a única ideia que tive até agora
foi de nos esconder nas minhas escadas.
Hmm… em algum lugar longe das pessoas; um lugar onde ele pudesse
se movimentar e ainda passar desapercebido. Privado… isolado…
divertido… seguro. Então, a ideia me ocorreu.
— Olá, Tio Al, é Taryn. Como você está? — Depois de alguns momentos
de brincadeiras, vou direto ao negócio.
— Tem alguém usando a cabana de Pappy este final de semana? Eu
tenho um amigo me visitando de fora da cidade e pensei que seria um bom
lugar para ir para uma viagem de um dia.
Com meu novo brilhantismo, era hora de colocar o resto do plano em
ação. Havia suprimentos que eu precisaria pegar e coisas para colocar no
carro. Fiz uma lista para que eu não esquecesse de nada e me dirigi para a
loja.
Duas horas mais tarde, eu tinha todos os itens da minha lista e o porta-
malas do meu carro embalado com o essencial. Eu estava tentando chegar
ao armário no terceiro quarto, quando Ryan ligou.
— Ei, como você está? — Perguntei, gemendo enquanto empurrei
algumas caixas pesadas fora do meu caminho.
— O que você está fazendo? — Ele começou a rir dos ruídos de grunhido
que eu estava fazendo no telefone.
— Desenterrando meu cooler. Está enterrado em algumas caixas.
— Cooler? Para que você precisa disso?
— Preciso dele para amanhã. Droga! — Gritei quando o telefone
escorregou de debaixo da minha orelha. Ele caiu no chão. — Olá? —
Perguntei depressa. Eu esperava que não havia desligado na cara dele e
fiquei aliviada quando o ouvi rindo. — Desculpe, o telefone escorregou. Ok,
você pode parar de rir de mim agora!
— Então, onde é que você vai amanhã? — Perguntou. Amei seu senso de
humor sarcástico.
— Oh, isso é segredo. Você vai ver quando chegarmos lá — provoquei.
— Segredo? Você realmente não vai me dizer para onde estamos indo?
— Não. É uma surpresa. Embora, tenho certeza que você vai gostar. —
Eu ri. — Você vai ter que confiar em mim.
— Uh, oh. Agora estou preocupado!
— Preocupado? — Estalei. — Não se preocupe. Você vai estar bem
escondido do público. O lugar que vamos é… privado. Mas vamos ter que
dirigir algumas horas para chegar lá.
— Agora estou intrigado! — A excitação em sua voz era perceptível.
— Oh, e você vai precisar de roupas quentes e confortáveis, porque nós
vamos passar algum tempo fora. Embale algumas roupas extras também,
apenas no caso. — Visões de um de nós caindo no lago passou pela minha
cabeça.
— Agora eu estou realmente intrigado!
— Bom. Você vai ter que me dizer como, quando e onde eu posso buscá-
lo amanhã.
— Eu estava pensando sobre isso — ele suspirou. — Você sabe que não
pode simplesmente aparecer com seu carro no hotel. Talvez você possa me
pegar no set, mas…
Eu podia ouvi-lo respirar muito difícil.
— O quê? — Perguntei.
— Eu vou ter que me esconder para que eu possa sair desapercebido. —
Sua voz estava perturbada.
— Esconder? Como? Você quer se esconder no porta-malas? —
Brinquei, tentando aliviar a preocupação em seu tom.
— Ah, basta trazer um cobertor. Droga, eu odeio isso — ele bufou.
— Ryan, está tudo certo. Eu entendo. Vamos fazer o que temos que
fazer. Não é grande coisa.
Ele explicou como chegar na entrada do set e ele deixaria meu nome
com a segurança no portão. Era a maneira mais fácil de chegar até ele,
mas ainda era complicado. Os rumores eram vazados do set o tempo todo,
e ele estava preocupado que os paparazzi nos seguiriam. Seu plano deu-
me outra ideia. Havia mais uma chamada de telefone que eu tinha que
fazer.
— Tammy, Ei. Eu preciso de um favor…
Domingo de manhã cedo, fui até o portão no set fechado; faltava alguns
minutos para as nove horas. Todo o local foi fechado com uma cerca de
privacidade de três metros e blocos de cimento. Era muito intimidante. O
guarda que me cumprimentou tinha uma pistola presa ao seu quadril.
— Oi. Taryn Mitchell. Eu tenho uma entrega — eu disse para o guarda.
Ele olhou para sua prancheta de nomes. Tive que mostrar-lhe minha
carteira de motorista como prova de identidade e ele me fez abrir a parte
de trás, para que ele pudesse olhar para dentro, antes de me deixar
continuar.
— Vá em frente. — Ele acenou e fez um sinal para o outro guarda de
segurança para mover a barricada.
Estacionei ao lado de uma linha de veículos de fornecedores e notei
Ryan saindo por uma das tendas. Haviam pessoas se misturando ao redor,
assim tentei me misturar.
— Bom dia, Sr. Christensen — cumprimentei-o batendo na ponta do
meu chapéu.
Algumas pessoas passaram por nós.
— Bom dia — disse ele, encolhendo-se com a confusão.
— Você está pronto? — Sussurrei para ele, apenas mexendo a boca.
Ele agarrou sua bolsa e me seguiu ao longo das linhas de caminhões e
vans. Eu bati na chave para abrir as portas, o que fez as luzes piscarem.
— Van agradável, Ms. Mitchell — ele murmurou para mim.
— Bond, Taryn Bond — murmurei de volta para ele.
Ryan saltou para a parte de trás da van e fechei a porta rapidamente
atrás dele. Os guardas moveram as barricadas e eu dirigi diretamente
pelos paparazzi esperando, completamente desapercebida. Ryan riu
histericamente conforme dirigimos pela estrada.
— Onde diabos você conseguiu uma van de fornecedor? — Perguntou
ele, subindo no banco do passageiro da frente.
— É da Tammy. — Tirei o boné de beisebol da Catering T & P da minha
cabeça e sacudi meu cabelo. — Ela é proprietária de uma empresa de
fornecimento. Não toque nos bolos ou ela vai atirar em você!
— Senhora Bond, você é realmente incrível! — Ele riu.
Dirigi de volta para a casa de Pete e Tammy. Tammy e eu trocamos as
chaves do carro e Ryan agradeceu a ambos.
— Vocês dois são os melhores — disse Ryan.
— Divirta-se! — Pete bateu-lhe no braço. — Vá se divertir!
— Você vai me dizer para onde estamos indo ou ainda é segredo? —
Ryan me cutucou com o cotovelo quando nos levei para a estrada.
Olhei para ele e sorri. Ele estava lendo os sinais de trânsito tentando
descobrir.
— Noroeste — respondi, imperturbável.
Ele olhou para mim e só ficava balançando a cabeça. Ele estava
morrendo de vontade de saber onde estávamos indo e eu estava
segurando.
— E quanto tempo nós dirigiremos a noroeste? — Ele arrancou.
Olhei para o tempo no painel de instrumentos.
— Mais uma hora e quarenta minutos.
Ryan passou uma boa parte da viagem mastigando os dedos. Notei que
ele era um roedor de unhas.
— Eu gosto deste carro — ele disse, fechando os olhos. — Os bancos são
muito confortáveis. Infiniti, certo?
— Sim. M45.
— Acorde-me quando chegarmos lá — disse ele bruscamente.
— Oh, inferno, não! — Cutuquei-o em suas costelas. Ele pulou e se
encolheu para longe de mim, rindo. — Você tem que ficar acordado!
Nós estávamos a cerca de 15 minutos do nosso destino final, quando
puxei para o parque de estacionamento da loja de conveniência e gás local.
Este era o lugar onde minha família pararia antes de cada viagem para a
cabana. Recuei meu carro até a linha de árvores na extremidade distante
do lote, de modo que Ryan passaria desapercebido.
— Eu quero tomar um café — eu disse, respondendo à pergunta no
rosto de Ryan. — Você quer alguma coisa?
— Sim, pega para mim um de 500ml? — Ele perguntou, alcançando seu
bolso para pegar dinheiro. Fiz uma careta em suas ações e ignorei o
dinheiro em sua mão.
— Você quer alguma coisa nele? Creme, açúcar? — Perguntei. Eu já
tinha uma perna para fora do carro.
— Sim, fraco e três cubos de açúcar. Aqui, tome isso — ele insistiu,
entregando uma nota de vinte dólares para mim.
— Nah, eu tenho isso.
— Você, pelo menos, me deixará comprar-lhe uma fodida xícara de café?
— Ele alegou. Eu poderia dizer que ele estava um pouco chateado.
— Tudo bem — sussurrei e fiz uma careta para ele. Eu não queria
discutir. Deslizei o dinheiro de seus dedos.
Enquanto eu estava pagando pelos cafés, reparei que a sua foto estava
na capa de uma das revistas de fofocas. Na foto, atrás dele, estava a porta
da frente do meu pub. Peguei a revista e folheei-a rapidamente para ler o
que eles tinham impresso. Entre os disparates inúteis circulando suas
imagens, tinha uma foto dele e duas atrizes saindo do meu pub. Li a
legenda: Suzanne está ficando mais próxima de Ryan. Os dois têm gastado
muito tempo sozinhos e fora do set, embora ambos neguem que estão
secretamente namorando. Os dois foram vistos fazendo companhia um ao
outro, no dia 04 de outubro, quando foram capturados deixando um clube
local, depois de uma noite de festa no centro de Seaport. “Ryan e Suzanne
estavam muito próximos durante toda a noite e pareciam felizes" — diz
uma testemunha ocular.
Bati a revista fechada e coloquei-a de volta na prateleira. Eu sabia a
verdade; ele não prestou muita atenção em Suzanne naquela noite — ele
estava muito ocupado observando-me, vestindo minha camiseta, em meu
pub. Sorri amplamente; ele estava sentado no meu carro esperando por
mim, naquele momento.
— Eu tenho dois muffins de salsicha, ovo e queijo — eu disse,
entregando o troco e o saco para ele.
— Excelente! Eu estou com fome.
— Imaginei que você poderia estar. Ei, você precisa compartilhar! —
Olhei de soslaio para ele. Ele já estava desembrulhando o segundo
sanduíche enquanto ainda comia o primeiro.
— Aqui, dê uma mordida — ele riu, mesmo que deu outra mordida
grande no bolinho antes de segurá-lo para minha boca.
Fiz o último turno da nossa viagem. As últimas milhas da estrada
estavam limitadas em ambos os lados por altos pinheiros e outras árvores
frondosas; o ar estava perfumado com o perfume fresco da floresta. As
folhas estavam apenas começando a mudar para as cores do outono e elas
fizeram belos tons no para-brisa.
Virei-me para estrada escura até a cabana do meu avô e parei para abrir
o portão de metal que impedia os carros de dirigirem ainda mais para a
propriedade. Ryan deslizou seus óculos de sol do seu rosto; seus olhos
estavam arregalados de espanto.
— Bem-vindo ao barracão de pesca do meu avô. — Sorri para ele, nos
levando até a casa.
— Barracão? Isso não é um barracão! — Declarou ele, apontando para a
casa. Ele sorriu em espanto.
Aninhada confortavelmente na floresta, tinha as paredes com toras de
madeira, com um deck de madeira que envolvia as laterais e passava por
uma enorme chaminé de pedra. A frente da casa era toda de janelas que
refletiam os raios solares quebrando através das árvores. Nos fundos da
casa tinha uma varanda alta com vista para o lago.
— Não é assim tão grande. Só tem dois quartos — respondi ao seu
olhar. Estacionei o carro na garagem coberta de pedra, ao lado das
escadas que levavam ao convés.
Ryan me ajudou a levar o cooler até os degraus da porta da frente. Dei-
lhe um rápido passeio pela casa, enquanto ligava a energia e a água.
— Isto é excelente! — Disse ele com um sorriso exultante em seu rosto.
Observei-o vagar ao redor da sala, tocando e olhando para tudo.
— É por isso que eu não queria estragar a surpresa. — Apontei para o
seu sorriso.
— Depois de pegar as coisas no carro, pensei que poderíamos levar o
barco para o lago… pescar um pouco? — Acenei o jarro de minhoca no ar.
— Nós vamos pescar? — Ele perguntou, completamente atônito. —
Você? Você… pesca?
— Claro — brinquei. — É por isso que eu te trouxe aqui. Pensei que
iríamos levar o barco para o lago. — Descemos o caminho coberto de pedra
para a garagem onde o barco estava guardado. O barco era pintado de
prata bronze com listras e detalhes em preto e vermelho e o interior em
cinza escuro.
— Legal! — Ryan disse, empurrando a porta da garagem para cima. —
17 pés?
— É do meu tio Al — assenti. — Era do meu pai e dele, mas… bem… era
grande o suficiente para os dois.
Subi no grande ATV que precisávamos usar para rebocar o barco para o
lago, mas quando tentei iniciá-lo, a bateria estava obviamente morta.
— Vá buscar o seu carro. Podemos alavancar isso — disse ele, confiante.
Ryan estava se divertindo, ajustando ao redor com cabos de ligação e
apertando o acelerador no ATV. Ele era como uma criança numa loja de
doces, tão feliz e descontraído. Amei como ele era capaz de consertar as
coisas. Ele me fez lembrar de meu pai.
Ele apoiou o ATV e eu o ajudei a ligar o engate do reboque do barco.
Segurei seus ombros para me equilibrar enquanto subia, no veículo de
quatro rodas, atrás dele. Tomei a liberdade de lhe dar alguns apertos
adicionais para massagear seus músculos tensos. Peguei seu gemido como
confirmação de que ele gostava de meu toque.
— Segure-se firme! — Ele bateu e apertou minha coxa antes acelerar
para nos colocar em movimento.
Apoiei o queixo em seu ombro enquanto a leve brisa soprava seu cabelo
no meu rosto. Aninhei meu nariz gelado perto de seu pescoço quente para
adicionar mais um delicioso aroma dele à minha memória. Gostaria que
tivéssemos de dirigir mais para que eu pudesse desfrutar segurando-o
assim mais tempo, mas era uma curta distância entre a garagem e o lago.
O sol do meio-dia estava brilhante sobre nossas cabeças. Ele apoiou o
reboque do barco na água e me ajudou a empurrar o barco para o lago.
Trabalhamos bem como uma equipe.
Ryan me deu alguns empurrões, me provocando, quando nós
caminhamos de volta até a garagem para pegar nossas coisas. Ele
continuou sorrindo e sorrindo e balançando a cabeça para mim.
Nós lotamos o barco com todo o necessário: equipamento de pesca,
cerveja e sanduíches, e Ryan ligou o pequeno motor eléctrico para nos
levar pela água.
O ar estava parado e não estava tão frio como estivera nos últimos dias.
O lago estava calmo e refletia as árvores e o céu como um espelho gigante.
Derrubei meus óculos de sol para aproveitar a vista de Ryan conduzindo o
barco. Ele parecia tão bom em sua calça jeans e camisa branca térmica,
com um casaco marrom. O sorriso em seu rosto era de felicidade celestial.
Fiquei emocionada que ele estava gostando dessas miniférias.
— Vá em direção àquelas árvores. — Apontei. — É o lugar de sorte do
meu pai. Ele pegou muitos peixes lá.
— Então, como é que surgiu com a ideia de pesca? — Ele perguntou,
lançando sua linha na água.
— De você. — Eu ri levemente. Optei por colocar uma isca na minha
linha, em vez de uma das minhocas.
— Eu? Quando foi que eu disse que amo pescar?
— No primeiro dia em que te conheci. Você me mostrou a cicatriz onde
seu irmão prendeu o anzol em seu braço.
Ele olhou para mim e sorriu.
— Você tem uma boa memória para detalhes. Esqueci-me sobre isso.
Este era o local favorito do seu pai? Eu posso ver o porquê. É lindo aqui
fora.
Respirei fundo, apreciando o suave aroma de pinho e folhas caídas. Era
muito diferente do cheiro que emanava do Atlântico.
Ryan olhou para mim por um momento, mordendo o lábio.
— Posso perguntar o que aconteceu? — Ele disse hesitante. — Com seu
pai?
Engasguei um pouco; só pensar nisso machucava.
— Os médicos me disseram que ele teve um ataque cardíaco fulminante.
— Funguei. — Foi logo depois do Dia do Trabalho no ano passado. Nós não
estávamos ocupados por algum motivo então meu pai me disse para tirar a
noite de folga, disse que iria trancar o bar. — Fiz uma careta ao ouvir a
sua voz na minha cabeça. — Quando cheguei em casa, encontrei-o no
chão. Eu tentei fazer ressuscitação nele até que a ambulância chegou, mas
era tarde demais.
— Eu sinto muito. — Ryan olhou para mim se desculpando.
— Obrigado — respondi. — Foi muito difícil no começo, mas tenho
lidado com isso. Eu apenas tento me lembrar de todos os bons momentos.
— E… sua mãe? — Ele pareceu como se não devesse ter perguntado.
Tomei outra respiração profunda, segurando-a em meus pulmões por
alguns segundos.
— Minha mãe foi atingida por um carro. — Estremeci com a lembrança.
— Ela estava empurrando um carrinho de supermercado através de um
estacionamento, quando uma senhora idosa saiu de uma vaga muito
rápido e bateu nela. O impacto quebrou o quadril de minha mãe e cortou a
artéria femoral. Os médicos não puderam salvá-la. — Eu mantive o
cuidado de segurar a memória para que não me sobrecarregasse. Falar
sobre os meus pais fazia tudo parecer fresco novamente.
Ryan foi até onde eu estava sentada no barco e gentilmente esfregou
minhas costas.
— Eu sinto muito. Não posso imaginar o quão difícil deve ser para você.
— É difícil, mas você tem que apenas seguir em frente, você sabe? Você
realmente não sabe o quanto você sente falta de alguma coisa até que ele
se vá — eu disse, olhando em seus olhos.
Ryan deixou seu braço atrás de mim. Sua presença era extremamente
reconfortante.
Senti a linha na vara de pesca sacodir.
— Ei, acho que peguei um! — Comecei a enrolar a linha. Ryan agarrou a
rede e se inclinou para o lado para ver o que eu peguei.
— Legal! — Ele disse com entusiasmo, pegando com a rede, o robalo em
minha vara. — Ele tem cerca de vinte e cinco centímetros! — Ryan teve
que tirar o peixe do anzol para mim. — Bom trabalho! — Ele sorriu.
Eu fiz uma cara de peixe para o pobre peixe antes de lançá-lo de volta
dentro do lago.
— Até logo Sr. Robalo.
— Então me diga mais sobre você — Ryan começou.
— O que você quer saber?
— Tudo! — Ele declarou enfaticamente.
Conforme pescávamos, ele fez um monte de perguntas, e eu me
encontrei dizendo-lhe a história da minha vida. Algumas de suas
perguntas trouxeram minhas próprias perguntas e ele não parecia
hesitante em me dizer qualquer coisa que eu quisesse saber, também.
— Na verdade, eu nasci no interior de Nova York — eu disse a ele,
respirando o ar da montanha. — Cresci perto de Watkins Glen. Alguma vez
você já ouviu falar?
— Claro — respondeu ele. — Eu mesmo estive lá uma vez. Meu pai nos
levou lá para ver uma corrida.
Eu sorri.
— Nossa casa ficava há apenas quatro milhas da pista.
— Quanto tempo você morou lá?
— Até que eu estava com quase quatorze anos. Nós nos mudamos para
Seaport quando meu avô ficou doente. — Puxei meu cabelo para trás dos
meus ombros.
— Pensei que você havia crescido em Seaport. Tive a impressão de que
seu pai sempre gerenciou o pub.
— Não, na verdade, o meu pai costumava trabalhar para Corning. Ele
era um VP lá por um longo tempo. Mas meu avô teve um derrame, então
nos mudamos para cá para cuidar dele. Acho que meu pai amava seu
trabalho, mas quando tudo aconteceu… acho que o momento era certo
para ele renunciar e abrandar um pouco. Na verdade, ele parecia mais feliz
quando ele assumiu o pub.
— E a sua mãe? Será que ela trabalhava?
Balancei a cabeça e tomei um gole da minha cerveja.
— Ela trabalhava no escritório de admissões da Universidade de Ithaca.
Eu estava pensando em ir para a faculdade lá, mas… as coisas mudaram,
eu acho. Nos mudamos para cá e Brown estava mais perto. E você? Você
foi para a faculdade?
Ryan sorriu e pareceu um pouco embaraçado.
— Eu fui para Pitt por dois anos.
— Pitt? — Repeti.
Ele assentiu.
— Eu fui para uma licenciatura em Arquitetura — ele disse com
remorso. — Eu queria projetar casas e edifícios — acrescentou. — Eu amo
desenhar.
— Mas você não terminou?
Ryan pareceu um pouco embaraçado.
— Eu estava vivendo em casa, indo à escola, e fazendo algum teatro
local no momento. Um dos meus treinadores de atuação me contou sobre
essa audição aberta em L. A., então eu fui, e logo depois consegui o meu
primeiro papel principal em um filme. Tem sido praticamente um grande
borrão desde então!
Ele riu.
— Eu tive que conseguir um agente e um gerente… e um advogado! —
Ele lançou sua linha na água. — Às vezes me pergunto como minha vida
teria sido se eu ficasse na faculdade e não entrasse naquele avião para L.
A.
— Eu gostaria de acreditar que tudo acontece por uma razão. Se você
não tivesse chegado naquele avião, então você provavelmente não estaria
sentado aqui neste barco no lago no momento.
— Você está certa. — Ele sorriu. — Isto teria sido uma pena perder. Eu
quero ter um lugar como este um dia. Uma casa em um lago cercado por
bosques, doca para o barco, uma grande lareira de pedra…
— Sinto falta da casa que tínhamos perto de Glen — eu disse. — Era
perto de um lago também, como este, mas menor. Era uma grande casa de
fazenda branca com um quintal enorme. Tínhamos um balanço de corda
pendurado em um dos grandes olmos que balançava por cima do lago;
lembro-me que subíamos o aterro e corríamos pelo caminho desgastado e
balançávamos tão duro quanto pudéssemos. Era um jogo para ver quem
poderia balançar mais alto e mais distante.
Ryan olhou para mim e sorriu.
— Parece que você era um pouco aventureira quando mais jovem.
Estiquei minhas pernas, lembrando-me de como eu costumava pular do
balanço de corda.
— A melhor parte do verão era quando as uvas estavam prontas para
serem colhidas. Meu pai construiu este grande caramanchão no nosso
quintal; estava coberto de videiras. Lembro-me de correr para o quintal
dos fundos, na parte da manhã, para pegar as uvas que estavam cobertas
de orvalho da manhã. Meu pai dizia que elas eram o vinho da natureza —
recordei. — Você sabe como o vinho é feito?
— Eu sei um pouco. Sei mais sobre beber vinho do que como ele é feito,
embora. E você?
Assenti.
— Minha família tem copropriedade em algumas vinícolas por um longo
tempo. Eu tenho um grande investimento em três vinícolas ativas agora.
— Você tem? — Ele ficou surpreso.
Balancei a cabeça novamente.
— Meus pais investiram muito dinheiro em algumas das vinícolas locais
em torno da Finger Lakes. Éramos coproprietários de cinco delas, mas
vendemos nossas ações de uma delas e duas das outras vinícolas se
mesclaram. Depois que meu pai morreu, herdei todas as ações. Eu sou
uma sócia limitada agora, mas eu ainda me envolvo nos negócios, às
vezes. Temos grandes amizade com as famílias que gerenciam as vinícolas,
algumas delas eu conheço por toda a minha vida.
— Muito empresária você é! — Ele riu.
— Eu gosto da diversidade. Tem uma renda estável e boas ligações de
vinho. — Dei de ombros. — Eu também sou uma parceira silenciosa no
negócio de fornecimento de Tammy; eu permaneço em silêncio e a deixo
executá-lo como bem entender.
Ryan lançou a sua linha para fora novamente.
— Não é difícil estar no negócio com um amigo?
— Não, ainda não. Tammy e eu temos um acordo comercial legal. Nós
duas somos parceiras em uma empresa de responsabilidade limitada com
acordos assinados. Dei-lhe o capital de arranque. Eu queria ajudar minha
amiga, mas quero manter a amizade, não importa o que aconteça. A
relação de negócios é uma coisa, a amizade de longa data é outra. Ela tem
a opção de comprar a minha parte a qualquer momento.
— Então deixe-me ver se entendi. Você possui um bar, co-possui
algumas vinícolas, e é sócia de uma empresa de fornecimento? Isso é
tudo?
— Bem, há o negócio vitrais também — murmurei. — Mas isso é mais
um hobby agora. Você se lembra de ver a grande placa de vidro escrito
“Mitchell’s Pub” pendurada atrás do bar? — Ele assentiu.
— Eu que fiz.
— Você que fez? — Ele parecia impressionado.
— Eu fiz algumas peças para algumas das empresas locais. A loja de
livros ao lado do meu pub… fiz sua placa também.
— Eu acho que peguei um! — Ryan enrolou sua linha para encontrar
um pequeno baixo em seu gancho. — Você gostou desta minhoca?
Gostou? — Perguntou ao peixe, como se fossem amigos. Isso me fez rir.
— Então, e sobre seus pais? — Perguntei.
— Meu pai é dentista — ele disse com orgulho. Ele entreabriu os lábios
para me mostrar os dentes. — Este é todo o seu trabalho útil. — Ele fez
um gesto com o dedo. — Eu usei aparelho até os dezesseis anos.
— Aposto que impressionou as senhoras! — Provoquei.
— Sim! Me arrumou um monte de encontros! Fiquei muito feliz quando
ele finalmente os tirou. — Ryan fez uma pausa para tomar um gole de sua
cerveja. — Minha mãe tem sido a sua gerente desde sempre. Ela
praticamente administra o lugar. Nós sempre brincamos com ele, que tudo
o que ele tem que fazer é mostrar-se e dizer às pessoas para dizer "ahh."
Mamãe faz o resto. — Um ou dois minutos se passaram e tive uma visão
do consultório do seu pai sendo inundado com novos pacientes. Isso me
fez rir em voz alta.
— O que é tão engraçado? — Perguntou.
— Eu estava apenas imaginando a sala de espera do seu pai sendo
inundada com centenas de novas pacientes, todas jovens e do sexo
feminino! Oh, Dr. Christensen, acho que tenho uma cárie. A propósito,
será que você poderia me apresentar a seu filho?
— Hah! É engraçado você dizer isso. Se alguém novo liga para marcar
uma consulta… se você tiver menos de quarenta anos e feminino esqueça.
Você não vai conseguir. Minha mãe vai desligar na sua cara.
— Acho que é uma coisa boa que eu já tenha um dentista. — Eu ri. —
Pensei que talvez eles estivessem classificando as mulheres para você.
Somente aquelas com quantidades mínimas de placa conseguem seu
número de telefone.
Ele estava rindo tanto que ele nem sequer perceber que ele tinha outro
peixe em sua linha.
Coloquei minha vara de pescar de lado e recuperei a rede.
— Olha isso! — Gritei. Ele tinha um peixe enorme em seu gancho. O
coitado se debatendo. Ryan tinha o maior sorriso em seu rosto; ele estava
em seu lugar feliz.
— Este está bom para comer agora mesmo! — Ele segurou o peixe para
cima.
— Não, não… pesque e solte — eu o lembrei.
Passamos toda a tarde pescando no lago. Aprendi alguns segredos
comerciais dentro da indústria do cinema e como ele se machucou uma
vez fazendo algumas de suas próprias cenas de ação. Ele me contou sobre
todas as acrobacias que ele tinha que fazer para o filme Seaside e como
cada movimento foi cuidadosamente coreografado.
Foi muito interessante aprender sobre chroma key 9 e como eles, às
vezes, filmou dentro de um enorme edifício, mas uma vez que a
computação gráfica e os cenários foram adicionados, parecia que eles
estavam realmente do lado de fora.
Nós descansávamos tranquilamente no barco, quando vimos os falcões
voarem na brisa. O sol poente mudou o horizonte para belos tons de
laranja e vermelho e o vento que soprou por toda a água tinha um frio
gelado.
Ao longo de várias horas, compartilhamos nossas histórias, nossos
pensamentos, gostos, desgostos, as esperanças e os sonhos. Nós fizemos
um ao outro rir muito. Era tudo tão surreal.
— Isso foi muito divertido — Ryan disse conforme amarrou o barco no
cais. Nós caminhamos para a cabana e ele tomou as varas de pesca da
minha mão.
— Obrigado — ele disse suavemente. O sorriso em seu rosto era
genuíno. Ele bateu o braço no meu, me dando um empurrãozinho.
Fiquei muito feliz que ele aproveitou e que pegou mais peixes do que eu.
Ele não parecia egoísta, mas independentemente disso ainda é um homem,
e todos os homens têm o seu orgulho.
Senti uma súbita vontade de segurar sua mão enquanto caminhávamos
para a casa; seu braço estava quase tocando o meu. Isto teria sido um
momento perfeito para este sentimento, mas nós não temos este tipo de
relacionamento.
Perguntei-me se alguma vez o faria. Eu podia imaginá-lo sendo muito
claramente uma parte da minha vida e eu sendo uma parte da dele. Mas a
parte de sua vida que eu estava imaginando era esta parte, agora — uma
vida de paz e união — de normalidade. O tipo de vida que a maioria das
pessoas no planeta experimentava.

9 Chroma key é uma técnica de efeito visual que consiste em colocar uma imagem

sobre uma outra através do anulamento de uma cor padrão, como por exemplo o verde ou
o azul. É o famoso fundo verde.
Na realidade, a vida de Ryan era tudo menos normal agora e era difícil
de imaginar. Sua vida estava em constante agitação, sendo caçado e
perseguido. Ele não tinha privacidade. Sua existência era envolta em
segredos para manter os detalhes íntimos de se tornarem públicos. Olha
todo o negócio que tivemos que fazer para ele fazer algo amava.
O tempo todo que estávamos no lago Eu só queria perguntar-lhe à
queima-roupa porque "atuar" como escolha de carreira valeria a pena para
ele — vale a pena o trabalho.
Havia algo em seu ego que precisava de atenção? Ele conseguia uma
emoção por fingir ser outra pessoa, porque é isso que os atores fazem —
vivem a vida de outra pessoa por um tempo. Mas eu não poderia fazê-lo.
Eu não poderia perguntar. Eram perguntas que ficariam sem respostas.
A grande questão na minha mente era se a paz e a insanidade poderiam
sobreviver juntos em harmonia.
CAPÍTULO SETE

Revelações
— Eu estou congelando. — Meus dentes batiam por estar no lago. Virei
os aquecedores de rodapé para aquecer a cabana. — Ryan? Você pegaria
um par de toras do lado da casa, por favor? Eu quero acender a lareira.
Peguei uma panela grande de debaixo do balcão, enchi-a com água e
coloquei-a sobre o fogão. Meu estômago estava fazendo barulhos e estava
chegando perto da hora do jantar de qualquer maneira.
Ryan trouxe uma braçada de toras e eu o ajudei a empilhá-las ao lado
da lareira.
— O material de acender a lareira está na caixa. — Apontei para onde
ele deveria olhar. Usei alguns pequenos ramos para iniciar o fogo.
— Você é uma verdadeira escoteira — ele brincou e me cutucou na
perna.
— Na verdade, não. Eu não posso começar um fogo sem um isqueiro ou
um fósforo. Eu estaria em apuros se tivesse que sobreviver na floresta.
— Eu conheci esse cara uma vez — ele continuou. — O cara
sobrevivente da TV. Você sabe de quem estou falando?
— Quem? Aquele cara que é largado nos piores lugares e depois filma
enquanto come sapos e coisas assim? — Perguntei.
— Sim. Esse cara. — Ele assentiu. — Eu o conheci em uma festa uma
vez. Ele era um cara bizarro! Ele tinha algumas histórias realmente
selvagens.
— Você meio que parece o sobrevivente por si mesmo! — Eu ri
levemente. — Você tem pedaços de madeira presos por toda a sua camisa.
— Peguei alguns pedaços de suas mangas, enquanto ele arrancou alguns
que estavam presos ao seu peito. — Vamos lá para fora para limpar. —
Nós saímos no convés de madeira e corri imediatamente as mãos sobre
seus braços para tirar a sujeira. Em vez de me ajudar, Ryan ficou ali,
imóvel, olhando para mim enquanto eu o espanava.
Perguntei-me por um momento se ele ia tentar me beijar. Estávamos tão
perto; tudo o que eu podia pensar era em prová-lo. Ele só teria que se
inclinar algumas poucas polegadas e eu iria sucumbir de boa vontade…
Minhas mãos desaceleraram seus movimentos enquanto eu tentava ser
mais precisa com a remoção dos fragmentos de madeira. Meus olhos
estavam fixos em traçar a textura e contornos de sua camisa, já que não
podia olhá-lo diretamente nos olhos.
Eu pensei em como seus lábios carnudos poderiam parecer nos meus,
em como a pele de seu peito musculoso poderia parecer sob minhas mãos.
Por um momento, eu pude entender por que as fãs doentes queriam puxar
sua camisa. Agora, pensei em puxar a camisa dele também e logo depois
disso, seus sapatos, seu cinto, calça jeans…
Eu tive que banir esses pensamentos da minha cabeça. Essa linha de
pensamento era muito perigosa.
— Você deve ser capaz de tirar o resto — murmurei, rapidamente
girando em meus calcanhares para correr de volta para a cabana. Não faça
isso para si mesma, Taryn. Você não pode tê-lo.
Lavei as mãos cuidadosamente na pia e tirei alguns alimentos do
refrigerador.
— O que você está fazendo? — Ele perguntou quando se juntou a mim
na cozinha. Eu estava lavando as duas enormes caudas de lagosta que
peguei na loja de frutos do mar.
Ryan olhou por cima do meu ombro.
— Mmm, lagosta! — Ele sorriu, estalando os lábios juntos. — Precisa de
ajuda?
Observei-o quando ele estava ao meu lado, ele teve o cuidado de não
deixar os nossos corpos se tocarem. Ele manteve uma pequena, mas
segura, distância entre nós. Eu me perguntei se ele fez isso de propósito.
Ryan sentou-se à mesa de jantar, na mesma cadeira que meu pai
sempre se sentava. A memória disso me fez sorrir. Imaginei meu pai
satisfeito com o homem que agora tomou seu lugar à mesa. Ryan e meu
pai teriam se dado muito bem.
Nós tivemos um belo jantar juntos enquanto o fogo crepitava atrás de
nós; o rádio tocava uma música suave ao fundo. Foi realmente muito
romântico.
Um toque de nervosismo penetrou em meu intestino estando sozinha
com ele em uma cabana isolada no meio da floresta. Sozinha… com ele,
minha mente repetia. Uma garrafa de vinho… lareira… um quarto ali no
corredor. Engoli em seco. Estaria ele esperando mais? Afinal de contas, eu
o trouxe aqui. Eu praticamente arrumei o cenário para um encontro
conveniente.
— Isso estava delicioso, Taryn. — Ryan esticou-se na cadeira, batendo
em seu estômago. — Estou cheio! — Eu estava feliz que ele gostou, mas
agora o fluxo de pânico foi aumentando como uma maré. O que vem
agora? Eu tinha apenas começado a sorrir para ele quando me senti
enjoada novamente. Ele me ajudou a limpar a mesa e comecei a lavar os
pratos quando a onda de náuseas me atingiu.
— Eu não me sinto tão bem. — Esfreguei meu estômago e corri para o
banheiro.
Fiquei fora por tanto tempo que Ryan tinha lavado todos os pratos e
estava deitado no sofá perto do fogo.
— Você está bem? — Ele perguntou. Eu podia ouvir a preocupação em
seu tom.
— Não. Sinto-me realmente doente.
— Meu estômago não se sente bem também.
Olhei para ele, surpresa de que seu estômago estava enjoado, também.
Aparentemente eu não era a única que estava nervosa.
Eu tinha acabado de me sentar no sofá quando senti como se eu
pudesse vomitar. Corri de volta para o banheiro, bem a tempo de chegar
no vaso quando o jantar voltou… várias vezes.
Ryan estava pálido quando saí do banheiro; ele correu por mim e fechou
a porta. Eu marchei pelo corredor até o quarto principal para que eu
pudesse me deitar; eu estava realmente me sentindo péssima. Liguei a
televisão para abafar os sons de Ryan vomitando.
— Faça o que fizer, não vá lá — ele gemeu quando se deitou na cama ao
meu lado. Mesmo que ele me avisou, eu não podia esperar. Corri para o
banheiro novamente para a segunda rodada de vômitos violentos.
Pelas próximas horas nos revezamos violando o banheiro. Eu não tinha
estado tão doente nos últimos anos.
— Eu apenas vomitei ar — eu disse enquanto me curvava na cama ao
lado dele. Ryan suavemente riu.
— Vomitei comida que ainda nem comi. — Seu comentário me fez rir.
— Você acha que foi a lagosta? — Ele perguntou, puxando o cobertor
mais para cima em seu ombro.
— Eu estava pensando nisto — eu disse, sabendo agora que não era
apenas meus nervos que me deixaram doente. Quando falei, as palavras
passaram pela minha garganta e me fizeram tossir.
— Mas ainda estava parcialmente congelada e eu a enxaguei. Eu estava
tentando pensar no que mais eu comi hoje. Talvez tenha sido o sanduíche
café da manhã? A salsicha?
— Poderia ser. Mas nós dois ficamos doente imediatamente. Estou
pensando em lagosta contaminada, ou isso ou foi a salada.
— As minhas costelas estão me matando. — Estremeci enquanto
esfregava meu estômago. — Mas não me sinto como se fosse mais passar
mal, então isso é uma coisa boa.
— Nem eu. Estou começando a me sentir um pouco melhor, na verdade.
— Sinto muito — implorei com ele. — Não me odeie.
— Eu não odeio você — ele sussurrou docemente, seus dedos
percorreram minha testa. Ele puxou o cobertor mais para cima nas
minhas costas para me cobrir. — Nós nunca compraremos quaisquer
frutos do mar novamente onde quer que você tenha comprado aquela
lagosta, porém, posso dizer-lhe isso!
Mesmo que eu estivesse tão ruim e doente, o fato de que ele acabou de
dizer "nós" enviou uma onda de euforia através da minha alma.
Ryan estava enrolado em uma bola e eu podia ouvi-lo começar a respirar
mais pesado. Ele tinha adormecido, então desliguei a televisão e fechei os
olhos.
Depois desta maratona desagradável, não levei muito tempo para cair no
sono também.
Eu sabia que estava sonhando quando eu não conseguia ver o chão que
meus pés estavam supostamente pisando. Eu estava tentando através de
um desses labirintos que são feitos de sebes altas que você vê às vezes em
filmes, e cada passo que eu dava era um beco sem saída. Eu teria que
virar e correr pelo mesmo caminho que acabei de vir, o tempo todo ouvindo
Ryan chamando meu nome e me pedindo "venha aqui, venha aqui." Eu
tinha que encontrá-lo.
Corri, acompanhando uma longa cerca e virei para a esquerda, onde
pensei que sua voz estava vindo. Assim que virei a esquina, havia uma
multidão de mulheres, todas usando uma imagem de seu rosto em suas
camisetas, bloqueando meu caminho. Elas começaram a rir de mim;
algumas delas estavam cacarejando como bruxas.
Fotógrafos saíram dos arbustos e tiraram fotos minhas, enquanto
comecei a chorar. Senti o arranhão do terror entrando conforme uma
menina na primeira fila se transformou em uma versão de Suzanne Strass.
Ela me agarrou pelos cabelos e puxou com força, me curvando para trás.
— Ele é meu, puta! — Ela gritou na minha cara. — Nem sonhe com isso.
Meus olhos se abriram a partir da sensação. Parte do meu cabelo
comprido estava preso sob a cabeça de Ryan. O sol estava brilhante, então
assumi que era algum tempo depois das oito horas.
Um tiro de dor bateu minhas costelas quando comecei a engatinhar
para fora da cama; meus músculos do estômago estavam doloridos de
vomitar tantas vezes.
Eu saí para a sala e peguei minha bolsa para que eu pudesse me
refrescar. Eu precisava desesperadamente de um chuveiro; meu cabelo
estava uma bagunça e parecia que eu passei a noite vomitando.
A água quente era boa, e observei que eu estava me sentindo muito
melhor. Escovei meus dentes para livrar a minha boca do gosto
desagradável e lavei meu corpo duas vezes para livrar meus poros da
doença. Eu não poderia ficar limpa o suficiente.
Coloquei minha calça jeans e uma camisa para que eu pudesse ir para a
sala de estar de novo; minha escova de cabelo estava em minha bolsa.
Ryan veio para a porta do quarto e parou inclinando-se no batente da
porta.
— Você já terminou lá? — Ele perguntou enquanto um grande bocejo
quebrou de seus lábios.
Enquanto ele falava, meus olhos tomaram na visão dele. Em algum
momento durante a noite, ele tirou suas calças jeans. Ele estava parado lá
em uma camiseta branca e cuecas boxer cinza, e oh meu, lá estava, ereção
matinal extrema.
OLÁ! Meu cérebro gritou enquanto meus olhos traçaram a grande
protuberância, empurrando para fora em seus calções.
Ele inclinou a cabeça e sorriu para mim quando percebeu que meus
olhos e meus pensamentos estavam completamente distraídos. Eu acho
que ele realmente queria que eu visse, porque ele nem sequer tentou se
mover ou ocultá-la.
— Hum, sim, todo seu — murmurei, um pouco envergonhada de ser
pega comendo sua cueca com os olhos. Virei-me e corri para fora do seu
caminho, ignorando-o quando ele riu.
Enquanto meu cérebro ainda estava traçando o contorno de seu amigo
matinal, peguei minha cartela de pílulas anticoncepcionais da minha bolsa
e coloquei a pílula de segunda-feira na boca. Mesmo que fosse apenas um
placebo hoje, eu ainda queria manter-me a minha rotina diária. Eu não
poderia ter tido relações sexuais neste fim de semana mesmo que eu
quisesse; que era, provavelmente, outra razão pela qual eu estava me
sentindo drenada.
Eu venho tomando pílula desde o meu primeiro ano de faculdade, e a
visão erótica que estava na minha mente agora era a razão exata pela qual.
É melhor prevenir do que remediar, porque eu não queria ter filhos sem
primeiro estar casada, mas eu certamente, não iria manter minha
virgindade intacta até que isto acontecesse.
— Taryn? Você tem uma toalha extra? — Ryan gritou do banheiro.
— Sim, espere um segundo. — Puxei uma toalha branca de uma das
minhas malas.
Ele estava parcialmente escondido atrás da porta do banheiro, embora,
eu pudesse ver que ele estava sem camisa. Tentei não olhar para ele em
tudo quando lhe entreguei a toalha de banho. Eu já tinha uma enorme
imagem dele se repetindo na minha mente.
Voltei para a sala de estar me perguntando quantas mulheres olharam
de perto e pessoalmente o seu pacote. Eu sabia quantos homens eu tive
relações sexuais — eu ainda estava em um dígito para o total dos meus —
um alto dígito, mas nove ainda é menos que dez.
Percebi que com um corpo e um pacote como o dele, combinado com
inúmeras oportunidades de mulheres jogando-se para ele, provavelmente
ele teve essa coisa para fora da calça e mostrou-a para tantas mulheres
quanto possível. Era um pensamento assustador e eu secretamente desejei
que minha suposição estivesse errada.
Eu estava guardando os pratos quando ele chegou na sala com nada,
exceto a toalha enrolada na cintura. Sua mão esquerda estava segurando
as duas pontas da toalha; a outra mão penteava o cabelo molhado para
trás da sua testa.
— Eu preciso de minha mala — ele murmurou.
Puta Merda! Meu cérebro gritou novamente pela nova visão dele. Meus
olhos rapidamente analisaram as visões de seu peito e braços nus, em
como eles ainda brilhava ligeiramente pelas gotas de água que
permaneciam em sua pele.
Engoli em seco em uma respiração rápida de ar e me virei para a vista
mais segura da pia da cozinha. Limpe a pia — apenas limpe a pia. Não
olhe.
Eu podia ver seu reflexo na janela da cozinha; Ele estava de costas para
mim quando abriu a toalha e a embrulhou ao redor da cintura. Ele ficou lá
por alguns momentos, usando as duas mãos para pentear o cabelo
molhado.
Caralho! Ele é QUENTE! Marie estava certa em sua avaliação. Eu estava
grata que a pia de metal era forte o suficiente para aguentar meu aperto e
me manter no lugar, enquanto apertei minhas pernas juntas na altura dos
joelhos.
Fazia muito tempo desde que vi um homem quase completamente nu e
este estava me matando. Eu acho que ele percebeu que eu estava virada e
não mais de frente para ele, porque ele meio que bufou, agarrou sua bolsa,
e voltou para o quarto.
Deixei a cozinha toda limpa quando ele voltou para o balcão ilha que
separava a cozinha do resto da sala principal. Ele se inclinou na ilha com
os cotovelos ao lado de onde eu tinha minha mala.
Merda! Quando lhe peguei uma toalha, esqueci de enfiar minha cartela
de volta na minha mala. Assim quando me virei para corrigir meu erro
seus dedos a pegaram. Seu olhar de curiosidade foi imediatamente
substituído por um sorriso quando ele percebeu o que era.
— Você não deveria ver isso — murmurei. Peguei a cartela de sua mão e
empurrou-a de volta na minha mala.
— Qual é o problema? — Ele perguntou casualmente. — Então você
toma pílula. Isso é bom saber. — Ele sorriu.
Esta foi uma conversa que eu não queria ter com ele.
— Você já terminou no banheiro? Porque se você terminou eu gostaria
de secar meu cabelo.
— Sim — ele assentiu. — Falando nisso, como está se sentindo esta
manhã?
— Eu estou me sentindo melhor. Meus músculos do estômago doem,
contudo. Sinto como se eu tivesse feito duzentos abdominais. E você?
— Estou me sentindo muito bem, na verdade. — Ele ficou em pé e todo
esticado. — Deve ter sido a lagosta. Você está pronta para levar o barco
para fora de novo? — Eu poderia dizer em sua voz que ele estava
esperançoso.
— Sim, claro. Apenas deixe-me terminar de me arrumar.
Ryan dirigiu o barco de volta para o lago e eu estava confortável apenas
descansando sob um cobertor. O sol brilhante aqueceu meu rosto. Eu
estava me sentindo melhor, mas ainda não estava cem por cento. Passar
mal me deixou muito cansada.
Ryan estava tranquilo enquanto repetidamente lançava sua linha na
água. Algumas vezes parecia que ele ia dizer algo para mim, mas então ele
se afastava e balançava a cabeça levemente.
— Você não vai pescar hoje? — Perguntou ele finalmente.
— Talvez daqui a pouco; estou muito confortável apenas descansando
aqui.
Ryan olhou para mim por um momento.
— Tem certeza de que está se sentindo bem para estar aqui? — Ele
perguntou, realmente soando preocupado.
— Sim! Estou realmente muito contente. Estou em um barco, em um
lago, num dia bonito e ensolarado. Não tenho que estar em qualquer lugar
fazendo nada. Ninguém está latindo ordens para mim. Estou gostando dos
prazeres simples da vida. — Sorri para ele.
— Sim, isso é muito legal! — Ele sorriu, concordando.
— Eu queria saber alguma coisa — ele perguntou quando olhou para
mim um momento depois. — Os seus amigos sabem como nos
conhecemos?
Eu estava confusa do porquê ele perguntar isso. Senti minhas
sobrancelhas se reunindo enquanto eu ponderava a pergunta.
— O que você quer dizer? — Eu precisava que ele esclarecesse.
— Minha corrida embaraçosa em seu pub. Contou a eles sobre isso?
— Não! — Eu disse rapidamente, confirmando a minha confiabilidade.
— Quero dizer, eles sabem que você entrou no bar, mas nenhum deles
sabe em que circunstâncias. Eu sinto muito. Prometi-lhe que eu nunca
diria nada, mas eu não tive escolha a não ser dizer-lhes que você veio uma
vez antes, foi a única maneira que eu poderia ter passado pelas perguntas,
assim você pôde se juntar a nós no pôquer. Eu juro a única coisa que eu
disse foi que você veio para uma cerveja, uma tarde. Eu não lhes disse
mais nada.
Ele olhou para mim engraçado.
— Tudo bem! Eu só achei que você é muito próxima dos seus amigos,
então você teria dito a eles sobre minha corrida nas suas escadas.
— Não — balancei a cabeça ferozmente. — Não é da conta deles. Ryan, o
que aconteceu com você foi privado. Além disso, eu fiz uma promessa a
você que eu nunca diria nada. Eu nunca vou quebrar esta promessa.
Ele sorriu docemente para mim antes de lançar sua linha de volta na
água.
Peguei minha vara e prendi uma pequena boia de pesca na linha. Eu
não queria que ele se sentisse como estivesse pescando sozinho, então
lancei minha linha e retomei à minha posição de descanso no barco. Se eu
pegar um peixe, a boia vai mergulhar na água.
Dois minutos depois, eu tinha uma mordidela e enrolei a primeira
captura do dia. Outro Robalo estava na linha. Ryan tirou o peixe do anzol
para mim. Eu estava muito agasalhada para me mover tão longe.
— Esse é um minúsculo! — Disse Ryan, examinando o pequeno peixe de
perto. — Ok, esse é o segundo dia seguido que você pega o primeiro peixe
— ele zombou.
— Muito ciumento? — Provoquei. — Você vai pegar os próximos cinco de
qualquer maneira.
— Eu estou tão ciumento quanto você está — disse ele categoricamente.
Com um movimento rápido, ele jogou o meu pequeno peixe de volta na
água.
— Taryn, eu quero que você me prometa uma coisa. — Ele olhou para
mim até que nossos olhos se encontrassem. — Eu quero que você me
prometa que não vai acreditar em qualquer coisa que ler ou ouvir sobre
mim.
Abri minha boca para falar, mesmo que não tivesse certeza do que eu ia
dizer.
— Só me prometa — ele insistiu.
— Prometo — eu prometi.
— Se você tiver dúvidas ou quiser saber alguma coisa, me pergunte
antes de acreditar em qualquer lixo, ok? — Seu rosto se contorceu em
agonia.
— Eu vou.
— Bom. — Sua expressão relaxou um pouco, mas eu poderia dizer que
ele ainda estava imerso em pensamentos.
Minha mente brilhou nas questões que ainda estavam em aberto no
meu cérebro e me perguntei se era seguro o suficiente – se a nossa
amizade era forte o bastante – para mim perguntar. Será que ele tem
diferentes mulheres em sua cama o tempo todo? Ele estava namorando ou
engando várias mulheres agora? Valia a pena desistir de sua liberdade
para atuar?
Olhei para ele enquanto ele estava sentado pacificamente pescando
neste bonito lago. Eu sabia que ele estava vivendo em algum aquário
psicótico, sob constante escrutínio. Atrevo-me a trazer quaisquer assuntos
delicados?
Havia uma pergunta que senti que eu tinha o direito de fazer.
— Ryan? — Fiz uma pausa até que ele olhou para mim. — Eu tenho
uma pergunta. Desde que você já me fez esta pergunta e eu dei-lhe uma
resposta honesta, eu gostaria de ouvir a sua resposta honesta também. —
Seus olhos se estreitaram com confusão.
— Você… você está envolvido com alguém… agora? Quer dizer, eu
presumo que você esteja saindo com pessoas. — Eu estava tão nervosa
perguntando, que eu não poderia deixar de gaguejar sobre minhas
palavras. Mas eu precisava saber se eu era parte de um coletivo. Seu rosto
estava inexpressivo, então senti que tinha que continuar. — É só que…
você me perguntou, no primeiro dia em que nos conhecemos. Eu só queria
saber.
Sua expressão mudou de um olhar vazio para um sorriso. Ele me olhou
nos olhos.
— Não — ele disse, sorrindo para mim. — Eu não estou vendo ninguém.
E para responder à outra pergunta que você não está fazendo, a resposta é
meses, vários meses.
— Por que isso? — Perguntei hesitante.
Ele olhou para mim de novo antes de responder:
— Como posso saber se alguém quer estar com a celebridade, ou se
estão apaixonadas por um personagem que eu interpretei? As linhas ficam
turvas entre o que eu sou e quem eu sou. — Ele balançou a cabeça em
desgosto. — Depois, há o medo de ter meus detalhes íntimos aparecendo
na imprensa. Eu já tenho o suficiente para lidar, quando imprimem as
mentiras. — Ele começou a esfregar a testa e eu sabia que era difícil para
ele falar.
— Sinto muito — sussurrei. — Eu… eu não deveria ter perguntado.
— Por que você diz isso? — Suas sobrancelhas se uniram quando ele
olhou para mim.
— Eu me sinto mal por fazer isto. Você tem estresse suficiente para
lidar. Você não precisa de mim fazendo perguntas estúpidas.
— O fato de que você está aqui, comigo, dá-lhe o direito de saber. Isto
não é apenas sobre mim! Não pense por um segundo que eu não tenho
considerado como isto afeta você e sua privacidade.
— Eu fui visto em seu pub duas vezes. Os paparazzi não são estúpidos.
Tentei manter minha razão para estar lá escondido, mas não fiz um
trabalho muito bom. Os rumores sobre mim encarando você já foi
impresso. — Ele abaixou a cabeça e agarrou a garrafa de refrigerante entre
seus pés.
— Eu não me importo que eles imprimiram que eu estava olhando para
você, mas acredite em mim, eu me importo que eles a deixem em paz. Por
favor, diga-me imediatamente se…
— Ryan, como você pode suportar isso? — Interrompi. — Você tem
direito a uma vida! Você merece ser feliz! Esta carreira vale a pena? — Eu
não podia me segurar mais.
Ele olhou para a água. Eu poderia dizer que ele estava despedaçado.
— Sim e não — ele respondeu. — Eu gosto de fazer o que faço. Eu amo
ser um ator. Mas a besteira psicótica que vem com isso é algo que eu não
esperava. É tudo se tornando esmagador.
— Eu me sinto mal por você — sussurrei.
Ele olhou para mim, confuso.
— Não é justo que você tenha que pagar um preço tão alto para fazer
algo que você ama. Especialmente desde que você não se destina a ser um
presente para o público que te atormenta. Você é um artista; você não deve
ter que se esconder, mas eu sei porque você faz. Eu sei que eles nunca o
deixam em paz, que você é constantemente perseguido.
— Isso é um eufemismo — ele murmurou. — Taryn, eu realmente gosto
de estar perto de você, mas tenho medo que… — ele fez uma pausa para
tomar uma respiração profunda.
Você está com medo de que isto não possa continuar. Não seja um
covarde, apenas diga. Eu sabia que isso ia acontecer eventualmente.
— Você tem que perceber que estar em torno de mim tem um preço para
você também. Eu preciso saber que você entende no que você está se
metendo estando comigo.
Estar com você? Bem, isso não era o que eu esperava.
Meus pensamentos estavam emaranhados apenas olhando para ele.
— Eu gosto de estar perto de você também — admiti suavemente. — Nós
dois sabemos que eu não venho do seu mundo, mas eu tenho uma boa
compreensão de como as coisas são para você. Ryan, eu vou fazer o que
tiver que fazer, para ser parte disso para você, se você me quiser. Eu vou
lidar com a loucura, porque eu sei que vem junto com estar com…
TARYN, você está deslizando!
— Hum, quero dizer, de ser sua amiga — eu me corrigi.
— Você faria isso por mim? — Ele perguntou, questionando minha
lealdade.
— Sim — respondi sem hesitar. — Sim, eu faria.
— E você lidará com os paparazzi e as fãs, e a invasão da sua
privacidade? Você sabe mesmo para o que você está dizendo sim? — Ele
murmurou enquanto coçou a cabeça.
— Você lidar com isso. Por que é tão difícil de acreditar que alguém faria
o mesmo por você?
— É pedir muito de alguém — ele murmurou, quase parecendo culpado.
Seus ombros estavam curvados enquanto ele esfregava a testa
repetidamente. — Muito.
— Bem, se você quiser que eu seja sua amiga, então você tem que me
dar o benefício da dúvida, de que eu posso lidar com isso — eu disse sem
rodeios.
— A mídia vai cavar para encontrar alguma sujeira em você. Existe
alguma coisa que eu precise saber antes que o resto do mundo saiba? —
Ele me olhou intensamente.
— Não há nada pelo que já passei, que eu me envergonhe — eu disse
diretamente. — Eu já lhe disse muito sobre mim. Eu nunca usei drogas ou
fui presa. Nunca posei nua ou fiz fitas de sexo embaraçosas, também. —
Eu ri levemente da minha admissão. — Eu não tenho nenhum esqueleto
no meu armário.
O meu último comentário fez com que ele sorrisse brevemente, mas o
nosso momento de leveza não durou muito. Ele continuou com seu
discurso:
— Você vai ter de tomar cuidado com tudo o que faz, tudo que diz. Você
vai ser pressionada por respostas; eles vão persegui-la pelos detalhes. —
Ele mordeu o lábio, pensativo.
— Eles vão provocá-la com declarações e alegações para levá-la a
responder. Você vai ser seguida e fotografada. Você pode lidar com isso
também? — Seu tom era quase argumentativo.
— Quem você está tentando convencer, eu ou você? — Falei em voz
baixa. — Ryan, se você me quer em sua vida… se você quer que sejamos
amigos, então eu vou lidar com isso. Mas parece que você está tentando
convencer um de nós a sair.
— É como convidar alguém para os seus pesadelos. Não é certo eu fazer
isso com você — ele murmurou tristemente.
— E daí? Você não tem permissão para ter amigos ou estar perto de
alguém? Ou ter um bom tempo e viver a sua vida? Sinto muito, mas eu
não vou permitir-lhes decidir isso por mim ou por você. — Eu passei meus
braços em torno de meus joelhos.
— E se você acha que eu vou ser afugentada por causa deles, por causa
das coisas ruins que você tem que suportar, então você tem a impressão
errada sobre mim.
Enquanto eu falava, de repente, me tornei sobrecarregada com emoções
misturadas. Eu estava passando por todo esse esforço para tentar ser sua
amiga, quando no fundo eu ansiava por muito mais.
— Eu não tenho essa impressão de você; e esta é outra razão pela qual
estamos aqui agora. — Ryan sorriu para mim e soltou um grande suspiro.
Raiva e desgosto, dirigidos apenas a mim, subiram no meu peito e
queimaram minha garganta. Por que estamos aqui agora? Por que estou
mesmo neste barco com você?
Continuei a cometer erros, escorregando… um após o outro. Eu não
posso me apaixonar por você. Não posso perder tempo em algo que nunca
– nunca poderia ser. Eu só estou brincando comigo mesma.
O lago sereno, de repente pareceu infestado de tubarões. Eu tinha que
sair deste barco e voltar para o terreno seguro – e rápido. Lutei contra a
vontade de pular no lago e nadar até a costa.
Olhei para a hora no meu celular.
— É quase duas horas. Eu deveria levar você de volta. Tenho certeza
que você tem coisas que para fazer.
— Não realmente — admitiu ele, olhando-me nos olhos novamente. —
Eu apenas assumi… é noite de pôquer, não é? — Apesar dos meus medos
misturados, eu não poderia evitar de me deleitar com o fato de que ele
ficaria comigo esta noite também.
— Estou com fome — Ryan mencionou enquanto caminhamos até a
cabana. — Estou começando a ficar com dor de cabeça.
— Nós podemos parar por algo no caminho de volta. Que tal uma pizza?
Eu nos dirigi pela estrada e Ryan moveu seu braço para descansar a
mão na parte superior do assento do motorista. De vez em quando, ele
torcia o dedo no meu cabelo, no topo da minha cabeça. Isso me fez tremer
e sorrir.
— Isso faz cócegas? — Perguntou.
— Sim, faz! — Eu ri, mas ele continuou a fazê-lo.
Toda vez que tentei alcançar seu dedo, ele movia a mão e ria. O nosso
pequeno jogo estava divertido.
Depois de um tempo, consegui alcançá-lo rápido o suficiente com minha
mão direita e achatei sua mão na minha cabeça. Ele torceu o dedo mais
uma vez no meu cabelo sob a minha mão.
— Ok, eu vou parar então — ele anunciou, e então ele fez um
movimento que me surpreendeu: rapidamente, ele juntou minha mão na
sua e moveu nossas mãos unidas para descansarem em sua coxa.
Olhei para ele em choque. Senti uma leve corrida quando meu coração
pulou uma batida; a sensação do toque dele inundou minhas veias.
Ryan estava olhando fixamente para nossas mãos unidas. Lentamente,
ele soltou e libertou minha mão, mas eu não a afastei; eu não queria me
afastar, embora eu soubesse que deveria. Meu desejo por ele dominou todo
o raciocínio lógico. Um pequeno sorriso apareceu em seus lábios.
Depois de alguns minutos, ele reposicionou minha mão, colocando-a
para descansar com a palma para baixo em sua coxa. Ryan me soltou, em
seguida, usou a mão esquerda para coçar o queixo casualmente, durante
todo o tempo em que observava minha mão na sua perna.
Eu sorri, assumindo que isto era um outro teste. Ele fez uma pausa
para ver se eu puxava minha mão. Ele estava me sentindo para ver como
eu reagiria.
Deixei minha mão onde ele a deixou. Ele colocou a mão em cima da
minha e teceu nossos dedos juntos. O sorriso em seu rosto era de tirar o
fôlego. Ele reclinou sua cadeira mais para trás, respirou um suspiro de
satisfação e fechou os olhos. O sol já estava se pondo quando estacionei
meu carro no beco. Eu, propositadamente, me certifiquei de que a porta do
passageiro se alinharia à porta de trás do meu pub, assim Ryan poderia
entrar rapidamente.
Olhei para cima e para baixo no beco em primeiro lugar; eu estava alerta
para o caso de haver paparazzi à solta. Segurei a porta traseira aberta,
enquanto ele se lançou do carro para a cozinha. Foi um alívio quando
Ryan estava lá dentro com segurança.
— Fique aí dentro. Vou pegar o cooler e as malas.
Ryan pareceu irritado e impotente enquanto estava parado lá. Eu
poderia dizer que ele queria apenas sair no beco e pegar o cooler do porta-
malas, mas ele não podia. Não podíamos nos dar ao luxo de cometer erros.
Ele começou a abrir a porta para me ajudar.
— Ryan, alguém pode vê-lo! Está tudo bem. Deixa comigo. Por favor,
apenas recue. — Assim que pôde, ele pegou o cooler das minhas mãos e
deslizou para a cozinha escura.
— Aqui, deixe-me ter aqueles. — Ele deslizou sua mala, e a minha, do
meu ombro. — Isso é tudo?
— Só resta a pizza e as nossas bebidas, então é isso. — Debrucei-me de
volta no carro e peguei a caixa de pizza do banco de trás.
Quando lhe entreguei a caixa, ele estava sorrindo diabolicamente para
mim.
— O quê? — Perguntei, morrendo de vontade de saber por que ele estava
sorrindo.
— Nada! — Ele declarou conforme fingia que ia bater em minha bunda.
— Ok. Bem, vou estacionar o carro. Você pode bloquear esta porta.
Espere, deixe-me acender uma luz para você primeiro. Eu vou entrar pela
frente.
Dirigi pelo beco e estacionei o carro no meu lugar normal na esquina da
Mulberry. Enquanto eu caminhava em direção ao pub, notei alguém
sentado em um carro velho do outro lado da rua. Eu não poderia dizer se
era um homem ou uma mulher, mas eu podia ver a silhueta escura de
uma pessoa. Não fique paranoica agora, eu disse a mim mesma.
Rapidamente abri a porta da frente do pub e corri para dentro.
Cerca de meia hora mais tarde, Pete e Tammy chegaram para o pôquer.
— Ei, crianças! — Pete gritou. — Ei, Ryan! É bom ver você, cara!
— Ei, Pete! — Ryan apertou sua mão. — Como tá indo?
— Eu trouxe um pouco de sobremesa — Tammy riu alegremente. Ela
deslizou uma bandeja de algo de chocolate no bar. — Pensei que
poderíamos provar estes. Deixe-me saber se seria algo bom para servir no
domingo, na festa — observei seu sorriso de satisfação e a piscada que ela
me deu, quando pensou que ninguém estava olhando.
— Como vai? — Tammy perguntou em voz baixa.
— Bem, realmente bem! — Eu disse, embora naquele momento eu
estava lutando contra uma onda de náusea.
— Você teve um bom tempo lá? — Ela sussurrou em meu ouvido.
Balancei a cabeça e sorri. Eu não tinha intenção de compartilhar todos
os detalhes com ninguém. Nosso fim de semana foi nosso e só nosso e eu
queria que Ryan soubesse que eu não derramaria nada, nem mesmo para
os meus amigos mais próximos. Além disso, ele estava me olhando com o
canto do olho.
Eu trouxe canecas frescas para Ryan e Pete e lhes servi uma cerveja do
jarro.
— Obrigado! — Ryan sorriu quando coloquei o copo na frente dele. Uma
vara de dor atingiu meu estômago, fazendo-me curvar e estremecer.
— Então, Ryan, como estava a pesca no lago? — Pete perguntou
enquanto esperava com a mão aberta, a cerveja que eu estava servindo
para ele.
— Boa! Nós dois pegamos muitos. Embora Taryn pegou o primeiro em
ambos os dias. — Ele piscou e rapidamente deu um tapinha na parte de
trás da minha coxa.
— Sim, mas você ainda pegou mais do que eu — acrescentei. Eu queria
dar-lhe seu devido crédito também.
Sentei-me na cadeira ao lado de Ryan e tomei um grande gole de Ginger
Ale. A fatia de pizza que comi estava sentada no meu estômago como uma
rocha. Contemplei descansar minha cabeça em cima da mesa por um
momento.
— Não vai beber esta noite, Taryn? — Perguntou Pete, apontando para o
meu copo de refrigerante.
De repente, me senti tonta.
— Não. Eu tenho um pouco de dor de estômago.
Ryan se inclinou e sussurrou:
— Você está bem? Está se sentindo doente de novo?
— Eu estou bem — menti, encolhendo-me com um novo tiro de dor que
bateu no meu abdômen.
— Você está passando mal? — Perguntou Pete, questionando a minha
condição.
Eu só olhava para a mesa. Eu não ia dizer nada; além disso, eu estava
sentindo que eu poderia passar mal de novo, saliva estava borbulhando
em minha boca.
Ryan deu um tapinha na minha perna privadamente sob a mesa e
suspirou.
— Nós dois estávamos realmente doentes na noite passada. Não temos
certeza do que nos fez doente, mas nós definitivamente tivemos uma
intoxicação alimentar, isso é certeza! — Ele explicou, esfregando
suavemente minhas costas.
— Desculpe-me, por favor — murmurei, correndo para as minhas
escadas. Cheguei no meu banheiro apenas em tempo para vomitar a pizza.
Minhas mãos apertaram o assento do vaso conforme o ácido do estômago
queimou minha garganta.
— Taryn? — Ryan gritou. — Você está bem? — Eu estava escovando os
dentes quando ele veio virando a esquina. — Tudo certo?
Eu me senti um pouco tonta quando acenei minha resposta.
— Não. Eu só passei mal novamente. A pizza.
— Por que você apenas não cancela o pôquer e vai descansar? Você não
vai ter qualquer divertimento, se você está se sentindo péssima. — Ryan
entrou no banheiro e apertou a mão contra a minha testa. — Parece que
você tem uma ligeira febre também.
— Eu não posso cancelar com eles. Por que você apenas não vai lá para
baixo e joga? Vai se divertir. Talvez eu desça mais tarde, se me sentir
melhor.
— Não. Vou ficar com você. Eu já volto. — Ele se foi antes que eu
pudesse responder.
Fui para o meu quarto para colocar uma roupa confortável. Descansar
no sofá parecia muito atraente. Ficar perto do banheiro era ainda mais
atraente. Eu tinha acabado de puxar a colcha das costas do sofá para o
meu colo, quando Ryan voltou pela minha porta.
— Pete ligou para Marie e disse-lhe que você não estava se sentindo bem
— disse Ryan, enquanto vasculhava seu telefone celular. — Trocamos os
números de celulares. Tenho o número de Marie também. Eu disse ao Pete
que vou ligar para ele mais tarde para que ele saiba como está indo.
— Você não tinha que fazer isso — sussurrei. — Todos vocês poderiam
ter continuado a jogar. Eu me sinto horrível por arruinar sua noite e
quebrar a tradição da segunda-feira.
— Não seja ridícula. Nós não iríamos jogar sem você. Aqui, eu trouxe-lhe
um novo copo de Ginger Ale. Você deve beber um pouco de água também.
Nós dois estamos, provavelmente, desidratados. — Ele colocou o copo
sobre a mesa. — Eu realmente não preciso de qualquer cerveja no meu
estômago também.
— Obrigado — eu disse com sinceridade. — Eu acho que você está certo
sobre estar desidratada. Isso é provavelmente o motivo de eu me sentir tão
dolorida. Devo beber um pouco de água. — Puxei a colcha do meu colo. —
Você gostaria de ver o resto do lugar?
Levei-o para um rápido passeio pelo meu apartamento.
— Esta é a lavanderia e, então, estas são as escadas que levam até o
telhado. — Ele me seguiu de volta pelo corredor até a cozinha.
— Uau, esse é realmente um lugar agradável que você tem! Esta cozinha
é bonita! Eu amo as bancadas de granito e os armários de cerejeira. O
refrigerador de vinho e tudo.
— Obrigado. Acabei de reformá-la há alguns meses. Ela costumava ser
de uma cor verde horrível com armários brancos. Era realmente
deprimente. O banheiro será meu próximo projeto. Quer um pouco de
água? — Peguei dois copos do armário para nós dois.
Enquanto eu estava enchendo nossos copos, mentalmente questionei
por que ele estava tão disposto a passar um tempo com uma garota que
acabou de vomitar. Certamente ele tinha coisas melhores para fazer. Mas
então ele tinha a intenção de estar comigo toda a noite de qualquer
maneira para jogar pôquer, então eu acho que não fazia diferença para ele
como ele passava aquelas horas. Eu estava apenas aliviada que eu o tinha
aqui comigo onde ele estava protegido contra a insanidade.
— Você quer ver televisão? — Perguntou ele, enquanto chutava seus
tênis para fora. Meu interior aqueceu, sabendo que ele queria ficar comigo.
Ele removeu o travesseiro e aninhou seu corpo no canto do sofá. — Aqui,
por que você não se deita — ele instruiu colocando o travesseiro ao lado de
sua perna.
— Não, está tudo bem. Eu estou bem. — Eu sentei na extremidade
oposta do sofá e enrolei meus pés debaixo de mim. Eu estava com medo de
sentir náuseas novamente se eu deitasse. Seus lábios se uniram e ele me
deu um olhar decepcionado.
Ryan tirou seu telefone do bolso para ouvir seu correio de voz. Parecia
que ele excluiu trinta mensagens. Considerando como muito procurado ele
era, fiquei surpresa que ele não atendeu chamadas enquanto estávamos
pescando. Pensando sobre isso, ele não atendeu nenhuma chamada,
enquanto estava comigo.
Seus dedos bateram mais duas vezes antes dele segurar o telefone em
sua orelha.
— Oi, pai — disse ele alegremente. — O que está rolando?
Olhei para ele e sorri. Eu estava feliz que ele era o tipo de homem que
pensava o suficiente em seus pais para chamá-los. Ryan sorriu para mim.
Era impossível não ouvir sua conversa desde que ele estava sentado a
três pés de distância, mas tentei parecer distraída. Enquanto ele falava, eu
folheava os canais procurando algo para assistir.
— Você nunca vai adivinhar o que eu fiz ontem e hoje. Eu estava
pescando!
Ele disse a seu pai tudo sobre o lago e a cabana e quão relaxado ele se
sentia. Secretamente, me encantou saber que ele estava feliz e contente.
— Taryn, onde está minha mala?
— Elas ainda estão na cozinha.
Ele saiu pela porta do apartamento e correu escada abaixo. Quando ele
saiu, eu percebi que ele continuaria sua conversa em privado, mas ele
apenas correu escada abaixo, agarrou nossas mochilas e voltou
imediatamente para retomar sua posição no sofá.
— Será que você já reservou um voo? Eu tenho que verificar minha
agenda. — Ele começou a tocar na tela do seu telefone.
— Pai, apenas espere um segundo. Ok — ele disse ao tocar através de
um calendário. — O aniversário da mamãe é sexta-feira dia 31. Não, estou
programado para estar no set. Se você voar na quarta-feira, então pode
ficar para o fim de semana. — Era evidente por seu tom de voz que ele
estava ansioso para ver seus pais.
Enquanto ele falava, eu me perguntava como seus pais pareciam. Será
que Ryan se parecia com sua mãe ou ele parecia seu pai? Pela maneira
como ele falou com seu pai, deixou claro que eles tinham um ótimo
relacionamento.
— Eu tenho que trabalhar no dia 17. Não é grande coisa. Podemos
celebrar o meu aniversário, quando eu voltar para casa na Ação de Graças.
Ok, deixe-me falar com a mamãe…
Olhei para ele quando ele indicou que seu aniversário estava chegando,
aparentemente em novembro, desde que ele mencionou a ação de graças.
Ele estaria fazendo vinte e sete este ano também.
— Oi mãe. Como você está? Estou na casa de uma amiga. Seu nome é
Taryn. — Ele piscou para mim. — É uma longa história; eu vou te dizer
mais tarde… porque ela está sentada ao meu lado, mãe. Ela é uma
querida! Você vai amá-la.
Pensei que ele gostaria de um pouco de privacidade e eu meio que
esperava que ele pudesse dizer mais, se eu não estivesse na sala, então
descobri minhas pernas rapidamente e fui para a cozinha. Enchi meu copo
com água e procurei através da despensa por algo sem graça para comer.
Eu tinha acabado de encontrar uma caixa de biscoitos, quando Ryan
entrou na cozinha, ainda em seu telefone.
Ele começou a esfregar a testa.
— Está ficando pior, mãe. Eu não posso ir a qualquer lugar. — Eu não
tinha necessidade de ouvir suas perguntas para saber o que eram.
Inclinei meus cotovelos no balcão e descansei minha cabeça em minhas
mãos. Eu tinha uma leve dor de cabeça por passar mal e não ter qualquer
comida em meu sistema. O gabinete mais próximo do refrigerador era onde
eu guardava a maior parte dos meus remédios. Achei a aspirina, mas Ryan
pegou a garrafa da minha mão.
— Você não deve tomar estas agora. Mãe, a Taryn ia tomar uma
aspirina, mas ela não deve tomá-las com o estômago vazio. — Olhei para
ele, intrigada. — Isto poderia perturbar o seu estômago ainda mais — disse
ele.
— Nós dois passamos mal, mãe. Eu acho que nós tivemos intoxicação
alimentar na noite passada, mas Taryn ainda não é capaz de manter
qualquer coisa. Ela pode tomar aspirina com o estômago vazio? Eu não
penso assim. — Ele sorriu.
Larguei meus ombros; eu estava condenada a lidar com a dor. Ryan se
aproximou e sentiu minha testa novamente. Acho que a minha
temperatura estava aceitável; ele abriu a caixa de biscoitos e pegou um
para mim. Eu era perfeitamente capaz de abrir a caixa de biscoito, mas ao
mesmo tempo, amei que ele estava cuidando de mim. E eu que pensei que
ele era o único que precisava de cuidados.
— Minha mãe disse que você deve tentar comer uma torrada e devemos
beber muita água. — Ele varreu meu cabelo do meu ombro com o dedo,
olhando para mim novamente. — Tenho certeza de que vai conhecê-la
quando vier visitar, mãe. — Ele sorriu, parecendo muito feliz. — Eu vou te
contar tudo sobre ela… mais tarde — ele sussurrou.
Torrada soou bem, mas ouvi-lo dizer a sua mãe que iríamos conhecer
uma à outra um dia me surpreendeu completamente.
— Tudo bem, mãe, eu também te amo. Eu te ligo mais tarde esta noite.
— Ele terminou a sua chamada e estalou um biscoito na boca. — Você tem
uma torradeira?
Abri o armário inferior, onde a torradeira estava guardada.
— Por que você não vai relaxar? Eu faço isto. — Ryan segurou meus
ombros e me guiou em direção ao hall.
Sorri no meu caminho de volta para a sala de estar. Eu não podia
acreditar que Ryan queria fazer torradas para mim. Meu coração de
repente ficou muito cheio.
— Então o que seus pais acham de toda essa atenção que você está
recebendo? — Perguntei, enquanto mastigávamos torradas no sofá.
— Eu acho que eles estão sobrecarregados. As suas vidas mudaram
muito por minha causa. Minha mãe e meu pai me dizem que estão
orgulhosos, você sabe, mas eles também me deixam saber que estão
preocupados. Minha mãe vive me dizendo para manter meus pés no chão.
Acenei concordando.
— Você vai ter que se manter sempre em alerta. Só não deixe que a fama
e notoriedade transforme-o em alguém que não é. Seus pais amam o filho
que criaram, não a celebridade que você se tornou.
Ele olhou para mim divertido e sorriu:
— Você sabe que minha mãe disse exatamente a mesma coisa para
mim? E você está certa — ele respondeu secamente — mas você não sabe
como é.
— Não, não sei — concordei na minha voz mais suave. — E eu não vou
sentar aqui e fingir que tenho a menor ideia do como isso é para você.
Você vai ter que explicar para mim se você quiser que eu entenda.
Ele balançou a cabeça e deu de ombros.
— Quando eu estou no set trabalhando, as coisas são ótimas. Eu amo!
Mas desde que eu fiz Seaside, as coisas têm sido uma loucura. Toda a
coisa dos fãs é… eu não sei… incompreensível. É constante a pressão para
viver na publicidade. Alguns dias apertam mais do que os outros. — Era
aparentemente difícil para ele encontrar as palavras e falar sobre isso.
— Bem, basta lembrar de quem você é e tentar não deixar isso ficar
maior do que é. No minuto em que você parar de ser humilde, você estará
em apuros.
Ele acenou com a cabeça, concordando.
— Ryan, você não parece ser o tipo de pessoa que começou a atuar
porque tem que alimentar seu ego. Você é, aparentemente, muito bom no
que faz e você ama fazê-lo. É o plano de carreira que você escolheu seguir,
mas não é quem você é aqui — eu disse enquanto bati no meu próprio
coração com a mão. — Basta manter o foco no fato de que é o seu trabalho
e não deixe que ele te defina. Você vai ficar bem.
— Você parece minha mãe — ele informou.
— Não, não estou tentando ser sua mãe — defendi rapidamente.
— Não, não. Isso não é o que quero dizer! — Ele riu. — Quer dizer que
você está dizendo as mesmas coisas que minha mãe me disse. É bizarro!
— Bem, sua mãe é, obviamente, uma mulher brilhante — emendei.
— Ela continua me dizendo para ter cuidado em quem eu confio. Como
se eu precisasse do lembrete. — Ele esfregou a testa novamente.
— Ryan, eu tenho uma boa ideia do porquê você tem um tempo difícil
em confiar nas pessoas e por que você tem que questionar a validade de
tudo e de todos. — Inclinei a cabeça até que seus olhos encontraram os
meus.
— E eu sei que tenho que ganhar sua confiança, assim como você tem
que ganhar a minha. Nós somos apenas duas pessoas tentando ser
amigas. Nós dois temos muito para arriscar. Mas eu sei que o seu risco é
muito maior, pois tira a sua liberdade e coloca você em perigo.
— Eu sei. Este negócio faz com que seja difícil confiar nas pessoas.
Então, quando coisas triviais, como o que eu vou jantar torna-se notícia de
primeira página, realmente mexe com a sua cabeça.
— Bem, eu juro solenemente que não vou divulgar essa informação a
ninguém. Vou levar tudo isso para a minha sepultura!
— Sim, acho que você é muito confiável. Você não contaria nem mesmo
a seus melhores amigos que você vomitou suas tripas na noite passada —
ele brincou.
— Não — corrigi. — Eu não diria a meus melhores amigos que você
vomitou suas tripas na noite passada.
— Falando de vomitar… como está se sentindo? É a torrada fazendo o
truque?
Balancei a cabeça e tomei um gole de Ginger Ale.
— Estou começando a me sentir melhor, obrigado.
— Bom — ele disse e de brincadeira jogou um travesseiro em mim.
Fingi que eu lançaria o travesseiro de volta para ele, mas em vez disso,
apenas a coloquei ao lado da minha perna. Seus olhos brilharam entre
olhar para o travesseiro e olhar para mim. Com uma rápida investida, ele
curvou seu corpo no sofá. Parecia que propositadamente ele brincava com
o travesseiro, até que ela estava na posição perfeita sob sua cabeça, mas
principalmente nas minhas coxas. Seus pés penduraram sobre a borda.
Nossos olhos se encontraram e eu, imediatamente, senti sua força. Eu
não poderia resistir por mais tempo. Sem sequer pensar, suavemente
passei os dedos pelo seu cabelo. Seus olhos se fecharam e ele suspirou
quando toquei nele.
Ele pegou minha outra mão de seu ombro e colocou-a em seu coração.
CAPÍTULO OITO

Reflexões
— Tar, apresse-se, eles vão passar de novo! — Ryan gritou do sofá. Eu
estava reabastecendo a minha água na geladeira, na cozinha.
— Olha isto! Olha! O idiota vai acender a dinamite e então ele não corre.
Eu não posso acreditar que eles estão mostrando isso na TV! Espera… ele
vai voar com a explosão por uns trinta pés. Oh! Oh! E boom! — Ele
repetiu.
Estremeci depois de ver um idiota voando através do ar, por pura
estupidez. Retomei meu lugar no sofá; Ryan ajustou o travesseiro na
minha coxa e puxou minha mão de volta ao seu peito.
— Eu me pergunto quanto tempo ele ficou no hospital depois disso —
perguntei, inclinando mais do meu corpo em cima dele para que eu
pudesse acariciar seu cabelo novamente. Estávamos tão confortáveis
juntos.
— Esta é a única coisa ruim sobre a televisão: três minutos de programa
e oito minutos de comerciais — ele gemeu.
Ele estava prestes a mudar de canal para outra coisa, quando seu
telefone soou no bolso. Ele olhou para o número antes de aceitar a
chamada.
— Ei, Pete! Sim, ela está se sentindo melhor. — Seus olhos vieram para
mim e sua mão se estendeu para a minha testa. — Nós estávamos
assistindo Mega Explosões. Você está assistindo a isso também? Oh meu
Deus, você viu aquele cara? Que idiota! O que ele pensava que ia
acontecer?
Enquanto ele estava deitado em meu colo, eu estava secretamente
deleitando-me com o fato de que Ryan e Pete estavam se dando tão bem.
Sempre esperei que quem quer que seja que eu estivesse, se desse bem
com os meus amigos. Meu ex-noivo, Thomas, e Pete nunca se olharam nos
olhos. Houve sempre tensão entre eles.
Eu deveria ter tomado isso como um sinal de alerta desde o começo,
mas tentei fazer todos felizes ficando em um silêncio miserável por dentro.
Mas Ryan e Pete pareciam estar em perfeita sincronia desde o início. Um
enorme sorriso cruzou meus lábios.
— Aqui, Pete quer falar com você. — Ryan entregou seu telefone para
mim.
— Ei, querida, como está se sentindo? — Perguntou Pete.
— Estou me sentindo melhor, obrigado. Eu ainda estou dolorida,
embora. Ryan me fez torradas e ajudou com a minha dor de cabeça.
— Oh, Ryan fez torradas, não é? — Ele brincou.
— Sim… e seu ponto? — Eu ri.
— Nada. Estou feliz por você. E eu estou feliz que você esteja se sentindo
melhor. Tammy quer que você ligue para ela amanhã. Vocês duas
precisam decidir o menu final para domingo, para que possamos deixar a
comida em ordem.
— Tudo bem, eu vou. Mas não quero quaisquer frutos do mar do
Sheckys. Tenho certeza de que foi a lagosta grelhada que nos fez passar
mal na noite passada. Eu vomitei logo depois de comer. Quero dizer, o
gosto estava bom, mas dentro de uma meia hora ou assim, nós dois
estávamos vomitando violentamente. — Olhei para Ryan e passei meus
dedos pelo seu cabelo.
— Eu não quero quaisquer frutos do mar de onde aquelas caudas
vieram! — Ryan confirmou alto o suficiente para Pete ouvir.
— Tudo bem, eu vou dizer isso a ela. Bem, eu sinto muito que você não
estava se sentindo bem, mas parece que você está se recuperando, então…
Ei, eu posso falar com Ryan de novo? — Perguntou Pete.
— Sim! Claro. — Fiquei momentaneamente surpresa pelo seu pedido.
— Sim, Pete, o que foi? — Ryan sentou-se para conversar. — Sim, eu
sou, por quê? Eles jogam às oito no domingo; eu estava esperando vê-los.
— Ele começou a morder os dedos novamente. — Ela é? Você está
malditamente brincando comigo? — Seus olhos dispararam sobre os
meus. A maneira como ele reagiu me fez imaginar o que eles estavam
falando.
— Você está falando sério? Inacreditável! — Ele soltou um longo suspiro.
— Isso é… muito bom saber. — Ele riu. — Obrigado!
Ryan tinha um enorme sorriso em seu rosto quando ele empurrou o
telefone de volta no bolso. Eu estava olhando para ele, esperando que ele
me deixasse entrar na conversa.
— Então, Taryn… Pete me disse que você é uma grande fã dos
Pittsburgh Steelers10. Isso é verdade?
— Oh, yeah! E uma grande fã dos Pens11 também. — Assenti.
— Você gosta de hóquei no gelo, também? — Ele olhou para mim como
se eu estivesse mentindo.
— Eu amo hóquei — eu disse com um grande bocejo, sonolenta e
cansada.
— Você sabe que cresci perto de Pittsburgh, certo? — Ele perguntou,
esperando minha confirmação.
— Não, não sabia. Você só me disse que você é da Pensilvânia ou
"PeeAye" como lhe chamam. Oh, espere, você me disse que você
compareceu em Pitt. — Bocejei novamente. — Então, você gosta de futebol
também, certo?
Ele estava apenas sentado ali balançando a cabeça em descrença
novamente.
— O quê? — Perguntei.

10 O Pittsburgh Steelers é um time de futebol americano da cidade de Pittsburgh,

Pensilvânia
11 O Pittsburgh Penguins, chamados de Pens, é um time de hóquei no gelo que disputa

a NHL. Sediado em Pittsburgh, Pensilvânia


— Nada — ele dispensou o meu olhar, levantando-se para se esticar.
Eu o vi olhando em volta, mirando os meus diferentes pertences. Ele
correu os dedos sobre a minha coleção de DVD e comentou que eu não
tinha nenhum de seus filmes.
— Desculpe, não sou uma fã. — Dei de ombros, provocando-o.
Ele olhou de soslaio para mim.
— Espere um minuto! — Ele disse enquanto puxava um DVD da
prateleira. Você tem um filme que eu estou! — Ele mostrou a capa para
mim. Eu honestamente não conseguia me lembrar se ele estava no filme
ou não.
— Você não estava no filme!
— Na verdade eu estou — frisou. — Minha parte era para ser maior,
mas foi editado para apenas quatro falas. Eu estou na cena do shopping.
Ryan começou a falar sobre o início de sua carreira como ator e como
sua vida era quase normal naqueles dias. Como ele podia sair em público e
pouco ou se, alguma vez, era reconhecido.
— Então, quantos filmes você fez?
— Este Seaside que estamos filmando agora será o meu sexto; incluindo
o pequeno papel neste filme. — Ele acenou com a caixa de DVD no ar.
— O primeiro filme foi um filme indie chamado Forever Wanting More.
Saiu apenas no Festival de Sundance, mas agora ele está saindo em DVD,
vai imaginar. Então interpretei Ashby em Watchtower. Acho que você pode
dizer que foi o papel que levou meu nome lá fora.
— Espera, quando você foi para a Califórnia?
— Quando fiz o teste para Watchtower. Acabei dividindo um
apartamento com Alan Schefler. — Não levou muito tempo para Ryan ver a
confusão no meu rosto. — Ele é um ator que conheci quando começamos a
filmar. Você já viu Watchtower?
— Não — eu disse timidamente, um pouco envergonhada que eu nunca
tinha visto nenhum dos seus filmes.
Ele me deu um olhar de desaprovação.
— Bem, você não perdeu muito. Tive uma morte horrível em batalha.
Então, eu fiz esta peça atemporal. — Ele colocou o DVD de volta na
prateleira.
— Enquanto minhas cenas foram editadas a quase nada, eu comecei o
primeiro Seaside. Eu acabei de começar em um filme chamado Reparation
há algumas semanas. Você já ouviu sobre esse? — Ele perguntou
provocativamente.
Eu me senti culpada, o que certamente significava que eu devia parecer
culpada também.
— Já ouvi falar de Watchtower e Seaside, isso conta?
— Eu posso ter que deduzir alguns pontos — informou.
Ryan prosseguiu folheando minha seleção de música, ocasionalmente
escorregando um CD para olhar.
— Eu queria comprar este — disse ele, segurando a caixa de um CD
para eu ver.
— Você pode emprestá-lo se você quiser. Eu tenho no meu iPod.
— Pode me emprestar este também… e este? — Ele começou a fazer
uma pilha em sua mão.
Eu sorri e acenei pelas suas escolhas, agradavelmente surpreendida que
tínhamos o mesmo gosto em música.
— Legal… música nova para o meu iPhone. — Ele sorriu. — Espere, o
CD está faltando nesta caixa.
— Está no aparelho. — Apontei para a prateleira. — Tire-o.
Ele se aninhou volta no sofá e empurrou oito dos meus CDs em sua
mochila. Felicidade vibrou dentro de mim sabendo que ele tinha um
motivo para voltar.
Ele passou os minutos seguintes olhando para mim, depois de volta
para a TV, depois de volta para mim de novo, sorrindo o tempo todo. Eu
desejei saber o que ele estava pensando. Ele se inclinou e agarrou o
travesseiro, colocando-o ao lado de sua perna.
— Por que você não se deita por um tempo? Você deveria descansar.
Eu estava cansada e deitar parecia uma boa ideia. Peguei o cobertor,
puxei-o por cima do meu ombro, e estiquei as pernas no sofá. Agora que a
vontade de vomitar tinha ido embora, estava bom para relaxar. Ryan
descansou o seu braço em cima do meu.
Estávamos assistindo a algum programa sobre fantasmas, mas eu
poderia dizer que Ryan estava olhando principalmente para mim. Ele
fechou a mão e suavemente escovou minha bochecha. Parecia que ele
estava quase com medo de me tocar; sua mão parecia tão hesitante. Eu
não sabia se ele estava testando a si mesmo ou a mim.
Eu podia sentir sua confiança crescendo enquanto ele corria os dedos
pelo meu cabelo. Estávamos definitivamente nos tornando mais do que
amigos. Eu estava tão relaxada por seu toque que era difícil manter os
olhos abertos.
A voz de Ryan me puxou da neblina. Ele chamou alguém para obter
uma carona para o hotel. Imaginei por que ele simplesmente não ia
andando.
— Eu vou indo. Tenho que trabalhar amanhã e você também. — Ele
juntou suas coisas e eu levei-o até a porta dos fundos. — Obrigado por me
levar para pescar. Eu tive um grande momento.
— Eu também.
— Eu te ligo amanhã. — Ele passou os braços em volta dos meus
ombros e me puxou para um bom abraço.
Sua mão segurou meu rosto enquanto ele rapidamente beijou minha
bochecha. Ele não se demorou. Fiquei surpresa que ele não tentou me
beijar. Parecia que ele estava em conflito. Eu poderia dizer… a linha entre
sermos apenas amigos ou algo mais estava definitivamente turva, hoje.
— Até mais — Acenei conforme ele pulou para dentro do carro
esperando.
Naquela noite, tive os mais belos sonhos.
— Você está se sentindo melhor hoje? — Marie perguntou quando ela
veio às 4:00h para começar seu turno atrás do bar, seus olhos avaliaram
minha aparência.
— Sim, muito — respondi. — Acho que tivemos uma intoxicação
alimentar por causa da lagosta. Ou isso, ou foi a salada ensacada.
— Será que Ryan ficou doente também? — Ela perguntou em voz alta.
— Sim, nós dois ficamos realmente doentes, mas ele pareceu superar
isso rápido. Parei para comer uma pizza no caminho de volta da cabana,
mas depois que comi uma fatia, ela caiu no meu estômago como um tijolo.
Sinto muito pela noite passada… Eu não queria que eles cancelassem o
pôquer por minha causa.
— Não se desculpe! Você estava doente. Acontece. Além disso, Gary e eu
tivemos realmente um bom tempo de qualquer maneira, se você sabe o que
quero dizer. — Ela piscou para mim e levantou três dedos.
— Três? — Engasguei com espanto. — Você ou ele?
— Eu, é claro! — Ela sorriu e balançou a cabeça.
— Essa conquista merece um high-five! — Estendi meu braço para bater
minha mão na dela.
— Então, você acumulou quaisquer números, você mesmo, neste fim de
semana… sozinha na floresta com o Príncipe Encantado?
— Não. — Balancei a cabeça. — Não é desse jeito. Nós apenas levamos o
barco para o lago.
— Quando é que você o verá novamente? Eu presumo que você o verá
novamente? — Ela incitou.
— Eu não sei. Ele está trabalhando. Estou trabalhando. Eu acho que
vou vê-lo no domingo. — Dei de ombros e continuei a agitação por trás do
bar. — Nós não fizemos quaisquer planos. Além disso, ele não estará ao
redor aqui de qualquer maneira. Um par de semanas mais e ele vai
embora.
Pensamentos dele indo embora surgiram através do meu cérebro como
fogo e queimaram todo o caminho até a minha garganta e no meu coração.
Esta amizade com ele, esses sentimentos crescendo dentro de mim por ele,
na realidade, todos tinham uma data de expiração iminente.
Mesmo que eu estivesse, principalmente, tentando aproveitar o
momento, o conhecimento que os momentos não durariam para sempre
ainda estavam ofuscando todo o resto.
Eu fui através do meu dia, mas meu coração parecia queimar.
Eu tinha tomado conta dos negócios. Tammy e eu conversamos e
finalizamos o menu de jantar para o domingo.
Coloquei um anúncio no jornal local por um barman para o fim de
semana para meio período e pendurei uma placa de “Contrata-se”, que fiz
no meu computador, na janela da frente.
— Marie, vou contratar um barman para meio período — eu disse
enquanto colei a placa no vidro. — Acho que poderíamos usar um
conjunto extra de mãos às sextas-feiras e sábados. Está começando a ficar
demais para nós lidarmos sozinhas, e Tammy não quer trabalhar todo fim
de semana.
— Parece bom para mim. Estamos muito ocupadas ultimamente. — Ela
concordou.
— Sim, só quando a coisa do filme estiver em curso. Uma vez que todos
eles forem embora, nós provavelmente não vamos precisar de ajuda, mas
acho que é demais para apenas nós duas.
Marie mudou os canais na televisão até que chegou ao noticiário local.
Era principalmente ruído de fundo para mim até que o repórter mencionou
as palavras: “Filme Seaside”.
— Mais de cem pessoas tiveram que ser removidas da remota praia
local, onde a segunda edição do filme Seaside estava sendo filmada hoje.
As dedicadas fãs estão desesperadas para conseguir qualquer vislumbre
do elenco de estrelas do filme, incluindo o ator principal, Ryan
Christensen.
— A polícia local foi chamada à cena depois de vários indivíduos
violarem o set de filmagem fechado e encherem a praia. Policiais, de pelo
menos dois municípios, foram ajudados por agentes da polícia estadual
para gerir a multidão e, neste momento, duas mulheres supostamente
foram levadas sob a custódia da polícia.
— As mulheres foram paradas pelos seguranças do set e membros da
equipe de produção, quando tentavam chegar ao Sr. Christensen e Sr.ª.
Strass enquanto filmavam. Relatos de testemunhas oculares que estavam
na cena indicaram que pelo menos uma das mulheres supostamente
gritou obscenidades e ameaças de morte à Sr.ª. Strass, embora seja
desconhecido, neste momento, o conteúdo dessas ameaças.
A câmera cortou para quatro policiais que tinham duas mulheres sob
custódia e estavam escoltando-as para a delegacia.
Em um instante eu estava preocupada com Ryan e sua segurança, mas
lutei contra a vontade de ligar para ele. Mesmo que eu tivesse o seu
número, por todas as mensagens de texto que ele enviou, não queria
repetir os erros do passado. Eu não ia correr atrás de qualquer homem. Eu
fiz uma promessa a mim mesma, naquele momento, que eu não iria
registrar o seu número de telefone na memória do telefone celular.
O fato de que eu me importava e queria saber como ele estava
significava que eu já estava muito ligada a ele. Quando ele finalmente for
embora de Seaport, será muito mais difícil para mim lidar.
Puxei meu celular do meu bolso várias vezes durante toda a noite
apenas para me certificar que não perdi nenhuma chamada, mas ele
nunca ligou como disse que faria. Eu me perguntava o que tinha
acontecido para impedi-lo de me ligar. Talvez eu esteja apenas
interpretando mal as nossas ligações ou tornando-as mais do que aquilo
que realmente são. Eu realmente tinha esperança que ele não estava
ocupado fazendo novas conexões com alguma outra garota. O que eu estou
fazendo? Eu me castiguei. Eu não posso abaixar minha guarda. Preciso
parar com isso.
Pensei sobre os namorados que tive no passado e revi por que nenhum
desses relacionamentos durou. Eu percebi que cometi alguns erros típicos
de menina com alguns deles… sendo muito carente ou muito pegajosa ou
apenas tentando muito duro ser o que pensei que eles queriam que eu
fosse. Eu era muito jovem na época para realmente entender o que eram
relacionamentos saudáveis.
Alguns dos meus relacionamentos terminaram porque depois do sexo
percebíamos que não tínhamos mais nada em comum. Não havia outros
tópicos para nos manter no lugar.
Terminei com Tim quando percebi que ele não era o que eu queria para
o meu futuro. Ele era o tipo de cara que só se preocupava com si mesmo e
suas necessidades. Eu não preciso de ninguém para cuidar de mim, mas
queria alguém que me amasse o suficiente para tentar. Quando eu estava
com Dean, seu coração partido tornou-se minha missão para corrigir. Ele
era alguns anos mais velho do que eu e já havia sido casado uma vez e
estava no seu caminho através de um divórcio. Ele também tinha um filho
de três anos de idade, pego na mistura.
Eu realmente me preocupava com seu filhinho. Quando eu estava perto
dele, tentei ser uma boa mãe substituta, até que Dean lembrou-me, um
dia, que eu não era a mãe de seu filho e que ele não tinha intenção de ter
outro filho com ninguém, nunca. Foi quando ele parou de me tocar.
Meu envolvimento com Thomas terminou difícil, com palavras amargas
e acusações horríveis. Lembrei-me claramente de entrar em seu
apartamento para encontrá-lo na cama com outra pessoa. Estou bastante
certa de que ele planejou que fosse assim. Ele deixou-me ser a única a
terminar o relacionamento para que ele não precisasse fazê-lo. Pegando-o,
deu-lhe mais uma razão para pensar que seus casos eram justificados.
Mesmo que eu pensei que estava apaixonada por estes homens em um
momento ou outro, eu não acho que eu realmente estava. Havia sempre
algo faltando, aquela conexão cósmica de almas gêmeas; a sensação de
que as duas partes formam um todo.
Eu não queria alguém que teria que se forçar a me amar, ou eu fingindo
que o amava de volta. Eu sempre tive a esperança de que o amor seria
mutuamente instintivo e natural, tão fácil quanto respirar.
Desliguei a luz na minha cabeceira quando cansei de pensar sobre meus
fracassos passados.
Uma coisa era certa: Ryan tinha ressuscitado uma parte do meu
coração que ainda se agarrava à esperança de possibilidades para o amor.
***
Eu estava sonhando com o meu pai e imaginando por que ele não
atendia o telefone. O telefone estava sobre a mesa junto à sua cadeira
favorita na sala de estar onde ele estava sentado. Ele estava dormindo em
sua cadeira? Pai, atenda o telefone!
Abri os olhos para perceber que era o meu telefone celular que estava
tocando.
— Olá? — Respondi, minha voz soou áspera por acabar de acordar.
— Você ainda estava dormindo? — Perguntou Ryan.
— Sim. Que horas são? — Olhei para o relógio na minha mesa de
cabeceira. Era 08:42h.
— Quinze para as nove — ele murmurou. — Você quer voltar a dormir?
— Não, está tudo bem. Como você está? — Eu esperava que ele estivesse
seguro.
— Estou bem. Desculpe eu não ligar ontem. Adormeci no meu trailer e
dormi direto até as oito da manhã. Achei que você teria me ligado.
— Oh, bom. Então, você está bem? — Questionei, sentada na cama.
— Sim. Por quê? — Ele parecia confuso.
— Houve uma notícia noite passada sobre algumas meninas sendo
presas? Eu estava tão preocupada com você! — Eu não conseguia
controlar a magnitude da minha preocupação.
— Por que você não me ligou, então? — Perguntou.
Não respondi imediatamente. Pensei sobre o que eu ia dizer.
— Ryan, eu não queria incomodá-lo. Você tinha o suficiente para lidar.
— Hã. Taryn, você pode me ligar a qualquer hora que quiser. Não se
sinta como se você estivesse me incomodando, nunca. Só para você saber,
desligo meu telefone quando estou filmando, mas assim que ver que perdi
a sua chamada, eu ligo de volta.
Balancei a cabeça em silêncio. Toda vez que liguei para os caras no
passado, eventualmente, eles me fizeram sentir como se eu estivesse

incomodando ou sufocando-os. Eu ouvi as palavras "eu só preciso de


algum espaço" antes, e era praticamente uma garantia de que eles

correriam na direção oposta depois disso. Ryan estaria indo embora em


breve; eu não queria dar-lhe mais um motivo para correr mais rápido.
— Taryn, ainda está aí? — Ele soou divertido.
— Sim, eu ainda estou aqui.
— Você não respondeu minha pergunta — afirmou diretamente. — Você
está com medo de me ligar?
— Eu não posso — sussurrei. Minha resposta foi verdadeira em muitos
níveis.
— O que quer dizer com não pode?
— Eu não tenho o seu número. — Esperei que minha mentira soou
convincente.
— Você é uma má mentirosa, você sabia disso? Ainda bem que você não
é atriz, porque você estaria sem trabalho. — Ele riu. — Meu número está
em todos os textos que lhe enviei. Huh, isso é tão estranho. Pessoas que
não quero falar me ligam o tempo todo, mas a única pessoa que eu
realmente quero ouvir, tem medo de me ligar. A próxima vez que te ver,
programarei seu telefone. Posso até colocar o meu próprio ringtone só para
irritá-la.
— Isso é uma ameaça ou uma promessa? — Tentei aliviar a conversa.
— Oh, isso é definitivamente uma promessa! Em seguida, você não terá
nenhuma desculpa — ele riu. — Então, vamos praticar hoje, não é? Eu
tenho que trabalhar o dia inteiro. Estou programado para filmar até às
vinte e três horas, mas tenho uma pausa para o jantar por volta das sete.
Espero ouvir meu telefone tocando em algum momento entre sete e sete e
meia. Isso dá-lhe uma janela de meia hora de flexibilidade para ligar à sua
conveniência. Agora, responda a esta pergunta com sinceridade. Você
ainda tem minhas mensagens de texto ou você excluiu todas elas?
— Não, eu ainda as tenho — sorri.
— Então, querida, sem desculpas… a menos que você simplesmente não
queira falar comigo? Merda, eu não considerei isso, mas agora que estou
pensando, acho que eu deveria perguntar. Você quer me ver ou não?
Eu quero vê-lo mais do que você jamais poderia imaginar. Respirei
fundo. Mantenha leve, Taryn.
— Nós somos amigos, certo? Por que eu não gostaria de vê-lo?
— Ufa — ele soltou. — Isso é um alívio. Bom, então um, o que o
noticiário tinha a dizer sobre o que aconteceu no set?
— O repórter disse que a polícia removeu uma centena de fãs do set e
duas mulheres foram presas. Aparentemente uma delas ameaçou
Suzanne? Você estava lá quando aconteceu?
— Sim, eu estava. Nós estávamos filmando uma cena na praia, mas eu
estava assistindo a cena gravada quando aconteceu. Ouvi alguém gritar,
mas eu estava com fones de ouvido, então eu não ouvi o que foi dito.
— A notícia não mencionou o que foi dito também. Só que a menina
gritou algumas obscenidades e ameaças à Suzanne. Eles mostraram
imagens das duas meninas que foram presas.
— Você está brincando comigo? — Ryan gemeu.
— Espero que você tenha segurança extra na mão, porque algumas
dessas fãs são terríveis — insisti. — Querer fotos e autógrafos é uma coisa,
mas ameaças de morte são completamente diferente.
— Sim, me disseram ontem à noite que não trariam segurança privada
adicional enquanto estamos aqui. — Eu podia ouvir a raiva em seu tom.
Houve uma forte batida na porta.
— Espere — eu o ouvi gritar.
— Tar, eu tenho que ir. Você vai me ligar hoje à noite?
— Sim. Durante a sua pausa para o jantar. Prometo.
Eu estava muito acordado para tentar voltar a dormir. O som de sua voz
já havia estimulado o meu sangue. Eu saí para a sala, sentou-se à minha
mesa, e virou meu laptop. Eu tinha que conciliar os recibos do registo de
dinheiro e inseri-lo no meu log.
Eu estava muito desperta para tentar voltar a dormir. O som da sua voz
já havia estimulado o meu sangue. Fui para a sala, sentei à minha mesa, e
liguei meu laptop. Eu tinha que arrumar os recibos da caixa registradora e
inseri-los no meu livro.
Meu e-mail estava novamente cheio, com trinta novas mensagens,
principalmente do meu Tio Al, que recentemente ganhou seu primeiro
computador, depois de cinquenta e cinco anos. Entre ele e alguns outros
parentes, eles estavam tentando monopolizar o mercado de piadas ruins
por e-mail.
Havia uma nova mensagem de Marie, com uma linha de assunto
tentadora: Ryan em Seaside.
“Você deveria ver isso. Esta é uma das melhores cenas do seu filme. E
desde que você não viu ainda, você deve, pelo menos, saber como bom ator
ele é. É por isso que todas as meninas o querem. "
Dentro havia um link para um site para assistir a um vídeo.
Meu dedo indicador pairou sobre o mouse. Quero ver isso ou não? Meu
dedo tinha uma mente própria e clicou no botão.
O vídeo carregou. Ryan estava à espreita em torno de alguns corredores
escuros no que parecia ser um castelo sombrio. Ele tinha uma grande
arma cromada em sua mão com um desses silenciadores; a arma estava
levantada e pronta para atirar. Suzanne estava usando roupas
esfarrapadas e estava pressionada no seu lado conforme eles deslizaram
pela parede escura. Era evidente que ele estava protegendo-a.
— Eu acho que todos eles se foram — disse Ryan. — Gwen, o que você
estava pensando vindo aqui? — Suzanne olhou sedutoramente em seus
olhos.
— Como eu posso te proteger? Diga-me! — Ryan pediu com urgência.
— Só me ame, Charles — Suzanne sussurrou.
Ele apertou-a contra a parede e a beijou apaixonadamente. A visão dele
beijando outra mulher me fez estremecer. Ela o empurrou de volta,
empurrando-o contra a parede oposta, enquanto ainda o beijava.
O beijo de Ryan estava com fome.
— Se você me ama como diz, ficará viva para mim — ele respirou.
Era difícil vê-lo assim. Não era ele… não era o mesmo homem que fez
torradas para mim ou sentiu minha testa. Lutei com o pensamento de ver
Ryan desta forma.
Eu já tinha visto muitos filmes ao longo dos anos e a habilidade dos
atores representando os diferentes personagens era tão incrível que você
não percebia que você estava assistindo uma atuação. Mas cada pessoa
que já esteve em um filme é, no fim do dia, o filho ou filha de alguém, um
marido ou uma esposa, uma amante, uma irmã, uma mãe ou pai.
Não havia como negar que Ryan era extremamente lindo e o personagem
que ele retratava na tela era definitivamente sexy e atraente.
Mas o personagem era faz-de-conta. Charles não existia. Ele foi criado
no papel e roteirizado para estar vivo. Ryan deu-lhe a vida, mas Ryan não
era Charles.
Ryan era um cara de Pittsburgh, que comia as unhas e se importava o
suficiente para me impedir de tomar uma aspirina. Esse era o homem que
eu estava me apaixonando.
Cumpri minha promessa de ligar para ele.
— Boa noite, Sr. Christensen — sussurrei sedutoramente no telefone. —
Aqui é Stacy da arrumação com seu despertador das sete horas. —
Imaginei que eu iria mexer com ele.
— Bem, olá, Stacy — ele riu levemente. — Obrigado por ser rápida.
— Claro, senhor. A gestão gostaria de saber se você está desfrutando o
seu jantar esta noite?
— Hmm, bem, eu posso pensar em algumas coisas que melhorariam o
ambiente. Talvez você possa colocar sua gerente na linha para que eu
possa reclamar?
— Claro, um momento por favor… — tentei mudar a minha voz. —Olá,
aqui é Megan, a gerente da noite. Eu entendi que você está muito infeliz?
— Olá, Megan. A propósito, eu realmente gosto deste jogo. Sim, eu estou
muito infeliz. Eu gostaria de saber o que você pretende fazer a respeito?
— Podemos dar-lhe um reembolso em dinheiro ou se você preferir
poderíamos lhe dar algumas fichas de pôquer complementares?
— Er, não é aceitável. O que mais você está oferecendo?
— Nós estamos hospedando um tudo-o-que-você-puder-comer jantar
neste domingo. Gostaria de uma entrada extra?
— Eu já tenho um. O que mais você tem? — Ele perguntou.
— Mencionei que o jantar vem junto com assentos na primeira fila para
o jogo de domingo entre os Steelers e os Giants?
— Sim, e eu estou ansioso para isso! — Afirmou com muito entusiasmo.
— Mas eu estou infeliz agora! — A lamentação em sua voz estava divertida.
— Bem, senhor, uma vez que sua felicidade é a nossa prioridade
número um, por que você não me diz o que faria você feliz. — Fiquei
momentaneamente aliviada em arremessar a bola para o lado da quadra.
— Eu só posso pensar em uma coisa que me faria feliz agora, e eu não
acredito que alguma garota chamada Megan poderia satisfazer isso. Você
não teria qualquer Taryn na sua equipe, não é? — Perguntou.
— Talvez! — Sorri.
— Você realmente sabe como alegrar meu dia. Você sabia disso? — Ele
perguntou. — Eu não estava com o melhor dos humores antes de você
ligar. Agora estou tendo um momento difícil para lembrar por que eu
estava de mau humor.
— Fico contente. Você quer falar sobre isso? — Perguntei.
— Ah, eu só estou um pouco estressado. Tem sido um longo dia. Eu
gostaria de sair daqui e ir relaxar em seu sofá, mas não posso.
Especialmente desde que o clima está bastante decente lá fora, podemos
terminar algumas cenas noturnas. E eu realmente só quero lavar essa
porcaria do meu rosto também! — Reclamou.
— Que porcaria?
— Eu fiz uma maquiagem para parecer que eu tenho um lábio cortado.
Coça. Eu realmente quero arrancá-la.
— Eu gostaria de ver isso. Você deveria estar em uma luta ou algo
assim? — Perguntei. Eu estava tentando imaginar como ele estava.
— Você quer que eu lhe envie uma foto? Posso tirar uma se você está
tão curiosa.
— Oh, Jesus, sim! É apenas para parecer um corte ou você parece como
aquele idiota que não fugiu da dinamite acesa?
— Não! — Ele riu. — Eu estava em uma briga. Você deveria ver o outro
indivíduo.
— Você o surrou? — Eu estava tentando imaginar Ryan lutando com
alguém.
— Vamos apenas dizer que dois deles não vão mais me incomodar.
— Isso soa como a fala de um filme. — Eu ri.
— É — disse ele divertidamente. — Você pode dizer qual é o filme?
Eu pensei sobre sua declaração por um momento. Ele, inclusive, repetiu
a fala para mim uma segunda vez e me deu outra dica.
— True Lies! — Respondi com entusiasmo, pegando a inflexão em sua
voz. — Bill Paxton diz isso para Jami Lee Curtis quando ele leva o crédito
por matar aqueles caras no banheiro do shopping.
— Eu não acredito que você pegou esse! — Ele parecia orgulhoso. —
Então por que é que você sabe outros filmes de cor, mas não viu nenhum
dos meus filmes ainda?
Fiquei surpresa por ele até mesmo me fazer essa pergunta.
— Como você saberia se eu gosto do Charles ou de apenas um cara
chamado Ryan? Não é melhor assim?
— Hah. Você está certa. A partir de agora você está proibida de ver
qualquer um dos meus filmes.
Eu sabia que ele estava brincando, mas, ao mesmo tempo, uma imagem
minha não sendo convidada para as estreias passou pela minha mente. Eu
não queria fama ou o tapete vermelho; eu só queria estar ao seu lado,
segurando sua mão, amando-o, e estar orgulhosa de suas realizações,
sejam elas quais forem.
Mais uma vez coloquei esperanças em nada, ansiando por uma relação
que nunca poderia acontecer. A data inevitável da sua saída ainda estava
iminente.
— Escute, Ryan, eu tenho que ir. Marie está sozinha atrás do bar e nós
estamos ocupadas. Foi bom falar com você. — Eu tive a súbita vontade de
fugir.
— OK. Hum, acho que nos falamos mais tarde então.
Eu não acho que eu até mesmo disse adeus. Enfiei meu celular no bolso
da frente da calça e corri para trás do bar. Quanto mais cedo eu me
distrair, melhor. Eu ficava escorregando uma e outra vez, deixando minha
guarda baixa e me permitindo nadar em águas perigosas.
Alguns minutos se passaram e meu telefone celular tocou novamente.
Abri a imagem que Ryan enviou; ele tinha uma expressão engraçada no
rosto, enquanto apontava para seu falso lábio cortado. Eu não pude deixar
de rir.
Eu tentei me convencer de que não iria me machucar se eu mantivesse
essa coisa com ele estritamente platônica, mas para isso, eu teria que ter
certeza que eu não o deixaria me tocar mais. Não mais de mãos dadas, ou
correr os dedos pelo cabelo macio, olhando em seus olhos. Abraçar… isso
era perigoso demais.
Qualquer coisa que envolve contato físico deve estar fora dos limites. Eu
até tentei me forçar a ter um sonho em que éramos apenas amigos,
jogando um jogo de softball com a gente na equipe do Pub, mas mesmo
meu subconsciente me traiu.
No dia seguinte, tentei banir as memórias remanescentes do sonho
quente e úmido que tive com ele, onde rasguei o uniforme de beisebol de
seu corpo…
— Ei baby! — Marie cumprimentou-me quando ela começou seu turno
quinta à noite.
Joguei um novo balde de gelo na lata, pensando que eu deveria despejar
um balde em toda a minha camiseta também.
— Ei. Tenho alguns candidatos vindo hoje. Eu gostaria eu você
entrevistasse-os também, já que ambos teremos que conviver com quem
eu contratar.
— Claro. Sem problemas — ela disse enquanto pegava seu pano de
prato do bolso. — Você ouviu algo do Sr. Maravilhoso?
Sorri.
— Ele me ligou três vezes hoje.
— Três? — Ela parecia surpresa.
— Ele não está em muitas cenas, então está entediado — murmurei
baixinho.
— Entediado? Sim, certo! Ele está definitivamente louco por você —
Marie insistiu.
Eu e Marie estávamos lidando com uma multidão decente quando o
segundo candidato entrou. Ele tinha vinte e poucos anos, vestido como
um humano normal, e chegou cedo. Marie gastou cerca de vinte minutos
com ele antes dela retornar ao bar.
— Gostei desse — ela murmurou, passando por mim.
O nome do jovem é Cory. Ele tem vinte e três anos, alto e musculoso
com um cabelo curto e um cavanhaque marrom escuro. Ele faz curso de
negócios e informática na faculdade comunitária e precisa do dinheiro do
aluguel.
Na metade da entrevista, Ryan me ligou de novo. Olhei bem na hora; ele
estava na pausa para o jantar.
— Oi, hum, posso te ligar de volta? — Respondi rapidamente. — Estou
entrevistando alguém agora. Ligo para você daqui a pouco, ok?
— Não, tudo bem. Tenho que voltar para o set em dez minutos e depois
vou sair para jantar com o pessoal do elenco. Apenas pensei em algo que
quero te dizer. Vou te ligar quando chegar no hotel mais tarde — Ryan
murmurou e depois desligou.
— Desculpe — Pedi desculpas ao Cory. Conhecendo Ryan, ele apenas
queria conversar.
Levei Cory para fora do pub, e ao invés de ir embora, ele se sentou em
um banquinho. Gostei do fato dele querer checar o clima do pub. Isso
mostra interesse em trabalhar aqui.
— Gostei dele também — eu disse à Marie. — Se as suas referências
conferirem, talvez possamos lhe dar um teste nessa semana?
— Sim, claro — ela concordou. — Ele conhece as bebidas e parece um
cara legal. Algo para as meninas olharem? — Ela adicionou.
— Depois, duas vadias atrás do bar é o suficiente.
CAPITULO NOVE

Gestos
Levei uma hora na sexta-feira à tarde ligando para as referências do
Cory, mesmo que eu estivesse decidida a contratá-lo. Cory desejava
começar esta noite e isso soou perfeito para mim. Estava imaginando se
Ryan iria apenas aparecer novamente; certamente seríamos derrubadas
pelos clientes se ele fizesse.
Eu estava tentada a ligar para Ryan, desde que ele não me ligou como
disse que faria. Imaginei se ele estava esperando que eu ligasse, se isto era
um teste. Não importou; eu ainda não iria desistir da minha regra de não o
perseguir.
Eu já tinha perdido as esperanças de ouvir algo de Ryan quando senti
meu telefone vibrando no meu bolso. Olhei a hora, era 10:30h.
— Marie, já volto — eu disse, correndo para as escadas. — Oi —
respondi, sabendo de quem era a voz que responderia.
— Oi, como vai? — Ryan perguntou.
— Estou ótima. E você? — Eu estava, definitivamente, feliz de ouvi-lo.
— Estou bem. Acabei de chegar do jantar. Eu gostaria de vê-la hoje à
noite.
— Eu realmente quero ver você também.
Droga! Outro escorregão.
— Bom! — Ele disse, feliz.
— Você estará entrando pela porta da frente em dois minutos? —
Brinquei, tentando cobrir meu erro.
— Mike, pare aqui mesmo. Vejo você amanhã. — Ele soou como se
colocasse o telefone longe do rosto e então ouvi uma porta de carro
batendo. Pude ouvir sua respiração aumentando.
— Por que parece que você está correndo? — Perguntei.
— Porque estou no meio do beco — ele ofegou de volta.
Corri para a porta dos fundos.
Alguns momentos mais tarde uma figura escura deslizou pela minha
porta dos fundos. O capuz da sua blusa escondia seu rosto e ele tinha
uma grande mochila carteiro pendurada em seu ombro. Seus olhos
encontraram os meus e um grande sorriso apareceu em seu rosto.
— Oi, você — Ryan me cumprimentou, deslizando a mão pelo seu cabelo
para puxar o capuz. As luzes da cozinha fizeram a coloração avermelhada
do seu cabelo loiro mais acentuada.
— Oi para você — eu disse, combinando seu sorriso com o meu
enquanto ele embrulhou seus braços ao redor dos meus ombros para me
dar um abraço rápido.
— Brrr, está frio lá fora. — Ryan tremeu um pouco e deu um passo
atrás para me libertar. — Hum… sim, como você está? — Suas
sobrancelhas estreitaram.
— Estou bem — Eu sorria tão duro que meu rosto começou a doer. Ele
piscou para mim. Tanto para não o deixar me abraçar.
— Você parece… incrível! — Ele elogiou. Ele correu seus olhos pelo meu
corpo; seus dedos tocaram a borda da minha camiseta.
Seus olhos pareciam demorar até a música tocando no pub distrai-lo.
— Parece que você tem outra grande banda hoje à noite. — Sua cabeça
balançou com a música.
— Obrigado! Tenho “Far From Human” tocando — acenei. — Eles são
umas das melhores bandas covers da cidade.
— Eles são realmente ótimos! — Ele disse. — Mas não posso lidar com
uma multidão hoje. É melhor ninguém saber que estou aqui.
Eu podia ver a preocupação em seus olhos e entendi o que ele quis
dizer.
— Você se importa se eu for lá em cima e esperar até você terminar?
Ele sorriu meu sorriso favorito: inocente e suave, que arrebenta a maior
parte da minha concha de proteção. A palavra “não” parece não existir
mais em meu vocabulário. Acenei com a cabeça para ele me seguir.
Eu me apertei pela porta da cozinha e abri a porta das escadas,
segurando minha mão para ele. Nossos olhos se encontraram conforme ele
colocou, gentilmente sua mão na minha, então eu o levei de uma porta a
outra, completamente distraída.
Ele tirou sua mala do ombro e tirou a blusa, fazendo uma pilha das
suas coisas no meu chão da sala.
Instintivamente, fui até a janela e puxei as cortinas. Pude apenas
imaginar os fotógrafos escalando as paredes para tirar fotos.
— Como foi o seu dia? — Perguntei, tentando voltar para o modo
amigos.
— Ocupado. Filmamos o dia inteiro. Acabei de sair do set e alguns de
nós fomos pegar algo rápido para comer.
— Sem descanso para os cansados, hein? — Provoquei.
— Não, não realmente — ele concordou. — Mas eu sou realmente capaz
de ter uma refeição sem ter fãs gritando hoje à noite.
— Você usou a capa de ninja? — Brinquei.
— Contei ao Cal o que você disse quando fomos jantar hoje. Ele não
conseguia parar de rir. — Ryan riu. Eu ri com ele, me lembrando da nossa
conversa boba, ontem.
— Você estava em seu caminho de volta ao hotel?
— Sim, mas decidi pegar um desvio. — Ryan bufou. — Embora, teria
sido bom ter me refrescado. — Ele disse enquanto esfregou seu rosto.
— O que? Sem corte nos seus lábios? — Procurei para ver se ele ainda
estava usando alguma maquiagem de efeitos especiais.
— Não — ele fez uma careta pelo meu comentário. — Mas foi um longo
dia. Ei, você se importa se eu tomar um banho?
Minha mente foi direto para o inferno com a visão que instantaneamente
apareceu em meus pensamentos.
— Não, eu não me importo. — Tentei soar indiferente pelo seu pedido. —
Você conhece o caminho, sinta-se em casa. — Amigos às vezes tomam
banho na casa dos outros amigos, justifiquei.
Pensar nele ficando nu e molhado no meu apartamento era muito
perigoso, especialmente com uma multidão no bar para atender. Corri pelo
corredor até o banheiro e coloquei uma toalha limpa no balcão para ele.
Minha mente vagou conforme tentei não o visualizar todo ensaboado e
molhado em meu chuveiro.
Eu podia imaginá-lo muito claramente parado no fluxo de água quente
enquanto a espuma de sabão se reúne nas ondas dos seus músculos,
lavando-o. Será que amigos lavam outros amigos? Nus, molhados, sexo
quente no chuveiro… posso lidar com “amigos com benefícios” com ele?
Pare! Pub. Negócios para gerenciar. Foco, Taryn.
— Tenho que correr lá para baixo e me certificar que Marie está bem no
bar. Eu tenho um novo bartender trabalhando hoje à noite. Já volto. Posso
pegar algo para você beber enquanto estou lá? — E estou de volta no modo
negócios.
— Sim, sem problema. Faça o que tem que fazer. — Ele acenou para
mim.
— Ah… se você puder me trazer uma cerveja, isso seria ótimo — ele
disse enquanto se virou em um círculo.
— Tem uma preferência? — Pensei em perguntar.
Ryan sorriu.
— Surpreenda-me!
Depois que arrumei as coisas para Marie cobrir o bar, retornei para ele
com um pacote de seis em uma mão e uma garrafa de tequila na outra. Ele
espiou por cima de alguns papéis em sua mão; um sorriso muito sensual
rachando em seus lábios quando ele balançou a cabeça para mim,
incrédulo novamente.
— Então, o que você está lendo? — Segurei uma garrafa de cerveja
gelada para ele.
— Peguei um novo roteiro que meu agente quer que eu dê uma olhada.
— Ele segurou os papéis no ar. — Chama-se Slipknot.
Eu nunca vira um roteiro antes e fiquei surpresa em ver que era um
pacote bem grande.
— É sobre o que? — Perguntei, genuinamente interessada em saber que
tipos de filmes ele vem sendo cotado.
— Contaram-me que é sobre um cara que seus pais e sua irmã foram
assassinados e ele tem que descobrir o que aconteceu e quem fez isso. —
Ele tomou um gole da sua cerveja.
— Hum, então é um suspense? Isso é algo que você está interessado em
fazer?
— Não tenho certeza. Tenho que ler tudo isso e deixar meu agente saber
se estou interessado, até quinta-feira, embora parece que eles já me
escalaram para uma parte.
— Nesta quinta-feira? — Perguntei, ligeiramente chocada. — Em quatro
dias você tem que dar-lhes uma resposta? Parece um monte de coisa para
ler em pouco tempo.
Não havia percebido que essas negociações de filmes aconteciam tão
rápidas.
— Fale sobre por pressão em você. Não é à toa que você está estressado.
Seus olhos brilharam para mim.
— Bem, é um estúdio e eles querem acelerar.
Concordei mesmo que eu não tinha certeza do que ele estava falando.
Ryan estava me encarando.
— Você não tem ideia do que estou falando, né? — Ele riu suavemente.
Sorri, surpresa que ele pudesse me ler deste jeito.
— Ok, aqui está sua lição de hoje. Preste atenção por que será um quis
— ele segurou o roteiro. — Você já ouviu falar da Paramount, presumo?
Rolei meus olhos.
— Ok… eles são o “estúdio”. — Ele acenou. — Sem complicar, eles têm o
dinheiro. Este filme já recebeu o “sinal verde”. O que você faz no sinal
verde?
— Você vai — respondi.
— Roteiro… filme engajado… o dinheiro está lá para apoiar… sinal
verde: vá. Comigo até agora? — Esperei que meu olhar lhe deu a
mensagem de que não sou idiota.
— Agora este projeto em pós-produção. Essa é a hora que o elenco é
contratado, o orçamento é determinado e para este filme, entendi que
Jonathan Follweiler estará dirigindo. O que significa para mim são duas
coisas: — Ryan contou nos dedos. — Um, quero fazer e dois, posso
cumprir as datas do cronograma de produção. Se eu não posso me
comprometer a estar lá, não posso fazer o filme.
— Então, você ainda tem a opção de rejeitar, certo? — Perguntei.
— Sim. Não assinei nada ainda. — Ele acenou com a mão. — E eles
precisam me fazer uma oferta.
— Você não tem uma audição antes? — Tentei soar como se soubesse
algo.
— Não realmente… não mais. Todas essas fãs gritando são como um
grande resumo. Talvez eu tenha que fazer um teste de cena com uma
potencial atriz para ver se há química ali, mas é isso.
— Entendi — sorri.
— Bom. Amanhã nos aprenderemos sobre cinematografia.
— Droga! Estava esperando que amanhã seria sobre efeitos especiais —
fiz um beicinho.
— Ok. Então, assim que terminar de ler isso vou pintar todas as suas
paredes com um adorável verde brilhante e nós podemos jogar CGI no
computador. Como isso soa?
— Melhor começar a ler então! — Levantei-me para me desculpar. Ele
me assustou quando se levantou também. — Tenho que voltar para o pub
e terminar a noite; estamos ocupados lá embaixo. Eu até pedi a Tammy
para ajudar hoje à noite. Assim, você vai ficar bem aqui sozinho?
Ele veio até mim e esfregou meus braços para baixo e para cima
suavemente com suas mãos.
— Não se preocupe comigo.
— Sinto-me mal em deixá-lo aqui assim — murmurei triste, derretendo
como manteiga sob seu toque.
— Tar, eu sei que você tem um negócio para gerir. Estou apenas feliz
por… bem… estar aqui. Vou ficar bem! — Ele enfatizou. — Tenho uma
música excelente para ouvir e um roteiro gordo para ler. Isto,
definitivamente, vai me manter longe de problemas por um tempo. — Ele
piscou para mim.
Olhei para seus pés. Com toda a honestidade, eu realmente queria ficar
com ele.
— Ainda assim, me sinto terrível.
A mão de Ryan deslizou pelo meu braço e ele escovou seus dedos nos
meus; sua outra mão levantou meu queixo até que nossos olhos se
encontrassem.
— Não. Estou procurando por alguma paz e descanso, na verdade. Vou
ver você quando voltar. — Senti um fio de eletricidade correr pelo meu
corpo quando ele me tocou; tive que lutar contra os novos desejos que
rapidamente se construíam em meu coração.
— Está bem. Vou te ver em três horas — concordei.
— Antes de você ir, eu gostaria do seu celular, por favor — ele pediu,
esticando sua mão. — Não vou investigar você. Só quero programar uma
coisinha.
— Não me importo. Não tenho nada a esconder — eu disse. Tirei o
celular do bolso e entreguei a ele. — Apenas não me dê um ringtone
desagradável.
— Não se preocupe. Vou cuidar disso. Agora vá! Volte ao trabalho! — Ele
segurou meus ombros e me empurrou para a porta.
Fiquei feliz que estávamos ocupadas hoje; isso fez as três horas passar
rapidamente, embora, eu gostaria que a banda fosse mais rápida quando
estavam embalando seus equipamentos.
Eu estava tão excitada para finalmente trancar as portas e voltar lá para
cima, para o meu incrível convidado, que corri degraus acima até meu
apartamento.
Ryan estava deitado no sofá, dormindo tranquilamente. Suas pernas
longas se esticaram e os pés descalços pendurados para fora. Fiquei
surpresa em vê-lo usando óculos. Ele parece muito estudioso e lindo.
Devagar, removi o gordo roteiro que estava no seu peito, embaixo das
suas mãos abertas e o coloquei na mesa de café. Ele estava tão
profundamente adormecido que o movimento não o fez se mexer. Peguei a
coberta que minha avó fez que cobria o encosto do sofá e o cobri.
Notei que seu cabelo ainda estava úmido e descabelado por ele dormir.
Sentei na mesa de centro e guardei a visão dele na minha memória. Seus
lábios estavam ligeiramente separados conforme ele respirava e eu esperei
que ele esteja tendo sonhos pacíficos.
Boa noite, doce príncipe, pensei comigo mesma, dando uma última
olhada nele antes de desligar as luzes e ir para cama.
Ainda estava escuro no meu quarto quando acordei, subitamente
assustada. Senti meu corpo empurrar enquanto Ryan cuidadosamente
deslizou seu corpo debaixo das minhas cobertas.
Sem dizer nada, ele se ajeitou atrás de mim e ficou confortável no outro
travesseiro.
Inclinei-me ligeiramente para reconhecê-lo, descansando meu corpo em
seu peito. Ele enrolou-se mais apertado atrás de mim; eu podia sentir que
ele ainda estava completamente vestido.
A mão de Ryan deslizou pelo meu braço. Muito devagar, ele espalmou
sua mão aberta no topo da minha, entrelaçando nossos dedos. Ele soltou
um suspiro suave quando fechei meus dedos ao redor dos dele.
Tanto para me proteger de me machucar, parecia tão certo deitar aqui
com ele. Nossos corpos encaixaram perfeitamente, como se fôssemos feitos
um para o outro. Aparentemente ele está tão afetado por mim quanto
estou por ele.
O sol começou a nascer e uma luz suave encheu meu quarto. Senti seu
braço me puxar mais perto do seu peito; sua respiração quente acariciou
meu ombro quando ele se aconchegou em mim. Sua respiração retornou a
soar como no sono, então eu me deixei deslizar de volta ao meu sonho
incrível.
Acordei novamente quando o senti se mexer. Seus dedos flexionaram,
agarrando meus quadris. As pontas dos seus dedos circularam para sentir
o que eu estava vestindo. Sua perna esticou e ele se pressionou
suavemente em mim quando seu cérebro recebeu a mensagem que eu só
estava usando calcinhas e camiseta.
Uma excitação vertiginosa percorreu meu corpo com seu toque. Minha
mente rapidamente vagou com outra visão em como suas mãos quentes
podem agarrar meus quadris.
Novos desejos por eles cresceram rapidamente em meus pensamentos.
— Bom dia — ele sussurrou em meu ouvido, escorregando sua mão
através do meu estômago.
— Mmm, oi — foi tudo o que pude dizer quando nossos olhos se
encontraram. Ele me encarou e gentilmente tirou meu cabelo da minha
testa com a ponta dos dedos.
— Desculpe, dormi ontem à noite. Por que você não me acordou quando
voltou? — Ele bocejou.
— Você dormia tão tranquilo, não quis acordá-lo.
Ele sorriu aquele sorriso sexy, aquele que faz meu pulso disparar,
enquanto seus dedos deslizaram pela minha pele e acariciaram meu rosto.
A vontade de me inclinar para ele e pressionar meus lábios nos dele era
tão forte, e eu não tinha a força interna para lutar mais. Ele aparentou
lutar com as mesmas urgências, mas era o limite da intimidade que ele
não cruzou.
Virei de frente para ele e esfreguei minha bochecha em seu ombro;
minhas mãos espalmaram no seu peito. Eu só queria tocá-lo de alguma
forma.
Ele embrulhou seu braço ao redor do meu ombro, assim sua mão
poderia segurar minha cabeça em seu peito. Minha vida seria perfeita se
eu pudesse acordar todo dia com este sentimento.
Depois de tomar banho e me arrumar, me juntei a ele na cozinha. Ele
estava inclinado no balcão com uma xícara de café na mão, registrei outra
imagem mental na memória. Seu rosto levantou quando eu entrei; sua
reação me pegou de guarda baixa. Por que ele está tão feliz em me ver? A
mim?
Ryan pareceu tão casual, parado ali em uma familiar camiseta azul
escuro, seu jeans desgastado nos bolsos pendendo em seus quadris. Ele
não vestiu nenhuma meia ou sapato ainda; seus pés descalços o
seguravam confiantes no lugar. Nunca imaginei que ver um homem beber
uma xícara de café na minha cozinha poderia ser tão excitante.
— Olá — ele cumprimentou. Seu rosto brilhou com um sorriso largo;
seus olhos me avaliaram. — Espero que não se importe, mas fiz algum
café. Posso lhe servir uma xícara?
— Sim, isso seria muito bom. — Abri a geladeira para pegar o leite.
— Aqui, deixe-me pegar isso — ele disse, retirando a leite da minha
mão.
Voltei à geladeira para pegar os ovos. Eu estava com fome; imaginei que
ele estaria com fome também.
— Posso fazer o café da manhã para você? — Perguntei.
Ele sorriu e acenou.
— Café da manhã soa maravilhoso.
O jeito que fluímos juntos na cozinha foi bizarro. Eu nunca me senti tão
em paz com um homem antes, em toda minha vida. Embora só nos
conhecemos por pouco tempo, parecia que nos conhecíamos por todas as
nossas vidas. Não havia estresse ou estranhamento entre nós. Acho que
ele sentiu também.
— O que tem na sua agenda hoje? — Perguntei, passando manteiga na
torrada para ele. Sua vida parecia segmentada por um compromisso atrás
do outro e duvidava que ele tivesse muito tempo sobrando hoje.
— Tenho que estar de volta no set às 10:00h. — Seus olhos vieram
encontrar o meu.
Dei a ele um sorriso breve. Não quero que ele pense que sua agenda me
deixaria chateada.
Nós discutimos como transferi-lo do meu apartamento para o set, como
não era simples ou fácil levá-lo de um lugar a outro. O plano era: eu o
levaria até um lugar desconhecido, onde ele pudesse ir para um carro
esperando que o levaria até o set. Sua segurança e minha anonimidade
estavam no topo das prioridades.
Desde que nosso tempo era limitado, nós passamos um tempinho na
minha sala.
Vi seu rosto brilhar quando ele pegou meu violão que estava em um
tripé no canto da sala. Ele colocou o violão nos seus joelhos e deu uma
dedilhada. Ele me surpreendeu, tocando muito bem.
— Eu vi isso na segunda-feira quando eu estava aqui, mas não tive a
chance de perguntar a você. Você toca ou é só decoração? — Ele
perguntou, olhando para mim por sobre seu ombro.
— Não, eu toco — respondi com confiança, embora eu estivesse longe de
ser uma mestra. — Conheço algumas canções. Algumas vezes eu tento
escrever minhas próprias músicas quando bate o clima, mas não sou tão
boa quanto uma compositora — admiti.
Ele me entregou o violão e acenou me encorajando.
— Toca alguma coisa para mim.
Meu coração disparou rapidamente enquanto meus nervos levaram a
melhor. Senti uma picada de pânico, conforme me imaginei me fazendo de
boba.
— Ok, não ria! Prometa!
— Eu nunca riria de você — ele cruzou seu coração com seus dedos —
prometo.
— Tudo bem, vamos ver se você conhece essa melodia — toquei as
primeiras notas.
— Fácil! Pink Floyd — ele disse, com um sorriso. — “Wish You Were
Here12”.
Eu ri quando ele fez suas próprias letras.
— Não, isto não é o que ele disse. — Deu um chute de leve no seu pé.
Comecei a canção novamente. Logo estávamos cantando juntos. — “We’re
just two lost souls swimming in a fish bowl…13”
Quando terminei, ele tirou o violão da minha mão e ondulou seus dedos
pela minha palheta. Ele piscou e me deu um sorriso largo e tocou uns
acordes.
— Isso é algo que escrevi — ele disse, indiferente, ajustando o violão na
perna. Ele começou a tocar uma bonita melodia. Sua música era intensa;
a música ressonando no meu coração. Enquanto ele cantava sua música
para mim, senti que me apaixonava mais e mais por ele.
Encarei-o com admiração enquanto ele escorregava na sua música.
Minha mente vagou por territórios proibidos conforme me diverti com
pensamentos ilícitos de tirar o violão das suas mãos e subir nele para
beijá-lo apaixonadamente. Quão suas mãos fortes poderiam me segurar no
seu colo. Como sua língua se sentiria na minha. Senti eu mesma ficando
extremamente excitada apenas pensando nisto.

12Vídeo da música: https://youtu.be/IXdNnw99-Ic


13Parte da letra da música: “Nós somos apenas duas almas perdidas nadando em um
aquário…”
— O que você achou? — Ele perguntou quando terminou a música. A
verdade era: eu estava ardendo em lugares que não ardem em um longo
tempo. — Isso foi… hipnotizante. Amei! — Um sorriso selvagem quebrou
em seu rosto.
Quando ele guardou o violão no tripé, fui para o consolo do meu
banheiro. Tranquei a porta atrás de mim e me inclinei duramente no
balcão.
Tenho que controlar minhas emoções. Ele era muito surreal. Seria
muito fácil me apaixonar loucamente, insanamente, profundamente por
este homem, e a cada segundo que eu gasto com ele, estou sendo
arrastada ao ponto sem retorno. Meu coração estava disparado, o sangue
bombeando nas minhas veias e me senti ligeiramente tonta.
Respire, Taryn. Não faça isso com você mesma! Pare! Quando ele for
embora de Seaport, você nunca o virá novamente.
Lutei a batalha interna que havia em minha mente, me permito ser
levada, render-me completamente e deixar o que quer que seja acontecer
ou termino isso tudo agora e evito o coração quebrado que é provável e
inevitável? Eu sei que sou completamente incapaz de ter um caso casual
com ele, então essa opção está fora. Mesmo que eu não possa resolver meu
dilema agora, mais cedo ou mais tarde vou precisar fazer uma escolha.
Quando voltei para ele, ele estava embalando suas coisas e era tempo de
nos despedir. Eu não queria que ele fosse. Queria agarrar sua mão e levá-
lo de volta ao meu quarto. Meu desejo por ele estava liderando a guerra.
Mas ele tinha que ir. Ele tem obrigações. Relutante, peguei as chaves do
carro e fomos para a porta. Ryan pulou pela porta de trás no meu carro
não notado. Nós não falamos muito no caminho para encontrar seu
motorista. Eu acho que ele estava muito intrigado em como a nossa troca
de segredos se transformaria em qualquer conversa. E minha briga interna
ainda estava lutando em meu cérebro.
Nós encontramos seu motorista em um estacionamento vazio
pertencente a uma fábrica têxtil, onde seria difícil para qualquer um ver ou
se esconder para tirar fotos. Dali, seu motorista o levaria até a locação
onde filmariam hoje.
Ele se virou para mim para dizer suas palavras de despedidas. Seus
dedos se esticaram para tocar meu rosto e ele me agradeceu pela manhã
maravilhosa.
— Vou te ligar mais tarde, ok? — Ele disse enquanto puxava sua mão.
Sorri e acenei. Era a única resposta que meu confuso cérebro estava
capaz de dar.
Ele saiu do carro e rapidamente pulou na porta aberta do outro carro
esperando. Tudo o que pude fazer foi acenar adeus.
No momento em que voltei para casa, Pete já estava lá, ocupado, tirando
caixas da van.
— Coloquei todos os bifes na geladeira e a entrega de bebidas está lá
trás. — Pete informou.
Parei atrás do bar para colocar a gaveta de dinheiro na caixa
registradora.
— Oh, e Tammy tem o resto do fornecimento sob controle. Nós pegamos
tudo o que estava na lista, então estamos prontos para a festa amanhã.
— Obrigado, Pete. Você e Tammy são os melhores. Já te dei dinheiro
suficiente ou ainda te devo?
— O camarão custou mais do que esperávamos, mas ainda estamos
abaixo do orçamento. Acho que ainda tem uns $40 dólares sobrando.
— Fique com ele. Gasolina custa dinheiro também. Estou apenas
agradecida que tenho amigos como vocês dois. — Pisquei um grande
sorriso para ele.
— Então, o que está acontecendo com você? — Pete perguntou.
Eu não sabia o que dizer ou como explicar meu humor.
— Ei, o que está acontecendo? — Ele veio para trás do bar quando
desviei os olhos. — Eu sei que você está em… uma situação diferente,
ultimamente. Você quer falar sobre isso?
Quando olhei em seus olhos, não poderia mentir, completamente. Pete
era o mais próximo de um irmão que eu tenho no mundo e ele me conhece
bem o suficiente para saber que tem algo errado.
— Estou me apaixonando por ele, Pete. Não posso evitar mais. Tentei ser
apenas amigos — eu disse — mas eu o quero. Eu nunca quis um homem
assim e agora estou preocupada que estou entrando no maior caso de
coração partido de toda a minha vida.
Pete me embrulhou em seu abraço de urso.
— Você sabe, quando Thomas colocou aquela merda em você, eu queria
matá-lo. Você é uma pessoa muito boa para aceitar nada além do melhor
da vida. Você merece ser feliz, Taryn! Nem todos os caras são como
Thomas. Admito, Ryan é, bem… ainda assim ele parece o inferno de um
cara legal.
Eu sabia que Pete não queria dizer as palavras “famoso” ou
“celebridade”. Dei um passo atrás. Palavras como “celebridade” é igual
“impossível de se obter” em minha mente.
— Você apenas precisa dar uma chance ao rapaz primeiro. Mas às
vezes, você pode ser sua pior inimiga. — Pete repreendeu. — Se você
nunca se arriscar, então é claro que você nunca se machuca. Mas isso é o
que é a vida, criança. Vivendo através do bom e do mal e, com alguma
sorte, tendo cicatrizes de batalha curando.
— Pete, ele está indo embora em algumas semanas. Ele não vai ficar por
aqui. — Suspirei duramente pelo único pensamento que me traz mais dor.
— O que eu deveria fazer? Colocar meu coração lá fora em uma bandeja de
prata de novo e desistir de tudo? Como conveniente que todos os caras
parecem cair por suas próprias facas.
Então, meu telefone vibra no meu bolso, me assustando.
— Falando em facas afiadas.
Uma nova mensagem brilhou na tela. Li o texto de Ryan e ri comigo
mesma:
“Preciso de fita adesiva”
“Para que?” — Mandei de volta.
“Bb está atirando faíscas novamente, ela odiou sua roupa hoje”
Franzi a testa e rapidamente digitei: “você pode trancá-la em um
trailer?”
“Bem que eu queria”
“Ela está vindo amanhã?” — Perguntei.
“Sim, desculpe, a propósito, dormi muito bem noite passada, melhor
noite de sono em um longo tempo”
Meus dedos rapidamente digitaram: “mentiroso”
“Verdade” apareceu na minha tela. Sorri para sua resposta.
“Você vem amanhã às 5?” — Respondi.
“Você pode me ver hoje se quiser?”
Não poderia responder. Eu queria tanto vê-lo, mas a porção de
autopreservação do meu coração e cérebro estavam gritando “Não” para
mim.
Se eu disser: “Claro, venha hoje e pule na minha cama de novo” — ele
me acharia fácil?
Se eu disser: “não, por que eu realmente quero um relacionamento e
não um caso de uma noite” — ele seguirá em frente? Lembre-se, Taryn, ele
estará indo embora da cidade e da sua vida em algumas semanas.
Apenas por que ele é popular e famoso, isso faz dele isento em ter meu
coração? Bem, isso é bobo. Ele quebrou minhas vontades a cada vez que
estava na mesma sala que eu, então ele realmente não teve que tentar
muito duro para ganhar minha afeição. Talvez, um dia, quando eu estiver
velha e grisalha eu possa contar minha história de como eu tive um
inacreditável e insano sexo com uma estrela de filmes uma vez? Isso é algo
para contar para os netos. Talvez meu nome poderia ser sublinhado em
um resumo, abaixo do seu nome em algum Ryan Christensen site.
Outubro — dormiu com uma garota boba de Rhode Island antes de
conhecer sua esposa atriz de cinema e começar a ter bebês de olhos azuis
com ela.
Eu costumava ver tudo tão preto e branco. Uma vez que tomo uma
decisão, me prendo a ela. Mas desde que o homem entrou em minha vida,
todo o meu ser está quebrado e borrado em tons de cinza, coloridos com
“ses”.
Uma coisa é certa: se eu ficar com ele, vou querê-lo de novo e de novo.
Não tem um jeito de sobreviver a um encontro de uma noite com ele.
O pé de Ryan tocando o meu pé é um gesto suficiente para me fazer
querê-lo. E quando ele me abraçou de manhã, seus dedos entrelaçados
nos meus, seu corpo pressionado no meu, fazer amor com ele era tudo o
que eu poderia pensar.
— Taryn, você está bem? — A voz de Marie me trouxe de volta para a
sala. — Por que você está sentada aí no canto? Você está doente?
— Apenas me torturando mentalmente — murmurei.
— Oh, eu vejo. E como está indo para você? — Ela perguntou,
quebrando um sorriso para mim.
— Não muito bem. O anjo e o demônio estão debatendo sobre se eu
deveria cavar ou defender minha terra.
— Finalmente! Demorou demais! — Ela disse, excitada.
— E? — Resmunguei.
— Você sabe o que eu acho? Acho que você deveria parar com essa
besteira e esprema toda a merda dele até que ele desmaie de exaustão. E
quando ele acordar, lave-o e então esprema a luz do dia dele, novamente.
— Ela estava bramindo para mim.
— Você terá que alimentá-lo, claro, para manter sua energia alta, mas
certifique-se de esconder suas roupas, assim ele não pode se vestir.
Homens não podem correr quando estão nus.
Eu não podia parar de rir.
— Obrigado! Eu precisava disso.
— Vamos, — ele disse enquanto me tirava da caixa no canto. — Vamos
deixar você focada. Será como treinamento de atleta.
A multidão de sábado à noite estava incomumente leve. Eu não tinha
uma banda agendada, então presumi que nós não teríamos os mesmos
clientes, mas desde que Ryan veio ao meu pub por duas vezes, toda noite
estamos ocupadas. Imaginei por que hoje está diferente. Notei que o fluxo
de mulheres extra estava faltando. Alguns caras entraram, mas quando
viram que o lugar estava desprovido da farta seleção de mulheres, eles
levantaram e saíram.
— Achei que estaríamos ocupadas por agora — Maria bufou. — Cadê a
segunda onda de clientes?
Uma das mulheres sentadas no bar entrou na conversa:
— O paradeiro de Ryan Christensen foi postado na internet. Minha
amiga me ligou para contar que o elenco está jantando na The Synful Grill.
Tem uma nova casa noturna anexada chamada Synergy. Ela disse que o
bar está tão abarrotado que você nem pode andar pelo lugar.
— Estive lá uma vez — Cory disse. — Tem uma taxa de dez dólares
apenas para entrar. Bebidas são realmente caras também. Tenho certeza
que tem um monte de mulheres lá esta noite.
Ótimo! Aparentemente Ryan está ocupando seu tempo com outras
atividades. Perguntei-me se foi porque não respondi ao seu último texto
sobre vê-lo hoje à noite. Ele superou tão rápido? Aparentemente…
Era quase 23:00h quando meu telefone tocou ao invés de vibrar. Ouvi o
novo toque, deixando a música tocar alta, assim eu poderia ouvir as letras.
Meu sorriso era grande.
— Ei, você — Ryan ofegou. — Você está trabalhando duro?
— Não, não realmente. Nós estamos meio mortos, na verdade. O que
você está fazendo? — Foi difícil esconder meu entusiasmo.
— Estou em um restaurante. Estamos acabando de comer.
— Uau, assim tão tarde? — Olhei meu relógio. — É quase 23:00h.
— Desculpe, por não ligar mais cedo, mas tivemos uma reunião com o
diretor às 8:00h e então demorou um tempo para toda a nossa comida
sair. A comida é bem ruim. Foi decepcionante — ele riu silenciosamente.
— Prometo que vou alimentá-lo melhor amanhã.
— Hmm, estou ansioso por isso — ele determinou.
Pensei sobre a música que ele escolheu para colocar no meu telefone,
imaginando se seus sentimentos são tão genuínos.
Sou seu, a música dizia.
— Eu realmente gostei do meu novo toque do celular — Sorri. Apesar
dos seus motivos, ele conseguiu achar minha música favorita.
— Bom! Fico feliz — ele suspirou, soando aliviado.
— Pensamentos muito profundos, você não acha? — Perguntei,
induzindo-o a explicar o porquê ele escolheu aquela música.
— Talvez esta é a intenção — ele respondeu — eu queria mandar uma
mensagem através dela, assim não há confusão.
Engoli duramente, meu subconsciente lutando para me proteger de ser
machucada de novo.
— Eu amo Jason Marz — continuei, tentando ficar no lado da luz. — Ele
é um dos meus cantores favoritos de todos os tempos.
— Eu sei. Você tem todos os CDs, menos aquele que está comigo — ele
disse, rindo rapidamente. Pensei em como ele me segurou de manhã e em
como desesperada eu quero que ele me segure de novo… em seus braços
quentes.
Ele poderia ser meu para sempre?
— Então… é para eu entender que você é meu? — Perguntei,
provocando.
— Posso ser seu se você quiser, Taryn — ele sussurrou.
Minha respiração engatou com suas palavras. Meu pulso disparou e
meus dedos começaram a tremer.
— Esta era sua intenção? — Perguntei, ainda sem acreditar.
Ryan limpou a garganta.
— Minha intenção era deixá-la saber onde meu coração está. O resto… o
resto é com você — ele disse suavemente.
Respirei fundo novamente. Meu coração estava batendo com força no
meu peito.
— Então e agora? Para onde vamos daqui?
— Nós damos uma chance — Ryan declarou bastante convincente.
CAPÍTULO DEZ

Possibilidades
Era quase meia-noite quando Ryan, secretamente, entrou pela porta de
trás do meu pub. A luz estava apagada, então a cozinha estava escura
quando ele chegou. Ele tinha o capuz da sua blusa sobre sua cabeça
novamente e sua confiável mochila estava pendurada em seu ombro.
Eu tinha acabado de trancar a porta atrás dele quando ele deixou cair
suas coisas no chão e bem devagar caminhou até parar na minha frente.
— Olá — ele sussurrou e gentilmente sorriu, inclinando ligeiramente
para me dar um abraço. Sem hesitar, ele deslizou uma mão ao redor da
minha cintura; sua outra mão pressionou em minhas costas.
Este abraço era diferente, muito diferente da sua aproximação normal.
Ele sempre abraça ao redor dos meus ombros; meus braços vão ao redor
da sua cintura.
Sua nova aproximação me surpreendeu e naturalmente forçou meus
braços a embrulharem ao redor dos seus ombros. Meu nariz roçou através
do seu peito, quando ele me puxou para ele. Deus, ele cheira bem!
As pontas de seus dedos pressionaram minhas costas conforme seus
lábios suavemente beijaram minha testa.
Fogo queimou através das minhas veias; o toque dos seus lábios na
minha pele enviou uma onda de excitação para o meu núcleo. Minhas
mãos responderam instantaneamente e instintivamente e sem consciência
ou intervenção comecei a acariciar seu pescoço.
A luz vinda do bar espiou através da porta da cozinha entreaberta,
iluminando sua bochecha na escuridão. Meus dedos alcançaram a luz em
seu rosto. Ele olhou para mim com olhos queimando.
Devagar, ele se inclinou e pressionou seus lábios nos meus. Seu
primeiro beijo foi carinhoso, pausando para descansar seus lábios nos
meus, suponho que fosse para medir minha reação, mas minha boca o
encorajou a prosseguir.
Senti seus lábios abrirem quando a ponta suave da sua língua se juntou
ao beijo. Sua boca estava suave, molhada e completamente hipnótica.
Desejo por ele atirou por cada célula do meu corpo, consumindo todos os
meus pensamentos.
Ele colocou sua mão quente no meu pescoço para segurar meu rosto
para ele conforme me beijava apaixonadamente.
Minha concha de autopreservação quebrou em um milhão de pedaços
enquanto o mundo lá fora deixou de existir. Nossos lábios moveram juntos
em perfeita harmonia enquanto sua língua deslizou contra a minha.
Seu beijo era muito melhor do que eu poderia imaginar. Tentei como o
inferno relembrar por qual motivo eu neguei a mim mesma esse tipo de
prazer por tanto tempo, mas o calor da sua respiração irregular subiu
direto até minha cabeça e derreteu meu cérebro.
Suas mãos estavam segurando meu rosto quando ele quebrou o beijo.
Ele embrulhou seus braços ao redor do meu corpo.
Não, não para! O que sobrou do meu cérebro implorou para ele
continuar me beijando.
— Você não quanto tempo eu queria fazer isso — Ryan sussurrou.
Meu coração batia tão rápido, me perguntei se ele podia senti-lo batendo
através da sua blusa. Dei um meio passo para trás e colidi com o balcão
atrás de mim; eu estava bastante tonta. Minha mão estava agarrada na
frente da sua blusa quando cambaleei para trás; meu agarre puxou seu
corpo para frente.
Como um raio, ele me agarrou por baixo dos meus braços e me levantou
no balcão; sua força me excitou ainda mais.
Meus dedos passaram nos seus cabelos e minhas pernas embrulharam
ao redor da sua cintura; nossos lábios expressaram nosso desejo mútuo.
Ele se pressionou contra mim; eu podia sentir através dos seus jeans que
ele estava totalmente excitado. Minha mente correu, pensando sobre tê-lo
dentro de mim.
Seus dedos engancharam nos bolsos de trás da minha calça jeans, me
puxando para frente e me batendo contra ele. Tive uma visão dele fazendo
amor comigo aqui mesmo neste balcão. Pelo modo que ele se esfregou
contra mim, eu estava certa que ele pensava a mesma coisa. Moí
suavemente quando a fome se tornou paixão.
A intensidade do nosso beijo acalmou-se e desacelerou até nossos lábios
descansassem juntos. Nós dois sorrimos.
— Não me lembro. Eu disse oi? — Ryan sussurrou, brincando comigo.
— Sim. Você me teve no oi — eu ri em seus lábios.
Ele riu na minha boca.
— Acho que você me confundiu com algum outro ator famoso — ele
disse, me beijando entre as risadas. Sua boca trancou na minha, me
convencendo que essa conexão incrível entre nós merece uma chance de
crescer.
Nossas mãos já acharam pele; suas mãos estavam embaixo da minha
camiseta e no meio do caminho para as minhas costas. Uma das minhas
mãos tinha descido pelo seu pescoço e circulou a gola da sua camiseta.
Eu tinha seu lábio inferior entre meus dentes quando pensamentos de
Marie entrando na nossa sessão de amassos colocou um frio na minha
luxúria.
— Você sabe… antes de sermos pegos…
Deslizei do balcão e em seus braços.
Ryan pegou suas coisas no chão. Eu estava divertida de vê-lo ajudando
suas calças. Sua excitação estava definitivamente notável.
Espiei pela porta antes de tentar esgueirá-lo da cozinha para as
escadas. A maioria da multidão havia desaparecido. Restavam apenas
umas vinte pessoas no pub, mas eu ainda queria leva-lo para as escadas
desapercebido.
Ryan havia apenas deslizado pela porta das escadas quando Marie veio
ao redor da esquina no mesmo momento. Ela estava procurando por mim
e fui pega.
Seu rosto quebrou em um exultante sorriso quando ela viu o que eu
estava fazendo.
— Ryan? — Ela mexeu os lábios apontando para a porta.
Encolhi os ombros. Meu sorriso envergonhado era confirmação
suficiente para ela.
— Feliz em ver que você tomou meu conselho! Vá, eu tranco tudo. Tem
só algumas pessoas aqui. Pete e eu vamos cuidar disso. Vá e tenha uma
ótima noite!
Eu estava na metade dos degraus quando Marie me chamou de volta.
Joguei minha chave ao Ryan.
— Já volto — eu disse a ele, acenando para ele ir em frente sem mim.
Trotei degraus abaixo e quase bati em Marie.
— Está esquecendo algo? — Ela provocou, segurando uma garrafa
gelada de champanhe.
Ryan havia tirado seu casaco e estava na sala quando entrei no meu
apartamento.
— Presente da Marie. — Entreguei a garrafa para ele. — Ela viu você.
Desculpe. — Pedi desculpas. — Não se preocupe, ela não vai dizer nada.
— Você quer que eu abra isso? — Ele perguntou, mesmo que já havia
começado a descascar o papel do gargalo.
— Claro. Deixe-me pegar alguns copos.
Ele estourou a rolha e serviu no copo que eu segurava. Ryan deslizou
um copo na minha mão e o levantou o outro.
— Às… possibilidades. — Ele bateu seu copo gentilmente no meu e
piscou um sorriso abafado para mim.
— Quanto tempo até você terminar hoje à noite? — Ele perguntou,
bebericando seu champanhe.
— Na verdade, me dei o resto da noite de folga. Marie e Pete fecharão
esta noite.
— Verdade? Você terminou? — Ele soou satisfeito.
— Sim. Nós não estávamos ocupados por alguma razão. Eu acho que
tinha alguma comoção no Synful Grill hoje à noite e levou a maioria dos
meus clientes.
Ele inclinou a cabeça para me dar um olhar irritado.
— A única razão pelo qual eu sei disso é porquê uma de minhas clientes
recebeu uma mensagem que você estava lá. Ela disse que sua localização
foi postada na internet.
— Inacreditável — ele murmurou. Eu podia ver que aquilo o chateou.
— Olha, sinto muito. Eu não quis dizer que…
Ele me parou.
— Não, não, não estou bravo com você. É apenas bagunçado. Nem
posso sair para comer sem ter uma grande dor na minha bunda. É como
ter um perseguidor, só que eles viajam em grupo. Eu nem sei por que eles
dão uma merda.
Ele começou a esfregar seu rosto com força, então tentei pensar em algo
para tirar sua mente deste caminho.
— Ei, você me ajudaria um segundo? — Estiquei minha mão para puxá-
lo do seu assento. Ele me seguiu até a cozinha de bom grado.
— Você pode tirar as outras bandejas de bifes da geladeira? Preciso virá-
las. — Eu tinha quinze bifes marinando para nosso jantar no domingo.
— Esses bifes parecem incríveis. O que tem no suco? — Ele perguntou.
— Ah, este é um segredo comercial. Eu poderia contar, mas depois eu
teria que matá-lo. — Provoquei. — Vou precisar de ajuda para carregá-los
para o telhado amanhã. Posso contar com você para me ajudar?
— Com certeza! — Ele replicou, encolhendo-se para mim como se eu
tivesse de pedir isso a ele.
Eu poderia dizer que seu clima ruim estava indo embora lentamente.
Suas engrenagens eram bem fáceis de virar.
— A marinada é só a primeira parte do processo. Tem toda a técnica de
grelha, também.
— É um segredo comercial também, ou você vai compartilhar?
— Na verdade, roubei a ideia de um artigo na revista Maxim14.
— O que você está fazendo lendo a Maxim? Procurando pela sua foto? —
Ele acenou para mim com sua sobrancelha.
— Sim, certo! Meu tio deu ao meu pai uma assinatura de Natal em um
ano e tinha um artigo sobre como grelhar comida. — Deu de ombros. —
Então, como você gosta do seu bife? Você é malpassado ou bem-passado
tipo de cara?
— Ao ponto. Eu não sou louco para ver minha comida sangrar. — Ele
estremeceu.
— Eu também — eu disse, chocada que temos mais uma coisa em
comum.
Quando terminamos na cozinha, Ryan a vasculhar minha coleção de
DVDs.
— Podemos ver um filme? Você tem um que eu gostaria de ver.
Ele chutou seus sapatos e ficou confortável no sofá. Quando sentei perto
dele, ele esticou sua mão para mim.
— Ei, vem cá — Ele sussurrou. Ele se reposicionou assim eu estava
deitada em seu peito.
Ryan sorriu para mim e beijou minha testa suavemente. Seus dedos
gentilmente levantaram meu queixo e ele me beijou ternamente. Eu estava
surpresa que ele não tentou dar uns amassos comigo de novo. Ao invés,

14 A revista Maxim é uma revista para os homens do tipo Playboy.


depois de alguns beijos amorosos, ele apenas me segurou em seus braços
enquanto assistíamos o filme.
Eu já assisti ao filme que ele escolheu algumas vezes antes, então era
difícil para mim realmente prestar atenção, especialmente desde que eu
estava aconchegada em seus braços.
Ryan estava gentilmente acariciando meu cabelo e minhas costas e isso
me deixou muito relaxada. Eu estava tão confortável com ele que me senti
deslizando no sono.
— Taryn, querida. Acorde. — Ryan sussurrou grogue. Ele levantou seu
corpo de debaixo do meu, assim ele poderia sentar-se.
Esfreguei meus olhos e olhei o relógio, faltava alguns minutos para as
duas. Ryan entrou no banheiro. Esperei que ele terminasse assim seria
minha vez.
— Você se importa se eu ficar? — Ele perguntou. — Se não, eu posso
sempre correr para o hotel. Esperançosamente, os paparazzi estão
dormindo.
— Está tarde — sussurrei, sem saber como transmitir meus
pensamentos. Eu queria que ele corresse para qualquer lugar.
Encaramos um ao outro por um momento; assisti sua boca curvar em
desapontamento. Eu também senti a mesma tristeza pensando nele indo
embora. Só havia uma resposta.
— Fique — sussurrei.
— Você tem um travesseiro extra? — Seus olhos foram do corredor até o
quarto. Acho que ele estava oferecendo dormir no sofá.
Nós ficamos lá parados, nos inclinando em paredes opostas no corredor,
apenas encarando um ao outro, esperando e calculando um ao outro. Ele
estava tentando ser um cavalheiro e não forçar seu caminho no meu
quarto sem um convite, mas em minha mente, o sofá na sala da frente era
uma longa distância entre nós. As coisas iam ser muito diferentes no meu
quarto esta noite do que foi ontem, e nós dois sabíamos disso. A porta
para o contato físico e intimidade foi aberta.
Estiquei minha mão, desejando que ele me segurasse em seus braços
como fez de manhã. Ryan gentilmente sorriu e colocou apenas as pontas
dos seus dedos nos meus. Curvei seus dedos na palma da minha mão e
nos levei para meu quarto escuro.
Acendi a pequena lâmpada do meu closet para amenizar a iluminação
do quarto e rapidamente deslizei para o banheiro para me trocar. Ryan me
esperou retornar. Ele ficou lá parado, me encarando conforme tirava sua
camiseta pela cabeça. Seu peito e braços são fortes e definidos, e a luz da
lâmpada fazia sua pele brilhar.
Assisti, ele abrir seu jeans e tirá-lo por suas longas pernas. Ele tentou
jogar suas calças na cadeira, mas errou; uma moeda fez um som de ting
no chão de madeira quando caiu do seu bolso. Ele, rapidamente, tirou
suas meias e as jogou uma por uma no chão.
Ryan deslizou na cama e ajustou o travesseiro até que ele estivesse
confortável. Nos aproximamos e eu hesitantemente descansei minha mão
no seu peito desnudo. Eu queria que meus dedos vagassem livres, mas
minha mão estava inconveniente congelada no lugar.
Ele deslizou pela cama até que nossos olhos estivesses no mesmo nível.
Encaramos um os olhos do outro e ele gentilmente acariciou minha
bochecha; aquelas palavras não ditas de possibilidades que poderiam
acontecer depois flutuaram entre nós.
Seus dedos guiaram meu rosto até o dele e ele, suavemente, beijou
meus lábios.
Lentamente, sensualmente, nossas mãos tocaram o corpo um do outro.
Nossos dedos levemente traçaram a pele do um outro, tomando liberdade
de explorar o território desconhecido.
Sua mão pressionou na pequena curva das minhas costas e ele me
puxou mais perto; seus beijos excitaram completamente meu corpo.
Suavemente, ele mordeu e chupou meu lábio inferior e gemi pelo prazer.
Corri minha mão pelas suas costas, pressionando as pontas dos dedos
em sua pele para massagear seus músculos. Eu queria sentir seu corpo
por tanto tempo e agora eu ia finalmente realizar meu desejo.
Sua mão agarrou meu quadril em resposta, mandando outra onda de
choque pelas minhas veias. Eu podia sentir seus dedos tensionar e
pressionar meu osso do quadril conforme corri minha língua sobre seu
saboroso lábio.
Meus dedos traçaram seu peito até seu estômago; seu corpo
estremecendo levemente sob meu toque. Eu podia sentir que ele estava
completamente excitado.
Eu estava ficando muito arrebatada neste momento; mais alguns
minutos disto e não teria retorno. Dúvida e medo rastejaram em meus
pensamentos, reprimindo êxtase e desejo. Pousei minha palma aberta em
seu peito e o empurrei para trás; eu precisava de um momento para me
recuperar.
Esfreguei meus olhos conforme a pessoa que mora em meu cérebro
acordou.
— Taryn, eu entendo. Eu te quero tanto, mas não quero fazer nada que
você não esteja pronta — Ryan sussurrou.
Eu não tinha nenhuma vontade sobrando. Meu corpo suplicava por
senti-lo, ele todo. Meus pensamentos lutaram com este desejo enquanto
todos os sinos de alarme desligaram em minha cabeça.
Ele embrulhou seus dedos ao redor da minha cintura e tirou minha mão
dos meus olhos.
— Conversa comigo. Conta para mim o que está em sua mente.
— Estou preocupada — encolhi meus ombros, tentando como o inferno
não me mostrar uma imatura e neurótica bagunça. Minhas palavras
saíram em um sussurro.
— Com o que você está preocupada?
Respirei profundamente e suspirei.
— Eu sei que você não é… — murmurei, me parando. — Eu não lido
com o casual muito bem. Sexo para mim envolve emoções e na verdade…
você não estará aqui por muito tempo. — As palavras saíam com
dificuldade.
— Olha para mim. Por favor, olhe nos meus olhos — ele, suavemente,
implorou.
Olhei de volta para ele. Seus olhos estavam atraentes.
— Se você não notou, eu estou louco por você. Você é tudo o que eu
penso — ele disse, escovando minha bochecha com as pontas dos dedos.
— Você não é a única fazendo um investimento emocional aqui.
— Eu sei porque você está preocupada, Taryn. — Ele respirou fundo. —
Não estou aqui para usá-la ou machucá-la. Você tem que entender, não é
fácil para mim ter qualquer tipo de relacionamento, apesar do que as
pessoas pensam. É difícil para mim manter minha vida privada ou confiar
em alguém. Uma de minhas ex-namoradas vendou nosso relacionamento
para os tabloides por dinheiro.
Ele desviou os olhos, estremecendo pela memória desagradável.
— Depois disso, bem, vamos apenas dizer tem sido um tempo desde que
estive emocionalmente próximo de alguém. — Ele olhou de volta em meus
olhos. — Acredite em mim quando digo, uma noite apenas não é meu
estilo. Isto é tudo o que precisa para coisas assim serem impressas
também.
— Acho que somos duas almas gêmeas então — eu disse.
— O que você quer dizer? — Ele olhou para mim, esperando uma
explicação.
— Você não confia nas mulheres, eu não confio nos homens.
— Huh, — Ele resmungou — então, por que você não confia em
homens?
— Eu estava… envolvida com alguém a alguns meses atrás também —
eu disse hesitante. Eu não queria dizer acidentalmente a palavra
assustadora “noivado” em voz alta, temendo que Ryan talvez corra, se
pensar que só me casei na minha mente.
— Vamos apenas dizer que uma mulher só não era suficiente para ele.
— Mordi meu lábio com o pensamento. — De qualquer maneira, parece
que nós dois tivemos nosso quinhão de dor para lidar.
— Sim, mas a diferença é que seu coração partido não estava na
primeira página de milhões de revistas — ele bufou, passando os dedos
pelos cabelos. — E você não precisa de uma publicitária quando termina
com alguém.
Apoiei-me em meu cotovelo e descansei minha mão em seu peito.
— Ryan, eu me importo com você, muito. Acho que é por isso que estou
hesitando em pular nisso, porque nós dois precisamos ser capazes de
confiar um no outro. Mas, eu te prometo, não importa o que aconteça com
a gente, eu nunca, nunca, o trairia.
Encarei seus olhos escuros.
— Aí dentro tem compaixão e carinho e eu vejo uma bonita alma que
merece ser amada. Só posso esperar que você confie em mim o suficiente
quando eu digo que eu nunca faria nada para machucá-lo.
Ele esfregou meu braço gentilmente e então pousou sua mão na minha
descansando em seu peito. Um sorriso apareceu em seu rosto.
— Eu sei — Ryan respirou profundamente e olhou nos meus olhos. —
Minha vida virou de cabeça para baixo nos últimos anos. Sinto como se eu
vivesse em uma existência caótica. Mas quando estou com você, eu… eu
me sinto estranhamente em paz. Eu sinto como se pudesse confiar a você
todos os meus segredos. E você tem algo que ninguém mais tem. Quando
olho para você — seus olhos cravaram nos meus — você tira meu fôlego.
Suas palavras, momentaneamente, tiraram meu fôlego.
— Taryn, eu estou apai… — ele parou para morder seu lábio e suspirou,
engolindo em seco. — Eu me importo com você também, muito mais do
que você imagina. Tenho tentado levar isso lento por um motivo, você
sabe… tentando não apressar. Mas estar com você é tão fácil e natural, e
tenho quase certeza que você se sente da mesma maneira.
— Sim, eu sinto. — Suspirei, impressionada que nós dois nos
apaixonamos profundamente um pelo outro.
— Não posso evitar o que sinto e não quero mais segurar estes
sentimentos mais tempo.
— Nem eu — sussurrei.
Ryan sorriu gentilmente.
— Taryn, cada vez que estou longe de você, não posso esperar para vê-la
novamente. Só quero estar com você. — Seus dedos tiraram os cabelos dos
meus olhos.
Naquele momento, senti que cada fibra da minha alma queria dar um
grande salto de fé. Eu já estava apaixonada por ele e ouvir a confissão dos
seus sentimentos fez minha decisão mais fácil de tomar. Não importa o
que aconteça deste ponto em diante, era muito tarde para me preocupar
ou me arrepender. Meu corpo cantarolou desejando seu toque.
Inclinei-me para ele e o beijei suavemente. Seus dedos se enrolaram em
meu cabelo e senti sua fome por mim. Gentilmente, ele me rolou em
minhas costas; seus olhos abertos e travados nos meus.
— Você tem certeza? Porque te quero mais que o ar, agora — ele
suspirou.
Eu o alcancei e puxei seu rosto para baixo.
— Faça amor comigo — murmurei nos seus lábios. — Por favor —
implorei.
Nossas bocas derreteram juntas. Ele não estava com pressa; ele me
beijou devagar e sensualmente. Pude sentir que ele faria amor comigo e
não apenas faria sexo comigo.
Ryan deslizou sua mão por baixo da minha camiseta e me beijou. Ele
puxou minha camiseta para cima e me ajudou a tirá-la. Sem tirar seus
olhos de mim, ele enrolou minha camiseta em sua mão e a jogou pelo
quarto.
Ele traçou as pontas dos dedos pelo meu pescoço, estimulando meus
sentidos, lentamente segurando meus seios em suas mãos. Um poderoso
sobressalto de excitação se chocou no meu ventre enquanto seus lábios se
moveram da minha boca até meu peito. Meu corpo inteiro estremeceu;
será que ele sabia quão bom isso é para mim? Meus dedos passaram pelos
seus cabelos e eu pressionei seu rosto mais forte no meu corpo.
Meus olhos fecharam e afundei no puro prazer da sua língua na minha
pele. Corri minhas mãos levemente dos seus cabelos até seus ombros,
gemendo com seu toque.
Puxei seu rosto para mim, com fome dele. Suas mãos deslizaram pelas
minhas costas e seus dedos entraram no espaço entre minha pele e
calcinha. Um grunhido brincalhão deslizou por sua garganta quando ele
apertou meu traseiro.
Ryan enganchou seus polegares no elástico da minha calcinha, tirando-
as. Eu me mexi lentamente, curvando minhas pernas nas suas, conforme
ele empurrou minha calcinha por elas. Elas também foram jogadas no
chão. Ele correu sua mão forte lentamente pelo meu corpo; do meu peito
até meu estômago; do meu quadril até minhas coxas.
Ele traçou seus dedos na parte interna da minha coxa, me levando um
pouco mais à loucura. Engasguei e estremeci sob seu toque. Seus dedos
longos brincaram comigo, estimulando todos os lugares certos. Eu estava
tão excitada que parecia que ia explodir.
Enfiei meus dedos sob o elástico na sua cintura e usei meu antebraço
para empurrar o algodão que nos separava para baixo. Minha mão apertou
em torno dele e o acariciou enquanto ele gemia na minha boca conforme
nos beijávamos.
Ele se soltou e removeu suas boxers. Nós nos deitamos com nossos
rostos virados de frente um para o outro, completamente sem roupas, tão
abertos e vulneráveis como poderíamos estar com outro ser humano.
Ryan segurou meu rosto cuidadosamente em sua mão. Ele não me
beijou; ele apenas acariciou minha bochecha com o polegar e meus lábios,
olhando nos meus olhos por um longo tempo. Um sorriso abriu em seu
rosto o que me fez sorrir de volta. Lentamente, seu corpo cobriu o meu.
Seus joelhos levantaram na cama e fizeram minhas pernas abrirem ainda
mais, causando outra onda de excitação pulsando em minhas veias.
Ele se inclinou e me beijou suavemente. Seu beijo era lento, apaixonado,
como todo toque dos seus lábios foi feito para transmitir um sentimento
específico.
Corri meus dedos levemente pelo braço que ele usava para se manter
firme, conforme ele se colocava dentro de mim. Suguei uma respiração
afiada pela dor prazerosa que acompanhou sua penetração. Observei-o
fechar os olhos por um momento, gemendo e entrando em mim.
Seus lábios retornaram para beijar os meus e ele cuidadosamente
pressionou o peso do seu corpo no meu. Abri minhas pernas e as
embrulhei ao redor do seu corpo; o desejo de sentir cada polegada dele era
quase doloroso.
Seus olhos se fixaram nos meus e seus quadris rolaram devagar. Ele
beijou meus lábios e a bochecha enquanto levantava meu traseiro da
cama.
— Oh, Tar. Oh, deus, você é tão boa — ele suspirou, chupando meu
pescoço.
Não havia nenhum estranhamento, nem medo enquanto ele fazia amor
comigo. Nossos corpos encaixaram-se como duas peças perdidas de um
quebra-cabeças que estavam finalmente juntas.
Ele rolou de costas e me colocou em cima dele. Suas mãos auxiliaram
meus movimentos enquanto eu corria meus dedos levemente para cima e
para baixo em seu peito. Seus olhos estavam dilatados com prazer.
Pressionei minhas mãos na cama em cada lado da sua cabeça
exercendo mais força. Ele sugou uma respiração afiada.
— Oh, Tar — ele gemeu, suavemente beijando minha bochecha. Ele
passou os braços ao redor das minhas costas, puxando-me apertado em
seu peito. Senti seus dentes, gentilmente, morderem meu pescoço
enquanto gemíamos juntos.
— Deita aqui perto de mim — ele sussurrou na minha orelha.
Escorreguei dele e rolei para o lado; ele embrulhou seus braços embaixo
da minha coxa e entrou em mim por trás.
— Oh, não pare — engasguei. Seu dedo alcançou nossa união, achando
o lugar certo para me levar ao longo da borda. A boca de Ryan trancou na
minha, me impedindo de gritar alto o orgasmo de explodir a mente que ele
estava estourando do meu corpo.
Assim que parei de estremecer ele me rolou sobre meu estômago.
Nossos corpos ainda estavam conectados quando ele me puxou em meus
joelhos.
Suguei uma respiração afiada pelos meus dentes cerrados, sentindo
seus dedos e movimentos me trazerem a um segundo orgasmo. Apertei-me
nele, agarrando-o dentro de mim e sentindo-o tremer em mim. Ele soltou
um longo gemido e nós chegamos ao orgasmo juntos.
Ryan deitou perto de mim na cama; nossa respiração estava profunda e
difícil. Eu o ouvi exalando com força, correndo a mão pelo cabelo. Uma
gota de suor desceu pelo meu pescoço e pelo meu travesseiro, enquanto
encarei alegremente as raias de luz da lua no teto do quarto.
Sua mão deslizou sob os lençóis até seus dedos acharem os meus,
pegando minha mão na sua.
Expirei todo o ar em meus pulmões, tentando acalmar meu coração.
— Uau! — Gracejei. Eu não tinha saliva em minha boca. Ele sorriu
suavemente.
— Você disse. Isso… foi… Uau!
Ele rolou no seu lado; nossos olhos se encontraram e nós dois sorrimos
um para o outro.
Gentilmente, ele tirou o cabelo da minha testa; seus dedos trilharam
pelo meu rosto e levantaram meu queixo, assim ele poderia me beijar de
novo.
Ficamos deitados ali por um longo tempo, braços e pernas interligados,
encarando intensamente os olhos um do outro. Ele, suavemente, pousou
beijos carinhosos em meus lábios.
Ele soltou um grande bocejo e então sorriu levemente. Nós estávamos
cansados e ainda nos recuperando dos incríveis orgasmos. Estava ficando
cada vez mais difícil manter meus olhos abertos. Seus bocejos eram
contagiosos.
— Você está pronta para ir dormir? — Ele beijou meu nariz.
Sorri e concordei.
— Mmmmmmmmm.
Rolei e descansei em seu peito nu. Ele puxou as cobertas e lençóis sobre
nós e embrulhou seu longo braço ao meu redor. Puxei sua mão até meus
lábios e então entrelacei meus dedos nos dele.
— Boa noite, amor — ele sussurrou, beijando meu ombro nu.
Todos os meus músculos relaxaram e deslizei para o sono, aquecendo-
me no calor e na felicidade do meu mais incrível sonho. Senti seu peito
subir e descer conforme respirávamos juntos, pacificamente flutuando em
uma nuvem.
Achei que ouvira a voz suave de Ryan dizendo “eu te amo”. Embora era
quase um sussurro, o som da sua voz foi claro e me levou de volta à
consciência.
Meus olhos abriram instantaneamente. Senti sua respiração quente
exalar com força em meu ombro e seu braço estremecer, me puxando
apertado em seu peito. Ouvi sua respiração para ver se ele estava
dormindo. Ele realmente sussurrou aquilo em meus ouvidos? Parecia que
ele já estava dormindo. Fechei os olhos pensando que provavelmente estou
imaginando coisas.
O relógio marcava 9:18h da manhã quando acordei. O corpo quente e
nu de Ryan estava encaixado no meu. Por mais que eu não quisesse sair
do meu lugar extremamente confortável, a natureza estava chamando.
Livrei-me do seu braço e desloquei meu corpo para a borda da cama.
Procurei pelas minhas roupas no chão, não as vendo em lugar nenhum.
Andei até o seu lado da cama. Onde diabos estava minha camiseta?
Ele rolou para me ver procurar.
— Bom dia. — ele murmurou, feliz.
Virei e sorri para ele, fazendo uma nota mental de comprar um roupão
na próxima vez que eu for fazer compras.
— Bom dia! Você viu minha camiseta? — Perguntei com um sorriso.
— Sim. Sei exatamente onde está, mas não posso dizer. — Ele sacodiu a
cabeça e passou a mão pelos cabelos. Ele parecia tão malditamente sexy,
deitado nu em minha cama.
Sorri afetadamente para ele. Sua camiseta estava no chão, então a
peguei e a deslizei pela minha cabeça. O algodão tinha o seu cheiro.
— Legal — ele sorriu para mim. — Volta logo!
Ryan tomou seu tempo no banheiro, enquanto comecei a fazer café. Ao
invés de se juntar a mim na cozinha, ele voltou para cama.
Parei na porta do quarto, me inclinando no batente, tomando um tempo
para me afundar na sua visão. Ele estava deitado com seus braços acima
da cabeça, a luz da janela fazendo sua pele brilhar.
Meus olhos viajaram em seu corpo exposto e eu poderia ver mais
claramente os cabelos claros que começavam em seu peito e se tornavam
mais definidos perto da sua barriga. Os lençóis mal o cobriam, mas eu não
precisava usar minha imaginação.
Ele sorriu para mim e bateu a mão no espaço vago na cama.
Sorri bobamente e acenei negativamente devagar. Eu tinha outro lugar
em mente. Seus olhos me encararam com confusão. Eu ri um pouco, deu
um passo atrás e tirei sua camiseta. Segurei sua camiseta no ar,
balançando-a no ar para ele poder vê-la e então a soltei no chão. Ele é um
homem esperto; imaginei que ele entenderia a dica.
Eu acabara de ligar o chuveiro quando ele deslizou suas mãos pela
minha cintura. A água quente parecia boa em meus músculos doloridos.
Tinha passado um tempo desde que eu me estiquei e me curvei do jeito
que fiz à noite passada. Eu me sentia inacreditavelmente relaxada
enquanto ele esfregava meu ombro sob o vapor da água quente.
Nos revezamos lavando um ao outro. Suas mãos massagearam o xampu
no meu cabelo com a pressão das pontas dos seus dedos no meu couro
cabeludo e pescoço. Isso era tão calmante e erótico ao mesmo. Ele estava
definitivamente apreciando passar a esponja ensaboada pelo meu corpo,
se certificando de lavar todos os cantos completamente.
Minha mão ensaboada o lavou, enquanto ele me beijava
apaixonadamente. Deixei minha boca beber a água do seu peito, antes de
me ajoelhar na sua frente. Meus olhos subiram para olhar a expressão de
prazer em seu rosto.
Seus dedos entrelaçaram no meu cabelo molhado quando apertei meu
agarre. Eu estava tão excitada ao ouvi-lo gemer que eu queria fazê-lo gozar
ali parado. Ryan agarrou meus pulsos e me levantou:
— Vamos sair daqui — ele disse.
Entreguei uma toalha a ele e embrulhei outra em meu corpo. Ele não se
importou em se secar. Ele deixou cair a toalha no chão e me guiou até a
pia.
— Sente-se — ele sorriu, me ajudando no balcão do banheiro.
Ele caiu ajoelhado e me deslizou para a borda; suas mãos abrindo
minhas coxas. Senti sua língua primeiro, seguida pelo prazer. Seus dedos
me seguraram aberta conforme ele enterrou seu rosto no meu corpo. Ele
abriu minhas pernas ainda mais. Corri minhas mãos pelo seu cabelo
molhado enquanto ele me devorava.
O calor dentro de mim alcançou o ponto de ruptura e eu senti uma
explosão tomando forma no centro do meu ser. Cada lambida adicional da
sua língua mandou onda de choque após onda de choque através do meu
corpo inteiro até as ponta dos dedos dos pés e eu estremeci no êxtase que
ele encadeou em mim. Juro que o ouvi rindo silenciosamente, beijando
minha coxa. Ele levantou e se colocou dentro de mim. Água fria gotejou do
seu cabeço no meu peito e estômago enquanto nos movíamos juntos.
Seus braços seguraram minhas pernas abertas. Assisti seus olhos
apertarem; ele respirava pesado através dos seus lábios abertos. Gemidos
suaves escapavam de nós dois.
— Ryan, vamos voltar para cama — engasguei. Eu estava escorregando
da pia. Ele me levantou e me carregou, nossos corpos ainda unidos.
Ele me deitou na borda da cama e agarrou meus tornozelos, pousando-
os nos seus ombros. Ele descansou sua mão livre em mim; seu polegar
pousou no lugar certo, me fazendo sugar uma ou duas respirações.
Maldição, ele é bom! Eu sabia que um segundo orgasmo viria logo.
— Estou perto… dentro ou fora? — Ele perguntou entre as estocadas.
— Oh, Deus, não pare — gemi, o apertando. Senti seu dente morder
cuidadosamente meu tornozelo.
— Ok… fique dentro.
Quase parei de respirar quando deixei o clímax interno me atingir.
Minhas costas flexionaram reflexivamente; minhas mãos agarraram os
lençóis.
Ryan chegou ao clímax logo depois de mim e senti seu corpo tremer
quando ele gozou dentro de mim. Um não-tão-quieto gemido saiu da sua
garganta.
CAPÍTULO ONZE

Grelhado
— Então, eu tenho uma pergunta que quero fazer a você — eu disse
quando tomamos o segundo banho. Ryan se inclinou no chuveiro, lavando
o sabão dos ombros.
— O que, querida?
— Como você foi capaz de deslizar pela minha porta de trás sem ser
percebido pelos paparazzi? Eu sei que eles o seguem para todo o lugar,
mas de algum jeito você conseguiu escapar.
Ele sorriu.
— É complicado. Você sabe o que é o jogo da concha?
— Sim — eu disse — a moeda ou qualquer outra coisa fica embaixo de
uma de três conchas15.
— Exatamente! — Ele confirma. — Na maioria das vezes eu troco de
carro. Como ontem à noite, nós voltamos dirigindo para o hotel, mas aí eu
entrei em um carro diferente em um estacionamento privado e saímos pela
saída pública.
— Esperto — sorri e embrulhei uma toalha ao redor do meu corpo. —
Então, os fotógrafos seguirão o elenco até aqui, hoje?
— Provavelmente. Muitas pessoas virão aqui hoje. — Ele disse,
esfregando a toalha nos cabelos.

15 https://www.youtube.com/watch?v=IFLa_tl4Rk0
— Acredite, pensei em cancelar apenas para manter a atenção extra
longe. Mas se o elenco está vindo, vamos apenas dizer que temos uma
festa privada do elenco nas suas instalações.
— Você sabe que não poderá ir embora com ele, certo? Será óbvio se
você não estará com eles quando chegarem, mas se te virem saindo…
— Eu sei, pensei nisso… depois que cheguei aqui ontem à noite.
Desculpe.
— Não há nada para se preocupar. Oh, espere. Isso significa que terei
que dormir com você hoje à noite de novo? — Dei a ele um empurrão de
brincadeira e corri do banheiro.
— Eu posso fazer você sofrer! — Ele gritou, me perseguindo. Ele me
pegou pela cintura e me levantou em seus braços. Com alguns poucos
passos ele me tinha presa na cama.
— Promete? Não brinque com meus sentimentos, Ryan Christensen! —
Brinquei.
Ele se inclinou para baixo e me beijou apaixonadamente de novo.
— Mantenha assim e nunca vamos nos vestir — murmurei em seus
lábios.
— Soa como um plano — ele gracejou, seus olhos indo até a nova
protuberância pressionando por trás da toalha. — Tenho quase certeza de
que posso lança-la ao redor do quarto por outra hora, mais ou menos.
— Que horas são? — Perguntei. Eu não podia ver o relógio na mesa de
cabeceira.
Ele teve que inclinar o pescoço para ver a hora.
— Quase onze e meia.
— Hmm, é muito cedo. — Sorri e entrelacei meus dedos em seus cabelos
molhados. — Nós temos algumas horas para matar, na verdade.
Ele piscou seu sorriso sexy para mim e então me beijou, de novo.
Ryan não estava brincando quando disse que poderia me lançar ao
redor por uma hora. Nosso fazer amor, desta vez, se tornou ainda mais
aventuroso conforme conhecíamos o corpo um do outro.
— Puta merda — ele engasgou, colapsando ao meu lado na cama.
Eu ainda tentava controlar minha respiração.
— Eu preciso… de outra chuveirada… depois disto — Ele ofegou e
respirou fundo.
— Eu também — limpei um pouco de suor da minha testa. Meu corpo
estava formigando com o incrível êxtase que ele desencadeou em mim, de
novo.
— Coloque sua mão no meu peito — ele pediu.
Tive problema com esse simples pedido. Minha mão esbofeteou sua pele.
— Ai! — Ele reclamou.
— Desculpe, não posso sentir meu braço, agora!
— Sentiu isso? Você fez isso. — Ele ofegou.
— O que eu fiz? — Murmurei. Meu coração batia tão rápido quanto o
dele.
Ele rolou para o lado e me puxou mais perto. Seus olhos travaram nos
meus.
— Você fez meu coração bater de novo — ele disse com um glorioso
sorriso. Seus lábios suavemente beijaram meus lábios e pude sentir toda a
paixão que ele queria transmitir com cada toque.
Olhei dentro dos seus olhos e levemente escovei meus dedos pelo seu
rosto. Três pequenas palavras brilharam na minha mente enquanto eu
olhava para ele, mas não tinha nenhum jeito de eu dizê-las em voz alta.
Ryan pegou minha mão na dele e levou-a aos seus lábios. Perguntei-me
se ele tinha as três palavrinhas em sua mente também e se algum dia eu o
ouviria dizê-las em voz alta. Neste momento isto não importava; o jeito que
ele olhou para mim era suficiente. Pressionei sua mão acima do meu peito.
— Você fez o mesmo para mim.
— Ele beijou meus dedos e sorriu.
— Vamos… vamos nos refrescar… novamente.
Ele me pegou pela mão e me puxou para fora da cama.
— Quando você tem que estar de volta no set? — Perguntei. Liguei a
água da banheira e testei a temperatura com a minha mão.
— Tenho que estar na maquiagem às 7:00h. Tenho um dia de quatorze
horas agendado — ele murmurou, colocando toalhas no balcão.

Imaginei se eu iria leva-lo ao nosso lugar secreto de transferência ou um


motorista iria pegá-lo aqui de manhã. Deixei a questão para mais tarde,
pois eu não queria pensar nele indo embora.
Nós entramos no chuveiro para nos lavar de novo quando a expressão
de Ryan ficou séria.
— Taryn, quero ser honesto com você. Tem algumas coisas que você
precisa saber antes do pessoal aparecer hoje à noite.
Meu coração bateu mais forte em meu peito, tentando adivinhar se sua
honestidade revelaria notícias ruins. Seu timing era perfeito, onde eu
poderia ir neste momento? Eu estava nua e em pé no chuveiro.
Olhei dentro dos olhos dele, se ele vai me dizer algo terrível então ele
terá que me encarar.
— Eu só quero dizer que não há nada acontecendo entre mim e
Suzanne, apesar de eu passar um tempo com ela em algumas situações e
parecer que tem algo acontecendo.
— Eu não sei o que você quer dizer — eu disse, a água caindo na minha
cabeça.
— Ela é a líder em nosso filme, e eu sei que você não o viu, mas tem um
monte de cenas onde eu tenho que beijá-la, mas é só para o filme. Nós
temos que estar próximos, mas quero que saiba que não tenho esses tipos
de sentimentos por ela. — Ele me encarou intensamente, monitorando
minhas reações.
Olhei para ele confusa.
— O que você está tentando dizer?
— Eu penso nela como uma irmã, às vezes uma irmã irritante. Estou
preocupado que ela possa dizer algo fora da linha hoje à noite. E eu só
quero que você saiba, por mim, que não há nada lá.
— Ok. Então se ela disser algo para mim, eu devo apenas ignorá-la?
— Basta leva-la com um grão de sal. Ela pode ser legal, mas acho que
ela falará algo estúpido. Se ela disser algo a você, apenas me fale, ok? —
Ele disse, enxaguando seu rosto sob a água.
— Ok, eu falo. Está terminando ou precisa de mais tempo aqui? — Eu
estava pronta para desligar a água. Olhei para ele, esperando uma
resposta à minha pergunta, mas ao invés, medo atingiu meu peito; seu
rosto ainda estava sério.
— Tem algo mais que você precisa saber — ele continuou. Senti o
sangue correr do meu coração quando ele pegou minhas mãos.
— Francesca e eu… — Ele olhou para baixo com culpa. O medo de não
saber o que sua confissão seria me levou a uma volta completa. Ele me
olhou diretamente no olho quando falou novamente. — Só aconteceu uma
vez e há mais de um ano atrás.
Alcancei atrás de mim e fechei a água. Eu tinha que tomar uma atitude
com a admissão que ele fez para mim. Abri as cortinas e eu estava prestes
a pular fora da banheira quando ele pegou meu braço.
— Taryn, olha para mim. Eu juro foi só uma vez… e depois de acontecer,
percebi que era um grande erro. Quero que saiba que não tenho nenhum
sentimento por ela. — Sua expressão era sincera.
— Ela tem sentimentos por você? — Perguntei. Desapontamento
revestindo meu sussurro.
— Eu não sei. Algumas vezes ela diz coisas… eu sei que nunca deveria
ter cruzado a linha com ela.
Sua mão levantou meu queixo e olhei nos seus olhos.
— Isto não importa. Não quero saber se ela tem sentimentos por mim ou
não, porque eu não me sinto da mesma maneira. Nunca senti. Nunca
sentirei.
Pulei fora da banheira e embrulhei uma toalha bem apertada no meu
corpo. Eu esperava que o aperto da toalha impedisse meu coração de
rachar.
Ryan rapidamente enrolou uma toalha em volta da sua cintura então
agarrou meu pulso, me forçando a olhar para ele novamente.
— Desculpe. Não quis chateá-la desse jeito, mas eu quero que você
saiba, diretamente por mim, qual é a verdade. Estou contando tudo isso a
você porque não quero nenhum segredo entre nós. Ela estará vindo hoje à
noite também e não quero que nosso relacionamento… — ele olhou para
longe para escolher suas palavras antes de olhar de volta em meus olhos.
— Taryn, eu… — ele pausou para soltar um longo suspiro. — Eu só
quero você, só você. Mas não posso mudar os erros que cometi.
Tive que tomar uma decisão instantânea. Eu poderia deixar o ciúme me
consumir e ficar brava ou eu poderia agradecer minha estrela da sorte que
este homem parado na minha frente, se importa o suficiente para me
contar a verdade.
Levantei minha mão devagar para passa-la em sua bochecha. A água do
seu cabelo pingava no seu rosto. Meu coração pulou uma batida apenas
por tocá-lo e percebi que meus sentimentos eram muito poderosos para
deixar seu passado mudá-lo. Pela primeira vez na minha vida, o homem
que segurava meu coração em sua mão foi honesto comigo. Precisou de
bastante coragem para ele me dizer o que estava sentindo.
— Obrigado por ser honesto e por me contar. — Sorri suavemente. Alivio
corria em meu coração quando ele tomou minha mão na dele e pressionou
minha palma em seus lábios.
— Você está bravo? — Ele perguntou cuidadosamente.
— Não. Não estou brava. Não estou feliz com as notícias, mas nós dois
temos passados. É parte do que somos. Nós dois cometemos erros.
Ele tomou meu rosto em suas mãos, encarando meus olhos; seus
polegares gentilmente acariciaram minhas bochechas, antes dele se
inclinar e beijar meus lábios suavemente.
Enrolei minhas mãos ao redor das suas costelas, conforme ele me
beijava apaixonadamente. Não havia câmeras, sem diretores, sem
testemunhas, apenas Ryan e eu, e nosso emoções não escritas e cruas.
— Melhor ficarmos prontos. Teremos convidados em breve — eu o
lembrei.
Comecei a pentear meu cabelo molhado enquanto fazia todo o possível
para banir a visão dele e Francesca juntos.
Enquanto ele for ator, mulheres virão para ele de todos os ângulos e
direções. Mas ele está comigo agora, por sua escolha, e o sentimento que
ele compartilhou foi real e tão óbvio quanto preto e branco, com nenhum
tom de cinza. Ryan escorregou uma camiseta preta sobre sua cabeça; seu
jeans estava pendurado em seus quadris e o elástico da sua cueca
estavam amostra enquanto ele passava o cinto de couro pelos passadores
da calça.
Sorri, pensando que me custou três banhos para chegar a este ponto.
Meu cabelo e maquiagem estavam, finalmente, prontos.
Oh, meu deus, ele é quente! Eu realmente só queria deitar nua na cama
com ele todo dia.
— O que? — Ele perguntou suavemente, notando minha encarada.
Meus olhos ainda estavam traçando a vista da pele exposta do seu
estômago.
— Diga-me o que está pensando — ele incitou. Pensei nisso por um
momento, então decidi ser brutalmente honesta.
— Eu estava apenas pensando sobre tirar suas roupas e rastejar para
debaixo das cobertas.
Ele veio até onde eu estava parada e embrulhou seus braços ao meu
redor, me levantando do chão. Sua aproximação agressiva me fez rir.
— Eu poderia tirar suas roupas também, mas, na verdade, você parece
muito sexy vestida também. — Seus olhos encararam todo meu corpo.
Estou usando meus jeans favoritos, aquele que tem um bonito laço de
couro na frente, preta e minhas botas de salto preto.
— Eu poderia voltar a dormir, entretanto. Você me esgotou — ele riu. —
Nós teremos que chutar todo mundo para fora mais cedo.
Passei meus dedos nos seus cabelos e o beijei, apreciando este
momento, ele era meu… só meu.
Era quase 3:00h da tarde quando Pete ligou para me deixar saber que
ele e Tammy estavam no beco, prontos para descarregar a comida.
— Aqui, Taryn, pegue essa caixa — Pete instruiu. A parte de trás da van
da Tammy estava cheia.
— Algo cheira fantástico! — Ryan disse, pegando a caixa da minha mão.
— Onde você quer que eu coloque isto?
— Apenas coloque em algum lugar no balcão, por agora. Nós precisamos
arrumar as mesas — respondi. Não podia evitar sorrir para Ryan. Ele
estava sorrindo de volta também.
Ryan ajudou Pete a arrumar a mesa para a comida e então o ajudou a
transferir toda a comida da cozinha para o bar. Parecia, pelo volume e a
variedade das iguarias, que iriamos comer como reis e rainhas hoje à
noite.
Marie e Gary chegaram logo que começamos a arrumar tudo. Eu pedira
a eles que chegassem cedo, pois eu queria ter certeza que meus amigos
estavam a salvo aqui dentro antes do elenco chegar. Meus amigos não
precisavam ser fotografados hoje.
Tammy arrumou toalhas de linho para cobrir as mesas, e eu estava no
processo de uma delas quando Ryan passou por mim. Ele me beijou
rapidamente na bochecha quando pensou que ninguém estava olhando.
— Então… como está indo? — Marie sorriu e levantou as sobrancelhas.
Ela notou o jeito que Ryan e eu estávamos.
Olhei em volta me certificando que estávamos sozinhas antes de
levantar minha mão e mostrar cinco dedos para ela.
— Cinco? — Ela sussurrou, impressionada.
Sorri um sorriso diabólico e acenei com a cabeça.
— Você seguiu meu conselho e o alimentou bem para manter essa
energia alta?
— Oh, ele comeu muito bem esta manhã, várias vezes. Espere, você
disse alimentá-lo com comida? — Provoquei.
— O que vocês duas estão sussurrando aí? — Ryan perguntou depois de
colocar outra caixa na mesa.
Marie e eu olhamos uma para outra e apenas sorrimos; estava aparente
em nossos rostos que estávamos falando sobre… coisas.
Ryan enrolou seus braços na minha cintura.
— Acho que nosso segredo foi descoberto? — Ele brincou.
— Que segredo? — A voz de Marie trovejou. — É tão óbvio o jeito que
vocês dois estão brilhando um para o outro. A única coisa faltando são as
palavras “tive um sexo incrível” escritas em suas testas! — Ela fez aspas
com as mãos.
Ryan riu e me apertou mais forte.
— Foi além de incrível. — Ele sussurrou na minha orelha e beijou meu
pescoço.
Pete entrou no bar com outra caixa de comida, notando Ryan me
abraçando. Uma não-tão-legal palavra escapou dos seus lábios. Gary
estava logo atrás dele, e quando ele nos viu, começou a rir.
— Parece que você me deve dinheiro — Gary murmurou.
— Não significa nada — Pete bateu. Ele olhou para Marie; ela torceu os
lábios e acenou com a cabeça para confirmar suas suspeitas.
— Filhos da pu… mais dois dias… vocês não podiam segurar por mais
dois dias? — Pete brigou conosco.
Olhei para Marie.
— Não olhe para mim! Você sabe quão competitivo eles são. Não foi
minha ideia.
Ryan me soltou e virou-se para o Pete.
— Vocês apostaram em nós, desgraçados? — Ele perguntou de
brincadeira.
— Sim — Pete replicou. — E você me custou 20 dólares, seu idiota!
Ryan deslizou a mão em seu bolso e pegou uma nota de 20 dólares de
uma pilha de dinheiro.
— Aqui, Gary. Pete perder foi meu ganho. — Ele riu. — Valeu cada
centavo!
Gary nem hesitou. Ele pegou a nota da mão de Ryan e colocou-a em seu
bolso. Maria me cutucou, me provocando.
— Você sabe, Ryan, Gary é um fã dos Giants. — Pete provocou.
— Oh, sério? — Ryan perguntou, olhando para o Gary.
— Ugh! Não me diga que você é um maldito fã dos Steelers também —
Gary gemeu. — Não é à toa que você é Taryn se deram tão bem.
— O que você me diz sobre outra aposta? — Os olhos de Ryan
entrecerraram em Gary. — Tenho outra nota de vinte no bolso que diz que
os Giants vão ter suas bundas entregues a eles esta noite.
Enquanto eles três discutiam os termos da aposta, Tammy, Marie e eu
terminamos de arrumar a mesa do buffet.
— Ele se encaixou perfeitamente — Marie sussurrou em meu ouvido. —
Olhe para eles! Eles parecem colegas de escolas há muito tempo perdidos!
— Eu sei — sussurrei de volta. A visão dos três ficando próximos
esquentava meu coração.
— Ryan fodido Christensen! — Marie gargalhou, me abraçando no
ombro. — Então, me diga, ele tem um pacote ou o quê?
— O que você acha? — Murmurei.
Ela soltou um suspiro ruidoso.
— Ei, não fantasie com ele! — Avisei. — Você tem o seu. Este é meu. E
tente não perguntar muito sobre o filme estúpido deles, ok? Eles são
apenas pessoas normais.
Tammy colocou na mesa uma elabora bandeja com queijo e vegetais; ela
tinha entradas frias e quentes, pratos quentes para acompanhar os bifes,
petisco de camarões e lagostas e sobremesas diversas com molho de
chocolate.
Comecei a retirar a rolha da garrafa de Merlot enquanto os caras
discutiam jogadas de futebol e nomes de jogadores. Nunca entendi como
os homens podiam lembrar todos esses detalhes sobre esportes, mas,
ainda assim, eram incapazes de lembrar onde deixavam as chaves do carro
ou a carteira.
Como no outro dia quando Ryan me perguntou onde sua bolsa carteiro
estava. Ele realmente não se lembrava onde ela estava ou era uma parte
primitiva do cérebro do homem que começa a desligar assim que uma
mulher entra em suas vidas?
Ryan estava obviamente com fome; ele jogava comida na boca entre
suas palavras. Ele acabara de colocar um grande pedaço de queijo na boca
quando seu celular tocou. Depois de uma breve conversa, ele me
encontrou no bar.
— Cal e sua esposa estão a caminho. Eles vêm sozinhos. O resto do
grupo vêm separado; eles foram pegos no hotel. Cal me contou que estão
sendo seguidos pelos paparazzi. — As palavras de Ryan soavam quase com
raiva.
— Tenho que ir acender a churrasqueira; quer ir comigo? — Perguntei,
esperando que ele me seguisse.
Ele apenas acenou.
No nosso caminho para o meu apartamento, pegamos nossos casacos.
Presumi que estaria frio lá fora. Ele beliscou meu traseiro de brincadeira
por todo o caminho nos degraus até o telhado. Peguei a dica de que ele
gostava do meu traseiro.
Abri a porta do telhado e me virei para ver sua reação. Seus olhos
instantaneamente ficaram largos e ele saiu lá fora.
— Oh, meu deus, Taryn! Isto é incrível!
Eu tive uma boa parte do telhado transformado em um agradável pátio.
Tem um enorme deck composto com um bar ao ar livre e tampos de
granito. Projetei uma lareira de tamanho médio em um dos cantos do
pátio; no outro canto perto da porta tem um enorme balcão de pedra e a
churrasqueira.
Todo o pátio foi coberto por uma pérgola de madeira; tentei deixar
plantas crescerem nos pilares, mas o vento de outubro secou quase todas
as folhas. Debaixo da estrutura aberta do telhado, inseri pequenas luzes
brancas para fazerem o pátio brilhar à noite. No centro do pátio há uma
larga mesa de madeira teca de doze lugares e em cima dela um candelabro
de ferro forjado. Liguei as luzes para Ryan poder ver brilhando no sol.
— Isso é… lindo! — Ele proclamou, parecendo muito impressionado por
tudo.
Sorri para ele; fiquei feliz que ele achava isso também.
— Você pode realmente ver o oceano daqui — ele suspirou alto.
Liguei o gás debaixo da grelha e acendi o piloto. Os queimadores vieram
à vida com fogo.
— Não está tão frio quanto achei que estaria hoje à noite — mencionei.
— Você acha que as pessoas gostariam de sentar aqui também? Posso
acender o fogo.
— Sim. Eu não me importaria de passar um tempo aqui.
Puxei alguma madeira do armário e as coloquei na lareira. Ryan estava
parado na borda do deck, com seus dedos enfiados nos bolsos da frente,
olhando para o oceano e o sol. Seu rosto estava radiante.
— Acho que este é meu novo lugar favorito no mundo — ele declarou. —
Achei que suas escadas eram um portal para a paz. Isto é a paz!
Parei ao lado dele, apreciando a vista das cores sobre o oceano. Já vi o
sol se pôr por cima da água um milhão de vezes, mas com Ryan parado
perto de mim, é como se eu visse pela primeira vez.
Ryan tirou a mão do bolso e pegou a minha mão. Ele levou minha mão
aos seus lábios, pousando um beijo suave em minha pele.
Ele se inclinou para me dar um beijo. Ou ele era um brilhante ator, ou
ele estava se apaixonando por mim também. Espero que seja o último.
Ri levemente quando ele puxou minha mão para trás das suas costas,
me fazendo perder o equilíbrio e cair nele. Ele sorriu para mim e
pressionou seus lábios nos meus. Ryan rapidamente soltou minha mão e
colocou suas duas mãos em meu pescoço, levantando meu rosto. Seu beijo
estava tão apaixonado que eu estava totalmente perdida no sentimento;
tão perdida que não ouvi a porta do telhado abrir.
Ouvi, no entanto, alguém clareando a garganta. Pete vinha trazendo Cal
e sua esposa até o telhado. Suzanne e Francesca estavam diretamente
atrás deles. No segundo em que percebemos que não estávamos sozinhos,
Ryan me soltou.
— Meu Deus, vocês já estão acolhedores — Suzanne disse com seu
sotaque inglês.
Ryan atirou um olhar sujo em sua direção. Ignorando-a ele me levou
para perto de Cal e sua esposa.
— Ei, Cal! — Ryan apertou sua mão. — Taryn, eu gostaria de te
apresentar a esposa de Cal, Kelly. Kelly, está é Taryn, Taryn Mitchell. Ela é
a dona deste lindo estabelecimento.
Estiquei minha mão para Kelly. Eu me lembrei de já tê-la visto muitas
vezes na televisão, mas ela era ainda mais adorável pessoalmente. Ela tem
cabelo loiro e curto, maças do rosto altas e um tipo de sorriso que era
contagiante. Recordei que ela era apenas um ano ou dois mais velha que
eu. Nós somos quase da mesma altura e muito perto do mesmo tamanho.
— Oi, Kelly, é muito bom conhece-la!
— É muito bom conhece-la também, Taryn! — Ela me deu um abraço
amigável. — Oh, uau! Cal, olhe essa vista! — O som da sua voz era muito
familiar para mim. Passei vários anos assistindo seu show fielmente.
— Ryan e eu estávamos justamente apreciando a mesma coisa antes de
vocês chegarem. — Eu disse a ela. Senti a mão de Ryan na curva das
minhas costas.
— Isso é magnifico, Taryn — Cal concordou. Eu o vi olhando para Ryan
e sorrindo.
Kelly foi até a lareira; eu podia dizer que ela queria dar uma olhada mais
de perto.
— Cal, isto é o que deveríamos colocar no canto do nosso pátio. Eu
quero!
— É muito fácil de construir — expliquei. — Entendi que você tem uma
filha pequena? Algo assim, com esta altura será seguro para ela. Você pode
facilmente colocar uma tela na parte da frente.
Kelly e eu continuamos nossa discussão sobre churrasqueiras e áreas
de bar. Ela estava muito intrigada com o design.
— Eu, na verdade, desenhei o projeto. Visualizei-o em minha cabeça, a
maneira que eu queria que ficasse e então pedi para um construtor local
fazê-lo para mim.
— É lindo! Nós precisamos trazê-la para Califórnia e você desenhar um
para nós. Nós estamos construindo uma nova casa em Malibu.
Era muito fácil falar com Kelly. Ela era aberta e agradável e era o tipo de
pessoa que eu me via sendo uma boa amiga.
No canto do meu olho, notei Suzanne e Francesca lentamente andando
até nós. Eu não queria ser rude com o resto dos nossos convidados, assim,
sorri na direção geral. Ryan e Cal conversavam sobre algo que acontecera
com um dos cameraman no set, no outro dia, e notei que Ryan mal notara
as outras garotas presentes.
Olhei para as duas atrizes e dei-lhes meu melhor sorriso de boas-vindas.
— Oi! — Estiquei minha mão para Suzanne. — Eu sou Taryn. Bem-
vinda a minha casa. — Ela mal segurou meus dedos e rapidamente
balançou minha mão.
— Sou Suzanne — ela murmurou.
Tive a impressão de que era suposto reconhecer que ela era famosa e era
esperado que eu já soubesse quem ela era.
— É bom conhecê-la. E você deve ser Francesca — declarei calorosa,
esticando minha mão para ela.
— Sim — ela disse rapidamente, mal olhando para mim. Mesmo que ela
só tenha dito uma palavra, ainda pude detectar o sotaque francês em sua
voz. Ela foi desagradável comigo como eu esperava.
— Não tive a oportunidade de conhecer vocês duas quando estiveram no
meu pub, mas estou feliz que vieram hoje. — Não havia maneira de eu ser
rude, apesar da recepção fria que eu tive em retorno.
Olhei para Ryan, que me deu um sorriso e um aceno. Ele estava ciente
das minhas tentativas em ser cordial.
— Senhoras, posso oferece-las uma bebida? Nós temos uma grande
variedade de vinhos lá embaixo, ou qualquer bebida que vocês prefiram. —
Eu esperava que elas me seguissem até o bar. Eu não queria carregar
bebidas para baixo e para cima nas escadas a noite toda. Muito para o
meu desanimo, Suzanne embrulhou seu casado através do seu tronco e
jogou seu traseiro em uma das cadeiras.
— Eu quero uma taça de vinho branco.
Francesca sentou-se ao lado dela. Meus desejos de que elas voltassem
para o bar foram em vão. Enquanto eu corria lá embaixo, eu faria a viagem
valer a pena.
— Francesca, posso pegar algo para você beber? — Perguntei, amigável.
Antes que ela pudesse responder, a porta do telhado abriu e várias
pessoas entraram.
Reconheci Shane Richards na hora; ele veio ao pub com Ryan e Cal uma
vez. Perto dele estava uma mulher pequena, em seus vinte e poucos, com
um cabelo curto e loiro e outro homem que era esguio e com muito gel no
cabelo castanho.
Ryan veio para o meu lado e sorria para os nossos novos convidados.
— Oi, pessoal! — A mulher jovem disse. — Ei, Ryan! — Ela veio direto
para nós.
Eu não sabia quem ela era, mas não importava. Ela estava toda
inflamada e parecendo que queria ter um bom tempo, não como as outras
duas que me encaravam dos seus poleiros.
— Taryn, esta é Kathleen Jarrett. Ela interpreta minha malvada
assistente no nosso filme. — Ele sorriu e deu a ela um abraço ao redor do
pescoço. — Kat, esta é Taryn.
— Ei, Taryn! — Kathleen me cumprimentou. Estiquei minha mão para
ela, mas ao invés disso, ela me abraçou. — É bom finalmente conhece-la.
— É bom conhecê-la também! — Eu disse, abraçando-a de volta. Eu
estava curiosa ao que ela quis dizer com “finalmente”; olhei para Ryan,
ligeiramente confusa. Ele apenas sorriu.
— Ryan me falou muito sobre você — ela sussurrou em minha orelha. —
Estou muito feliz em vê-lo feliz.
— Taryn, este é Ben… Ben Harrison. — Kathleen apontou ao homem
perto dela.
— Oi, Ben. É bom conhecê-lo. — Estiquei minha mão, mas pelo jeito que
Kathleen estava pulando ao redor, imaginei se ela iria puxar a todos nós
para um abraço em grupo. Fiquei aliviada quando Ben apertou minha
mão.
Ryan se inclinou e sussurrou em meu ouvido:
— Tenho permissão para te dizer que eles estão juntos, mesmo que seus
personagens são inimigos mortais. Falei para Kat que você pe muito
confiável.
Seus olhos foram para Kat, mas ela estava apenas sorrindo e pulando
com felicidade.
— Eles têm saído juntos por um tempo, mas não é de conhecimento
público. Eles preferem se o público ficar fora das suas vidas privadas.
— Entendo perfeitamente — repliquei. Aparentemente Ryan compartilha
seus detalhes privados com ela. Isto não importa; ela parece confiável
também.
— Ryan, você acha que nós podemos levar todos de volta ao pub, por
um minuto? Assim, posso pegar as bebidas de todos e podemos começar a
comer logo. — Eu também pensei em meus amigos, que estavam
visivelmente ausentes do encontro no telhado. Ryan um anúncio e
apressou todo mundo para a porta. Eu estava aliviada que ele assumiu o
comando. Eu não queria ofender ninguém, especialmente as duas que
ainda me encaravam. Quanto mais elas encaravam, menos eu queria
servi-las.
Kelly e Kat pararam quando passamos pelo meu apartamento.
— O que vocês acham? — Ryan perguntou a elas, olhando em volta do
meu apartamento.
— Este é realmente um apartamento legal — Kat disse, excitada. — É
enorme!
Ryan as levou para um tour rápido e parou na minha cozinha. Fiquei
surpresa que o deixou tão impressionado.
— Taryn quem desenhou — ele disse, orgulhoso.
Eu estava feliz que o resto do grupo desceu as escadas. Eu podia
imaginar Suzanne rolando os olhos para os comentários de Ryan.
— Eu amo o fogão — Ryan adicionou — tem queimadores nesta coisa
para fazer comida para quarenta pessoas.
— Talvez um dia eu conheça quarenta pessoas para cozinhar —
brinquei. — Falando em cozinhar… por que não descemos para uma
bebida então posso colocar os bifes na grelha.
Suzanne e Francesca estavam sentadas na mesa grande e redonda.
Notei que elas estavam usando quase a mesma roupa. As duas tinham
camisetas de design e seus tênis eram o mesmo, mas de diferentes cores.
Imaginei quem copiava quem.
Olhando em volta para o elenco, pude ver facilmente com quem Ryan se
dava bem e quem apresentava um desafio. Imaginei, apenas da sua
aparência óbvia, o que atraiu Ryan
à Francesca. Ela parecia uma modelo, mas parecia ter a personalidade de
uma rocha. Não peguei o apelo; a não ser que no seu momento de fraqueza
ele estivesse bêbado ou tão excitado que apenas procurou um buraco com
personalidade.
Suzanne parecia entediada. Francesca por outro lado estava sentada ali
tomando notas mentais. Eu sentia suas rodas girando. Quando Suzanne
foi ao banheiro, Francesca seguiu atrás dela.
Eu arrumava duas garrafas abertas de vinho no final da mesa de buffet
quando ouvi as duas garotas voltando do banheiro.
— Não demorou muito para ele pegar algo nesta cidade — Suzanne
disse friamente. — Acho que esta é o novo sabor do mês. — Seus olhos me
avaliaram de cima a baixo quando ela me notou ali de pé.
Não me movi. Fiquei apenas ali parada com meus braços cruzados. As
linhas de batalhas foram desenhadas diante dos meus olhos, e a noite
ainda era uma criança.
— Não as deixe chegar a você — Kelly disse enquanto fazia um prato
com petiscos atrás de mim.
— Elas se sentem ameaçadas por você — ela disse casualmente.
— Não entendo — sussurrei para ela — nem mesmo as conheço.
— Você está tirando Ryan da lista dos solteiros elegíveis delas e elas
estão com ciúmes. Aquelas duas têm problemas com cada garota que ele
conversa. Ryan é um cara legal; ele conversa com todo mundo.
Kelly levou um momento para comer um petisco de frutos do mar.
— É estranho; elas agem como se tivessem algum tipo de propriedade
nele. Estarei feliz uma vez que esse terceiro filme acabe; então nós nos
livramos dela. — Ela sorriu para mim, como se tivéssemos uma piada
secreta juntas.
— Eu não sei o que fiz para ofendê-las — proferi.
— Você capturou a atenção de Ryan. Isso foi suficiente — Kelly riu.
Depois de provar outro petisco, sua expressão facial ficou séria
— Então, como você e Ryan se conheceram?
Eu não estava preparada para responder essa pergunta a ninguém. Eu
não sabia o que dizer.
— Prefiro que você pergunte ao Ryan — polidamente, respondi.
— Muito bem — ela replicou — Você aprende rápido! — Kelly atirou
outra pergunta para mim: — Você está namorando com ele?
— Não. Não estou namorando ninguém — respondi. Minha resposta não
era totalmente uma mentira. Na verdade, ele ainda não me levou em
nenhum encontro. Nosso relacionamento não era nada convencional.
— Eu gosto de você! Ele fez uma boa escolha. — Kelly colocou sua mão
no meu ombro. — Estar envolvida com uma celebridade tem seu próprio
conjunto de desafios. Ele precisa saber que você pode se defender sozinha,
estando ao lado dele. Você precisa ser forte e não deixar as fofocas, e os
egos normais das atrizes chegar até você.
— Isso tudo é um teste? — Perguntei seu ponto branco, meus olhos
vagando ao redor. Servi para mim mesma uma taça de vinho para acalmar
meus nervos.
— Não. Isto é uma festa. — Ela riu do meu olhar preocupado. — Mas
este é um bom começo. Você pode considerar isto mais como molhar as
pontas dos dedos na água.
Nós nos movemos para frente da mesa de buffet para continuar nossa
conversa em privado.
— Conheço Ryan por quase dois anos, agora. — Kelly sorriu para si
mesma, como se algo que ela pensasse, a divertisse. — Vamos apenas
dizer que ele está caidinho por você. Nunca o vi deste jeito com ninguém.
Tomei um gole de vinho e fui para mais perto dela. Eu queria saber o
que ela sabe.
— Taryn, ele está muito preocupado com você e como você vai lidar em
estar em nosso mundo. Ryan é muito sensível. Ele está tendo dificuldade
em lidar com ele mesmo. Ele não está confortável com toda a atenção
armazenada como uma celebridade. — Ela fez uma pausa para deixar
Francesca passar por nós.
— Você pode não pode ser a estrela do maior filme e não estar nos
holofotes, e este filme certamente o atirou nos holofotes! Ele está
aprendendo em como lidar com ser famoso. Se você quer estar num
relacionamento com ele, você terá que aprender com ele.
Ela apontou sua bochecha na direção dele.
— Aquele ali é quem ele realmente é. Mas fora daquela porta — seus
olhos foram até a porta da frente — os fotógrafos estão esperando na
calçada.
— Eu sei. Gostaria que eles deixassem todos vocês em paz,
especialmente ele. — Ryan e eu estávamos nos olhando através da sala.
Eu queria correr para ele e embrulhar meus braços nele em um abraço
protetor.
— Eu disse que vou ajudar. — Ela sorriu, notando seu olhar. — Quero
vê-lo feliz, e parece que você o fará muito feliz. — Ela me deu um tapa de
leve nas costas.
Ryan fez seu caminho para mim; ele sorria aquele sorriso sexy por todo
o caminho.
— Ei — ele sussurrou. — Como vocês estão?
— Ah, você sabe. Estamos apenas aqui, falando sobre você. — Kelly riu
levemente. Ela era destemida.
— Meio que imaginei! — Ryan retornou, correndo sua mão livre sobre
meu braço.
Olhei para ele, divertida. Tenho estado tão paranoica, evitando dizer
coisas sobre ele para os meus amigos, mas aqui está ele falando de mim
para os seus amigos. Eu supus que ele compartilhou seus pensamentos
sobre mim com algumas pessoas nesta sala.
— Você tem algo bom para dizer? — Ele perguntou para mim.
Apenas sorri e balancei a cabeça, indicando minha resposta.
— Desculpe. Não acho que nos conhecemos. Quem é você?
Minhas palavras fizeram Kelly rir alto. Ryan, por outro lado, me puxou
para um aperto provocante.
— Acho que tenho que refrescar sua memória mais tarde — ele grunhiu
na minha orelha.
— Promete? — Eu ri.
— Cruzo meu coração! — Ele gracejou.
Ouvi seu estômago roncar enquanto ele brincava comigo.
— Acho que preciso colocar aqueles bifes na grelha. — Eu disse entre
risadas.
— Sim. Estou faminto — Ryan concordou.
— Kelly, você me desculpe, por favor. Estou ansiosa para conversar com
você de novo, mas… — bati no estômago de Ryan. — Agora mesmo preciso
preparar sua refeição.
Ryan me seguiu para a cozinha e, como prometeu, ele me ajudou a
carregar todos os bifes para o pátio. Abri uma das gavetas a vapor e peguei
meus utensílios e meu caldeirão de ferro.
— Vê o gancho ali na fogueira? Você poderia pendurar o caldeirão para
mim, por favor?
— Claro, mas você tem que me beijar primeiro. — Ele sorriu, inclinando-
se para mim. Seu beijo foi breve, mas convincente. Quando ele deu um
passo atrás, ele embrulhou seus braços na minha cintura.
— Para que o temporizador? — Ele sussurrou no meu pescoço.
Seria difícil grelhar quinze bifes com seu corpo pressionado nas minhas
costas deste jeito. Ele puxou meu cabelo para o outro lado, sedutoramente
beijando a curva do meu pescoço.
— Grelhar é uma arte precisa — eu ri. Os lábios quentes de Ryan
acharam o lóbulo da minha orelha. — Você sabe que está me deixando
louca — sussurrei.
— Não, eu acredito que você está me deixando louco — ele soltou
sedutoramente.
— Você está aqui para aprender ou me distrair? — Resmunguei.
— Desculpe, desculpe. Estou aqui para ajudar. — Suas mãos soltaram
meus quadris.
Virei-me para enfrentá-lo e enrolei meus braços ao redor do seu
pescoço, beijando-o com paixão. Ele respondeu imediatamente, me
segurando apertado.
Aparentemente ele estava com mais fome de mim do que bife.
Eu havia deslizado minhas mãos dentro dos seus bolsos de trás quando
ouvi a porta do telhado bater e uma voz feminina gemer em voz alta. Ryan
me soltou e me virei para ver Suzanne e Francesca andando para nós.
— Ótimo — murmurei, alto suficiente apenas para Ryan ouvir.
— Você está ensaiando de novo, Ryan? — Suzanne chiou, sentando em
uma das cadeiras ao redor da mesa.
— Não penso assim — ele respondeu friamente. — Mas se você tem um
problema com isso, pode ir lá para baixo.
— Oh, não fique tão na defensiva. Só vim até aqui para dizer que Cal
está procurando por você. — Suzanne bufou, olhando suas unhas.
— Cal pode esperar. Se ele precisar de mim, sabe exatamente onde me
encontrar.
Um pequeno sorriso quebrou em meus lábios. Quando o temporizador
apitou, levantei a tampa da grelha para virar os bifes.
— O truque é grelhar a carne por três minutos de cada lado, então você
deixa descansar por três minutos e então você repete o processo. — Olhei
nos olhos dele. — Você pode, por favor, trazer o caldeirão de ferro? Deve
estar quente agora. Aqui, pegue esta luva, assim você não se queima.
— Claro! Sem problemas! — Ele disse alegremente, deslizando sua mão
através do meu traseiro.
Tenho certeza de que as gêmeas mal-humoradas viram o gesto; ouvi
uma delas zombar. Coloquei a primeira leva dos bifes no caldeirão de ferro
quente e os cobri com uma tampa. Acabei de arrumar a segunda leva de
bifes na grelha quando Marie entrou.
— Ryan, os caras estão jogando dardos e querem que você arrume os
times. — Marie declarou. Seu rosto contorceu em confusão quando ela
olhou para as duas sentadas na mesa.
— Nah, vou ficar com a Taryn — ele respondeu rapidamente.
Vi seus olhos brilharem até Suzanne. Supus que ele achava que eu
precisava de sua proteção.
Toquei sua bochecha.
— Está tudo bem. Eu tenho isso — sorri. — Vá se divertir com os
amigos. Marie vai me fazer companhia. — Dei-lhe meu sorriso diabólico
para ele saber que eu não estaria levando nenhuma das merdas delas.
— Você tem certeza? — Ele sussurrou. Eu sei que ele ficaria se eu
pedisse.
— Está tudo bem — reafirmei.
Ele se inclinou para sussurrar em meu ouvido.
— Não aceite nenhuma das suas merdas.
Sorri. Ele e eu estamos na mesma página.
— Não tenho essa intenção.
Marie está comigo agora; eu tenho uma razão para ignorá-las.
— Isso garota! Vou vê-la daqui a pouco. — Ele me deu um beijo rápido e
um tapinha na minha bunda.
Ryan deu a Marie um aperto em seu ombro ao passar por ela.
— Sejam legais, senhoras — ele disse, olhando para a mesa.
— O que acontece com essas duas? — Marie sussurrou para mim. Ela
se sentou em um dos banquinhos. Rolei meus olhos.
— Você conheceu Kat e Kelly? — Perguntei a ela.
— Sim — ela concordou. — Elas são tão legais! Tammy está lá embaixo
com elas agora. Kat é realmente divertida!
— Desculpe eu não apresentei vocês a ninguém. Eu estava distraída.
— Não brinca! — Ela riu.
Suzanne começou a conservar com Francesca; mesmo que ela falasse
baixo, aparentemente ela queria que eu ouvisse o que ela estava falando.
Ela não estava tão quieta.
— Você sabe que o estúdio vai ficar chateado quando descobrirem que
ele está namorando alguém. É tudo sobre como ele é embalado. E quanto
mais a publicidade for feita com ele solteiro, sua base de fãs será maior e
seus filmes farão mais dinheiro. Você não acha que eles o permitirão ser
visto com ela, quero dizer, ela nem é famosa. Não vai demorar muito para
eles colocarem um fim nisto.
Mesmo que ela esteja tentando parecer uma pessoa malvada e vingativa,
me perguntei se havia alguma verdade em seus comentários. Poderia o
estúdio dizer com quem ele pode ou não pode namorar? Ele teve que
assinar um contrato ou algo assim que governa sua vida pessoal? Eu não
sabia nada sobre as regras que vinham junto com ser famoso.
— Então, Taryn… — Suzanne chamou, interrompendo meus
pensamentos privados. — Como você e Ryan se conheceram?
Sorri para ela depois de me virar.
— Estou surpresa que Ryan não te contou essa história ela mesmo,
Suzanne! Talvez você deva perguntar a ele como nos conhecemos. Ele
conta esta história melhor do que eu.
— Não, ele nem mencionou você, nunca — ela retornou. — Ele é tão
bom ator e tão bom mentiroso que eu acreditaria em qualquer coisa que
ele me dissesse de qualquer maneira.
Os olhos de Marie me procuraram. Ela estava instantaneamente em
alerta que isto era um confronto e não uma conversa.
— Eu não saberia sobre suas habilidades de ator. Eu nunca vi nenhum
dos seus filmes. — Repliquei por cima do ombro. — Mas quando ele olha
para mim, posso dizer que ele está sendo honesto. Ele não tem nenhuma
razão para fingir comigo. — Eu ri levemente; apenas Marie podia me ver.
— Sim, bem, aproveite enquanto dura. Em mais algumas semanas, ele
estará indo embora. Então o que você vai fazer? — O sorriso nos meus
lábios caiu rapidamente. A vadia achou meu ponto fraco.
Ela notou a minha pausa e a usou em sua vantagem.
— Você honestamente achou que ele ficaria, não é? — Ela disse
condescendentemente com seu sotaque irritante.
Quando não respondi, ela atirou sua próxima facada:
— Você fez! Que patética! Você provavelmente pensa que o que vocês
têm é especial; como se você fosse a primeira garota nesta cidade que ele
tentou levar para cama. Detesto ser a única a te informar, mas você não é
a primeira. Meu querido Ryan é um ator talentoso. É sempre a mesma
coisa, de cidade em cidade, como é fácil para elas se apaixonarem por ele.
Ele lhes diz o que querem ouvir, assim ele pode transar. É uma pena como
ele deixa todas de coração partido.
Eu tinha uma faca afiada em uma mão e um garfo longo na outra. O
pensamento de esfaqueá-la no coração passou pela minha mente.
— Além do mais, estamos indo para a Escócia logo, e ele será contratado
para os filmes imediatamente após isso. Ele não tem tempo para um
relacionamento. Ele estará viajando o mundo, e você sabe o que dizem
“fora da vista, fora da mente”. Ele pensará em você só até a próxima garota
abrir as pernas.
As palavras de Kelly sobre ser forte brilharam no meu cérebro. As
palavras de Marie sobre ser parte da vida dele brilharam logo depois. Mas
eu olhei para Marie com desespero. Eu não tinha nada a dizer para os
comentários da Suzanne.
— Sim, todos nós sabemos que Ryan tem suas obrigações, mas eu não
acho que isso será poderoso o suficiente para manter esses dois
separados. — Marie replicou em minha defensa.
— Quando eu vejo Ryan olhar para você — ela disse para mim — eu
apenas sei. Aquele homem está se apaixonando por você. Vocês dois são
perfeitos um para o outro. Você é sua alma gêmea.
Alivio temporário me lavou e um sorriso quebrou em meu rosto.
— Alma gêmea? — Suzanne zombou. — Oh, ele realmente fez um
número em você. Ele deveria ganhar um Academy Award por essa
performance. — Ela aplaudiu. — Você não tem ideia com quantas
mulheres ele dormiu, não é? E ele fez cada uma delas se sentirem como se
fossem seu par perfeito.
— Você não sabe. Talvez Taryn seja seu par perfeito. O jeito que ele a
abraça e a beija, é o que seu coração quer, não o que o roteiro diz que ele
deveria querer — Marie atacou de volta.
— Estúpida mulher americana. Elas são todos iguais — ela disse para
Francesca. — Deixe-me adivinhar… ele tem ligado para você e mandado
mensagens? Tão típico de Ryan; assim é como ele consegue que todas se
apaixonem. Ele, provavelmente, usa as mesmas falas com cada uma delas
também. — Ela rolou seus olhos para mim.
— Ryan é um ator! Ele recebe para levar as pessoas a acreditarem que
ele é algo que não é. É extremamente difícil para as pessoas em nossa
indústria ter um longo e sólido relacionamento, especialmente quando
você mente para viver. — Momentaneamente, tive a visão de atirá-la para
fora do telhado.
— Ryan é um jovem no seu auge. Ele não tem desejo de se acomodar,
não quando o mundo está caído por ele e ele tem todas estas
oportunidades. Todas as festas, todas as mulheres… elas são apenas
brinquedos para ele. — Ela declarou enfaticamente.
— Seu próximo filme começa a ser filmado em janeiro. Ele estará fora
por meses. Depois disso temos milhares de ensaios fotográficos e festas
para promover Day of Dawn. Nós ainda não sabemos onde vamos filmar o
terceiro filme, mas posso dizer com confiança que não será aqui.
Marie a encarou.
— Outros atores têm relacionamentos e se casam todo o tempo. Eu não
sei porque você pensa que Ryan seria tão diferente.
Suzanne sentou-se reta em sua cadeira.
— Casar? Ryan? Eu não penso assim. Ele não é do tipo que se casa.
Além disso, todo mundo sabe, no fundo, celebridades sempre se casam
com celebridades.
— Nem sempre — Marie argumentou. — Matt Damon parece muito feliz.
Do jeito que vejo, os relacionamentos entre atores sempre terminam em
divórcio.
— Sim, bem, essas distrações momentâneas podem custar sua carreira.
Ele já foi avisado pelo diretor, para ficar focado — ela disse
insensivelmente.
— Talvez é algo no set que está o distraindo e tirando seu foco? —
Apontei. — Talvez alguém esteja tendo um dia ruim no figurino ou se
comportando como uma criança mimada? Ou talvez alguém ainda guarda
sentimentos de algo que aconteceu há muito tempo? Tenho certeza de que
esses momentos de irritação afetam sua performance.
Engole essa, puta! Eu disse para mim mesma.
Isso foi a gota d'água para ela. Ela levantou de sua cadeira
abruptamente, empurrando-a para trás e para fora de seu caminho com
força extra. Francesca se levantou dois segundos mais tarde. A carranca
em seu rosto estava evidente também.
— Não cozinhe demais meu bife. — Suzanne bufou quando passou pela
porta.
CAPITULO DOZE

Servidos
— O que diabos foi isso? — Marie me perguntou no segundo em que
Francesca deslizou pela porta.
— Não tenho certeza — suspirei. — Eu acho que Suzanne está
apaixonada por Ryan. Pelo menos ela está agindo assim. Onde diabos me
meti?
— Não se preocupe com ela. Ele, obviamente, não se importa com ela —
Marie declarou.
Coloquei os bifes na grelha para seu último ciclo. Enquanto os cutucava
com o garfo para movê-los ao redor, pensei sobre as declarações de
Suzanne.
O que vou fazer quando Ryan for embora de Seaport? Fui pega no
momento de novo com outro cara que estará indo embora para sempre em
alguns dias.
— Taryn, parece que você quer chorar. Não deixe essas vadias chegarem
a você desse jeito.
— Marie, ela está certa. Eles estão indo embora em breve. Ele tem filmes
para fazer e ele tem de viajar para muitos outros lugares depois disso.
Como é possível que isto funcione?
A fumaça da grelha estava deixando meus olhos piores.
— Relacionamento de longa distância nunca funcionam.
— Não pense assim! — Ela gritou comigo. — Ele se importa com você!
— E daí? Não importa como nos sentimos um pelo outro. Ele terá que ir,
eventualmente! Uma vez que ele se for, será isso. Este relacionamento, se é
isso que é, foi condenado no começo. — Senti a dor que precedem minhas
lágrimas quebrando meu peito.
— Ele é além de famoso. E uma vez que nós não estamos perto um do
outro, tentações estarão ao redor dele. Tem um milhão de mulheres
bonitas lá fora para ele escolher e tenho certeza que ele formará ligações
com a próxima atriz bonita que ele trabalhará. — Eu tinha que respirar. A
realidade estava se acomodando.
— Estou brincando comigo mesma por pensar que ele iria querer
manter um relacionamento comigo. Ele nunca será capaz de ser fiel a mim
e por que deveria? Ele é jovem, solteiro e certamente não em uma posição
na vida de se acomodar com alguém. Não nada mais do que um estúpido
pedaço de idiota.
Limpei meus olhos. Meu lápis de olho estava todo no meu dedo. Senti a
lágrima se formando e descendo pela minha bochecha.
Marie correu ao redor da grelha e me deu um abraço. Não pude mais
segurar as lágrimas, pensando em perdê-lo; elas caíram pelo meu rosto.
— O que aconteceu? — Ryan gritou, correndo até onde estávamos
paradas.
Marie respondeu a ele.
— Aquela Suzanne é uma vaca! Ela tem sorte que não dei um soco nela.
— O que ela disse a você? Conte-me! — Ele começou a puxar meu
braço.
Marie me soltou e se virou para tirar os bifes da grelha. Funguei as
lágrimas e tentei abafar os soluços que subiam até meu peito enquanto
joguei cada bife na panela. Eu não podia olhar para ele.
— Dê-me o garfo — Marie ordenou, me aliviando da tarefa dos bifes.
Ryan agarrou meus braços e me girou com força.
— Taryn, querida, o que ela disse para você? Conte-me agora!
Apenas balancei a cabeça. Eu não podia parar as lágrimas. Eu também
não queria ter essa conversa com Marie presente.
— Marie, você poderia, por favor, levar os bifes lá para baixo para mim?
Eu preciso de um momento — murmurei.
Ryan limpava meu rosto com seus dedos.
— Por favor, me diga o que ela disse — ele implorou.
— Ela disse um monte de coisas, Ryan. Principalmente, ela me lembrou
repetidamente que você estará indo embora em breve e você não voltará
aqui, e pensar nisso doeu… muito. — Apertei meus olhos fechados;
lágrimas frescas rolando pelo meu rosto.
— Ela me informou que você estará indo para Escócia logo e que você
tem muitos compromissos com os filmes e muitos outros lugares para ir.
— Engoli em seco, tentando me controlar. Eu não queria que ele visse
chorando sobre ele. Limpei meu queixo.
— Engraçado, eu sabia todo o tempo que não ficaria aqui. Como você
poderia…
— Aquela puta! Tive o suficiente das suas merdas! — Ele gritou.
Não entendi completamente o porquê de ele estar bravo com Suzanne.
— Não a culpe. Ela não disse nada que eu já não havia considerado. Eu
só não precisava dela me lembrando hoje.
Desviei o olhar quando percebi que o dia do julgamento estava
acontecendo agora.
— Eu nunca deveria ter me deixado ficar assim envolvida. — Eu disse,
castigando-me. Comecei a dar um passo atrás para ir embora, mas Ryan
agarrou meus braços novamente. Tentei me contorcer, mas ele apertou
ainda mais.
— Isto é exatamente porque… — não terminei de dizer em voz alta.
Minhas mãos enrolaram em punhos. Em minha mente, o inevitável
coração partido já estava aqui e eu estava furiosa comigo mesma.
— Oh, deus. Por que eu deixei isso acontecer? Sou tão estúpida! Eu
nunca deveria, nunca… — ar fresco estufou minha garganta.
— Taryn? — O rosto de Ryan torceu em confusão.
Eu sabia que ele não entendia porque eu estava tão perturbada.
— Desculpe-me, Ryan. Eu sabia que este momento viria eventualmente.
Isso é o porquê tentei ficar só na amizade. Não quero colocar isso em você.
É meu problema.
— O que você está dizendo? — Ele sacodiu meus braços.
Tentei limpar meu olho, tentando achar a força interna para dizer as
palavras. Eu te amo, mas não posso mantê-lo.
— Estou dizendo que não devemos nos ver mais. Assim, quando você for
embora em algumas semanas, ninguém se machuca.
Sua boca cai aberta.
— O que? Não! — Ele berrou. — Não! Por que você está fazendo isto?
— Ryan, nós dois sabemos que você irá embora logo! Então o que?
Tentaremos ter um relacionamento a distância? Não sou tão ingênua. —
Limpei meu rosto.
— Quanto mais tempo passo com você, mais difícil ficará quando você
for. Este relacionamento não tem uma chance e eu sei que você sabe!
Então para que fingir que algo bom sairá disso?!
— Vamos apenas terminar agora ao invés de prolongar o inevitável.
Assim, quando você for, estará livre para ficar com quem quer que seja que
você queira. Sem amarras, sem preocupações… sem arrependimentos. —
Por mais que tentei me controlar, as lágrimas rolavam incontroláveis pelo
meu rosto. Tive que desviar o olhar.
— Já está muito doloroso e eu já estou muito envolvida com você —
murmurei sob minha respiração.
— Taryn, amor, olha para mim — ele implorou. Notei sua voz
quebrando.
Encolhi meus ombros, tentando sair do seu aperto.
— Não posso.
Meu coração estava quebrando e eu queria me afastar da fonte da dor.
— Por favor — ele implorou.
— Não. Não — eu disse, inflexível, minha voz, tremendo
incontrolavelmente. Provei o sal das lágrimas conforme elas corriam pelos
meus lábios. Lutei contra suas mãos, mas ele ainda não me deixou ir.
— Não. Está tudo bem. — Engoli em seco. — Você não precisa dizer
nada. Você não me deve. Vamos apenas voltar para a festa e quando
acabar nós dizemos nossas despedidas.
Minhas palavras queimaram na minha garganta, e meu coração
quebrou em pedaços. Eu tenho que deixá-lo ir. Por mais que te ame, você
nunca poderá ser meu.
— Por favor, apenas… me solte — sussurrei entre soluços.
— Taryn? Não! Não! Por favor, baby. Olha para mim. Olha dentro dos
meus olhos. Por favor! — Quase soou como se ele estivesse chorando
também.
— Olha para mim! — Ele gritou.
No momento em que olhei para cima, novas lágrimas rolaram pelo meu
rosto. Eu não queria que ele me visse deste jeito.
— Eu não tenho nenhuma intenção de terminar com você ou deixar
qualquer distância arruinar isso. Será difícil para nós? Sim. Vai me
machucar tanto quanto estar longe de você? Sim.
Lágrimas caíram do rosto de Ryan.
— Mas uma coisa eu sei com certeza… — Ele levantou meu queixo para
se certificar que eu não olharia para longe. — Estou apaixonado por você.
Meus joelhos ficaram fracos. Eu não esperava essa resposta dele.
— Por você, Taryn! — Ele salienta, olhando diretamente em meus olhos.
— Eu não quero mais ninguém, só você. E não importa onde estou, onde
eu vá, você é a única segurando meu coração.
Ele sentiu que eu não estava mais resistindo, então ele soltou o aperto
que ele tinha no meu braço. O aperto que uma vez me impediu de correr,
agora me segurava ali parada.
— Nós vamos descobrir nosso caminho para fazer isso funcionar.
Prometo — ele prometeu solenemente. — Tenho bastante tempo entre
meus compromissos para voltar aqui e quando eu não puder estar aqui,
coloco você em um avião. Não importa o que, não vou te deixar — ele
enfatizou sua última palavra.
— Estou apaixonada por você, também — confessei, olhando dentro dos
seus olhos azuis e quentes. — Por isso dói tanto.
Ele me puxou para um confortante abraço e esmagou seus lábios nos
meus. Senti o peso das minhas incertezas saindo do meu coração
conforme eu lia seus lábios e a mensagem que eles passavam.
Saber que ele me quer, ouvir que ele não quer terminar, foi exatamente
o que eu precisava para seguir em frente.
Seu beijo terminou e ele suspirou pesadamente.
— Oh, querida, não se preocupe. Você não vai se livrar de mim tão fácil.
— É bom saber — murmurei no seu peito.
Ryan me abraçou, enterrando sua mão no meu cabelo.
— Eu não sabia. Não tinha certeza quanto tempo você e eu… — funguei.
— Se isso, entre nós, era somente até você deixar Seaport.
— Não. Essa nunca foi minha intenção. — Ele beijou minha cabeça.
— A maneira que me sinto sobre você e depois da nossa noite incrível e
a manhã… — atirei minha cabeça para trás e levei um momento para
respirar.
— Eu não sei sobre você, mas meus sentimentos por você começaram
muito antes disso! — Ele tentou brincar.
— Os meus também — admiti — mas Suzanne ficou cutucando até
achar meu ponto fraco. — Suspirei, me controlando.
— Ryan, eu sei que você tem obrigações que vão tirar você daqui.
Suzanne me informou sobre todas elas, enfatizando o quanto você precisa
da sua liberdade. O pensamento de nunca mais ver você de novo foi
excruciante. Permitir a mim mesma me apaixonar por você e então ter que
deixar você ir para sempre, não sei se posso sobreviver a isso.
Ryan me beijou suavemente.
— Sei como você se sente. Alguns minutos atrás, quando você terminou
comigo, senti a mesma dor excruciante.
— Sinto muito — sussurrei, afundando em arrependimento por
machucá-lo.
— Está tudo bem, amor. Eu entendo — ele disse, gentilmente me
balançando para frente e para trás.
Limpei a umidade da minha bochecha.
— Desculpe por cair aos pedaços.
— Pare de pedir desculpas. Está tudo bem — ele me abraçou apertado.
— Apenas não termine comigo de novo. — Ele soou verdadeiramente
chateado quando beijou minha testa.
— Juro que nunca vou. A mesma coisa vale para você — murmurei.
— Já estou apaixonado por você, então você está presa comigo — Ryan
me assegurou. — Você sabe que meus pais estão vindo em duas semanas
e eles estão esperando conhecer a mulher que eu disse a eles que estava
apaixonado: você! — Ele sorriu e acariciou minha bochecha com seu
polegar. — Eu já disse a minha mãe quão louco eu estou por você.
Acenei com a cabeça e sorri de volta.
— Eu realmente quero conhecer seus pais.
Ele me beijou suavemente e descansou sua testa na minha.
— E eu quero que você os conheça. Estou ansioso para apresentá-los
para a número um e única namorada.
Imagino se a outra mulher em sua vida sabia onde seu coração estava.
— Acho que Suzanne está apaixonada por você também. Ela disse
coisas que realmente machucaram.
— Você revidou? — Ele soou esperançoso.
— Acertei uma boa. Marie acertou algumas vezes também. Foi como se
ela quisesse o desafio.
— Eu sabia que não deveria ter saído. Era por isso que eu não queria ir
lá para baixo.
— Ela teria chegado a mim cedo ou tarde. Ela pareceu determinada em
fazer seu ponto de vista.
Ele pegou minha mão na sua e a levou até seus lábios.
— Bem, agora você sabe exatamente como me sinto, então não importa
o que ela diz ou o que qualquer um diz. Certo?
Acenei concordando.
— Eu te disse que sou seu. — Ele me lembrou. — Eu sei que você não
acreditou em mim! Você acredita em mim agora?
Senti-me boba por duvidar dele.
— Sim! — Ri em voz alta.
Ryan deslizou sua mão no me cabelo e segurou meu rosto, me beijando
apaixonadamente.
— Vamos refrescar você — ele sugeriu, passando seu polegar debaixo
dos meus olhos. — Sabe, se você estivesse no set agora, você teria uma
equipe de maquiadores no seu rosto.
— Você diz por experiência própria?
Murmurei, reaplicando algum delineador. Eu já sabia sua resposta.
— Sim, é verdade. Admito abertamente. Eu uso maquiagem e cor nos
lábios quase todos os dias — ele parou em uma posição fashion de
brincadeira. — É bem castrador, embora eu gosto do jeito que minha pele
fica depois.
Eu poderia dizer pela sua performance teatral que ele estava tentando
levantar meu espírito. Tente o quanto pode, eu ainda sabia que Suzanne
estava lá embaixo, aguardando ansiosamente pelo resultado da sua
intromissão.
— Espere, antes de irmos, você vai dizer algo para ela?
Ele fungou.
— Não tenho certeza ainda. Você quer que eu fale?
— Não! — Respondi rapidamente. Medo de outro confronto dirigindo
minha resposta.
— Tem certeza?
Eu sabia que ele me defenderia se eu pedisse.
— Sim, tenho certeza. Penso que seria melhor apenas deixar para lá.
— Então eu não vou dizer nada para ela… aqui.
Ryan parou no último degrau das escadas. Ele me puxou para um
abraço carinhoso e me beijou sedutoramente. Não pude evitar sorrir.
— Assim é melhor! — Ele brincou. Ryan pegou minha mão na dele e
abriu a porta.
Notei que todo mundo estava sentando separado; atores em uma mesa e
meus amigos em outra. Ryan colocou seu prato no lugar vago perto de
Pete. Ele puxou uma cadeira para mim sentar perto dele.
— Tar, o que você quer beber? — Ryan perguntou, descansando sua
mão nas minhas costas.
Fiquei tentada a me levantar e me servir, mas se inclinou sobre mim, me
mantendo no lugar.
— Uma taça de vinho, por favor?
Marie estava a um passo de colocar o garfo cheio de comida em sua
boca quando seus olhos brilharam para mim. Ela sorriu para a reação de
Ryan.
— Você está bem? — Ela falou sem emitir som.
Acenei e sorri.
Ela soltou um suspiro de alívio e atirou um olhar sujo para Suzanne.
Pete se levantou e segurou seu copo no ar depois que Ryan se sentou.
— Eu gostaria de fazer um brinde. Para minha adorável Tammy, por
ficar acordada até as três da manhã fazendo toda esta fabulosa comida, e
para Taryn por, mais uma vez, fazer os melhores bifes de Rhode Island!
Que todos nós saibamos como verdadeiramente abençoados somos por
termos estas mulheres em nossas vidas.
Pete se inclinou e deu à Tammy um bom beijo. Ele está tão apaixonado
por ela.
Ryan se inclinou e sussurrou em meu ouvido:
— Estou verdadeiramente abençoado. — Ele me beijou carinhosamente.
Uma vez que todos terminaram de comer e conversar, Ryan e Pete eram
como o comitê do entretenimento. Pete começou um jogo de pôquer com
Kat, Ben, Shane e Tammy. Havia um monte de vaias e gritos vindos da
mesa grande. Eles estavam tendo um bom tempo.
Ryan e eu jogamos sinuca com Cal e Gary. Marie e Kelly estavam
ocupadas conversando animadamente na mesa do caso na sala de sinuca.
Kelly é uma grande celebridade advogando pela consciência do câncer de
mama, e Marie havia, recentemente, perdido sua tia para esta doença.
Elas estavam mergulhadas na conversa.
As gêmeas desagradáveis estavam por conta própria, mandando
mensagens e ligando para as pessoas. Isso foi até Francesca ficar corajosa
o suficiente para se separar de Suzanne e juntar-se ao jogo de pôquer.
Certamente, Suzanne fez seu caminho para a grande mesa logo após isso.
Era aparente que elas estavam evitando qualquer sala que eu estivesse.
Ryan jamais deixou o meu lado, ou eu deveria dizer, minhas costas. Não
importa onde eu tivesse eu poderia facilmente me inclinar e descansar
nele.
— Antes que eu esqueça de te dizer, eu realmente gosto destas botas —
ele sussurrou na minha orelha. — Você está quase na altura perfeita. —
Ele puxou meu quadril para trás então me choquei com ele e entendi seu
ponto.
— Você quer que eu a use mais tarde? — Perguntei privadamente,
brincando.
— Você usaria? — Ele sussurrou. — A cada vez que você se inclina na
mesa de sinuca, eu quase pulo para fora da minha mente — ele cochichou
em minha orelha.
Vire-me para ele e olhei em seus olhos.
— Pergunta… naquele primeiro dia, aqui, na sala de sinuca, você estava
olhando minha camiseta? — Sussurrei.
— Talvez, mas apenas uma vez ou duas — ele molhou seus lábios e
sorriu. — Eu gostei do laço que tinha na borda do seu sutiã. Mas o que
realmente chamou minha atenção foi quando você se inclinou no
refrigerador. Aqueles jeans que você usava, yum. — Ele tomou uma
profunda e abafada respiração. — Embora esses que você está usando são
definitivamente os meus favoritos. Estou ansioso para tirá-los com meus
dentes.
— Apenas não os rasguem! Foram caros.
Ele deu de ombros e zombou.
— Vou te dar meu cartão de credito, compre mais uma dúzia para você.
Tirar esses jeans de você vale cada centavo que tenho.
Dispensei seu comentário e continuei nossa conversa privada.
— E sobre a distração da sua barriga zerada? O que isso faz para você?
Ele olhou para mim e sorriu timidamente enquanto mordeu o canudo da
sua bebida.
— Você realmente quer que eu responda isso?
— Sim!
Ele hesitou antes de responder.
— Passei alguns momentos pensando sobre ter você nesta mesa de
sinuca. Mais ou menos os mesmos pensamentos que estou tendo agora,
mas agora meus pensamentos são mais memórias do que imaginação.
Ouvi algo bater contra a janela da sala de sinuca, me fazendo vacilar
com o som. Desde que ninguém está perto da janela, tinha que vir de fora.
— Acho que tem alguém tentando olhar pela janela — espreitei sobre o
ombro de Ryan para ver. Ele agarrou meu braço e me impediu de chegar
mais perto.
— Não — ele avisou — apenas ignore.
— Ignore o que? O que tem lá fora?
— Paparazzi e fãs. Nós já fomos informados pelos seguranças.
— Você tem seguranças lá fora?
— Sim — ele respondeu diretamente.
Tentei imaginar, vendo todos os seus guarda-costas e motoristas
parados lá fora no frio… entediados, famintos e esperando pelas
celebridades.
— Por que você não convidou os seguranças para entrar? Eles poderiam
pelo menos comer alguma coisa.
— Não. O trabalho deles é se certificar que podemos relaxar e não nos
preocupar com o que eles estão preocupados.
— Você será visto indo embora daqui, não importa o que? — Murmurei.
Ele correu sua mão tranquilizadora pelos meus braços
— Não se preocupe.
— Mas e se você for fotografado saindo daqui de manhã? — Perguntei.
Eu não me preocupava comigo, eu estava preocupada com ele.
Ele olhou para mim com uma expressão séria.
— Se eu sair daqui hoje à noite, os paparazzi podem pensar que cheguei
primeiro, sozinho e eles me perderam. Se eu sair de manhã, então os gatos
sairão das sacolas.
— O que você vai fazer? — Era sua decisão.
— Eu sei o que eu deveria fazer. Mas o que devo fazer não é o que eu
quero fazer. Se eu sair de manhã, eles vão começar a segui-la. — Ele
acenou com a cabeça na direção da janela.
— Que diferença faz? Você já esteve aqui duas vezes e agora tem uma
festa privada aqui. Tenho certeza de que a conexão já foi feita.
— Se eu sair de manhã, é isso. Definitivamente começa. Você está
pronta para isso?
Algumas palavras selecionadas que ele disse atravessaram minha
mente: “estou apaixonado por você” e “namorada”. Então eu pensei na
liberdade garantida que tenho todos os dias. Eu não ia mais andar ao
redor da Terra anonimamente.
— Se você realmente quis dizer todas as palavras que você disse para
mim no telhado, então sim, estou pronta.
— Taryn, eu só quero protegê-la. Você sabe disso, certo?
Concordei. Eu sabia que ele não queria que eu fosse perseguida. Mas
quanto tempo ele poderia, ou iria, me manter em segredo? Acho que um
pequeno desapontamento apareceu em meu rosto.
— Bem, nós não temos que decidir nada agora. Ainda temos um jogo
para assistir. — Ryan disse, dando-me esperança. Mudei o canal para o
jogo de futebol do domingo. A música de fundo familiar começou a tocar e
alguns caras imitaram a coreografia. Foi divertido.
— Nós vamos assistir futebol americano? — Suzanne gemeu.
Ryan se virou e falou por cima do ombro.
— Podemos chamar um carro para você, se não quiser ficar.
Sorri por dentro. Ele estava sendo legal, mas ele realmente queria se
livrar dela.
— Eu posso chamar meu próprio carro, obrigado — ela atirou de volta.
Fiquei feliz a vendo usar seu celular. Servi uma jarra fresca de cerveja para
os caras. Eles estavam todos alinhados na mesa perto da televisão.
— Gary, prepare seu dinheiro! — Ryan provocou.
Enchi o copo vazio de Ryan com cerveja. Pareceu gostoso, então dei um
gole e estendi para ele. Ele deu um grande gole e estendeu o copo de volta
para mim.
— Você prepare seu dinheiro — Gary rebateu. — Já tenho um dos seus
vinte em minha carteira; apenas esperando por outro. Talvez você devesse
dar vinte para Taryn para mantê-lo quente para mim.
Ryan tocou minha perna.
— Não se preocupe com esses vinte. Está bem e quente e ansioso para
ter outro vinte para ser seu amigo.
Ryan descansou seu braço no encosto da minha cadeira e sussurrou na
minha orelha: “vamos tomar um shot”
— Preferências?
— O que você acha daquela tequila que tomamos naquela vez? — Ryan
respondeu. — Você ainda tem um pouco?
— Sim — concordei. — Acho que ainda sobrou um pouco na garrafa.
— Bem, vamos matá-la. Vou te dar dinheiro por uma nova garrafa.
Aquela coisa é boa!
Suzanne e Francesca colocaram seu casaco e então Suzanne anunciou a
partida delas. Quase ninguém disse adeus a elas. Kat gritou “até logo”
muito alto, mas seu tom era definitivamente mais desconsiderado do que
um adeus sincero.
Ouvi alguns gritos vindos dos fãs esperando quando elas passaram pela
porta, mas os gritos não duraram muito. Desde que os gritos vinham de
mulheres, a multidão lá fora estava, obviamente, esperando os atores, não
atrizes. Meus pensamentos eram que elas estavam esperando por um ator
em particular.
Eu tinha suspeitado, e Ryan confirmou, que os paparazzi estavam
parados esperando lá fora. Mas era somente eles, quando Suzanne e
Francesca saíram, então a quantidade de paparazzi esperando ficou mais
aparente. Toda a calçada e o comprimento total do exterior estava
iluminado pelos flashes das câmeras, completamente acendendo a
escuridão do lado de fora da minha janela.
Uma vez que Suzanne e Francesca saíram, era como se todo mundo
pudesse respirar de novo. Os homens estavam ficando barulhentos,
gritando para o jogo de futebol, e as mulheres tiveram que gritar apenas
para manter a conversa.
Minha atenção focou de volta em Ryan quando eu o vi conversar no seu
celular. Ele não falou muito, mas o que seja que ouviu, o deixou chateado.
Ele bateu com o punho na mesa. Assisti quando ele se inclinou e disse
algo na orelha de Cal. Cal apenas balançou a cabeça em desgosto.
Depois de todo mundo ter um shot de tequila, sentei na mesa grande
com as mulheres para jogar cartas. Kat estava ficando bêbada; ela era tão
bonitinha de ver enquanto ela ria dela mesma.
— Estou feliz que as gêmeas psicopatas finalmente saíram — Kelly
anunciou. Seu comentário me fez rir.
— Sim, o que há com Suzanne. — Marie perguntou. — Ela é algum tipo
de vadia.
— Isso é um entendimento! — Kat gargalhou alto.
— É surpreendente; na tela, ela e Ryan tem uma química incrível. Achei
que ela era legal — Tammy disse.
— Isso porque Ryan tem a paciência de um santo! — Kat gritou na
direção de Ryan. — Nós deveríamos chamá-lo de santo Ryan de agora em
diante.
Ryan olhou por cima do ombro e sorriu para ela.
— Nós todos dissemos para ele que se ele já a tivesse matado, nós todos
poderíamos ir para casa. Nós até oferecemos para pagar sua fiança se ele
fizesse isso! — Kat brincou. — Certo, Ryan? Eu pago sua fiança da cadeia
em uma batida de coração, irmão!
— É por isso que checo o tambor da minha arma antes de cada cena. —
Ryan riu. — Estou tão paranoico que um de vocês vão colocar balas reais
qualquer dia.
— E Francesca? — Tammy perguntou à Kat. — Ela mal disse uma
palavra a alguém.
— É porque Suzanne fala pelas duas agora. Algumas vezes imaginamos
se Fran é feita de madeira e Suzanne tem a mão enfiada no seu traseiro,
fazendo sua boca mexer. — Kat soluçou.
Ryan se virou, gargalhando histericamente pelo comentário da Kat. Ele
fez o gesto como se tivesse um boneco em sua mão.
— Francesca tem problemas — Kelly adicionou — primeiramente ela era
muito legal, mas ela desenvolveu essa idolatria por Suzanne e então se
transformou em um clone malvado. — Ela abaixou a voz. — Fran é
apaixonada por Ryan, ou pelo menos era. Não sei mais. Nós pensamos
que, desde que Suzanne está em posição de ser próxima de Ryan, Fran
começou a imitá-la, pensando que iria atrair a atenção de Ryan. Isso
desenvolveu para esta doença.
— Ainda estou apostando na teoria da abdução alienígena — Kat
adicionou. — Mais um filme, mais um e quando terminarmos com elas. Eu
não estou ansiosa para ir até o circuito das promoções com elas de novo.
Será um maldito pesadelo.
— Bem, Suzanne disse algumas coisas dura para a Taryn hoje à noite —
Marie adicionou. — Ficou bem óbvio que ela tem alguma coisa pelo Ryan
também.
Olhei para baixo, para as cartas na minha mão, descontente que ela
mencionou isso.
— Taryn, ela foi uma vaca com você! Eu queria socá-la. Agora quando
eu ver o próximo filme, vou querer que Charles deixe-a sangrando até a
morte naquela caverna.
Pensei em Ryan tendo de ir para o trabalho amanhã. Ele vai dizer algo
para Suzanne ou ele vai apenas ignorá-la pelo bem de manter o trabalho?
Presumo que ele apenas vá manter isso frio e fazer suas cenas o melhor
que ele puder. Não está na personalidade dele convidar para confrontos.
Estou feliz que ele me disse o que fez quando estávamos no chuveiro
mais cedo esta manhã. Ele foi honesto comigo. Imaginei se alguém mais
sentado nesta mesa sabia do seu julgamento escorregadio quando ele
dormiu com Francesca. Se elas sabem, certamente não trarão isso na
conversa na minha frente. Kat e Kelly não são assim.
Olhei para televisão e vi os Steelers de posse da bola.
— Desculpe-me, senhoras. Tenho que ver isso. — Sentei perto de Ryan.
O quarterback acabou de lançar a bola por vinte jardas e o recebedor
dos Steelers estava em seu caminho para o gol. Fiquei em pé para torcer;
Ryan levantou do meu lado.
— Touchdown! — Nós dois gritamos. Ryan segurou sua mão no ar; bati
minha mão na dele para um high-five.
O jogador jogou a bola entre as traves por pontos extras. Ryan me deu
outro high-five e um beijo rápido. Ele estava tão feliz, e vê-lo feliz me
deixou ainda mais feliz.
Notei que eu era a única mulher remotamente interessada no jogo, mas
não importava. Eu tinha que meu coração desejava; ótimos amigos, novos
logo-para-ser ótimos amigos e o melhor homem que eu podia desejar.
Fiquei com Ryan até o intervalo. Os Steelers estavam ganhando, 21 por
7, Ryan estava tendo uma explosão com os caras, e eu estava
secretamente entretida com pensamentos de montar nele onde ele estava
sentado. Os vários drinks que consumi mais cedo aumentaram meus
pensamentos sujos. Eu estava me sentindo bêbada e completamente
excitada.
— Toque uma música para mim — Ryan sussurrou em meu ouvido.
Olhei para ele como se ele fosse louco.
— O que quer dizer com toque uma música? — Sorri e olhei nos olhos
dele.
— No piano, toque alguma coisa.
— Por que você não toca alguma coisa? — Desafiei. — Meu violão está
ali — apontei para a porta.
— Oh, não! Pedi primeiro! Vamos, só uma. — Ele levantou e me puxou
da minha cadeira, praticamente me carregando, como se eu fosse uma
bola de futebol até o piano.
Levantei a tampa das teclas e as encarei. Eu não tinha ideia do que
tocar. Toquei algumas notas, esperando que alguma música viesse a mim
enquanto rememorava todos os livros de partituras que tenho.
Comecei a tocar alguns acordes e Ryan levantou o rosto.
— Journey? — Ele perguntou.
Acenei e comecei a cantar.
Logo eu tinha uma reunião ao redor do piano, todos nós tentando
lembrar das palavras. Era divertido ouvi-los cantando desafinados. Nossa
rendição desta linda música terminou horrivelmente, desde que não pude
lembrar da letra.
— O que acham desta? — Toquei algumas notas.
Era noite de karaokê no pub Mitchell’s.
— Toque aquela que você tocou àquela noite — Ryan pediu timidamente
— por favor.
A essa urgência, toquei “You’ve got a Friend” de novo. Nesta vez, eu não
estava nervosa.
Cal pegou Kelly em seus braços e começou a dançar. Foi um bonito
sinal. Pete girou Tammy debaixo dos seus braços, e Ryan se inclinou no
piano, sorrindo para mim.
Cantei para ele e somente para ele.
Nós todos tivemos um tempo muito bom cantando e rindo, isso foi até
soarem as sirenes da polícia e as luzes azuis e vermelhas brilharem em
frente ao pub. Imediatamente pulei do banco do piano.
— Pete! — Gritei.
— Deixa comigo — Pete responde, trotando pela porta da frente.
Parei perto da porta, esperando pelo retorno do Pete. Parece que
demorou para sempre. Eu queria olhar pela janela para ver o que estava
acontecendo, mas Ryan me parou. Eventualmente Pete voltou, mas ele não
estava sozinho; dois policiais estavam com ele.
— Pete, o que está acontecendo? — Perguntei, nervosa que eu tinha
policiais em meu pub. Fazia um tempo desde que tive policiais aparecendo.
Usualmente eles vêm após alguém começar uma briga do lado de fora, mas
eu não tinha ideia do porquê eles estavam assim agora.
— Boa noite, senhora — um dos policiais se dirigiu a mim conforme
olhou em volta, para os meus convidados.
— Boa noite, oficial — repliquei — sou Taryn Mitchell. Sou a dona do
lugar. O que está acontecendo? — Ryan parou obedientemente atrás de
mim.
— Nós recebemos uma reclamação sobre uma multidão bloqueando o
tráfego — o policial respondeu.
— Como pode ver, estamos dando uma festa privada para nossos
convidados visitantes — olhei para Ryan e Cal.
Seaport não é uma grande comunidade; presumivelmente os doze ou
quase isso policiais que temos na equipe, todos sabiam que as
celebridades estavam na cidade.
O policial olhou para Ryan e acenou um cumprimento:
— Sr. Christensen.
— Boa noite, oficial — Ryan respondeu. Ele estava parado com seus
braços cruzados sobre seu peito. — Minhas desculpas pela multidão.
Infortunadamente não tem muito que podemos fazer.
— Nós vamos ter certeza de que a rua esteja vazia. Têm muitos
pedestres na calçada. Vamos pedir que eles saiam, mas eles, com certeza,
vão reagrupar assim que nós saímos — o policial informou.
— Nós apreciamos a ajuda — Ryan replicou.
— Sim, obrigado — Cal adicionou.
— Vocês querem que eu chame reforços para a polícia escolta-los
quando vocês saírem? — O policial perguntou.
— Não tenho certeza. Nós temos segurança privada conosco esta noite
— Ryan respondeu.
— Sim, nós falamos com eles lá fora — o policial disse. — Eles estão
tentando seu melhor para manter tudo em ordem, mas nós entendemos
que é tudo o que podem fazer.
— Nós vamos ficar bem. Obrigado pela oferta. — Ryan alcançou para
apertar a mão do policial.
As batidas do meu coração aceleraram pelo nervoso que sempre
acompanha a presença da polícia, mas Ryan parecia manter sua frieza.
Pete escoltou a polícia para a porta; milhares de flashes das câmeras
acenderam a escuridão no momento que a porta abriu.
Notei Ryan virar para voltar; presumi que ele não queria ser visto
quando a porta da frente abrisse. Ele se sentou em sua cadeira na frente
da televisão e começou a coçar sua testa. Sua linguagem corporal
confirmou minhas suspeitas.
Parei atrás dele e comecei a esfregar seus ombros. Eu sabia que ele
estava chateado pelo caos lá fora, e eu queria tirar sua mente disso.
Quanta pressão um homem pode tomar antes de quebrar?
Ryan inclinou sua cabeça e fechou os olhos.
— Isso é bom — ele murmurou.
Eu estava tentando não ficar brava com a multidão lá fora por arruinar
a noite. Beijei sua testa, tentando acalmá-lo. Eu não precisava ser capaz
de ler sua mente para saber os exatos pensamentos que o atormentavam.
Nossos convidados ficaram até o jogo de futebol acabar, mas logo depois
disso todos procederam para reunir suas coisas. Gary relutantemente
entregou vinte dólares para o Ryan, e Ryan graciosamente aceitou.
— Vou voltar para o hotel com o resto deles, — Ryan informou. A
tristeza era evidente em seus olhos. — Eu realmente quero ficar com você,
mas acho que é melhor se eu for. — Seus olhos voaram até a janela. — Eu
tenho que estar no set amanhã cedo de qualquer maneira.
Embrulhei meus braços ao redor da sua cintura enquanto ele me
abraçou.
— Eu não quero que você vá. Mas eu entendo porque você acha que
deve.
— Tar, eles sabem que estou aqui. Suzanne contou à multidão em seu
caminho — ele sussurrou em minha orelha. — Eu quero ter certeza que
todos os seus amigos saiam daqui em segurança e eu não estou pronto
para os paparazzi começarem a perseguir você também.
Ryan se virou para o Pete.
— Pete, Tammy, quanto eu devo a vocês? Você tem uma conta pelo
fornecimento? — Tammy olhou com o canto do olho para o Pete; ela não
sabia o que dizer.
— Ah, Ryan, Taryn já nos pagou — Pete replicou.
— Quanto foi a conta? — Ryan me perguntou.
— Não foi muito. Não se preocupe com isso. — Não pude evitar sentir
uma pequena decepção que ele não ficaria.
— Não foi o que perguntei. — Ele meio que riu, mas eu podia dizer que
ele estava chateado — Quanto foi?
Apenas o ignorei e comecei a limpar.
— Por que você não me conta?
— Você sabe, Ryan, pensei que você era mais esperto que isso — Marie
comentou, empilhando copos sujos na pia no bar. — Taryn não quer você
por causa do seu dinheiro.
Virei-me para ela e fiz uma careta.
— Além disso — ela continuou com uma risada — ela não está sofrendo
por dinheiro, isso é certeza.
Eu sabia que ela tentava fazer um ponto em Ryan, mas eu ainda dei a
ela um olhar irritado. Minha riqueza era algo que eu não gostava de
ostentar.
Ryan pressionou seu corpo às minhas costas.
— Cedo ou tarde, você terá que se acostumar a me deixar pagar pelas
coisas, você sabe disso? — Ele sussurrou. — Não há nenhum jeito de eu
deixar qualquer um achar que estou tirando vantagens de você; você
incluída.
— Tem só uma coisa que eu preciso. — Pousei minha mão em seu
coração. — O resto são só detalhes.
— Eu não vou brigar com você hoje à noite, mas esta conversa está
longe de terminar. — Ele sorriu levemente e me beijou.
Vários dos seus seguranças entraram no pub. Ryan já havia coletado
suas coisas lá em cima e ele me seguiu nos degraus para o meu
apartamento, então poderíamos ter um momento privado nas escadas.
— Obrigado por fazer tudo isso. Você é uma anfitriã adorável! Todo
mundo teve um ótimo tempo. — Ele se inclinou e me deu um muito
apaixonado beijo de despedida. — Ligarei para você amanhã. Eu não seu
se serei capaz de vir para o pôquer, tudo dependerá de quando
terminarmos.
Concordei e o beijei de novo. Eu não queria que ele fosse.
Nós todos dissemos nossas despedidas na porta da frente; abracei todo
mundo antes deles saírem e eles calorosamente me abraçaram de volta.
Fiz alguns bons amigos hoje.
Pete e Tammy ficariam para embalar toda as sobras de comida
enquanto Marie e Gary me ajudariam a limpar.
Dois seguranças entraram pela porta primeiro; Cal e Kelly lideraram o
grupo, Kat e Ben foram logo atrás, e Ryan e Shane viraram sanduíches
entre três outros guarda-costas.
Os gritos da multidão esperando estavam barulhentos e muito
assustadores. Dei alguns passos para trás, me escondendo atrás de Pete
enquanto todos assistimos os flashes das câmeras acenderem o céu
noturno.
CAPITULO TREZE

Janelas
Era perto da uma da manhã quando caí na cama. As memórias dos
últimos dias rodaram em minha mente em segmentadas, mas vívidas
imagens. Pensei sobre a mais importante memória: a admissão de Ryan de
que está apaixonado por mim, e como admiti o quanto estou apaixonada
por ele. Foi um grande alívio saber que nossos sentimentos eram
recíprocos e agora eu poderia deixar meus sentimentos por ele correrem
livres.
Eu podia ver que seria difícil manter um relacionamento saudável com
ele, mas seria realmente tão diferente de manter um relacionamento com
um homem comum? Não importa com quem eu esteja envolvida, seria
preciso paciência e entendimento para o amor sobreviver; duas qualidades
que eu sabia que Ryan tinha.
Estar nesse mundo, o mundo público da fama, levaria algum tempo
para se acostumar. Mas eu estava mais do que disposta, depois de hoje,
avançar para a próxima parte da minha vida. Eu posso me ver a mim
mesma ao seu lado, o apoiando em suas aventuras. Mas ao mesmo tempo,
eu não queria repetir os erros do passado; aqueles erros, em particular,
quando desisti de quem eu era para estar com um homem.
Pensei no que eu talvez tenha que desistir para estar com Ryan. Terei
que vender o pub? Talvez eu possa mantê-lo e ter alguém mais o
gerenciando para mim. Eu ainda quero manter o controle para assegurar
que o nome Mitchell permaneça impecável.
Talvez Ryan queria viver na Califórnia como Cal e Kelly? Ele disse que
meu telhado era seu lugar favorito no mundo, mas será seu lugar favorito
para sempre? Eu quero ficar no mesmo apartamento também?
Quando eu estava noiva de Thomas, era esperado que nós ficássemos no
meu apartamento acima do pub. Esse era o plano, considerando que
Thomas não veio para o nosso relacionamento com muito para oferecer.
Mas eu sempre tive esperança de mais; talvez uma quinta legal, em um
pedaço da propriedade com árvores maduras e largas o suficiente para
segurar uma casa da árvore. Um lugar onde minhas crianças correriam
livres e brincariam com o cachorro da família. Algum lugar onde eu possa
cultivar um jardim e plantar flores.
E sobre meus amigos? Eu diria adeus ou vejo vocês mais tarde para os
amigos que tive pela maior parte da minha vida? Meus pais se foram; eu
não tenho irmãos, nenhum laço real em Seaport além do fato de que aqui é
onde eu chamo de “casa”. Aqui foi meu céu seguro na incerteza.
A presença de Ryan em minha vida gerou toda uma nova lista de
questões para mim ponderar. Eu queria uma vida com um parceiro e Ryan
apareceu para ser o mais próximo da perfeição para mim como um homem
poderia ser. Ele era um cara, robusto e viril, mas ele era também amoroso
e carinhoso. Ele não era egoísta como Tim e ele não era contra o amor
como Dean. E mais importante, uma mulher parecer ser mais do que
suficiente.
Amei a maneira que ele controlou a situação também. A maneira que ele
conversou com a polícia esta noite, em algum modo bizarro isso me
excitou, vê-lo assumir a liderança. Ele não era o tipo de ficar no banco de
trás por ninguém. Ele era forte e podia lidar com ele mesmo e ele
demonstrou em mais de uma situação que ele quer cuidar de mim. Suas
ações eram naturais, instintivo como respirar.
Quanto mais eu pensei nisso, mais eu decidi que qualquer caminho que
a vida me levar valerá a pena, contanto que Ryan esteja ao meu lado.
Aninhei-me debaixo das minhas cobertas; um sorriso cruzou meus
lábios quando a voz de Ryan proferiu as palavras: “estou apaixonado por
você” ecoando em minha mente. Deixei o sono me levar com este sendo
meu último pensamento.
Praticamente pulei fora da minha pela quando meu alarme de
segurança disparou. Uma onda de adrenalina correu pelas minhas veias
com a estridência do alarme. Corri para a porta do meu quarto e a
tranquei. Olhei para o relógio; era quase cinco horas. Não mais do que
trinta segundos passaram antes que a empresa do alarme ligasse no meu
telefone.
— Alô, aqui é Taryn Mitchell — ofeguei no telefone.
— Sra. Mitchell, aqui é Jeff da Shield Security, nós temos indicações de
uma invasão em seu prédio. Você está no prédio?
— Sim — gaguejei.
— Você está segura? — Ele perguntou.
— Sim, me tranquei no meu quarto. — Meu coração estava disparado;
os alarmes estavam estridentes.
— Os sensores estão indicando uma janela em seu primeiro andar. Nós
alertamos as autoridades locais. A polícia foi despachada; o tempo de
chegada é quatro minutos. Vou ficar na linha com você até as autoridades
chegarem. Você está precisando de assistência médica?
— Não. Estou bem. Assustada, mas bem. — Eu tremia conforme
colocava algumas roupas.
— Sra. Mitchell, a polícia chegou. Eles estão impossibilitados de entrar.
Destranquei a porta e rastejei pelo corredor. Eu podia ouvir a polícia
batendo na porta da frente.
— Eu vou descer para deixá-los entrar — eu o informei.
Assim que abri a porta da frente, a polícia rapidamente me escoltou
para fora do prédio, assim eles poderiam fazer uma varredura por
invasores. Eu estava tremendo como uma folha quando eles me colocaram
dentro de um carro patrulha.
Outro carro patrulha veio rapidamente descendo a Fourth Street, as
luzes azuis e vermelhas resplandecentes. Acredito que cada policial no
dever de Seaport estava lá. Depois do que pareceu uma eternidade, um
oficial veio até o carro. Reconheci que ele era o mesmo oficial que veio no
pub quando Ryan e nossos convidados estavam aqui.
— Senhora, meu nome é oficial Carlton — ele se apresentou.
— Sim, oficial. Você estava aqui mais cedo.
— Sim, senhora. Nós procuramos no prédio por invasores. Não tem
ninguém lá dentro. Aparentemente, uma pedra grande foi atirada através
da janela da frente. Não há sinais de entrada forçada.
Apenas acenei. Eu estava congelada e assustada para caramba.
— Há alguém que você pode contatar para ajudar você? Você vai
precisar tampar sua janela. Nós vamos tirar fotos da cena primeiro e
vamos precisar de um depoimento seu.
Eu ainda segurava o meu celular.
— Pete? — Minha voz rachou.
Pete e Tammy chegaram trinta minutos depois de eu chamá-los.
— Tammy! — Alívio lavou por mim quando a abracei.
— Taryn, você está bem? O que aconteceu? — Ela perguntou.
Repeti a história novamente. Vidro quebrado estava por cima da mesa e
as cabines, e o impacto derrubou umas das minhas placas de neon.
— Em todos os anos que temos este pub, esta é a primeira vez que
temos vandalismo. Eu não entendo. — Balancei a cabeça. Tentei imaginar
por que alguém jogaria uma pedra através da minha janela. Por um breve
momento, imaginei se foi alguma fã obcecada que fez isso.
Tammy e eu seguramos as placas de madeira compensada no lugar
enquanto Pete pregou a janela. O sol estava começando a nascer; em outra
hora ou algo assim fui capaz de ligar para alguém vir consertar a janela.
Eu também tinha que envolver a empresa de segurança. Todo esse
aborrecimento para que? Eu esperei que quem tivesse jogado a pedra
tenha tirado todo seu aborrecimento do sistema.
Tammy ficou comigo enquanto Pete foi trabalhar. Eu me senti horrível
por tirá-lo da cama tão cedo. Ele teve apenas quatro horas para dormir, se
isso.
— Qual foi a motivação para alguém fazer isso? — Perguntei, varrendo
vidro quebrado na pá de lixo.
— Eu não sei. É tão sem sentido e juvenil — Tammy murmurou.
— Você acha que eu era um alvo? — Refleti.
— Espero que não. Você está achando que foi uma fã ou algo assim? —
Tammy perguntou.
Aparentemente, não fui a única a pensar nisso. Balancei minha cabeça
em concordância.
As fãs de Ryan eram obcecadas; eu não descartaria nenhuma por ter
feito algo assim. Depois de tudo, no primeiro dia que o conheci, uma de
suas fãs foi além da admiração e moveu-se para os ataques.
— Bem, pelo menos eu sei que o sistema de segurança funciona. A
empresa de segurança me ligou segundos depois do alarme disparar.
Depois de nós terminarmos a limpeza, dei à Tammy uma carona para
casa. Demos quatro passos fora do prédio antes dos paparazzi desceram
até nós e as câmeras começaram a clicar. Haviam oito ou nove deles e eles
já sabiam meu nome.
Concentrei nas chaves em minha mão e nas rachaduras da calçada,
correndo para o meu carro. Assim como Ryan avisou, eles começaram a
incitar-me com perguntas.
— Como está Ryan? Você é sua namorada? Taryn, para sua esquerda,
olhe para a esquerda. Qual foi a ocasião para a festa? O que aconteceu
com sua janela? Você e Ryan Christensen estão namorando? Taryn, olhe
para cá. Você é linda, posso ver porque ele gosta de você.
Destranquei as portas do carro e Tammy e eu pulamos dentro o mais
rápido que conseguimos. Os fotógrafos ainda estavam tirando fotos
conforme eu manobrava no espaço do estacionamento.
— Oh, meu deus, Taryn! Estou tremendo para caramba! — Tammy
gaguejou conforme eu dirigia pela Mulberry Street. Suas mãos estavam
tremendo.
Eu estava ligeiramente trêmula também, mas não tão ruim quanto achei
que ficaria. Talvez, por que mentalmente me preparei para isso, não me
afetou severamente quanto imaginei? O pensamento de Ryan orgulhoso de
como lidei com os paparazzi passou pelos meus pensamentos.
Deixei Tammy em casa e retornei para minha vaga, um bloco de
distância do meu pub. Os paparazzi haviam debandado, mas ainda
haviam três deles na minha porta. Não sorri para eles ou reconheci suas
presenças; eles eram sanguessugas no meu livro.
Tranquei-me lá dentro e esperei pelo avaliador do seguro chegar. Pensei
em ligar para Ryan, mas resisti. Isso não importava; ele ainda me ligou de
qualquer maneira. Contive-me de dizer a ele sobre a janela enquanto ele
ainda estava no set, filmando. Ele precisava de foco e eu certamente não
queria adicionar outro pedaço de estresse em sua vida. Decidi esperar para
contar a ele sobre a janela até ele estar de volta no hotel.
Depois de alguns telefonemas, a noite de pôquer foi cancelada. Todo
mundo parecia bem em ficar em casa, apesar de Tammy e Marie, ambas,
ofereceram vir e ficar comigo. Agradeci, mas recusei. Eu estava bem em
tocar meu violão sozinha.
— Você ainda está jogando pôquer? — Ryan perguntou quando ele ligou
ás oito horas. Fiquei surpresa que ele estava com bom humor,
considerando que ele esteve no set por pelo menos treze horas.
— Não, não estamos. Todo mundo decidiu ficar em casa.
— Todo mundo cansado ainda? — Ryan perguntou, rindo levemente.
— Bem, mais ou menos. Eu não quis contar a você mais cedo, enquanto
você ainda estivesse filmando, mas alguém atirou uma pedra através da
minha janela da frente às 5:00h da manhã.
— O que? — Ele berrou. — Qual janela, lá em cima ou lá embaixo?
— Lá embaixo. Foi a janela do meio, com o logo do Mitchell’s. A janela
inteira quebrou em pedaços.
— Você está bem? — Pude ouvir sua preocupação.
— Sim, estou bem. Fiquei assustada até a morte quando meu alarme
disparou, mas a empresa de segurança ligou para polícia imediatamente.
Então tive os policiais aqui, de novo — suspirei. — O oficial que veio mais
cedo foi o mesmo que tomou meu depoimento.
— Eu devia ter ficado — ele disse.
— Está tudo bem. Chamei Pete. Ele e Tammy vieram. Pete pregou a
janela com um par de placas de madeira compensada e Tammy me ajudou
a varrer o vidro. — Cocei meus olhos e bocejei. — Liguei para a empresa de
seguro e chamei um vidraceiro. O vidro será reposto na quarta-feira.
— Tar, sinto muito — ele sussurrou.
— Não há nada para se desculpar — repliquei rapidamente.
— Se eu tivesse aí, eu teria pregado a janela eu mesmo — ele disse com
autoridade. Por mais que eu quisesse acreditar que ele disse sinceramente,
eu não podia imaginá-lo lá fora, às seis da manhã, pregando madeira na
minha janela fechada. Os paparazzi teriam um dia de campo com isso. Eu
sabia que ele tinha boas intenções.
— Eu ainda tenho que ligar para o Pete. Eu não quero nenhuma placa
de madeira caindo. Pete está trabalhando em sua casa, eu sei que ele tem
algumas placas em mãos.
— Tenho que ligar para o Pete e agradecê-lo. Ele é um bom homem e um
bom amigo.
— Fiquei satisfeita que Ryan disse isso. Fez-me feliz que ele considerava
Pete um amigo também.
— Você o pagou pelas placas de madeira? — Ryan perguntou.
— Não. Droga. Eu nem pensei em oferecer. Agora me sinto mal. Era tão
cedo quando aconteceu, eu não estava pensando. Mas eu vou, agora que
você mencionou.
— Não. Eu vou cuidar disso. Vou ligar para ele amanhã.
— Por que você faria isso? A minha janela que foi quebrada.
— Taryn, apenas me deixe fazer isso. Estou um pouco louco que você
não me disse mais cedo.
Suspirei.
— Eu não te contei porque você precisa ficar focado enquanto trabalha.
Além disso, imaginei que você tinha muito em seu prato lidando com
Suzanne. Eu podia dizer em sua voz quando você ligou mais cedo, que ela
lhe dava um tempo difícil.
— Ela estava — ele riu. — Felizmente ela pode ser bem profissional
quando as câmeras estão rodando.
— Você disse algo a ela sobre ontem? — Perguntei, imaginando se ele a
confrontou.
— Não — ele admitiu. — Tar, eu não quero começar nada. Espero que
você esteja ok com isso.
— Sim — repliquei. — Estou perfeitamente bem com isso, na verdade.
Não vale a tensão.
— Isso foi o que pensei. Além disso, você sabe como me sinto por você —
ele sussurrou.
Sorri.
— Sim, suponho que eu sei!
— Falando nisso… o que está fazendo?
— Estou apenas sentada aqui, tocando meu violão e ouvindo música —
eu disse, tocando alguns acordes.
— Quer alguma companhia? — Ryan perguntou.
— Corrida até a porta dos fundos? — Brinquei. Ele nem mesmo disse
tchau. Ouvi o clique fraco quando ele desligou.
Esperei na porta dos fundos por ele. O hotel Lexington estava a apenas
três quadras daqui. Sorri quando o vi finalmente virar à esquina.
— Ufa — ele suspirou. — Estou fora de forma! — Sua respiração estava
ligeiramente ofegante por correr. — Tive que dar a volta, porque os
paparazzi estão acampando na porta do hotel.
— Que caminho tomou? — Perguntei.
— Eu escapei pela porta das piscinas e desci o calçadão por um bloco.
Contei a um dos trabalhadores do hotel que eu queria sair para uma
corrida, então ele me deu uma chave para voltar pela porta da piscina
interna. — Ele sorriu bobamente, mostrando a chave.
— Só me custou um pôster autografado!
Eu ri dele.
— Eu imaginei porquê demorou tanto.
— Me abraça, estou todo suado — Ryan brincou, enrolando seus braços
ao meu redor.
Ryan jogou sua jaqueta em uma cadeira na sala e imediatamente pegou
meu violão.
— Então, o que você está tocando? — Ele perguntou.
— Nada, realmente — admiti.
Ele começou a tocar um pequeno tom de blues.
— Sinto falta do meu violão. Gostaria que eu o tivesse aqui comigo, mas
tive que mandá-lo para minha mãe e meu pai depois da última turnê de
imprensa. Sempre tenho medo de que seja roubado ou estragado.
— Por que você não diz aos seus pais para mandá-lo para cá? — Encolhi
os ombros.
— Pensei nisso, mas ele pode ficar com o resto das minhas coisas. Todas
as minhas coisas estão em caixas no porão dos meus pais.
— Eu lembro de você dizer que você costumava ter um apartamento em
L.A. Então você não mais tem um lugar lá? — Perguntei.
— Não. Embalei minhas coisas antes de começar a filmar o primeiro
Seaside. Imaginei que estaria na locação por sete ou oito meses… entre
filmar Seaside e então Reparation logo após isso. Qual era o ponto de
manter todas as coisas lá? Além disso, não tenho mais desejo de viver na
Califórnia. Eu estava planejando me mudar de volta para a Costa Leste, de
qualquer maneira — ele determinou. — Eu te disse isso, não?
Fiquei feliz ao ouvi-lo dizer que queria viver neste lado da cidade
novamente.
— Sim, você disse — concordei.
— Ei, não é suposto ter uma loja de música por aqui em algum lugar?
Um dos PAs disse que eles viram a placa de uma, em um dos prédios por
perto.
— Costumava ter, mas fechou já há algum tempo. Tem uma grande loja
de música a trinta minutos daqui, embora. Por que? Você quer ir lá,
alguma hora?
— Estava pensando em apenas comprar um novo violão — ele disse
casualmente. — Em algum desses dias, se eu conseguir chegar lá. — Ele
sorriu. — Ou eu apenas posso roubar esta de você. — Ele agarrou meu
violão com mais força. — Ela tem um ótimo som.
— Tenho uma ideia melhor, por que nós apenas não o mantemos aqui e
você pode visitá-lo quando quiser? Como isso soa? — Brinquei.
Ele enrugou o nariz para mim.
— Então, o que é um PA? — Perguntei.
— Oh, é abreviação para produtor assistente — ele disse, como se eu
soubesse o que seus trabalhos eram. — E eles fazem o que?
— Várias coisas — ele encolheu os ombros.
— Isso pareceu esclarecer bastante — eu disse, sarcasticamente.
— Eles trabalham para os ADs — ele sorriu, sabendo que estava
mexendo comigo.
— Oh. Então eles têm que NBC os BFFs no HBO com LOLs, certo?
Ele começou a gargalhar alto.
— Exatamente!
— Entendi. Está tudo tão claro como lama.
— Ok — ele recuou. — Você está pronta para sua próxima lição, Srtª
Mitchell?
Ele parou de tocar meu violão por um momento.
— AD significa Assistente de diretor. Eles são responsáveis por coisas
como a agenda de filmagens, você sabe, o que faremos no dia. Eles
também seguem nosso progresso diário, se certificando que estamos
mantendo o cronograma de produção. Alguns dos ADs se certificam que o
elenco e a equipe estão onde têm que estar, coisas assim. Os PAs, ou
produtores assistentes, realmente fazem todo tipo de coisa. Algum
trabalho com a equipe de filmagem, outros estão correndo com coisas ao
redor do set, entregando papelada ou me dizendo para sair do meu trailer.
Eu não poderia nem mesmo começar a dizer quantos ADs e PAs nós temos
neste filme, toneladas.
— Então, quando é a prova? — Perguntei, brincando. — Quero um aviso
prévio para poder estudar primeiro.
— Logo! Muito me breve! — Ele confirmou, dedilhando as cordas para
murmurar suas palavras. — Embora eu ainda não decidi se será oral ou
escrita.
Eu, definitivamente, peguei sua dica.
Quanto mais ele tocava meu violão, mais eu estava disposta a ir junto
com quase tudo o que ele sugerisse. Gostei das pequenas expressões
faciais que ele fez enquanto tocou; em como seus olhos se fecham
apertados ou seus lábios se contorcem com a batida.
Meus olhos viajaram pelo tendão em seu pescoço; como saboroso
parecia ao conectar-se com a clavícula. Sua camiseta cinza escondia o
resto da visão. Eu estava prestes a perder minha mente quando ele
lambeu os próprios lábios.
— Aqui está — ele disse, me entregando o violão. — Sua vez.
Eu estava tão atordoada com meus próprios pensamentos que apenas
sentei lá, amontoada, por alguns segundos.
— O que? — Ele perguntou, olhando para mim divertido. Eu sabia que
era suposto eu alcançar o violão, mas meus braços não respondiam.
— Aqui… toca — ele meio que me apressou.
Quando recuperei o uso dos meus membros, toquei minha música
favorita, mas meus dedos fizeram uma bagunça. Tentei começar de novo,
acertando os acordes na segunda vez.
Ryan embrulhou seus dedos ao redor do pescoço do meu violão e o
removeu do meu colo. Ele o carregou para o tripé. Fale sobre a dica sutil!
Acho que eu realmente massacrei a música.
— Sinto muito — murmurei, envergonhada pelas suas ações. — Foi
assim tão ruim?
Ele balançou a cabeça e me puxou do sofá pelas minhas mãos. Sem
dizer uma palavra, ele me levantou nos braços e me beijou, me carregando
pelo corredor.
Ainda estava escuro em meu quarto quando o alarme do celular de Ryan
apitou. Eu o senti se mexer, rolando para desligar o barulho. Abri meus
olhos sonolentos e olhei a hora; meu despertador marcava 5:30h.
Ryan soltou um gemido e sentou na borda da cama, pegando suas
roupas do chão.
Corri as pontas dos meus dedos pela sua espinha para deixá-lo saber
que eu estava acordada.
— Bom dia, querida — ele disse baixinho. Ele se inclinou para mim e
beijou meus lábios suavemente, tirando o cabelo da minha bochecha.
Escovei minha mão pelo seu peito.
— Tenho que ir — ele disse, com uma careta.
— Eu sei — sussurrei, triste pelo pensamento.
Desliguei o alarme de segurança e olhei dos dois lados no beco escuro.
Cada lado do beco estava iluminado pelos postes de rua. Parecia que a
cidade inteira, incluindo os pássaros, estavam dormindo.
— Não vejo ninguém lá fora. A costa está limpa.
— Ok. Te ligo mais tarde. — Ele me abraçou e beijou em despedida.
Pulei de volta na cama e puxei seu travesseiro no meu peito,
aproveitando o suave cheiro da sua colônia que ainda persistia na fronha.
— Você está assobiando — Marie disse, servindo uma jarra de cerveja
para um cliente esperando.
— Desculpe, eu vou parar — desculpe-me com ele, temendo que fosse
irritante. — São dois dólares, senhor. — Sorri para o senhor que eu estava
servindo.
Os olhos de Marie me encararam.
— Assobiando? Em um bom-humor extremo? Ele esteve aqui ontem à
noite, não é? — Ela acusou.
Eu não podia esconder meu sorriso.
— Talvez!
— Não é à toa que você me dispensou quando ofereci para vir. — Marie
me empurrou no ombro.
— Não foi planejado, acredite em mim!
— Quando ele ligar, pergunte a ele o que ele fez com todas as teias de
aranha. Precisamos fazer mais chapéus para os necessitados — ela disse
secamente. — Ou ele já te ligou hoje?
Sorri tolamente, secretamente sabendo que falei com ele cedo na hora
do lanche e de novo no meio da tarde. Marie agarrou meu cotovelo e disse
suas palavras privadamente:
— Se você ferrar com este relacionamento, eu juro que te mato eu
mesma!
— Acredite em mim, estou tentando não fazer! — Confirmei, retornando
a lavar alguns copos sujos na pia.
— Então você o verá mais tarde? Posso fechar para você se não
estivermos tão ocupadas. — Marie ofereceu.
Desejei que eu pudesse aproveitá-la nisso, mas Ryan tinha outras
obrigações.
— Ele está pegando um voo comercial noturno para Newark esta noite.
Ele tem uma entrevista e um jantar em Manhattan amanhã.
Marie me deu um olhar questionador.
— Ele fará uma pequena conferência para o seu último filme —
murmurei.
Vi a lâmpada apagar em sua cabeça.
— Oh, Reparation, certo?
Eu ri levemente do absurdo que era ela saber muito detalhes sobre a
vida do meu namorado. Ryan, claro, me ligou mais tarde naquela noite.
— Então, você já está com as malas prontas para sua viagem? —
Perguntei.
— Quase. Estou embalando agora. Eu gostaria que não tivesse que ir à
Manhattan, mas pelo menos é um voo curto daqui. Você achou minha
agenda, certo?
Sorri. Ryan se importa comigo ao ponto de ele querer que eu conheça
sua agenda inteira e esta era a segunda vez que ele me perguntava se
recebi.
— Sim, eu a tenho na geladeira. Esperançosamente você pode passar
pelo aeroporto desapercebido.
— Esse é o plano! — Ele disse exuberantemente.
Peguei a agenda para revê-la novamente. Quarta-feira de manhã ele tem
uma aparição em um show da manhã às sete. À uma da tarde, ele tinha
uma sessão de foto e por último em sua agenda tinha um encontro no
jantar com seu gerente e algum produtor mais tarde naquela noite.
Ele tinha um voo cedo de volta para Rhode Island na quinta-feira de
manhã.
— Essa agenda diz que você tem que estar de volta no set na quinta-
feira. Jesus, eles levam em consideração uma pausa para o banheiro aqui
em algum lugar? — Gemi. Imaginei como ele podia continuar vivendo uma
vida tão agitada.
Ele gargalhou.
— Não. Eu tenho que segurar!
— De acordo com essa agenda, parece que você pode ir ao banheiro no
sábado por volta das oito da noite.
— Tenho que reagendar isso. Espero ter outros planos — Ryan disse,
como se estivéssemos em uma reunião de negócios.
— A entrevista na quarta-feira é realmente cedo na manhã — ele gemeu.
— Isso será matador.
— Você sabe quais questão eles vão perguntar, ou eles apenas jogam as
questões em você? — Eu perguntei. Imaginei-o ter que responder em
tempo real e como dever ser com os nervos para vir com respostas
coerentes.
— Às vezes eles dão uma ideia do que vão perguntar, mas a maior parte
do tempo é apenas brincadeira espontânea. Todas essas entrevistas são as
praticamente as mesmas. Nos falam dos filmes, do que se trata, o que se
sente em interpretar aquele personagem. É tudo muito mundano.
— Isso é até eles perguntarem aquelas perguntas pessoais e
desconfortáveis — brinquei. — Notei que você esfrega a testa quando não
gosta da questão.
— Eu faço isso? — Ele perguntou, curioso.
— Você esfrega a testa. Quando fica desconfortável ou chateado você
esfrega a testa. Você, provavelmente, nem percebe que faz isso. — Não
pude evitar provocá-lo.
— Então, diga-nos, Ryan… — comecei; usando minha melhor voz falsa
de talk-show. — Todas as mulheres no auditório querem saber que tipo de
roupa íntima você está usando agora. Ou… todo mundo quer saber se está
namorando alguém. Você se contorce em sua cadeira e então você esfrega
a testa. É o seu Tell16
— Meu o que? — Ele riu.
— Seu Tell, você sabe? Tipo, quando você está jogando pôquer? É aquele
movimento inconsciente ou ação que deixa todos saberem que você está
blefando.

16 Tell é uma expressão usada no pôquer, significa uma ação que dá pistas a respeito

das cartas de determinado jogador.


— Oh, Tell. Sim, eu sei o que significa. Ótimo, agora eu estarei
realmente autoconsciente no palco. Não só tenho que me preocupar com
as estúpidas questões e minhas respostas balbuciantes, vou estar
preocupado em tocar meu rosto e entregar meus segredos.
— Desculpe, eu não disse para deixar pior. — Era difícil implorar e
suprir uma gargalhada ao mesmo tempo.
— Suponho que tenho que ter um novo gesto, huh?
— Por que você não esfrega o dedo médio em toda a sua sobrancelha se
não gostar da sua pergunta? Isso deve ser bom para as classificações.
Ele ria muito alto para responder.
— Vê, você gosta das minhas ideias — eu ri com ele.
— Sim, eu gosto! Mas eu também me lembro que você fez o mesmo gesto
para mim uma vez!
— Bem, escolha um desses. Mas você terá que me dizer qual é o novo
gesto, assim posso assisti-lo.
— Deixe-me pensar sobre isso por um minuto. Tem tantos movimentos
sutis que eu poderia fazer e ninguém notaria. Eu gosto disso! É tão mal.
Ok, deixe-me pensar…
— Certo, eu tenho um. Eu coço meu queixo se eu realmente queira dizer
a ele para ir para o inferno. Como isso soa?
Eu ri.
— Soa bem! Ninguém vai notar. Então, o que esfregar sua testa e coçar
o queixo ao mesmo tempo significa?
— Não seja uma espertinha! — Ele zombou de volta. — E se ele me
perguntar se eu tenho uma namorada, é claro que vou ter que negar para
manter minha vida privada em segredo, mas e se eu tocar meu nariz com
meu dedo, assim você saberá que estou mentindo?
Senti meu coração falhar uma batida quando ele disse a palavra
namorada.
— Então, você tem uma namorada? Eu a conheço? — Perguntei,
mexendo com ele.
— Não faça desligar na sua cara! — Ele ameaçou.
— Não, eu realmente quero saber. Ela é gostosa? — Brinquei.
— Não, ela não é gostosa. — Ele pausou antes de mudar o tom. — Vou
dizer que ela é mais… irresistivelmente bela e incrivelmente sexy, então
gostosa. E eu sou insanamente louco por ela, então cuidado com o que diz.
— Uau — respirei, quando senti o sangue fugir da minha cabeça. — Boa
coisa que não a conheço. Estou ficando com ciúmes.
— Bem, se você realmente tem a necessidade de confrontá-la, vá olhar
no espelho. Eu espero.
Eu não sabia o que dizer. Eu estava completamente atônita. Minha boca
estava pendurada aberta como um peixe fora d’água.
— Por que, srta. Mitchell! Você está sem palavras? — Ele provocou.
— Sim. Completamente.
— Bom. Agora enquanto você está atordoada em silêncio, vou indo.
Quero tentar dormir por duas horas antes de voar.
— Ok, divirta-se e tenha cuidado em Nova York.
— Vou tentar. Tenho folga domingo e segunda-feira, se eu li a agenda
direito — ele bocejou. — Estou cansado para caralho. Não vai demorar
muito para cair no sono, mesmo que eu não tenho meu travesseiro favorito
para embrulhar meus braços ao redor. Mas essa semana, estou realmente
ansioso para consertar isso! Vou ligar de Nova York quando eu tiver uma
folga, ok? Boa noite, querida. Bons sonhos.
Os raios de sol estavam apenas começando a passar pela minha janela
quando meu alarme tocou. 6:00h da manhã brilharam em números
grandes e vermelho, conforme meus olhos ajustaram à luz. Parte de mim
queria atingir o botão de soneca e aproveitar mais dez minutos de sono,
mas a outra parte de mim queria desesperadamente vê-lo novamente.
Eu sento que preciso conectar-me com sua vida de celebridade. Queria
saber como sua vida era quando ele não estava andando descalço ao redor
do meu apartamento.
Se eu vou amá-lo honestamente, plenamente e completamente, eu tenho
que conhecer todas as faces de quem ele é e abraçá-las de maneiras
iguais.
Curvei-me no sofá e rapidamente passei pelos canais até achar o canal
certo para o show matinal. Fiz uma careta quando tive de aturar vários
minutos de comerciais.
Por mais que eu tivesse cansada, eu só podia imaginar que Ryan estava
tão cansado, se não mais. Eu tinha o luxo de apenas levantar e descansar
de pijamas. Ele, sem dúvida, já estava de pé há uma hora ou mais e estava
provavelmente preso em alguma cadeira de maquiagem, tendo uma equipe
de estilistas fuçando suas roupas e cabelo enquanto maquiavam seu rosto
para esconder o brilho.
Seu pobre bastardo, pensei comigo mesma quando um sorriso quebrou
em meu rosto. Ele está, provavelmente, contorcendo-se na cadeira agora
mesmo.
É claro que eles esperam até os últimos dez minutos do show para
trazê-lo. Os outros quatro minutos foram revestidos com imagens
provocantes, vídeo clipes e algumas centenas de “mais tarde no show”
introdução.
Ryan sorriu e acenou para a audiência quando fez seu caminho para a
cadeira vaga no palco. Ele estava tão malditamente lindo em uma jaqueta
preta de tweed sobre uma camisa de botão cinza escuro, que pendurava
para fora dos seus jeans. Ele tinha uma barba por fazer crescendo em seu
rosto e ele fez uma careta quando as mulheres na plateia gritaram para
ele. Algumas mulheres gritaram “eu te amo” conforme ele tomava seu
assento, e como se fosse uma pista, ele esfregou a testa.
O anfitrião rolou diretamente perguntando as questões padrão sobre seu
último filme e eu ri quando ele pediu à Ryan para contar a todos sobre o
que o filme era. Ele balançou a cabeça, sorrindo, e eu pude, claro como
um sino, ouvir os comentários em seu subconsciente. Ele estava certo,
todo mundo nestes talk-show era idêntico.
Foi depois da primeira pausa para os comerciais quando o anfitrião fez a
pergunta de um milhão de dólares: ele estava namorando alguém? Voei do
sofá e parei diretamente em frente à TV, morrendo para saber como ele
lidaria com a resposta.
Os olhos de Ryan foram para baixo por um segundo e ele riu um pouco
consigo mesmo. Quando ele olhou para câmera, ele balançou a cabeça e
disse com uma cara de pôquer:
— Não, não estou vendo ninguém. Eu realmente não tenho tempo nem
mesmo para conversar com alguém.
E então ele fez. Com um sorriso coquete em seus lábios, ele levantou a
mão direita e esfregou o nariz com os dedos. Em seguida, seus dedos
completaram o movimento, esfregando e coçando o queixo.
Só assim eu quebrei em meus próprios gritos histéricos.
Ainda era de manhã cedo quando Ryan ligou. Ele havia acabado a
entrevista e tinha algum tempo livre, antes de ir para outro estúdio para
ter sua foto tirada repetidamente.
— O que você está fazendo? — Perguntei, descansando na cama.
— Sendo fotografado e filmado enquanto ando na calçada — ele
resmungou. — São notícias excitantes, você sabe, que eu possa andar em
linha reta.
— Droga… — ele ofegou.
— O que? — Congelei.
— Ahh, apenas derrubei os papéis que tinha na mão. Ótimo, agora eles
estão tirando fotos de mim, pegando lixo na calçada. Sim, oi, obrigado,
apenas um dia.
Eu podia ouvir a multidão ao redor dele, perguntando coisas e ele dando
respostas rápidas. As pessoas estavam pedindo seu autografo uma e outra
vez e pedindo para tirar fotos com ele.
— Você está aqui desde às duas da manhã? Você é louca! — Eu o ouvi
dizer para uma fã mulher. — Tar… espera um segundo.
— Ryan, Ryan posso tirar uma foto com você também?
— Ryan aqui.
Parecia que ele estava sendo assediado.
Ouvi o que parecia ser sua equipe de segurança instruindo a multidão a
dar um passo atrás e dar ao Sr. Christensen algum espaço.
— Não, você já tirou uma com ele — ouvi uma voz de homem dizer.
— Por que você quer que eu assine isso? Vai arruiná-lo! — Ryan
perguntou a alguma fã. Ouvi uma voz de garota implorar para ele.
— Ok, você já tem dois autógrafos — a voz de homem desconhecida
instruiu de novo.
Eventualmente, ouvi uma porta de carro batendo e ele suspirou em
alívio.
— Marla, você poderia me dar aquele refrigerante? Obrigado. Certo,
agora posso falar de novo. Desculpe. Isso é inacreditável — ele murmurou.
— Você ainda está aí?
— Sim, ainda estou aqui.
— Não posso acreditar que aquela garota queria que eu assinasse seu
violino! Eu deveria ter dito não.
Ouvi uma voz de mulher no fundo falar com Ryan.
— Ei, não é meu problema se não é seu violino. E se está estragado
agora, isso não é minha culpa. Posso me recusar a assinar coisas se não é
uma imagem ou um livro ou algo?
Não pude entender o que a mulher disse ao Ryan.
— Você pode imaginar o que David vai dizer para mim se ele receber
uma conta por um violino? Seu cliente arruinou meu Stradivarius!
Embaralhei-me por algo para dizer.
— Ei, você comprou um presente para o aniversário da sua mãe? —
Perguntei, relembrando as circunstâncias que conduziram o dia que nós
conhecemos.
— Não. Merda… obrigado por me lembrar. Esqueci completamente.
— Bem, enquanto você está em Nova York, tenho certeza de que você
pode encontrar algo legal. Isso ou você pode achar algo aqui.
— Não importa. O que devo comprar para ela?
— Qualquer coisa que um homem odiaria escolher por conta própria? —
Brinquei com ele. — Eu não sei… joias, perfume, uma nova bolsa? O que
você acha que ela vai gostar?
— Joias — ele replicou. — Nunca comprei perfume para minha mãe.
Sou alérgico a maioria deles. Deixe-me cuidar disso agora enquanto estou
pensando. Eu tenho um jantar às sete. Vou ligar para você depois.
— Ok. Divirta-se. — Eu estava triste
Mais tarde naquela noite, Marie zapeou através dos canais na TV até
achar as notícias de entretenimento noturno. Minha atenção foi capturada
quando, no primeiro minuto do show, eles passaram os destaques do que
vinha no episódio de hoje e a foto de Ryan brilhou na tela.
Aumentei o volume quando sua história foi o destaque.
— Exclusividade da noite: Ryan chega em Nova York. O quente, jovem
estrela foi visto hoje quando estava saindo do Good Morning New York
Show em Manhattan. O ator ocupado foi pego em multitarefas, falando no
celular enquanto assinava autógrafos para as fãs. Quando perguntado
quanto tempo ele ficará em Manhattan, o ator sexy respondeu: só um dia.
Ryan está na cidade para promover seu último filme, Reparation, que
deverá ser lançado em abril.
— Mais tarde, ele foi pego entrando no Diamond Exchange da badalada
Park Avenue onde ele teria comprado vários presentes. Cuidado, senhoras!
Não há como negar a sua química na tela e os reportados amassos com
suas protagonistas. Rumores têm circulado que ele está romanticamente
envolvido com Suzanne Strass que está estreando de novo com Ryan no
segundo Seaside. Alguém de dentro reportou que os dois estão bastante
amigos entre as filmagens. Talvez as coisas estejam ficando quentes fora
das câmeras? Nós os manteremos informados conforme essa história
desenvolve.
Ali estava ele, capturado em um filme na minha televisão. Notei uma
mulher alta e magra, com cabelo curto preto, pairando ao redor de Ryan
enquanto ele assinava os autógrafos e então o vi assinar o violino. Presumi
que a mulher era Marla. Ela entrou no sedan com Ryan.
Enquanto o mundo queria qualquer pedaço de notícia sobre sua vida,
ele foi gravado no exato momento que estava falando comigo. Um grande
sorriso nasceu nos meus lábios. Oh, como eu amo meu pequeno segredo.
— Por que você está sorrindo? — Marie perguntou, tirando-me do meu
devaneio privado.
— Ele estava no telefone comigo quando aquilo foi filmado. — Sorri,
acenando para televisão.
Era terrível como os programas de fofocas e notícias embelezavam
mentiras descaradas sobre ele e suas co-estrelas. Não é à toa que ele
precise ser tão cuidadoso. Qualquer deslize era alimento para a mídia, que
se espelhava como uma fogueira e acreditado por milhões.
Tive minhas razoes para estar hesitante, mas agora eu tenho outro
lembrete do porquê ele estava hesitante também. Ele era, constantemente,
um alvo em movimento.
CAPÍTULO QUATORZE

Encontro
— Então, o que você está fazendo? — Ryan perguntou quando ele ligou
em sua pausa para o almoço na sexta-feira.
— Estou… comprando. — Meu tom era definitivamente travesso.
Ele riu levemente.
— Você soa como se estivesse fazendo algo nada bom.
— Talvez. Espero que eu tenha um encontro essa semana e eu quero
comprar algo legal para usar. Ei, você é um cara. Deixe-me te perguntar…
os caras gostam de vestidos realmente curtos ou um novo par de jeans
funciona?
— Isso depende. Onde seu encontro irá levá-la? — Ele riu em minha
orelha.
— Em lugar nenhum. Ele é meio tímido e muito privado. Estou feliz por
apenas ficar em casa e mantê-lo seguro e quente. Talvez mimá-lo um
pouco? Eu poderia, provavelmente, me sair bem com um top e stilettos,
mas eu realmente quero impressioná-lo. Você tem alguma sugestão? — Eu
estava gostando de brincar com ele.
— O que você acha de uma pequena toalha? Eu sei que a maioria dos
caras gostam quando as mulheres usam toalhas. Algo sobre a
conveniência disso que é atraente, você sempre tem um lugar para secar
suas mãos.
— Toalhas? Hum. — Ele, definitivamente, me pegou de guarda baixa
com essa, mas eu estava feliz que ele brincou junto.
— Oh, olhe! Victoria’s Secret tem uma venda de toalhas hoje! Imagine
isso! Então, em sua opinião, que cor de toalhas os homens preferem?
— Cor não é importante. Quanto menos fecho e colchetes melhor.
Toalhas não devem ser complicadas. — Ele disse casualmente.
— Você tem um bom ponto. Esse homem que espero ver, vive uma vida
louca. Eu odiaria adicionar complicações ao seu nível de estresse. Talvez
eu vou comprar uma toalha preta sem fecho, completar com meias de
nylon 7/8, talvez uma tanga, embora, calcinhas sejam opcionais… e salto.
Como isso soa?
— Então, em que noite é esse encontro? Não quero te ligar em uma hora
inconveniente. — Eu o ouvi rindo sob sua respiração.
— Não tenho certeza — repliquei. — Ele é um homem muito ocupado.
Mas eu vou pegar uma variedade de toalhas, apenas no caso dele estar
sujo e precisar ser lavado. Acho que o ajudará a reduzir seu nível de
estresse.
— Você percebe que tenho que voltar ao set em, tipo, vinte minutos?
Você tem alguma ideia do dano que causou? — Ele rosnou para mim. —
Eu tenho metade da mente para sair aqui e ir direto à sua porta de trás,
mas tenho medo que não possa ir a qualquer lugar em público no meu
estado atual.
— Me desculpe. Aumentei seu nível de estresse? — Perguntei. — Eu só
quero ser clara sobre seu estado atual.
— Sim, muito! — Ele confirmou.
— Então, estamos quites. — Meus dedos flutuaram sobre vários sutiãs
de renda, imaginando sua reação ao me ver vestindo algo assim.
— Quites? Diga-me quando infligi esse tipo de dor em você, sem cuidar
disso?!
Pensei sobre a primeira vez que ele fez meu corpo formigar.
— Na manhã que você tocou sua música em meu violão. Eu,
definitivamente, tive um momento insatisfeito.
— Serio? Interessante! Eu não teria adivinhado isso. É bom saber,
embora. Você meio que teve esse efeito em mim na outra noite — Ryan
admitiu.
— Quando? — Perguntei, surpresa ao ouvir aquilo.
— Segunda-feira à noite, quando você tocou. Por que você pensa que
peguei o violão da sua mão tão rápido? Eu não poderia mais pensar
direito! — Ele riu.
— Eu quase arranquei o violão da sua mão naquela mesma noite! Eu
estava pensando sobre morder seu pescoço. — Sussurrei sedutoramente.
— Ok, então, você terá que falar sobre outra coisa, pois não estou muito
bem agora — ele gemeu.
— Isso é discutível.
— Pare! — Ele implorou.
Tentei vir com uma conversa boa. Era difícil já que eu estava andando
através da loja de lingerie cheia com coisas impertinentes com babados.
— Você parece cansado — exalei.
— Eu estou. Já está sendo um novo dia e estamos filmando cenas
noturnas hoje.
— Descanse em seu trailer por um tempo — sugeri.
— Você leu minha mente — ele sussurrou. — Em algum momento entre
às três e às sete, estou desligando meu telefone para dormir.
Gastei alguns dólares em seda, cetim e renda em diferentes tonalidades.
Tem sido um longo tempo desde que me senti inclinada, por falta de
melhores termos, vestir para impressionar, então me deixar levar durante
as comprar, para ele. Minha mente vagou pela nossa conversa e imaginar
que ele estava excitado por causa disso, promoveu um monte de incentivo
para comprar ainda mais.
Também gastei mais do que eu teria gostado em dois simples, mas de
bom gosto, vestido de cocktail: um é de cetim preto com a bainha em
renda preta e o outro é de uma cor só, azul safira, apenas para o caso.
Faltavam roupas formais em meu guarda-roupa já que nunca tive uma
ocasião para me vestir, também nunca entretenho os pensamentos de sair
em público com um homem como Ryan. Eu também pensei sobre conhecer
seus pais. Isto será definitivamente uma ocasião para parecer no meu
melhor. Comprei para mim um monte de coisas então novas opções em
meu guarda-roupa.
Naquela noite, Marie trocou os canais da televisão de volta às notícias de
entretenimento, para desespero de vários dos meus clientes do sexo
masculino que estavam desfrutando, assistindo os destaques esportivos.
Meu coração afundou quando ouvi os destaques da noite.
“O fumegante amasso de Ryan em Manhattan” era tudo que eu
precisava ouvir para mandar minhas emoções em uma espiral
descendente. Imagens dele vestido em um terno, com seus braços ao redor
de alguma garota brilharam por toda a tela. Ela era jovem, atraente, e ali,
com ele, nas imagens. E então senti o ciúme queimando extremamente por
mim quando meu telefone tocou.
— Oi. O que? — Atendi. Minha voz definitivamente soou perturbada.
— Taryn? O que está errado? — Ele perguntou. — Você está bem?
— Não, não realmente — resmunguei.
— Marie ligou no Celebrity hoje à noite — murmurei.
— Devo te avisar.
— Não importa. — O dano já estava feito.
— Sim, importa! — Ele exalou. — Você não pode acreditar em nada do
que vê ou ouve sobre mim. Por favor! Você prometeu! A garota na foto e a
filha do produtor. Eu te contei que ele a trouxe ao jantar.
— Não, Ryan, pare. Apenas pare… por favor — sussurrei.
Ele soltou um suspiro pesado.
— Então por que você está tão chateada? — Ele perguntou à queima-
roupa.
Eu apenas bufei em frustração.
— Você me pediu para confiar em você. Isso vai nos dois caminhos.
— Ryan, pare. Não é por isso que estou brava. Apenas odeio como a
mídia embeleza a verdade com mentiras. Eu queria que eles não falassem
esse tipo de coisa sobre você — suspirei. Não podia me fazer falar a
verdadeira razão que eu estava chateada.
Ele sorriu suavemente.
— Tar, você sabe que isso não é verdade.
Eu sabia que ele não queria me expor, mas ao mesmo tempo, eu queria
estar ao seu lado, apoiando-o. Talvez se o mundo souber que ele tem uma
namorada, eles não vão falar mentiras. Talvez se fosse eu nessas fotos…
talvez se ele tivesse anunciado no show da manhã que ele está saindo com
alguém ao invés de negar…
— Eu sei que não é verdade. Estou tentando. É difícil não ficar com um
pouco de ciúme quando você aparece na TV com outra pessoa —
murmurei.
— Bem, se você vai ficar chateada — ele disse, imperturbável — eu
estava pensando, se você gostaria de colocar um dos seus novos vestidos,
amanhã à noite.
Sábado não podia chegar rápido o suficiente. Arranjei com Marie e Pete
para cuidar das coisas e eu estava feliz que eu não tinha nenhum
entretenimento agendado para a noite. Cory estava trabalhando hoje à
noite com Marie, então o bar estava coberto. Ryan ofereceu mandar um
carro para mim, mas eu não queria explicar ou aumentar as suspeitas de
ninguém, especialmente dos paparazzi.
Entendi que ele queria que a nossa noite começasse com um certo nível
de classe, mas ele ficou do meu lado em mantê-la secreta. Nós
concordamos que eu iria encontrá-lo no mesmo estacionamento, atrás da
fábrica de tecido, onde o deixei uma vez e nós iriamos dali.
Deslizei no meu novo vestido azul, sobre um sutiã sem alça de renda e
calcinhas de seda combinando. O vestido tem alças delicadas com detalhes
em strass, onde as tiras encontram o topo de cetim, acentuando minhas
curvas. Decidi contra as meias de nylon e optei por pernas nuas e salto
alto. Estava frio lá fora; meu vestido estaria escondido sob um casaco até
chegarmos no lugar que iríamos. Minha grande revelação teria que
esperar. Nosso destino era um jantar, mas eu não tinha ideia de onde. Isso
também, era um segredo.
Quando cheguei no estacionamento, tinha um sedan preto com janelas
pretas esperando por mim. Conforme estacionei meu carro, um homem
que eu não conhecia veio até minha porta e a abriu para mim.
— Boa noite, Srta. Mitchell. Meu nome é Richard. Sr. Christensen pediu
que eu mantenha seu carro seguro até seu retorno. — Ele segurou a mão
estendida para mim, enquanto eu saía do carro.
— Posso pegar as chaves do carro, por favor? Seu carro será entregue
aqui após seu retorno — ele assegurou. — Por aqui, por favor. — Ele fez
sinal para eu segui-lo até o sedan.
Richard segurou a porta do sedan aberta, e eu espreitei lá dentro, o
banco do passageiro estava vazio, exceto por uma rosa vermelha de cabo
longo. Meus olhos foram de volta para Richard; eu estava completamente
confusa e eu esperei que ele me desse uma explicação. Ele sorriu e fez
sinal para eu entrar no carro.
Havia dois homens sentados na frente; o motorista e um largo homem
que assumi ser segurança, mesmo que ele tivesse vestido em um terno.
— Boa noite, Srta. Mitchell — o homem corpulento cumprimentou. —
Meu nome é Anthony. Vou escolta-la em segurança para o seu destino esta
noite.
— Boa noite, Anthony — repliquei. — É bom conhecer você. — Minha
mente vagou com pensamentos de onde eu poderia parar esta noite. Onde
eles estavam me levando?
Nós nos dirigimos para o sul ao longo da costa por quase uma hora até
o carro virar de frente para o oceano. O sedan entrou na marina e parou
nas docas onde vários iates estavam ancorados. Foi então que percebi que
para o nosso primeiro encontro, Ryan fretou um iate. Inacreditável, pensei
comigo mesma conforme meu segurança pessoa abria minha porta.
— Por aqui, por favor, Srta. Mitchell.
Nós passamos por alguns iates enormes; eles pareciam ficar maiores e
maiores conforme nos aproximamos. Observei com cuidado por onde
pisava, eu estava caminhando pela doca de madeira de salto alto e eu
estava com medo de prender um salto entre as tábuas. Anthony me levou
a uma prancha que levava a bordo de um iate de nome “Day Dreamer”.
Era além de magnífico. As linhas das janelas eram pretas como a noite e
refletiam as ondas batendo nas docas. Meu coração estava batendo com
nervosismo e excitação. Eu ainda nem o vi e esse já era, de longe, o melhor
encontro que estive em minha vida.
Atravessei o passadiço para embarcar no iate e segundo meus olhos
levantaram, vi Ryan parado ali na luz do luar, esperando por mim. Ele
esticou a mão para pegar a minha; ele tinha o mais lindo sorriso em seu
rosto.
— Ei, você — suspirou e me beijou suavemente. Eu apenas sorri e
balancei a cabeça em descrença.
— O que você está pensando? — Ele me perguntou com um sorriso bobo
no rosto.
— Isso é inacreditável! — Ofeguei. — Estou sem palavras!
— Vamos entrar onde está quente. — Ele me levou pela mão, através da
porta de vidro ornamentada. Dentro da cabine, as luzes estavam
ligeiramente escurecidas, lançando um bonito tom no mármore e vidro
interior. O salão era mais elaborado do que qualquer hotel cinco estrelas
que eu jamais poderia esperar estar.
As tapeçarias e a decoração tinham todos os tons de marrom e
ferrugem, tão quentes e convidativos. Luxuriosos arranjos de rosas e
lilases adornavam as mesas, e o ar estava perfumado com sua essência.
Uma música suave e relaxante tocava no sistema de som.
— Posso pegar seu casaco? — Ryan perguntou, parando atrás de mim.
Lentamente desfiz os botões; as mãos de Ryan deslizaram a lã do meu
ombro nu. Ele entregou meu casaco para um mordomo esperando que
desapareceu rapidamente da sala.
Virei lentamente para encará-lo.
— Você está absolutamente impressionante — Ryan disse suavemente.
Ele usava um terno escuro com uma camisa branca. Era a primeira vez
que eu o via vestido assim. Ele estava recém barbeado e usava a colônia
que sempre me intoxicava.
— Você está de tirar o fôlego também! — Sorri de volta para ele.
Ele me levou para o centro do iate, onde uma magnífica escadaria levava
para as plataformas superiores e inferiores. Espelhos dourados e quadros
estavam pendurados nas paredes. Passamos por um bar ornamentado e
uma pequena galeria no nosso caminho para a proa do iate.
O salão da frente estava decorado em tons de azul e bege, com dois
sofás em semicírculos dominando a área central. A sala inteira era de
janelas, permitindo uma visão panorâmica do oceano enluarado.
Com vista para a proa tinha uma mesa de jantar de mogno maravilhosa,
situada elegantemente com dois lugares arrumados. Prata real, taças de
cristal, porcelana chinesa com um buquê alto e requintado de flores
frescas no centro; era tudo muito perfeito.
— Boa noite, Sr. O capitão gostaria de saber se vocês estão prontos para
zarpar? — Um dos mordomos do iate perguntou ao Ryan.
— Sim, por favor — Ele replicou, graciosamente.
Os motores do barco cantarolaram à vida e eu pude ver a tripulação
puxando as cordas que nos seguravam nas docas. Andei até as janelas
para ver nossa partida de perto. A lua estava quase cheia; nuvens fofas
pontilhavam o céu noturno, ocasionalmente obscurecendo a lua da visão.
Nós teríamos uma noite perfeita para estar no oceano.
Ryan parou atrás de mim; suas mãos descansaram em minha cintura e
ele beijou meu ombro nu.
— Então, o que você acha? — Ele sussurrou em minha orelha.
— Muito impressionada para um primeiro encontro! — Eu disse
entusiasmada.
— Este não é nosso primeiro encontro. Se me lembro bem, você me
levou em um barco em nosso primeiro encontro — Ryan disse. — Você tem
alguma ideia de como eu queria te beijar quando estávamos no lago?
— Eu estava pensando sobre beijar você quando estávamos no deck, na
verdade — confessei.
— Eu quase te beijei ali também — ele admitiu.
— Por que você não beijou? — Perguntei, olhando em seus olhos.
— Hesitei e você correu — Ryan suspirou, parecendo arrependido.
Em questão de momentos, estávamos em mar aberto. A lua brilhava
como um farol no céu, iluminando nosso caminho.
— Eu realmente gosto do seu vestido — ele murmurou. Sua mão
colocou meu cabelo de lado, assim ele poderia beijar suavemente meu
pescoço. Senti sua língua, seus dentes, escovando e arranhando minha
pele. Meu desejo por ele não poderia mais ser contido.
Virei em seus braços; nossos olhos se encontraram e nossos lábios
encontraram um ao outro. Suas mãos fortes me pressionaram em seu
peito. Ele me beijou apaixonadamente.
Meus dedos entrelaçaram atrás da sua cabeça enquanto a intensidade
do nosso beijo me consumiu.
Lentamente, deslizei minhas mãos na frente da sua camisa, através da
sua cintura, até meus dedos acharem os bolsos de trás das suas calças.
Um gemido suave escapou da sua boca conforme apertei minhas mãos em
seus bolsos; suas mãos quentes seguraram meu rosto para ele.
Seu beijo se tornou suave e lento. Eu poderia passar a eternidade
beijando este homem. Ryan me puxou em um abraço quente antes de
afastar meus lábios dos dele. Ele tinha um sorriso presunçoso em seu
rosto.
Nosso momento foi interrompido quando o mordomo voltou na sala.
— Desculpe-me, Sr. O jantar será servido daqui a quinze minutos. Devo
trazer uma garrafa de champanhe ou você prefere vinho?
— Você quer champanhe ou vinho antes do jantar? — Ryan perguntou.
— Você escolhe — respondi. Eu queria que ele tomasse a decisão.
— Vamos escolher a champanhe — ele respondeu.
Ryan e eu fizemos um tour pelo iate antes do jantar; descemos as
escadas para ver as vistas do deck inferior. Uma rica madeira escura e
papéis de parede desenhados cobriam o corredor que levava às cabines de
dormir. Nós espiamos nos diferentes quartos; cada quarto estava decorado
em diferentes padrões e cores.
Meus olhos, maliciosamente, encararam a porta da suíte principal,
esperando encorajá-lo a agir na calada por um momento. Ele riu para mim
antes de declarar:
— Tentador, muito tentador, mas nosso jantar esfriará!
Nosso fabuloso jantar foi servido em turnos, e eu estava muito cheia
depois do prime rib 17 . Tudo estava delicioso; senti como se tivéssemos
comigo por quatro horas.
Sobremesas teriam que esperar.
Depois de limparem nossos pratos, um homem mais velho usado um
smoking juntou-se a nós no salão. Ele sentou-se no piano de cauda que
enfeitava a bombordo e começou a tocar.
Ryan levantou e esticou sua mão.
— Dança comigo — ele sussurrou.
Ele me tomou nos braços e colocou sua mão na minha conforme ele
lentamente nos guiava na pista. Sua mão, gentilmente, acariciou a curva
das minhas costas; ele descansou as mãos entrelaçadas em seu peito.
Sussurrei em seu ouvido:
— Obrigado pelo melhor encontro da minha vida.

17 Corte com osso da ponta do contra filet extremamente saboroso e macio


Ele não comentou. Ele apenas levantou as sobrancelhas um pouco e
sorriu para mim.
Fechei os olhos enquanto nossas bochechas se tocaram e descansaram
juntas. Nossos corpos balançaram com a música. E de vez em quando,
seus lábios alcançavam os meus.
Era quase meia-noite quando o barco se aproximou das docas. Ao
desembarcar do iate, notei que a marina parecia totalmente diferente.
Anthony esperava para nos levar em segurança até nossa limusine.
Quando saímos da marina, notei que o nome na placa era diferente; esta
não era a mesma marina que embarcamos no iate e estávamos indo para o
nordeste. Ryan segurou minha mão na dele e ficamos em silêncio.
— Jogo da concha? — Murmurei.
Ryan apenas sorriu e levou minha mão aos seus lábios.
Coloquei nossas mais no meu colo e ele começou a desenhar padrões
aleatórios no interior da minha coxa com as pontas dos dedos. Eu ardia
em minha própria pele. A limusine estacionou no estacionamento vazio e
pude ver meu carro esperando com Richard o guardando. Quando
paramos completamente, o motorista e Anthony saíram. Antecipei que
minha porta abriria um momento depois, mas isso não aconteceu. Olhei
de volta para Ryan; ele parecia absolutamente adorável sentado lá,
sorrindo para mim.
— Espero que tenha tido um bom tempo hoje à noite. — Ele sorriu
confidente.
Minha mão já estava apertando a maçaneta para poder sair. Eu estava
confusa, isso era um boa noite, despedida?
— O que? — Ele perguntou, obviamente notando minha expressão.
— Não percebi que isso era o fim da nossa noite — murmurei,
adicionando uma dica de decepção no meu tom. — Pensei… — olhei para
longe. — Acho que pensei errado.
— Eu não quero que esta seja o fim da nossa noite, mas não quero
assumir qualquer coisa — ele disse suavemente.
— Pensei que era a única supondo! — Gentilmente sorri. — Vamos —
acenei — nos leve para casa.
Quando saímos do carro, Ryan parou para tirar suas malas do porta-
malas do sedan. Ele me deu um sorriso travesso, encolhendo seus ombros.
Ele era como um menino pequeno pego com a mão no pote de biscoito.
Senti-me um pouquinho autoconsciente, considerando que haviam três
testemunhas para nossa indiscrição. Ryan não parecia se importar. Ele
aliviou Richard das chaves do meu carro sem um segundo pensamento e
abriu a porta do passageiro para mim.
— Estacione no beco — instrui — assim você pode pular fora.
— Filho da pu… — Ryan resmungou. Os faróis do meu carro
iluminaram o beco, brilhando nos fotógrafos pairando pela minha porta de
trás. Rapidamente, ele engatou a ré e voltou para a rua. Ele desceu a rua
em direção à frente do pub; os paparazzi estavam parados ali também. Ele
acelerou, passando por eles, quase sem parar no sinal de pare.
Meus olhos estavam focados na raiva em seu rosto.
— Ryan, apenas encoste — sussurrei.
Ele dirigiu por alguns outros quarteirões e parou no estacionamento da
mercearia local. Ele bateu levemente seus punhos no volante.
— Ryan, estou pronta para isso, se você estiver pronto para ser visto
comigo.
Ele olhou para mim; a raiva abrandando da sua expressão.
— Os gatos vão sair das sacolas!18
— Eles já suspeitam. Eles estão lá, esperando na minha porta. Tenho
sido seguida e fotografada por toda a semana.
— Eu sei — ele sussurrou. — Eu vi as fotografias. Você está em todos os
sites dos tabloides.
— Eles tiraram minha foto quando saí ontem também. — Eu disse
lamentavelmente.

18 Algo como: “A Merda vai bater no ventilador”.


Olhei para as minhas mãos. Pensamentos dele não querendo ser visto
comigo oficialmente passaram pela minha mente. Depois de tudo, eu era
uma plebeia, uma “ninguém” em seu mundo de fama. Minhas seguranças
vieram à tona quando ele não disse nada.
— Está tudo bem. Apenas dirija para o seu hotel; eu vou sozinha para
casa. — Decepção cobria minhas palavras. Meu encontro perfeito estava se
tornando azedo rapidamente, mesmo que lá no fundo, eu entenda. —
Então você estará salvo.
— Não estou preocupado com isso. Estou preocupado com você. Sua
vida se tornará caótica, igual a minha. Os paparazzi são implacáveis! Eu
me sinto como se estivesse te atirando aos leões.
— Você não está me atirando, Ryan. Eu vou de bom grado… se você
realmente me quiser ao seu lado. Mas ainda assim, eu entendo o porquê.
Ele pegou minha mão na dele, gentilmente puxando meu braço para me
fazer olhar para ele novamente.
— Eles vão caçá-la.
— E daí? — Eu contradisse. — Eles já começaram.
— Isso não te incomoda? — Seus olhos apertaram juntos, avaliando.
— Eles são chatos, mas realmente, se algo assim me incomodar, eu não
estaria sentada neste carro com você agora. A questão é: isso incomoda
você? — Eu disse, mal soando como um7 sussurro.
— Sim, incomoda. Mas não pela razão que você está pensando! — Ele
retrucou. — Tenho medo de tirar sua liberdade.
Ele fez soar como se estivesse me sentenciando à solitária. Eu apenas
não vejo desta maneira.
Balancei minha cabeça para discordar.
— Pensei que você estivesse envergonhado em ser visto comigo —
sussurrei.
— Envergonhado? — Ele olhou para mim como se eu fosse absurda.
— É isso que você pensa? Que eu estaria envergonhado se nosso
relacionamento se tornar público?
Silenciosamente balancei minha cabeça. Ele engatou a marcha e cantou
os pneus, manobrando o carro e virando o carro.
Ryan estacionou na minha vaga no estacionamento. Os fotógrafos nos
atacaram antes mesmo de nós saímos do carro.
— Espere, deixe-me pegar minhas malas primeiro e então abro sua
porta — ele instruiu.
Fomos seguidos por todo o caminho até a porta da frente do meu pub.
As luzes dos flashes das câmeras no escuro estavam cegantes e
desorientadores. Era como encarar luzes estroboscópicas. Cometi o erro de
olhar para cima, para um deles, quando atravessamos a rua. Suas
questões incômodas nunca paravam.
Enquanto me atrapalhei para pôr a chave na fechadura, uma groupie
pediu um autógrafo ao Ryan, ao qual ele, agradavelmente, se sentiu
obrigado a dar. Fiquei surpresa que vários homens queria o autógrafo de
Ryan também. Eles estavam preparados com fotos impressas dele em suas
mãos. Lembrei de Ryan se referindo a eles como “autographers” uma vez.
Não podia abrir a porta rápido o suficiente. Ryan e eu nos apressamos
pela porta e ele a fechou com força para trancar a insanidade para fora.
Comecei a entrar em um ligeiro pânico do não achei o teclado para desligar
o alarme. Tive que piscar repetidamente até finalmente acertar o código.
Então ajustei o alarme de novo apenas para ter certeza de manter a
loucura para fora.
— Estou vendo manchas. — Estava difícil navegar pela escuridão.
Ele riu levemente.
— Eu também. Não importa quantas vezes… um deles sempre me acerta
nos olhos. — Ryan me ajudou com meu casaco, o qual ele jogou na cadeira
da sala.
— Desculpe-me pela maneira que reagi — ele disse, olhando para mim
com olhos arrependidos. — Você precisa saber que só quero te proteger.
— Eu sei. Quero proteger você também — sussurrei.
Deslizei minha mão no espaço entre sua camiseta e sua jaqueta,
roçando meus dedos em seus ombros. Não me importei que fomos caçados
pelos fotógrafos; eu queria sentir sua pele na minha. Passei meus dedos
pelos seus cabelos, beijando-o apaixonada e intensamente.
Os dedos de suas duas mãos acariciaram no espaço entre meus ombros.
Pude ouvir a batida do metal quando ele abriu meu vestido.
Ele passou seus dedos pelas minhas costas, tirando o vestido do meu
corpo. Senti o cetim quando ele pousou na minha cintura.
Seus olhos passearam por mim quando pisei fora do meu vestido.
Presumi que ele gostou do conjunto de renda que eu estava usando sob
meu vestido, combinando com meu salto alto. Sua cabeça balançou e sua
respiração estava áspera antes da sua boca aberta olhar para mim.
Desabotoei sua camisa enquanto ele tirou os sapatos e abriu seu cinto.
Meus dedos deslizaram pelo seu tórax nu, puxando sua camisa para fora
da calça. Ele estremeceu ligeiramente sob meu toque.
Em um movimento rápido ele se inclinou, pegando minha cintura com
seu ombro. Seu braço embrulhou ao redor das minhas pernas para me
segurar no lugar. Eu ri, conforme ele me carregava pelo corredor escuro
até meu quarto.
Passamos a maior parte do dia descansando na cama. Entre maratonas
de sexo e cochilos, nós tomamos banho. Nós até tivemos café da manhã na
cama.
— Então, como você lida com isso? — Perguntei, puxando os lençóis
sobre meu ombro.
— Lido com isso? — Ele olhou para mim.
— Tudo. A programação exigente, os fãs obcecados, os fotógrafos, e
ainda conseguir fazer filmes.
Ele riu silenciosamente.
— Eu, honestamente, não sei. Algumas vezes eu sinto como se estivesse
tendo uma experiência fora do corpo.
— Vamos! Conte-me! — Descansei minha mão no seu peito nu.
Ele revirou os olhos um pouco.
— Você tem uma programação para seguir, certo? Todo dia, você levanta
e vai para o trabalho ou você tem outras coisas que precisa fazer.
— Sim, mas eu não tenho pessoas gritando para mim.
— Isso não é verdade — ele insistiu. — Já vi pessoas gritando pedidos
para você muitas vezes. Eu quero sessenta bebidas misturadas e quarenta
jarras de cerveja.
— Não é a mesma coisa — discordei da sua comparação.
— Como é tão diferente? Você dirige um negócio e com isso vem
dedicação e responsabilidade. Você tem que estar na frente das pessoas,
algumas delas você não gosta ou não conhece. Mesmo assim, você sorri e
faz sua parte. Eles esperam algo de você e você tem que entregar. Se você
pensar nisso verdadeiramente, nós todos estamos atuando de um jeito ou
de outro — ele comentou. Acenei; ele tinha um ponto.
— Pegue como exemplo o meu irmão. Ele tem que viajar muito para o
seu trabalho. Ele está fora pelo menos uma semana de cada mês por uma
carreira que não gosta muito. Ele tem que estar em um avião e deixar sua
esposa, Janelle, e sua filha, Sarah, todo o tempo. Ainda assim ele faz sua
parte; ele coloca um sorriso no rosto e vai para o trabalho todo dia. Isso é o
que ele faz para viver.
— Atuar é algo que eu realmente gosto. É fácil para mim deslizar em
outro personagem e é divertido explorar como é ser outra pessoa. E está
longe de ser entediante, isso é certeza! Se eu tivesse que me sentar atrás
de uma mesa todo dia, acho que me mataria! Mas para algumas pessoas,
sentar atrás de mesas é o emprego dos sonhos. Cada um na sua, sabe?
— Mas, e sobre a pressão? — Questionei.
— O que tem ela? Cada trabalho tem sua pressão. Minha pressão só é
aumentada porque é publicada. Todos os diretores lá fora querem fazer
filmes de qualidade que ganham milhões de dólares nas bilheterias. É por
isso que eles são medidos. Sou medido pelas minhas habilidades e meu
público. Quanto maior esses números são, maior é meu salário! Se você
não tem uma atmosfera lá embaixo que traga clientes, suas vendas irão
baixar e você não faz dinheiro.
— Eu sei tudo sobre medidas. Formada em economia e negócios,
lembra? — Repliquei. — Acho que estou preocupada que a pressão pode
ser muito para você qualquer dia desses.
Ele pensou sobre meu comentário por um momento.
— Você se lembra de como você sentiu depois de cantar na frente de
todas aquelas pessoas?
— Sim.
— E como você se sentiu?
— Petrificada e me fiz de boba.
Ele sorriu para mim.
— Okay e quando você tocou a mesma música na frente das pessoas
semana passada, algumas delas que você mal conhecia, como você se
sentiu então?
— Foi fácil. Não estava preocupada.
— E por que isso?
— Porque eu sabia que poderia fazê-lo.
— Você tinha confiança. Acho que é a mesma coisa para mim. Quanto
mais eu atuo, mais confiança eu tenho nas minhas habilidades.
— Sim, mas você pode ter toda a confiança do mundo e ainda cavar na
pressão — estressei.
— Sim, eu sei. E me sinto assim alguns dias. Você sabe disso. Mas eu
também tenho um milhão de razões para lidar com isso, milhões. — Ele
sorriu.
— Então, tudo se resume a dinheiro? — Murmurei.
— Bem, todos nós temos que ganhar a vida de algum jeito! Minha mãe
foi a única que me disse para me juntar ao clube de teatro e meu pai foi o
único que me disse para arrumar um emprego. Eu os culpo!
Seu comentário me fez rir.
— Você sabe quantos anos a maioria das pessoas têm que trabalhar
para ganhar o que ganho em seis meses? Um filme… milhões.
— Sim, mas tem uma diferença entre estar confortável e ser ganancioso.
Você está esperando ser um destes mega ricos e megaestrelas um dia?
Sabe, aqueles que só tem um nome agora? Brad? Tom?
Um tom de susto me atingiu quando imaginei se ele iria me largar pela
estrada para que ele pudesse ser a outra metade de um mega casal. Eu
tinha um montante confortável no banco, mas eu estava longe de ser
mega.
— Espero pegar essa carona o máximo que eu puder. Quem sabe, talvez
um dia eu não queira fazer mais isso. Tem algumas outras maneiras para
mim ser um artista. Às vezes, olho para o meu irmão e o invejo pelo que
ele tem, uma vida normal e uma família. Esta é uma das razões do porquê
estou aqui com você. Você é minha paz em toda essa loucura.
— Oh, eu vejo. Sou apenas paz para você — acusei, brincando.
— Não foi isso que eu quis dizer e você sabe! — Ele me fez cócegas.
— Então, o que você mais gosta sobre atuar? — Perguntei.
Ele descansou sua cabeça em sua mão e olhou para mim sério.
— Você quer saber por que gosto de ser ator? É realmente divertido.
Ok… imagine isso… na próxima vez que você servir uma cerveja, quero
que pareça furiosa. Segure esse olhar em seu rosto, certifique-se de olhar
para a câmera, então ande cinco passos até sua marca e entregue a
cerveja a seu cliente. Espere até tomar um gole e então diga suas falas. É
assim complicado.
— Quais são as minhas falas? — Perguntei.
— Oh, você realmente quer fingir? Ok. — Ele se apoiou em seu cotovelo.
— Suas falas são: pensei sobre matá-lo por um longo tempo, Joe. Hoje, eu
finalmente vou realizar meu desejo.
— Qual é minha motivação? — Questionei, tentando colocar na minha
mente.
— Joe matou seu parceiro… eu não sei! Pense em algo que te chateie.
Sentei e embrulhei os lençóis ao redor do meu corpo. Era difícil fingir e
estar nua ao mesmo tempo.
— Ei, o que está fazendo? — Ryan perguntou, tentando arrancar os
lençóis da minha mão. — Eu gosto desta vista!
Brincando, bati em suas mãos.
— Eu preciso de foco!
— O roteiro diz que é uma cena nua — ele insistiu, puxando o lençol. —
Apenas ignore as câmeras — ele provocou.
Revirei meus olhos. Lutar com ele era uma causa perdida.
Pensei em confrontar o idiota que esmagou minha janela com uma
pedra, como eu gostaria de quebrar sua janela com uma pedra. Olhei para
Ryan e continuei o encarando.
— Pensei sobre matar você por um longo tempo, Joe — eu disse
friamente. — Estou feliz que hoje eu vou, finalmente, realizar meu desejo.
O que você está bebendo não é cerveja. É veneno. Se você me disser onde
ele está, eu talvez lhe dê um antidoto.
Ryan brilhou um grande sorriso para mim.
— Isso foi muito bom! Gostei do improviso!
Apenas continuei o encarando, esperando que ele brincasse de volta.
Sua expressão feliz desapareceu quando continuei dando-lhe um olhar
sujo.
Ele fingiu pôr algo na boca.
— Você esquece, pêssego, que minha agência desenvolveu esse veneno.
Desculpe desapontar você, mas não vou morrer hoje. Você, por outro
lado… — Ele levantou-se e me prendeu à cama. Seu corpo montou o meu;
suas mãos seguraram meus pulsos no colchão. Sua atuação agressiva
realmente me excitou.
— Eu posso estar inclinado a deixá-la viver — ele disse, persuasivo. —
Mas tudo depende do que você está disposta a fazer pelo seu país.
— Eu nunca vou dar para você, Joe! — Eu disse com convicção e me
contorci sob seu controle. — Você pode ser forte o suficiente para levar o
meu corpo, mas meu coração pertence a Ryan.
Ele se inclinou e me beijou apaixonadamente. Eu não sabia se ainda
estávamos atuando ou se ele estava sério, mas seu beijo era
definitivamente sério. Ele soltou meus pulsos e entrelacei meus dedos em
seu cabelo e sua língua na minha.
— Pensei que seu coração pertencia ao Ryan? — Ele riu
silenciosamente.
— E pertence. Assim como o resto do meu corpo.
— Hum! — Ele mostrou seu glorioso sorriso para mim. — É bom saber!
Agora vire-se, assim posso gravar minhas iniciais aqui.
Deixei escapar um grito quando ele agarrou meu traseiro.
CAPÍTULO QUINZE

JANTAR
— Precisamos sair da cama e nos vestir — Ryan disse, olhando a hora.
— Você está louco? — Perguntei. — Pensei que o plano era ficar na
cama o dia todo? — Eu estava surpresa que ele quisesse ir a algum lugar.
Ele de todas as pessoas!
— Não podemos. Nós temos planos para o jantar hoje à noite. — Ele
estava sorrindo de um jeito que me preocupou.
— Nós temos? — Eu estava confusa. Ele não mencionou planos para o
jantar o dia todo. Pensamentos de outro iate vieram à mente.
— Sim. Fomos convidados para jantar por Cal e Kelly e eu disse a eles
que eu te arrastaria — ele disse, puxando minha mão para me arrastar da
cama.
— Mas, mas… — choraminguei. Eu realmente queria ficar na cama e
evitar fotógrafos que estavam à espreita.
— Prometo, ficaremos na cama o dia todo amanhã se deixá-la feliz. —
Notei o sarcasmo em sua voz.
— Oh, sim, como se não fosse deixá-lo feliz também! — Eu lhe dei um
empurrão de leve. Ele me agarrou pela cintura e me tirou do caminho,
assim ele pôde sair pela porta primeiro, rindo em seu caminho para o
banheiro.
Eu havia acabado de deslizar um top pela minha cabeça quando Ryan
veio de volta do banheiro.
— Legal! — Ele disse. — Calças são opcionais esta noite?
— Não estou usando calças esta noite. — Coloquei um vestido de malha
cinza chumbo por cima do meu top. O vestido desce até o meio das minhas
coxas e tem um decote em V profundo e um capuz. Era uma nova adição
ao meu guarda-roupa.
Puxei o zíper da minha bota de camurça preta de salto alto para
terminar o visual.
Ryan olhou para mim de maneira estranha.
— Está tudo bem? — Perguntei ansiosa, preocupada que ele não
aprovaria. Eu sabia que os paparazzi estavam esperando lá fora para tirar
nossa foto.
— Sim, muito! — Ele concordou. — Você está adorável. Muito sexy.
Ryan vestiu seu estilo assinatura, uma camisa de manga comprida
cinza escuro sobre uma camiseta branca e jeans. Nós meio que estávamos
combinando.
— Espere, antes de irmos, tenho algo que ficará ótimo com sua roupa.
— Ele abriu sua mala. Ele ponderou por um momento, certificando-se que
tinha o pacote certo antes de me entregar um lindo saco de presente.
— Aqui, isto é para você. Comprei uma coisinha para você quando eu
estava em Nova York. — Seu rosto mostrou antecipação.
— Ryan! — Olhei para ele com amor, surpresa que ele me comprou um
presente.
— Vamos! Abra! — Ele me apressou.
Espiei dentro do saco; aninhado em um bonito papel de seda tinha uma
caixa de joias. Ele me encarou esperançoso quando levantei a tampa da
caixa. Dentro havia um colar de prata com dois corações de diamantes
juntos, um dentro do outro.
Olhei para ele, aturdida.
— Ryan, ah meu deus! Isso é absolutamente lindo! — Sussurrei,
tocando o pingente com a ponta do meu dedo.
— Notei que você gosta de usar prata ao invés de ouro, então optei por
ouro branco. Aqui, deixe-me ajudá-la a colocar. — Ele tirou a delicada
corrente da caixa.
Levantei meu cabelo assim ele poderia fechar o fecho. Enquanto ele
lutava com a delicada corrente, meu nervosismo fez meu coração bater
mais forte. Senti suas mãos descansarem nos meus ombros quando ele
terminou. Ele pressionou seu peito nas minhas costas.
— Gostou? — Ele sussurrou sedutoramente em minha orelha. Senti sua
respiração quente na minha pele conforme ele traçava a ponta do seu nariz
pelo meu pescoço.
— Eu amei — suspirei, inclinando a cabeça ainda mais para desfrutar
de seu carinho. — Você não deveria ter feito isso. — Seu gesto me
surpreendeu completamente. Virei-me em seus braços.
Ele sorriu para mim e encolheu os ombros levemente.
— Eu queria. Você parece linda usando meu coração.
— Obrigado! — Alcancei-o para beijá-lo.
Ele pegou o saco do presente da cama e o entregou para mim.
— Tem mais uma coisa aí dentro.
Olhei para ele, perplexa. Cavei dentro do saco e achei outra caixa preta
de joias nos papéis de seda. Essa era pequena. Senti toda a cor drenar do
meu rosto.
Abri a tampa da caixa lentamente. Engasguei quando tive a visão dos
espetaculares brincos de diamantes, também de ouro branco. A partir do
gancho, uma fileira de diamantes abria caminho para o diamante solitário
pendurado abaixo. Os diamantes tinham pelo menos um quilate cada um.
— Isso é muito — suspirei. Eu estava subitamente tonta. — Não posso
aceitar isso.
— Você não gostou deles? — Seu rosto torceu com preocupação.
— Eles são lindos! — Encarei-os, observando os diamantes brilharem na
luz. — Mas não posso aceitá-los. É demais. Você não deveria ter gasto… —
eu apenas poderia imaginar quão caro, brincos assim, custavam. Seus
dedos cobriram meus lábios.
— Se você gosta, coloque-os. Eles são seus.
Encarei a caixa, incapaz de mover meus dedos. Jantar em um iate,
diamantes… era demais. Este homem parado na minha frente não estava
aqui porque é rico e famoso. O único presente que quero dele é a única
coisa que seu dinheiro e fama não podem nunca comprar: que ele seja
meu amor verdadeiro para sempre.
Fechei a caixa bruscamente e a entreguei para ele.
— Não posso. Um presente é mais do que suficiente. Por favor. —
Balancei a caixa para ele pegar da minha mão.
— Você gostaria de outra coisa? Posso trocá-los por um bracelete ou
algo. Apenas me diga. — Ele tentou ser prestativo.
— Não — sorri gentilmente. — Eu não quero qualquer outra coisa. Por
favor. Este pingente é mais do que suficiente.
Ele pareceu confuso, seus olhos alternando-se entre me questionar e
olhar a pequena caixa preta em sua mão. Ele deu de ombros e ficou um
pouco irritado.
— Eu não vou nem fingir que entendo isso.
— Ele enfiou a pequena caixa na minha cômoda.
Fomos instantaneamente fotografados no momento que abrimos a porta
da frente. Ryan e eu nos apressamos pela rua até meu carro; praticamente
corremos. Desejei que eu tivesse uma vaga mais perto, mas meu prédio é
muito perto da praia e a maioria dos prédios nunca tinham
estacionamentos.
Ryan pegou as chaves do meu carro em suas mãos e de vez em quando,
senti seus dedos tocando minhas costas quando eu não andava rápido o
suficiente. Conforme atravessamos a rua, fomos cercados por umas trinta
pessoas. Tinha fotógrafos e pessoas nos filmando, nos cegando com
flashes de luz. As câmaras clicavam fervorosamente.
Misturado à multidão haviam vários homens implorando a ele que
assinasse fotos impressas e algumas fãs obsessivas. Eles apenas o
perseguiam. Uma garota com cabelo castanho chateado agarrou a manga
da jaqueta de Ryan, fazendo-o se desequilibrar.
— Ei! Por favor, não me toque! — Ryan gritou, sacodindo seu braço. —
Qual é, isso não é legal! — Todo mundo implorou por fotografias e
autógrafos.
— Ryan, Ryan, aqui! — As palavras eram entoadas uma e outra vez
pelas diferentes ameaças intrusivas que nos atormentavam.
Olhei para cima para ver o rosto de alguns dos seus fãs; eles eram na
maioria jovens garotas — vinte e poucos anos — mas também tinha
algumas mulheres mais velhas. Mesmo que ele estivesse comigo, não
importava. Era como se eu nem estivesse lá. De uma maneira torcida, eu
estava realmente feliz que os fotógrafos nos cercaram; eles providenciaram
uma barreira entre nós e as mulheres admiradoras.
Procurei no estacionamento por tempo suficiente para ver meu carro,
mas algo estava muito errado; diferentes tons de cores branca, vermelha e
rosa escuro se destacou contra a tinta preta forte. Quando chegamos perto
suficiente, fiquei aliviada, mas agora zangada; meu carro estava coberto
com bilhetes de amor, cartões e todo o tipo de papéis. Bilhetes para ele
foram presas nas maçanetas e debaixo dos para-brisas. Meu para-brisas
estava cheio de lixo. Rapidamente limpei o lado do passageiro enquanto
Ryan retirava os papéis do lado do motorista e jogava tudo no chão.
Pulei dentro do carro o mais rápido que pude e tranquei a porta atrás de
mim. A multidão era terrível. A mesma garota que agarrou o braço dele,
aquela com o cabelo castanho, longo e cacheado, pressionou suas mãos na
janela do motorista, gritando “eu te amo” para o Ryan. Notei que ela tinha
uma grande lacuna em seus dentes da frente. Essas pessoas eram
assustadoras e doentes.
Ryan olhou por cima do ombro para dar ré no meu carro, mas
estávamos cercados pelas pessoas por todos os lados. Tentei cobrir meus
olhos com as mãos para bloquear os flashes das câmeras; os fotógrafos
eram implacáveis.
— Eu devia ter chamados os seguranças — ele murmurou sob sua
respiração. — Isso é ridículo para caralho. Movam-se!
Ele continuou dando ré na vaga até a multidão finalmente se separar o
suficiente para ele conseguir sair.
Mesmo quando saímos dirigindo da vaga, os fotógrafos correram junto
com o carro, tirando fotos nossas. Ryan levou o carro para rodovia e
apertou o acelerador; os pneus cantaram por causa da força. Ryan parecia
que havia acabado de roubar um banco; sua expressão era uma
combinação de pânico, frustração e raiva.
— Você está bem? — Ele quase gritou comigo.
— Estou bem — Fiquei calma, olhando para ele. — Como esta você?
Ele balançou a cabeça e soltou uma lufada de ar.
— Ina-porra-creditável!
Isso foi exatamente ao que eu estava me referindo de manhã, na cama.
Como ele podia lidar com essa loucura todo o tempo? Hoje, certamente,
não foi a primeira vez que algo assim acontecesse. Em qual momento você
diz a você mesmo que o dinheiro e a fama não valem a pena?
Mesmo que eu estivesse pensando nisso, eu não disse uma palavra a
ele. Eu sabia que ele estava fora de si; era claro que a confusão estava
causando estragos em seu cérebro.
— Como chego na interestadual daqui? — Ele perguntou
animadamente.
— Vire à direita em três faróis. — Tentei permanecer calma. — Você tem
o endereço deles?
Ryan pisou nos freios e virou rapidamente indo através de um dos
bairros. Agarrei o assento com uma mão e o descanso da porta com a
outra, enquanto ele dirigiu o meu carro pelas ruas.
— Estamos sendo seguidos — ele rosnou. — Não me deixe entrar em
nenhuma rua sem saída!
Meu coração estava martelando e eu estava ligeiramente petrificada.
— Taryn! — Ryan gritou. — Para onde?
— Esquerda — respirei.
Ele me entregou um pedaço de papel que tirou do bolso do seu casaco.
— Aqui é onde temos que ir. Guie-me.
— Vire à direita no posto de gasolina. Ali, vire na 103. Vê a placa?
Ryan acenou. Seus lábios estavam apertados. Eu podia dizer que ele
estava fervilhando.
— Ryan, está tudo bem. Não tem ninguém atrás da gente — sussurrei,
dando um tapinha em sua coxa. Assim que eu disse, uma grande SUV
virou a esquina.
— Errado! — Ele berrou, fazendo uma curva à direita, passando pelo
farol vermelho.
— Vire à esquerda e depois à direita e pegue a 103. É uma rodovia.
Senti o carro acelerar ainda mais.
— Ryan… — suspirei e deslizei minha mão em sua perna. Estávamos
indo a 144 Km/hora.
— Estou apenas tentando colocar alguma distância entre nós — ele
murmurou. Seu tom ainda estava irritado. Olhei por cima do meu ombro,
pela janela traseira.
— Ainda estamos sendo seguidos?
— Não sei se eu os perdi, mas não vou dar nenhuma chance.
Coloquei o endereço no sistema de navegação; logo, o computador
estava lhe dando direções. Ele soltou uma grande quantidade de ar; notei
que ele se acalmou um pouco. Ele abaixou o velocímetro para 120 km/h.
— Você está bem, amor? — Perguntei.
— Sim, estou bem. — Ele sorriu para mim brevemente e então apertou
minha coxa.
Durante os próximos dez minutos de completo silêncio, pensei sobre
todo o lixo que removemos do meu carro e como ficou lá jogado no
estacionamento. Mesmo que eu não quisesse saber o que as fãs têm a
dizer, o fato de que os bilhetes estão lá por toda minha vaga alugada por
mim, me incomodou.
— Ryan, quando voltarmos hoje à noite, preciso pegar todo aquele papel
no estacionamento. Aquela vaga não me pertence; tenho que pagar uma
taxa mensal para estacionar dela e não posso deixar meu lugar todo
desarrumado daquele jeito.
Ele acenou para mim.
— Vou cuidar disso. — Com uma chamada, ele fez arranjos para Jason
limpar tudo.
— Obrigado — sussurrei.
Ele perdeu o aperto no volante.
— Você falou com Marie para cobrir o bar enquanto meus pais estiverem
visitando?
— Ainda não — repliquei. Eu vinha enrolando com essa conversa.
— Tar, por favor. Você pode tirar uns dias de folga? — Ele implorou. —
Eu, finalmente, tenho um fim de semana normal e realmente quero você
comigo.
— O que você está planejando? — Perguntei, imaginando como eu
estaria em dois lugares ao mesmo tempo.
— Eu não sei — ele respondeu. — Eu estou esperando que você possa
ter algumas ideias. Quero levar todos nós para jantar na sexta à noite
embora, algum lugar muito legal para o aniversário da minha mãe. Você
tem alguma sugestão de onde podemos levá-los?
— Conheço alguns restaurantes legais.
— Apenas um pedido… algum lugar fora de Seaport — ele adicionou.
— Será que eles já estiveram em Boston? Não é tão longe daqui. Tem
algumas coisas que podemos fazer em Providence, também — sugeri,
pensando que seria fácil viajar de dia e ainda trabalhar no bar à noite.
— Eu sei o que eu quero fazer neste fim de semana — seu tom era
malicioso.
— E o que seria isso?
— Eu adoraria levar meus pais para o lago. — Ele olhou para mim e
levantou as sobrancelhas. — Adoraria levar meu pai no barco. Podemos
fazer isso? — Ele estava tão excitado.
— Ryan, é Halloween. Eu tenho bandas agendadas. É um dos melhores
finais de semanas do ano. Deixe-me ver se posso arranjar cobertura para o
pub primeiro, ok?
Dirigimos pela costa por quase meia hora, então viramos em um
condomínio fechado à beira-mar. Fiquei aliviada ao ver seguranças e um
grande portão de metal bloqueando o resto do mundo. Nunca soube que
tínhamos condomínios fechados tão perto.
As casas eram as típicas casas de praia históricas, todas construídas
juntas. A casa que Cal e Kelly alugou estava a apenas três casas longe da
praia.
— Isso deve ser muito legal no verão. — Sorri para Ryan.
— Sim, que pena que é outubro — ele disse, concordando. Eu estava
feliz de ver que ele era quase ele mesmo de novo.
Ele abriu a minha porta e segurou minha mão quando andamos da
calçada até a porta da frente.
— Olá, pessoal, entrem! — Cal nos cumprimentou e pegou nossos
casacos.
Atrás dele, a mais adorável garotinha com um longo cabelo loiro veio
correndo pelo corredor. Ela se escondeu atrás das pernas do seu pai.
Espiei atrás de Cal e sorri para aquela bonitinha.
— Oi — eu disse suavemente, agachando para ficar no seu nível. — Você
deve ser Cami!
Ela sorriu e escondeu o rosto.
— Cami, você está tímida? — Cal perguntou, cutucando sua cabeça.
— Oi! — Kelly disse, juntando-se a nós na porta. — Estou feliz que
conseguiram! — Ela me deu um grande abraço.
— Muito obrigado por nos convidar. — Retornei seu abraço.
— Whyin! — Cami apontou Ryan. Devagar, ela saiu detrás das pernas
de Cal.
— Vêm aqui você! — Ryan pegou-a e beijou sua bochecha antes de girá-
la em seus braços e fazer cócegas em sua barriga. Sua gargalhada era
preciosa. Eles, obviamente, se conheciam muito bem.
Andamos através da entrada e pelo hall até a grande sala da família que
delimitava uma cozinha enorme. Algo cheirava muito bem. A casa era
decorada em tons de branco, azul e bege com toques de conchas e estrelas
do mar; típico para uma casa alugada na praia.
— Como foi o passeio? — Cal perguntou ao Ryan.
Ryan colocou Cami no chão e olhou para mim antes de responder.
— Foi um pouco louco, mas nós conseguimos. O carro da Taryn estava
coberto com bilhetes. — Ele olhou para mim como se fosse culpado de
algo.
— Tá brincando?! — Cal disse. — Como o…
— A população estava esperando por nós quando voltamos da marina
noite passada, eles estavam nas duas portas. E então, quando saímos para
vir aqui, as fãs estavam esperando também. Os paparazzi até nos
seguiram por alguns quilômetros.
Cal olhou para mim imperceptivelmente.
— Como ela foi? — Ele sussurrou para o Ryan, mas ainda pude ouvi-lo.
— Ela foi ótima. Eu fui aquele que pirou!
Mesmo que eu estivesse interessada na sua conversa, eu estava
distraída por um de olhos azuis e uma Barbie nua me encarando.
— Isso é uma boneca Barbie? — Perguntei à Cami.
— Uhuh, quer ver? — Ela entregou a boneca para mim.
— Olá, Barbie, meu nome é Taryn. É muito bom conhecê-la!
Cami riu.
— Seu nome não é Barbie! Seu nome é Dora!
— Dora? Que nome lindo! É muito bom conhecer você, Dora. Dora,
Dora, Dora, a aventureira. — Cantei, fazendo Cami rir para mim de novo.
— Como você conhece a música da Dora? — Kelly perguntou enquanto
Cami corria para a entrada.
— Não tem muita coisa passando na TV às duas da tarde. Algumas
vezes, prefiro assistir desenhos animados do que as outras opções.
Dois minutos mais tarde, Cami correu de volta com outra Barbie nua
em sua outra mão.
— Aqui, você será a Bela e eu serei a Dora.
Peguei a Barbie nas minhas mãos e girei ao redor dela.
— Cami, não seja uma peste! — Kelly gritou da cozinha.
— Vamos, Cami, vamos levar nossas bonecas em uma aventura. — Levei
a boneca para o balcão da cozinha, onde várias cadeiras grandes estavam
prontas.
— Então Bela, a mamãe precisa de ajuda na cozinha?
— Não, obrigado, Bela. O jantar está quase pronto — Kelly replicou. —
Será que Taryn já precisa de uma taça de vinho?
Respondi com uma piscada e um aceno.
— E quanto ao G.I. Joe ali? Você e o Ken Malibu precisam de drinks? —
Kelly provocou.
Puxei uma das cadeiras e minha pequena amiga estava bem ao meu
lado.
— Quer sentar no meu colo? Nós podemos de brincar com as bonecas
aqui!
Cami apenas balançou a cabeça como se estivesse em transe.
Brincamos com as duas bonecas no balcão,
— Você sabe, Cami, quando eu tinha sua idade, eu amava brincar com
as Barbies também. Eu podia ficar em meu quarto por horas, construindo
casas e levando minha Barbie para dar uma volta em seu carro.
— Você?
— Uhuh! Mas minha Barbie tinha roupas. O que aconteceu com suas
roupas, Dora?
— Dora vai tomar um banho — ela me contou com naturalidade. — E
então, e então, e então, e então, ela vai escovar os dentes. Vê? Assim.
Abra. — Cami abriu sua boca.
Enquanto a adorável garotinha me mostrava seus dentes, um pequeno
ruído saiu do seu traseiro.
— Oops! — Ela riu.
— Você sentou em um rato? — Perguntei.
— Não, eu peidei — ela anunciou a todo mundo.
Eu não podia parar de rir. Cal a pegou do meu colo.
— Peça desculpas à Taryn! — Ele disse entre risadas.
— Desculpe — ela disse em sua linda voz.
— Está tudo bem, querida.
— Vamos. Vamos ver se uma pequena garota precisa ir ao banheiro. —
Cal a levou pelo corredor.
Ryan parou atrás de mim, esfregando meus ombros e rindo do que ela
fez.
— Ela fez isso comigo uma vez. Lembra disso, Kelly? Quando estávamos
filmando o primeiro filme, eu a tinha sentada em meu colo, estava fazendo
cócegas nela e ela mijou em mim.
— Ryan, isso foi tão engraçado, nenhum de nós jamais poderemos
esquecer isso. E acredite, é um rito de passagem, uma vez que você se
torna um pai. Eu não acho que tenha uma mãe ou um pai no planeta que
não foi mijado, cagado ou vomitado.
— Bem, sua filha fez xixi em mim e minha sobrinha Sarah vomitou
poderosamente em mim… acho que só tem mais um rito de passagem para
mim, huh? — Ryan riu.
— Não é oficial até que você tenha sua própria criança — Kelly corrigiu
as suposições de Ryan.
— Você quer dizer que todas essas vezes não contaram? — Ryan gemeu.
Cami veio correndo pelo corredor e correu direto para minha perna. Eu
a levantei e a sentei de volta em meu colo.
— Você está melhor agora?
Ela balançou a cabeça.
— Eu fiz cocô.
— No pinico como uma menina grande? — Perguntei. Ryan enfiou sua
cabeça acima do meu ombro para participar da nossa conversa.
— Uhuh. E, e, e meu pai… ele limpou meu traseiro.
— Ele limpou? Que pai legal! — Eu disse animadamente.
— Quer ver meus brinquedos?
— Vamos jantar primeiro, Cami — Kelly disse, tirando a garotinha do
meu colo. — Desculpe por isso. Não pude encontrar ninguém para ficar
com ela.
Acenei com a mão e sorri.
— Não se preocupe com isso.
Nós todos tomamos nossos lugares na mesa de jantar. Cami insistiu em
sentar-se perto de mim. Ela era minha nova melhor amiga.
— Nós vamos nos divertir mais tarde, prometo — eu disse á Cami. —
Mas primeiro, temos que pôr alguma comida gostosa em nossas barrigas.
Então, talvez você possa me mostrar seus brinquedos.
— Oh, lindo! — Cami pegou meu novo colar em sua mão. — Corações!
Posso tê-lo?
— Cami, não. Isso não é seu — Kelly repreendeu.
— Eu acho que é lindo também! — Sussurrei para Cami. — Eu gosto da
maneira que brilha! — Olhei para Ryan e sorri. Ele estava sorrindo para
mim novamente.
Cal e Kelly cobriram a mesa com uma variedade de comida que cheirava
de modo divino. Era quase muito bonito para comer.
— Kelly, está tudo delicioso — cumprimentei, provando um pedaço de
cada coisa.
— Obrigado! Cal e eu fizemos aulas de culinária com um amigo nosso
que é chef. Normalmente, nós só temos macarrão com queijo de caixinha,
mas é legal cozinhar assim de vez em quando.
Cami não comeu; ela queria um sanduiche de manteiga de amendoim
no lugar, mas ela não ia conseguir um.
Peguei um pouco de sua comida no garfo e fingi que ia comer. Ela abriu
a boca para mim e a fiz comer o garfo cheio.
— Essa foi uma boa mordida! Minha vez! — Não me importei que os
outros três adultos na mesa me encaravam. Minha brincadeira fez a
garotinha comer seu jantar.
— Taryn, acho que temos que levá-la para casa conosco. Ela não come
assim, desde, bem, não me lembro a última que ele teve esse apetite. —
Kelly parecia espantava.
— Desculpe, não posso deixá-la fazer isso — Ryan interviu. — Ficaremos
na costa leste, onde as coisas são normais.
A comida que eu tinha em minha boca, de repente, ficou muito difícil de
engolir. Eu ouvi isso direito?
Desejei poder cuspir a comida em meu guardanapo, assim eu poderia
respirar, mas eu não queria ser rude. Tomei um grande gole de vinho para
molhar a comida na minha boca; esperando que isso me ajudaria a
engolir. Eu realmente queria suspirar em profundos goles de ar. Nós…
ficaremos… costa leste… nós… puta merda.
— Mais! — Cami gritou para mim, trazendo minha atenção de volta para
mesa. Sua pequena boca estava bem aberta, igual a um bebê pássaro.
Coloquei outra garfada em sua boca.
Depois daquele comentário, não consegui comer mais. Eu estava
enlouquecendo, atordoada, pensando em nós… costa leste… crianças…
ritos de passagem… pequenos bebês de olhos azuis…
Uma vez que todos terminamos de comer, ajudei Kelly a limpar a mesa,
enquanto os homens levaram Cami à sala da família para mantê-la
ocupada. Eu estava raspando um prato no lixo quando Kelly me
perguntou:
— Você está bem?
Pisquei algumas vezes, embrulhando meus pensamentos ao redor das
suas palavras.
— Sim, por quê?
— Você ficou realmente quieta. Imagino que seja pelo que Ryan disse?
Sorri.
— Kelly, a cada vez que ele diz nós… — respirei fundo.
Ela sorriu para mim e sussurrou:
— É bom estar apaixonada, não é!
— Sim, é mesmo!
Nós todos sentamos à mesa de jantar e conversamos; Cami estava
sentada no meu colo e estávamos colorindo um livro com giz de cera. Eu
estava tendo uma explosão, tentando ter os diferentes tons de roxo para
misturar nas pétalas da flor que estava colorindo.
— Essa é sua obra-prima? — Ryan provocou Cami.
— Whyin19, não toque! — Ela o censurou.
— Outra boa coisa sobre Pensilvânia: é onde eles fazem giz de cera —
Ryan declarou.
— E Yuengling lager20 também — adicionei.
— Philly cheesesteaks21 — Ryan continuou.
— Will Smith é da Filadelfia — Cal contribuiu.
— Pittsburgh Steelers e os Pens — Ryan e eu adicionamos juntos.
Levantamos nossos punhos fechados e batemos um no outro.
— Vou levar você a um jogo de hockey. Vou checar para ver quando os
Pens estarão jogando em casa e vamos — ele disse para mim.
— Não terá que torcer meu braço para me levar! — Sorri para ele.

19 Esta é a maneira como a garotinha diz: Ryan.


20 Cerveja americana.
21 Sanduíche de carne, pimentão, cebolas e queijo derretido.
— Ei. — Cami tocou minha bochecha para ter minha atenção.
— Taryn — eu disse meu nome.
— Tawyn — ela repetiu. — Você pinta a grama também. Use esse verde.
— Posso pintar também? — Ryan perguntou.
— Não — Cami respondeu rapidamente. — Taryn e eu pitamos. Você
espera sua vez.
Comecei a rir. Crianças são honestamente brutais.
Ryan fingiu fungar e agiu como se começasse a chorar.
— Acho que você feriu os sentimentos de Ryan — sussurrei em sua
orelha.
Cami olhou para Ryan e fez beicinho.
— Whyin, não chora. — Ela colocou o giz de cera para baixo. — Eu
seguro você. — Ela se inclinou para ele e ele a puxou dos meus braços.
Meu coração derreteu assistindo-o abraçá-la, enquanto meus
pensamentos foram em imaginá-lo segurando nosso filho, um dia. Ele será
um grande pai.
Deslizo o livro de colorir e os giz de cera na frente dele, assim ele poderia
ter sua vez. Ela pulou em seu colo e pegou seu giz vermelho de volta em
sua pequena mão. Não pude evitar sorrir.
Era quase nove horas e já passara o horário de dormir da Cami quando
Kelly anunciou que ela diria boa noite a todos. Ela estava tão quieta
sentada no colo de Ryan, cuidando dos seus negócios e apenas colorindo
que você mal notava que ela estava ali.
Ela começou a chorar quando Kelly a pegou. Ryan deu um beijinho em
sua bochecha. Eu tive que lhe dar um abraço; ela pediu.
— Boa noite, doce princesa. Verei você logo, prometo — sussurrei para
ela. Ela me beijou na bochecha.
— Acho que terei que ligar para Mike hoje à noite, antes de sairmos —
Ryan disse ao Cal. Ele coçou a testa. Eu sabia que o incomodava, pensar
em ligar para o segurança pessoal.
Pousei minha mão em seu braço.
— Por que nós não fazemos um test-drive primeiro para ver quão ruim
está? Se a multidão estiver muito grande vou chamar a polícia. Nós temos
leis sobre vadiagem e estou longe de estar feliz que meu apartamento foi
vandalizado.
— Ouvi sobre isso — Cal disse. — Sinto muito que sua janela foi
quebrada.
— Obrigado. Felizmente fui capaz de substituir a janela imediatamente.
O logotipo será adicionado no vidro essa semana. Uma coisa é certa, não
importa onde eu viva, minha casa terá um sistema de segurança. Apenas
saber que eu tenho torna mais fácil dormir à noite.
— Ah, sim, é obrigatório — Cal declarou. — Nós temos um intrincado
sistema ligado em nossa nova casa em Malibu. Sensores de movimento e
sensores de jardins; nós temos tantos sensores que não sei o que metade
deles faz. Ryan, você vai precisar disso e de um monte de Rottweilers ao
redor da sua casa.
— Preciso conseguir uma casa primeiro — Ryan admitiu. — Tenho
vivido com uma mala por tanto tempo, que não sei mais como é estar em
casa.
— Você devia pensar sobre comprar um lugar. Você não estará nos
holofotes para sempre — Cal avisou.
Notei os olhos de Ryan brilhando para mim e então de volta para o livro
de colorir, girando sob seus dedos.
— Tenho pensado muito nisso, mas não tenho certeza de onde quero me
acomodar ainda.
— No lago — murmurei, colocando os gizes de cera de volta na caixa.
— Com um deck para barcos — ele sorriu para si mesmo.
— Cercado por madeira — adicionei.
— Talvez cultivar algumas uvas. — Senti seu pé bater no meu debaixo
da mesa.
— Observar as folhas mudarem as cores do deck. — Bati de volta.
— Uma grande casa de fazenda… ou talvez uma cabana de madeira bem
legal? — Ele meditou, levantando a sobrancelha para mim.
Encolhi os ombros. Qualquer estilo me convinha.
— Lareira de pedra na sala. — Deslizei o livro de colorir de debaixo dos
seus dedos e folheei como uma revista.
— Talvez uma no quarto principal também? — Ele questionou,
mastigado o polegar. — Com um enorme banheiro azulejado?
— Com um gabinete antiderrapante no banheiro? — Não podia esconder
mais meu sorriso. Ryan sorriu de orelha a orelha.
— Uma porta grande de vidro que abre para um pátio.
— Com outra lareira?
— Bem do lado da churrasqueira a gás do lado de fora da cozinha — ele
afirmou.
Cal parecia assistir a uma partida de tênis.
— Parece que vocês têm todos os detalhes trabalhados. Agora só
precisam escolher a cor e a localização. — Ele riu.
— Cami está na cama — Kelly sentou-se de volta na mesa; seus olhos
encaram todos os rostos. — Por que estão todos sorrindo?
— Ryan e Taryn acabaram de desenhas sua casa dos sonhos, eu acho. E
parece que eles têm todos os detalhes cobertos, o que é bom. — Ele bateu
no braço de Ryan. — Vai salvá-lo de muita discussão, acredite.
— O que isso quer dizer? Nós não discutimos muito quando
construímos nossa casa.
Cal rebateu o comentário de Kelly com algumas reviradas de olhos.
Por mais que eu quisesse fantasiar sobre isso, na realidade, Ryan e eu
não nós conhecemos por tanto tempo para falar sobre coisas deste tipo. A
última coisa que quero fazer era aumentar minhas esperanças.
Autoproteção, meu subconsciente me falou. Pense sobre outra coisa…,
mas o que? Preciso de um novo tópico. Por favor, alguém pense em outra
coisa para falar.
Comecei a contar de trás para frente, começando em mil, na minha
mente, esperando que isso ajudasse. Visões de acordar nos braços de
Ryan todas as manhãs na nossa linda casa do lago quebrou a contagem
na minha cabeça.
Senti a corrente do meu novo colar pegar meu cabelo, mandando uma
picada de dor no meu pescoço. Ajustei a corrente para desenlaçá-la,
arrancando alguns fios do meu cabelo no processo. Peguei o pingente na
minha mão e olhei para ele novamente; dois lindos corações entrelaçados
em um.
— Este é um colar lindo que você está usando — Kelly disse.
— Obrigado! — Meu sorriso foi até Ryan.
— São diamantes reais? — Ela perguntou sob uma inspeção minuciosa.
Olhei para Ryan perplexa. Nunca perguntei se eram diamantes reais;
apenas assumi. Kelly notou meu olhar para Ryan. Um sorriso abriu em
seus lábios.
— Um presente? — Kelly perguntou.
Os lábios de Ryan torceram e ele acenou concordando.
— Você tem um bom gosto, Ryan!
— Obrigado. Fico feliz que ela gostou.
— Amei! — Corrigi.
— Comprei os brincos de diamantes também, mas ela não vai usá-los.
Suspirei.
— Um presente caro foi mais do que suficiente. — Meus olhos
trancaram no livro de colorir; não estou acostumada a ter um homem me
comprando joias, ou nada além.
Ouvi Ryan tossir.
— Acostume-se — ele declarou diretamente.
Kelly me deu um tapinha no braço. Pensei por um momento que ela
entendera.
— Não, nunca vou me acostumar com isso — sussurrei. — Sempre vou
apreciar sua bondade e generosidade e nunca vou tomar como garantido.
— Esperei que ele pudesse ver a verdade das minhas palavras nos meus
olhos.
— Você tem uma irmã, Taryn? Por que tenho um irmão solteiro — Cal
brincou.
— Não, me desculpe, Cal, não tenho. — Não entendi porque ele disse
isso. Todas as mulheres eram vistas como cavadoras de ouro?
Pulei ligeiramente quando senti alguém tocar meu traseiro. Olhei atrás
de mim para ver Cami, em seus pijamas com um coelho de pelúcia debaixo
do braço.
— Pensei que estava dormindo? — Eu disse para ela, puxando-a para o
meu colo.
— Cami! É hora de dormir, mocinha! — Kelly estava chateada.
— Taryn, você me leva? — Ela coçou o olho com sua pequena mão. Seu
pedido suave esquentou meu coração.
— Claro — levantei, mas Kelly tentou tirá-la de mim. — Está tudo bem.
Posso colocá-la na cama?
Embora ela tinha quatro anos, ela era muito leve para carregar, uma
coisa bem pequena. Eu pude ver porque ela tinha um tempo difícil para
dormir; seu quarto não era, obviamente, seu quarto. Havia redes, conchas
e cavalos-marinhos pendurados no canto. Isso não era nada mais do que
um quarto estranho em uma casa de praia, não um quarto para uma
pequena princesa.
Li o livro “A Pequena Sereia” sob uma luz suave sobre sua cabeceira,
usando minhas melhores vozes para fingir ser os diferentes personagens.
Ela gostou da minha voz de Ariel. Eu vi quando sua pequena boca se
formava em pequenos “Os” quando ela bocejou. Seus enormes olhos azuis
estavam ficando pesados. Fechei o livro e gentilmente acariciei suas longas
madeixas loiras, enquanto tranquilamente cantei algumas canções de
ninar.
Ryan colocou a cabeça pela porta, me assistindo enquanto eu me
sentava no chão e cantava para a garotinha. Seus olhos fecharam e em um
instante ela estava dormindo. Olhei para ela por alguns momentos; ela era
absolutamente adorável.
Ryan estava bloqueando o caminho da porta; seu corpo estava
iluminado pela luz do candelabro na parede do lado de fora do quarto.
Olhei para ele e sorri.
Ele parou na minha frente e deslizou sua mão ao redor da minha
cintura, me arrastando para o seu peito. Sua outra mão deslizou através
da minha mandíbula e parou na minha nuca; com um pouquinho de força,
ele me puxou para me beijar.
Este beijo é diferente. Talvez era minha percepção, mas não era
“deslizando minha língua ao redor da sua, estou com tanto tesão por você”
tipo de beijo. Era mais tenro, pessoal e amoroso.
Kelly estava inclinada sobre a mesa de jantar, fatiando alguma
sobremesa de chocolate quando uma cobertura branca.
— Nossa filha está finalmente dormindo?
— Sim, ela está adormecida.
— Taryn cantou para ela. — Ryan pegou minha mão na dele embaixo da
mesa.
— Bem, acho que vocês dois serão pais maravilhoso um dia, quando
estiverem prontos. Cami realmente me surpreendeu esta noite. Ela nunca
fica com pessoas que ela não está familiarizada. Mas você, — Kelly disse e
deslizou um pedaço de torta na minha frente — ela amou você
instantaneamente.
Seu comentário me fez sorri. Eu estava bem apaixonada por aquela
garotinha. Senti a mão de Ryan apertar a minha.
— Ela é absolutamente adorável, Kelly. Um dia, quem sabe. — Mude de
assunto, Taryn. — Kelly, eu queria te fazer uma pergunta. Quando você
estava em Just Neighbors tinha um personagem, seu nome era Kip?
— Sim, Kip. Foi Jesse Oberly quem o interpretou.
— O que aconteceu com ele? Fiquei surpresa quando ele foi morto. Sinto
muito por trazer isso, mas quando vi você, pensei nele e imaginei por que
ele morreu no programa. Ele deixou alguém chateado e foi demitido?
— Não, Jesse saiu por conta própria. Na verdade, falei com ele e sua
esposa algumas semanas atrás. Ele tem um rancho no Tennesse agora,
onde cria e treina cavalos de corrida. Ele nunca esteve mais feliz. Um dia,
ele tinha um encontro com o produtor e então disse que queria sair. Ele só
havia assinado por uma temporada e quando seu contrato venceu, os
escritores mataram seu personagem. Mais drama assim.
— Por que ele quis sair? Seu personagem era tão popular — perguntei,
provando meu pedaço de torta.
— Ele não estava feliz. Ele era um ator brilhante; muito natural na
frente das câmeras. Mas ele não gostava da atenção ou da invasão da sua
privacidade. Meio que nos lembra de alguém que conhecemos? — Ela
olhou para Ryan.
— Kelly, eles postam na internet onde eu estou jantando, pelo amor de
deus. Eu posso lidar com a atenção; o lixo obsessivo é algo completamente
diferente — Ryan defendeu.
— Não, eu entendo. Quando meu programa foi lançado, nosso elenco
passou por algo similar. Fomos seguidos e gravados e, é claro, estávamos
todos dormindo um com o outro! Acho que em uma semana foi reportado
que dormi com quatro atores diferentes do programa. Enquanto eu estava
no trailer de maquiagem, supostamente eu estava me dando bem ao
mesmo tempo! Uma das revistas reportou que eu tive um caso semanal
com este ator quando, na verdade, eu estava em casa com gripe. Cal sabe.
Nós tínhamos acabado de começar a nos ver.
— Então, como as revistas se dão bem imprimindo todas essas
mentiras? Você não pode processá-los ou algo? — Perguntei.
— Eu queria. São essas mentiras que vendem revistas — Kelly
murmurou tristemente. — Quanto maior a mentira, mais dinheiro eles
ganham. E se eles têm alguma foto picante também, pode gerar um lucro
para o fotógrafo.
— Tivemos nossa foto tirada hoje à noite, muito — murmurei. Ryan
apertou minha mão de novo.
— Fique preparada, querida. Essas fotos nossas estarão por todos os
tabloides, internet, etc. Terão também estranhas legendas abaixo dessas
fotos, como quando nós limpamos o seu para-brisa? Se você mover seu
braço rapidamente para tirar um dos papéis, eles vão imprimir que você
está tendo uma crise de ciúmes. — Ele coçou sua testa. — Apenas não os
leia. — Ele me olhou nos olhos. — Lembra o que te contei quando
estávamos pescando? Você não pode acreditar em nada do que ouve, lê ou
vê. Se algo precisa ser esclarecido para o público, tenho uma publicitária.
— Posso fazer uma pergunta estupida? Você está até mesmo autorizado
a ter uma namorada enquanto faz esses filmes Seaside? — Senti-me
estúpida apenas por perguntar, mas depois do que Suzanne disse, eu
queria saber.
Ryan olhou para mim como se eu estivesse louca.
— O que? — Ele perguntou.
— Você está sob algum contrato ou algo que diz que você não pode ser
visto em público com uma namorada?
— Não — ele acenou com a cabeça e entrecerrou os olhos para mim. —
De onde você tirou uma ideia dessas?
— Algo que Suzanne disse — dei de ombros.
— O que ela disse?
— Ela disse que os executivos do estúdio ficariam chateados quando
descobrissem que você está saindo comigo, e eles não vão permitir.
Ryan abruptamente sentou-se para frente; as pernas da sua cadeira
gemeram no chão.
— Ela disse o quê? — Seus olhos alargaram.
— Ela disse exatamente o que eu disse e também que se você ficar
solteiro, sua base de fãs aumentará e seus filmes farão mais dinheiro. Mas
se o público souber que você está envolvido com alguém, você pode perder
fãs, seus filmes não farão mais dinheiro e os executivos do estúdio não
permitirão que isso aconteça.
— Essa é outra razão pelo que você estava tão chateada no último
domingo? Por causa dessas mentiras? — Ryan disse.
— Bem, é parte disso. Suzanne fez parecer que algum executivo do
estúdio iria nos separar primeiro.
Kelly engasgou.
— Isso é um absurdo! — Ele murmurou. — Eles não podem fazer isso.
— Ele olhou para o Cal por confirmação. Cal não disse uma palavra; sua
cabeça estava balançando para frente e para trás em descrença.
— Então que outras mentiras ela te contou? — O olhar de Ryan me
assustou. Eu podia dizer que ele estava com raiva. Olhei para a mesa,
esperando dispersar toda a conversa, mas Ryan apertou minha mão de
novo.
— Taryn, o que mais ela disse?
Respirei profundamente e olhei para Cal e Kelly. Eu não queria dizer o
resto do que ela disse para mim na frente deles.
— Vou te dizer mais tarde — eu disse baixinho ao Ryan.
— Não, quero saber agora! — Ele rugiu.
— Eu sempre disse que essa garota era problema — Kelly interferiu.
— Ela basicamente te chamou de mulherengo, mas com muito mais
palavras — sussurrei.
— O que? Ela me chamou de que? — Seus olhos amassaram em
confusão. — O que isso quer dizer?
Encarei meu prato de sobremesa.
— Ela disse que você dorme com uma mulher diferente em cada cidade.
Você diz o que elas querem ouvir, assim você se dá bem e deixa um rastro
de corações partidos atrás de você.
Tranquei meus olhos nos dele.
— Ela também disse que você mente para as mulheres para fazê-las
sentir que são seu par perfeito, que você é um ator talentoso e um
mentiroso talentoso, e eu era apenas mais uma tola por cair nisso. Garotas
americanas estúpidas… então ela disse que assim que você vai embora
para a próxima cidade e acha sua próxima conquista, você esquecerá tudo
sobre mim.
Cal começou a rir. Aparentemente meu comentário o divertia.
— Ah, meu deus! Sem chance! — Kelly gritou. — Taryn, isso é uma
mentira! Ryan é o completo oposto disso!
O rosto de Ryan ficou vermelho.
— Ela é uma porra de peça de trabalho, essa garota. Por que você não
me disse nada disso antes? — Ele estava, definitivamente, irritado.
— Porque eu estava com medo e não queria causar problemas para
você. — Escondi meus olhos sob minhas mãos. — Também pensei que se
eu o deixasse ir, então você não se sentiria obrigado e de algum jeito seria
melhor. Você tem estresse suficiente para lidar, sem eu arruinando sua
carreira. A última coisa que eu quero é ser outro nome na sua lista de
estresse.
— Não é à toa que você chorava tanto. Desci por quinze minutos;
quando deixei você com Marie, tudo estava bem, e quando voltei, você
estava em pedaços e terminando comigo. Tudo fez sentido agora.
— Você tentou terminar com ele na festa? Kelly gritou com horror.
Ryan acenou para ela e então olhou de volta para mim.
— Vou rasgar a garganta dela quando a vir — ele cuspiu entredentes.
Pensamentos de sua carreira e seu filme sendo prejudicados por minha
causa passaram pela minha mente.
— É por isso que não te disse — murmurei, sentindo-me culpada.
— Taryn — ele começou.
— Ryan, você tem um filme multimilionário sobre o fato de que você tem
que se dar bem com ela. E tem um terceiro filme que você está sobre
contrato para terminar. Não quero ser a catalisadora da discórdia.
— Ela está certa, Ryan — Kelly concordou. — Por mais que eu despreze
aquela garota, você tem obrigações contratuais. E ter você a explodindo na
frente de todo mundo, não será uma boa ideia.
— Por que ela está fazendo isso comigo? — Seus dedos agarraram seus
cabelos. — Estávamos acostumados a nos dar bem.
— Ela obviamente quer manter outra mulher longe de você, então ou ela
está apaixonada por você…
Então me ocorreu.
— Ou ela está afastando a competição para uma amiga.
Ele olhou para mim e clicou.
— Francesca — ele murmurou.
Seus olhos foram para Cal e Kelly, que estavam encarando de volta com
surpresa.
— Ela sabe sobre minha noite com Francesca. Não estou mantendo
nenhum segredo de Taryn. E só para você acreditar em mim… — ele olhou
para o Cal. — Cal, você poderia, por favor, dizer à Taryn quando, onde; e
porquê.
— Isso não é necessário — intervim.
Cal limpou a garganta.
— Bem, eu não sei o porquê, Ryan, só você pode responder essa. Mas
faz algo como um ano agora desde… então. — Cal focou em mim. — Nós
estávamos no Maine filmando o primeiro filme. Lembro como se fosse
ontem. — Algo que ele relembrou pareceu atormentá-lo.
— Ryan teve seu primeiro encontro traumático com uma fã. Eu acredito
que você estava completamente sobrecarregado — ele afirmou diretamente.
— As fãs estavam por toda parte, gritando. Nós fomos em um clube e
alguma garota o agarrou ao redor do pescoço. Seu namorado até tentou
tirá-la de Ryan ou tentou desviá-la; não tenho certeza, mas Ryan acabou
sendo socado no rosto. — O pensamento o fez curvar os lábios em
desgosto. — De qualquer jeito, nós tentamos acalmá-lo; ele passou
algumas horas num canto bebendo doses de uísque.
— Fran estava sempre xeretando ao redor do seu trailer; não era segredo
que ela tinha uma paixão por ele — Kelly adicionou.
— Mas pela maior parte do tempo, ele apenas a ignorou. Pessoalmente,
achei que você estava em casa doente e surtado — Cal disse.
— Um pouco dos dois, na verdade. — Ryan fez uma careta.
Do jeito que Ryan disse, imaginei que ele estava bastante solitário
quando ele ficou com Francesca.
— Depois desta vez, Fran começou a agir ainda mais estranho. As coisas
ficaram estranhas desde então. E desde que voltamos a filmar o segundo
filme, as duas garotas estão inseparáveis. — Cal me disse.
— Quem foi a garota que vendeu a história aos tabloides? — Kelly
perguntou.
— Foi a garota que eu namorava do teatro lá em casa. Você a conheceu
uma vez quando filmamos as cenas em Acadia, lembra? Ela veio ao Maine
aquela vez. Quem sabe, talvez as irmãs vadias a convenceram também?
Ah, não importa. Ela estava mais preocupada em se pegar com meu agente
e me fazer telefonar para ela do que com o nosso relacionamento. — Ele
afastou o pensamento da sua mente.
— Terei que lidar com isso — Ryan murmurou. Ele mordeu seu lábio,
pensando de novo.
— Ryan, deixa para lá — aconselhei. — Qualquer coisa que você fizer,
tornará isso pior. Apenas faça seus filmes, faça sua parte. Alguns anos à
frente, isso estará atrás de você.
— Sim, você está certa. — Ele me deu um sorriso breve e apertou minha
mão.
Fiquei feliz que ele concordou. Suzanne parecia ter mais do que razões
suficientes para me desprezar.
CAPÍTULO DEZESSEIS

Unido
Ryan segurou minha mão conforme ele nos levou para casa; nossos
braços descansando no centro do console.
— Eu realmente gosto de dirigir este carro — ele comentou. — Ele
controla bem.
— Você parece gostar de dirigir esse carro. E estou gostando de estar de
carona dessa vez. Estou tão acostumada a dirigir que eu nunca realmente
olhei para o cenário.
— Nós precisamos deixar esta janela um pouco mais escura. Assim, os
fotógrafos não vão tirar fotos do seu dia a dia — ele resmungo
Nunca considerei pensar nisso, também nunca tive que me preocupar
em ter minha foto tirada. Ainda assim, amei ouvi-lo dizer “nós”.
Ele ajustou o seu aperto no volante.
— Nunca consigo dirigir. Estou sempre pulando nos bancos traseiros de
carros ao invés.
— Ou arremessado nos bancos traseiros dos carros — adicionei.
Ele olhou rapidamente para mim.
— Arremessado?
— Eu vi você na televisão uma vez. Você estava sendo carregado através
da multidão por alguns seguranças grandes. Pareceu que eles apenas
atiraram você dentro do carro.
— Quando foi isso? — Ele perguntou.
— Quando você estava em L.A. umas semanas atrás. Entrei em pânico
quando vi como eles maltrataram você. — Senti sua mão apertar forte a
minha. — Seu carro estava completamente cercado pelas fãs gritando; elas
batiam em sua janela. Por um momento, fiquei preocupada que elas
quebrariam o vidro. Aquela foi a noite que você me ligou pela primeira vez,
não foi?
— Sim — ele levou minha mão aos seus lábios. — E aquela foi a noite
que você me acalmou. Eu lembro de rastejar sob os cobertores para falar
com você.
— Eu lembro de desejar que você não estivesse d outro lado da cidade —
sussurrei.
— Acho que nós dois conseguimos nossos desejos — ele brincou.
Ele virou na Mulberry Street; estávamos a apenas uma quadra de
distância e eu tinha meu celular em mãos, pronta para ligar para polícia.
Estacionado do outro lado da rua no pub tinha alguns SUV, uma van e
alguns carros. Havia alguns fotógrafos na calçada, mas não uma multidão
grande como eu temia.
Ryan olhou para cima e para baixo na rua.
— Pronta para correr?
Eu estava aliviada de ver minha vaga de estacionamento livre de bilhetes
de amor e de lixo.
— Certifique-se de pagar muito bem ao Jason — pedi silenciosamente.
Ryan me manteve dentro dos seus braços, perto dos prédios ao invés da
rua. Nós corremos pela calçada. Não demorou muito para os paparazzi
acordarem e começarem a clicar.
Alguns fotógrafos pularam das vans, clicando com suas câmeras
ferozmente. Apenas foquei nas linhas da calçada e na distância dos meus
pés até a porta.
Por um segundo, deixei meus olhos subirem para verificar pelo perigo;
foi quando notei a garota do cabelo encaracolado, com falha nos dentes,
correndo direto para nós.
Ela tinha coisas em suas mãos. Sem dúvida uma foto ou duas para ele
assinar.
Achei peculiar; todas as garotas viajam em bandos. Você vai, raramente,
ver uma garota sem uma amiga a seguindo… igual Suzanne e Francesca.
Mas essa garota parecia estar sozinha.
As pessoas gritavam: “Ryan, Ryan” e até mesmo gritaram: “Srta.
Mitchell” ou “Taryn” para me fazer olhar, mas eu copiei a postura de Ryan
e mantive o foco em chegar na porta. Alguns dos fotógrafos estavam
tentando serem legais, perguntando a nós se apreciamos nossa noite.
Ryan não respondeu. Ele grudou o queixo em seu peito e senti seu aperto
na minha cintura ficar mais forte. Eu tinha minha chave pronta na mão
direita.
A garota do cabelo encaracolado nos alcançou antes de chegarmos à
porta. Ela quase se lançou em Ryan. E eu engasguei com seu
comportamento. Ele, instintivamente, levantou seu braço direito para
bloqueá-la e ele virou seu corpo em minha direção. Pude sentir o nível do
seu pânico igualar com o meu.
— Whoa, Whoa! — Ele a advertiu.
Ela começou a balbuciar sobre o quanto ela amava seus filmes e suas
habilidades de atuar. Ele, graciosamente, deslizou o marcador da sua mão
e assinou seu autografo em seu livro, tentando ser educado. Alguns outros
homens e mulheres irritantes chegaram para conseguir autógrafos
também, e Ryan assinou seu nome tão rápido quanto poderia.
Fiz uma careta quando prendi a chave na porta; esperei que seu patético
dia estivesse completo, agora que eles o incomodaram e conseguiram sua
assinatura em uma foto. Virei a chave na fechadura e agarrei a manga da
sua jaqueta com minha outra mão, puxando-o pela porta.
Fomos até meu apartamento em silêncio; ambos traumatizados pela
agitação que segue um simples ato de apenas vir para casa, de um jantar
legal com amigos. Só acendi uma luz em minha sala de estar; eu podia
imaginar todas aquelas pessoas lá embaixo na calçada, encarando minha
janela, analisando as sombras no meu apartamento. Imaginei se essas
sombras eram opacas o suficiente? Eu preciso de cortinas pesadas
também?
Pendurei meu casaco no armário e peguei seu casaco para pendurá-lo
também.
— Amor, você está com seu telefone ou está no seu casaco? — Apalpei
seus bolsos para senti-los. Ele estava encarando uma das janelas
fechadas, perdido em pensamentos. Minhas palavras trouxeram sua
atenção de volta para mim. Sorri para ele, mas sua mente estava a milhões
de quilômetros longe.
Fui até a cozinha e peguei uma garrafa de vinho da geladeira; um vinho
gelado, envelhecido dois anos, meu favorito. Peguei duas taças; imaginei
que ele quisesse uma bebida e eu queria que ele provasse um dos vinhos d
nosso vinhedo. Ele estava sentado na poltrona, na sala de estar; sua
cabeça nas mãos.
Eu me agachei em frente a ele, puxando seus olhos para olhar para
mim.
— Ei, você está bem? — Entreguei o copo para ele.
— Acho que só estou cansado — ele murmurou. Não acreditei. Ele
estava perturbado de novo, e eu era esperta o bastante para saber por que.
Várias ideias de como distrai-lo dançaram na minha mente.
Desci o corredor com meus novos planos formados. Eu ia precisar de
algumas coisas e alguns minutos sozinha. Depois de me refrescar no
banheiro, tranquei a porta do meu quarto e troquei de roupa.
Isso ia tirar sua mente de suas preocupações, pense comigo mesmo
conforme afivelada o meu sapato ao redor do meu tornozelo. Uma vez
pronta, fiz minha aproximação pelo corredor escuro, parando apenas onde
a luz encontrava a escuridão. Ryan olhou para cima e engasgou.
— Você gosta? — Perguntei, virando ligeiramente para ele ter uma vista
das roupas pretas sedutoras que eu mal estava vestindo.
Ele saltou da cadeira como se alguém lhe tivesse ateado fogo e cruzou a
distância entre nós em três passos. Penteei seus cabelos para trás com
meus dedos e suavemente mordi o lóbulo da sua orelha com meus dentes.
— Quer ir me violar na mesa de bilhar? — Sussurrei em seu ouvido
antes de puxar seus lábios para os meus.
***
O som de pessoas gritando umas com as outras me assustou em meu
sono. Minha cabeça pulou do meu travesseiro, conforme meus olhos
tentaram focar na luz da manhã.
— Hã… o que há de errado? — Ryan resmungou, sonolento.
Acho que o acordei quando estremeci. Ouvi o freio de um caminhão
gemer e uma porta bater; os barulhos vinham do beco.
Rastejei até a janela na ponta dos pés; o chão de madeira estava frio. Lá
fora, haviam vários homens com câmeras discutindo com o motorista de
um caminhão de entrega, mas eu não podia ver o beco inteiro por esse
ângulo, uma parte da escada de incêndio estava no caminho. Puxei a
cortina outra polegada para ter uma melhor visão.
— Querida, coloque algumas roupas antes de você espiar pela janela —
Ryan murmurou. Ele estava coçando os olhos com seus dedos.
Peguei uma de suas camisetas da sua mala aberta, que estava no chão,
e a deslizei pela minha cabeça. O algodão tinha seu cheiro, e por mais que
eu gostasse do seu cheiro viril, essa camiseta precisava desesperadamente
ser lavada.
— O que está acontecendo lá fora? — Ele perguntou. Eu ainda estava
tentando descobrir.
— Tem alguns fotógrafos discutindo com um motorista do caminhão de
entrega. — Vi braços sendo levantando acimas das cabeças; parece que a
discussão no beco estava ficando quente. — Têm carros estacionados no
beco; acho que o caminhão não pode passar. Eles não podem estacionar
lá.
Era aparente que os paparazzi estavam acampando do lado de fora da
minha porta, esperando por qualquer sinal de Ryan Christensen. Pensei
em chamar a polícia, mas não precisei; uma viatura acabou de entrar no
beco.
— A polícia está aqui, — murmurei. Dois policiais saíram do carro e eu
notei que suas mãos seguravam suas armas. Os braços continuavam
acenando no ar enquanto as duas partes argumentavam seus lados aos
policiais. — Acho que os paparazzi não podem ler a placa de não estacione.
— Prendam todos! — Ryan trovejou, curvando sua mão debaixo de seu
rosto no travesseiro.
Seu comentário me fez sorrir.
— Amor, volta para cama — ele gemeu.
Olhei para ele então olhei para a entrada; eu poderia muito bem ir ao
banheiro enquanto estou acordada. Ele viu minha hesitação e decidiu me
perseguir. Se ele não tivesse me batido na parede do corredor, eu teria
vencido, mas ele me deixou ir primeiro de qualquer maneira.
Enquanto fiz uma garrafa de café, ouvi o chuveiro ligar. Puxei a cortina
do chuveiro para trás o suficiente para ter uma visão. Nós não tínhamos
mais nenhum limite. Assisti a água e as bolhas de sabão descer pelo seu
corpo. Droga, ele é gostoso.
— Quer se juntar a mim? — Ele perguntou, esfregando xampu em seu
cabelo.
Pensei nisso por um minuto. Mesmo que coubéssemos na banheira,
uma pessoa é sempre deixada no frio e eu queria passar um tempo extra
me arrumando.
— Vou esperar até você terminar.
Ele esticou sua mão.
— Não posso esperar tanto. Entre aqui.
Dei um passo dentro da banheira.
— Provavelmente seria melhor se tivesse dois chuveiros aqui, hein? —
Ele perguntou como se pudesse ler minha mente. Acenei concordando.
— Quando você estava pensando em começar a reforma do banheiro?
Eu ainda não tinha pensado nisso até ele perguntar.
— Eu não sei. Eu preciso terminar o desenho primeiro. Eu só tenho
esboços.
— O hotel que fiquei quando eu estava em L.A. tinha um enorme
chuveiro azulejado. Até tinha um console com todos os recursos. — Ele
apontou a parede com sua mão. — Nunca vi um chuveiro tão complicado.
Haviam jatos na parede, chuveirinhos removíveis e um grande chuveiro no
centro.
— Provavelmente tinha um sistema de vapor também — adicionei.
— Então o que você acha dessa ideia?
— Parece caro. Não acho que posso pagar isso — murmurei, esfregando
minhas mãos no seu peito ensaboado. — Além disso, não há espaço
suficiente neste banheiro para um chuveiro largo.
— Eu gostaria que você parasse de pensar em coisas assim — seus
olhos quentes brilharam quando ele olhou para mim.
— E eu não estou falando sobre por algo assim neste banheiro.
Sua mão se esticou e agarrou minha bunda, puxando-me em direção a
ele. Ele deslizou seus dedos no meu pescoço e colocou um prolongado e
persuasivo beijo nos meus lábios. Acho que entendi a mensagem que ele
tentou passar, mas eu ainda não ia supor nada.
— Você tem alguma ideia de quão sexy você é? — Ele perguntou. Gemi
suavemente em sua observação lisonjeira.
— Engraçado… eu estava pensando exatamente a mesma coisa sobre
você.
Seus lábios torceram e ele revirou seus olhos.
— Vê, você se sente do mesmo jeito sobre esses cumprimentos. —
Coloquei xampu em minha mão.
— Aliás, obrigado pela noite passada. — Ele riu. — Acho que tenho de
me desculpar por rasgar sua calcinha em pedaços. Não sei o que deu em
mim.
Sorri, lembrando com carinho de sua exuberância quando ele rasgou a
pequena calcinha e correu sua palma na minha espinha para me curvar
sobre a mesa de bilhar.
— Vou te dar meu cartão, assim você pode substitui-la — ele
murmurou.
— Tudo bem. Você não precisa fazer isso; eu tenho mais. Não se
preocupe. — Eu estava concentrada em não cortar minha perna com a
gilete.
— Por que você é tão malditamente contrária a me deixar te comprar
coisas?
Fiz uma careta, desejando que ele deixasse para lá.
— Não estou acostumada a ter alguém me comprando coisas, Ryan. Eu
nunca realmente tive em outros relacionamentos. Sempre tive que tomar
conta de mim mesma.
Na verdade, sempre foi eu quem dava coisas aos garotos, ao invés do
contrário. Todos os namorados que tive no passado estavam apenas se
virando por conta própria, ou muito menos tinham dinheiro para comprar
presentes para mim.
— Bem, eu não sou assim, Taryn!
Eu sei que ele é generoso e significava muito.
— Ryan, nunca fui, nem serei, o tipo de mulher que espera coisas ou
tira proveito das pessoas. Se você quer me comprar algo, não posso pará-
lo. Mas não espero isso. E eu, certamente, não vou pegar seu cartão de
credito e ir em uma farra de compras.
— Então responda isso; por que você pagou à Tammy e Pete pelo
fornecimento? Você pensa que eu sou o tipo de pessoa que quer levar
vantagem em você? — Seu tom estava definitivamente inclinado para a
raiva.
Comecei a imaginar se essa era nossa primeira briga… sobre dinheiro
além de qualquer coisa. Encontrei a minha mesma ficando frustrada com
todo o tópico.
— Talvez eu queira cuidar de você tanto quanto você quer cuidar de
mim. Você alguma vez pensou nisso? Por que você me comprou brincos de
diamantes e um colar? É a mesma coisa.
Desliguei a água e ele me entregou uma toalha.
— Comprei àquelas coisas porque eu quis. Eu estava na joalheria e você
era a única pessoa que eu estava pensando. — Seu tom era suave e baixo.
— E eu paguei Tammy porque eu queria lhe dar um jantar legal com
todos os seus amigos. Você era a única pessoa que eu estava pensando.
— Então por que você não aceitou os brincos, se é meu jeito de cuidar
de você?
— Porque são caros e desnecessários. Eu te falei, só há um presente que
eu espero ter de você. — Coloquei meus dedos em seu peito. — E se você
está inseguro do que é, está bem abaixo da minha mãe.
— Você já tem isso, — ele sussurrou.
— Então tenho tudo o que preciso! — Levantei na ponta dos pés para
beijá-lo.
Sequei meu cabelo no banheiro e assumi que ele ainda estaria no
quarto, mas ele não estava. Achei-o na cozinha; ele estava revirando a
geladeira ainda usando uma toalha.
— Calças são opcionais hoje? — Provoquei, me perguntando se ele
quereria passar o dia na cama de novo. Peguei duas xicaras do gabinete e
servir o café para nós dois.
Ele sorriu inocentemente.
— Estou sem roupas limpas, na verdade. Você acha que posso usar sua
máquina de lavar?
Ryan socou sua mala inteira, menos seu terno, na minha máquina de
lavar. Típico dos caras, não se importar em separar as brancas das pretas.
Tirei tudo da máquina e fiz duas pilhas.
— Eu gostaria de ter o resto das minhas roupas que estão no hotel;
todas elas precisam ler lavadas também.
— Alguém pode pegá-las para você? — Perguntei.
Três chamadas telefônicas depois, ele fez arranjos com Jason e com o
hotel para retirar suas coisas. Jason iria entregar suas malas, mas não por
algumas horas. Eu estava ansiosa para ver Jason e agradecê-lo por limpar
minha vaga de estacionamento. Fui até o quarto extra ver se achava algo
para ele usar; eu sabia que ainda tinha algumas caixas com as roupas do
meu pai que ainda não dei para caridade. Ryan me seguiu enquanto eu
vasculhava.
— Tem alguns moletons nestas caixas. Está tudo limpo.
Ele checou a etiqueta de um moletom e o colocou. Meu pai era só um
pouco maior do que Ryan, mas não muito. Achei algumas camisetas de
algodão em outra caixa.
Joguei uma camiseta preta para ele.
— Tudo isso era do seu pai?
Acenei e movi uma caixa para longe da minha coleção de vitrais. Eu não
queria que a caixa caísse e quebrasse tudo.
— Isso é tão macia quanto aquela camiseta azul que você me deu. Serve
também! Você está se livrando de todas essas coisas?
— Eu vou doá-las. Você é bem-vindo para pegar qualquer coisa que
queira.
— Você tem certeza? Não se importa?
— Não. Eu não me importo. — Sorri. A presença de Ryan fez a perda do
meu pai mais suportável.
— Legal! Minhas roupas ficam desaparecendo do hotel. Estou
imaginando se Jason conseguirá achar algo sobrando para trazer para cá.
Eu ri.
— Ouvi sobre isso! Acho que alguém está vendendo suas coisas na
internet, hein?
Ele sorriu tolamente.
— É por isso que não me incomodo em comprar muitas coisas caras.
Toda vez que fico em um hotel, minhas roupas vão sumir.
Ele fez uma pequena pilha de roupas que, aparentemente, queria ficar.
Eu estava ligeiramente surpresa que ele não se opunha em usar roupa
usada.
Mesmo que ele fosse uma celebridade famosa, ele certamente não agia
como uma. Este era apenas mais um traço dele que eu adorei.
Enquanto ele ainda estava remexendo na caixa de camisetas, folheei um
dos meus livros de vitrais.
Pensei que, desde que ele me convidou para o jantar de aniversário da
sua mãe, que eu talvez a faça um presente. Eu não queria ir de mãos
vazias; não fui criada assim.
— Sua mãe gosta de vitrais? — Achei uma moldura para fotos legal que
eu poderia fazer para ela.
— Eu acho — ele ainda estava ocupado cavando uma outra grande
caixa com coisas. — Legal! Camisas térmicas. Taryn, essa aqui ainda tem
a etiqueta. — Ele a colocou em sua pilha. — Por que você pergunta?
— Acho que vou fazer algo para o seu aniversário. Você acha que ela
pode gostar disso? — Mostrei a imagem.
— Isso é muito legal. Mas você não precisa fazer isso. Eu já comprei um
presente para ela. Posse ser por nós dois.
Meu coração pulou outra batida quando ele disse a palavra “nós” de
novo.
— Obrigado, mas isso e só seu. Eu estava pensando que gostaria de dar
a ela algo pessoa. — Selecionei um pedaço de vidro limpo e o segurei
contra a luz.
Sentei em minha mesa com o padrão e comecei a traçar os diferentes
retângulos que eu ia precisar enquanto Ryan ainda estava cavando nas
caixas de roupas. Peguei meu cortador de vidro e comecei a cortar pelas
linhas que tracei.
— Isso parece divertido. Posso tentar? — Ele perguntou hesitante, mas
eu podia ouvir o desejo em sua voz. Não pude evitar rir dele. Nenhum dos
meus namorados do passado tiveram interesse em me ver trabalhar, Ryan
era o primeiro.
— Claro! Sente-se. — segurei sua mão no topo do cortador e guiei sua
mão até ele sentir a quantidade de pressão que ele tinha que aplicar.
— Como estou indo? — Ele perguntou, concentrado em cortar o vidro.
— Você está indo bem! Apenas corte um pouco depois da linha assim os
vincos se sobrepõem, vai deixar um corte mais limpo.
— Bom trabalho, Sr. Christensen! — Cumprimentei-o quando ele
terminou. — Próximo passo, o amolador.
— Oh, o amolador — ele disse com uma voz baixa e sexy. — Meio que
soa como o que você fez comigo ontem à noite.
— Talvez se você pedir com jeitinho, farei o mesmo para você mais tarde.
— Dei à sua calça de moletom uma pequena sacudida.
— Você é a minha pessoa favorita no mundo inteiro. Você sabe disso,
certo?
— Aqui coloque esses óculos de segurança — gracejei. — Pedaços de
vidro vão voar para todo o lado; você tem que proteger seus olhos.
— Isso é igual às aulas de carpintaria na escola — Ele riu, deslizando os
óculos menos do que atrativo pelo rosto.
Liguei o amolador e desta vez, ele ficou atrás de mim com sua mão em
cima da minha, deslizando as peças até que estavam suaves.
Eu estava tentando o meu melhor para me concentrar em suavizar as
bordas afiadas do vidro em minhas mãos, mas ele estava tornando muito
difícil com seus lábios tão pertos da minha orelha.
Parei depois de algumas peças.
— Quer tentar sozinho?
— Você confia em mim com suas ferramentas?
— É tanto amolador quanto suaviza as bordas. — Apontei. — Faça sua
escolha.
— Homem! — Ele bateu no seu peito. — Homem usa ferramenta
elétrica. Homem vai pegar café antes. — Ele desligou a máquina. — Mulher
quer mais café também?
— Mulher pega café do homem — eu ri, agarrando a parte de trás do
seu moletom para expor seu traseiro nu. Dei uma mordida no meu bagel e
observei enquanto ele trabalhava no amolador.
— Está se divertindo aí? — Perguntei.
Ele olhou de volta para mim e sorriu.
— Sim, estou! Isso é muito legal! Estou na zona! Uma vez que todas as
peças estavam amoladas, coloquei o padrão e passei no fluxo elétrico.
— Você já soldou alguma vez antes? — Perguntei.
— Sim, mas não deste jeito. — Ele acenou para o meu trabalho.
— Aqui, assim. — Mostrei a ele o que ele precisava fazer. Comecei
soldando os pedaços. — Tente. — Deixei-o sentar-se no meu lugar.
Surpreendentemente ele fez um bom trabalho. Com duas horas nosso
trabalho de arte estava completo.
Ele segurou a moldura contra a luz.
— Minha mãe vai amar isso!
Fui para o quarto para me trocar, desde que Jason entregará as malas
de Ryan logo, e eu quase não estava vestida. Deslizei em um jeans,
coloquei outra camiseta e voltei para a sala.
Ryan estava inclinado na parede em frente à janela da frente com um
copo de café em sua mão, olhando para a rua abaixo. Seu rosto estava
perturbado novamente.
Dei um passo perto dele para ver o que ele estava olhando, mas ele me
bloqueou com seu peito.
— Não — ele murmurou. — Sem sentido nós dois ficarmos chateados.
Olhei em seus olhos; minha expressão suplicante, esperando que ele
explique demais. Seus lábios pressionaram-se juntos e ele murmurou uma
palavra:
— Fãs.
— Quantos?
— Muitos.
Peguei sua mão livre na minha.
— Vamos, vou nos fazer algum almoço. — Levei-o para a cozinha.
Fiz sanduíches e sentamos em silêncio na pequena mesa de madeira na
cozinha. Eu sabia que ele estava completamente absorvido, pensando
sobre a multidão lá fora.
Ele usava suas emoções na manga e eram fáceis de ler. Ele mal comeu
algo.
— O que é sobre os fãs que te chateia tanto? — Esfreguei o topo da sua
mão.
Ele desviou os olhos com nojo. Ele gastou quase um minuto balançando
a cabeça, duro, e esfregando sua mão pela testa. Finalmente, ele me olhou
nos olhos.
— Eles absolutamente me aterrorizam — ele sussurrou.
Apertei sua mão em garantia.
— Eu tenho esse sentimento horrível de que um deles irá muito longe
um dia. Alguns de seus comportamentos estão na borda do delírio. Eles
gritam para mim… eles dizem que me amam. — Ele olhou seu prato e
suspirou. — Como eles podem dizer isso?
Coloquei minha xícara na mesa. Eu queria que ele finalmente deixasse
isso sair e não queria que nada o distraísse.
— Então eu fiz um filme estúpido. Grande coisa! Milhares de atores
fazem filmes a cada maldito dia! Eu sou uma pessoa, igual a qualquer
outro cara. — Ele pausou para coçar sua sobrancelha. — Sou seguido em
qualquer lugar que vá. Tudo o que faço é examinado à enésima potência. E
então eu tenho que lidar com isso? — Ele acenou para a frente do meu
apartamento. — O que eles esperam? Elas estão esperando que eu vá
escolher uma delas da multidão? Servindo agora o número 48? Essas
mulheres realmente acham que se elas ficarem na sua calçada tempo
suficiente, elas talvez possam conseguir um encontro comigo? É psicótico!
— Eu tive que mudar o número do meu celular tantas vezes que já perdi
a conta. Essas garotas deixam notas e cartas em tudo: meu carro, nos
degraus da frente do hotel, seu carro… você lembra. Para que? Será que
Mindy ou Cindy pensam que só porque elas escreveram em um pedaço de
papel, elas são as mulheres perfeitas para mim e eu estaria inclinado a
ligar para elas? O que está errado com todas elas?
— Você viu quantas notas cobriram seu carro ontem. Por uma questão
de argumentação, vamos dizer que haviam quarenta notas distintas. Isso
significam que há quarenta mulheres lá fora, iludidas o suficiente para
achar que seus papéis brilhantes me atrairão para ligar para elas.
Vi seus lábios tremerem quando outros pensamentos correram pela sua
mente.
— Quarenta… vezes mil; você viu como elas apenas agarram, colocando
suas mãos em mim, tentando rasgar minhas roupas. Qualquer uma delas
capaz de… — ele bufou.
Ele colocou sua outra mão no topo da minha.
— E agora, o que mais eu temo, é que envolvi você na loucura. Pedras
foram atiradas através da sua janela… se algo acontecer com você, eu
nunca vou me perdoar. — Ele engasgou nas suas últimas palavras. Seus
olhos apertaram e abaixou o rosto em direção ao chão, fungando.
Levantei imediatamente e passei meus braços ao redor dos seus ombros
para segurá-lo. Ele embrulhou seus braços ao redor da minha cintura e
me puxou para o seu colo. Segurei sua cabeça no meu peito e deixei-o
desabafar sua dor. Senti cada uma das suas lágrimas conforme elas
molhavam minha camiseta.
Eu apenas poderia imaginar quanto tempo ele vinha segurando isso.
Quantos meses ele sofreu em silêncio, escondendo sua miséria de todo
mundo, incluindo ele mesmo. Nunca querendo que alguém visse quão
vulnerável eles o deixavam.
Suavemente esfreguei seu pescoço e seus ombros enquanto colocava
beijos em sua testa. Eu não queria nada mais no mundo além de acalmá-
lo e tirar sua dor.
— Está tudo bem — sussurrei. — Estou aqui. Nunca vou deixá-los
machucar você.
Seus dedos pressionaram minha pele, agarrando minha camiseta em
suas mãos conforme ele quebrou com todo o estresse. Lágrimas
escorreram do meu rosto também por ver como angustiado ele estava.
Beijei sua testa e o abracei apertado. Nós seguramos um ao outro
enquanto nossos medos e inseguranças ganharam o melhor de nós. Uma
nova ligação entre nós se formou instantaneamente; uma conexão se
construiu em suporte emocional e confiança.
Ele olhou para mim; seus olhos estavam inchados, vermelhos e cheios
com os restos da sua tristeza. Gentilmente, passei meus polegares debaixo
dos seus olhos para limpar a umidade. Dei-lhe um beijo suave.
— Taryn Mitchell — ele disse, me olhando nos olhos. — Eu te amo. Com
todo o meu coração.
Senti todo o sangue correr do meu corpo e surgir direto no meu peito.
Todo esse tempo, esperei por um homem que dissesse essas palavras para
mim e querer dizer isso e agora, eu as estava ouvindo da única pessoa que
eu tinha esperança que as dissesse.
Olhei dentro dos seus olhos e disse que o estava em meu coração. Foi
fácil e natural quanto respirar.
— Eu te amo também, mais do que tudo no mundo.
CAPÍTULO DEZESSETE

Mudar
Eu ainda estava sorrindo quando trotei pelas escadas para deixar Jason
entrar. Ryan esperou no fundo do pub para evitar ser fotografado quando
abri a porta da frente. Eu o beijei uma vez mais antes de deixá-lo parado
perto da borda do bar.
Passou uma boa hora ou algo assim desde de que Ryan disse aquelas
três pequenas palavras que fizeram meu coração cantar e eu ainda estava
brilhando. Não me importei com o quanto meu rosto doía por segurar o
sorriso; eu estava completa, cento e cinquenta por cento apaixonada por
ele. Jason estava rodeado por pessoas esperando que eu o deixasse entrar.
Ele tinha um amigo com ele, outro garoto que parecia estar com vinte e
poucos, com um cabelo marrom desgrenhado e algumas manchas em seu
rosto.
— Oi, Jason — a voz de Ryan ecoou a minha. O garoto tinha uma
mochila de roupa pendurada no seu ombro e estava arrastando uma mala
grande atrás dele.
Seu amigo tinha uma grande mochila pendurada no ombro e carregava
uma caixa grande nas mãos.
— Oi, Ry! — Jason disse, largando a mala e estendendo a mão para
cumprimentar Ryan. — Este é meu amigo, Shawn.
— Pessoal, esta é minha namorada, Taryn — Ryan disse
orgulhosamente, colocando seu braço ao redor do meu ombro.
Nós carregamos as malas de Ryan para cima. Ryan colocou sua mala
grande na cama e abriu o zíper. Todas as suas roupas foram apenas
empurradas em uma grande pilha. Notei que o nome na etiqueta da mala
não era de Ryan, a etiqueta dizia: Shell-B Enterprises, com um endereço
em Los Angeles.
Ryan carregou a maioria das suas coisas para a lavanderia e então se
juntou aos dois garotos que já estavam se fazendo confortáveis no meu
sofá.
Alguns segundos mais tarde, Ryan voltou ao quarto.
— Eu quero dar a eles algum dinheiro — ele disse. Ele me beijou
rapidamente depois de colocar sua carteira de volta no criado-mudo.
— Ei! — Chamei, parando-o antes que ele fosse muito longe. — Eu
tenho aquele novo vídeo game, se vocês quiserem jogar. Toda a gaveta
grande abaixo da TV. Há jogos de esportes e um jogo de luta de ninjas.
O rosto de Ryan acendeu com felicidade.
Abri o zíper da sua mochila e virei o seu conteúdo no chão do quarto.
Um momento de choque me bateu quando vi uma tira de camisinhas e
uma das embalagens vazias misturado às suas coisas. Peguei a
embalagem vazia, o interior estava seco. Sete delas ainda estavam
intactas.
Corri através dos fatos que eu tinha sobre ele até agora. Um, ele dormiu
com Francesca, mas foi há mais de um ano. Dois, ele estava supostamente
em um relacionamento com a quero-ser-atriz que ele conhecia de
Pittsburgh, mas isso foi antes do incidente com Francesca. Três, sua
última namorada terminou com ele no último verão; e quatro, Kelly disse
que Ryan era o oposto do que Suzanne o acusou de ser. Ryan disse para
mim uma vez que passou meses. Meses do que? Não fazer sexo? Não
namorar com ninguém?
Tentei lembrar qual foi a exata questão que fiz quando estávamos
pescando, se ele estava vendo alguém. Ele disse não e para responder à
questão que eu não estava fazendo, meses. A pergunta que permanecia em
minha mente era: quem foi o sortudo recipiente daquela camisinha usada?
Na frente da sua mala tinha uma protuberância, então eu abri o zíper e
tirei o conteúdo. Haviam alguns cartões de embarque e recibos de
bagagens misturados com alguns guardanapos usados e uma embalagem
vazia de chiclete. Misturado a isso haviam alguns pares de meias sujas.
Deslizei minha mão dentro do bolso grande para me certificar que peguei
tudo quando senti meus dedos batendo em algo duro. Na minha mão tinha
um cartão comum com as palavras: “Sinto sua falta” impressas na frente
sobre uma imagem de um sol se pondo. Abri o cartão; dentro tinha uma
foto de Ryan, abraçado com uma atriz que reconheci imediatamente:
Lauren Delaney. Cabelo castanho, macio e longo, com um rosto e figura
impressionante. Isso me fez encolher, pensando que ele esteve com ela
uma vez. Dentro do cartão havia um sentimento escrito à mão.
Enfiei minha mão dentro do bolso grande para ver se havia um
envelope, mas o bolso estava vazio. Virei a foto; ali estava a resposta que
eu estava procurando: nove de fevereiro deste ano. Eu ri comigo mesmo
pela ironia; este era o mesmo período em que achei Thomas na cama com
aquela garota
Rapidamente, enfiei o cartão e a foto de volta no bolso, coloquei os
pedaços dos bilhetes e os papéis restantes no topo. Mesmo que eu pudesse
ouvi-lo com Jason na sala, a última coisa que eu queria, era ser pega
remexendo em suas coisas.
Peguei a tira de camisinhas e enfiei-as de volta na sua mochila vazia.
Esta ação me levou a outro pensamento: cada vez que Ryan fez amor
comigo, nenhuma vez, ele usou proteção. Ele nunca nem mesmo tentou
por uma camisinha, nunca. Ele sabia que eu tomava pílulas
anticoncepcionais, mas ainda assim, ele estava se arriscando. Ele,
obviamente, usou camisinhas antes com outra mulher, mas por que não
comigo? Por que eu era diferente?
Fazermos amor sempre foi espontâneo e sem restrições e nós,
certamente, não tivemos uma conversa, durante nossos momentos, para
falar sobre controle de natalidade. Por que nenhum de nós parecia
preocupado com: se eu vou ou não engravidar?
— Tar, onde você vai? — Ryan perguntou conforme abri a porta do meu
apartamento.
Olhei para ele com os pensamentos de fazer amor desprotegidos ainda
em minha mente.
— Estou indo ver se o correio chegou — respondi rápido. Ele pulou para
o meu lado em alguns passos.
— Você não está indo lá fora, está? — Ele murmurou sob sua
respiração.
— Não. A caixa do correio é na porta da frente. O correio é entregue às
3h:30min.
— Pfff — ele suspirou. — Por favor, não vá até que seja absolutamente
necessário. Tem muitos fãs lá fora, agora.
Do lado de dentro da porta, vi uma pilha de cartas maior que o normal.
No topo das minhas cartas, haviam cartões endereçados ao Ryan
Christensen. Balanço a cabeça em descrença.
Ele sorri rapidamente para mim quando volto, então retomou suas
ações com o controle. Ele e Jason estão jogando o jogo do ninja, os dois
balançam e sacodem seus controles no ar. É ligeiramente divertido assisti-
los jogar.
— Isso é como uma maldita malhação! — Ryan grunhiu.
Revirei através das cartas; conta de luz, duas solicitações de cartão de
crédito, uma nova revista de roupas e alguns outros lixos misturados com
as cartas das fãs.
Segurei os envelopes endereçados ao Ryan e acenei-os no ar.
— O que é isso? — Ele perguntou, balançando o braço para matar o
cara mau de mentirinha na tela da TV.
— As cartas dos fãs de Ryan Christensen — anunciei.
— Está brincando! — Ele ofegou. — Apenas jogue-as no lixo.
Eu estava morrendo de curiosidade para ver o que suas fãs escreviam
para ele.
— Posso abrir uma?
Ele sorriu bobamente para mim.
— Por que diabos você quer fazer isso? Querida, você realmente não
quer ver isso. Apenas jogue-as fora. — Ele gargalhou. — Bom golpe, Jay!
Imaginei que ele realmente não se importava, então rasguei o envelope
do topo. Dentro, havia um cartão com corações desenhados e a garota que
enviou, convenientemente, incluiu uma foto de si mesma com o número de
telefone. Ele estava certo; essas mulheres estão além de delirantes.
— O que você acha, querida? É uma fã louca essa carta aí? — Ele riu,
olhando para mim enquanto eu olhava a foto da garota.
— Talvez! Ela parece meio desesperada! — Provoquei.
— Posso ver? — Jason pediu a foto. — Cara, olha esta garota! — Ele
estendeu a foto ao Shawn.
— Caramba! — Shawn engasgou. — Ela tem que ser ensacada22!
Ryan começou a rir.
— Ok, me deixem ver. — Ele deu pausa no jogo e pegou a foto da mão
de Shawn.
— O que é ser ensacada? — Perguntei.
Jason estava gargalhando muito para responder.
— Ensacar é quando a garota é tão feia que vocês dois devem usar
sacos na cabeça. Assim, se o saco na cabeça dela cair enquanto você está
transando com ela, você não fica cego pela sua feiura — Shawn explicou.
— Tem mais fotos? — Jason perguntou.
Peguei os envelopes do lixo e os abri um por um. Não me importei em
tirar os cartões; apenas procurei pelas fotos.
Haviam quatro fotos ao todo. Uma das fãs era graciosa o suficiente para
mostrar seus peitos na foto. Eu mostrei para os rapazes. Procurei no

22 Two Bagger
último envelope para me certificar de que não perdi um anexo quando
notei a foto de uma garota grudada do lado de dentro do cartão.
Ai meu deus. Engasguei e puxei o cartão inteiro de dentro do envelope.
Lá estava ela, a garota do cabelo encaracolado, banguela, fã psicótica. O
cartão foi coberto por fotos brilhantes do rosto de Ryan que ela,
obviamente, cortou de diferentes revistas. Ela incluiu o próprio rosto em
alguma das fotos, substituindo o rosto de Suzanne com o seu.
Rabiscado ao redor das fotos estava “Eu te amo” e “Amo Charles”. Seu
nome era Angel.
Visões da maluca perdendo tempo para cortar o rosto de Ryan e colar
cada pedaço no cartão me assustou. Senti difícil engolir. Eu não podia
tirar esse cartão da mão rápido o suficiente; meus dedos cavaram na lata
do lixo e corri para o banheiro para lavar minhas mãos. Medo e pânico me
atingiram; isso estava além da admiração, e esta fã em particular estava
do lado de fora da minha porta da frente. Eu tremia levemente enquanto
dobrava a roupa de Ryan que tirei da secadora. Eu podia ver claramente o
porquê ele estava aterrorizado. Por um momento, eu estava aterrorizada
também. Coloquei sua roupa limpa na cama enquanto minhas emoções
ferviam lentamente. Como eles ousavam, todos eles, fazer isso com ele…
conosco!
Agarrei meu telefone celular e marchei até a janela da frente. Haviam
tantas pessoas na rua que você pensaria que estávamos tendo uma feira
de rua.
— Sim, aqui é Taryn Mitchell. Estou ligando de 114 South Fourth
Street, do Mitchell’s Pub. Eu gostaria de reportar uma grande multidão
bloqueando o trânsito. Também há muita gente lotando a frente do meu
negócio. Quero que eles saiam. Obrigado.
Ryan riu para si mesmo.
— Chamar a polícia não ajuda, mas se faz você sentir melhor, então
acho que vale a tentativa.
— E sobre uma mangueira de bombeiro de alta pressão? — Murmurei,
espiando atrás da cortina.
— Posso conseguir algumas bombas fedidas, — Jason ofereceu. Ryan
fez uma careta para ele. — Não, estou falando sério. O trailer de efeitos
especiais está lotado de merdas legais.
Jason comentando sobre o set do filme me lembrou de outro telefonema
que eu tinha que fazer. Liguei para Cory.
Não somente eu o queria para cobrir minha ausência quando os pais de
Ryan estiverem na cidade, mas ter um homem trabalhando no bar de
repente soou muito seguro.
— Cara, nós vamos rodar — Jason disse em seu caminho até a porta,
apertando a mão de Ryan. Levei-os para baixo, assim eu poderia desligar o
alarme novamente.
— Jason, muito obrigado por toda a sua ajuda. Eu realmente apreciei.
— Sem problemas. — Jason sorriu de volta para mim. — Estou feliz em
ver que tudo funcionou para ele. — Ele apontou para Ryan com a cabeça.
Quando os rapazes saíram, pude ver os policiais tirando todas as
pessoas. Eu estava agradecida que a polícia fez as vans pela rua saírem
também. Eles estavam em vagas com parquímetros; infelizmente depois
das seis da tarde, o parquímetro não era mais válido.
Voltei para os detalhes da lavandeira; Ryan ajudou a dobrar algumas de
suas roupas. Movi as camisetas que ele pegou nas caixas da lavadora para
a secadora.
— Taryn, nós precisamos conversar — ele disse, me levando de volta
para o quarto.
Eu não tinha ideia do que ele queria falar. Ele me sentou na cama.
— Eu estava imaginando como você se sente sobre eu ficando aqui.
Onde quer que eu vá, isso me segue. — Ele inclinou a cabeça para a sala
de estar. — Estou preocupado em como isso afeta você e, bem, seu
negócio.
Dei de ombros para o seu comentário. Eu estava mais preocupada com
sua segurança do que com a minha.
— Ryan, estou bem com você ficando aqui. Acho que exagerei um pouco
quando vi como seus fãs te aterrorizam. Isso me deixou com raiva. Pelo
menos, quando você está aqui, posso protegê-lo.
— Para ser honesto, eu amo ter seus braços ao meu redor à noite e
acordar perto de você de manhã. Afinal de contas, não sobre isso que se
trata, de qualquer maneira, duas pessoas, apaixonadas, juntas?
Ele pegou minha mão na sua e sorriu.
— Sim, é! Mas infelizmente as fãs e os paparazzi me seguem — ele me
lembrou.
— Eu sei e não me importo. Embora, eu me importe com você. — Olhei
direto em seus olhos.
— Hmm — ele ronronou, aparentemente, satisfeito com meu
comentário. — Então você está bem com isso?
— Sim! — Sorri e acenei.
Ele respirou fundo.
— Então, como você se sentirá se eu disser que quero ficar mais aqui?
Talvez até mesmo todas as noites?
Engoli em seco, enquanto a alegria de sua pergunta inundou meu
coração e circulou confusa no meu cérebro.
— O que? — Ofeguei. — Você está dizendo que quer morar comigo aqui?
— Minha surpresa pura saiu como um sussurro.
— Bem, eu estava apenas pensando nisso, quando termino no trabalho,
ao invés de ir para o hotel, posso vir aqui. Aqui é onde quero estar de
qualquer jeito. O que você acha? — Ele perguntou, hesitante, mordendo
seu lábio inferior.
Tomei uma respiração profunda, juntando minhas palavras antes de
falar. Ele tem permissão para fazer algo assim estando sob contrato com o
filme? Eu tinha que perguntar.
— Eu acho…
Seu celular tocou na mesa de cabeceira.
— Merda, segure esse pensamento… — ele olhou o número e aceitou a
chamada.
— David, oi. Estou ótimo! Sim, eu tenho um minuto. — Ryan cobriu seu
telefone com a mão. — Meu gerente — ele sussurrou para mim.
Seu rosto se transformou de um sorriso exultante para um olhar de
nojo em um instante.
— Não, eu não me mudei do hotel. Eu não sei porque eles ligaram para
você. Só retirei minhas coisas para poder lavar minhas roupas, isso é tudo
— ele suspirou.
Observei Ryan começar a esfregar sua testa. Ele saiu do quarto, mas
não foi muito longe; eu ainda podia ouvir cada palavra claramente.
— Estou ficando na Taryn — eu o ouvi confessar.
Aparentemente seu gerente sabe a meu respeito.
— Vou me arriscar. Você sabe, David, eu apenas não dou uma merda
mais. Estou tão cheio e cansado de me esconder e ter cada maldito detalhe
da minha vida se tornando de público conhecimento. — A voz de Ryan
ficou mais alta, aflita.
— Estou feito de ficar trancado em algum hotel como um prisioneiro.
Estou cheio disso! Tem sido assim por quase dois anos. Vou perder minha
cabeça! Quero ter um relacionamento normal com alguém pela primeira
vez.
— Sim, acho que está certo. Não tenho mais permissão de ter uma vida
pessoal — ele respondeu defensivamente. — Eu gostaria que alguém
tivesse me dito que não estou autorizado a ter uma porra de vida, porque
eu com certeza não lembro de ter visto essa cláusula em qualquer um dos
meus contratos!
Fiquei lá parada, imóvel, ouvindo-o gritar no corredor. Meu pulso
disparou e minhas mãos começaram a tremer, sabendo que eu era a razão
para a sua defesa.
— Ótimo, se esse é o caso, informe o estúdio que eu vou pagar minha
própria segurança. Faça isso, porque não estou morando mais no
Lockdown. Não posso… lidar com isso. — Ele suspirou. — Porque? Assim
eu terei mais das minhas roupas misteriosamente desaparecendo? Vou
lavar minhas próprias roupas. Não quero estranhos tocando minhas
roupas, isso me assusta.
— Tenho bastante certeza de que ela sabe no que está se metendo. Os
paparazzi estão em cima dela por semanas e isso foi antes de termos sidos
vistos em público. Não me importo com o que a mídia diz sobre mim. A
única pessoa que estou preocupado, a única pessoa que me importa é
Taryn.
— Não se preocupe comigo. Estou focado. Eles conseguirão uma
performance de alta qualidade. — Ryan estava irritado. — Vi todos os
jornais, eles parecem ótimos. Kenneth não disse uma palavra sobre isso
para mim; esperei que o diretor me dissesse se ele tinha preocupações!
— Você está brincando comigo? Se eles querem discutir coisas comigo,
então eles podem vir aqui. Não, você me ouça, David. Eu, porra, vou sair
fora antes de deixar qualquer um ditar minha vida. Tenho bastante certeza
de que posso viver bastante confortável com os vinte milhões que tenho no
banco.
— Eu sou o único tentando ser profissional aqui! Ela provavelmente
está chateada que não pode mais, simplesmente, bater na minha porta do
quarto para chamar minha atenção.
— Se o terceiro filme é uma porcaria, então sugiro que comecem a
apontar o dedo na direção correta. Estou arrependido de assinar para este
projeto. Sim, eu sei David. Tudo certo.
Despejei a carga limpa de roupa branca sobre a cama, um reflexo para
fazer parecer que eu não estava ouvindo atentamente. Ele parou na porta e
inclinou-se sobre o batente com os braços cruzados sobre o peito.
Eu não disse nada. Eu sabia que ele estava chateado. Acho que ele
sentiu que eu estava também. De que outra forma eu estaria?
— Eu sei que você ouviu minha conversa — ele disse suavemente.
— Estou deixando as coisas difíceis para você — sussurrei, lutando com
minhas lágrimas de culpa.
— Não — ele disse, sacodindo sua cabeça para discordar. — Você é a
única coisa que me mantém são.
— Não vejo como é possível — eu disse sombriamente, dividindo minha
atenção à lavanderia.
Ryan pisou do meu lado e pegou suas meias da minha mão cerrada.
— Você me ama? — Ele perguntou, enfático com os olhos penetrantes.
Seus dedos levantaram meu queixo. — Eu quis dizer, realmente, me ama?
— Sim! Sim, eu amo — encarei-o, olhando direto em seus olhos. — Com
todo o meu coração.
Um sorriso tocou seus lábios.
— Você sabe que minha vida é tudo menos normal. Então tenho que te
perguntar mais uma vez. Você está bem com isso, eu ficando aqui com
você?
— Você tem permissão para ficar aqui? — Eu meio que esperei que ele
dissesse não. — Eles vão deixar?
— Eu sou um homem adulto. Vou fazer o que eu quiser — ele esfregou
meus braços.
— Você está quebrando seu contrato — eu disse, assumindo que tenha
uma cópia legal em algum lugar.
— Eles são obrigados a me pagar e assegurar minha segurança e
conforto. Taryn, quero ficar com você, se você me deixar.
Seus hipnotizantes olhos azuis olharam diretamente em minha alma,
procurando por minha reação.
— Eu vou fazer algum espaço para que você tenha um lugar para as
suas coisas — mantive minha voz baixa.
— Taryn, isso não é o que eu perguntei — ele me pegou delicadamente
pelo pulso.
Uma culpa esmagadora rolava em mim no momento.
— Ryan, quero você aqui mais do que você possa imaginar. Mas, eu
também sei que há razões do porque você é mantido escondido e guardado
em seu quarto de hotel. Tenho medo de que se você ficar aqui, então tudo
no estúdio será providenciado para te prejudicar. Você já tem estresse
demais por minha causa.
— Por causa sua? Você está falando sério? Por que você fica falando
isso?
Encolhi meus ombros, imaginando porque não era gritante para ele
como era para mim. — O problema com Suzanne e agora com seu gerente
e o pessoal do estúdio… sem mencionar as coisas que os tabloides
imprimirão sobre você estar comigo. Isso, certamente, causará problemas
para você. Não quero estragar sua carreira, Ryan!
Ele riu para mim.
— Oh, querida! Você não é a causa do meu estresse. E toda a imprensa
sobre nosso relacionamento está fazendo o oposto de estragar minha
carreira, então, por favor pare de pensar assim! Amor, você é a única coisa
me impedindo de pular do telhado!
Revirei meus olhos.
— Não me importo com nada disso. E vou contratar minha própria
equipe de segurança se chegar a isso. — Ele encolheu os ombros. —
Independentemente, isso não é para você se preocupar.
Olhei para ele ligeiramente em choque.
— Apenas do que você diz, vou me preocupar. Qualquer coisa que o
incomoda me incomoda.
Ele suspirou pesadamente.
— Taryn, acho que você percebe agora que estar envolvida comigo vem
com um preço alto. Eu te falei antes que era difícil para mim qualquer tipo
de relacionamento e toda essa besteira é o porquê. Espero e rezo que em
mais ou menos um ano, quando eu terminar com essa trilogia e for para
outros projetos, esta loucura vai morrer. Mas agora mesmo, é o que é.
Equipes de segurança, segredos, mentiras, esconderijos, calendário
insano, vem com o território. É minha vida.
Ele pegou minha mão na dele.
— Minha vida louca se tornará sua vida louca. Já está acontecendo.
Você está disposta a lidar com toda a loucura, bobagem e me amar mesmo
assim?
Não hesitei na resposta.
— Sim, com certeza — respirei fundo. — E você? Está disposto a fazer o
mesmo? Lidar com toda a besteira para continuar me amando?
— Completamente! Sem dúvida! — Ele sorriu.
A mão quente de Ryan escovou minha bochecha, me puxando para um
beijo.
Era quase sete horas quando Pete ligou, me informando que eles
estavam estacionando quase dois quarteirões longe, desde que minha rua
estava bastante ocupada.
Ryan e eu esperamos no bar escuro pelos nossos amigos. Eu não queria
acender as luzes e dar aos paparazzi qualquer razão para acordar
prematuramente.
Ryan parecia adorável na camisa de flanela do meu pai e uma camiseta,
branca e limpa, por baixo. Ele chamou seu segurança Mike e fez arranjos
para ser pego de manhã. Eu estava exultante em saber que ele,
definitivamente, ficaria comigo essa noite. Parei na porta, esperando que
eles batessem, mesmo que eu não precisasse, no momento em que eles
pararam na porta, as câmeras começaram a pipocar.
— Rápido, entrem. — Acenei, tentando me esconder o melhor que eu
podia atrás da porta.
Irritou-me que os paparazzi tiravam fotos de qualquer um que entrava
no pub. Uma pontada de pânico fluiu pela minha espinha quando pensei
sobre como as coisas serão amanhã quando eu tiver que destrancar a
portar e deixar o público entrar.
Pete balançava três caixas de pizza na minha frente.
— Certo, cadê a porra do presidente? — Ele gritou.
Acendi as luzes e Pete acenou para Ryan, que estava inclinado no bar.
— Oh, oi, Ryan! — Pete trovejou. — Você viu o presidente por aqui?
— Os presidentes que estão aqui, estão no meu bolso, Pete. — Ryan
apertou sua mão.
— Rumores dizem que Brad Pitt está visitando — Marie brincou no seu
caminho para dentro. — Oh, é só você, Ryan. Alguém deve ir lá fora e dizer
a eles que Brad não está no prédio. Que droga de desapontamento.
— Legal ver você também, Marie! — Ele apertou seus ombros e fingiu
esganá-la.
— Gary, bom vê-lo, homem! — Ryan apertou a mão de Gary.
— Oi, Ryan! Pronto para perder bastante hoje? — Gary provocou.
Tammy me deu um abraço com um braço só; ela tinha uma forma de
bolo com uma tampa em sua outra mão. Ela deu a Ryan um abraço de um
braço só, também.
— Eu fiz uma nova sobremesa que gostaria que vocês provassem.
Pete colocou as caixas de pizza na nossa mesa enorme no centro. O
aroma de muçarela derretida e molho de tomate encheu o cômodo e todo
mundo estava mencionando com quanta fome estava. Servi uma jarra de
cerveja, e todos nós tomamos nossos assentos para comer e beber.
Ryan pegou uma fatia e levantou da mesa.
— Pete, posso falar com você um minuto? — Ele acenou com a cabeça
para Pete segui-lo. Os dois desapareceram na cozinha. Imaginei sobre o
que seria.
— Taryn, tem um monte de pessoas lá fora. — Marie acenou para porta.
Ele olhou por cima do ombro para ver onde Ryan estava. — Quanto tempo
a multidão está ali?
— Desde ontem. Ryan e eu fomos encontramos Cal e Kelly para o jantar.
Suas fãs cobriram meu carro com bilhetes de amor, também.
— Como ele aguenta isso? — Tammy perguntou, estremecendo pelo
pensamento.
— É difícil. Aquelas garotas lá fora são todas loucas! Uma delas agarrou
seu braço quando estávamos entrando no meu carro. Eu estava realmente
aliviada que estávamos cercados pelos fotógrafos; era como se eles
fizessem um cerco ao nosso redor para manter as garotas fora.
— Eu sei, eu vi as fotos — Marie sussurrou. — Tar, você está na merda
da internet! Apenas procure seu nome e as fotos que tiraram aparecem.
Você parece ótima, aliás. Gostei do vestido cinza com sua jaqueta de couro
e as botas pretas.
Por um momento, tudo ficou escuro. Senti como se pudesse desmaiar,
ouvindo a confirmação que minha foto estava na internet agora, para
sempre associada a Ryan Christensen.
Ryan e Pete saíram da cozinha; os dois riam de algo, embora Pete
parecesse um pouco preocupado.
Entrecerrei os olhos em Ryan e lhe dei um aceno questionador. Ele
inclinou-se e falou baixinho na minha orelha:
— Dei a Pete alguns trocos pela madeira e paguei-lhe pelas pizzas. E o
agradeci por ser um ótimo amigo e por cuidar da janela e tudo.
Apertei sua perna. Ryan era verdadeiramente um bom homem, até seu
núcleo.
Depois de terminarmos de comer, começamos nosso jogo de pôquer.
— Como vão os negócios, Tammy? — Ryan perguntou casualmente,
jogando suas cartas no centro da mesa.
— Bons! É difícil mantê-lo, embora, tentando fazer toda a comida na
nossa cozinha em casa. Esperançosamente vou pegar alguns outros
trabalhos e então seremos capazes de pagar e procuraremos uma loja em
algum lugar.
— Por que você não a deixa usar sua cozinha, Tar? — Ryan sugeriu. —
Você tem essa grande cozinha lá no fundo que você não usa.
Minha memória relembrou conversas que tive com Pete sobre isso e as
razões por que nunca aconteceu. Eu era esperta o bastante para sentir
que estavam armando para mim. Preparei minha contra defesa.
— Pensei nisso antes, Ryan, mas a cozinha como está não serve para
cozinhar e assar. Novas linhas de gás precisam ser passadas e todos os
acessórios precisam ser substituídos. Até os canos de cobre precisam ser
removidos e substituídos. É um desastre caro lá atrás. Isso é o porquê eu
não sirvo comida no bar.
— Bem, procure e veja quanto custará — Ryan declarou.
Balancei minha cabeça, imaginando por que ele se importa e esperando
que ele deixasse para lá.
— O que? — Ele perguntou.
Inclinei-me e sussurrei em sua orelha:
— Por favor, esqueça isso. Não posso. Eu já tenho um grande
empréstimo que estou pagando para as reformas que fiz na sala de bilhar,
palco e o sistema de som. Não posso pagar.
— Tenho certeza que podemos descobrir alguma coisa — ele descartou.
— Descobrir o que? — Perguntei.
Ele me acertou no pé e coçou seu nariz.
Várias rodadas de pôquer depois, eu estava perdendo. Meu jogo estava
fora hoje à noite; tive um tempo difícil lendo os blefes de todos. Ryan
sorriu diabolicamente a cada vez que ele ganhou mais das minhas fichas.
— Mais algumas mãos assim e você terá que apostar as roupas — Ryan
sugeriu maliciosamente, chutando meu pé.
— Não estou bêbada o bastante para Strip pôquer — murmurei. Ryan
abruptamente levantou e brincou:
— Cadê a tequila?
— Não tão rápido! Ainda tenho algumas fichas sobrando! — Defendi.
— Sim, mas não por muito tempo — Ryan provocou. — Tudo o que
precisa fazer é pedir. Ficarei feliz em emprestar algumas fichas. Nós
podemos até mesmo chamar de favor se você quiser.
Sorri para ele.
— Falando em favores… — Ryan continuou; fazendo seu anúncio geral.
— Eu tenho um favor para pedir para todos vocês. — Ele olhou ao redor da
mesa, para os meus amigos. — Meus pais estão vindo à cidade nesta
quarta-feira e eles ficarão aqui até segunda-feira. Nós queremos leva-los
para jantar e passar o máximo de tempo possível com eles. — Ele sorriu
para mim. —Eu estava esperando que vocês me deixem roubar Taryn por
todo o fim de semana. Vocês acham que podem ficar sem ela por alguns
dias?
Olhei ameaçadoramente ao redor da mesa. Eu não podia acreditar que
ele fez isso. Ele nem me deu uma oportunidade. Suponho que ele achou
que eu ia amarelar.
— É claro! — Marie respondeu imediatamente.
Eu sabia exatamente o que ela estava pensando, apenas pelo jeito que
ela olhou para mim. Era uma combinação de “Ah meu deus” e “Puta
merda” seguida por um monte de muito altos e excitados gritos. Este era
um grande passo, Ryan porra Christensen estava me apresentando aos
seus pais.
Eu ainda nem contei a ela que ele estava ficando comigo. Esse round de
gritos terá que esperar.
Eu tinha sérias dúvidas se eles poderiam ou não lidar com uma semana
de Halloween sozinhos. Esta era uma grande ocasião para o Mitchell’s Pub
e me senti culpada pelo pecado de espetá-los com isso.
— Tenho bandas agendadas para sexta-feira e sábado. Cory estará
trabalhando todas essas noites esta semana também. — Olhei para Marie
e suspirei. Ela sorriu e piscou para mim.
— Eu posso ajudar — Tammy adicionou. Ela também sorria excitada
para mim.
— Vocês têm certeza? Eu realmente me sinto mal… — comecei minhas
desculpas, mas Marie me cortou.
— Taryn! Está tudo bem! Nós podemos dar conta. Pete irá manter a
contagem. Vamos apenas nos certificar que não lotamos o lugar, isso é
tudo. — Marie confirma. — Além disso, nós sempre podemos colocar uma
placa lá fora que diz que ele está fora para o fim de semana, então não
importune, procurando por ele aqui. — Ela apontou para Ryan.
— Se você acha que vai ajudar! — Ryan piscou.
Pete limpou a garganta.
— Bem, como estamos compartilhando boas notícias, Tammy e eu
temos um anúncio a fazer.
Por alguma razão, quando ele disse eu não estava surpresa. Eu sabia
que algo estava acontecendo. Toda a noite Pete e Tammy estavam se
encarando apaixonados, como se estivessem protegendo algum profundo e
escuro segredo.
— Tammy e eu escolhemos oficialmente a data para o nosso casamento!
— Nós vamos nos casar no sábado, no dia quatro de setembro! —
Tammy jorrou, olhando Pete nos olhos.
Notei Ryan agitado em seu assento. O ar que ele respirou pelo nariz foi
audível, mas um pequeno sorriso apareceu em seu rosto. Imaginei qual
palavra o trouxe para isso.
Foi a palavra “casar” ou “casamento” que o fez se contorcer.
CAPÍTULO DEZOITO

Novo
Minha mão se esticou para atingir o botão soneca. Era muito cedo para
acordar, mas Ryan tinha obrigações, ele tinha que pular no chuveiro e ir
ser uma estrela de cinema.
— Mais dez minutos — ele gemeu, aninhando seu rosto na minha nuca.
Meus olhos fecharam e eu deslizei direto para o sono, mas o alarme não ia
permitir que isso durasse.
— Amor, são cinco e meia. Seu carro estará aqui em alguns minutos. —
Esfreguei suas costas para acordá-lo.
— Mmm! — Ele gemeu. — Isso é bom.
Seu celular tocou, forçando-o a alcançá-lo.
— Bom dia, Mike. Sim, estou acordado. — Ele saiu da cama, esfregando
seus olhos e olhou pela janela do quarto. — O beco parece vazio. Vejo você
em breve.
Sorri comigo mesmo enquanto lhe fiz uma xícara de café. Eu estava tão
apaixonada pelo homem que acordou comigo e agora se arrumava em meu
chuveiro.
Pensei em como as coisas estão diferentes desde a primeira vez que ele
passou a noite. Como lutei com os pensamentos de não permitir a mim
mesma me machucar de novo contra o desejo ardente de amar novamente.
— Tenho um dia de doze horas de compromissos. Te ligo quando estiver
em meu caminho — ele disse alegremente conforme se secava com a
toalha. — O que está em sua agenda hoje?
— Tenho que levar o depósito ao banco e vou fazer algumas compras de
supermercado. Estou quase sem café e realmente não tem comida neste
lugar.
— Enquanto você estiver na loja, você poderia pegar algumas coisas
para mim? Eu realmente gostaria de algum sabonete que não cheira a
fruta. — Ele cheirou a pele do seu braço. — Apenas pegue algo para mim,
por favor? Oh, e tenha certeza de manter seu celular com você em todo o
tempo, apenas no caso.
Na cozinha, ele escreveu uma pequena lista em um pedaço de papel.
— Aqui algum dinheiro. É todo o dinheiro que sobrou comigo depois de
perder para o Gary ontem à noite. — Ele puxou notas aleatórias do seu
bolso e as deixou na mesa. — Use-as!
Nós esperamos pelo seu motorista na porta de trás na cozinha do pub.
Desliguei o alarme.
— O código é 283091 e então você aperta este botão aqui.
Ele repetiu o número.
— Talvez você tenha que me relembrar; eu não sei se vou lembrar.
— É meu aniversário, mas ao inverso… lembra? 19 de março de 82.
Você deve, pelo menos, lembrar o ano. — Eu o cutuquei.
— Eu me lembro quando seu aniversário é — ele zombou brincando. —
Você lembra do meu?
— 17 de novembro — gracejei. — Mais três semanas.
Seu motorista buzinou uma vez e ele me beijou em despedida.
— Tenho que ir. Te ligo mais tarde.
As câmeras irritantes começaram a clicar assim que ele botou um pé do
lado de fora.
Na hora em que alcancei a porta do apartamento, ouvi meu celular
tocando com o toque de Ryan.
— Esqueci algo — ele disse, soando um pouco arrependido.
Corri para a cozinha.
— Você precisa que eu adicione algo a sua lista? — Eu já tinha uma
caneta em mãos.
— Não! — Ele disse, divertido. — Esqueci de te dizer que eu te amo.
Meu coração pulou outra batida apenas ouvindo-o dizer essas palavras
para mim.
— Eu amo você também! — Sussurrei.
Joguei-me na cadeira da cozinha e tirei um momento para me deleitar
com suas palavras; sua lista de supermercado ainda estava em minha
mão. Digitalizei pelos itens que ele pediu, itens comuns que você usa todo
dia: xampu, barbeador, sabonete e solução para lentes de contatos. Eu ri
quando li: creme de barbear masculino. Pobre rapaz! Todos os produtos
que tenho no meu banheiro são definitivamente perfumes femininos. Fiz
um inventário de coisas que eu tinha na despensa e adicionei itens em sua
lista. O último item que ele anotou foi Cereal de farelo de passas. Suas
necessidades eram simples.
Liguei meu computador para checar o balanço das minhas contas,
antes de sair às compras, apenas para saber quanto posso levar.
Pressionei o ícone para abrir minha conexão com a internet; no segundo
que meu dedo clicou, minha mente brilhou com a Marie me dizendo que
eu estava na internet.
Busca: Ryan Christensen
Hesitei antes de clicar em enter no meu teclado. Meu dedo mindinho
clicou assim mesmo. Eu estava meio que abrindo os portões do inferno.
Haviam mais de sessenta e dois milhões de sites com seu nome. No topo
da página, tinham vários itens listados sob: “Novos resultados”.
A noite quente de Ryan Christensen em Seaport.
Ryan e Suzanne — seu término devastador.
Problemas no paraíso! Término poderá arruinar o próximo Seaside.
Acabou! — Ryan seguiu em frente.
O novo amor de Ryan
Cliquei no último link e fui redirecionada para algum site de fofoca no
Reino Unido. Havia uma foto de Ryan e eu quando estávamos voltando da
casa de Cal e Kelly. Eu podia dizer quando foi tirada, pelo lado que meu
corpo estava virado para os prédios. Li o artigo.

O novo amor de Ryan


Ryan Christensen e Suzanne Strass podem interpretar amantes
frustrados na tela, mas a sorte tem algo a mais em mente para esses dois
atores na vida real. Ryan terminou seu relacionamento de dois anos com
Suzanne e está namorando uma nativa de Seaport, Rhode Island, e dona de
um negócio, Taryn Mitchell.
— Ryan conheceu Taryn várias semanas atrás e está completamente
encantado — disse uma pessoa de dentro. Ryan, 26 anos, e Taryn, 27 anos,
nativa de New York, têm botado fogo em seu relacionamento. Ryan foi visto
entrando e saindo do seu apartamento, em todas as horas, do dia ou da
noite, e passou várias noites inteiras com a atraente loira.
Também foi reportado que Ryan, na segunda-feira, tirou todas as suas
coisas da sua suíte privada, no hotel Lexington, onde ele está ficando
enquanto filma, e mandou entregá-las ao apartamento da Srta. Mitchell.
Seus representantes nem confirmaram, nem negaram o relacionamento.
— Ryan tem desaparecido demais ultimamente e tem passado menos
tempo com suas co-estrelas — disse outra pessoa de dentro, embora, na
semana passada nós reportamos que quase todo o elenco passou várias
horas juntos em uma festa privada, recebida pela Srta. Mitchell.
Suzanne e Francesca saíram da festa cedo e as duas pareciam muito
distraídas. Aquele foi o dia que Ryan deixou Suzanne saber que havia outra
pessoa em sua vida agora.

Passei meus dedos pelo meu cabelo. Mesmo que os rumores sobre o
relacionamento de Ryan e Suzanne eram completamente falsos, havia um
monte de verdade misturada no artigo. Deus, a maioria disso aconteceu
menos de vinte e quatro horas atrás e já está impresso! Não é à toa que
seu gerente ligou ontem. Cliquei em outro link.

Término pode significar desastre para a série Seaside.


O timing não poderia ser pior para o relacionamento de Ryan e Suzanne
terminar; o relacionamento de Charles e Gwen no terceiro episódio de
Seaside está elevado a um novo nível de intimidade e é o foco primário da
história.
— Todo mundo está preocupado que o relacionamento deles fora das
cenas afetará sua química nas telas. Se tiver tensão entre eles dois, isso
mostrará certamente no filme. A menor das mudanças poderá realmente
destruir sua impressionante química. — Disse uma pessoa de dentro de
Seaside.

Passei a próxima hora procurando-o na internet. Eu estava chocada por


ver quantas fotos eles tinham de Ryan, junto com centenas de outras
imagens dele e Suzanne juntos. Haviam até alguns sites de fãs devotados a
adorar todos os seus movimentos; esse site incluía um blog quase passo a
passo da sua vida. Achei fotos minhas em vários sites de fofoca também.
Alguém tirou várias fotos minhas, andando sozinha na calçada; também
haviam fotos Tammy e eu tiradas no dia que quebraram as janelas.
Haviam várias fotos Ryan e eu da noite que fomos na casa de Cal.
O consenso geral indicava que eu não era nada mais do que uma
destruidora de lares, a razão por que Ryan e Suzanne foram separados. Eu
poderia imaginar claramente as fãs obcecadas de Seaside vindo atrás de
mim para me queimar na fogueira.
Que conveniente para mim que elas estavam justamente na minha
calçada.
Pensei sobre sair do apartamento para ir ao supermercado e pânico
correu pelas minhas veias. Os paparazzi me seguirão ao supermercado
para reportar que tipo de sabonete eu comprei para o Ryan? Já vi fotos de
celebridades antes e a maioria delas eram das celebridades lá fora, embora
o interior dos aeroportos parecia jogo justo; eles poderiam me seguir
dentro do supermercado?
Olhei para fora da minha janela da frente; a maioria da rua parecia
vazia, exceto pelo trânsito normal. Talvez Ryan foi visto saindo essa manhã
e os paparazzi e as fãs obcecadas o seguiram?
Tomei um banho e passei tempo extra arrumando o cabelo e me
maquiando, apenas no caso. Levei meu tempo, lutando contra a urgência
de ficar enfurnada em meu apartamento ao invés de ir lá fora…lá. Eu
podia entender porque Ryan se escondia em seu quarto de hotel.
Coloquei meu melhor jeans e minhas botas pretas com um salto de duas
polegadas, apenas no caso de precisar correr, e minha jaqueta de couro
preta e óculos de sol. Contei o dinheiro que Ryan deixou para mim, cento e
vinte dólares, e coloquei-os em minha bolsa. Lista de supermercado, bolsa,
depósito bancário, chaves, celular… coragem? Onde deixei minhas
entranhas? Não os deixe decidir por você, você pode fazer isso.
Parei na porta de trás, desliguei o alarme, respirei fundo e pisei no beco.
Foi quando as câmeras começaram a clicar. Cinco paparazzi seguiram-me,
me perguntando coisas por todo o caminho pelo beco. Não respondi; fiquei
focada em chegar ao meu carro. Em um ponto, achei que era capaz de
evitar suas questões pensando em outras coisas.
Tive certeza de fazer parecer que as notas de amor, enfiadas sob meu
limpador para-brisa para Ryan, não me incomodaram. Acho que até sorri
uma vez. Fiz uma pilha legal e os coloquei no banco do passageiro do meu
carro.
Essas garotas loucas realmente pensas que sua namorada vai
considerar passar suas notas de amor para ele? Certamente elas sabem
que este é o meu carro, não dele!
Talvez elas esperem que, se nós brigarmos, ele talvez pegue a primeira
nota da pilha e vá correndo para seus braços? Como se essas notas fossem
bilhetes de entrada para a loteria de Ryan Christensen e a sortuda
ganhadora seria escolhida aleatoriamente da pilha? O que diabos há em
suas cabeças?
Eu sei exatamente porque ele quebrou ontem; essas pessoas foram
soltas nas ruas. Minha mente foi para os antigos filmes de zumbis e eu
imaginei que Ryan e eu fomos os únicos que não viramos monstros, ainda.
Levei um momento para programas minha seleção de músicas. Ah, aqui
está, eu sabia que tinha “Zombie” dos The Cranberries. Sorri, aumentando
o volume e dando marcha a ré.
Tire uma foto disso.
Desde que eu tinha uma larga quantia de dinheiro comigo, dos meus
lucros no pub, o banco foi a primeira parada da minha agenda. Parei na
pequena fila esperando pelo próximo caixa vago; minhas opções
diminuíram quando um dos dois caixas trabalhando colocou sua
plaquinha “guichê fechado” na sua bancada.
Que sorte a minha que eu seria atendida por alguém que fui para a
escola: Michele Weeks, outra desvantagem por viver em uma cidade
pequena.
Ela me notou parada na fila e, de repente, estava sorrindo para mim de
orelha a orelha. Ótimo! Esta garota nunca disse mais do que duas
palavras para mim todo o ensino médio e agora ela sorria largamente para
mim como se fôssemos antigas amigas perdidas. Por que ela iria falar
comigo naquela época? Eu não era parte daquela turma; eu saía com
crianças normais que não pensavam ser melhores que ninguém mais.
Naquela época, ela era a chefe das líderes de torcida, namorando um dos
três mais populares caras da escola, que apenas aconteceu de deixá-la
grávida, logo depois da formatura. Agora, ela era a chefe dos caixas no
meu banco. Eu ri por dentro; engraçado como ela sempre tinha o termo
“chefe” associado ao seu nome.
— Oi, Taryn! — Ele me cumprimentou. — Como está você?
Como se você realmente se importasse.
— Bem, obrigado! Depósito, por favor — eu disse, deslizando o rolo de
dinheiro preso a um elástico e o comprovante do depósito para ela.
Ela colocou meu dinheiro debaixo do balcão e digitou em seu
computador. Ela ainda sorria e me encarava, e eu sabia que a qualquer
momento ela faria a pergunta ardente.
— Taryn, por favor, me diga. É verdade? — Ela sussurrou sua súplica
para mim. Seus olhos foram e voltaram procurando bisbilhoteiros. — Você
está mesmo namorando Ryan Christensen?
Maravilhoso, outra maldita fã curiosa. Algumas respostas espertinhas
correram pelo meu cérebro como: “não, ele está apenas morando comigo e
transando tanto quanto um homem pode aguentar sem desidratar”, mas
me mantive composta e a encarei sem expressão.
— Vamos lá! — Ela apressou. — Não vou dizer nada!
— Bom saber. — Eu me inclinei no balcão, meus olhos indo de um lado
a outro para pegar seu interesse e então soltei a bomba: — Nem eu.
Seu sorriso se transformou em uma careta em um instante e ela
deslocou seu foco para contar meu depósito agressivamente.
Ela deslizou o recibo do depósito para mim.
— Tenha um bom dia — ela falou. Eu podia dizer que ela realmente não
queria dizer isso.
Decidi sair de Seaport e ir até a próxima cidade para fazer minhas
compras. Por que? Eu não sabia. Alguma coisa sobre colocar distância
entre mim e os zumbis, talvez?
Passei dirigindo por uma grande cadeia de loja de ferragens e outro
pensamento me ocorreu. Dei a volta e estacionei na vaga maior. Eu queria
fazer cópias das minhas chaves, então eu poderia dar a Ryan seu próprio
conjunto. Esperava que ele tivesse um melhor entendimento de quanto eu
o queria comigo.
Eu estava no meu caminho para o Super WallMart quando Ryan me
ligou.
— Olá, você! O que você está fazendo? — Ele perguntou.
— Estou em uma missão secreta — brinquei com ele, colocando minha
bolsa em um carrinho. Parei por um momento; parecia que eu tinha algo
preso no meu sapato. Cruzei meu pé no meu joelho para dar uma olhada.
Foi quando notei o velho Plymouth dirigindo lentamente por mim. Ele
quase parou bem ao lado de onde eu estava.
— Ah, meu deus — ofeguei, raspando o chiclete do meu salto. Corri com
o carrinho pela porta.
— O que? — Ele pirou junto comigo.
Parecia a garota de cabelo cacheado e banguela, mas eu não tinha
certeza absoluta. Quem quer que seja usava uns óculos de sol grande. Não
tinha sentido preocupá-lo desnecessariamente.
— Tem chiclete preso no salto do meu sapato.
— Oh, você me assustou por um minuto! — Ele admitiu. — Ei, eles
vendem meias no supermercado? Acabei de rasgar outro par.
— Não sei sobre o supermercado, mas estou entrando no Super Wal-
Mart agora mesmo. Posso comprá-las aqui ou famosas estrelas de cinema
requerem meias caras de designer? — Provoquei-o.
— Deixe-me perguntar ao Cal — ele brincou. — Apenas pegue aquelas
meias brancas simples, preferencialmente aquelas sem buracos. Você sabe
o tipo que uso.
— Algo mais? — Perguntei.
— Fita adesiva e uma pá? — Ele pediu.
Suspirei. Eu só podia imaginar o inferno que Suzanne estava o
colocando no set.
— Quão ruim ela está hoje?
— Ela está difícil — ele murmurou. — Taryn, você sabe que estou
fazendo esse filme, certo? Então, por favor, não fique ciumenta quando eu
te digo isso, mas nós tivemos que fazer uma cena de beijo essa manhã e
ela reclamou que eu tinha bafo de café e disso um maldito problema. Foi
embaraçoso.
Eu sabia como ele se sentia sobre ela; ciúmes estava bem abaixo na
minha lista de emoções.
— Ryan, eu sei que é fingimento. Ela não é nada para mim ficar
ciumenta. Estou mais preocupada sobre seu relacionamento com o diretor.
Você filmou?
— Sim. Tivemos que fazer várias vezes até parecer bom o suficiente para
ser crível. Kenneth estava feliz com o quarto take. Se você lembrar, pegue
um monte de chiclete de menta também. Então tenho algo para tirar o
gosto ruim dela da minha boca.
Tenho que banir os pensamentos deles dois beijando-se.
— Quanto tempo você estará no set hoje?
— A agenda diz que até às sete para mim, mas você nunca sabe. Já
filmamos duas cenas. Eu vou apenas passar pelas minhas falas na
próxima, quem está vindo em quinze minutos. — Ele bocejou. —
Felizmente, ela não está nesta cena. Devo estar lá perto das sete, oito no
máximo.
— Vou deixar a porta dos fundos destrancada para você;
esperançosamente não haverá muitas sanguessugas peludas esperando lá
fora.
— Você sorriu para as câmeras esta manhã? — Ele disse, divertido.
— Não foi tão ruim. Me certifiquei de sorrir quando retirei a seleção de
notas de hoje do meu carro. Eu as mantive em uma pilha legal, no caso de
você querer ler no banheiro.
— Estou esperando um papel higiênico mais macio do que isso! — Ele
riu.
A essa altura, eu já andara pela loja e estava encarando uma grande
variedade de meias para homens. Joguei três pacotes de meias no
carrinho.
— Estou levando três pacotes, todas as suas meias furadas vão para o
lixo hoje à noite.
— Ei, pegue um pacote Doritos e algum molho. Estou faminto por
alguma comida mexicana, ultimamente.
— Você quer tacos para o jantar essa noite? — Imaginei que isso soava
bom também.
— Promete? Não brinque com minhas emoções, Srta. Mitchell!
— Está mal! Vou vê-lo hoje à noite. Tenho que ir pegar algumas coisas
com perfume viril para o meu namorado. — Meu interior se aqueceu por
dizer esta palavra de novo, alto.
— Ok, pêssego! — Ele riu.
Desliguei meu telefone e virei a esquina para o corredor dos sabonetes.
Nossa conversa me deixou sorrindo. Achei a sessão dos sabonetes líquidos
masculinos e comecei a abrir e cheirar todas os frascos. Sorri comigo
mesmo, imaginando Ryan nu, molhado e todo ensaboado. Era um inferno
de um pensamento privado.
Ele pediu por novas lâminas de barbear então rolei meu carrinho para o
próximo corredor para tirar esse item da lista. Eu estava olhando para as
diferentes marcas de creme de barbear masculinos quando a vi com o
canto do meu olho — a garota de cabelo cacheado e banguela. Ela estava
no fim do mesmo corredor, fingindo olhar para algum produto na
prateleira, conforme olhava o que eu estava fazendo. Senti um raio de
terror picar minha espinha. Foi ela que vi no estacionamento!
Não entre em pânico, estamos em um lugar público. Talvez seja só uma
coincidência.
Peguei o resto dos produtos para o Ryan e corri para o corredor dos
xampus. Eu estava em uma missão de pegar o que eu queria e então ir me
esconder em outra parte da loja.
Pelo tempo que terminei minhas compras, meu carrinho estava cheio
até a borda; eu não estava mais comprando. Mesmo que eu tivesse focada
na minha lista, eu ainda olhava nervosamente sobre meu ombro de vez em
quando. A garota de cabelo cacheado me seguia? Eu estava ligeiramente
aliviada que nunca mais a vi.
O carrinho estava pesado e difícil de empurrar pelo estacionamento. A
roda da frente do carrinho estava balançando e tive de usar as duas mãos
para continuar em linha reta.
O som de pneus cantando no cascalho capturaram minha atenção;
instintivamente procurei a fonte do barulho. Foi quando vi o velho
Plymouth vindo direto para mim do fim da linha dos carros.
Pensamentos de morrer num estacionamento, igual a minha mãe,
brilhou na minha mente.
Algum impulso do fundo me forçou a soltar o carrinho e deixá-lo onde
estava; meu corpo pulou no meio de dois carros estacionados. Se essa
vaca louca vai me atropelar, ela terá que atropelar alguns carros também.
Mas ao invés, ela dirigiu passando por mim. Ela nem mesmo olhou na
minha direção.
Observei enquanto ela dirigiu para fora do estacionamento. Ela não
apontou para mim em tudo. Eu me senti muito boba por deixar minha
imaginação sair desse jeito. Balancei a cabeça para pôr minha mente de
volta na tarefa em mãos e puxei meu carrinho para o porta-malas para
transferir as compras.
Quando estacionei no meu beco, os paparazzi estavam lá, esperando por
mim. Gostaria que eles parassem de tirar minha foto e me ajudassem,
pensei enquanto as câmeras clicavam ao meu redor. Uau, notícias
excitantes… as compras de supermercado da namorada de Ryan
Christensen. Parem as malditas impressoras!
As pessoas estavam famintas ao redor do mundo, os poluentes que
jogamos no ar estão destruindo o ozônio, a economia global está na merda,
mas ainda assim, as mais excitantes notícias neste momento é me
capturar digitalmente descarregando minhas compras. Transferi todas as
sacolas do porta-malas para a cozinha e então fui estacionar o carro.
Peguei o chaveiro para trancar a porta do meu carro e eu estava prestes a
atravessar a rua Mulberry quando vejo o velho Plymouth virando a esquina
dois quarteirões de distância. Ela mantém essa merda e eu estou pedindo
uma ordem de restrição.
Apressei-me pelo beco; de novo, de uma maneira estranha eu estava
realmente aliviada que havia outras pessoas ao redor, mesmo se fossem os
malditos paparazzi. Eles apenas queriam tirar fotos minhas; de algum jeito
eles não eram ameaças. E agora que os vi por vários dias seguidos, seus
rostos se tornaram familiares para mim.
O único fotógrafo que reconheço era um pequeno italiano com um
cabelo curto e grisalho e uma barba malfeita. Ele era o mais legal deles até
agora. Ele não fez nenhuma pergunta irritante; ele só perguntou como
meu dia estava indo. Gostaria de saber se estes sanguessugas realmente
têm um coração quando se trata de sua profissão escolhida.
Outro dos fotógrafos que eu reconhecia era alto, talvez 1,88 ou 1,93,
com um nariz bem pronunciado e uma pele oliva escura. Ele também foi
um pouco agradável, elogiando minhas roupas toda a vez. Hoje, ele gostou
da minha jaqueta. Gostaria de saber quando o fato de que eu, nem
sempre, uso roupas de grife entrarão no jogo.
Enquanto eu destrancava minha porta dos fundos, o italiano baixinho
me desejou uma noite abençoada.
— Obrigado, Sr.! Para você também! — Repliquei com um sorriso alegre.
Depois de carregar as comprar escada acima e guardar a maioria delas,
liguei para Tammy.
— Ei, eu preciso que você pergunte a Tony uma coisa para mim. — O
irmão de Tammy é policial em Providence. — Acho que tenho um problema
com uma fã. Você pode perguntar a ele qual o critério para conseguir uma
ordem de restrição?
Tammy engasgou.
— Já está ruim assim?
— Eu não sei. Essa garota apenas fica aparecendo. Não tenho certeza se
é uma coincidência ou não, mas eu a vi no CostMart em South Hampton.
E ela acabou de descer a rua dirigindo depois de eu descarregar meu
carro. Estou um pouco assustada, na verdade!
— Vou perguntar a ele. Talvez você poderia considerar não abrir o pub
sozinha? Você pode esperar até alguém mais estar aí com você?
Ela tinha um ponto.
— Está é uma ótima sugestão. Posso esperar até Cory chegar. Ele
chegará às quatro. Não é como se eu fizesse um inferno de dinheiro de
tarde de qualquer jeito.
— Melhor estar segura do que arrependida — Tammy disse.
— Você está certa. Por favor, pergunte a Tony para mim; veja se ele tem
alguma sugestão.
Guardei o resto das compras, então coloquei um pacote pequeno de
carne de hambúrguer em uma frigideira no fogão. Pensei em começar o
jantar agora assim quando ele chegar em casa podemos comer juntos.
Casa? Espere… meu cérebro apenas disse “casa”? Andei ao redor do
meu apartamento, observando que tem pequenos pedaços de Ryan em
cada cômodo. Todas as suas roupas estão arrumadas no meu quarto, as
calças de ontem no encosto da cadeira, seu relógio caro e abotoaduras
estavam na minha cômoda, perto do frasco da sua colônia, um novo
roteiro e um livro estavam na mesa de centro e sua escova de dentes
estavam no banheiro perto da minha.
Misturar minha vida com a dele parecia tão fácil. Tentei me lembrar
como e onde tudo isso aconteceu. Era quase quatro horas, hora de
acender as luzes do pub e abrir para os clientes. Eu estava confortável em
saber que Cory chegaria em breve. Liguei a televisão para ruído de fundo e
ajustei minha placa com o horário para a nova hora de abrir.
Esperei ver Cory como a primeira pessoa a passar pelas minhas portas,
mas ao invés disso alguns clientes do sexo feminino entraram, sem dúvida
para ver sinais de Ryan Christensen. As três garotas sentaram no bar; elas
pareciam muito jovens.
— Boa noite, garotas — cumprimentei-as. — O que posso pegar para
vocês?
Uma delas meio que me encarava; eu não ligava para a vibração que ela
emanava.
— Vou querer rum e Coca-Cola — ela declarou.
— Claro. Posso ver uma identificação primeiro, por favor? — Pedi
educadamente. — Se você não tem vinte e um anos, você não está ficando.
Uma delas mal tinha vinte e um e as outras duas tinham vinte e dois;
nenhuma delas era de Rhode Island. Todas as três eram de
Massachusetts, que era a quarenta minutos dirigindo daqui, perto da
fronteira.
Fiquei tão aliviada em ver Cory passar pela porta que não pude suprimir
meu sorriso. Uma das garotas virou sua cabeça para ver para quem eu
sorria.
— Ei, chefe. Desculpe, estou alguns minutos atrasado — Cory se
desculpou. Na verdade, ele estava apenas quatro minutos atrasado.
Certamente não era grande coisa, especialmente desde que mudei seu
horário de meio-período para quase integral.
— Sem problemas, Cory. Estou apenas feliz que você podia trabalhar. —
Dei um tapinha em seu ombro. Secretamente, eu agradecia minha estrela
da sorte que eu não estava trabalhando sozinha.
— Limões? Cory perguntou, olhando em volta. Eu não cortei nenhum
ainda.
— Vou pegar alguns — eu disse alegremente, trotando de volta para
cozinha.
Eu tinha várias limas e limões em minhas mãos quando voltei da
cozinha. Naquele momento, a garota de cabelo cacheado e banguela entrou
pela porta. Ofeguei em choque, quase derrubando as frutas no chão. Corri
apressada para trás do bar, chegando tão perto de Cory e meu taco de
baseball quanto possível.
Eu sabia que seu nome era Angel, mas ela estava se transformando no
diabo, no meu livro. Ela olhou em volta dentro do pub antes de, hesitante,
fazer seu caminho até a parte mais longe do bar. Fiquei feliz que ela
sentou no lado oposto de onde a cozinha podia ser visível no longo bar.
Ryan entraria pela porta dos fundos eventualmente.
Ela enfiou a mão dentro da sua pequena bolsa carteira e senti a
adrenalina começar a lançar na minha corrente sanguínea. Esta garota me
aterrorizava completamente; não tinha nenhum jeito de saber o que ela
escondia em sua bolsa. Mantive alguma distância entre nós até eu ter
certeza do que ela estaria aprontando. Eventualmente, ela colocou algum
dinheiro no balcão e colocou sua mão em cima.
Devagar, me aproximei.
— Boa noite. O que posso pegar para você?
— Vou querer uma caipirinha de uísque — ela sussurrou. Foi estranho;
ela nunca fez contato com os olhos.
— Posso ver alguma identidade, por favor? — Eu queria saber quem ela
era e de onde ela vinha. Ela cavou sua pequena bolsa e pegou uma
pequena carteira. Seus dedos tatearam pela sua carta de motorista.
ANGELICA STAUNTON, DATA DE NASCIMENTO 2/17/1978
943 S. BRIDGE ST, Apt 12C
BROOKLYN, NY
Ela tinha trinta e um anos e estava longe de casa. Agora, pelo menos, eu
tinha mais informações para dar ao irmão da Tammy. Eu esperava que
poderia pedir para ele fazer uma busca de fundo desta louca.
Fiz a bebida que ela pediu e tentei ser o mais cordial que podia quando
a coloquei na frente dela. De propósito, coloquei pouco álcool; sem sentido
encher sua psicose com álcool extra.
Marie veio às cinco para começar seu turno. Ela fez uma careta quando
viu que a maioria dos clientes no pub eram mulheres. Cory já estava
tentando paquerar três das garotas no bar. Elas pareciam gostar dele
também. Cory é um cara de boa aparência, alto, bem-apessoado, braços
bons e um sorriso paquerador. Eu esperava que ele fosse uma boa
distração.
Marie segurou sua bolsa no ar e sacudiu suas chaves, indicando que ela
ia trancar seus pertences no escritório. Eu entendi completamente suas
razões; o pub começava a parecer uma reunião dos Perseguidores
anônimos. Sem dúvidas, mais de doze mulheres jovens vieram no bar. O
rastro de piranhas não acabava. Todas as fãs que esperavam lá fora, estão
agora dentro do meu pub.
— Que porr…! — Marie engasgou. — De onde inferno todas elas vieram?
— Da rua, de onde mais!? — Respondi de volta.
— Taryn! — Ela balançou a cabeça para mim. — Isso é fodido! O que
vamos fazer?
Eu não tinha ideia do que dizer a ela. Eu também estava preocupada em
servir menores de idade por acidente. Nós só tivemos multidões deste
tamanho nos finais de semana, e a vida era gerenciável quando Pete
controlava a entrada de todos.
— Eles precisam de comandas ou etiquetas de alguma forma — eu
disse. — Cory, dê uma comanda a todos antes de servi-los. Vou ver se eu
ainda tenho aquelas pulseiras de papel.
Corri para o escritório e cavei na gaveta velha do meu pai. Achei um
pacote de pulseiras de papel, mas a cola era tão velha que não colavam
mais. Em outra gaveta, achei uma almofada de carimbo e um carimbo de
data. Isso deve servir. Fui em mesa por mesa, checando as cartas de
motorista. Fiquei contente que fiz, pois haviam algumas menores de idade.
Pedi a elas que saíssem imediatamente. Foi bom chutar alguma de suas
fãs para fora.
As mulheres encheram meu pub; isso era indescritível. Todas as idades,
formas e tamanho forçaram suas entradas. Para que? Pela esperança de
ter um vislumbre do meu namorado? O homem que me ama com todo seu
coração? Isso me lembrou do tempo que seu carro foi cercado em L.A.
pelas fãs histéricas gritando. Meu humor instantaneamente mudou de
estressada para chateada.
Marie se aproximou de uma mesa com quatro mulheres que estavam
apenas sentadas em antecipação.
— Se vocês não vão pedir algo, vocês têm que sair! — Ouvi-a dizer-lhes.
— Não, água não é um pedido. Nós servimos álcool aqui. Isso é um bar!
Ela jogou sua bandeja no topo do bar. Eu podia ver que ela estava tão
chateada quanto eu.
— Isso é malditamente ridículo, Taryn!
— Eu sei. Não sei o que fazer — murmurei em defesa. — Não sei o que
posso fazer, além de ficar em pé no bar e dizer a todas elas que ele não
está aqui.
Eu realmente queria dizer a todas elas que ele era meu e elas estavam
delirando, putas loucas; talvez terminar meu discurso retórico com “todos
mundo saia fora, porra”, mas eu não podia.
Eu estava tão ocupada entregando comandas que perdi completamente
a noção da hora. Meu bolso começou a cantar para mim.
— Oi — ofeguei, correndo para cozinha.
— Oi, está tudo bem? — Ryan perguntou.
— Não. Meu pub está inundado com fãs mulheres. Eu não sei o que
fazer. — Eu sentia como se um ataque de pânico estivesse vindo. — Se
elas virem você — engasguei. Estava ficando mais difícil respirar.
— Merda, eu estava com medo disso. Ok, apenas fique calma. Vou
consertar isso. Você confia em mim?
— Sim — respondi.
— Cuida do seu negócio. Fiquei no bar. As coisas serão um pouco
agitadas, mas uma vez que elas conseguirem o que querem, elas vão
embora. — Ele estava em modo negócios.
Nervosamente, fiquei atrás do bar, misturando pedidos de bebidas para
ocupar meu cérebro. Eu não tinha ideia do que ele estava falando e eu
estava cheia de olhares de reprovação por uma noite. Eu sabia o que elas
estavam pensando: por que ela? O que havia de tão especial sobre mim
que chamou sua atenção? Eu até ouvi algumas delas dizerem que eu não
era bonita o suficiente para ser sua namorada. Parecia que o cachorro do
vizinho invadira minha casa e fez xixi nos meus carpetes, apenas para
irritar.
Um sedan preto estacionou na frente. Vi o segurança de Ryan abrir a
sua porta e os dois entrarem no pub. No minuto que o pé de Ryan pisou
no carpete, as mulheres começaram a gritar. Meus ombros se encurvaram
instantaneamente e cobri minhas orelhas com as mãos para abafar o
ruído. As câmeras estavam clicando em todo lugar. As garotas até mesmo
ficaram em pé, em algumas de minhas cadeiras.
Ryan sorriu e acenou para a adoração das fãs enquanto seu segurança
o apressava para o salão de bilhar. Notei um dos paparazzi também os
seguindo. Apenas assim meu celular tocou meu toque favorito.
— Não sabia mais o que fazer. Não fique brava — ele sussurrou. — Eu
te amo.
— Senhoras, senhoras — seu guarda-costas, Mike, chamou. — O Sr.
Christensen assinará autógrafos e providenciará fotos por uma hora. Uma
foto por convidada, por favor.
— É brilhante! Eu amo você também! — Respondi.
Em um instante, uma fila formava. Na verdade, a fila começou a formar
antes mesmo de Mike falar. Olhei no meu relógio, é quase sete horas.
Enchi um copo grande de refrigerante e levei-o para a sala de sinuca.
— Srta. Mitchell — Mike cumprimentou com um meio sorriso. Ele tinha
seus largos braços cruzados através do seu peito para parecer mais
intimidante.
— Oi, Mike! Você pode dar-lhe isso para mim? Posso pegar algo para
você beber também?
Mike balançou a cabeça.
Marie, Cory e eu ficamos atrás do bar, apenas assistindo. Percebi como
nenhum outro paparazzo entrou no pub, mas alguma outra ameaça
entrou: um repórter.
Uma mulher bem vestida sentou no bar, sorrindo para mim. Olhei no
canto do bar, para ver que a psicopata banguela estava ansiosamente
esperando na fila.
— Srta. Mitchell, Sheila Moore de Celeb Entertainment Network. Eu
estava imaginando se eu posso lhe fazer algumas perguntas? — Ela
brilhou seu tímido sorriso para mim.
— Sem comentários — respondi rapidamente. — Sem entrevistas.
— Apenas uma pergunta, querida — ela me incitou. Só havia uma
pessoa nesse planeta que me chamava de “querida” e não era ela.
— Não — eu disse com firmeza. — Por favor, saia agora.
— Você sabe que esta atitude não é muito boa para a carreira dele! —
Ela sorriu falsamente para mim. Eu não cairia no seu truque. Como se
responder suas perguntas investigatórias fosse bom para sua carreira.
Ela olhou para Marie eu podia ver o ratinho na roda em seu cérebro
agitando uma revolução.
— Não, você não pode entrevistar qualquer um dos meus funcionários
também — eu disse, afiada. — Agora, eu preferia se você saísse.
Seus olhos dardejaram com confirmação suficiente da sua tristeza. Eu
realmente não me importava. Eu mal falei com minha amiga mais próxima
sobre meu relacionamento; ela estava louca em pensar que eu dividiria
qualquer detalhe com ela.
Minha atenção estava dividida quando novos clientes entraram no pub.
Agradecidamente, era alguns dos meus clientes masculinos regulares. Eles
estavam obviamente felizes vendo a larga seleção de mulheres. Os caras
rapidamente socaram números em seus celulares; era o jeito moderno de
mandar sinais de fumaça para outros colegas de tribo.
O pequeno plano de Ryan parecia funcionar. Conforme as mulheres
conseguiam seus conhecer e cumprimentar satisfeito, elas saíam direto
pela porta. A multidão estava, realmente, diminuindo. Marie acenou sua
cabeça em resposta ao ver algumas garotas saindo.
Aborreceu-me ouvir alguns dos comentários que as mulheres faziam
sobre Ryan. A maioria jorrava sobre seus encontros com ele; como quente
ele era, como elas gostariam de transar com ele.
Duas mulheres jovens sentaram-se no bar, na minha frente, falando
sobre seu cabelo e seus olhos sonhadores e como elas não podiam
acreditar em quão sortuda elas eram hoje à noite, por estar no lugar certo
e na hora certa.
Eu lavava alguns copos sujos quando uma das garotas expressou sua
próxima observação em voz alta. Ela presumiu que desde que Ryan estava
aqui sem Suzanne, que eles podem não ser um casal, como todo mundo
pensou. E desde que ele estava rondando as ruas de Seaport (e passando o
tempo com os locais), ele deve estar procurando por um bom tempo. Ela
sentiu que suas possibilidades de conseguir apenas aumentaram. Ela até
veio com algumas falas para deixá-lo saber que ele podia tê-la. Ela decidiu
que sua fala “quer ir para minha casa e fazer sexo”, foi a vencedora. Há
algumas semanas, declarações como estas teriam entrado por uma orelha
e saído pela outra, não me afetando nem um pouco. Mas agora, senti
queimar direto no meu coração. A besta de cauda vermelha, chamada
raiva, brotou em mim. Estas mulheres falavam sobre ele, como se ele fosse
um objeto, uma coisa, uma possessão para se ter. E a coisa que elas
desejavam, é o homem que eu amo.
Marie estudou minha expressão facial por dois segundos antes de
concluir que eu estava quase no fim da linha.
— Vá dar uma volta. Cory e eu temos isso — ela me conduziu pelos
meus ombros.
— Vou ver como ele está indo, então vou subir para jantar com ele. Vou
voltar um pouco mais tarde. — Eu não podia esconder mais a raiva.
Ele tinha apenas mais dez minutos até sua hora de pessoas implorando
terminasse e ainda haviam umas quinze mulheres na fila. Mike sorriu
para mim e se moveu ligeiramente, assim eu poderia olhar para Ryan.
Duas garotas falavam como uma tempestade com ele, acariciando seu
cabelo, sorrindo e flertando. Deixou-me doente.
Ryan estava parado lá, com seus braços cruzados em seu peito,
tentando ser legal. Quando ele me viu, sorriu, correndo seus dedos pelo
nariz e arranhando seu queixo. Isso me fez sorrir.
Duas garotas para ir antes da banguela de cabelo cacheado, Angélica,
ter sua vez. Ela estava definitivamente olhando para mim de cima a baixo,
como o resto delas. Ajustei minha camiseta, corri minhas mãos sobre
minha bunda e sorri afetadamente. Olhem para isso, senhoras, é sua parte
favorita. Ryan estava ficando ansioso para acabar logo com isso; ele
acenou para Mike deixar a próxima garota entrar. Duas garotas foram
juntas conhecê-lo. Elas estavam fora de si, era como conhecer Deus para
elas.
Ryan moveu-se para longe da mesa quando as duas garotas saíram. Ele
veio direto onde eu estava parada.
— Oi, você! — Ele sorriu e secretamente escovou seus dedos nos meus.
— Oi de volta!
Ele bocejou.
— Estou tão cheio disso. Quantas ainda faltam?
Contei grosseiramente.
— Doze. Apenas termine com elas; talvez elas vão deixá-lo em paz agora.
Ele enrugou seu nariz e estremeceu.
— Estou com tanta fome. Estou ficando com dor de cabeça.
— Então termine rápido! O jantar estará pronto quando você estiver. —
Eu puxei a parte de baixo da sua camiseta.
Angélica estava ficando nervosa na fila; ela trocava seu peso de um pé
para o outro. Ryan viu que ela era a próxima e sussurrou algo no ouvido
do seu segurança. Mike infelizmente deixou Angélica passar. Ela agarrar
sua pequena bolsa em sua mão, me deixou nervosa. Eu assistia a todos os
seus movimentos, pronta para atacar se ela tentasse algo.
Ela disse algumas palavras efusivas para o Ryan e então começou a
abrir a bolsa. Eu vi a borda de algo prateado em sua mão; adrenalina
correu pelas minhas veias. Eu estava prestes a empurrar Mike e combatê-
la quando ela puxou uma câmera cromada. Ryan pousou com ela
rapidamente; agora eu entendia porque o fotógrafo foi convidado. Ela
olhou para a câmera e pediu para tirar mais uma, mas o fotógrafo disse
não e a moveu.
Angélica pareceu distraída quando ela saiu da sala de sinuca. Pensei
que ela ficaria no bar, então foi uma surpresa quando ela saiu do prédio.
Boa viagem, maluca
Várias garotas entraram na fila e agora o total estava perto de vinte.
— Mike, ele teve o suficiente — sussurrei. — Mais duas garotas e é isso.
Ele tem uma dor de cabeça e ele tem o jantar esperando.
— Ok, Taryn — ele se virou para as senhoras. — Vocês duas e então
terminamos. Sem mais.
Observei quando as más notícias foram sussurradas pela fila. Algumas
delas soltaram “aeww” em voz alta, mas não me importei. Ele serviu às fãs
o suficiente hoje. Ryan bateu nos ombros de Mike quando terminou.
— Obrigado, homem, te devo uma!
— Sem problemas, Ryan. Vou vê-lo às seis. Vá descansar.
Ryan sorriu e acenou brevemente para as senhoras que ainda
esperavam na fila; suas câmeras clicaram como loucas. Ele virou as costas
para fãs esperando e rapidamente passou pelas portas das escadas.
CAPÍTULO DEZENOVE

Entradas
— Eu te amo por me servir um refrigerante real — Ryan disse
entusiasmado. A lata assobiou quando ele puxou o lacre. — Então, como
foi o seu dia, querida?
Virei-me e enfiei um Doritos em sua boca, sufocando seu sarcasmo. Ele
sorriu e me deu um tapa estalado na bunda.
— Comprei um cartão de aniversário para sua mãe. Está na mesa.
Ele pegou outro Doritos e mergulhou no molho.
— Oh, legal! Eu esqueci completamente de comprar para ela. — Ele leu
o cartão em silêncio — Aww! Ela vai ficar toda mole comigo depois de ler
isso. — Ele embrulhou seus braços ao redor da minha cintura, me
abraçando por trás. — Obrigado — ele sussurrou, beijando meu pescoço.
Virei em seus braços e deslizei minhas mãos em seus ombros; eu estava
esperando pelo meu oi apropriado e estava aliviada que não tinha que
espera um segundo a mais. Seu gosto era salgado e picante, igual aos
Doritos. Deixou-me faminta, mas não por comida.
— Obrigado por neutralizar sua legião de seguidoras — eu disse
calorosamente. — Eu realmente apreciei o que você fez e fiquei surpresa
por ver quantas delas saíram, uma vez que tiveram a chance de conhecê-
lo.
Ele mastigou o Doritos.
— Mmm! Assim como imaginei o sabor. Eu estava tão faminto por isso;
pensei nisso o dia inteiro. — Ele tinha, aparentemente, mentalmente
mudado do seu prévio modo de negócios.
— Comprei um presente hoje — peguei minha bolsa da parte de trás da
cadeira. — Aqui.
— Chaves? — Ele perguntou com a boca cheia de comida e depois ficou
claro para ele o que eram.
— A porta dos fundos da cozinha é a prateada e a dourada é da porta do
apartamento. Agora você tem seu próprio chaveiro. — Tentei esconder meu
sorriso, enquanto dava uma mordida no meu jantar.
Ele se inclinou rapidamente por cima da mesa e me deu um beijo.
— Obrigado! Então, o que mais você fez hoje? — Ele perguntou.
— A caixa no banco queria saber se estou realmente namorando você —
eu ri.
Ele pareceu surpreso.
— O que você disse?
— Eu falei para ela que não estamos namorando; eu disse que estamos
apenas tendo sexo quente e incrível um com o outro ao invés disso. —
Imaginei que isso o faria rir.
— Você não disse isso!
— Oh, e também disse a ela como doce e amável você é, e como você
sempre se certifica que eu tenha um orgasmo de explodir a mente
primeiro. Pensei que isso faria o dia dela.
Ele sorriu para mim, mastigando.
— Ela não pareceu muito feliz quando abaixei minhas calças para
mostrar a ela seu autógrafo. Eu podia dizer, pela maneira que ela bateu
meu recibo no balcão e me disse para “ter um bom dia” entredentes que
ela não estava contente.
— Agora eu sei que você está cheia de besteira!
Sorri de volta para ele.
— Ela me disse que podia manter um segredo e eu disse que eu também
— corrigi. — E como foi o seu dia, querido?
— Matei Suzanne várias vezes hoje. Pensei, depois que a esfaqueei
mentalmente com uma faca grande, que ela morreria, mas a puta
continuou voltando! Então eu peguei a picareta e atingi sua testa, você
sabe, bem aqui? — Ele apontou. — Mas ela não ia ficar para baixo!
— Baby, você não aprendeu nada comigo? Você tentou veneno?
— Veneno? — Ele zombou. — Demora muito e eu não estava no clima
para esperar. Coloquei balas de pratas reais na minha arma. Ela tomou
doze tiros no peito. — Ele colocou o último pedaço do seu taco em sua
boca.
— E? E isso a matou, finalmente?
— Bem que eu queria! Eu não acredito que tenha algum jeito de matar o
anticristo — ele riu.
Depois de terminarmos de comer, ele me ajudou a limpar a cozinha e
guardar a comida. Eu estava feliz que ele não esperava que eu fosse sua
serva ou empregada. Ele levou alguns minutos extras inspecionando a
geladeira, checando todos os itens que comprei no supermercado.
— Olhe na dispensa, também. Espero que eu tenha pego o cookie de
chocolate certo. Você não foi específico.
— Ah, olhe para isso! — Ele disse, animado. — Igual em casa! — Ryan
rasgou o pacote de cookie, enfiando um na boca e escondendo na mão um
para mais tarde. — Você tinha dinheiro suficiente?
— Sua contribuição foi cerca de metade — murmurei. Comecei a lavar
os pratos.
— Mentirosa! — Ele soprou na minha orelha. Ryan ligou a torneira da
pia para mim, então eu poderia enxaguar um prato.
Sorri. Ele estava certo, eu estava inventando. Gastei quase quatrocentos
dólares hoje pegando todas as suas coisas.
— Talvez nós podemos passar pelos detalhes mais finos depois? Chegar
a um acordo mútuo? — Perguntei em voz alta.
— Você quer negociar os termos do nosso contrato?
— Contrato? — Questionei. — Não percebi que estou sob contrato.
— Bem, é claro que você está. Já assinei na linha pontilhada, bem aqui.
— Ele escovou meu traseiro com seus dedos longos. — Estou trancado. É
um contrato protegido, a propósito.
— Pergunta? Existe uma cláusula de não concorrência escrita neste
contrato?
— Absolutamente! Não há concorrência também. Nenhuma. — Ele
pegou um prato molhado da minha mão para secá-lo.
— Não tenho certeza. Haviam bastante formando uma fila hoje. Todas
elas muito dispostas a negociar.
Os olhos de Ryan estreitaram em mim.
— Querida, serio, me diga. Isso, que aconteceu hoje à noite, te
incomodou? Diga-me a verdade!
— Não —respondi, imediatamente. — A apreciação das fãs não me
incomoda em nada. O que me incomodou foi alguns comentários que elas
fizeram. Quero dizer, acho que é de conhecimento público o porquê de você
estar passando um tempo no meu pub e o porquê todas elas sabem que
podem te encontrar aqui. Mas quando aquelas garotas se sentam do outro
lado do meu bar, falando sobre querer fazer sexo com você, na minha
frente, é um pouco insuportável. É como um tapa na cara — admiti. —
Não sei como explicar.
— Eu entendo. Eu me sentiria do mesmo jeito se uma porção de caras
falassem sobre você desta maneira. Mas desde Seaside, percebi que esse
mundo é cheio de crueldade, pessoas sem escrúpulos, todos prontos para
te nocautear no minuto em que você mostrar um sinal de fraqueza.
Ryan esfregou meus braços.
— Eu, pelo menos, tenho alguns anos, debaixo do cinto, lidando com
isso. Eu sei que é tudo novo para você e vai afetá-la de muitas maneiras,
assim como me afeta. Nós precisamos ser fortes juntos. Sou eu e você
contra o mundo, querida.
— Isso parece de um filme! — Brinquei.
— Provavelmente. Mas não significa que não posso usar a mesma fala
em nossa história. — Ele beijou meus lábios suavemente. — Você voltará
para o trabalho? — Ele começou a cavar em sua mala quando perguntou.
— Sim. Falei para Marie que ia jantar com você, então eu voltaria. O que
é isso? — Ele tinha alguns papéis azuis na mão.
— É a folha de chamadas de amanhã. É como uma agenda. Que cenas
vamos filmar, horas, minhas falas… todas essas coisas divertidas. Vou…
— Ele acenou por cima do ombro — ler. — Ele sorriu maliciosamente.
— Você quer suas cartas de amor também? — Provoquei, sabendo para
onde ele estava indo.
— Você não tem um pub para cuidar? — Ele roncou. Seu telefone
começou a tocar alguma música muito legal de novo. Eu podia ouvir as
palavras “casa, casa”. — Meu pai — ele respondeu meu olhar.
— Oi, pai, o que há? — Seu sorriso desapareceu. — O que você quer
dizer com eles cancelaram seu voo? Oh, então quando vocês vêm? Espera,
deixa eu escrever isso. — Ele acenou por uma caneta. Apresentei-o à
gaveta de porcarias.
Ryan escreveu: voo 1560, Newark, 10h:30min.
— Não vou conseguir, pois estou agendado para estar no set. Você não
precisa de um carro alugado, basta pegar um serviço de transporte para o
hotel. Bem, eu iria ao aeroporto te pegar, mas não posso às 10:30, pai.
Não, não estou ficando no hotel. — Ele tomou uma respiração profunda e
olhou para mim.
— Estou ficando na Taryn. Ela está disposta a me aturar. — Ele sorria
conforme falava. — Sim, ela é uma mulher maravilhosa! Você vai ver.
— Pai, você e a mamãe só precisam ficar no Lexington na quinta-feira e
na sexta-feira… porque estamos levando vocês em algum lugar no fim de
semana.
Chamei sua atenção.
— Posso buscá-los no aeroporto — falei baixinho.
Ele levantou um dedo para eu esperar.
— Pai, espera aí.
— Posso buscá-los se eles precisarem de uma carona para o hotel. Não
acho que tenha serviço de transporte de Providence por todo o caminho até
Seaport.
Ele cobriu seu telefone com a mão.
— Vou ver se consigo um dos motoristas das limusines para buscá-los.
Espera — ele gemeu. — O que, pai? Vou ver se consigo que um dos
motoristas vá buscá-los, mas Taryn acabou de oferecer para buscá-lo. Não,
ela tem seu próprio negócio, lembra-se? — Ele falou comigo sobre seu
telefone. — Você se importa de pegar meus pais no aeroporto?
— Não, não me importo — respondi.
— Lexington Hotel, pai. É lá que você ficará — Ryan informou seu pai.
— Por que seus pais não ficam aqui? — Sugeri.
— Aqui? — Ele comtemplou, um entalhe formando em sua testa.
— Quarto de hóspede? — Apontei para o corredor.
Ryan não podia esperar mais tempo; ele correu para fora da cozinha e
eu fui para o meu pub.
A maioria das fanáticas tinham esvaziado o bar no momento em que
voltei. A multidão estava menor e muito gerenciável por Marie e Cory.
Haviam, talvez, vinte mulheres ainda enrolando no bar.
— Foi uma coisa esperta o que Ryan fez — Marie declarou. — Depois
que vocês dois subiram, a maioria das mulheres saiu. Olhe lá na frente.
Andei até próximo da janela e olhei lá fora. A calçada estava
surpreendentemente vazia. Haviam alguns paparazzi sujo ainda
enrolando, mas a horda de mulheres se foi. Aparentemente souberam que
Ryan Christensen encerrou pela noite.
— Então, quais são seus pensamentos sobre gerenciar o bar em minha
ausência? — Eu queria ter certeza de que Marie ficaria bem comigo tirando
folga por alguns dias, especialmente considerando o que aconteceu hoje
com suas fãs.
— Tar, você não tem férias em anos. Esse é um grande passo! Vá,
divirta-se com ele e seus pais. Quem sabe, talvez você volte casada ou algo
maravilhoso como isso.
— Sim, como se fosse acontecer! — Brinquei. — Mas, honestamente,
tenho pensado em coisas assim. Este lugar tem sido minha vida toda.
Agora, não muito, você sabe.
— Suas prioridades mudaram — ela declarou.
— Sim, eu direi — nervosamente, admiti.
Marie apontou para o teto.
— Sua agenda é tão diferente. Ele esperará que você viaje com ele e
esteja com ele, onde quer que esteja. E vou te dizer, se eu fosse você, o
seguiria em qualquer lugar!
Sorri bobamente para ela.
— Isso não foi o que eu disse! Bem, foi o que eu disse, mas isso não vem
ao caso. Antes de conhecê-lo, eu tinha a imagem mental dele como uma
celebridade. Mas ele é mais do que isso, eu sei disso agora. É por isso que
você está completamente apaixonada por ele. Ele é somente um cara
incrível! E parece que ele está pronto para se acomodar com alguém. Ele
não está brincando, isso é certeza!
— Sim, tenho que concordar… considerando que ele veio morar comigo
ontem — murmurei, preparando-me para sua reação.
— O que? — Marie engasgou chocada.
— Tivemos suas roupas entregues, assim fizemos a lavanderia e bem,
ele perguntou se podia ficar comigo. — Tomei outra respiração profunda,
antecipando seu júbilo. — Todas as suas coisas estão lá em cima agora. É
por isso que ele está lá. Ele quer ficar aqui.
— Você está brincando comigo, porra? — Ela sorriu com espanto e então
me puxou para um abraço de congratulação, pulando para baixo e para
cima.
— Não! Nunca brincaria com isso! — Sussurrei, abraçando-a. — É por
isso que tenho muito em que pensar, porque este pub é o que eu faço para
viver.
— Não é tudo o que você faz — ela me relembrou.
— Eu sei, mas é minha principal renda. Eu não quero ser somente
dependente da renda do meu marido, mesmo que ele não seja alguém com
quem eu me case. Quero ter parte igual e forte nesse relacionamento. E
não vou repetir meus erros e desistir de quem eu sou.
— Você tem sido uma sensata mulher de negócios até agora. Tenho
certeza que fará escolhas inteligentes.
Meu bolso começou a tocar o ringtone de Ryan.
— Ei, o que foi? Não, não estou batendo na porta. Deixe-me ver.
Segurei o telefone na orelha e corri para minhas escadas. Eu estava
instantaneamente chateada quando vi duas garotas no topo dos degraus
dando risadinhas e batendo na porta do meu apartamento.
— Whoa! O que diabos você pensa que está fazendo? — Gritei, surpresa
ao vê-las ali. As duas me olharam como se eu estivesse perturbando.
— Este é o apartamento de Ryan Christensen, certo? — Uma das
vagabundas zombou.
— Não, está é minha casa e propriedade privada! Saia da minha maldita
porta!
— Jesus, qual é o seu problema? — Uma delas cortou. Eu estava tão
tentada subir correndo os degraus e descer, arrastando-a pelos cabelos. —
Ele está aí, não está? — Ela deu risadinhas como se estivesse na rua.
— Não importa quem está do outro lado desta porta! O que te dá o
direito de pensar que você poderia apenas forçar-se aqui? — Bati meu
telefone fechado. Acabei de desligar na cara de Ryan, mas não importava;
eu sabia que ele podia me ouvir gritando com elas pela porta.
— Relaxa! Nós só queremos encontrá-lo; festejar um pouco. — A outra
garota balançou seus seios para mim.
Marie estava parada atrás de mim com meu taco de baseball na mão.
Abri meu telefone novamente.
— Você tem dois segundos para descer aqui antes de eu chamar a
polícia. UM… — felizmente não tive que contar até dois. — Pegue suas
coisas e saia, agora!
— Puta! — A garota murmurou quando passou por mim. Eu não podia
acreditar que ela realmente teve a audácia de me xingar!
— Desculpe-me? — Bati. — Pise um pé no meu pub de novo e vou
prendê-la por invasão. — Bati a porta atrás delas. Virei-me para ir até o
bar, ainda alimentada pelo encontro.
— Quem é a próxima? — Eu disse à Marie, mas alto o suficiente para o
resto das mulheres enrolando ouvirem. Eu estava tão brava que poderia
jogá-las todas para fora.
— Preciso de um cadeado — murmurei, parada em frente à porta das
escadas. Mas que bem isso faria? Apenas mais uma chave e mais uma
lombada para fazer Ryan subir as escadas desapercebido.
Entrei na cozinha e encarei a parede atrás do balcão inútil. Dei umas
batidinhas no drywall, pensando em como eu poderia mover a entrada
para o meu apartamento. Espero que um dia eu tenha uma casa simples
na floresta com meu príncipe; eu não pensava mais em morar sobre o bar
pelo resto da minha vida. Se algum dia eu quiser alugar o apartamento, o
inquilino será obrigado a entrar e sair durante o horário de funcionamento
do pub.
Abri meu celular e liguei para o Pete. Reformas era o que ele fazia para
viver e eu sabia que ele teria algumas sugestões. Destranquei a porta do
apartamento enquanto Pete respondia. Ryan estava relaxando no sofá, os
papéis azuis em uma mão, controle remoto da televisão na outra, vestindo
moletons confortáveis e uma camiseta.
Sentei perto dele e ele colocou seu braço ao redor dos meus ombros
quando terminei minha chamada. Inclinei minha cabeça em seu peito.
— Taryn, isto não é obviamente uma boa ideia. Talvez eu deva apenas
ficar no hotel.
Senti minha felicidade drena direto do meu coração.
— NÃO. Absolutamente inaceitável.
— Eu sabia que isso aconteceria, mas deixei que acontece de qualquer
maneira. Eu estar aqui causará um monte de problemas para você e seu
pub.
Ele sentia remorso; eu podia ouvir.
— Ryan, não importa onde você está. Como você disse, essas coisas
seguem. — Sentei direito e o olhei nos olhos. — Eu quero uma vida com
você, se você realmente quer uma vida comigo. Suas fãs me pegaram de
guarda baixa hoje, mas posso dizer que não acontecerá de novo. Estarei
melhor preparada na próxima vez. Quero você aqui comigo, onde posso
protegê-lo deste absurdo.
— Quem vai protegê-la? Não é meu trabalho? — Ele me encarou.
— E o que? Sua solução é ficar longe de mim para me proteger? — Não
era para ser uma pergunta.
— Eu trouxe tudo isso para porra da sua porta, Taryn! Eu fiz isso! —
Ryan argumentou, cutucando seu peito com o dedo.
— E daí? Você acha que eu não sabia que coisas assim podiam
acontecer? Não sou uma garotinha inocente que está chocada e alheia,
Ryan! De jeito nenhum vou permitir que você se sinta culpado sobre
merdas que você não tem controle! Eu tenho que aprender como lidar com
sua fama também! E eu vou!
Ryan afundou-se derrotado.
— Você realmente me ama, ou foi algo que acidentalmente escorregou?
— Perguntei.
Seus olhos estreitaram.
— Eu quis dizer cada palavra, cada vez que eu disse. Eu te amo.
— Então sou eu e você contra o mundo, e nós não desviamos deste
curso. Esta é nossa história, lembra?
Ele atirou seus papéis azuis na mesa de centro e me alcançou, me
abraçando apertado.
Pete e Tammy chegaram quinze minutos depois. Pete tinha sua caixa de
ferramentas em uma mão e usava sua fita métrica anexada em seu cinto.
Ryan os cumprimentou quando deslizou para cozinha. Nós conversamos
sobre como poderíamos selar a porta original que abria para o pub e
realocá-la para abrir pela cozinha. Seria uma reforma rápida.
— Mas isso significa que se eu tentar alugar o apartamento, o inquilino
ainda terá que passar pela cozinha para entrar. Ahh, não tenho certeza se
gosto disso. O que os impedirá de vir direto do bar? — Eu disse,
empurrando a porta giratória da cozinha com meus dedos.
— Isso é certamente um problema — Pete adicionou. — Estes prédios
velhos não foram feitos para negócios; eram todos casas. E se selarmos a
cozinha você terá violações de segurança por não ter uma saída de
emergência.
Olhei ao redor da cozinha. Não havia uma boa maneira de realocar o
hall das escadas. Pete e Ryan subiram para deliberar. Eu podia ouvi-los
batendo na parede dentro do hall.
— Falei com meu irmão — Tammy sussurrou. — Ryan sabe sobre a
ordem de restrição?
— Não. — Balancei a cabeça. — Eu gostaria de manter assim por
enquanto. — Eu não queria adicionar mais estresse na vida de Ryan. — O
que você achou?
— Ele disse que você pode conseguir uma se você sentir que ela está te
perseguindo. Mas você terá que ir à polícia, então registrar os documentos
no tribunal. Você também tem que aparecer na corte. Não soa simples.
— Nunca é simples. Mas eu peguei seu nome hoje, embora — eu disse,
orgulhosa. — Ela veio no pub mais cedo e eu a fiz preencher uma
comanda.
— Sem chance! — Tammy disse, surpresa.
— Na segunda-feira, ela deslizou um cartão para ele através da caixa do
correio e assinou como Angel, mas quando pedi seus documentos, sua
carta de motorista dizia que seu nome era Angélica. Angélica Staunton, do
Brooklyn.
— Escreva o nome dela para mim. Vou ver se Tony pode fazer uma
busca sobre ela.
Eu havia acabado de deslizar o papel com o nome dela para Tammy
quando Pete e Ryan entraram na cozinha.
— Tar, acho que resolvemos seu problema — Pete trovejou alegremente.
— Aqui, olha isso. — Pete sorria para Ryan, como se eles tivessem
resolvido a fome mundial.
— O que são essas linhas? — Perguntei, olhando seu desenho.
— Esta é uma nova parede. Ryan, vamos medir. Quanto você tem?
— Trinta e dois e meio — Ryan disse.
— Está será uma parede grande para caramba! Vai direto para parede
de trás, ali. — Pete apontou.
— Você terá uma entrada separada desde o beco e então nós podemos
colocar uma porta aqui no meio, então você não tem que ir lá fora para
entrar no apartamento. Um dia, se você decidir que quer bloquear, é fácil
de consertar.
Pete deu batidinhas em seu desenho.
— As escadas vão parar lá, então vou colocar mais dois degraus para
alcançar o chão. Você só perderá dois pés. Este balcão aqui terá que sair.
— Ryan, segure a fita métrica de novo. Vê, você estava certo. Nós nem
teremos que mover a porta de trás; está bom onde está. A nova parede virá
aqui, seis polegadas depois do batente.
A fita métrica de metal de Pete entrou na sua caixinha.
— Tirar os tijolos será difícil, mas é realizável. Você precisará de uma
nova porta de ferro… e uma permissão para construir.
— Isso é brilhante! — Eu estava bastante animada. — Pete, você é
malditamente esperto!
— Não olhe para mim, é o desenho dele. — Ele apontou o polegar para
Ryan.
— Pelo menos meus dois anos na Pitt não foram um total desperdício. —
Ryan disse confiante, mexendo a cabeça como se não fosse grande coisa.
Secretamente, adicionei mais um traço que eu amo nele, em minha
lista.
— Ryan, pode redesenhar esse esboço? Assim eu posso anexá-los na
aplicação da permissão para construir. — Pete perguntou.
— Sim, claro. Sem problema. Tammy, quão grande é o forno que você
precisará aqui atrás? Acho que esse fogão tem que ir também; parece um
risco de incêndio.
— Ryan, não posso conseguir uma permissão para isso até atualizar o
sistema de supressão de fogo acima dos fogões — murmurei privadamente.
— Todos os canos de água têm que ser substituídos. Só isso custará vinte
mil.
Ele embrulhou seu braço ao redor dos meus ombros e sussurrou em
minha orelha:
— Vamos descobrir quanto custará e vamos falar sobre isso.
Meio que me incomodou que ele estivesse disposto a participar com seu
dinheiro. Ele me lembrava de uma criança que tinha vinte dólares
queimando um buraco em seu bolso.
Pete e Tammy saíram logo após Ryan entregar um novo desenho da
construção, e Cory e Marie estavam bem no controle do bar, então eu
fiquei no meu apartamento com Ryan.
— Então, Srta. Mitchell, desde que viemos a novos acordos, você está
pronta para renegociar os termos do seu contrato? — Ryan levantou uma
sobrancelha questionadora, sorrindo esperançoso em seu caminho para o
quarto.
— Tudo depende do que você está oferecendo.
— O que acha de dois pelo preço de um na terça-feira? — Ele riu,
fechando a porta com os dedos.
Ryan estava tão profundamente adormecido, que ele não se incomodou
na primeira vez que o alarme tocou. Ele estava deitado de costas,
espalhado na cama, na mesma posição que estava depois da nossa noite
incrível. Pensei em lhe dar mais alguns minutos, então fui até a cozinha
para começar a fazer o café.
— Ouch — murmurei, caminhando para a porta, mancando levemente;
meu quadril estava doendo de como ele me manobrou na noite passada.
Sorri por dentro, me lembrando de como consegui essa dor.
— Amor, é hora de acordar — esfreguei minha mão em seu peito.
Nossa manhã poderia se tornar uma rotina. Enquanto ele tomava
banho, fiz seu café, derramado em um desses copos de isopor que parecem
que você comprou em uma loja de conveniência, e então escovei meus
dentes enquanto ele me informava da sua agenda.
Nós éramos iguais a qualquer casal normal, se arrumando para ir
trabalhar. Coloquei um novo pacote de chiclete perto das suas chaves e
organizei seus papéis azuis, então ele não os esqueceria. Seu celular
estava plugado no recarregador, assim, apontei isso para ele também.
— Você é a melhor assistente que eu jamais poderia ter esperado! — Ele
embrulhou seus braços ao redor da minha cintura e me beijou em
despedida na porta dos fundos. — Eu te amo. Vou te ligar mais tarde.
Marchei escada acima, agora bem acordada nas primeiras horas da
manhã. Entediada, liguei meu computador com a desculpa original de
checar meus extratos bancários, mas em vez disso procurei seu nome.
Depois de checar o blog criado por fã, retornei para os resultados das
notícias.
As notícias de hoje mostravam o seguinte:
Sessão de autógrafos de Ryan Christensen.
As fãs deixaram o novo amor de Ryan ciumenta!
— O que? — Cliquei no link que se referia ao meu ciúme.
Cuidados senhoras! As fãs fizeram a nova namorada de Ryan ver
vermelho!
As fãs fizeram fila dentro do novo local para curtir, o rústico pub Mitchell
em Seaport, RI, para ver sua estrela favorita enquanto ele realizou um
encontro improvisado na terça-feira à noite. Algumas senhoras sortudas que
por acaso estavam no lugar certo, na hora certa, conseguiram conhecer o
ator sexy, conforme ele posava para fotos e assinava autógrafos para suas
fãs obcecadas.
Algumas mulheres, que estavam lá quando ele chegou pouco depois das
sete horas, disseram que ele estava feliz e amigável enquanto
cumprimentava suas fãs.
— Nós só tivemos que esperar por vinte minutos, então não foi tão mal.
Valeu cada segundo! — Uma mulher reportou. Outra mulher que esperou por
mais de uma hora, disse que Ryan o suposto novo amor de Ryan, a dona do
pub, Taryn Mitchell, estava furiosa conforme o assistia assinar os
autógrafos. — Ela disse às mulheres para saírem e então gritou com todo
mundo lá dentro, nós apenas rimos.
Mas uma amiga do ator não está surpresa, relatando que a nova
namorada de Ryan parece do tipo ciumenta e controladora. Não demorará
muito para ele se cansar dela. Ela até diz com quem ele pode sair. Ele cortou
a maioria dos seus amigos do set e só é permitido socializar com os amigos
dela. Ryan não fica no set por mais tempo do que o necessário. Ele sempre
escapa para fazer uma checagem com ela quando está lá. Parece que ele
tem de dizer a ela tudo o que está fazendo.
Outra pessoa de dentro relatou que Ryan está completamente controlado
por Taryn. Ela até insistiu que ele morasse com ela, empurrando o
relacionamento para frente com rapidez.
— Sua bagagem foi removida do hotel na segunda-feira.
Senti como se fosse desmaiar. Este reporte pegou tudo fora de contexto
e agora o mundo inteiro acha que sou uma puta controladora!
Será que ele já está cansado de mim com a história disse? Será que ele
quer alguém que tome conta de suas necessidades ou ele achará que eu
estou sufocando-o algum dia? Lembrei de quando eu saía com Dean. Ele
não queria alguém para tomar conta dele. Cada vez que tentei ser uma
namorada apaixonada, ele puxou mais e mais longe.
Eu já estava arruinando este relacionamento? Será que pisei no
caminho errado e nem percebi? Não acho que o estou controlando. Estou?
Será que ele acha que eu estava tentando sufocá-lo/ ser mãe dele,
arrumando seu telefone, chaves e um pacote de chiclete?
Talvez eu não deva fazer mais isso.
Dez minutos atrás eu estava muito feliz e agora eu estava completa e
totalmente uma bagunça por dentro. Curvei-me sob minha colcha no sofá
e tentei me distrair com a televisão. Não ajudou; minha mente corria e
algumas lágrimas de insegurança e incerteza caíram no meu travesseiro.
Por que ouço música tocando? Ponderei em meu sonho. Acordei de
repente, ouvindo meu celular tocando na cozinha. Eu estava um pouco
desorientada.
Por quanto tempo eu estive dormindo? Olhei no relógio no DVD, era
alguns minutos depois das dez.
Tirei a colcha das minhas pernas e fui para a cozinha. Meu celular
mostrava duas chamadas perdidas, todas de Ryan.
Liguei para ele, imediatamente.
— Você está bem? — Ele perguntou alto.
— Sim, estou bem. Eu dormi no sofá. Desculpe-me, não ouvi o telefone
tocar.
Ele soltou um suspiro pesado.
— Fiquei preocupado quando você não atendeu.
— Estou bem — repeti, esfregando meus olhos. — Como seu dia está
indo?
— Tolerável. Acabamos de tirar uma folga. Ei, eu estava imaginando se
você poderia me fazer um favor? Lembra que no outro dia nós falamos
sobre levar minha mãe para sair no seu aniversário, mas nós nunca
procuramos restaurantes. Cal me falou sobre um restaurante em algum
lugar fora de Providence chamado Sabatinis ou Salatinis, algo assim.
Tentei achá-lo na internet, mas não pude localizá-lo.
— Deixe-me procurá-lo — mexi o mouse no meu computador para parar
a proteção de tela. A causa do meu colapso mental mais cedo ainda estava
na tela. — Estou procurando por restaurantes italianos em Providence —
informei. Rolei pelos resultados. — La Scalatini’s? Será que é esse? —
Perguntei. — Está localizado em Wyndham que é fora da cidade. — Cliquei
no link para o site do restaurante.
— Cal você pode vir… La Scalatini, é isso? Excelente! Amor, tem um
número de telefone? — Li o número para ele. — Ótimo! Vou fazer a reserva
para sexta. Que horas é melhor? 8:30h ou 9:00h.
— Que horas você sairá do set na sexta-feira?
— Sete. O que você acha?
— Vamos reservar para às nove, então teremos tempo extra no caso de
precisarmos — respondi.
— Soa bem. Você vai sair hoje?
— Não. Tenho coisas para fazer aqui. — Pensei sobre limpar o
apartamento e terminar a lavanderia. — Tenho que lavar nossos lençóis
sujos — eu ri.
— Sim, você fez uma bagunça nas coisas noite passada! — Ele
provocou.
— Eu tive ajuda — gracejei.
— Na verdade, acho que torci meu quadril!
— Você? Tenho mancado por aqui toda a manhã — admiti.
— Realmente? Huh, isso é muito engraçado. E aqui eu pensando que
era o único machucado. Acho que machucamos um ao outro! — Ele
rosnou. — Cal me perguntou por que eu estava me movimentando tão
devagar.
— Você estava dormindo cerca de cinco minutos depois… na mesma
posição. — Eu ri.
— Você me desgastou com todo esse amor bom. Tenho que parar de
pensar nisso. Vou fazer aquelas reservas para o jantar e vou vê-las lá pelas
sete. Eu te amo.
— Eu te amo também!
Sorri enquanto tirei os lençóis da cama e carreguei a pilha para a
lavanderia. Ouvi meu telefone tocando de novo, mas não era seu ringtone.
— Ei, Marie, o que foi?
— Taryn? — Eu podia dizer pela sua voz que ela esteve chorando.
— Marie, o que está errado? — Entrei em pânico.
— A mãe do Gary morreu esta manhã.
— Oh, meu deus, Marie. Sinto muito. — Uma velha memória minha
ligando para Marie para contar que minha mãe havia morrido passou pela
minha mente. — O que aconteceu?
— Ela teve um infarto na cama ontem à noite. O pai do Gary não
conseguia acordá-la. E acabamos de vê-los há algumas semanas.
— Como está Gary?
— Ele está uma bagunça — ela fungou. — Primeira vez que o vejo
chorar. Ele já ligou para o trabalho e bem, esta é a outra razão pela qual
estou ligando. Por favor, não fique brava… — ela implorou — mas ele nos
comprou passagens para voar para Tampa amanhã. Ele quer estar lá,
ajudar a fazer os arranjos com seu pai. Estaremos voando às 8h:20min da
manhã.
— Não, eu entendo completamente. Não se preocupe com nada.
— Tar, nós vamos ficar longe por alguns duas. Eu não acho que
estaremos de volta até segunda-feira ou terça-feira. Odeio fazer isso com
você.
— Marie, não se preocupe com isso. Família vem primeiro, sempre
primeiro. Tem algo que eu possa fazer? Você precisa de algo?
— Não. Apenas sua compreensão e seu amor, isso é tudo que
precisamos. Eu realmente odeio isso. Eu sei que você quer passar a
semana com a família dele; eu sinto como se estivesse espetando você.
Sinto-me horrível, sinto muito.
— Marie! Por favor! Está tudo bem! Vou descobrir o que fazer. Apenas dê
a Gary e a sua família nossas condolências.
Liguei a máquina de lar e adicionei o sabão. Merda. O que vou fazer? Eu
tinha acabado de esvaziar a secadora quando meu telefone tocou de novo.
De repente, eu estava popular.
— Oi, Pete — respondi.
— Você está bem? — Pete perguntou.
— Sim. Não. Eu acabei de desligar o telefone com Marie. A mãe de Gary
faleceu está manhã.
Depois de alguns minutos enchendo-o com as poucas informações que
eu tinha, ele disse a razão para sua ligação. Ele calculou o custo para os
materiais para a reforma do hall das escadas. Somente a porta de ferro era
várias centenas de dólares combinado com o drywall e vigas de madeira
somavam quase dois mil dólares.
Isso não incluía seu trabalho.
Pete imagina que uma vez que ele tenha a permissão de trabalho na
terça-feira de manhã, ele pode começar mais tarde naquele dia, mas será
barulhento com todas aquelas marteladas e ele tem que cortar a parede de
tijolos para fazer a nova porta de saída.
— Posso começar a demolição do drywall hoje à noite e sair do caminho.
De qualquer maneira, Tammy estará ocupada fazendo a comida para um
almoço que ela estará fornecendo amanhã. Oh, e antes que eu esqueça de
te dizer, ela agendou uma festa para sábado, então, ela não pode trabalhar
na sexta-feira e no sábado à noite — ele disse.
Isso colocou a cobertura no meu bolo. Eu esperava que Tammy fosse
capaz de dar uma mão para gerenciar a multidão, mas agora essa opção se
foi.
Fechei meu telefone e sentei por um tempo. Eu não poderia lidar com a
multidão sozinha. Eu já estava ansiosa pelo fim de semana com Ryan e
seus pais. Ryan acabou de fazer reservas para o jantar na sexta-feira. Seus
pais já cancelaram seus quartos de hotel. Droga.
Soltei um grande suspiro. Eu não podia cancelar com Ryan nem
comprometer o encontro com seus pais pela primeira vez. Vaguei pelo
apartamento, tentando descobrir o que fazer.
Eu estava inclinada na máquina de lavar quando pensei ter ouvido
alguém gritar, instantaneamente pegou minha atenção.
— De nenhuma maldita maneira — gemi, olhando para fora da minha
janela da frente. Eu podia ver claramente a fila de garotas se formando na
minha calçada. Elas estavam esperando que eu abrisse e era óbvio que
elas não estavam aqui para beber. A fila estava tão longa, deve ter
quarenta ou mais delas.
Desci apressada para ver a situação melhor. Espiei pelas persianas,
chocada com o que eu via. Garotas se inclinavam na minha parede;
algumas sentavam na calçada. Olhei na outra direção para confirmar que
a fila começava na minha porta. Ina-foda-creditável!
Ali mesmo tomei minha decisão final. Entrei na cozinha para pegar um
pedaço de cartolina. Em meu escritório, agarrei um marcador preto e
escrevi em letras grandes: Fechado.
Eu podia ouvir a raiva da multidão esperando quando coloquei a placa
na janela. Elas certamente me deixaram saber como se sentiam sobre isso,
mas ignorei-as e subi novamente. Eu tinha telefonemas para dar e bandas
para cancelar. Lá se foi o rendimento do fim de semana de Halloween.
— Estou a caminho. — Ryan disse quando ele ligou do carro. — Como
está a multidão? Tudo está bem aí?
— Não tem multidão. A maioria das garotas foram embora após eu
colocar uma placa de fechado na janela, embora, duas delas bateram na
minha porta — suspirei.
— Fechado? Taryn, o que…
— Eu não tive escolha — murmurei. — A mãe de Gary morreu hoje
cedo. Ele e Marie estão indo para Tampa amanhã cedo para estar com o
pai dele. Marie está em casa com ele, hoje; ele está bastante perturbado.
— Jesus, por que você não me ligou?
— Para quê, Ryan? Para lhe dar más notícias enquanto você tem um dia
estressante? Imaginei que ia lhe contar quando você chegasse aqui.
— E Cory? Ele não deveria trabalhar hoje?
— Cancelei com ele. Cancelei a banda que agendei para tocar nesse fim
de semana também. Na verdade, parece que estive no telefone a maior
parte da tarde. Oh, e Pete ligou. Ele virá aqui essa noite para começar a
tirar o drywall do hall. Essa foi outra razão: Tammy estará fornecendo
nesse fim de semana, então ela não pode trabalhar também.
— Nós acabamos de virar no beco. Acho que vou tentar minhas chaves
novas. Te vejo em um minuto.
Alguns minutos mais tarde, ele correu escada acima e entrou pela porta
do apartamento.
— Tar? — Ele gritou pelo corredor.
— Cozinha.
— Oi, você — Ryan me abraçou e beijou. — Você está bem? — Seus
dedos desceram pela minha bochecha.
— Sim, um pouco sem sorte, eu acho — ele beijou minha testa quando
olhei para seus pés.
— Sinto muito que você está tendo um dia de merda — Ryan me
abraçou tão apertado que doeu.
Lá no fundo, eu estava maravilhada que ele realmente se importava qual
tipo de dia eu tive. Ele era o primeiro em minha história de namoro por
essa emoção.
Ele cheirou o ar.
— O que cheira tão bem?
— Costelas de porco? — Apontei o dedo para travessa de vidro que
acabei de tirar do forno. — Pete está a caminho; pensei em lhe fazer o
jantar também, desde que Tammy está ocupada assando para amanhã.
— Tar, o que está errado? Eu posso dizer que você está triste.
— Estou pensando em Gary. Eu só tenho muito na minha mente. —
Arrumei três pratos na mesa da cozinha, tentando suprimir a memória do
funeral da minha própria mãe, pensando em qual conta eu moveria o
dinheiro para cobrir os custos de Pete.
Ryan encheu três copos com água e gelo.
— Pete ligou com uma estimativa hoje?
— Sim.
— E?
— Ele disse dois mil pelos materiais; isso não incluiu seu trabalho.
— Isso não é ruim. Pensei que fosse mais.
Fácil para ele dizer… eu estava tentando descobrir como eu ia lidar com
o prejuízo de treze mil dólares este fim de semana. Se eu adiar a reforma
da escada, então eu vou só ter prejuízo de dez mil, menos ter que pagar
por duas bandas que não vão tocar. Perder essa renda me deixou nervos.
Halloween era uma das minhas grandes noites de dinheiro.
Pete estava faminto.
— Isso estava delicioso, Taryn! — Ele cumprimentou. Ele raspou seu
prato com o garfo. — Eu esqueci como é comer comida caseira. Tammy só
cozinha para outras pessoas agora.
— Estava delicioso. Obrigado por cozinha, querida. — Ryan sorriu e me
deu um beijo rápido. Ele colocou seu prato sujo na pia e o enxaguou. —
Você está pronto para remover o drywall Pete?
— O que? Você vai ajudar?
— Inferno, sim! Estou esperando que você tenha uma marreta extra,
pois eu tenho alguma agressão contra Suzanne reprimida para me livrar.
Oh, e antes que eu me esqueça…
Ryan trotou de volta ao quarto e retornou com seu talão de cheques. Ele
cavou na gaveta de porcaria por uma caneta.
— O que você está fazendo? — Perguntei.
— Escrevendo um cheque ao Pete.
— Para quê?
— As reformas. — Ele olhou para mim como se eu tivesse perdido o
óbvio.
— Não. Não posso deixá-lo fazer isso — declarei diretamente. — Meu
prédio… minha responsabilidade.
— Quem está dizendo algo sobre você pagar por isso? Estou pagando
Pete. — Ele torceu o nariz para mim.
— Não! Não posso deixá-lo fazer isso — fiquei firme.
— Eu realmente não me importo com o que você diz. Estou pagando
pela construção e é isso. Fim da discussão — ele disse severamente.
Pete sorria para si mesmo por alguma razão.
— É muito, Ryan. Não! Não posso deixa você pagar por isso.
— Taryn, por favor, não discuta comigo. — Ele olhou de volta para seu
talão de cheque e continuou a escrever. — Pete, eu apreciaria se você
contatasse uma empresa de segurança e conseguisse um sistema separado
para as novas portas. Eu gostaria de um sensor no telhado também.
— Ok, vou fazer. — Presumi que Pete podia ver a tensão crescendo na
cozinha. Ele puxou suas chaves do bolso. — Vou pegar minhas
ferramentas. Vejo você lá embaixo.
Frustração revestida de raiva cresceu em mim enquanto eu lavava os
pratos. Ryan parou atrás de mim, colocando suas mãos na borda do
balcão da pia para me manter no lugar.
— Eu sei que está chateada comigo — ele sussurrou na minha orelha.
— Mas se eu não tivesse aqui com você, esta reforma não estaria
acontecendo. É por minha causa que você está fazendo isso. E quando eu
não estiver aqui, quero saber que está segura. Então, por favor, tente não
ficar brava comigo por muito tempo. — Ele aninhou seu rosto perto do
meu.
— Além disso, eu ainda lhe devo pelos cookies de chocolate. — Ele
varreu meu cabelo para o lado. — E o cartão que você comprou para
minha mãe… e todas as outras coisas que você comprou para mim. — Ele
deslizou seus lábios pelo meu pescoço.
— E o bolo que vejo que você assará, desde que todos os ingredientes
estão no balcão. Estou adivinhando que é para minha mãe? — Ryan
embrulhou seus braços ao meu redor. — Eu cuido de você, você cuida de
mim. Esse foi o acordo que você assinou ontem à noite.
Inclinei-me para ele e virei minha cabeça para olhar nos seus olhos.
— Eu te amo — ele disse, suavemente beijando meus lábios antes de
partir para a porta.
Uma hora se passou e depois de tirar o bolo do forno, fui checar os
caras para ver quanto progresso eles fizeram. A martelação havia parado
então presumi que eles terminaram com a demolição.
Não podia acreditar em como diferente a vista estava do topo das
escadas com uma das paredes removidas. Prensada entre camadas de
drywall estava uma camada velha de gesso e pequenas ripas de madeira.
— Taryn me surpreende — ouvi Ryan dizendo. Meu corpo ficou rígido
depois de ouvir meu nome mencionado. Segurei a respiração nos meus
pulmões assim eu não faria um som.
— Não acredito em como teimosa ela fica quando ofereço a fazer
qualquer coisa legal para ela. Comprei a ela brincos, mas ela se recusa a
usá-los. Ela disse que gastei muito dinheiro. Acho que terei que devolvê-los
na joalheria. — Ryan suspirou. — Pensei que era geneticamente impossível
para as mulheres recusarem joias, mas não ela.
— Ela é única. Mas de novo, eu acho que você já sabe disso — Pete
replicou.
— Nunca conheci ninguém igual a ela. Primeira garota que saio que não
quer nada de mim. Não tenho muita certeza de como reagir. Ela sempre foi
assim?
— Sim — Pete respondeu. — Tanto quanto a conhecemos, ela sempre
dá, nunca pega. Taryn já nos ajudou tanto ao longo dos anos; é por isso
que estou aqui sempre que ela precisa. Eu poderia fazer algo legal por ela
todo dia e ainda não seria suficiente.
Pete riu levemente.
— Igual hoje à noite. Eu vim aqui tentar fazer algum trabalho, pagá-la
de volta de algum jeito, e ainda assim ela está lá em cima cozinhando o
jantar, se certificando que nós estamos cuidados. E não sou só eu agora,
estou falando de você também. Ela sai da sua mente se você não tiver uma
comida quente em seu estômago.
— Quero cuidar dela, acredite. Mas ela luta comigo quando tento. Não
tenho certeza do que fazer — Ryan soava derrotado.
— Aqui — Pete disse. Ouvi o barulho da tampa de uma garrafa de
cerveja sendo torcida.
— Não sei o que te dizer, Ryan. Ela só precisa ser amada. Você sabe,
amor verdadeiro. Ela foi machucada muito duro alguns meses atrás;
pensei que ela jamais deixaria outro homem tocá-la novamente.
— O que você quer dizer? O que aconteceu?
— Ahh, não diga nada a Taryn, mas ela estava namorando esse cara…
eu não podia suportá-lo — Pete admitiu. — Ele era um idiota. Eu
costumava pensar que ela aturou sua merda porque ela estava fora de si
por lidar com a dor da perda do pai… eu não sei.
— Nós todos suspeitávamos que ele a traía, mas quando ela o
confrontou sobre isso, ele sempre tinha uma desculpa. Então ele virava de
volta para ela, fazendo-a se sentir como merda por dizer algo.
— Acho que ela apenas teve o suficiente dele e então, um dia normal, o
filho da puta teve uma epifania; disse a ela que a amava e queria se casar
com ela, até mesmo deu a ela um anel de merda.
— O que aconteceu depois? — Ryan sussurrou.
Ouvi Pete clarear a garganta. Ele abaixou a voz ao ponto que foi quase
difícil ouvi-lo.
— Ela foi ao seu apartamento uma tarde e o pegou na cama, fodendo
uma garota. Então foi isso. Ela finalmente viu com os próprios olhos.
Levou tudo de mim para não ir lá e amassar o crânio dele.
— Ela disse algo sobre um cara e sobre como uma mulher não era
suficiente. Agora eu entendo. Ela nunca me contou que estava noiva.
— Isso importa? — Pete questionou.
— Não. Nem um pouco. Eu apenas não sei porque ela não falou para
mim.
— Bem, é bem óbvio para mim. Você não é um cara qualquer, Ryan!
Você tem garotas fazendo fila ao redor do mundo por você. Você não acha
que algo assim fará qualquer garota que você esteja um pouco insegura?
— Taryn está lá em cima pendurada por um fio, esperando que você
corra no minuto que encontrar outro alguém. Digo-lhe a verdade, nós
todos estamos nos preparando para esse dia.
— Vou te dizer que isso não vai acontecer. Aquela mulher lá em cima é
minha. Eu nunca vou deixá-la ir. Na minha mente, não tem mais ninguém
— Ryan declarou.
Senti uma leve corrida no meu peito e engasguei por ouvi-lo dizer isso.
— Bem, espero que o que você diz seja verdade. Quer dizer, você só a
conhecer por algumas semanas — Pete estressou, uma pitada de dúvida
gravada em sua voz.
Ouvi uma garrafa de vidro tinindo no balcão.
— Você quer saber por que ela luta com você? — Pete perguntou um
pouco ríspido. — Porque ela é esperta o suficiente para saber que esse dia
vai chegar, quando você não estiver aqui todos os dias. Você tem mais
oportunidades que a maioria dos homens apenas sonha para conhecer
mulher. Você nem mesmo precisa tentar para transar, tem uma seleção
inteira esperando e disposta ali na calçada! Taryn é uma mulher atraente e
inteligente. Deixe-me lhe dizer isso, ela não está sem oportunidades. Você
deveria ver quantos caras babam nela todos os dias.
— Eu sei. Eu já vi vários deles chegarem nela — Ryan admite.
— Sim, eles chegam. Mas ela não é assim, ela nunca foi. E quando
algum saco de merda de Seaport não pensa o suficiente dela, para não
trair, quem vai dizer que você não fará o mesmo? — Pete perguntou.
— Quando você estiver longe, fazendo a sua coisa e alguma modelo
gostosa escalar seu colo e esfregar as tetas na sua cara… você será capaz
de resistir a isso? Esta é sua vida aqui, Ryan. Esta é sua estabilidade. É a
única coisa que ela pode contar no mundo. Ela lutou e sofreu por cada
pedacinho disso. E você vem aqui e assume. Quando você terminar com
ela, cada vez que ela olhar a nova parede ou a nova porta… ah, apenas nos
faça um favor: se você não está cem por cento apaixonado pela Taryn e
pronto para fazer uma vida com ela, então pare. Não faça o que está
fazendo. Por favor, não a machuque assim.
— Pete, eu não quero assumir nada ou machucá-la — Ryan disse
sombriamente. — Quero compartilhar tudo o que tenho com ela. Minha
vida, meu dinheiro… eu quero que ela seja a mãe dos meus filhos um dia.
Estremeci de choque por ouvir sua admissão. Ouvi Ryan suspirar alto.
— Pete, eu sei que você não me conhece tão bem, mas acredite em mim,
estou feito com merdas sem sentido. Estou louco pela Taryn desde o
primeiro…
Desde o primeiro o que? Inclinei-me na parede para ouvi-lo.
— Huh. Acabei de perceber algo. Ela vem cuidando de mim desde o
primeiro dia que a conheci. Desde os primeiros dez segundos que botei o
pé nesse lugar. Conhecendo Taryn, ela provavelmente nunca contou a você
a história real de como nos conhecemos. Ela parou as fãs que me
perseguiam. Ela fechou todo o lugar por mim e aqui está ela… fazendo de
novo. Não é à toa que ela está tão triste. Estou bagunçando com sua rede
segura. Oh, porra, como eu conserto isso?
— Eu não sei — Pete murmurou. — Case-se com ela? Nunca a deixe por
alguma vadia de Hollywood? Que tipo de resposta você está procurando?
— Pete, estou tão apaixonado por ela e já contei isso a ela. Nunca me
senti assim antes, por ninguém. Eu sei o que eu quero. Eu quero uma vida
com ela.
— Eu sei Ryan. Posso dizer apenas pelo jeito que você olha para ela. —
Pete suspirou duro. — Oh, homem, bem, apenas a trate bem, pois eu
odiaria como o inferno quebrar essa sua bonita mandíbula se você quebrar
o coração dela.
CAPÍTULO VINTE

Introspecção
— Estarei filmando quando você pegar meus pais, então vou te ligar
quando tiver uma pausa — Ryan disse, esfregando xampu no meu cabelo.
Inclinei-me para enxaguar sob a água.
— Pensei em levá-los para almoçar perto do ser; tem um restaurante
bem legal no píer.
— Apenas para você saber… meu pai insistirá em pagar pelo almoço.
Vai ofendê-lo se você discutir. — Ele olhou para mim com um sorriso
conhecedor nos lábios.
— Tal pai, tal filho? — Perguntei fazendo piada, esfregando as bolhas de
sabão no seu peito.
— Exatamente! Mas quando os levarmos para jantar amanhã, ele
passará a conta para mi, apenas veja. Ei, quer trazê-los para o set, esta
tarde ao invés? Eu realmente gostaria que você visse o que faço para viver,
desde que você não verá meus filmes.
— Eu não sei — murmurei. — Isso não causará problemas com você-
sabe-quem?
Ryan sorriu bobamente para mim.
— Eu não ligo. Quero que minha namorada… meu amor — ele me olhou
nos olhos — saiba o que eu faço e onde eu vou todo dia. Eu quero que você
confie em mim. Eu preciso que você confie em mim, Taryn.
— Você tem certeza que não vai perturbá-lo ou arruinar sua
performance? Eu não quero mmmm — sua boca molhada trancou na
minha, parando minhas palavras no meio do caminho.
— Por favor — ele me beijou de novo, suavemente, descansando sua
testa na minha. — Eu preciso que você entenda o que eu faço. Eu preciso
que você veja que quando estou no set, eu sou um ator. Isso que eu faço é
fingir. Meus lábios, meu coração e meu corpo… eles pertencem a você. —
Olhei para ele e acenei. Depois de espionar sua conversa com Pete, eu
sabia que ele queria que eu confiasse nele.
— Preciso fazer um pôster e gritar “Ryan”, Ryan? — Brinquei.
— Hah! — Ele riu. — A única hora que quero ouvi-la gritar meu nome é
quando estou fazendo amor com você. Embora você tenha me chamado de
Deus na outra noite. Isso é aceitável, também. — Ele se inclinou e me deu
outro beijo.
Coloquei minha calça jeans escura, uma camisa de manga longa
branca, com minha jaqueta marrom de camurça e uma echarpe macia,
verde, ao redor do meu pescoço. Eu queria parecer bem na primeira vez
que encontrar sua pais e eu estava nervosa desde que eu os encontraria
sozinha.
Combinamos que eu levarei seus pais para vê-lo em ação amanhã. Ryan
me mostrou uma foto da sua mãe e pai para me ajudar a reconhecê-los
mais fácil, embora eu tinha de admitir que era difícil guardar a imagem na
minha memória. Seus dois pais estavam na casa dos cinquentas, mas
parecendo vibrantes e jovens. Pelo menos eu sabia que seus pais pobres
estariam buscando-me no aeroporto também.
Eu fui, é claro, fotografada andando pela calçada até meu carro. Optei
por sair pela porta da frente já que os paparazzi estavam esperando na
porta de trás. Permiti que meus olhos fiscalizassem a área por qualquer
sinal do velho Plymouth azul e fiquei aliviada que seu carro não estava em
nenhum lugar. Haviam, contudo, alguns bilhetes de amor presos ao meu
carro. Coletei-os e enfiei-os no console central.
Continuei checando meu espelho retrovisor por qualquer sinal de
fotógrafos me seguindo, enquanto eu dirigi para o aeroporto. Eu estava
aliviada que não vi nenhum.
Meus nervos estavam levando a maior em mim conforme fiquei parada
na entrada do aeroporto; meu estômago estaca cheio de borboletas. Os
pais são sempre fáceis de ganhar; eu sei por experiência que são sempre
as mães que são um desafio. Era quase 10h:30min quando uma nova leva
de passageiros começou a chegar. O voo deles, de Newark, de fato, pousou
alguns minutos mais cedo.
— Taryn?
Uma adorável mulher educadamente se aproximou de mim. Sua mãe
era exatamente como imaginei. Ela era uma polegada mais baixa do que
eu, magra, mas acolchoada pelos merecidos anos. Ela também tem cabelo
marrom-avermelhado que era longo e grosso na frente, mas cortado curto
na nuca. Eu a reconheci instantaneamente; Ryan tinha suas
características e mais definitivamente seus olhos.
— Sim! Sra. Christensen! É tão bom conhecê-la! — Nós nos abraçamos.
— Oh, é bom conhecê-la também, querida! Por favor, me chame de
Ellen. Este é o pai de Ryan, Bill.
Instintivamente, estiquei minha mão para apertar a dele, mas ele me
puxou para um abraço estranho.
— É muito bom conhecê-lo, senhor!
— É bom, finalmente, conhecê-la também, mocinha! — Bill disse com
um grande sorriso em seu rosto.
O pai de Ryan era alto, assim como Ryan, mas com outros quinze ou
mais quilos de peso. Eu podia ver pedaços do seu pai em Ryan também. O
rosto de Bill era redondo e barbeado e ele usava um óculo retangular de
aro de metal. Ryan herdou a cor do seu cabelo de seu pai, embora o cabelo
de Bill tem tons de cinza misturado nele. Imaginei Ryan ficando com a
aparência do seu pai um dia.
— Então, este deve ser o Infiniti que meu filho fica falando a respeito —
Bill disse do banco do passageiro. Sorri conforme ele corria seus dedos
sobre o painel.
— Ryan gosta de dirigi-lo, e para ser honesta, eu meio que gosto quando
ele dirige. Ele é um ótimo motorista. — Declarei, orgulhosa.
— Nós temos seu carro em nossa garagem em casa. Foi a primeira coisa
que ele comprou quando descontou seu primeiro grande cheque. Pensando
nisso, aquele carro foi a única coisa que ele comprou. Tenho de relembrá-
lo que ele pode pagar sua própria garagem agora. Então meu carro não
precisa ficar na entrada.
— Você não vai fazer isso, Bill — Ellen repreendeu. — Pelo menos nós
sabemos que podemos fazê-lo voltar para casa de vez em quando, mesmo
se for para visitar seu carro.
— Nosso filho nos disse que você nunca viu nenhum dos seus filmes.
Isso é mesmo verdade? — Bill pressionou.
— Sim, senhor, é verdade — acenei minha cabeça. — Eu nunca o vi
atuar antes. Ele nos quer no set amanhã, então suponho que vou ver sua
performance pela primeira vez.
Ellen sorriu alto.
— Eu acredito que você é a única mulher no planeta que não viu seus
filmes.
— Para ser honesta, acho que é melhor deste jeito. — Justifiquei.
O ringtone de Ryan começou a tocar no meu celular. Eu sabia que ele
estaria na borda até seus pais estarem seguros sob meus cuidados. Seus
comportamentos estavam se tornando tão previsíveis.
Dirigi pela costa, para um restaurante legal que se projetava por cima
do oceano. Não tínhamos uma vista adorável do Atlântico da janela da
nossa mesa. Os pais de Ryan foram muito legais e agradáveis para mim.
Eu tinha esperado ser bombardeada com perguntas, mas, aparentemente,
Ryan os encheu com muitos detalhes então nossa conversa foi mais
validação sobre as coisas que eles já sabiam. Eu lhes contei sobre
frequentar a Brown University, minhas conquistas de carreira no
momento, meu atual envolvimento nos negócios de vinhedos e o pub. Seus
pais perguntaram sobre o negócio com os vinhedos e os detalhes de
copropriedade e eu estava feliz em dizer-lhes o que queriam saber.
Seu pai estava interessado em saber tanto quanto podia sobre
diversificar suas explorações e oportunidades de investimento para além
dos planos de aposentadoria padrão. Tivemos uma longa conversa apenas
sobre esse assunto.
Era evidente em toda a conversa que seu pai estava preocupado com o
dinheiro de Ryan e certificando-se que tenha sido devidamente investido.
Eu disse a eles que senti que Ryan estava procurando se expandir para
outras áreas de oportunidade, mas não entrei em detalhes. Eu certamente
não queria que eles soubessem como disposto ele estava para despejar seu
dinheiro em remodelar a cozinha no meu bar.
A última coisa que eu queria era que seus pais pensassem que eu só
estava atrás do dinheiro do filho famoso deles. Tentei, inadvertidamente,
expressar como eu estava indo financeiramente, então eles saberiam
facilmente que eu sou uma mulher de negócios esperta por minha conta e
tenho meu próprio dinheiro no banco.
Eles me contaram histórias sobre Ryan e como ele gostava de desenhar
imagens de casas quando ele era jovem. Seus pais sempre pensaram que
ele se tornaria arquiteto um dia. Mesmo quando ele era criança, tudo o
que ele desenhava ou construía tinha que ser simétrico. Blocos de edifício,
brinquedos, Lego’s, tudo sempre foi construído de forma uniforme.
Ellen relembrou como a carreira de modelo de Ryan começou, ela levou
Ryan para tirar foto quando ele tinha três anos e o fotógrafo sugeriu que
ela o levasse a uma das agências de modelos local. Logo após isso, Ryan foi
fotografado em um panfleto de uma loja de roupas nacional vestindo
roupas de crianças. Sua foto foi até mesmo usada em algumas revistas
para pais. Ela prometeu me mostrá-las um dia. Tenho certeza de que vai
deixar Ryan embaraçado.
Era tarde em seus anos de colégio, quando ele tornou-se ativo no clube
de teatro. Sua mãe disse que ele era natural no palco. Eu adorei ouvir
suas histórias, ouvir o orgulho na voz dela quando falou dele.
Eles também falaram sobre seu irmão, Nick, e sua esposa, Janelle, e
como eles se conheceram no trabalho e se apaixonaram loucamente. Eles
estão casados há três anos e tiveram sua primeira filha, Sarah, há quase
dez meses. Seus pais eram muito fáceis de conversar e tive o mesmo
sentimento, conversando com eles, que tive quando conheci Ryan.
Assim como Ryan disse, seu pai arrebatou a conta do restaurante, antes
do garçom colocá-la na mesa. Segurei minha mão para cima, pois eu
realmente queria pagar o almoço, mas seu pai acenou para eu pôr minha
mão para baixo e soltou alguns “não, não, não” enquanto alcançava sua
carteira. Deixei para lá para não o ofender.
Levei-os para uma breve volta pela área, mostrando a eles os únicos
lugares que eu sabia que Ryan filmou. Poupei os detalhes sobre as duas
mulheres que foram presas perturbando o set de filmagens quando eles
filmaram na praia. Imaginei que eles tinham o suficiente para se
preocupar.
Dirigi pela minha rua, mostrando a frente do meu prédio enquanto,
secretamente, avaliei quantos fãs e paparazzi estavam demarcando
território. Desci o beco, apesar de ter paparazzi espreitando lá também. O
pai de Ryan rapidamente tirou sua bagagem do meu porta-malas.
Fiquei surpresa por ver que seu pai conhecia o pequeno fotógrafo
italiano.
— Jimmy? Jimmy Pop? Você ainda está perseguindo meu filho? — Bill
perguntou.
— Oh, Sr. Christensen, oi! — Jimmy disse com seu sotaque, jogando a
bituca do seu cigarro no beco. — Sra. Christensen! Você parece tão
adorável! Oh, meu, meu! Que dia abençoado! Como vão vocês?
— Estamos bem! Estamos aqui visitando nosso filho. Vocês não estão
importunando-o muito, estão? — Bill provocou.
— Oh, não, não! Bem, você sabe, é um trabalho. Sinto falta de quando
seu garoto trabalha em lugares legais e quentes. Este tempo frio, não é
bom para minhas mãos. Oh, a dor! — Jimmy disse, esfregando seus dedos
artríticos.
Enquanto ficamos ali conversando com Jimmy, outros fotógrafos
tiraram nossa foto. Seus pais não pareciam estar afetados por isso.
— Seu filho… ele tem uma adorável garota aqui! Olhe, olhe, quão bela!
Oh, faz meu coração feliz! — Jimmy bateu em seu peito. — Ela não é igual
àquelas outras. — Ele ondulou um dedo torto no ar. — Ela é muito legal.
— Obrigado, senhor. Isso é muito legal. — Sorri para ele.
— Vê? Ela me chama de senhor. Ninguém me chama de senhor. Todos
dizem: Jimmy vá embora.
Notei como as calças de Jimmy pareciam dois números maiores. A
frente da sua calça franzia onde o cinto prendia o tecido extra. Ele parecia
malnutrido.
— Jimmy, você está com fome? Tenho metade de um sanduíche aqui
que não toquei. Você gostaria? Entreguei a ele a caixa de isopor.
— Você me deu comida? — Ele olhou dentro para ver a outra metade do
meu sanduíche de frango embrulhado e um pacote fechado de batata
chips que não comi.
Acenei com a cabeça.
— Coloque isso em seu estômago. Vou levar os pais de Ryan para
dentro, agora. Eles tiveram uma longa viagem.
— Seja abençoada, Srta. Taryn. Seja abençoada!
Rapidamente movi meu carro para a vaga e notei o velho Plymouth azul
estacionado na outra esquina da Mulberry Street. Angélica estava sentada
em seu carro de novo. Apenas por vê-la, sabendo que ela não estava
fazendo nada com sua vida além de nos perseguir, trouxe um arrepio de
medo pela minha espinha. Corri pelo beco, para minha porta dos fundos,
para fugir da vista da garota psicótica.
— Desculpe-me pela desordem, mas estou reformando. Por favor,
entrem. — Levei-os para a área principal do pub e acendi as luzes suaves.
Acendi a luz da sala de sinuca também, então eles podiam ver o pub
inteiro.
Bill andou até a mesa de bilhar.
— Então, aqui é onde aconteceu? — Ele bateu de leve com os dedos no
feltro, olhando para mim por confirmação.
Minhas bochechas, de repente, coraram e uma onda de pânico
percorreu meu peito. Quanto Ryan compartilhou com seus pais? Ele
contou aos seus pais sobre tirar minhas calcinhas e me curvar sobre a
mesa de bilhar? Bill estava parado quase no mesmo lugar.
Eu olhava para ele como um veado pelo pelos faróis.
— Onde ele conheceu você? — Seu pai continuou.
Oh, graças a Deus.
— Sim! — Respirei. — Ele veio pela porta e…. — Abri minhas mãos.
— Ryan nos contou como as garotas o perseguiam. — Ellen adicionou.
Ela sabia que eu mantinha os detalhes.
— Falando em garotas… — andei até a porta da frente e retirei a pilha
de hoje de cartas de amor. Haviam ao menos trinta hoje.
— Você tem muita correspondência — Ellen comentou.
— Isso não é minha correspondência. Essas são todas para o seu filho.
Suas admiradoras começaram a deixar seus bilhetes de amor na minha
caixa de correio. Elas cobriram meu carro com cartas também. Essas
garotas devem pensar que ele tem uma namorada realmente com a mente
aberta ou algo assim.
— Deixe-me ver, por favor — Bill pegou uma amostra. Entreguei a pilha
a ele de bom grado.
Ele abriu um dos envelopes. Acontece, que justo esse tinha uma foto de
uma garota nua. Eu podia dizer pela maneira que seus olhos se
esbugalharam em seu rosto.
— Elas não conhecem limites — murmurei. — Alguns dias atrás, peguei
duas delas tentando invadir meu apartamento para vê-lo.
— Ellen, está ficando pior. Nós temos que conversar com ele. — Seu pai
estava muito descontente com seja o que for que havia nos próximos
envelopes.
Ajudei a carregar suas bagagens para o meu apartamento. Bill e Ellen
pareceram impressionados quando viram as condições adoráveis que o
filho deles estava vivendo. Eles me regaram com cumprimentos. Passei um
tempo extra ontem à noite limpando e preparando as suas chegadas, para
me certificar que eles ficassem satisfeitos.
— Posso oferecer um copo de vinho de uma das nossas vinícolas? —
Levei-os para a cozinha. Os olhos da sua mãe acenderam e um grande
sorriso apareceu em seu rosto quando ela entrou. Eu tinha uma cozinha
legal.
— Taryn, isso é magnífico! Bill, olhe esse fogão. Eu quero esse fogão —
ela insiste.
Peguei uma nova garrafa de Chablis e tirei a rolha. Eu estava no clima
para vinho branco. Só então ouvi Ryan subindo as escadas.
Ryan deixou suas chaves na mesa da entrada perto da porta e tinha
uma caixa debaixo do braço quando entrou na cozinha. Ele abraçou o pai
primeiro desde que Bill estava de pé. Sua mãe levantou da mesa e deu ao
seu filho um grande aperto e um beijo.
— Oh, é tão bom te ver — sua mãe jorrou, balançando-o para frente e
para trás. Era uma reunião emocionante.
Assim que ela o soltou, Ryan veio até mim e me puxou para um beijo.
— Oi, querida. Como está tudo mundo? — Ele olhou em volta, para
todos nós para se certificar que estávamos nos dando bem. Sua mãe lhe
contou sobre o restaurante legal onde almoçamos e como ela aproveitou a
vista do oceano. Servi quatro taças de vinho e entreguei a eles.
— Taryn, isso é delicioso — seu pai comentou, girando o vinho na taça.
— Aqui, veja isso. — Ryan entregou a caixa para mim. Dentro havia todo
os estilos de óculos de sol. — Alguma empresa que vende óculos escuros
quer que eu use seus produtos. Eles mandaram uma caixa inteira para
mim e minha mulher.
Revirei os meus olhos.
— É sério! Veja a carta. Veja! “Sr. Christensen, ficaremos honrados em
fornecer os produtos da nossa coleção de outono Sun Jammer Eyewear.
Estamos enviando a você óculos masculinos tanto quanto uma seleção
para mulheres para sua namorada favorita”. Vê? Mulher favorita ali
mesmo em negrito.
Ele me cutucou na barriga em seu caminho para a despensa. Ryan
abriu a porta e tirou o pacote de biscoitos de chocolate.
— Oh, não, você vai estragar seu apetite agora? — Ellen repreendeu.
Levamos seus pais em um tour pelo apartamento e colocamos nossos
casacos de volta, para visitar o pátio do telhado. Bill e Ellen pareceram
sem palavras, até o ponto em que Ellen declarou querer redecorar seu
quintal inteiro para parecer com meu telhado.
Eu sabia que Ryan estava faminto; ele pegava qualquer coisa que ele
pudesse enfiar na boca quando retornamos para cozinha. Acendi o forno e
peguei os ingredientes que já estavam pré-preparados para fazer Frango a
Cordon Bleu. Bati os peitos de frango enquanto Ryan comeu algumas
fatias de queijo. Ele estava muito faminto para ser de algum uso.
— Então, o que você diz, filho? Quer perder para o seu velho em um jogo
de sinuca? — Seu pai lhe deu uma cutucada.
Enquanto os homens jogavam lá embaixo, eu preparei o jantar. Sua mãe
vigiava o que eu estava fazendo.
— Nunca pensei em empanar isso com migalhas de pão — ela declarou.
Ela ajudou a cobrir o frango enrolado e estava surpresa em como eu
desviava da receita normal. Eu gostava de ser criativa quando cozinhava.
Mais tarde naquela noite, nos juntamos na mesa de madeira oval, que
estava ao lado da minha sala de estar. Não arrumei aquela mesa para uma
refeição por um longo tempo. Era legal comer como uma família de novo.
— Taryn, isso é fabuloso — Ellen cumprimentou.
Ryan encostou seu pé no meu debaixo da mesa e piscou para mim.
— Eu te falei que ela está cuidando muito bem de mim! — Ele gracejou.
— Então, vocês dois vão nos contar onde vamos este fim de semana ou
você vai manter sua mãe e eu em suspense?
Ryan olhou para mim e sorriu.
— Devemos contar a eles ou fazê-los sofrer como você me fez sofrer
naquele dia?
Peguei alguns feijões verdes do meu prato.
— Acho que devemos contar a eles.
— Estamos os levando para a cabana da família de Taryn no lago,
estamos indo pescar. — Ele acenou para o seu pai com os dedos. — E
vocês duas podem ir fazer compras até seus pés caírem.
Nossa noite com seus pais, lentamente, chegou ao fim. Ryan tinha que
estar de volta ao set bem cedo de manhã, e seus pais estavam cansados do
voo.
Rapidamente, deslizei no meu quarto para pegar meu travesseiro e levá-
lo para a sala de estar. Ryan olhou para mim com confusão. Ele pegou
meu travesseiro e começou a levá-lo de volta.
— Amor, achei que íamos para cama? — Ele bocejou.
— Não — sussurrei. — Por favor, deixei aqui. Vou dormir aqui no sofá.
— Por que? — Ele perguntou, completamente perplexo.
— Seus pais — sussurrei de novo.
— O que tem eles?
— Por respeito! — Declarei o óbvio.
— Do que você está falando?
Eu gostaria que ele mantivesse seu tom de voz baixo.
— Ryan, eu não vou dormir com você na frente deles — sussurrei.
— Você está brincando comigo? — Assim quando ele disse, sua mãe
parou atrás dele.
— O que vocês dois estão sussurrando aí? — Ela perguntou.
— Não tenho certeza, mãe. Por alguma razão, Taryn acha que tem de
dormir no sofá.
Eu estava completamente embaraçada agora e tinha de me explicar.
— Eu não quero desrespeitá-los, isso é tudo. Está tudo bem — informei
educada. — Eu não me importo de dormir aqui. — Tentei arrancar meu
travesseiro da mão de Ryan, mas ele não o soltaria.
Ellen pareceu confusa, e então eu vi a luz do entendimento acender
acima da sua cabeça.
— Oh, querida, isso não é necessário. — Ela veio até mim e me deu um
grande abraço.
— Aprecio sua consideração, mas Bill e eu não somos à moda antiga. —
Ela, gentilmente, riu em minha orelha. — Esta é sua casa.
Ellen tocou a bochecha de Ryan enquanto me sacodia.
— Você fica com Ryan no seu quarto — ela disse com carinho. — Oh,
como gostaria de ter conhecido seus pais! — Ela me beijou na bochecha.
— Por que você achou que deveria dormir no sofá? — Ryan perguntou
privadamente em nosso quarto. Ele puxou nosso edredom sobre meus
ombros.
Dei de ombros, um pouco alto consciente.
— Apenas eu não quero que seus pais tenham uma impressão errada
sobre mim, é isso. Não fui criada assim.
— Oh, você não tem que se preocupar com isso! Você já fez uma boa
impressão nos meus pais hoje — Ryan sussurrou, ajeitando-se na cama
até nossos olhos se encontrarem.
— Meu pai falou na minha orelha quando nós jogamos sinuca. Ele
divagava sobre como inteligente você é, e como eu poderia aprender uma
coisa ou duas sobre gerenciamento financeiro com você.
— Estou feliz que eles gostam de mim; aliviada, na verdade. É muito
importante que eles aprovem. — Ajeitei-me para ficar perto dele,
gentilmente esfregando seu pescoço quando conversávamos.
— Oh, eles aprovam, tudo bem! Você os ganhou, isso é certo. — Ele
escovou meu cabelo para trás. — Você tem alguma ideia de quanto eu te
amo?
— Não — sussurrei, incitando-o. — Quanto?
— Deixe-me te mostrar — ele sussurrou. Ele beijou meus lábios
suavemente, uma vez, duas, antes da sua boca molhada se mover com a
minha.
Eu estava de pé e fora da cama antes de qualquer um, então eu tinha
tempo extra tomando banho e ficando pronta. Eu já estava nervosa e um
pouco agitada pensando em ir no meu primeiro set de filmagem de um
grande filme. Nunca, em meus mais selvagens sonhos, achei que faria o
que farei hoje.
— Você está animada? — Ryan perguntou, puxando meu colar de
coração de detrás da minha camisa enquanto esperávamos na porta de
trás.
— Nervosa. — Sorri pela metade. Meu estômago estava em nós.
Ainda estava escuro lá fora quando nosso carro chegou. Era muito cedo
para os paparazzi estarem aqui. Os dias de Ryan normalmente começava
antes do sol nascer. Eu estava aliviada por saber que seus pais estariam
comigo nesta experiência.
Brevemente, nós pausamos na segurança e então dirigimos até o local.
A limusine passou por diversas linhas de trailers e outros caminhões antes
de parar perto de um grande trailer branco.
— Aqui, você precisará disso. — Ryan nos deu passes que identificavam
que éramos permitidos no set.
Ele tinha seus papéis azuis em suas mãos.
— Tenho que ir para maquiagem e terminar com o rosto. Tar, venha
comigo. — Ryan pegou na minha mão. — Mãe, pai… verei vocês ali. — Ele
apontou para a direção que ele filmaria.
Seu guarda-costas Mike e outro homem nos levou a um grande trailer.
No seu interior havia várias cadeiras de beleza e um balcão completo de
maquiagem com um espelho. No segundo que passamos pela porta, várias
pessoas começaram a atender Ryan. Ele mal teve um momento para me
apresentar para a equipe de maquiagem. O pessoal que conheci foi
educado, mas eles tinham um trabalho a fazer e pouco tempo para fazê-lo.
Todo mundo estava com pressa.
Primeiro Ryan teve que se trocar dentro do seu guarda-roupas; ele tinha
que usar uma calça escura e uma camisa de botão branca que foi
preparada para parecer salpicada com sangue. Então ele foi coberto com
um xale e vários maquiadores foram trabalhar nele.
Ele ficou apenas sentado lá enquanto eles o cobriam com cremes e
pigmentos, usando esponjas e pinceis e toda a sorte de itens que nunca vi
antes.
Uma das maquiadoras, uma senhora asiática, usando uns óculos de aro
grosso e vermelho, com um cabelo negro e longo, puxado num rabo de
cabalo, começou a esfregar um pigmento roxo debaixo do olho esquerdo de
Ryan. Pelo tempo que eles terminaram com ele, ele parecia estar no lado
perdedor de uma briga, tinha até mesmo sangue seco saindo da sua
narina.
Ele sorriu e piscou para mim.
— Parece muito duro, hein?
Mesmo que eu os tenha visto transformando nesta bagunça sangrenta,
eu quase queria chorar vendo-o parecer ter apanhado tanto. Ao invés, sorri
e acenei concordando.
— Pete disse que faria isso com meu rosto se eu quebrar seu coração.
Acho que é melhor não fazer isso, então.
Fiquei contente por saber que ele estava totalmente inconsciente da
minha espionagem durante sua conversa com Pete. Revirei os olhos com o
seu comentário, fingindo ter ouvido pela primeira vez.
Outro assistente do sexo masculino estava conversando com alguém por
um rádio portátil.
— Ryan, eles estão prontos para você no set nove.
Alguns momentos depois, nós estávamos empoleirados na traseira de
um carrinho de golfe comum, seu guarda-costas Mike obedientemente ao
seu lado. Uma vez que paramos, Ryan rapidamente falou no meu ouvido:
— Você verá algumas acrobacias hoje e, no final desta cena eu tenho
que… beijar… — seu rosto torceu com desgosto — ela.
Nós entramos no set; tive que piscar várias vezes para perceber que o
hall do castelo ornamentado, na verdade, foi construído dentro de um
armazém comum.
— Jake, por favor, mande alguém para os meus pais. Eu os quero aqui
com a Taryn — Ryan pediu. — Você ficará bem aqui. Sem interrupções! —
Ele beijou minha testa antes de sair correndo.
Eu estava escondida do lado de uma parede, tentando me manter fora
do caminho. Vários fios elétricos se torciam por todo o chão. Haviam luzes
brilhantes, andaimes, todo o tipo de aparelhos em todo o lugar. Eu estava
apavorada que eu, por acidente, colidisse com alto caro ou importante. As
pessoas estavam apressadas ao meu redor. Alguns usavam fones de
ouvido ou carregavam partes de equipamentos técnicos. Pranchetas,
câmeras, ajustes de luzes, era como um caos aleatório ao redor.
Senti uma mão tocar minhas costas e vi que a mãe de Ryan estava perto
de mim agora.
— Esmagador, né? — Ela perguntou. Eu estava atordoada, assistindo
tudo se desdobrar ao meu redor.
Uma mulher usando um fone de ouvido ao redor do pescoço se
aproximou de nós.
— Oi! Bem-vindas! Vocês podem querer se mover para lá para ver
melhor. Venham comigo.
Procurei por Ryan; ele estava parado com vários homens e eles estavam
todos movendo seus braços no ar, como se discutissem como Ryan deve
dar um soco. Parecia ser um ensaio antes da cena ser filmada. Um homem
velho, baixinho, quase careca, com fones de ouvido ao redor do pescoço e
carregando algum aparelho que parecia um pequeno telescópio, andou
perto e falou com Ryan.
— Este é o diretor — seu pai disse.
Ryan passou um bom tempo acenando e discutindo como era para ele
se mexer.
— Acho que aquele cara à esquerda de Ryan é o coordenador de
coreografia.
Eu estava feliz que seu pai estava parado atrás de mim explicando as
coisas. Eu não tinha ideia quem era essas pessoas.
Ouvi alguém gritar: “silêncio no set”. Tentei não respirar.
Vi um homem segurar a claquete na frente da câmera.
Ryan foi para sua posição na sala falsa. Eu podia ver sua imagem em
três pequenas telas perto do diretor.
— Rodando — alguém gritou.
— Ação — outro alguém gritou.
Ryan deu alguns passos e então foi atacado por um homem com uma
capa. Ryan deu um gancho de direita e uma corda puxou o homem em
direção ao uma pilha de espuma.
Era isso? Todo mundo se misturou pelo set de novo. Olhei para o pai
dele.
— Eles já filmaram?
Bill sorriu para mim.
— Acho que sim.
Ryan voltou a sua posição e então ele lutou com o mesmo homem
novamente. Levou quase uma hora para filmar esta cena em particular.
Eles filmam e diferentes ângulos.
A única vez que eu sabia quando eles não estavam filmando era quando
a maquiadora estava tocando seu rosto. Eu, constantemente, imaginei
como todo mundo sabia o que estava acontecendo. Ou você tinha um
trabalho onde tinha que correr e embaralhar, ou o seu trabalho era ficar
ao redor e parecer importante.
— Ei, garota! Ouvi que você estava aqui. — Kat me deu um abraço.
— Ei, Kat! Oh, é bom vê-la! — Fiquei aliviada por ver outro rosto familiar
neste caos.
— Oi, Ellen, Bill! Vendo seu garoto em ação, hein? O que ele está
fazendo agora? — Kat procurou ao redor para ver onde Ryan estava. — Oh,
ótimo. Abram caminho para a rainha.
Vi Suzanne andar através de outra entrada. É claro que ela olhou e me
viu parada ali. Seus olhos alargaram uma vez que ela me viu.
— Você vai ficar bem com isso, certo? — Kat sacodiu meu braço. — Ele
tem que, hmm, beijá-la agora. Yuk! Você não tem que olhar se achar que a
incomodará.
Na verdade, eu queria ver isso. Eu precisava ter esta experiência de vê-
lo… atuar.
— Vai ficar tudo bem — murmurei.
Suzanne parecia não se perturbar por eu estar ali; na verdade, ele
parecia estar em um bom humor. Ela sorria e meio que prosseguindo com
Ryan. Ele riu também para o que seja que ela disse. Era um alívio saber
que o relacionamento deles não estava totalmente arruinado por minha
causa.
Depois do que pareceu um extraordinário tempo muito longo, eles,
finalmente, foram para as suas posições para começar a filmar. Os olhos
de Ryan trancaram nos meus por um momento; era como se ele tentasse
me mandar uma mensagem telepática. Eu sabia o que vinha depois. Eu
estava muito longe para ouvir o diálogo que eles trocavam, mas a cena
envolvia Ryan ainda ferido e sangrando. Ele agarrou a parte de cima do
braço dela e eles pareceram brigar. Não era para ela gostar do aperto que
ele tinha nela. Ela se preparou para estapeá-lo no rosto e ele a agarrou
pelo pulso. Lembrei de quando nós jogamos sinuca no primeiro dia; como
tentei cutucá-lo e provocá-lo e ele me pegou do mesmo jeito, no ar, pelo
pulso.
Com sua outra mão, ele a agarrou pela nuca e a puxou para um beijo
com força. Após um breve segundo com ela lutando, ela se rendeu aos
seus lábios.
Respirei profundamente pelo nariz enquanto ele a beijava. Foi tão difícil
quanto eu achei ver o homem que eu amo beijar outra mulher. Eu sabia
que era fingimento, mas a queimação do ciúme ainda pulsou por mim. Eu,
inconscientemente, fechei minhas mãos em punhos aos meus lados; as
ponta dos dedos cavando minhas palmas. Sua mãe pousou sua mão no
meu ombro como segurança de que ia ficar tudo bem.
Quando eu não podia aguentar mais, olhei para o chão então virei meu
olhar para a parede oposta. Algo me pareceu estranho: por que aquele
homem estava ali tirando fotos de Ryan beijando Suzanne? Ele não usou
flash em sua câmera.
— Como você está indo? — Kat sussurrou para mim. Eu podia ouvir a
tensão e preocupação em sua voz.
Suzanne realmente atuou; minha presença a encorajando a uma
performance digna de Oscar.
— Eu quero descascá-la dele e tacar fogo nela, mas vou passar por isso.
O diretor gritou: “corta”.
Kat riu, divertida pelo meu comentário.
— Ficará mais fácil com o tempo. Você tem pelo menos a satisfação de
saber que ele odeia essa parte do trabalho.
— Odeia mesmo? — Eu não tinha tanta certeza, pelo jeito que parecia.
— Veja, Ellen! Taryn quer cortar Suzanne ao meio. Esta garota está
definitivamente apaixonada pelo seu filho. — Kat dançou no lugar.
— Eu não quero cortar ninguém — respondi rapidamente. Eu não
queria que seus pais pensassem que eu era obsessiva ou controladora.
Sua cena de beijo foi interrompida e o diretor falava para os dois. Eles
acenavam para ele enquanto ele dava instruções. Aparentemente, eles
tinham que fazer de novo. Assisti quando eles passaram pelas suas falas
de novo, ele a agarrou pelo braço de novo e mais uma vez, ele a agarrou
pela nuca. Dessa vez, ela lutou com ele um pouco mais antes de se render.
A segunda vez não foi tão ruim quanto a primeira, embora vê-lo beijando
outra pessoa ainda me incomodou. Minha mente avaliou por vários filmes
que eu tinha visto em minha vida e todos os beijos que eles trocaram nos
filmes. Todos aqueles beijos têm que parecer de verdade para vender o
sentimento do filme. Pensei sobre um dos meus atores favoritos e como ele
tinha que beijar as atrizes em um dos seus filmes. Mas depois, à noite, ele
vai para casa para sua adorável esposa e seus filhos.
Não posso fazer isso, eu disse a mim mesma. Seus lábios pertencem a
mim, ele mesmo me disse isso. É só fingimento; sou ele, ele é meu.
Eu estava em uma pequena discussão com Kat e seus pais sobre a
história de fundo do filme quando Ryan deslizou suas mãos ao redor da
minha cintura. Eu não estava esperando, então pulei ligeiramente pelo seu
toque.
— O que você achou? — Ele sussurrou em meu ouvido.
— Acho que você parecia muito forte lutando com aquele cara. Eu
pensei que você o tinha socado de verdade! Pareceu real deste ângulo. —
Brinquei enquanto ele segurou meu estômago.
— Essa é a magia do cinema! — Ele gracejou.
— Acho que você tem um trabalho legal — murmurei de volta.
— E sobre a outra parte? — Ryan perguntou timidamente. Ele
sussurrou suas palavras em meu pescoço.
Eu sabia sobre o que ele estava se referindo, beijando a… Suzanne.
— A primeira vez foi muito difícil, mas a segunda, hum, vez? Foi mais
fácil. Pareceu que ela se esforçou mais, provavelmente, porque estou aqui.
— Tenho que concordou. Sua performance foi definitivamente para o
seu benefício — ele disse. — Talvez você deva estar aqui todos os dias?
Você viu como ela foi legal comigo?
Demos uma volta ao redor da área e Ryan nos mostrou seu trailer. Era
realmente muito legal por dentro; como um miniapartamento sobre rodas.
Ele se certificou de me mostrar a cama larga no fundo, onde ele cochila às
vezes quando ele não é necessário no set. O quarto em seu trailer tinha
uma TV grande na parede e sua geladeira estava abastecida com seu
refrigerante favorito.
Eu estava no trailer de Ryan quando Tammy ligou.
— Taryn, meu irmão me ligou. Ele tem alguma informação sobre aquela
garota. Você pode querer ir até a polícia. Taryn, ela não é boa.
Ryan estava me assistindo; suas sobrancelhas estavam juntas em
confusão, tentando adivinhar minha conversa.
— Você pode ser mais específica? — Perguntei.
— Você tem que perceber que Tony não é suposto fazer esse tipo de
coisa. Você não pode contar para ninguém, especialmente quando você
falar com a polícia, ok?
Haviam várias perguntas que eu gostaria de fazer, mas desde que eu
tinha uma plateia, eu tinha que fazer segredo.
— Eu entendo, por favor… continue.
— Eu lerei para você o relatório que ele me deu. Angélica Staunton, 31
anos, endereço formal em Bridgeport, NJ, Brooklyn, NY, e tem outro
endereço em Los Angeles. Ela foi presa três vezes; uma vez por prostituição
em Nova York e duas por outros crimes na Califórnia. Taryn, 10 anos atrás
alguém colocou uma ordem de restrição nela. Quando ela estava em L.A.,
ela foi acusada de perseguir outra celebridade. Sua segunda foi pela
violação da ordem da corte. Sua terceira vez presa foi para o invadir, ela foi
encontrada, às 3 da manhã, nadando nua na piscina na casa da
celebridade. Não posso dizer o nome da celebridade, pois Tony não me
disse.
Respirei bem fundo pelo nariz e apertei meus olhos fechados. Essa
garota estava agora perseguindo meu namorado.
Entrei na área do quarto do trailer de Ryan.
— Ela fez algum mal físico? — Sussurrei.
— Não há nada no relatório além dela fazendo ameaças, mas ela é
definitivamente uma perseguidora. Eu não me arriscaria.
— Obrigado, Tammy. Eu te devo uma.
— O que está acontecendo? — Ryan perguntou, curioso.
— Nada — sorri sem entusiasmo. — Vou te dizer mais tarde. — Corri
meu dedo pelo meu nariz, então ele saberia que eu estava mentindo.
Depois do almoço, nós fomos para outra locação. Ryan teve seu rosto
retocado; mais pigmento roxo foi adicionado sob seus olhos. Ele me contou
que o filme inteiro foi filmado for de sequência. Ele me explicou porque eles
fazem isso. Eu nunca soube que os filmes eram feitos assim. Sempre
pensei que eram filmados conforme o progresso, assim como o teatro.
Nós fomos para uma casa comum na praia, que será a próxima locação
para o filme. Conforme chagávamos, fomos inundados com dezenas de
mulheres, fãs de todas as idades, formas e tamanhos, todas gritando para
o seu ator favorito.
Nos apressaram a entrar rápido. Ryan esperou atrás. No minuto em que
ele colocou o pé para fora, as fãs gritaram. Eu o observei da porta; seus
guarda-costas fizeram um escudo enquanto o levavam do carro à casa.
Ryan mal tomou conhecimento da multidão. De alguma forma os
paparazzi sabia onde encontrá-lo e fomos todos fotografados saindo da
limusine, mas as câmeras clicaram duas vezes quando ele era visto. Meu
amor estava constantemente debaixo do microscópio.
Ryan tinha de falar algumas falas muito intensas na cena que filmaram
na casa. Cada uma das suas falas foi habilmente entregue. Pela primeira
vez desde que o conheço, ele estava diferente. Não era o Ryan, ele era
Charles. Ele me impressionou. Eu podia ver porque as fãs o adoravam.
Mas apesar do seu comportamento profissional e suas habilidades de
atuação soberbas, eu o adoro por diferentes razões. Eu estava cansada, na
verdade, por passar um dia inteiro neste mundo. Acho que foi a parte de
ficar fazendo nada além de observar o que me cansou. Eu estava
acostumada a correr por aí e ficar ativa fazendo meu trabalho; seu
trabalho era mais cansativo mentalmente do que qualquer coisa. Sorri
para ele enquanto ele brincava com a equipe. Mesmo que filmar era um
sério negócio, todo mundo estava se divertindo e sendo muito solidários.
No nosso caminho para casa, na Mulberry Street, eu a vi, Angélica,
sentada em seu Plymouth azul, do outro lado do estacionamento onde eu
estaciono meu carro.
Eu, inconscientemente, agarrei o braço do Ryan e ofeguei.
— O que? — Ele olhou para ver minha expressão de terror. — Tar,
querida?
— Nada. Vou te falar mais tarde. — Instintivamente afundei no assento,
colocando minha cabeça no nível da janela.
Pete ainda estava dentro da cozinha do pub, martelando. O velho balcão
tinha ido e ele tinha a nova parede parcialmente construída. Eu fiquei
chocada por ver qual longe ele já chegou.
Ryan e seus pai começaram a conversar com Pete sobre coisas de
construção; eu estava um pouco distraída então subi as escadas. Não
demorou muito para mergulhar na cama.
— Tar, você está cansada? — Ryan perguntou, me achando no quarto.
Ele empurrou seu travesseiro para debaixo do braço. — O que foi aquilo no
carro mais cedo? Por que você agarrou meu braço daquela maneira?
— Ela estava sentada no seu maldito carro de novo — murmurei no meu
travesseiro.
— Quem? Do que você está falando?
— Angel. Ou Angélica Staunton como é realmente conhecida. — Olhei
para ele com medo nos meus olhos. — Cabelo cacheado, banguela? Acho
que ela tem seguido você… e eu. Ela me seguiu no CostMart no outro dia.
Ela estava no bar naquele dia que você assinou autógrafos, e agora ela
está de novo apenas sentada em seu carro na Mulberry Street. Querido,
ela me assusta como o inferno.
Dois segundos depois, ele puxou seu telefone e fez uma ligação.
— Meu gerente diz que devemos ir à polícia e apresentar uma queixa. —
Ele se recostou na cama. — Taryn, não estou bravo, mas você tem de me
prometer que me dirá imediatamente se alguém estiver te seguindo ou te
assustando. Você sabe que essas garotas são… bem, você sabe. Apenas me
prometa me contar na hora — ele insistiu.
Acenei:
— Prometo.
Ryan parecia lindo em sua calça preta e camisa branca de botão. Eu
coloquei meu vestido de cocktail novo e ajustei a faixa na cintura. Ele
pegou a pequena caixa preta do meu armário e a segurou aberta, me
lembrando dos brincos de diamantes que tenho evitado.
— Por favor, me agrade — ele insistiu.
Hesitei e respirei fundo. Eu segurava os corações entrelaçados nos meus
dedos que descansavam em meu pescoço.
— Eu não estou os pegando de volta, então você pode usá-los. — Ele
colocou a caixa em minha mão. — Ouça, eles são um presente, do meu
coração para o seu. Você faz coisas agradáveis e legais para mim; eu faço
coisas agradáveis e legais para você. Parceiros iguais — ele salientou.
Eu não podia argumentar, mesmo se eu me sentisse estranha em
aceitar.
O restaurante era muito confortável, mesmo reservando uma sala
inteira para nós jantarmos em privado. Vários clientes engasgaram quando
Ryan caminhou pela principal área de jantar, e eu percebi que foram as
senhoras que imediatamente o reconheceram. Mike e nosso motorista, que
também era um guarda-costas, bloqueou a entrada para a nossa seção do
restaurante para que ninguém nos incomodasse durante nosso jantar.
— Mãe. — Ryan ergueu sua taça para oferecer um brinde. — Para a
melhor mãe do mundo! Feliz aniversário! — Ele se inclinou para ela e lhe
deu um abraço e um beijo. — Nós temos presentes para você, mas achei
melhor guarda-los até mais tarde, quando você pode abri-los em privado.
— Ele olhou ao redor do restaurante.
Eu sabia que as pessoas estavam assistindo; qualquer um deles seria
capaz de relatar os detalhes de nossa noite para os tabloides. Eu estava
entendendo as hesitações e razões por trás de cada uma das ações de
Ryan. Nós não poderíamos deixar de estar paranoicos.
— Taryn fez-lhe um bolo de aniversário. Depois do jantar, vamos voltar
para o nosso apartamento.
Uma onda de euforia passou por mim quando ele disse: “o nosso
apartamento” para seus pais.
— Espero que você goste de chocolate — eu disse em resposta, feliz.
Estávamos jantando por cerca de uma hora quando uma nova onda de
clientes do sexo feminino entrou no restaurante. Podíamos ouvir suas
risadas e sua comoção em nossa sala privada.
— Acho que a notícia vazou. — Ryan sorriu. Eu não poderia dizer se ele
estava incomodado ou, de alguma forma, gostando da atenção.
— Isso é algo que sua mãe e eu queríamos falar com você, Filho.
Estamos muito preocupados com todas essas fãs e seus comportamentos.
Ryan abriu a boca para falar, mas seu pai o cortou.
— Agora, antes de você começar a reassegurar de que você está no
controle, eu vi algumas daquelas cartas que essas garotas têm deixado
para você na porta da Taryn, e eu tenho que dizer este comportamento é
alarmante. — Bill esfregou a testa, igual ao Ryan quando está estressado.
— Você sabe que sua mãe e eu vamos apoiá-lo em suas decisões, mas
quando suas decisões colocam você e sua família em perigo, bem, eu tenho
de dizer o que penso.
— Todo mundo que está nos olhos do público tem seus fãs, pai. — Ryan
tentou dispensar a preocupação do seu pai. — Eu não acho que você ou a
mamãe estão em qualquer perigo.
— Eu notei isso, filho, mas essas suas fãs estão deixando suas notas
pervertidas para você na porta desta jovem — Bill apontou sua mão em
minha direção. — Eu vi o quanto você se importa com ela, então estou
incluindo-a na nossa família quando falo.
— Eu sei — Ryan esfregou sua testa, agora. — Estou colocando alarmes
extras no seu apartamento e estou pensando sobre contratar segurança
pessoal para olhar por ela quando eu não posso. — Ele olhou para mim;
sua expressão esperando minha reação. Suspirei e segurei minha língua.
— Filho, isso é exatamente o que estou dizendo! Seu irmão, sua mãe e
eu, nós não precisamos de guarda-costas para ir ao trabalho todo dia. Tem
uma razão pelo qual você tem esses homens te cercando, protegendo você.
Se não tivesse nenhum perigo, então você não precisaria de proteção! Você
sabe que estamos orgulhosos de você e queremos que você seja bem-
sucedido, mas não se vai colocá-lo no caminho do perigo. — Bill sacudiu a
cabeça ferozmente.
Minha mente foi rapidamente para Angélica, sentada em seu carro,
observando cada um dos nossos movimentos. Esperando por… o que?
Uma oportunidade? Achar uma abertura em nossa armadura?
— Pai, ninguém vai nos machucar — Ryan disse, confiante. Engraçado
como, há duas horas, ele deu telefonemas sobre nossa perseguidora
banguela. Apertei sua coxa com minha mão. Eu não me importava que ele
mentiu aos seus pais daquele jeito. — Eu não vou deixar nada acontecer a
você — ele apertou minha mão para me tranquilizar.
— Eu só queria que você pensasse no que mais você pode fazer com sua
vida que não afeta sua segurança. Estaremos tão orgulhosos de você se
fizer outra coisa — Bill informou.
— Eu sei. Estive pensando nisso, na verdade. Taryn tem me dado
algumas boas ideias. — Ele piscou para mim.
Eu não tinha ideia do que ele estava falando.
— Mas isso terá que esperar. Você sabe que assinei alguns contratos
para outros filmes. Não posso recuar agora.
Eu não tinha certeza de que Ryan queria recuar de algo mesmo se
pudesse. Ele realmente amava ser um ator e ele era realmente bom nisso!
Ele era capaz de deslizar em uma pessoa completamente diferente e na
realidade convencer o mundo que ele era outra pessoa.
— E quais os seus pensamentos disso, Taryn? — Seu pai perguntou.
Levei um momento para reunir meus pensamentos.
— Acho que Ryan realmente ama ser um ator e isso é o que ele quer
fazer como carreira. Eu vi hoje, com meus próprios olhos, que ele é um
ator brilhante. Se, um dia, ele não quiser mais fazer isso, bem, terá que ser
sua decisão. Vou apoiá-lo em qualquer escolha que ele faça.
Meus olhos se deslocaram do pai dele, para olhar para Ryan. Haviam
muitas pessoas ao redor do restaurante então mantive minha voz baixa.
— Você sabe como me sinto sobre você. Quero que esteja feliz não
importa o que faz para viver. Vamos lidar com o que a vida jogar em nós.
Ele sorriu, apertando minha mão debaixo da mesa.
Sair do restaurante me lembrou de ver as entrevistas do tapete vermelho
na televisão.
Mike ladeou Ryan; Ryan tinha sua mão na parte inferior das minhas
costas, me guiando.
O fato de que Ryan estava no restaurante, obviamente, vazou. Suas fãs
estavam alinhadas nos dois lados da calçada lá fora. Algumas jovens
garotas, que pareciam não ter atingido a puberdade ainda, estavam
misturadas como todas as outras adolescentes e mulheres que estava lá
para ter um vislumbre de Ryan Christensen. Oh, como elas gritaram para
ele.
O medo me atingiu de novo quando nosso carro virou a esquina para
nos deixar em casa. O carro da Angélica ainda estava estacionado na rua
lateral, apenas a uma pequena distância do meu carro. Apertei a mão de
Ryan com força, várias vezes, para chamar sua atenção. Quando ele olhou
para mim, acenei em direção ao velho Plymouth azul. Seus lábios se
curvaram, prontos para proferir a palavra “porra”. Ele conteve a raiva.
— Quando voltarmos da cabana, vou cuidar disso — ele murmurou
privadamente na minha orelha assim seus pais não poderiam ouvir.
— Acho que ela tem dormido em seu carro — sussurrei de volta para
ele.
Os paparazzi estavam no beco atrás do meu pub; acho que eles já
perceberam que aquela era a entrada e saída principal. Saí do carro
primeiro com Mike e imediatamente as câmeras começaram a pipocar. Era
difícil colocar a chave na fechadura enquanto era cegada pelos flashes.
Uma vez que estávamos lá em cima, nós demos a sua mãe seus
presentes de aniversário.
— Este é de Ryan. — Entreguei a ela a sacola da joalheria. Ryan franziu
a testa para mim, aparentemente por dizer que o presente era apenas dele.
Ela abriu o saco e tirou a pequena caixa preta. Dentro, havia um par de
brincos de ouro e diamantes. Elegante e de bom gosto, assim como esperei
para sua mãe. Ela também afirmou que eram de mais.
Olhei para Ryan e sorri. Obviamente, não fui a única que pensou que
seu presente era um pouco extravagante.
Entreguei a ela uma sacola de presente grande.
— Este aqui é de nós dois. Cuidado, está pesado.
— O que vocês dois compraram? — Ela perguntou, sentindo o peso da
sacola.
— Nós não compramos nada, mãe. Nós fizemos!
Sorri, relembrando aquele dia, ternamente. Ela tirou o papel
embrulhando a moldura.
— Oh meu Deus! Isso é absolutamente lindo! — Seu rosto acendeu,
olhando a moldura na luz. — Você fez isso?
— Ryan cortou e modelou todo o vidro e até mesmo soldou boa parte. —
Declarei, orgulhosamente, embrulhando meu braço ao redor da cintura
dele. Ele colocou o braço ao redor dos meus ombros.
— Tive uma excelente professora!
— Não posso acreditar que você fez isso! — Ellen se levantou do sofá e
abraçou a nós dois. — Obrigado! — Ela disse enquanto nos beijava, um de
cada vez. — Amei! Eu absolutamente amei! Agora talvez eu possa ter vocês
dois posando, então eu posso tirar uma foto de vocês vestidos assim.
Desse jeito, terei a foto perfeita para pôr nesta linda moldura.
Essa era uma foto que não me importei em tirar.
Na manhã seguinte, corri no beco para pegar meu carro, para o
desagrado de Ryan, mas eu queria colocar o carro mais perto da porta de
trás. Eu não queria arrastar nossas malas pela rua e dar aos fotógrafos
ainda mais combustível para as mentiras em seus tabloides. Já era ruim o
suficiente que os paparazzi me seguiram pelo beco.
Nós carregamos o porta-malas e Ryan sorriu brevemente quando lhe dei
as chaves. Eu sabia que agarrar o volante e pressionar o acelerador no
meu carro o deixaria feliz. Ele tinha algum tipo de euforia quando dirigia;
se ele fugia dos fotógrafos e das fãs, ou era simplesmente a alegria da
velocidade, eu não tinha certeza.
— Uma van branca acabou de parar atrás de nós — informei ao Ryan
enquanto esperávamos no farol vermelho, dois quarteirões do pub.
— Não se preocupe, eu vou despistá-los.
Ele aproveitou de verdade testar os limites do meu carro na estrada
aberta. Ryan dirigindo, nos levou para a cabana em uma hora e meia.
Perdemos os fotógrafos que nos perseguiam nos primeiros dez minutos da
nossa viagem.
Seus pais estavam agradavelmente chocados ao ver nosso destino. Seu
pai ficou batendo em suas costas e sorrindo, embora nenhum de nós fosse
o dono da propriedade pelo qual ele era congratulado.
Depois que todo mundo estava situado, Ryan e eu tiramos o barco da
garagem, então ele e seu pai poderiam ir pescar. Montei na garupa do
quadriciclo com ele, aninhando meu nariz em seu pescoço que já não era
um território desconhecido. Desta vez, nosso relacionamento era
completamente diferente da última vez que estivemos aqui. Relembrei de
mim, me perguntando se seriamos um casal, e aqui estávamos nós, um
casal.
— Taryn, este lugar é magnifico! — Ellen disse, passando seu braço ao
redor do meu ombro. Nós ficamos paradas na varanda com vista para o
lago. O clima estava frio, mas ensolarado com um perfeito céu azul.
— Um dia, — Ryan disse, feliz. — Certo, querida?
Dei de ombros, esperando, mas ainda não depositando nada. Não tão
logo, em todo o caso. Imaginei como Ryan tinha tanta certeza tão cedo.
Existe realmente uma coisa como amor à primeira vista, ou ele estava
tentando se convencer de que era isso que queria? Eu não queria
adivinhar meus sentimentos, pois eu era verdadeiramente, loucamente,
apaixonada por ele.
— Um dia o que? — Sua mãe perguntou.
— Ter um lugar como este. — Ryan sorriu com alegria. — Uma casa
grande, mas em um lago.
— Que casa grande? — Bill perguntou, colocando sua mão no ombro de
Ryan.
— Apenas falando sobre ter uma casa própria, um dia, pai. Não posso
morar em hotéis para sempre.
— Bom. Você deveria comprar uma casa para você. Não jogue seu
dinheiro fora alugando um lugar. Uma casa é um bom investimento.
Depois de tudo, você pode pagar agora, filho.
— Eu quero desenhá-la sozinho. Bem, não completamente sozinho. —
Ele passou o braço ao redor do meu ombro. — Eu conheço esta talentosa
mulher, ela desenhou uma cozinha maravilhosa e o mais incrível pátio no
telhado que eu jamais vi. Acho que vou perguntar a ela o tamanho do
armário que ela quer. Colocar um estúdio de arte completo apenas para
fazer vitrais?
Sorri para ele, mas por dentro eu estava surtando. Nós estamos juntos
por um mês e já vou desenhar uma casa com ele?
Ele estava falando sério? Ele parece sério. Ele certamente soava sério.
— Então, o que vocês senhoras vão fazer hoje? — Ryan perguntou, me
abraçando por trás na beira da água. Sua mãe se afastou para conversar
com o pai dele; eles foram para a doca. Eu realmente achava que ela só
queria nos dar um momento de privacidade.
— Acho que vamos ao shopping hoje. Quero dar uma passada em um
antiquário. Não estive lá em anos. Talvez façamos isso amanhã.
Ele me soltou parcialmente para alcançar seu bolso da frente. Enquanto
eu o senti enfiando algo no bolso direito da frente do meu jeans.
— Aí tem mil — ele sussurrou em minha orelha. — Quero que você o
gaste em qualquer coisa que seu coração deseje.
Fiquei tensa em seus braços; minha linguagem corporal mostrando meu
desprazer pelo seu gesto.
— Ryan.
— Taryn, por favor. Vá se divertir com minha mãe. Aproveite.
— Seu pai enfiou mil dólares no bolso da sua mãe, também? —
Perguntei suavemente.
— Honestamente, não sei. — Ele admitiu. — Meus pais estão casados
por trinta e quatro anos e compartilham tudo, dinheiro incluído. — Ele
suspirou na minha orelha. — E meu pai não recebeu recentemente outro
pagamento de cinco milhões de dólares com outros oito milhões vindo.
Fechei meus olhos com força.
— Não quero seu dinheiro, Ryan. — Eu me senti terrível por permitir
isso.
— Eu sei — ele murmurou no meu pescoço, parando minha mão de sair
do bolso. — Considere isso prática pelos próximos trinta e quatro anos.
— Bem, se ou quando esses trinta e quatro anos começarem
oficialmente, nós podemos ter essa conversa de novo — eu disse
gentilmente. Tirei o dinheiro do meu bolso e tentei entregar para ele de
novo, mas ele não ia aceitá-lo.
— Então você está dizendo que temos que estar casados antes de eu
poder mimá-la e compartilhar o que tenho? — Ele resmungou.
— Não. É só… é muito dinheiro, Ryan!
Ele fungou em meu ouvido.
— Não, não é muito dinheiro. Não é nem suficiente para comprar um
par de sapatos em Beverly Hills.
Revirei meus olhos, mesmo que ele não pudesse ver minha reação.
— Se você me ama como diz, qual é o problema? Quero te fazer feliz.
Eu sabia exatamente onde ele estava indo com isso. Seu peito
pressionava minhas costas, seus braços me seguraram na posição e depois
ele ia tentar me desarmar com palavras.
— Eu amo você. Eu amo que você queira cuidar de mim. Mas isso… —
mostrei o dinheiro — não é igual felicidade ou amor. — Eu sabia que ele
queria me tratar bem, mas parte de mim sentia como se ele estivesse
comprando meu afeto.
Ele passou seu braço esquerdo meu tronco.
— Taryn, eu sei que você é uma mulher autossuficiente e independente
e amo isso em você. E amar você significa que quero cuidar de você
fisicamente, emocionalmente e financeiramente. Se eu quisesse irritar você
hoje eu teria enfiado cem mil no seu bolso — ele rosnou em meu ouvido.
Eu me afundei em seus braços.
— Seu, meu, nosso… — ele enfiou as notas profundamente no meu
bolso com seus longos dedos. — Você não disse uma vez que eram só
detalhes? Que isso era o que importava? — Ele encostou sua mão direita
sobre meu coração.
Inclinei minha cabeça em seu ombro e acenei relutantemente em
derrota. Tive que concordar com ele; afinal, ele jogou minhas próprias
palavras em mim.
— Seus pais cuidaram um do outro. Meus pais cuidam um do outro.
Você está cuidando de mim, apenas me deixe tentar cuidar de você.
Ele passou a ponta de seu nariz, para baixo e para cima, pelo meu
pescoço, sabendo que faria minha força de vontade ruir.
— Por favor? — Seus lábios escovaram minha bochecha. — Vá se
divertir com minha mãe. Compre para você algumas roupas novas ou
sapatos, ou alguns sabonetes de frutas. O que deixar você feliz — ele
proferiu persuasivamente em meu ouvido. Ele me soltou, confiante de que
ele me reduziu a uma pilha de escombros.
Dirigi ao shopping primeiro; haviam lojas suficientes lá para nos manter
ocupadas por um dia inteiro. O dinheiro que Ryan enfiou no meu bolso
parecia pesar cinco quilos; talvez era minha culpa por aceitar que pesava
tanto.
Instantaneamente me senti melhor sobre gastar seu dinheiro quando a
primeira coisa que comprei foram três calças jeans para ele. Depois de ver
todos os itens do seu armário, ele precisava de algumas calças novas. Sua
mãe sacudiu a cabeça para mim quando puxei algum dinheiro do meu
bolso.
Ela esperou até estarmos fora da loja para me repreender.
— Eu sei que Ryan quer que você gaste o dinheiro com você mesma, não
com ele. — Sua expressão era terna e desaprovadora ao mesmo tempo.
— Ele precisa desesperadamente de novos jeans. Acredite ou não, ele só
tem alguns pares. Muitas de suas roupas foram roubadas do hotel. —
Rapidamente justifiquei minhas ações.
— Você é verdadeiramente altruísta assim como ele disse. — Ela me
puxou pelo cotovelo até uma loja de roupas da moda.
Achei algumas peças que eu queria. Sua mãe ficou feliz que eu,
finalmente, selecionei coisas para mim.
Não achei que ainda tinha dinheiro suficiente em meu bolso, então eu
tirei meu cartão do banco da minha carteira. A jovem garota atrás do
balcão estava olhando para mim estranhamente enquanto examinava a
assinatura do meu cartão.
— Taryn! — O tom de censura da sua mãe me pegou de surpresa.
— Puta merda! — A jovem garota atrás do balcão soltou. — Você é
Taryn! Taryn Mitchell.
— Eu te conheço?
— Você está namorando Ryan Christensen, certo?
Olhei para sua mãe. Eu não sabia para onde mais olhar.
— É você! Oh, meu Deus! Ele está aqui também? — Seus olhos
passaram ao redor da loja.
— Não, querida, ele não está. — Sua mãe respondeu sua pergunta. —
Posso pegar esse cartão, por favor? Ao invés, vamos pagar com dinheiro.
A caixa sorria freneticamente para mim.
— Você é tão sortuda! Ele é tão quente! Eu vi Seaside, tipo, umas trinta
vezes. Oh, meu Deus! Espere até eu contar aos meus amigos que te
conheci! — Ela pulou como se alguém a eletrocutasse. — Espere, você é a
mãe de Ryan Christensen? Oh meu Deus, oh meu Deus! Vocês duas se
importam se eu tirar uma foto? Por favor? — Ela já estava tirando seu
celular do bolso.
— Você quer tirar nossa foto? — Perguntei, totalmente confusa pelo seu
comportamento frenético. Por que ela queria nossa foto? Não éramos
famosas. Ellen passou seu braço ao redor da minha cintura e nos duas
sorrimos brevemente para a foto. Estava acabado em um segundo.
Ellen me entregou o cartão do banco para mim e apontou meu bolso
para eu usar o dinheiro. Balancei a cabeça, não, mas ela me bateu com
força na perna. Era como se Ryan tivesse seu próprio cão de guarda me
monitorando. Relutantemente, usei o dinheiro.
Segurei a porta para ela quando saímos da loja.
— Isso foi estranho.
— Foi sua primeira vez, querida?
— Primeira vez? Primeira vez no que? Gastar o dinheiro dele?
— Ser reconhecida, sem Ryan estar com você? — Ellen disse.
— Por um estranho, sim. — Engoli em seco pela excitação. Ela sorriu
suavemente.
— Nunca neguei quando as pessoas perguntam se ele é meu filho. Mas
tenho certeza que você sabe que eu nunca disse nada além disso! Depois
de um tempo, você se acostuma com isso, isso e as câmeras.
— Eu queria que você tivesse me deixado usar meu cartão para pagar as
roupas. Incomoda-me gastar o dinheiro dele — resmunguei.
Ellen sorriu e deslizou sua mão pelo meu cotovelo.
— Você sabe que é a primeira garota que ele apresenta a nós em cinco
anos?
— Sério? Acho isso difícil de acreditar — murmurei, completamente
atônita. Achei que sua memória estivesse falhando. — Certamente você
conheceu a garota que ele estava namorando quando o primeiro Seaside
foi filmado? Ela não era de Pittsburgh?
— Que garota de Pittsburgh? — Ellen perguntou.
— A garota que ele namorava, do teatro amador? Ele disse que ela o
visitou no Maine quando ele estava lá filmando.
— Ah, sim, eu me lembro agora. Aquela… seu nome era Brooke. Ela era
a garota que tentou usá-lo para levantar sua carreira de atriz. Nós a
conhecemos uma vez, mas foi quando ele estava no palco atuando com ela
em Pittsburgh. Ela tinha acabado de se mudar para a Califórnia e ela o
caçou. Ele nos contou sobre ela, mas nós nunca a conhecemos quando
eles estavam juntos. Ela fez uma grande bagunça para ele nos jornais
também com suas mentiras — ela disse, deslizando a alça da sua bolça
pelo ombro.
— Não, a última garota que ele nos apresentou foi a garota que ele
namorava no segundo ano do colégio. Seu nome era Mandy, mas eles
terminaram quando ele começou a atuar com a equipe do teatro. Na
verdade, pensando nisso, ela terminou com ele. Está certo… ela o deixou
por outra pessoa. De qualquer modo, desliguei na cara dela quando ela
ligou depois da estreia de Seaside. De repente, ele era bom o suficiente
para ela de novo.
— Mas tenho certeza de que ele namorou muitas mulheres desde então?
— Declarei o óbvio.
— Oh, bem, sim, suponho que ele namorou algumas. Mas foi tudo antes
de ele se tornar famoso. — A expressão do seu rosto ficou triste.
— Ele morou na Califórnia por um tempo e ele conheceu um monte de
garotas. Ouvi tudo sobre elas, bem, pelo menos daquelas que ele contou,
mas nós nunca conhecemos nenhuma delas. Todas interesseiras e
usurpadoras se você me perguntar. Ele estava bem sério com uma garota
que ele conheceu em Los Angeles, mas terminou rapidamente quando ela
forjou um de seus cheques para pagar por uma plástica nos seios.
Ela sacudiu a cabeça; a memória parecia deixá-la com raiva.
— Mas desde a estreia de Seaside, tem sido difícil para ele. Ryan
namorou essa atriz alguns meses atrás, mas ela terminou com ele assim
podia namorar outro ator. Os jornais também tiveram um dia de campo
com isso, também.
Imaginei se ela sabia sobre Lauren ou se se referia a outra pessoa? Ela
não me deu tempo para perguntar.
— Mas você, minha querida, ele não pode parar de falar sobre você!
Você deve ter capturado seu coração! Como sua mãe, eu vejo que ele está
em um nível diferente em sua vida agora. Ele está finalmente crescendo.
Acho que ele percebeu que seu sonho de ser um ator famoso vem junto
com muita dor e sofrimento.
— Eu e ele tivemos algumas conversas sobre isso — admiti. — E,
honestamente, acho que as coisas ficariam bem se a mídia apenas o
deixassem em paz. Eu apenas queria saber como protegê-lo, sem deixar as
coisas piores.
— Bem, talvez você não tenha. Ele me contou várias vezes que ele não
tem certeza se isso é o que ele quer fazer pelo resto da sua vida. Eu acho
que outras prioridades estão se apresentando desde que ele conheceu
você. Ele havia praticamente perdido a esperança de achar alguém que iria
amá-lo por ele. Você sabe o que estou tentando dizer? Ele já me disse que
você é aquela que ele quer…
— Ali estão elas! — Ouvimos várias jovens garotas gritarem,
interrompendo nossa conversa. As garotas andavam rápido pela calçada,
diretamente para nós, com sorrisos em seus rostos.
— Ele está aqui? Onde ele está? — Uma das garotas perguntou
exageradamente. Seus olhos procuravam desesperadamente pelas vitrines.
— Essa é ela! E a mãe dele! — Outra garota estava quase nos
alcançando. Ela tinha o celular em seu ouvido.
— Ellen, vamos. — Agarrei o braço dela e nos apressamos para o
estacionamento.
O que ele disse a ela? Eu sou aquela que ele quer para o quê? Tanto
para saber; agora suas fãs nos perseguiam.
CAPÍTULO VINTE E UM

Decisões
Nós paramos na mercearia no caminho de volta à cabana. Convenci sua
mãe que seria mais fácil cozinhar do que sair e ter nosso paradeiro de
conhecimento público. Eu queria que a cabana e a área ao redor fossem
nosso paraíso seguro, se esse lugar pudesse existir para nós. Sua mãe e eu
sermos reconhecidas foi ruim o suficiente.
Enquanto estávamos na fila do caixa, notei que meu rosto, junto com o
de Ryan, estava agora na capa de duas revistas de fofocas. Uma foto larga
de nós cobria toda a capa de uma delas. Reconheci a foto como sendo uma
tirada no nosso caminho para a casa de Cal e Kelly. A larga chamada
anunciava: Veio a público! O novo amor de Ryan.
Ali estava meu rosto e o dele, menos de sessenta centímetros de onde eu
estava parada. Tirei meus óculos escuros da minha bolsa e os coloquei.
Cutuquei suja mãe; ela já havia visto as fotos. Ela respirou fundo e
suspirou. Eu podia dizer que ela estava com nojo.
Eu queria pegar a revista e ver o que mais diziam, mas lutei contra a
vontade. Eu sabia que ia me chatear se eles imprimiram mentiras. Além
disso, eu não precisava ler uma revista para saber o que estava
acontecendo em minha vida. Eu vivia isso.
Ryan e seu pai ainda estavam no lago pescando quando retornamos. Eu
podia vê-los pelos fundos da cabana. Acenamos um para o outro quando
ele me viu na varanda.
Ellen e eu descarregamos o carro e espalhamos a comida na ilha da
cozinha. Ela foi específica com os itens que compramos na loja; ela queria
me mostrar como preparar a refeição favorita de Ryan.
— Ele pede por isso toda vez que vem para casa — ela disse enquanto
selava os bifes no fogão. Ryan e seu pai carregaram suas varas de pescar e
equipamentos para a casa, e ele me deu um beijo rápido antes de ir se
lavar.
— Mãe, o que está fazendo? — Ele perguntou, mesmo assim eu achava
que ele sabia o que era. — É o que eu acho que é?
— Sua mãe está me mostrando a receita secreta da família. — Abri uma
das garrafas de vinho que eu havia levado.
Ryan me avisou:
— Agora você nunca deve divulgar esta informação a ninguém. Essa
receita era da minha avó. Só pode ser passada de geração em geração.
— Estou sob contrato, lembra? Jurada em segredo. — Torci meus dedos
sobre meus lábios.
Estávamos desfrutando da garrafa de vinho quando Ryan decidiu checar
suas mensagens. Ele ligou seu celular e logo após pareceu perturbado.
— Vinte mensagens perdidas — ele resmungou. Ele passou pelas suas
mensagens, deletando uma atrás da outra.
— Puta merda! — Ele disse, excitado. — Querida, caneta, papel! — Ele
estava retendo a respiração. — Lembra daquele roteiro que li algumas
semanas atrás? Eles me querem para o papel principal! — Ele disse com
confiança. Ryan me agarrou pela cintura e me girou no ar. Ele estava
exultante.
— Amor, isso é fantástico! — Eu o abracei enquanto ele me girava em
um círculo. Assim como suspeitei o tempo todo, estes estúdios e magnatas
do cinema atacaram enquanto Ryan está quente. Seus pais ficaram
emocionados.
— Oi, Aaron — Ryan ligou para o seu agente. — Estou tirando uma folga
com minha família este fim de semana — ele informou.
A boca de Ryan cai aberta conforme ele escreveu o número nove num
papel e desenhou círculos ao redor, várias vezes.
— Inferno, sim, estou aqui! David me tranquilizou que vou conseguir
cumprir a agenda. Eu o verei em L.A. em algumas semanas. — Ele
desligou sua ligação e olhou para nós. — Eles estão oferecendo nove
milhões para fazer Slipknot — Ryan disse, orgulhoso.
— Meu Deus, filho! Esta é realmente uma semana de celebrações! —
Seu pai o puxou para um abraço e tapinhas nas costas. Eu estava tão feliz
por ele, pelo seu sucesso, pela alegria que essas notícias trouxeram para
ele.
Fui buscar lenha para acender uma lareira. Ryan, é claro, me seguiu.
Eu tinha duas toras em meus braços quando Ryan me parou com o corpo.
Ele pegou as toras e as colocou no chão. Ele segurava o seu celular na
orelha.
— Oi, David! Sim, eu recebi a ligação da Follweiler. Já conversei com
Aaron. Estou livre em abril, certo? Obrigado, David! São ótimas notícias!
Tudo bem, falo com você em breve.
— Eu quero você aqui quando eu fizer a próxima ligação — ele disse,
tocando minha bochecha. — Fique.
— Sr. Follweiler, é Ryan Christensen. Sim, senhor. Eu acabei de receber
sua mensagem. Obrigado pela oportunidade! Estou ansioso para trabalhar
com você, também. É uma honra. — Ryan estava eufórico. — Ainda estou
em Rhode Island; estamos quase acabando o segundo filme e então estarei
na Escócia por dez dias, no começo de dezembro, para as cenas finais.
Não, estou morando em Rhode Island agora. Sim, está certo, com a Srta.
Mitchell. Não, ela não é atriz. Não, ela não é modelo também! — Ryan
sorriu brevemente.
— Oh? Sim, é claro! — Ryan me encarou com um olhar surpreso em seu
rosto. — Nós adoraríamos encontrá-lo para jantar. Estarei em L.A. na
terceira semana de dezembro para a festa de encerramento de Seaside. Eu
tenho o roteiro. Sim, senhor, eu ligarei no seu escritório na segunda para
agendar uma reunião. Muito obrigado! — Ele sorriu para mim.
— O senhor Follweiler nos convidou para jantar!
Eu não podia acreditar que algum diretor sabia dos negócios pessoais de
Ryan. Hollywood é pior do que a NSA. Não há segredos.
Após nossa deliciosa refeição, decidimos jogar cartas. Nos tomávamos
vinho e tínhamos um fogo gostoso na lareira. Tudo estava em paz.
— Mãe, você se divertiu hoje? — Ryan perguntou.
— Fui comprar roupas, querido. — Ela piscou para mim. — Taryn foi
reconhecida pela jovem no caixa. A garota sabia que ela está namorando
você. Ela até pediu para posarmos para uma foto.
— Sua foto comigo está espalhada por toda a internet, mãe. Você sabe
como é. Esta semana ela estará em cada revista de fofoca. Eu estava
preocupado com como isso iria afetá-la, mas parece que ela está lidando
com isso muito bem. — Notei o orgulho em sua voz. Fez-me sorrir. —
Contanto que você não leia o lixo que eles imprimem com as fotos, nós
ficaremos bem. — Ele chutou meu pé, então eu entendi o ponto.
— Detesto desapontá-lo, filho, mas vocês dois já estão nas capas das
revistas. Tem uma foto grande de você e Taryn na capa da Weekly
Reporter. Nós vimos na loja hoje. — A expressão de Ellen era uma mistura
de infelicidade e orgulho.
— Sua mãe e eu também fomos perseguidas por alguns fãs na loja. Ou
eu fui reconhecida ou a caixa chamou os amigos. Acho que elas esperavam
que nós as levaríamos até você, mas nós as despistamos! — Contei a ele.
— Bem-vinda ao meu mundo — ele franziu as sobrancelhas. — Então, o
que você comprou hoje?
— Ela comprou novos jeans para você — Ellen respondeu rapidamente.
Eu o vi olhar para mim, mesmo que meus olhos ainda encaravam
minhas cartas. Eu sabia que ia ser repreendida, então levantei meu dedo
indicador e o parei em seu caminho.
— Ah, antes de reclamar, eu só gostaria de dizer que eu lavei
pessoalmente todas as calças que você tem, e você precisa
desesperadamente de um jeans sem estar rasgado. Só comprei três e um é
justamente como esses de lavagem que você gosta e está usando agora.
— Por favor, me diga que você comprou algo para você — ele rosnou,
obviamente desgostoso que gastei seu dinheiro com ele.
— Sim, eu comprei. Comprei algumas novas camisetas e algumas
calças. Obrigado por comprá-las. — Levantei e lhe dei um beijo rápido.
— Obrigado por pensar em mim também.
— Bem, eu não posso deixar meu namorado andando por aí com sua
cueca aparecendo pelos buracos em seus bolsos de trás. A cor e o estilo da
sua cueca precisam permanecer um segredo de família — eu o provoquei.
Sua mãe começou a rir de mim.
— Por que todas aquelas fãs são tão desesperadas para saber que tipo
de cueca você está vestindo? Eles te fazem essa pergunta toda vez que você
é entrevistado.
— Ele é uma estrela de cinema, mãe. Todas as mulheres têm fantasias
sobre como seus atores favoritos ficam… nus. — Respondi.
— Todas as mulheres? — Ryan questionou, levantando a sobrancelha
para mim.
Olhei para ele, sabendo exatamente o que ele queria dizer.
— Tenho certeza de que você tem sua lista de fantasias também. Mas eu
não quero saber quem está nessa lista, no caso, de você ter de trabalhar
com uma delas.
— Quem está na sua lista? — Ele incitou.
— Só um. Ryan Christensen. Ele é um sonho!
Seus pais riam histericamente com o meu comentário.
— Eu acho que você encontrou seu par, filho! — Seu pai falou.
Ryan fez um esforço especial para desfilar em sua cueca pelo quarto
quando fomos para cama. Ele tentava chamar minha atenção.
— Queria ter trazido o roteiro comigo. Vou ter que dizer as falas. Você
acha que gostaria de me ajudar a decorá-las quando chegarmos em casa?
Follweiler quer que eu faça um teste de câmera com algumas atrizes em
L.A.
Ryan engatinhou embaixo das cobertas e me enrosquei nele.
— Claro. Ficarei feliz em ajudar, embora, não sei quão boa serei nisso.
Quer dizer, não sou atriz.
— Você não precisa ser, embora Follweiler pensou que era. Não é uma
grande coisa, querida. Você só precisa ler as linhas. — Ele bocejou, seus
olhos examinaram meu rosto. — O que está errado?
Minha preocupação devia estar por todo meu rosto.
— Eu não sei. Acho que me sinto em desvantagem que não estou
familiarizada com toda essa coisa de atuar. Às vezes me sinto inadequada.
— Passará. Você vai acabar sabem mais do que eu sobre isso um dia! —
Ryan torceu meu cabelo em seus dedos.
Dei de ombros enquanto ele me segurava.
— O que realmente está te incomodando? — Ele perguntou, preocupado.
Suspirei pesadamente, incerta do que dizer realmente a ele.
Ele inclinou a cabeça, esperando.
— Atores… atrizes. Você normalmente não ouve sobre atores e donas de
bares — sussurrei. Imaginei que era um começo seguro.
Ryan franziu a testa para mim.
— Taryn, eu realmente gosto que você não é uma atriz. Eu gosto de ser
capaz de separar minha vida pessoal da loucura. Eu acho que é uma
grande parte do porquê sou atraído por você. Você faz eu me sentir
normal. Eu posso apenas… ser eu mesmo. — Ele esfregou meu braço. —
Então, não deixe isso preocupar você.
Ele deslizou seu braço de debaixo de mim e descansou sua cabeça em
sua mão.
— O fato de que você é uma empresária inteligente e mais experiente é
definitivamente, definitivamente mais atraente para mim. — Seus olhos
saíram do meu rosto e seguiram seus dedos conforme ele os trilhava pelo
meu peito.
— Seus pais estão no quarto ao lado — eu o lembrei. A ponta do seu
dedo estava cutucando a pele debaixo do laço do meu sutiã.
— E daí?
— Você tende a ser muito alto! — Provoquei.
— Eu? Eu não acho! Deixe-me te mostrar quão quieto posso ser.
Estava silencioso em nosso quarto, exceto pelo som das nossas difíceis e
trabalhadas respirações por causa de nossos beijos apaixonados.
Ryan escorregou a mão pela alça no meu ombro.
— Vamos tirar esse sutiã — ele sussurrou nos meus lábios.
Eu me remexi ligeiramente para permitir que sua mão alcançasse, mas
um ruído fraco no fundo estava me distraindo.
— Shh — levantei o dedo para ele esperar. — Você ouviu isso?
— Ouvi o quê — ele sussurrou, tentando abrir o fecho.
— Espere. Eu ouvi alguma coisa. — Pulei da cama e fui nas pontas dos
dedos até a porta.
Então eu ouvi o que achei ter ouvido originalmente. Acenei para Ryan se
juntar a mim. Um sorriso enorme quebrou nos meus lábios.
Ficamos parados ali, ouvindo, quietamente, o ritmo de batidas até
ouvirmos a mãe dele gemer.
Ryan correu de volta para a cama se enterrou debaixo das cobertas.
— Oh meu Deus!
— O que? Então seus pais estão transando. Deve ser algo no ar da
montanha que os inspirou! — Deitei de novo na cama. — Você ainda está
se sentindo inspirado também? — Imaginei, já que seus pais eram tão
mente aberta…
— Não! — Ele atirou rápido e estremeceu a partir do pensamento. —
Como diabos eu vou olhar para eles amanhã? São meu pai e minha mãe!
— Bem, pelo menos você sabe que quando você chegar à idade do seu
pai, você ainda estará… hum… ativo! — Brinquei.
Ryan cobriu seus olhos com as mãos.
— Eles são meus pais, Taryn! Não é para eles… não quero pensar sobre
eles fazendo esse tipo de coisa.
— Assim como eles não querem pensar em você fazendo esse tipo de
coisa? — Eu não deveria tê-lo provocado. — Ah, querido! Você quer assistir
televisão?
— Vou precisar de uma porra de terapia depois desta semana — ele
murmurou.
Ele estava totalmente pirado e nosso momento estava agora arruinado
pelo seu tormento mental. Não havia jeito de ele conseguir dormir essa
noite também. Eu o conhecia bem o bastante para saber como ele lida com
as coisas.
Hora de criar uma distração. Saí da cama e comecei a me vestir.
— Onde você vai? — Ele perguntou.
— Praia — respondi timidamente, puxando seu moletom pelo meu corpo
nu.
***
— Bom dia! — Cumprimentei sua mãe na cozinha. Ela estava enfeitada
com seu spray de cabelo em uma posição permanente. Nenhum fio de
cabelo estava fora do lugar. Ela retornou meu sorriso. Nós duas tínhamos
nossas razões secretas para sorrir; apenas a minha não era tão barulhenta
quanto a dela foi ontem à noite.
Tive um tempo difícil em olhar para o seu pai com uma cara séria. A
imagem de Bill se dando bem com Ellen na noite passada era quase
cômica. Nós quatro ficamos parados na cozinha em um silêncio
desconfortável; os olhos iam de trás para frente, de rosto em rosto, por
cima das xícaras de café. Ryan parecia estar sofrendo. Eu não podia mais
aguentar o silêncio.
— Ellen, tem algumas lojas de antiguidades que estava pensando em ir
hoje enquanto os homens estiverem no lago. Como isso soa?
— Soa maravilhoso! Nós podemos ir quando você quiser. — Acho que ela
ficará contente em ir a qualquer lugar que envolve olhar coisas nas
estantes.
Toquei levemente o estômago de Ryan.
— Vou fazer algum café da manhã primeiro, assim você tem combustível
em seu tanque para pegar todos aqueles peixes.
Ele sorriu e me deu um beijo suave.
Não demorou para chegar ao grande celeiro vermelho onde haviam os
antiquários locais. Eu estava aliviada que Ellen e eu nós demos tão bem.
Ela não era o tipo fofoqueira intrometida; não como a mãe de alguns dos
meus ex-namorados.
Pelo caminho, nós conversamos sobre o que ela faz para gerenciar o
consultório dentário do Bill; soava como o que eu tinha que fazer para
gerenciar o bar, menos lidar com toda a coisa de crédito de seguros. Foi
reconfortante saber que nós poderíamos nos relacionar uma com a outra
além do fato de eu estar namorando o filho dela.
Estar ao redor de Ellen era como ter uma mãe e uma amiga, tudo
embrulhado em um único pacote. Ela me lembrava do quanto eu sentia
falta de ter minha mãe por perto.
— Quero comprar ao Ryan um presente de aniversário enquanto
estamos aqui, mas nunca sei o que comprar para ele. Ele tem viajado
muito; qualquer coisa que compramos acaba em nosso porão. — Ellen
disse, virando a etiqueta de uma velha pia seca.
— Eu sei. Eu estou pensando no que comprar para ele também. Seu
aniversário é em menos de três semanas. Ele mencionou ingressos para o
hockey, mas não tenho certeza de como está sua agenda. Eu pareço saber
semana a semana quais são seus compromissos.
Um pensamento a divertiu.
— Ryan nos disse que você é fã do Pittsburgh. É como se o céu o fizesse
apenas para ele!
Ri desconfortável com seu comentário.
— Não sei sobre isso, mas estou feliz por você pensar assim. Eu
realmente amo seu filho. Eu só quero fazê-lo feliz.
— Ouvir você dizer isso me emociona além das palavras! — Ela me
abraçou rapidamente com um só braço. — Eu estava tão preocupada que
um dia ele acabaria com a garota errada. Estou aliviada que ele fez a
escolha perfeita. E para te dizer a verdade, estou feliz que sua foto está na
capa daquelas revistas. Matava-me a cada vez que a mídia o emparelhava
com Suzanne.
— Percebi que você não gosta dela — eu disse, esperando que ela
explicasse porquê se sentia assim.
— Não, não realmente. Tentei fazer amizade com ela, mas… — Ellen
estremeceu. — Ela só se importa com ele. Ela acha que o mundo gira ao
redor dela. — Ellen me olhou com intensidade. — Eu não sei se você já
sabe disso ainda ou não, mas ela tem algo pelo meu filho. Ryan, graças a
Deus, não se sente da mesma maneira. Eu estava tão preocupada que ele
se apaixonasse por alguém como ela, considerando quantas atrizes ele tem
que conhecer e trabalhar. Eu tinha medo que uma delas poderia acabar
sendo minha nora um dia.
Minha mente flutuou dos seus comentários. Eu podia me ver facilmente
sendo sua esposa e a mãe dos seus filhos, assim como um marido e
esposa normal, mas se eu for sua esposa, então o que? O que eu faria para
ficar ocupada e produtiva? Vivo com uma mala também, seguindo-o ao
redor do globo? Vivendo com ele como uma patética parasita? Eu era
mesmo o tipo de esposa de estrela de cinema?
O que eu poderia fazer para viver para assegurar que eu estaria
contribuindo no casamento? Droga, lutei com a decisão de fechar o pub
esse fim de semana. Como diabos serei capaz de ter um relacionamento de
longa data com um homem que nunca está em só lugar muito tempo?
Outro filme, outra locação distante, outra sexy atriz, com certeza.
Enquanto eu estiver distraída, escolhendo azulejos para o banheiro,
poderia alguma megera desconhecida ser o recipiente para a próxima
camisinha em seu pacote?
Não importava de que maneira eu imaginava, todos os caminhos
terminavam comigo perdendo-o. O mundo se desenrolando em uma
bandeja de prata para ele, assim como Suzanne disse. As festas para ir…
todas as mulheres… tentações em todo o lugar.
Por dentro, eu estava parcialmente destruída.
— Taryn? Você está bem? — Ellen notou minha ausência mental.
Inconscientemente, sacudi a cabeça. Eu não estava bem. Meu monólogo
interno derramou dos meus lábios trêmulos.
— Primeiramente, eu não quero estar envolvida com seu filho porque ele
é uma celebridade. Então, nós só passamos algum tempo juntos e eu o
conheci pelo o que ele realmente é. Que é por quem me apaixonei. Espero
que você acredite em mim quando eu digo isso, não estou com ele por que
ele é famoso. E não quero seu dinheiro também. Ele é uma pessoa linda,
carinhosa e atenciosa e eu o amo muito. Eu nunca me senti assim com
mais ninguém. E eu sei que ele me ama. Mas eu estou tão assustada. Tem
muitas mulheres lá fora, todas o desejando. Não é como se fôssemos ter
uma vida normal, nunca. É difícil o bastante ter um relacionamento
normal menos ainda se você tem o seu relacionamento analisado e rasgado
pelo mundo. Ele sempre estará viajando e longe por meses a cada vez. O
que eu faço? E se eu não for suficiente? E se nós não formos fortes o
bastante?
Meu peito começou a parecer apertado. Eu estive segurando estes
pensamentos por tanto tempo, nunca falando sobre eles com ninguém,
nem mesmo com meus amigos mais próximos e agora vieram todos
borbulhando para a superfície.
Sua mãe se moveu para me encarar e me olhar direto nos olhos.
— Taryn, eu não acho que você se dá crédito o suficiente. Eu nunca ouvi
Ryan falar sobre outra garota do jeito que ele fala de você. Ele não achou
que era até mesmo possível achar amor real depois de ficar famoso e ele
achou isso com você. Você! — Ela disse em uma voz severa conforme
agarrou meu pulso. — Deixe-o te amar, Taryn. Isso é tudo o que ele quer.
Eu sei que pode ser estressante, ter esse relacionamento tão público, mas
você precisa permanecer fiel a você e trabalhar seus medos. Vocês dois vão
descobrir. E não fique com medo de falar com ele sobre qualquer coisa.
Vocês devem ser sinceros um com o outro se quiser que qualquer
casamento sobreviva. — Ellen tocou minha bochecha.
— Eu sei. Estou tentando. Eu o amo com todo o meu coração.
— Oh, docinho. Vai dar tudo certo. Você verá! — Ela me deu um abraço
muito confortante. — Ryan se certificará disso.
— Obrigado — suspirei em sua orelha, abraçando sua mãe como se ela
fosse minha própria mãe.
— Por nada! Cada vez que precisar conversar, sempre estarei aqui para
você.
Apesar de ser mais fácil dizer do que fazer na hora de enfrentar esses
sentimentos, me senti à vontade com ela. Minha conexão com ela me fez
sentir falta da minha mãe ainda mais.
— Acho que Ryan ainda estará aqui no seu aniversário — Ellen disse. —
É melhor achar algo para ele enquanto estamos aqui.
— Eu estava pensando em ter uma pequena festa de aniversário para
ele no meu pub. Você acha que alguns dos seus antigos amigos estariam
interessados em vir para Rhode Island?
— Nós sempre podemos perguntar. Ele perdeu contato com muitos dos
seus amigos. Ele sempre se encontra com Matt e Scott quando vem para
casa. Além deles, eu realmente não sei quem são seus amigos agora. Você
terá que conseguir o número do telefone deles com o Ryan.
Fiquei pensando em como eu ia fazer isso. Certamente, eu não ia
perguntar para ele; isso arruinaria qualquer possibilidade de surpresa. Eu
teria que ser discreta.
— Eu pensei que ele estava vindo para a Ação de Graças ou ele mudou?
— Ellen perguntou.
— Desculpe. Eu não sei. Ele não disse nada para mim.
Minhas palavras conjuraram outros pensamentos na minha cabeça.
— É quando ele sempre se reúne com os garotos. Todo ano, eles dirigem
para Potter County para caçar veados.
Pensei sobre a última Ação de Graças e em me sentir uma estranha na
mesa de Pete e Tammy. Eu estava feliz que eles me convenceram a vir; eu
havia agradecido, mas recusado várias vezes até Thomas me abandonar no
último minuto.
Ação de Graças era sempre uma grande produção para minha mãe. Ela
fazia um peru enorme e todos os acompanhamentos. Todos os parentes se
reuniriam e nós comeríamos demais.
Conforme crescíamos, meus primos tinham suas próprias famílias e
todos eles foram em direções diferentes. Depois de meus pais falecerem e
eu declinar um dos muitos convites, meu telefone parou de tocar nos
feriados. Famílias grandes e unidas parecem ter ficado no passado.
Ryan não mencionou seus planos de Ação de Graças para mim, mas eu
tinha esperança ou mais precisamente estou assumindo que estaríamos
juntos, especialmente depois da conversa que tive com sua mãe. Se não,
estarei sozinha de novo.
Talvez Ryan queria passar o feriado sozinho com sua família e então o
resto do tempo livre com seus amigos caçando, ao invés?
Ação de Graças eu poderia lidar, mas outro Natal… seria doloroso. Ano
passado, Thomas convenientemente arrumou uma briga comigo duas
semanas antes do Natal e nós terminamos temporariamente. Ainda acho
que ele não queria me comprar um presente.
Minha mente estava vagando quando meus olhos perceberam um velho
violão Gibson escondida nos fundos da loja. Eu a peguei e dei uma
dedilhada; tinha um som ótimo. Entreguei à caixa meu cartão do bando e
quinhentos e noventa dólares depois, saí da loja com o presente de
aniversário de Ryan.
Depois de um dia cheio de passeio pelas lojas, nós duas estávamos
cansadas de comprar. Virei o carro na direção da cabana. Ryan e seu pai
estavam ocupados, fazendo algo, na borda do lago.
— O que estão fazendo? — Perguntei. Ryan estava de cócoras e tinha
uma grande faca de desossar em suas mãos. Ele estava destripando um
peixe.
— Olhe essa Perca! Eu não podia jogar este de volta, querida. Taryn,
jantar. Jantar, Taryn. — Ele estava tentando ser divertido com a cabeça do
pobre peixe desmembrado.
— Nós devemos cozinhá-lo no fogo aqui fora. — Apontei na direção. —
Bom trabalho, homem! — Eu disse com minha voz de mulher das
cavernas. Dei-lhe um apertão no ombro de congratulação.
— Homem pegou peixe para mulher! — Ele declarou, orgulhoso.
Acendi o fogo na lareira circular do lado de fora e sentei-me em uma das
cadeiras de madeira que ficavam ao redor. Ryan colocou a grade de metal
sobre o carvão quente e logo sua pesca do dia cozinhava
— Taryn, quanta de terreno sua família possui aqui? — Ryan
perguntou.
— Acho que é quase 3 acres. Por que?
— De quem é aquela propriedade ali? Não tem nada além de uma casa
velha. — Ryan apontou para o lado leste do lado.
— Eu não sei. Nunca vi ninguém ali. As obras são de registro público;
tenho certeza que será fácil achar.
— Eu amo esse lago — ele disse, o tom de adoração em sua voz,
evidente. — Eu passei o dia inteiro lá, desenhando uma casa na minha
cabeça. — Ele olhou para mim. — Diga-me, se você pudesse escolher um
lugar, onde você gostaria de viver?
— Não sei, mas no lago parece perfeito — respondi sinceramente.
— Será que eu posso comprar aquele terreno lá? — Ryan apontou. — O
que? — Ele questionou meu olhar. Eu estava surpresa pela sua pergunta.
— Eu apenas assumi que você iria querer morar perto dos seus pais;
algum lugar na Pensilvânia.
— Como o peixe está indo? — Bill perguntou, se sentando perto de mim.
— Está cozinhando, pai. — Ryan empurrou as folhas de estanho mais
perto do centro. Ele não ia ser distraído por esse trem de pensamento.
— Querida, não importa para mim. Contanto que eu esteja perto de um
aeroporto, posso morar em qualquer lugar, mas não vou em qualquer
lugar além do Oeste de Pittsburgh. O que esse pessoal paga por casas na
Califórnia é loucura. Eu posso comprar uma casa de mil metros quadrados
aqui pelo mesmo valor que você paga um apartamento de um quarto em
L.A.
— Ryan, você está planejando vir para casa na Ação de Graças? — Ellen
interrompeu.
— Eu estava planejando — ele respondeu, virando sua atenção para ela.
— Eu quero que Taryn conheça Nick e Janelle e quero levá-la à Arena
Mellon para ver um jogo de hockey. Tenho que pedir ao David para checar
a datas dos jogos e os ingressos.
Ryan olhou de volta para mim, reassumindo nossa conversa anterior.
— A única decisão que você precisa tomar é o que fazer com o pub. Se
você ainda quiser gerenciá-lo, então temos de viver perto da costa.
— Puxe para a borda, filho. Vai queimar ali — Bill instruiu.
Enquanto Ryan estava distraído, levantei da minha cadeira.
— Desculpe-me, por favor — murmurei. Puxei as chaves do carro do
bolso do meu casaco enquanto atravessava o gramado.
Ryan trotou atrás de mim.
— Tar, o que foi? Você vai em algum lugar?
Parte de mim queria pegar o violão no carro; a outra parte não queria ter
de pensar sobre vender o pub a fim de manter um namorado.
— Não. Não vou a lugar nenhum — murmurei.
— Pensei que talvez a deixei chateada. Deixei? — Ele segurou meu
braço, me parando de dar os próximos cinco passos que me colocariam na
porta do carro.
— Não. Não estou chateada. Eu… — suspirei — não estou realmente
pronta para tomar esse tipo de decisão, Ryan.
— Eu entendo. Desculpe. Eu sei… estou apressando você.
— Sim, um pouco — sussurrei — preciso de um tempo de
processamento. Pensei que ficaríamos no apartamento por um tempo.
Você sabe, começar lá. — Frustração cobriam minhas palavras.
Acho que até mesmo bufei. Eu sentia como se tudo estivesse acelerado e
há qualquer momento, o familiar carpete seria puxado de debaixo dos
meus pés.
Ryan parecia em conflito com minha reação.
— Vamos, vamos dar uma volta.
Ele segurou minha mãe e me guiou até as docas. Nós nos sentamos no
banco, nas sombras das luzes da cabana.
— Taryn, desde que conheci você, tenho pensado muito no futuro. — Ele
arranhou sua testa antes de me olhar nos olhos de novo. — Não posso
evitar.
Ryan pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos.
— Quando eu estava no lago hoje, tudo o que eu podia pensar era
construir uma casa, logo ali, na clareira. Eu podia vê-la em minha cabeça.
Uma grande cabana de tora com uma entrada privada. Uma doca para
barcos na água. Uma cada de barcos pequena para guardar os barcos.
Mas todos esses pensamentos incluíam você. Não estou pensando em mim
mais, estou pensando em nós. E talvez eu esteja apressando esses
pensamentos, mas quero saber se você quer imaginá-los também. É algo
que você quer?
Olhei em seus olhos quando eu disse:
— Sim, muito.
Ele soltou um grande suspiro e sorriu.
— Isso é bom de saber. Então estamos na mesma página. Mas… ontem
à noite quando estávamos conversando na praia, você interrompeu-me e
não me deixou falar — ele suspirou. — Antes de irmos em frente… bem, só
quero me certificar que queremos as mesmas coisas.
— Tenho certeza de que sim — eu disse suavemente.
— Então por que você se distanciou de mim ontem à noite?
Pensei sobre o que a mãe dele me disse hoje à tarde. Eu tenho que parar
de temer que ele vá correr se eu falar sobre meus sentimentos abertamente
com ele.
Ryan apertou minha mão para chamar minha atenção.
Respirei profundamente e olhei para ele.
— Ryan, eu ouvi as palavras “eu te amo” antes e a cada vez que acreditei
nelas, elas se transformaram em nada além de palavras. Eu preciso de
mais tempo para saber que eu posso confiar em você quando você diz que
me ama. Não tenho tido a melhor sorte em relacionamentos.
— Nem eu — ele declarou rapidamente.
— Então por que estamos apressando isso?
Ryan olhou para os seus pés, esfregando seus tênis sobre o nó da placa
de madeira. Ele franziu os lábios e deu de ombros.
— Eu não sei — ele murmurou. — Acho que estou apenas pronto para ir
para o próximo capítulo da minha vida. Tenho vivido como um nômade
pelos últimos dois anos. Está realmente me alcançando.
Eu sabia que ele estava solitário e terrivelmente isolado pela sua
repentina e exagerada fama. Tenho sobrevivido na solidão por meses, eu
mesmo.
— Na noite passada, você disse algumas coisas. — Eu me remexi
desconfortável no banco, medindo minhas palavras. — Eu preciso saber se
realmente eu que você quer e não a ideia de viver com alguém como eu que
está te guiando.
Ryan trouxe seus olhos de volta para mim. Ele encarou meu rosto por
um momento antes de falar. Senti como se estivesse perdendo um ponto
óbvio.
— Taryn, é você que eu quero! — Ele riu suavemente, como se eu
estivesse sendo boba de novo. — Você é a razão pelo qual estou pensando
nessas coisas! Só quero ter certeza de que estamos indo na mesma
direção, isso é tudo.
Pensei em várias diferentes direções em que podíamos realmente ir. Eu
não queria supor.
— Bem, desde que você mencionou palavras como casamento antes,
acho que não preciso me sentir com medo de trazer à tona.
— Não, você não precisa — ele confirmou gentilmente.
— Crianças?
— Isso também — ele disse com um leve sorriso.
— Se essas são as coisas que você também quer, então eu digo que
estamos indo na mesma direção — eu o olhei nos olhos.
Ryan concordou.
— Então vamos apenas deixar crescer naturalmente — suavemente
implorei.
— Ok — ele sussurrou, concordando comigo.
Uma brisa suave soprou através da água, enviando um arrepio pelo meu
corpo. Dei de ombros, desejando que estivéssemos sentados em frente ao
fogo, tendo essa conversa.
— Você está com frio? — Ryan perguntou, passando seus braços ao meu
redor. Ele esfregou meus braços para me esquentar.
Meus dentes bateram quando respirei o ar gelado.
— Um pouco.
Ryan ainda estava perdido em pensamentos. Sua testa estava franzida,
um sinal de que ele estava ruminando sobre algo. Afundei no seu abraço e
esperei.
— Estava pensando no que você disse — ele disse. — Eu sei que é fácil
jogar a frase “eu te amo” por aí. Eu disse essa fala em voz alta algumas
vezes. — Ele entrelaçou nossos dedos de novo.
— E tenho certeza que as garotas disseram o mesmo para você — eu
disse.
— Sim — seus olhos brilharam e ele riu levemente. — Posso dizer uma
coisa? Prometa que não vai rir.
Cruzei meu coração com meus dedos.
— Prometo.
— Você lembra daquela primeira noite que estivemos juntos aqui na
cabana? Por mais doente que estávamos, não havia um lugar na Terra que
eu preferia estar do que com você.
Sorri para sua declaração.
— Devo dizer que nós nos conhecemos em um nível muito íntimo
naquela noite!
— Eu sei! Mas me fez perceber algo… me fez perceber quão confortável
eu fico com você. E então naquela primeira noite que fiquei com você em
sua cama, quando acordei de manhã, segurando você, eu pensei: esta é a
mulher que eu quero acordar junto pelo resto da minha vida. Eu sabia
disso antes até mesmo de beijá-la pela primeira vez. Cada vez que fico
bravo ou chateado, você tem esse jeito mágico de me trazer de volta para
Terra. Eu não sei como você faz isso, mas de algum jeito você me deixa
são.
— Você faz o mesmo para mim, você sabe — adicionei.
— É bom saber! — Ele me atirou seu sexy sorriso. Ryan levantou minha
mão até seus lábios. — Então quando eu disse aquelas palavras para você,
era o que eu realmente queria dizer. Você precisa perceber que, o que você
é, agora mesmo, é exatamente o que eu quero e preciso.
Meu coração nunca pareceu tão cheio. Olhei dentro dos olhos dele.
— Não é justo… você roubou todas as minhas falas!
— Ryan, Taryn. O jantar está pronto. — Sua mãe gritou do deck.
Ryan me olhou. Balancei minha cabeça rapidamente; eu não queria
terminar nossa conversa.
— Comece sem nós — Ryan gritou de volta. — Então, o que mais está
em sua mente? — Ele perguntou.
Encarei as estrelas, observando as lanternas de um avião que passava
no céu noturno. Era uma boa distração enquanto minha mente escolhia
por várias inseguranças que têm me assolado ultimamente. Eu estava
incerta se alguma delas eram conversas que eu queria aprofundar agora.
Ele me apertou de novo.
— Se minha memória me serve corretamente, foi logo após eu falar
sobre filmar Slipknot que você se distanciou de mim, ontem à noite.
Minha cabeça curvou instintivamente e eu suspirei.
— Estou assustada, Ryan — eu disse devagar. — Você estará na locação
mais do que você estará em casa, seja onde casa signifique. Separação,
ficar separado… — eu estremeci — será difícil e eu temo que se forçarmos
nosso relacionamento para estar em estágios que não chegou
naturalmente, bem… — eu o olhei nos olhos. — O que vai acontecer
quando você estiver filmando e você tiver que fazer algumas cenas de amor
com outra mulher? E se o beijo dela for o que você sente que está
perdendo? Romances no set acontecem todo o tempo, alguns por acidente.
Você sabe tão bem quanto eu o que acontece. Não posso tirar da minha
cabeça que todos os atores acabam se apaixonando por atrizes. E se uma
dona de pub de Rhode Island não for o suficiente?
— Querida, tem uma grande diferença entre beijar você e fingir em um
filme! — Ele riu. — Estou sendo cotado para vários filmes românticos e
será inevitável. Todo mundo quer ver romance. Mas não é real. Não é
assim. O que você e eu temos… isso é real. Você terá que confiar em mim.
— Bem estas são todas as coisas que eu estou pensando. Não é fácil
para mim confiar nos homens — sussurrei.
— Eu sei. Eu tenho que provar que não sou como os outros. Está tudo
bem. Posso fazer isso — ele disse, me dando uma acotovelada. — E se eu
ligar para você a cada quinze minutos para lembra-la de que estou
completamente apaixonado por você? Vai funcionar?
Revirei meus olhos e ri.
— Posso usar um daqueles cintos de castidade se fizer você se sentir
melhor.
— Você usaria? — Brinquei de volta.
— Vou ter que comprar outra corrente assim você pode usar as chaves
como colar.
Eu gargalhei.
— Não quero que pense que sou uma bagunça insegura. É só isso, bem,
essas coisas acontecem, e…
— E sobre deixar Marie gerenciar o pub? — Ele sugeriu rapidamente.
Ótimo… ele achou outro dos meus problemas.
— Ryan, o pub é minha fonte de renda. Marie não se opõe a cuidar das
coisas para eu poder viajar, mas, honestamente, com ou sem você, eu
preciso manter meu próprio senso de instabilidade. Não vou me sentar e
fazer nada enquanto tenho um bom tempo gastando seu dinheiro. Essa
não sou eu. Eu tenho que me sustentar nesse relacionamento.
Ryan cruzou seu tornozelo em seu joelho.
— Você pensou de novo sobre alugar sua cozinha para Tammy? É mais
renda para você. Mesmo que Tammy não a use, você pode alugá-la para
outra pessoa.
— Isso vai requerer muito dinheiro, Ryan. Mais do que posso pagar
agora. E eu sei o que você vai dizer.
— Vinte mil, Taryn, não é grande coisa. Eu ainda acho que é bem mais
do que deveria custar apenas para substituir o encanamento. Nós
podemos torná-lo lícito, assim você não precisa se preocupar. Ou nós
podemos apenas tirá-lo no comércio.
Ele me puxou pelo meu ombro para eu colidir levemente em seu peito.
Suspirei.
— Ouça, Taryn, não vou em lugar algum. Então eu tenho de viajar
quando estou filmando. E daí? Como eu disse, nós dois viajamos de
tempos em tempos e então eu tenho algumas semanas de folga aqui e lá.
Se eu prometer… ir devagar, você promete parar de se preocupar?
Acenei.
— Diga! — Ele incitou.
— Eu prometo — eu disse, rindo levemente em sua insistência.
— Okay… e eu prometo também. — O dedo de Ryan levantaram meu
rosto.
Olhei amorosamente em seus olhos. Aqueles olhos, tão azuis, cheios até
a borda com paixão e convicção, eram absolutamente hipnotizantes.
Estávamos atraídos por um magnetismo invisível que atingia todo o
caminho para o núcleo do meu ser.
— Eu te amo, Taryn Lynn Mitchell — ele disse com um sorriso.
— Eu te amo também, Ryan William Christensen.
Embora eu achei que estava apaixonada antes por outro homem, nunca
essas três pequenas palavras significaram tanto para mim como elas
significaram, neste momento, com este homem. Os sentimentos que
fluíram entre nós eram naturais e sem esforço; fácil como respirar.
Enquanto ele me beijava, eu ouvi seu estômago roncar alto.
— Melhor entrarmos para jantar — eu o puxei pelas mãos.
— Você sabe, quando você saiu com as suas chaves eu pensei que você
planejava fugir em seu carro.
— Não! — Eu ri. — Na verdade, eu te comprei um presente de
aniversário hoje. Não há jeito de eu ir para casa sem você vê-lo, então
pensei em te dar agora mesmo. — Destranquei o carro e ele soltou minha
mão. — Eu vi uma loja de antiguidades descendo a rodovia. Espero que
você goste.
— Uau! Olhe para isso! É uma velha Gibson! — Seus dedos dedilharam
sobre as cordas, mas seu celular tocou em seu bolso o distraindo. — Ahh,
eu acabei de ligar a maldita coisa e já está tocando.
— Alô? Quem é? Oh… o que? — Ryan era brusco com quem quer que
fosse do outro lado da linha. Ele virou seu ombro para longe de mim,
baixando sua voz a um sussurro. — Acho que deixei as coisas
perfeitamente claras na última vez que tivemos essa conversa. Eu disse a
você… as coisas mudaram. Então pare de me ligar — ele disse bem
insensivelmente.
Ele desligou seu telefone e andou alguns passos antes de notar que eu
não o seguia. Ele segurou sua mão levantada para mim e esperou até eu a
pegá-la, silenciosamente me guiando para a casa.
— Vocês dois estão bem? — Ellen perguntou quando nós entramos na
cozinha.
— Sim, mãe. Taryn e eu tínhamos algumas coisas para discutir que
eram mais importantes do que jantar. — Ele pegou um pedaço de peixe do
prato e enfiou na boca. — Vê isso? — Ele sussurrou em minha orelha. —
Família, paz, sem fãs gritando, sem guarda-costas, refeições caseiras,
normalidade. Isso é o que eu quero. Isso é o que eu sinto falta.
— Estou feliz por ouvir isso — eu disse. — Porque é a única maneira que
sei.
Depois do jantar, peguei alguns cobertores e com duas garrafas de vinho
abertas fizemos nosso caminho para o quintal. Ryan e seu pai atiraram
mais toras no fogo, acertando uma boa chama na fogueira. Milhões de
estrelas pontuavam o céu limpo. Peguei o violão de Ryan e suavemente
toquei alguns acordes.
— O que você está tocando? — Ryan perguntou.
— Nada… eu só tenho algumas letras na minha cabeça.
Nós revezamos tocando, cada um de nós adicionando à melodia.
Nós estávamos tentando vir com palavras que rimavam. Depois de uma
hora, nós tínhamos escrito parte da música… nossa música.
— Quando começará a filmagem do seu próximo filme, filho? — Bill
perguntou.
Ryan parou de tocar.
— Os ensaios começam em três de janeiro. Estarei filmando em Miami
por quase três meses — ele disse, olhando para mim.
— Como chama o filme? — Bill continuou.
— Chama-se Thousand Miles. Já está agendado para ser lançado em
novembro próximo, acho que próximo da Ação de Graças de novo.
— Sobre o que é o filme? — Sua mãe perguntou, enchendo seu copo de
vinho.
— É um drama sobre um agente do FBI — ele apontou para si mesmo —
que se voluntaria para levar a melhor amiga da irmã para ver seu noivo,
que vive em Florida Keys. Acontece que o noivo é um estuprador em série
que está em fuga. Meu personagem está se apaixonando por ela durante
toda a viagem.
— Com quem você vai estar trabalhando nesse filme? — Ellen
perguntou. — Qualquer grande nome que conhecemos?
— A única parte que eu sei que foi agendado é a atriz principal. Estarei
trabalhando com Lauren. Lauren Delaney — ele adicionou rápido.
O gole de vinho em minha boca instantaneamente queimou minha
garganta. Lauren? Como a ex-namorada Lauren? Pela maneira que ele
disse seu nome, me deu a impressão de que ele esperava que sua mãe
soubesse de quem ele estava falando.
Instantaneamente, meus olhos atiraram para sua mãe para ver sua
reação. Sua expressão entregava tudo; a mistura de choque e pânico era
evidente.
CAPÍTULO VINTE E DOIS

Protegido
Nós fomos da cabana direto ao aeroporto. Apesar de que estávamos há
duas horas a noroeste de Seaport, estávamos há apenas 45 minutos a
oeste de Providence. Ryan fez questão de mencionar isso em voz alta.
Desde que é sabido que o aeroporto em Providence é o ponto de entrada
e saída das nossas visitas celebridades, vários paparazzi estavam de
guarda… esperando por alguma celebridade aparecer em seus radares.
Ryan sabia o que nos aguardava então dissemos nossas despedidas
verbais no carro, pelo caminho. Os paparazzi nos rodearam como moscas,
arruinando os últimos momentos que tínhamos junto aos seus pais.
Nós demos aos seus pais beijos e abraços rápidos enquanto eles tiravam
as bagagens do porta-malas; os flashes das câmeras estavam nos
desorientando e irritando. A prova final de que a nova namorada de Ryan
Christensen passou o fim de semana com seus pais era capturada
digitalmente em fotografia e vídeo.
Ótimo, mais recheio para as revistas de fofocas. Eu me sentia como se
balançando a mala de Ellen em um círculo eu poderia ver quantos
paparazzi eu poderia derrubar.
Ryan estava ficando mais bravo a cada minuto. Eu estava aliviada que
os agentes do TSA vieram rápido até o carro nos ajudar. Por mais que
queríamos gastar uns minutos extras com seus pais, nós não podíamos
perder tempo.
Ter minha foto tirada era mais tolerável do que as perguntas invasivas e
os comentários que vomitavam dos paparazzi.
Ryan e eu pulamos de volta no carro e assim que a principal via de
tráfego ficou livre, fomos embora.
— Quando formos ao meus pais para a Ação de Graças, vamos precisar
de seguranças — ele murmurou, entrando na pista certa para nos tirar do
aeroporto. — Terei um carro para nos levar.
No momento em que paramos no beco, os paparazzi vieram correndo.
Nós, rapidamente, descarregamos o resto das bagagens e seu novo violão,
os levando para a cozinha enquanto as câmeras clicavam.
Fizeram perguntas e mais perguntas sobre nosso fim de semana. Nós
nos divertimos? Onde nós fomos? Misturada vinham as perguntas
estúpidas; um cara realmente nos perguntou o que achávamos sobre o
pacote de estímulos do presidente. Então ele nos perguntou se ouvimos as
notícias sobre a última celebridade que se voluntariou para estar naquele
programa de dança na TV. Por que diabos iriamos responder perguntas
desse tipo?
Alguma de suas questões foram diretamente ao nível grave. Um dos
fotógrafos perguntou ao Ryan se Suzanne sabia que eu conheci seus pais e
como ela se sentia sobre isso? Isso a deixou com ciúme? Eu queria
manda-los todos para o inferno, mas me mantive focada em esvaziar o
carro.
— A nova porta está instalada — Ryan murmurou. Ele estava se
esforçando para manter sua mente em outras coisas e tentou me levar a
focar em outras coisas com ele.
Eu vi que tínhamos uma nova porta de ferro instalada a alguns passos
de distância da porta existente da cozinha. Estávamos tão distraídos pelos
paparazzi que nem tive tempo para ver todo o progresso que Pete fez na
nova parede dentro.
Nós dirigimos pelo beco e atravessamos a Mulberry Street até o
estacionamento aberto. Estávamos prestes a estacionar quando Ryan
pisou abruptamente nos freios e engatou a ré.
— Ryan? O que está errado?
Não demorou nada para eu seguir seu olhar. Ali estava ela, Angélica,
sentada na porra do seu Plymouth azul estacionada diagonalmente na
vaga na Mulberry Street. Ryan acelerou o motor e dirigiu de volta para
rua.
— Nós vamos cuidar desta merda agora mesmo. Qual o caminho para
delegacia de polícia? — Dez minutos depois, entramos na delegacia de
Seaport.
O oficial nos informou que iriam investigar o assunto, mas nós
tínhamos de ir ao tribunal do condado, solicitar proteção da ordem de
abuso. Isso não era assunto da polícia. Nós andamos rapidamente pela
calçada para a porta do tribunal. Ryan usava óculos escuros e tentava
passar imperceptível, mas ele não podia ir em nenhum lugar sem ser
reconhecido. Duas mulheres afobadas nos parou na calçada e pediu
autógrafos para ele. Ryan momentaneamente escorregou em seu modo de
agradar e até mesmo parou e esperou que estes dois aborrecimentos
encontrassem algo que ele pudesse assinar. Ele estava gracioso.
Pegamos o elevador para o terceiro andar do tribunal e achar o
escritório que supostamente nos ajudaria. Felizmente, o escritório estava
vazio, exceto pelas duas mulheres que trabalhavam lá. Havia uma
senhora, com cabelo loiro grisalho, sentada em uma mesa de metal,
digitando no computador. Ele olhou para nós por um segundo e então
rapidamente voltou ao que estava fazendo. Nós nem nos qualificamos
como distração para ela.
A outra mulher sentada atrás do balcão, no entanto, que era mais jovem
do que a primeira, reconheceu Ryan imediatamente. Eu podia dizer, ela
olhou para cima e piscou rapidamente com espanto. Sua boca se abriu e,
por um momento, pensei que ela ia gritar.
É incrível o quão rápido as pessoas pulam para você quando você é uma
celebridade. Eu nunca soube o poder que vinha com isso, até momentos
como este acontecerem. Ryan poderia pedir a ela que se curvasse e ela
diria obrigado. Se você pudesse engarrafar a fama e o charme de Ryan em
um único frasco, você teria uma receita para uma arma letal. Nós
preenchemos os papéis e em minutos nós nos encontramos com o juiz.
— Eu a investiguei — informei o juiz. Ryan ficou surpreso com esta
revelação, mas manteve a compostura. Apertei sua mão.
— Há uma ordem de restrição contra ela no estado da Califórnia por
perseguir outra celebridade. Ela também foi acusada de invadir e entrar
na casa da celebridade. Ela colocou as mãos fisicamente no Sr.
Christensen em nosso caminho para casa e ela tem dormido em seu carro
no lado de fora do nosso negócio, que é também onde nossa casa está. Ela
me seguiu por todo o caminho até South Hampton e repetidamente deixou
mensagens para ele no nosso carro ou na caixa de correio.
Uma ordem de restrição temporária foi garantida imediatamente, e após
uma breve conversa telefônica, de três minutos, entre Ryan e a filha de
quatorze anos do juiz, (que acontece de ser uma grande fã de Ryan
Christensen), nós recebemos o resto do tratamento real.
Fomos informados que o deputado xerife serviria a ordem de restrição à
Angélica. Uma audiência pela ordem de restrição permanente estava
agendada para a próxima quarta-feira. Ryan e eu teríamos que ir na
audiência. Nós saímos do tribunal armados com duas cópias da ordem,
uma para cada um de nós, e até recebemos escolta policial até em casa.
Ryan estacionou o carro na vaga e nos sentamos, assistindo, quando
duas viaturas policiais rodearam a Angélica, bloqueando-a de sair do lugar
de onde ela estava estacionada, enquanto o xerife executou a ordem.
— O que está acontecendo? — Perguntei em voz alta. Um oficial de
polícia a removeu do seu carro e ela estava sendo algemado.
— Eu não sei — Ryan respondeu. — Parece que ela está sendo presa.
Os paparazzi tiveram um dia de campo tirando fotografia dela e de nós
enquanto esperávamos no carro. Ela estava sendo posta no banco de trás
do carro da polícia enquanto dois policiais procuravam no seu Plymouth.
Os fotógrafos e os fãs nos rodearam. Ryan e eu corremos para porta de
trás do pub.
Eu só não entendo mais. Qual era o propósito de toda esta atenção?
Ryan não parou para dar autógrafos e não era como se a nossa aparência
tivesse mudado um pouco desde quando tiraram a nossa foto,
descarregando o carro mais cedo. Estava ficando ridículo e francamente
irritante. É este o jeito que a nossa vida seria para sempre?
Fechei a porta de ferro da cozinha atrás de nós e acionei o código de
segurança. Ryan acendeu a luz, iluminando a nova parede e porta que
limitava o tamanho da cozinha.
— Uau! — Eu ofeguei. A nova parede era definitivamente uma distração
para os meus pensamentos. Notei que Pete até mesmo pintou a nova
parede de branco.
— Isso parece muito bom! — Ryan sorriu largamente.
Eu estava feliz em ver que a nova porta interior tinha uma fechadura,
mas Ryan foi capaz de abri-la. Instalado por dentro da parede do hall há
um novo interruptor. Próximo a isso, um teclado para o novo sistema de
segurança brilhava no escuro. Pete tinha ainda instalado um corrimão de
madeira ornamentada onde a parede original costumava ser.
Ryan puxou a nota que estava colada perto do teclado na parede.
— Liguei para Security co. para programar o novo código, novas chaves
estão no balcão da cozinha de cima — ele leu em voz alta.
— É uma hora na costa leste. Não esqueça que você tem que ligar para
o escritório do Follweiler hoje. — Joguei as chaves do carro na mesa da
cozinha.
— Obrigado por me lembrar. O que vou fazer sem você? — Ele me beijou
rapidamente.
— Eu não sei, esquecer as coisas? — Provoquei.
Ele me deu um leve empurrão.
— Liguei para a companhia de segurança, deixe-nos ligados. Eu vou
ligar para Follweiler.
Nós fomos por caminhos separados para fazer nossas ligações.
Programei o novo código no painel para ativá-lo. Ryan fez nossos planos
para jantar com a assistente do Sr. Follweiler e quando ele voltou para
cozinha, estava no telefone com seu agente.
Era quase engraçado quantas ligações nós fizemos. A primeira coisa de
manhã, Ryan deve voltar ao set; ele ligou para Mike para arrumar
transporte. Liguei para Marie para checar como ela estava se segurando.
Eles chegaram em casa há meia hora e cancelaram a noite de pôquer.
Ryan estava com Pete, falando sobre tudo, desde construção até pesca.
Minha última ligação foi para o Cory para ver se ele pode começar às
quatro, desde que não tenho nenhuma razão para não abrir amanhã.
Fiquei feliz por ele estar disponível para trabalhar em qualquer hora que
eu diga. Eu até contratei seu companheiro de quarto, Trevor, no telefone.
Eu preciso de alguém para ficar na porta durante a semana. Eu não ia
deixar o que aconteceu na última terça-feira se repetir.
Corri lá embaixo para pegar a correspondência e remover minha placa
de papelão improvisada como sinal de fechado da janela. Havia uma pilha
enorme no chão do meu pub. Havia também um pacote do Sedex e várias
caixas no balcão do bar. Abri um saco de lixo e o enchi com toda a
correspondência e os pacotes assim eu poderia carrega-los para cima.
— Ryan? — Chamei, colocando o saco no chão.
— Banheiro — ele gritou. Eu conhecia a ele e a sua rotina bem o
bastante para saber que a essa hora do dia, ele estaria fora por um tempo.
Peguei seu celular da mesa da cozinha e rapidamente rolei pelos
números gravados, procurando na lista por Matt e Scott. Ele tinha muitos
nomes de garotas em seu telefone que me incomodou por ver. Amy,
Brandy, Cheryl, Gina, Heather; a lista não acabava. A pontada de ciúmes
piorou quando vi o número de Lauren Delaney.
Eu espero que ele nunca queria ou precise ligar para nenhum desses
números nunca mais. Seria muito fácil para mim deletar todos, mas seria
errado. Voltando para tarefa em mãos… haviam algumas escolhas para o
nome Scott, mas somente um listado para Matt. Rapidamente rabisquei o
número em um pedaço de papel e enfiei em minha bolsa.
Olhei para o pacote do Sedex. Veio da noite anterior, da Califórnia, e
endereçado para William Bailey, no Mitchell Pub. Notei que Pete escreveu
uma nota na parte de trás, para nos deixar saber que ele assinou pelo
pacote.
— Você conhece algum William Bailey? — Perguntei, entregando o
pacote para Ryan.
— Sim. Sou eu.
Eu devo ter parecido confusa.
— Qual é o meu nome do meio? — Ele perguntou.
— William.
— E qual é o nome do meu cachorro?
— Bailey. — Fez sentido agora. — Ok, entendi a conexão, mas porque o
nome falso? Sobre o que é isso?
— É meu nome secreto. Bem, um deles — ele admitiu. — Eu não posso
usar meu nome real em tudo. Se os fãs ou qualquer um ver Ryan
Christensen impresso nas coisas, desaparecerá ou se tornará de
conhecimento público. É também um dos nomes que uso quando dou
entrada em hotéis ou coisas.
— Notei que suas bagagens têm Shell-B Enterprises nelas. É um nome
falso também?
— Sim, bem, é o nome da minha empresa — ele suspirou, coçando a
testa. — Você não tem ideia da quantidade de pessoas cavando por
informações privadas. — Ele pegou sua carteira e me mostrou seu cartão
de crédito. — Aqui tem meu nome real, pois é quem eu sou, mas veja,
debaixo do meu nome, está o nome da minha empresa. Minhas contas do
cartão de crédito, meu número de telefone celular, estão todos listados
embaixo do nome da empresa. É o jeito que as coisas têm que ser para
manter as coisas privadas. Se minha bagagem se perde, ninguém sabe que
é minha. Minhas malas seriam enviadas para meu gerente na Califórnia.
— Oh, isso faz sentido — eu disse, mas ainda estava curiosa. — Shell-
B? De onde saiu isso?
Ele riu.
— É uma mistura de várias coisas. Primeiro, era o carro dos meus
sonhos, e que agora eu tenho. Na garagem do meu pai tem um Shelby
GT500 KR, ano 2008, azul com listras prata; trezentos quilômetros
originais nela. A outra razão para o nome, bem, você se lembra da nossa
conversa sobre o jogo da concha23?
Acenei, lembrando da chuveirada com carinho.
— Porque não fazer um jogo da concha para mim também? — Seu rosto
estava aceso com seu segredo. — Sempre que viajar agora, você vai ter um
nome falso na sua bagagem. Nós vamos ter que dar uma olhada no que
você tem em seu nome. As pessoas podem invadir merda na internet como
você não iria acreditar.
Eu estava revirando meu celular em minha mão enquanto
conversávamos. Eu estava curiosa sobre algo completamente diferente do
que estávamos falando. Apertei alguns botões e esperei. O telefone de
Ryan começou a tocar. A música era familiar, mas eu não conhecia o
artista.
— Por que está me ligando? — Ele riu.
— Só curiosa — admiti. — Este é meu toque? Quem é?
Ele torceu seus lábios e sorriu.
— É uma velha. Você já ouviu Cream?
Acenei. Ele pegou seu telefone, mas eu o parei.
— Não, espere! Apenas deixe tocar. Quero ouvir! Luz do sol em seu
amor? É o nome da música?
— Sim. É uma música legal, mas nunca consegui ouvir por que alguém
que eu e você conhecemos tem problemas sobre me ligar. — Ele
gentilmente chutou meu pé debaixo da mesa.
Ryan rasgou a tampa da caixa do pacote do Sedex e pegou três pacotes
de papéis. Cada pacote tinha uma ou duas polegadas de espessura.

23 Shell Game
— O que é isso? — Perguntei enquanto despejei a correspondência do
saco de lixo na mesa.
— Roteiros. Mais roteiros. O que diabos é tudo isso? — Ele gritou.
Ofeguei quando vi múltiplas fotos 4x6 de Ryan e nossa perseguidora,
Angélica, do dia que ele posou com ela no pub. Haviam fotos de Ryan
sozinho também; a maioria fotos dele entrando pela porta de trás do pub.
O mais assustador de todas as fotos era uma imagem de Ryan e eu
andando na calçada. Angel rabiscou meu rosto com um marcador preto e
desenhou um alvo no meu peito. Eu quase desmaiei na mesa.
Virei uma das fotos e li a parte de trás.
Desesperadamente, separei todas as fotos da pilha de correspondência.
Os olhos de Ryan ficaram largos e seu rosto ficou branco. Cada imagem
tinha uma mensagem manuscrita.
E a minha foto com o alvo tinha três palavras escritas atrás…
O rosto de Ryan ainda mostrava todo o seu horror e seus dedos estavam
instáveis quando ele começou a abrir uma das caixas endereçadas a ele.
Eu o ouvi engasgar em choque de novo. Dentro da caixa havia um ursinho
de pelúcia marrom com um rasgo enorme no meio do peito e algum
enchimento saía para fora. Havia fita adesiva através da abertura. A nota
dentro da caixa lia-se: “Estou de coração partido sem você”.
As outras caixas estavam escritas com a mesma letra. Ryan não as
tocou. Ele jogou todas elas no saco de lixo. Eu estava tremendo, mas eu
ainda tinha minhas faculdades mentais.
— Ryan, não jogue nada disso fora. Vamos precisar de tudo isso para o
tribunal.
No total, era quatro pacotes, dezessete fotografias, três cartas
ameaçadora e nove cartões dela. Ela incluiu inclusive o que parecia ser
gotas de sangue em uma das cartas. Ryan, rapidamente, ligou para o seu
gerente.
— David, eu quero segurança privada imediatamente para Taryn. Eu
quero alguém dentro do seu negócio durante as horas de trabalho e eu
quero alguém para levá-la a qualquer lugar que ela tenha que ir e eu não
estiver com ela. Também vou contratar um advogado aqui em Rhode
Island.
A única coisa impedindo nós dois de gritar era o conhecimento de que
ela estava em custódia da polícia naquele momento.
Na manhã seguinte, nossa agenda rapidamente voltou à rotina normal e
eu prometi ao Ryan que eu não iria sair do prédio. Eu entreguei a ele uma
xícara de café para viagem e o beijei no corredor. Mike guardou Ryan
quando ele subiu no banco de trás do carro que foi mandado para levá-lo
com segurança para o set e os paparazzi estava esperando para tirar sua
foto no minuto em que ele botou o pé para fora. Eu estava mentalmente
preparada para abrir o pub para os negócios e revi as precauções que eu
precisava para pôr em ordem antes de destrancar a porta da frente.
Apesar das terríveis circunstâncias de ontem, eu também tinha uma
supersecreta festa de aniversário para planejar.
— Oi, é o Matt? — Perguntei, hesitante, encarando o pedaço de papel
que continha o número roubado do telefone do Ryan.
— Sim? Quem é? — Ele replicou.
— Meu nome é Taryn. Taryn Mitchell. Você sabe quem eu sou? — Eu
não sabia se os amigos de Ryan estavam ligados nas notícias.
— Não. Deveria? — Ele perguntou na defensiva.
— Como posso dizer isso sem você desligar o telefone. Você está perto de
um computador?
— O que? — Matt questionou.
— Você tem acesso a um computador? — Perguntei de novo.
— Sim. Estou sentado na frente de um. Por que? — Ele perguntou.
— Por favor, vá na internet e procure o meu nome. — Soletrei meu nome
completo para ele.
— Ah, vamos lá! Vocês podem apenas deixá-lo em paz? — Matt rugiu.
Eu sabia pela sua resposta que ele havia me achado.
— Matt, por favor, apenas me ouça. É realmente Taryn Mitchell ligando
para você. O seu amigo de longa data, Ryan, está morando comigo em
Rhode Island.
— Besteira! — Ele replicou.
— Não, é sério. Estou dizendo a verdade.
— Não estou convencido, mas estou feliz que Ryan tem uma namorada
super gostosa.
— Obrigado. Vou tomar isso como um elogio.
Lembrei de uma história engraçada que Ryan me contou sobre Matt.
— Ok, será que isso é convincente? Debaixo de uma lona na garagem do
pai dele tem um Shelby GT500, ano 2008, azul com listras prateadas.
Você implora para ele, toda vez que o vê, para ele deixá-lo dirigir, mas ele
não deixa, pois você tem o hábito de capotar os carros. Você é o único cara
que ele conhece que poderia capotar a Station Wagon da sua mãe.
— Rá! — Ele riu alto. — Ele está aí? Deixe-me falar com ele!
— Você acredita em mim agora? — Soltei uma risadinha. — Não, ele não
está. Está no set. — Expliquei que eu queria que ele e Scott viessem na
festa surpresa.
Liguei para Kelly depois. Eu preciso de um plano diabólico para trazes o
elenco inteiro para o meu apartamento para o aniversário de Ryan. Ela
disse falaria com o diretor através de Cal. A última ligação que fiz, que eu
deixei por último de propósito, foi para um advogado em Providence.
— Eu tenho que estar no set nessa hora, querida, então você terá que ir
ao advogado sem mim — Ryan disse quando ele me ligou na hora do
almoço. — A não ser que você possa mudar o compromisso para outra
hora que eu possa ir?
— Não, está tudo bem. Eu posso ir sozinha. Vou cuidar disso. O
advogado disse que nós dois não precisamos estar lá.
— Você não irá a nenhum lugar sozinha — ele declarou com autoridade.
— A empresa de segurança mandará alguém agora. Eles me disseram que
alguém deve estar aí esta tarde. Vou vê-la esta noite.
Alguns minutos depois, o sino da entrada do pub tocou. Corri escada
abaixo esperando achar um segurança do tipo grisalho, mas ao invés disso
havia um entregador da FedEx na minha porta. Ele me entregou um
pacote em forma de envelope endereçado à Taryn L. Mitchell. Era de um
banco em Sioux Falls, Dakota do Sul.
Abri a fita adesiva; dentro havia outro envelope contendo um novo
cartão de crédito platina, com Taryn L. Mitchell, Shell-B Enterprises
escrito nele. Meu rosto torceu com raiva e eu joguei o envelope na mesa da
cozinha. Ryan e eu vamos, definitivamente, ter uma discussão sobre isso
quando ele chegar em casa.
Eram quase duas horas da tarde quando o sino da porta tocou
novamente. Dessa vez, havia um impressionante jovem lindo parado na
porta. Ele usava uma jaqueta de couto preta, jeans azul e uns óculos
escuros prateados. Ele tinha a cara do Heath Ledger e o corpo do Vin
Diesel, com cabelo loiro areia. Eu estava tentada a esfregar meus olhos.
Parte do meu cérebro já estava queimando no inferno.
— Boa tarde, Sra. Mitchell? Sou Kyle Trent, serviço de proteção — ele
estendeu sua mão para mim.
— Oi. É bom conhecê-lo. Entre. Por favor, me chame de Taryn. — Engoli
duro quando ele abriu sua jaqueta. O cheiro da sua jaqueta de couro e
sua colônia permearam o ar. Notei que seu peito era definido por baixo da
camiseta preta e justa e ele usava uma arma escondida debaixo da sua
axila direita. Por que a empresa de segurança não me mandou um homem
velho? Puta merda, ele é jovem e lindo. Isso não é bom.
Nós nos sentamos na mesa grande no meio do pub para ter nossa
primeira reunião. Kyle me disse que era faixa preta nível três, especialista
em armas e um treinador dentro da sua agência. Tentei me manter focada
na conversa, mas minha mente continuava vagando. Eu me peguei
encarando seus lábios. Eu o informei sobre minha atual situação, o
enchendo com os detalhes necessários sobre a celebridade que estou
namorando e nossa perseguidora indesejada. Eu mostrei a ele uma foto de
Angélica.
Foi muito fácil falar com Kyle. Ele me disse que mora do outro lado de
Providence, em uma pequena cidade em Massachusetts, então não levou
muito tempo para ele dirigir até aqui.
Ele fez uma inspeção no pub, se familiarizando com o layout, sistema de
segurança e as saídas. Terminamos com uma turnê no apartamento.
Pareceu estranho — quase como se eu estivesse cometendo um pecado
— ter Kyle em meu apartamento. Ryan o contratou, então não era como se
eu tivesse achado esse homem totalmente gostoso e o convidado para um
café, mas algo ainda corroeu minhas entranhas. Só podia ser culpa que
me atormentava; culpa por permitir meus olhos avaliarem outro homem.
Eu tinha que tirá-lo do meu apartamento — rápido.
Várias fãs mulheres já estavam esperando do lado de fora, na minha
calçada, mas eu não abriria até Cory e seu colega de quarto, Trevor,
aparecerem. Apresentei os caras para o meu novo guarda-costas e
expliquei porque Kyle foi contratado.
Cory me olhou estranho e então balançou a cabeça. Imaginei se ele
estava preocupado com nossa perseguidora, mas o motivo por trás de sua
atitude ficou mais evidente quando ele carregou três caixas de cerveja para
o bar, flexionando os músculos do seu braço pelo caminho.
Trevor se sentou na porta da frente para checar as identidades de todo
mundo que entrou no pub. Com certeza, meia dúzia de garotas entraram
no pub. Chateou-me que as fãs de Ryan não sabiam quando sair.
Marie parou abruptamente e engasgou quando viu meu novo segurança
pela primeira vez.
— Você está tão ferrada — ele sussurrou enquanto passava por mim.
Seus olhos piscaram sobre Kyle, que estava sentado na ponta do bar,
vigiando como um falcão.
— Eu sei. Ryan não ficará feliz quando o ver — Sussurrei.
— Quantos anos ele tem? — Marie perguntou.
— Ele me disse que tem vinte e nove — murmurei privadamente.
— Casado?
Acenei negativamente.
Era alguns minutos depois das nove quando meu celular tocou, o toque
de Ryan, em meu bolso.
— Ele está em casa agora — eu disse a Marie.
Ryan, é claro, queria conhecer meu novo protetor. Nós nos encontramos
na cozinha do pub. Assim como suspeitei, Ryan se transformou de
felicidade por estar em casa para ciumento e chateado em um instante.
Eu abracei e beijei Ryan rapidamente quando ele veio pela porta. Eu,
propositadamente, fiz isso na frente do Kyle, com a intenção de mandar
uma mensagem aos dois homens sobre onde exatamente minha lealdade
estava. Enfiei meus dedos no bolso de trás de Ryan e o segurei o tempo
todo que ele conversou com Kyle.
Depois da nossa reunião, peguei Ryan pela mão e subimos as escadas
para jantarmos juntos no nosso apartamento. Ele estava quieto… muito
quieto, e eu o conhecia bem o bastante para saber por quê. Levantei e me
sentei em seu colo, montando-o para ter sua total atenção. Isso fez um
pequeno sorriso aparecer em seus lábios. Peguei seu rosto em minhas
mãos e o beijei sensualmente em sua bochecha.
— Como foi o seu dia?
— Foi tudo bem — ele murmurou.
Eu sabia que ele estava mentindo. Eu lhe dei um sorriso para deixá-lo
saber que eu não estava comprando. Ele franziu seus lábios.
— Eu estou bagunçando minhas falas. Foi difícil me concentrar hoje. —
Ele balançou a cabeça em desgosto.
Massageei seus ombros.
— Hoje acabou. Deixe para lá. As coisas estarão melhores amanhã, você
vai ver. — Sussurrei em seu ouvido.
Ele me deu um breve sorriso, seus ombros afundaram-se em derrota.
Ele correu sua mão quente nas minhas costas. Eu me achei ficando
excitada, tentando deixá-lo com um humor melhor. Mordisquei sua orelha.
Ele soltou um gemido de prazer.
Seus dedos deslizaram pelos meus quadris; seus polegares esfregaram
sobre meus seios. Meu corpo instantaneamente formigou com seu toque.
— Sr. Christensen — murmurei nos seus lábios — sua presença é
requisitada no quarto.
Ele sorriu antes de trancar sua boca na minha.
Vinte minutos depois, reassumi minha posição atrás do bar com um
sorriso convencido em meu rosto. Quando deixei Ryan, ele ainda tinha sua
calça jeans embrulhada em seu tornozelo esquerdo e estava deitado de
costas na cama.
Fiquei ligeiramente surpresa quando Ryan desceu para o pub um pouco
depois. Ele vestia meu boné do pub esfarrapado e um sorriso largo e
satisfeito. Encheu-me de prazer ao vê-lo usar outra de minhas coisas.
Ele se sentou perto de Kyle e nunca tirou seus olhos de mim pelo resto
da noite. Kyle parou cada garota que tentou chegar perto de Ryan e
polidamente pediu que elas deixassem o Sr. Christensen em paz. Kyle
também espantou cada garota que foi corajosa o suficiente para se
aproximar dele. Eu tinha um novo apreço pelo meu segurança. Assim
como Ryan.
Na manhã seguinte, Kyle chegou na hora certa para me levar ao
advogado. Ele colocou a caixa de evidências, que Ryan e eu tiramos do
porta malas do carro, antes de me tirar do pub com segurança. Senti sua
mão pressionar nas minhas costas quando ele segurou a porta do carro
para mim.
Sua colônia era leve e masculina e embrulhou minha cabeça com
pensamentos confusos. Os paparazzi amaram completamente a nova
imagem em suas lentes.
Uma vez que terminei minha reunião com o novo advogado, Kyle me
trouxe de volta para o pub e me acompanhou para dentro do prédio. Os
paparazzi estavam implacáveis com suas perguntas, embora ficou
aparente para eles que Kyle era um guarda-costas pela forma como ele me
protegeu.
Kyle fez uma varredura de segurança no pub, nos banheiros e no meu
apartamento antes de me deixar sozinha à tarde. Ele retornará antes das
quatro horas da tarde quando eu abrirei para o público.
Depois de Ryan chegar em casa e jantarmos juntos, assumi meu lugar
atrás do bar. Ryan, eventualmente, desceu para o pub e sentou perto de
Kyle. Meu guarda-costas era excelente em manter as mulheres
indesejáveis na baia. Finalmente, Ryan foi capaz de relaxar e tomar uma
cerveja enquanto assistia os esportes na tela grande… apenas como uma
pessoa normal. Isso ainda não impediu as mulheres de tirar fotos dele com
as câmeras de seus telefones.
Ryan estava no meio da frase, me contando uma história engraçada
sobre o que Kat fez no set essa manhã, quando notei um grupo de
mulheres entrando no bar.
Uma em particular se destacou — uma com cabelo cacheado e olhos
como o demônio.
— Oh, meu Deus, Ryan! — Engasguei. — Ela acabou de entrar! Corra!
— Pedi.
— Kyle! É ela! — Ryan soltou enquanto levantava; sua urgência
derrubando o banquinho e enroscando em suas pernas. Ryan tropeçou
para trás em mim. Eu o peguei inutilmente em meus braços conforme seu
peso me empurrou na parede. Nós dois parecíamos em terror enquanto a
Angélica fez sua aproximação.
Ela vinha direto para Ryan e eu; seus olhos nunca nos deixando. Sua
pele estava amarelada e os círculos escuros em seus olhos a fizeram
parecer ainda mais ameaçadora na luz difusa do pub. Ela estava em uma
missão e nada ia pará-la. Kyle se moveu tão rápido que foi difícil discernir
suas ações. Com um ataque preciso, ele a colocou em um braço e lhe deu
uma chave de pescoço; um segundo depois, ela estava de cara no chão.
Com movimentos espertos, ele tinha suas mãos restritas em suas costas.
— Ryan! Por que você está fazendo isso comigo? — Angélica chorou e
gritou. — Eu te amo! — Ela berrou. — Essa puta está fazendo lavagem
cerebral em você! Eu vou matá-la!
Meus dedos tremeram quando peguei meu celular do meu bolso e liguei
para a polícia.
Ryan garantiu a manhã de folga nas filmagens no dia da audiência. Ele
colocou seu terno e eu usava uma calça social e um suéter de cor creme
por baixo do meu casaco preto. Eu sabia que seríamos fotografados e
filmados implacavelmente. O gerente de Ryan arrumou para termos um
time de segurança nos escoltando para dentro e fora do tribunal.
Ryan e eu nos apressamos para a grande SUV preta que nos esperava
no beco. Kyle e Mike, nossos guarda-costas, nos protegeu enquanto
subíamos no veículo. Diretamente atrás do nosso carro havia outra SUV
preta com segurança adicional. A publicitaria de Ryan, Marla, já estava
sentada no outro carro.
Repórteres, fotógrafos e fãs estavam amontoados do lado de fora do
tribunal quando chegamos. As pessoas gritavam para o nosso carro. Era
puro caos.
— Uma vez que o Time Dois estiver no lugar, nós saímos — Mike
informou do banco da frente. Ele empurrou seu comunicador em sua
orelha.
Eu estava entre Ryan e Kyle no banco de trás. Apesar da maneira que
eu me sentia segura, sentada entre estes dois homens, eu não podia parar
de tremer.
Kyle suspirou, então esfregou meu antebraço para me acalmar.
Ryan encarou o gesto de Kyle. Ele agarrou uma das minhas mãos
tremulas e as levou até seus lábios.
— Vai ficar tudo bem, querida. — Ryan sussurrou, me puxando para
perto. — Vamos passar por isso.
Os repórteres tentaram nos entrevistar enquanto saíamos do carro.
Ryan e eu mantemos nossa atenção focada em passar pelas portas do
tribunal. Os oficiais de justiça e os seguranças privados nos rodearam
conforme entrávamos no prédio. Mike e Kyle, sem suas armas de fogo, nos
escoltaram para a sala número três.
Kyle não estava apenas me protegendo, hoje, ele também seria uma
testemunha.
Ryan e eu nos sentamos em uma grande mesa de madeira, em frente ao
banco escuro e alto, onde o juiz se sentaria. Nosso advogado já estava
sentado; a assustadora caixa das evidências estava no chão, perto dele.
Cory e Marie estavam sentados na primeira fileira, atrás de nós. Eles
também eram testemunhas das ameaças de Angélica.
Sentado na outra mesa ao nosso lado, estava o advogado de Angélica.
Nosso advogado se inclinou e nos informou que ela usaria o sistema de
defesa público para representar seu caso hoje.
Um policial homem e uma policial mulher trouxeram Angélica para a
sala do tribunal. Ela usava um macacão laranja, uniforme da prisão, e
seus braços estavam algemados a uma corrente que dava a volta em sua
cintura. Seus tornozelos estavam algemados. Ela não olhou para nós
quando entrou.
O cabelo de Angélica estava todo desgrenhado, saindo para todos os
lados. Os círculos debaixo dos seus olhos eram fundos e roxos, fazendo a
cor da sua pele amarela ainda mais pronunciada.
— Todos de pe! — O oficial de justiça anunciou. — O tribunal está agora
em sessão. O honorável juiz Brian Keller está presidindo.
Os procedimentos do tribunal eram longos e tediosos. Nosso advogado
teve que apresentar cada carta, foto e pacote, separadamente e, um por
um, todos eles entraram como uma evidência. Eu até mesmo providenciei
uma cópia da imagem de Angélica, agarrando o braço de Ryan, quando
fomos na casa de Cal e Kelly. A foto do seu ataque estava em todas as
revistas e espalhadas por todas as notícias da internet.
O nosso advogado nos informou que ele tinha que apresentar cada
pedaço de evidência cuidadosamente, então as ações de Angélica seriam
consideradas ameaças credíveis para a nossa segurança.
Cada uma de nossas testemunhas foram chamadas para provar que, de
fato, eles ouviram Angélica ameaçar me matar.
Seu advogado público tentou interrogar nossas testemunhas, mas ele só
piorou seu caso.
Nosso advogado repassou o áudio da polícia, gravado na noite em que
ela entrou no pub. Estremeci, ouvindo minha voz em pânico, implorando
para a polícia vir imediatamente, e Angélica gritando no fundo enquanto
ameaçava me cortar em pedaços. Engasguei com as lágrimas enquanto o
pesadelo daquela noite repassou em meus pensamentos. Ryan apertou
minha mão debaixo da mesa.
Nós ficamos ali e ouvimos enquanto cada uma de suas cartas eram
lidas em voz alta para o juiz. O conteúdo das cartas era igualmente
perturbador. Esta mulher iludida realmente pensou que estava resgatando
Ryan das vagabundas que arruinavam sua carreira e levavam seu amor
para longe dela.
O juiz questionou Angélica diretamente, pedindo a ela que explicasse
seu comportamento.
Ela olhou para Ryan, mas ele desviou o olhar.
— Ele escondeu mensagens em seu filme para mim. Ele sabia que eu
era esperta o bastante para descobri-las. Ele não queria que os outros
soubessem que está apaixonado por mim — ela sussurrou. — Eu apenas
queria protegê-lo, mas ela o fez sair por três dias, então ela podia fazer
lavagem cerebral nele. — Angélica apontou para mim. — Ela tem medo
que ele vá deixá-la por mim! Esse é o motivo de ela ter rastejado dentro da
sua cabeça, como uma minhoca, e o virou contra mim.
Foi difícil respirar enquanto ela falava. Esta garota era a criança do
pôster dos filmes modernos de terror. Ela era a razão pelo qual os
pesadelos existiam em primeiro lugar.
O juiz deliberou com os advogados e então deu o veredito. Uma ordem
de restrição permanente foi garantida e com efeito imediato. Ela foi
informada no que isso significava; ela não poderia mandar cartas, e-mail,
ligar, mensagens de texto ou qualquer outra coisa. Qualquer tentativa de
contatar qualquer um de nós, interferir conosco ou qualquer outro
membro da nossa família, nossos amigos ou companheiros de trabalho,
seriam consideradas uma violação da ordem de restrição. Ela foi instruída
a permanecer por não menos de quinhentos metros ou grosseiramente a
quatrocentos metros longe de nós por todo o tempo. O juiz também
ordenou que fosse submetida a uma avaliação psiquiátrica. Outra
audiência seria marcada para sentenciá-la pela violação da ordem de
restrição temporária.
— É só isso? — Perguntei suavemente ao nosso advogado.
— Sim. Ela estará encarcerada por um tempo — ele respondeu. — Vou
representá-la quando a sentença pela restrição da ordem temporária for
sair. Você não precisa estar presente naquele dia. Tenho certeza de que
isso é traumático o suficiente para você.
Ryan e eu recebemos cópias da ordem de restrição permanente, e com
isso, nosso dia no tribunal estava acabado. Nossa última barreira ainda
estava a nossa frente… passar pela multidão de repórteres e paparazzi que
nos esperava do lado de fora das portas do tribunal.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS

Celebração
— Nós temos que ficar quietos? — O amigo de Ryan, Scott, perguntou
em voz alta.
— Não. Ele desconfiará se o pub estiver em silêncio — eu disse.
Eu estava feliz que tínhamos uma entrada separada na porta de trás
para o nosso apartamento. Ryan jamais verá todo mundo reunido no pub,
até eu trazê-lo para baixo. Ele também não tem motivo para olhar no
quarto de hóspede e acidentalmente ver as bagagens de seus amigos.
Tammy preparou um generoso banquete de comida e sobremesa, e todo
mundo aproveitava a variedade de canapés espalhados pelo balcão do bar.
Todos os nossos amigos estavam aqui, esperando pelo convidado de honra
chegar.
Fui lá em cima esperar pelo Ryan e fiquei aliviada quando ele,
finalmente, passou pela porta. Liguei para Marie rapidamente, para deixá-
la saber que Ryan estava no prédio.
— Oi, amor — ele disse taciturno, dando-me um beijo sem entusiasmo.
Eu sabia por que ele estava triste, mas eu não podia estragar a surpresa.
— O que está errado? Você está de mal humor? — Perguntei, mesmo
sabendo o porquê ele estava assim.
— Mais ou menos. Na verdade, estou puto. Pensei que essas pessoas
fossem meus amigos. Cal e Kelly vão nos encontrar no restaurante, mas
todo o resto têm planos ou desculpas. Até mesmo Kat me evitou!
— Sinto muito — tentei ser simpática.
— Sim, mas… ah, não importa. — Ele jogou suas chaves na mesa da
cozinha. Eu podia dizer que seus sentimentos estavam feridos. — Amanhã
é nosso último dia de filmagens. Todo mundo estará indo embora. Eu
apenas pensei que nós poderíamos nos reunir antes…
Dei um passo mais perto dele e embrulhei meus braços ao redor da sua
cintura.
— Prometo que você terá um bom tempo esta noite. Quando voltarmos
do jantar, tenho uma surpresa especial de aniversário para você. Você terá
que apenas confiar em mim. — Sorri para ele. — Vamos… vamos tomar
uma bebida antes de Mike voltar. Estou planejando deixá-lo embebedado
no seu aniversário.
Ele me seguiu escada abaixo com relutância, reclamando por todo o
caminho que suas fãs loucas vão gritar quando o verem no pub. Nós não
temos mais nosso escudo das fãs de Ryan Christensen trabalhando para
nós; Ryan dispensou Kyle de ser meu segurança tão logo os procedimentos
no tribunal acabaram e Angélica foi presa.
Ignorei suas reclamações e disquei o número de Pete. Era o sinal que
Ryan estavam em seu caminho.
— Por que eu sinto cheiro de comida? — Ele perguntou quando
entramos na cozinha do pub. Sorri, ficando atrás dele, e o empurrando
seus quadris então ele passaria pela porta, entrando no pub.
— Surpresa! Feliz aniversário! — Todo mundo gritou.
Ryan ergueu o rosto quando ouviu todos os seus amigos, que ele pensou
que não se importavam com ele, juntos e esperando. A maioria da equipe
de produção estavam aqui também.
— Ok! Você me pegou! — Ryan admitiu. — Não é à toa que todo mundo
tinha outros planos hoje à noite! — Ele foi de pessoa em pessoa, dando
apertos de mão e abraços. Eventualmente, ele notou seus amigos de longa
data, Matt e Scott, parados no bar.
— Puta merda! — Ryan gritou, dando ao Matt um masculino aperto de
mão e um abraço. — Que porra? Quando no inferno vocês chegaram aqui?
A reação de Ryan era exatamente como eu esperava que fosse. Ele
estava exultante e totalmente surpreso.
— Nós chegamos aqui essa manhã — Matt informou. — Sua adorável
namorada ali nos pegou no aeroporto.
— Porra cara, é bom ver você! — Ryan estava abraçando Scott agora.
Andei até Ryan e ele passou seu braço ao redor do meu ombro.
— Não posso acreditar que você fez tudo isso! — Ele me deu um grande
beijo.
— Feliz aniversário, amor! — Eu sorri.
— Quanto tempo vocês vão ficar na cidade? — Ryan perguntou ao Matt.
— Vamos embora no domingo — Matt afirmou.
— Porra cara, isso é demais! Não posso acreditar nisso! Onde estão
ficando? Tar, onde eles estão ficando?
— Vamos ficar com você — Scott o socou no braço. — Assim não temos
que ir a qualquer lugar e ser carregados.
Ryan olhou para mim, aparentemente para confirma que Scott dizia a
verdade.
— Matt e Laura ficarão no quarto de hóspede e Scott ficará no sofá.
Suas malas já estão lá em cima. Eu não vi necessidade de eles ficarem em
um hotel — dei de ombros.
Ryan embrulhou seus braços pelos meus ombros para me dar um
abraço.
— Obrigado — ele sussurrou em minha orelha.
— Eu te amo tanto!
— Vamos aniversariante! Todo mundo está esperando por você. É hora
de começar esta festa! — Puxei sua mão para ele me seguir.
— Cory! Encha-as! — Apontei para a bandeja com as taças de
champanhe no balcão do bar.
— Espere! Não posso ficar muito bêbado esta noite. Nós temos as cenas
finais amanhã — Ryan informou.
— Você ouviu isso, Kenneth? Cal gritou ao diretor do filme. — Ryan não
quer ficar muito bêbado esta noite, pois ele tem que trabalhar amanhã.
Kenneth sorriu e gargalhou alto.
— Na verdade Ryan, tenho uma grande confissão a fazer. Nós… ahh…
terminamos hoje. As cenas que você tem amanhã, são falsas. Você é o
único que não sabia que hoje era o último dia na locação aqui.
— O que? — Ryan parecia totalmente confuso. — Então toda aquela
merda sobre o guarda-roupa e então você me mandou para o trailer de
maquiagem… era tudo besteira?
Kenneth sorriu e acenou.
— Eu passei duas horas sentado naquela cadeira! Duas horas enquanto
Mia me pintou! — Ryan gritou de brincadeira. Comecei a rir e apontei para
a sala de sinuca, onde Mia, maquiadora, estava parada.
— Ei, eu tinha que tirá-lo do ser de alguma forma! — Kenneth riu.
— Você estava nisso também? — Ryan olhou para mim. Seus olhos
questionando minha participação.
— Nisso? — Kenneth gargalhou. — Ela orquestrou tudo!
— Ei, não vou levar todo o crédito. — Defendi. — Eu tinha um monte de
cúmplices. Todos de pé nesta sala estavam nisso.
Cory e eu servimos taças de champanhe para todos.
Pete bateu levemente com uma colher em sua taça para ter atenção de
todos. Ele levantou sua taça no ar para fazer um brinde.
— Ao Ryan… um grande homem e um grande amigo? Que você seja
abençoado com uma ótima saúde! Não, espere — ele fez uma pausa. —
Não acho que não precisa disso. — Ele apertou o bíceps de Ryan. Seus
olhos estreitaram para refletir sobre sua próxima declaração. — Bem, que
tal… ao Ryan, que você seja abençoado com uma grande riqueza! Não,
pensando nisso, você é muito rico também!
Ryan começou a rir. Ele parecia ligeiramente embaraçado.
— Já sei… já sei. Ryan, pelo seu aniversário, que você seja abençoado
com o amor de uma grande mulher! Espere! Merda! Você já tem isso
também! — Pete apontou um dedo para mim. — Bem, que inferno? — Pete
choramingou, fingindo seu desgosto.
Todo mundo riu com o brinde de Pete.
Pete olhou para todos os rostos no pub, acenando sua taça no ar e
disse:
— Ao Ryan, que você fique tão bêbado hoje à noite que você vomite em si
mesmo, seu bastardo sortudo!
— Aqui, aqui! — Nossos amigos levantaram suas taças.
Ryan pegou-me pela mão e nós nos misturamos com os nossos
convidados. Ele estava ansioso para falar com Matt e Scott já que ele
raramente os vê.
— Ryan, esta é minha namorada, Laura — Matt disse.
Laura apertou a mão de Ryan. Eu estava curiosa para ver como ela iria
reagir e fiquei muito aliviada quando ela manteve sua postura. A última
coisa que eu queria era uma fã risonha dormindo no quarto ao lado do
nosso, esta noite.
— Homem, cadê todas as mulheres solteiras? — Scott olhava em volta
pelo pub. — Você chama isso de festa? — Ele provocou Ryan.
— Laura, por que você não vem comigo. Vamos deixar os caras
conversarem — acariciei as cosas de Ryan e fui em direção aos meus
amigos.
— Então, você realmente namora Ryan Christensen, hein? — Laura
perguntou.
Eu errei o julgamento… talvez ela seja uma fã depois de tudo?
— Então, você está namorando seu melhor amigo, hein? — Sorri para
ela.
— Sim, acho que estou! — Laura falou em voz alta.
— Você viu seus filmes? — Perguntei, meio esperando sua resposta.
— Sim — ela acenou e continuou quietamente — mas entre você e eu,
eu não entendo o que toda essa excitação significa.
Não pude evitar de rir.
— O que é tão engraçado? — Kelly perguntou.
Mantive o comentário de Laura para mim mesma e a apresentei para o
resto do pessoal ao invés disso.
— Ryan disse que você está vindo para L.A. com ele em dezembro —
Kelly disse alegremente. — Nós vamos ter muita diversão!
— Kelly… — acenei com a cabeça assim podia falar com privacidade. —
Eu preciso de um vestido para a festa. Você acha que pode me ajudar a
achar algo apropriado antes de você ir para Califórnia?
Pensei sobre a única loja de roupas formais que eu conhecia, que estava
entre Seaport e Providence. Será meu campo de caça.
— Por que não vamos comprar o vestido quando você vier para L.A.?
Que é o melhor lugar para achar um vestido de designer — Kelly retorquiu.
— Não preciso de um vestido de designer, só preciso parecer bem.
— Você será fotografada no braço de Ryan Christensen. Você precisa de
um vestido de designer — ela insistiu. — Não se preocupe, terei certeza
que você pareça absolutamente maravilhosa!
Olhei na direção do bar e notei um bando de caras ao redor de Ryan.
Eles estavam todos tomando doses de novo.
— Ben, Kenneth… venham aqui! — Ryan gritou alegremente.
— Ele vai vomitar hoje se continuar com isso! — Marie riu.
— Ele não estará sozinho. — Levantei minhas sobrancelhas, balançando
minha cabeça na direção de Ryan. — Todos os nossos homens estão lá
tomando doses. É uma boa coisa que nenhum deles têm de dirigir hoje.
— Onde você conseguiu esse bartender fofo, Taryn? — Kat perguntou.
Meus olhos piscaram de volta ao bar.
— Aquele é o Cory. Eu o contratei para trabalhar nos fins de semana,
embora está se transformando a quase um trabalho em tempo integral
agora. Marie e eu pensamos que as fãs de Ryan iriam apreciar olhar para
algo além de nós. E para dizer a verdade, é confortante ter um homem
trabalhando aqui. A adoração assustadora das fãs tem que parar.
— Falando em assustador, onde estão as gêmeas psicóticas? — Marie
perguntou, notando que Suzanne e Francesca estavam ausentes.
— Não sei e realmente não me importo! — Admiti.
— Devemos fazer todo mundo comer — Tammy aconselhou. Eu a ajudei
a destampar todas as bandejas com os pratos quentes. Logo, uma longa
fila se formou por comida quente.
Ryan se enfiou na fila atrás de mim. Ele passou um braço pelo meu
peito e sussurrou em meu ouvido:
— Obrigado pela minha festa! Você realmente me pegou! — Sua mão
livre me bateu no traseiro.
Mike, o segurança pessoal de Ryan, andou até nós enquanto estávamos
na fila.
— Acho que você não estará nos levando para jantar hoje! — Ryan
provocou.
— Não hoje à noite. Sou apenas um convidado. Mas eu preciso falar com
você. — Seu tom se tornou sério. — Acabei de receber uma ligação do
motorista de Suzanne; ela e Francesca estão a caminho. E apenas para
você saber, elas passaram um bom tempo no bar do hotel antes de
requisitar serem trazidas para cá.
Ryan abaixou sua testa no meu ombro. Eu sabia que ele estava preso
em uma situação sem vencedores.
Eu, carinhosamente, acariciei sua mão que descansava em meu tronco.
— Está tudo bem. Elas podem vir, afinal de contas, elas foram
convidadas. As coisas são diferentes agora.
Ryan respirou fundo na minha nuca. Eu podia sentir o whisky e cerveja
misturados com sua ansiedade. Enquanto Ryan e eu fizemos nossos
pratos de comida, pensamentos da dedicação de Mike ao Ryan encheram
minha mente.
— Ryan, para quem Mike trabalha?
Ryan empilhou alguns camarões em seu prato.
— Ele trabalha para uma empresa chamada PSG. Eu acho que significa
Protection Services Group (Grupo de serviços de proteção) ou algo assim. O
estúdio os contratou. Por que você pergunta?
— É a primeira vez que ele trabalha para você?
— Sim. Ele foi designado para mim quando chegamos aqui. É a mesma
empresa que Kyle trabalha. Acho que eles são globais ou algo.
Nós nos sentamos na mesa para comer. Ele olhou para mim, esperando
que eu continuasse.
— Ele é realmente dedicado a você. E você parece ter um ótimo
relacionamento com ele. Eu estava apenas imaginando quanto tempo ele
vem protegendo você.
— É engraçado você mencionar isso. Eu já falei com Mike sobre
trabalhar para mim. — Ryan apertou minha coxa e encolheu os ombros. —
Em qualquer lugar que eu vá, tenho pessoas pairando ao meu redor. É
difícil se sentir seguro quando você não conhece ou confia na pessoa que
supostamente tem que te proteger.
— Bem, eu gosto da maneira que Mike cuida de você. Me fará sentir
melhor, saber que alguém assim estará te guardando em todo o tempo.
— Sim, concordo. — Ryan afagou meu cabelo. — Vou ver o que posso
fazer.
Frank e o resto da banda “Being Frank” começou seu primeiro ser no
palco. Eu abaixei o volume do sistema de som, assim a música ainda
tocaria, mas não precisaríamos gritar um com o outro para conversar.
— Você contratou uma banda? — Ryan perguntou entre mordidas. Ele
balançava a cabeça. Sorri para ele enquanto eu ainda mastigava.
— Feliz aniversário, amor!
— E você me deu merda quando eu trouxe seus brincos — ele franziu os
lábios. — E então você vai e faz algo assim. — Ele olhou para mim com
uma expressão séria, mesmo que eu achava que ele estava me provocando.
— Eu vou comprar para você um fodido e grande diamante agora, só para
te irritar.
Seu comentário absurdo me fez revirar os olhos. Coloquei minha mão
em sua bochecha e lhe dei um beijo rápido.
— Não ouse! Eu não quero um fodido e grande diamante. Eu só quero
você.
Ryan abruptamente puxou minha cadeira para perto e enroscou suas
pernas ao redor. Ele me encarava de forma intensa, então coloquei meu
garfo para baixo e lhe dei minha total atenção. Ele deslizou sua mão pelas
minhas costas e tomou meu queixo em seus dedos. Seus dedos brilharam
nos meus lábios antes que ele me beijasse.
— Eu te amo — ele murmurou. — Nunca duvide disso.
— Feliz aniversário, Ryan — Suzanne gritou, rudemente interrompendo
nosso momento. Ela estava pronunciando suas palavras enquanto tentava
abraçá-lo sem jeito. — Nós não tínhamos certeza de conseguir vir esta
noite.
Ryan mal se virou para agradecê-la por ter vindo. Ele suavemente
sugeriu que elas pegassem algo para comer ou invés de bebidas.
— Ei, quem é a loira gostosa? — Scott perguntou a Ryan de passagem.
— Você gostou? — Ryan o provocou. — Vá e a tenha. Sorte para você.
Scott, avidamente, correu em direção à Suzanne.
Eu ri, assistindo Scott seguindo Suzanne como um cachorro
desesperado. Eu ainda estava ponderando sobre a reação de Scott com
Suzanne quando notei Kyle parado na porta. Ele conversava com Mike e
ele já tinha uma cerveja em sua mão. Eu estava surpresa que perdi sua
chegada. Eu não esperava que ele aparecesse.
Ryan deu uma segunda olhada quando ele se virou para ver o que eu
estava olhando.
— O que Kyle faz aqui? — Pela maneira que Ryan disse, eu sabia que ele
estava irritado pela presença de Kyle.
— Eu o convidei — eu o informei. Minhas palavras pareciam mais como
uma confissão.
Ryan me encarou com um olhar fixo.
— Tenho planejado sua festa por algumas semanas, amor — admiti. —
Eu o convidei quando ele ainda trabalhava para nós.
— Ei, Ryan, feliz aniversário! — Kyle esticou sua mão. Eu podia ver uma
dica de desafio em seu gesto.
— Kyle — Ryan disse de modo liso e balançou a cabeça. Assisti
enquanto os dois colocaram esforço extra, em quão duro eles apertavam a
mão um do outro.
— Taryn, você acha que eu poderia falar com você por um segundo? —
Kyle acenou para eu segui-lo.
— Onde vocês vão? — Ryan perguntou, me fitando com um olhar
zangado.
— Eu não sei. Ele quer falar comigo. Vou ali. — Respondi, imaginando o
que era esse novo tom cortante.
— Ei! — Kyle inspirou. — Então, como vai você?
— Estou bem, obrigado! — Tentei ser amigável sem parecer muito
excitada em vê-lo. — Como está você?
— Estou bem. Tenho pensado em você. Tenho estado um pouco
preocupado com você, na verdade. Nós não conversamos realmente depois
da audiência no tribunal. — Seus olhos foram rapidamente até Ryan, que
estava inclinado no bar, nos encarando. — Eu estava esperando que o
incidente e os procedimentos no tribunal não a abalou muito. Então, você
está bem desde então? — Ele perguntou, focando toda a sua atenção em
mim.
Kyle ignorava o olhar fixo de Ryan. Eu, no entanto, podia sentir os olhos
de Ryan queimar buracos nas minhas costas. Eu sabia que Ryan estava
um pouco intimidado por Kyle, mas ainda assim ele não tinha nenhuma
razão para estar tão ciumento.
— Estou bem — eu disse casualmente. — Foi uma experiência
traumática, mas estou feliz em dizer que não tenho nenhum pesadelo com
isso. Obrigado de novo por estar lá. Eu me senti realmente segura quando
você estava por perto — eu disse, tentando fazer um cumprimento. — Eu
apreciei você protegendo Ryan e eu.
— Sim, claro. É meu trabalho — ele disse com um tom desconsiderado.
— Algumas outras fãs causando problemas para você?
— Não, mas os negócios com o pub estão pegando — eu de bom grado
admiti. — Eu tenho um porteiro a cada noite agora.
Kyle riu.
— Sim, a calçada lá fora está cheia de desapontamento. As fãs estão
com o coração quebrado que você está fechada ao público esta noite.
— Têm muitas lá fora? — Estiquei meu pescoço para ver se os corpos
eram visíveis do outro lado da minha janela da frente.
— Bastante. Elas estão em sua reunião do Clube obsessivo — ele bufou.
— Ótimo! A próxima coisa que vamos saber é que elas estarão
organizando arrecadação de fundos e vendendo bilhetes de loteria.
— Imagino se elas venderão biscoitos? — Kyle brincou. — Eu realmente
gosto daqueles de chocolate com menta. Eles são bons para mergulhar no
leite.
— Acho que elas podem contar com seu apoio então, hein? — Provoquei.
— Você provavelmente comprará uma ou duas caixas, certo?
— Claro! Por que não? Parece que é uma boa causa — ele gracejou.
Sorri para sua pequena provocação em Ryan.
— Aquela banda ali é realmente incrível! — Kyle afirmou
entusiasticamente. Ele batia seu dedo em sua garrafa de cerveja. — Você
realmente organizou uma festa legal.
— Obrigado! Foi um pouco complicado, mas eu acho que consegui. —
Olhei em volta para a grande reunião. Meu pub estava cheio; todo mundo
parecia se divertir.
— Você sabe, meu aniversário é em abril. Sinta-se livre para me jogar
uma festa assim. — Kyle me bateu com o cotovelo quando tomou um gole
de cerveja.
— Então você está aqui com um encontro? — Perguntei, procurando por
uma mulher vagando.
— Não — ele afirmou desconfortável. — Por que está me olhando assim?
— Eu estava apenas imaginando por que alguém como você não tem
uma namorada, só isso.
Ele olhou para mim como se minha pergunta fosse ridícula.
— Não faça essa cara para mim! — Eu o provoquei. — Então?
— Eu não sei — Kyle resmungou. — Talvez eu seja muito tímido?
Eu zombei.
— Sim, certo! Eu não acho que seja um problema para você.
— Talvez eu seja muito exigente — ele adicionou, tomando outro gole da
sua cerveja. — Está difícil achar o pacote completo esses dias.
— Bem, escreva sua lista de requerimento; tenho certeza de quem uma
garota ou duas lá fora na calçada que chega perto — eu debochei.
— Nah. Eu não tenho que andar tão longe para achar o que estou
procurando — ele afirmou diretamente enquanto me olhava nos olhos.
Eu estava prestes a fazer um comentário espirituoso de volta quando o
sorriso de Kyle desapareceu. Senti uma mão deslizando pelo meu cotovelo;
Ryan estava me reclamando.
— Taryn… amor, tem algumas pessoas que eu gostaria de lhe
apresentar, se você já terminou com sua conversa aqui? — Ryan indagou.
O tom do seu comentário claramente indicava que eu estava terminando
minha conversa, agora.
Eu estava apreciando conversar com Kyle, mas aparentemente a
tolerância de Ryan chegou ao limite.
— Acho que vou falar com você mais tarde — Kyle disse, ligeiramente
irritado. Ele tentou parecer não afetado pela atitude de Ryan, mas a raiva e
ressentimento era evidente.
— Desculpe-me, Kyle. Por favor, aproveite a festa. — Sorri gentilmente,
tentando esconder meu embaraço.
Ryan segurou minha mão e me puxou pela multidão. Ele estava me
rebocando para o salão de sinuca, mas eu puxei-o para o espaço vazio pela
porta da cozinha em vez disso.
— O que? — O tom de Ryan era seco.
— Qual é o problema, amor? — Perguntei docemente, contendo a raiva
que estava começando a inchar. Era hora de termos essa discussão. Eu
deixei passar quando ele dispensou Kyle, mas sua atitude ciumenta
precisava parar.
— O que você quer dizer? — Seus olhos estreitaram, olhando para mim
como se ele não tivesse entendido minha pergunta.
— Eu apenas falei com ele. Eu não entendo o motivo de você estar assim
— sussurrei, pensando que ele não confia em mim.
— Eu não gosto da maneira que ele olha para você, tá bom? — Ele
rosnou.
— Eu não entendi. Como ele olha para mim, Ryan? — Ele estava sendo
ridículo.
Ele bufou para mim, como se eu estivesse perdendo o ponto.
— O que? Você não vê? Tenho bastante certeza que você sabe quando
estão te passando uma cantada, Taryn.
Revirei meus olhos.
— Por favor — Eu esbravejei.
— Eu apenas não quero que você, acidentalmente, lhe dê a impressão
errada, só isso — ele disse com calma. Suspirei pesadamente.
— Ryan, eu te amo. Não há nenhuma razão para você desconfiar de
mim.
— Eu confio em você, mas eu não confio nele. — Ryan acenou com o
queixo na direção de Kyle.
Quando olhei por cima do ombro, Kyle tinha um sorriso coquete em seu
rosto e levantou sua garrafa de cerveja para nos cumprimentar.
— Você está preocupado por nada — eu resmunguei. — Agora podemos
voltar e ter um bom tempo?
— Sim, eu acho — Ryan murmurou. — Sinto muito.
— Apenas cale a boca e me beije, seu idiota! — Eu provoquei, deslizando
meus dedos nos bolsos da frente dos seus jeans.
— Aqui está ele! — Tammy gritou. Ela se apressou para onde
estávamos. Ele agarrou um dos braços de Ryan; Marie forçosamente
removeu seu outro braço da minha cintura.
— É hora de assoprar suas velas, aniversariante! — Marie anunciou
conforme elas o arrastaram até a mesa de comida.
Tammy assou um enorme bolo de aniversário e nós todos cantamos
para o Ryan antes de ele soprar as velas.
Todos estavam tendo um ótimo tempo; as pessoas estavam dançando,
jogando sinuca e jogando dardos. Os amigos de Ryan tentavam deixá-lo
bêbado, mas ele atingiu seu limite quando se recusou a tomar qualquer
dose.
Eu fiz a coisa da namorada perfeita e fiquei o mais longe possível de
Kyle, mesmo pensando que ele tentou falar comigo várias vezes.
Notei que Suzanne e Francesca sentaram-se no bar a noite toda. Cory
estava inclinado no bar, flertando firme com Francesca. Ele foi além,
tocando seu cabelo algumas vezes. Ela sorria e fingia estar tímida, mas ela
estava definitivamente envolvida nos avanços de Cory.
Scott e Suzanne estavam flertando bastante. Ela o tocava, apertando
seus braços musculosos e rindo para cada coisa que ele dizia.
Apesar das aparências exteriores, ela ainda sabia onde Ryan estava em
todos os momentos.
Estava ficando tarde e vários dos nossos convidados já tinham saído.
— Você se importa se eu sair? — Cory perguntou, seus olhos deslizando
na direção de Francesca. Suzanne e Scott praticamente lutavam um com o
outro; eles não podiam mantes suas mãos para si mesmos. Francesca
parou na porta, esperando impaciente e encarava Cory enquanto ele falava
comigo.
— Elas nos convidaram para ir até seu hotel — ele admitiu.
Por alguma razão, não fiquei muito surpresa.
— Vá em frente. Divirta-se. Espere, você estava bebendo? — Perguntei.
— Sim, está tudo bem, embora, parei de beber a um tempo atrás. Eu
quero lembrar de cada detalhe das próximas horas, se você sabe o que
quero dizer!
Cory sorriu presunçosamente e piscou seus olhos de volta até
Francesca.
— Vou trazer o amigo de Ryan de volta amanhã.
— Ei, o que eles estão fazendo? — Ryan parou de repente em seu
caminho e virou de volta quando notou Scott saindo. Scott nem mesmo
avisou Ryan; ele estava completamente focado em suas coisas.
Lentamente, o resto dos nossos convidados partiram e eram quase três
horas da manhã quando eu desliguei as luzes. Planejei limpar o pub de
manhã. Eu tinha coisas mais importante para lidar.
Matt e Laura estavam arrumados confortavelmente no quarto de
hóspedes. Fechei a porta do nosso quarto e sorri com descrença.
Meu aniversariante estava espalhado em nossa cama, usando nada
além de seu terno de aniversário 24 e um sorriso ligeiramente bêbado…
esperando pelo seu presente de aniversário.

24 Terno de aniversário significa nu.


CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Sóbrio
— O que diabos aconteceu ao Scott ontem à noite? — Matt perguntou,
enfiando outro pedaço de bacon em sua boca.
Laura estava tomando banho.
— Ele foi embora com Suzanne — Ryan respondeu. — Talvez ela não vá
ser tão vadia agora. — Ele riu para si mesmo.
— Esperançosamente, Cory deu a Fran algo novo para pensar, também
— pisquei.
Ryan sorriu para mim por cima da sua xícara de café.
Uma vez que todos estavam de banho tomado, vestidos e alimentados,
descemos as escadas para limpar o pub. Eu limpava as mesas quando
Ryan estourou pela porta. Ele começou a retirar o lixo.
— O que podemos fazer para ajudar? — Laura perguntou. Eu estava
agradecida por ter mãos voluntariosas para ajudar a limpar os restos da
festa de Ryan.
— Eu ainda não acredito que você fez isso! — Ryan disse, me beijando
em uma de suas passagens por mim. — Quanto tempo você vem
conspirando pelas minhas costas? — Ele perguntou.
— Por algumas semanas. Seus amigos estavam mais do que dispostos
em participar da surpresa.
— Matt me disse que você o fez procurá-la na internet — Ryan provocou.
— Sim! Ele não acreditou que você tinha uma namorada! — Eu o
cutuquei no estômago e fui atender a porta.
— Ei! Aí estão eles! — A voz de Ryan subiu quando ele viu Cory e Scott
entrando pela porta da frente.
— Cara! O que diabos acontece com todos esses fotógrafos e garotas lá
fora? — Scott apontou para a porta com seu polegar. — Eles nunca vão
embora?
— Não. Eles vivem aqui agora. Eles são como zumbis que não morrem
quando o sol nasce — eu ri com meu próprio comentário.
— Então, como foi sua noite, Scott? — Ryan lhe deu um apertão
provocador no braço.
Os olhos de Scott se estreitaram.
— O que você acha? Eu fiz a porra da sua noite… várias vezes! — Ele
vangloriou-se. — Ela é barulhenta, aquela garota!
Ele segurava um pequeno saco plástico de farmácia na mão.
— Boa coisa que paramos em uma farmácia no nosso caminho de volta.
Estou planejando fazê-la gritar de novo hoje à noite.
O rosto de Ryan enrugou. Ele agarrou o braço de Scott e o arrastou para
a sala de sinuca. Eu não me importava muito com Suzanne, mas ela é a
co-estrela e uma celebridade; ela não tem nenhuma privacidade também.
Já haviam rumores o suficiente e escândalos flutuando ao redor na mídia
sobre o elenco de Seaside. As indiscrições de Suzanne não precisam ser
adicionadas na pilha. Eu tinha certeza de que Ryan lhe diria exatamente a
mesma coisa.
— Francesca e Suzanne estão planejando vir aqui hoje — Cory
calmamente me informou. — Espero que não se importe.
Encolhi os ombros e balancei minha cabeça. Não me incomodava,
enquanto Fran não estava aqui para ver Ryan. Mas eu era sábia o bastante
para saber que coisas como essas têm um efeito cascata poderoso.
— Cory, não vou dizer o que você pode ou não fazer, mas você percebe
que Fran é uma celebridade. Espero que você mantenha suas atividades
privadas com ela, privadas e discretas. Entendeu?
— Sim, entendi. Eu sei onde estou me metendo. Não se preocupe, não
vou ser aquele cara que anuncia as coisas para o mundo. — Ele apontou a
cabeça na direção do Scott. — Francesca é doce e eu nunca faria isso com
ela. Mas eu gostaria de vê-la de novo. E ela quer me ver também, então…
— Cory deu de ombros.
— Apenas mantenha privado. Isso é tudo o que eu peço. Nós todos
estamos sob o microscópio agora — Salientei meu ponto.
— Eu vou. Ei, desculpe eu não posso ficar para ajudar a limpar. Eu
tenho que dormir um pouco. Vou vê-la às quatro. — Cory disse, colocando
seus óculos escuros. — Oh, e antes que eu me esqueça, eu já falei com
meu colega de quarto. Ele cobrirá a porta hoje à noite.
— Cory já saiu? — Ryan me perguntou alguns momentos mais tarde.
Eu acenei.
— Droga. Eu queria falar com ele também.
Eu sussurrei para o Ryan:
— Eu falei com ele. Eu o lembrei de manter seus negócios pessoais em
privado e discreto. Você pode querer falar com Matt e Laura sobre
confidencialidade também.
— Eu já falei — um pequeno sorriso abriu em seus lábios.
O início da tarde passou rapidamente. Levou várias horas para limpar a
bagunça e eu passei o esfregão em todos os pisos e até mesmo limpei os
banheiros.
Ryan sugeriu várias vezes que eu contratasse uma empresa para limpar
o pub todo dia, mas eu estava acostumada a cuidar do serviço trabalho
pesado eu mesma.
Scott desmaiou em no quarto de hóspede lá em cima; acho que ele não
dormiu muito na noite passada também. Ryan, Matt e Laura estavam
descansando na sala, assistindo televisão. Eu entrei na internet.
— O que está fazendo, amor? — Seu tom indicando que ele estava
desapontado.
— Checando as coisas.
— Por que está procurando? — Ele resmungou, preocupado.
Olhei para ele e calmamente respondi:
— Por que sua imagem pública é minha preocupação também. Antes
que eu esqueça de te dizer, Francesca e Suzanne estão vindo hoje. Nós
vamos precisar de segurança no bar. Você quer Mike aqui?
Ryan não respondeu. Ele apenas andou para longe.
Cliquei em um link e fui direcionada para um site de uma revista de
fofoca. A manchete “O caso de amor de Ryan Christensen” chamou minha
atenção. O site tinha várias fotos de Ryan e Suzanne se beijando, Ryan e
eu andando pela calçada e a foto dele com aquela garota do encontro
jantar em Manhattan. A história praticamente o acusava de ser um
playboy imprudente. As palavras “está em campo” foram incluídas no
artigo.
Cliquei em outro link e eu estava agora vendo imagens de Ryan
beijando, sorrindo, se inclinando e segurando Suzanne. A manchete dizia
que seu caso de amor ainda estava forte.
Cliquei no botão de voltar e cliquei em outro link. Esse descrevia meu
novo segurança, Kyle, sendo o novo homem em minha vida e como Ryan
estava furioso e ciumento. Havia uma foto de Kyle e eu entrando juntos
pela porta de trás do meu pub. O artigo postou uma foto aleatória de Ryan
parecendo com raiva. Tudo feito para chocar, eu suponho. A história soava
como se eu estivesse traindo Ryan.
O último clique que dei mostrou uma foto de Ryan e Suzanne se
aconchegando em uma cama. Parecia que eles estavam nus, embora só se
podia ver os ombros nus de Suzanne. Boa parte do torso nu de Ryan
estava exposto.
Pulei quando Ryan colocou sua cabeça próxima a minha.
— Desligue isso antes que eu jogue seu maldito laptop pela janela — ele
murmurou sua raivosa ameaça em minha orelha. Eu desliguei a internet
rapidamente. Ryan me agarrou pela cintura e me puxou da cadeira. Nós
andamos pelo corredor até nosso quarto.
Ele fechou a porta atrás dele com força extra e me encarou.
— Quanto tempo você vem surfando na internet desse jeito? — Ele
rosnou entre seus dentes cerrados.
Não respondi. Sua raiva me pegou de guarda baixa.
— Por que infernos você está olhando merda na internet? Você precisa
de mais razões em sua cabeça para não confiar em mim?
— Por favor mantenha sua voz baixa. Nós temos convidados, lembra?
Sinto muito — sussurrei. Eu me sentia horrível por chateá-lo.
— Eu tenho tentado tão duro, me certificar que nosso relacionamento
fique na linha, sabendo que temos mais obstáculos que a maioria. E então
eu vejo você fazendo essa merda! Que porra, Taryn?
Eu não sabia como explicar completamente minhas ações.
— Eu estava curiosa para ver o que estão dizendo ao público.
Eu estava tão envergonhada que minhas palavras eram quase
inaudíveis.
— Sinto muito. Eu não vou fazer isso de novo.
— O que mais você precisa saber? Essa é sua vida, aqui mesmo! Está
acontecendo agora mesmo! Estou parado neste quarto com você. Não
estou lá fora naquelas fotos. Não dou uma merda para o que estão dizendo
ao público!
— E se a situação fosse inversa e as revistas estivessem publicando
histórias que eu sou uma vadia que está transando com três diferentes
caras de uma vez? Você não acha que iria te deixar preocupado? —
Perguntei.
— Mas você não está! E eu certamente não estou fazendo aquelas coisas
que estão me acusando. Eu não tenho controle sobre o lixo que eles
publicam.
— Sim, você tem. — Eu pensei sobre várias maneiras de ele pudesse
chegar ao ponto através do mundo que ele o tipo de homem de uma
mulher só, que ele, de fato, era atualmente envolvido com apenas uma
mulher, mas ele teria que fazer esse movimento por si mesmo.
— Como? — Ryan latiu.
Eu me acovardei e mordi minha língua.
— Eu pensei que você tinha uma publicitária? — Declarei calmamente.
Ele zombou.
— Se todos esses fãs de Seaside querem fantasiar que eu estou
realmente vivendo a merda que filmam, que eu e Suzanne somos co-
estrelas e amantes, o que eu deveria fazer sobre isso? Fazer uma
declaração pública dizendo que elas estão iludidas? — Ele jogou suas
mãos para o ar.
— E aquela foto de mim e aquela garota de New York, aquela pequena
foto ainda está rolando, há anos. Aquelas revistas lixo vão dizer que eu
estou traindo você com ela um dia desses! — Ele respirou profundamente.
— Você tem que perceber que alguma merda dessas são impressas
especificamente para gerar reação do público. Eles vão postar imagens de
mim e Suzanne apenas para manter o público interessado no filme. Eles
vão imprimir merdas só para manter minha carreira controversa e fresca.
Eu posso ter que fazer coisas que podem te deixar chateada, apenas para
pegar o interesse do público. É tudo parte do jogo.
Ele se sentou na cama, olhando para mim.
— Amor, nosso relacionamento ter que ser construído com confiança.
Essas coisas vão apenas derrubá-lo.
Olhei para baixo, para minhas mãos. Ele estava certo; meu
comportamento era incorrigível, mas eu não estava sozinha aqui. Ele
pegou minha mão e a pressionou em seu peito.
— Isso… isso é real.
— Então se o seu time de relações públicas pedir a você para foder
algumas atrizes para pegar o interesse do público, é o que você está
disposto a fazer para manter sua carreira controversa? Eu só quero
esclarecer até onde você está disposto a ir.
Seu tom era irritado e sarcástico.
— Sim, Taryn. Eu vou jogar fora nosso relacionamento, esquecer que
estou apaixonado por você e foder todas as mulheres que jogarem suas
pernas para o ar. É isso que você quer ouvir? É isso que você precisa
acreditar que eu sou? Igual ao seu ex-noivo? Que eu não sou diferente de
qualquer outro idiota que já traiu você?
Desviei o olhar e estremeci pela picada de suas palavras. Isso foi um
golpe baixo, mas de alguma maneira, eu mereci. Dor quebrou em meu
peito e lágrimas de vergonha se formaram em meus olhos.
Ele levantou da cama e se ajoelhou na minha frente.
— Eu não sou eles, Tar. Eu não sei mais o que fazer para você ter fé me
mim. Por que você não confia em mim?
— Eu confio em você — murmurei, limpando a lágrima da minha
bochecha. — Toda essa conversação não tem nada a ver com confiança.
Há apenas muitas influências lá fora. É difícil lidar com tudo. — Olhei em
seus olhos. — Ryan, sua vida é pública. Eu quero saber o que está dito
sobre você. Eu quero protegê-lo de todas as adagas que voam em sua
direção. Cobrindo você com mentiras. — Peguei um lenço de papel da
caixa no meu criado-mudo e limpei meu rosto.
— Você não pode me proteger disso, você está em desvantagem — ele
disse, derrotado.
Respirei profundamente.
— É mais do que isso. A outra razão que eu olho é: às vezes eu sinto
como se vivesse com duas pessoas… o homem que estou apaixonada e
algum outro cara que mal conheço. As sessões de foto, estreias, aparições
públicas, propaganda nas revistas, entrevistas, tudo isso está aqui
também. — Pressionei minha mão de volta em seu peito. — Eu olho então
posso entender tudo isso; então posso me conectar e estar apaixonada por
você inteiro.
Ryan esfregou seu rosto e suspirou.
— Eu não vejo dessa forma. Desculpe-me por grita com você — ele
sussurrou, olhando solenemente nos meus olhos.
Funguei minhas lágrimas de volta e reconheci suas desculpas com um
aceno.
— Eu não quero que sua mente fique nublada com mentiras, Taryn. Isso
é tudo. — Ele pegou minha mão, embrulhando-a na dele. — É tão fácil
fabricar histórias para parecerem acreditáveis. Eles até mesclam imagens
tentando passá-las como reais.
— Independentemente, Ryan, todas aquelas fotos reais de você, todas
aquelas poses, retratos e propagandas nas revistas, são todos pequenos
pedaços de você, de quem você é, de coisas que você está passando, coisas
que você vivencia. Tudo isso é um lado de você que eu não conheço. De
algum jeito me ajuda a entendê-lo.
Ele soltou outro suspiro e bateu com nossas mãos unidas em sua testa.
Ele olhou nos meus olhos.
— Acho que essa e a parte onde eu peço desculpas e nós nos beijamos e
damos um amasso — ele sugere suavemente.
Eu me mexi um pouco, ainda limpando as lágrimas restante das minhas
bochechas.
— Acho que essa é a parte que nós percebemos que ainda há muito a
aprender sobre o outro. É preciso muito mais do que amor físico para
manter as pessoas juntas.
Ele se endireitou na minha frente, me puxando da cama pelas minhas
mãos.
— Você está certa — ele concordou. — Sinto muito por explodir isso em
você.
— Sinto muito por te dar uma razão para fazer isso, mas espero que
você veja os motivos que eu procuro e não fique chateado comigo se eu
fizer de novo.
Ele balançou a cabeça, exalando duramente.
— Você verá coisas e pensará que são verdades. Eu realmente gostaria
que você não fizesse.
Passei as próximas horas tentando parecer feliz em frente dos nossos
convidados, tomando cuidado para não deixar transparecer que eu ainda
ponderava sobre a discussão que eu e ele tivemos. Suzanne e Francesca
apareceram mais tarde à noite; hoje era a última noite delas em Seaport.
Ambas têm aviões para pegar no dia seguinte.
Scott tentava encher Suzanne com bebidas, suponho que para soltá-la
novamente, contudo ela continuava observando cada movimento que Ryan
fez.
Ela flertava com Scott e então checava para ver se Ryan estava
observando. Infelizmente para ela, Ryan tinha outras coisas em mente, ele
estava preocupado com as fãs.
Não demorou muito para notícia de que Ryan Christensen estava no
Mitchell Pub se espalhasse de novo. As garotas começaram a chegar em
massa. O amigo de Cory, Trevor, trabalhava na porta para mim, e depois
de algum tempo tive de impedi-lo de deixar as pessoas entrarem; nós
estávamos cheios o suficiente de mulheres obcecadas.
Ryan fazia seu melhor para lidar com isso. Eu podia vê-lo tentando se
divertir, se misturar e não se preocupar com a atenção extra que tinha,
mas ele tinha de trabalhar isso.
Suzanne não gostou nada quando Scott saiu do seu lado para se tornar
o braço direito de Ryan. Só por ficar parado perto de Ryan, providenciou
ao Scott com uma calorosa seleção de novas mulheres para conversar. Não
demorou muito para ela deslizar entre Ryan e Scott.
— Taryn?
Ouvi meu nome ser chamado. Uma voz de mulher, com sotaque francês.
Francesca acenou seus dedos para mim.
— Sim, Francesca? — Perguntei, tentando ser educada.
— Posso falar com você em particular? — Seus olhos tentaram avaliar
minha reação.
Ryan, é claro, nos percebeu passando pela porta da cozinha. Gesticulei
minha confusão, silenciosamente respondendo seu olhar questionador.
— Eu só queria me desculpar com você — ela disse. — Eu tenho te
tratado mal e injustamente e eu sinto muito. — Ela parecia sincera.
— Está tudo bem — respondi, tentando soar tão sincera quanto. — Não
se preocupar com isso.
— Você provavelmente sabe que eu gosto de Ryan por um longo tempo,
mas eu sei que ele não se sente do mesmo jeito que eu. — Sua admissão
me fez encarar o chão.
— Ele merece ser feliz e eu posso ver que ele está apaixonado por você.
— Seus lábios curvaram em um breve sorriso. — Eu só posso esperar que
eu também tenha essa felicidade um dia.
— Você vai — assegurei.
— Eu estava imaginando… Cory disse algo sobre mim para você?
Sua pergunta me surpreendeu por um momento. Eu me senti como se
fôssemos jovens adolescentes conversando sobre nossas paqueras e ela
procurava por informações de dentro.
— Acho que é seguro dizer que ele gosta de você — eu disse a ela, me
sentindo, de repente, como uma irmã mais velha.
— Eu gosto dele também, muito. Ele é tão legal, doce e lindo, mas… —
ela parou de considerar.
— Mas o que? — Perguntei.
Ela se contorceu, quase com medo de continuar. Ela não precisava.
— Você está com medo do que o público vá pensar — declarei,
apontando o óbvio.
Ela olhou para mim e acenou.
— Como ele te faz sentir? — Questionei, sabendo que havia mais.
Francesca sorriu gloriosamente e pressionou suas mãos em seu
coração.
— Você merece ser feliz também. E a escolha é realmente sua. Cory é
muito ambicioso, mas ele ainda vai colocar suas necessidades acima das
dele e tratá-la como ouro. Ele apenas começou a achar um rumo para sua
carreira. E ele terá sucesso nisso. Mas então há sempre a escolha
alternativa… você pode ficar envolvida com alguém jovem e rico, que
constantemente pensa que a próxima garota que ele pegar será melhor do
que você. — Esperei que ela olhasse para mim novamente.
— Francesca, estou apavorada com o que o público pensa de mim
também — admiti. — Eu sei que as pessoas em todo o mundo sentem que
ele conseguiria melhor do que eu, mas melhor quanto? Alguém com mais
dinheiro… mais fama? São essas coisas que realmente importam quando
se trata de amar alguém completamente e sabendo que, bom, mal, ou
outra coisa, eles vão te amar tanto quanto em troca?
— Não — ela concordou.
— Então, vá ser feliz!
Deixei Cory sair mais cedo aquela noite.
Ryan estava ocupado tentando fazer o jantar quando me juntei a ele na
cozinha, mais tarde no domingo à noite. Seus amigos saíram mais cedo
naquela manhã, para pegar seu voo de volta à Pittsburg e depois de cinco
dias com hóspedes, nós estávamos finalmente sozinhos. Mesmo que Ryan
estava triste por ver seus amigos indo embora, ele sabia que os veria em
alguns dias quando viajássemos para a casa de seus pais, para a Ação de
Graças.
— Cheira bem! — Cumprimentei. — Precisa de ajuda?
— Não! — Ele sorriu bobamente para mim. — Tenho tudo sob controle.
Eu ri sob minha respiração em meu caminho para o banheiro. Ele
estava apenas fazendo hambúrgueres e uma caixa de macarrão com
queijo, mas as bancadas da cozinha eram uma bagunça total. Peguei o
pacote de roteiros da sua mesa de cabeceira e o levei de volta para cozinha.
— Você terminou de ler este? — Olhei para o título na capa — “Behind
the Words”?
Ele olhou para cima do ombro e zombou.
— Não. Não pude terminá-lo. Era estúpido. Não vou interpretar um
escritor Homofóbico que quer uma mudança de sexo.
— Eu ainda acho que você deveria ir atrás desse… The Isletin Solution.
Este aqui é potencial Oscar.
— Este é o próximo que vou ler. É bom? — Ele perguntou, lambendo seu
polegar. — Você terminou de ler, certo?
— Sim, terminei ontem à noite depois que você dormiu. Foi excelente!
— Sobre o que é?
— É a história de dois médicos canadenses que descobriram a insulina e
forçaram o caminho no tratamento da Diabetes. Você será perfeito para o
papel principal de Charles Herbert Best. Ele é um fisiologista e químico —
eu disse, folheando pelo roteiro. — É baseado em uma história verídica.
Foi escrito pelo ponto de vista de Best, mesmo que ele não fosse o cientista
principal na descoberta.
— Ótimo! Outro personagem chamado Charles — ele resmungou.
— Ah, e daí? Você já está acostumado com as pessoas o chamando de
Charles — provoquei.
— Como você sabe todas essas coisas sobre os personagens? Está
escrito no roteiro?
— Não. Eu procurei na internet. Eu estava curiosa.
— Então, você acha que é um bom papel para mim? — Ele perguntou,
secando suas mãos molhadas em um pano de prato e o pendurando em
seu ombro.
— Eu acho que é um papel perfeito para você. Você será capaz de
mostrar uma gama enorme de emoções com esse personagem. Há várias
cenas de cortar o coração. Eles fizeram suas pesquisas em cachorros, e
um dos cachorros, que ele estava realmente ligado emocionalmente,
morreu.
— Soa triste. Você realmente acha que um potencial para o Oscar? —
Ele passou seus olhos pelo roteiro.
— Sim, eu acho. A história é muito atraente e você interpretará um
herói ao invés de uma estrela da ação — afirmei. — Eu visualizei você no
papel o tempo todo que eu lia. É um dramalhão. É o tipo de papel que
ganhar prêmios.
— Desde quando você ficou tão sabida sobre filmes e prêmios? — Ele
perguntou de uma forma provocante.
— Desde que comecei a namorar essa estrela de cinema quente, que
está sendo selecionado em todos esses filmes românticos. Tenho feito
alguma pesquisa sobre atuação e outras coisas — admiti.
— Muito bem, coloque este no topo da pilha. Vou falar com Aaron e
David… ver o que eles acham.
— Você não quer ler primeiro? — Eu estava surpresa que ele ia apenas
levar minha opinião sobre isso.
— Eu confio em você — ele sorriu.
— Você leu este aqui… Gordon’s Way? — Perguntei, olhando para ele,
curiosa. — Eu não vi este roteiro antes.
— Sim, eu li na durante a semana passada. Foi enviando ao set. Eu
realmente gostei desse, mas Aaron me disse que eles já assinaram com
Chase Westwood, então esse está fora.
— E qual são seus pensamentos sobre Bottle of Red? — Tirei o roteiro
da pilha. Foi o primeiro que eu li.
— Fraco — ele respondeu secamente.
— Concordo. F. O. R. A. Fora. Sacred Mountain? — Continuei cavando
através da pilha.
— Sobre o que é esse mesmo? — Ele perguntou, provando a comida no
fogão.
— Uma base secreta de alienígenas nas montanhas.
— Oh, sim. Esse é um sci-fi pesado. O que você achou? — Ele
perguntou, quase soando esperançoso. Contorci meus lábios e zombei.
— O que é essa reação? — Ele contradisse.
— Alienígenas? — Eu acho que revirei meus olhos. — Será um enorme
desvio dos papéis que você está pegando. Isso é algo que te interessa?
Ele encolheu os ombros. Ele parecia inseguro de sua direção.
— Ryan, qual é o seu objetivo aqui? Quero dizer, quando você sonhava
em ser ator, que tipo de ator você queria ser?
— Brando! — Ele declarou com admiração. — Eu queria ser Marlon
Brando. O Poderoso Chefão, você sabe! Nem posso dizer quantas vezes me
olhei no espelho enquanto tentava imitá-lo. Ele foi a razão pelo qual eu
queria subir no palco e atuar. — Ryan se sentou na mesa comigo. —
Quando fiz o primeiro Seaside, eu estava pensando em Gary Cooper, em
como ele teria feito. Eu só posso esperar em estar nesse nível como ator
um dia. Isso seria o máximo!
— Muito bem, essa é sua direção. Se essa é a percepção que você quer
que as pessoas tenham quando pensem em você como ator, então você
precisa se posicionar corretamente nos papéis certos. Isso não é algo que
sua agente e seu gerente deveriam estar ajudando? Quero dizer, alguns
destes roteiros… bem, eles não vão levá-lo lá.
— Eles estão apenas tentando me conseguir alguns trabalhos, então eu
posso fazer o meu nome. É difícil. Você tem que pegar o que puder às vezes
— ele respondeu.
— Eu não sei sobre isso. Ao que parece, acho que você poderia se dar ao
luxo de ser um pouco mais exigente. — Remexi os nove roteiros em
minhas mais. — Talvez se você precisasse de um salário, você podia
considerar um destes, mas eu acho que se você quer que seu sonho se
torne realidade, então você precisa apontar a si mesmo nessa direção. —
Levantei o roteiro de The Isletin Solution.
Ele desfez-se em sorrisos.
— Sim, você está certa. Ei, depois do jantar nós precisamos correr as
falas para Slipknot de novo.
Sorri com o pensamento. Eu realmente gostava de ajudá-lo e observá-lo
entrando no personagem.
Tentei “atuar” quando li as falas, invés de apenas ler do roteiro, ao ponto
de Ryan começar a me dirigir quando ensaiávamos juntos. Nós ensaiamos
tantas vezes que eu comecei a memorizar as falas dos diálogos dos outros
personagens e os sentimentos que tinham a intenção de retratar em cada
cena.
Ryan tem um trabalho legal. Era estranhamente libertador “fingir” e o
sentimento permissivo em ter diferentes emoções e reações. Eu podia ver
porque ele amava o que fazia para viver.
O papel principal feminino tinha muitos diálogos. Ela era uma
estudante de medicina e uma ávida escaladora que resgatava o
personagem de Ryan de uma montanha.
O que mais eu gostei sobre ela era que ela não levava as merdas de
ninguém. Era realmente uma chamada para abrir os olhos, me fazendo
muito consciente da minha própria personalidade.
CAPÍTULO VINTE E CINCO

Obrigado
— Vocês dois esperem aqui. Deem-me um minuto. Deixe-me retirar suas
malas primeiro, então vou levá-los ao terminal. — Mike disse, inclinando-
se sobre o banco da frente para falar conosco.
Deve haver quase cinquenta fotógrafos, fãs e pessoas boquiabertas do
lado de fora das calçadas, do lado de fora do embarque.
— Isso é fodidamente louco — Ryan murmurou. Ele tinha as costas
viradas para a porta do carro, mas os fotógrafos correram para o outro
lado do carro, tentando tirar fotos dele. Era difícil ver através das janelas
escuras.
— Eu odeio aeroportos — ele sussurrou. — Você está pronta para isso?
Acenei, apesar do fato de eu me sentir como uma pilha de nervos.
A segurança do aeroporto estava esperando do lado de fora agora; eles
tentavam mover as pessoas das portas do terminal. Mike abriu a porta do
carro e Ryan deslizou para fora. Seu pé nem estava no chão ainda quando
o frenesi começou.
— Ryan! Ryan! Você pode assinar isso? — As pessoas gritavam para ele
repetidamente.
— Ryan, aqui. — Os flashes das câmeras não paravam.
— Posso tirar minha foto com você? — Alguma jovem garota perguntou
docemente.
Meu pobre Ryan não sabia qual caminho seguir. Mike e nosso motorista
flanquearam Ryan enquanto ele assinava alguns autógrafos. Algumas
dessas pessoas tinham fotografias do personagem do seu filme nas mãos e
me impressionou que eles estivessem tão preparados para sua chegada.
Ryan rabiscou sua assinatura rapidamente com uma caneta emprestada
enquanto Mike usava seu braço para bloquear as pessoas de chegar muito
perto. Notei que ele evitou o homem com imagens profissionais e, ao invés,
assinava os autógrafos para os fãs. Ele posou e sorriu para quase vinte
fotos.
Tirei minha mochila do porta-malas do carro, a pendurei no meu ombro
e arrumei minha pequena mala de mão. Os paparazzi zumbiam feito
abelhas raivosas, lutando entre eles por uma posição melhor para tirar as
fotos. Mike finalmente entregou ao Ryan sua bolsa carteiro e sua mochila e
então pediu à multidão para se afastar.
Eu me senti tão inútil. Estas “pessoas” por falta de um termo melhor
nos rodearam. Agarrei as costas da jaqueta de Ryan, temendo que eu seria
deixada para trás no meio do caos.
Ryan sentiu sua jaqueta puxar e olhou para trás, para mim, para
confirmar que era eu que puxava. Tentei não olhar para os fotógrafos,
mesmo que eu soubesse que minha foto era tirava uma e outra vez. E de
novo.
Ryan agarrou minha mão e nós corremos para o terminal. Mike estava
ao seu lado; Ryan tinha-me no reboque.
A segurança do aeroporto nos rodeou agora.
Nunca em minha vida uma atividade tão simples quanto pegar um avião
foi tão assustadora!
— Ryan! Então é oficial? Você e a Srta. Mitchell são exclusivos? — Um
paparazzo perguntou. Ryan não respondeu.
— É verdade que você e Taryn estão morando juntos? — Outro fotógrafo
perguntou enquanto corria ao nosso lado.
Ryan ainda não respondeu. Ele tinha aquele olhar familiar em seu rosto;
aquele que ele usa quando está doente com tudo essa merda, mas tenta
parecer indiferente.
— Vamos lá, caras. Já chega — Mike disso aos paparazzi que andavam
conosco, tirando nossa foto e nos filmando.
— Sr. Christensen, por aqui — um segurança do aeroporto nos chamou.
Nós o seguimos por uma passagem separada nas barreiras, então nós
fomos capazes de entrar na fila dos scanners de segurança do aeroporto.
Fomos levados a um pequeno balcão onde Ryan mostrou nossos cartões de
embarque para o agente TSA 25 esperando que verificou que tínhamos
assentos em um voo.
— Vá primeiro, amor — Ryan sussurrou e me empurrou para frente. Ele
olhava para o chão a maior parte do tempo. Olhei brevemente sobre seu
ombro e notei que os paparazzi nos filmavam removendo casacos e
sapatos. Felizmente, Mike os bloqueava de ter uma imagem boa de Ryan.
Agarrei uma bandeja de plástico cinza e joguei meu casado e sapato na
caixa. Empurrei minha mochila e a mala pequena pela esteira até
encontrar a borracha que entra no scanner. Ryan ainda vasculhava seus
bolsos por moedas. Eu sorri para ele; ele sempre tinha uma quantidade
aleatória de dinheiro em seus bolsos.
Esperei por Ryan e Mike passassem pelo detector de metais. A
segurança do aeroporto nos escoltou, e ao invés de nos levar pelos portões,
nós fomos levados por uma porta de segurança branca.
— Onde estamos indo? — Sussurrei para o Ryan.
— Estamos adiantados. Vamos para a sala VIP.
Nunca estive uma sala VIP antes. Era linda! A sala grande tinha um teto
alto e era dividida em pequenas seções, dividida por paredes e cortinas. As
paredes foram revestidas em ardósia cinza escuro com detalhes em aço
inoxidável. Cada parede tinha quatro TVs de tela plana, todas
transmitindo um canal de notícias diferente.

25 Transportation Security Sistem – Sistema de segurança dos transportes.


Em frente de cada TV havia uma cadeira decorativa acolhedora e mesas
para os viajantes para se sentarem e relaxar. Havia até mesmo uma sala
ao lado com bebidas gratuitas e um pequeno buffet de alimentos.
Ryan pegou seu celular e ligou-o, passando através de suas mensagens
e calendário. Eu, no entanto, ainda estava em um ligeiro torpor de entrar
no aeroporto. Este caos era, obviamente, um chapéu velho para Ryan.
Eu não posso te dizer quantas vezes eu voei dentro e fora deste
aeroporto e nunca soube que tal sala existia. Eu estava perto da grande
janela de vidro, observando os aviões descolando e pousando, tentando
conseguir que o meu ritmo cardíaco se estabilizasse.
Ryan se aproximou e ficou atrás de mim, colocando as mãos sobre meus
ombros.
— Como está indo? — Ele sussurrou.
Olhei para ele e balancei a cabeça.
— Eu estou bem — tentei soar convincente, mas no fundo eu ainda
estava abalada.
— Mais dez minutos e sairemos para o nosso voo — disse Ryan, abrindo
sua bolsa para recuperar o boné de basebol do Mitchell pub. Fez-me sorrir
quando ele piscou e colocou o boné na cabeça.
— Eu notei que você está evitando os profissionais ultimamente — eu
disse, questionando-o.
Ryan assentiu.
— Eles fazem dinheiro com a minha assinatura. Eu estou cansado
disso.
Um homem em um terno, usando um crachá de identificação da TSA,
entrou na sala para nós. Nós fomos escoltados por um longo corredor e por
outra porta branca que nos levou até perto do nosso portão.
Todos os outros passageiros em nosso voo para Newark já embarcaram
no avião. Ryan, Mike, e eu nos sentamos em nossos lugares na primeira
classe. Eu fiz Ryan sentar-se no banco da janela. As pessoas já estavam
esticando os pescoços para verem.
O voo para o aeroporto de Newark foi rápido e depois que
desembarcamos, o pessoal da companhia aérea nos ajudaram a sair do
avião.
A segurança do aeroporto nos haviam cercado conforme caminhamos
para o nosso próximo portão. Mike nos levou ao nosso portão, em seguida,
virou-se para dizer adeus. Ele estava indo para Carolina do Sul para ver a
família.
— Tenha um bom feriado, Mike! — Ryan bateu em seu braço e apertou
sua mão.
— Você também, Ryan. Taryn. — Mike me deu um abraço.
— Feliz Ação de Graças, Mike! Obrigado por tudo! — Eu o abracei
calorosamente.
— Eu os verei em uma semana. — Mike bateu nos ombros de Ryan. —
Não coma muito peru!
Os agentes TSA e os seguranças do aeroporto nos levaram até o nosso
portão de embarque para Pittsburgh. Três jovens garotas correram atrás
da gente, implorando pela atenção de Ryan. Ryan graciosamente parou
para tirar fotos com elas… sempre sorrindo… sempre agradando seus fãs.
Quando pousamos, nós fomos escoltados, de novo, pela segurança do
aeroporto que nos levou até a saída. Conforme andávamos pelo terminal,
as pessoas puxavam as câmeras e celulares para capturar uma vista de
Ryan Christensen andando pelo aeroporto
Senti o Ryan apertar minha mão quando nós pegamos uma vista de sua
mãe e pai, parados ali, nos esperando. Nós quatro estávamos sorrindo,
feliz em ver um ao outro novamente. Com certeza, alguns paparazzi nos
esperavam do lado de fora das portas do aeroporto. O sol da tarde
começava a mergulhar no céu quando nos aproximamos da cidade natal
de Ryan. Ele apontou para a rua doze, me mostrando a infame colina,
onde ele desceu com um cesto de roupa suja.
Ryan aproximou-se da porta do carro; sua mão estava chegando na
maçaneta da porta. Eu podia ver a emoção em seus olhos e a esmagadora
antecipação que ele sentia por estar em casa.
Tentei visualizar o bairro Ryan que cresceu quando ele falou sobre isso,
mas nenhuma descrição verbal poderia comparar a vê-lo com meus
próprios olhos. A rua arborizada era belamente tingida com diferentes
folhas coloridas de outono, muitas das quais já estavam empilhadas no
chão.
As casas na rua de seus pais eram situadas razoavelmente longe. Cada
casa era afastada da rua e tinham grandes quintais com muita grama para
cortar.
Nós viramos por um caminho longo, que estava alinhado com árvores e
paisagismo simples, mas de bom gosto. Ryan soltou um suspiro.
Sua casa de infância era bonita; uma casa de dois andares de tijolo e
vinil com uma grande varanda levando até a porta da frente. Os beirais da
varanda tinham madeira decorativa formadas para se parecer com arcos e
do centro de cada arco penduravam vasos com os restos de samambaias
verdes, murchas por causa do frio.
Nós estacionamos em frente da garagem de dois carros, que dava acesso
à lateral da casa. Seu pai apertou o botão em seu retrovisor que abria o
portão da garagem. Era evidente que eles estavam acostumados a entrar
em sua casa através da garagem.
Ryan nem sequer chegou até a porta da cozinha — ele teve que puxar a
capa cinza que encobria seu Shelby. O carro era um de belo tom de azul
safira com duas faixas de corrida de prata no para-choques. Certamente,
era impressionante.
— Tenho ligado o carro de vez em quando. Ela deve ligar imediatamente
— seu pai informou.
Ryan puxou toda a capa do carro e a embolou em uma pilha no canto
da garagem.
— Não basta deixá-la ali! Dobre-a! — Bill repreendeu.
— Eu vou, pai. Apenas me dê um minuto para dizer olá. — Ryan sorriu
para seu carro. — Olá, baby! — Ele tocou o para-choque do carro com
carinho. — Você sentiu minha falta?
Eu não poderia deixar de sorrir para Ryan. Meninos e seus brinquedos!
Ele chegou em um gabinete montado na parede e tirou as chaves, abrindo
as portas para o seu precioso carro.
Ele já estava pulando no assento do motorista quando seu pai gritou
com ele novamente:
— Você não vai mesmo convidar Taryn para a casa primeiro?
— Eu só quero ter certeza que ela começa — Ryan defendeu.
Eu levantei minha mão para seu pai e tentei afastar sua raiva.
— Está tudo bem. Deixe-o ligar seu carro. Ele não será capaz de pensar
em outra coisa. — Coloquei minha mochila no chão ao lado da minha
mala.
Uma virada na ignição e o carro rugiu para a vida. O sorriso em seu
rosto era tão grande que era como se ele tivesse morrido e fosse para o
céu.
— Pule dentro. Vamos dar uma volta — ele gritou para mim.
Corri para a porta do passageiro.
Escorreguei no assento de couro preto e ajustei meu cinto de segurança.
Ryan ligou o motor e o carro vibrou e ronronou abaixo de nós. Seus dedos
longos embrulharam em torno da alavanca de câmbio com antecipação, os
nós dos dedos, brancos.
Ele, é claro, teve que guinchar os pneus quando ele puxou para fora em
sua rua, fazendo com que a extremidade traseira derrapasse um pouco.
Olhem para fora, vizinhos, a criança louca, Christensen, está de volta na
cidade!
Ele dirigiu para fora, por algumas estradas longas alinhadas com
fazendas e campos de milho, dirigindo rápido demais na maioria das vezes.
Ele fez uma curva à esquerda e esmagou o pé no acelerador, mudando
vigorosamente através de todas as marchas.
Em um ponto, flutuamos um pouco no ar sobre uma pequena colina na
estrada. Sua condução era perigosa e emocionante. Eu sabia que ele tinha
estado ansioso por esta adrenalina mais do que qualquer coisa.
Ryan de Pittsburgh estava em casa.
— Você se divertiu? — Ellen perguntou quando veio pela porta da
cozinha com as malas. Ela estava ocupada fazendo o jantar. — Ryan, leve
suas malas para o andar de cima — ela ordenou.
Bill estava sentado em uma cadeira reclinável marrom escuro na sala da
família, que era ao lado da cozinha. Ele estava lendo o jornal e espreitava
por cima para assistir ocasionalmente à televisão. Isso me fez sorrir com
carinho, lembrando do meu próprio pai sentado em sua cadeira favorita,
lendo o jornal.
Segui Ryan subindo as escadas acarpetadas até seu quarto. Ele sorriu
para mim quando empurrou a última porta à direita com o ombro. Seu
antigo quarto tinha uma janela de quatro painéis, centrada na parede que
dava para o jardim da frente. Ele acendeu a luz do quarto, acendendo a
lâmpada que estava na única mesa de cabeceira ao lado da cama. A luz
lançou uma sombra sobre as paredes bege simples e piso novo castanho.
Ele tinha uma mesa de carvalho escuro com um computador antigo e
uma impressora sobre ela. No topo de sua cômoda de madeira haviam dois
troféus de beisebol e uma pequena lâmpada decorativa. E no canto de seu
quarto havia um cabide de madeira, vazio de casacos e roupas.
Uma pontinha de tristeza fluiu em meu peito. Seu quarto, o quarto em
que ele passou toda a sua vida crescendo, estava obviamente limpo da
maioria de suas coisas.
Ele não tinha um apartamento, uma casa, ou até mesmo um antigo
quarto que era seu mais. Todos os fragmentos de sua existência foram
encaixotados e postos de lado ou esquecidos.
Entendi por que ele estava morrendo de vontade de entrar em seu carro
no momento em que chegamos. Esse carro era a única coisa que era seu…
verdadeiramente seu. Mais importante, eu agora sabia por que ele foi
morar comigo tão rapidamente e estava apressando os planos para a
construção de uma casa no lago. Meu amor estava desejando
desesperadamente de uma casa… uma conexão… um refúgio seguro para
chamar de seu — pois ele não tinha nada neste mundo, além de uma mala
e um outro destino solitário.
Deixei cair minha bolsa do meu ombro e agarrei a frente de sua jaqueta
com ambas as mãos. Eu queria que ele sentisse a profundidade do meu
amor por ele através dos meus lábios. Eu estava desesperada para ele
perceber que não estava mais sozinho neste mundo; que, desde que eu
tivesse um sopro de ar em meus pulmões, eu lhe forneceria abrigo e seria
seu porto seguro em toda essa incerteza.
Ele deslizou os dedos debaixo da minha jaqueta e empurrou-a sobre
meus ombros. Seu casaco saiu em seguida. Ele andou para trás, para a
cama, me puxando para baixo com ele. Nós chutamos nossos sapatos e
entrelaçamos nossos corpos vestidos, nos beijando apaixonadamente.
— Eu te amo — murmurei em seus lábios, olhando diretamente em seus
olhos abertos quando eu disse isso.
— Eu também te amo — ele respirou de volta.
Descansei minha cabeça em seu peito, escutando seu coração enquanto
ele suavemente acariciava meu cabelo. Ele beijou minha cabeça várias
vezes e passou os braços em volta de mim mais apertado, transmitindo
sua mensagem de amor de volta para mim.
Logo, a nossa conversa silenciosa foi interrompida pela voz de sua mãe.
Ela gritava pelas escadas avisando que Nick e Janelle estavam aqui.
— Ei, irmão! — Ryan cumprimentou Nick com um abraço. Eu fiquei de
lado, sorrindo e esperando ser apresentada.
Ryan e seu irmão tinha características semelhantes, mas Nick era mais
parecido com seu pai do que Ryan. Nick tinha o cabelo castanho mais
escuro e era apenas uma ou duas polegadas mais baixo do que Ryan, mas
fechando os olhos, você não poderia dizer qual estava falando. A
semelhança em suas vozes era estranha.
Ryan abraçou Janelle em seguida, beijando-a na bochecha.
— Ei, estrela de cinema! — Ela brincou com ele. — Como vai você?
Janelle era apenas um pouco mais baixa do que eu, mas ela era
adorável. Ela tinha cabelo castanho claro com luzes, que era em linha reta,
na altura dos seus ombros. Ela usava na moda preto vidros quadro e tinha
um sorriso cativante.
— Nick, Janelle, esta é Taryn. — Ryan sorriu.
Nick puxou-me, instantaneamente, para um grande abraço.
— É tão bom te conhecer! Bem-vinda à família! — Ele sussurrou em
meu ouvido.
— Obrigado! É bom conhecer você também! — Proferi de volta.
Janelle e eu nos abraçamos depois. Ela também me acolheu à família.
Ryan já havia capturado sua filha, Sarah, em seus braços. O bebê
começou a chorar.
— Ela não vê você há seis meses, Ryan — disse Janelle, pegando o bebê
dele. Pobre Sarah ainda estava chorando.
— Quantos anos ela tem? — Perguntei.
— Dez meses — Janelle respondeu.
— Ela é linda! — Eu puxei, gentilmente, no laço da sua roupa. — Olhe
as lindas flores no seu vestido. — O bebê parou de chorar e olhou para
mim.
— Oi, Sarah! É tão bom conhecê-la! Você parece tão linda em seu
pequeno vestido!
A bebê sorriu para mim. Janelle olhou para o bebê e então olhou para
mim, sorrindo também.
— Posso segurar você, assim sua mamãe pode tirar seu casaco?
Janelle inclinou o bebê para mim e eu a tomei nos meus braços.
— Oi, você! Você quer ir dar uma volta? — Passei pela sala de estar com
Sarah. Ela começou a balbuciar para mim, contando-me uma grande
história e eu respondi-lhe com meus próprios comentários doces.
Tirei seu pequeno casaco enquanto ela murmurou para mim.
— Diga oi ao tio Ryan! — Acenei sua mãozinha para ele. Ryan estava
sempre sorrindo para mim.
— Onde está o meu pequeno amendoim? — Bill perguntou para sua
neta. — Venha com o vovô! — Ele pegou a menina dos meus braços.
Sarah não gostou; ela começou a chorar novamente.
Nós fomos para a sala da família, e Janelle arrumou uma pequena área
de brincadeira em um cobertor no chão para sua filha.
Sarah ainda estava chorando enquanto era passada ao redor de pessoa
para pessoa. Ryan tentou segurá-la novamente, mas ela não queria nada
disso. Seu pequeno rosto estava ficando vermelho. Sentei-me ao lado dele
no sofá e comecei a falar com Sarah. Fiquei feliz que ela parou de chorar,
assim Ryan poderia apreciar em tê-la no colo.
— O que há com você e as crianças? — Ryan perguntou-me. — Você é
como uma droga maldita para elas. — Seu comentário era um absurdo.
Revirei os olhos e rejeitei sua pergunta.
— Vê? Olha. — Ele segurou o bebê longe de mim e ela começou a
chorar. Trouxe o bebê para o meu lado e ela parou. Ele repetiu seu
pequeno teste e ela gritou quando ele a afastou. Na terceira vez que ele fez
isso, Sarah chorou em ambos os lugares.
— Lá se vai sua teoria — brincou com ele.
— O que você está fazendo com a minha pobre criança? — Janelle
gritou.
— Experiências — Ryan respondeu. — Cada vez que estamos perto de
crianças, elas são atraídas para Taryn como um fodido ímã. Veja!
Achei que ele fazia um grande negócio para nada.
Ele segurou Sarah longe de mim; ela ainda estava chorando. Então ele
colocou Sarah no meu colo. Eu a coloquei de pé nas minhas pernas e
segurei-a em meu peito. Sarah segurou meu colar de coração em seus
pequenos dedos.
Ryan sorriu para mim presunçosamente quando Sarah parou de chorar.
Ele estendeu as mãos.
— Vê o que eu quero dizer?
— Não sou eu, é este colar — defendi. — Talvez tenha poderes especiais.
— Não, eu acho que é você! — Ryan interrompeu de volta.
Sarah estava ocupada brincando com o meu colar. Sua carinha enrugou
com frustração quando ela não conseguiu colocar meu pingente em sua
boca. Eu fiz uma careta para ela que fez meu nariz pinicar. Foi quando
senti o cheiro de outra coisa. Segurei-a um pouco mais perto do meu nariz
para confirmar minhas suspeitas.
— Eu não sou uma droga, Ryan, eu sou um laxante. — Levantei-me com
a menina para trocá-la.
— Será que ela fez cocô? — Nick bufou quando perguntou.
— Sim. Crianças constipadas me procuram onde quer que eu vá. — Eu
ri.
— Aposto que Ry estava um pouco constipado quando ele tropeçou em
você! — Nick brincou.
— Eu definitivamente estava backed up 26 , isso é certo — Ryan
murmurou sob sua respiração, ajustando a cintura da calça jeans. — Mas
eu me sentei no colo de Taryn por alguns minutos e, em seguida, me senti
melhor. — Ryan sorriu diabolicamente e Nick rachou de rir. Eu sorri com o
comentário de Ryan.
— O quê? — Ele questionou a minha reação.
Entreguei Sarah para ele.
— Aqui, vá fazer outro rito de passagem — sugeri, brincando.
— O que? Você quer que eu a troque? Eu não me importo.
Ele estava todo legal e confiante.
— Ela está comendo alimentos sólidos, agora, Ry. Tem certeza de que
você não vai vomitar? — Perguntou Nick.
— Dê-a para mim — Janelle instruiu. — Vou levá-la para cima. Nós não
queremos que o astro suje as mãos!

26 Aqui a autora usa uma gíria que significa que o homem tem uma grande quantidade

de sêmen armazenado pela falta de ejaculação.


— Vocês idiotas não acham que eu estou pronto para o desafio? — Ryan
questionou assertivamente.
— Dez dólares que você vomita — Nick provocou. — O que você acha,
pai? Você quer entrar nessa aposta?
Bill enfiou a mão no bolso, em busca de dinheiro.
— Vou aceitar essa aposta! — Ryan respondeu. — Vocês dois! — Ele
apontou.
Toda a família seguiu Ryan no andar de cima, para o quarto velho de
Nick. Janelle colocou uma almofada em cima da cama e preparou uma
nova fralda. O resto de nós parou em torno, assistindo. Todos os olhos
estavam sobre Ryan, à espera de sua reação.
Ele despiu Sarah até a fralda e teve que se preparar estalando as juntas
e mexendo os dedos.
— Eu deveria pegar a câmera — Nick meditou.
— Nicholas! — Ellen repreendeu.
— O que? Sabe quanto dinheiro eu conseguiria com uma imagem da
estrela de cinema trocando fraldas cagadas?
Janelle e eu começamos a rir.
— Não tanto dinheiro quanto você poderia conseguir por um par de
cueca suja no eBay — murmurei.
— Vocês dois são uma merda! Vocês sabiam disso? — Ryan estava
descolando a fita da fralda e teve que parar, porque estávamos brincando
com ele.
— Taryn — Nick sussurrou — Junte algumas cuecas manchadas na
bunda do meu irmão e venda-as rapidamente para que todos nós
possamos ir para o Havaí no Natal.
— Você é um idiota! — Ryan olhou diretamente para seu irmão. Nós
estávamos todos rindo. — Vocês podem todos apenas calar a porra da boca
e conseguir seu dinheiro em outro lugar!
Janelle bateu com alguns lenços umedecidos na mão de Ryan.
— Ok, eu vou entrar — Ryan anunciou.
— É isso que você diz para todas as suas mulheres? — Nick brincou.
Ryan estava rindo tanto que não conseguia respirar
— Rapazes! — Ellen gritou. — A pobre Sarah está esperando! Troque já
a fralda!
— Nick, vá buscar o equipamento de mergulho. — Ryan tinha lágrimas
nos seus olhos.
— Fórceps, lanterna, lança-chamas… — Nick cuspiu as palavras com
uma gargalhada.
— Saia, eu vou trocar. — Janelle estava ficando impaciente.
— Não! Eu faço isso! — Ryan engasgou entre risos, tentando se
recompor.
Ele, hesitante, puxou a fralda, expondo brevemente a explosão verde
que aguardava limpeza.
— Oh! — Nick gritou em voz alta.
— Droga, bebê! Com o que eles estão te alimentando? — Ryan brincou.
— Cerveja e ovos com um pouco de ervilhas, obviamente. — Nick riu.
Janelle mergulhou diretamente, limpando sua filha.
— Pare agora. Eu consigo. — Ryan a acotovelou para fora do caminho.
— Eles vendem estes lenços umedecidos em grande quantidade, certo?
— Sim. Nós compramos essa coisa às pencas — Nick disse rindo. — Nós
não vacilamos mais com um único frasco.
— Você sempre pode levá-la para fora e acertar sua bunda com a
mangueira — Ryan sugeriu.
— Nah, nós guardaremos isso para quando ela tiver a merda manchada
por todo o caminho até suas costas — Nick respondeu.
— Vou levar vocês dois lá para fora e acertar suas bundas com a
mangueira — Janelle avisou. Eu não conseguia parar de rir de suas
brincadeiras.
Ryan tinha o bebê todo limpo e estava lutando com a nova fralda
quando disse a seu pai e irmão para pagar a aposta. Ele entregou Sarah
para a Janelle.
Eu estava de pé com os braços cruzados quando Ryan passeou para
mim.
— A próxima dessas é toda sua. — Ele me deu um tapa duro na bunda.
— Vá lavar as mãos. É hora do jantar — Ellen ordenou.
Estávamos reunidos na mesa de jantar, quando Nick começou a me
zoar.
— Taryn, mamãe me disse que você não viu nenhum dos filmes do meu
irmão. — Nick ria de mim.
— Eu acho que sou a única pessoa no planeta que não viu — brinquei.
— Ele pensou que eu estava mentindo quando disse isso a ele.
Ryan me chutou debaixo da mesa então eu o chutei de volta. Acertei-o
por acidente bem no tornozelo e ele fez uma careta de dor. Ele me beliscou
em retaliação.
— Devemos vê-lo esta noite. Corrigir isso. — Nick apontou o garfo para
mim.
— Você pode fazer o que quiser, mas eu não estou vendo isso — Ryan
declarou com firmeza.
— O que você acha, Taryn? Você quer assistir Seaside? — Perguntou
Nick. — Ver que grande ator ele é?
Ryan zombou dos seus comentários.
— Não, está tudo bem. — Eu sabia que isso deixaria Ryan
desconfortável. — Talvez outra hora.
— Você deveria vê-lo. É muito bom! — Acrescentou Janelle. — Eu li
todos os livros também. Então você vai saber por que todas as mulheres o
adoram — ela disse provocando.
Olhei para Ryan e sorri. Eu sabia por que elas o adoravam, mas os seus
motivos eram completamente diferentes dos meus.
— Eu vou vê-lo em algum momento, mas não esta noite. Além disso
Nick, Ryan me disse que você é um jogador de pôquer ruim. Eu estou
curiosa para ver se ele está certo. — Senti Ryan apertar a minha coxa.
Depois que terminamos o jantar, começamos a jogar cartas. Ryan estava
certo; Nick não poderia blefar nem se a sua vida dependesse disso.
Desnecessário dizer que o jogo de pôquer não durou muito tempo antes
dos egos ficarem no caminho.
Nós jogamos um jogo de tabuleiro diferente, que era muito mais
divertido. Eu não ria tanto em um longo tempo. Eu acho que me encaixei
perfeitamente com sua família e sua provocação, embora Nick parecia duro
com Ryan às vezes.
A pequena Sarah estava com fome e precisava de uma mamadeira.
— Dê-a aqui — Ryan solicitou, tirando Sarah dos braços de sua avó.
Vê-lo segurando-a e alimentando-a acrescentou mais um motivo para
adorá-lo à minha lista privada.
Era quase meia-noite quando finalmente nos arrastamos para a cama
juntos. Eu estava cansado do voo e o delicioso jantar encheu meu
estômago.
A cama de Ryan era apenas uma cama de casal normal; não era tão
espaçosa como a cama queen-size que compartilhamos em casa, embora
nós nunca dormimos separados na mesma. Hmm… em casa… o
pensamento dessas palavras me fez sorrir.
O corpo de Ryan moldou em torno do meu, mantendo-me aconchegada e
quente no meu casulo confortável. Minhas costas repousavam sobre o
peito como fazia todas as noites.
Ryan bufou no meu ouvido. Ele estava ranzinza e inquieto.
— Amor, o que há de errado? — Sussurrei.
— Eu não consigo dormir. — Ele puxou minha camiseta. — Você pode
tirar isso? Eu preciso sentir sua pele.
Hesitei. Em casa nós sempre dormíamos nus, mas não estávamos em
casa.
— Não se preocupe, minha mãe não vai entrar aqui.
Tirei minha camiseta e a joguei no chão.
— Ah, isso é melhor! — Ele riu. — Isso é meio excitante! Talvez ser pego
pelos pais tendo uma menina nua na minha cama.
Eu ri baixinho quando ele me apertou. Entendi o que ele estava falando.
Eu me senti como uma adolescente quebrando as regras da casa.
— Nós vamos ter que ficar quietos, então — sussurrei paquerando.
Ele coçou o queixo com restolho no meu ombro antes de abrir a boca
para me morder de brincadeira. Isso me fez rir novamente.
— Eu amo quando você me morde!
Ele entrelaçou nossos dedos juntos.
— Eu sei — ele sussurrou. — E também te leva a loucura quando eu
passo meu nariz no seu pescoço.
— Sim — confirmei.
— E te leva a loucura quando eu mordo sua orelha.
Virei-me para encará-lo.
— Meus pais pensam que eu estou dormindo na casa de Jenny hoje à
noite. Tem certeza de que seus pais estão dormindo?
Ele sorriu e riu suavemente, rosnando quando espalmou meu traseiro
em sua mão.
— Talvez amanhã à noite podemos ir ao estacionamento naquele seu
carro chique — provoquei.
— Eu vou ter que transar com você sobre o capô — ele gemeu
sedutoramente. — Nós não podemos ir ao estacionamento no Shelby
amanhã. Temos uma limusine levando-nos a um jogo de hóquei, lembra?
Que tal agora? Se eu prometer respeitá-la na parte da manhã, você vai me
dar sua virgindade esta noite?
— Será que vai doer? — Perguntei timidamente, batendo meus olhos.
— Eu vou ser muito gentil, prometo.
O som da mãe de Ryan batendo panelas e frigideiras na cozinha me
acordou. Eu tinha prometido a ela que ia ajudar desde que ela tinha
planejado cozinhar um banquete.
— Ellen, esta torta está pronta para ir ao forno. — Deslizei a travessa de
vidro para fora do meu caminho e limpei a farinha da página da receita. —
Qual é o a próximo? — Ela me entregou outra folha com uma receita.
— Esta é a favorita de Ryan — ela sussurrou.
— Qual é a favorita de Ryan? — Perguntou Ryan. Ele estava sentado na
mesa de jantar com as pernas estendidas, digitalizando através de seu
telefone celular.
— Rolinho de abóbora? — Respondi.
Ele olhou para cima e sorriu.
— Coloque recheio extra, por favor.
Ellen parou perto de mim
— Você vai ter que dobrar a receita para fazer o recheio de cream
cheese. Eu acho que tenho o suficiente de tudo.
Eu estava lendo a página da receita quando ouvi Ryan bufar. Ele
continuou mandando mensagens de texto para alguém.
— Está tudo bem? — Perguntei.
— Venha aqui. Eu quero lhe mostrar uma coisa. — Ele entregou o
telefone para mim e eu li sua resposta. "Lisonjeado, mas não estou
interessado, muito feliz com alguém" Olhei para ele, confusa.
— Aperte enviar — ele instruiu. Eu fiz o que ele me disse para fazer.
— O que é isso?
Ele deslizou o telefone da minha mão e bateu na tela algumas vezes
antes de entregá-lo de volta para mim.
Havia outra mensagem de texto:
"Oi! Da próxima vez que estiver em L.A. quer sair? Prometo que terá um
tempo bom durante toda a noite, garantido!"
Senti meus lábios enrolando em desgosto depois de ler isso. Entreguei o
telefone de volta para ele.
— De quem é isso? É de alguém que você até mesmo conhece?
Ele apertou outro botão e me mostrou o nome da famosa atriz que
enviou essa mensagem. Fiquei chocada. Olhei para ele e balancei a cabeça.
— Não fique brava! — Ele advertiu. — Eu não estou interessado nisso. E
você viu a mensagem exata que enviei de volta. — Ele tomou um gole de
café. — Além disso, dormir com ela seria como dormir com metade do Los
Angeles. Yuck! — Ele estremeceu e mostrou a língua, tentando ser
engraçado.
— Quantas dessas ofertas você recebe por dia? — Perguntei.
— Não se preocupe com isso. Tudo que você precisa saber é como eu
respondo de volta.
— Quantas? — Perguntei novamente.
— Quantos caras te convidam para sair a cada dia? — Ele
acentuadamente replicou. — Eu diria que nós estamos apenas empatados.
Eu estava na pia, lavando alguns dos pratos sujos, enquanto esperava
que o esmagador ciúme queimaria minhas outras inseguranças. Ele havia
conhecido milhares de mulheres, namorou atrizes bem conhecidas no
passado, viajou o mundo inteiro e visitou locais exóticos… por que ele quer
se contentar com apenas uma mulher, quando ele poderia ter tantas,
estava além de mim.
Pensei sobre o que eu faria se a situação fosse invertida. Se eu tivesse
suas oportunidades, estaria lá fora, jogando no campo ou que iria querer
um relacionamento com uma pessoa? Bem, isso era uma pergunta fácil de
responder. É claro que eu iria querer um relacionamento significativo com
um homem. Mas os homens são criaturas diferentes.
Olhei para ele pelo canto do meu olho. Ele estava sentado na mesa de
jantar de madeira, bebendo seu café enquanto tentava fazer as palavras
cruzadas no jornal. A celebridade famosa que acabou de ganhar três
prêmios por suas habilidades de atuação estava ali, sentado, com uma
camiseta amassada e calças de moletom. Seus pés descalços faziam
barulho na ponta dos pés, enquanto saltava com os calcanhares para cima
e para baixo e mastigava a ponta da caneta.
Ele não tinha ideia do dano que acabou de causar no meu cérebro.
Aquela pequena mensagem de texto parecia mais como um prego no meu
caixão. Ele não estava interessado naquela, mas o que aconteceria se ele
tivesse outra oferta que simplesmente não poderia recusar?
Ryan estava além do ciúme por Kyle, por isso Kyle foi demitido de ser
meu guarda-costas tão rapidamente. Quão fácil era para Ryan eliminar a
verdadeira competição com um simples telefonema. Apesar do quão
atraente e doce Kyle era, eu usei meu cérebro e coração para racionalizar
os meus sentimentos.
Os homens, no entanto, nem sempre pensam com o cérebro que fica
entre suas orelhas. Com demasiada frequência, é o pequeno cérebro em
suas calças que eles escutam. O amor de Ryan por mim o impediria antes
que ele ouvisse o diabo que vive em suas calças?
— Droga — Ellen resmungou.
Rapidamente virei minha cabeça em sua direção. Seu traseiro estava
empinado no ar enquanto ela vasculhava a geladeira.
— Eu não tenho cream cheese suficiente — ela gemeu.
Tentei sacudir meus outros pensamentos.
— O que você vai fazer com o peru? Eu acho que acabou de descongelar
completamente. — Eu cutuquei-o com o meu dedo. Ela teve que colocá-lo
na outra pia.
— Não há espaço na geladeira — ela anunciou. — Eu não sei.
— Você deve mergulhá-lo durante a noite em água salgada e gelo. Isso
vai deixá-lo agradável e suculento amanhã.
Ela olhou para mim, perplexa.
— Salmoura?
Ryan me levou para o escritório de seu pai para que eu pudesse
imprimir uma receita da internet. Eu realmente acho que ele queria ter
certeza que eu não surfaria na Internet enquanto tinha a chance.
— Aqui está a receita. — Eu entreguei-a à Ellen.
— Eu tenho que correr para a loja. Não tenho algumas dessas coisas. —
Ela parecia estressada. — Janelle está trazendo Sarah em breve. Vocês
dois vão ter que olhá-la para mim.
Cerca de vinte minutos depois, Janelle entrou pela porta com Sarah em
um braço e um saco de fraldas contendo um arsenal de produtos para
bebês na outra. Ela estava atrasada para o seu compromisso.
Ryan estava no chão brincando com Sarah quando Janelle correu para
fora da porta. Ele estava ajudando Sarah a empilhar pequenos blocos de
madeira do alfabeto. Ela estava tão concentrada; seu rosto angelical
mostrava sua determinação.
Eu não poderia evitar; ao vê-lo brincar com o bebê tomou conta de mim.
Desliguei a batedeira e me juntei a eles no chão. Ryan me deu um tapinha
na coxa algumas vezes antes de apertar a mão na minha perna.
— O que você me diz? Pense se você quer um ou dois destes, algum dia?
— Ele meditou, torcendo os dedos nos cachos de Sarah.
— Eu acho que você já sabe a minha resposta. — Sorri.
Ryan deu um sorriso largo.
— Dois seria legal.
— Estou surpresa, porém — continuei. — Alguém na sua posição… eu
teria pensado que ter filhos seria a última coisa em sua lista.
— Por que você diz isso?
Fiquei surpresa que ele me questionou.
— Eu não sei… você é jovem. Você é uma celebridade famosa. Você viaja
o mundo.
Ele revirou os olhos para mim.
— Às vezes eu fico surpresa que você quer mesmo uma namorada. Por
que ter uma quando você pode ter tantas.
Ryan rolou de costas e gemeu.
— Não esta conversa novamente. Pensei que estávamos além disso?
Respirei fundo e suspirei.
— Ryan, você tem apenas vinte e sete. E você sabe muito bem que você
pode ter qualquer garota que você quiser, sempre que quiser. Inferno, elas
até mesmo mandam suas ofertas em mensagens de texto para você!
Existem mulheres de todo o mundo que pagaria para transar com você.
Antes de falar comigo sobre ter filhos, você tem certeza que terminou de
semear sua aveia selvagem?
Ele cobriu os olhos com a mão.
— Eu não posso acreditar que você está me perguntando isso — ele
murmurou para si mesmo.
— Você é um cara! Isso é o que vocês fazem. Carros rápidos, mulheres
rápidas. Eu não quero que você acorde ao meu lado quando eu estiver
grávida e tenha arrependimentos. — Eu provocativamente apertei o
interior de sua perna.
Ele começou a rir.
— Quanto dinheiro você acha que eu poderia fazer com todas essas
mulheres que querem transar comigo?
— Bilhões! — Respondi rapidamente.
— Sério? Ajude-me a arrastar um colchão para o quintal da frente. Você
pode vender limonada e eu só vou foder as pessoas durante o dia todo! —
Ele gargalhou.
O bebê engatinhou até Ryan e bateu-lhe na cabeça com um bloco de
madeira.
— Ow! — Ele esfregou a testa. — Você está certa, Sarah. Isso foi uma
má ideia. O lixo do tio Ryan vai cair se eu fizer isso todo dia.
Ela se arrastou até seu peito e lhe bateu algumas vezes no rosto.
— Ei! Por que você está me batendo? Hein? Eu tenho uma boca suja?
Vai bater na tia Taryn. Ela é a única que está sendo boba. — Ele a pegou
em suas mãos e jogou-a no ar.
Ryan sentou Sarah no chão e rolou para o lado.
— Sarah? — Ryan sussurrou um monte de bobagens em seu ouvido. —
Diga a ela!
Ryan usou seu dedo para mover o lábio inferior de Sarah. Sua voz
mudou para um tom alto.
— Tio Ryan diz que ele terminou de semear, de modo que você pode
apenas esfriar. — Ryan sussurrou em seu ouvido novamente. — Tio Ryan
diz que você tem que se casar antes de ter filhos. E eu estou fedendo, logo
você deve me trocar.
— Dê-a para mim — pedi, estendendo a mão para ela.
Deitei Sarah no chão entre as minhas pernas e agarrei o saco de fraldas.
Ryan ligou a televisão, parando em um canal bem a tempo de ouvir algum
locutor dizer o nome dele.
— Hoje em CTV… temos Ryan Christensen no aeroporto de Providence
com sua nova namorada.
Grandes imagens fluíram em toda a tela e a voz do locutor voltou.
Diferentes fotos embaraçosas de Ryan foram mostradas entre os
comentários.
— Mantenham suas calcinhas, fãs de Seaside! Apenas quando você
pensou que viu tudo; Ryan Christensen come; Ryan Christensen coça seu
nariz; Ryan Christensen senta-se em um carro; nós trazemos-lhe… nós o
pegamos apalmando a si mesmo.
Vídeo de Ryan batendo nos bolsos da frente e de trás das calças jeans
quando estávamos no aeroporto de Providence foi mostrado na tela.
— O que há com esse cara? — O anfitrião óbvio perguntou.
— Eu não sei, mas o nosso cameraman o pegou apalpando-se antes que
ele passasse pelos detectores de metais — algum rapaz respondeu.
— Apalpando-se? — Questionou o anfitrião.
— Sim, ele estava procurando pelos bolsos e outras coisas. Quero dizer,
o idiota vai para o aeroporto com moedas em seus bolsos!
O vídeo de Ryan batendo seus bolsos agora me incluía.
— Nós sabemos quem é a menina? Ela é uma atriz? — O apresentador
circulou a minha imagem na tela de seu vídeo. — O nome dela é Taryn
Mitchell. Ela é proprietária de um bar ou algo assim em Rhode Island.
Eles mostraram fotos antigas e aleatórias de Ryan com diferentes tipos
de bebidas na mão, praticamente acusando-o de ter um problema com
bebida.
— Uau, isso é impressionante! Todas as meninas em Hollywood estão
mortas? — O anfitrião zombou.
Todo mundo na tela da televisão riu.
— Tenho certeza de que suas fãs a odeiam! — Uma mulher comentou.
Um clipe de um filme velho, em preto e branco, foi mostrado. Todos os
habitantes da cidade tinham tochas e forcados.
Outra menina entrou na conversa:
— Ela é muito mais bonita do que Suzanne Strass, eu acho.
— Sim, e ela pode ajudá-lo a se transformar em outra celebridade
alcoólatra! — Outro homem brincou.
— Nosso cameraman perguntou-lhe se eles são oficialmente um casal,
mas ele não disse nada. Ele a arrastou através do aeroporto pela mão.
Quero dizer, não é óbvio? Eu não sei por que ele simplesmente não admite.
Ela não é sua consultora de guarda-roupa, isso é certo!
A imagem se focou em mim, no meu rosto, e depois ampliou em Ryan
segurando meus dedos enquanto caminhávamos pelo aeroporto. O som
das mulheres chorando foram adicionados. O segmento terminou em
repetição, com Ryan sentindo seus bolsos de trás e um mais close-up dele
empurrando a mão no bolso da frente. Eles até mesmo jogaram efeitos
sonoros de mulheres gemendo quando Ryan deu um apalpou-se embaixo.
Deixei escapar um suspiro e levantei Sarah para que eu pudesse
arrumar suas calças amarelas sobre sua nova fralda. Eu dei-lhe alguns
beijos na testa, enquanto ela brincava com o meu colar de coração.
Ryan desligou a televisão e jogou o controle remoto no sofá atrás de
mim. Parecia que ele acabou de levar um soco no estômago.
Estendi a mão para ele. Nós dois estávamos chateados de ver o lixo na
TV. Ryan se moveu lentamente para se sentar ao meu lado no chão. Nós
nos recostamos no sofá e olhamos um para o outro. Ryan descansou seu
braço atrás de mim, penteando seus dedos no meu cabelo; a sua outra
mão suavemente esfregava os pequenos cachos castanhos de Sarah. Ele
suspirou profundamente e eu sabia que ele estava agitado.
Eu me inclinei e beijei seus lábios, só para deixá-lo saber que tudo
ficaria bem. Seus dedos tencionaram e pressionaram no meu couro
cabeludo, segurando meu beijo ternamente ao dele. Seus lábios estavam
preocupados.
Perguntei-me qual de nós iria rachar nessa besteira primeiro.
Passei o resto da tarde ajudando sua mãe na cozinha. Ela estava
preparando um banquete de Ação de Graças e gostaria de saber
exatamente quem ela pensou que comeria tudo isso. Fiz a salmoura para o
peru. Sua mãe me observava atentamente quando misturei os
ingredientes.
Eu estava em pé na pia, quando Ryan veio atrás de mim, me segurando
no lugar novamente com seus longos braços. Ele afastou meu cabelo do
meu ombro e passou a ponta do seu nariz para cima e para baixo no meu
pescoço. Eu tentei manter o volume do meu gemido baixo.
— Por mais que aquece o meu coração para ver o meu filho feliz e
apaixonado, sai de perto na minha ajudante, inferno — Ellen gritou.
— Você a teve tempo suficiente, mãe. Temos que ir nos preparar para o
jogo. Nosso carro vai estar aqui em uma hora.
Logo após Nick e Janelle chegarem, a elegante limusine preta parou na
calçada. Nós quatro iriamos ao jogo juntos; os pais de Ryan olhariam
Sarah hoje à noite.
— Você deveria voltar para casa mais vezes! — Nick provocou Ryan,
lembrando que a limusine estava totalmente abastecida com cerveja, licor
e duas garrafas de champanhe.
Janelle estava preocupada; eventualmente, ela puxou uma revista para
fora de sua bolsa.
— Aqui, eu pensei que vocês dois poderiam querer manter esta! —
Brincou ela e jogou o a revista brilhante no colo de Ryan.
Ryan tomou um gole da garrafa de champanhe que ele e eu estávamos
compartilhando e estreitou os olhos na capa. Ele me entregou a garrafa e
virou o ponto de luz acima de sua cabeça para que pudesse ter uma visão
melhor.
Ryan e eu estávamos na capa — na capa inteira. Nós dois arrumados e
era evidente para mim que a foto foi tirada na noite em que levamos seus
pais para jantar. A legenda abaixo dos nossos corpos dizia: "Ryan está
apaixonado!" Perto da nossa foto havia várias notas laterais em negrito:
"Ryan Christensen mostra nova namorada." As notas informavam ao
mundo que ele estava morando comigo no nosso "ninho de amor em RI" e
que ele tinha me apresentado a seus pais.
— Bem, pelo menos é uma boa imagem nossa! — Ryan declarou com
indiferença.
— A história não é ruim — acrescentou Janelle. — Pensei que fosse algo
que você poderia querer manter, você sabe. — Ela parecia insegura.
Ryan entregou-me com um sorriso largo em seus lábios.
— Tenho certeza que você quer ler.
Coloquei a revista ao meu lado no banco e tomei outro gole de
champanhe da garrafa. Eu só podia imaginar as coisas horríveis que foram
ditas sobre mim lá dentro. Demoraria apenas o tempo de ler um
comentário negativo sobre qualquer um de nós, para me colocar em meu
próprio espiral descendente.
Ryan me deu um olhar perplexo. Ele presumiu que eu teria aberto a
revista imediatamente, morrendo de vontade de saber o que foi escrito.
— Eu não lerei isso agora. Prefiro não chorar meus olhos para fora antes
de um jogo de hóquei — sussurrei.
— Por quê? — Perguntou Janelle. — Não é ruim. Sério!
Eu discordei.
— Eu só sei que há mentiras impressas. Sempre há. Eu tenho sido
acusada de separar ele e Suzanne, por causar rupturas no set entre os
atores. Eles imprimem que eu estou impedindo-o de ver todos os seus
amigos. Eu até perdi no voto nacional, em qual garota o público preferiria
vê-lo. Suzanne venceu com 72%.
Esfreguei meu rosto, tentando não ficar chateada.
— Bem não há nada isso nesta — Janelle admitiu.
— Eu tenho certeza que existe — murmurei, empurrando a revista mais
longe. Era a versão em papel de veneno para mim. — Cada um desses
escritores parece ter a necessidade de ter pelo menos uma boa escavação.
Não entendo por que eles acham que eu não sou boa o suficiente.
— Amor! Quem dá a mínima para o que escrevem? — Ryan declarou. —
Eu com certeza não.
— Deixe-me ver — pediu Nick. — Eu vou te dizer se é ou não segura
para ler.
Ele rapidamente folheou a revista, parando para nos mostrar a imagem
grande no interior de Ryan e eu andando por minha calçada, obviamente,
ignorando os paparazzi.
— Oh meu Deus! — Nick olhou por cima da revista. — Diz aqui que você
forçou meu irmão a aprender como fazer vitrais! Isso é verdade? — Ele
parecia horrorizado.
Ryan riu das travessuras de seu irmão.
— Eu tenho que admitir, essa é verdadeira. — Assenti.
— Diz alguma coisa sobre ela estar quase completamente nua quando
me submeteu a um dia de artes e artesanato com ferramentas eléctricas?
— Perguntou Ryan. De repente, seu interesse foi despertado. — Há
imagens também? Porque eu quero essas!
— Não, não há imagens como essa — afirmou Nick. Ele retomou a
leitura.
— O que é isso? Você… — ele engasgou, segurando seus dedos trêmulos
na frente da boca para enfatizar seu susto. — Você assou bolos de
aniversário? E então você teve a audácia de fazer meus pais comê-lo. —
Sua voz mudou para um tom alto para soar como ele estivesse chorando e
ele se encolheu. — Como você pôde?
Ryan me deu um empurrão de brincadeira.
— Sim, Taryn! Como você pôde?
Baixei a cabeça.
— Eu sinto muito. Eu não tenho nenhuma desculpa para minhas ações
— sussurrei.
— Sem champanhe para você! — Ryan pegou a garrafa da minha mão.
— Ela até mesmo nos pediu para ir a uma festa de aniversário em
Rhode Island. Tivemos sorte que eu estava viajando na semana passada,
ou então ela teria submetido Janelle e eu em mais desses horrores! — Nick
focou de volta na revista.
Nick me fez saltar um pouco quando engasgou em voz alta.
— Diga ao motorista para parar. Nós temos que chutar Taryn para fora.
Diz aqui que ela está apenas usando o meu irmão para sexo.
Ryan sentou-se rapidamente.
— Isso é verdade! Ela me obriga a… — Ele cobriu os olhos com a garrafa
de champanhe e fingiu chorar, caindo de volta no banco. — Todo o tempo!
— Ele choramingou. — E ela me bate muito! Ela diz “fique nu e deite
naquela cama ou eu vou dar-lhe algo para realmente chorar, senhor”.
Quer dizer, eu sou apenas humano. Eu não sou uma máquina.
— Janelle me bate o tempo todo — exclamou Nick. — Eu me sinto tão
usado.
— Seu sonho! — Ela riu.
— Eu não sei sobre você, Janelle, mas se eu tiver que pegar suas meias
sujas e roupas íntimas eu quero algo em troca! — Defendi.
— Eu sei! — Ela concordou. — O odor Christensen com certeza não
cheira a rosas.
— Ei, temos orgulho do nosso cheiro! — Ryan argumentou.
— Se suas fãs soubessem… — respondi. — Talvez elas não estariam
paradas tão perto de nossas portas.
— Eu pensei que suas fãs estavam muito ocupadas beijando suas
fronhas de Seaside para viajar por todo o caminho até Rhode Island —
Janelle brincou.
— Vá em frente e ria, Janelle. Estou rindo todo o caminho até o banco.
— Fronhas? — Questionei. Eu não tinha ideia do que ela estava falando.
— E lençóis! Agora as meninas de todo o mundo podem dormir com
Charles à noite! — Janelle riu.
— Eu me esfreguei no meu travesseiro de Charles apenas na noite
passada — Nick riu, fazendo gestos obscenos.
Ryan jogou a rolha de champanhe nele. Entendi que Ryan não gostou
dessa última piada, porque Ryan jogou a rolha com alguma força. Nick se
afastou, sorrindo.
— Eu usei o real Ryan Christensen como brinquedo sexual na noite
passada — sussurrei na direção de Ryan, tentando mantê-lo em um bom
humor.
Ryan me deu um high-five e piscou para mim.
— Isso é certo, droga! E então eu a pulverizei com o meu perfume
pessoal para manter os outros animais bem longe!
Nossa limusine passou pela entrada principal da arena, mas o motorista
não parou. Talvez ele não soubesse onde nos deixar? Nós acabamos
parando na parte de trás da arena perto de alguns grandes ônibus. O
motorista abriu a porta de Ryan e fomos em direção a uma entrada
privativa. Ryan tomou-me pela mão; respirei fundo e segui em direção à
porta dos fundos. Ryan Christensen nunca mais entra pelas portas da
frente de qualquer lugar como uma pessoa normal.
Dois funcionários da arena estavam esperando por nós, obviamente,
ciente de que estávamos chegando. Nós fomos escoltados para um elevador
que nos levou para o andar superior, onde todas os camarotes privados
estavam localizados.
— De quem é esse camarote? — Perguntou Nick.
— O banco que eu tenho conta alugou para a temporada — respondeu
Ryan. — Deram-me quatro dos seus bilhetes para nós, mas nós não
estaremos sozinhos. Há outros oito bilhetes para este camarote. Todos
estes camarotes estão completamente reservados. Isto é o mais privado
que eu poderia receber.
Eu vi quando ele esfregou sua testa.
— Então, nós estamos invadindo a festa? Isso é legal. — Nick arrotou e
abriu uma cerveja.
O camarote estava totalmente abastecido com cerveja e vinho, e havia
um buffet quente de alimentos já arrumado em uma longa mesa. Ryan e
Nick mergulharam diretamente, abastecendo-se com a variedade de
alimentos e lanches. Os dois irmãos já estavam parcialmente bêbados e eu
estava feliz que Ryan estava colocando um pouco de comida no estômago.
Olhei pela grande janela de vidro com vista para a arena. Do outro lado
do vidro haviam doze assentos particulares. Eu sabia onde eu me sentaria
durante este jogo!
A porta do camarote abriu, fazendo um flash de luz refletir na janela. Eu
instintivamente me virei para ver quem estava entrando. O que foi um
grande erro.
Quatro jovens meninas rindo entraram pela porta. Elas praticamente
explodiram em histeria quando viram que Ryan Christensen estava de
verdade no camarote.
Meus olhos rapidamente brilharam até Ryan; notei que ele parou de
mastigar a comida que estava espremida em sua boca por um breve
segundo, enquanto seus lábios franziram com aborrecimento.
Janelle sutilmente me deu uma cotovelada e ambos rimos levemente. As
meninas estavam todas vestidas com saias curtas e tops de corte baixo.
Uma delas até tinha a sua cópia do Seaside na mão. Ryan rapidamente
correu para longe da mesa de buffet e se posicionou entre Nick e eu. Não
importa onde iriamos, Ryan não poderia escapar de seus fãs.
Na tarde seguinte, a família de Ryan se reuniu na cozinha, preparando o
jantar de Ação de Graças.
— Amor, onde você quer que eu coloque isso? — Perguntou Bill. Ele
tirava o enorme peru do forno.
Eu me virei para ver sobre que ele estava se referindo.
Ellen apontou para um espaço vazio evidente no fogão, um pouco
irritada que ela tinha que lhe dar direções.
Memórias de meu pai perguntando a minha mãe a mesma coisa passou
pela minha mente. Meu pai era inútil também. Voltei minha atenção para
pôr batata-doce em uma tigela para servir. Janelle estava suavemente
cantarolando canções para si mesma enquanto arrumava a mesa de
jantar.
— Ei, amor… onde está a mamadeira de Sarah? — Nick gritou da
cadeira reclinável marrom na sala da família. Quando Nick gritou, eu,
instintivamente, olhei. Sua voz soou tão parecida com o do Ryan que era
difícil dizer a diferença.
Ryan veio passeando na cozinha usando um dos novos pares de jeans
que eu comprei para ele. Por alguma razão, esse pensamento me deixou
quente por dentro. Notei que ele estava procurando em volta da sala da
família por alguma coisa.
— Ei, amor? Sabe onde meus tênis estão? — Perguntou Ryan,
momentaneamente distraído pela televisão. Minha cabeça naturalmente
virou-se para lhe responder.
Em vez de responder estourei com o riso. Eu segurei o balcão quando
meus pensamentos internos hilariantes me racharam. Todos pararam o
que estavam fazendo para olhar para mim, se perguntando o que diabos
havia de errado comigo.
— Há muitos “amores” nesta sala! — Ofeguei em tom de brincadeira,
respondendo o olhar de Ryan. O termo carinhoso foi enraizado em todos
eles. Era também evidente que todos os homens Christensen eram agora
incapazes de pensar e agir independente.
— Toda vez que alguém grita “amor” eu me viro!
Eu pedi por isso. Fui bombardeada com repetidos "amor" de todos eles.
Ryan começou o nosso primeiro jantar de Ação de Graças me chutando
de brincadeira por baixo da mesa. Nós dois estávamos rindo quando ele
enfiou a perna debaixo da minha, então nossas pernas estavam
descansando juntas.
— Vocês se divertiram na noite passada? — Perguntou Bill, passando a
tigela de recheio para mim.
Eu abri minha boca para falar, mas Nick foi mais rápido.
— Foi tudo bem, até as fãs de Ryan aparecerem no camarote — Nick
interrompeu bruscamente, cutucando Ryan com a faca de manteiga. — A
Super estrela teve que assinar autógrafos, posar para fotos e tudo com
suas pequenas amigas. — Seu tom sarcástico era evidente. — Oh, eu
quero uma foto. Não, pose comigo!
Nick provocou com uma voz alta e um tom forçado.
Ryan amassou algum purê de batatas em seu prato. A colher de servir
soou bem alto quando fez contato com a louça; o barulho me fez
estremecer. A carranca no rosto de Ryan era evidente. Em vez de Nick ser
grato que Ryan providenciou uma noite inteira de entretenimento de
primeira classe — de forma gratuita para ele e sua esposa — ele viu a
oportunidade de dar ao Ryan um tempo difícil e a aproveitou.
— Como diabos isso aconteceu? — Bill questionou. Ele olhou para Ryan.
— Achei que você tinha um camarote privado?
Ryan deu de ombros.
— Era um camarote privativo pai, mas havia ainda outros oito
portadores de ingressos. Um dos pais da menina era algum VP sênior do
banco que alugou para a temporada. Ela trouxe os amigos.
O rosto de Bill caiu com uma careta.
— É humilhante, você sabe. Quero dizer, a maioria dos atores mataria
para ter os meus problemas. Isto é para que todos os atores se esforçam.
Filme classe A; festas classe A… não ter que ir para audição após audição
apenas para ser recusado ou preterido. Eu deveria contar minhas bênçãos,
afinal, é a Ação de Graças. — Ryan pausou um momento para comer
alguma comida.
— Além disso, eu estou me acostumando com toda a atenção
indesejada. — Ele olhou diretamente para o Nick quando ele disse. —
Costumava realmente me incomodar, mas eu estou achando que eu só
posso ajustá-lo e ignorá-lo.
Peguei sua pequena piada de volta para seu próprio irmão. A rivalidade
entre irmãos estava viva e bem aqui, nesta mesa de jantar.
— Fleury fez algumas incríveis defesas na noite passada e Crosby
marcou dois dos três gols — eu disse a seu pai, na esperança de quebrar a
tensão que começava a construir entre os dois irmãos. A mão esquerda de
Ryan escorregou sobre meu ombro e ele sorriu para mim.
— Eu tenho sido uma fã dos Pens por toda a minha vida e foi a primeira
vez que eu os vi jogar ao vivo no gelo em casa. Eu me diverti muito! Mais
uma vez obrigado por me levar — eu jorrei, esperando que Nick receberia a
mensagem de apreciar seu irmão.
— Mãe, este peru está realmente delicioso — Nick elogiou. — Tudo está
muito saboroso este ano.
— Não me agradeça, agradeça a seu irmão — Ellen disse entre
mordidas. Ela parou de mastigar.
Nick rapidamente atirou seu próximo golpe.
— Por quê? Será que Ryan abriu sua carteira gorda e contratou um chef
profissional para cozinhar para nós este ano?
Notei que Janelle bateu-lhe na perna debaixo da mesa. Fiquei me
perguntando se isso era um comportamento normal de Nick ou se ele
estava além de ser um idiota.
— Não, Nicholas. — Ellen libertou seu tom de mãe corretiva. — Mas o
seu irmão trouxe Taryn para casa com ele. Ela é a única que cozinhou a
maior parte desta comida deliciosa, incluindo o peru que você está
apreciando.
Ryan colocou a tigela de molho para baixo.
— Quem sabe, Nick. Talvez no próximo ano, poderíamos ter a Ação de
Graças na minha multimilionária casa completamente pretensiosa — Ryan
rosnou. — Tenho certeza que Taryn será gentil o suficiente para passar um
dia inteiro cozinhando para minha família novamente. E, a propósito, a
próxima vez que você se sentir inclinado a se esfregar em seu travesseiro
do “Charles”, imagine dez por cento de todos os royalties que vão para
fundo fiduciário da sua filha antes de gozar. No momento em que ela tiver
dois anos, ela valerá dez vezes mais do que você.
— Ok, já chega — Bill repreendeu, tentando dizer a seus filhos para
parar.
— Eu só estou brincando com ele, pai. Eu não sei por que o astro está
ficando todo sensível — Nick se defendeu.
Ryan colocou o garfo de jantar para baixo e empurrou sua cadeira para
trás, de forma audível, observando sua saída da mesa. Seus dedos
tocaram meu queixo.
— Amor, eu preciso de um pouco de ar. Eu voltarei.
— Filho, sente-se — Bill sombriamente solicitou, mas Ryan não deu
ouvidos. Ele pegou o casaco e as chaves e saiu pela porta da cozinha.
Dobrei minhas mãos no meu colo quando ouvi o Shelby guinchando
para fora da garagem.
— Taryn, eu sinto muito — Nick soltou, tentando soar sincero.
Olhei para ele por um momento.
— Obrigado, Nick. Mas não é para mim que você deve pedir desculpas.
— Eu não posso ajudá-lo se ele não pode levar uma piada! — Nick riu
desconfortavelmente, colocando mais comida na boca como se seus
insultos não fossem grande coisa.
Eu sentei lá em estado de choque. Eu não podia acreditar como um
membro da própria família de Ryan, seu único irmão que ele considerava,
poderia ser tão insensível e cruel. Depois de toda a porcaria que Ryan tem
que se colocar para ser um ator, voltar para casa, para sua família deveria
ser um alívio para ele, não outra fonte de dor. Olhei para seus pais antes
de voltar minha atenção para Nick. Eu não conseguiria segurar meus
pensamentos por mais tempo.
— Antes de castigar o seu irmão, Nick, você deve saber o quanto ele tem
inveja de você.
— Inveja de mim? — Nick zombou.
— Sim, você — eu disse calmamente. — Você tem coisas em sua vida
que são garantidas a cada dia: liberdade, anonimato, privacidade,
segurança. Coisas que seu irmão não tem mais. Seu sucesso, que você o
provoca, vem com um preço muito exorbitante, mas achei que você já
sabia disso. — Eu o encarei.
— Você também tem coisas que ele deseja: um lar, uma esposa, uma
criança, normalidade. Você sabe o que o seu irmão tem? — Inclinei a
cabeça, certificando-me de manter o contato visual.
— Ele tem paranoia aguda de perseguidoras enlouquecidas e as fãs que
vêm atrás dele; humilhação pública em escala global quando eles
imprimem mentiras sobre ele, em quarenta línguas diferentes; crítica
negativa sobre tudo o que ele tenta fazer e constante escrutínio por todos,
mesmo a partir de seu irmão mais velho, que ele adora. — Eu os contei em
meus dedos. — Mas certamente você já deve saber disso. Então, se você se
sentir inclinado a deixá-lo saber como está arrependido, talvez deva pensar
nisso antes de pedir desculpas.
Nick parecia completamente pasmo. Ele ficou sentado lá, com a boca
aberta.
— Dá-me licença, por favor — sussurrei para a mãe de Ryan antes de
levantar da mesa de jantar. — Eu vou me certificar que ele está bem. — Eu
agarrei o meu casaco do armário e liguei para o celular de Ryan.
— Amor, volta para mim. Eu quero ir em um passeio também. Estarei
esperando lá fora.
CAPÍTULO VINTE E SEIS

Teste
— Ligue-me quando estiver na limusine, ok? — Ryan suspirou. — Só
assim eu sei que você chegou em casa com segurança.
Eu podia ver a tristeza claramente em sua expressão. Combinava com a
minha própria. Nós dois sabíamos que seriam quase três semanas, até que
nos víssemos outra vez, e os últimos minutos que passamos juntos foram
voando. Ele virou a Shelby para a estrada principal que levava ao
aeroporto.
— Eu vou. — Funguei, tentando não chorar. Eu não queria sair, mas eu
tinha que voltar a gerenciar meu pub.
Ryan estava planejando passar algum bem merecido tempo longe com
seus amigos, Matt, Scott e seu irmão antes de sair para a Escócia. Os
quatro homens iriam caçar. Ele e seu irmão também tinha algumas
reconciliações para fazer.
— Você sabe que você realmente não precisa fazer isso… Marie ou Pete
poderia ter me buscado — murmurei.
— Taryn — ele gemeu, olhando para mim. — Você sabe porquê. Eu não
gosto que você esteja voando sozinha para casa também.
Olhei pela minha janela, pensando que ele se preocupava muito. Nossa
perseguidora foi presa e a maioria das fãs de Seaside deixaram a cidade
uma vez que a filmagem terminou. As razões para ter medo e ser paranoico
desapareceram.
— Eu vou ficar bem. Você deve parar de se preocupar — sussurrei.
Ele balançou a cabeça para mim; os lábios franziram com as minhas
palavras.
Muito em breve estávamos estacionados na frente das portas para o
embarque.
Eu me inclinei sobre o console central e o beijei. Eu tive que virar meu
boné de baseball do Mitchell Pub em sua cabeça para que o visor estivesse
fora do meu caminho.
— Eu te amo — pronunciei, já sentindo falta dele.
— Eu também te amo. Vejo você em L.A. no dia dezesseis. — Ele pegou
meu rosto em suas mãos e me beijou novamente. — Vai parecer como para
sempre — ele sussurrou, descansando sua testa na minha.
Eu me virei para olhar para ele uma última vez antes de entrar no
aeroporto… sozinha. Sem segurança, sem escolta policial, ninguém tirando
uma foto minha, ninguém gritando meu nome, ou o seu. Ninguém
realmente sequer olhou para mim.
Parei na fila para passar pela triagem de bagagem e de segurança
completamente despercebida. O aeroporto estava ocupado com viajantes
de férias, mas nenhum desses viajantes sequer olhou duas vezes para
mim. Sentei-me na sala de espera perto do meu portão de embarque, não
escondida em alguma sala VIP. Não havia nenhuma razão para se
esconder. Ocorreu-me que o meu ritmo cardíaco estava… normal. Meu
coração não estava batendo no meu peito como quando começamos esta
viagem. O medo estava agradavelmente ausente do meu sangue. Uma
jovem mulher se aproximou de mim. Ela gentilmente sorriu antes de
perguntar se o assento ao meu lado estava vago. Sorri um pouco para mim
mesma; eu nem sequer fiz um blip em seu radar.
A única diferença entre este voo para casa ou qualquer outro voo que eu
já tinha tomado, era que eu estava voando de primeira classe em vez de
sentar na classe econômica na parte de trás do avião. Voar de primeira
classe definitivamente tinha suas vantagens, mas este voo era tão curto,
que não importante onde eu ia me sentar para chegar em casa. Fiz uma
pequena oração de agradecimento quando meu avião finalmente pousou
em Providence. Eu não era um fã de voar também.
Puxei a alça da minha pequena mala, ajustando minha mochila no meu
ombro, e segui os outros passageiros em direção à saída. Olhei em volta
para as pessoas esperando seus familiares e entes queridos chegarem,
desejando que eu fosse capaz de voltar para casa, para rostos familiares
esperando por mim.
Em vez disso, um estranho estaria me levanto para casa. Esse
pensamento me fez sentir ainda mais sozinha. Eu lutei contra o impulso
de chamar Marie tantas vezes para pedir a ela para me pegar, só porque
eu sabia que Ryan estava pagando por carona pessoalmente do bolso.
Além disso, ele insistiu em uma escolta de segurança.
Qual desses estranhos é o meu motorista?
Observei o seu rosto antes que eu lesse a pequena placa que ele
segurava na frente de seu corpo, escrito "Mitchell". Apertei os olhos
fechados por um momento; o destino certamente tinha senso de humor.
Ele sorriu para mim, mas não era um daqueles sorriso "Eu estou
sorrindo porque eu tenho que ser bom para você"; era mais um sorriso
como se ele estivesse cometendo um crime por estar lá, segurando o meu
nome em uma placa. Parei na frente dele e respirei fundo antes de
encontrar a coragem de dizer oi.
— Bem-vinda em casa! — Kyle disse presunçosamente. — Posso levar a
sua bagagem para você, Srta. Mitchell?
Ele levou minha mala e me conduziu até o carro, que mais uma vez, foi
outra surpresa. Eu esperava o sedan preto típico ou um SUV; mesmo uma
limusine não teria sido tão chocante. Em vez disso, ele tinha seu próprio
carro pessoal esperando… um Audi agradável de duas portas prata.
— Você teve um bom feriado? — Perguntou Kyle. Senti que ele estava
apenas tentando ter educada uma conversa fiada.
— Sim, eu tive. Obrigado por perguntar. — Eu ri levemente para mim
mesma, tentando ignorar o quão bonito ele parecia. — Mas a grande
questão é por que você é o único que está me levando para casa? — Eu já
estava com problemas apenas por estar neste carro.
Ele sorriu, sabendo que eu queria que ele explicasse. Ele acelerou para
levar-nos para fora do aeroporto mais rápido.
— Eu vi o pedido de transporte no registro de tarefas e me ofereci —
confessou. — Eu só queria ver como você estava indo. — Ele olhou para
mim e encolheu os ombros. — Por que, o seu namorado vai ficar bravo?
Pela maneira como ele disse isso, eu poderia dizer que ele não se
importava de qualquer forma, se Ryan ia ficar com raiva ou não. Ele quase
soava como se aceitasse o desafio.
Olhei pela janela do carro, observando os sinais de trânsito familiares
passarem por mim.
— Provavelmente — sussurrei. — Quando eu disser a ele.
Kyle olhou para cima rapidamente.
— Então salve a si mesma de uma briga e não diga a ele.
— Eu tenho que dizer-lhe — admiti. — Apenas no caso de alguém ter
tirado a nossa foto. Sua equipe de RP terá de ser informada.
— Uau — ele parecia atônito. — Você realmente está toda Hollywood,
não é?
Seu comentário levantou minha pulsação ligeiramente.
— Por que você diz isso? Devido ao fato de estar envolvida com alguém
cuja vida está constantemente sob escrutínio público? Porque eu não
quero dar-lhe mais um motivo para ser ferido; isso me faz toda Hollywood
— Ei, olha Taryn, eu não quis chateá-la. É só que você não parece o tipo
de mulher que se colocaria lá fora, para ser examinada assim. Mas quem
sou eu para julgar? Talvez você goste de ter sua imagem impressa em
todas aquelas revistas no supermercado. O que eu sei? — Ele murmurou,
olhando por cima do ombro para mudar de faixa na rodovia.
Eu bufei.
— Eu definitivamente poderia passar sem as mentiras que eles
imprimem.
Ele riu levemente.
— Eu não posso ter certeza, mas eu estou disposto a apostar que você
nunca teve que se preocupar sobre essas coisas com outros caras antes
dele.
Eu pensei sobre sua declaração, recuando através da minha história de
relacionamentos fracassados.
— Mentiras têm seguido todas as relações que eu já estive. — Minha
admissão me fez franzir a testa. — Mesmo aquelas fabricadas.
— Eu não sei. Eu achei que as histórias sobre o nosso alegado caso de
amor foram bastante divertidas e eloquentemente escritas! — Kyle disse
comicamente. — Acho que é por isso que ele se livrou de mim tão
rapidamente.
— Você estaria correto em sua suposição — sussurrei.
— Então você ainda não está cansada as mentiras? — Ele perguntou,
impulsionando o carro para acelerar, passando algumas carretas.
Olhei para ele.
— Que tipo de pergunta é essa?
Seus olhos brilharam para mim antes de voltar sua atenção para a
estrada e a direção.
— Eu acho que você pode fazer melhor. Eu acho que você merece coisa
melhor. — Os tendões da sua mão flexionando-se quando ele apertou sua
mão no volante.
— Melhor do que o quê? — Questionei. Se ele iria julgar, teria que
defender a sua opinião.
— Melhor do que ser posta em perigo. Melhor que se submeter ao
ridículo público. Melhor do que permitir que a mídia a use como um saco
de pancadas. — Ele olhou para mim. — Você quer que eu continue, porque
eu posso fazer uma longa lista!?
Eu me concentrei na paisagem fora da minha janela durante a tentativa
de dominar a sensação de queimação no meu peito.
— Não — murmurei friamente. — Entendi seu ponto. — Meu celular
começou a tocar na minha bolsa. Era o toque de Ryan.
— Oi — respondi, feliz em ouvi-lo, mas irritada que ele não pôde esperar
que eu ligasse para ele.
— Onde você está? — Ryan perguntou.
— Eu estou no carro. Acabamos de sair do aeroporto — menti. Kyle
olhou para mim e sorriu, indicando que ele me pegou mentindo para o
Ryan.
— Oh, por que você não me ligou? Estive preocupado! — Continuou ele.
— Amor, eu acabei de entrar no carro. Eu ia ligar para você, mas você
chegou antes de mim. — Eu tentei ficar quieta, mas Kyle estava sentado a
menos de dez polegadas de mim. Não havia maneira de manter esta
conversa privada. Esfreguei meu rosto com a mão livre. Eu estava ficando
com dor de cabeça por toda esta experiência.
— Bem, eu só queria ter certeza de que pousou em segurança e que
havia um carro esperando por você para levar para casa, isso é tudo.
Eu sabia que Ryan se importava, mas ele também estava ficando um
pouco controlador.
— Sim, havia um motorista esperando — sussurrei. Ouvi Kyle rir. —
Está tudo bem.
— Você não parece muito bem! — Ele pressionou. — O que está errado?
Meu amor me conhecia bem o suficiente para me pegar em uma
mentira.
— Nada. Minha sinusite dói, deve ser do voo. Que tal se eu ligar quando
for deixada em casa? Tudo bem? Então, podemos conversar.
Kyle começou a rir em voz alta quando desliguei meu telefone celular.
— Sr. Christensen estava verificando você? — Ele brincou.
Dei-lhe um olhar sujo.
— Ele está preocupado, isso é tudo. Além disso, ele se preocupa o
suficiente para ter certeza que estou sendo cuidada.
— Parece-me que ele está ficando um pouco possessivo!
— Talvez ele sinta que valho a pena possuir! — Disparei de volta.
Kyle se remexeu em seu assento.
— Sim, ele está certo. Eu não posso culpá-lo por isso.
Ele dirigiu pela pista, parando nas portas de trás do meu prédio. Pela
primeira vez em muito tempo não havia paparazzi, nem fãs, ninguém perto
da minha porta. O alívio que senti foi refrescante. Kyle carregou minha
mala para o corredor; não havia nenhuma maneira que eu o deixaria
entrar no meu apartamento.
— Obrigado, mas posso levá-las. Por favor, apenas coloque-as ali. —
Esfreguei meu rosto novamente. Meu rosto estava começando a doer por
algum motivo. — Obrigado pela carona para casa.
— Sim, claro, não há problema. Ahh, então, você abrirá hoje à noite? —
Perguntou Kyle.
— Sim. É por isso que eu vim para casa. Eu ainda tenho um negócio
para fazer funcionar. — Olhei para o meu relógio, observando que eu tinha
três horas para descansar antes de iniciar outra longa noite atrás do bar.
Eu levei-o para o beco, esperando enviá-lo em seu caminho mais rápido.
Kyle fechou o porta-malas do carro e sorriu.
Ele abriu os braços, silenciosamente pedindo um abraço de despedida.
Meu corpo respondeu sem eu sequer pensar nisso, me arrastando,
inconscientemente, para a zona de perigo.
— Foi bom vê-la novamente. — Ele sorriu, fechando seus olhos nos
meus. — Te vejo em breve.
Reboquei minha mala para o quarto e larguei tudo, incluindo o meu
casaco, no chão. Nossa cama parecia tão suave e convidativa e o desejo de
me deitar por alguns minutos era esmagador. Aconcheguei-me no meu
travesseiro e puxei o travesseiro de Ryan no meu peito, sentindo seu
cheiro familiar e desejando que ele estivesse deitado ao meu lado. Eu só
vou fechar meus olhos por um minuto…
Minha cabeça pulou do travesseiro quando ouvi meu celular.
— Taryn! O que está acontecendo? — Ryan gritou. — Onde está você?
— Merda! Que horas são? — Olhei para o meu relógio. Eram 4h:15min.
Sentei-me depressa; minha cabeça parecia que pesava quarenta quilos e
minha garganta queimava. — Eu caí no sono na nossa cama — murmurei.
— Desculpe-me, eu não liguei.
Ele estava irritado.
— Você não poderia me ligar rapidinho antes de você deitar?
— Eu disse que eu sinto muito — repeti com força através da minha dor
de garganta. — Eu acho que estou ficando resfriada. Meu nariz está todo
bloqueado. Eu me sinto horrível.
— Você parece doente, amor. Eu sinto muito. Eu só estava preocupado.
— Eu tenho quinze minutos para me recompor antes de ter de abrir —
gemi. Foi quando os espirros começaram.
Marie já estava atrás do bar quando eu desci as escadas. Cory veio
poucos momentos depois. Ambos estariam trabalhando sexta-feira à noite;
eu tinha uma banda programada para tocar. O sorriso de Marie se
transformou em um olhar preocupado quando viu a caixa de lencinhos em
minhas mãos. Eu não estava no bar por mais de alguns minutos, quando
ela me virou pelos ombros e me enviou de volta ao meu apartamento.
— Eu vou esperar para ouvir sobre sua viagem quando você não estiver
contagiosa. Temos isso — ela insistiu. — Cory e eu vamos ficar bem. Vai e
leve os seus germes com você!
Eu me enrolei no meu sofá com uma caixa de lenços e minha colcha e
voltei a dormir.
Acordei quando a banda começou a tocar lá embaixo, no pub. A
reverberação do sistema de som fazia os quadros vibrarem nas paredes.
— Como vão as coisas? — Perguntei à Marie. Doía para engolir. Olhei
para a multidão no pub. Pete acenou para mim de seu banco na porta da
frente.
Seus olhos sorrateiramente deslizaram para lá e para cá.
— Kyle está na sala de sinuca — ela informou. — O que diabos ele está
fazendo aqui? Ele já perguntou por você uma vez!
Esfreguei meu rosto com ambas as mãos.
— Ele me trouxe para casa do aeroporto.
— O quê? — Ela gritou. — Como diabos isso aconteceu?
— Ele viu a atribuição de transporte e se ofereceu. Estou em tantos
problemas.
Ela olhou para mim, tentando determinar por que eu pensava que
estava em apuros.
— Eu não disse a Ryan… ainda. Ele vai ficar tão chateado.
— Aconteceu alguma coisa entre vocês dois? Quer dizer, você e Kyle? —
Ela corrigiu.
— Não, não há nada acontecendo. — Olhei por cima do ombro para ver
se conseguia avistá-lo na sala de bilhar.
Nossos olhos, acidentalmente, fizeram contato e eu o assisti colocar seu
taco de bilhar contra a parede e vir direto em minha direção.
— Taryn, oi! O que está errado? Você está bem? — Perguntou Kyle.
Eu balancei minha cabeça.
— Não, eu tenho um resfriado.
Outros pensamentos passaram pela minha cabeça, como o quanto eu
desejava que Ryan estivesse aqui, então eu não teria que tentar explicar
tudo isso através de um telefone celular. A multidão no bar era
definitivamente administrável, mas eu comecei a lavar copos sujos de
qualquer maneira. Cory olhou para mim como se eu fosse louca, mal sabia
ele que eu estava usando isso como desculpa para ficar longe do lindo
Kyle.
— Chefe, o que você está fazendo? — Cory resmungou, colocando a
garrafa de whisky de volta na bandeja. Marie agarrou meu braço e me
arrastou para longe da pia.
— Volte lá para cima. Está tudo sob controle. Você está doente. Você
precisa ir descansar! — Ela ordenou, alto o suficiente para Kyle ouvir.
Kyle agitou os dedos no ar para dizer adeus, mas eu o ignorei e
continuei andando. A maneira que eu me sentia era estranho. Kyle era um
guarda-costas profissional; sua presença deveria me fazer sentir segura e
protegida, mas em vez disso eu me sentia completamente o oposto disso.
Sua presença ao meu redor era surpreendentemente perigosa.
Era quase meio-dia de sábado, quando a campainha tocou, me
despertando do meu lugar de descanso confortável no sofá. Puxei meu
cabelo para trás em um laço de cabelo e agarrei alguns lenços ao longo do
meu caminho.
Kyle estava em pé no beco com um grande saco de papel marrom em
seus braços.
— Ei, como você está se sentindo? — Perguntou.
Oh, Deus, por que você está me torturando?
— Pior, na verdade — rangi.
Ele estendeu o saco de supermercado.
— Eu lhe trouxe alguns suprimentos — disse ele alegremente. — Pensei
que você poderia precisar de algumas dessas coisas.
Ele me seguiu até meu apartamento e colocou o saco na minha mesa de
café.
— Lenços, remédios para a noite, remédio para resfriado, pastilha para
tosse e um recipiente inteiro de sopa de frango com macarrão da minha
delicatessen favorita. — Ele puxou cada item fora do saco. — Oh, e
algumas bolachas.
— Obrigado, mas você não devia ter feito isso — murmurei. Mal sabia
ele quantas facetas esta declaração tinha.
Eu sabia de fato que ele teve de dirigir mais de uma hora para chegar
aqui. Não era como se Kyle morasse ali na rua ou qualquer coisa. Ele
definitivamente saiu do seu caminho para me ver.
— Você gostaria de um pouco de sopa agora? — Ele perguntou, testando
a temperatura do recipiente com a mão. — Ainda está um pouco quente.
Eu balancei a cabeça e comecei a me levantar. Uma sopa quente soou
atraente para minha dor de garganta.
— Sente-se! — Ele insistiu. — Eu tenho certeza que eu posso descobrir
como usar o micro-ondas.
Meus olhos viajaram para assistir ao seu corpo incrível e seu traseiro
agradável caminhar para a minha cozinha. Cobri meus olhos e esfreguei
meu rosto para banir os pensamentos. Eu tinha que tirá-lo do meu
apartamento, o mais rápido possível. Em seguida, outro pensamento
passou pela minha mente. Este não era mais apenas o meu apartamento.
Este apartamento era um lar que eu escolhi compartilhar com Ryan; um
lar onde vivíamos juntos e felizes e onde nenhum outro homem deveria
estar.
— Cuidado, pode estar muito quente agora — Kyle advertiu, entregando
uma caneca de sopa para mim.
— Obrigado — minha voz tencionou conforme coloquei o copo em cima
da mesa. — Kyle? Aprecio tudo isso, mas por que… por que você está
aqui?
— O que, nós não estamos autorizados a sermos amigos? — Ele
respondeu rapidamente.
Eu pensei sobre a pergunta por um momento e respondi com uma outra
pergunta:
— Se a sua namorada estivesse viajando a trabalho, você acha que ela
apreciaria uma outra mulher em sua casa enquanto estava fora?
— O que isso tem a ver com sermos amigos? — Ele respondeu.
Tão doente como eu me sentia, eu ainda não estava caindo em sua
besteira.
— Eu não acho que você está aqui porque você quer ser apenas meu
amigo.
— Você acha que eu tenho algum motivo oculto? — Kyle questionou
meu olhar.
— Por favor! — Rangi. — Você é um homem; você tem pulso. Não
questione minha inteligência. — Limpei meu nariz ranhoso com um lenço
de papel, esperando desencorajar os seus pensamentos ainda mais.
— Tudo certo. Para dizer a verdade, quando eu vi que você estava
voando sozinha para casa, pensei que talvez você e o menino bonito
terminaram. Quero dizer, você tem que admitir que estar com ele
definitivamente tem desvantagens! — Sua pequena provocação com Ryan
realmente me irritou.
— Oh, e eu suponho que as coisas seriam muito melhores para mim se
eu saísse com outra pessoa? Alguém como você, talvez? — Eu esperava
que meu tom fosse sarcástico o suficiente.
— Sua vida seria um inferno mais privada, com certeza! Sem câmeras,
sem fotógrafos, sem fanáticos. — Ele jogou um pacote de biscoitos para
mim.
— Espere. Deixe-me ver se eu entendi direito. Então, ao invés de estar
com alguém como Ryan, que está tentando fazer todo o possível para me
proteger do perigo, você está dizendo que eu estaria melhor com alguém
como você, que voluntariamente arrisca sua própria vida todos os dias,
colocando-se na frente de perigo para proteger completos estranhos. Isso
está certo?
Ele desviou o olhar e, em seguida, um pequeno sorriso arrogante
apareceu em seus lábios.
— Você, pelo menos, pensou sobre isso. Isso é um bom começo. E eu te
protegeria um inferno de muito melhor do que ele faria. Além disso, estar
comigo não vem com o risco.
— Não seja tão seguro de si. Você é o único que está me forçando a
comparar vocês dois. E para dizer a verdade, não há comparação. —
Levantei do sofá, agora irritada com a sua presença.
— Kyle, eu aprecio a sopa e a bondade, mas não podemos ser amigos.
Ele cruzou o pé sobre o joelho, ficando ainda mais confortável na
cadeira.
— Por que não?
— Porque você não quer apenas uma amizade! — Eu desdenhosamente
declarei o óbvio. — Kyle, eu amo Ryan. Confiei meu coração a ele. —
Peguei o casaco de Kyle. — Sinto muito, mas acho que é hora de você ir
embora agora.
— Isso é uma vergonha. Você nunca saberá o que poderia ter sido.
Notei que ele nem sequer tentou se levantar.
— Você não é casada com o cara, e eu não vejo um anel em seu dedo,
então da maneira que vejo, você ainda está disponível.
— Disponível? Será que você não acabou de ouvi o que eu disse? — Eu
já não estava apenas irritada; eu estava começando a ficar com raiva
agora.
— Eu ouvi você — ele murmurou. — Eu também sei que não vai
demorar muito para ele estragar tudo e trair você. Todos eles fazem
eventualmente. Ele não é o primeiro ator que eu tive que vigiar. Você
ficaria surpresa ao saber a grande distância que eles atravessam apenas
para manter seus pequenos assuntos escondidos. Até mesmo os casados
transam por aí.
— Ah, e eu acho que se eu estivesse namorando você; você seria
totalmente diferente do que isso. Você nunca me trairia. — Eu ri
ironicamente.
— Não, eu não trairia. E se você estivesse comigo, eu só pegaria
atribuições locais para que eu não tivesse que viajar e ficar longe de você
— ele continuou. — Não haveria nenhuma razão para você duvidar de
mim.
— Eu não tenho nenhuma razão para duvidar de Ryan também. Você é
um homem, ele é um homem; ou está em sua natureza trair ou não está.
— Minha garganta parecia como se tivesse engolido lâminas de barbear e
eu estava começando a apresentar febre novamente. Era hora de ele ir.
— E eu posso te dizer, Kyle, não é de minha natureza enganar
tampouco. Eu amo Ryan. Isso é tudo que você precisa saber. Agora, se não
se importa, eu realmente gostaria de descansar. — Balancei o casaco na
minha mão para ele receber a mensagem.
Ele parou para olhar para mim antes de tomar o casaco da minha mão.
— Eu estarei assistindo e esperando. Você é uma mulher inteligente.
Você vai chegar a seus sentidos em breve.
Sua confiança estava ficando um pouco assustadora.
Fiquei feliz quando ele finalmente saiu. Eu o assisti andando no meio da
rua para me certificar de que ele estava saindo antes de bloquear e ligar o
alarme.
De volta ao meu apartamento, peguei meu celular e apertei na primeira
entrada na minha agenda. Era hora de contar ao Ryan.
Na segunda-feira o meu resfriado tinha se transformado em algo
completamente mais atroz e perverso. A dor de cabeça e no peito era quase
insuportável e eu não conseguia parar de tossir. As minhas costelas e os
músculos do estômago doíam muito de todo a tosse e foi ficando cada vez
mais difícil respirar. Marie me ajudou em seu carro, que estava
estacionado perto da porta de trás. Fiquei aliviada apenas em saber que eu
veria um médico hoje.
— Eu disse ao Ryan sobre Kyle — sussurrei entre as tosses.
Ela olhou para mim, esperando minha explicação adicional.
— Ele estava lívido. — Limpei meu nariz. — Mas depois ele se acalmou,
ele estava feliz que eu disse a ele. Embora ele não saiba tudo. Poupei
alguns dos detalhes.
— Que detalhes? — Ela perguntou, me dando tapinhas nas costas
enquanto eu tossia severamente.
Dei de ombros, sem saber como dizer.
— Kyle praticamente disse que eu estaria melhor com ele em vez de
estar com Ryan.
— Não! Ele não o fez! O que mais ele disse?
— Ele disse que eu deveria considerar sair com ele em seu lugar. Ele
seria melhor para mim. Ele também me trouxe sopa. — Tossi as minhas
últimas palavras.
— Sopa? — Ela riu. — Oh, ele é bom! O que você disse a ele então?
— Eu disse a ele que eu amo Ryan e que ele deveria sair. Ele, meio que,
me preocupou um pouco no final. Como se ele não quisesse aceitar “não”
como resposta.
Marie ficou na sala de espera, enquanto fui ver o médico. Ele me
informou que eu tinha uma infecção sinusal e bronquite. Por mais terrível
que eu me sentia, estava imaginando se não houvesse alguns outros
termos de infecção pulmonar faltando em seu diagnóstico. Nós paramos na
farmácia, onde eu comprei uma grande variedade de antibióticos, spray
nasal, e um inalador. Por engano, olhei para a capa da Celebrity Weekly
enquanto estava na fila do caixa. A capa da revista tinha um título que
declarava que distância estava separando Ryan e eu. Ele acabou de sair
para a Escócia esta manhã; como poderíamos estar nos separando, já?
— Por que você está comprando essa merda? — Marie fez uma careta. —
Como se você não estivesse ruim o suficiente, você precisa se atormentar
mais?
— Eu não estou comprando. — Tossi violentamente na minha manga. —
Eu odeio a mídia. Por que eles fazem isso? — Mostrei-lhe a capa.
Eu não tinha nenhuma intenção de gastar um centavo sequer nessa
porcaria. Eram mentiras como essas que seduziam as pessoas a comprar
lixo em primeiro lugar. E cada vez que alguém comprava uma dessas
revistas, permitia que algum idiota mantivesse seu emprego como um
fornecedor de mentiras e dava mais um incentivo idiota de existir como um
fotógrafo intrusivo. Cada centavo gasto com esses lixos de revistas
perpetuava a besteira. Foi quando Marie me informou que um fotógrafo se
aproximou dela no outro dia e ofereceu-lhe dois mil dólares se ela pegasse
imagens do interior do meu apartamento. Estes sanguessugas agora
estavam indo atrás de meus amigos. Claro que Marie negou, mas era
evidente que as revistas queriam colocar as mãos em fotos reais de nosso
"ninho de amor", como eles chamavam. Agora eu estava ainda mais
paranoica em ter alguém no meu apartamento.
Ryan me ligou todos os dias, enquanto estava na Escócia, mesmo que
fosse por apenas cinco minutos. Ele tentou descrever a paisagem e a
arquitetura para que eu pudesse visualizar a experiência que ele tinha; ele
até me mandou algumas fotos do seu telefone celular, mas eu ainda queria
estar lá com ele para experimentar em primeira mão.
Não demorou muito para fotos do elenco, na Escócia, aparecessem na
Internet. O site das fãs de Ryan era muito fiel, com a última seleção de
fotos espontâneas. Línguas ao redor do mundo estavam babando, uma vez
que as fotos da “cena de amor” entre Ryan e Suzanne vazaram. Até mesmo
Kat me ligou para se certificar de que eu não estava pirando ao ver as fotos
escandalosas.
Por alguma razão, as mentiras sobre Ryan e Suzanne reacenderem o
romance não me incomodavam tanto quando eu o conheci. Eu acho que
eu conhecia os dois bem o suficiente para saber que Ryan não tinha
quaisquer sentimentos românticos por ela, apesar de quantas vezes seus
lábios tinham que tocar os dela. Eu sabia que Ryan nutria um profundo
ressentimento por Suzanne e suas palhaçadas. Ela o havia prejudicado
muitas vezes no passado, e ele nunca deixaria ir o seu ressentimento,
muito menos a amaria.
Eu, no entanto, me preocupava com Suzanne. Muitas das pequenas
palhaçadas que ela aprontou, apontava para ela estando loucamente
apaixonada por ele. Eu estava em seu pequeno jogo; afinal eu também já
fui jovem e tola. Ela não tentou nos separar para o benefício de Francesca;
eu estava errada com esse pressuposto. Seus comentários e má língua só
tinha um beneficiário.
Ela tinha feito comentários adicionais após seu pequeno encontro falho
com o amigo de Ryan, Scott, indicando que ela esperava que, se seu amigo
pensou que ela era boa o suficiente para dormir com ele, talvez ele pudesse
se sentir da mesma maneira. Infelizmente, suas ações tiveram o efeito
oposto em Ryan.
A mídia com certeza se divertiu com todos esses rumores e mentiras. De
acordo com os relatórios, Ryan tinha voltado com Suzanne, Suzanne teria
me dito para ficar longe de seu homem, o nosso relacionamento acabou, e
eu estava tendo um caso secreto com o meu ex-guarda-costas pelas costas
de Ryan. Era além de ridículo.
— Você está se sentindo bem para sair de casa hoje? — Marie
perguntou, interrompendo minha visita privada a várias entrevistas
antigas de Ryan Christensen no computador.
Eu cliquei no botão de pausa no vídeo e lhe dei um pouco mais da
minha atenção. Eu tinha estado escondida em meu apartamento por uma
semana inteira.
— Tammy quer nos levar para o almoço. Temos de parar na joalheria e,
em seguida, temos de ir olhar vestidos de dama de honra — ela divagava
através do telefone.
Eu estava me sentindo muito melhor e sair para o ar fresco soou
atraente. Eu também esperava esmagar algumas das novas preocupações
que misteriosamente surgiram no meu cérebro.
Marie e Tammy estavam agindo, eu não sei, estranha comigo no último
par de dias. Eu não conseguia identificar especificamente; eu poderia
apenas sentir. Talvez fosse a nova maneira que ambas desajeitadamente
sorriam para mim que me fez sentir estranha?
Eu tinha estado realmente doente e eu estava extremamente grata que
minhas duas melhores amigas estavam lá para mim, mas eu não podia
deixar de me preocupar que elas estavam ficando cansadas de mim e
minha nova vida de drama.
— Tammy, seu anel de casamento é lindo! — Jorrei, observando o brilho
de diamantes na luz. Ela entregou um cheque para o balconista.
— Obrigado! — Tammy brilhava. — Apenas mais seis pagamentos e é
meu.
— Ei, Taryn, venha ver este! — Marie chamou. Ela estava olhando para
anéis de esmeralda.
— Quanto é aquele anel ali? — Marie apontou para um anel muito
vistoso.
A senhora tirou-o da caixa de vidro e verificou a etiqueta.
— Este aqui é três mil.
Meus olhos saltaram. Era um anel feio por três mil dólares. Marie
tentou colocá-lo em seu dedo, mas não passaria por sua junta sem um
bom empurrão.
— Aqui Tar, você tem dedos minúsculos. Experimente-o.
Enfiei-o em minha mão direita e estendi-a para ela. O anel tinha um
enfeite em camadas que arrancaria uma camada de pele fora de alguém se
você encostasse contra eles acidentalmente.
Marie brincou com o anel no meu dedo, verificando a aparência sob
vários ângulos. Fiquei surpresa que ela ainda gostava de este estilo de
joias. Ela segurou minha mão para a balconista.
— Então, o que você acha? Serve para ela?
— Ela teria de fazer sob medida — a senhora respondeu, torcendo-o
livremente no meu dedo. — Você provavelmente poderia fazer um pouco
menor.
Tirei-o imediatamente e entreguei-o de volta para a funcionária. Eu não
quero que ninguém pense que eu estava interessada em comprar este anel
feio.
— Este anel é pequeno. Que tamanho é? — Marie o colocou de volta em
seu dedo.
— É um seis — a senhora falava monotonamente. — É um tamanho
padrão.
— Pronto, Taryn. Seu próximo trabalho poderia ser um modelo de mão,
uma vez que todos estes lhe cabem — Marie brincou.
Eu pensei sobre modelar meu dedo do meio para ela.
— Quão pequeno é o dedo dela? — Perguntou Marie.
A senhora de vendas deslizou alguns anéis de metal em volta do meu
dedo.
— Você usaria um cinco e meio.
— As duas mãos são do mesmo tamanho? Eu ouvi que um lado é
sempre maior — afirmou Marie.
A senhora mediu minha outra mão.
— Eles são iguais.
— Experimente aquele — Marie apontou para um outro anel. A
vendedora me entregou um desastre de opala e esmeralda.
— Você sabe que vai ter que começar a malhar os dedos se você estiver
indo para for entrevistada para todos aqueles trabalhos de mãos — Tammy
bufou em sua própria piada.
— Tenho certeza de que Ryan estaria feliz em ajudar nisso! — Marie riu.
— Vamos, vamos sair daqui e ir experimentar alguns vestidos de tafetá
realmente feios, agora. Temos tudo o que precisamos.
— Falando de vestidos… — murmurei e abri minha bolsa para pegar
meu celular. Havia um outro assunto muito importante, que exigia um
vestido muito especial, mais próximo do que o casamento de Tammy no
meu calendário.
— Eu não posso acreditar que você tem o número de Kelly Ann Gael e
você pode apenas ligar para ela e falar sobre vestidos como se não fosse
grande coisa — Marie brincou. — Quem mais você tem aí agora? Drew?
Gwyneth? Demi? — Marie agarrou meu telefone, assim quando seu próprio
telefone começou a tocar.
— Oi… Cheryl — Marie murmurou sem jeito. — Ei, eu posso ligar de
volta? Eu estou com minhas amigas Taryn e Tammy agora. — Marie
gemeu. — Ok, bem… hum, deixe-me pensar. Que tal se eu te ligar às cinco
e meia? Cinco e meia — ela repetiu.
— A irmã de Gary — Marie respondeu meu olhar questionador. — Ela
está sendo uma verdadeira dor na bunda recentemente.
CAPÍTULO VINTE E SETE

Hollywood
Ainda estava escuro lá fora quando Tammy me levou ao aeroporto na
terça-feira seguinte, de manhã. Meu voo me colocaria na Costa Oeste há
uma hora da tarde, deixando-me tempo de sobra para me divertir com
Kelly. Ryan me disse para ter certeza de fazer uma mala leve, uma vez que
era muito mais quente em Los Angeles, e para trazer o meu novo cartão de
crédito da Shell-B Enterprises, assim como para fazer o check-in no hotel.
Ryan não pousaria em LAX até quase nove horas da noite em seu retorno
da Escócia. Ele levaria três voos diferentes para chegar à Califórnia.
O sol brilhava quando andei através do terminal no LAX. Sorri para mim
mesma quando fui quase despercebida pelos sanguessugas com câmeras.
Meu palpite estava correto; havia paparazzi demarcando neste aeroporto
vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Meu devaneio
rapidamente desapareceu quando percebi que Ryan teria um destino
diferente quando pousasse esta noite. Ele estaria cansado e irritado com a
atenção indesejada dos paparazzi.
Certamente eles não o deixariam passar despercebido.
Haviam muito pouco motoristas à espera de passageiros chegando perto
da saída. Meus olhos percorreram rapidamente os nomes dos cartões que
cada um deles segurava, mas eu não vi o meu nome. Olhei novamente.
Certamente eu devo ter perdido a primeira vez. Reli cada cartão
procurando o nome de Ryan.
Foi quando eu vi "Bailey" escrito em um cartão. Debaixo dele estava
Shell-B Enterprises. Um sorriso apareceu no meu rosto quando o
motorista perguntou se eu era a Sra. Bailey. Ainda não, mas talvez um
dia?
Eu definitivamente me senti como uma estranha nesta terra estrangeira
chamada Los Angeles… palmeiras e carros caros estavam por todas as
ruas. O hotel onde nos hospedarem era além de qualquer coisa que eu já
tinha experimentado também. Exalava riqueza.
— Boa tarde. Eu gostaria de fazer check-in, por favor — eu disse para o
homem atrás do balcão de mármore.
— Bailey? — Eu disse timidamente, sem saber se era esse o nome da
reserva ou não. Ele digitou em seu computador.
— Cartão, por favor — pediu.
O pânico familiar brotou no meu peito. Eu não tinha identificação como
Bailey no cartão. Entreguei-lhe minha carteira de motorista e me perguntei
quanto tempo demoraria para Kelly chegar aqui e me resgatar quando esse
cara me chutar para fora do hall de entrada por falsa identidade.
Ele me entregou de volta com um sorriso.
— Eu preciso do seu cartão de crédito, por favor, para a verificação —
ele corrigiu. O cartão-chave que ele me deu em troca não desbloqueava
apenas qualquer antigo quarto de hotel. Isso não seria o estilo de Ryan em
me tratar bem.
Este quarto era uma enorme suíte, decorada em tons de vinho e creme,
com um rico piso de madeira de mogno. Portas de madeira elegantes
separavam a grande sala de estar do quarto, e havia dois conjuntos
separados de portas francesas que se abriam para a varanda privada. A
suíte até mesmo tinha a sua própria sala de jantar.
Eu coloquei minha mala no edredom listrado de bege e vinho que cobria
a cama de dossel king-size e suspirei em voz alta. O Sr. Christensen,
certamente, seria tratado como um rei nesta cama mais tarde.
Acendi a luz do banheiro e fiquei surpresa ao ver uma televisão de
plasma montada na parede, em linha direta da grande banheira de
imersão. E então lá estava ele — o toque final — o box do chuveiro com um
painel de muitos prazeres. Eu tinha que dar-lhe crédito; ele era um
homem simples com necessidades simples, mas quando fornecia luxo, com
certeza ele fazia direito.
Kelly me pegou no hotel uma hora mais tarde e começou a me levar para
as lojas luxuosas em L.A.
— Duas coisas antes de irmos para lá — Kelly anunciou, estacionando
seu carro. — Um, você vai entrar em choque com as etiquetas, por isso
não olhe para as etiquetas de preço, e dois, Ryan disse que você tem um
limite de crédito de cinquenta mil em seu cartão, de modo que temos que
nos comportar.
— Cinquenta mil? — Eu me senti fraca. Estendi a mão para o botão do
ar condicionado no carro dela e o liguei. Ela riu de mim. — Não há
nenhuma maneira no inferno que eu estou gastando… — Eu tive que
engolir. Minha garganta estava apertada. — Eu não me importo com
quanto dinheiro ele tem!
— Relaxe! — Ela me disse. — Nós não vamos gastar tudo isso.
— Eu só preciso de um vestido para a festa e algo legal para vestir para
o nosso jantar e reunião com o Sr. Follweiler. Só isso. Eu até trouxe meus
saltos pretos de casa.
Ela passou as próximas horas me vestindo como uma das bonecas
Barbie da filha.
— Kelly, quatro mil dólares por dois vestidos? — Sussurrei, nervosa, em
seu ouvido. Aparentemente, estes preços não eram grande coisa para
quem vive deste lado do país.
— Nós vamos levar tudo isso — Kelly informou à menina atrás do
balcão. Ela tinha empilhado desde os jeans e tops, até mesmo as ankle
boots de couro preto totalmente sensuais que eu me apaixonei. — Ah, e a
bolsa Dior também. — Ela colocou a bolsa no topo.
— Kelly! — Eu cerrei através de meus dentes. Tudo o que eu disse que
amava estava na pilha. Só a bolsa era mais de mil dólares. — Não! — Eu
disse com firmeza para o caixa. — Apenas os dois vestidos e estes sapatos.
Eu não quero comprar qualquer uma dessas outras coisas.
Kelly sorriu e sussurrou em particular no meu ouvido:
— Você será fotografada toda a semana. Você precisa olhar para o papel.
Não é de um ator aspirante que estamos falando aqui. O público espera
que sua namorada seja elegante e sexy.
Virei-me e falei em voz baixa:
— Eu não me importo. Eu não estou gastando seu dinheiro em coisas
que são desnecessárias. — Empurrei os itens extras para o lado.
— Você pode nos dar um minuto? — Kelly pediu ao caixa, puxando meu
braço para eu segui-la. — Taryn, ele me disse para ter certeza que você
conseguisse o que quiser.
— Tudo que eu quero são estes dois vestidos e os sapatos — informei ao
caixa.
— Seu total é de 4.790 dólares — a caixa anunciou.
Engoli em seco enquanto lhe entreguei meu cartão de crédito Shell-B.
Eram quase onze horas, quando Ryan finalmente entrou pelas portas da
nossa suíte. Ele mal pisou quatro pés dentro do quarto, quando passei
meus braços em torno dele. Ele deixou cair todos os seus pertences no
chão e me agarrou. Parecia que tudo o que estava errado foi colocado de
volta no lugar certo, no momento em que seus lábios tocaram os meus.
— Parece que você se divertiu ontem — disse Ryan, apontando o queixo
para os sacos de roupas pendurados na porta. Eu não podia acreditar no
quanto senti falta de acordar em seus braços.
— Eu, necessariamente, não chamaria de divertido — Eu respirava em
seu pescoço, escondendo meus olhos em seu cabelo.
Ryan tirou os lençóis da cama e olhou para os nossos corpos.
— Ok, agora eu estou realmente preocupado! Eu cuidadosamente
chequei, e eu sei que você é uma garota. Você tem todas as partes
adequadas de garota. — Ele passou a mão para baixo sobre minha parte
traseira, fazendo-me inquieta. — Eu pensei que todas as mulheres gostam
de fazer compras. O que está acontecendo?
Eu me virei, relutante em ter outra conversa sobre minha aversão em
gastar o seu dinheiro.
— Eu não sei. Quer dizer, eu me diverti bastante com Kelly. É só que,
bem, eu me sinto culpada.
— Culpada? Por que, você roubou a loja? — Seus olhos me puxaram de
volta, forçando-me a dizer a verdade.
— Eu só queria ter um belo vestido. Eu não achei que custaria tanto. Eu
só vou usá-lo por algumas horas.
— Quanto você gastou? — Ele perguntou, parecendo reprovador.
Eu olhei para ele com olhos culpados.
— No total? — Engoli em seco. — Quatro mil e oitocentos? Eu tenho
dois vestidos e sapatos novos para vestir, um para o jantar hoje à noite e
outro para a festa no sábado.
Ele balançou a cabeça e fez uma careta para mim.
— O que você estava pensando?
— Eu sei. Eu disse a Kelly que era demais, mas ela me disse que sua
namorada tem que parecer elegante — confessei. — Eu deveria ter tentado
encontrar algo mais acessível em casa, mas agora é tarde demais. Eu te
pago de volta, eu prometo.
— Não. Tudo bem. Eu acho que eu vou ter que fazer outro filme ou algo
assim. É isso ou vamos ter de arrastar o colchão para o quintal da frente
de novo. — Ele parecia todo descontente e, em seguida, ele rolou seu corpo
em cima do meu. — Tar, você vai ter que se acostumar a vestir-se quando
eu fizer aparições públicas, shows de premiação e estreias. Você sabe
disso, certo?
Eu assenti.
— Vestidos e outras coisas não são baratos. Mas se você sentir
fortemente sobre gastar o meu dinheiro, você sempre pode trabalhar para
pagar sua dívida — disse ele maliciosamente, suavemente beijando meus
lábios. — Devo adverti-la, embora; eu posso pedir-lhe para fazer coisas que
você pode achar nojentas e perversas. — Seu sorriso diabólico fez meu
coração disparar.
— Não, está tudo bem. Deixe-me pegar minha bolsa e eu vou escrever-
lhe um cheque. — Eu provocativamente tentei sair de debaixo dele.
— Eu não aceito cheques pessoais. — Ele me prendeu com seus longos
braços, fingindo que ele ia dar uma mordida grande no meu peito exposto.
— Além disso, eu estou esperando sujeitá-la a cinquenta anos de trabalho
duro.
— Isso significa que temos de renegociar nossas condições de novo? —
Eu gemi, travando meus tornozelos sobre seu traseiro.
— Absolutamente! Agora role para que eu possa alterar a cópia do nosso
contrato. Eu só tenho que trazer minha borracha até aqui — ele brincou.
Nossa manhã juntos passou tão rapidamente e agora ele estava fora
novamente.
— Vejo você em torno das seis — disse Ryan, me dando um beijo de
despedida na privacidade do nosso quarto. — Escute, apenas divirta-se
esta tarde com Kelly. E não pergunte quanto, tudo bem? Apenas coloque
no cartão, o meu cartão não o seu — ele corrigiu. — Depois dos testes de
tela, tenho que pegar os meus ternos novos e então eu vou encontrá-la
aqui.
Eu o beijei em despedida e franzi a testa quando ele escorregou das
minhas mãos.
Kelly viu que eu tinha terminado no spa que ela me levou. Eu estava
limpa, massageada e purificada. Nunca me senti tão relaxada em toda a
minha vida. Minha pele brilhava. Após a manicure e pedicuro, eu tive o
meu cabelo cortado e penteado. Eu me senti fabulosa.
— Só para você saber, quando voltarmos para o quarto, estou rasgando
este vestido do seu corpo — Ryan informou no carro em nosso caminho
para o restaurante. Revirei os olhos. — Estou falando sério! — Ele pegou
minha mão e esfregou-a na frente de suas calças. — Sentiu isso? Isso é só
por pensar nisso!
— Você precisa se concentrar — eu cutuquei. — Títulos de filmes do
Jonathan Follweiler… vá.
Ele divagou três títulos; eu listei mais de doze de memória.
— Imprimi todo o seu trabalho — eu disse, desdobrando os papéis que
eu tinha em minha bolsa. — Vamos ver, créditos na televisão… diretor e
produtor de City Pulse, diretor do original Stories Of Trouble and 13 Lies,
todos são projetos atual. Ele nunca recebeu um Academy Award, mas ele
foi nomeado em 2004 por duas Melhores Fotografia e Melhor Diretor por
The Wandering Road. Oh e seu filme Safe Distance arrecadou 200 milhões.
Virei o papel para a próxima folha.
— Seu último projeto foi o filme Nefarious Hearts que estreou em maio.
Continuei a interrogar Ryan por todo o caminho para o restaurante.
Mais uma vez as câmeras clicaram no minuto em que saímos da limusine,
mas o nosso guarda-costas nos levou rapidamente para dentro do prédio.
Foi bastante intimidante ser a única mulher em uma mesa de quatro
homens muito poderosos. Tomei o primeiro assento ao lado do Sr.
Follweiler; ele parecia o menos intimidante e o mais amigável da mesa.
Mesmo que recebi uma calorosa recepção, eu não poderia evitar de
sentir que eles esperavam que eu fosse um objeto sexual, desmiolado; o
estereótipo de famosa namorada de ator que era apenas um troféu. Suas
conversas convenientemente me excluíram de participar, por isso, sentei-
me calmamente e observei. Notei que nenhum deles sequer se preocupou
em pedir por uma resposta minha.
Ryan tentou se acomodar sorrindo em minha direção de vez em quando,
mas ele parecia tão desconfortável quanto eu. Eu tinha a sensação de que
isso ia acontecer e assim guardei alguns ases na manga apenas no caso de
precisar.
O agente de Ryan, Aaron, era exatamente o que eu esperava: forte,
poderoso, muito arrogante e um sabe-tudo. Ele conhecia todo mundo
nesta cidade e era definitivamente um dos seus jogadores mais fortes.
Senti quando ele olhou para Ryan, que ele viu nada mais do que uma vaca
de dinheiro suculenta na frente dele. Ryan era a carne por trás de suas
manipulações criativas. O gerente de Ryan, David, por outro lado, passou
uma grande parte do tempo ajustando seu Rolex no pulso e verificando as
saias curtas e seios grandes que passaram por nós a cada doze segundos.
Notei uma pausa na conversa e me aproveitei disso.
— Sr. Follweiler, eu só queria felicitá-lo. — Minhas palavras saíram
nervosamente enquanto eu falava baixinho para ele. — Eu li que o seu
filme Nefarious Hearts poderá obter vários acenos da Academia, incluindo
melhor filme. Muito emocionante! — Sorri educadamente.
— Obrigado! Eu estou excepcionalmente orgulhoso desse filme. — Ele
ajustou a sua posição de frente para mim. — Você teve a oportunidade de
vê-lo? — Ele levantou uma sobrancelha.
— Sim, senhor, eu assisti! Embora eu deva pedir desculpas que eu só
fui capaz de vê-lo uma vez que foi lançado em DVD. Me desculpe, eu não
contribuí para os números de abertura, mas independentemente disso eu
achei que foi fabuloso.
Ele sorriu para mim e mudou seu peso para se inclinar na minha
direção, colocando seu copo de Bourbon para baixo e colocando um dedo
curioso perto de sua boca.
— Então me diga, querida, sobre o que era o filme que você realmente
gostou?
Ryan se contorceu na cadeira. Eu podia sentir a sua paranoia, mas eu
estava preparada com conversa fiada espirituosa. Senti imediatamente que
este era seu teste; John estava me testando para ver se eu realmente tinha
visto o filme ou se eu estava mentindo através de meus dentes.
— Fiquei muito intrigada com o desenvolvimento do personagem, como
todos os personagens principais foram introduzidos em flashbacks? Isso
foi muito inventivo. É realmente capturou minha atenção. Devo admitir
que me apaixonei pelo personagem principal, Giles, imediatamente. Oh, os
sentimentos que ele invocou em mim! Eu não sabia se eu queria amá-lo ou
desprezá-lo! — Eu educadamente ri. — Mas, no final, é claro, eu não
poderia deixar de torcer por ele! E é por isso que seu filme foi reconhecido
pela Academia. Pensei que Gerard fez um trabalho fenomenal no papel
também.
Mal sabia alguém nesta mesa, que eu tinha acabado de assistir ao filme,
há duas semanas, enquanto ainda estava me recuperando da bronquite e
eu tinha lido vários comentários publicados para obter a besteira que
apenas rolou para fora da minha boca. O filme realmente me confundiu
como inferno em alguns pontos.
Jonathan acenou com a cabeça e sorriu largamente para mim.
Continuamos a ter uma discussão sobre o elenco do filme, até que sua
cabeça e atenção se inclinaram em direção ao Ryan.
— E você, Ryan? Você por acaso teve a chance de ver meu último
trabalho?
Ryan chutou meu pé quando se endireitou em seu assento e ajeitou o
colarinho da camisa. Olhei para Ryan cuidadosamente, sabendo muito
bem que ele não tinha visto o filme, nem se preparado para esta reunião.
David olhou para o lado, fingindo estar distraído.
— Ryan? — Eu sorri. — Você se importaria se eu lhe contasse a
história? — Corri a ponta do meu dedo pelo meu nariz, em seguida,
delicadamente esfreguei minhas unhas pintadas debaixo do meu queixo.
Ryan pigarreou nervosamente e, em seguida, reconheceu meu gesto
secreto.
— Por todos os meios. — Ele fez um sinal com a mão para eu continuar.
Olhei de volta para Jonathan fingindo me lembrar com carinho do meu
conto exagerado.
— Foi apenas no momento em que Grant admitiu a Giles que ele era um
ladrão e um assassino por acidente, quando Ryan e eu tivemos nosso
primeiro debate aquecido sobre filmes.
Eu sorri para Ryan. Eu podia ver claramente, na forma como ele
estreitou os olhos para mim, que ele estava morrendo de vontade de saber
onde eu iria com isso.
— Ryan tinha a opinião de que a revelação de Grant seria considerada
como a última traição a seu irmão e que, no final, irmão iria se virar
contra irmão. Mas eu discordei. Havia algo na maneira em que Giles era
tão meticuloso em seus hábitos pessoais, como uma criança, que eu só
sabia que os dois irmãos se uniriam no final.
— A propósito, Sr. Christensen, eu acredito que você ainda me deve
uma garrafa de vinho por perder essa aposta! — Provoquei.
— Eu acredito que eu lhe devo um vinhedo inteiro por agora, querida. —
Senti a mão de Ryan deslizar na minha.
— Você deve ser muito intuitiva para adivinhar o resultado. Bravo! —
Jonathan elogiou, fazendo uma pausa para tomar outro gole de Bourbon.
— Então me diga, o que sua intuição diz sobre Slipknot? Ryan me disse
que tem corrido as falas com ele, assim eu suponho que você leu o roteiro
inteiro?
Respirei fundo.
— Sim senhor… muitas vezes — sussurrei.
— Bem então? O que sua intuição lhe diz?
— Tem ação e suspense, juntamente com uma dose saudável de
romance. Não é uma aposta segura? — Eu disse o óbvio.
Jonathan se mexeu na cadeira.
— Você sente que a história é digna de Oscar digna? — Perguntou ele,
ansiosamente aguardando a minha resposta.
— Ela não é qualificada para responder a essa pergunta, John — Aaron
insensivelmente interrompeu.
— Ele está certo. Eu não posso responder a isso — admiti com firmeza.
Jonathan levantou a mão para parar a ambos.
— Minha pergunta não tem nada a ver com qualificações — ele
descartou. — Eu quero saber sua intuição.
— John! Sério! Sabemos que vai ser fenomenal! — David olhou para
todos, rindo com confiança. — Por que não receberia uma nomeação ao
Oscar. Eu quero dizer…
— Agora David, deixe a moça falar! — Jonathan ordenou. — Taryn? Por
favor continue.
— Honestamente? Por Melhor fotografia? — Hesitei e tomei um grande
gole de vinho do meu copo.
Eu podia sentir Aaron mentalmente gritando comigo para calar a boca e
David parecia pronto para saltar sobre a mesa e tampar minha boca, mas
recebi uma pergunta direta. Pensei em todas as pesquisas que fiz sobre o
Oscar, quando eu me perguntava que tipo de papel Ryan poderia
interpretar para conquistar um melhor ator em um papel principal e
recordei que todos os prêmios de melhores fotografias pareciam ter uma
coisa em comum.
— Eu acho que não, senhor. Será que o filme arrecadará milhões
brutos? Absolutamente, especialmente com um forte ator como Ryan. E
com o seu brilhantismo e visão, será certamente um sucesso. Mas eu acho
que o roteiro como está; falta aquele tom a mais épico que é exigido nos
prêmios de melhor fotografia. A história é interessante, mas o personagem
principal é um solucionador de mistério. Não um herói.
Aaron jogou o garfo no prato, destacando sua desaprovação. Fechei
meus olhos por alguns segundos e internamente me bati por abrir minha
boca grande, coberta de batom. Talvez troféu, boba, idiota teria sido uma
abordagem mais segura depois de tudo?
Jonathan se inclinou e falou diretamente com Ryan:
— Onde foi mesmo que você disse que encontrou essa mulher incrível?
— Na Costa Leste. — Ryan riu. — Por quê? Você está planejando roubá-
la de mim?
— Talvez, se você não tiver cuidado! Eu não posso dizer-lhe como é
refrescante ter uma conversa honesta com alguém! — Jonathan sorriu e
bateu na minha mão. — Essa é uma qualidade que seriamente falta neste
negócio.
Seus olhos quentes voltaram para mim.
— Relaxe, minha querida. Eu tinha exatamente os mesmos sentimentos
sobre o roteiro. Eu já discuti com alguns escritores. — Jonathan
continuou; rindo para si mesmo. — Agora, para o negócio na mão. Vamos
discutir fazer um filme.
Deslizei de volta em minha cadeira enquanto meus nervos torceram em
nós. O desejo de entrar em um avião e correr para casa era esmagador.
Uma vez que o motorista entrou na entrada da garagem privada do
nosso hotel, Ryan e eu praticamente corremos do elevador para o nosso
quarto. Ele me pressionou contra a porta e me beijou apaixonadamente,
fechando o resto do mundo louco para fora. Assim como Ryan tinha
avisado, ele quase arrancou meu vestido, lutando com impaciência com o
zíper. Nós agressivamente removemos as roupas um do outro, nos
despindo ali mesmo na entrada de nossa suíte como alguns adolescentes
excitados e sedentos de sexo. Nossos corpos se uniram, testando a mobília
da sala de estar, mesa de café e até mesmo a mesa de jantar de mogno
polido, antes de nos enroscar sobre a cama de dossel.
Na manhã seguinte, mal tive tempo de engolir o nosso café da manhã
antes de ter que me movimentar novamente. Pensei que seriamos capazes
de passar algum tempo juntos sozinhos, mas isso era um desejo não
realizado.
Sentados no banco de trás de um outro sedan com motorista, passamos
o famoso letreiro de Hollywood na encosta enquanto nós dirigimos para o
estúdio, onde Ryan iria participar de uma sessão de foto para uma revista.
David, o gerente de Ryan, estava sempre torcendo seu caro relógio em
seu pulso.
— Você leu os scripts que Aaron lhe enviou?
— Sim, eu li — Ryan respondeu, examinando suas mensagens no
telefone celular novamente.
— Sacred Mountain, Ryan. Esse é o seu próximo grande sucesso.
— Eu não estou interessado em sci-fi agora, David. Eu lhe disse que eu
quero perseguir The Isletin Solution. Você e Aaron deveriam estar
trabalhando nisso.
Os lábios de David franziram.
— Eu não sei porque você tem esse roteiro preso na sua cabeça. As
pessoas não vão se alinhar aos cinemas para ver Ryan Christensen
interpretando algum estudante de medicina da década de 1940, que faz
testes médicos em cães.
— Era a década de 1920, 1921 para ser exata — Interrompi.
David me lançou um olhar sujo.
— O que você disse? — Ele perguntou, irritado com a minha
interrupção.
— Aconteceu em 1921. Você disse que era a década de 1940 — a minha
boca grande subconsciente respondeu.
— Tanto faz. Não importa — disse ele laconicamente, rapidamente
voltando sua atenção para Ryan. — Você vai estará melhor fazendo Sacred
Mountain. Você precisa de um outro projeto alinhado, e este é um grande
orçamento; grande ação com um grande estúdio apoiando, para não
mencionar um grande salário para você.
Ryan olhou para mim, tentando avaliar minha opinião antes de dar sua
resposta. Cocei meu queixo repetidamente.
— Um filme sci-fi, David? Realmente? — O nariz de Ryan enrugou.
— Sim, Ryan. Sério! Você precisa alinhar um projeto após o terceiro
Seaside e este é ele. Eu estou dizendo a você, este é todo seu! Aaron e eu já
falamos com Stevens na Universal. Tudo que você tem a fazer é dizer sim e
podemos selar este acordo. Mas o tempo é agora, Ryan. Ele quer que você
entre nisso, por isso vamos entrar! — O entusiasmo de David era aparente.
— Eu não sei. Eu li o roteiro e a história é fraca. Eu prefiro fazer filmes
que são mais significativos e os personagens memoráveis e conduzidos. As
pessoas vão correr para os cinemas para ver eu me divertir por aí com
pequenos aliens cinzas? Acho que não. Eu vou parar de atuar antes de eu
fazer filmes de merda. Além disso, Taryn leu Isletin e ela sente que seria
um melhor papel para mim.
Engasguei, surpresa. Por que Ryan teve de mencionar o meu nome? Ele
disse isso tão calmamente e depois simplesmente voltou a se distrair com
seu telefone. David instantaneamente olhou para mim e eu podia sentir
seu desdém. Eu queria me defender, ao invés disso, mantive minha boca
fechada desta vez. Isso era entre Ryan e seu gerente.
— Isletin é um sonífero — David gemeu. — É suicídio de carreira. — Ele
fez questão de olhar diretamente para mim quando disse isso. — Você
precisa de grande ação agora. Você tem que manter esta energia rolando!
— Eu já assinei contrato para três filmes no próximo ano. Além disso,
eu quero tentar ter uma vida de alguma forma no meio de tudo. — Ryan
pegou minha mão e teceu nossos dedos juntos.
Os olhos de desaprovação de David secretamente seguiram o gesto de
Ryan.
— Ryan, deixe-me dar-lhe alguns conselhos. Você não está no negócio
há tempo suficiente para deixar passar oportunidades como esta. E
esqueça sobre abrandar. Você abranda agora e sua carreira acabou nesta
cidade. Sacred Mountain é um projeto de dinheiro e o produtor está
mesmo disposto a esperar até você terminar de filmar o terceiro Seaside.
Você precisa saltar sobre este projeto e esquecer dos roteiros que não têm
respaldo.
Ryan respirou profundamente; sua indecisão estava começando a se
mostrar. Apertei sua mão na minha para chamar sua atenção. Quando ele
olhou para mim, esfreguei minha testa e, em seguida, arranhei meu
queixo. Ele não iria deixar sua marca como ator dramático e sério com um
enredo como Sacred Mountain.
Era além de fraco.
— Deixe-me pensar sobre isso — Ryan respondeu. — Eu quero falar
sobre isso com Taryn.
Marla, sua publicitária, já estava esperando no estúdio quando
chegamos. Ryan estava programado para dar uma breve entrevista após a
sessão de fotos; Marla estava lá para mediar sua língua e certificar-se de
que sua imagem foi capturada corretamente.
Eu tinha a impressão de que esta seção era apenas para uma revista e
uma entrevista de Ryan, no entanto essa suposição foi rapidamente
derrubada quando vi Suzanne na cadeira de maquiagem. Pelas próximas
sete horas, vi Ryan e Suzanne fazendo inúmeras trocas de roupa conforme
posaram juntos uma e outra vez.
Suzanne, é claro, interpretou sua posição mais afortunada. Ela estava
saboreando o fato de que era ela nestas fotos com Ryan e não eu. Em entre
as fotos, uma equipe de maquiadores ia até ela e fazia seus olhos
esfumaçados ainda mais sedutores.
Eu fui capaz de tomar algumas respirações relaxantes quando Ryan
posou sozinho. Ele parecia desconfortável ao longo do tempo, contando
piadas e, ocasionalmente, fazendo caretas para ajudar a passar o tempo.
Lembrei-me da última vez que eu tirei foto profissionalmente; foi quando
me formei na Brown. Foi uma das minhas memórias que eu tento suprimir
nos cantos mais escuros do meu cérebro.
Estremeci, relembrando daquele dia fatídico, quando eu estava
esperando minha mãe voltar para casa das compras no supermercado
para que pudéssemos ir pegar minhas fotos no fotógrafo. Esse foi o dia em
que ela morreu. Se eu tivesse ido fazer compras com ela em vez de dar-lhe
um tempo difícil, eu poderia ter evitado isso.
— Você está bem? — Ryan perguntou durante uma pausa.
— Sim — assenti. — Apenas perdida em pensamentos.
— David quer uma resposta. — Ele parecia inseguro.
— O que você vai dizer a ele?
— O que devo dizer a ele? — Ele respondeu.
— A decisão é sua, amor. Vou apoiar qualquer escolha que você fizer.
Ele me deu um olhar de desgosto.
— Eu quero a sua opinião!
Respirei fundo.
— Ryan, todos os seus ídolos têm feito uma grande variedade de filmes.
Alguns eram memoráveis, alguns foram um cheque de pagamento e alguns
foram um desastre. Mas você mesmo disse… são essas decisões que
podem fazer ou quebrar uma carreira. Você tem três projetos chegando,
todos filmes destinados a serem sucessos de bilheteria, mas eles poderiam
ser seus trampolins para coisas ainda maiores. Você sabe tão bem quanto
eu que você está em uma posição única para realmente direcionar sua
carreira. Mas você escolhe! Não os deixe escolherem por você.
— Você está escalado para Thousand Miles com Slipknot agendado logo
em seguida. Então você tem a turnê de imprensa, festas e estreias de
Reparation no início de abril e Seaside Dois, em julho. Os ensaios para o
terceiro Seaside começam em setembro. Você não tem nada em pauta
depois disso, e se a Universal está disposta a esperar…
Ryan concordou.
— Mas amor, não é uma questão de programação e se você está
disponível ou não. Sacred Mountain é o tipo de filme no qual você quer ser
associado? A minha opinião é que não é uma história que vai fazer você
brilhar e se destacar como um homem principal poderoso. Quer dizer,
Leonardo DeCaprio iria fazê-lo?
Ryan sacudiu a cabeça rapidamente.
— Eu não penso assim.
— Bem, então? Você e os aliens vão ganhar dinheiro. Você e os aliens
não vão ganhar prêmios ou torná-lo um ator respeitado, bem equilibrado.
Sonhos só se tornar reais quando você se impulsionar em sua direção.
Eu vi sua expressão mudar quando ele compreendeu.
Eu estava surpresa que seu empresário e seu agente estavam
empurrando o filme sci-fi para ele. Ryan nunca tinha tido um papel
parecido antes, e embora eu podia ver a importância de mostrar a sua
gama de atuação, retratando personagens diferentes, o papel principal no
Sacred Mountain parecia ser um enorme desvio do que ele vinha fazendo.
Enquanto nós nos vestíamos em nossas roupas de noite para a festa de
encerramento, eu não poderia deixar de trazer o assunto novamente. Ryan
estava muito aberto para discutir os prós e contras do papel. Eu queria ter
certeza de que a decisão que ele tomasse seria muito bem pensada e que
minha influência não o impediria de aceitar um papel de valor.
— Espere para ser escoltado — Marla informou Ryan quando chegamos
ao grande hotel onde a festa de encerramento de Seaside ocorreria. Seu
tom autoritário me tirou dos meus pensamentos privados.
— Eu sei — Ryan murmurou, sabendo claramente o que se esperava
dele.
Marla deslizou seu corpo mais perto de Ryan para que ela fosse capaz de
sair do carro logo atrás dele. A porta de Ryan abriu e vários homens da
segurança formidáveis o cercaram imediatamente. Quatro homens
rapidamente o escoltaram do outro lado da rua onde os paparazzi e
centenas de fãs esperavam.
As luzes e os flashes das câmaras iluminaram o céu noturno. Eu fiquei
ali, completamente indefesa, observando Ryan ficar cego quando o volume
de gritos animados se tornou ensurdecedor.
Deslizei pelo assento de couro para sair do carro no meio-fio, mas Marla
estava bloqueando meu caminho. Uma vez que Ryan estava a salvo do
outro lado da rua, eu estava autorizada a sair do carro.
— Por aqui, senhorita — algum homem em um terno ordenou.
Eu fui retirada do carro e fui autorizada a ver o caos se desdobrando em
frente, de um local discreto perto da entrada do hotel. As pessoas estavam
gritando com Ryan por seu autógrafo e por fotos.
— Ryan, Ryan, aqui, Ryan — a multidão gritava para ele mais e mais e
mais uma vez.
Centenas de câmeras brilhavam como luzes estroboscópicas em seus
olhos enquanto ele voluntariamente se submeteu ao chamado da fama. Ele
assinou autógrafos depois de autógrafos e posou com cada pessoa que
tinha uma câmera.
Marla e David, seus "manipuladores", pairaram obedientemente atrás de
Ryan enquanto ele desempenhava seu papel. Eu queria tanto correr pela
rua e arrastá-lo para longe de toda aquela insanidade. Ele era uma pessoa,
mas ele era tratado como propriedade pública. Todo mundo queria um
pedaço dele e eu duvidava que havia peças suficientes sobrando para ir ao
redor.
Depois de quase 10 minutos, Ryan finalmente foi escoltado de volta
através da rua por sua equipe de segurança. Ele foi imediatamente levado
para uma área atapetada onde a imprensa estava esperando.
Ryan não estava sozinho no tapete; vários de seus colegas de elenco,
também estavam dando entrevistas. Ben e Cal ambos bateram em Ryan no
braço quando ele passava. Eu estava parada ao lado, enquanto Ryan
posou e falou com repórteres; ele parecia estar em seu desconfortável
modo de negócios novamente. Eu não sabia se devia me orgulhar ou me
preocupar por ele.
— Você está linda! — Kelly sussurrou em meu ouvido. Eu me virei para
vê-la de pé atrás de mim.
— Oh, Kelly! — Eu a abracei, aliviada que eu não estava mais sozinha.
— Você parece fabulosa também!
A limusine de Suzanne parou no meio-fio e ela foi imediatamente
escoltada para o tapete, onde Ryan e os caras estavam de pé. Ela não
hesitou indo direto para o lado de Ryan.
— Vejo você lá dentro. — Kelly bateu no meu braço enquanto Cal a
levava para longe. Eu assisti enquanto ambos posaram como um casal
para os paparazzi.
Fiquei ali sozinha novamente, colocada para o lado e para fora do
caminho por um dos manipuladores de Ryan. Eles estavam me
escondendo discretamente ao lado de alguma topiaria no escuro, onde eu
podia me sentir como um idiota em particular, na minha roupa de três de
mil dólares. Eu definitivamente me senti fora do lugar.
— Boa noite, Taryn — David cumprimentou-me nas sombras.
Eu estava momentaneamente atordoada por sua súbita simpatia. Ele
estava muito mais reservado comigo ontem. Seus olhos passearam pelo
meu corpo e seu comportamento assustador enviou uma pontada de
repulsa por mim.
— Boa noite, David — eu disse educadamente, mesmo que seus olhos
estavam presos em meu decote.
— Então… você é a única que dá ao Ryan mau aconselhamento de
carreira — David supôs, rindo ligeiramente. — Eu estava imaginando
quem estava enchendo sua cabeça com absurdos. Agora eu sei.
Olhei para ele; seu momento de minúcias estava descaradamente
acabado.
— Bem, nós, obviamente, temos uma diferença de opinião do que é
considerado mau aconselhamento de carreira, David.
— Você poderia dizer isso de novo! — Disse ele arrogantemente. — E
você certamente está impondo suas opiniões livremente sobre ele.
Grande, outro confronto. Aparentemente ele ainda estava amargo que eu
violei seu território.
— Ele e eu conversamos sobre os roteiros, isso é tudo. Ryan é um
homem adulto. Ele toma suas próprias decisões de carreira — retruquei.
Eu estava assistindo Ryan a uma distância enquanto ele falava com um
repórter.
— Ele costumava tomar suas próprias decisões, mas não parece ser o
caso ultimamente — David disse secamente. — Oh, a propósito, foi um
verdadeiro risco fazer seu movimento durante o jantar na outra noite,
falando com Follweiler assim! Talvez você deva considerar deixar as
atividades de gestão de carreira para aqueles de nós cujo trabalho é fazê-
lo. Ok, querida? Seu trabalho é apenas ficar bonita em seu braço.
Que ousadia este idiota tinha! Eu não sabia se eu queria dar um tapa
na cara dele ou uma joelhada em sua virilha.
Em vez disso, as palavras fluíram da minha boca.
— Você sabe, David, você está tão longe de ter uma pista que estou
surpresa não havia sequer ar para você respirar lá. Você não fez nada para
preparar Ryan para essa reunião e então você o deixou secar quando
Jonathan perguntou-lhe sobre ver o filme! Pela maneira que eu vejo, eu
mantive essa reunião indo e salvei Ryan de ser envergonhado e humilhado.
Assim em vez de me esmagar, talvez você deva considerar me agradecer.
Peguei um movimento com o canto do meu olho. Ryan estava
caminhando em nossa direção.
— Podemos ir agora, amor. Terminei aqui. — Ryan me pegou pela
cintura. — David, tomei minha decisão final. Sem aliens — Ryan disse com
firmeza. — Eu li ambos os roteiros e eu concordo com a Taryn. Ela tem
grandes instintos e ela sente que Isletin será um sucesso e um ponto alto
na minha carreira. Eu concordo com ela. Você é o meu gerente. Eu quero
que você empurre Aaron para o sonífero.
— Ryan! Não há dinheiro lá! — David defendeu. — Você está cometendo
um grande erro!
— Então é problema meu. No próximo outono terei mais de cinquenta
milhões de dólares no banco. Talvez eu vá me envolver na produção do
filme, ou posso me aposentar e cultivar uvas, mas será minha decisão. Por
favor, só faça o que eu pedi.
— Ryan! — David tentou impedi-lo. — Você vai seguir o conselho de sua
namorada bartender?
Ryan virou-se e olhou para ele.
— Basta fazer o que eu pedi, David, ou eu vou encontrar alguém que o
faça.
CAPÍTULO VINTE E OITO

Férias
— É tão bom estar em casa — Ryan suspirou, deixando cair sua
mochila e mala de viagem no chão. Ele se jogou em nossa cama e sorriu.
— Mmm — ele gemeu, empurrando o nariz em seu travesseiro. Arrastei-me
de quatro para me juntar a ele, brilhando no fato de que ele sentia que
meu apartamento era a sua casa também. Era, sem dúvida, uma casa com
ele dentro.
— Eu sei que acabou de sair de dois aviões, mas o que estamos fazendo
no Natal? Você quer voar para Pittsburgh e ver sua mãe e pai, ou não? —
Eu queria que ele tomasse uma decisão final para que eu pudesse fazer
planos de viagem. Natal estava a apenas cinco dias de distância.
Ryan gemeu alto.
— Tanto quanto eu amo minha mãe e meu pai, eu não quero voar para
qualquer lugar. Eu só tenho duas semanas de folga.
— Bem, você poderia sempre colocar sua família em um avião e fazê-los
vir até aqui — sugeri. Ele torceu o nariz.
— Não. Temos que ir ou eu nunca vou ouvir o final disso. Sabe o que eu
realmente quero fazer no Natal? — Ele me envolveu em seus braços, me
puxando para perto. — Eu quero ir cortar um grande pinheiro e ter a
minha primeira árvore de Natal real — afirmou. — Meus pais colocam a
mesma árvore falsa a cada ano. Eu nunca tive uma árvore real, mesmo
quando eu morava sozinho.
Eu sorri e beijei suavemente seus lábios. Ser normal parecia
maravilhoso.
Na manhã seguinte, emprestamos a caminhonete de Pete para ir buscar
uma árvore.
— Aqui, as instruções que Pete escreveu. — Ryan me entregou um
pedaço de papel. — Depois de eu chegar à rodovia, para onde eu vou de lá?
Virei o papel, notando que acabamos de passar por um lugar que tinha
árvores cortadas para venda. Mas Ryan queria a experiência de cortar sua
própria árvore de Natal.
— Vá mais cinco semáforos e depois vire à esquerda. Precisamos pegar
luzes e um suporte para a árvore também. Há uma loja de lá.
Ryan desligou a caminhonete e vi o ataque de pânico começar a brotar
em seu rosto.
— Eu não posso ir lá — ele sussurrou.
— Claro que pode — eu suavemente respondi. — É uma pequena mãe e
uma loja de hardware. Vê? Eles têm luzes de Natal e outras coisas.
Ele balançou a cabeça, indicando que ele estava se recompondo.
— Tudo vai dar certo. Nem todo mundo no planeta sabe quem você é. —
Tentei aliviar sua preocupação. — Além disso, você não fez a barba em um
par de dias… é quase como um disfarce. Se acontecer alguma coisa, vamos
correr. Eu prometo. — Estendi minha mão.
Quase ninguém estava na loja, exceto dois cavalheiros mais velhos que
lá trabalhavam e uma agradável senhora que embrulhou cada um dos
copos ornamentados que eu escolhi. O cavalheiro com o cabelo cinza
escuro passou mais de 10 minutos nos dizendo que suporte da árvore
seria melhor para uma árvore viva e como Ryan deve prendê-la assim a
árvore não cairia. O homem não tinha ideia de quem Ryan era; em seu
livro, éramos apenas clientes comuns.
Ryan estava sorrindo de orelha a orelha quando voltou para o caminhão
com as sacolas. Ele foi capaz de entrar em uma loja como uma pessoa
normal e comprar luzes para sua árvore de Natal sem ninguém tirando sua
foto ou pedindo um autógrafo. Eu estava contente; uma tarefa tão simples
que as pessoas levam como garantida a cada dia trouxe tanta alegria para
ele.
Ele passou alguns minutos extra, sacudindo as agulhas soltas do
pinheiro da nossa bonita árvore cortada na rua antes de arrastá-lo pelos
nossos degraus.
— Isso é maravilhoso! — Ele anunciou, olhando para cima e para baixo
no beco. — Olha, amor! Sem paparazzi!
Ryan colocou a árvore no lugar perto da janela da frente. Ele ficou lá
com um grande sorriso no rosto, maravilhado com seu trabalho útil. Eu
tinha o aparelho de som em segundo plano, tocando todas as canções
tradicionais de Natal para definir o humor, enquanto nós decoramos nossa
primeira árvore… juntos.
Na véspera de Natal, fomos para a casa de Pete e Tammy para o jantar.
Foi tão bom ver Ryan relaxado e feliz. Quando voltamos para o
apartamento mais tarde naquela noite, percebi que ambas as nossas
pressões estavam normais, para variar. Ninguém nos perseguiu pela
calçada tirando a nossa foto enquanto nos faziam perguntas ridículas ou o
importunado pelo seu autógrafo.
— Você quer abrir os presentes agora ou esperar até de manhã? —
Perguntou Ryan, jogando as chaves do carro na mesa da cozinha. O brilho
de esperança estava evidente em seus olhos.
— Você pode abrir dois presentes — eu disse a ele, sabendo que ele
estaria completamente distraído com o primeiro presente que eu planejava
fazê-lo abrir. — O resto tem que esperar até a manhã. — Escolhi uma
caixa específica de sua pilha de presentes e entreguei a ele.
— Ok, então você abre dois. — Ele se arrastou ao redor da árvore e
pegou uma das caixas menores que ele tinha embrulhado. — Você
primeiro.
Dentro da caixa havia uma pulseira de prata delicada com um design
céltico, tecida em torno de várias pedras brilhantes. Ryan tinha feito a
maioria de suas compras de Natal, quando estava na Escócia. Tudo o que
ele comprou em sua viagem ou encomendou na Internet foi enviado para o
Mitchell Pub.
— Ryan isso é lindo! Muito obrigado! — Eu coloquei a pulseira e então
me inclinei para lhe dar um beijo.
Ele rasgou o papel de seu pacote. Seus olhos se arregalaram quando
seus dedos levantaram as meias de seda da caixa.
— Espero que isso seja destinado para você usar! — Ele sorriu. — Eu
não acho que este item delicado é o meu tamanho. — Ele cuidadosamente
escolheu o resto da roupa do papel de seda e levantou-a. — Você está
definitivamente tentando me matar! — Ele riu. — Eu ouso perguntar
quando você está pensando em… hã… vestir isto?
— Agora — respondi calmamente. — Esse é o segundo presente que
você vai abrir esta noite. — Eu o aliviei da caixa e suavemente mordi o
lóbulo da orelha. — Vou encontrá-lo debaixo da árvore em poucos
minutos.
A sala estava escura, exceto pelas luzes brancas e suaves que brilhavam
entre os galhos da nossa árvore de Natal. Ryan estava deitado de lado
sobre a colcha que ele arrumou no chão, despido da sua cueca boxer
preta. Eu tinha uma garrafa de champanhe e duas taças em minhas mãos
quando me aproximei.
Ele sentou-se imediatamente quando apareci. Eu dei uma volta lenta
para mostrar-lhe a imagem completa.
— Oh, uau, obrigado Papai Noel — ele respirou.
No momento em que ele terminou de me desembrulhar, minha roupa
estava em pedaços.
Foi nas primeiras horas da manhã, quando Ryan riu levemente no meu
ouvido. O som de sua risada instantaneamente me acordou. Eu não tinha
certeza se ele ainda estava dormindo ou se ele estava esperando que eu
acordasse.
A umidade em sua boca fez alguns estalos e, em seguida, parecia que
ele gemia. Não era um gemido doloroso, este som era um de prazer. Fiquei
imaginando o que ele estava sonhando.
O céu lá fora estava apenas começando a mudar com a luz do sol
nascente. Olhei para o relógio, eram quase sete, muito cedo para levantar.
Seu braço empurrou de repente; sua mão segurou meu peito nu e ele
gemeu novamente.
Ele está dormindo? Na deixa, ele começou a roncar suavemente. Ele
estava sonhando e apertando o meu peito em seu sono!
Eu rolei em seus braços para encará-lo. Ryan acordou com um susto,
olhando para mim através de suas pálpebras entrecerradas. Ele gemeu e
rolou de costas.
— Desculpe, amor — ele murmurou, puxando os lençóis em nossos
corpos.
Aninhei meu rosto em seu peito, recebendo um braço quente e
acolhedor para me segurar lá. Em um instante, ele estava dormindo
novamente. Eu, no entanto, estava bem acordada e me perguntando sobre
o seu sonho.
Eu beijei seu peito nu; minha língua maligna tomando a liberdade de
prová-lo. Enfiei minha mão aberta para baixo em suas costelas, parando
no entalhe musculoso do seu quadril. Seus olhos ainda estavam fechados,
mas seus lábios se transformaram em um sorriso. Um ronronar suave
escapou de sua garganta.
Minha mão encontrou um novo lugar e com alguns golpes, estávamos
na mesma página. Eu estava com fome, faminta com o desejo de dar
prazer a ele; determinada a fazer seus sonhos se tornarem realidade. Com
um riso fraco, eu desapareci sob o lençol. Meus lábios o encontraram no
escuro; satisfação tomou conta de mim quando eu ouvi o ar gaguejar em
sua garganta. Seus dedos longos emaranharam no meu cabelo.
Não demorou muito para que o Edredom e o lençol pousassem no chão
depois de serem empurrados para fora do caminho. Nós rolamos e
torcemos juntos como um só; nossos corpos entrelaçados em uma miríade
de diferentes posições. Nosso amor sob a árvore na noite passada foi cheio
de paixão, embora a minha roupa definitivamente trouxe um lado diferente
dele. Ele estava mais forte, agressivo, ligeiramente superexcitado.
Este encontro na penumbra da madrugada foi o oposto; foi a experiência
total de chegar ao destino, em vez de se apressar para o próprio destino.
Suas mãos poderosas pressionadas em minha pele; seus braços fortes
em volta do meu corpo enquanto ele fez amor comigo. Nós éramos livres
para desfrutar um do outro, em silêncio, lendo os movimentos sutis, beijos
carinhosos, e mordidelas.
Meu corpo formigava de seu toque experiente; o prazer que ele
desencadeou em mim percorreu meu núcleo. Seus impulsos se tornaram
mais rápidos, mais poderosos, conforme ele elevava ainda mais o meu
orgasmo. Eu sabia que ele estava atingindo seu auge; eu podia sentir sua
libertação dentro de mim.
Seus dedos cerrados deixaram impressões em meus quadris e ele gemeu
da satisfação de sua libertação. Ele me segurou em seus braços quentes,
— Eu te amo com todo o meu coração — Ryan sussurrou
apaixonadamente, olhando para mim enquanto varria meu cabelo do meu
rosto.
Enfiei a mão em seus cabelos, puxando-o para outro beijo.
— Eu também te amo, mais do que tudo neste mundo — eu disse
suavemente, me perdendo nas profundezas de seus olhos azuis cintilantes.
Ryan levou sua xícara de café para a sala e sentou-se com as pernas
cruzadas no chão, perto da árvore. Ele estava tão ansioso para abrir os
presentes de Natal, a antecipação estava chegando a ele.
— Espero que você desfile com estas mais tarde. — Ele ergueu as
sobrancelhas diabolicamente.
Rasguei a pequena caixa que continha alguns pares de calcinha xadrez
vermelha.
— Só se você prometer desfilar com estas. — Joguei um pacote
embrulhado em sua direção, sabendo que eu comprei vários pares de
novas cuecas boxers.
— Eu acho que pode ser arranjado! — Ele piscou para mim.
Ele abriu o software de computador que eu comprei para o seu laptop
em seguida.
— O que é isso? — Ele perguntou, lendo a tampa da caixa.
— É para escrever e gravar sua própria música. Abra aquele. — Eu
apontei para um outro pacote. — Você conecta o microfone na porta USB e
pode tocar sua guitarra e gravá-la. Eu meio que esperava que você
terminasse a nossa música que começamos na cabana.
Ele sorriu.
— Algo para você mexer quando tiver alguns minutos de inatividade? —
Sugeri.
Abri o pacote fino, frágil, que ele me entregou ao lado. Dentro haviam
folhetos e desgastadas imagens recortadas de revistas. Olhei para ele,
completamente confusa.
— Eu tenho guardado essas imagens por um longo tempo agora — ele
me disse. — São todos os lugares do mundo que eu quero ver. Eu pensei
que talvez você pudesse escolher um e poderíamos tirar umas férias
agradáveis.
Folheei imagens da Grande Muralha da China, a Torre Eiffel e várias
outras maravilhas bem conhecidas do mundo, apenas para parar em uma
imagem onde a água era um belo tom de azul esverdeado e o céu era um
azul profundo. Eu não tinha necessidade de ir mais longe do que isso.
Mostrei-lhe a foto.
— Bora Bora! — Ele sorriu, feliz. — É onde você quer ir?
Eu balancei a cabeça e sorri amplamente, imaginando nós dois na praia
da imagem.
— Feito! Tahiti aqui vamos nós! — Ele anunciou com alegria. — Eu
estava realmente esperando que você escolher essa. Podemos ficar em uma
daquelas cabanas que ficam sobre a água. — Ele rasgou o embrulho de
um novo frasco de seu perfume favorito.
Eu abri a caixa que foi enviada da Califórnia. Dentro havia uma bolsa de
couro, castanho chocolate, Dior. Eu sorri para Ryan.
— Kelly disse que você realmente gostou, então… — Ele deu de ombros.
Nós estávamos cercados por pedaços de papel de embrulho, como duas
crianças pequenas na manhã de Natal. Ele tinha uma abundância de
novos brinquedos, jogos de vídeo e software para mantê-lo ocupado.
— Os últimos dois. — Ele sorriu enquanto trotava de volta à sala de
estar, vindo do quarto. Os dois presentes que ele tinha em sua mão não
estavam debaixo da árvore. Ele me entregou outro pacote plano e uma
pequena caixa. Senti a adrenalina quando se libertou na minha corrente
sanguínea.
— Estou realmente surpreso que você não fez nenhuma pergunta
quando eu peguei seu carro no outro dia. — Seus olhos se estreitaram em
mim. — A maioria das mulheres teria importunado até receber uma
resposta aceitável, mas, novamente, você não é como a maioria das
mulheres, não é?
— Você me disse que tinha alguns negócios para cuidar. Eu presumi
que você estava indo fazer compras.
— Eu tinha negócios para cuidar e eu acho que você poderia considerar
como fazer compras. — Ele acenou para os itens na minha mão. — Abra o
plano em primeiro lugar.
Eu tirei a fita do papel, levando meu tempo para respirar. Meu coração
estava batendo por algum motivo. Ele colocou a mão sobre a minha para
me parar por um momento.
— Este é um presente para nós dois — informou especificamente, à
espera de minha confirmação. Uma vez que eu reconheci sua mensagem,
ele retirou a mão para que eu pudesse continuar.
Olhei para as palavras impressas no papel, apenas para piscar os olhos
rapidamente de volta para ele.
— Ryan, o que… — Eu tentava absorver o que eu estava olhando.
— Esse é o título de propriedade dos doze acres de terra diretamente ao
lado da cabana de seu avô. É oficialmente a nossa.
— Como? Quando? — Fiquei tão chocada que eu não poderia formar
uma frase completa. — Doze?
— Eu tenho pessoas — disse ele comicamente. — Além disso, você não é
a única nesta casa que é sorrateira. Posso conspirar nas suas costas
também, você sabe!
Eu sorri para ele.
— O que? Você comprou todo o lago?
— Não! — Ele riu. — Só a maior parte do lado leste. Tentei comprar a
coisa toda. — Ele deu de ombros inocentemente. — Eu estou atualmente
em negociações para comprar os cinco acres para baixo daquele local de
pesca da sorte do seu pai. Vamos ver se eles vendem ou não. Se o fizerem,
seremos donos da metade da propriedade que circunda o lado leste do
lago.
— Bem, eu acho que é uma coisa boa que eu comprei para você aquele
software 3-D de arquitetura. Pelo menos eu sei que você vai ter a
motivação para usá-lo agora. Não admira que você riu quando abriu! —
Cutuquei.
Eu ainda tinha outro pacote pequeno descansando em minha mão.
Dentro do papel vermelho e verde de Papai Noel havia uma caixa… uma
caixa de anel.
Meus olhos dispararam para olhar para ele; ele sorria para mim.
Olhei para a caixa, quase petrificada em abri-la. Centenas de
pensamentos passaram pela minha mente, todos de uma vez.
— Abra! — Ele incentivou.
Estava difícil de engolir. Ele está fazendo isso agora? Agora é o momento
em que ele vai me perguntar? Puta merda. Antes de eu abrir esta caixa, o
que eu vou dizer? Eu vou dizer sim a sua pergunta? Sim! É claro que eu
vou dizer que sim! Por que não diria? Olhe para ele, tão adorável, sorrindo
para mim assim. Tão carinhoso e atencioso. Você não tem ideia do quanto
eu te amo, Ryan Christensen. Sim!
Minha resposta é sim!
Eu cuidadosamente abri a tampa da caixa branca. A dobradiça na caixa
era muito dura; tive que usar força extra para abri-la. Meus olhos se
adaptaram conforme olhei o anel aninhado dentro.
Um leve suspiro de ar gaguejou na minha garganta enquanto meus
pensamentos reajustaram-se para uma nova resposta. Dentro havia um
anel de prata bonito com uma enorme pedra oval cercada por um nó celta
intrincado em cada lado da configuração.
— É lindo! — Suspirei. — Obrigado! — Combinava com a pulseira céltica
que ele me deu na noite passada e os brincos e colar que desembrulhei
esta manhã.
Ryan pegou o anel da caixa e segurou a minha mão direita.
— É esterlina. Eu mandei inscrever. Diz: "Meu coração é seu”.
Depois que ele me mostrou a inscrição, ele deslizou o anel em meu dedo
anelar da mão direita. Encaixou-se perfeitamente. Minha mão tremia um
pouco.
— Eu disse que a propriedade é para o nosso futuro, e eu quero dizer
isso. Mesmo que seja apenas para colocar uma casa de férias lá. Nenhuma
decisão tem que ser tomada agora. E quando estivermos prontos, eu
pretendo colocar alguns anéis nessa mão. — Ryan levantou meus dedos à
boca e suavemente beijou a minha mão esquerda.
Em um borrão, os dez dias que Ryan tinha de férias diminuiu para três.
Passamos dois dias em Pittsburgh com a sua família e quase um dia
inteiro foi gasto apenas voando para lá e para cá. Foi um pouco mais fácil
percorrer os aeroportos se as pessoas não esperavam que ele estivesse lá,
mas ainda fomos parados por alguns fãs que o viram.
Tudo o que eu sabia era que os preciosos momentos que tinha com
Ryan estavam rapidamente passando.
A véspera de Ano Novo chegou e meu pub estava lotado. Alguns fãs
inveterados viajaram para a pequena cidade de Seaport depois que foi
publicado na mídia que Ryan estava passando as férias em seu ninho de
amor secreto em Rhode Island.
Ryan tinha contratado Mike para ser o seu segurança pessoal em tempo
integral e eu me senti melhor sabendo que Mike estava no bar com Ryan
para a nossa celebração da noite.
O amigo de Cory, Trevor, estava atendendo a porta, e meus amigos
estavam fornecendo um buffer extra, em torno de Ryan, apenas no caso.
A banda no palco estava tocando e Marie, Cory e eu estávamos
apressados atrás do bar. Olhei para Ryan e sorri. Ele estava sentado em
seu lugar no bar, vestindo o boné do Mitchell Pub; Mike sentava-se em um
lado, Pete, do outro; Gary estava sentado ao lado de Pete. Os caras
estavam bebendo, conversando e apenas tendo um grande momento.
Eu estava tão feliz de ver Ryan relaxado e sorri quando ele riu
histericamente em suas conversas. Fiquei grata à multidão também;
durante a maior parte do tempo, seus fãs apenas admiravam de longe.
Algumas mulheres conseguiram esgueirar-se para falar com ele, mas ele
não parecia se importar com a conversa. No minuto em que uma menina
se aproximou dele, os outros três caras intervieram. Desnecessário dizer
que nenhuma mulher foi capaz de pendurar em torno de Ryan por muito
tempo.
Eu tinha acabado de pegar duas garrafas de cerveja do refrigerador,
apenas para olhar para cima e ver Kyle em pé do outro lado do bar. Engoli
em seco, um pouco assustada que ele estava aqui.
— Posso conseguir um desses, senhorita? — Ele perguntou, apontando
para as garrafas em minha mão.
— Claro, já vou te atender — inconscientemente, respondi com um
sorriso, atendendo a meu cliente atual.
Olhei para Ryan sabendo que ele ficaria puto que Kyle estava aqui. Ryan
estava às gargalhadas até que percebeu minha expressão. Suas palavras
não ditas de preocupação instantaneamente se transformaram em raiva
quando ele olhou para Kyle na extremidade oposta do bar. Ryan ficou
tenso em sua cadeira e encarou Kyle.
Deslizei uma garrafa ao Kyle, que havia firmado seu corpo
convenientemente entre duas senhoras para chegar ao bar.
— Eu vejo que o menino bonito está feliz em me ver — Kyle zombou,
tomando um longo gole de sua cerveja.
— Não comece, Kyle — eu avisei e rapidamente saí correndo de trás do
balcão.
— Venha aqui, por favor. — Eu o arrastei pela manga de sua jaqueta de
couro para falar com ele em particular. — Eu quero saber, agora, se você
tem quaisquer armas com você — perguntei, sabendo que ele tem uma
licença para carregar armas de fogo escondidas.
Ele tomou outro gole de sua cerveja e bateu de leve no espaço sob o
braço direito.
— Eu nunca saio de casa sem ela! — Afirmou com orgulho.
— E você sentiu a necessidade de trazer isso para o meu pub por qual
razão? — Perguntei diretamente.
— Nunca se sabe quando eu vou precisar dela — ele argumentou. — Eu
não estou quebrando qualquer lei. Além disso, ao que parece, há um
número suficiente dos fãs dele aqui, qualquer um deles poderia ser um
perseguidor psicótico — disse ele estranhamente.
— Ei, Kyle! Como está indo? — Mike cumprimentou com um tapinha no
ombro, expressando mais preocupação do que simpatia.
— Apenas desfrutando de uma cerveja na véspera do Ano Novo, Mike. E
você?
— Fazendo com que as coisas estejam tranquilas e calmas por aqui. —
Mike bateu-lhe novamente, agarrando a clavícula de Kyle em sua mão
para que ele pudesse entender o recado.
— Mike, eu ia pedir ao Kyle se ele se importaria de levar sua arma de
volta para o carro. Eu me sentiria muito melhor se soubesse que não há
nenhuma arma no meu pub esta noite.
Kyle terminou sua cerveja em um grande gole e colocou a garrafa vazia
com força em uma mesa cheia de clientes.
— Vou retirar a minha se você retirar a sua! — Kyle arrogante desafiou
Mike.
— Eu tenho certeza que você não quer que as coisas vão por este
caminho esta noite, Kyle. Taryn lhe pediu para levar sua arma para fora. É
um pedido simples.
— Tudo bem, eu vou sair — Kyle defendeu. — Não quero perturbar o
menino bonito hoje à noite.
— Kyle, eu não disse que você tinha que sair! Eu só não quero você
armado enquanto está bebendo no meu pub, isso é tudo.
— Vamos lá… vamos levar isso para fora — Mike sugeriu calmamente,
segurando levemente o braço de Kyle.
— Tira a mão do caralho de cima de mim! — Kyle respondeu
furiosamente, empurrando a mão de Mike.
Ryan estava ao meu lado em um instante, tomando o atalho atrás do
bar para chegar a mim.
— O que há, Kyle? — Ryan perguntou friamente. Ele deu um passo na
minha frente de forma protetora, empurrando-me de volta com o braço.
— Nós temos um problema aqui? — Pete abriu seu caminho no meio da
multidão. Gary estava bem atrás dele. Cory saiu correndo de trás do
balcão para apoiar Ryan.
Kyle sorriu, quase analisando se ele seria rápido o suficiente para
derrubar todos os cinco homens por conta própria. Parte do meu cérebro
considerou que ele provavelmente poderia, e eu não gosto dessas
probabilidades.
— Ouça! Todo mundo, acalmem-se! — Pedi, acotovelando meu caminho
de volta entre Ryan e Kyle. — Kyle, você é mais do que bem-vindo para
ficar, desfrutar da banda e ter um bom tempo, assim como todos os
outros. Eu só não quero que as pessoas que não trabalham para mim
estejam carregando armas dentro do meu bar. Vá até seu carro, tranque o
que quer que seja os brinquedos que você tem com você e volte para
dentro. Ok? — Eu queria resolver a situação o mais rápido possível.
— Ok — Kyle admitiu, respirando pelo nariz. — Taryn, venha para um
passeio comigo, por favor?
— Oh, inferno, não! — Ryan estalou, me bloqueando com o braço
novamente.
Kyle zombou reação de Ryan.
— O seu nome é Taryn? — Ele zombou.
— Você não vai a lugar nenhum com a minha namorada — Ryan
rosnou.
— E por que isso, Ryan? Você tem medo de eu dizer a ela? Medo de que
ela possa descobrir que não foi a primeira garota que você transou nesta
cidade? — Kyle disse ironicamente.
— Você não sabe de nada! — Ryan ergueu a voz com raiva.
— Oh, eu não sei? Então, eu acho que você nunca lhe contou sobre a
pequena gostosa você estava transando em seu set de filmagem?
— Você precisa calar a boca antes que eu te cale! — Ryan ameaçou,
pisando ainda mais perto de Kyle. Mike colocou a mão no peito de Ryan,
dando-lhe um aviso atento.
— Então você vai negar, agora? Continue! Minta para ela um pouco
mais, Ryan! — Kyle provocou.
Eu olhei para Ryan, implorando por uma explicação. Seu rosto estava
ficando vermelho, revestido com raiva.
— Você está me traindo? — A pergunta voou de meu cérebro e
diretamente fora da minha boca.
— Não! Absolutamente não! Nunca! — Ryan me olhou diretamente nos
olhos e endireitou seus ombros. — O que ele está se referindo aconteceu
antes de te conhecer.
— Então isso aconteceu? — Rangi.
— Sim, e daí? — Ele murmurou. — O que aconteceu antes de você e eu
ficarmos juntos está no passado, mas desde que nosso amigo aqui tem
uma agenda, acho que minhas ações passadas precisam ser explicadas.
Para o registro, Kyle, eu dormi com uma garota, uma vez, e isso foi antes
de eu sequer conhecer Taryn, então você pode querer obter os fatos
corretos.
Ryan rapidamente voltou sua atenção para mim, trancando seus olhos
nos meus.
— Eu nunca fui infiel a você, nunca! — Suas palavras eram urgentes,
direto.
Avancei em torno do lado de Ryan.
— Kyle! Por que você está fazendo isso? — Exigi.
— Você merece melhor — ele disse enfaticamente, quase implorando
comigo. — Melhor do que as mentiras que ele oferece.
— Qual diabos é o seu problema? Você acha que ao vir aqui e fazer uma
cena, vai me fazer querer escolher você ao invés dele? Como se você talvez
tirá-lo da cena, você teria um inferno de possibilidade comigo?
— Huh! Você acredita nele? — Kyle respondeu.
Memórias de cada momento lindo que passei com Ryan, brilhou em
avanço rápido pela minha mente. Nós tínhamos passado por muito para
eu duvidar dele.
— Sim! Sim eu acredito!
— Cara, você é um bom ator! Ele vai fazer de novo, Taryn, todos eles
fazem — Kyle gritou por cima da música. Sua tentativa de me convencer a
concordar com ele, incitou Ryan ainda mais.
Ryan chegou ao seu limite. Esse último comentário o fez estalar. Ele
ergueu as mãos, se lançando para a garganta de Kyle. Pete e Mike
imediatamente intervieram, rapidamente bloqueando Ryan de fazer
contato.
— Kyle, você precisa sair. Agora — fiz uma careta para ele. — Saia do
meu bar.
— Nunca chegue perto dela novamente. Você me entendeu? — Ryan
virou em um acesso de raiva. Pete segurava um braço de Ryan; Mike o
agarrava pela frente da camisa.
Kyle ficou ali, aparecendo inabalado, esperando que ele tivesse uma
chance de derrubar Ryan.
— Eu disse para sair! — Dei um passo entre eles, olhando diretamente
para Kyle.
Eu tive o suficiente. Meus clientes estavam assistindo à ação se
desenrolar, esperando para ver se Ryan Christensen, o famoso ator, ia
entrar em uma briga. Virei-me e afastei-me, completamente enojada e me
dirigi para as minhas escadas.
Ryan estava em uma corrida quando bateu os três primeiros degraus
para o nosso apartamento. Ele parou abruptamente quando me viu
sentada no topo do patamar. Inclinou-se à parede e soltou um grande
suspiro.
Ele tentou manter a calma enquanto suas palavras saíram por entre os
dentes cerrados.
— Eu vou perguntar e eu quero a verdade. Alguma coisa… alguma vez…
aconteceu entre você e aquele idiota?
Eu zombei, chocada que ele sequer questionou minha fidelidade. Mas,
novamente, eu realmente não estava surpresa. Ryan e eu tínhamos
problemas de confiança.
— Não. Nada… nunca. — Olhei diretamente nos seus olhos.
— Nem mesmo um beijo? — Ele rosnou.
— Nunca — sussurrei com firmeza. — Eu o abracei em despedida uma
vez, quando ele me trouxe do aeroporto na Ação de Graças, e eu disse a
você sobre isso. — Coloquei a cabeça em minha mão. — Suponho mesmo
que foi um erro — murmurei.
Ryan terminou de subir os degraus e sentou-se ao meu lado no
patamar. Ficamos ali sentados em silêncio, ambos tentando nos acalmar.
— Eu acho que é seguro dizer que nenhum de nós era virgem quando
nos conhecemos — Ryan murmurou. — Eu nunca lhe perguntei sobre os
caras que você estava antes de mim, porque ouvir sobre isso apenas me
deixaria louco. E você nunca perguntou, então eu acho que o mesmo vale
para você. Que diferença faz com quem dormimos antes? Nós dois temos
um passado.
Eu balancei a cabeça em concordância, sabendo que ele estava certo.
Ryan respirou profundamente.
— Na primeira semana que eu estava aqui, transei com uma das
Assistentes Pessoais — admitiu. — Eu transei com ela um par de v…
— Ryan, pare — eu interrompi, tentando não visualizar essa nova garota
como sendo a sortuda destinatária do preservativo em falta.
Ele olhou para mim, confuso com meu pedido.
— Não minta para mim — sussurrei.
— Eu não estou — ele confirmou.
— Você disse ao Kyle uma garota, uma vez. Você acabou de escorregar e
dizer que várias vezes. Qual é a verdade? — Eu respirei em desespero.
— Você não pode ver que ele está tentando nos separar? — Ele disse,
quase implorando comigo.
— Ele e um milhão de outras pessoas — corrigi.
— Tar, eu não tenho que me explicar para Kyle, mas estou sendo
sincero com você. Então eu tive relações sexuais com uma garota duas
vezes, antes mesmo que eu conhecesse você — ele frisou. — Não foi nada.
Não significou nada. E terminei isso. Juro por Deus, a partir do momento
em que te conheci, eu não toquei, estive com, ou até mesmo olhei para
outra mulher. Suzanne não conta. — Ele riu levemente, em seguida, se
recompôs. — Eu tenho sido totalmente fiel a você.
Olhei para os meus pés, tentando segurar minhas emoções.
— Quando estávamos no lago, você disse que tinha sido meses desde
que… só assumi que significava sexo — confessei.
Ryan exalou alto.
— Taryn, quando estávamos no lago, eu já estava caindo loucamente
apaixonado por você. E eu não menti; tinha sido meses desde que eu tive
uma namorada. — Ele pegou minha mão na sua. — Quando cheguei aqui
na cidade, eu estava… solitário. Aproveitei uma oportunidade — admitiu.
Eu pensei sobre o porquê de os amantes mentirem um para o outro —
sentimentos e egos são coisas frágeis.
— Você tem mais segredos ou este é o último deles? — Perguntei.
Ryan pensou por um momento.
— Eu perdi minha virgindade com Kelsey Bowman quando tinha
dezesseis anos — ele confessou. Eu sorri e empurrei-o na perna.
— Você quer saber como isso aconteceu?
Eu ri desconfortavelmente.
— Não!
— E você? Você está guardando segredos de mim? — Ele perguntou com
cautela.
Eu o olhei diretamente nos olhos.
— Não.
Ele torceu meu anel para alinhá-lo no meu dedo.
— Você se lembra do que eu disse na manhã de Natal, quando coloquei
este anel no seu dedo? Amor, não há mais ninguém. Não houve mais
ninguém. Eu estou apaixonado por você, Tar.
Enquanto assisti a última contagem regressiva do ano, resolvi que o seu
passado e o meu precisavam ficar lá… no passado.
Ryan pegou o cinto no meu jeans e me puxou para fora para a
privacidade da cozinha escura. Seu braço embrulhou em volta da minha
cintura; juntos estávamos dando início a um novo ano, um novo capítulo
em nossas vidas.
— Dez, nove, oito… — ele contou em meus lábios. Eu não poderia evitar
estar tonta com a nossa proximidade; meus braços em volta de seu
pescoço apertado, segurando-o rapidamente em meu corpo.
— Feliz Ano Novo, amor — ele sussurrou, sua boca quente me beijou
apaixonadamente.
O bar estava completamente lotado, mas naquele momento, na
escuridão, nós éramos as únicas duas pessoas no planeta.
Nossos dias juntos transformaram-se em apenas algumas horas e, em
seguida, em meros minutos; Ryan estava saindo para a Flórida para
começar a filmar seu próximo filme.
— Ligue-me uma vez que você se estabelecer — pedi, tentando manter a
extrema tristeza por sua partida no controle. Desliguei o carro.
Sua mão suave esfregou minha bochecha.
— Eu vou. Não será por um par de horas até eu pousar. Não fique triste.
Vejo você em três semanas, prometo!
Ryan olhou por cima do ombro nervosamente, esperando que a qualquer
momento fotógrafos correriam para o meu carro.
— Três semanas — assenti. — Eu acho que posso fazer isso.
— Você sempre pode sair do seu trabalho à noite e vir ficar comigo? —
Ele brincou.
— Eu estou trabalhando nisso!
— Eu sei. Vou vê-lo no dia 22. Mantenha o seu calendário aberto — ele
lembrou.
Mike já estava em pé atrás de meu carro com as suas bagagens,
esperando pacientemente.
— É melhor você ir. Beije-me já!
— Eu te amo — ele sussurrou.
— Eu te amo mais!
— Dúvida disso! — Ele se inclinou e me beijou novamente.
— Ah, eu esqueci de te dizer — ele disse rapidamente, uma das suas
longas pernas já estava para fora do carro. — Há uma equipe vindo
amanhã de manhã para começar a demolição na cozinha do pub.
— O quê? — Eu perguntei, um pouco mais alto do que eu pretendia. —
Espere, nós apenas fizemos um orçamento.
— Eu sei. Eu os contratei.
Ryan pulou fora do meu carro antes que eu tivesse a chance de discutir.
— Então, se você quer gritar comigo, terá que me ligar mais tarde e
gritar por telefone.
— Ryan! — Eu gemi.
— Desculpe, eu não posso ouvi-la! — Ele murmurou do outro lado da
porta do passageiro fechada. Ele me olhou fixamente através da janela de
vidro, sorrindo.
Li seus lábios quando ele silenciosamente disse, "Eu te amo", colocando
a palma da mão na janela para dizer adeus. Eu sorri e vi sua bunda sexy
sair correndo em direção ao terminal.
CAPÍTULO VINTE E NOVE

Opções
— Uau, eles realmente estão fazendo progresso — Pete comentou,
avaliando o dia quatro da reforma da cozinha.
— Vai ficar lindo quando terminar.
Eu balancei a cabeça, observando a equipe instalar os novos fornos de
aço inoxidável.
— Então eu entendi que você o perdoo? — Perguntou Pete, um pouco
distraído observando os instaladores lutando com os aparelhos.
Acho que minhas reações e comportamentos eram totalmente
previsíveis.
— Eu nunca estive brava com ele, Pete. E agora que esta cozinha está
finalmente sendo feita, estou realmente muito aliviada. Eu acho que eu
vou ter que apenas me acostumar com sua generosidade.
— Agora essa é uma boa ideia! — Pete cambaleou um pouco, dando-me
um encontrão de brincadeira. — Você sabe que homens mais decentes têm
enraizado neles, cuidar de sua família. Ele só quer ser o provedor, isso é
tudo.
Suspirei pesadamente quando as palavras de Pete penetraram.
— Eu sei.
— Você sabe que ele vai se casar com você, especialmente agora que
você é a mãe orgulhosa de pias de cozinha gêmeas! — Ele piscou.
— Sim, certo! — Eu lhe dei uma cotovelada no braço por me provocar.
— Você está apostando?
— Sim. O que você acha de mil? — Sugeriu ele, fingindo pegar sua
carteira.
— Passo. Mantenha o seu dinheiro. Posso precisar emprestar algum
para pagar de volta por tudo isso.
— Oh, ela tem pouca fé — disse Pete, batendo em minha cabeça.
— Bem, se você terminou de ser muito presunçoso, eu vou pegar a
correspondência.
Eu ainda estava rindo quando peguei a pilha dentro da porta da frente.
O volume de cartas dos fãs de Ryan jamais cessou; realmente aumentou
desde que seus fãs tinham um endereço físico para o objeto de sua
afeição.
Felizmente, o correio de Seaport mantinha um cronograma e só
entregava as cartas das fãs, duas vezes por semana. Eu ri para mim
mesma quando folheei através da pilha e ainda encontrei algumas que
escaparam completamente.
Usei o meu dedo para abrir um envelope branco endereçado a Taryn
Mitchell.
Engasguei com horror quando meus olhos lerem a mensagem
assustadora escrito em um simples pedaço de papel branco. Minha
garganta apertou e eu me senti fraca. Meus instintos básicos me fizeram
querer correr gritando. Os pesadelos estavam começando tudo de novo.
— Por que você está tão nervosa? — Marie questionou no início de seu
turno. Ela estava enchendo o refrigerador com garrafas de cerveja e toda
vez que ela batia as garrafas, inconscientemente, eu me encolhia.
Tirei a carta do meu bolso de trás.
— Taryn! Isso não é brincadeira! Ligou para a polícia?
Dobrei-a de volta e empurrei-a no fundo do meu bolso.
— Não, eu não chamei. O que os policiais vão fazer? Além disso, minhas
impressões digitais estão todas sobre ela agora.
Ela agarrou meu antebraço.
— Será que Ryan sabe?
— Não. Peguei na correspondência hoje. Eu ainda não falei com ele hoje.
— Ele vai pirar — Marie disse o óbvio. — Você vai dizer a ele, certo?
Eu desviei o olhar, sentindo-me pressionada. Eu não tinha a intenção
de dizer nada a ele. Ele já teve o suficiente com que se preocupar.
— Você não pode manter algo como isso dele, Taryn!
Algumas poucas razões para não dizer a ele entraram em minha mente.
Por um lado, Ryan estava de volta nas notícias de fofocas. Seus ensaios
com Lauren passaram a ser fotografados e fotos, convenientemente
vazaram para as massas.
Histórias embaraçosas estavam espalhadas sobre cada meio de
comunicação, dizendo que Ryan tinha reacendido seu relacionamento
anterior com Lauren. Novas fotos deles abraçando e estando perto se
misturaram com fotos antigas do ano passado. A mídia estava tirando a
poeira de fotos antigas e as vendendo como evidência recente.
Um olho destreinado, poderia não saber a diferença. Para alguém como
eu, que tinha passado inúmeras horas pesquisando o homem com quem
eu estava dormindo, eu sabia o que era velho e o que era novo.
Algumas das revistas até mesmo reimprimiram velhos comentários que
ele fez anos atrás, colocando-os em um novo contexto, para fazer parecer
que eles haviam obtido as últimas notícias diretamente da fonte.
Minha mente estava vagando quando liguei a TV do pub, para assistir
Celebrity Tonight. O suposto caso de Ryan na Flórida estava no top das
notícias.
Marie marchou até mim e pegou o controle remoto da minha mão.
— É tudo uma porcaria e você sabe disso — disse ela com força,
mudando o canal antes que eu pudesse falar uma palavra sobre isso.
Ao longo dos próximos dias, meu e-mail estava agradavelmente
desprovido de cartas horríveis. Eu esperava que a carta original fosse uma
ocorrência única, mas eu me preocupava, no entanto.
Infelizmente, quinta-feira, uma nova carta ameaçadora chegou pelo
correio.
O som de chaves de carro sendo lançadas no balcão, me fizeram
estremecer de novo; meus nervos estavam apertados.
— Desculpe, não queria assustá-la — disse Kyle. — Oi! — Ele sorriu
inocentemente. — Está tudo bem se eu tomar uma cerveja? Prometo que
vou me comportar. Vê? — Ele abriu o casaco para me mostrar que não
usava uma arma esta noite.
Eu me encontrei perdida em seu sorriso hipnotizante e na sensação
reconfortante de proteção que girava em torno dele. Pelo tanto que eu
estava assustada, eu meio que desejei que ele estivesse carregando uma
arma escondida. Revirei os olhos para ele e sorri um pouco em troca. Por
que ele tinha que ser tão lindo?
Abri uma garrafa de cerveja e coloquei-a na frente dele, pegando seu
dinheiro logo em seguida. Eu não estava prestes a dar-lhe bebidas
gratuitas, não depois da cena que ele fez aqui na última vez.
Alguns clientes estavam jogando sinuca e ficando barulhentos e
agitados. Alguém deixou cair um taco de sinuca no chão; o estalo me fez
pular novamente.
— Você parece na borda — Kyle murmurou. — É porque eu estou aqui?
Se você não me quer aqui, eu vou terminar a cerveja e, em seguida, vou
embora.
— Não, está tudo bem — respondi. — Você pode ficar. Contanto que não
comece nada.
— Ele está aqui? Acho que eu deveria pedir desculpas.
Seu comentário me pegou de surpresa. Ele queria dizer que estava
arrependido ao Ryan?
— Não, ele não está — respondi, decepcionada que eu tinha de dizer
isso em voz alta.
— Ele está fora, filmando de novo? — Perguntou Kyle.
Eu o encarei, adivinhando que ele já soubesse que Ryan estava na
Flórida. Era seu trabalho saber o paradeiro de outras pessoas, e eu sabia
que Kyle tinha mais recursos do que isso.
Mike estava guardando Ryan em tempo integral agora, mas ele ainda
trabalhava para a mesma empresa que Kyle. Isso não mudou. Eu tinha
certeza que era conhecido quem estava guardando quem.
— Escuta, eu sei que eu fui um idiota na última vez em que estive aqui
e eu só queria dizer que sinto muito — Kyle disse timidamente. — Eu
realmente espero que você possa me perdoar. Foi errado da minha parte
agir assim.
Ele ficava muito adorável quando se humilhava.
— Está bem. Apenas seja legal sobre as coisas, tudo bem? — Joguei sua
garrafa de cerveja vazia no lixo e servi-lhe outra, me perguntando porque
eu tinha um tempo difícil guardando rancor.
— Ok. Eu prometo! — Ele jurou, como uma criança sendo repreendida.
Tivemos outra multidão numerosa para um dia de semana e eu fiquei
feliz em estar distraída de pensar sobre as cartas de ameaça assustadoras.
Mesmo que eu estivesse tentando não manter o controle sobre ele, eu
ainda procurei ao redor da multidão, para ver onde Kyle estava.
— Ele está jogando sinuca — Marie murmurou em seu caminho por
mim. — E ele está te observando como um falcão.
Gemi, embora de alguma forma bizarra, na verdade, eu fiquei aliviada
que ele estava de guarda, pronto para atacar se eu estivesse em perigo.
Eu estava limpando uma mesa quando Kyle se aproximou para dizer
boa noite.
— Então, está tudo bem se eu parar de vez em quando? Na verdade,
estou trabalhando não muito longe daqui. Se não for legal, é só dizer. Eu
não quero causar nenhum problema para você.
Kyle parecia tão humilde, como se ele estivesse realmente,
verdadeiramente, arrependido. Ele terminou sua cerveja e colocou sua
jaqueta de couro preta.
— Contanto que você não venha, especificamente, aqui para causar
problemas para mim — avisei, esperando que ele entendesse o recado.
— Entendi. Melhor comportamento a partir de agora — Kyle prometeu.
— Eu juro! — Ele me seguiu de volta até o bar. — Antes de eu ir, eu só
queria ter certeza de que está tudo bem. — Ele olhou ao redor,
determinando quantas pessoas estavam ao alcance da sua voz, antes de
continuar. — Você parecia muito nervosa antes. Tem certeza de que as
coisas estão bem? Qualquer um de seus fãs, dando-lhe problemas? Eu sei
que você não tem um guarda-costas atribuído.
Eu pensei sobre a nova carta em meu bolso e como eu fiquei apavorada
quando a li. Fingi um sorriso e menti.
— Eu estou bem, eu juro! — Respondi imediatamente. Eu sabia que se
eu dissesse ao Kyle sobre as cartas, ele insistiria em me proteger. Isso
nunca iria funcionar com Ryan.
— Então seus fãs a deixaram sozinha? — Kyle interrogado novamente.
— Sim — confirmei, na esperança de minar sua preocupação.
— Hmm, isso é bom, então. — Ele balançou a cabeça estranhamente,
parecendo distraído por um grupo de pessoas que saiam pela sala de
sinuca. — Bem, já que está tudo bem, eu vou decolar. Tenha uma boa
noite. — Ele apertou meu ombro suavemente em seu caminho para a
porta.
Fiz Marie ir ao supermercado comigo sexta à tarde; eu estava com um
pouco de medo de sair sozinha. Eu estava ficando cada vez mais paranoica
e sair do prédio estava se tornando mais e mais assustador.
— Então, você disse a ele? — Marie perguntou, afivelando o cinto de
segurança.
— Disse a ele o quê?
— Sobre as cartas? Sobre Kyle estar no pub na noite passada — ela me
lembrou. Olhei fixamente para fora do para-brisa. — Taryn!
— Não comece. Se eu disser a Ryan que Kyle estava no bar, ele vai pirar,
e eu não preciso dele enlouquecendo comigo.
— Você sabe que ele sempre descobre de alguma forma. Você só vai
irritá-lo muito mais rápido se você não disser a ele imediatamente.
Bufei. Eu odiava que ela estava certa. Ryan tinha um ciúme ridículo de
Kyle.
— Eu estou tentando impedir Ryan de se machucar, Marie! —
Justifiquei. — Kyle é faixa preta. Ele é uma arma letal andando. Estou
surpresa que Ryan ainda tentou lutar com ele, na véspera de Ano Novo.
— Os homens são tão estúpidos. — Ela riu. — Testosterona e cerveja…
faz com eles se sintam machos.
Visões horríveis de Ryan lutando com Kyle, igual ele lutou com o ator
dublê no set de Seaside, passaram pela minha mente. Eu já vi Ryan
maquiado para parecer estivesse em uma briga, e estremeci ao pensar na
confusão sangrenta que Kyle iria transformá-lo se os dois brigassem.
Eu não tinha dúvidas de que Ryan poderia se virar por si mesmo em
uma luta, mas Kyle era treinado em autodefesa. Apesar dos melhores
esforços de Ryan, ele não tinha a menor chance de vencer essa batalha.
Eu tinha de manter os dois separados a todo custo.
Infelizmente Kyle era a menor das minhas preocupações. Encarando-me
no rosto, no corredor dos caixas, estava uma nova foto brilhante do meu
namorado olhando carinhosamente para o seu suposto amor reacendido,
Lauren Delaney.
A manchete, em letras grandes e negrito anunciou ao mundo que os
dois estavam:
JUNTOS NOVAMENTE!
Lauren admite: “Eu nunca deixei de amar Ryan".
Essas palavras marcaram-se em relevo em todos os meus pensamentos.
Quando Thomas me traiu, eu, pelo menos, tive o luxo de estar alegremente
ignorante com isso, mas me senti ainda mais humilhada ao ouvir sobre
isso e permitir que as mentiras continuassem.
— Ele está de volta — Marie cantou as palavras quando Kyle entrou
pela porta da frente do pub na sexta à noite.
Fiquei surpresa que Pete o deixou entrar.
Assisti Kyle escorregar por entre a multidão em seu caminho para o bar.
— Ei, como você está? — Ele sorriu e acenou para mim, pegando o
último lugar deixado no bar lotado.
— Estou ótima — menti. No fundo, eu estava me perguntando se cometi
um erro, dizendo-lhe que estava tudo bem ele vir aqui. Kyle era segurança
e perigo embrulhado em um único pacote.
— Dois dias seguidos — Marie murmurou. Ela também estava me
olhando com o canto do olho.
A morena sentada ao lado de Kyle tentou iniciar uma conversa, mas ele
facilmente a dispensou.
— Marie, você tem que trabalhar naquela extremidade do bar. Eu não
posso estar perto dele. — Eu balancei a cabeça. — Não quero nem falar
com ele. Cory, vá por ali. — Todos nós trocamos.
— Você usou seu telefone hoje? — Marie questionou, dando-me um
olhar severo.
Eu fiz uma careta e deslizei uma Coca-Cola para a menina esperando no
bar. Eu ainda não tinha dito ao Ryan sobre Kyle aparecendo.
— Então, como é? — A menina me perguntou, entregando uma nota de
cinco dólares para pagar a bebida.
— Como é o que? — Perguntei, sem ter ideia do que ela estava se
referindo.
— Estar com ele! Ryan Christensen? — Ela riu. Sua amiga parecia
ansiosa para ouvir minha resposta.
Pressionei meus lábios com força, segurando o desejo de contar com ela.
Sua pergunta intrusiva e o completo desrespeito pela nossa privacidade
instantaneamente me irritou.
— Ei… — Marie acenou para a menina se aproximar. — Você já sonhou
em estar com Ryan Christensen?
— Inferno, sim! O tempo todo! — A menina jorrou.
— Basta continuar sonhando, então! — Marie retrucou.
— Taryn, eu posso falar com você um segundo? — Cory apontou.
Eu o segui até a cozinha, grata pela distração.
— Ei, então o que está acontecendo com esse cara, Kyle? É suposto
estar aqui? — Perguntou Cory.
— Não, não realmente — gemi, ainda completamente irritada com o
encontro com a cliente. — Eu não sei por que ele continua vindo também.
Mesmo que eu disse isso, eu sabia por que Kyle estava aqui. Refleti por
um momento o quão diferente minha vida seria agora, se eu tivesse
conhecido Kyle primeiro. Será que alguma garota aleatória estaria me
perguntando como é com o meu namorado se fosse Kyle no lugar de Ryan?
No primeiro dia em que eu conheci Ryan e ele me perguntou se eu
estava namorando alguém, o que teria acontecido se eu tivesse dito "sim,
eu estou" como eu sempre fazia quando qualquer outro homem me
perguntou a mesma coisa? Provavelmente teria sido a última vez que vi
Ryan Christensen.
— Será que Ryan sabe? — Cory questionou.
— Saber o quê? — Perguntei, distraída com meus pensamentos.
— Sobre Kyle estar aqui? — Ele reiterou.
— Ah não. Ainda não. Mas vou dizer a ele — admiti.
— Bem, há suficientes caras por aqui. Nós podemos jogá-lo para fora se
você quer? — Cory parecia apreciar essa ideia um pouco demais. — Eu
ofereceria, mas eu não acho que poderia levá-lo por conta própria.
Virei-me rapidamente quando Pete entrou pela porta da cozinha.
— Taryn, eu não sabia o que fazer com aquele idiota, Kyle — Pete
gemeu. — Eu dei merda a ele por vir aqui, mas ele disse que estava tudo
bem. Você quer ele aqui ou não, porque você sabe que Ryan não vai gostar
disso!
Ryan certamente tinha cães de guarda suficientes cuidando de mim.
Descansei minhas mãos em meus quadris, sem saber o que fazer sobre
isso. Eu não queria que nenhum dos meus amigos se machucassem ou
pior; eu não fiz uma verificação de armas esta noite.
— Sei que Ryan vai ficar com raiva; eu não lhe disse ainda que Kyle tem
estado aqui. Eu apreciaria se você não dissesse nada ao Ryan. Por favor,
deixe-me dizer-lhe — insisti.
Pete me lançou um olhar irritado.
— Pete, eu não sei o que posso fazer sobre isso. Eu possuo um bar
público. Eu não vou chamar a polícia ou qualquer coisa assim. Além
disso, Kyle não está causando quaisquer problemas, provavelmente
porque ele sabe que Ryan não está na cidade.
Pete ficou irritado.
— Achei que você deixou perfeitamente claro a este palhaço, na última
vez, que ele não era bem-vindo aqui, e ainda assim ele continua
aparecendo. Esse cara não sabe quando parar?
— Aparentemente não — murmurei. — Está ficando um pouco
obsessivo, na verdade. Quero dizer, ele sabe que estou com Ryan. Eu não
sei por que ele continua vindo. Será que ele pensa que vou mudar minha
mente?
Perguntei-me por um minuto por que Kyle ainda estava me
perseguindo. Por que não fui uma causa perdida em seu livro?
— Talvez ele esteja esperando — Cory respondeu.
— Bem, você já tem uma ordem de restrição para uma louca. Você
sempre pode conseguir um para ele — Pete sugeriu.
Eu pensei sobre o aborrecimento que seria obter uma ordem de
restrição e a ironia de ter que uma, contra um guarda-costas, cujo
trabalho era proteger as pessoas.
— Basta deixá-lo em paz — murmurei. — Eu não quero uma cena no
meu pub esta noite. Se ele aparecer novamente, eu vou lhe dizer para
parar. — Mesmo que eu disse isso em voz alta, eu sabia que teria
dificuldade em dizer isso na cara de Kyle.
— Ok — Pete concordou. — Seu bar, sua decisão. Mas diga a palavra e
vamos apresentá-lo à calçada.
Era fim de tarde no domingo, quando Ryan ligou. Também era hora de
contar a ele sobre Kyle, então eu preparei um argumento. Ryan estava
programado para voar para casa em cinco dias e eu estava esperando que
a batalha crescendo entre esses dois homens poderia ser evitada.
— Kyle tem aparecido no bar — informei ao Ryan. — Eu tenho tentado
ignorá-lo, mas…
Ryan, é claro, enlouqueceu.
— Por que diabos você não lhe diz para sair fora, ou você gosta quando
ele vem para você? — Ele acusou, gritando comigo no processo.
— Não, eu não gosto dele vindo! Mas eu também possuo um pub; é meio
difícil manter o público para fora — retruquei. — Amor, eu recebi uma
carta me ameaçando, na caixa do correio no outro dia. Eu estava um
pouco assustada.
— Eu estou lhe conseguindo um novo guarda-costas imediatamente —
Ryan informou.
— Amor — gemi.
— E eu estou cuidando desta besteira com Kyle de uma vez por todas —
disse ele, irritado.
Apesar das tentativas de Ryan em afastar Kyle, dois dias depois, Kyle
apareceu no bar.
— Minha empresa quer me mandar para Dallas — Kyle disse
sombriamente. — Algum diplomata britânico precisa de segurança.
Eu tentei parecer surpresa, embora esperasse que algo como isso
acontecesse em breve. Estudei a maneira como seus lábios se curvaram
quando ele olhou para mim e eu não podia deixar de me sentir culpada
por ser o motivo secreto de sua próxima missão.
— Ótimo! Pelo menos estará muito mais quente lá do que aqui — tentei
brincar. — Estava apenas 2 graus hoje.
— Eu recusei — Kyle informou-me, parecendo muito certo em sua
decisão.
— Você não pode fazer isso! Você pode fazer isso? — Por dentro, eu
comecei a entrar em pânico, imaginando-o ficando na cidade e aparecendo
para começar algo com Ryan novamente.
— Eu te disse que não iria aceitar qualquer trabalho fora da cidade,
Taryn — ele me assegurou. — Eu vou ficar aqui para me certificar de que
você está segura e protegida.
Engoli em seco. Sua personalidade encantadora original, de repente
ficou assustadora. Perguntei a um dos clientes sentados no bar, se ele
precisava de uma nova bebida, utilizando-o como desculpa para ir embora
por um momento.
— Não há ninguém atrás de mim. Você precisa aceitar o trabalho. —
Fingi um sorriso e olhei para ele como se ele estivesse sendo ridículo.
— Então você quer me dizer que de todos esses fãs loucos dele, não tem
nenhum assustando ou ameaçando machucar você? Você não precisa
mentir para mim, Taryn! Eu posso dizer pela forma como você tem estado
tão nervosa ultimamente, que algo está acontecendo.
Meu pulso acelerou e eu congelei no lugar. Eu estava começando a
pensar que a única pessoa de quem eu precisava ser protegida, era Kyle.
— Kyle, Ryan contratou outro guarda-costas para mim. Não é o seu
trabalho se preocupar comigo.
Kyle fez uma careta para mim.
— Eu não sei por que você sentiu necessidade de fazer isso — ele gemeu
defensivamente.
Ele, aparentemente, não gostou mesmo desse pedaço de notícias.
Engoli em seco e escolhi minhas palavras, quase implorando-lhe para
entender.
— Kyle, eu não sou sua preocupação. Eu não sou sua para proteger. Eu
sei que você sabe disso. — Eu esperava que ele podia ver a sinceridade em
meus olhos.
O comportamento de Kyle me assustou; era óbvio que ele estava ferido e
na borda da raiva.
— Tenho um detetive analisando todas as cartas que recebi que me
ameaçaram — menti. — O detetive acha que as últimas cartas que tenho
recebido são provenientes de alguém que vive aqui, e não de alguém que
tenha viajado para cá.
Kyle se remexeu em sua banqueta.
— Ele também acha que o remetente é do sexo masculino — continuei;
embelezando minha mentira e indo com o meu palpite. — É incrível como
eles podem descobrir coisas assim.
Kyle tomou um gole de sua cerveja e colocou-a no bar. Ele parou de
fazer contato visual.
— Por que você não me disse que estava recebendo cartas? — Ele voltou
seu olhar para mim.
— Kyle? — Gritei para chamar sua atenção. — Seja o que for que você
está fazendo, por favor… por favor, pare. Não é saudável para qualquer um
de nós.
Seus lábios tremeram e ele pareceu espantado.
— Você está me acusando de alguma coisa? Você tem algo a dizer, diga!
Tentei vir com uma defesa adequada, mas eu estava impotente sob seu
olhar.
— É isso que você realmente pensa de mim? — Ele perguntou com
cautela. — Você honestamente acha que eu faria algo assim? Que eu seria
capaz de ferir você?
— Kyle, eu não sei do que você é capaz. Você sabe que eu comprometi
meu coração a outro homem, mas aqui está você. — Se Kyle estará
zangado com alguém, eu queria que fosse comigo.
— Taryn, eu me preocupo com você. É por isso que estou aqui. E me
mata ver que alguém tão maravilhosa e bela como você está desperdiçando
seu amor em alguém como Ryan. — Ele cerrou os dentes.
— Você me disse uma vez que eu me coloco entre as pessoas que
precisam de proteção e aquelas que querem lhes fazer mal. — Ele me
olhou bem nos olhos. — Pelo menos eu não dou amassos com todos os
tipos de mulheres para viver. E um dia, quando aquele homem que você
ama tanto, tiver um lapso de julgamento e levar sua atuação longe demais
com alguma outra mulher, quem é a única que viverá com
arrependimento? Ele só estará arrependido por um minuto. Você, por
outro lado, estará destruída.
Virei meu olhar para longe. Suas palavras me picando como mil
agulhas.
— Eu continuo esperando, Taryn, esperando que seus olhos se abrirão e
você verá a mágoa antes te acerte. Uma vez que ele quebrar você, vai
precisar de um homem forte para colocá-lo juntar seus pedaços. Você
merece um futuro melhor do que isso!
Meus pensamentos viajaram para um novo curso, de volta para a
estrada segura e familiar que não levava a um coração partido. Talvez eu
estaria melhor sozinha de novo?
— Estou aqui porque as ações falam mais alto do que as palavras —
disse ele, de repente, parecendo esperançoso.
Suas declarações atearam fogo sob os meus medos mais profundos. Por
mais que eu quisesse agarrar-me ao pensamento do amor inteiro de Ryan,
parte de mim ainda vacilava.
— Você não pode ver que ele está tentando nos separar? — A voz de
Ryan ecoou através do meu coração, gritando para mim, para não ouvir
Kyle. — Eu te amo. Nunca duvide disso — meu amor me lembrou, a
memória de seus lábios escovando nos meus quando ele falou essas
palavras, fez minha boca formigar.
— Kyle… — balancei a cabeça. — Isso… isso tem que parar. Por favor.
Eu acho que é hora de você ir embora.
Ele bufou, completamente chocado com a minha resposta. Com um
longo gole, ele terminou sua cerveja e colocou a garrafa vazia no bar.
— Bem. Eu te vejo mais tarde — ele murmurou. Kyle reuniu suas
chaves e colocou sua jaqueta.
— Não, você não vai — eu disse enquanto me aproximei dele.
— Diga ao Ryan, que ele terá de se esforçar mais se me quiser fora do
quadro — ele murmurou sobre o ombro.
— Kyle, não force — sussurrei. — Deixe ir e vá embora com dignidade.
— É isso que você realmente quer? — Ele perguntou, seu tom era forte,
mas, ao mesmo tempo, triste.
— Sim — eu disse sem hesitar, embora me doeu dizê-lo. — Adeus Kyle.
— Assisti conforme Kyle saiu do pub. Ele nunca olhou para trás.
— Está tudo bem? — Perguntou Marie. Ela estava observando toda a
conversa da extremidade oposta do bar.
Balancei a cabeça, me odiando por machucá-lo.
— Ele está planejando voltar? — Perguntou Marie.
— Eu não sei. Espero que não. Meus nervos estão tão disparados —
murmurei. — Eu nem sequer tive meu período esta semana por todo esse
estresse.
Pensei sobre a tentativa de Ryan para colocar Kyle em outro lugar e
como que não pareceu funcionar. Enfiei a mão no bolso para pegar meu
telefone; Ryan precisava ser informado antes que voltasse para casa. Eu
nunca iria colocá-lo em perigo.
CAPÍTULO TRINTA

Rumores
Ryan ainda usava seu casaco quando se esgueirou para o pub pela
porta da cozinha. Ele deveria me ligar quando estivesse em seu caminho,
vindo do aeroporto, mas em vez de um telefonema, ele decidiu me
surpreender. Ele veio direto para trás do bar e me jogou por cima do
ombro, levando-me rapidamente para a cozinha.
Ele me colocou para descansar em um dos novos balcões de aço
inoxidável e envolvi minhas pernas em volta de sua cintura.
— Oh, Deus, eu senti sua falta — disse ele, enquanto me beijava.
Eu ri levemente.
— Também senti sua falta!
Ele me soltou tempo suficiente para tirar rapidamente sua jaqueta.
— O que você acha… da cozinha? — Consegui balbuciar. Sua língua era
bastante distração.
— Uhuh — ele murmurou, beijando-me com mais força. A cozinha
estava escura e seus olhos estavam fechados. — Parece… ótima. — Sua
boca trancou firmemente na minha.
— É bom estar em casa — ele finalmente suspirou, dando-nos um
momento para respirar novamente.
Não demorou muito tempo para pegar suas malas e fazer nosso caminho
para o andar de cima do apartamento.
— Tem sido um longo dia — disse Ryan, bocejando. — Eu não tenho
dormido bem mesmo — ele murmurou em meu pescoço. Ele me puxou
mais apertado ao seu corpo e ajustou a cabeça sobre seu travesseiro. —
Descobri que não consigo dormir sem você em meus braços. Fui forçado a
abraçar um travesseiro todas as noites — ele disse tristemente. — Não é a
mesma coisa.
— Eu sei o que você quer dizer — sussurrei. — Esta cama é fria e vazia
sem você.
Ele me beijou suavemente.
— Oh, amor, eu sei que é difícil estar separados, mas você sabe que não
é permanente. Vou tentar voltar para casa, tanto quanto eu puder…
embora será difícil, porque nós temos um cronograma de filmagem
realmente apertado. Se você for por alguns dias e eu voltar para casa por
alguns dias, não será tão ruim. As próximas semanas voarão.
Suspirei. Nosso relacionamento tinha um obstáculo gigante atrás de
outro, onde atravessar cada dia no calendário era o objetivo.
— Qual o problema? — Perguntou ele, beijando meu nariz.
Dei de ombros, não tendo certeza de como responder a ele.
— Tar, amor? — Ele sussurrou. — O que está em sua mente?
— Nós vamos ser como dois navios passando um pelo outro à noite —
murmurei, sabendo que estaríamos longe mais do que juntos.
— Ei… — Ryan apoiou o corpo em seu cotovelo. — Não se preocupe. Eu
sei que este ano será difícil, mas tudo vai dar certo.
— Eu só não quero que a nossa vida voe — sussurrei.
— Alguns dias vai e alguns dias, não. Nós temos que ser gratos pelo que
temos. Basta pensar em todas as famílias têm que lidar quando um de
seus entes queridos vai para o exterior para o serviço militar. Pelo menos
conseguimos ver um ao outro muitas vezes e nós podemos falar ao telefone
todos os dias.
Ryan se arrastou para mim, mordendo meu pescoço.
— Você se preocupa demais. Além disso, tenho tudo planejado — ele
murmurou diabolicamente na minha pele.
— Oh você tem, não é? — Eu ri. Esfreguei minhas mãos sobre seus
ombros e por suas costas para massagear seus músculos.
— Mmmhmm — ele murmurou, beijando minha bochecha. — Nós
vamos levar um dia de cada vez. Juntos.
Eu ainda estava beijando-o quando pisquei. Nossas trinta e seis horas
juntos voaram e estava rapidamente chegando ao fim. Ryan tinha um voo
domingo à noite de volta para Miami.
— Ei Mike! — Abracei o fiel segurança de Ryan quando ele veio pegar
Ryan para a sua viagem para o aeroporto. — Você está cuidando bem do
meu homem lá em baixo? — Perguntei.
— Você me conhece, Taryn. Eu carrego uma vara grande! — Mike
brincou.
— Bom! Mantenha todas as fãs longe dele! — Eu ri.
— Quatorze dias — Ryan sussurrou em meu ouvido. — Traga seu traje
de banho, porque estamos nos esgueirando até a praia por um dia.
Sorri para ele.
— Eu não posso esperar! Você tem tudo que você precisa?
— Sim, eu tenho roupas limpas o bastante para durar um tempo. Beije-
me, nós temos que ir. — Ryan me acariciou.
— Mike, não se esqueça da guitarra de Ryan. — Peguei o case. — Você
quer que eu leve para o carro?
— Não. Basta ficar aí dentro, Taryn. Os paparazzi estão lá fora — Mike
gemeu.
— Eu te amo, amor. — Ryan me beijou. — Vou ligar para você hoje à
noite, quando chegar ao hotel.
No segundo em que a porta traseira abriu, as câmeras começaram a
clicar. Eu vi Ryan saltar rapidamente para o sedan preto, antes da nossa
porta de aço nova fechar completamente atrás dele.
O início de fevereiro trouxe frio amargo e uma fina camada de neve e
gelo para Rhode Island. Também congelou no lugar alguns outros
aborrecimentos: vários paparazzi ainda permaneciam aqui.
Eu estava limpando o bar, terça-feira à noite, quando Cory bateu na
porta da frente. Eu tinha fechado mais cedo por causa do mau tempo.
Álcool e chuva gelada nunca misturava bem.
— Taryn, meu carro não pega. — Cory respirou em suas mãos para
aquecê-las. — Ah, e você tem algum sal para a calçada? Está realmente
congelando lá fora.
Coloquei meu casaco pesado e as luvas e peguei o saco de sal do
escritório.
— Uau! — Gritei quando escorreguei no gelo fora da minha porta. Cory
me pegou antes de eu bater no chão.
— Cuidado! — Ele me lembrou.
— Droga! Está como uma pista de gelo aqui fora. — Eu enfiei um copo
de plástico dentro do saco e joguei sal por toda a minha parte da calçada.
— Eu te disse! — Cory brincou. — Você acha que pode me dar uma
carona para casa?
— Cory, eu não posso dirigir assim. É muito perigoso. — Eu mal podia
ficar em pé sem escorregar. — Por que você apenas não dorme aqui esta
noite — sugeri. — Você pode ficar no quarto de hóspedes.
— Ei, se você não se importa. As aulas serão canceladas amanhã de
qualquer maneira — disse Cory, polvilhando mais sal perto do meio-fio. —
Eu me pergunto se Mario Pizza ainda está aberto?
Tentei caminhar de volta para o saco de sal para encher o meu copo,
mas eu não podia dar um passo sobre o pedaço de gelo que eu estava em
pé.
— Socorro! — Choraminguei. — Eu estou presa aqui. Não posso me
mover!
Cory riu de mim.
— O que? Você não pode patinar no gelo?
— Não com botas de lona — eu ri.
— Aqui. Pegue minha mão. Eu vou puxá-la para a segurança. — Cory
me deslizou pelo gelo. Eu ri alto, porque foi realmente muito divertido. —
Você precisa comprar botas com tração — Cory informou. — Essas coisas
não têm nenhuma aderência.
Comecei a escorregar novamente então eu agarrei o braço dele.
— Vamos lá… eu vou puxar você até a porta antes de cair e quebrar
uma nádega aqui fora!
— Muito engraçado. Você pode mesmo quebrar uma nádega? —
Perguntei.
— Você quer saber? — Ele zombou.
— Não! Apenas me ajude até a porta antes que eu caia.
Cory riu.
— Mesmo se você pudesse me levar para casa, estou imaginando-a
presa aqui na calçada durante toda a noite. Você seria um picolé
congelado de manhã.
— Cale-se ou sem festa do pijama esta noite! Eu ia fazer pipoca.
— Isso será muito divertido! — Cory usou uma voz feminina. —
Podemos ficar acordadas a noite toda, pintar as unhas e falar sobre
meninos!
Na manhã seguinte, o sol estava brilhante e quente, derretendo um
pouco do gelo.
— Cuidado Taryn — Cory avisou. — Ainda está congelado em alguns
lugares. — Ele estendeu a mão para mim.
Cory e eu demos vinte passos na calçada, antes de três paparazzi se
aproximar de nós.
— Quem é o novo cara, Taryn? — Um fotógrafo maldito perguntou. — É
o seu namorado novo?
— Não, absolutamente não — respondi diretamente para os paparazzi.
Minha resposta a essa pergunta estúpida estava agora capturada
digitalmente.
— Por que diabos eles continuam tirando nossa foto? — Cory murmurou
para mim sob sua respiração. Estávamos escondidos sob o capô do meu
carro tentando alavancar seu caminhão com a minha Infiniti.
— Eles estão tirando a minha foto — calmamente informei.
— Vá se sentar dentro do seu carro — ele gemeu baixinho, tentando ser
furtivo com o seu comentário. — Isto é ridículo! Ryan passa por isso o
tempo todo?
— Sim — assenti.
— Coitado — Cory sussurrou. — Esta merda iria me deixar louco.
— Ok, pessoal. — Levantei a mão para contar aos fotógrafos que eu tive
o suficiente. — Amigo… tempestade de gelo… bateria morta… vocês
entenderam, certo?
Eu vi o velho fotógrafo Italiano cambalear ao longo da calçada, tentando
recuperar o atraso com os outros abutres.
— Jimmy Pop, tenha cuidado! Está realmente congelado ali. Se você
cair, você realmente vai se machucar — avisei.
— Você precisa de ajuda, senhorita Taryn? — Jimmy me perguntou. Sua
câmera estava pendurada em seu ombro em vez de tirar minha foto. Ele
estava sinceramente preocupado.
— Não, obrigado, Jimmy. A bateria do Cory está morta — respondi
educada. — Eu acho que nós temos tudo sob controle.
— Ok. Como está o Sr. Ryan? — O rosto enrugado de Jimmy enrolou
com a sua pergunta.
— Ele está bem, Jimmy. — Sorri. — Ele está bem e quente na Flórida.
Como você está?
— Oh, minhas mãos doem — ele gemeu. — Eu acho que você não pode
me dizer quando o Sr. Ryan está voltando? Este frio… — Jimmy
estremeceu e jogou o cigarro aceso na rua.
— Jimmy — gemi levemente — você sabe que não posso dizer.
— Eu sei — Jimmy veio para perto de mim. Seus olhos digitalizando
para trás para frente, vendo quem poderia estar ouvindo. — Tenha
cuidado quando você está fora — ele sussurrou, me advertindo com os
olhos. — Você sabe o que eu te disse?
— Sim, Jimmy — assenti.
— Então volte para dentro, rapidamente, Senhorita Taryn — Jimmy
aconselhou.
— Tudo bem, eu vou. Se você quiser se aquecer, você é sempre bem-
vindo dentro do meu pub — sussurrei de volta para ele.
— Deus te abençoe, querida! Agora vá, rápido — Jimmy suspirou.
Quatro dias depois de Ryan voar de volta para a Flórida, foi relatado nos
tabloides que Ryan terminou o nosso relacionamento e saiu de casa.
Imagens de Ryan parecendo irritado e triste, entrando no sedan preto,
enquanto Mike embalava o porta-malas com os pertences de Ryan, foram
publicadas.
A razão que Ryan supostamente terminou a nossa relação foi capturada
em fotos também: a infiel Taryn Mitchell de mãos dadas e brincando na
neve com o barman bonito que trabalha para ela.
Eu estava feliz que eu disse ao Ryan sobre Cory ficando na mesma noite
que isso aconteceu para que ele soubesse exatamente por que havia
fotografias de Cory e eu juntos. Ainda não impediu que as mentiras fossem
escritas:
Amor no Gelo
O representante de Ryan pode estar negando a separação, mas não
havia como negar o que vimos acontecendo no refúgio secreto do galã, em
Seaport, Rhode Island, no fim de semana!
Ryan Christensen e seu guarda-costas foram vistos às 19:00 no
domingo, saindo com várias peças de bagagem e itens pessoais.
Eles, então, se dirigiram diretamente para o aeroporto, onde Ryan
rapidamente partiu de volta para Miami. "Ryan não ficou muito tempo
depois de, pessoalmente, recolher suas coisas."
Então, isso confirma a separação? Certamente parece que sim, uma vez
que Ryan foi visto secretamente se reunindo com sua co-estrela
recentemente solteira, Lauren Delaney, em Miami. Parece que o
relacionamento de Ryan e Lauren está de volta!
— Acho que não vamos mais ver Ryan Christensen aqui em Seaport. Ele
terminou com ela — a cliente desconhecida sentado no bar sussurrou para
sua amiga, acenando com a cabeça em minha direção.
Servi uma jarra de cerveja para outro cliente, tentando ignorar a
conversa, mas era difícil.
— Como ela pôde ser tão estúpida? Quero dizer, se ela deixou isso
escapar por entre os dedos, então, ela não o merece — a outra menina
sussurrou de volta.
Eu finalmente tive o suficiente.
— Com licença? Nós não terminamos. Quando é que as pessoas vão
perceber que esses tabloides não publicam nada além de mentiras?
— Tar, deixa isso para lá — Marie rapidamente interrompeu meu
discurso.
— Não! Estou farta disso! Estou farta de pessoas cochichando sobre
mim no meu próprio bar! — Olhei diretamente para as duas meninas que
começaram meu discurso.
— Meu namorado, que eu ainda estou, está filmando na Flórida! Ele
está trabalhando quatorze horas por dia, sete dias por semana, sem uma
pausa, para fazer um filme para todos vocês, povo ingrato, desfrutar! —
Levantei minha voz. — E este é o agradecimento que ele recebe?
— Tar — Marie agarrou meu braço — você não deve a ninguém uma
explicação sobre sua vida pessoal. — Marie disse, alto o suficiente para a
maioria ouvir.
— Onde estão os seus namorados, hein? — Perguntei às duas meninas.
— Vocês tiveram relações sexuais com eles na noite passada? Vocês têm
fotos? Vamos lá, digam-me… eu tenho o direito de saber. É justo! Vocês
conhecem minha vida; eu quero conhecer a sua. Se você estiver fora em
público, então a sua vida não é mais privada também.
— Desculpe, não queríamos incomodá-la — a garota se desculpou.
— Ryan e eu somos pessoas, assim como você — repliquei. — Só porque
ele ganha a vida sendo um ator, não significa que ele desistiu de ter uma
vida privada. Vocês têm direito à privacidade, nós também.
Entre as falsas acusações, o comportamento questionável de Kyle, os
paparazzi à espreita e estar separado de Ryan, eu estava quase pronta
para sair da minha mente. Eu não podia esperar para entrar no avião e ir
para a Flórida, por um pouco de diversão ao sol com o meu amor.
Apenas mais oito horas e aguentar dois voos antes de eu finalmente vê-
lo. Puxei minha camiseta de algodão, branca, sobre a minha cabeça e
debati sobre qual casaco vestir. Estava menos dois graus para fora da
minha janela, mas estaria lá pelos vinte e um, quando pousar em Miami.
Coloquei um casaco fino sobre minha camiseta, decidi que seria melhor
me vestir em camadas.
Parei para garantir que a porta dos fundos estava trancada antes de
rolar minha mala pelo beco. É claro que quando eu pisei fora, Jimmy Pop e
dois outros fotógrafos estavam vigiando, esperando para me pegar fazendo
algo errado. Isso é tudo o que eu precisava; mais uma fotografia para
incendiar as revistas de fofoca com suas mentiras.
Se essas revistas soubessem quantas vidas quase destruíam com suas
histórias inventadas e falsas acusações. Que forma patética de fazer um
dinheirinho. Eu odiava todas elas e todos que trabalharam para elas.
— Tenha uma viagem boa e segura, Srta. Taryn! — Jimmy Pop me
desejou boa sorte.
— Obrigado, Jimmy — eu disse suavemente, dando-lhe um breve sorriso
por sua bondade. Ele tinha sua câmera apontada para baixo; ele era o
único fotógrafo que me dava um momento de paz. Desde que eu estava
saindo, os três fotógrafos partiram em direção oposta. Eles não tinham
motivo para pendurar em torno da minha porta por mais tempo.
Rolei minha mala pelo asfalto lamacento, parando na entrada do beco,
onde o limpa-neve tinha feito montes de neve seja e aguada. Eu queria
manter minha mala limpa e seca, e esta pequena caminhada no beco não
estava ajudando. Levei meu tempo dando os últimos passos que me
levariam até a rua; o ar frio de fevereiro congelou novamente a neve
derretida e eu não queria ter minha foto tirada, escorregando no gelo e
caindo. Isso seria embaraçoso, com certeza.
Coloquei minha mala sobre uma pequena pilha de neve e olhei para
cima e para baixo no trafego da Mulberry Street. Terror — terror absoluto
— brilhou através de mim pela visão que tive. Congelei no lugar,
reprimindo a vontade de gritar.
A adrenalina correu em minhas veias quando eu a vi, Angélica, sentada
em sua velha Plymouth Gran Fury azul, a não mais de vinte metros de
onde eu estava. O medo que ela incitou deslizou através de mim como uma
faca na manteiga quente; ela estava fora da prisão e esperando por mim.
Nossos olhos fizeram contato; eu podia sentir seu ódio por mim
explodindo através do ar e me atacando onde eu estava, colando meus pés
no chão. Este seria o seu momento, o tempo que ela estava esperando,
para, finalmente, me tirar de cena. Eu vi sua mão alcançando e puxando a
alavanca de câmbio para baixo para engatar a marcha. Tanto para me
cortar em pedaços. O para-choque de aço e o peso esmagador do seu carro
velho, me achatarão como um rolo compressor.
Ela puxou o velho Plymouth longe do meio-fio; seu carro lentamente
parou no sinal de pare. Minha mente fez um cálculo mental rápido para
determinar se eu poderia atravessar a rua lamacenta e congelada,
arrastando minha mala antes que ela pudesse me atropelar. Eu não estava
segura na calçada também e eu estava muito longe da minha porta de trás
para correr; além disso, eu tinha que pegar um avião. Eu não tinha
escolha; meu carro do outro lado da rua, na vaga, seria meu único
santuário.
Meus olhos estavam fixos nos dela quando pisei na rua; eu não lhe
daria a satisfação de desviar o olhar se ela ia me atropelar. Eu não seria
covarde.
Eu estava quase do outro lado da rua, mas ela não se moveu uma
polegada. Por que ela não está acelerando para mim? Eu esperava que ela
amassasse o pé no pedal do acelerador e acelerasse seu carro em minha
direção.
Eu me permiti olhar brevemente para a calçada oposta, quando notei
um vestígio de prata na frente dos meus olhos. Se ela não se moveu, por
que ouvi pneus cantando?
A dor lancinante no meu estômago foi o que senti primeiro; dor como eu
nunca tinha sentido antes em minha vida. A batida, imediatamente, tirou
o ar dos meus pulmões. Meus dedos saíram da alça da minha mala, sem
qualquer esforço consciente da minha parte. Eu senti meu queixo bater
com força sobre uma superfície fria, plana. O contato fez minha bochecha
manchar no borrão de prata cintilante. Igual ao dia em que eu assisti Ryan
filmar sua sequência de luta, eu tive a sensação de cordas me puxando
para os lados, seguido pela sensação de voar. Por que estou rolando?
A dor voltou; uma nova dor desta vez quebrou na minha mão esquerda e
atirou todo o caminho até meu braço, seguido por uma pancada dolorosa
na cabeça.
Imediatamente eu estava com frio e molhada, assistindo minha vida
passar diante dos meus olhos.
A última coisa que me lembro foi ouvir o som das minhas chaves
quando bateram no chão.
Então… tudo ficou escuro.
CAPÍTULO TRINTA E UM

Atropelamento
Eu ouvi a sombra escura sussurrar "ela não está respirando" antes dos
seus lábios pressionarem nos meus. O hálito quente da sombra era
envelhecido e sem vida, e tinha gosto de uma mistura de sangue e
cigarros. Eu senti a força da sombra quando tocou meu rosto, apertando
meu nariz com força.
Ow, isso dói! Seja gentil!
O vento que soprou no meu peito queimou meus pulmões como o fogo.
— Meu Deus! Oh meu Deus! — Uma voz feminina gritou. Seu halo
brilhava como um arco-íris brilhante em volta da sua cabeça. — Eu tentei
parar! — Ela soluçou.
Não se preocupe anjo celestial. Está tudo bem! Eu tentei dizer, mas
nenhuma palavra saiu da minha boca. Eu queria acalmá-la, impedi-la de
tanto chorar. Por que eu não posso falar com ela?
— Senhorita Taryn! — A voz masculina gritou, soprando outra rajada de
vento lancinante no meu peito.
Sua terceira rajada encheu a minha alma; senti meu peito subir para o
céu em direção à luz. O vento me queimou por dentro e apertei meus olhos
com força por causa da dor. Tudo estava escuro de novo; meu corpo
ansiava por ar puro. Minha boca e meus olhos se abriram quando meus
pulmões respiraram por conta própria.
Engasguei repetidamente por mais ar; não poderia entrar em meu corpo
rápido o suficiente. Atordoada e desorientada, meus olhos tentaram se
focar em todas as faces que olhavam para mim; algumas faces estavam
para o lado, algumas, de cabeça para baixo.
Que estranho! Tentei argumentar com essas novas visões, mas a
queimadura em meu peito e o gosto de sangue na minha boca dominaram
esses pensamentos. Quem são essas pessoas? Por que eu estou deitada na
rua?
Virei a cabeça para ver quem estava falando comigo. Era Jimmy Pop; ele
estava ajoelhado ao meu lado.
— Oh, Senhorita Taryn. Oi! — Ele chorou.
— Oh, Senhorita Taryn! Pare de tirar fotos dela! — Jimmy gritou. Ele
tentou proteger meu corpo com o seu próprio. Eu queria me levantar; eu
não queria estar deitada na neve fria, na rua. Quando tentei me mover, a
dor explodiu no meu intestino e irradiou em meus quadris.
À distância, eu podia ouvir o som de sirenes gritando; o barulho estava
vindo em minha direção.
— Não se mova, não se mova! Fique parada! — Outra voz gritou para
mim.
O barulho das sirenes estava mais pronunciado agora. Seus tons
mudaram quando se aproximaram. Eu podia ver as luzes vermelhas e
azuis refletindo nas poças da rua molhada.
— Jimmy — engasguei. — Jimmy — O sangue na minha boca entupia
minha garganta.
Olhei para o velho italiano ajoelhado ao meu lado; seus olhos estavam
enrugados e molhados de lágrimas.
— Minha bolsa… — tentei gaguejar — Telefone. Chame Ryan.
— Afastem-se, todo mundo se afaste — ouvi um homem gritando. Um
novo rosto apareceu na minha visão; este também estava de cabeça para
baixo. Senti o couro de suas luvas quando ele passou os dedos em torno
da minha cabeça. Mesmo que seu rosto estava invertido, ele ainda parecia
familiar.
— Não tente se mover — ele me avisou. — Diga-me o seu nome.
— Taryn — tentei engolir. O sangue tinha um gosto horrível. — Taryn…
Mitchell.
— Taryn, é o policial Carlton. A ambulância está a caminho. Você é
alérgica a algum medicamento?
— Não — senti alívio em saber que eu ia ser resgatada em breve.
— Você pode me dizer o que aconteceu? — O oficial questionou.
Eu podia ver pelo canto do meu olho que Jimmy Pop tinha meu telefone
na mão. Ele e outro homem estavam mexendo com ele. Se eles
simplesmente me entregassem o telefone, eu poderia chamar Ryan.
— Dê-me… — Eu fracamente pedi, estendendo meu braço para eles.
— Taryn! Você se lembra do que aconteceu? — O oficial Carlton
perguntou de novo, com mais urgência.
— Eu estava… atravessando a rua. Ela estava… carro… esperando. —
Tentei levantar meu braço esquerdo e apontar na direção onde o carro de
Angélica estava, mas quando tentei, a dor atirou em meu cotovelo. Meu
braço deve estar quebrado.
— Eu não vi. — Tentei engolir. O sangue estava coagulando na minha
boca.
— Oh, senhor Ryan, Sr. Ryan. É Jimmy. Oh, venha. Venha rápido!
Senhorita Taryn… ela foi atropelada por um carro! Oh, ho, ho! — Ele
começou a chorar.
Novas sirenes juntaram-se à mistura de ruído e confusão. Elas pareciam
vir de todas as direções para mim, e elas tinham sons diferentes.
— Eu estou viva — murmurei, esperando que Jimmy diria o mesmo ao
Ryan. O policial que estava segurando a minha cabeça ainda me fazia
perguntas.
— Hum, estou tomando pílula… apenas controle de natalidade. —
Respondi sua pergunta sobre que remédios eu tomava.
Alguém me cobriu com um cobertor.
— Ela está falando com a polícia — ouvi Jimmy dizer ao telefone. Pelo
menos ele sabia que eu estava viva. Oh, Ryan, chorei por dentro.
— A ambulância está aqui. Venha agora! — Jimmy ordenou. — Eu não
sei. Eu descobri.
Eu estava feliz que a polícia fez a multidão se afastar de mim. Havia
muito acontecendo; era confuso.
— Diga-me o seu nome? — Perguntou uma nova voz. Mãos revestidas de
látex substituíram as mãos do policial e eu estava olhando para um novo
rosto de cabeça para baixo. O paramédico estava me atendendo agora.
— Taryn Mitchell. — Tentei pegar o sangue seco do meu lábio. Parecia
estranho falar; meu lábio parecia grande demais. Inchado. Meu braço
direito se mexeu com apenas um pouquinho de dor.
— Eu tenho vinte e sete — murmurei, respondendo a sua pergunta
sobre idade.
Ele perguntou-me as mesmas coisas sobre medicamentos e alergias.
Apenas me tire da maldita rua gelada era o que eu realmente queria dizer.
Minha cabeça estava envolta em um colar cervical de borracha vermelha.
Fez-me sentir claustrofóbica quando apertou meu rosto. Eu não poderia
mais olhar para o Jimmy Pop e o telefone que me conectava ao Ryan.
Ouvi o motorista da ambulância dizer ao Jimmy que eu seria
transportada para o Hospital São Lucas, que era uma cidade além. Ele
transmitiu a mensagem para o Ryan. Fiquei tão aliviada que ele saberia
onde me encontrar. Eu nunca conseguiria chegar em Miami ou o seu
hotel… não hoje.
A equipe da ambulância me rolou para o meu lado; gritei de dor quando
me rolaram para o meu braço. Lentamente eles me rolaram para minhas
costas e eu estava amarrada no lugar em uma maca.
— Tentei atravessar a rua. Temos uma perseguidora. Ela estava
esperando, em seu carro. — Eu tive que recuperar o fôlego. A dor no meu
estômago era insuportável. — Eu pensei que ela ia me atropelar. Então eu
corri. Corri. Eu não vi o outro carro. Eu não estava olhando. — Minhas
palavras vieram mais fáceis agora, mesmo que meus dentes estavam
começando a bater e meu lábio parecia vinte quilos inchado.
— Oficial — o paramédico gritou. Eu tive de repetir minha história.
— Angélica… Staunton. Ela está… perseguindo eu e meu namorado. Ela
deve ter saído da prisão. Temos uma ordem de restrição; está em minha
bolsa. — Tentei apontar. Doía respirar. — Ela estava esperando no carro
dela, e se afastou do meio-fio quando me viu. Eu pensei que ela ia me
atropelar, então eu corri. Eu não vi. — Engoli em seco. — Não vi o outro
carro. Foi minha culpa.
Eu estava feliz por finalmente estar fora da rua, mesmo que eu estivesse
deitada em uma maca. Eu sei que eles tentaram ser cuidadosos, mas eu
ainda sacodia um pouco quando me colocaram na ambulância.
Os flashes das câmeras piscaram várias vezes no lado de fora do vidro
na ambulância. Ótimo, mais publicidade constrangedora, apenas o que
Ryan precisa!
Senti uma agulha me espetar no braço, mas o desconforto foi mínimo.
Agulhas, fita, perguntas, sapatos removidos… minha cabeça rodou.
As sirenes brilharam à vida e finalmente fomos a caminho do hospital.
Já era hora!
Suspirei, aliviada que estávamos nos movendo. Meus olhos encararam o
paramédico; ele tinha ameaçadoras tesouras de prata na mão. Tão logo a
ambulância saiu, ele enfiou a tesoura na perna da minha calça jeans e
começou a cortar.
— O que você está fazendo? — Entrei em pânico quando ele cortou
meus jeans, os mesmos jeans que eu usava no primeiro dia em que
conheci Ryan.
— Fique calma, senhorita Mitchell. Eu preciso avaliar o nível de seus
ferimentos.
Fechei os olhos enquanto ele cortou a frente de ambas as pernas da
minha calça jeans, todo o caminho até a minha cintura. Em seguida, ele
cortou as camadas das minhas camisas, cortando o meu sutiã de renda
branca entre os meus seios. Ele cortou a minha calcinha e empurrou os
farrapos e restos molhados da minha roupa do seu caminho, expondo meu
corpo nu. Senti como se estivesse sendo estuprada e não havia nada que
eu pudesse fazer sobre isso.
Todas as minhas roupas foram cortadas, uma por uma, peça por peça,
do meu corpo. Lágrimas se formaram e escorreram dos cantos dos meus
olhos.
Ele começou a correr as mãos do topo da minha cabeça para baixo em
cada parte do meu corpo e eu tremi de medo. Ele apertou meus braços,
parando em meu pulso esquerdo quando eu gritei. Porra, está
definitivamente quebrado.
Ele estava ouvindo com o estetoscópio e quando ele passou as mãos
sobre minhas costelas, a dor que gerou me fez gemer em agonia. Ele
apertou minhas pernas; eu estava feliz que não causou nenhuma dor
importante. Eu podia sentir cada toque de suas mãos quentes. Estava
nua, totalmente exposta e congelando.
Ele me atou com aquela coisa de oxigênio irritante que se encaixa em
suas narinas. Apesar de ser desconfortável, realmente ajudou.
— Estou congelando. — Meus dentes batiam. Fiquei feliz quando ele
finalmente me cobriu com um bom cobertor espesso.
— Unidade 1784 voltando, 10-12 minutos de estimativa de chegada…
— A motorista está bem? — Perguntei quando ele terminou de falar no
rádio.
— Vamos apenas nos preocupar com você agora — ele respondeu sem
rodeios.
— Em que eu bati? — Murmurei.
— Foi uma SUV, senhora — ele respondeu.
— Lembro-me de prata. Era de cor prateada? — Meus olhos apertaram,
tentando lembrar os detalhes.
— Sim, foi. — Ele assentiu.
Suspirei, aliviada que eu poderia lembrar.
O paramédico e seu parceiro me levaram através das portas de vidro da
sala de emergência, onde fui imediatamente empurrada em uma sala com
cortinas. Enfermeiros e médicos desceram como moscas, e eu fui
transferida da maca da ambulância para a maca do hospital.
Passei as próximas cinco horas sendo picada, cutucada, radiografada e
tiraram tomografias. Eu tinha um novo IV preso no topo da minha mão
direita e um clipe para medir algo, foi preso no meu dedo. Tudo foi
amarrado firmemente no lugar. Eu tive um exame retal, exame vaginal, fui
picada várias vezes com agulhas e eles tiraram minha pressão arterial com
a estúpida máquina automática, mil vezes.
Durante os momentos que eu não estava sendo espetada ou
questionada, me permiti chorar. Eu me senti tão sozinha; só queria ver
Ryan. Eu precisava que ele me segurasse.
Finalmente, o meu braço esquerdo foi envolto em um gesso, da minha
mão até meu cotovelo. O médico me deu um envoltório azul porque disse
que a cor correspondia aos meus olhos. Eu acho que ele estava apenas
tentando me acalmar.
Uma enfermeira mais velha ordenou que me levassem de volta para a
sala de emergência, me levando de volta para a mesma salinha com
cortinas que eu estava antes. Um médico e uma enfermeira veio alguns
momentos depois; a enfermeira empurrava uma grande máquina com ela.
— Senhora Mitchell, eu sou doutor Willsten. Eu sou o Obstetra e
Ginecologista. Nós temos os resultados de seu exame de urina e o
resultado deu positivo para gravidez. Nós vamos fazer um ultrassom do
seu útero.
— O quê? — Meus pensamentos giraram descontroladamente. Balancei
a cabeça em descrença. — Hum, isso é impossível. Eu não posso estar
grávida. Tomo pílulas anticoncepcionais. Você deve estar enganado.
Ele sorriu, escrevendo algo em uma prancheta.
— Você sabe que pílulas anticoncepcionais não são cem por cento eficaz
na prevenção de gravidez. Você recentemente tomou quaisquer outros
tipos de medicamentos? Quaisquer produtos sem receita?
Lembrei-me quão doente eu fiquei depois da Ação de Graças, mas isso
foi semanas atrás.
— Eu tive uma crise forte de sinusite e bronquite, no início de dezembro.
Meu médico me deu antibióticos.
Doutor Willsten levantou os olhos da papelada e sorriu para mim
novamente.
— Isso anulou a eficácia do medicamento de controle de natalidade.
Ouvi uma comoção vindo de fora do meu quarto, me distraindo
momentaneamente.
— Ela está por aqui — ouvi uma voz feminina dizer.
Puxei o cobertor mais alto até meu pescoço em caso de repórteres ou
fotógrafos virem rasgando ao virar a esquina.
O peso de mil preocupações saiu do meu peito quando Ryan veio
correndo ao redor da cortina. Ele correu direto para o meu lado.
— Querida, você está bem? — Ele beijou meu rosto, minha testa. Eu
sabia que tinha um lábio rebentado. Eu podia sentir que estava inchado.
— Oh, amor — ele chorou em voz baixa.
Seus olhos avaliaram meus danos.
Lágrimas de alívio escorreram pelo meu rosto; tudo o que eu podia fazer
acenar com a cabeça.
— Eu estava prestes a avaliar a extensão dos seus ferimentos com ela —
o homem com o crachá Doutor Carlino anunciou. — Podemos, por favor
pedir para esperar lá fora por um momento, senhor?
— Não — eu disse ferozmente, segurando a mão de Ryan com a minha
mão boa. — Ele fica. Este é o meu namorado.
Doutor Carlino assentiu.
— Revisamos todos os resultados dos testes e estou feliz em informar
que seus ferimentos são mínimos. Sua ulna esquerda está fraturada acima
do pulso, mas como você pode ver já abordamos isso com um gesso. Suas
costelas estão gravemente feridas, mas felizmente não há fraturas. Você
estará bastante dolorida, por várias semanas. As contusões em sua pele
acabarão eventualmente por desaparecer. Vamos tratar seus ferimentos
com medicamentos para controlar a dor. Seu lábio e rosto estão inchados
com o impacto, mas felizmente não requer pontos. E você tem uma boa
quantidade de hematomas e o que chamamos de arranhões, mas tudo vai
curar com o tempo. Esperamos que você tenha uma recuperação completa.
— Ele sorriu. — Meu colega, Doutor Willsten, foi chamado para avaliar o
risco fetal.
Eu olhei para Ryan; ele estava tentando afundar essa notícia.
Engoli em seco com algumas respirações irregulares.
— Ryan, eles simplesmente me disseram que estou grávida — Minha voz
estava trêmula de medo de dizer-lhe esta notícia. — Sinto muito —
sussurrei. Meus olhos voltaram para os dele.
— Grávida? — Ele balançou a cabeça ligeiramente. — Eu pensei…
— O médico disse que os antibióticos que tomei um par de semanas
atrás poderia ter afetado a pílula anticoncepcional. — Senti uma lágrima
deixar o meu olho. — Eu sinto muito. Eu não sabia.
— Eu gostaria de fazer um ultrassom agora — Doutor Willsten
anunciou, rolando o carro mais perto da cama. Minhas pernas estavam
cobertas com um lençol, enquanto o médico inseria uma sonda dentro de
mim. A ansiedade ao descobrir que estava grávida fez minhas pernas
tremerem.
— Ow… — estremeci com a dor.
— Desculpe, eu sei que é desconfortável. — Minha dor não o impediu.
O médico estava apertando um monte de botões, tendo algum tipo de
leituras. Ele marcou com um X em uma das extremidades do círculo e
outro X no lado oposto.
Eu estava olhando fixamente para o monitor, me perguntando como
diabos ele sabia o que estava procurando.
— Você está com cerca de seis semanas e meia. Hmm. — Ele olhou para
um pequeno calendário e contou os dias. — Natal, baby! — Ele sorriu para
nós. Senti Ryan apertar a minha mão.
Ele clicou em mais alguns botões e ouvimos esse barulho estranho pelo
alto-falante do aparelho. Era um ruído parecido com um assobio rápido.
— O que é isso? — Ryan perguntou hesitante.
— Essa é o batimento cardíaco — o médico afirmou.
A máquina imprimiu uma imagem, que o médico entregou ao Ryan.
— Esse é o embrião.
Ryan inclinou no meu travesseiro ao lado da minha cabeça. Um enorme
sorriso atravessou seu rosto.
— Este é o nosso bebê? Eu vou ser um pai? Oh, Tar! — Ele beijou
minha testa.
Eu estava tão assustada para ver como ele reagiria. Visões nervosas de
ele estar irritado e fugindo a sala de emergência foram imediatamente
substituídas por calma e alegria. Fiquei tão aliviada que ele parecia bem
com a notícia. Nossa vida tinha acabado de dar uma volta monumental em
uma nova direção.
Doutor Willsten falou com outro médico do outro lado da cortina. Eu só
poderia entender algumas palavras, algumas das quais eram: "continuam
a monitorar" e "possível descolamento prematuro da placenta." Quando ele
voltou a falar comigo, seu rosto estava impassível.
— Srta. Mitchell, temos uma sala privada pronta para você agora. Nós
vamos movê-la para a ala neonatal. Notamos algumas anormalidades no
ultrassom. Nós vamos continuar te acompanhando durante a noite,
apenas para manter um olho nas coisas. O impacto do acidente foi
centrado em seu abdômen e estamos preocupados com o seu bem-estar.
Se tudo correr bem, você será capaz de ir para casa em um ou dois dias.
Fui levada para um quarto com duas camas, mas eles me garantiram
que eu teria o quarto só para mim, considerando o nosso status.
Enfermeiras aleatórias ficaram passando pela minha porta, todas de boca
aberta no meu quarto para poder olhar para Ryan.
Ryan puxou a cadeira de acompanhante para o lado da minha cama e
pegou a minha mão na sua.
— Querida, o que aconteceu?
Engoli em seco, tentando lembrar os detalhes das últimas horas.
— Eu estava saindo para o aeroporto; vim pelo beco. Assim quando eu
estava pronta para atravessar a Mulberry, vi Angélica sentada em seu
carro.
— O que? Você está me dizendo que ela está fora da cadeia? — Sua voz
gritou sua raiva.
— Sim. Ela estava sentada em seu Plymouth. Eu estava apavorada. —
Meus lábios tremiam. Tive vontade de chorar. — Ela estava do outro lado
da Mulberry onde ela sempre estaciona. Só quando cheguei à borda da
pista, ela saiu com o carro e parou no sinal de pare. Eu pensei que ela ia
me atropelar. — Cocei meu lábio inchado. — Atravessei a rua correndo.
Fui tão estúpida. Eu estava olhando para ela, em vez de olhar para onde
estava indo.
Ryan suavemente beijou meu rosto.
— Eu te amo tanto.
— Eu provavelmente pareço horrível. — Eu queria que ele parasse de
olhar para mim por um minuto. Tentei colocar o meu novo gesso azul
sobre meus olhos. — Ow — gritei.
Dor imediatamente atirou no meu ombro quando mexi meu braço,
obrigando-me a lembrar de partes adicionais do acidente.
— Você foi atingida por um carro! Não me importa como você parece.
Estou feliz que você está viva.
Tentei sorrir.
— Eu pareço como você, quando lutou com aqueles bandidos? —
Segurei o bloco de gelo mais próximo do meu lábio.
Ele sorriu e acenou com a cabeça.
— Sim! Só um pouco! Mas sua maquiagem parece real. — Ele arrastou
seu dedo sobre a minha bochecha.
É claro que não ficamos sozinhos por muito tempo. Duas enfermeiras
jovens entraram no meu quarto, sorrindo freneticamente com a visão de
Ryan.
— Olá! Meu nome é Kerry — uma morena esbelta usando um uniforme
roxo brilhante anunciou. — Esta é Natalie. Nós vamos tomar conta de você
hoje à noite.
Natalie estava ocupada, escrevendo seus nomes e a data no quadro
branco na minha parede. Enquanto elas atendiam a mim, Ryan estava no
canto, fazendo chamadas telefônicas. Ele ligou para seus pais e falou com
seu pai. Seus pais pegariam o primeiro voo disponível.
Ouvi dois homens falando brevemente do lado de fora da minha porta.
Então, um homem em um terno bateu na minha porta e se permitiu a
entrada.
— Srta. Mitchell, sou Walter Krause, administrador do hospital. Como
você está se sentindo?
Fui atropelada por um carro. Como você acha que eu estou me
sentindo? Esta era, como as perguntas estúpidas que Ryan tinha de
responder a cada vez que era entrevistado.
— Já estive melhor — murmurei, olhando para o IV inconvenientemente
preso no topo da minha mão.
— Sim, bem, eu quero que você saiba que faremos o nosso melhor para
fornecer privacidade enquanto é uma paciente aqui, mas espero que você
entenda que não podemos garantir policiamento em todos os corredores.
Não havia nada no local que evitasse qualquer estranho caminhando no
hospital e entrando no meu quarto. Meus olhos voltaram para Ryan
quando ele terminou a sua chamada rapidamente.
— Sr. Krause, Ryan Christensen. — Ryan estendeu a mão. — Eu
contratei segurança privada para Taryn. Você vai me informar diretamente
de quaisquer considerações ou dificuldades durante a sua estadia. Eu não
quero que você ou qualquer outro membro da sua equipe preocupe-a com
esses detalhes. Ela precisa descansar e curar.
— Claro, Sr. Christensen. É por isso que estou aqui. Talvez possamos
falar em particular em meu escritório.
— Eu confio que sua equipe vai cumprir a lei de privacidade médica? —
Ryan salientou.
— Sim, claro. No entanto, só estamos regulamentados para manter sua
condição médica e seus registros particulares. Eu vou instruir os
funcionários sobre a conduta adequada — disse Krause.
— Vou entrar em contato com meu agente para liberar uma declaração
formal para a mídia. Não há outras declarações que devam ser feitas por
qualquer membro deste hospital sem me consultarem primeiro. Está
claro?
O tom autoritário de Ryan me fez sorrir.
— Sim. Eu entendo. Você gostaria de tomar alguns momentos para vir
ao meu escritório?
— Obrigado, mas não, não neste momento. Mike? — Ryan gritou.
Mike, guarda-costas de Ryan, entrou no meu quarto.
— Sr. Krause, é isso? Este é o meu gerente de segurança, Mike Murphy.
Ele lidará com todas as questões de segurança.
Os dois homens apertaram as mãos.
— Eu não quero nenhum jornalista ou fotógrafo neste piso. Haverá uma
equipe de segurança fora de sua porta em todos os momentos. Nós
podemos ter uma discussão mais tarde ou você pode falar com o Sr.
Murphy diretamente, para quaisquer questões de segurança. Neste
momento a minha prioridade é ela. — Ryan esfregou a mão na minha
cabeça.
— Muito bem. Podemos falar mais tarde. Se há alguma coisa que você
precisa, por favor, não hesite em pedir.
Sr. Krause parecia um pouco perturbado com a forma como Ryan lidou
com ele. Eu não me importava. Eu amei a atitude de assumir o comando
de "sem besteira" de Ryan. Era uma das qualidades que eu mais amava
nele.
Ryan mal acenou para o Sr. Krause. Ele estava acariciando meu cabelo,
totalmente focado em mim. As enfermeiras ainda estavam esperando
dentro do meu quarto, pelo o quê, eu não sabia.
— Nós apenas vamos verificar o batimento cardíaco fetal de novo — uma
das enfermeiras informou.
Ela enrolou o meu vestido do hospital e pressionou a coisa parecida com
um microfone em meu estômago machucado. Logo, fomos capazes de ouvir
o barulho dos batimentos cardíacos do nosso bebê novamente.
Ryan sorriu gloriosamente e beijou minha testa com ternura.
— Ali está o nosso bebê! — Ele sussurrou sua felicidade privada no meu
ouvido. — Eu te amo tanto.
Eu estava exultante que ele estava bem comigo estando grávida; ele
estava, na verdade, além de muito bem com isso. Eu fui capaz de relaxar e
não me preocupar; isso fez toda a dor parece valer a pena. Sorri de volta
para ele com pura alegria e amor no meu coração. Ele seria pai; eu seria
mãe. Seu bebê de olhos azuis crescia dentro de mim.
Eu senti a enfermeira mexer o microfone quando o ruído cessou; minha
atenção imediatamente virou-se para ela. As duas enfermeiras estavam
olhando uma para a outra; nenhuma delas parecia feliz. Uma das
enfermeiras rapidamente correu para fora da sala.
Meu sorriso desapareceu e uma dor aguda me esfaqueou no umbigo.
Senti um jorro de umidade entre as minhas pernas. Dor disparou em meu
peito e pelas minhas costelas machucadas quando tentei me sentar.
Inspirei e expirei esperando que as respirações superficiais iriam me
ajudar a controlar a dor.
— Algo está errado. Eu senti como se algo acabasse de estalar — soprei
para a enfermeira.
Eu queria saber o que estava molhado entre minhas pernas. Tentei
agarrar o topo do lençol para que eu pudesse colocar a mão por baixo, mas
o IV estúpido saindo da minha mão enroscou na cama. Senti o tubo que
estava preso em minha veia me picando.
— Ow! — Apertei os olhos com desconforto.
Só então outra dor aguda me apunhalou novamente; esta, tão intensa
que me fez gritar de agonia.
A enfermeira puxou o lençol para baixo dos meus pés, permitindo-me
por uma fração de segundo sentir entre as minhas pernas com a minha
mão. Sangue vermelho estava todo por sobre meus dedos.
A outra enfermeira empurrou a grande máquina de ultrassom para o
meu quarto.
Doutor Willsten veio correndo. Eu fui ligada a uma máquina de pressão
arterial em um momento.
Assim que o médico viu a quantidade de sangue, ele silenciosamente
instruiu a enfermeira a solicitar uma sala de emergência. Eu era sábia o
suficiente para saber que significava cirurgia. O médico estava realizando
um ultrassom do meu estômago enquanto a enfermeira monitorava minha
pressão arterial.
Ryan ficou na cabeceira da minha cama; ele estava congelado no lugar.
Estávamos todos ouvindo atentamente ao som de batimentos cardíacos do
nosso bebê. Aos poucos, ele abrandou em andamento até que apenas
parou abruptamente. Não havia nada além de silêncio. Eu me senti fraca.
Em um instante, quatro pessoas estavam no meu quarto, me
levantaram pelo lençol da cama, e me colocar em uma maca. Fui levada
para fora do meu quarto com pressa.
— Onde você a está levando? — Ryan gritou.
Estiquei minha mão para ele, mas uma enfermeira estava impedindo
Ryan de me seguir. A enfermeira ficou com Ryan quando eles me levaram
para fora do meu quarto.
A próxima coisa que eu me lembro, eu estava sendo empurrada em uma
sala com luzes brilhantes. As pessoas estavam agitadas ao meu redor. Eu
estava tão confusa e agora tão sedada que eu não conseguia falar, nem se
eu quisesse. Uma enfermeira levantou cada uma das minhas pernas fracas
e apoiou-as nos estribos. A máscara de plástico foi colocada sobre minha
boca e meu nariz. Em um instante, tudo ficou escuro novamente.
Meus olhos piscaram quando comecei a acordar. Era difícil manter os
olhos abertos por qualquer grande período de tempo. Algum tipo de
máquina apitava ritmicamente no fundo, me embalando para voltar a
dormir. Senti o ar frio entrando no meu nariz. Devo ter aquela mangueira
de ar presa no meu nariz novamente.
— Taryn. Como você está indo, hein? — Alguma senhora falou em voz
alta para mim. — Você pode acordar para mim?
Olhei para ela com um olho. Quem diabos é você e por que está gritando
no meu ouvido?
— Oi, você! Hora de acordar! Nós vamos levá-la de volta ao seu quarto.
Você vai ficar bem. — Ela sorriu para mim.
Eu ainda estava grogue quando eles me trouxeram de volta para o meu
quarto. Eu vi Mike e outro homem empoleirado em cadeiras fora da minha
porta. Eles se levantaram quando as enfermeiras pararam minha maca.
Eu podia ver Ryan sentado em uma cadeira no meu quarto; seu rosto
estava em suas mãos até que ele ouviu o barulho no corredor. Quando o vi
de perto, notei que seus olhos estavam vermelhos e inchados. Eu poderia
dizer que ele esteve chorando. Sentado em frente a ele estava o capelão do
hospital.
O médico explicou que o impacto fez minha placenta se separar do meu
útero e que o bebê não conseguiu. O médico teve que remover tudo do meu
corpo, mas ele tinha certeza de que eu ainda seria capaz de ter filhos.
O capelão tentou nos dar palavras de conforto, usando tons suaves e
incentivando-nos a acreditar na vontade de Deus. Ele disse uma oração
para a vida inocente que nos deixou hoje. Embora eu apreciava seus
esforços, agradeci a ele e pedi-lhe educadamente que desse a Ryan e eu
um pouco de privacidade.
Ryan encostou seu rosto no meu peito e gentilmente envolveu meu
corpo machucado em um abraço; embrulhei meu bom braço em torno
dele. Senti suas lágrimas quando embeberam meu vestido. Nós dois
choramos copiosamente, quebrando pela agonia de nossa perda.
— Prontinho! — Marie gentilmente sorriu para mim quando terminou de
envolver um longo cachecol em volta do meu pescoço e rosto. — Ninguém
vai ver o seu lábio inchado agora.
— Há um monte lá fora? — Fiz um gesto com o queixo em direção à
janela.
— Alguns — Ryan murmurou, ajudando-me com o meu casaco. — Não
se preocupe com eles. Eles não vão vê-la sair. Você tem certeza sobre isso?
Quer dizer, eu vou fretar um avião privado…
— Não, Ryan. Por favor? Eu quero ir para casa. Eu só quero sair deste
hospital e dormir na minha própria cama.
— Mas Marla disse que… — Ryan continuou.
— Não me importa o que sua publicitária disse — levantei minha voz
ligeiramente. — Sinto muito, mas não vou me esconder em algum lugar.
Talvez teria sido melhor se esse maldito carro tivesse me matado, ou
melhor ainda, Angélica me atropelado. Isso seria uma história melhor para
a mídia.
Ryan fez uma careta para mim.
— Não seja tão melodramático.
— Marie, informe a enfermeira que estou pronta para sair e me tire
daqui… por favor? — Implorei. Fui empurrada na cadeira de rodas para as
docas de carregamento, onde alimentos e suprimentos eram entregues ao
hospital, tudo para evitar os repórteres e fotógrafos que estavam pairando
na entrada principal do hospital.
Eu estava muito feliz em deslizar sobre o couro do banco de trás do
sedan e, finalmente, estar em meu caminho para casa; fez suportar a dor
de por meu corpo machucado no carro valer a pena. Uma multidão de
repórteres, fotógrafos e curiosos bloqueavam a passagem por trás do meu
pub.
Nosso motorista teve de buzinar para fazer as pessoas saírem do
caminho. Meu sangue estava começando a ferver de raiva e frustração.
Tudo essa atenção para que: para tirar mais fotografias de Ryan traindo
seu amor reacendido, Lauren, com "a ninguém" de Rhode Island?
E, para terminar meu glorioso dia, ali estava Kyle, de pé obedientemente
na minha porta, com outros homens de segurança para conter a multidão
de fotógrafos.
Ele tirou os óculos escuros e empurrou-os no bolso quando meu carro
parou.
Nossa perseguidora, Angélica, ainda estava à solta e ainda assim Kyle
ficou; disposto a arriscar a própria vida para salvar a minha.
Seu rosto era de dor e eu poderia dizer apenas pela maneira como ele
olhou para mim e estendeu os braços para os lados que ele estava me
dizendo "eu te avisei".
Vê isso? Todo esse escrutínio… toda essa incompreensível e indesejada
atenção? Mais fotos para enviar com a sua teia de mentiras? Você não teve
o bastante ainda, Taryn?
A expressão de Kyle rapidamente mudou quando olhou para Ryan. Seu
desprezo por Ryan era óbvio e os olhos atirando adagas entre os dois
homens eram mútuos. Eu não sabia quem odiava mais, mas o ódio um
para o outro era evidente.
— Vamos lá, amor, eu tenho você. — Ryan segurou minha mão e
cotovelo, ajudando-me a sair do carro. Era difícil ficar em pé. Meu joelho
estava muito ferido e duro e a dor em minhas costelas desciam pelos meus
quadris.
— Ow! — Estremeci.
— Eu não vou soltar — Ryan murmurou. Ele me ajudou a dar um
passo. — Você quer que eu te carregue? — Ele sussurrou.
— Não — gemi e me arrastei em alguns passos. Eu não queria que os
fotógrafos capturassem que ele tinha que me carregar e dar-lhes mais uma
razão para criar novas mentiras.
Kyle passou por Mike e veio direto no rosto de Ryan.
— Você está feliz, Christensen? Agora que um de seus fãs quase a
matou?
Mike rapidamente se virou e interveio, bloqueando Kyle no peito com as
mãos.
— Ei, se afaste! Relaxe, Kyle!
— Quando é o suficiente, Taryn? — Kyle gritou. Mike e outro segurança
entraram em confronto com Kyle, puxando-o para trás.
Ryan virou-se para lidar com Kyle; a raiva no rosto de Ryan, evidente.
— Ryan? — Respirei com dor, desviando sua atenção de volta para mim.
— Amor, apenas me leve para dentro, por favor. Por favor?
Eu queria que Ryan mantivesse o foco e ignorasse as acusações de Kyle.
Ter Ryan miserável e cismado não ajudaria ninguém, especialmente eu.
Agarrei o braço de Ryan inclinei-me em seu peito enquanto ele,
cuidadosamente, me levou até a porta. Ryan só era capaz de ficar comigo
mais quatro horas antes que tivesse de pegar um voo e voltar ao set, na
Flórida. Ele não conseguiria segurar a produção por mais tempo; este filme
era um investimento de milhões de dólares só para lançar. Ele já estava
afastado por três dias.
Parecia que outro pedaço do meu coração foi arrancado quando ele saiu.
Não importava que ele me ligou a cada poucas horas.
A mãe de Ryan insistiu em cuidar de mim por alguns dias e Marie
estava dentro e fora do meu apartamento vinte vezes por dia também. Eu
estava me perguntando quando ambas iriam ficar doente por me ver
chorar. Meu médico finalmente prescreveu antidepressivos para me ajudar
a lidar.
Todos em nosso círculo íntimo sabiam que eu tinha perdido um bebê.
Levou apenas três dias, depois da minha alta do hospital, para o resto do
mundo ser informado sobre o mesmo. A mídia teve um dia de campo
quando a notícia espalhou. Especulações sobre minha gravidez resultaram
do fato de que o meu quarto era na ala neonatal do hospital, mas depois
foi confirmado por alguns informantes do hospital que preferiram o
anonimato. Esses informantes incluíram, convenientemente, o fato de que
eu tinha perdido o bebê que estava carregando… filho ilegítimo de Ryan
Christensen.
A publicitária de Ryan divulgou um comunicado que dizia que fui
atingida por um carro enquanto atravessava a rua e que ninguém teve
culpa pelo acidente. Cada ramo da mídia também concluiu a mesma
história com uma nota dizendo que seus informantes não confirmaram,
nem negaram os rumores da gravidez.
Marla ainda fez uma chamada de telefone especial, para me lembrar de
manter a boca fechada. Bem, ela não disse exatamente essas palavras,
mas foi a mensagem que entregou. Fiquei tentada a dizer a ela onde
poderia enfiar sua "gestão de imagem pública." Meus funcionários também
receberam ordens de silêncio e foram alertados para não falar
publicamente a ninguém sobre qualquer coisa.
Foi logo depois disso que Ryan e eu tivemos nossa primeira grande briga
pelo telefone, e sua mãe estava sentada na mesma sala comigo quando
isso aconteceu.
— Que diabos você disse para Marla? — Ryan gritou no meu ouvido. —
Ela me informou que não vai mais falar diretamente com você.
— Marla pode ir para o inferno — respondi. — Ela é inútil no meu livro.
— Taryn! Ela é minha publicitária! Eu a tenho por anos, agora.
Eu bufei.
— Ryan! Ela está tão malditamente preocupada que eu poderia falar
com alguém sobre o meu acidente, mas ainda assim, ela continua
permitindo que todos esses rumores sobre você ter um caso com Lauren
continuem? Oh, e sobre os relatórios de você ligando para Suzanne para
chorar em seu ombro? Eu não a vejo fazer qualquer coisa para silenciar
essas mentiras também, então eu a deixei saber como me sentia.
— O que ela deveria fazer? — Ele ergueu a voz para mim novamente.
— Ela deve fazer o seu maldito trabalho! Ela deveria proteger a sua
reputação, certo? E agora ela também me representa?
— Você não sabe o que está falando. Ela não pode parar o que está
sendo impresso — ele retrucou.
— O diabo que ela não pode! Levou pouco tempo para fazer uma
declaração pública praticamente ocultando o fato de que eu sou uma
imbecil que cruzou uma rua sem olhar para os dois lados, mas ela não tem
nada a dizer sobre seus supostos casos? E sobre uma maldita grande
declaração pública dizendo que Ryan Christensen não está dormindo com
Lauren Delaney ou Suzanne Strass?
— Ela não vai fazer isso — disse ele categoricamente. — E não se atreva
a pedir-lhe para fazer isso.
— Por quê? — As lágrimas de sua traição vieram aos meus olhos.
— Porque controvérsia é o que vai vender ingressos.
Eu zombei.
— Eu não posso acreditar nisso! Minha vida, minha reputação, está
tudo exposto, mas Deus me livre mexer com a venda de ingressos!
— Taryn, apenas pare.
— Não! Dane-se isso. Estou sentada aqui, golpeada, quebrada, nosso
primeiro filho se foi e eu tenho que engolir tudo por causa da venda de
ingressos. Você sabe o que Ryan? Vá se foder! — Desliguei meu telefone.
A boca de sua mãe caiu aberta, mas eu não me importava mais. Ele
acabou de informar meu lugar em sua lista de prioridades.
Dois minutos depois, ele ligou de volta. Desliguei na cara dele e, em
seguida, desliguei meu aparelho celular. As lágrimas escorriam dos meus
olhos. A dor no meu estômago por causa das minhas costelas feridas não
foi sufocada pelo Percocet. Puxei um travesseiro por cima da minha bolsa
de gelo e chorei incontrolavelmente.
— Taryn, querida. — Sua mãe tentou me consolar. — Não fique tão
chateada. — Seu celular tocou.
— Eu não estou falando com ele agora! — Gaguejei através das minhas
lágrimas.
— Ryan, você não deve perturbar Taryn desse jeito! Ela precisa se curar!
— Ela moveu a conversa para a minha cozinha, mas eu ainda podia ouvi-
la.
— Filho, ela perdeu um bebê! Você precisa ser mais compreensivo. Ela
está na sala de estar chorando seus olhos para fora. Ela não precisa desse
estresse agora.
— Eu sei, querido, você também não.
Ellen voltou para a sala e estendeu seu telefone.
— Ele quer falar com você.
— Diga a ele para perguntar a Marla o que devo dizer. — Limpei meus
olhos com a manga da camisa.
— Taryn! — Ela usou o tom de mãe severa comigo. Isso era tudo que eu
poderia levar.
Agarrei a ponta do sofá com o meu braço bom e deslizei meu corpo para
a borda para que eu pudesse ficar de pé.
— Ai — gritei, arqueando pela dor que disparou através de meu corpo.
— Basta ficar sentada — ela me repreendeu.
— Não, eu preciso me levantar — cerrei meus dentes.
Ela tentou me ajudar, mas não havia um lugar no meu corpo que não
estava ferido ou golpeado. Consegui colocar minhas pernas debaixo de
mim e lentamente me endireitei. Ellen estendeu seu telefone com Ryan
ainda esperando. Peguei-o de sua mão.
— Você sabe, quando eu estava deitada na rua, fiquei muito aliviada
quando os paramédicos me amarraram naquela maca e, finalmente, me
puseram na ambulância. Isso significava que eu não estava em exposição
para os paparazzi tirarem fotos minha de novo e de novo, enquanto eu
estava lá, sangrando. Então, quando o paramédico cortou cada peça de
roupa do meu corpo e senti como se estivesse sendo estuprada, pensei que
era o pior momento da minha vida.
— Então, quando o médico nos disse que o nosso filho morreu dentro de
mim, pensei que era o pior momento da minha vida. Mas ao ouvir que
minha vida tem que continuar em um círculo de mentiras e dor para as
pessoas irem ver os seus filmes, só fez tudo valer a pena. Obrigado por
isso. — Desliguei o telefone e entreguei-o de volta para ela. Tranquei a
porta do quarto atrás de mim.
Poucas horas depois, Ellen gentilmente bateu na minha porta.
— Taryn, querida? Você está com fome?
— Não, obrigado — eu tinha passado por uma caixa inteira de lenços de
tanto chorar. Eu sabia que ela tinha falado com Ryan cerca de cinco vezes.
O telefone dela tocou a cada vinte minutos.
— Vamos querida, você tem que comer alguma coisa. Você não comeu o
dia todo.
Eu não me importava; eu não estava com fome, então ignorei. Dez
minutos depois, houve outra batida na minha porta. Esta batida era mais
alta.
— Taryn, é Marie. Abra.
Eu tinha que dar crédito a mãe de Ryan; ela era engenhosa.
— Eu estou bem, Marie. Me deixe em paz. — Eu não queria falar com
ninguém. Eu queria chafurdar na minha própria miséria.
— Ei Pete, é Marie. Eu preciso que você venha até a Taryn e derrube a
porta do seu quarto. Ela se trancou lá dentro. Basta trazer uma broca e
poderemos arrancar a maçaneta da porta. O que? Eu deveria chutar com o
pé?
Marie sorriu para mim quando abri a porta. Ela só fingiu chamar Pete.
— Isso é o que vai acontecer se você se trancar aí novamente — ela
informou.
Ouvi Ellen falando em seu telefone, obviamente, com Ryan. Ela correu
para a sala, quando saí do meu quarto. Ela estava dando ao Ryan um
passo-a-passo das minhas ações. Ele chamou sua mãe várias vezes
naquela noite, mas me recusei a falar com ele a cada vez. Eu estava tão
ferida, que nenhuma desculpa podia corrigir isso.
Na tarde seguinte, flores apareceram. Três dúzias de rosas vermelhas
com cabo longo, acompanhadas de um cartão que dizia: "eu te amo — eu
sinto muito". Deixei-as na caixa para apodrecer. Como se rosas fossem
fazer tudo melhor de alguma forma — talvez me dar uma perspectiva cor-
de-rosa?
Okay, certo! Tanto para um feliz Dia dos Namorados. Se sua mãe não
estivesse aqui, elas teriam ido para o lixo, mas Ellen encontrou meu vaso
de cristal e passou alguns minutos mexendo com elas.
— Você sabe que isso é difícil para ele também — ela soltou, colocando o
arranjo de rosas na minha mesa de jantar. — Ele está sofrendo junto com
você.
Eu sabia que ela que eu visse o lado dele através do meu foco
autocentrado, mas eu ainda estava tão zangada com ele que estava apenas
preocupada em me proteger agora. Ele obviamente não se importava o
suficiente para proteger a minha reputação, então eu estava por minha
conta.
Ellen pulverizou lustra móveis em um pano e começou a limpar o pó dos
meus móveis. Algo a fez sorrir.
— Você lembra quando Ryan ligou para o seu pai daqui e lhe disse que
você o levou para pescar? — Ela se virou para olhar para mim.
— Sim — respondi a ela, lembrando daquela noite claramente.
— Ele me ligou mais tarde naquela noite, quando voltou ao seu hotel. —
Ela sorriu. — Ele estava tão eufórico! Ele disse, “Mãe, eu encontrei a
mulher que vou me casar”. Claro que eu estava feliz por ele, mas como sua
mãe também estava preocupada. Quero dizer, ele só tinha conhecido você
por algumas semanas, mas ele estava tão certo desde o início. Taryn, você
sabe que ele te ama mais do que qualquer coisa neste mundo, não é?
Sua viagem de culpa estava funcionando. Tentei segurar firme minhas
razões para me sentir traída, assim minha posição nesta luta seria válida,
mas sua conversa unilateral estava bicando minha determinação. Comecei
a me sentir um lixo por estar brava com ele.
— Ele disse ontem à noite que se sente completamente responsável pelo
seu acidente. Afinal, foi um de seus fãs dementes que te aterrorizavam, e
você estava em seu caminho para vê-lo quando ele não podia estar aqui.
— Não é culpa dele — murmurei. — Ele não deve pensar isso.
— Mas ele pensa — ela assegurou. — Ele chorou tanto ontem à noite
quando falei com ele. — Sua voz tremia de dor e remorso. — Ele… ele disse
que matou seu bebê.
Sua mão cobriu seus lábios trêmulos quando ela falou as palavras,
sufocando sua vontade de chorar em voz alta. Ellen rapidamente deixou
cair o pano de pó e protegeu o rosto com as mãos quando as lágrimas
caíram.
Minhas próprias lágrimas caíram de novo e eu a vi se apressar, se
afastando para o banheiro, através dos meus olhos embaçados.
Ele não matou o nosso bebê — eu matei. Eu era o monstro hediondo.
— Taryn, eu sinto muito — Ryan respirou ao telefone quando respondeu
à minha chamada.
Eu não conseguia parar de chorar. Nunca soube que eu tinha tantas
lágrimas para derramar em uma vida.
CAPÍTULO TRINTA E DOIS

Fundo do Poço
Fechei o laptop quando eu tive o suficiente. Novas imagens foram
publicadas na Internet de Ryan saindo da porta de trás de algum clube
exclusivo em Miami. Seus olhos estavam vidrados e ele parecia perdido, o
que me irritou. Ver a linda, Lauren Delaney, sorrir na mesma imagem,
apenas dois passos atrás de Ryan, queimaram meu coração. Ver as fotos
de Ryan guiando Lauren para o mesmo carro, para que eles pudessem
voltar para o hotel, praticamente me enviaram sobre a borda.
Ele tinha estado festejando muito, ultimamente, desde o meu acidente.
Jantares tarde da noite com o elenco, rumores das bebedeiras excessivas,
passeios particulares com Lauren e suas negações de tudo através do
telefone foram se acumulando em mim. Fotos do set vazaram e se afixaram
em toda a Internet também.
Fotos claras de Ryan brincando com os anéis de Lauren em seus dedos,
sentado tão perto, que você não poderia deslizar uma folha de papel entre
eles me fez explodir em lágrimas. Era difícil discernir qual interação entre
eles era para o filme e qual não… era.
E então houve o beijo…
As imagens de seus lábios nos dela uma e outra vez cercado por
palavras como "Amor reacendido” e “Ryan dispensa Taryn Mitchell por
velha chama” me deixou perturbada.
Ryan tinha me dito em várias ocasiões que Lauren tinha um namorado,
mas cada pedaço de evidência fotográfica apontava que isso era uma
besteira completa. Eu queria tanto acreditar nele. Alguns dias eu
acreditava; alguns dias a minha fé vacilava. Não ajudava que todos os sites
dos tabloides afirmavam que seu relacionamento com Lucas Banks
acabara.
A ausência de estar em sua presença levou a carga cada vez mais fundo.
Apenas saber que ele passava tanto tempo íntimo com a última mulher
com quem teve um relacionamento antes de mim era aterrorizante.
Todo dia ele dizia que me amava. Cada dia que estávamos separados
pareceu durar uma eternidade.
Eu tinha pedido ao meu médico por uma nova receita, usando a
desculpa de que eu ainda estava com dor. Mesmo que meu corpo estava se
curando, minha mente estava com dor. Eu também estava começando a
gostar da forma como a combinação de antidepressivos e narcóticos me
fazia sentir dormente.
Ryan estava lidando com sua própria dor, afogando sua miséria em
álcool. Eu temia que ele escorregaria e procuraria conforto nos braços de
outra mulher — alguém que não era a fonte de seus problemas.
Ellen finalmente voou de volta para Pittsburgh. Ela tinha ficado comigo
por mais de duas semanas, mas ela tinha de voltar para casa e voltar para
o consultório odontológico de Bill. Eu estava cuidando de mim muito bem,
então não havia nenhuma necessidade de ela ficar. Tanto quanto eu a
amava, ela estava começando a me dar nos nervos.
Assim que ela saiu, Tammy mudou-se para o quarto de hóspedes.
Houveram alguns momentos em que eu tinha o desejo irresistível de
entrar em um avião e voar até a Flórida para ver o que diabos estava
acontecendo lá em baixo, mas eu não podia. As minhas costelas ainda
estavam machucadas, meu braço estava engessado e eu não tinha
autorização médica para voar.
As grandes marcas pretas e azuis no meu rosto estavam curando,
diminuindo para uma desagradável coloração amarela na minha pele.
Meu corpo e rosto tinha estado coberto extensivamente com arranhões.
Muitos pontos foram arranhados e machucados… até mesmo meu couro
cabeludo. Esses também, estavam curando.
E depois havia a agorafobia aguda para lidar. Angélica ainda estava à
solta, os paparazzi ainda espreitavam pelos cantos, e eu parecia uma
merda por ser atropelada por um carro. Certamente, fez me esconder
dentro do meu apartamento a mais atraente de todas as opções.
Através de tudo isso, ainda havia uma história que doía mais do que
qualquer uma delas — e era a maior mentira de todas. Artigos foram
escritos e divulgados em todo o globo dizendo que eu tentei prender Ryan
Christensen ao engravidar.
Minha suposta tentativa fracassada de prendê-lo foi relatada como a
razão pela qual ele saiu correndo de volta para os braços de Lauren.
Estava tão longe da verdade, mas as pessoas até falavam sobre isso na
televisão. Eu era uma cavadora de ouro, lixo de cidade pequena que tentou
usar uma estrela para chegar a algum lugar na vida. E aqui eu pensando
que tinha sido ruim quando Thomas me largou. Isso foi uma picada de
abelha comparando a ter a lua caindo do céu convenientemente na minha
cabeça.
Marie e Cory estavam trabalhando no pub em tempo integral, enquanto
eu me recuperava; passei a maior parte de cada dia no sofá em uma
névoa.
— Taryn? — Marie gritou quando veio pela minha porta. Ela e Tammy,
ambas, tinham suas próprias chaves para o meu apartamento agora. —
Kyle está lá embaixo. Ele diz que tem algo que quer dar a você. — Sua
expressão era preocupada.
Pensei que tinha visto Kyle pela última vez, quando lhe disse adeus,
mas ele ainda continuava derivando dentro e fora da minha vida. Eu
estava muito apreensiva sobre vê-lo novamente; parte de mim o temia.
Tammy me levou pelas escadas para se certificar de que eu não cairia.
Kyle estava sentado em uma cabine, sozinho; um saco marrom estava
no assento ao lado de seu quadril. Minhas duas melhores amigas estavam
atrás do bar, assistindo cada movimento seu.
— Oi — ele disse secamente. — Olha, eu sei que você provavelmente não
quer me ver, mas tenho algumas coisas para você, me faz sentir muito
melhor se eu souber que você está segura.
A primeira coisa que Kyle tirou do saco foi uma lata normal de
inseticida.
— Isso é melhor do que spray de pimenta e pulveriza mais longe
também. Pulverize isso no rosto de um atacante e ele estará
imediatamente incapacitado. Eu só comprei um, mas você provavelmente
deve comprar um pouco mais. — Assisti enquanto ele cavou dentro do
saco novamente. Kyle mal fez contato visual comigo.
— Isto é um alarme de luz estroboscópica com spray, que desorienta e
cega um atacante — ele murmurou. — Isso é chamado de Screecher e é
realmente alto. Você pode colocá-lo em seu chaveiro ou mantê-lo em seu
carro.
Eu estava olhando para um dos pacotes, imaginando por que eu
precisaria usar qualquer uma dessas coisas. Eu nunca precisei antes; os
fãs de Ryan estavam mantendo distância.
— Apenas se lembre que você não pode levar nada destas coisas em um
avião, se você estiver voando para qualquer lugar. Eu ia te conseguir um
taser também, mas eles são ilegais em Rhode Island. Você conhece alguma
autodefesa? — Ele divagava.
— Não de verdade — admiti.
Kyle não sorriu.
— Você provavelmente deve pensar em tomar algumas aulas quando
estiver curada. Eu poderia mostrar-lhe alguns movimentos, mas…
Kyle colocou todos os itens de volta no saco e suspirou profundamente.
— Você já viu Angélica na área? — Ele perguntou, silenciosamente
mudando de assunto.
— Não — balancei a cabeça. — Eu não saí muito de casa. As duas vezes
que eu saí, foi para ir ao médico. Jamaal me acompanhou.
Kyle assentiu.
— Bom. O Sr. Jones é um excelente guarda-costas e um bom homem.
Kyle parecia nervoso e deprimido quando falou comigo.
— Eu tenho tentado rastrear a Angélica, mas ela ainda não veio à tona
em qualquer lugar. Tenho algumas pessoas observando para ver se ela
aparece no mapa novamente. Apenas não se preocupe. Eu vou encontrá-la
em breve.
Kyle pegou as chaves do bolso e começou a deslizar para fora da cabine.
— Ok, bem… isso é tudo. Cuide-se.
Ele começou a sair, mas eu o parei.
— Kyle? — Gritei, secretamente desejando que ele ficaria apenas um
pouco mais.
Ele parou de repente em seu caminho, mas mal olhou para mim por
cima do ombro.
— Gostaria de ficar para uma bebida? — Perguntei apreensivamente.
Seus olhos eram tão tristes e doía-me saber que eu era a causa de sua
melancolia. Como se eu precisasse de mais uma razão para estar triste.
Peguei a garrafa de tequila.
— Tudo que você tem a fazer é dar um pisão sobre seus pés, realmente
duro — Kyle riu, dizendo-me algumas manobras de autodefesa.
— Então, em outras palavras, bater-lhes na cabeça com esta garrafa não
iria funcionar? — Eu ri. Eu estava me sentindo muito tonta da cerveja,
doses e remédios contra a dor.
— Você pode sempre usar a sua arma grande e azul aqui — ele brincou,
batendo os dedos no gesso do meu braço.
— Bata com força suficiente e você provavelmente poderia arrancar
alguns dentes com essa coisa!
Ri da sua piada.
— Eu não estou com medo. Se alguém quiser tentar me machucar, eu
vou ter que lidar com um inferno de uma briga. A maioria de seus fãs são
inofensivos, embora tenho certeza que vou ter de lidar com muito mais
deles me odiando durante os próximos quarenta anos. Bem, tanto faz.
Kyle ficou muito quieto.
— Ei, lembrei do que eu queria te perguntar! — Disparei. — Onde é
aquela delicatessen de esquina onde você conseguiu aquela canja de
galinha?
— Você gostou? — Perguntou Kyle, sorrindo para mim.
— Oh sim! Estava uma delícia! Você vai ter que me dar o endereço para
aquele lugar.
Ele começou a me dizer o caminho, mas após a quinta vez que eu me
perdi. Eu estava bastante tonta depois da última dose.
— Você não pode anotar para mim? Eu nunca vou me lembrar — gemi.
— Você tem uma caneta? — Perguntou.
Voltei com papel e caneta e mais duas garrafas de cerveja. Kyle começou
a escrever as direções.
— Você é canhoto, né? — Provoquei, notando que ele escrevia com a
mão esquerda.
Kyle sorriu para o papel.
— Você sabia que eu posso escrever com a mão esquerda? — Provoquei.
Puxei na borda do papel para mexer com ele enquanto ele escrevia. — Sim,
eu sou ambidestro. O que você acha sobre isso? — Puxei o papel
novamente.
Ele estava sorrindo quando continuou a escrever.
— Eu acho que nós temos uma outra coisa em comum.
— De jeito nenhum! Você não é! — Tomei um gole da minha cerveja,
esperando sua confirmação. Ele irritantemente se manteve em silêncio.
Assim que Kyle terminou de escrever, eu escorreguei o papel de debaixo de
sua mão. Ele tentou impedir que eu o pegasse, mas ele não foi rápido o
suficiente.
Em um instante todo o seu comportamento mudou. Estávamos apenas
tendo um tempo divertido provocando um ao outro, mas agora ele parecia
agitado.
Kyle olhou para o relógio e rapidamente engoliu o resto da sua cerveja.
— Eu tenho que ir — ele murmurou e deslizou para fora da cabine.
Eu estava completamente confusa com a sua saída abrupta.
— Bem, obrigado pelas coisas — bati no saco de papel.
Ele estava obviamente distraído por outros pensamentos conforme
colocou sua jaqueta de couro.
— Vejo você mais tarde. Descanse um pouco — ele ordenou.
Assisti quando Kyle passou a mão pelo cabelo no caminho para fora da
porta. Marie e Tammy estavam olhando para mim, dando-me um olhar de
desaprovação porque passei muito tempo com Kyle.
Sentindo-me culpada, fui imediatamente de volta para cima e liguei para
o Ryan.
— Eu ainda acho que você conseguiria — Ryan choramingou no meu
ouvido. — Eu tenho certeza que há um assento aberto em um voo. — Olhei
para as marcas marrom-amareladas que ainda cobriam meu rosto, através
dos meus olhos um pouco bêbados, pensando que nenhuma quantidade
de maquiagem jamais as esconderiam. Eu estava feliz que tínhamos
finalmente superado a enésima briga sobre Kyle.
— Ryan, eu perguntei ao meu médico. Ele não me quer voando por mais
duas semanas. Além disso, meu rosto ainda está preto e azul ou mais
como amarelo e marrom agora. Você não pode ser fotografado comigo
desse jeito.
— Eu não me importo com isso — ele suspirou. — Mas se o médico é o
único a dizer não, então eu entendo porque você não pode.
— Amor, eu quero estar lá também, mas uma viagem para L.A. não é
possível no momento. Eu ainda tenho um pouco de dor nas minhas
costelas. Estou pensando em assistir o Oscar na televisão. Eu não perderia
a sua apresentação por nada.
— Eu voo amanhã e então tenho um ensaio para que eu não bagunce as
minhas falas. Estou muito nervoso — admitiu.
— Você vai fazer muito bem. Você é um profissional nisso! — Tentei
encorajá-lo.
— Este calendário está uma loucura. Saio de LAX às nove da manhã
seguinte. E então, estou programado para fazer algumas cenas mais tarde
naquela noite de volta em Miami — ele gemeu.
— Nenhum descanso para o cansado — eu disse.
— Tar, você tentaria vir aqui em duas semanas? Por favor? Desde que
eu não posso vê-la neste fim de semana, pelo menos, venha para Miami.
Eu tenho algo muito especial em mente para o seu aniversário.
— Não exagere. É apenas mais um dia — gemi. — Ver você será mais do
que suficiente. "Não importa o que planejei — ele sussurrou. — Eu vou
arranjar para você voar até aqui e eu vou me certificar de que você chegue
em segurança no aeroporto dessa vez, por isso não me dê qualquer merda
sobre um guarda-costas, ok?
— Tudo que eu preciso é que você me abrace — eu disse.
— Sim, eu também — Ryan sussurrou.
— Por que você está falando tão baixo? Tem alguém aí com você? —
Perguntei.
— Não. Espere — disse ele. — Ei, eu vou indo. Eu, hum, pedi serviço de
quarto e eles estão aqui.
Pensei ter ouvido uma voz de mulher falando em segundo plano e o que
soou como Ryan fazendo “Shiu” para ela.
— Ok, bem, eu acho que vou falar com você mais tarde então —
murmurei. — Eu te amo.
— Eu também te amo — ele sussurrou rapidamente. O telefone clicou
abruptamente. Ryan nem sequer dizer adeus.
O telefonema que tive com Ryan ainda estava tocando uma e outra vez
em minha mente no dia seguinte. Eu sabia que ele estava voando para L.A.
e ele tinha um monte de coisas para fazer, mas ainda me surpreendeu que
ele não tentou me ligar. Isso era fora do personagem para ele.
Eu liguei para ele no dia seguinte, incomodado que não ouvi nada dele.
Tentei manter meu aborrecimento fora do meu tom e mantive minha voz
leve e feliz. Ryan estava rabugento. Ele disse que era porque estava sendo
apressado de lugar em lugar. Ele também estava se vestindo para o Oscar.
Mais tarde naquela noite, me empoleirei na frente da televisão para
assistir à cerimônia do Oscar. Ryan parecia tão bonito no tapete vermelho
quando deu sua entrevista. Claro, perguntaram se ele estava lá com
alguém e sua resposta foi: "Não, eu não tenho uma acompanhante!
Acompanhante? E sobre a sua “uma e única” namorada, que ainda está
se recuperando de sua experiência de quase-morte?
Grunhi de raiva. Não houve nenhum gesto privado para reconhecer que
ele estava pensando em mim. Eu ainda era um segredo que ele nunca iria
admitir em voz alta.
Vários dias depois, tivemos outra briga.
— Amor, por que há fotos de você abraçando e segurando a mão de
Lauren na internet? — Perguntei suavemente.
Ryan bufou no meu ouvido.
— Taryn, você me prometeu, porra — ele rosnou com raiva.
— É uma pergunta simples, Ryan. Eu não segurei a mão de Pete ou a
mão de Gary, nunca. Eu só quero saber por que você sentiu a necessidade
de rebocá-la através de alguma festa pós Oscar.
— Ela estava bêbada. Eu não queria que ela fizesse papel de idiota
enquanto estava em público — Ryan defensivamente respondeu.
Flashbacks de perguntar ao Thomas coisas semelhantes revestiram
meus pensamentos. Thomas sempre tinha uma desculpa válida também:
“Seu carro quebrou e eu não poderia deixá-la encalhada, portanto lhe
dei uma carona para casa e então nós apenas começamos a conversar…”
“Ela era uma garota que eu conhecia da escola. Ela está passando por
alguns momentos difíceis no momento…”
“Eu tive que fazer um orçamento na casa de alguém. Então, e daí que
estou algumas horas atrasado? Tenho de bater o ponto com você a cada
dez minutos…”
Suspirei alto.
— Pensei que Lauren tivesse um namorado? Por que ele não estava
cuidando dela? — Perguntei.
— Porque ele está em locações na Nova Zelândia, Taryn — Ryan
retrucou bruscamente. — O namorado dela, Lucas Banks, também está
filmando. — Seu tom me fez sentir como uma idiota, como se eu devesse
saber isso.
— Sinto muito — me desculpei instintivamente.
Meus velhos hábitos de insegurança continuavam ressurgindo. Thomas
sempre teve o dom de virar cada briga para mim, culpando a minha falta
de confiança e neurose sendo a causa de nossas lutas.
— Eu só queria saber quais foram as circunstâncias, só isso — concedi.
— Você não tem motivo para estar suspeitando, amor. É exatamente
como as fotos de você segurando em Cory na calçada gelada. Lembro-me
de ver sua mão na dele nessas fotos. Basta lembrar quão rapidamente um
gesto inocente é tirado do contexto.
— Você está certo, mas… — sussurrei. — Eu só não quero que você dê a
Lauren a impressão errada também, Ryan.
— Você vai ser assim para sempre, Tar? Acusando-me sempre que eu
tocar outro ser humano? — Ryan rosnou.
— Não. Mas serei assim quando você estiver de mãos dadas com alguém
que você já teve relações sexuais! — Tentei manter a calma, e embora eu
não tivesse certeza se ele teve relações sexuais com Lauren ou não,
quando eles supostamente namoraram, o fato que ele não tentou negar
isso foi a confirmação suficiente.
— E eu o conheço bem o bastante para saber que se você visse fotos de
mim de mãos dadas com algum ex-namorado que eu… — Tomei um fôlego,
pausando para verificar a direção das minhas acusações. — Com alguém
que você não conhecia ou confiava, sorrindo e acariciando em alguma festa
top por aí, você iria vir para cima de mim — gemi.
— Sim, você está certa. Eu faria — Ryan admitiu de bom grado.
— E por que você teria essa reação, Ryan? Seria porque você não confia
em mim, ou porque você não quer que o mundo inteiro tenha essa
impressão sobre o nosso relacionamento?
— Eu confio em você — ele sussurrou.
— É embaraçoso e desanimador, ver seu namorado ser carinhoso com
sua ex-namorada fora do set — eu disse suavemente. — Quando você está
filmando, é outra coisa…
— Se você tivesse vindo para L.A. como eu lhe pedi, não estaríamos
tendo esta conversa.
— Eu tinha medo disso… medo do que a distância iria realmente fazer
para nós — Ryan proferiu no telefone.
— Ryan, não é a distância! Eu sei que você e Lauren saíram no ano
passado e que você namorou com ela. Ela é um território familiar. Eu
estou assim porque sou apaixonada por você e não quero perdê-lo para
outra pessoa.
O pensamento dele escorregando das minhas mãos e indo direto para as
mãos de Lauren me apunhalou no coração.
— Achei que você sabia. Não é de admirar… — ele suspirou. — Acho que
eu errei novamente. Eu devia ter lhe contado.
— Bem, colocando desta maneira, você só confirmou o que eu achava
que sabia — sussurrei. — Eu gostaria que você apenas fosse honesto sobre
o que aconteceu entre vocês dois. Fui deixada aqui para especular.
— O que você quer saber? — Ele zombou. — Eu sinto muito.
Deveríamos já ter conversado sobre isso, mas não achei que era um
grande negócio, por isso ou você confia em mim ou você não confia.
— Ryan, confio em você! — Eu disse, esperando que ele acreditasse em
mim. — Mas como você poderia pensar que não era um grande negócio
quando você sabe que está trabalhando em um filme romântico com uma
atriz que você transou antes? Você nunca me contou sobre ela — eu o
lembrei.
Ele tentou interromper, mas eu falei por cima dele. Eu precisava tirar
tudo isso do meu peito.
— Você tem que perceber, todos estes pequenos segredos não revelados
são o que rasgam a confiança! Dê-me razões para confiar em você, não
razões para desconfiar de você, Ryan.
— Taryn, eu disse que sinto muito. Eu deveria ter sido honesto sobre
isso, mas eu estava com medo que você ficaria com raiva e eu não quero
brigar sobre isso, então eu não disse nada. Agora eu apenas tornei pior.
Eu não queria empurrar o problema ainda mais. Eu esperava que ele
entendeu meu ponto sobre honestidade.
— Você me ama? — Perguntei. Ryan suspirou.
— Com todo o meu coração.
— Então eu confio em você — prometi.
— Você confia, realmente? — Ele questionou duramente. — Então você
pode me explicar por que Kyle está em Miami?
Fiquei momentaneamente atordoada de ouvir o nome de Kyle sair de
sua boca novamente.
— O que quer dizer com Kyle está em Miami? — Retruquei. — Quando
você o viu?
— Ele estava na locação com a gente esta manhã, Tar — Ryan rosnou.
— Por que ele está aqui?
— Eu não tenho ideia do porquê ele está aí — defendi, tentando decifrar
linha de questionamento de Ryan.
— É melhor não estar mentindo para mim, Taryn! — Afirmou com força.
— Ryan, eu juro, não estou mentindo! Eu não tenho ideia do porquê ele
está aí.
— Quando foi a última vez que o viu? — Ele perguntou.
Eu pensei sobre isso por um momento.
— Quando ele veio me dar aquelas coisas uma semana atrás, e eu disse
a você sobre isso. Eu lhe disse toda vez que ele já veio aqui. Eu não sou
aquela que guarda segredos.
— Jura-me que você não sabia sobre ele vir para cá — Ryan sussurrou
desesperadamente.
— Ryan, eu juro pela minha vida que eu não tenho ideia do porquê ele
está aí.
— Ele irrita a merda fora de mim. Eu não sei por que ele está aqui, mas
vou descobrir — ele disse com autoridade.
Houve uma longa pausa até Ryan quebrar o silêncio.
— Taryn, eu não quero brigar com você. Eu estou apenas frustrado
sobre… — Ele ficou em silêncio de novo e eu não sabia se eu deveria dizer
alguma coisa ou deixá-lo falar.
Um milhão de pensamentos correram pela minha mente. Ele está
frustrado comigo e minhas inseguranças. Ele está frustrado que eu não fui
para o Oscar. Ele está frustrado que eu perdi seu bebê por nascer.
Estupidamente deixei o pensamento seguinte escorregar para fora da
minha boca para matar o silêncio.
— Você está frustrado comigo — eu disse, não questionando.
— Estou frustrado com tudo, Taryn.
Uma única lágrima escorreu pelo meu rosto.
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

Esmagada
A semana seguinte, pareceu mover-se um pouco mais rápida. Eu estava
começando a me sentir melhor fisicamente e passar mais tempo lá
embaixo no pub foi melhor para mim mentalmente. Eu não tinha
percebido o quanto interagir com as pessoas era bom para o meu espírito.
Meus clientes regulares estavam felizes em me ver de novo e embora
muitos estavam preocupados, alguns não podiam deixar de fazer algumas
piadas sobre o acidente. Eu ainda usava meu gesso azul detestável como
um lembrete constante.
— Taryn! O que você está fazendo? — Marie gritou comigo.
— Apenas enchendo os refrigeradores — murmurei.
— Você não deveria estar se levantando e se dobrando assim! Fique
longe daqui! — Marie puxou meu braço. — Vá, sente-se. Vá com calma. Eu
não quero que você se machuque antes da sua viagem.
Não havia como discutir com Marie sobre a quantidade de trabalho
físico que eu tentei exercer, mas o que ela não sabia, foi como me senti
bem em me mover e me esticar novamente.
— Está tudo bem se eu tocar uma cerveja? — Brinquei com ela.
— Tudo bem, mas não levante caixas de cervejas pesadas. — Ela
balançou o dedo para mim.
Eu estava me sentindo muito apreensiva sobre a minha próxima viagem
para a Flórida. Ryan estava agindo… estranho, arisco. Desde que ele
estava sempre trabalhando, nossas conversas telefônicas tinham que ser
coordenadas, mas ultimamente Ryan estava estranho em arranjar tempo,
quando era seguro para falar.
Seguro… ele pronunciou essa palavra durante uma de nossas
conversas. Por que, de repente, ele estava preocupado em ser seguro
quando fala comigo? Era porque Lauren estava constantemente ao seu
redor, mesmo quando ele estava em momentos de descanso, quando não
estava filmando?
Ryan me informou da presença irritante de Kyle, quase me acusando de
ser responsável por Kyle estar lá na ocasião. Kyle tinha conseguido passar
alguns dias fazendo sua presença conhecida em alguns dos locais de
filmagem… até que Ryan pôs um fim a isso.
Ryan me disse que falou com o chefe da empresa de Kyle diretamente e
informou que ele queria Kyle removido do set imediatamente.
Ryan não quis me dizer o que aconteceu, mas algo definitivamente
aconteceu entre os dois, porque Ryan estava furioso.
Kyle foi informado imediatamente para abster-se de entrar em contato
comigo ou tentar me ver de qualquer maneira, forma ou formulário…
permanentemente. Eu tinha certeza de que Ryan usou seu tom “sem
besteira” com o chefe de Kyle.
Eu gostaria que houvesse alguém que eu poderia ligar para manter os
lábios de Lauren fora de Ryan; alguém para pedir-lhe para ficar longe dele.
Eu teria gostado de usar a minha autoridade para emitir uma ordem de
"parar e desistir" sobre ela.
Tentei me lembrar constantemente de que Ryan estava fazendo um
filme, de que ele beijando Lauren, não era diferente dele beijando Suzanne.
Às vezes eu tentava trocar a cabeça de Lauren com a de Suzanne
apenas para manter meu ciúme na baia, mas desde que eu nunca tinha
conhecido Lauren, era difícil. Eu não a conhecia e, portanto, não confiava
nela.
Ryan constantemente garantiu que me amava, mas eu não podia deixar
de pensar em meu noivado fracassado e todas as vezes que Thomas "me
assegurou" quando cobria suas infidelidades. Algumas experiências eram
difícil de sacudir.
Também não ajudou que o comportamento de Ryan comigo tinha estado
diferente nos últimos dias. Ele estava nervoso e estranhamente animado
que eu estava indo para Miami. Horários de voos, horários de chegada,
horários de partida, todos cuidadosamente orquestrados.
Meus amigos estavam se comportando de forma diferente também…
sorrindo para mim sem jeito o tempo todo, como se soubessem algo que eu
não sabia. Meio que me lembrou dos olhares ambíguos que eles
costumavam para me dar, quando pensavam que eu era muito estúpida
para perceber que Thomas estava me traindo.
O dia da minha partida para a Flórida finalmente chegou. Desta vez eu
chegaria lá com segurança; Ryan se certificou disso. Ele contratou um
motorista para me levar ao aeroporto e Jamaal, meu novo guarda-costas,
que era do tamanho de um linebacker da NFL, me acompanhou em todo o
caminho. Eu me senti melhor sabendo que Ryan queria que eu chegasse
intacta, especialmente desde que Angélica ainda estava à solta.
— Pensei que a Florida fosse ensolarada e quente? — Eu disse ao meu
motorista, tentando quebrar o silêncio.
Olhei para os céus cinzentos sombrios que escureciam a tarde. A forte
chuva estava fazendo trilhas pela minha janela, obscurecendo a minha
visão da paisagem.
— E é, minha senhora — o motorista afirmou com um sotaque
jamaicano grosso. — Mas não hoje! — Ele riu.
— Sinto que eu deveria pedir um reembolso! Toda essa propaganda
enganosa! — Eu ri da minha própria piada, sentindo que ele ou não me
ouviu ou não entendeu.
Downtown Miami ainda estava repleta de vida, apesar do tempo
duvidoso. Tentei prestar atenção para onde estávamos indo, enquanto
meus dedos batiam junto com o som ritmado dos limpa para-brisas.
Notei o letreiro do Regency Hotel quando fomos parando. Foi um alívio
saber que finalmente cheguei e só mais alguns minutos me separavam de
me reencontrar com o meu amor. Eu não podia esperar para envolver
meus braços em torno dele e pôr fim a todas as minhas preocupações.
A porta de aço da garagem fechou hermeticamente detrás do meu carro,
fechando os olhos curiosos e os fotógrafos que cercavam o hotel.
Era difícil não se sentir como a realeza quando eu tinha um guarda-
costas corpulento estendendo a mão para eu sair da limusine, meu
motorista estava lidando com a minha bagagem e a segurança do hotel
estava esperando pela minha chegada na entrada privada.
Borboletas revestiram meu estômago quando deslizei o cartão-chave na
fechadura da suíte privada de Ryan.
— Você pode simplesmente deixar as minhas malas aqui — apontei para
o chão, na entrada.
— Está tudo bem, minha senhora, vou levá-las para o quarto para você
— o mensageiro nervosamente insistiu.
— Eu posso levá-las — eu disse.
Eu queria o mensageiro fora o mais rápido possível, assim, no segundo
eu visse Ryan seria, um momento íntimo e privado. Eu tinha pensado
sobre esta reunião durante dias. Eu até mesmo estrategicamente escolhi
minha roupa: um top de algodão simples e seu jeans favorito.
Eu não estava prestes a perder um segundo do nosso tempo mexendo
com camadas de roupas, enquanto estávamos nos acostumando
novamente. Além disso, eu não sabia se Ryan estava deitado, esperando
nu no quarto. Pelo menos eu esperava que estivesse.
— Não! Hum, eu tenho que levá-las!
O jovem foi inflexível, quase gritando para mim. Antes que eu tivesse a
chance de dizer não outra vez, ele rapidamente levou minhas malas para o
quarto.
— Aqui está — eu disse com um sorriso, dando ao mensageiro dez
dólares de gorjeta.
Ele rapidamente pegou o dinheiro dos meus dedos e saltou para a porta,
nem mesmo fazendo contato visual. Achei que foi rude ele nem sequer
dizer obrigado.
A suíte de Ryan era magnífica, é claro! Quarto privado, enorme sala de
estar e uma grande mesa de jantar com uma peça central de flores frescas,
que fazia o quarto parecer um apartamento.
— Ryan? — Chamei, me perguntando por que ele não me encontrou na
porta. Corri para o quarto principal e abri as portas duplas. — Você está
aqui? — Vaguei em torno de todos os quartos, mas ele não estava na suíte.
Onde ele está? Tínhamos combinado de nos encontrar aqui. Olhei para
o meu relógio. Eu esperava que ele estivesse me esperando, imaginando
que ele iria colher-me em seus braços e me levar para o quarto no
momento em que nos víssemos.
Tentei seu número de celular, ansiosa para que ele soubesse que eu
tinha chegado. Meu sorriso transformou-se em uma careta quando seu
correio de voz atendeu em seu lugar.
Tirei minha jaqueta fina, lutando um pouco para passar o gesso pela
manga e colocou-o sobre o encosto da cadeira revestida de seda.
Tons cintilantes de tecido preto, azul e de cor creme me chamaram a
atenção. Ao lado da mesa de jantar de mogno polido, havia um rack de
metal para roupas com rodas.
Hesitante, aproximei-me, admirando os vestidos de noite elegantes
pendurados em cabides acolchoados. Deixei meus dedos sentirem a
maciez dos tecidos diferentes. Um vestido impressionante destacou-se
sobre o resto: o bustiê era feito de couro macio de cor marfim, cruzando na
cintura. Curiosidade me fez olhar. Atelier Versace, eu li a etiqueta. Senti
como se estivesse cometendo um crime apenas tocando os vestidos.
Empilhados no chão havia dezenas de caixas de sapatos, Jimmy Choo,
Christian Louboutin, nomeie qualquer um. Cada designer de sapatos caros
estava representado.
Por que Ryan tem roupas femininas em exposição? Deve ser bom ser
atriz, olhe para todas as vantagens que vêm junto. Espera, estou no quarto
de Ryan ou de Lauren?
Virei-me em confusão, em seguida, corri para o quarto novamente,
notando as malas de Ryan e sua guitarra Gibson. Verifiquei as etiquetas
das bagagens e suspirei de alívio depois de ler "Shell-B Enterprises." Ok,
estou no quarto certo. Peguei minha mala e notei que havia um envelope
ao lado dela na cama. Hmm, isso é estranho. Será que o mensageiro
deixou uma conta para alguma coisa? Abri o envelope e retirei o papel
dobrado. Ah! Ryan me deixou um bilhete! Meus olhos voltaram para a
escrita… mas não era Ryan.
Você está falando sério? Não, isso não pode estar acontecendo! Meu
cérebro tentou racionalizar o que acabei de ler. Não, ele não faria isso
comigo. Hoje não. Não no meu aniversário.
Olhei para a nota novamente, tentando lê-la enquanto ela balançava na
minha mão.
Lá estava o meu nome…
Senti o peso de todo o mundo quando ele desabou sobre mim,
quebrando todos os ossos do meu corpo. Meu coração estava
instantaneamente despedaçado e esmagado em pó.
…ali estava sua assinatura, incentivando claramente o meu namorado a
me deixar. Os rumores, as mentiras, as fotografias, poderiam todos isso
ser verdade?
… as palavras saltaram da página como um punhal afiado em meu
coração.
— Não. Droga! NÃO! — Eu gritei. — Não! Ele me ama! Eu, não ela!
Será que ele realmente me fez voar até aqui para romper comigo ou não
era para eu ver os pequenos restos da sua infidelidade?
Como ele pôde fazer isso comigo? Será que ele realmente era tão
insensível, deixando isso para trás para eu ler?
Por que não? Afinal, Thomas fez isso para mim.
Não, Ryan não é assim. Ele é uma boa pessoa… que está me traindo.
Comecei a híperventilar. Um milhão de imagens passou pela minha
mente… Ryan beijando minha mão, seu sorriso que fazia meu coração
vibrar, ouvir sua voz dizer que me ama mil vezes.
Não, tinha que haver uma explicação racional para isso! Tinha que
haver! Cambaleei um pouco, sentindo-me tonto, de repente.
Meu pé pisou em alguma coisa no chão, ao lado de onde a minha mala
foi colocada. Abaixei para pegar o tecido brilhante. Quando eu o revelei,
descobri que em minhas mãos havia um par de calcinhas de mulher de
seda preta.
Como uma morte rastejante, mais provas de sua infidelidade se
desdobrou para mim. Visões dele com Lauren, fazendo amor com ela nessa
cama na minha frente, ceifaram cada uma das minhas memórias alegres.
Meu celular guinchou no meu bolso, me assustando. Meu pulso
acelerou e eu recuei para trás, quase caindo sobre meus próprios pés.
— Olá? — Respondi entre soluços.
— É Taryn Mitchell? — A voz masculina perguntou abruptamente.
— Sim. Quem é? — Murmurei, limpando minha bochecha na minha
manga.
— Não é importante. Anote esse endereço — ele ordenou. Sua voz estava
rouca, abafada.
— O quê? — Perguntei, completamente confusa.
— Ele está com ela agora — o estranho informou. — Nós estamos
tirando fotos deles juntos. Pegue uma caneta.
Enquanto eu ouvia os sons de clique de uma câmera, mexi na mesa e
achei um bloco de notas do hotel, o mesmo que Lauren usou.
— Você tem uma caneta? — O homem gritou.
— Sim, mas eu não entendo.
— Você precisa ver a verdade. Depressa. O hotel terá um táxi para você.
Venha para Avenida Oeste Palermo nº 2950, o restaurante da esquina.
Olha isso… ele está beijando-a novamente! Ah! Ele está tão ferrado! Oeste
Palermo nº 2950.
— Quem é? — Perguntei. — Olá?
Arranquei o papel do bloco e peguei minha bolsa.
— Oeste Palermo, 2950 — li o endereço para o motorista de táxi e, em
seguida, empurrei o papel de volta no bolso.
A chuva caía em baldes, fazendo com que os faróis dos carros
brilhassem no para-brisa. O céu estava escuro como breu da tempestade
que explodia em Miami. As nuvens escuras e ameaçadoras trouxeram o
vento, que fizeram a chuva soprar lateralmente. Os trovões começaram a
ressoar entre os relâmpagos.
Sentei-me na borda do banco de trás, olhando descontroladamente para
fora da janela dianteira do táxi. Vi o a placa de rua indicando a avenida
Palermo Oeste. Minha garganta ficou apertada com antecipação.
O motorista de táxi puxou para o meio-fio.
— Palermo, 2950. — O motorista apontou para o alto edifício de
escritórios. — São R$ 14,50.
Peguei vinte da minha carteira; minha mão tremia quando entreguei a
ele.
— Você quer um recibo? — Ele perguntou com uma voz áspera.
— Não — eu disse rapidamente, minha mão já puxando a alavanca na
porta.
Eu dei à porta do táxi um empurrão e corri através da chuva para o
abrigo da entrada. Trovões assustadores retumbaram através do céu; o
barulho ensurdecedor fez-me instintivamente desviar enquanto ecoavam
nos edifícios altos. Vacilei com o som; conhecendo minha sorte eu,
provavelmente, seria atingida por um raio hoje também.
Olhei para os grandes números no edifício cinza de pedra… 2950. Era
um banco com vários andares de escritórios acima.
Eu estava totalmente confusa. O que? Alguém estava fazendo uma
brincadeira cruel comigo, me mandando em alguma perseguição idiota?
Puxei o papel do meu bolso para checar o endereço, mas em vez do
endereço, eu estava olhando para o bilhete de Lauren novamente. A nota
que eu segurava em minha mão definitivamente não era uma piada.
Restaurante na esquina, minha memória informou rapidamente. Olhei
para cima e para baixo da rua, sem saber qual caminho percorrer. Eu
estava no meio do quarteirão.
Alimentada pela evidência segura em minha mão, comecei a andar
rápido pela calçada. A chuva encharcou minhas roupas; meus pés
molhados escorregaram desconfortavelmente dentro de minhas botas de
couro. Meu cabelo que estava arrumado, ficou completamente encharcado.
Tremi contra o vento e puxei minha bolsa no meu ombro.
Eu gostaria de ter um guarda-chuva para me proteger da chuva. Virei a
pequena gola da minha camisa apenas para manter a água escorrendo
pelas minhas costas.
Dois homens estavam de pé perto da esquina, encolhidos ao lado de um
edifício, vestindo capas de chuva de plástico. Ambos seguravam câmeras
brancas com lentes longas, cobertas por uma camada de plástico
transparente. Suas lentes apontavam para o canto oposto da rua. Olhei
através da rua para a janela. Lá estava o restaurante e lá estava Ryan,
visível na rua. Prendi minha respiração ao vê-lo. Chuva escorria do meu
cabelo e pelo meu rosto; minha mascara escorreu e queimava meus olhos
enquanto eu tentava me concentrar através do aguaceiro.
Eu vi a mão de Ryan levantar Lauren da mesa. As duas câmeras
clicavam em um zumbido rítmico.
Ele torceu o anel em seu dedo.
Senti as lágrimas construindo nos meus olhos e uma dor insuportável
rachando no meu peito.
Ele pegou a mão dela e envolveu-a na sua, sorrindo para ela antes de
beijar as pontas dos seus dedos. Horror e negação rodou através da minha
alma como fumaça tóxica.
— Não — sussurrei com dor.
Então Ryan se levantou de sua cadeira, se inclinou sobre a mesa e
pressionou seus lábios nos dela. Bem ali em público… as câmeras soavam
como facas que cortavam meu coração em pedaços.
Raiva, ressentimento e ódio puro brotou em mim quando o último
fragmento do meu coração foi arrancado do meu peito. Eu fui até a metade
do outro lado da rua antes do trânsito em sentido contrário me parar.
Um carro veio guinchando até parar, derrapando na chuva e me
perdendo por polegadas. Eu estava congelada no lugar; meus olhos
estavam cravados no rosto de Ryan.
Nenhuma outra visão importava.
O motorista buzinou repetidamente, mas eu não podia me mover. Parte
de mim queria que ele apenas me atropelasse e acabasse com a dor de
uma vez por todas.
Faça! Acelere e me mate!
Relâmpagos espocaram sobre a minha cabeça, mas não vacilei neste
momento. Seria preciso um golpe direto por um raio de eletricidade para
reiniciar meu coração.
O motorista estava impaciente; sua mão tocou a buzina pela segunda
vez.
— Por quê? — Eu soluçava na rua. Perder o nosso filho por nascer não
foi nada comparado com a dor excruciante que eu sentia agora.
Naquele momento, aconteceu, diante dos meus olhos, meu maior amor
se transformou em nada mais do que outro homem que eu não era boa o
bastante.
— Ei, senhora! Saia da rua! — O motorista gritou para mim através da
janela aberta do seu carro, tocando sua buzina para mim novamente.
Olhei em sua direção; seu tom viscoso me distraiu. — Que diabos está
errado com você? Você está tentando se matar? — O homem continuou
gritando.
Que diabos havia de errado comigo?
As luzes do tráfego fizeram estrelas aparecerem em meus olhos
embaçados. Eu estava chorando tanto que esqueci onde eu estava por um
segundo. Meus pés moveram-se inconscientemente; segui as linhas
amarelas, esperando que elas me levariam para um lugar onde a dor
parasse.
Meus dedos encontraram uma maçaneta no escuro. Larguei a nota de
veneno de Lauren, deixando-a na calçada. Eu não precisava mais disso
comigo. Eu havia testemunhado toda a prova que precisava com meus
próprios olhos.
— Taryn! — Minha memória gritou em um tom abafado, estranhamente,
no som da voz de Ryan, mas eu não poderia responder a ela. A escuridão
já tinha me levado para baixo.
— Onde, senhorita? — Algum homem me perguntou. — Senhorita?
— Hum… casa — respirei.
— E onde é casa? — Perguntou o homem.
Meus lábios tremeram quando eu encontrei disposição para falar.
— Aeroporto.
Desolação e desespero me envolveram novamente, sufocando minha
capacidade de respirar. Todas as minhas esperanças e sonhos que
envolviam Ryan foram destruídos.
Meu telefone soou aquele toque estúpido, me lembrando de sua maior
mentira que esmagou minha alma … ele não era meu mais.
Abri a janela do carro e joguei meu celular, liberando sua canção para o
vento.
— Taryn? — Ouvi uma voz de homem chamando meu nome.
Minha mente deve estar realmente me pregando peças. Agora estou
ouvindo vozes. Então é assim que um colapso nervoso parece. Pelo menos
eu não estou mais chorando.
— Taryn, espera.
Minhas pernas se arrastaram por conta própria, instintivamente,
seguindo o resto das pessoas que se apressavam ao meu redor. Se eu os
seguir longe o suficiente, talvez as luzes piscando vão parar?
— Ei! O que você está fazendo no aeroporto?
Meus olhos foram para o meu lado direito; alguém estava falando
comigo. Foi quando eu vi o rosto de Kyle.
— Pare de tirar fotos dela! Chega, pessoal! — Ele gritou.
Eu vi um braço pressionar na minha frente, me protegendo.
— Por que você está toda molhada? — Kyle perguntou em voz baixa. —
Taryn, apenas continue andando.
Alguma coisa irritante foi empurrada em minhas costas, obrigando-me a
andar para frente mais rápido.
Eu me senti fria, entorpecida e totalmente devastada. A morte rastejante
deve estar dentro de mim agora, devorando tudo. Kyle olhou em volta dos
meus pés.
— Onde está a sua bagagem? — Ele murmurou.
Olhei para as minhas mãos; elas estavam vazias e trêmulas. A ponta do
meu gesso azul se enroscou na ponta da minha manga; água escorria da
gaze. Não conseguia me lembrar se era para eu ter algo em minhas mãos
ou não. Imediatamente meu peito apertou e pareceu muito difícil respirar.
— Ei, Ei… — Kyle me puxou para o seu peito. — Acalme-se. Shh, vai dar
tudo certo. Eu estou aqui. — Tentei bloqueá-lo com as mãos. Eu queria
que ele parasse de me tocar. Nenhum homem jamais me tocaria
novamente. Ele sussurrou em meu ouvido:
— Não se preocupe, querida. Eu cuidarei de você. Vamos levá-la para
casa.
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

Destruída
— Taryn, querida. Graças a Deus! — Marie correu para o meu lado da
cama. — Vai ficar tudo bem. Nós estamos aqui. — Ela passou as mãos em
volta do meu pescoço e ombros para me abraçar.
Pete estava freneticamente acendendo todas as lâmpadas do meu
quarto. Estava escuro lá fora, então presumi que deveria ser noite
novamente. Meus olhos estavam inchados; eu tive um tempo difícil,
focando-os na nova luz.
— Devo ligar para um resgate? — Tammy perguntou em pânico da
abertura que costumava ser a porta do quarto.
Marie passou a mão no meu rosto para tirar meu cabelo dos meus
olhos.
— Taryn, fale comigo. Você precisa ir para o hospital? — A voz de Marie
rachou quando ela perguntou.
Extrema tristeza estourou de volta em meu peito e comecei a chorar
novamente. Eu duvidava que qualquer hospital do mundo seria capaz de
consertar um coração despedaçado.
— Eu não acho que ela precise de uma ambulância, Tammy — disse
Pete do outro lado da minha cama. Eu o senti acariciar meu cabelo.
— Oh, Taryn, vai dar tudo certo! — Marie me abraçou com força. —
Querida, o que aconteceu?
— Está… acabado — botei para fora. Foi pura agonia dizer as palavras
em voz alta.
Marie olhou para Pete e sacudiu a cabeça.
— Diga-nos o que aconteceu — Marie sussurrou.
— Eu o vi com ela — eu disse entre soluços. — Eu vi com meus próprios
olhos. Ele tocou seu rosto e beijou sua mão, e vi quando ele se inclinou
sobre a mesa para beijá-la. Bem ali no restaurante para que todos vissem.
— A magnitude da minha admissão me esmagando novamente.
— Quem, Taryn? Quem estava com ele? — Pete perguntou gentilmente.
— Lauren. Ele estava com Lauren. Todos os boatos sobre eles… são
verdadeiros. — Eu mal tinha a vontade de falar.
— Taryn, Ryan estava filmando — Marie falou com cautela.
Olhei para o seu rosto através das lágrimas, me perguntando por que
ela acreditava nele.
— Claro que ele estava. É por isso que os paparazzi estavam lá —
murmurei.
Ela fez uma careta para mim.
— O que é isso por toda a sua camisa?
Olhei para o meu peito, notando manchas amarelas no tecido.
— Acho que vomitei ontem à noite — gaguejei. Outra rachadura de
tristeza insuportável atingiu meu coração.
— Vamos; vamos colocá-la no chuveiro. — Ela tirou os cobertores do
meu corpo e colocou o braço em volta de mim para me ajudar a sair da
cama.
— Você já comeu alguma coisa? — Marie perguntou, me levando até o
banheiro.
Sentia-me confusa e fraca. Eu não conseguia me lembrar quando eu
comi. Quando balancei a cabeça, o movimento fez-me sentir tonturas.
— Tammy, veja se você pode fazer algo para Taryn para comer — Marie
solicitou.
— Eu não estou com fome — sussurrei. Eu merecia sentir o vazio dentro
do meu peito. Afinal de contas, era o resultado da minha própria
estupidez.
— Taryn! Você tem que comer! — Marie repreendeu, ligando o chuveiro.
— O que aconteceu com o seu gesso? — Ela descascou um grande
pedaço do gesso. O preenchimento de gaze estava saindo por cima da
minha mão.
— Eu o molhei — respondi, puxando um pedaço do fio de algodão que
estava pendurado para fora do buraco, em volta do meu polegar.
— Pete, você tem alguma fita adesiva? Veja isso! Está caindo aos
pedaços. Vou chamar seu médico amanhã.
Pete voltou com sua caixa de ferramentas. Eu queria que ele tivesse
apenas cortado, em vez de envolvê-lo em fita de prata.
— Por que você não ligou para nós, Taryn? Nós somos seus amigos! —
Tammy salientou, puxando meu moletom de meu corpo. — Você não está
sozinha nisso!
— Tammy, vamos apenas banhá-la. — Marie puxou minha camiseta
sobre a minha cabeça e jogou-a do outro lado do banheiro. — Precisamos
envolver seu gesso em plástico primeiro.
— Eu vou refazer sua cama, em seguida — Tammy ofereceu. — Esses
são seus antidepressivos? Aqui Taryn, pegue isso. Beba.
— Você pode ficar em pé ou você quer que eu te dê banho? — Marie
perguntou, empurrando para trás a cortina do chuveiro.
Entrei no chuveiro, notando que os hematomas no meu estômago
estavam quase completamente desaparecidos, mas eu tinha uma marca
preta e azul fresca em minha coxa. Não conseguia me lembrar como
consegui essa.
A água quente realmente parecia bem em minha pele, embora picou um
pouco no meu rosto, onde eu tinha esfregado os olhos.
Usei minha mão direita para empurrar a água pelo meu cabelo,
esperando que o fluxo de alguma forma chegasse às minhas memórias e
purificasse-as dos pesadelos.
Alguns longos fios de cabelo desalojaram e emaranharam em torno de
meus dedos como uma teia de aranha. Oh, como eu desejava que fossem
fortes o suficiente para puxar a miséria da minha mente antes de romper
com a minha cabeça!
Marie entregou minha escova de dentes para mim.
— Escove os dentes enquanto você está aí.
Deixei o fluxo de água em minha boca seca, engolindo um pouco para
matar minha sede. Eu estava me sentindo fraca, cansada e absolutamente
miserável, então eu me inclinei à parede. Será que vou encontrar força
para seguir em frente?
O estridente som de um celular tocando me assustou. Eu sabia que não
era o meu. Meu celular estava provavelmente em pedaços em uma estrada
da Flórida por agora.
— Nós a encontramos — ouvi Marie sussurrar. — Ela está no
apartamento… — A voz dela sumiu.
Eu sabia que era Ryan com quem ela estava falando. Eu me perguntava
por que ele sequer se importava. Talvez ele estivesse se sentindo culpado
por me esmagar? Eu não tinha pena dele. Ele poderia chafurdar na sua
culpa para o resto de sua vida, por tudo o que importava.
A cortina do chuveiro se afastou um pouco e Marie enfiou a cabeça pela
abertura.
— Você não vai conseguir se limpar assim! — Ela franziu a testa para
mim. — Ajuda se você realmente deixa a água tocar seu corpo.
Ela empurrou as mangas nos braços e virou fechou o chuveiro.
— Aqui, deixe-me ajudá-la. Sente-se na banheira. — Marie começou a
encher a banheira com água quente. Ela rodou a mão em torno da água
pelos meus pés.
— Sandy disse que tem um monte de promoções no salão de beleza este
mês. Devemos ir fazer nossas unhas. Ela tem um novo produto para o pé;
ela diz que cheira a hortelã-pimenta…
— Com quem você estava falando ao telefone? — Interrompi.
Ela parou de lavar meus ombros e colocou mais sabão na esponja. Seus
lábios contraíram e eu sabia que ela não queria dizer o nome dele.
— Eu não estava falando com ninguém — ela mentiu. — Aqui, lave seu
corpo. — Ela colocou um pouco de xampu no meu cabelo.
— Sandy também me disse sobre este novo shampoo que tem algas e
plâncton misturado, mas eu disse a ela que não parecia muito atraente.
Quero dizer, você sentiu o cheiro do oceano ultimamente? Quem quer
lavar o cabelo com lixo flutuando no o…
— Marie, eu ouvi você falar com alguém — interrompi novamente. — Por
favor, não minta. — Seus dedos congelaram por um momento no meu
cabelo.
— Eu te amo, Taryn. Nós todos te amamos. Você é a coisa mais próxima
que tenho de uma irmã neste mundo. E eu sei que você está com dor
agora, então quero ajudá-la a passar por isso, para que você possa ver as
coisas claramente. — Senti suas unhas esfregando meu couro cabeludo.
— Você sabe exatamente com quem eu estava falando. Eu sei que você
está chateada, então não vou dizer seu nome em voz alta, mas ele é a
razão por que sabíamos para procurar por você — Marie admitiu. — Ele
me ligou. Ele ligou para o Pete. Ele nos implorou para vir até você, quando
você não respondeu às suas chamadas. Nenhum de nós nem mesmo
sabíamos que você chegou em casa.
— Eu não quero mais que você fale com ele — ordenei com a voz rouca.
— Vamos apenas terminar de tomar banho e, em seguida, nós vamos
pôr algum alimento em seu corpo. Você precisa reexaminar a situação com
uma nova atitude, querida, ok? — Marie rejeitou meu pedido.
— Prometa-me que não vai falar com ele. Acabou — sussurrei.
— Eu não posso fazer isso — ela murmurou.
— Prometa-me! — Implorei, olhando-a nos olhos.
— Não! — Disse Marie com convicção. — Eu não vou prometer isso!
— Então, escolha, agora, ele ou eu! — Exigi com novas lágrimas nos
olhos.
— Tammy? Você pode me conseguir um copo de plástico grande da
cozinha, por favor? — Marie gritou por cima do ombro. — Lave suas
partes. Você cheira como merda — ela disparou de volta, vasculhando o
armário sob a pia. — Aqui está um novo barbeador.
Peguei-o de sua mão e joguei-o na lata de lixo.
— Esses não são meus. Você pode jogar todos aqueles azuis no lixo.
— Ouça! Eu sei que você está sofrendo. E eu também sei que você está
infeliz e confusa. Mas não me irrite por cima disso!
Tammy entregou-lhe um copo. Marie encheu-o repetidamente com água
e despejou-o na minha cabeça para lavar meu cabelo.
— Eu fiz espaguete — Tammy informou, enquanto Marie estava me
ajudando a me vestir. — Isso é toda a comida que ela tem neste
apartamento. Eu vou ter de fazer compras.
— Obrigado, Tammy — disse Marie. — Mas eu acho que é hora de Taryn
retomar sua vida. Hoje à noite vamos apenas relaxar e ter certeza que ela
coma e tome o remédio. Amanhã ela vai sair do apartamento e começar a
arrumar sua vida. — Marie jogou uma camiseta da cômoda para mim. Era
uma de Ryan.
— Isso não é meu, é dele. — Lancei a camisa de lado na cama.
— E daí? Coloque-a. — Marie jogou de volta para mim. — Talvez você se
lembre de todas as razões porque você lhe ama e costumava confiar nele?
Os soluços começaram novamente.
— Eu não quero lembrar. — Joguei a camisa do mentiroso na parede. —
Quanto mais cedo eu esquecer, melhor.
— Será que cheira a ele? — Marie perguntou, cheirando a camisa de
algodão que ela recuperou do chão. — Não? Bem, eu posso corrigir isso.
Ela pegou a garrafa de água de colônia do armário e borrifou sua
camisa. Em seguida, ela borrifou o ar algumas vezes, abanando o ar com
os braços.
— Pare! Não faça isso! — Gritei. Eu não queria lidar com qualquer coisa
que me lembrava dele.
— Parar o que? Pare de lembrar o homem que você ama? Pare de
lembrar que ele existe? — Marie gritou.
— Marie! — Tammy latiu. — Isso é realmente necessário agora?
— Sim! Sim! É chamado de "amor duro" e o que ela precisa para pôr seu
rabo de volta à realidade o mais rápido possível! — Marie insistiu,
apunhalando o dedo para mim. — O tempo é a essência aqui. — Ela jogou
a camiseta para mim. — Coloque-a — ela ordenou, quase me desafiando.
— Vá para o inferno! — Cuspi minhas palavras para ela.
Marie borrifou seu perfume no ar novamente. O cheiro de seu perfume
impregnava o ar, lembrando-me de tempos mais felizes.
— Que Deus me ajude, eu vou chutar o seu traseiro se você fizer
novamente! — Eu gritei para ela.
— Vá em frente e tente! Você está tão fraca de fome, que uma leve brisa
poderia soprá-la para longe — ela zombou. — Vista a camiseta de Ryan.
— Por que está fazendo isso comigo? — Eu chorei na minha mão. — Eu
voei todo o caminho até lá. Eu fui para o restaurante que eles me disseram
para ir! — Comecei a híperventilar. — Acabou! Eu vi! Eu vi com meus
próprios olhos! Vi-o inclinar-se sobre a mesa para beijá-la e vi quando ele
enfiou a língua em sua boca! Bem ali, em um restaurante público! Assim
como Thomas. Assim como um covarde. Ele é um mentiroso! Todos esses
rumores de ele me traindo com aquela prostituta eram verdadeiros. Por
que está fazendo isso comigo? — Eu chorei novamente.
— Porque você está errada e eu posso provar isso — Marie suspirou. —
Vamos lá… vista a camiseta. — Ela me levou pela mão para o meu
computador, onde meus amigos fizeram um círculo em torno de mim,
então eu não podia escapar.
— Você precisa ver isso — Marie abriu um e-mail de Ryan. — É isso que
você viu? — Ela questionou quando abriu os arquivos anexados.
A primeira foto era a mesma visão do que vi na janela do restaurante.
Ryan e Lauren sentados em uma mesa, visíveis da rua.
Era como reviver o pesadelo tudo de novo, ver Ryan beijar Lauren. A dor
lancinante me fez desviar o olhar.
— A que horas você foi para este restaurante, Taryn? — Perguntou
Marie.
— Por quê? Que diferença faz? O bastardo traidor não queria que eu
visse isso? — Marie fez a mesma pergunta novamente, enfatizando cada
uma de suas palavras.
— Eu não me lembro. Quatro, quatro e meia? — As lágrimas escorriam
pelo meu rosto. Tammy estava esfregava meus ombros com ternura.
— Por que você até mesmo viria aqui? — Marie apontou para a tela. — O
plano era para você ir do seu hotel para Key Biscayne.
Um momento de total surpresa escorregou pela minha tristeza.
— Key Biscayne? — Questionei seu comentário. — O que você está
falando?
— Não importa — Marie rapidamente descartou.
— Espere, como você sabia para onde eu ia quando eu nem sabia? —
Perguntei.
Marie ignorou minha pergunta e bateu a unha de volta na imagem da
janela do restaurante.
— Como você sabia que Ryan estava aqui? — Perguntou uma segunda
vez.
— Alguém ligou para o meu celular e disse que eu precisava chegar
rapidamente e ver o que estava acontecendo com os meus próprios olhos.
— Quem te ligou? — A cabeça de Marie virou para olhar para mim.
— Eu não sei, um cara. Ele disse que eu precisava saber a verdade.
Marie deu ao Pete um olhar terrível.
— Ele lhe deu um nome? O que ele disse exatamente? — Ela pressionou
ansiosamente por respostas.
— Ele não deu um nome. Ele disse que era um repórter ou algo assim.
Ele me disse onde Ryan estava, até mesmo me deu o endereço. Peguei um
táxi para lá.
— Merda, Pete! Ryan precisa saber disso! — Marie piscou os olhos de
volta para mim. — Taryn, onde você achou que Ryan estava?
— Eu pensei que ele estaria no hotel — limpei meus olhos. — Ele só
estava programado para filmar até às duas horas. Tentei ligar para ele,
mas o seu correio de voz atendeu. Eu fui para o quarto para desfazer as
malas e achei um bilhete de amor de Lauren para Ryan. — Marie baixou a
cabeça em desgosto.
— Eu sei. Ryan encontrou a carta na calçada na área dos táxis — ela
murmurou.
— Ele estava pensando em deixar-me — gaguejei. Lágrimas escorriam
pelo meu rosto novamente pela da dor de sua traição.
— Não, ele não estava! — Marie insistiu em voz alta. — Eu não entendo,
Pete — Marie gemeu, interrogando-o com os olhos. — Taryn, perguntei ao
Ryan diretamente se ele nunca te traiu e ele disse que não, absolutamente
não — ela declarou com firmeza.
Zombei.
— E você acreditou nele?
— Bem, há outras coisas. Eu não posso dizer, prometi. Sim, eu acredito
nele.
— Você está certa! Você não entende! Nenhum de vocês entende! —
Gritei, irritada que meus amigos estavam do lado dele.
— Eu os vi jantando juntos! Eu li sua pequena carta de amor
encorajando-o a terminar comigo. Eu achei a calcinha da prostituta no
chão do seu quarto. Vi-o tocá-la e beijá-la com meus próprios olhos! É
isso, acabou! Ela pode tê-lo! — Minha garganta tencionou por gritar. Eu
não tinha nenhuma luta sobrando em mim. — Acontece que eu não era o
suficiente, afinal.
Tammy me envolveu em seus braços, gentilmente tentando me calar
enquanto eu ficava cada vez mais histérica. Eu estava toda trêmula.
— Taryn, vamos lá! Você tem que admitir que isso não soa bem. Quero
dizer, como é que algum repórter descobriu o número do seu telefone
celular? — Perguntou Pete.
— O que importa? — Eu soluçava no ombro de Tammy. — Sinta-se livre
para ir lá e quebrar sua cara.
— De jeito nenhum! Não sabendo o que sabemos. Concordo com Marie.
Ryan não iria mentir sobre isso, não agora. Alguém armou para você…
mas quem? — Pete ponderou.
Eu olhei para ele.
— Sim claro. Há alguma grande conspiração acontecendo — limpei
meus olhos. — O que mais poderia ser? — Eu disse sarcasticamente. Eu
não entendia por que meus amigos estavam tão crédulos.
— Taryn, olhe para esta foto. É isso o que você viu? — Marie apontou
para tela do meu computador.
— São essas as fotos que ele enviou para cobrir seus rastros? Elas
poderiam ter sido tiradas em qualquer dia.
— Vire-se e responda a minha pergunta! É isso que você viu? — Marie
me mostrou outra foto.
— Similar — murmurei. Todas as fotos que ela me mostrou foram
tiradas de dentro do restaurante. Por que há imagens desta qualidade de
dentro do restaurante?
— Não, isso é exatamente o que você viu. Você vê isso? — Marie apontou
para um bloco longo e fino na parte inferior de cada imagem. — Ryan disse
que tudo isso são a data e hora de quando eles filmaram.
A data e hora correspondia de quando eu estava lá. O dia do meu
aniversário estava em todas elas. Meu pulso se acelerou com o choque.
— O que é isso? — Marie apontou para algo cinza na parte superior da
imagem. Era difícil discernir o que era.
— Eu não sei — sussurrei.
— Que tal nesta imagem? Não olhe para ele beijando-a. — Marie os
cobriu com a mão. — O que é isso? — Ela apontou novamente para algo
cinza na parte superior da imagem. A forma oval alongada estava mais
pronunciada. Engoli em seco.
Marie virou-se para olhar para mim.
— Você vê agora? — Ela sorriu.
Era claro que a coisa cinza era… era o microfone.
Ryan estava no local de filmagem, bem como a data e hora provavam
isso.
— Não, mas por quê? — Minha visão ficou embaçada e o quarto
começou a girar. — Ela deixou a nota… eu li… o que? Era para ele estar
filmando.
Um tom agudo começou a tocar em ambos os meus ouvidos e eu não
conseguia sentir minhas pernas. Isso foi quando o quarto se inclinou para
o lado… e desapareceu.
— Taryn? — Ouvi as vozes familiares chamando urgentemente o meu
nome. Algo frio e úmido estava tocando meu rosto. Algo irritante batia em
minha bochecha.
— Ei, você! Bem-vinda de volta. — Pete sorriu, enxugando meu rosto
com um pano de prato frio.
— O quê? — Tentei me sentar. — O que aconteceu? — A sala ainda
girava ligeiramente.
— Você desmaiou. Você está bem. Aqui, você pode beber isso? — Pete
segurou o copo em minha boca.
— Ugh! Que gosto horrível! — Peguei um pequeno pedaço de algo
granulado na minha língua.
— Tammy esmagou algumas vitaminas em um copo de água.
Precisamos conseguir algum alimento em você — ele gentilmente falou. "É
isso ou vamos levá-la para a sala de emergência.
Estendi a mão para o copo.
— Eu não quero ir para o hospital — murmurei. — Repórteres…
A próxima hora foi gasta em silêncio me fazendo para comer e beber, e
mais o importante: manter a calma.
Partes da minha viagem para a Flórida brilharam através dos meus
pensamentos, mas eu não conseguia me lembrar de todos os detalhes, por
algum motivo. Talvez meus últimos fragmentos de autopreservação e
sobrevivência suprimiram as memórias profundas no meu subconsciente
para me proteger de ter um colapso mental completo?
Lembrei-me de chorar em um avião. Lembrei-me de Kyle me ajudando
em um carro.
— Eu não posso mais fazer isso — sussurrei, olhando fixamente para o
meu prato de espaguete. Tammy estava sentada na minha frente sobre a
poltrona. Ela deu um tapinha na minha perna.
— Você precisa comer um pouco mais, Taryn — Tammy me cutucou. —
Marie vai chegar ao fundo da questão.
Eu não podia comer. Marie estava informando Ryan do meu estado
atual de colapso mental.
— Pare com isso, Ryan! Ela não está se esgueirando com Kyle pelas
suas costas! — Marie gemeu com raiva. — Porque você não viu o estado
que ela estava quando a encontramos, é assim que eu tenho certeza!
— Ryan, que parte de “nós tivemos que derrubar a porta do seu quarto
para chegar até ela” não está claro para você? Nós quase chamamos uma
ambulância, ela estava tão ruim assim! Acredite em mim, Taryn está longe
de estar feliz e apaixonada por outro cara agora. Sim, ela sabe que eu
estou falando com você. Estou olhando diretamente para ela.
Escarneci. Claro que isso iria se transformar em mim! Minha suposta
infidelidade com Kyle dava-lhe uma desculpa.
— Ryan! Escute-me! Taryn disse que encontrou a nota em sua suíte, e
logo depois disso alguém ligou em seu celular. Esse cara mistério foi quem
lhe disse onde você estava! Ele a levou a acreditar que você estava traindo-
a. Quero dizer, de qual outra maneira Taryn seria capaz de encontrá-lo
quando você estava na locação?
Eu assisti Marie andar pelo chão enquanto falava com ele.
— Não, Taryn disse que ele nunca lhe deu um nome. Ele disse a ela que
eles estavam tirando fotos de você, então acho que ele era um paparazzo?
Ela moveu o telefone longe de sua orelha. Eu podia ouvir Ryan gritando.
— Ryan! Acalme-se, certo? Pense. Quem mais tem o número dela? —
Perguntou Marie.
Ela olhou para mim.
— Taryn, você se lembra se havia um nome ou um número em seu
celular?
— Não, não havia — sussurrei.
— Onde está seu telefone? — Ela pediu. Pegue-o para mim.
Lamentei minha loucura, mas não havia nada que eu pudesse fazer
para mudar isso.
— Está em uma estrada na Flórida — admiti.
Tammy revirou os olhos para mim.
— Ryan, eu estou lhe dizendo, ela não sabia que você ainda estava
filmando! Bem, você disse a ela que o seu horário mudou? — Marie gritou
de volta para ele.
— Ele disse que a sessão da manhã foi cancelada, porque Lauren estava
se sentindo doente, mas depois ela sentiu-se melhor e eles estavam
atrasados quando filmaram a cena do restaurante — ela sussurrou para
mim. — Ele não teve a chance de ligar, porque você já estava no avião e ele
estava na locação.
— Acho que ele estava com tanta pressa para vê-la que se esqueceu de
jogar seu bilhete de amor fora? — Murmurei, completamente desgostosa
com as mentiras. — Pergunte a ele quanto tempo ele está transando com
ela.
Marie me deu um olhar sujo e cobriu o telefone com a mão para Ryan
não me ouvir.
— Deixe-o cobrir seus rastros — eu disse com desdém. — Vá em frente e
acredite nele, porque eu com certeza não acredito.
Marie gemeu.
— Ryan, ela não está respondendo às suas chamadas porque,
aparentemente, ela não tem mais um telefone celular.
— Pare de gritar no meu ouvido! — Ela gritou de volta para ele. — Pare
com isso, Ryan! Você ama Taryn e Taryn te ama. Ela está uma bagunça;
você está uma bagunça. Vocês dois precisam relaxar! Ryan, ouça os fatos!
Alguma merda desta soa lógica para qualquer um de vocês?
Marie passou mais vinte minutos tentando acalmá-lo. Eventualmente,
ela desligou seu telefone.
— Ele vai ligar de volta.
Enquanto ela falava, minha mente entrou em colapso pela tensão.
— Quando ele ligar de volta, diga que ele pode vir e tirar suas merdas do
meu apartamento, porque estou farta com tudo isso. Estou farta com as
mentiras e os boatos, as fotografias, e com o meu namorado enfiando a
língua na boca de alguma outra menina, quando ele pensa que não estou
olhando. Acabou — minha voz falhou. A dor familiar percorreu meu peito
novamente.
— Se acalme. Nada acabou. Você está exagerando — Marie disse com
condescendência.
— Saia — fervi. — Apenas saia e leve o resto do fã clube de Ryan com
você.
Passei com uma tempestade por ela, desejando que porta do meu quarto
não estivesse quebrada para que eu pudesse batê-la fechada.
— Tar, não seja assim — Marie me seguiu.
— Eu não entendo, Marie! Pensei que você fosse minha melhor amiga?
Você não deveria estar do meu lado? Ou você está tão cega, adorando o
senhor homem ator que você acredita nele? — Eu gritei para ela. — Ligue
de volta para ele. Tenho certeza que ele vai transar com você também. —
Marie cerrou os dentes e antes que eu pudesse reagir, ela me deu um tapa
no rosto.
Minha mão cobriu a picada que ela deixou em minha bochecha. Ela
bateu-me com força suficiente para que meus olhos lacrimejassem.
Lágrimas formaram logo em seguida.
Todo mundo que eu amei neste mundo tinha apenas de me traído.
— Se controle, porra! — Marie gritou para mim. — Eu lhe disse que se
alguma vez você ferrasse esse relacionamento, eu mesma ia chutar seu
traseiro. E aqui está você, com realeza, estragando a melhor coisa que já
aconteceu com você! Ryan ama você, sua idiota! Ele não está fodendo
Lauren!
Marie começou a andar pelo chão do meu quarto. Tammy estava
tentando me segurar conforme eu chorava na minha cama.
— Pete! Eu vou… — Marie declarou enfaticamente, perdendo a
paciência.
— Não, Marie, não! — Pete pulou para a frente. — Último recurso…
Marie prendeu a respiração por um instante antes de voltar seu olhar
para mim.
— Se você quer um futuro com aquele homem, então você precisa parar
de pensar dessa maneira, imediatamente! Você acha que Ryan
Christensen, o homem que tem estado insanamente apaixonado por você
desde o primeiro dia em que te conheceu, faria isso com você? Você
honestamente acha que ele iria colocá-la em um avião, na primeira classe,
para ficar em uma suíte de luxo, para que ele pudesse acidentalmente
deixar você ver alguns bilhetes de amor falsos e romper com você?
Ela me encarou, esperando pela minha resposta. Eu não tinha
nenhuma.
— O que estava esperando por você em seu quarto de hotel? — Marie
perguntou com raiva.
— Marie! — Tammy advertiu.
Marie a desprezou.
— Taryn!
— Nada — funguei. — Mágoa e devastação… e uma calcinha suja de
alguma prostituta.
Marie gemeu.
— Não, Taryn. Eu estou falando sobre os vestidos.
— Oh, sim… o resto das roupas de Lauren — murmurei. — Um rack
inteiro de suas coisas glamorosas. Mais evidências de sua estadia em seu
quarto.
— Taryn! — Tammy me repreendeu. — Todos aqueles vestidos eram
para você!
Revirei os olhos.
— Eu não penso assim. Espere, como você sabe sobre os vestidos?
— Versace, Vera Wang, Jimmy Choo… soa familiar? — Perguntou Marie.
— Por favor, me diga, que pelo menos, você olhou para os vestidos!
— Olhei. Pensei que estava no lugar errado; quero dizer, por que Ryan
tinha vestidos de noite em um rack? — Perguntei.
— Eles eram para você! — Marie insistiu. — Ryan arranjou para ter uma
variedade de vestidos lá, ele queria que você escolhesse o que usaria para
o jantar.
Olhei para Marie, surpresa que ela sabia de todos esses detalhes e
chocada que os vestidos eram para mim.
— E por que você acha que Ryan gostaria de vestir você com um vestido
caro e Jimmy Choos? Assim, ele poderia deixá-lo para Lauren? — Marie
balançou a cabeça. — Ele fez uma tonelada de arranjos…
— Marie! — Tammy e Pete gritaram ao mesmo tempo.
Marie deu a ambos um olhar de reprovação e continuou:
— Para levá-la em um jantar privado e romântico na Biscayne Bay para
o seu aniversário — ela terminou.
Senti meu coração se alojando em minha garganta.
Marie se agachou na minha frente.
— Todos nós queremos vê-la feliz, não miserável e quebrada assim.
Ryan é tão apaixonado por você! — Ela sorriu. — Não desista dele.
— Tar, puxe o seu traseiro um pouco — perguntou Tammy, arrumando
um lençol limpo na minha cama. — Marie, precisamos de mais uma
fronha.
Pete trouxe as bagagens para a noite e todo mundo estava ficando
comigo. Meus amigos não estavam dispostos a deixar-me sozinha.
— Podemos sempre jogar cartas — Pete sugeriu. Ele parecia
esperançoso.
— Isso é com Taryn — respondeu Tammy.
Arrastei-me na minha cama e puxei a colcha por cima do meu ombro.
— Hoje não — murmurei.
Marie colocou seu pijama, mesmo que ainda fosse 9h:30min. Ela saltou
para o lado de Ryan da cama e acendeu a sua lâmpada de cabeceira.
— Sinto muito por estapeá-la — ela se aconchegou atrás de mim,
acariciando minhas costas.
— Você realmente me bateu duro — sussurrei.
— Eu não queria — Marie parecia arrependida. — Você estava ficando
irracional. Espero que você me perdoe. Prometo que nunca vou fazer isso
de novo.
— Isso foi o que você disse quando tínhamos quinze anos e você disse ao
Adam Caldwell que eu queria beijá-lo.
Marie riu levemente.
— Bem, você queria!
— Sim, mas toda a equipe de beisebol não precisava ouvir você — gemi.
Nós duas rimos.
— Ryan nunca ligou de volta — eu disse com tristeza.
— Dê-lhe tempo — ela sussurrou. — Ele está tão aborrecido quanto
você. Ele está tentando descobrir quem fez tudo isso e fazer um filme ao
mesmo tempo. Ele está esmagado agora também. — Marie suspirou e
ajeitou o travesseiro sob sua cabeça. — Alguém com certeza saiu do seu
caminho para tentar separar vocês dois, isso é certo.
— Eu nunca deveria ter aberto o envelope em sua cama — suspirei. —
Pensei que era uma conta de hotel ou algo, em primeiro lugar. Talvez se eu
não tivesse visto aquilo… — respirei fundo. — Ah, quem estou tentando
enganar? Nada muda o fato de que Lauren escreveu a nota.
— Tar, Lauren não escreveu aquela nota. Ryan a confrontou sobre isso.
Ele disse que a caligrafia de Lauren nem sequer chegou perto do que
estava naquele papel. Até Mike estava lá para verificar isso.
Tentei me lembrar de como a letra de Lauren se parecia. Eu já tinha
visto uma vez no cartão que encontrei no bolso da frente da mala de Ryan,
no dia em que Ryan me disse que queria ficar comigo no apartamento.
— Então, a nota era falsa e Ryan estava realmente filmando? —
Perguntei. Meu peito estava começando a apertar novamente.
— Espere, volte — Marie disse rapidamente. — Onde estava a nota
mesmo?
— Quando fui para o quarto, o mensageiro havia colocado a minha mala
ao pé da cama. A nota estava em cima de sua cama perto da minha mala.
— Estava na cama? — Perguntou Marie. Seus olhos amassaram quando
ela me questionou.
— Sim — gesticulei minha resposta. — E a calcinha estava no chão, ao
lado da minha mala.
— Se você vai deixar uma nota para alguém que supostamente ainda
está dormindo, você não iria colocá-la onde seria vista, como sobre uma
mesa ou mesa de cabeceira? Como foi parar em cima da cama? —
Perguntou ela.
— Eu não sei — respondi. — E isso não muda o fato de que havia uma
calcinha preta de alguma menina em seu assoalho, Marie. Talvez ele não
está dormindo com Lauren, mas ele teve uma garota em seu quarto.
— Taryn! Ryan não está fodendo ao redor! A cama estava feita ou ainda
estava bagunçada? — Perguntou ela.
— Estava feita — eu disse, querendo saber qual era o seu ponto.
— Arrumadeira — disse ela, tirando alguma conclusão.
Neste ponto, o dano já estava feito. A única coisa que restava perguntar
era saber se o dano era irreparável ou não.
— Estou sentindo como se todas as probabilidades estivessem contra
nós desde o começo — murmurei. — Como se isso não fosse
suficientemente difícil, o destino continua jogando Kyle em cima de mim.
Se não fosse por ele, eu provavelmente ainda estaria vagando em um
torpor no aeroporto de Miami.
— Taryn, o que Kyle estava fazendo no aeroporto?
— Sabe, eu perguntei-lhe isso no avião. Ele disse que estava lá em um
trabalho, mas sua missão estava concluída. Ryan disse que viu Kyle em
um dos sets na semana passada. Ryan chamou a companhia de Kyle para
tê-lo removido, então Kyle não deveria mais estar em Miami. Ryan me
disse que Kyle foi instruído por sua empresa a ficar longe de mim.
— Eu sei — Marie admitiu.
Meus olhos arregalaram trancados em seu rosto. Eu não tinha contado
a ela sobre Kyle estar na Flórida. Essa era uma briga entre Ryan e eu, que
guardei para mim mesmo.
— Você sabe que os paparazzi tiraram uma foto sua com ele no
aeroporto. É por isso que Ryan está tão chateado. — Marie informou
cautelosamente. — Há fotos de Kyle te abraçando.
Joguei as cobertas e corri para o meu computador. Pete e Tammy
assistiam à programação do domingo à noite na TV na sala.
Procurei em uma das fontes on-line por fotos dos paparazzi que eu
conhecia. Foi difícil passar as manchetes vistosas.
— Oh Deus! — Gemi, visualizando imagens minhas parecendo como um
rato afogado. — Ryan acha que eu estou feliz em ver Kyle em qualquer
uma dessas fotos?
Estudei a imagem de Kyle me abraçando e me consolando.
— Olha, meus braços estão em linha reta. Não estou nem o abraçando
de volta. E aqui parece que eu estou empurrando-o para longe de mim.
Como Ryan poderia até mesmo pensar que tenho sentimentos por esse
cara?
— Como você pôde até mesmo duvidar do amor de Ryan para você? —
Tammy sussurrou.
— Eu nunca duvidei de Ryan antes, mas quando vi a carta de amor e a
calcinha… e depois recebi um telefonema dizendo que ele estava com a
outra mulher naquele momento, o que é que eu ia pensar? — Retruquei.
Olhei novamente para as fotos no meu computador.
— Quando eu estava no avião para voltar para casa, eu acho que
comecei a concordar com Kyle. Ele disse que todas as coisas acontecem
por uma razão e talvez fosse melhor que tudo isso acontecesse agora, em
vez de ter Ryan me deixando depois de nos casarmos e trazer crianças
para este mundo. Isso é geralmente quando todos os casamentos de
celebridades acabam.
Marie gemeu com raiva.
— Aquele bastardo escorregadio.
Olhei para mais algumas imagens, revivendo a devastação que senti no
momento em que foram tiradas, mais uma vez.
— A nota dizia que ele deixou isso ir longe demais. Eu não sei em que
acreditar. — Meus dedos percorreram a tela do meu computador.
Marie não podia esperar mais tempo; ela socou algumas teclas em seu
telefone celular.
— Ryan, o que você descobriu?
Eu sabia que Ryan tinha o número do celular de Marie; nunca soube
que Marie tinha o dela.
— A arrumadeira disse que não havia nenhuma roupa de baixo no chão,
quando arrumaram sua cama — Marie sussurrou sobre o telefone para
mim.
Ela informou-o sobre como o mensageiro deve ter colocado a nota sobre
a cama e suas suspeitas sobre o envolvimento de Kyle.
— Ele quer falar com você — Marie sorriu, estendendo o celular.
— Oi — sussurrei apreensiva. Eu não sabia como ele reagiria a mim.
— Oi — Ryan disse suavemente. — Você está bem?
— Não — admiti; a queimadura do remorso infiltrando em meu peito. —
Pensei que tinha perdido você.
— Tar, amor… — ele respirava com dificuldade. — Porque, quero dizer,
como você pôde pensar? — A voz de Ryan rachou.
— Gritei para você. Eu corri atrás de você! — Seu discurso tremia. — Eu
não sei por que você me deixou.
— A nota… dizia que você terminaria comigo. Eu pensei… você e
Lauren. — As lágrimas escorriam pelo meu rosto. — Eu ia espera-lo e
mostrá-lo para você e fazer você me dizer na minha cara que ela era o que
você queria, mas, em seguida, um homem ligou e eu vi você no
restaurante… eu não sabia que você estava filmando… eu juro que não
sabia.
— Então, você ia desistir? Só isso? — Perguntou Ryan.
— Se Lauren é o que você precisa para ser feliz, qual é o ponto em lutar?
Será que vai fazer diferença e mudar a sua mente se você quer outra
pessoa? Eu estive lá antes, Ryan. Uma vez que uma pessoa no
relacionamento vira fora do curso, não há nada que pode trazê-los de
volta.
Ele ficou em silêncio. Eu podia ouvi-lo respirar. Sua falta de conversa
me assustou ainda mais, mas eu esperei.
— Como… — ele engasgou com suas palavras. — Como podemos… fazer
isso… se você não acredita em mim?
Dor oca atirou de volta no meu peito. Ele estava virando fora do curso.
— Eu acredito em você! — Defendi. — Eu acredito — Minhas palavras
vieram em sussurros implorando. — Mas como eu poderia se haviam
provas indicando outra coisa?
A respiração de Ryan tornou-se mais alta, ofegante.
— O que acontece na próxima vez que algum fã enviar alguma porcaria
de carta que você achar que é real? Será que vamos estar de volta no
mesmo local novamente? — Ele retrucou com raiva.
— Não, não vai, porque ler alguma carta que chega pelo correio, é
bastante diferente do que encontrar um bilhete de amor de sua co-estrela,
ex-namorada, e calcinha de seda, que não é minha, no chão, ao lado de
sua cama em seu quarto de hotel.
— Estou com medo agora que você nunca será capaz de confiar em mim
— ele murmurou.
Eu podia ouvir em sua voz e eu o conhecia bem o suficiente para saber
que ele estava tentando se convencer do contrário.
— Isso depende… — proferi baixinho, enxugando minhas lágrimas.
— De que?
— Se você me der uma chance de ter uma próxima vez — suspirei,
temendo sua resposta.
Se ele queria uma fuga, aqui era a sua oportunidade. Ryan bufou no
meu ouvido.
— Eu não sei — ele murmurou. — Tar, eu sou ator. Isto é o que eu faço.
Se você não pode confiar em mim…
Fechei os olhos à medida que novas lágrimas queimaram meu rosto.
— E você? — Perguntei, minhas lágrimas obstruindo minha garganta. —
Você vai pensar que estou tendo casos com outros homens quando você
não estiver por perto? Você acha que providenciei para correr para os
braços daquele idiota? Eu ainda não me lembro como acabei no aeroporto,
Ryan.
Passei a palma da minha mão sobre meus olhos.
— Eu vi as fotos de mim no terminal. Eu pareço feliz em alguma delas?
Porque achei que elas eram uma representação precisa de como
completamente devastada eu estava.
— Eu sei — Ryan suspirou. — Estou tentando superar o fato de que é
Kyle nessas fotos, mas posso ver como rasgado que você está.
Por um momento, nós dois ficamos em silêncio. Eu relembrava do
estado quase catatônico que eu estava quando essas fotos foram tiradas.
Ryan estava aparentemente conectado ao seu computador. Mesmo assim,
uma pergunta ficou sem resposta.
— Apenas me diga, de quem era aquela calcinha preta que estava em
seu quarto? — Perguntei, cuidando para não o acusar.
— Querida, eu juro que eu não sei. Eu não tenho nenhuma ideia de
como elas chegaram lá, mas posso te dizer que vou descobrir. Juro por
Deus, não há mais ninguém.
— Você jura? — Pedi pelo seu juramento.
— Pela minha vida — ele confirmou.
— Taryn, você sabe que eu te amo, mas se você não pode confiar em
mim, você tem que me deixar saber agora.
— Eu quero confiar em você, eu quero. Eu te amo tanto! — Quebrei
novamente. — Por favor, por favor… só por um momento… se coloque no
meu lugar.
Ele respirou com dificuldade.
— Por que os relacionamentos têm que ser tão complicados?
Pensei em cada momento maravilhoso que passamos juntos e os
momentos em que as coisas se tornaram difíceis.
— Nosso relacionamento só se complicou quando permitimos que outras
influências o afetassem. As coisas eram perfeitas quando ficamos
escondidos em nosso apartamento.
Ryan riu levemente. Eu esperava que ele estivesse imaginando me
segurar tanto quanto eu estava imaginando estar em seus braços.
— Então, para onde vamos a partir daqui? — Perguntou.
Lembrei-me de dizer a mesma coisa para ele, uma vez, mais cedo no
nosso relacionamento, quando estávamos em uma encruzilhada. Havia
apenas uma resposta que se encaixava.
— Nós damos uma chance — sussurrei sua fala de volta para ele.
CAPÍTULO TRINTA E CINCO

Respostas
— Meu braço parece estranho — murmurei, esfregando minha mão
sobre a pele do meu braço esquerdo, pela primeira vez em seis semanas. —
Ele parece menor também. — Puxei minha camisa e a manga do casaco
para baixo para abafar o arrepio que eu tinha pelo tempo frio.
Marie tirou os olhos da estrada por um segundo e sorriu para mim.
Após os pesadelos dos últimos dias, eu finalmente fui capaz de começar
a ver as coisas claramente.
— Então me diga? Como você sabia onde Ryan planejava me levar no
meu aniversário? — Perguntei, imaginando como ela evitaria responder.
Marie tinha estado muito cuidadosa com suas respostas na noite passada,
contornando assuntos e me dando respostas enigmáticas.
Ela ficou em silêncio por um momento. Eu poderia dizer que ela estava
pensando sobre o que dizer antes de falar:
— Ryan me disse, então eu cobriria o bar enquanto você estivesse fora
— respondeu ela com facilidade.
— Oh — assenti.
A resposta dela parecia quase ensaiada. Eu sentia que havia mais do
que ela estava disposta a compartilhar, por isso, enquanto estávamos no
assunto, joguei minha próxima pergunta:
— E como é que você e Tammy sabiam sobre os vestidos de noite? — Eu
olhei para ela enquanto ela dirigia. Ela suspirou profundamente.
— Ryan me pediu para verificar o seu tamanho, porque ele não tinha
certeza se você usava um sete ou sete e meio. Considerando quão abatida
você estava, ele queria que você se sentisse glamorosa em seu aniversário.
— Marie me cutucou na perna. — Você tem alguma ideia de como sortuda
você malditamente é?
Pensei sobre sua declaração. Várias razões para me sentir sortuda me
veio à mente. A primeira e mais importante era o fato de que o SUV não me
matou.
Ela olhou para mim quando não respondi.
— Você sabe o que Gary me deu para o meu aniversário?
— Eu sei que ele a levou para jantar — eu me lembrei. — Ele não lhe
comprou uma pulseira?
— Isso foi pelo nosso aniversário de casamento. Não, para o meu
aniversário, fomos para o Mc Donalds e então ele me levou para o Wal-
Mart para que pudéssemos comprar um novo filtro de ar para o meu carro.
Eu ganhei um cheeseburger e um filtro de ar, Taryn!
— Ele, pelo menos, trocou o óleo também? — Provoquei.
— Não! E demorou quase duas semanas para colocar a droga do filtro
no meu carro! — Eu não pude deixar de rir.
— Eu te disse, aquele Ryan Christensen é um inferno de um cara
romântico — Marie deixou escapar, mas então, de repente, ela parecia ter
falado demais.
— O que você quer com dizer romântico? — Perguntei, esperando que
ela explicasse sua interpretação da palavra.
— Nah — ela murmurou. — Apenas os vestidos e outras coisas.
Eu me senti terrível, Ryan nunca viu seus planos se concretizados.
Olhei para Marie; havia mais em seus pensamentos, mas ela
aparentemente tinha razões para não os compartilhar.
— Eu realmente estraguei tudo, né? — Murmurei o óbvio.
Marie deu de ombros e balançou a cabeça.
— Se você tivesse ficado na suíte dele por apenas mais quinze minutos.
— Oh, e agora? — Gemi, perguntando o que mais estraguei.
— Você não quer saber — ela rejeitou.
Ela olhou para mim rapidamente, observando minha "apenas me diga
já, antes de eu matá-la" expressão facial.
— Massagista, maquiadora, cabeleireira… Ryan contratou uma equipe
para cuidar de você — Marie proferiu.
— Oh… porra… — a palavra deslizou pelos meus lábios.
— Sim! — Marie concordou. — Taryn, se você quer que um casamento
sobreviva, você tem que estar disposta a lutar por ele — ela aconselhou.
— Acho que aprendi minha lição — admiti. — Marie, você sabe que eu
tenho estado muito preocupada. Depois do acidente e com a perda do
bebê, eu sabia que ele estava se culpando. Parte de mim ainda se pergunta
quanto tempo vai durar antes que ela se mova para uma relação que não
lhe cause dor.
Marie revirou os olhos e gemeu.
— Eu gostaria de poder ter tanta certeza sobre as coisas como vocês
todos parecem ter — defendi o meu atual nível de insegurança.
— Se você soubesse — ela murmurou baixinho.
— Ok! Que diabos isso quer dizer? Eu ouvi você murmurar aí, então me
diga já. O que é que eu, obviamente, não sei?
— Vamos lá, senhora! Gasolina é à direita! — Marie reclamou sobre o
carro lento na nossa frente.
— Marie! — Gritei.
— O quê? — Ela gritou de volta para mim.
— Treze anos que somos melhores amigas. Treze!
O telefone de Marie tocou, salvando-a de ter que responder a minha
pergunta.
— Ei, o que foi? — Ela disse alegremente.
— Eu estou dizendo a você, Ryan, estou disposta a apostar que ela disse
ao Kyle sobre seus planos para o jantar. Tenho certeza de que isso o
irritou. Estou esperando por Taryn no carro; ela correu até a loja para
comprar pão. — Marie cobriu seus lábios com seu dedo para eu ficar
quieta. — Ela acabou de tirar seu gesso no médico e agora eu vou levá-la
para comprar um novo telefone celular. — Marie segurou o telefone longe
de sua orelha novamente. Ryan estava aparentemente chateado com
alguma coisa.
— Desculpa! Eu não sabia que isso exigia uma escolta de segurança!
Ok, ok… — ela disse sarcasticamente. — Vou me certificar de que ela
chame aquele refrigerador grande, Jamaal, a partir de agora. Mas agora é
tarde demais, já estamos fora. Você sabe que ela não vai passar por isso.
Está bem. Está bem! Verei o que posso fazer. OK! Jesus! — Marie deixou
cair o telefone celular de volta em sua bolsa. — Ele pode ser uma
verdadeira dor na bunda, às vezes — ela murmurou.
As coisas não estavam fazendo sentido para mim. Por que Kyle ficaria
chateado se Ryan me levasse para jantar fora? Mesmo que Ryan me
levasse para um restaurante caro, que, é claro que ele teria levado, por que
isso irritaria Kyle?
— Marie, o que diabos está acontecendo — eu disse, exigindo uma
explicação.
Ela respirou fundo. Ela ficou em silêncio por um longo tempo antes de
responder.
— Kyle estava cutucando o nariz ao redor da Flórida.
— Eu sei disso — admiti.
— Bem, a parte que você provavelmente não sabe, é que Kyle disse a
algumas pessoas que você lhe pediu para ir para lá. A notícia que voltou
para o Ryan é que você enviou Kyle para ver se Ryan estava traindo você.
— Você tem que estar brincando comigo! — Gemi e esfreguei minha
cara. — Você sabe que eu não fiz isso, certo? Eu juro que não tive nada a
ver com ele estando lá.
— Eu sei. Ryan e eu tivemos uma longa conversa sobre isso também —
ela admitiu. — Mike verificou com seu chefe na Protection Services. Kyle
foi transferido imediatamente, mas em vez de ir para sua nova atribuição,
ele tirou duas semanas de férias pessoal. Foi quando ele ficou na Flórida.
Kyle sabia que você viria.
— Eu não posso acreditar que Kyle faria tudo isso! O que ele pensa?
Que eu não iria descobrir? — Gritei. — Quão conveniente ele estar no
aeroporto no momento certo. Ele estava, provavelmente, me seguindo.
— Ryan disse que viu Kyle entrando e saindo do trailer de Lauren;
muito. Pergunto-me se ela estava transando com ele? — Marie ponderou.
— Não admira que Ryan estava tão louco no outro dia quando eu falei
com ele… — Kyle estava indo atrás de todas as suas mulheres. — A
ansiedade começou a me levar para baixo, mais uma vez. — Marie, você
sabe o que… apenas me leve para casa, por favor.
— Não, eu vou levar você para comprar um novo telefone. Você e Ryan
precisam ficar em contato e resolver isso — afirmou enfaticamente.
— Por quê? Eu não falei com ele desde a noite passada. Você já falou
com ele mais do que eu. Você continua dizendo coisas para mim sobre
casamento, diabos, eu vou ter sorte se essa relação durar mais uma
semana.
— É isso aí! Eu tive o suficiente de sua negatividade. Deus! Argh! — Ela
gemeu para mim. — E você quer saber porque eu bati em você ontem à
noite. Eu quero golpeá-la novamente agora! Taryn, confie em mim! —
Gritou ela quando desligou o carro.
— Quando entrarmos lá, acho que você deve conseguir um registro de
todas as chamadas feitas para o seu número. Nós vamos descobrir quem
diabos ligou naquele dia na Flórida — Marie disse enquanto caminhava em
direção à loja. — Ah, e Ryan me pediu para tentar convencê-la a usar o
seu cartão de crédito para pagar o novo celular. Ele quer substituí-lo para
você.
Bufei quando abri a porta.
— Eu não penso assim.
— Não lute contra isso. Você precisa se acostumar a gastar os milhões
do seu marido — Marie brincou comigo.
Zombei do seu comentário. Minha mente estava em outro lugar.
— Eu me pergunto se o namorado de Lauren sabe que Kyle estava
dentro do trailer dela? — Eu estava pensando sobre a fidelidade de Lauren
ou a falta dela e se seu namorado estava chateado.
— Que namorado? — Perguntou Marie. Ela parou de andar.
— Ela não está envolvida com o ator, Lucas Banks? Esse é o cara por
quem ela despejou Ryan, certo? — Imaginei que Marie soubesse as últimas
fofocas de celebridades.
Marie tomou um grande fôlego.
— Tar, ela não está com Lucas por meses. Lauren disse ao Ryan que ela
e Lucas ainda estavam juntos e apaixonados, mas eu acabei de enviar um
link para o telefone de Ryan, nesta manhã, com imagens de Luc e alguma
modelo se beijando em público, para mostrar a ele que Lauren estava
mentindo.
— Por que você está enviando fotos? — Eu me senti tonta novamente. —
Por que Ryan se preocupa com isso? — Meus pensamentos imediatamente
retornaram às visões de Ryan e Lauren juntos.
— Ryan e eu, ambos achamos que Kyle não agiu sozinho nisso. Eu acho
que Lauren queria que você saísse do caminho para que ela pudesse voltar
com Ryan — disse ela calmamente.
A velha e familiar sensação de queimação entrou de volta no meu peito.
No minuto em que voltamos ao meu apartamento, Marie foi direito ao
trabalho, analisando o histórico do meu telefone celular e fazendo
chamadas telefônicas.
— Isto vai ser mais difícil do que eu pensava — ela gemeu. — O
Atendimento ao Cliente está me dizendo que este número é de um telefone
público em Miami.
Ela desenhou outro círculo ao redor dos números, no registo de
chamadas do meu telefone celular e, em seguida, deixou cair a caneta na
mesa da cozinha.
— Eu acho que eu deveria ligar para o Gary. Você está se sentindo bem
para jogar pôquer esta noite? Tudo bem se você não está… — ela arrastou.
— Sim, estou me sentindo bem — respondi com um aceno firme. —
Preciso voltar à minha rotina familiar.
— Bom! Ok, então — Marie disse enquanto se levantava da mesa. Ela
olhou para o relógio e pegou seu casaco. — Você sente esse cheiro? O que
quer que Tammy esteja assando lá embaixo, cheira fantástico!
— Eu sei! Vamos implorar por amostras! — Eu ri.
Decidi ficar na cozinha com Tammy após Marie sair.
Tammy apontou para uma bandeja na prateleira grande de
resfriamento.
— Você pode pegar um desses também, se você quiser. Eu fiz a mais.
Eu estava olhando os morangos mergulhados em chocolate quando a
campainha tocou várias vezes em seguida. Marie tinha acabado de sair há
poucos minutos; eu me perguntava por que ela não se deixou entrar pela
porta da cozinha.
— O que você esqueceu? — Eu ri, abrindo a nova porta de trás do meu
apartamento.
Meu sorriso instantaneamente desapareceu com choque e pânico
quando meus olhos avistaram Kyle. Debrucei-me com força na porta,
tentando fechá-la tão rapidamente quanto eu tinha aberto, mas Kyle
empurrou sua bota preta pesada na porta.
— Taryn, por favor! Apenas me ouça! — Kyle pediu. Seus dedos estavam
envolvidos em torno da borda, empurrando a porta. Debrucei-me todo o
meu peso na porta, mas era inútil lutar com ele. Ele era muito mais forte
do que eu. Meus pés deslizaram sem restrições sobre o piso liso.
— Não! — Gritei. — Basta ir embora e me deixe em paz!
Kyle deu à porta um bom empurrão e me acertou direto na testa.
Cambaleei para trás um pouco, enquanto ainda tentava segurar a porta
para bloquear a sua entrada.
— Taryn, vamos lá. Eu só quero falar com você… me dê uma chance
para explicar.
A maioria de seu corpo já estava através da porta. Ele empurrou a porta
de novo, com mais força desta vez, jogando-me como um trapo na parede
atrás de mim. Rapidamente me endireitei e me lancei para a porta oposta à
cozinha, como meus próximos meios de fuga.
Consegui agarrar a maçaneta da porta, mas Kyle foi mais rápido. Sua
mão enrolou em torno da minha com força, me impedindo de virar a
maçaneta. Ele usou seu corpo para me enfiar no batente da porta,
prendendo-me no lugar. Chutei a parte inferior da porta com o pé.
— Por favor, não me machuque — implorei, suplicando pela minha vida.
O aperto que ele tinha na minha mão já estava me enviando mensagens de
dor.
— Eu não vou te machucar — ele sussurrou em meu ouvido, rindo um
pouco do meu medo. — Só não faça nada estúpido, ok… Taryn?
Senti a maçaneta balançar ligeiramente. Eu esperava que Tammy teria
chamado por ajuda em vez de tentar me salvar. Eu não queria que Kyle
tivesse dois reféns.
Eu estava absolutamente petrificada, temendo que ele ia me machucar,
ou pior: me matar. Sua postura agressiva e a maneira como ele respirava
com dificuldade no meu pescoço me aterrorizava. Balancei a cabeça
rapidamente. Foi a única resposta que eu pude dar.
— Você não se importa se eu revistá-la por armas, não é? — Disse ele,
um pouco divertido, tomando a liberdade de apalpar os bolsos da frente e
os traseiros do meu jeans. — Eu odiaria como o inferno ser atingido por
um spray hoje.
Meus bolsos estavam infelizmente vazios. Kyle parecia estar satisfeito
com essa revelação, quase apreciando o fato de que me pegou desarmada e
completamente indefesa. Eu me senti como o coelho condenado, presa pelo
meu pé azarado na armadilha do grande urso. Minha mente começou a
rodar em avanço rápido, tentando lembrar os movimentos de autodefesa,
que uma vez ele me falou. Seu joelho estava pressionado na minha perna,
me segurando fora de equilíbrio. Eu poderia pisar em seu pé e, em
seguida, acotovelá-lo no nariz? Apenas me dê algum espaço e vou chutar
você bem nas bolas, seu filho-da-puta!
— Você não precisa ter medo de mim! — Ele riu, diminuindo a pressão
de seus dedos nos meus, mas ainda não me soltando. — Querida, eu
nunca te machucaria. Só estou preocupado que você poderia tentar me
machucar.
— Solte-me e vamos descobrir — respondi, uma borda dura
acompanhando meu tom.
— Espirituosa! — Kyle riu no meu ouvido. — Que tal você soltar a porta
para que possamos conversar?
— O que você quer falar? — Respirei dentro do batente, ainda incapaz
de me mover. Meus olhos encararam, notando os botões verdes brilhantes,
no teclado do sistema de segurança. Eu tinha certeza de que poderia
acertar o botão para chamar a polícia, antes que ele fosse capaz de me
parar. Meus dedos estavam a apenas algumas polegadas longe do botão.
— Eu vim aqui para lhe dizer que nós pegamos a Angélica. Ela foi
apanhada na Flórida e está sendo extraditada de volta para Rhode Island
com uma ordem de prisão. Baby, ela está sob custódia da polícia agora,
assim você não precisa mais se preocupar.
Um tom de repulsa subiu pela minha espinha quando ele me chamou de
"baby." Kyle aliviou um pouco sua pressão em mim, na porta. Ele
facilmente desprezou meu esforço de manter a mão fechada na maçaneta.
— Você pode relaxar agora — disse ele de modo tranquilizador,
obviamente, satisfeito consigo mesmo. — Eu disse que iria pegá-la e eu fiz!
Você está segura agora.
— Estou? — Sussurrei; lágrimas de medo escorriam pelo meu rosto. Eu
me senti tão frágil em seu aperto; apenas um toque rápido e ele poderia
facilmente quebrar novamente o meu pulso esquerdo, que ele tinha, agora,
em sua poderosa mão.
— Querida, eu nunca iria machucá-la. Você tem que acreditar em mim
— ele disse suavemente, apoiando a testa no meu ombro.
— Taryn, eu não tive nada a ver com o que aconteceu com você na
Flórida — disse ele facilmente, de forma convincente. — Eu estava lá
porque Angélica seguiu você até Miami. Porque você acha que eu estava no
aeroporto? Meus observadores perdeu o rastro dela por algumas horas, por
isso tive certeza de que você estava protegida em todos os momentos.
Minha respiração engatou. Kyle era um manipulador.
— Ela está realmente na cadeia? — Sussurrei, pedindo a confirmação de
que minha primeira perseguidora foi presa pelo meu segundo perseguidor,
que agora me segurava como refém.
— Sim — ele disse baixinho no meu ouvido. — Ela não pode te
machucar mais.
— E você? — Perguntei, minha respiração gaguejando com medo.
Kyle zombou no meu ouvido.
— Eu fui aquele que quebrou seu coração. Ele fez tudo isso por conta
própria — ele gemeu e deu alguns passos para trás, finalmente me
soltando.
Virei-me um pouco para olhar para ele. Eu queria saber se ele seria
capaz de me olhar nos olhos enquanto vomitava suas mentiras. Eu
encontrei-me flutuando do medo para a raiva.
— Então, qual de vocês veio com a ideia da calcinha? Foi você ou Lauren
que pensou nessa? — Perguntei com raiva enquanto esfregava meu pulso
latejante. — Foi um toque agradável, na verdade. Eu não verifiquei os
cestos de lixo, mas tenho certeza que eu teria encontrado um preservativo
usado, bem à vista, também… estou certa?
— Lá vai você, tirando conclusões precipitadas de novo — ele disse
enfaticamente.
— Quanto é que você pagou ao mensageiro para entregá-lo? Eu espero
que você tenha lhe pagado bem para ser parte do seu plano diabólico, ou é
para eu acreditar que Lauren planejou a coisa toda?
Kyle olhou para mim, incrédulo, como se eu fosse louca.
— Então você está me dizendo que o menino bonito foi pego em
flagrante com a calcinha de alguma outra garota, e ainda assim, conseguiu
convencê-la de que ele não está traindo você? — Ele perguntou, rindo um
pouco enquanto questionava minha sanidade. — Rapaz, você é ingênua!
Olhei para o anel que Ryan tinha colocado no meu dedo, lembrando das
palavras que tinha gravado em seu interior: "Meu coração é seu." Fiquei
furiosa por me permitir ser a vítima do plano secreto de Kyle.
— Ryan me ama — eu disse em defesa, enquanto memórias aleatórias e
vozes diferentes brilharam através dos meus pensamentos: “Taryn, você é
a única que ele quer…” “há outras coisas que eu não posso dizer, sim, eu
acredito nele” “é melhor que tudo isso aconteceu agora, em vez de Ryan
deixá-la depois que você estiver…” “se ao menos você soubesse…” “se
acostume a gastar o dinheiro do seu…”
— Ryan ia me pedir em casamento — sussurrei, finalmente percebendo
o que todo mundo estava mantendo secreto. — Você descobriu que ele me
pediria, não é? — Meus olhos travaram em Kyle, observando sua reação.
Os lábios de Kyle apertaram. Eu, obviamente, atingi um nervo.
— Ryan disse à Lauren, pensando que era seguro contar a ela sobre
seus planos uma vez que ela já estava em um relacionamento sério… e
Lauren disse a você! É por isso que Ryan quer a prova de que Lauren
mentiu sobre ainda estar com Lucas! — Tudo fazia sentido agora.
Kyle fez uma careta. Eu podia ver a expressão mudando em seu rosto
quando ele trocou de tática.
— Eu não dou a mínima para eles! Eu só me preocupo com você. Há
algo aqui, Taryn! — Ele fez um gesto entre nós. — É poderoso, e eu sei que
você sente isso também. Apenas me dê uma chance para cuidar de você…
para te amar como você merece ser amada e ter uma vida normal, sem
todo o escrutínio público, talvez até mesmo criar uma família. Você é gentil
e carinhosa, inteligente e forte…
— Oh, corte o papo furado, Kyle. Você sabia! Não é? Apenas admita isso,
porra! — Gritei para ele.
— Admita que eu sabia o que? Que Christensen é todo errado para
você? Como se envolver com alguém em uma liga diferente,
desnecessariamente, arrisca sua vida a cada dia de merda? Sabe o quanto
me dói ver a mulher que eu amo desperdiçando seus esforços com algum
ator desprezível de merda?
Meu queixo caiu com sua admissão.
— Pronto, eu disse isso. Agora você sabe — ele proferiu, derrotado. —
Eu estou apaixonado por você, Taryn. — Kyle deu um passo para a frente,
mas levantei minhas mãos para detê-lo antes que ele chegasse mais perto.
Fiquei chocada. Como poderia Kyle possivelmente estar assim
apaixonado por mim? Nós nunca passamos algum tempo de qualidade
juntos, conhecendo um ao outro em todos os níveis mais profundos. Nosso
relacionamento era tão superficial, nós mal éramos amigos.
Houve uma atração, mas era puramente física, pelo menos era para
mim de qualquer maneira, e nós nunca fizemos nada sobre isso. "Elas
gritam que me amam… como elas podem dizer isso?" Ouvi a voz de Ryan
dizer. Kyle era tão patético como algumas das fãs de Ryan.
— Você não me ama, Kyle — eu disse suavemente.
— Não me diga como me sinto! — Ele gritou com raiva.
— Você realmente não quer o brinquedo brilhante, você apenas não quer
que o outro rapaz tenha o brinquedo brilhante — concluí. — Você está com
ciúmes e raiva que alguém como Ryan pescaria na mesma lagoa que você.
— Você não pertence a este mundo, Taryn! Se você realmente
acreditasse que pertence, você nunca teria deixado a Florida! Mas você foi
embora, devastada, porque no fundo, você sabe como pode facilmente ser
substituída! — Ele disse, irado, apontando o dedo indicador para mim.
— Eu tive perdedores desempregados facilmente me substituindo por
strippers, Kyle! A escolha de carreira de Ryan não tem nada a ver com
isso! Além disso, se Ryan ainda está em cena ou não, isso não importa.
Os olhos de Kyle se estreitaram, confundido pela minha direção.
— Enviei as instruções de direção que você escreveu para mim e a carta
que encontrei no quarto de hotel de Ryan a um especialista em caligrafia
— informei. — Isso, juntamente com as cartas de ameaça que recebi no
correio, foram todos enviados por Sedex esta manhã. — Eu estava ficando
melhor nesta coisa de "atuar". Eu quase acreditei em mim mesma!
— Você ainda acha que eu as escrevi? Não importa; não vão
corresponder — Kyle sarcasticamente comentou. Sua resposta foi muito
confiante. Era como se ele estivesse preparado para responder a esta
acusação, eventualmente. — Você pode procurar por impressões digitais
também. Você não vai encontrar a minha.
— Por quê? É porque você encantou alguma menina para fazer seu
trabalho sujo? — Sondei.
— Eu não tive nada a ver com aquele bilhete de amor ou com quaisquer
cartas, aliás! — Ele gritou.
Eu nunca disse ao Kyle sobre a carta que encontrei no quarto de hotel
de Ryan até agora. Como ele sabia que era um bilhete de amor?
Sorri.
— Você não pôde encontrar qualquer sujeira sobre ele, não é? Naquela
semana que você estava lá metendo o nariz ao redor; você veio de mãos
vazias! Ryan foi completamente fiel a mim e quando você não pôde
encontrar qualquer evidência, você as fabricou por si mesmo.
Kyle zombou.
— Talvez se você se preocupasse em abrir os olhos por dois segundos e
ver a realidade, você veria que os atores não permanecem em
relacionamentos por muito tempo. Eles trocam sempre que podem. Pela
forma como eu vejo, as coisas não poderiam ter acontecido em melhor
hora. Você precisava de uma chamada para acordar, para ver como as
coisas realmente são.
— Você é incorrigível! — Berrei.
— Você acha que alguém como Christensen vai ficar com você pelos
próximos quarenta anos? Duvido muito. Há tantas mulheres quentes
andando ao redor do set de filmagens… ele pode ser forte o bastante para
resistir agora, no início dessa coisa, mas dê-lhe tempo e ele vai escavar.
Você deveria estar feliz que não perdeu muito tempo com ele, salvou-se de
mais humilhação quando ele a dispensar por alguém de sua própria
espécie.
Olhei fixamente para ele por alguns minutos enquanto preparei o meu
próximo plano.
— Você está certo, Kyle. Você está absolutamente certo — funguei,
fingindo finalmente desistir da esperança e fingindo súbita tristeza
extrema. Debrucei-me na parede. — Eu tenho me iludindo por pensar que
eu poderia ter um futuro com Ryan. Como pude ser tão ingênua? Lauren é
linda. Eu não posso competir com ela.
Limpei meus olhos, esperando que minha atuação fosse digna de Oscar.
— Eu vou acabar com isso — murmurei, balançando a cabeça para
confirmar minha decisão. — Então eu não vou estar mais no caminho de
Lauren e não vai ter meu coração partido novamente.
Produzi um suspiro, balbuciante e exagerado.
— Eu não estou nem perto de estar no mesmo nível. Lauren é muito
mais sofisticada e culta do que eu. Ela é uma celebridade famosa e eu
sou… nada — eu disse com tristeza, jogando com a auto depreciação. —
Um ninguém de Seaport.
Eu, discretamente, me coloquei ao lado do teclado de segurança
enquanto continuei meu desempenho dramático:
— Eu não posso culpar alguém por não ser capaz de resistir a ela. Você
está certo… Ryan estará melhor com ela. Eu percebo isso agora. Lauren
sabe o que é preciso para ter um relacionamento de alto perfil. Ela é
provavelmente muito melhor amante que eu também — eu disse, agindo
completamente desanimada.
Kyle zombou.
— Eu tive melhor — ele murmurou. Assim que as palavras saíram de
sua boca, ele percebeu que tinha cometido um erro fatal. — Baby, você é
muito mais desejável do que ela! Nunca se coloque para baixo assim — ele
incentivou, se aproximando de mim lentamente.
— Pare — exalei, ordenando-lhe para ficar onde estava. — Eu sei que
sou melhor do que ela, afinal de contas, você acaba de confirmar que ela é
nada mais do que uma puta manipuladora. Estou surpresa que você dois
não estão loucamente apaixonados um pelo outro, considerando que vocês
são tão parecidos!
— Taryn! — Ele gritou, dando mais um passo.
— Não se aproxime! Tudo o que tenho a fazer é tocá-lo e a polícia virá
imediatamente — informei confiante, meu dedo indicador pairou sobre o
botão iluminado no teclado de segurança.
— Entrada forçada, o hematoma na minha testa de quando você me
bateu com a porta, algumas lágrimas e você será algemado sem demora.
Você ainda poderá ser um guarda-costas com um registro policial?
— Taryn, por favor, não! Foi um acidente! Vou perder o meu emprego! —
Ele implorou.
— Isso não pareceu preocupá-lo enquanto você estava transando com
Lauren em seu trailer ou convenientemente esperando para me resgatar
em Miami!
— Apenas espere, tudo bem? — Kyle urgentemente pediu.
— Estou farta de esperar! Comece a falar ou me ajude, eu vou
pressioná-lo! — Ameacei.
— Ela veio em cima de mim e não o contrário — ele informou,
estendendo a mão com cuidado, para me impedir de ser apressada e
pressionar o botão.
— Você é tão mentiroso! — Eu disse ironicamente.
— Estou te dizendo a verdade! Tivemos algumas bebidas. Ela atirou-se
para mim!
Eu ri.
— E é claro que você aceitou sua oferta! Seu gesto final para o Ryan,
para ter certeza de que se ele a aceitasse de volta, ele a teria de volta…
usada.
Ouvi minha porta da frente abrir; era fácil distinguir sons sutis em
minha casa.
— E a carta? — Berrei.
— A carta foi ideia dela, não minha. Ela planejou. Apenas não…
— Tenho certeza que você pode correr antes da polícia chegar aqui, mas
você correria para onde? Vou pedir ao tribunal para conceder uma ordem
de restrição contra você. Provavelmente não vai levar mais de uma hora ou
assim, afinal, isto foi uma agressão — pensei, esfregando o ponto sensível
na minha testa. — Eu me pergunto o que uma ordem de proteção faria
para a sua carreira.
— Está bem, está bem! Apenas não… — Kyle pediu. — Eu não posso ter
um registro. Vou perder tudo. Baby, por favor…
— Eu não sou seu baby! — Declarei firmemente. — Kyle, como você
pôde pensar que seríamos capazes de ter um relacionamento saudável com
você me machucando desse jeito?
— Eu te amo, Taryn! Tudo o que fiz, eu fiz por amor! Eu simplesmente
não podia ficar de braços cruzados e assisti-lo destruí-la! Estava me
matando!
— Isso não é amor, isso é doença. Você me destruiu, Kyle. Não Ryan.
Você! Você arrancou meu coração para fora! — Gritei para ele.
— Eu nunca quis te machucar! — Ele disse com convicção.
— Taryn, você está bem? — Pete gritou do outro lado da porta.
— Sim — respondi rapidamente, observando surpresa e choque cobrir o
rosto de Kyle.
— A polícia está a caminho. Ele está armado? — Perguntou Pete. Eu
podia ouvir as sirenes.
Os olhos de Kyle se alargaram de medo.
— Não — ele proferiu.
— Ele diz que não está armado — gritei de volta para os meus amigos.
Pete puxou a porta aberta; ele tinha o meu taco de beisebol na mão,
pronto para bater. Marie estava bem atrás dele.
— Apenas fique longe dela! — Pete ameaçou, agitando o bastão em Kyle.
— Eu não vou machucá-la. — A Inflexão ridícula de Kyle era perceptível.
Marie tentou me puxar para fora do corredor e na cozinha, para
segurança, presumi.
— Taryn! — Kyle gritou. — Por favor? Eu sinto muito! Eu não posso ir
para a cadeia!
— Bem, você deveria ter pensado nisso há muito tempo! — Pete gritou
com raiva.
Toquei o ombro de Pete para acalmá-lo.
— Kyle, eu também sinto muito, mas não confio em você. Se eu o deixar
livre, então o que vai impedi-lo de voltar e começar essa porcaria tudo de
novo? Você sabe que eu não me sinto da mesma maneira sobre você, mas
ainda assim, aqui está você… de novo!
— Eu vou ficar longe. Prometo! Eu vou deixá-la sozinha e nunca a
incomodar novamente. Eu juro! — A suplica de Kyle era urgente. Ele sabia
que seu tempo estava se esgotando. As sirenes da polícia estavam no beco.
Eu tive que tomar uma decisão, rapidamente.
— Então, o que aconteceu depois? — Perguntou Ryan.
— A polícia tomou nossas declarações. Eles transportaram Kyle para o
carro de patrulha, Ryan, eu disse à polícia que eu não queria prestar
queixas.
— Você quer dizer que depois de todas as besteiras que esse bastardo
nos colocou, você acabou deixando o filho da puta sair andando? — Ele
gritou no meu ouvido.
— Sim — eu disse sombriamente. Eu sabia que Ryan se sentia
completamente para baixo.
Ele bufou em meu ouvido.
— Seja honesta comigo, por favor. Você tem sentimentos por ele? Diga-
me.
— Não, Ryan. Não tenho. Mas eu simplesmente não podia mandá-lo
para a prisão. — Eu não poderia condenar um homem para esse destino
por simplesmente me querer.
— Não prestei queixa porque eu estava com medo — continuei
lentamente. — Eu estava com medo de que se destruísse sua vida, ele
poderia vir atrás de nós, um dia, com vingança. Ele se afastou como um
homem livre; ele não tem nenhuma razão para retaliar. Acabou — suspirei.
Ryan ficou em silêncio. Eu podia ouvi-lo respirando com dificuldade; ele
estava fervendo. Eu sabia que ele queria que Kyle pagasse caro por cada
erro que já cometeu conosco, mas na minha mente, dois erros nunca
fizeram um acerto.
— Ryan? — Eu o chamei, na esperança de acalmá-lo para que
pudéssemos conversar sobre isso.
— O quê? — Ele perguntou em seu irritado tom, curto.
— Depois de tudo isso, eu não posso ter você com raiva de mim também
— eu disse a ele, minhas palavras eram mais como um apelo.
— Eu… — ele gaguejou. — Eu tenho que ir — ele informou severamente.
— Ryan? — Ofeguei.
— Eu preciso de algum tempo para pensar — ele respondeu friamente.
Suas engrenagens que antes eram tão fáceis para mim mudar, de
repente pareciam duras, imóveis sob a minha influência.
— Ok — sussurrei quando a queimação pelo meu coração partido
escorregou em minha garganta.
Eu caí em minha cadeira na mesa grande e redondo. Todos os meus
amigos me olharam, confusos a respeito do porquê, de repente, eu estava
caindo aos pedaços novamente depois de falar com Ryan.
O brilho perplexo de Marie se transformou em raiva. Ela puxou o
telefone do bolso e eu sabia, exatamente por sua expressão, que ela estava
pensando em ligar para o Ryan e ler a ele um ato de manifestação.
— Não — protestei, enxugando os olhos no guardanapo do pub.
Meu coração rachou ainda mais quando dois dias inteiros se passaram,
e eu ainda não tinha falado com Ryan. Eu não liguei para ele também;
parte de mim estava com muito medo de ter meus piores medo validados.
A negação era uma opção mais segura, mais segura do que a verdade. À
exceção dos outros dois dias e meio que passei no poço de escuridão
depois de voltar da Flórida, isso foi o maior tempo que passamos sem
contato.
Ryan me enviou uma mensagem de texto, mas foi curta. Eu sabia que
ele ainda estava em Miami, filmando as últimas cenas de Thousand Miles,
e que eles estavam tentando terminar as filmagens esta semana. Ele
estava trabalhando quinze horas por dia. Eu só podia imaginar como as
coisas deveriam estar desconfortáveis para ele filmar com Lauren…
fingindo, atuando na frente das câmeras que estar apaixonado por esta
mulher que tão insidiosamente tentou destruir o nosso relacionamento.
A devastação da minha viagem desastrosa para a Flórida permaneceu
no meu coração e todos os dias, tornaram-se cada vez mais insuportáveis.
Continuei a me bater, a cada momento livre que eu tinha, por ser tola e
ingênua e duvidar da fidelidade de Ryan. Eu o assustei tão profundamente
que o perdão não era mais uma opção?
Parte de mim não podia culpar Ryan por estar com raiva de mim, afinal
de contas, como o nosso relacionamento poderia sobreviver se eu não lhe
mostrei que podia confiar nele?
Mas houveram momentos em que ele questionou minha fidelidade
também, então por que eu deveria ser a única responsável pelo atual
estado de miséria que estava vivendo?
E sobre aquela puta pernóstica, na Flórida, que ainda desfrutava dos
lábios de Ryan nos dela? Será que Lauren tinha um pingo de remorso em
sua alma siliconada?
Lágrimas caíram dos meus olhos conforme eu servia uma jarra de
cerveja para um cliente esperando. Pensei sobre todos os problemas que
Ryan estava lidando: os problemas com Suzanne, David, o pessoal do
estúdio, Lauren e Kyle e perder um filho por nascer… todas estas coisas
que lhe causavam dor tinha um denominador comum: eu.
— Taryn? — Marie estendeu a mão para mim, questionando a minha
tristeza.
Coloquei o jarro no balcão do bar e acenei minha mão para descartar
sua tentativa de me consolar. Eu não podia mais fazer isso com ele… ou
comigo.
Tammy me parou, enquanto eu corria pela cozinha, agarrando-me pelo
braço antes que eu passasse pela minha porta. Minha chave ainda estava
presa à maçaneta. Ela me envolveu em um abraço suave quando a
magnitude da minha tristeza devastadora atingiu o seu pico final e
quebrou em cima de mim.
Meus joelhos se dobraram e eu caí no chão, cobrindo meu rosto com as
mãos. Havia apenas uma opção restante para mim… eu tinha que deixar
Ryan ir.
CAPÍTULO TRINTA E SEIS

O que você diz?


Assisti Marie com o canto do meu olho, quando ela respondeu ao seu
telefone celular novamente, fazendo uma bebida mista para um cliente
esperando. Gary tinha estado ligando para ela no trabalho, nos últimos
dias, o que era muito fora do personagem para ele. Gary nunca foi muito
falador, por isso fiquei surpresa com quantas vezes ele ligou.
Juntei através dos pedaços de conversa que eles estavam fazendo planos
para uma reunião familiar; parecia que várias pessoas estavam voando
para cá, de fora da cidade. Marie parecia estressada, muitas vezes ficando
irritada com ele, quando conversavam. Ela ficava rabugenta e, em seguida,
corria para a cozinha para gritar com ele em privado.
Eu não perguntei quais eram os problemas, nem prestei atenção
especial em seu negócio pessoal. A parte da minha alma que morreu na
quinta-feira, em um avião de volta da Florida, simplesmente não se
importava muito sobre qualquer coisa recentemente.
Ryan finalmente me ligou ontem de manhã, mas nossa conversa foi um
pouco estranha, como se ele me ligasse apenas para ser agradável. Eu não
tinha certeza, pelo tom de suas palavras, se estávamos caminhando para a
dissolução oficial ou se ele me ligou apenas porque sentia que tinha que
fazer. Não ajudou a minha estabilidade emocional, o fato de que só
conversamos sobre como ele estava ocupado.
— Não! Apenas não é um bom momento, agora — ele gaguejou
estranhamente ao telefone quando me ofereci para pegar um avião e voar
para vê-lo.
Ryan disse que tinha acabado de chegar em L.A. e estava passando por
ajustes finais para o seu guarda-roupa para Slipknot. Ele tinha sessões de
fotos e entrevistas e a turnê de imprensa para a estreia de Reparação
estava a poucos dias de distância, também. Os ensaios e as filmagens em
Vancouver iriam começar imediatamente após isso.
Ele também estava programado para começar a treinar, desde que seu
personagem era supostamente um escalador de montanhas. Eu teria
voado por todo o mundo, dez vezes, se eu soubesse que acabaria em seus
braços no final, mas ele não me queria.
— Minha agenda está uma loucura agora. Eu não sei quando vou ser
capaz de vê-la, mesmo que você venha para cá — ele disse, continuando as
suas razões por que ele não queria que eu pegasse um avião. — Não me
interprete mal, eu quero vê-la, é só que… mau momento.
Mau momento… isso do homem que costumava se esgueirar do set para
me ligar ou mandar texto inúmeras vezes por dia, agora, subitamente, não
tem tempo para mim.
Como as coisas mudam rapidamente.
Eu quase liguei de volta para perguntar se ele ainda me queria… se ele
ainda poderia me amar como fez um dia… mas não pude. Eu estava com
medo de que, se eu pressionasse, sua resposta seria "não".
Lembrei-me do voto solene que fiz para ele há vários meses quando
estávamos no meu telhado: que eu nunca iria terminar com ele, nunca. Eu
pretendia manter esse voto. Se nosso relacionamento acabou, ele seria o
único a dizer as palavras em voz alta.
O bar estava relativamente cheio para um sábado à noite. Eu fui através
dos movimentos, misturando bebidas e à espera de clientes, mas por
dentro, eu estava dormente, sem vida.
Sequei minhas mãos molhadas no meu pano de prato, levando um
momento para ajustar o anel que eu ainda usava na minha mão direita;
como se fosse uma ligação mágica com o único homem que eu já
realmente amei. Eu tinha passado por tanta coisa nos seis meses desde
que Ryan e eu começamos a namorar, foi um milagre que eu sobrevivi.
Mas isso não importava. Agora, eu teria andando através de brasas
quentes e bolhas de fogo para estar com ele novamente.
— Aqui há algo para fazer qualquer garota sorrir! — Marie disse em voz
alta.
Senti meu coração morto bater em meu peito. Rapidamente olhei em
sua direção, ansiando por aquele rosto que iria trazer o sol de volta para o
meu mundo.
Para meu espanto, Phil, o bombeiro, estava encostado no bar. Ele estava
espremido entre dois clientes que tentavam ter uma conversa em torno
dele. Minhas esperanças tolas eram em vão. Eu podia sentir que o término
final, que a data de expiração que eu temia tão tremendamente, estava a
um mero momento de distância.
— Oi, Taryn! — Phil me cumprimentou. Seu largo sorriso vacilou
quando ele percebeu que eu não retornei o seu entusiasmo.
— Oi, Phil — eu disse com tristeza. Tentei me fazer sorrir. Eu me senti
como uma hipócrita.
— Taryn, eu preciso de uma nova garrafa de, hum, Jack — perguntou
Cory, estalando os dedos com impaciência para mim. — Rápido.
Eu podia jurar que eu peguei uma nova garrafa antes, mas mais uma
vez, eu não estava prestando muita atenção aos detalhes nem gostaria de
questioná-los.
Eu estava destrancando o gabinete na parte traseira do bar, para pegar
uma nova garrafa para ele, quando Marie voltou e ficou ao meu lado.
— Taryn, há alguém aqui para vê-la — disse ela, sem jeito.
Meu pulso acelerou e me senti corar. Levantei-me da minha posição
agachada, chicoteando minha cabeça ao redor para ver.
— Oi, Taryn!
Imediatamente reconheci a voz, mas eu estava completamente surpresa
ao ver seus rostos.
— Ellen? Bill? Meu Deus! O que vocês estão fazendo aqui? — Eu me
inclinei por cima do bar. — Espere, deixe-me dar a volta.
Abracei e beijei os dois.
— Nós estávamos em nosso caminho para um… — Ellen olhou para Bill,
aparentemente esquecendo suas palavras.
— Martha Vineyard — Bill lembrou.
— Sim, Martha Vineyard! Nós pensamos em parar e vê-la primeiro —
disse Ellen.
Marie saiu correndo de trás do bar.
— Taryn, por que não os leva para a cozinha para conversar? Está
muito barulhento aqui fora. Cory e eu podemos cobrir o bar por um tempo.
— Marie puxou meu braço.
— Sim, sim, por favor, vamos. — Bill colocou a mão nas minhas costas e
rapidamente me guiou através da multidão em direção à porta da cozinha.
Eu podia vê-lo se encolher com o volume da música.
— Estou tão feliz que vocês pararam aqui primeiro! Então vocês estão
indo para Martha’s Vineyard? Oh, vocês terão um tempo agradável lá! —
Jorrei, emocionada por vê-los. Era a primeira vez que eu sorria em dias. —
Quanto tempo vocês vão ficar lá?
— Onde? — Perguntou Bill. Ele parecia confuso.
— Em Martha’s Vineyard? — Continuei.
Bill e Ellen estavam olhando um para o outro, sem saber o que
responder.
— Apenas alguns dias, querida. Apenas alguns dias — Ellen disse
rapidamente.
Bill olhou para o relógio. Ele estava agindo um pouco estranho, como se
estivesse com pressa para ir a algum lugar.
— Quanto tempo vocês vão ficar em Seaport? Vocês sabem que são
bem-vindos para ficar aqui. Espero que vocês não reservaram um quarto
de hotel.
Eu não sei porque eu estava divagando. O comportamento de Bill estava
me deixando nervosa. Parecia que eles não estavam aqui para uma visita
social.
— Não queremos nos intrometer — Ellen respondeu rapidamente. —
Nós reservamos um quarto de hotel para esta noite e então nós, hum,
temos muito que fazer amanhã.
— Oh, ok. Bem, vocês jantaram? Nós podemos sair para comer, se estão
com fome, ou eu posso fazer alguma coisa para comerem no andar de cima
— ofereci.
Por que eles pareciam nervosos? Eles continuavam olhando um para o
outro. Isso está ficando estranho. Notei que a banda parou de tocar, por
isso não estava mais tão alto, mas o volume de pessoas falando no pub
parecia ficar mais alto.
— Não, nós comemos antes de virmos aqui — Bill sombriamente
respondeu.
Senti minha respiração parar. Minha mão apertou minha garganta.
— O que está errado? Eu sinto que vocês vão me dizer algo ruim. —
Meus olhos alternaram entre eles rapidamente, avaliando.
— Ele conheceu outra pessoa, não é? — Olhei para seus rostos,
esperando… tentando avaliar suas reações à minha pergunta. Ellen
parecia assustada.
— Eu sabia. Ele mudou de ideia. Ele não acha que posso confiar mais
nele, então seguiu em frente.
Dor, agonia, tudo muito familiar, escoaram de volta em minha alma. Ele
só levou uma semana para finalmente decidir que teve o suficiente de
mim. Meus olhos ficaram úmidos e senti uma queimadura escaldante
rolando em minha garganta. Não só eu tenho que desistir do único homem
que eu realmente amei, eu também perderia dois pais maravilhosos no
topo disso. Afundei meus dentes no meu lábio superior, tentando conter
um soluço.
— Será que ele os enviou por suas coisas? — Sussurrei, assumindo que
seus pais estivessem aqui para embalar suas coisas. Lágrimas racharam e
sangraram dos meus olhos, apenas por pensar nele se mudando do
apartamento. — Ele não quer nem mais falar comigo?
— Oh, querida, não! — Ellen respondeu rapidamente.
— Ellen, eu sinto muito. Sinto muito por desapontá-la. — Eu não
conseguia parar as lágrimas.
— Oh, pelo amor de Deus — Bill bufou. Ele girou nos calcanhares e
rapidamente correu pela porta.
— Ótimo. Agora ofendi seu pai também.
Fui até a grande pia de aço que Ryan pagou e tirei algumas toalhas de
papel do suporte para enxugar meus olhos. Eu esperava
desesperadamente que Ryan e eu tentaríamos resolver as coisas, antes de
finalmente convocar o término, mas isso não parecia possível agora.
— Eu acho que… tenho algumas caixas — murmurei, com falta de ar
entre soluços, segurando o balcão para me segurar.
É isso, o momento da verdade, está oficialmente acabado.
— Taryn, Ryan não nos enviou. E eu estou bastante certa de que tudo o
que ele tiver a dizer, ele irá dizer-lhe pessoalmente. Você precisa parar de
chorar, pois tudo vai ficar bem!
Bill colocou a cabeça em torno da porta aberta da cozinha.
— Ellen, é hora. Vamos — ele latiu agudamente.
Engoli em seco profundamente chocada. Devo ter realmente o ofendido.
Bill nem sequer ficou ao redor para dizer adeus, vá para o inferno, não
ligue para o meu filho novamente… nada.
Ellen sorriu para mim e, em seguida, vasculhou sua bolsa.
— Deixe-me refrescá-la um pouco, primeiro. — Ela abriu seu pó
compacto e começou a pulverizar no meu rosto. — Você quer um pouco de
batom?
Dei de ombros, completamente confusa com suas ações. Talvez ela
sentiu que meus clientes não precisavam saber que estive chorando de
novo? Talvez fosse o seu último gesto de bondade para mim, antes que eu
nunca a visse novamente?
Antes que eu percebesse, ela estava esfregando batom sobre meus
lábios. Ótimo… ela tinha pena de mim. Seu gesto final é me deixar bonita
o bastante, para que eu possa voltar lá e conseguir um idiota bêbado,
destinado a ser o meu marido perdedor, desde que estou, obviamente,
solteira novamente.
— Pronto! — Ela disse, esfregando o polegar sobre meu lábio. Sua mão
penteou meu cabelo, afofando um lado ao redor da minha orelha. — Assim
está melhor! Você está pronta para ir?
— Ir aonde? — Eu a segui para fora da cozinha.
Meus olhos lacrimejantes tiveram que se ajustar à atmosfera escura do
pub. Ellen imediatamente se juntou ao Bill, que estava sentado em uma
mesa para dois, perto da sala de bilhar com uma bebida na mão.
Aparentemente, eles não estavam indo a lugar nenhum. Que diabos está
acontecendo aqui?
Fiquei ali parada, olhando para eles, completamente aturdida pelos
últimos cinco minutos da minha vida, tentando dar sentido a tudo isso.
Achei que eu estava apenas sendo dispensada pelos pais do meu
namorado, que estão aqui para fazer sua mudança do meu apartamento,
mas ainda assim, eles estão sentados ali, bebendo? O que…?
Uma guitarra acústica tocava ao fundo enquanto a banda se preparava
para tocar sua lista de músicas seguinte. Bill olhou para o palco. Talvez ele
quisesse ficar e ouvir a banda?
— Escrevi essa música para a mulher que eu amo — uma voz muito
familiar anunciou no sistema de som.
Um arrepio explodiu na minha espinha e eu ofeguei pelo choque total e
absoluto de ouvir sua voz. Como pode ser isso? Ele não pode estar atrás de
mim… ele está do outro lado do país, na Califórnia!
Rapidamente me virei, cobrindo minha boca com as mãos para não
gritar de surpresa.
— Espero que ela tenha a mesma reação desta vez, que teve a primeira
vez que toquei para ela. — Ele gentilmente sorriu.
Lá estava ele, sentado em um banquinho no palco, uma guitarra Gibson
muito familiar descansando através da sua coxa. Seu sorriso se alargou
quando sorri de volta.
— Esta canção é chamada: “O que você diz?”
Ele começou a melodia suave. Fiquei ali, tremendo ligeiramente,
escutando a sua voz hipnotizante e suas letras que tocavam minha alma.
Meu coração batia forte no peito.

Se eu pudesse juntar as peças e acertá-las


Eu viraria as mãos do tempo com todas as minhas forças
Você nunca acharia que as coisas deram errado
Se eu levasse a dor embora
E se eu dissesse que você me completa em todos os sentidos?
Se eu gritasse das nuvens acima para que todos pudessem ouvir?
Você acreditaria em mim?
Se eu lhe sussurrar docemente
Você disse que precisa de um motivo
Mas eu nunca me desviei
Agora, se eu posso, mais uma vez, te convencer
A dizer sim para mim hoje
Há apenas mais uma questão que me resta fazer
Antes de jogarmos tudo fora
O que você diz?
Por favor, diga sim para mim hoje
Eu te dei meu coração, colocando-o em suas mãos
Pelos nossos sonhos futuros, assim como planejamos
Juntos como um pelo resto de nossos dias
Mas se apenas mostrei, ao invés de dizer
Eu teria levado essa dúvida embora
Se eu gritar lá do céu?
Então, todos saberão com certeza
Você poderia acreditar em mim?
Se eu lhe sussurrar docemente?
Você gritou que precisa de um motivo
Mas nós nunca nos desviamos
Agora, se eu posso, mais uma vez, convencê-la
A dizer sim para mim hoje
Há apenas mais uma questão que me resta fazer
Antes de deixá-la escapar
O que você diz?
Por favor, diga sim para mim hoje
Se você me der sua mão, vou envolvê-la em anéis de ouro
Por um longo futuro juntos, eu serei um homem feliz
Eu vou segurar você para sempre, enquanto nossa história se desenrola
Do meu lado
Você tem sido minha única amante, deixe que a verdade seja dita
Se eu gritar lá do céu?
Então, todos saberão com certeza
Você poderia acreditar em mim?
Se eu lhe sussurrar docemente?
Se eu dizer que sou seu motivo?
E o nosso amor iluminará nosso caminho
Agora, se eu posso, mais uma vez, convencê-la
A dizer sim para mim hoje
Há apenas mais uma pergunta que me resta fazer
Antes de jogarmos tudo fora
O que você diz?
Por favor, diga sim para mim hoje
Fiquei lá parada, em reverência completa, meus pés congelados no chão.
Lágrimas de alegria, lágrimas de amor puro, escorriam pelo meu rosto.
Cobri minha boca com as mãos, enquanto a multidão explodiu em
aplausos.
Ryan colocou sua guitarra no suporte, soltou um grande pulmão cheio
de ar e se levantou. Seus olhos estavam fixos nos meus. Determinação,
como eu nunca tinha visto antes, pintou o rosto com propósito. Suas
pernas deram passos largos, rapidamente fechando a distância entre nós.
Ele estava indo direto para a mesa, redonda e grande, no meio do bar.
Eu me perguntei, por uma fração de segundo, se ele realmente viu onde
estava indo? Certamente ele viu a enorme mesa em seu caminho? Seu
olhar estava completamente bloqueado no meu rosto.
Seu pé pisou na cadeira vazia na frente dele, erguendo seu corpo do
chão. Seu próximo passo o catapultou para cima da mesa de carvalho
grande, cuidadosamente pisando em torno das bebidas das pessoas. Ele
parou quando chegou ao centro.
Todos os olhos estavam nele, enquanto ele estava em cima da mesa.
Estava tão tranquilo no bar lotado, você poderia ouvir um alfinete cair. Eu
podia ouvir meu coração batendo no meu peito enquanto olhava para ele.
— Fizemos uma bela confusão com as coisas ultimamente, não é? — Ele
deu aquele sorriso torto e sexy para mim, o que fez meu coração palpitar.
Balancei a cabeça, concordando com ele.
— Mas é a nossa história maluca — afirmou. — Tem sido nossa, só
nossa. Houve um monte de romance, às vezes, muito drama… — ele
ergueu as sobrancelhas e sorriu. — Comédia memorável, algumas cenas
de ação de disparar o pulso… — ele deu de ombros e suspirou.
— Nós também tivemos nossa parcela de suspense e terror cru, e,
infelizmente, dor de cabeça angustiante também.
— Acho que nós cobrimos tudo, tudo, exceto sermos capturados por
alienígenas! — Eu não pude deixar de rir.
— Mas apesar de tudo isso, você me amou, incondicionalmente, e eu sei
quão sortudo eu sou por ter o seu amor. Eu não quero viver sem você, nem
mais um minuto, nem mais um segundo. Quero passar o resto dos meus
dias vivendo a minha história com você… só você.
Ele foi até a beira da mesa e pulou, caindo na minha frente.
— É aqui que eu me apaixonei por você — Ryan sussurrou, tomando
minhas mãos nas suas. Ele caiu de joelhos. — E, como o destino quis, é
aqui que eu, humildemente, me ajoelho diante de você e peço-lhe para ser
minha esposa. Taryn Lynn Mitchell, quer se casar comigo? — Seus olhos
brilhantes, tão azul, tão cheios de emoção, olharam para mim… esperando
pacientemente pela minha resposta.
Apenas uma palavra ecoava em meu coração.
— Sim! — Balancei a cabeça enfaticamente. Minhas lágrimas salgadas
escorriam em meus lábios. Eu disse sim, uma e outra vez.
O sorriso de Ryan foi glorioso. Tirou meu fôlego. Ele enfiou a mão no
bolso da frente da sua calça jeans e tirou um anel. Não havia nenhuma
caixa, nenhum embrulho.
Ele pegou minha mão esquerda na sua e beijou minha mão suavemente.
— Para sempre — ele sussurrou, olhando para mim, enquanto deslizava
o anel no meu dedo.
CAPÍTULO TRINTA E
SETE

Brilhar e desvanecer
— Você realmente gostou? — Ryan perguntou quando me pegou
olhando para o meu anel de noivado.
Estendi minha mão para admirar o meu anel de diamante delicado,
mais uma vez. Mesmo que minha cabeça rodava com pensamentos, tudo
desvanecia em comparação com a euforia que senti com o incrível homem
que estava me segurando, seus olhos implorando por minha resposta.
— Se você não gostou, eu sempre poderia obter-lhe outra coisa. Quer
dizer, eu não vou ficar ofendido se você não gostou. Você poderia escolher
um que você prefira…
Rapidamente levantei minha cabeça do seu peito nu e tranquei meus
lábios nos dele, calando-o antes que ele pudesse cogitar mais dúvida.
— É perfeito — tranquilizei-o. — Absolutamente perfeito!
Ele suspirou.
— Bom! Fico feliz. — Ele sorriu gentilmente. — Eu não tinha certeza. Eu
olhei para um monte de anéis antes de escolher esse. Eu poderia ter ido
com a pedra central maior, mas presumi que você acharia que qualquer
coisa com mais de três quilates fosse demais.
— Você está certo! — Eu ri levemente.
— Há uma inscrição também — Ryan informou com ternura.
— Tem? — Eu disse, completamente surpresa. Ele tinha colocado o anel
no meu dedo tão rápido, que eu nem sequer tive tempo de olhar para ele.
Ele deslizou o braço de debaixo de nosso cobertor quente e mexeu o anel
do meu dedo.
— Vê?
Segurei-o mais perto de meus olhos, torcendo a banda para que eu
pudesse ler. Gravado no interior estavam duas palavras:
— Para sempre — sussurrei.
— É isso mesmo… para sempre — ele disse suavemente. — Eu só vou
me casar com uma garota na minha vida. Assim como meu pai fez… assim
como seu pai fez. Nossos pais passaram suas vidas juntos e trabalharam
com os seus problemas. Nós vamos também. — Eu coloquei o anel de volta
no meu dedo.
— Estou tão aliviada ao ouvir você dizer isso — suspirou, derivando
meus dedos em sua bochecha. — Mas estou ainda mais aliviada que você
está apenas aqui comigo. Pensei que tinha te perdido para sempre.
— Taryn, eu sei que as coisas estavam totalmente fodidas entre nós,
ultimamente. — Ele fez uma pausa e penteou seu cabelo para trás com os
dedos. — Mas…
— Mas precisamos ser mais abertos e honestos um com o outro — eu
rapidamente terminei a frase, sussurrando minhas palavras em sua pele.
— Sim. Exatamente — ele concordou. — Muito mais abertos.
Pensei sobre as razões que meu coração doeu, há apenas algumas
horas.
— Você sabe que um anel de diamante espetacular no meu dedo não
resolve nossos problemas de confiança embora.
— Eu sei. E eu realmente sinto muito. Eu deveria ter dito a você sobre
Lauren. Nós deveríamos ter falado sobre isso. — Ele arrastou seus dedos
pelas minhas costas, arrumando uma mecha do meu cabelo.
— Por que você não me diz agora? — Eu suavemente murmurei.
Ele mexeu-se ligeiramente debaixo de mim.
— Não há muito a dizer, realmente. Eu a conheci quando ela veio fazer o
teste de tela para Thousand Miles comigo. A produção empurrou por um
ano e, bem, nós dois estávamos em L.A., nós dois estávamos solteiros no
momento.
— Quando saí para filmar Reparation, ela começou a ver Lucas pelas
minhas costas. Um amigo meu me ligou em Chicago, para me dizer que os
viu se beijando no Chateau Marmont. — Ryan franziu a testa. Admitir isso
em voz alta parecia difícil para ele. — Pensei que éramos exclusivos. Acho
que sou apenas antiquado assim, eu só namoro uma mulher de cada vez.
Desnecessário dizer, que foi o fim de tudo.
— Você estava apaixonado por ela? — Perguntei, curiosa para saber o
quão profundo foram seus sentimentos por ela. Seus olhos estavam
pensativos quando ele deu de ombros. — Honestos e abertos — eu o
lembrei.
Ele suspirou.
— Na verdade, não. Quero dizer, eu me importava muito com ela. Nós
éramos amigos. Foi novo e divertido por um tempo. — Ryan brincou com
um longo fio de meu cabelo, torcendo-o em torno de seu dedo. — O pouco
de sentimentos que eu tive por ela, não são nada em comparação com o
que sinto por você, posso te dizer isso!
Eu estava deleitando-me com suas palavras, até que ele riu levemente.
— Qual é a graça? — Perguntei, ficando preocupada.
— Você sabe que estamos filmando a sequência, certo? Bem, uma das
cenas finais que fizemos esta semana, foi da nossa grande separação — ele
riu. — E cara, eu estava no personagem para isso!
Eu não pude evitar sentir como se eu fosse a única culpada pela
motivação do rompimento. A culpa tomou conta de mim novamente.
— Sinto muito pelo que fiz a você… por duvidar de você — eu disse com
muito pesar. — Eu espero que você seja capaz de me perdoar.
Sua mão pressionou levemente minha cabeça em seu peito.
— Não, Taryn. Eu fiz isso. Eu coloquei a dúvida em sua mente. Não se
atreva a se sentir mal.
— Mas eu sinto. Eu arruinei tudo — murmurei. — Todos os seus
planos…
— Não faça isso. Eu devia ter lhe contado sobre ela. Eu deveria ter feito
mais para colocar sua mente à vontade, mas não fiz — ele admitiu. — Em
vez disso, eu estava com raiva de você por questionar minha fidelidade.
Percebo isso agora. Estou feliz que percebi isso antes que fosse tarde
demais.
Ele me apertou em seus braços.
— Eu preciso que você me perdoe.
Passei meus braços em torno dele com mais força, puxando-o mais
perto, enquanto seu calor e presença costuravam minha alma de volta.
— Não há nada a perdoar — sussurrei. — Somente lições aprendidas.
Ryan suavemente beijou o topo da minha cabeça.
Minha mente vagou enquanto ele me segurava. Pensei na maneira que
eu lidaria com o primeiro momento em que eu ficasse cara a cara com
Lauren Delaney. Nossos caminhos se cruzariam, eventualmente, agora que
Ryan e eu estávamos oficialmente noivos. Haveria a estreia de Thousand
Miles para participar no meu futuro. Minhas visões dessa reunião inicial
estavam longe de refinadas.
— Será que Lauren confessou? — Perguntei, lembrando da admissão de
Kyle.
— Ela negou estar envolvida… primeiro. — Ryan coçou a testa. Ele
parecia relutante em continuar.
— Está tudo bem, diga-me.
— Ela chorou, duro. Ela disse que nunca deveria ter me deixado ir — ele
zombou — mas minha intensidade quando estávamos namorando a
assustou ou alguma merda assim. Bem, essa foi sua desculpa por me
trair. — Ele franziu os lábios com desgosto. — Depois de dizer a ela que
não havia nenhuma maneira no inferno que eu voltaria com ela, ela
admitiu que estava tentando me impedir de cometer um enorme erro. Ela
pensou que eu estava sendo impulsivo e cego em querer propor a você.
Ajustei meu rosto em seu braço, remoendo sua última frase. Eu também
imaginei Lauren pedindo e implorando a ele para voltar com ela.
— E então Taryn ficou em silêncio — ele murmurou.
Ryan rolou para o lado e olhou para o meu rosto. Engoli em seco antes
de falar, enterrando meus olhos dolorosos no meu travesseiro.
— Eu quase posso apontar o momento exato em minha memória que
essa conversa aconteceu. Foi quando você me disse que precisava de
tempo para pensar.
Ryan puxou meu queixo para cima.
— Eu não vou negar que não pensei sobre o que ela disse. Não a parte
sobre ela ser uma pequena vagabunda suja e me querer de volta — ele
corrigiu. — A outra parte.
— E? — Perguntei hesitante.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos.
— Olhe nos meus olhos — ele instruiu suavemente.
Seu pedido foi confuso para mim em primeiro lugar, porque esperava
que ele dissesse mais depois disso. Ao invés, nós ainda estávamos
deitados, olhando um para o outro por um longo minuto. E então eu vi...
ficou tudo de repente muito claro para mim. Eu vi nossa vida juntos, o
nosso futuro em breves trechos de tempo. Eu não poderia imaginar ser
feliz sem ele. Descansei minha mão em seu rosto, guiando seus lábios nos
meus. Quando Ryan me beijou, a vida tinha significado novo.
— Esta semana passada, quando tudo acabou em merda, isso foi um
nível baixo para mim — ele admitiu. — O mais baixo que já estive.
Eu ri levemente.
— Acho que encontrei um novo nível de baixo, dez andares abaixo do
poço do desespero.
Ryan riu em concordância.
— Então, o que você acha que toda esta miséria significa?
Pensei sobre isso por um momento.
— Bem, para mim… acho que isso significa que não posso imaginar
passar o resto da minha vida com ninguém além de você.
Ele suavemente beijou meus lábios.
— Então, se ambos nos sentimos da mesma maneira e estamos
absolutamente miseráveis um sem o outro, então isso não pode ser
qualquer coisa impulsiva ou míope, pode?
Sorri e balancei a cabeça.
— Não, eu não acho.
As visões de um futuro de felicidade, com este homem que eu amava tão
desesperadamente, me envolveu no calor. Ele estava aqui neste quarto,
nesta cama, segurando-me mais uma vez!
Quão profundamente diferente este momento estava de ontem! O trem
que tinha descarrilhado, causando a morte infeliz de milhares de pedaços
da minha alma, foi miraculosamente colocado de volta, diretamente nos
trilhos, e todos os mortos de repente ficaram ainda melhores.
Ironicamente, levou apenas alguns segundos depois disso, para minhas
memórias restantes, recordarem quando meu coração foi esmagado
debaixo do trem, para rastejar de volta em minha garganta. Olhei para o
teto para recolher os meus pensamentos.
— Eu sei qual é o nosso problema. Nós dois fomos traídos, largados e
injustiçado tantas vezes, que nosso passado está nos impedindo de
avançar.
Ryan soltou uma lasca de risada. Olhei de volta em seus olhos.
— Você pensou que eu estava com Kyle, que havia algo acontecendo
pelas suas costas. E eu pensei que você ia me deixar por alguém como
Lauren, que não estava toda machucada e destruída. Nós perdemos a fé
um no outro.
— Eu sei. E eu sei que esses anéis não apagam o que aconteceu entre
nós. — Ele ajustou a pedra oval na minha mão direita. — Mas eles não são
apenas joias para mim. Dentro de cada um deles tem uma mensagem;
uma mensagem do meu compromisso com você. Eu quero que você seja
minha esposa, minha parceira e minha única amante, Taryn… para
sempre. Meus olhos nunca vão desviar de você.
— Nem os meus.
— Então talvez nós possamos ajudar um ao outro a confiar mais. Amor,
nem um de nós é um traidor. Eu nunca fiz isso a ninguém que eu já
namorei; estou supondo que você nunca traiu seus namorados do
passado, também. Nós dois sabemos o quanto dói ser traído assim. Então,
talvez a gente só tenha que sempre nos lembrar, que não está em qualquer
uma das nossas personalidades ser infiel. E eu posso te dizer que uma vez
que ambos dizemos "eu aceito", o divórcio não é uma opção nunca.
Trabalhamos através da merda, ok?
Pensei sobre o motivo de eu estar vivendo no poço do desespero e
sobrevivendo através de anos de promessas quebradas.
— Eu sei, mas a infidelidade ainda um é um motivo de separação para
mim — murmurei. — Você tem que me prometer que, se eu não sou… se
você tiver essa necessidade, o desejo de algo que está faltando no nosso
relacionamento… se alguma atriz…
— Você será a primeira a saber, bem antes de chegar a esse ponto.
Prometo. — Seus dedos deslizaram pela minha bochecha. — E o mesmo
vale para você também! Falamos sobre isso, corrigimos, não deixamos isso
nos separar — ele enfatizou. — Independentemente de quanto
completamente ferrado, pessoas psicóticas tentam se intrometer em nosso
relacionamento!
— Desta vez, estou matando qualquer um que tente — brinquei. —
Falando nisso…
— O quê? — Ele suavemente incitou.
— Eu quero que você seja completamente honesto comigo e me diga se
estiver indo trabalhar com as meninas que você tem conhecimento íntimo.
Eu sei que é desconfortável e você estará relutante em ferir meus
sentimentos, mas vai me impedir de pirar se eu souber todos os detalhes
feios de antemão. Eu não quero ouvir sobre isso com outras fontes ou ver
nas capas de revistas no supermercado. Sem saber esse tipo de coisa e, em
seguida, ver na TV não me ajuda a confiar em você. — Imaginei que isso
ajudaria a colocar minha mente à vontade.
— Combinado. Essa lista de atrizes é muito pequena, por sinal — ele
acrescentou. — Ok, enquanto estamos sendo abertos… não mais Kyle. Eu
não o quero no bar ou em qualquer lugar perto de você, ligando para você,
trazendo-lhe presentes ou sopa; nunca mais. E o mesmo vale para todos
os outros caras que vierem farejando minha futura esposa.
— Não se preocupe. Eu não quero ver Kyle novo, nunca mais — eu
disse, recordando o momento de terror na boca do estômago quando ele
me tinha me espremida na porta. — Eu lhe disse que iria conseguir uma
ordem de restrição se ele viesse ao redor novamente.
Ryan estava falando sério quando bateu o pé sobre o assunto "Kyle e
outros caras". Não havia humor em seu tom.
— Você sabe, este seu duplo padrão também não é muito saudável —
murmurei.
— Duplo padrão? Do que você está falando?
— Ah, vamos lá! Você tem que admitir que é muito mais ciumento do
que eu. Eu não estou autorizada a aceitar sopa de um cara, mas você beija
atrizes quentes? E então você ficou chateado comigo, quando questionei
todo o "tempo sozinho" que você estava passando com sua ex-namorada?
Você teria estado completamente insuportável se Kyle e eu tivéssemos um
passado romântico. Inferno, você provavelmente colocaria uma cerca de
arame farpado, e cães de guarda extras, instalados em torno de mim, se
fosse o caso!
Ryan xingou em voz alta.
— Considerando o que vem junto com o território Ryan Christensen, eu
diria que tenho mantido a minha compreensão e inveja bastante bem.
— Sim, você tem — ele concordou. — Desculpe, eu não posso evitar. É
só que… eu sei como os homens pensam. Comida, sexo, sono, não
necessariamente nessa ordem também. Eu fui em Kyle no primeiro minuto
em que o vi. Eu conhecia o jogo que ele estava jogando.
— Rá! E você não acha que as mulheres jogam os mesmos jogos? —
Mudei minha voz para imitar Lauren e bati os olhos para ele. — Está tudo
bem, Ryan. Estou feliz envolvida com o Lucas. Você pode falar comigo.
Aqui está um ombro para apoiar sua cabeça, pertos dos meus seios. Ela,
provavelmente, checou sua virilha cada vez que você tinha de beijá-la, só
para ver se ela fez suas calças ficarem mais apertadas!
Ryan riu de mim.
— Você ri! Estou falando sério!
Ele rolou, agarrando o meu traseiro de brincadeira.
— Minha virilha só incha para você, querida.
— Sim, certo — provoquei.
Passamos uma boa parte do domingo de manhã na cama, braços e
pernas entrelaçados, apreciando a solidão e paz que vieram por estar
juntos.
Ryan olhou para o meu despertador.
— Vamos lá… tempo para sair da cama. Temos que tomar banho e nos
vestir — ele disse, jogando a sua porção das cobertas sobre minha cabeça.
— Por quê? — Perguntei, estudando seu rosto tempo suficiente para
perceber que ele sabia algo que eu não sabia.
Divertidamente, ele agarrou meu tornozelo, puxando-me em cima da
cama.
— Nós não queremos chegar atrasado para a nossa festa — ele riu,
pegando minha mão. Ele me ajudou a levantar sobre meus pés.
— Que festa? Do que você está falando?
— Você realmente não tem ideia, não é? — Ele disse, sorrindo com
espanto.
Minha visão foi distorcida quando meus olhos entrecerraram, ainda não
tendo uma pista sobre o que ele estava falando.
— Que eu ia propor a você? — Ele inclinou a cabeça, sorrindo, enquanto
esfregava minha bochecha com o polegar.
Amassei meus lábios e balancei a cabeça, um pouco envergonhada.
— Eu pensei que seus pais vieram aqui para fazer sua mudança para
fora do apartamento.
— Acho que vou comprar carros novos para Marie e Tammy. — Ryan riu
levemente para si mesmo.
Uma hora e meia mais tarde, nós dirigimos até a casa Marie e Gary para
participar de nossa festa de noivado privado. Os pais de Ryan já estavam
lá, esperando por nós.
Eu ainda não podia acreditar que os dois últimos dias realmente tinham
acontecido. Ryan e eu ainda estávamos loucamente apaixonados, o
símbolo do seu compromisso revestido de diamantes em torno de meu
dedo e toda a minha dor de cabeça, quase completamente esquecido.
— Acho que eu deveria ligar para o Pete, descobrir quando eles vão
chegar para o pôquer — eu disse em voz alta.
Ryan recolocou a tampa na garrafa de refrigerante e a enfiou de volta na
geladeira.
— Nós não estamos a jogar pôquer esta noite — informou. — É só você e
eu hoje à noite. Nós vamos sair.
— Sair? — Fiquei chocada. Nós raramente tínhamos “saído” antes.
— Sim. Vou levá-la para um encontro… um encontro adequado — ele
corrigiu. — Vá se vestir. — Ele puxou a calça jeans para cima em seus
quadris e pegou uma camisa limpa de um gancho no armário.
— Então, onde estamos indo? — Perguntei.
— Eu não faço ideia. Sair para jantar, boliche… a escolha é sua. Nós
vamos tentar ter um encontro normal, mesmo se eu tiver que usar um
disfarce. Vou levá-la para sair.
Nós dirigimos a um dos meus restaurantes locais favoritos. Olhei para o
meu relógio, observando a hora, assim não estaríamos atrasados para a
nossa próxima parada.
Ryan me bateu no pé debaixo da mesa e riu para si mesmo quando
vacilei. Estávamos sentados em uma cabine no canto de trás do
restaurante, bem fora do caminho da maioria dos olhos.
— Então, minha linda noiva — ele brincou — qual é o próximo?
Tomei um gole de refrigerante para enxaguar meu último pedaço de
pizza, batendo meu pé no ritmo contra o seu.
— Filme — respondi casualmente. — O filme mais recente de George
Clooney está passando no Teatro Galaxy.
Ryan tentou parecer indiferente, mas eu poderia dizer que ele estava
pirando pensando em estar ao redor de multidões e do público. Ele deu
uma volta extra com seu cachecol em torno de seu pescoço, para cobrir
metade do rosto quando se levantou para sair.
Ele puxou minha mão enquanto caminhávamos em direções opostas.
— Um, amor… o carro está por aqui?
Parei e segurei seu agarre, puxando-o para mim.
— O teatro está a apenas três quadras descendo a rua. Vê as luzes de
letreiro? Tudo vai dar certo. Vamos andar.
Demos as mãos enquanto casualmente passeamos pela calçada vazia no
escuro. Ninguém nos notou; ninguém sequer sabia que existíamos. Foi
maravilhoso.
Apertei sua mão com força na minha, completamente desnorteada que
ele estava finalmente aqui comigo. Meu coração que já foi tão devastado
com pensamentos de perdê-lo, agora estava sendo costurado, como se
nunca tivesse sido quebrado em primeiro lugar. Seu amor por mim era
apenas a cola que eu precisava, deixando-me inteira.
Eu sabia que nunca poderia cometer os mesmos erros novamente.
Minhas inseguranças precisavam ser substituídas com confiança e
certeza. Eu nunca duvidaria do seu amor por mim ou suas intenções de
ter uma vida longa juntos. Ainda assim, eu tinha medo de que se piscasse
muitas vezes, eu acordaria deste sonho maravilhoso de união.
— Essa foi uma boa pizza — disse Ryan, tentando abafar um arroto,
mas falhando. Seu corpo estava fazendo todos os tipos de ruídos.
— Se suas fãs soubessem! — Provoquei, dando-lhe uma cutucada com o
meu quadril. — Iria explodir sua inteira imagem de sexy e misterioso! Isso
foi fraco, aliás. Não estou impressionada. Dou um 2.7.
— Vê, é por isso que eu te amo. Você não julga a minha grosseria, você
dá nota! — Ele colocou seu braço sobre meu ombro, me colocando em um
abraço de provocação. Alcancei dentro do seu casaco, brincando de
retaliação, fazendo cócegas em suas costelas.
Ryan acenou com o queixo para o cinema depois que entrelaçou seus
dedos de volta com os meus.
— Aposto um milhão de dólares que George Clooney tem seus
momentos vis também — ele brincou.
— Não há nenhuma maneira que eu aceite essa aposta! Eu sou
inteligente o bastante para saber que debaixo da fachada de estrela de
cinema e dos efeitos especiais de maquiagem não há nada além do que
beber cerveja, arrotar e peidar nas calças.
— Sim — ele e seu corpo concordaram. — Mas nos coloque em um
smoking Armani e nós parecemos bom!
O Teatro Galaxy era um dos marcos históricos da nossa cidade,
existindo desde a década de 1930. Ele tinha a bilheteria estilo antigo e
luzes elegantes iluminando o título do filme. No momento em que
chegamos ao cinema, não havia ninguém na fila.
Nós compramos um balde de pipoca e um refrigerante e, em seguida,
fizemos o nosso caminho para o cinema mal iluminado.
— Este lugar é legal! — Ryan sussurrou, soltando seu cachecol um
pouco.
Tínhamos a fileira de trás toda para nós. Eu o notei olhando em volta no
interior: o papel de parede art-deco, espessas cortinas de veludo vermelho
que faziam fronteira com o palco, candelabros ornamentados e arandelas
nas paredes; era reminiscente de uma época em que os filmes formavam
nossa sociedade.
Ryan colocou a mão no balde de pipoca, rindo da tolice do antigo
desenho animado de Tom e Jerry que passava na tela. Ele foi capaz de
desfrutar de uma noite inteira fora, sem qualquer interferência dos fãs
apaixonados ou dos paparazzi.
— Sabe, quando eu a levar para a estreia de Reparation, em poucos
dias, sua experiência de cinema será muito diferente do presente — ele
sussurrou baixinho.
— Eu sei — eu disse conforme a visão de milhares de fãs gritando
passaram por meus pensamentos. — E eu estou pronta para isso.
— Será o seu aquecimento para a loucura que ainda virá em julho —
continuou ele, um toque de apreensão nervosa e pesar acompanharam
suas palavras.
Eu imediatamente sabia que ele estava se referindo à estreia de Seaside,
que seria uma turnê de três semanas por vários países.
Descansei minha cabeça em seu ombro para apreciar o filme, ainda
mais por que, desta vez, finalmente assistimos juntos. Ryan suavemente
beijou minha testa e sussurrou "eu te amo." Eram preciosos momentos
como estes que tornavam a vida digna de ser vivida.
Infelizmente, com todos os momentos felizmente doces, deve haver
sempre alguns não tão bons misturados no meio. Acho que é o que
mantém o equilíbrio.
No dia seguinte, eu estava lá no nosso quarto, assistindo impotente
como ele embalava outra mala. Suas necessidades básicas estavam
satisfeitas… meias limpas e cuecas enfiadas em torno de uma pilha de
camisas limpas e jeans, outro roteiro e um chiclete embalado em sua
bagagem de mão, ao lado de seu laptop.
Suas outras necessidades, aquelas que só podiam ser satisfeitas por sua
amante, eu esperava que foram satisfeitas com o melhor de minhas
habilidades também.
— Você tem minha agenda no seu calendário? — Ryan perguntou
quando ele puxou sua mala descendo os degraus.
— Sim — respondi, confirmando pela terceira vez que o meu novo
telefone estava sincronizado com o seu.
— Eu verifiquei o e-mail, todos os itinerários de voos estão lá. E haverá
um carro esperando por você quando você pousar, senhora Bailey. — Ryan
sorriu. — Assistente de Marla está fazendo os arranjos para o seu…
— Amor, eu sei — eu disse suavemente, deslizando meus dedos nos
bolsos da frente para agarrá-lo por mais um minuto. — Não se preocupe!
Já falei com Trish. Tudo vai ficar bem. Comprometo-me a parecer
sensacional em cada uma das estreias! — Eu sorri.
— Oh, não esqueça o seu passaporte — ele lembrou.
— Eu não vou.
— Meus pais e Nick e Janelle pousarão no LAX uma hora depois que
você pousar, por isso você não ficará sozinha por muito tempo. Oh espere!
O que eu estou pensando? Você não ficará sozinha, a turma estará com
você, que eu estou feliz porque tenho quase três dias inteiros de festas de
imprensa e aparições. Apenas lembre-se de manter o hotel em segredo, e…
— Ryan…
— O quê? — Ele lamentou.
— Amor, você está se estressando. Você precisa relaxar e parar de se
preocupar. Vejo você em L.A. amanhã, prometo.
Ele deixou escapar um longo suspiro.
Meus olhos deixaram seu rosto e olharam para a porta quando ouvi
uma buzina de carro.
— Eu te amo — murmurei em seus lábios quando ele me beijou em
despedida.
— Eu te amo mais! — Ele riu, me puxando mais apertado.
— Vá ser uma estrela de cinema — brinquei com ele. — Estarei no
próximo avião bem atrás de você.
Ryan segurou minhas mãos; seus polegares rodaram ambos os meus
anéis, torcendo-os em meus dedos. Era à sua maneira sutil de me
lembrar de suas mensagens gravadas.
— Eu vou ver você em breve — ele disse tristemente.
Ele me beijou mais uma vez antes de escapar das minhas mãos e
entrar no carro esperando.

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