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UNIVERSIDADE DE

SÃO PAULO

Gênese de Depósitos Minerais


(GSA 0417)

HIDROTERMALISMO E
ALTERAÇÃO HIDROTERMAL

Prof. Dr. Rafael Rodrigues de Assis


Departamento de Geologia Sedimentar e Ambiental (GSA – IGC, USP)
assis.rafael@usp.br
Importantes questões que devem ser de ampla compreensão por
todos até o final da aula!

O que são fluidos hidrotermais?

Qual a sua importância em Geociências? E


na gênese de sistemas minerais?

Como eles ocorrem nos distintos ambientes


geológicos?

Onde encontrá-los? Quais evidencias de sua


existência?
EVIDENCIAS DE PERCOLAÇÃO DE FLUIDOS NA CROSTA...
Evidências indiretas
MINERAIS VOLÁTEIS NA ESTRUTURA (% peso) SILICATOS HIDRATADOS (H2O)
EVIDENCIAS DE PERCOLAÇÃO DE FLUIDOS NA CROSTA...
Evidências indiretas
MINERAIS VOLÁTEIS NA ESTRUTURA (% peso)
SILICATOS HIDRATADOS (H2O)
+ CARBONATOS (CO2)

Dolomita

Calcita
EVIDENCIAS DE PERCOLAÇÃO DE FLUIDOS NA CROSTA...
Evidências indiretas
MINERAIS VOLÁTEIS NA ESTRUTURA (% peso) SILICATOS HIDRATADOS (H2O)
+ CARBONATOS (CO2)
+ SULFETOS (H2S) + SULFATOS (SO42-)
Molibdenita

Pirita

Molibdenita Pirita
EVIDENCIAS DE PERCOLAÇÃO
DE FLUIDOS NA CROSTA...
Evidências indiretas

ALTERAÇÃO HIDROTERMAL
(Ampla gama de minerais formados a
partir da percolação de fluidos
hidrotermais)
EVIDENCIAS DE PERCOLAÇÃO
DE FLUIDOS NA CROSTA...
Evidências indiretas

PERCOLAÇÃO E GERAÇÃO DE ESTRUTURAS


(Fluidos hidrotermais percolam e geram
estruturas que são seladas/fechadas por
minerais gerados a partir do fluido progenitor)

LEGENDA: Estruturas de saturação de fase fluida que indicam


percolação de soluções em nível crustal raso: (A-B) Brechas
hidráulicas cimentadas por quartzo leitoso em sedimentares
epiclásticas; (C-D) Bolsões de quartzo com textura em pente
(comb-texture) em sedimentares epiclásticas; (E) Granodiorito
com veio de quartzo com textura em pente. Todas as essas
estruturas são observadas nas proximidades de um granito
sub-vulcânico (Assis, 2011).
EVIDENCIAS DE PERCOLAÇÃO DE
FLUIDOS NA CROSTA...
Evidências indiretas

SENSORIAMENTO REMOTO
(Identificação de halos de alteração hidrotermal)

Imagem de satélite da área de Loriesfontein, W da Bacia


do Karoo, África do Sul. Áreas brancas correspondem a
chaminés hidrotermais formadas pelo escape de metano
no metamorfismo de contato de folhelhos negros (182,5
Ma).
ASTER hydrothermal
alteration map and outlines
of alteration polygons
southwest of Tucson,
Arizona. Colors of alteration
polygons indicate rank
based on geological,
geophysical, and
geochemical properties
within each polygon and
their proximity to other
polygons. Higher rank
indicates more favorable
properties within the
polygon for the presence of
porphyry copper deposits
(altered rocks in mines
omitted).
FONTE:
https://eros.usgs.gov/doi-remote-sensing-
activities/2016/usgs/integration-remote-sensing-
alteration-mapping-new-geospatial-statistical-
quantitative
EVIDENCIAS DE
PERCOLAÇÃO DE FLUIDOS
NA CROSTA...
Evidências indiretas

GEOFÍSICA
(Identificação de rochas e halos de
alteração hidrotermal)

... que no conjunto, têm sido utilizadas


em técnicas de Machine Learning e
Inteligência Artificial.
Radiometric and magnetic data from Waihi-
Waitekauri epithermal Au-Ag field. (A) Total
magnetic intensity (TMI), (b) analytic signal of TMI,
(c) summary of geophysical anomalies, (d) low-pass
wavelenght fitered analytic signal (Morrell et al.,
2011).
Evidências diretas

BLACK SMOKERS

WHITE SMOKERS
Evidências diretas

GÊISERES
(Atividade geotermal constante
dos gêiseres)
EVIDENCIAS DE
PERCOLAÇÃO DE
FLUIDOS NA CROSTA...
Evidências diretas

EXALAÇÕES VULCÂNICAS
(Liberação de diversos gases por
atividade vulcânica)
EVIDENCIAS DE PERCOLAÇÃO DE FLUIDOS NA CROSTA...
Evidências diretas

INCLUSÕES FLUIDAS
(Pequenas alíquotas do fluido gerador do mineral
são aprisionadas em cavidades decorrentes de suas
nas imperfeições cristalinas)

Permitem identificar e analisar as condições físico-


químicas do fluido mineralizante.
FLUIDOS NA CROSTA TERRESTRE
Terminologia de “fluido”

FLUIDO =
H2O + SAIS + VOLÁTEIS (CO2, CH4, N2,
H2S, etc.)
→ líquido + vapor + gases +
fundidos silicáticos (magma)

Acima do Pc (ponto crítico) não há distinção de densidade entre fases vapor e líquida (fluido supercrítico).
Rochas têm viscosidade 1015 a 1020 vezes mais elevada que fluidos (magma basáltico = 103 – 104 P, H2O = 10-2
P).
A importância dos fluidos na Crosta Terrestre...
1. Promover a fusão parcial de rochas.
2. Promover a transferência de calor/energia.
3. Exercer controle na natureza e extensão da
deformação.
4. Atuar como solvente para a dissolução de
metais das rochas.

Collahuasi mine, a copper-molybdenum porphyry


deposit, located 370km north of Escondida.

5. Transportar e concentrar metais.


→ Depósitos Minerais
EXEMPLIFICANDO A ORIGEM DE FLUIDOS HIDROTERMAIS
EXEMPLO: Evolução da H2O do mar em sistemas hidrotermais oceânicos
H2O do mar infiltra-se na crosta oceânica,
temperatura aumenta, reage com as rochas e retorna
ao assoalho oceânico.
Alguns componentes são
removidos (e.g. Mg, SO4),
enquanto outros são
adicionados (e.g. Fe, Mn,
H2S, CO2).

SISTEMA ABERTO!!
→ Mudanças na
composição do fluido e da
rocha por onde ele
percolou.
EXEMPLIFICANDO A ORIGEM DE FLUIDOS HIDROTERMAIS
EXEMPLO: Evolução da H2O do mar em sistemas hidrotermais oceânicos
FLUIDO HIDROTERMAL
... comparação com a água oceânica

Temperatura pH

Metais fO2

NaCl (≥ 3,2% NaCl) Mg

.... corresponde a um sistema


aberto!
FONTE
http://www.searchanddiscovery.com/pdfz/documents/2010/40523humphris/ndx_humphris.pdf.h
tml
COMO SE FORMA UM FLUIDO HIDROTERMAL?

ÁGUA DO MAR
➢ 2°C
➢ Alcalino (pH ≈ 8)
FLUIDO HIDROTERMAL
➢ Caráter oxidante (SO42- → S2-)
➢ 350 °C
➢ Rico em Mg2+
➢ Ácido (pH ≈ 4)
➢ Pobre em metais
➢ Caráter redutor (S2-- →
➢ 3,2% eq. NaaCl
SO42-)
(salinidade água do mar)
➢ Pobre em Mg2+
➢ Rico em metais
➢ ≥3,2% eq. NaaCl
EXEMPLIFICANDO A ORIGEM DE FLUIDOS HIDROTERMAIS
ALGUNS SISTEMAS HIDROTERMAIS
OCEÂNICOS

FLUIDO HIDROTERMAL
... comparação composicional do fluido
proveniente de algumas fumarolas
oceânicas em diferentes ambientes
geológicos.

FONTE:
Tivey (2007), Oceanography, 20(1)
COMO SE FORMA UM FLUIDO HIDROTERMAL ?
1. Acidificação do fluido

2 Ca2+ + Fe3+ + 2 Al3+ + 3 SiO2 + 7 H2O → Ca2FeAl2Si3O12(OH) + 13 H+


Silicatos em rochas Acidificação
Fluido Epídoto
máficas

2. Caráter oxidado  reduzido

11 Fe2SiO4 + 2 SO42- + 4 H+ → FeS2 + 7 Fe3O4 + 11 SiO2 + 2 H2O


Minerais Fluido Pirita Magnetita
máficos

3. Hidrotermalismo (perda de Mg2+) ►► SISTEMA ABERTO

2 NaAlSi3O8 + 5 Mg2+ + 8 H2O → Mg5Al2Si3O10(OH)8 + 2 Na+ + 8 H+ + 3 SiO2


Albita Fluido Clorita Quartzo
CIRCULAÇÃO DE FLUIDOS NA CROSTA TERRESTRE
► Fluidos na litosfera são
partes integrantes de
processos metamórficos,
geração e migração de
magmas e diagênese.
→ 8,7 x 1011 kg/ano
(massa de H2O incorporada na
litosfera pela subducção da
crosta oceânica)

► Importante participação
nos processos
geodinâmicos de grande
escala.

IMPORTANTES NA FORMAÇÃO DE UMA AMPLA VARIEDADE DE SISTEMAS MINERAIS!


FLUIDOS NA CROSTA TERRESTRE
FLUIDO METEÓRICO

H2O superficial
Interação com as rochas ±
adição de gases S e CO2

Áreas de alto gradiente termal (atividade


vulcânica)
►► ambiente orogenético (margens
convergentes) e rift intracontinental.
FLUIDOS NA CROSTA TERRESTRE
FLUIDO BACINAL
Composição variável, mas geralmente
enriquecidos em Na-Ca-Cl
TDS (sais dissolvidos) 6,6 x
H2O do mar: origem da alta salinidade?

Evaporação da H2O do mar além do


ponto de saturação da halita (bittern)

Interação com evaporitos → dissolução da


halita.
Fe, Zn, Pb ►► Concentração de 103 a 106 mais
elevada que na H2O do mar

oil-field brines = origens diversas = H2O de


formação ou conata
FLUIDOS NA CROSTA TERRESTRE
FLUIDOS MAGMÁTICOS

White Island (Nova Zelândia)


FLUIDOS NA CROSTA TERRESTRE
FLUIDO MAGMÁTICO
Fluidos que se encontram em
equilíbrio químico, isotópico e
termal com um fundido silicático
(magma), sendo provenientes
diretamente de sua cristalização.

➢ Alta temperatura;
➢ Variada salinidade;
➢ Composições variadas;
➢ Variada concentração e
composição das fases voláteis.

Fonte:
Symonds (1992)
FLUIDOS NA CROSTA TERRESTRE
SALINIDADE DE FLUIDOS MAGMÁTICOS

Magmas félsicos
gradativamente geram
uma fase hidrotermal
residual, decorrente
de sua progressiva
cristalização.

Fonte:
Pirajno (2009)
FLUIDOS MAGMÁTICOS

Cristalização do magma granítico resulta na cristalização de Durante a cristalização, O MAGMA GRANÍTICO


minerais anidros, com progressivo aumento na CONCENTRAÇÃO PODE SE TORNAR SATURADO EM ÁGUA,
DE ELEMENTOS INCOMPATÍVEIS, SAIS, VOLÁTEIS E ÁGUA. formando uma fase aquosa distinta do
magma silicático.

FLUIDO MAGMÁTICO-HIDROTERMAL

Densidade da fase fluida é menor do que a


do magma e, portanto, o fluido tende a
ascender para as porções apicais da câmara
magmática.

AUMENTO DA PRESSÃO DE FLUIDO

CONCENTRAÇÃO, TRANSPORTE E PRECIPITAÇÃO


DE METAIS + ALTERAÇÃO HIDROTERMAL CIRCULAÇÃO DE FLUIDOS E
FONTE: Williams-Jones & Heinrich (2005) FRATURAMENTO HIDRÁULICO
FLUIDOS NA CROSTA TERRESTRE
SALINIDADE DE FLUIDOS MAGMÁTICOS

Variação da salinidade em fluidos


magmáticos, em função da pressão
e temperatura, no decorrer da
cristalização de um magma
granítico.

FONTE:
Bodnar (1992)
FLUIDOS NA CROSTA TERRESTRE
Variações
composicionais de
fluidos magmáticos

A composição e
percentuais dos
diversos componentes
(H2O, sais, voláteis) em
fluidos magmáticos
também são
controlados pela
profundidade de
cristalização de
magmas.
FONTE:
Baker (2002)
FLUIDOS NA CROSTA TERRESTRE
Aumento do grau metamórfico leva ás reações de mudanças de FLUIDOS DE ORIGEM
fáceis e, portanto, consumo dos minerais hidratados. METAMÓRFICA
Pirofilita

Biotita
Granada
FLUIDOS NA CROSTA TERRESTRE
FLUIDOS METAMÓRFICOS
DERIVADOS DE REAÇÕES METAMÓRFICAS (Reações de Pirofilita
Desidratação):
→ silicatos hidratados, carbonatos e sulfetos.
Al2Si4O10(OH)2  Al2SiO5 + 3 SiO2 + H2O
Pirofilita Ky/Andal Quartzo Fluido

KAl2Si3AlO10(OH)2 + SiO2  KAlSi3O8 + Al2SiO5 + H2O


Muscovita Quartzo K-felds Sill Fluido

DURANTE O METAMORFISMO PROGRESSIVO, FLUIDOS SÃO


Biotita
GERADOS: ❖ Por reações de desidratação
(reações que liberam OH- e/ou H2O) Granada
❖ Por reações de devolatilização
(reações que liberam CO2)
❖ Reações com carbonatos e sulfetos/sulfatos (liberam CO2 e
compostos de S)
FLUIDOS NA CROSTA TERRESTRE
COMPOSIÇÃO DOS FLUIDOS METAMÓRFICOS
H2O + (CO2 + CH4 + N2 + H2S) → Fluidos aquosos ricos em voláteis
Salinidades baixas: 5-6 % eq. NaCl (podem ser mais elevadas se houver evaporitos)
✓ Fluidos tendem a ser mais ricos em CO2 em fácies metamórficas mais elevadas (e.g.
granulito).

Volume de fluidos é maior na interface de fácies


metamórficas.
►►Mudança significativa na
composição modal.
• Fluxo máximo ~10-11 m3/m2/s (muito pequeno!) Duração << 1 Fluxo de fluido metamórfico
Ma. deve ser focalizado em
• Fluxo integrado no tempo é ~1000 X menor que o fluxo necessário estruturas para gerar
para formar depósitos (Cox, 1999). depósitos!
FLUIDOS NA CROSTA TERRESTRE
RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS
COMPOSICIONAIS

FONTE:
Sharma & Srivastava (2014)
FLUIDOS HIDROTERMAIS: CONCEITO!
SOLUÇÕES AQUOSAS

Soluções diluídas (0.2 - 0.5% solutos) a altamente concentradas (25%


solutos) ►►predominância de Na+ e Cl–

Salinidade
Muito baixa: 0,2-0,5%; Baixa: <5%; Moderada= 10-20%; Hipersalino = >50%

Temperatura variada: 50°C a >600°C

pH variado (ácido, neutro a levemente alcalino)

Voláteis (CO2, CH4, N2, H2S, etc.)


controlam o estado redox dos fluidos
Metais
complexos iônicos (e.g. Au(HS) –2 ; AuCl –2 )

NÃO TÊM IMPLICAÇÃO GENÉTICA!


FLUIDOS HIDROTERMAIS: CONCEITO!

Conexão/link genético?
► NÃO! É necessário entender a evolução geológica do terreno para, então, fazer qualquer
correlação!

Fonte de fluidos, fonte de metais e fonte de ligantes podem ser completamente


diferentes.
CIRCULAÇÃO DE FLUIDOS NA CROSTA TERRESTRE

Incremento da pressão durante compactação (bacias sedimentares) ou


deformação (orogênese)
CIRCULAÇÃO DE FLUIDOS NA CROSTA TERRESTRE
Transporte e precipitação de metais
FLUIDOS HIDROTERMAIS Alteração Hidrotermal.
Fluido Interação fluido-rocha

Mineral
Fluido

Mineral

Mineral
SOLUBILIDADE DE METAIS
Metais NÃO são transportados como íons simples
em fluidos hidrotermais

►►complexos iônicos
Disponibilidade de ligantes

Estabilidade de ligantes

solubilidade de metais

Cl- e HS- são os complexos ligantes mais importantes


►► ligantes para grande parte dos metais, em
particular Au e metais de base (Cu, Pb, Zn)
SOLUBILIDADE DE METAIS
“Corresponde ao limite superior da concentração de um metal dissolvido, que um fluido
hidrotermal pode transportar em solução.”
✓ Metais e minerais não são muito solúveis em água pura
✓ Necessidade de incrementar a solubilidade

CAPACIDADE DE UM LIGANTE DE FORMAR COMPLEXOS


AQUOSOS ADEQUADOS PARA O TRANSPORTE DE METAIS
DEPENDE DA SUA ATIVIDADE NA SOLUÇÃO:
1. Concentração total do ligante na solução (soluto) – Composição.
2. Temperatura
3. Ionicidade da solução (ionic strength)
4. pH
5. Estado de oxidação da solução
6. Pressão
7. Interação com as rochas encaixantes
SOLUBILIDADE DE METAIS
“Corresponde ao limite superior da concentração de um metal dissolvido, que um fluido
hidrotermal pode transportar em solução.”
✓ Metais e minerais não são muito solúveis em água pura
✓ Necessidade de incrementar a solubilidade

CONDIÇÕES DE PRECIPITAÇÃO (queda na solubilidade dos metais):


1. Redução da temperatura (resfriamento).
2. Diminuição da atividade dos ligantes formadores dos
complexos.
3. Aumento da atividade de S2 (enxofre).

Com menor importância, teríamos:


4. Adição de metais.
5. Diminuição da pressão
SOLUBILIDADE DE METAIS
TRANSPORTE DE METAIS
Para que os metais
possam ser
transportados por
fluidos hidrotermais, é
necessário que sua
solubilidade seja alta.

As curvas de
solubilidade irão
indicar o
comportamento da
solubilidade do metal
em função de diversos
fatores.
Estabilidade de ligantes
►►T, P, pH, salinidade e composição
SOLUBILIDADE DE METAIS EM FLUIDOS HIDROTERMAIS
A TEMPERATURA

Em sistemas hidrotermais, a
solubilidade dos metais é, no
geral, diretamente
proporcional a temperatura.
(aumenta com o incremento da
temperatura).
SOLUBILIDADE DE METAIS EM FLUIDOS HIDROTERMAIS
PRECIPITAÇÃO DE METAIS

Para precipitar sulfeto (MeS)


►► Nas equações que ilustram as reações químicas, deve ocorrer o deslocamento da reação para
a direita (direção dos produtos: precipitação → formação de minerais)

Precipitação a partir de complexos cloretados (com Cl–)

MeCl2(aq) + H2S(aq) => MeS + 2 H+ + 2 Cl– Onde:


Me = Metal

* Aumento da concentração de H2S (ou da atividade de S2)


* Aumento do pH
PRECISA OCORRER:
* Diminuição da atividade do Cl–
* Diminuição da temperatura
SOLUBILIDADE DE METAIS EM FLUIDOS HIDROTERMAIS
PRECIPITAÇÃO DE METAIS

Para precipitar sulfeto (MeS)


►► Nas equações que ilustram as reações químicas, deve ocorrer o deslocamento da reação para
a direita (direção dos produtos: precipitação → formação de minerais)

Precipitação a partir de tiocomplexos (com enxofre)

Me(HS)–3 => MeS + 2 HS– + H2S Onde:


Me = Metal
H2S + 2 O2 => H+ + HSO4 –

* Diluição da solução
* Diminuição do pH
PRECISA OCORRER: * Redução
* Redução da T e P
SOLUBILIDADE DE METAIS EM FLUIDOS HIDROTERMAIS
A solubilidade do ouro (Au)
4 Au(HS)2- + 2 H2O + 4 H+ = 4 Au0 + 8 H2S + O2
4 AuCl2- + 2 H2O = 4 Au0 + 4 H+ + 8 Cl- + O2

Temperatura

fO2
Sentido: cima → baixo
Temperatura

pH
Sentido: direita → esquerda
FONTE:
Seward (1982) e Brown (1986)
SOLUBILIDADE DE METAIS EM FLUIDOS HIDROTERMAIS
A solubilidade dos metais base (Cu – Pb – Zn)

Cobre
Temperatura

X pH

Chumbo –
Zinco
X Temperatura
pH
SOLUBILIDADE DE METAIS EM FLUIDOS HIDROTERMAIS
A solubilidade do cobre (Cu)

Temperatura pH Queda da
Variações nesses fatores levam à...
solubilidade Cu
Pressão Salinidade
SOLUBILIDADE DE METAIS EM FLUIDOS HIDROTERMAIS
A importante solubilidade do enxofre
CuCl2– + FeCl2° + 2H2S + ¼ O2 ↔ CuFeS2 + 3H+ + 4Cl– + ½ H2O

Enxofre é necessário para a


precipitação de uma amplo conjunto
de metais (na forma de sulfetos)

Sem enxofre em quantidade


suficiente, metais tendem a
permanecer em solução
CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE FLUIDOS HIDROTERMAIS
Dissolução química de elementos traço
PARA FORMAR UM (metais) de um grande volume de rochas
DEPÓSITO MINERAL: (10-1000 km3)

Precipitação química de
(1) fluxo de fluidos por minerais de minério, em
local restrito, com
grandes volumes de rochas; formação de depósito
mineral (< 1 Km3)
(2) razão fluido/rocha
adequada;
(3) fluxo para ambientes
confinados;
(4) mecanismos eficientes
para reduzir a solubilidade
dos metais. Migração do fluido e sua canalização ao longo de estruturas na
crosta (e.g. falhas, zonas de cisalhamento)
Alteração Hidrotermal
FLUIDOS HIDROTERMAIS Estilos hidrotermais e do minério
ALTERAÇÃO HIDROTERMAL
► SOLUÇÕES HIDROTERMAIS EVOLUEM QUÍMICA E ISOTOPICAMENTE NA
CROSTA TERRESTRE:
►► reações com as rochas encaixantes, separação de fases, mistura de
fluidos, etc...
►► Constituintes das soluções hidrotermais podem ser provenientes de
diversas fontes.

► Para formar um depósito mineral:


►► (1) circular por grandes volumes de rochas a uma razão fluido/rocha
adequada; (2) fluir para ambientes confinados; (3) mecanismos de precipitação
de metais.

► Tipos de depósitos mineral:


→ depende da composição da solução, onde e como a precipitação ocorre.

Implicações no modelo genético


ALTERAÇÃO HIDROTERMAL

➢ Em depósitos hidrotermais as rochas hospedeiras geralmente


mostram efeitos de reação com os fluidos hidrotermais.
➢ Rocha e fluido procuram atingir o equilíbrio químico.
➢ Resultado e um halo/envelope ou zona de alteração.
➢ Concentra-se em regiões da crosta onde ocorrem grandes
movimentações de fluidos hidrotermais.
➢ A extensão da alteração pode ser medida de mm's a km's.
ALTERAÇÃO HIDROTERMAL
Podem envolver mudanças na:
(1) cor, (2) textura, (3) mineralogia, (4) química da rocha (balanço de massa).

Tonalito potassificado e Cloritiz ado e Alteração com


Tonalito com alteração a epídoto Cloritiz ado Alt. potássica mus-qtz -py
A alteração hidrotermal pode ser observadas em todas as escalas
(microscópica)
LEGENDA FOTO ANTERIOR: (A) Visão geral de um corte em depósito
aurífero de Peixoto de Azevedo (MT) onde se observa o zoneamento da
alteração hidrotermal em função de uma possível zona de falhas que
transpassa vulcanoclástica epiclástica (1) e uma rocha de composição
granítica (biotita-hornblenda granodiorito?) (5). Da esquerda para a direita,
observa-se: (1) vulcanoclástica; (2) halo de alteração hidrotermal com
quartzo + sericítica, além de boxworks de pirita; (Assis, 2011).
A alteração hidrotermal pode ser observadas
em todas as escalas (macroscópica)
A alteração hidrotermal pode ser
observadas em todas as escalas
(macroscópica)
A alteração hidrotermal pode ser observadas em (A) Visão geral de um corte em
depósito aurífero de Peixoto de
Azevedo (MT) onde se observa o
zoneamento da alteração hidrotermal
em função de uma possível zona de
falhas que transpassa vulcanoclástica
epiclástica (1) e uma rocha de
composição granítica (biotita-
todas as escalas!

hornblenda granodiorito?) (5). Da


esquerda para a direita, observa-se: (1)
vulcanoclástica; (2) halo de alteração
hidrotermal com quartzo + sericítica,
além de boxworks de pirita; (3)
alteração argílica; (4) Veio de quartzo
com sericita associada; (5) saprolito do
tipo saibro (biotita-hornblenda
granodiorito intemperizado) com
setores hidrotermalizados a quartzo
fino + sericita; (B) Corte de trincheira
em que é possível observar a alteração
argílica como faixas de tonalidade
amarelo-alaranjadas (setas).
ESTILOS HIDROTERMAIS
ESTILO PERVASIVO:
Alteração hidrotermal ocorre de modo relativamente homogêneo pela trama da rocha.
ESTILOS HIDROTERMAIS
ESTILO CONFINADO:
Fluidos hidrotermais podem ser canalizados por estruturas rúpteis, o que permite seu
preenchimento por minerais formados a partir do fluido. Minerais estão confinados/limitados a tais
estruturas (e.g. falhas, fraturas).
ESTILOS DO MINÉRIO
MINÉRIO DISSEMINADO:
Ocorre disperso pela trama da rocha, em conjunto à
alteração de estilo pervasivo.
ESTILOS DO MINÉRIO

MINÉRIO VENULAR:
O minério está restrito/limitado a
estruturas rúpteis (e.g. vênulas, veios).
MINÉRIO
DISSEMINADO E
VENULAR

Pirita (com inclusões


de Au) disseminada e
venular (Depósito
aurífero Pé Quente,
Peixoto de Azevedo,
MT)
ESTILOS DO MINÉRIO
MINÉRIO BRECHADO:
O minério corresponde a uma rocha formada de fragmentos de variadas dimensões e formatos,
derivados da elevada pressão de fluidos do sistema.

Os fragmentos estão dispersos em uma


matriz constituída por minerais hidrotermais
(silicatos, óxidos, sulfetos, sulfatos, etc). Os
minerais de minério estão usualmente
dispersos na matriz da rocha.

Brecha mineralizada (Corpo Sequeirinho, Carajás) ▲


ESTILOS DO MINÉRIO
MINÉRIO FILONIANO:
A zona mineralizada ocorre confinada a veios de espessura centimétrica a métrica, que
podem se ramificar.

◄ Minério filonar
representado por veio
centimétrico de quartzo
+ pirita + calcopirita,
encaixado em
anfibolito. O Ouro
ocorre incluso nos
sulfetos (depósito
aurífero do Paraíba,
Peixoto de Azevedo,
MT).
ESTILOS DO MINÉRIO
MINÉRIO EM STOCKWORK:
Zona mineralizada está confinada a um sistema multidirecional de
vênulas e/ou veios, de variadas dimensões, espessuras e densidade.

▲ Molybdenite (MoS2) in silicified


breccia at the Climax porphyry deposit
(Colorado, USA).
▲ Gold vein stockwork in liminite (Gold Flake
Vein, Farncomb Hill, near Breckenridge, Native copper stockork in skarn rock (Madison Gold Skarn
Colorado, USA) deposit, Late Cretaceous, MOntana, USA) ▲
EVOLUÇÃO
PARAGENÉTICA
DO SISTEMA
HIDROTERMAL

Quadro de geração dos


diversos minerais
hidrotermais em função
do tempo (evolução
temporal do sistema).
→ Permite compreensão da
evolução mineralógica e,
Minério portanto, físico-química do
fluido;

FONTE: Moreto et al. (2011)


https://link.springer.com/article/10.1007/s00
126-011-0352-9
EVOLUÇÃO PARAGENÉTICA DO SISTEMA HIDROTERMAL
FONTE: Wu et al
(2018)
https://www.scien
cedirect.com/scien
ce/article/pii/S016
9136816302359#f0
020

→ Permite compreensão da evolução mineralógica e, portanto, físico-química do fluido;


→ Permite a melhor amostragem e posicionamento temporal das amostras analisadas (e.g. inclusões
fluidas, isótopos estáveis, química mineral, etc.)

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