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MARLLUS ALVARENGA COSTA

ANÁLISE MICROBILÓGICA IN VITRO DO SELAMENTO BACTERIANO PROMOVIDO


POR COMPONENTES CIMENTADOS E PARAFUSADOS EM IMPLANTES CURTOS
COM A CONEXÃO DO TIPO MORSE SUBMETIDOS A CARGA FUNCIOAL.

CAMPINAS
2022
MARLLUS ALVARENGA COSTA

ANÁLISE MICROBILÓGICA IN VITRO DO SELAMENTO BACTERIANO PROMOVIDO


POR COMPONENTES CIMENTADOS E PARAFUSADOS EM IMPLANTES CURTOS
COM A CONEXÃO DO TIPO MORSE SUBMETIDOS A CARGA FUNCIOAL.

Disertação apresentada ao Centro de Pós-


Graduação / CPO São Leopoldo Mandic, para
obtenção do título Mestre em Odontologia.
Área de Concentração: Periodontia
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Henrique
Napimoga

CAMPINAS
2022

C.P.O. - CENTRO DE PESQUISAS ODONTOLÓGICAS


SÃO LEOPOLDO MANDIC

Folha de Aprovação
PARA:

Curso: Mestrado em Odontologia - área de concentração: Implantodontia

Título da Dissertação ou Tese:

Data defesa: ....................................................

Informamos que aquela dissertação ou tese acima apontada foi apresentada por seu
titular a Diretoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão, perante a Comissão
examinadora abaixo nominada, e cumpriu todas as exigências feitas por aquela Comissão
tendo sido aprovada e recebido a competente liberação sob a supervisão da docência da
orientação.

Campinas, 03 de novembro de 2021

Prof. Dr. Marcelo Napimoga


Membro

Prof. Dra.xxxx
Membro

Prof. Dra. xxxx

Membro
Dedicatória

Dedico este trabalho Àquele que merece toda honra, toda glória, todo louvor e toda
adoração. Meu Senhor e Salvador Jesus Cristo. À Ele, toda minha vida.

Dedico a minha mãezinha querida, que com seus laços e amor e madrugadas de oração,
me cerca com tamanho cuidado.

Dedico a minha amada esposa Mirella e minhas filhas, Giulia, Giovana e Manuella que
com toda paciência e amor me apoiam, e que são a razão do meu viver.

Dedico aos meus companheiros, que juntos trilhamos nessa caminhada (Cezanne), em
especial, Elder Dangelis Brito, sócio, amigo e irmão que me incentiva todos os dias a ser
melhor.

Dedico aos meus colaboradores, que na minha ausência não deixaram faltar em nada,
seja de suporte, cuidados e excelência aos meus pacientes.

Mas em especial, e com lágrimas no rosto, ao meu pai Jenilson Alvarenga Costa (in
memorian), que antes que algo passasse na minha cabeça, ja tinha sonhado os meus
sonhos, e mais que eu nesse momento, estaria radiante com essa vitória. Essa é pra vc
paizinho.
Agradecimentos

Gostaria de agradecer ao meu orientador, Marcelo Henrique Napimoga, que foi e é um


exemplo de professor, no cuidado, na disciplina, na seriedade e sobretudo na capacidade
de me guiar num caminho desconhecido. Obrigado Mestre, você é luz num dia escuro.

À Faculdade São Leopoldo Mandic, na pessoa do Magnífico Diretor Geral Prof. Dr. José
Luiz Cintra Junqueira.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio


financeiro oferecido para realização desta pesquisa por meio do acesso ao Portal de
Periódicos.
Epígrafe

Stay hungry, Stay Foolish

Steve Jobs
RESUMO

A perda óssea marginal é um processo indesejável de reabsorção óssea que


ocorre após a exposição do implante a cavidade bucal. A etiologia desta remodelação
inicial é desconhecida e várias causas possíveis foram consideradas. Uma delas é a
colonização bacteriana no micro espaço entre a conexão implante-pilar podendo resultar
em reações inflamatórias perimplantares causadas pela passagem de ácidos, enzimas,
bactérias e/ou seus produtos metabólicos que afetam diretamente o tecido periodontal,
causando sangramento, inchaço e odor, subsequentemente, perda do osso de suporte.
Em implantes curtos esse panorama pode ser ainda mais deletério, por isso o objetivo
deste trabalho foi avaliar por meio de análise microbiológica in vitro, a capacidade de
selamento bacteriano de implantes curtos com conexão tipo interna cônica submetidos a
cargas funcionais. Para isso foram avaliados os modelos de implantes Unitite compact
fabricados e comercializados no Brasil pela marca: SIN Sistema de implantes. Foram
utilizados 2 conjuntos de 18 implante de 5x6mm + pilares da Empresa SIN (universal e
multifuncional). Foram avaliadas as distância entre o abutment até o implante antes e
depois da ciclagem em ambos os grupos, os quais foram submetidos à 500 mil ciclos no
sentido axial. Cada conjunto de implante + abutment (estéril) foi introduzido em um tubo
de ensaio contendo cepa viável da E coli. Após a descontaminação externa, verificou-se a
percolação bacteriana dentro dos implantes com a remoção dos abutment. Resultados: A
falha no selamento da interface foi verifcado pela turbidez na cultura em 12/18 (66,7%) no
grupo do abutment universal e 9/18 (50%) no grupo do abutment multifuncional (Teste
binomial sendo obtido o valor de p = 0,311, o que demonstra que não existe diferença
entre grupos quanto à proporção de amostras contaminadas e não contaminadas).
Conclusão: Após ciclagem houve redução no gap entre abutment e implante em ambos
os grupos. A despeito da diminuição do gap, ambos os grupos tiveram alta taxa de
contaminação. Palavras chaves: Implantes curtos,
selamento bacteriano.
ABSTRACT

Marginal bone loss is an undesirable process of bone resorption that occurs after
implant exposure to the oral cavity. The etiology of this initial remodeling is unknown and
several possible causes have been considered. One of them is bacterial colonization in the
micro gap between the implant-abutment connection, which can result in peri-implant
inflammatory reactions caused by the passage of acids, enzymes, bacteria and/or their
metabolic products that directly affect the periodontal tissue, causing bleeding, swelling
and odor, subsequently, loss of supporting bone. In short implants this scenario can be
even more deleterious, the objective of this work was to evaluate, through in vitro
microbiological analysis, the bacterial sealing capacity of short implants with morse type
connection subjected to functional loads. For this, the models of Unitite compact implants
manufactured and marketed in Brazil by the Company: SIN Implant System were
evaluated. Two sets of 18 5x6mm implants + abutments from the SIN Company (universal
and multifunctional) were used. The distance between the abutment and the implant was
evaluated before and after cycling in both groups, which were submitted to 500,000 cycles
in the axial direction. Each implant + abutment set (sterile) was introduced into a test tube
containing a viable strain of E coli. After external decontamination, bacterial percolation
inside the implants was verified with the removal of the abutment. Results: Failure to seal
the interface was verified by turbidity in the culture in 12/18 (66.7%) in the universal
abutment group and 9/18 (50%) in the multifunctional abutment group (Binomial test being
obtained the value of p = 0.311, which demonstrates that there is no difference between
groups regarding the proportion of contaminated and non-contaminated samples).
Conclusion: After cycling, there was a reduction in the gap between abutment and
implant in both groups. Despite the decrease in the gap, both groups had a high rate of
contamination. Palavras chaves: Short implants, bactérias sealing.
Divulgação de transferência de conhecimento

Pequenos fatores quando somados, podem resultar em grandes defeitos para quem

precisa de implantes dentários. Um desse fatores é a presença bacteriana no conjunto

pilar/implante. Através da ciência, a industria busca o desenvolvimento de produtos para

evitar insucessos desse tipo. Esse trabalho, visa a validação técnica de um produto

lançado, onde avaliamos se a fenda entre o implante e o pilar no qual se adapta a

protese, permite a passagem de microrganismos gerando uma potencial contaminação.

Este implantes curtos testados, demonstraram uma elevada taxa de contaminação.


1

TERMO ADITIVO
2 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho foi avaliar por meio de análise microbiológica in vitro, a

capacidade de selamento bacteriano de dois pilares (cimentado e parafusado) em

implantes curtos com conexão tipo interna cônica submetidos a cargas funcionais.
INTRODUÇÃO

O uso de implantes dentários é considerado uma das opções de tratamento mais

confiáveis e previsíveis para restaurar pacientes desdentados parcial e total. Assim, a

Odontologia contemporânea é caracterizada pelo uso em larga escala de implantes e

restaurações implanto-suportadas, que demonstram resultados previsíveis ao longo prazo

com altas taxas de sobrevivência bem demonstradas na literatura, tanto do ponto de vista

funcional, estético e de total saúde perimplantar (BUSER et al., 2012; BERGLUNDH et al.,

2002).

No entanto, um processo indesejável de reabsorção óssea, denominado perda

óssea marginal, ocorre após a exposição do implante a cavidade bucal. A etiologia desta

remodelação inicial é desconhecida e várias causas possíveis foram consideradas.

Um grande número de fatores etiológicos podem estar associados ao pacientes e

podem levar as deficiências de tecidos mole e duro. Esses fatores incluem: 1) doenças

sistêmicas e condições dos pacientes; 2) medicamentos sistêmicos; 3) processos de

cicatrização de tecidos; 4) renovação e resposta do tecido às intervenções clínicas; 5)

trauma em estruturas orofaciais; 6) doenças locais que afetam os dentes, o periodonto, o

osso e a mucosa; 7) fatores biomecânicos; 8) morfologia e fenótipo do tecido peri-

implantar. Esses fatores podem aparecer como uma causa isolada ou podem aparecer

em conjunto com outros fatores (Di GIANFILIPPO et al., 2020).

As deficiências do tecido peri-implantar são achados clínicos comuns. Sua

presença pode levar a um aumento na perda óssea marginal, inflamação e recessão dos
tecidos moles. Essas complicações são difíceis de tratar e podem ameaçar a

sobrevivência do implante. Os defeitos do tecido duro nos locais do implante abrangem:

defeitos intra-alveolares, deiscências, fenestrações, defeitos da crista, seja horizontal e/ou

vertical. Já os defeitos dos tecidos moles incluem deficiências de volume e qualidade, ou

seja, falta de tecido queratinizado (HAMMERLE & TARNOW, 2018).

Do ponto de vista profissional, sua técnica cirúrgica e seleção dos materiais estão

inclusos. Nesse quesito os fatores potenciais mais extensivamente investigados estão o

tamanho do micro espaço implante-pilar posicionado abaixo ou ao nível da crista, a

instalação subcrestal de um colar liso, infecções, excesso de cimento subgengival e

contaminação da superfície do pilar, (SCHWARZ et al., 2014).

Os microgaps na interface implante-abutment são típicos para sistemas de

implantes dentários osseointegrados de duas peças e parecem desempenhar um papel

significativo na colonização bacteriana no sulco perimplantar. Isso, por sua vez, pode

resultar em reações inflamatórias perimplantares e, subsequentemente, perda do osso de

suporte. O vazamento bacteriano nessa interface, junto com o conjunto de parafuso do

abutment, atuam como reservatório bacteriano podendo desencadear uma resposta do

hospedeiro com tecidos moles inflamados e possível perda óssea perimplantar marginal,

(TALLARICO et al., 2017).

A colonização bacteriana dessa lacuna também está implicada no estabelecimento

do espaço biológico fisiológico. A maior parte da perda óssea marginal foi relatada

durante o primeiro ano após a colocação do implante, após o que, em pacientes com

níveis adequados de higiene oral, os níveis ósseos marginais estabilizaram ao longo dos

anos. A micro infiltração na lacuna entre o implante e o pilar pode permitir a passagem de

ácidos, enzimas, bactérias e/ou seus produtos metabólicos que afetam diretamente o

tecido periodontal, causando sangramento, inchaço e odor. No entanto, as conexões de


cone morse devem apresentar níveis mais baixos de micro infiltração e perda óssea

marginal do que os implantes de conexão externa (KOUTOUZIS et al, 2014).

Nas condições anaeróbias, como as presentes dentro da interface implante-pilar,

os microrganismos podem ser responsáveis pela seleção, em médio-longo prazo, de

espécies capazes de desencadear o processo de perimplantite. (TALLARICO et al.,

2017).

Embora as conexões cônicas não promovam uma vedação absoluta, foi sugerido

que elas são mais eficazes na prevenção de vazamento bacteriano do que as conexões

convencionais devido ao menor deslocamento do pilar protético e ao promover menos

tensão no parafuso de retenção do componente (Schmitt et al., 2014). Em um estudo

anterior conduzido por Costa et al. (2017), os implantes cônicos Titaoss® (Intraoss), sem

o efeito da ciclagem mecânica, foram capazes de evitar o vazamento bacteriano in vitro e

apresentaram resultados superiores quando comparados aos pilares hexagonais

externos. Em um outro estudo, foi aplicada força mecânica simulando forças

mastigatórias, a fim de avaliar a capacidade de selamento bacteriano e desajuste entre o

pilar protético e o implante de conexão interna cônica. O sistema de implante de conexão

cônica utilizado mostrou uma vedação bacteriana eficaz, independente da ciclagem

mecânica (Ferreira-Neto et al., 2019).


4 DESENVOLVIMENTO

Foram avaliados os modelos de implantes Unitite compact fabricados e

comercializados no Brasil pela Empresa: SIN Sistema de implantes. Foram utilizados os

implante e seus respectivos pilares protéticos.

Para tal foram utilizados 2 conjuntos de 18 implante de 5x6mm + pilares da

Empresa SIN:

Grupo 1 - 18 implantes + abutment universal cimentado para prótese cimentada

com torque de 20N/cm. Figura 1

Grupo 2 - 18 implantes + abutment multifuncional parafusado para prótese

parafusadas com torque de 20N/cm. Figura 1

Ambos com altura de transmucosa de 2,5mm.

O material foi fornecido pela respectiva empresa em sua embalagem original, já

estéril. Todos os procedimentos foram realizados no interior de uma câmara de fluxo

laminar previamente desinfetada e recoberta com campo estéril, estando o operador

devidamente paramentado para a manutenção da esterilidade.

O pilar protético foi imediatamente adaptado ao implante correspondente

utilizando a chave de torque recomendada acoplada a um torquímetro manual calibrado

em 20N para o primeiro e segundo grupo e, também seguindo especificações do

fabricante.

Foram avaliadas as distância entre o abutment até o implante utilizando um

estereomicroscopio (Microdurometro Pantec, Campinas, SP, Brasil) antes e depois da

ciclagem em ambos os grupos, os quais foram submetidos à 500 mil ciclos no sentido
axial (90 graus), com 120N e 2Hz de velocidade, o que replicaria o uso em boca por 6

meses. Após a ciclagem o conjunto implante/abutment foi enviado para esterilização por

radiação gama na empresa Acecil (Campinas/SP), para assim só

depois procedermos com

a metodologia de contaminação

bacteriana externa.

Figura 1: Representação esquemática dos implantes curtos com seus respectivos pilares (universal

cimentado e multifuncional parafusado)

Contaminação bacteriana

Para o presente estudo foi utilizada a bactéria Escherichia coli ATCC 25922

isolada e mantida no laboratório de Microbiologia da São Leopoldo Mandic (Campinas-

SP).

A E.coli é uma bactéria gram-negativa em forma de bacilo, móvel e

facultativamente anaeróbica. Seu habitat natural é o lúmen intestinal dos seres humanos

e outros animais de sangue quente. Mede em torno de 1,1 a 1,5 µm de diâmetro e entre 2

a 6 µm de comprimento, sendo amplamente usadas em estudos microbiológicos in vitro

devido à facilidade de manipulação laboratorial e pelo curto tempo de proliferação (Jansen

et al.,1997).
Antes do uso as cepas eram mantidas congeladas, para posterior ativação em

meio de cultura caldo BHI (Brain Heart Infusion), sendo mantidas por 24 horas em estufa

bacteriológica a 37ºC. Passado este período, com o auxílio de uma alça de platina, foi

coletada uma porção do meio de cultura e feito repique em placa de Petri contendo Agar

BHI (37ºC por 24 horas em estufa bacteriológica).

Cada conjunto de implante + abutment foi introduzido em um tubo de ensaio

contendo 25ml de caldo BHI estéril, ficando submerso no meio de cultura líquido. Todos

os tubos foram inoculados com uma alíquota de 25μl da cepa viável da E coli, exceto o

controle negativo. Todos tubos foram identificados e numerados (AU1 à AC18 e AM1 à

AM18) e mantidos em estufa bacteriológica a 37ºC por 14 dias, sendo trocado o caldo a

cada 48h para a manutenção da viabilidade da cepa.

Após os 14 dias, os conjuntos abutment/implante passaram por 10 lavagens

com água destilada estéril, seguido por uma limpeza externa com ácido periacético 17%

em gaze estéril friccionadas por 30 segundos externamente em todos implantes.

Após esta descontaminação na parte exterior do conjunto, procedeu-se a coleta

com microbrushs umedecidos em solução salina 0,9%. Primeiramente foi realizada uma

coleta com microbrushes na base da conexão implante/pilar para certificar-se de que não

havia microrganismos vivos na na porção externa da interface, e outra após a remoção do

pilar, dentro dos implantes a fim de coletar possível microrganismo que havia conseguido

entrar pelos gaps da conexão pilar/implante. Todas coletas foram feitas por um único e

experiente pesquisador. Os microbrush eram depositados em caldo BHI estéril, levados

em estufa a 37ºC, e observados após 24 e 48 horas, para verificar indícios de

crescimento bacteriano que, macroscopicamente, se caracteriza pelo turvamento do caldo

de cultura e depósitos no fundo dos tubos (Figura 2), o que indicara a incapacidade do

selamento implante + abutment em impedir a passagem das bactérias do exterior para

interior do implante.
Para controle positivo um implante de cada grupo foi inoculado com cepas de E.

coli, nas mesmas condições anteriormente descritas, e imersos no caldo BHI sem a

conexão do pilar seguindo os mesmos critérios de tempo.

De cada amostra com suspeita de contaminação foram coletadas alíquotas do

meio de cultura contido no tubo (10µl), plaqueadas em Ágar BHI e incubadas a 37ºC por

24hs para confirmação dos resultados do exame macroscópico visual de crescimento

bacteriano.

Respeitado o período de cultivo de 24 h e, observadas as unidades formadoras

de colônia (UFC), procedeu-se a realização do método de coloração de Gram para cada

placa. Todas as lâminas foram observadas em microscópio óptico para confirmação do

crescimento apenas do bacilo Gram-negativo (E.coli).

Figura 2. Imagem ilustrativa de amostras, onde o microbrush externo se apresentava negativo sem
turvamento, e o microbrush interno contaminado (com turvamento).
Fonte: Autoria própria
RESULTADOS E DISCUSSÃO

A presença de falha no selamento da interface entre abutment/implante foi

verifcado pela turbidez na cultura em 12/18 (66,7%) no grupo do abutment universal com

20N/ciclagem, e 9/18 (50%) no grupo do abutment multifuncional com 20N/ciclagem. Foi

realizado o Teste binomial sendo obtido o valor de p = 0,311, o que demonstra que não

existe diferença entre grupos quanto à proporção de amostras contaminadas e não

contaminadas.

Em relação aos gaps entre a interface do abutment/implante observou-se antes

da ciclagem no grupo de implante com abutment universal com torque de 20N uma media

de 10,73 μm (3,16) de gap entre o pilar e o implante, diminuindo para 6,49 μm após a

ciclagem. Análise de correlação de ponto bisserial não apresenta diferença

estatísticamente significativa (p = 0,817) e um coeficiente de determinação fraco (r =

0,059). Já o grupo de implante com abutment multifuncional com torque de 20N

apresentou uma média de 9,29μm (2,37), diminuindo para 8,20μm (1,57) após a

ciclagem. Análise de correlação de ponto bisserial não apresenta diferença

estatísticamente significativa (p = 0,552) e um coeficiente de determinação fraco (r = -

0,150). Os dados estão demonstrados na Tabela 1.

TABELA I: Descrição dos gaps antes e depois da ciclagem (500 mil ciclos, sentido axial, 120N, 2Hz) e
contaminação.

Antes Depois % Contaminação


Cimentada 10,73 (3,16) 6,49 (1,38) 66,7
Parafusada 9,29 (2,37) 8,20 (1,57) 50
A variação (Δ) entre os dados iniciais e finais no grupo de implante com

abutment universal com torque de 20N foi em média 4,24 (3,13) e no grupo de implante

com abutment multifuncional com torque de 20N foi em média 1,08 (2,53). A análise

estatística empregada foi o teste t de student não pareado demonstrando significância

estatística quando comparado o grupo de implante com prótese parafusada com aqueles

com pilar cimentado. Os dados estão demonstrados na Figura 3.

Figura 3: Gráfico demonstrando os valores dos grupos de conjunto cimentado versus parafusado
quando analisados com base na variação delta entre o antes e depois de cada grupo. Teste
estatístico t de student (O símbolo ** significa p < 0,05).
Fonte: Autoria própria
Nenhuma turbidez foi observada nos tubos contendo os microbrushs usados

como controle para contaminação da interface abutment/implante ou nos controles

negativos.

Diante das limitações encontradas em alguns casos onde não temos altura

óssea disponível os implantes extra curtos podem ser levados em consideração no

planejamento. Embora não haja uma classificação consolidada de acordo com as alturas

dos implantes, podemos encontrar que implantes curtos são <10mm e extra curtos <7mm.

(ANITUA E. ET. AL. 2014; VAN ASSCHE N. 2012).

O índice de sucesso dos implantes curtos se dá pelas mudanças da conexão,

tratamento de superfície e a macro geometrias (CALVO-GUIRADO, J. ET AL. 2018;

MONJE, A. ET. AL. 2013). Outro fator importante a ser observado é a utilização de pilares

com transmucosos os para retenção da prótese essa utilização é de grande benefício

para manutenção óssea nos implantes extra curtos. (GABRIEL HERNÁNDES-MARCOS.

ET. AL. 2018).

Já esta estabelecido que a presença bacteriana na conexão implante/abutment

é um fator determinante para perdas marginais ósseas (KOUTOUZIS ET AL., 2015), além

de ser um fator de risco para uma mucosite, e que pode evoluir para um periimplantite

(GOIATO ET AL., 2015).

Os fatores que se relacionam com essa presença são: os torques de

aparafusamento das conexões, precisão de encaixe entre o conjunto implante/abutmant,

e as forças oclusais após o carregamento do implante (D’ERCOLE ET AL., 2014, GROSS

ET AL., 1999).

A ação de aperto se deve ao contato íntimo e travamento por atrito mecânico

entre os componentes, gerando uma união semelhante a uma solda a frio entre eles. Para

que isso ocorra, entretanto, o travamento Morse deve ter uma angulação entre 2 e 4
graus e uma interface de travamento totalmente por fricção sem parafuso (CARVALHO

ET AL., 2009), mas poucos sistemas utilizam dessa forma. O implante estudado (Unitite

Compact, SIN) apresenta uma angulação interna de 4 graus (com margem de erro -10”)

mas por se tratar de um sistema com parafuso, os ângulos internos dos componentes

protéticos são ligeiramente maiores ( 4 graus, e margem de erro +10”). Outro fator

importante é a discrepância de circularidade do cone interno, qualquer erro desse

paralelismo pode gerar desadaptação micrométrica, suficiente para percolação

bacteriana. A busca, tanto por melhores calibragens do torno, quanto pelo

desenvolvimento de novos tornos com maiores qualidades tendem a gerar redução da

passagem bacteriana.

Numa revisão sistemática (MISHRA ET AL., 2017) sobre o tema a maioria dos

estudos mostraram que havia alguma microinfiltração na interface do implante do

abutment (NASCIMENTO ET AL., 2012; ALVES ET AL., 2014). Os implantes de

hexágono externo falharam completamente em evitar a microinfiltração nas condições de

carga estática e dinâmica dos implantes. Os implantes de hexágono interno,

principalmente os implantes de conexão cônica (cone Morse) mostraram-se promissores

no caso de carga estática e também apresentaram menor microinfiltração em condições

de carga dinâmica. Os nossos resultados acompanharam esse e outro estudo feito com

implantes da mesma marca mas com angulação interna diferente (PERUZETTO ET AL.,

2016), onde houve 90% de infiltração em implantes não indexados tal qual o do estudo

atual, enquanto no nosso apresentou uma contaminação total de, 80% (15/72 de

presença bacteriana, contando todos os grupos).

Um estudo recente mostrou (DIAS ET AL., 2018), que a circularidade

transversal das conexões cônicas pode apresentar imperfeições mínimas, o que significa

que após o torque, o pilar protético pode se afastar do erro de circularidade, abrindo um

espaço considerável na extremidade oposta ao defeito.


CONCLUSÃO

Os modelos de implantes do tipo cone morse Unitite compact fabricados e

comercializados no Brasil pela Empresa: SIN Sistema de implantes, após ciclagem

apresentou diminuição no gap entre abutment e implante em ambos os grupos (universal

e multifuncional), mas essa redução não foi capaz de gerar efeitos contra a percolação

bacteriana resultando em alta taxa de contaminação.


CERTIFICADO DE REGISTRO COM O N.I.T.
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