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Panorama de

educação STEM
no Brasil:
Reflexões sobre
a análise de dados
e documentação
bibliográfica
Panorama de
educação STEM
no Brasil:
Reflexões sobre
a análise de dados
e documentação
bibliográfica
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD
Bibliotecário responsável: Renato Motta Noviello – CRB-8 010426/O

B862p British Council Brasil

Panorama de educação STEM no Brasil [livreto eletrônico] : reflexões


sobre a análise de dados e documentação bibliográfica/ British Council
Brasil, Fundação Carlos Chagas. UNBEHAUM, Sandra.; GAVA, Thaís M.; ARTES,
Amélia. - 1. ed. – São Paulo, SP : British Council
Brasil, 2023.
44 p. ; il. ; PDF ; 1.055 Kb.

ISBN 978-65-994942-8-4

1. Ensino de ciências – Brasil. 2. Educação básica – Brasil. 3. Prática


docente. 4. Professores – formação profissional. I. British Council Brasil.
II. Fundação Carlos Chagas. III. Título.

CDD 372.357
CDU 372.85(81)

Índice para catálogo sistemático:


1. Ciências naturais (ensino) 372.357
British Council Projeto editorial, reportagem e edição
Tom Birtwistle TREM DAS LETRAS
DIRETOR BRASIL REVISÃO
Maria Stella Valli
Diana Daste
DIRETORA DE ENGAJAMENTO CULTURAL TRADUÇÃO

Sumário
Stephen Rimmer
Coordenação geral
Alessandra Moura PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
GERENTE SENIOR DE PROGRAMAS DE LÍNGUA INGLESA E dorotéia design
EDUCAÇÃO BÁSICA Adriana Campos, Pedro Cancelliero e B. Benedicto

Parcerias no universo STEM - Vamos junt@s? 4


Coordenação pesquisa e editorial Relatório
Claudia Freeland Equipe de Pesquisa
GERENTE DE PROJETOS DE EDUCAÇÃO BÁSICA Coordenação Geral

Leituras Críticas em Português e Inglês


Sandra Unbehaum
Muitos dados, diversos diálogos e reflexões 6

8
Amanda Alves Pesquisadoras
ANALISTA DE PROJETOS DE ENGAJAMENTO CULTURAL Sandra Unbehaum Genealogia do Projeto Panorama de educação STEM no Brasil
Emílio Bobadilla Thaís M. Gava
GERENTE DE PROJETOS DE LÍNGUA INGLESA Amélia Artes
Breve radiografia em números 11

A hora da ciência e suas tecnologias 12


Assistência geral Estatística
Thamires Rusafa Raquel Valle
ESTAGIÁRIA DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS
Bolsistas
Equipe de Comunicação Carolina Rosignoli BNCC e BNC-Formação Continuada: potencial

para transformar práticas e visões 14


Fernanda Medeiros Carolina Piaia
DIRETORA REGIONAL DE MARKETING E COMUNICAÇÃO
Johanna Bermudez Colaboração

Ciência, tecnologia, sociedade 15


GERENTE SENIOR REGIONAL DE COMUNICAÇÃO Maria José Dias de Freitas
Amanda Ariela

Cresce a presença das federais 16


ANALISTA REGIONAL DE COMUNICAÇÃO Revisão - FCC
Igor Arraval Adélia Maria Mariano da Silva Ferreira
GERENTE SENIOR REGIONAL DE MARKETING

Investigação e análise 24

Entrevista - Haira Gandolfi26


Estímulo à visão crítica 28

Depois da pandemia 30
O aprofundamento deste trabalho não teria sido possível sem a preciosa contribuição de educadoras, educadores, pesqui-
sadoras e pesquisadores representando as instituições às quais estão ligados, que se juntaram à equipe de produção em

Desafios para a educação digital 32


proveitosas oficinas. Nossos agradecimentos a
Alan Alves Brito – UFRGS, Amelia Artes – FCC, Ana Gonzalez – Fiocruz - Museu da Vida, André Martellini – Escola Municipal, André
Oliveira – Escola Estadual, Andre Raabe – UNIVALI, Anita Benites Canavarro – UFG, Ariene Bazilio – Escola Municipal, Arthur Galamba
– Kings College London, Camilla Souza – Secretaria Municipal de Educação de Niterói, Carolina Carbonari Rosignoli - Bolsista FCC,
Cristiane Coppe de Oliveira – USP, Francine Baesso Guimarães – PED Brasil, Graciele Oliveira – FCC, Haira Gandolfi – Faculdade de
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O olhar da investigação científica

A um clique da aprendizagem 40
Educação University of Cambridge, Isabela Milanezzi – British Council, Lara Picollo – Faculdade de Ciência, Tecnologia, Engenharia
e Matemática na Open University, Leíse Duarte – Shell Brasil, Luis Felipe Serrao – British Council, Pamela Santos Galetti Almeida –
Escola Estadual, Rafaella Cruz – Escola Estadual, Roussel de Carvalho – Faculdade de Educação e Comunidades University of East
London, Thais Matias – Kings College London. A atuação do STEM Education Hub 41
Parcerias no Esta publicação é parte do programa STEM
Education, do British Council, que visa incen-
estratégicas e elementos para avançar no
caminho de um ensino e aprendizagem de

universo STEM - Vamos junt@s?


tivar uma educação científica e tecnológica qualidade? Quais projetos farão a diferença?
emancipadora, na perspectiva da educação
integral baseada em evidências. É a partir destas reflexões que interpretamos
o conteúdo desta publicação: para propor in-
Diana Daste As conexões entre Reino Unido e o Brasil são tervenções de alto impacto, fundadas na capa-
Diretora de Engajamento Cultural do Brasil e Diretora Nacional Interina do British Council o principal ativo do programa. Ciência cidadã, cidade transformadora das ciências e tendo o
pedagogias críticas, espaços não formais de professor como eixo central das ações.
O British Council é a organização do Reino Uni- educação e inclusão (em especial de meninas
do dedicada às relações culturais e oportunida- negras) são foco de estudos e atividades for- O desafio requer o engajamento de diversos
des educacionais no mundo. Fundado em 1934 mativas, com metodologias replicáveis nas es- setores. Nosso convite é para trocarmos expe-
e presente no Brasil desde 1945, atua nas áreas colas dos dois países. riências e caminharmos juntos rumo à transfor-
de Educação, Língua Inglesa, Artes e Cultura. In- mação da educação.
centiva o desenho e apoia programas que promo- O pensamento computacional é competência
vem equidade e qualidade. Na educação básica, fundamental para os desafios de engajamen-
tem como foco o ensino da Língua Inglesa e das to, recursos, infraestrutura e formação, assim
Ciências e suas Tecnologias, visando fortalecer as como a formação continuada é um elemento
competências de professores e o desempenho transformador dos sistemas de educação.
em sala de aula. Buscamos reflexões e metodolo- Como gerir e incentivar processos transfor-
gias que permitam melhorar as relações de ensino madores no universo STEM? Quais escolhas
e aprendizagem e aumentar o engajamento dos
estudantes em uma educação inclusiva, além de
promover parcerias entre Brasil e Reino Unido. As-
sim, acreditamos contribuir para o desenvolvimen-
to humano e para uma cidadania global.

A função e a forma de ensino das disciplinas


STEM (em inglês, ciência, tecnologia, enge-
nharia e matemática) têm mudado no mun-
do todo. O Reino Unido é referência nesses
processos, avaliando e documentando expe-
riências, metodologias e políticas aplicadas.

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5
Muitos dados,
se mover. E por mais que as tecnologias e a inte- Procuramos listar e agradecer a todas elas nas
ligência artificial avancem, não há que se cogitar páginas iniciais desta publicação. Ao ver seus
escolas sem professores e professoras. nomes, pode-se imaginar as longas e fascinan-
tes conversas que tivemos para chegar a estes

diversos diálogos e reflexões


Além disso, percebe-se que a promoção de resultados. Para o British Council e nossa equi-
equidade na educação científica e tecnológi- pe no Brasil, foi uma honra e um prazer.
ca, especialmente das meninas, tem de ser in-
Alessandra Moura crementada. Elas precisam de palavras e ações Esperamos que este Panorama STEM seja um
Gerente Sênior de Educação Básica e Língua Inglesa do British Council que as estimulem a percorrer carreiras STEM ponto de partida para novas parcerias e outros
que muito podem contribuir com o desenvol- projetos que fortaleçam o ensino de ciências e
vimento sustentável. É fundamental combater suas tecnologias no Brasil.
o viés invisível que ainda as leva a pensar que
Fruto de um projeto de pesquisa de dois anos, , não seriam boas cientistas, matemáticas, enge-
realizado por pesquisadoras da Fundação Car- nheiras ou programadoras.
los Chagas - FCC, as análises e reflexões decor-
rentes deste estudo inédito poderão contribuir Antes de convidar os leitores a mergulharem
para a formulação de políticas de educação na leitura, é importante destacar que nada é
digital e de ciências da natureza no Brasil. mais valioso no trabalho do British Council do
que as conexões de confiança e colaboração
Os dados sobre a atratividade da carreira docen- que estabelecemos com inúmeros especialis-
te, o perfil de educadores e educadoras, bem tas nos países onde atuamos. Sem elas, nenhu-
como insights sobre fundamental importância ma contribuição nem resultado seria possível.
da formação profissional continuada para me- Por isso, uma pesquisa como esta resulta não
lhoria qualitativa do ensino são especialmente só de análise de dados, mas de trocas de ex-
relevantes para o desenho de políticas públicas periências, conhecimentos e reflexões entre
baseadas em evidências. Em grande medida, a muitas pessoas.
pesquisa combina informações sobre o panora-
ma brasileiro do ensino e aprendizagem das dis-
ciplinas STEM (ciências, tecnologia, engenharia
e/ou robótica educacional e matemática) a partir
de um olhar cuidadoso aos educadores e edu-
cadoras do país. Isso faz todo sentido, pois se o
estudante é o sujeito central na escola, são os e
as educadoras que fazem a engrenagem escolar

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7
Genealogia do Projeto Panorama sobre essa temática, surgiu o projeto Ensino Foram definidas então seis etapas de trabalho:
de ciências da natureza e suas tecnologias na 1 Delimitação temporal e espacial do objeto
de educação STEM no Brasil: educação básica brasileira - um panorama de de estudo;
2010 a 2020. 2 Definição das fontes de informações a serem
Ensino de ciências e suas tecnologias na educação básica utilizadas para cada uma das dimensões defini-
brasileira - análise 2010 a 2020 O projeto se propõe a contribuir com profissio- das como marcos legais, pesquisas acadêmi-
nais da educação e pesquisadores no diálogo cas e outros documentos e bases estatísticas;
sobre políticas educacionais e com proposi- 3 Organização dos dados levantados e orga-
A Fundação Carlos Chagas (FCC), criada em de governo e instituições da sociedade civil, ções para o ensino de ciências na educação nização das informações considerando as três
1964, destaca-se no cenário nacional pela sua resultando em contribuição multidisciplinar em básica, em especial para os anos finais do dimensões predefinidas;
excelência na atuação nas áreas de pesquisas torno de problemáticas educacionais. ensino fundamental. Para propiciar uma visão 4 Produção dos capítulos correspondentes às
em educação e na realização de concursos, abrangente do ensino de ciências na educa- três dimensões definidas;
avaliação de sistemas. Como protagonista no Em 2020, o British Council propôs uma parceria à ção básica brasileira, realçando especificida- 5 Oficina técnica com pares da área de ciên-
campo educacional brasileiro, por meio do seu Fundação Carlos Chagas, por meio do Grupo de des e desafios, as pesquisadoras da Fundação cias, para reflexão a partir do relatório parcial;
Departamento de Pesquisas Educacionais, tem Pesquisa Gênero, raça/etnia: educação, trabalho Carlos Chagas circunscrevem este estudo a leitura crítica pelo British Council;
se dedicado a programas de investigação so- e direitos humanos. Essa aproximação se deve a três dimensões: os marcos legais, as pesquisas 6 Consolidação do documento final, com re-
bre temas direta ou indiretamente relaciona- interesses mútuos em projetos e ações que bus- publicadas na plataforma Scielo e as bases na- comendações.
dos à avaliação, políticas públicas, formação quem a aprofundar as reflexões sobre as desi- cionais do Censo da Educação Básica (CEB) e
e trabalho docente, direitos sociais, relações gualdades educacionais, visando a ampliação da Censo da Educação Superior (CES). Deste processo resultou o estudo cuja íntegra
etárias, de gênero e raciais. Desde então, em equidade nas trajetórias formativas, acadêmicas pode ser acessada em:
sua trajetória, ampliaram-se os temas e aborda- e profissionais. Neste ponto destaca-se o interes- O objetivo da pesquisa é o de inventariar e
gens, que se estruturam, atualmente, em torno se de ambas as instituições na temática da edu- descrever aspectos fundamentais para a com-
de cinco grupos de pesquisa: Avaliação educa- cação STEM (um acrônimo de Science,Technology preensão do ensino de ciências da natureza e
cional; Educação e infância: políticas e práticas; Engineering e Math), em especial, na ampliação de suas tecnologias, no âmbito da educação
Gênero, raça/ etnia: educação, trabalho e direi- do interesse e da participação das meninas nas básica, com destaque para a formação docen-
tos humanos; Políticas e práticas de educação áreas científicas e profissionais pouco acessada te, metodologias e práticas de ensino. Para isso, Este livreto destaca alguns temas abordados
e formação de professores; e Representações por elas. É de conhecimento que o enfrentamen- foram reunidos elementos que permitem identi- pela pesquisa e ilustra com algumas perspecti-
sociais, subjetividade e educação. Esses gru- to das desigualdades educacionais precisa ser ficar características e concepções para contri- vas e percepções de especialistas, professores
pos, registrados no Diretório de Grupos de iniciado já nos anos iniciais da escolarização. E é buir para o diálogo sobre a complexidade que e gestores, desafios e possíveis caminhos com
Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvol- em Ciências, desde a educação infantil, que são envolve o ensino de ciências da natureza, tal o objetivo inspirar profissionais da educação, em
vimento Científico e Tecnológico (CNPq), além ensinados conteúdos de biologia, física, química, como vem sendo pensado e proposto pelas po- especial, gestores escolares em suas ações.
das demandas institucionais, desenvolvem tra- etc. Na Matemática são aprendidos conteúdos líticas educacionais da atualidade, em particular
balhos articulados com entidades de ensino e de álgebra, cálculo, geometria, entre outros. Do com a implementação da BNCC. Boa leitura!
de pesquisa nacionais e internacionais, órgãos reconhecimento de não haver um panorama

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Breve radiografia em números
LITERATURA ACADÊMICA
Quando. março de 2021
Onde. Plataforma Scielo
Descritor Principal. “ensino de ciências”
Marco temporal. 2010 a 2020
Primeiro universo. 281 artigos publicados

OS PERIÓDICOS QUE MAIS PUBLICARAM

CIÊNCIA & EDUCAÇÃO

153
(UNESP, BAURU, PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO PARA CIÊNCIA, DA FACULDADE DE CIÊNCIAS)

63
ENSAIO, PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS
(UFMG, FACULDADE DE EDUCAÇÃO, BELO HORIZONTE)

LICENCIATURAS SELECIONADAS

ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO* 265.152


E LICENCIATURAS SELECIONADAS** PRESENCIAIS

TOTAL DE MATRÍCULAS BRASIL 181.357 (68,4%)


8.603.824 EAD

PRESENCIAL 83.795 (31,6%)


6.153.560 (71,5%)
2019
EAD

2.450.264 (28,5%) *Dados relativos ao Censo da Educação Superior,


Inep/MEC
**Licenciaturas selecionadas: ciências, biologia,
física, química, matemática, computação, públicas e
privadas, nas modalidades presencial e a distância.
2019

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A hora da ciência e suas tecnologias Do outro lado, há quase 34,5 milhões crianças e o ensino de ciências e suas tecnologias, passando
adolescentes matriculados, em 2022, nos ensi- por um retrato da formação docente inicial e con-
É desafiador traçar um retrato fidedigno do en- análise consistente é fundamental considerar a nos fundamental e médio, segundo o Censo do tinuada, acrescidos de comentários de profissio-
sino das disciplinas relacionadas às áreas STEM especificidade da formação docente para cada Inep. Elas e eles são os potenciais beneficiários nais, pesquisadores e gestores do campo da edu-
conhecimentos importantes para a compreen- etapa, turma e disciplina. de uma educação STEM de qualidade, seja no cação, que estão na lida diária com os diferentes
são pelas juventudes dos grandes temas da hu- ensino ou na produção de novas soluções para desafios da educação brasileira.
manidade que afetam a vida presente e futura Considerando os anos finais do ensino funda- o convívio humano e a valorização da biodiver-
– mudanças climáticas, inteligência artificial, o mental e o ensino médio, o Panorama explora sidade. Desses estudantes, 11,8 milhões estão Esperamos que o livreto chegue até os gestores
próprio conceito de inovação, entre tantos ou- os microdados disponibilizados pelo Censo da nos anos finais do fundamental (69,3% nas redes dos vários níveis do sistema público de educa-
tros – e encaminhar o próprio futuro profissional. Educação Básica (CEB/INEP), visando contribuir municipais, 11,7% nas estaduais) e 7,86 milhões ção, inspirando-os a pensar em ações e pro-
para uma análise sobre a adequação docente estão no ensino médio, sendo que 84,2% deles gramas voltados ao ensino de ciências e suas
Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pes- nas disciplinas relacionadas à área STEM. Para em escolas estaduais. (CEB/INEP, 2022) tecnologias, incluindo aí as várias disciplinas da
quisas Educacionais (Inep), há 2,7 milhões de os objetivos da pesquisa, a unidade de interes- educação STEM, assegurando desse modo a va-
docentes, da educação infantil ao ensino mé- se é a função docente, e não o professor. Para É preciso avançar muitas casas ainda para al- lorização da desejada interdisciplinaridade, de
dio, em todas as disciplinas1. A maneira como efeitos de contagem, cada função docente cançar a alfabetização e o letramento científico tal modo, a alcançarmos a qualidade da educa-
a educação brasileira está estruturada, os pro- corresponde, portanto, à combinação profes- desejado. Os resultados do SAEB (Sistema de ção e os indicadores de aprendizagem neces-
fessores da educação infantil e dos anos iniciais sor/turma/disciplina. Nesse livreto destacamos Avaliação da Educação Básica) de 2019, para a sários em todas as etapas da educação básica.
do ensino fundamental são habilitados pela alguns dados apenas para contribuir com uma disciplina de ciências, evidenciam esse desafio,
pedagogia para atuarem nestas etapas. Já os reflexão sobre determinados aspectos que po- uma vez que mais da metade dos estudantes
que atuam nos anos finais do fundamental e no dem impactar a qualidade do ensino ofertado, do 9º. ano do ensino fundamental situava-se
ensino médio, devem ser licenciados (ou com bem como provocar um olhar atento à forma- nos níveis mais elementares na escala de pro-
complementação pedagógica) na disciplina que ção docente continuada no ensino de ciências ficiência da avaliação nacional. Em prova feita
lecionam. Na realidade professores podem le- e nas demais disciplinas correlatas. naquela ocasião em caráter amostral, 51,71%
cionar diferentes disciplinas, atuar em diferen- estavam no nível 2 da escala, que tem nove ní-
tes turmas e escolas, caracterizando o que se Mais do que se impressionar com sua quantida- veis. Investir na inclusão da disciplina de ciên-
denomina como função docente. Caso se tome de, com a enormidade e complexidade desse cias no SAEB pode contribuir fortemente para
como medida essa característica da educação universo, é preciso desenvolver a qualidade do a definição de ações e políticas dirigidas a um
brasileira, chega-se ao número de 3,7 milhões ensino e da aprendizagem em todas as discipli- ensino qualificado desta disciplina. As áreas STEM:
de função docente envolvendo as disciplinas nas, incluindo as áreas STEM. Um dos grandes
Ciências
de Biologia, Física, Química, Matemática e Ciên- passos a dar é assegurar um maior número de O recorte exposto neste livreto não tem como
cias, que atendem à educação STEM. Para uma professores com formação adequada na disci- objetivo apurar o número exato de docentes que Tecnologia
plina que lecionam. atuam no espectro da educação STEM no Brasil, Engenharia
1. Fonte: Sinopse do Censo da Educação Básica, mas sim visibilizar alguns pontos essenciais desse
Matemática
2020, INEP universo. De aspectos ligados à infraestrutura para

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//Marcos legais// Essas divisões temáticas não significam uma mu- de uma formação que os ajude a trabalhar em
dança curricular, pois não houve mudança nas grupo, em conjunto e articulando os seus co-

BNCC e BNC-Formação
Diretrizes Curriculares Nacionais Fundamental, ao nhecimentos. A gente precisa de um professor
contrário do Ensino Médio, que terá abertura para com bons fundamentos disciplinares, mas que

Continuada: potencial para


organizar-se de forma não disciplinar, por projetos. consiga articular esse conhecimento com as
Mas, diz Deschamps, se o currículo dos Anos Finais demais áreas e com outros professores, fazer

transformar práticas e visões


não deve mudar estruturalmente, há novas formas trabalho coletivo.” No caso dos licenciandos
de se trabalhar. “Mudam as práticas pedagógicas, em ciências, a formação já é multidisciplinar,
o incentivo à utilização de metodologias ativas mas o intuito da BNC-Formação Continuada foi
Documentos alteram modo como se deve ensinar ciências e de tecnologia, mas principalmente o incentivo abrir portas para ampliar essa formação. “Apro-
ao desenvolvimento de competências.” vamos resoluções para que o professor possa
A educação básica brasileira passou, a partir da “Quando a gente fala de currículo, particularmen- ter mais do que uma licenciatura. A ideia não é
homologação da Lei de Diretrizes e Bases de te na BNCC, ela identifica, independentemente da No caso da formação docente em ciências fazer isso de modo superficial, e sim que o pro-
1996, por uma série de transformações legais área, quais são as aprendizagens essenciais que para a etapa, um dos pontos centrais é a forma fessor possa se aprofundar nas relações entre
que modificaram concepções para a formação os alunos devem desenvolver. No fundamental, a de atuar dos docentes. “A gente está falando as áreas”, conclui.
dos jovens. Entre os novos marcos legais, os gente sai do foco em conteúdo e desloca para
principais se cristalizaram de 2017 para cá: a competências e habilidades. Isso significa uma

Ciência, tecnologia,
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para mudança em relação à postura do docente, que
educação infantil, ensinos fundamental e médio deve estar mais focado na solução de problemas

sociedade
e a Base Nacional Comum (BNC) para a forma- do que na entrega de conteúdos. Isso impacta”,
ção de professores. Em maior ou menor escala, avalia o gestor.
dependendo da etapa da educação básica, es-
ses documentos alteram o modo como se deve Direitos de aprendizagem, competências e habi- Um dos aspectos que ainda deve gerar con- que a educação básica dê instrumentos para
ensinar ciências no Brasil. lidades são os pontos centrais, mas devem estar trovérsias é a visão de ciência, em especial que os cidadãos possam formar opinião sobre
relacionados aos objetos do conhecimento, os após a pandemia. No Panorama, há menção à as consequências das ações humanas acerca
Para Eduardo Deschamps, ex-secretário de Edu- conceitos e conteúdos, como ressalta o Pano- análise dos professores Estevão Antunes Jr., do meio ambiente e mesmo das intervenções
cação de Santa Catarina, ex-membro do Conse- rama na análise dos novos marcos. No caso de Cláudio Cavalcanti e Fernanda Ostermann cri- no corpo humano.
lho Nacional de Educação e ex-presidente do ciências da natureza, o currículo está dividido em ticando a BNCC por, no dizer deles, alinhar-se a
Consed (Conselho Nacional de Secretários Es- três eixos, presentes nos diversos anos com ní- vozes que fortalecem a visão de “neutralidade “Vamos poder lidar e introduzir o que aconteceu
taduais de Educação), as mudanças serão maio- veis de profundidade sempre maiores. São eles: científica” e ao mito de que o desenvolvimento na pandemia no processo de ensino de ciências,
res no ensino médio do que no fundamental, Terra e universo, vida e evolução e matéria e científico traz sempre apenas benefícios. tecnologia e sociedade. Até porque em determi-
mas este também mudará sua perspectiva. energia. Essa abordagem gradual visa fazer com nado momento uma parcela significativa da so-
que os alunos vivenciem processos que possam Numa visão mais contemporânea, em especial ciedade começou a duvidar da ciência”, diz Des-
consolidar seu letramento científico. em tempos de mudanças climáticas, é essencial champs, em referência ao negacionismo.

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//Radiografia das licenciaturas//

Cresce a presença das federais


A formação docente presencial para o ensino de ciências da natureza e suas
tecnologias predomina em Instituições de Ensino Superior (IES) públicas. Nas
privadas, a modalidade EAD é a que mais se expandiu

Duas informações “saltam aos olhos” quando se No intervalo entre os anos de 2010 e 2019, o nú-
analisam os dados relativos ao ensino superior mero total de matrículas no ensino superior brasi-
brasileiro, em especial aqueles das licenciaturas leiro (público e privado) cresceu 34,8%, passando
selecionadas para levantamento realizado pela de 6,3 milhões de matrículas para 8,6 milhões.
Fundação Carlos Chagas, com apoio do British Esse crescimento, no entanto, foi muito mais acen-
Council, o Panorama STEM. Elas dizem respeito tuado na EAD (Educação a Distância) do que no
ao aumento da presença do Ensino a Distância ensino presencial. Enquanto as matrículas em EAD
(EAD) e à importância crescente das universi- pularam de 930 mil em 2010 para 2,45 milhões em
dades federais nas licenciaturas desse campo. 2019, um crescimento de 163%, as matrículas pre-
senciais subiram apenas 12,9% no mesmo interva-
lo (de 5,44 milhões para 6,15 milhões).

ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO* E LICENCIATURAS SELECIONADAS

TOTAL DE MATRÍCULAS BRASIL 8.603.824

TOTAL BRASIL PRESENCIAL 6.153.560 (71,5%)

TOTAL BRASIL EAD 2.450.264 (28,5%)

TOTAL DE LICENCIATURAS SELECIONADAS** 265.152

TOTAL DE LICENCIATURAS SELECIONADAS PRESENCIAIS 181.357 (68,4%)

TOTAL DE LICENCIATURAS SELECIONAIS EAD 83.795 (31,6%)

*DADOS RELATIVOS AO CENSO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR, INEP/MEC


**LICENCIATURAS SELECIONADAS: CIÊNCIAS, BIOLOGIA, FÍSICA, QUÍMICA, MATEMÁTICA, COMPUTAÇÃO,
PÚBLICAS E PRIVADAS, NAS MODALIDADES PRESENCIAL E A DISTÂNCIA.
*** CORRESPONDE À TABELA 1 DO PANORAMA (ANO CENSO ESCOLAR DE 2019).

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Entre as licenciaturas selecionadas para o estudo, LICENCIATURAS: PRESENCIAL X EAD “Às vezes, o aluno nem mesmo está na sala de VARIAÇÃO DO PERCENTUAL DE MATRÍCULAS
PRESENCIAL/EAD, POR LICENCIATURAS
os maiores crescimentos na EAD foram nas áreas ÍNDICES DE MATRÍCULAS PRESENCIAIS aula, não acompanha um professor experiente SELECIONADAS – 2010 E 2015
de matemática (46,5%) e computação (46%). As CIÊNCIAS 95,2% ou reflete sobre a sua formação”, diz Amadeu MATRÍCULAS PRESENCIAIS
autoras da pesquisa levantam a hipótese de que QUÍMICA 81,7% Bego, cuja atuação na pró-reitoria está voltada TOTAL 21,7%
a mobilização para abertura de cursos na área de FÍSICA 80,2% justamente a pensar as licenciaturas. O exem- COMPUTAÇÃO 11,4%
matemática, além de necessária pela importância BIOLOGIA 73,9% plo positivo que ele menciona é a Universida- BIOLOGIA - 13,7%
da disciplina e pela demanda por este profissional, COMPUTAÇÃO 54% de Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), CIÊNCIAS - 9,7%
seja mais simples em termos de infraestrutura para MATEMÁTICA 53,5% que montou um departamento de estágios, ór- FÍSICA 9,1%
as instituições de ensino superior (IES). Afinal, esse ÍNDICES DE MATRÍCULAS EAD gão que providencia parcerias com escolas e MATEMÁTICA -8,9%
crescimento não foi acompanhado por disciplinas MATEMÁTICA 46,5% universidades para que os estudantes possam QUÍMICA 6,5%
que, idealmente, demandam a montagem de labo- COMPUTAÇÃO 46% de fato ter experiências em sala de aula. MATRÍCULAS EM EAD
ratórios, como física, química e biologia, que exi- BIOLOGIA 26,1% TOTAL 49,8%
gem maior aporte financeiro para sua oferta. FÍSICA 19,8% Para ele, outro problema dos cursos EAD é COMPUTAÇÃO 69,1%

QUÍMICA 18,3% que muitas vezes se trata da primeira forma- BIOLOGIA -15,2%
Para analisar as implicações do EAD, o Panorama CIÊNCIAS 4,8% ção superior de muitos jovens, o que não é CIÊNCIAS -39,4%
menciona estudo anterior, publicado pela UNESCO aconselhável, principalmente para aqueles que FÍSICA -48,5%
* ESSES DADOS SE REFEREM À TABELA 2
(2009), que analisa as restrições que os educado- vêm de um universo sociocultural menos favo- MATEMÁTICA 22,5%
(DO PANORAMA).
res costumam ter em relação à modalidade. Elas recido, sem contar com uma maior exposição QUÍMICA -6,5%
listam uma série de pressupostos para que essa à leitura ou a museus de ciências, entre outras VARIAÇÃO TOTAL (PRESENCIAL + EAD)
oferta seja de qualidade, como docentes bem pre- Para Amadeu Moura Bego, professor da licen- vivências culturais. Isso porque os cursos EAD
TOTAL GERAL LICENCIATURAS
parados nessa área e com conhecimento das suas ciatura do Instituto de Química da Unesp de demandam uma série de habilidades e com- 25,8%
SELECIONADAS
especificidades, tais como “tecnologias sofistica- Araraquara e assessor da Pró-reitoria de Gra- petências que o aluno que está começando a
COMPUTAÇÃO 30,2%
das e ágeis; materiais bem produzidos e testados”, duação, a oferta em EAD traz, assim como a fazer a universidade pela primeira vez não ne-
BIOLOGIA -14%
entre outros atributos. As pesquisadoras enfatizam presencial, uma grande heterogeneidade. Po- cessariamente tem. Entre elas, a organização
CIÊNCIAS -12,7%
que as ressalvas não são à modalidade, mas à ma- rém, um dos problemas que se agrava nessa do tempo, e a autonomia de leitura e estudos.
FÍSICA -4,2%
neira como a oferta se materializa, normalmente modalidade é o estágio supervisionado, que
0,0%* (AMPLIAÇÃO DE
sem preencher esses requisitos básicos. tem de ser feito presencialmente, mas muitas “Quando esse aluno está no presencial, as inte- MATEMÁTICA
0,06%, 55 ESTUDANTES)
vezes acaba resultando em estágios pró-forma, rações sociais acabam suplantando e apoiando QUÍMICA 4,8%
que não dão ao futuro docente a necessária essa ausência de algumas competências. Na sala
* O VALOR DE 0,0% CORRESPONDE À REDUÇÃO
vivência da prática em sala de aula. de aula, o professor interage mais, de maneira DECIMAL, 0,06% (55 ESTUDANTES), DEVIDO À
mais próxima, há os trabalhos em grupo, a ajuda PRECISÃO USADA NAS TABELAS.

de outros colegas, um ambiente social de supor- ** CORRESPONDE À TABELA 3.A DO PANORAMA.

te e apoio que contribui para o processo de ensi-


no e aprendizagem”, resume Bego.

18
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VARIAÇÕES DE MATRÍCULAS DE LICENCIATURAS SELECIONADAS, POR CATEGORIA ADMINISTRATIVA
Queda nas matrículas presenciais VARIAÇÕES DE MATRÍCULAS DE LICENCIATURAS
SELECIONADAS, POR CATEGORIA ADMINISTRATIVA
REDE FEDERAL REDES ESTADUAIS REDE PRIVADA Entre os anos de 2015 e 2019, as matrículas pre-
COMPUTAÇÃO 104,8% COMPUTAÇÃO -14,5% COMPUTAÇÃO -21,9% REDE FEDERAL
senciais totais diminuíram, registrando 480 mil
BIOLOGIA 17,8% BIOLOGIA 6,7% BIOLOGIA -38,7% COMPUTAÇÃO 104,8%
alunos a menos. No caso das licenciaturas sele-
CIÊNCIAS 40,7% CIÊNCIAS -36,4% CIÊNCIAS -83,1% BIOLOGIA 17,8%
cionadas, boa parte dessa diminuição ocorreu
FÍSICA -2,6% FÍSICA -10,6% FÍSICA -0,3% CIÊNCIAS 40,7%
nas universidades estaduais e na rede privada.
MATEMÁTICA 2,8% MATEMÁTICA -17,4% MATEMÁTICA 11,1% FÍSICA -2,6%
Aquelas que mais perderam alunos, em ambos os
QUÍMICA 24,1% QUÍMICA 5,1% QUÍMICA -33,5% MATEMÁTICA 2,8%
casos, foram as de computação/informática e de
* EXTRAÍDO DA TABELA 3B (DO PANORAMA). QUÍMICA 24,1%
ciências. A queda nessas duas licenciaturas teve
REDES ESTADUAIS
VARIAÇÃO DO PERCENTUAL DE MATRÍCULAS PRESENCIAL/EAD, POR LICENCIATURAS SELECIONADAS como resultado também o fato de ambas serem
COMPUTAÇÃO -14,5%
– 2015 A 2019 as licenciaturas com menor número de matrícu-
MATRÍCULAS PRESENCIAIS MATRÍCULAS EM EAD TOTAL BIOLOGIA 6,7%
las, em 2019, entre as seis que compõem o es-
COMPUTAÇÃO -6,6% COMPUTAÇÃO 7,6% COMPUTAÇÃO -0,6% CIÊNCIAS -36,4%
tudo. No caso da modalidade presencial, a rede
BIOLOGIA -12,7% BIOLOGIA 27,8% BIOLOGIA -4,8% FÍSICA -10,6%
privada registrou queda em todas as licenciatu-
CIÊNCIAS -6,8% CIÊNCIAS -36,8% CIÊNCIAS -8,9% MATEMÁTICA -17,4%
ras do grupo selecionado (computação, biologia,
FÍSICA 13,7% FÍSICA 97,7% FÍSICA 24,1% QUÍMICA 5,1%
química, física, ciências e matemática).
MATEMÁTICA -5,4% MATEMÁTICA 55,9% MATEMÁTICA 15,7% REDE PRIVADA

QUÍMICA 1,0% QUÍMICA 75,2% QUÍMICA 9,5% COMPUTAÇÃO -21,9%


BIOLOGIA -38,7%

8,6
* ESSES DADOS CORRESPONDEM A TABELA 4A DO PANORAMA.
** O período de 2015 a 2019 coincide com um acirramento da crise econômica, social e política enfrentada pelo
Brasil. Esse contexto se reflete na taxa de crescimento do ensino superior, quatro vezes menor do que o ocorrido
14,5% CIÊNCIAS
FÍSICA
-83,1%
-0,3%
entre 2010 e 2015, com a queda da oferta presencial de -7,2% e crescimento representativo nas matrículas em
milhões concluintes
de matrículas MATEMÁTICA 11,1%
EaD de 75,8% (tabela 4a). No entanto, a taxa de variação de matrículas -36,8% para Ciências mostra não haver
QUÍMICA -33,5%
oferta de cursos em EaD e mesmo na modalidade presencial há uma variação de -6,8%. Vale destacar que
Ciências atende à educação infantil e fundamental I e II. * EXTRAÍDO DA TABELA 3B DO PANORAMA.

Nas redes estaduais, houve decréscimo de Na rede privada, o maior A hipótese mais provável, neste caso, é que Matrículas e concluintes
matrículas presenciais em computação (-40%) crescimento percentual foi em a crise econômica resultou em menor núme- Um aspecto preocupante, tanto em relação
e ciências (-48,3%), nesta última disciplina EAD nas disciplinas de física ro de ingressantes, pois houve restrições ao à oferta global de cursos como no caso das
também em EAD (-67,5%). Já o EAD de física (163,9%) e química (195,3%). financiamento estudantil e, possivelmente, licenciaturas, é a razão entre os totais de ma-
(132,5%) e matemática (143,%) tiveram varia- maior necessidade de buscar colocação no triculados e o percentual de concluintes em
ção positiva (tabela 4 b do Panorama). Já na modalidade presencial, todas as mercado de trabalho. Também seria plausível relação a esses totais. Em 2019, enquanto
licenciaturas selecionadas tiveram declínio pensar numa diminuição da oferta nas esta- houve 8,6 milhões de matrículas, o núme-
percentual entre 2015 e 2019, maior nas redes duais, em função de restrições orçamentárias ro de concluintes foi de 1,25 milhão, o que
privadas, em computação (-83,4%), curso que das próprias universidades. equivale a 14,5%.
teve variação negativa também em EAD (-15,3%).

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No caso do grupo das licenciaturas seleciona- com 7,2%. No caso da licenciatura em compu- Caso contrário, frisa o professor da Unesp, eles No curso, os estudantes trabalham conjunta-
das, a razão entre matriculados/concluintes é tação, como há muita demanda no mercado por vão chegar a um ambiente de “alta complexi- mente nos dois campos, química e física, além
ainda mais baixa, de 11,5%. A formação de pro- profissionais, há relatos frequentes entre profes- dade e singularidade”, como alguns estudiosos de uma formação que contempla disciplinas
fessores em biologia é a que apresenta melhor sores universitários de que muitos estudantes classificam a sala de aula, sem ter instrumentos do campo educacional e da área de humani-
índice, com 14,4%, seguida por matemática, abandonam o curso após conseguirem posi- para lidar com a variedade de situações e pes- dades. No sexto semestre, o aluno opta por
com 11,1%. As duas que ficaram com os piores ções de trabalho com melhor remuneração do soas com as quais vão se defrontar. uma das duas áreas para se licenciar. “Esse
índices foram física, com 8,1% e computação, que a ofertada pela docência. curso nasceu com essa perspectiva, sendo
“O que funciona na classe A, não funciona bem construído a partir dos relatos das experiên-
RAZÃO ENTRE MATRÍCULA E CONCLUINTES, BRASIL E LICENCIATURAS SELECIONADAS, 2019
na D. Não existe uma técnica infalível que sir- cias do egresso. E agora também passará a
MATRÍCULAS CONCLUINTES RAZÃO M/C - %
va para todos alunos e contextos. O professor possibilitar a formação em ciências da natu-
TOTAL DE MATRÍCULAS BRASIL 8.603.824 1.250.076 14,5 precisa desenvolver um saber fazer e um saber reza, pois muitas vezes esses licenciados vão
TOTAL LICENCIATURAS SELECIONADAS 265.152 30.437 11,5
ser que é inerente à atividade da prática. Uma para a escola e lá percebem que podem ser
CIÊNCIAS 10.430 1.151 11
analogia distante: posso estudar tudo sobre bi- professores de ciências”, explica Oliveira.
BIOLOGIA 79.309 11.426 14,4
cicleta, mas se eu nunca for andar de bicicleta
FÍSICA 30.175 2.459 8,1
não vou aprender”, exemplifica Bego. O abandono e a evasão, aponta o coordenador,
QUÍMICA 38.517 3.945 10,2
são maiores entre aqueles que ingressam dire-
MATEMÁTICA 95.789 10.670 11,1
COMPUTAÇÃO 10.932 786 7,2
Ao detectar esses e outros problemas é que se tamente na licenciatura. Aqueles que vão para
desenhou a licenciatura integrada da Unicamp. o curso depois de cursar o bacharelado, veem
* CORRESPONDE À TABELA 6 DO PANORAMA.
que as possibilidades de empregabilidade são
Inspirações para uma boa formação “Procuramos dar suporte em disciplinas como ma- muito maiores na docência, por isso abandonam
docente inicial temática e física para quem vem com lacunas do menos. Para muita gente, a docência representa
Muitas licenciaturas vêm se renovando, ten- ensino médio”, diz Oliveira. Bego acrescenta que, uma grande possibilidade de ascensão social.
tando se atualizar não só para dar conta dos na comparação com cursos como medicina ou bio-
desafios da formação, mas também para asse- logia (bacharelado), os ingressantes na licenciatura
gurar que os alunos concluam o curso. Como necessitam de mais apoio. “A própria concorrência
explicam tanto Amadeu Bego como André faz com que, na média, o contingente de alunos
Luiz Oliveira, coordenador associado da li- dessas outras carreiras venha muito mais bem for-
cenciatura integrada em Química e Física da mado”, diz, pois esta é a condição para o ingresso.
Faculdade de Educação da Universidade Esta-
dual de Campinas (Unicamp), em muitos casos Ele enfatiza a necessidade de o curso aliar, desde o
os alunos ingressantes trazem dificuldades início, teoria e prática, fazendo com que os alunos
decorrentes de uma formação insuficiente na tenham experiências significativas em estágios que
educação básica. os façam correlacionar o que veem em sala de aula
com aquilo que eles próprios aprenderam.

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23
//Metodologia uma fonte de informação preponderante para os A primeira delas pressupõe a criação de uma

e práticas// alunos, mesmo que houvesse a televisão. Hoje, há horta, espaço em que podem ser feitas muitas
um volume de informação muito grande vindo das observações. Uma delas parte de uma pergunta
redes sociais. Celulares e computadores têm um que gera bastante curiosidade: é verdade que as
papel semelhante ao do livro didático. Só que mui- lagartas viram borboletas? Para realizá-la, os alu-

Investigação e análise
tas vezes são portadores de ideias negacionistas nos devem definir uma série de procedimentos
e de fake news”. que permitam acompanhar as mesmas lagartas
durante alguns dias. “Para isso, o professor vai
A importância da ciência na vida cotidiana exige que o ensino leve os Por esse motivo, o ensino escolar de ciências é fazendo perguntas que levem os estudantes à
estudantes a entenderem os processos de produção do conhecimento fundamental para fazer os jovens se valerem da construção de um plano de observação no inte-
e que possam experienciá-los em seu cotidiano capacidade analítica para ao menos desconfiar rior da horta, até que registrem a transformação”.
de conclusões erradas ou precipitadas. A pro-
O conhecimento científico vem se transfor- Em termos de metodologia de trabalho, segundo fessora cita o caso da cloroquina na pandemia, Outro exemplo, desta vez da termodinâmica, é a
mando com celeridade desde, pelo menos, Lúcia Sasseron, professora livre-docente do De- cuja eficácia foi alardeada com base apenas observação do comportamento da água quando
meados do século passado. Muito por causa partamento de Metodologia do Ensino da Facul- em um artigo com um universo de pacientes aquecida. Nesse caso, é necessário utilizar um
desse aporte de conhecimentos novos e da dade de Educação da Universidade de São Pau- muito pequeno e que não havia sido alvo de recipiente de vidro, como um Becker, que com-
percepção de seu impacto sobre a sociedade lo (USP), isso se traduz na utilização de um tripé checagem mais rigorosa. Saber lidar com es- porta a água que é aquecida, e alguns termôme-
como um todo, as maneiras como se ensina associado ao raciocínio científico. Esse modelo sas informações é vital. “Os mecanismos inter- tros. Sasseron explica que a evolução da tempe-
ciências também têm se modificado. Mais do envolve o desenvolvimento de capacidades de nos da ciência precisam tornar-se conhecidos ratura permite que os alunos montem primeiro
que isso, precisa mudar. investigação, de argumentação e de construção em sala de aula”, enfatiza. uma tabela e depois representem os dados em
de modelos aplicativos (modelagem) para os pro- um gráfico que mostrará o momento em que a
Dessa maneira, as metodologias e práticas blemas estudados. Para Sasseron seria ótimo que todas as escolas temperatura se estabiliza. Mas essa curva pode
para o ensino das disciplinas de ciências da públicas tivessem laboratórios e técnicos, situa- ser diferente se a água for esquentada de for-
natureza, como física, química e biologia, fo- Para Sasseron, não é simples fazer com que os ção distante da realidade. E, se o laboratório é mas diferentes, alterando o tempo de chegada à
ram ganhando novos contornos nas últimas professores – os mais antigos e até mesmo os reconhecido como espaço onde se faz ciência, estabilidade no gráfico.
décadas. Da ênfase em procedimentos, mui- novos –, utilizem esses procedimentos. “Muitos nem toda a ciência é feita no laboratório. Nessa
to em voga a partir do período pós-guerra, alunos de licenciaturas relatam que quase não perspectiva, aponta dois exemplos simples de Outros exemplos estão ligados à observação
passando pelo olhar mais voltado aos con- tiveram aulas em que tenham aprendido a inves- investigações a serem conduzidas com alunos da ocorrência de fenômenos meteorológicos,
ceitos no início dos anos 1970, o ensino de tigar ou argumentar”. Ou seja, os próprios profes- onde não há laboratório. como furacões e tempestades de raios. “Tudo
ciências, cada vez mais, está centrado na sores precisam se habituar a esse novo modelo, isso não requer laboratórios, e sim análise das
análise crítica e na busca por fazer com que que exige mais reflexão e participação por parte informações disponíveis”, finaliza.
o estudante desenvolva um tipo de pensa- dos estudantes. Até porque, salienta, a sala de aula
mento que lhe permita compreender o papel hoje é bastante diferente daquela que havia an-
da ciência na sociedade. tes. E alerta: “Há uns 20 anos, a escola ainda era

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//Entrevista// A experiência no Brasil Mentoria
compartilhada “Aprendo muito com as escolas com as quais
“Um dos motivos pelos quais me pediram para trabalho sobre mentoria, que é algo que faltou

Haira Gandolfi
ser a coordenadora desse campo das teorias na minha formação. Aqui fazem melhor que no
gerais da educação é o fato de que a nossa Brasil essa transição de licenciando para pro-
formação no Brasil nessa área é muito mais fessor, e também trabalham muito bem com as
Do Brasil para a Inglaterra: a vivência com a formação docente forte do que aqui. Trago muita coisa desses famílias, a relação entre escola e comunidade
campos, de teorias da educação, Paulo Freire, – no Brasil somos menos preparados para lidar
coisas que a gente trabalha no Brasil. Tenho com as famílias, com os problemas da família
Haira Gandolfi é formada em licenciatura e A Inglaterra insistido na inclusão de discussões teóricas ao redor da escola. Aprendi isso muito na prá-
bacharelado em Química pela Unicamp, segun- “Em 2015 vim fazer o doutorado na mesma como, por exemplo, sobre pedagogias críticas, tica, aquela coisa de ser jogada na sala de aula
do ela, um curso geral, em que é possível espe- área – história e sociologia da ciência aplica- educação antirracista, educação pela justiça e ter de lidar com problemas familiares trazi-
cificar a área que se quer – bacharelado indus- da à educação –, no Instituto de Educação de social. Todas essas coisas não são parte do dos pelos alunos, problemas graves. Nunca tive
trial, licenciatura ou bacharelado científico – já Londres [atualmente vinculado à University currículo oficial de licenciatura do Reino Uni- preparação para fazer isso na licenciatura. E no
durante o curso. Antes, ela cursou o ensino mé- College London]. Como aluna de doutorado, do, não são conteúdos obrigatórios. Mas, eu, Reino Unido a gente prepara os alunos melhor,
dio técnico, no colégio da Unicamp. O curso de fiz todo o meu projeto em escolas públicas da na posição de coordenadora, ofereço para que inclusive para essa parte mais burocrática, o
Química permitiu que ela se formasse com os Inglaterra, tive contato direto com professores se tornem parte do curso – isso eu trouxe da que eu faço se tal coisa acontecer, qual é o
dois diplomas, a licenciatura e o bacharelado e agora trabalho com a formação de professo- minha licenciatura.” procedimento, qual é a legislação, como lido
em Química Tecnológica Industrial. Na universi- res no atual governo britânico. Em Cambridge com o professor na sala de aula.
dade, fez estágios e iniciação científica. Desde desde 2020, trabalho em vários programas, na Trouxe conteúdos do Brasil, que são muito im-
o 2º ano trabalhou como plantonista de dúvidas graduação, na licenciatura, no mestrado, no portantes para a prática dos professores e se Trabalha-se muito melhor com a
em cursinhos, e fez estágios em colégios. “Sem- doutorado, em várias coisas diferentes. Traba- ligam às teorias de ciência e sociedade, o que preparação para lidar com assuntos
pre gostei de escola. Ao final, depois de cinco lho na formação de professores de modo geral, nos ajuda a navegar como professores de ciên- extrassala de aula, mais complexos
anos, resolvi ser professora, uma decisão muito não só em ciências como em outras disciplinas cias. Todas essas coisas dessa lente brasileira, e muitas vezes de cunho psicológi-
baseada na minha formação na licenciatura e também. Coordeno o programa de teorias ge- como meio ambiente, por exemplo, não fazem co ou de saúde mental. Até mesmo
nos estágios que fiz.” Nesta entrevista ela fala rais da educação, que seria o equivalente no parte do currículo oficial de ciências aqui.” com relação à inclusão de alunos
sobre como Brasil e Reino Unido têm aborda- Brasil aos fundamentos da educação [psicolo- com necessidades especiais.”
gens diferentes na formação de professores de gia, sociologia, história, filosofia da educação],
ciências que podem ser compartilhadas e as- que todos os alunos têm de fazer. Trabalho
sim aprimorar o ensino dessas disciplinas. com alunos de todas as disciplinas além daqui-
lo que faço com alunos de ciências.”

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27
//Conceitos científico e tecnológico”. Nessa perspectiva, o A BNCC e sua competência que mais
se aproxima do letramento científico
e significados//
letramento científico se refere à função social,
por exemplo, no caso de a sociedade conhe-
cer a importância das vacinas porque entende Argumentar com base em fatos, dados e in-

Estímulo à visão crítica


que o uso protege de doenças que podem ser formações confiáveis, para formular, negociar
evitadas, ou quanto ao uso de medicamentos e defender ideias, pontos de vista e decisões
para manter-se com saúde. comuns que respeitem e promovam os direi-
Os termos alfabetização científica e letramento científico, às vezes tos humanos, a consciência socioambiental e o
empregados como equivalentes, representam noções diferentes em relação A ideia de letramento científico começou a ga- consumo responsável em âmbito local, regional
ao conhecimento nhar corpo a partir da década de 1990 e tornou- e global, com posicionamento ético em relação
-se prevalente no campo do ensino de ciências ao cuidado de si mesmo, dos outros e do plane-
nas duas últimas décadas, sobretudo nos docu- ta. (BRASIL, 2017).
Alfabetização científica ou letramento científico? termos e conceitos, no caso da ciência). Vanessa mentos normativos das políticas educacionais.
REFERÊNCIAS
Dúvidas e eventuais confusões ou divergências Santos e Amilton Cesar Santos (2018), resumin- BERTOLDI, Anderson. Alfabetização científica versus letramento
acerca do uso dessas expressões precedem sua do teóricos, explicam a alfabetização científica O estímulo à formação de indivíduos mais habi- científico: um problema de denominação ou uma diferença
conceitual?. Revista Brasileira de Educação [online]. 2020, v.
própria existência. São derivadas das diferenças como o que se relaciona [...] com a capacidade litados a se posicionarem ante os temas científi- 25, e250036. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-
entre alfabetização e letramento, relativas à aqui- de compreender, utilizar e refletir sobre um tema, cos de relevância social está intimamente ligado 24782020250036 . Epub 07 Set 2020. ISSN 1809-449X. https://
doi.org/10.1590/S1413-24782020250036. Acesso 19 Julho 2022
sição da escrita e da leitura, e do uso social per- utilizando a linguagem científica, promovendo a a questões de ordem ética, que colocam em xe-
GOMES, Vanessa.; SANTOS, Amilton Cesar Santos. Perspectivas
mitido após a aquisição dessas competências. participação ativa e adequada nas práticas so- que a civilização atual, como a degradação do da alfabetização e letramento científico no Brasil: levantamento
bibliométrico e opinião de profissionais da educação do ensino
ciais e profissionais”, já o letramento científico “se meio ambiente e as possibilidades de mudanças
fundamental I. Scientia Plena, [S. l.], v. 14, n. 5, 2018. DOI:10.14808/
Segundo a linguista Magda Soares, “letramento relaciona com a função e prática social de um in- genéticas. Quanto mais compartilhadas forem as sci.plena.2018.052701 Disponível em: https://www.scientiaplena.
org.br/sp/article/view/4063 Acesso em: 19 jul. 2022.
ganha estatuto de termo técnico no léxico dos divíduo utilizando o conhecimento científico (p.2) decisões acerca desses temas, melhor.
campos da Educação e das Ciências Linguísti-
cas” já em 1988, quando Leda Tfouni distingue Ou seja, no caso do letramento científico, o al- Para incentivar esse tipo de formação, a Base
os dois termos no livro Adultos não alfabetizados: cance das competências deve ser mais amplo Nacional Comum Curricular usa estratégias que
o avesso do avesso (Editora Pontes). e aprofundado, pressupondo uma capacidade trabalham com o aprofundamento das habilida-
crítica em relação aos conceitos. Ou, como des de acordo com as séries e idades dos estu-
A grande diferença, tanto no domínio da língua expresso no texto do Panorama, o letramento dantes, de forma que o conhecimento aumente
quanto no da ciência, se dá em relação às capa- científico “deveria preparar para uma mudan- de grau e se torne mais sólido.
cidades de utilização dos conhecimentos adqui- ça de atitude pessoal e para um questiona-
ridos (domínio do código no caso da língua, e de mento sobre os rumos do desenvolvimento

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//Currículos//

Depois da pandemia
Gestores das redes de ensino se organizam para reformular currículos de ciências
à luz dos pilares da BNCC

Desde 2017, quando foi lançada, a BNCC já um cidadão crítico, autônomo, responsável, português e matemática, mas incluímos a par- Temas e abordagens caras à BNCC, como
passou por revisões e aperfeiçoamentos e, de que não divulgue fake news”, explica. te de ciências para que a gente possa medir foco na aprendizagem baseada em projetos
quebra, enfrentou imensos desafios extra-edu- como está o nosso estudante de acordo com o e resolução de problemas, a interdisciplinari-
cacionais para sua implantação nas redes de Cláudio Furtado, secretário de educação e da que é feito em outra avaliações internacionais”, dade, o trabalho em grupo já estão em pauta
ensino do país, o maior mas não o único deles ciência e tecnologia no governo do estado da discorre Furtado. em diversas iniciativas. Em Niterói há o movi-
a pandemia, que afetou profundamente as roti- Paraíba, fala da importância do letramento cien- mento STEAM (sigla do inglês para ciências,
nas e processos educacionais em todo o Brasil. tífico já no início da trajetória do estudante na Em Niterói, o processo de sensibilização dos tecnologia, engenharia, artes e matemática)
escola para que não se corra o risco de “discu- professores teve início em 2019 e se estendeu e clubes de ciência. Na Paraíba destacam-se
Camilla Souza Alô, diretora de terceiro e quar- tir coisas que já tínhamos certeza de que eram até o fim de 2022. “Revisitamos de forma co- o Programe-se, voltado para meninas, o De-
to ciclos (ensino fundamental 2) da Secretaria verdade desde 2000 anos atrás”. A ciência tem laborativa e dialógica o nosso referencial cur- safio Celso Furtado e o Ouse Criar, que co-
Municipal de Educação de Niterói (RJ), por de estar no dia a dia das crianças, defende. “Na ricular, que foi atualizado com base na BNCC meçaram no Ensino Médio mas estão come-
exemplo, explica que os impactos da pande- Paraíba, nossas semanas de ciência e tecnolo- mas sem deixar de refletir a realidade de Ni- çando a ser derivados para o Fundamental.
mia permanecem, com repercussões graves, gia, os programas de letramento científico, que terói e as questões que os professores julgam
como a vulnerabilidade alimentar, que atingiu já são muito fortes no ensino médio, têm de importantes”, diz Camilla Alô. Os gestores veem essas ferramentas e abor-
muitos estudantes e, naturalmente, a própria ser rebatidos para o ensino fundamental, como dagens como essenciais para que o aluno
aprendizagem, hoje alvo de um esforço de uma espécie de iniciação científica já quando o Para além das questões do currículo, Furtado desenvolva habilidades necessárias para o
recuperação no âmbito da secretaria. “A al- aluno começa a responder os porquês”. entende que é preciso dialogar com a universi- século 21, como autonomia, autoconfiança,
fabetização deixou de estar restrita ao Fun- dade na questão do letramento científico, para resolução de problemas, trabalhar em grupo,
damental 1, e se estende ao Fundamental 2. O primeiro passo na Paraíba tem foco nos do- que os cursos de licenciatura estejam alinha- entender sua posição no grupo, inteligência
A iniciativa não se restringe ao professor de centes: “fizemos várias formações com profes- dos à BNCC. “Com essa aproximação evita-se o emocional e capacidade de mediar conflitos.
língua portuguesa, mas passa por todos os sores da rede estadual e das municipais para risco de formar profissionais distantes da rea- O objetivo, diz Furtado, “é criar cidadãos me-
outros, porque para nós todo professor é pro- que cada vez mais se internalize a ideia da lidade das escolas”, afirma. lhores, preparados para cobrar e exigir uma
fessor de linguagem. Assim, o ensino de ciên- nova BNCC como uma visão mais ampla, colo- sociedade de qualidade”.
cias pode colaborar não só para a superação cando na nossa avaliação em larga escala para
desse problema, mas também na formação de olhar nosso estudante não só o letramento de

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//Computação - complemento à (BNCC). Em 11 de janeiro de 2023 conhecimento em relação a qualquer assunto.
e ciências// foi promulgada a lei 14.533, que institui a Política Montar um laboratório de ciências com todos
Nacional de Educação Digital. “Isso deverá criar os equipamentos e elementos, que custava ca-

Desafios para a Educação Digital


uma demanda clara de atuação de profissionais de ríssimo, hoje pode ser feito de maneira virtual
computação nas escolas de todo país.” em qualquer lugar, desde que haja acesso à in-
ternet e computadores” assevera Lúcia Dellag-
Para especialistas, melhorar conectividade, acesso a computadores e formação Laboratórios nol, diretora presidente do Centro de Inovação
docente desempenham papel chave para um salto no ensino de ciências No caso dos alunos dos anos finais do ensino para a Educação Brasileira (CIEB). A instituição é
fundamental, o percentual daqueles que con- referência na questão da incorporação das tec-
A educação tecnológica enquanto ferramenta universidades estaduais e privadas, enquanto tam com laboratórios de informática em suas nologias à educação.
deve ser entendida como uma habilidade que as federais tiveram crescimento percentual escolas é bem maior do que aqueles que têm
não deve ser restringida apenas às relações com (ver quadro). laboratórios de ciências. Os dados, no entanto, Em conversa recente com Paulo Blikstein, pro-
o mercado, mas como um instrumento capaz de indicam apenas a sua existência e não como fessor da Escola de Educação da Universidade
fomentar um debate critico na sociedade e oti- Segundo Ana Paula Gaspar, especialista em tec- estão equipados os laboratórios ou se estão Stanford, Dellagnol relata que ele menciona os
mizar o ato de ensinar e aprender. A educação nologias educacionais, essa dificuldade não é efetivamente sendo utilizados. laboratórios de robótica como uma excelen-
permeada por recursos digitais, tendo o docen- apenas do Brasil. A explicação para esse quadro te ferramenta para resolução de problemas e
PERCENTUAL DE ESTUDANTES DO ENSINO
te como autor, estrategista e que prepare o seu envolve algumas variantes. “Há poucas universida- FUNDAMENTAL ANOS FINAIS QUE CONTAM COM a adoção de práticas que levem os alunos a
planejamento didático e pedagógico incluindo des que oferecem o curso no país e há uma que- LABORATÓRIOS DE CIÊNCIAS E INFORMÁTICA NO colocar a mão na massa. “Com kits e placas
BRASIL. POR REGIÕES ADMINISTRATIVAS*
o uso das tecnologias personaliza os processos da no número de formandos. Os motivos apresen- de baixo custo, pode-se fazer muita coisa. Há,
REGIÃO DO
de ensino e aprendizagem. Nessa perspectiva, a tados pelos pesquisadores passam pelas mesmas PAÍS/TIPO DE CIÊNCIAS INFORMÁTICA ainda, vários simuladores e laboratórios vir-
computação, além de ser estratégica na socieda- razões de outras licenciaturas: a baixa atratividade LABORATÓRIO tuais de química e física em que você coloca
de moderna, pode colaborar fortemente com os para a carreira docente. Some-se a isso a grande CENTRO-OESTE 28,1% 69,5% determinados parâmetros para ver se um ex-
estudantes nos estudos de ciências da natureza. concorrência por profissionais de computação NORDESTE 16,6% 45,9% perimento dá certo ou não”.
para atuar em outras áreas que têm salários bem NORTE 19,9% 53,7%

Nos últimos anos, no entanto, a variação do nú- mais atrativos do que a educação”, avalia. SUDESTE 41,6% 83,4% Para Ana Paula Gaspar, há experiências que
SUL 57,7% 82,2%
mero de matrículas para as licenciaturas de Ciên- podem ser multiplicadas em escolas públicas,
cias da Computação foi levemente declinante No entanto, Ana Gaspar acredita que esse quadro *SEGUNDO O CENSO DA EDUCAÇÃO BÁSICA 2020. como o projeto levado a cabo pela então pro-
EXTRAÍDO DO PANORAMA.
(ver quadro) no universo selecionado pelo Pano- pode mudar com a aprovação, em fevereiro de fessora Débora Garofalo, da rede municipal de
rama sobre o Ensino de Ciências da Natureza. 2022, das Normas sobre Computação na Educa- São Paulo, que se valeu apenas de sucata para
ção - das Normas sobre Computação na Educação “Hoje, quando a gente fala de tecnologia nas es- ensinar robótica.
Pelos dados do Censo da Educação Superior, colas, fala na possibilidade de ter laboratórios Veja também: Educação de meninas e mulheres para as áreas
de STEM, webinar organizado pela Unesco que mostra ações de
entre os anos de 2015 e 2019, houve perda virtuais que permitem aos estudantes simular
incentivo para aumentar essa participação no Brasil. Acesse https://
de 0,6% nas licenciaturas de computação e situações, fazer experimentos para construir www.youtube.com/watch?v=tFT2Xm2CYl8

informática. As maiores quedas se deram nas

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“Montar um laboratório de ciências os alunos, para fazer uma curadoria de recursos pela Portaria nº 522/MEC, já em 1997. Desde Um estudo feito na Holanda, por pesquisado-
com todos os equipamentos e educacionais digitais, eles dizem abertamente então, apesar de várias iniciativas governa- res do Kennisnet (www.kennisnet.nl), o centro
elementos, que custava caríssimo, que não receberam formação e não sabem fa- mentais com programas e ações voltadas para de tecnologia para a educação do país, mos-
hoje pode ser feito de maneira virtual zer isso”, diz Lúcia Dellagnol. E acrescenta que a educação tecnológica, faltam investimentos tra que são quatro os fatores que, quando em
em qualquer lugar, desde que haja não tiveram esse aprendizado nem na formação que garantam a sua continuidade e a amplia- equilíbrio, fazem a diferença:
acesso à internet e computadores” inicial, nem nas formações continuadas. ção para todas as escolas.
Lúcia Dellagnol, diretora presidente do CIEB • Visão clara do porquê e para que utilizar a
(Centro de Inovação para a Educação Brasileira) E há outro entrave formativo a ser superado o Os fatores de impacto tecnologia
quanto antes: a maioria dos professores diz que Mesmo com esses números, alerta Dellagnol, • Desenvolvimento de competências por par-
não sabe utilizar a tecnologia para o seu próprio é preciso levar em conta que deve haver um te de professores e gestores
Simples, a iniciativa pode ser realizada apenas desenvolvimento profissional, ou seja, para fazer equilíbrio entre os fatores capazes de gerar • Bons materiais e recursos educacionais digitais
com as verbas do Programa Dinheiro Direto na cursos on-line ou autoavaliação on-line. É uma impacto positivo na educação. Há países, • Boa infraestrutura escolar
Escola (PDDE) e não exigiu da professora – hoje competência a ser desenvolvida para que as como os Estados Unidos, que investem altas
gestora da própria secretaria – muitos conheci- ações de gestão deem mais resultados. somas em tecnologia, porém com retorno O site do Cieb explora o material do Kennisnet e
mentos prévios. educacional considerado baixo. mostra uma comparação das políticas de tecno-
Em paralelo com a questão da formação, as logia utilizadas por diferentes países. Além disso,
“Débora é um exemplo porque não tem forma- escolas brasileiras enfrentam também proble- “Países pequenos, como a Estônia, há um aprofundamento na questão das compe-
ção inicial em áreas de STEM, mas conseguiu mas de infraestrutura. Dois tipos principais de algumas regiões da China, Singapura, tências digitais dos professores. E, com base no
levar o tema de maneira muito relevante para carências atrapalham as escolas: a baixa conec- fizeram um investimento não tão instrumento dos pesquisadores holandeses, a
seus alunos”, diz Ana Gaspar. tividade, desafio de porte para um país com a grande em termos financeiros, equipe do Cieb criou um instrumento batizado de
extensão territorial do Brasil, e a dificuldade de mas obtiveram uma virada na Guia EduTec (https://guiaedutec.com.br/), que
Entraves acesso a computadores, tablets e outros supor- educação, com a tecnologia sendo mede o grau de tecnologia nas escolas. A inova-
A formação docente, no entanto, se revela tes. Para se ter uma ideia, os países da Orga- determinante para isso” ção desse recurso é que, a partir dos dados in-
como um dos mais graves empecilhos ao uso nização para Cooperação e Desenvolvimento Lúcia Dellagnol seridos pelas escolas em resposta às perguntas
de tecnologia em laboratórios ou em sala de Econômico (OCDE) têm uma média de cinco do site, há uma avaliação do equilíbrio entre os
aula. O CIEB traz em seu site (www.cieb.net.br) alunos por computador, enquanto no Brasil esse quatro pilares. Segundo a diretora do Cieb, mais
uma autoavaliação feita por mais de 100 mil número sobe para 35 ou mais. de 100 mil escolas no Brasil já aplicaram o ins-
professores brasileiros de educação básica trumento, o que possibilita a construção de um
que não se sentem aptos a utilizar a tecnolo- É preciso destacar, no entanto, que no Brasil retrato da relação entre essas dimensões.
gia para nada além daquilo que fazem em sua as políticas educacionais visando a implemen-
vida pessoal. tar tecnologias nas escolas vêm ocorrendo há
mais de três décadas. Uma das ações de re-
“Quando você pergunta como eles usariam os ferência foi o Proinfo (Programa Nacional de
recursos tecnológicos para ensinar ou avaliar Tecnologia Educacional), lançado oficialmente

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//Literatura Interligações Temas controversos
acadêmica// Ao olharmos para os temas considerados mais A pesquisa salienta, ainda, por sua importância,
relevantes pelo Panorama, é pertinente estabe- uma quinta temática. Esta, porém, segundo a
lecer correlações e aproximações entre eles. análise do Panorama está ainda pouco presen-
A “formação docente” é a palavra-chave mais te. Trata-se dos assuntos ligados à diversidade,
apontada pelas pesquisas, está ligada a quase que no levantamento buscou reunir três de seus
todos os outros temas. aspectos: gênero e sexualidade, questões étni-

O olhar da
co-raciais e inclusão.
Mas não só. Por exemplo, a questão de me-

investigação científica
todologias e práticas, relacionada a várias O documento alerta para um esmaecimento
palavras-chave do segundo filtro da pesquisa de questões de gênero, quando relacionado à
(metodologia, didáticas, formação continuada, sexualidade, em função de acirramento políti-
Panorama traz recorte sobre pesquisas voltadas à análise do ensino de currículos, entre outras), mostra que há uma co e posições conservadoras. Essas questões
ciências; formação docente lidera o foco de pesquisadores e se conecta com grande preocupação em vincular os conteú- acabam não sendo abordadas, ou misturando
outras preocupações dos a serem ensinados às realidades locais e convicções não assentadas no conhecimento
aos problemas do mundo atual. “Há uma bus- científico, o que não contribui para a aceitação
Um bom termômetro para conhecer as questões - Formação de professores; ca para que isso seja feito de maneira crítica, mais ampla das diferenças e das diversidades no
tidas como mais importantes no ensino de ciên- - Metodologias e práticas mostrando a historicidade do conhecimento, plano social. Isso influencia até mesmo a reda-
cias da natureza para a educação básica são as - Currículo; as relações das pessoas e dessas realidades ção de documentos oficiais, como a BNCC, que
pesquisas acadêmicas que investigam o tema. Por - Alfabetização ao longo do tempo”, esclarece Unbehaum. passou por mudanças de redação, como mostra
esse motivo, o Panorama realizou um inventário e letramento científico; uma das pesquisas mencionadas.
de artigos científicos tendo como base aqueles - Desigualdades (questões relativas A pesquisadora enfatiza que uma questão crucial
publicados no portal eletrônico SciELO (Scientific a direitos e inclusão). para o bom ensino de ciências é a formação con-
Eletronic Library Online) , uma das mais bem repu- tinuada, que deveria complementar e atualizar
tadas bibliotecas científicas eletrônicas do Brasil. Para a coordenadora geral da pesquisa, a soció- conceitos num mundo sempre em mutação, com
loga dra. Sandra Unbehaum, estes são os cin- novas descobertas. Essa necessidade perma-
Na busca realizada, tomou-se como principal co temas centrais do campo. Destacando que nente de atualização não está restrita à docência,
descritor o termo “ensino de ciências”, para o “questões como a articulação entre formação é uma característica contemporânea.
qual a resposta foi de 281 artigos. Num segun- inicial e continuada, sobre metodologias e práti-
do passo, foram associados outros descritores, cas de ensino, trazem um olhar voltado para uma
relacionando-os àquele de base. Após uma análi- atuação reflexiva, crítica e participativa em ter-
se preliminar, cinco temas foram escolhidos pela mos do papel da ciência na sociedade”.
equipe de pesquisa da Fundação Carlos Chagas
para aprofundamento. São eles:

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O que falta investigar E, por fim, destaca como fundamental o desen-
Ao avaliar o conjunto de pesquisas selecionadas, volvimento, por meio de formação continuada
Sandra Unbehaum aponta para a ausência ou qua- e troca de experiências docentes, de práticas
se inexpressividade de trabalhos sobre temas que metodológicas ativas em educação, trazendo a
trariam grande contribuição para o ensino de ciên- educação científica baseada em experiências,
cias. O primeiro deles é o mergulho aprofundado como: estudo de caso, aprendizagem baseada
no que está acontecendo em redes e escolas em problemas, aprendizagem baseada em proje-
públicas. Como efetivamente estão acontecendo tos, sala de aula invertida, rotação por estações
– ou não – as mudanças conceituais, curriculares e gamificação. Ancoradas nesses preceitos, as
e metodológicas? Além disso, quais são hoje os ní- salas de aulas devem abrir-se para a possibilida-
veis de interação entre redes e escolas e, no plano de de refletir o conhecimento, estimular o gos-
destas últimas, como está a interação intradiscipli- to pela investigação, testar hipóteses e aguçar
nar, interdisciplinar e com a gestão. a curiosidade de crianças e adolescentes, por
meio de projetos e práticas interdisciplinares, em
“Outro ponto para o qual precisamos olhar é a situações concretas. Essa perspectiva permite
avaliação. Em 2017, o Saeb (Sistema de Avaliação ampliar o interesse dos estudantes e os enga-
da Educação Básica) aplicou uma prova amostral ja como agentes de sua aprendizagem, como
de ciências para alunos do 5º e do 9º anos. Os re- apontado por vários autores das pesquisas cita-
sultados não foram bons. É preciso que esta ava- das no Panorama.
liação esteja periodicamente no Saeb”, conclui
a pesquisadora, e mais do que isso, que sejam
pensadas estratégias para melhoria da qualidade
do ensino de ciências.

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//Na rede//
A atuação
O STEM Education Hub é uma parceria entre o

A um clique da aprendizagem
British Council e o King’s College London, que

do STEM
busca incentivar o ensino e aprendizagem das
ciências, bem como estimular a colaboração

Education Hub
Conheça plataformas concebidas para divulgar e dar suporte a iniciativas entre Brasil e Reino Unido nas frentes de
de aprendizagem de ciência pesquisa, formação e inovação voltadas ao
estímulo de uma educação de qualidade para
INaturalist (www.inaturalist.org) Scistarter (www.scistarter.org) todos e todas.
Interface em português - Interface em inglês • Produção e compartilhamento de
Ajuda a identificar plantas e animais Repositório internacional de projetos, Com sede na Escola de Educação, conhecimento sobre ensino de ciências
que permite comparações e consultas. Comunicação e Sociedade (ECS) do King’s • Workshops científicos
Zooniverse (www.zooniverse.org) College de Londres, e inaugurado em janeiro • Missões internacionais para construção
Interface em inglês - GBIF - Global Biodiversity de 2021, o programa tem parceiros nos de parcerias e realização de trabalhos e
Reúne voluntários e pesquisadores em torno de Information dois países, de onde partem contribuições estudos colaborativos
projetos científicos Facility (www.gbif.org) com ideias e eventos. Além disso, oferece • Cursos de imersão e escolas de verão
Interface em inglês - Rede internacional e oportunidades de mobilidade, reflexão, estudo • Palestras e minicursos sobre temas
Anecdata (www.anecdata.org) infraestrutura de dados que dá acesso a dados e experimentação coletiva entre os dois países emergentes no campo de ensino e
Interface em inglês - sobre os tipos de vida na Terra nas áreas de STEM, fortalecendo a cultura popularização das ciências
Permite reunir, gerenciar e compartilhar dados de uso de evidências de pesquisa para uma O STEM Education Hub está aberto para
de ciência cidadã iSpot (www.ispotnature.org) ação educacional reflexiva e orientada para novas parcerias, dentro desse seu escopo de
Interface em inglês - Permite identificação das a promoção da cidadania, da equidade e do atuação. Os interessados em contribuir devem
eBird (www.ebird.org/brasil) espécies e compartilhamento e aprendizado desenvolvimento sustentável na educação entrar em contato pelo site:
Interface em português - sobre a natureza. básica e superior. Suas atividades também https://www.stemeducationhub.co.uk/br/
Dedicado a observação de aves, com aba incluem a produção e o compartilhamento de
dedicada a espécies brasileiras. Open Science Lab (https://learn5.open. boas práticas de ensino.
ac.uk/course/view.php?id=2)
Interface em inglês - Apresenta atividades de
ciência cidadã por meio de experiências online.

Treezila (https://treezilla.org/)
Interface em inglês - Cataloga as espécies de
árvores do Reino Unido e busca estimar um valor
para o que chama de “serviços ao ecossistema”.

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www.britishcouncil.org.br

PARCEIRA EXECUTORA DA PESQUISA APOIADOR TÉCNICO

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