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Meteorização e Erosão

Definições
• Meteorização: O conjunto de todos os processos de deterioração e
destruição das rochas por uma combinação da fracturação física e
alteração química

• Erosão: O conjunto de todos os processos pelos quais fragmentos de


solo ou rochas são soltos e levados encosta abaixo ou arrastados pelo
vento.

• Rególito: A camada de material heterogéneo solto que permanece sobre


os afloramentos; inclui o solo e fragmentos sãos da rocha mãe.

• Solo: O topo de um bocado de rególito que contém areia, argila e húmus


com exclusão dos fragmentos maiores de rochas não meteorizadas.
Solos
• O material que fica sobre as
rochas após a meteorização
chama-se rególito;

• A camada superior de
rególito é tipicamente solo e
apresenta perfis distintos
dependendo de:
– Pluviosidade
– Temperatura
– Tipo de rocha-mãe
– Topografia
– Vegetação, etc…
Meteorização
• Meteorização é qualquer
processo que eventualmente
altere ou fragmente a rocha.
Tipos de Meteorização

• Meteorização Física (mecânica)


• Meteorização Química
• Meteorização Biológica (física e química)

A distinção entre estes 3 tipos de meteorização é puramente


artificial. Eles estão intimamente ligados.
Meteorização
Física

Arches Nat. Monument

• A Meteorização Física fratura e fragmenta as rochas, aumentando a


área de exposição, facilitando a meteorização química.
Volume vs. Área Superficial

Quanto menor o tamanho dos


cristais, maior a área disponível
para ser sujeita a alteração (para
o mesmo volume de mineral)
Zonas de Fraqueza Naturais

• A meteorização física começa


pelas partes mais fracas da
rocha:
– Planos de estratificação
– Fracturas
– Planos de dissolução de
cimentos solúveis.
• Em alguns climas a cunha de congelamento pode
dominar o regime de meteorização.
Crescimento de cristais estranhos: gelo
Cunha de Congelamento
• Quando a água congela ela expande-se e exerce forças
poderosas sobre as paredes - suficientes para fracturar a rocha.

A água aumenta cerca de 9% de volume ao congelar.


Termoclastia:
• A termoclastia ocorre durante os ciclos de aquecimento-arrefecimento,
particularmente nos climas desérticos com amplitudes térmicas superiores a
25oC entre o dia e a noite
• A composição mineralógica da rocha é importante.
Nas rochas poliminerálicas:
– a variação dos coeficientes de dilatação nos diferentes minerais gera tensões
complexas provocando o aparecimento de microfracturas
– As diferentes cores dos minerais contribuem para um aquecimento desigual da
superfície da rocha.
Exfoliação & Meteorização Esferoidal:
•Ocorre a uma grande variedade de escalas, de um simples bloco a um domo
granítico.
•Exfoliação é quando grandes folhas de rocha planas ou curvas se destacam de
um afloramento.
•O mecanismo não é bem conhecido, mas resultará provavelmente de uma
combinação de tensões físicas e meteorização química.

photo:
R. Reed
Meteorização Química
TERMODINÂMICA – aborda a estabilidade de qualquer fase
ou grupo de fases sob determinadas condições (temperatura,
pressão, níveis de oxigénio, soluções aquosas, etc.).
CINÉTICA – aborda as taxas às quais as reacções se
processarão.

Minerais estáveis sob as


condições de formação são
muitas vezes instáveis à
superfície da Terra:
A sua persistência deve-se
à lentidão das reacções.
Meteorização Química

• A Meteorização Química envolve a


dissolução ou transformação de
minerais. As reacções primárias são:

Dissolução:
NaCl  Na+ + Cl-.

Carbonatação:
CaCO3 + H+  Ca2+ + HCO3-
Oxidação
Ação do O2 atmosférico sobre os
iões de Fe, Mg, S…

Hidrólise:
Feldspato-K + H2O  Argila + SiO2
Meteorização Química
Dissolução
Muitos minerais são solúveis na água, sobretudo os sais.

Importante no sal-gema, sais de potássio, magnésio e gesso.

NaCl pode manter-se muito tempo nas regiões áridas.

Também ocorre dissolução subaquática e subterrânea do NaCl.

As salinas de Rio Maior são um bom exemplo.


Meteorização Química
Carbonatação

O calcário é quase insolúvel em água pura; dissolve-se em


quantidade considerável quando a água contém dióxido de carbono.

CO2 + H2O  H2CO3 (ácido carbónico; ácido fraco)

A água da chuva é sempre ligeiramente ácida; o CO2 é dissolvido na


atmosfera.

A acidez aumenta quando a água penetra no solo; o solo é rico em


CO2 (decomposição dos tecidos vegetais).
Meteorização Química
Carbonatação

A carbonatação é a reação entre o ácido carbónico e os minerais.

A carbonatação será mais intensa nas rochas carbonatadas, tal


como o calcário.

CaCO3 + H2CO3  Ca2+ + 2HCO3-


calcite + ácido carbónico = iões de cálcio e de bicarbonato em
solução

O bicarbonato de cálcio é cerca de 30 vezes mais solúvel em água


do que o carbonato de cálcio.
Meteorização Química
Carbonatação

O efeito da meteorização aumenta com o abaixamento da


temperatura; > CO2 dissolvido; >ácido carbónico; > bicarbonato

A pressão elevada intensifica a dissolução do CO2.

P;  T; evaporação – causam sobressaturação e precipitação de


algum calcário.

Estalactites, estalagmites e outras formações por gotejamento são


consideradas como resultando apenas da evaporação.
Meteorização Química
Carbonatação

O ar das cavernas é muito húmido  evaporação pequena

A água subterrânea move-se sob pressão; ao encontrar o ar livre da


caverna perde algum CO2.

2HCO3-  CaCO3
bicarbonato carbonato
de cálcio de cálcio

O calcário faz a água “dura”; esta “dureza” desaparece com o


aquecimento; a solubilidade do CO2 na água é insignificante.
Meteorização Química
Carbonatação
A erosão das rochas calcárias começa nas fracturas; vão sendo
alargadas e transformadas em poços e galerias.

Hollock (Suiça) - 74 km; Carlsbad (EUA) - 53 km; Kras-Karst


(Eslovénia) - paisagens de dissolução em calcários (zonas kársticas,
kársicas ou cársicas).
Meteorização Química
Oxidação

Pela ação do oxigénio da atmosfera oxidam-se numerosos minerais


(ferro, magnésio, compostos de enxofre)

Fe, Mg, S Oxidação

O2 atmosfera H2O humidade

Subst. orgânicas decomp. subst. voláteis

piroxenas
anfíbolas Limonite (Fe2O3.H2O)
olivina
biotite Fe2+  Fe3+
magnetite Hematite (Fe2O3)
pirite
Meteorização Química
Oxidação

O ferro bivalente passa a trivalente, na presença de oxigénio, na


forma de limonite e hematite; estes minerais têm cor vermelha ou
castanho-ferrugem.

Colorações acastanhadas em arenitos, calcários,…, indicam


meteorização por oxidação.

Em climas temperados húmidos as zonas de oxidação têm


profundidades de 30-50 m; em climas áridos (nível hidrostático
profundo) atingem profundidades superiores a 100 m.
Meteorização Química
Oxidação
Meteorização Química
Hidrólise
A decomposição dos silicatos (feldspatos, micas, anfíbolas,
piroxenas) realiza-se por hidrólise, i.e., por ação da água
dissociada.

A dissociação da água ocorre em quantidades insignificantes;


aumenta com a temperatura; pode atuar durante muito tempo
nos processos geológicos.

Qualquer reação que aumente a concentração de H+ na água


torna mais eficiente a hidrólise.

CO2 + H2O  H2CO3  H+ + HCO-3


ácido carbónico hidrogénio + bicarbonato
Meteorização Química
Hidrólise

Mg2SiO4 + 4H+ + 4OH-  2Mg2+ + 4OH- + H4SiO4


Olivina água ionizada iões em solução ácido silícico em solução

O mineral é inteiramente “dissolvido”; a quantidade de ácido silícico


é muito reduzida; considera-se a solução como sílica (SiO2)
dissolvida em água.

A reação mais comum é a hidrólise dos feldspatos por ácido


carbónico.

2KAlSi3O8 + 2H2CO3 + 9H2O  Al2Si2O5(OH)4 + 4H4SiO4 + 2K+ + 2HCO-3


ortoclase caulinite

Caulinização de um feldspato
Meteorização Química
Hidrólise
Os feldspatos de Na e Ca (plagioclases) são mais facilmente
hidrolisados em águas ácidas do que os restantes feldspatos.

A hidrólise dos feldspatos em águas carbonatadas dará três


produtos finais:
• um mineral argiloso (residual)
• sílica em solução
• carbonato ou bicarbonato de K, Na, Ca em solução
Meteorização Química
Hidrólise

A maior parte do K é adsorvido por minerais argilosos ou usados


pelas plantas.

Por isso as águas (rios e mar) possuem menos K do que seria


esperado da quantidade de ortoclase meteorizada.

O Na acumula-se no mar; a maior parte do Ca e HCO3 são utilizados


pelos organismos marinhos (conchas, esqueletos,…).
Cinética de Alteração dos minerais

A Série de Goldich (Figura) indica a ordem de alterabilidade dos


minerais. Quanto mais elevada a temperatura a que se formam
(cristalizam) mais instáveis são quando se encontram à superfície.

> Temperatura
de cristalização
Mais susceptíveis à alteração
1os minerais a
formarem-se 1os minerais a
alterarem-se

< Susceptibilidade
à alteração

minerais pouco
últimos minerais a alteráveis
formarem-se
Menos susceptíveis à alteração
Meteorização Biológica
Trata-se de uma meteorização física e química.
• Os organismos (bactérias, liquenes, etc) podem acelerar a
meteorização por ambos os processos:
destruição física causada pelas raízes e rápida dissolução química.

Os líquenes atacam a rocha através As bactérias transformaam os


do ácido carbónico que eliminam. resíduos vegetais em húmus
Meteorização Química de um Granito
(Silicatos)
Meteorização
Química do Feldspato:
2KAlSi3O8 + 2H+ + 9H2O 
Al2Si2O5(OH)4 + 2K+ + 4H4SiO4
Silicatos portadores de Ferro
• Os silicatos com Fe meteorizam-se
por reacções de Dissolução e Redox:

– O mineral dissolve-se para libertar


o ferro ferroso Fe2+;

– Fe2+ é oxidado pelo oxigénio O2


para formar óxidos de ferro férrico
(Fe3+). Por ex: Fe2O3.
Produtos de alteração dos minerais:
Mineral original Produtos de alteração

Silicatos c/ Ferro Minerais de argila e Óxidos de Ferro


Piroxena, Olivina, Anfíbola, Biotite

Feldspato Minerais de argila e iões K+, Na+, Ca2+


Feldspato potássico, Plagioclases

Moscovite (Mica Branca) Minerais de argila e iões K+


Quartzo Quartzo
Calcite Iões Ca2+ e HCO3-

Minerais Ferromagnesianos (Olivina, Biotite, …) – alteram-se para argilas e óxidos de Ferro


praticamente insolúveis, por exemplo hematite, limonite.

Feldspatos e Moscovite– alteram-se em minerais de argila e os catiões de Na, Ca, e K ficam em


solução. Os minerais de argila que se podem formar incluem caulinite (silicato de alumínio puro),
ilite e montmorilonite.

Quartzo – processo muito lento. Quartzo permanece insolúvel. Os grãos ficam arredondados.

A dissolução dos carbonatos (por ex: calcite CaCO3, ou Dolomite CaMg(CO3)2 dá origem a iões de
Ca2+, Mg2+ e HCO3- que ficam em solução nas águas de escorrência
Minerais de argila
-Os minerals de argila são filosilicatos de aluminio hidratados, por vezes com
quantidades variáveis de ferro, magnésio, metais alcalinos, e outros catiões.

-Têm estruturas similares às das micas formando folhas hexagonais.

- São comuns produtos de alteração (por exemplo da alteração do feldspato).

- São muito frequentes em rochas sedimentares de grão fino, tais como argilitos e
siltitos e em rochas metamórficas de grão fino, tais como ardósias e filitos.
Também são frequentes como parte integrante da formação de solos.
Os minerais de argila dividem-se nos seguintes grupos:

•Grupo da Caulinite - grupo que inclui os minerais: Caulinite, Dickite, Haloysite e


Nacrite;
Caulinite Al2Si2O5(OH)4

Grupo da Esmectite - inclui pirofilite, talco, vermiculite, sauconite, saponite,


nontronite e montmorilonite;

Montmorilonite: (Na,Ca) (Al,Mg)2(Si4O10)(OH)2·nH2O


0.33

•Grupo da Ilite - inclui as micas-argilosas. A Ilite é o único mineral comum; são


argilas não expansivas;
Ilite (argila não expansiva)
(K,H3O)(Al,Mg,Fe)2(Si,Al)4O10[(OH)2,(H2O)]

•Grupo da Clorite - inclui uma grande variedade de minerais semelhantes com


considerável variação na composição química

Clorite (Mg,Fe)3(Si,Al)4O10(OH)2(Mg,Fe)3(OH)6
Caulinite
 usada em tintas, papel, industria farmacêutica, etc.

Al
Si
Tipicamente
70-100 Al
0.72 nm
camadas Si
Al
unidas por ligações de H
(fortes) Si
Al unidas por
partilha de
Si
oxigénios
Montmorilonite
 também conhecida por esmectite; expande em contacto com
água
Si
Al
Si

Si
separadas Al 0.96 nm
facilmente pela Si
água
Si
unidas por ligações de
van der Waal’s (fracas) Al
Si 40
Ilite
Si
Al
Si
unidas por iões K+
Si
situados nos anéis 0.96 nm
hexagonais das folhas Al
tetraédricas Si

Si
Al
Si
41
Possíveis minerais de argila
resultantes da alteração de um
Feldspato sódico (Albite):

Albite Montmorilonite
3NaAlSi3O8  Mg2  4 H 2O 
 2 Na0.5Al15. Mg0.5Si4O10 (OH) 2  2Na  H 4SiO4

Albite Caulinite

 Al2Si2O5 (OH) 4  2 Na  4H 4SiO4
2 NaAlSi3O8  2 H  9 H2O 

Albite Gibsite
NaAlSi3O8  H   7 H2 O 
 Al(OH) 3  Na  3H4SiO4
O tipo de argilas neoformadas durante a dissolução dos feldspatos depende:
► Da concentração de iões na solução:
- Quando os catiões básicos e a sílica são abundantes, a formação de montmorilonite
é favorecida;
- Quando as concentrações são fracas é comum o aparecimento de argilas mais
pobres em sílica e em catiões, tais como a caulinite e a gibsite (Tardy 1969).

Variações da razão Si/Al dos minerais de argila

A sequência montmorilonite  caulinite  gibsite, corresponde a diferentes


intensidades de lixiviação da sílica.
-Em meios confinantes (pouca água da chuva), em que a taxa de fluxo do
solo é baixa e em que estejam presentes materiais facilmente solúveis (em
especial rochas vulcânicas), os termos argilosos mais siliciosos e menos
lixiviados em bases - tal como a montmorilonite - são favorecidos.

-Em meios lixiviantes (muita água da chuva), são mais estáveis os termos
mais pobres em sílica e com menos catiões básicos - a caulinite. Também a
gibsite é característica de meios com boa drenagem, particularmente em
regiões tropicais, com chuva intensa.

-Desta forma verifica-se que o tipo de mineral de argila que se forma


depende da taxa de alteração do mineral, bem como das condições
hidrológicas do meio.
• Todas as rochas se meteorizam quando são expostas à
atmosfera e a fluidos aquosos, (fluidos à base de água) com
taxas/graus controlados por:

– propriedades da rocha,

– pluviosidade e temperatura,

– presença ou ausência de solo,

– duração da exposição às soluções aquosas e ar,

– topografia
Meteorização: fatores externos
Solo

O solo, um produto da meteorização, favorece a


meteorização física e química.

Cria um ambiente húmido e ácido que favorece a


meteorização. A vegetação, bactérias e animais são os
responsáveis pela acidez, enquanto que as raízes facilitam
a meteorização física.

Quanto maior a espessura do solo maior a retenção de


água e a ação dos organismos vivos, o que contribui para
uma maior alteração das rochas subjacentes.
Meteorização: fatores externos
Tempo

Quanto mais tempo a rocha está sujeita aos agentes


meteóricos maior a sua meteorização.
- lápides
- monumentos
Meteorização: fatores externos
Topografia
> Inclinação
> erosão
< água retida
< met. química
Mapa dos
Processos de
Meteorização:
Solos
• O material que fica sobre as
rochas após a meteorização
chama-se rególito;

• A camada superior de
rególito é tipicamente solo e
apresenta perfis distintos
dependendo de:
– Pluviosidade
– Temperatura
– Rocha-mãe
– Vegetação

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