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22/08/2021 Herpes Genital: contágio, sintomas e tratamento • MD.

Saúde

Herpes Genital: contágio, sintomas e tratamento


Dr. Pedro Pinheiro
Tempo de leitura estimado: 6 minutos

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O que é herpes genital?


O herpes genital é uma doença sexualmente transmissível (DST)
causada pelo vírus herpes simplex, que se caracteriza pelo surgimento
de pequenas bolhas e úlceras dolorosas na região genital.

Apesar de serem semelhantes, o vírus da herpes que provoca lesão


labial é diferente do vírus que provoca lesão genital. Por isso eles são
classificados como herpes simplex vírus 1 (VHS-1), causador da herpes
labial, e herpes simplex vírus 2 (VHS-2), causador da herpes genital.
Eventualmente, o VHS-1 pode provocar lesão genital e o VHS-2 lesão
nos lábios.

Estima-se que 20 a 30% da população adulta esteja contaminada com


VHS-2, apesar de muitos destes não apresentarem sintomas e não
saberem que estão contaminados. Um estudo realizado na cidade de
Nova York em 2004 mostrou que 28% dos adultos estavam infectados
pelo herpes simplex vírus 2, mas apenas 12% sabiam que tinham sido
contaminados.

Apesar de ser uma infecção que pode ser tratada e controlada, não
existe cura para o herpes genital. Quem teve contato com o herpes
simplex vírus 2 ficará contaminado pelo resto da vida, podendo ou não
ter sintomas recorrentes da infecção.
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Nesse artigo vamos falar exclusivamente do herpes genital. Se você


procura informações sobre o herpes labial, acesse o seguinte
link: HERPES LABIAL – Transmissão, Sintomas e Tratamento.

Formas de transmissão
O vírus herpes simplex tipo 2 é transmitido pela via sexual, sendo
altamente contagioso nos momentos em que o paciente apresenta
lesões ativas na genitália. O grande problema do herpes genital é que a
transmissão pode ocorrer mesmo nas fases em que o paciente está
assintomático. Portanto, mesmo fora das crises, o paciente continua
eliminando o vírus de forma intermitente, podendo transmitir o herpes
genital para o seu parceiro(a). Habitualmente, em um período de 100
dias, o paciente passa 2 ou 3 eliminando o vírus de forma assintomática.

A frequência de eliminação do vírus vai se tornando menor conforme os


anos passam em relação à primeira aparição do herpes. A eliminação
fora das crises é maior nos primeiros três meses após a infecção
primária. Após 10 anos de infecção, a transmissão fora das crises vai se
tornando cada vez menos comum. Um estudo selecionou cerca de 400
pacientes com herpes genital há mais de 10 anos e colheu amostras dos
seus órgãos genitais fora das crises por um período de 30 dias
consecutivos. Apenas 9% apresentavam o vírus detectável para
transmissão.

Toda vez que o paciente apresenta uma crise, a sua taxa de transmissão
assintomática se eleva novamente, voltando a cair conforme a última
crise vai ficando mais antiga. 70% das transmissões do herpes genital
ocorrem na fase assintomática, já que durante as crises o paciente
costuma evitar ter relações sexuais.

Pacientes HIV positivos que também tenham herpes genital são grupo
que mais apresentam transmissão durante a fase assintomática.

O vírus herpes simplex tipo 1 costuma causar lesão apenas na boca,


mas pode se transmitido para os órgãos genitais em caso de sexo oral.
Uma vez contaminados, os pacientes com herpes genital pelo tipo 1
transmitem a doença do mesmo modo que os pacientes contaminados
pelo tipo 2. A diferença é que as crises pelo tipo 1 costumam ser mais
brandas e menos frequentes, e a transmissão fora das crises é menos
comum.

O vírus herpes simplex tipo 2 sobrevive muito pouco tempo no ambiente,


sendo incomum a transmissão através de roupas ou toalhas. Não é
habitual haver transmissão do herpes genital em piscinas ou banheiros.
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O uso de camisinha reduz a chance de transmissão, mas não a elimina


completamente, uma vez que as lesões do herpes podem surgir em
áreas da região genital que não ficam cobertas pelo preservativo. Por
exemplo, uma lesão de herpes na bolsa escrotal continua exposta
mesmo com o uso apropriado da camisinha.

Sinais e Sintomas
A maioria dos pacientes que se infecta com o vírus herpes simplex tipo 2
não desenvolve doença, permanecendo assintomáticos e sem ter
conhecimento do contágio. Há estudos que sugerem que até 80% dos
pacientes contaminado não desenvolvem sintomas.

Nos pacientes que desenvolvem sintomas, o quadro clínico é dividido em


duas situações: infecção primária e recorrência.

Infecção primária do herpes genital


A primeira vez que as lesões do herpes genital surgem após o doente ter
sido infectado é chamada de infecção primária.

Os sintomas do herpes genital tendem a se desenvolver dentro de três a


sete dias após a relação sexual responsável pela infecção, mas em
alguns casos pode demorar até duas semanas.

O principal sinal do herpes genital são pequenas bolhas agrupadas nos


órgãos genitais. Normalmente, as bolhas surgem e logo em seguida se
rompem formando úlceras. Na infecção primária estas lesões tendem a
ser muito dolorosas. Pode haver também comichão no local.

Além da lesão típica do herpes, a infecção primária costuma vir


acompanhada de outros sintomas, como febre, mal estar e dores pelo
corpo. Podem surgir linfonodos nas região da virilha e, se as úlceras
estiverem próximas à saída uretra, pode haver intensa dor ao urinar.

Nos homens, as feridas de herpes genital geralmente aparecem no pênis


ou próximo ao mesmo. Nas mulheres, as lesões podem ser visíveis fora
da vagina, mas elas geralmente ocorrem no seu interior, onde ficam
escondidas. No caos de lesões internas, os únicos sinais de doença
podem ser corrimento vaginal e/ou desconforto durante o ato sexual. As
lesões do herpes genital também podem surgir em qualquer ponto do
períneo e em torno do ânus dos pacientes que praticam sexo anal.

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Vesículas do herpes genital

As lesões na infecção primária do herpes genital costumam demorar em


média 20 dias para desaparecer.

Recorrências do herpes genital


Após a infecção primária, as lesões do herpes genital desaparecem
permanecendo silenciosas por vários meses. Na maioria dos pacientes, a
infecção ressurge de tempos em tempos, em alguns casos, mais de uma
vez por ano. 90% dos pacientes apresentam a primeira recorrência em
um intervalo de 18 meses após a infecção primária. Alguns podem ter
mais de 10 recorrências no intervalo de um ano. Os pacientes que
costumam ter recorrências frequentes são aqueles que tiveram uma
infecção primária prolongada, com lesões iniciais do herpes durando
mais de 1 mês.

As lesões recorrentes tendem a ser menos dolorosas e duram cerca de


10 dias, metade do tempo da infecção primária. Não é comum haver
outros sintomas, como mal estar ou febre. Com o passar dos anos, as
recorrências vão ficando mais fracas e menos frequentes.

As recorrências do herpes genital costumam surgir após algum evento


estressante para o organismo. Entre os mais comuns estão o esforço
físico exagerado, estresse emocional, doença, cirurgia recente,
exposição solar em excesso e imunossupressão. Em algumas mulheres
o período menstrual pode ser o gatilho. Todavia, há casos de
recorrências em que não é possível identificar nenhum fator
desencadeante.

Dias antes das lesões recorrerem, o paciente pode sentir alguns


sintomas de aviso, como uma coceira nos grandes lábios, uma
dormência no pênis ou formigamento na região genital. Muitos pacientes
conseguem identificar que uma recorrência do herpes genital está a
caminho.

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Em alguns casos o paciente pode não desenvolver sintomas de infecção


primária logo após a contaminação, vindo a apesentar as úlceras apenas
anos depois, após algum evento que reduza sua imunidade. Nestes
casos, apesar de ser a primeira aparição das feridas, a doença se
comporta mais como uma recorrência do que como infecção primária,
sendo mais curta e menos dolorosa. Também não são comuns sintomas
como febre e mal estar. O problema é que, como é a primeira aparição
das feridas, o paciente tende a achar que foi contaminado recentemente,
e isso costuma causar problemas em casais com relacionamento estável
há anos. Nestas situações é muito difícil estabelecer com precisão
quando o paciente foi infectado e quem o infectou.

Herpes genital na gravidez


O herpes genital se comporta de forma semelhante nas mulheres
grávidas e não grávidas. O grande problema do herpes na gravidez é o
risco de transmissão para o bebê.

Habitualmente, a transmissão só ocorre durante o parto, quando o bebê


ao passar pelo canal vaginal entra em contato com as secreções
contaminadas da genitália feminina. Mesmo quando a mãe encontra-se
assintomática e sem lesões, há risco de transmissão. O maior risco
ocorre quando a mulher se contamina perto da data do parto, ou seja,
quando a infecção primária surge nas últimas semanas de gravidez.

Apenas raramente o herpes pode ser transmitido dentro do útero,


durante a gravidez, não sendo, portanto, uma infecção que costuma
causar problemas de má-formações para o feto.

A cesariana diminui muito o risco de transmissão do herpes, sendo esta


a forma mais indicada de parto nas mulheres sabidamente
contaminadas. É bom destacar que o parto cesário diminui, mas não
elimina completamente o risco de contágio do bebê (leia: PARTO POR
CESARIANA | Vantagens e riscos).

As mulheres com sintomas de herpes genital durante a gravidez podem


ser tratadas com aciclovir, não importa o trimestre de gestação que
estejam (ver tratamento mais à frente).

Diagnóstico
As lesões do herpes genital são típicas e durante as crises são
facilmente reconhecidas por médicos experientes. Se houver
necessidade de confirmação laboratorial, ou se a lesão não for muito
típica, o médico pode colher amostras das úlceras para identificação do
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vírus. Nas fases assintomáticas é possível investigar a infecção pelo


herpes através das sorologias, que podem identificar tanto o vírus herpes
simplex tipo 1 quanto o tipo 2. As sorologias também são importantes
para o rastreio de parceiros(as) de pacientes infectados.

Os exames conseguem identificar o vírus, mas não fornecem informação


sobre quando o paciente foi infectado.

Tratamento
Embora não exista cura para o herpes genital, a infecção pode ser
controlada com terapia antiviral. O tratamento com antivirais serve para
acelerar a cura das lesões, aliviar os sintomas, impedir complicações e
reduzir o risco de transmissão para outros.

Três medicamentos antivirais são utilizados para o tratamento de herpes


genital: Aciclovir (Zovirax ®), Famciclovir (Famvir ®) e Valaciclovir
(Valtrex ®) (leia: INFORMAÇÕES SOBRE ACICLOVIR (ZOVIRAX)). Nas
grávidas, a droga de escolha é o aciclovir, que é uma substância segura
em qualquer momento da gravidez.

O primeiro episódio de herpes genital é geralmente tratado por 7 a 10


dias por via oral. Se não houver melhora das úlceras, o tratamento pode
ser estendido por mais uma semana. O tratamento funciona melhor se
iniciado nas primeiras 72 horas de sintomas.

Nas recorrências, o tratamento pode ser feito por apenas 5 dias.


Pessoas com história de herpes genital recorrente são frequentemente
aconselhadas a manter um estoque de medicação antiviral em casa, de
modo a iniciar o tratamento assim que surgirem os primeiros sinais de
uma recorrência.

Se o paciente apresenta raras recorrências e a faz com poucos


sintomas, pode não haver necessidade de tratamento com antivirais,
principalmente se o(a) mesmo(a) não tiver um parceiro(a) sexual no
momento que possa ser infectado(a).

Nos pacientes que apresentam mais de 6 surtos por ano, pode estar
indicada a terapia supressiva, que consiste no uso diário e contínuo de
um antiviral em doses baixas para evitar as recorrências. A vantagem de
terapia supressiva é que ela reduz a frequência e a duração das
recidivas, podendo também reduzir o risco de transmissão de vírus da
herpes para um(a) parceiro(a) não infectado(a).

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Não está claro por quanto tempo a terapia supressiva deverá ser
mantida. Alguns especialistas recomendam fazer uma pausa do
tratamento periodicamente (a cada poucos anos) para determinar se a
terapia supressiva ainda é necessária. Se os surtos retornarem, a terapia
supressiva pode ser reiniciada.

A terapia supressiva pode ser indicada também em casos de parceiros


sexuais com sorologias discordantes, ou seja, um deles infectado pelo
herpes e o outro não. A terapia supressiva reduz em mais de 50% o risco
de transmissão. Quando associada ao uso de camisinha, o risco de
transmissão do herpes genital torna-se pequeno.

Cuidados pessoais
Além dos medicamentos antivirais, alguns tratamentos caseiros podem
ser usados para aliviar os sintomas de um surto de herpes genital. Banho
de assento com água fria pode diminuir temporariamente a dor das
feridas. As mulheres que estão tendo dor para urinar podem sentir
menos desconforto urinando durante o banho de assento ou em um
chuveiro com água morna.

Sabões e banhos de espuma deve ser evitados. Também é importante


manter a área genital limpa e seca, e evitar roupa interior apertada.
Cremes e pomadas geralmente não são recomendados. Se a dor estiver
muito incômoda, analgésicos ou anti-inflamatórios podem ser usados.

- CO N TINUA APÓS A PU B L I C I D A D E -

Referências
Seroprevalence of herpes simplex virus type 2 and characteristics
associated with undiagnosed infection: New York City, 2004 –
Journal of the American Venereal Disease Association.
Genital Herpes – CDC Fact Sheet (Detailed) – Centers for Disease
Control and Prevention (CDC).
Genital herpes – Lancet.
Herpes Simplex – Medscape.
WHO guidelines for the treatment of Genital Herpes Simplex Virus –
World Health Organization (WHO).
Final Recommendation Statement Genital Herpes Infection:
Serologic Screening– U.S. Preventive Services Task Force.
Treatment of genital herpes simplex virus infection – UpToDate.
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Epidemiology, clinical manifestations, and diagnosis of genital herpes


simplex virus infection – UpToDate.

https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/dst/herpes-genital/ 8/8

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