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Recensão crítica da Revista Crítica de Ciências Sociais -

Negro drama. Racismo, segregação e violência policial nas periferias de Lisboa

Recensão crítica da Revista Crítica de Ciências Socias


Negro drama. Racismo, segregação e violência policial nas periferias de
Lisboa

O texto que irei abordar é uma Revista Crítica de Ciências Sociais de Otávio Raposo, Ana Rita
Alves, Pedro Varela e Cristina Roldão, cujo título é “Negro drama. Racismo, segregação e
violência policial nas periferias de Lisboa”, correspondente ao número 6. Optei por esta escolha
porque é um tema que considero bastante relevante e que apesar de hoje em dia, muita gente
considerar um tema vulgar, na minha opinião ainda tem muito para analisar e debater.

Esta revista está dividida em 4 subtemas, “Racismo institucional à portuguesa”, “A descoberta


da periferia: segregação e racialização do crime”, “Abuso num bairro black: o caso da Cova da
Moura” e por fim “Lisboa negra: um retrato das desigualdades étnico-raciais”.

No primeiro subtema é mencionado que a ideia “raça” é sinónimo de “nação” e baseando-se


neste conceito, a atual Lei da Nacionalidade em Portugal contribui para uma perpetuação de
fronteiras imaginárias que mantêm uma distinção entre “imigrantes e a sociedade de
acolhimento”. O facto de, em Portugal, o racismo institucional estar a ser ocultado, promovendo
a ideia errada de que a sociedade atualmente é democrática e tolerante torna mais difícil os
debates e confrontos públicos sobre o tema. Segundo o relatório do Concelho da Europa,
Portugal é um dos países europeus com maior taxa de violência policial contra afrodescendentes
e imigrantes. Na minha perspetiva e tal como os autores referem, o racismo institucional está a
ser ofuscado e é uma infeliz realidade presente não só em Portugal, como em todo o mundo e
o Estado-nação é mais um contributo para que isso continue a acontecer. Por isso, reconhecer
que o racismo continua a existir e debater sobre este é bastante fundamental para combatê-lo.

No segundo ponto, são referidas três lógicas que estão presentes nos territórios periféricos os
tais “bairros autoconstruídos e de realojamento”, a exceção, a extraterritorialidade e a exclusão,
de acordo com Michel Agier. A exceção administra a pobreza e a desigualdade, a
extraterritorialidade desajusta-os da sua ordem normal, já a exclusão marginaliza grupos
étnicos-raciais. Os bairros ‘problemáticos’ sofrem constantemente intervenções policiais,
muitas vezes violentas o que demonstra a enorme discriminação que existe sobre esta
população (sobretudo com ciganos e negros). No meu ponto de vista, o Programa Especial de
Realojamento (PER), resolveu o problema relativamente à falta de alojamento, o que tornou
visivelmente a cidade mais ‘encantadora’ mas os problemas de higiene, alimentação e de
segregação urbana dessas populações continuaram a existir. É importante que na nossa
sociedade haja consciência de que se estas pessoas já têm problemas suficientes, discriminá-las
pelo local onde vivem ou pela sua origem étnico-racial, só irá piorar a sua situação. Por isso
devemos colocarmo-nos no lugar do outro e promover assim a igualdade.

No terceiro assunto, temos um exemplo prático de violência e discriminação por parte das
autoridades, na Cova da Moura. Este bairro é associado a cenários como tráfico de drogas e
outros crimes pelo facto da maioria da sua população ser afrodescendente. Em 2015, durante
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Negro drama. Racismo, segregação e violência policial nas periferias de Lisboa

uma das frequentes intervenções policiais, a polícia prendeu um jovem injustamente o que
gerou revolta por parte de outros jovens que por protestarem, também foram agredidos.
Inicialmente e como de costume a imprensa noticiou a favor das autoridades, mas por uma não
desistência por parte dos jovens e moradores, conseguiram não só que a verdade fosse noticiada
como também, depois de muita insistência, a suspensão e até detenção de vários agentes de
autoridade. Este é só um dos inúmeros casos onde está presente o abuso policial e a dificuldade
em promover a justiça na Sociedade Contemporânea.

No último tópico estão realçadas as diversas discriminações e injustiças a que são submetidas
as comunidades negras (estudo realizado com a população de nacionalidade cabo-verdiana), em
Lisboa, a nível de mercado de trabalho, remunerações, escolaridade e encarceramento. Estas
pesquisas confirmam a absurda desigualdade que uma pessoa afrodescendente possui, e
demonstram a presente urgência em agir e intervir no combate ao racismo.

Em suma, e segundo o meu ponto de vista, este artigo tem uma linguagem muito acessível e
assertiva servindo assim para conscientizar a nossa sociedade, pois mostra uma realidade que é
omissa por muitos incluindo a polícia e o Estado Português. Omitir o racismo só vai continuar a
agravar o problema, pois para quem o pratica de alguma forma, sabe que sairá impune. Somos
todos seres humanos e como tal devemos de nos respeitar uns aos outros, de forma a conseguir
viver bem em sociedade e torná-la cada vez melhor.

Bruna Noiva
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Negro drama. Racismo, segregação e violência policial nas periferias de Lisboa

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