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O

Teatro
Do Absurdo
Por

NICOLE REZENDE, JULIA SIRAQUE,


OTÁVIO LOPES & BEATRIZ
CT 28
ABERTURA DA CENA:
INT. [PROGRAMA TV] — NOITE

[TRECHO CENA “ESPERANDO GODOT” DE BECKETT]

[2 Personagens entram em Cena]


[ESTRAGON]
Lugar encantador... – Dá a
volta, caminha à boca da cena,
junto à plateia – Esplêndido
espetáculo – Volta para trás –
Vamos embora.
[VLADMIR]
A gente não pode.
[ESTRAGON]
Por quê?
[VLADMIR]
Estamos esperando Godot.
[ESTRAGON]
É mesmo. – Pausa – Tem certeza
de que era aqui?
[VLADMIR]
O quê?
[ESTRAGON]
Que era pra esperar.
[VLADMIR]
Ele disse: Perto da árvore. –
Olham para a árvore – Está vendo
mais alguma?
[ESTRAGON]
É o quê?
[VLADMIR]
Um chorão, eu acho.
[ESTRAGON]
E as folhas?
[VLADMIR]
Deve estar morto.
[ESTRAGON]
Chega de choro.
[VLADMIR]
A menos que não seja época.
[ESTRAGON]
Para mim, parece mais um
arbusto.
[VLADMIR]
Um arbúsculo.
[ESTRAGON]
Um arbusto.
[VLADMIR]
Um... – Recobra-se – O que você
está querendo dizer? Que erramos
de lugar?
[ESTRAGON]
Ele devia estar aqui.
[VLADMIR]
Não deu certeza que viria.
[ESTRAGON]
E se não vier?
[VLADMIR]
Voltamos amanhã.
[ESTRAGON]
E depois de amanhã.
[VLADMIR]
Talvez.
[ESTRAGON]
E assim por diante.
[VLADMIR]
Ou seja...
[ESTRAGON]
Até que ele venha.
[VLADMIR]
Você não tem compaixão!

[Personagens saem do palco]

ENCERRAMENTO DA CENA.

[Entrevistadora entra em cena]


[ENTREVISTADORA]
Boooa noite, pessoal! O que
vocês acharam desta cena? Este é
um trecho da peça “Esperando
Godot”, de Samuel Beckett, um
dos maiores nomes do Teatro do
Absurdo. E antes de
prosseguirmos, gostaria de
contextualizar brevemente o que
é o Teatro do Absurdo para os
nossos espectadores. O Teatro do
Absurdo é um movimento teatral
que surgiu no pós-Segunda Guerra
Mundial e se caracteriza pela
representação da existência
humana como caótica, sem sentido
e muitas vezes irracional. Os
dramaturgos que estão conosco
hoje, Eugène Ionesco, Samuel
Beckett e Fernando Arrabal, são
figuras proeminentes desse
movimento e têm contribuído
significativamente para a
exploração desse tema em suas
obras. Agora, vamos conversar
com esses renomados artistas.
Podem entrar! – Bate palma
influenciando o público a fazer
barulho.

[Todos entram em cena]

[ENTREVISTADORA]
Boa noite, senhores! Estamos
aqui para discutir sobre o
Teatro do Absurdo e suas
contribuições para o mundo da
Dramaturgia. Para começar,
poderiam nos contar sobre suas
obras mais notáveis e como elas
se encaixam nesse movimento?
[EUGÈNE IONESCO]

Boa noite. Eu me chamo Eugène


Ionesco, e Uma de minhas obras
mais conhecidas é “A Cantora
Careca”, que retrata a
futilidade da comunicação
humana. Minha motivação era
mostrar a falta de sentido na
linguagem cotidiana.
[SAMUEL BECKETT]

Boa noite pessoal, eu sou Samuel


Beckett, e escrevi “Esperando
Godot”, que aliás vocês acabaram
de ver um trecho da obra, e é
uma peça que explora a
existência humana em um mundo
sem sentido. Minha influência
veio do pessimismo
existencialista e da experiência
da Segunda Guerra Mundial.
[FERNANDO ARRABAL]

Boa noite, me chamo Fernando


Arrabal e uma de minhas peças
notáveis é “Os Quatro Gatos”,
que aborda o autoritarismo e a
alienação. Minhas influências
vieram de uma experiência
pessoal na Espanha sob o regime
de Franco e da literatura
surrealista.
[ENTREVISTADORA]
Excelente! Agora, poderiam nos
falar sobre as principais
influências que contribuíram
para o desenvolvimento do Teatro
do Absurdo?
[EUNGÈNE IONESCO]
O existencialismo e a filosofia
de Albert Camus tiveram um
grande impacto em meu trabalho.
Além disso, o absurdo da vida
cotidiana também foi uma
influência significativa.
[SAMUEL BECKETT]

Minha obra foi influenciada por


filósofos como Jean-Paul Sartre
e Friedrich Nietzsche. A
sensação do absurdo na
existência humana foi o centro
do meu trabalho.
[FERNANDO ARRABAL]

Minhas influências incluem o


surrealismo de André Breton e a
experiência traumática da Guerra
Civil Espanhola. Eu estava
interessado em explorar os
extremos da condição humana.
[ENTREVISTADORA]
Quais desafios vocês enfrentaram
ao introduzir o Teatro do
Absurdo ao público e à crítica?
[EUGÈNE IONESCO]

Encontramos resistência
inicialmente, pois as pessoas
estavam acostumadas com formas
de teatro mais convencionais.
Mas, ao longo do tempo, o
absurdo atraiu interesse e
curiosidade.
[SAMUEL BECKETT]

Muitos não entendiam nosso


trabalho no início e criticavam
a falta de narrativa linear. Mas
isso também levou à discussão e
à análise mais profundas.
[FERNANDO ARRABAL]

A resistência política também


era um desafio, especialmente no
contexto do regime Franco. Mas
isso só fortaleceu nossa
determinação em transmitir
mensagens críticas.
[ENTREVISTADORA]
Muito obrigada, senhores, por
compartilharem seus insights
sobre o Teatro do Absurdo. Suas
contribuições para a arte são
inestimáveis e continuam a
inspirar muitos hoje em dia. E
agora, antes de finalizar o
programa de hoje, iremos ver uma
entrevista especial, que eu e a
minha equipe fomos atrás de
conversar com mais umas figuras
incríveis do Teatro do Absurdo!
– Coloca a entrevista para
tocar.

[ENTREVISTA NA TV]

[ENTREVISTADORA]
Olá senhores. Primeiro eu queria
agradecer por participarem desta
entrevista. Gostaria que vocês
compartilhassem conosco quais
foram as influências que os
levaram a se envolver com esse
estilo de teatro, destacassem
uma de suas obras mais notáveis
e compartilhasse brevemente a
ideia central por trás dela.
[JEAN GENET]

Primeiramente boa tarde. Para


mim, as influências vieram da
minha experiência como
“criminoso” e marginalizado, o
que me permitiu enxergar a
absurdez e a injustiça da
sociedade de uma forma peculiar.
Uma das minhas obras é “As
Criadas”. A peça explora a
relação opressiva entre patroas
e criadas, revelando a inversão
de poder e a busca por liberdade
em um ambiente absurdo e
claustrofóbico.
[JEAN TARDIEU]
Boa tarde. Minhas influências
foram principalmente literárias,
especialmente a obra de Franz
Kafka. Suas narrativas surreais
e a sensação de desamparo diante
da burocracia e da autoridade me
inspiraram profundamente. “A
máquina Inútil” é uma das minhas
criações mais emblemáticas.
Nesta peça, busquei representar
a futilidade das ações humanas e
a incapacidade de alcançar um
propósito claro em um mundo
absurdo e caótico.
[ALFRED JERRY]

Boa tarde. Eu fui fortemente


influenciado pelo mundo do circo
e do teatro de variedades. A
excentricidade e o absurdo
desses ambientes me atraíram e
serviram como base para minhas
criações no Teatro do Absurdo.
“Ubu Rei” é, sem dúvida, minha
obra mais conhecida. Nela,
satirizei a tirania e a
absurdidade do poder, criando
personagens grotescos e
situações extremamente
exageradas para transmitir uma
crítica contundente.

[ENTREVISTADORA]
O Teatro do Absurdo muitas vezes
desafia as convenções teatrais
tradicionais. Quais foram os
principais desafios que vocês
enfrentaram ao introduzirem esse
estilo de teatro e como a
audiência reagiu inicialmente?
[JEAN GENET]

Um dos principais desafios foi


fazer com que o público
aceitasse a ruptura com as
formas convencionais de
narrativa e personagem. Muitos
resistiam à falta de linearidade
e à ambiguidade presente nas
minhas peças.
[JEAN TARDIEU]

Com certeza, a resistência à


falta de lógica e linearidade
foi um obstáculo. Além disso, a
dificuldade em comunicar
significados claros em meio ao
caos foi algo que exigiu uma
abordagem inovadora.
[ALFRED JERRY]

Para mim, o desafio era


equilibrar o exagero e o caótico
com uma mensagem subversiva e
crítica. Alguns espectadores
inicialmente estranharam, mas
muitos também reconheceram a
força de ironia presente em
minhas obras.

ENCERRAMENTO DA ENTREVISTA.

[ENTREVISTADORA]
E então, esse foi o programa de
hoje sobre o Teatro do Absurdo.
Espero que tenham gostado, e até
o próximo bloco. Boa noite!

FIM.

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