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19/01/2024

Prof. Victor Creti Bruzadelli


@victor.creti

MPB no Vestibular

prof.vcb@gmail.com
Rádio Guilhotina

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França pré~Revolucionária
• País mais populoso da “Baseados no costume e antigos
acordos feitos com a monarquia e
Europa (cerca 28 fixados em leis, esses privilégios eram
percebidos no século XVII como
milhões de habitantes, “liberdades”. Exemplo disso era o
responsável por 20% da direito de isenção do imposto territorial
(a Taille), que valia para a nobreza e
população europeia e para o clero e, em alguns casos, para
4% mundial); toda a população de determinadas
regiões e localidades. Da mesma forma,
o privilégio de legislar concedido
• Extensa desigualdade algumas províncias e cidades fez com
que, contra os interesses da monarquia,
regional e social; o Reino da França estivesse, ainda nos
anos 1780, longe de ser plenamente
centralizado e unificado: não existia,
• Reinado de Luís XVI, por exemplo, um sistema métrico único
e ainda se faziam presentes cerca de
rei fraco e vacilante, 360 códigos de leis e 300 sistemas
num reino não regionais de tarifas e impostos”
plenamente unificado. (MORAES, Luís Edmundo. História
Contemporânea: da Revolução Francesa à
Primeira Guerra Mundial)

França pré~Revolucionária
• Sociedade de Ordens: sem “A França era um país
majoritariamente católico: no reino, a
mobilidade social e Igreja Católica era uma vasta corporação
marcada pela diferença; detentora de terras e estava isenta de
muitos impostos, como a taille, principal
imposto direto. A porcentagem de terras
• Sociedade dividida em nas mãos da Igreja variava desde 5 ou 6%
em regiões do oeste e do sul até 20% em
estados: regiões do Norte da França. Em 1789, o
clero contava com cerca de 406 mil
• Primeiro Estado: Clero (280 membros. Quase todos os bispos, cardeais,
arcebispos eram nobres de nascimento.
mil pessoas – 1%): Enquanto isso, os vigários e os curas, isto é,
os padres das paróquias, provinham de
• Alto (cardeais, bispos e estratos menos prestigiosos e eram figuras-
abades) e Baixo clero chave no cotidiano da população. Eram os
(padres, frades e monges); curas, por exemplo, que mantinham os
registros de estado civil. Assim, enquanto a
• Possuíam muitas terras; população nutria simpatia pelos padres e
freiras que atuavam nos hospitais, havia
• Direito a cobrança do dízimo, um desgosto popular cada vez mais forte
taxas de batismo, casamento com relação ao alto clero”
e sepultamento. (CARVALHO, Daniel Gomes de. Revolução Francesa)

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França pré~Revolucionária
• Sociedade dividida em estados:
• Segundo Estado: Nobreza (560 mil pessoas –
2%):
• Nobreza cortesã (viviam na corte), provincial (viviam em
grandes propriedades rurais) e togada (burgueses que
compravam títulos de nobres);
• Vivia à custa do Estado ou da exploração do trabalho dos
camponeses.

Concentração fundiária na França no século XVII


Clero Nobreza Comuns
População 1% 2% 97%
Propriedade de terras 20% 35% 45%

França pré~Revolucionária
• Sociedade dividida em estados:
• Terceiro Estado: Comuns (26 milhões e 880 mil
pessoas – 97%):
• Burguesia: donos de manufaturas, indústrias, casas de
comércio e bancos;
• Trabalhadores Urbanos: comerciantes, artesãos e
operários;
• Camponeses: trabalhavam na produção agrícola, formavam
80% da população francesa (cerca de 21 milhões de pessoas);
• Sans-culottes: identidade política associada a
desempregados e trabalhadores intermediários ou pobres;
• Trabalhavam para gerar riquezas e pagar impostos.

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França pré~Revolucionária
“O traje típico de um sans-culotte era
a carmagnole (uma espécie de jaqueta curta,
uma calça listrada e um boné vermelho, o
barrete frígio. O boné vermelho havia sido
usado durante o império Romano pelos
escravos que tinham conseguido a
emancipação de seus mestres e cujos
descendentes eram, por esta razão, cidadãos
do império. O pique no punho e o sabre de lado
indicavam o cidadão armado para defender a
população a Revolução. Um sans-culotte
chama o outro apenas de ‘você’ (‘tu’ em
francês) em vez de ‘senhor’ e refere-se ao
próximo como ‘cidadão’ e ‘cidadã’. O
igualitarismo e a fraternidade sans-culote se
definem em oposição ao ‘aristocrata’.
Enquanto o sans-culote tem por ideal a Sans-culotes em armas, de Jean-
reunião das virtudes públicas e privadas (o Baptiste Lesueur (1793-94)
‘bom cidadão’, o ‘bom filho’ e o ‘bom pai’), o
aristocrata é visto como alguém corrupto na
vida pública e libertino na vida privada”
(CARVALHO, Daniel Gomes de. Revolução Francesa)

França pré~Revolucionária
“O traje típico de um sans-culotte era
a carmagnole (uma espécie de jaqueta curta,
uma calça listrada e um boné vermelho, o
barrete frígio. O boné vermelho havia sido
usado durante o império Romano pelos
escravos que tinham conseguido a
emancipação de seus mestres e cujos
descendentes eram, por esta razão, cidadãos
do império. O pique no punho e o sabre de lado
indicavam o cidadão armado para defender a
população a Revolução. Um sans-culotte
chama o outro apenas de ‘você’ (‘tu’ em
francês) em vez de ‘senhor’ e refere-se ao
próximo como ‘cidadão’ e ‘cidadã’. O
igualitarismo e a fraternidade sans-culote se
definem em oposição ao ‘aristocrata’.
Enquanto o sans-culote tem por ideal a
reunião das virtudes públicas e privadas (o
‘bom cidadão’, o ‘bom filho’ e o ‘bom pai’), o Sans-culotes em
aristocrata é visto como alguém corrupto na armas, de Jean-
vida pública e libertino na vida privada” Baptiste Lesueur
(CARVALHO, Daniel Gomes de. Revolução Francesa) (1793-94)

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França pré~Revolucionária
“O traje típico de um sans-culotte era
a carmagnole (uma espécie de jaqueta curta,
uma calça listrada e um boné vermelho, o
barrete frígio. O boné vermelho havia sido
usado durante o império Romano pelos
escravos que tinham conseguido a
emancipação de seus mestres e cujos
descendentes eram, por esta razão, cidadãos
do império. O pique no punho e o sabre de lado
indicavam o cidadão armado para defender a
população a Revolução. Um sans-culotte
chama o outro apenas de ‘você’ (‘tu’ em
francês) em vez de ‘senhor’ e refere-se ao
próximo como ‘cidadão’ e ‘cidadã’. O
igualitarismo e a fraternidade sans-culote se
definem em oposição ao ‘aristocrata’.
Enquanto o sans-culote tem por ideal a Sans-culotes em armas, de Jean-
reunião das virtudes públicas e privadas (o Baptiste Lesueur (1793-94)
‘bom cidadão’, o ‘bom filho’ e o ‘bom pai’), o
aristocrata é visto como alguém corrupto na
vida pública e libertino na vida privada”
(CARVALHO, Daniel Gomes de. Revolução Francesa)

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França pré~Revolucionária “O que é o Terceiro Estado?


Tudo – mas um todo entrevado e
oprimido. Que seria dele sem a
ordem privilegiada? Tudo, mas um
todo livre e florescente. Nada se
pode fazer sem ele, tudo se fará
infinitamente melhor sem os outros
[...]. O Terceiro Estado abarca,
assim, tudo o que pertence à nação;
e tudo o que não é o Terceiro Estado
não se pode considerar como sendo
nação”
(SIEYÈS, Emmanuel de. O que é o Terceiro
Estado? [1789])

Gravura francesa representando o domínio do 3º


estado (1789)

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França pré~Revolucionária
• Sociedade marcada por paróquia
“Nós,
de
habitantes da
Longey-en-Dunois
privilégios: abaixo-assinados, tendo-nos reunido
em virtude das ordens do Rei, na
• Primeiro e Segundo sexta-feira, dia 6 do presente mês de
estado: maio de 1789, resolvemos o que se
segue: Pedimos que todos os
• Isenção de alguns privilégios sejam abolidos.
impostos; Declaramos que se alguém merece
ter privilégios e gozar de isenções,
• Cargos públicos; são estes, sem contradição, os
habitantes do campo, pois são os
• Pensões governamentais; mais úteis ao Estado, porque o seu
trabalho o fazem viver... Desejamos
• Terceiro estado: que os que forem deputados aos
Pagamento de impostos Estados Gerais sejam recrutados na
classe do Terceiro Estado, e não nas
e financiamento da classes do Clero e da Nobreza...”
França. (Abaixo-assinado do habitantes da paróquia de
Longey-en-Dunois)

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França pré~Revolucionária
“Os últimos anos da • Contradições econômicas:
década de 1780 tinham sido, por
uma complexidade de razões, um
período de grandes dificuldades
praticamente para todos os ramos
• Crescimento:
da economia francesa. Uma má • Produção manufatureira (60%) e
safra em 1788 e 1789 e um inverno comércio (400%);
muito difícil tornaram aguda a
crise. As más safras faziam sofrer o
campesinato, pois significavam • Desenvolvimento da indústria de ferro;
que, enquanto os grandes
produtores podiam vender cereais • Crescimento de alfabetizados e da
a preços de fome, a maioria dos produção de livros;
homens em suas insuficientes
propriedades tinha provavelmente
que se alimentar do trigo
• Crise:
reservado para o plantio ou • Intempéries climáticas: inundações e
comprar alimentos àqueles preços,
especialmente nos meses secas na década de 1780;
imediatamente anteriores à nova
safra (maio-julho). Obviamente as • Baixa produtividade do campo;
más safras faziam sofrer também
os pobres das cidades, cujo custo de • Inflação: exportação de grãos e
vida — o pão era o principal aumento do preço do pão;
alimento — podia duplicar”
(HOBSBAWN, Eric. A Era das revoluções) • Desemprego, miséria e fome.

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França pré~Revolucionária
• Crise Econômica: Gastos do
• Elevados custos do Estado francês
Estado: em 1774 Pensões
• Gastos com o Exército; Corte
6%

• Endividamento do Estado; 10%


Exército
• Suntuosos gastos com a 33%

corte;
• Pensões para os Outros
gastos
Aristocratas; 21%

• Consequência:
crescimento das revoltas
populares. Juros
30%

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França pré~Revolucionária
• Soluções para a crise econômica:
“Ocorre que diante da necessidade de reforma, a Coroa optou política
ambígua que resultou num verdadeiro baile de nomeações e demissões de ministros”
(CARVALHO, Daniel Gomes de. Revolução Francesa)

• Ministros das finanças:


1. Anne Robert J. Turgot (1774-76):
• Tentativas de implementar medidas fisiocratas;
• Revoltas populares contra sua política econômica;
2. Charles Alexandre de Calonne (1784-89):
• Proposta de pagamento de impostos para 1º e 2º Estado e taxação de impostos
sobre as propriedades da Igreja;
• Reação aristocrática (1787): aristocratas pressionam Luís XVI, que demite o
ministro;
3. Jacques Necker (1789-90):
• Convocação, sob pressão da aristocracia, da Assembleia dos Estados Gerais para
maio de 1789.

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Assembleia dos Estados Gerais


“Com a convocação • Órgão consultivo da monarquia
dos Estados Gerais [em absolutista francesa;
1788], a aristocracia
esperava completar o
processo que esvaziaria a • Não era convocada desde 1614 (há 175
monarquia de seu poder
absoluto. Seu cálculo, anos);
teoricamente correto,
baseava-se na certeza de que
controlaria todas as decisões • Motivações da convocação: crise
dos Estados Gerais. Essa econômica e revoltas populares;
instituição tinha seus
representantes eleitos
internamente a cada ordem e, • Composição:
quando em funcionamento, a
votação era em separado, • 291 deputados do Primeiro Estado;
correspondendo um voto a
cada ordem. Mas, na prática, • 270 deputados do Segundo Estado;
o cálculo da aristocracia
revelou-se um verdadeiro • 578 deputados do Terceiro Estado;
suicídio político para ela e
para o regime que
representava” • Obs.: a convocação foi feita sob um
(FLORENZANO, Modesto Florenzano. ambiente de carestia e revoltas.
As revoluções burguesas)

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Assembleia dos Estados Gerais


• Impasse sobre a “Para essa mentalidade
revolucionária também contribuíram as
votação: grandes expectativas provocadas pela
convocação dos estados gerais, pois, como os
• Manutenção da pobres urbanos, também os camponeses
tradição: 1 voto por esperavam que suas queixas fossem ouvidas.
Na primavera de 1789, os camponeses
Estado; atacavam comboios de alimentos e se
recusavam a pagar impostos reais, dízimos e
• Proposta do 3º obrigações senhoriais. Esses levantes
Estado: Votos por revolucionários intensificaram-se em fins de
deputados; julho de 1789, quando se divulgaram rumores
de que os aristocratas estavam organizando
bandos de bandidos para atacar os
• Confronto da camponeses e roubar suas colheitas. Os
Assembleia com o camponeses entraram em pânico e deram
vazão a um ódio secular contra os nobres,
rei; atacando os castelos e queimando os registros
senhoriais onde estavam inscritas as suas
obrigações para com os senhores”
• 3º estado declara o
interesse em criar (PERRY, Marvim. Civilização Ocidental: uma história
concisa)
uma Constituição.

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Assembleia dos Estados Gerais• Luís XVI, inseguro, manda


dissolver a Assembleia;
• Juramento do jogo da
Péla (20/06):
• 3º estado declara que se retira
da Assembleia;
• Se reúnem na Sala do Jogo da
Péla (esporte) e se declara
como Assembleia Nacional
Constituinte;
• Início da revolução;
O Juramento do jogo da péla, de
Jacques-Louis David (1790)
• Obs.: logo após o juramento,
boa parte do baixo clero e
alguns nobres aderiram a ele.

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A revolução
• Radicalização dos discursos públicos;
• Conflitos esparsos em Paris;
• Manifestantes criam um governo autônomo em Paris que
convoca as pessoas a pegarem em armas;
• Guarda Nacional Francesa:
• Criação de uma milícia popular francesa, sob a liderança de La Lafayette;
• Se opunha ao exército monárquico;
• Surgiu para proteger os “constituintes”;

• Tomada da Bastilha (14/07):


• Prisão política medieval, símbolo do absolutismo monárquico;
• Tomada pelo povo, libertando seus prisioneiros (apenas 7) e tomando as
armas.

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A revolução

Despertar do Terceiro
Estado, anônimo (1789)

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Cronologia da Revolução
• Assembleia Nacional Constituinte
(1789-91);
• Monarquia Constitucional (1791-
92);
• Convenção Nacional (1792-95):
• Convenção Girondina (1792-93);
• Convenção Jacobina (1793-94);
• Convenção Termidoriana (1794-95);

Sans-culottes, de Louis • Diretório (1795-99).


Léopold Boilly (1790)

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Assembleia Nacional Constituinte (1789~91)


• Período de elaboração da
primeira Constituição francesa;

• Manutenção do regime
monárquico, com a forte
presença dos constituintes;
• Criação de novos documentos:
• Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão (1789);
• Constituição Civil do Clero
(1790);
• Constituição de 1791. A jardineira, de Jacques-Louis
David (1789)

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Constituição de 1791
• Reformista, devido a
atuação dos Girondinos;
• Divisão em três poderes;
• Princípios iluministas:
• Fim dos privilégios
aristocráticos e defesa dos
Direitos Naturais;
• Monarquia constitucional:
rei moderado pela
constituição.
Constituição de 1791

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Constituição de 1791
• Princípios burgueses: “Luís XVI
continua sendo rei à
• Liberalismo econômico e frente de uma
proibição de greves e monarquia. No entanto,
sindicatos; ele não é mais soberano
absoluto ‘pela graça de
• Voto censitário e indireto: Deus’, e sim ‘rei dos
franceses’, que lhe
• Cidadãos ativos: homens, confiam esse cargo em
maiores de 25 anos, inscrito na nome da soberania
Guarda Nacional, renda mínima nacional, isto é, do
e residir no mesmo endereço há povo; os súditos se
1 ano;
tornaram cidadãos”
• Cidadãos passivos: camponeses, (VOVELLE, Michel. A
artesãos, operários e mulheres Revolução Francesa explicada
(85% da população). à minha neta)

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Constituição de 1791
“A Revolução é • Novos direitos:
inovadora,
‘revolucionária’ em • Homossexualidade, adultério e
relação à ordem prostituição deixam de ser crime
anterior que foi • Os limites da constituição:
derrubada. Mas, no
momento mesmo de • Exclusão do mais pobres;
sua implantação, • Apesar da liberdade religiosa,
inevitavelmente tende judeus tiveram alguns direitos
a revelar seu negados;
conteúdo
conservador” • Defesa da desigualdade entre
negros e brancos e permanência da
(SILVA, Rogério Forastieri escravidão (até 1794);
da. A Revolução Francesa)
• Exclusão política das mulheres.

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Monarquia Constitucional (1791~1792)


• Rei jura fidelidade à "É fonte de grande
regozijo para o bom povo de
constituição; Paris ter seu rei entre eles mais
uma vez. Sua presença irá muito
• Constantes confrontos entre rapidamente mudar
aparência das coisas e os pobres
a
revolucionários e deixarão de morrer de fome.
contrarrevolucionários Mas essa felicidade logo
(clero, monarquistas e desaparecerá como um sonho se
não garantirmos que a
nobreza); permanência da família real em
nosso meio dure até que a
• Surgimento de um novo Constituição seja ratificada em
todos seus aspectos. L'Ami du
ideário: cidadão no lugar dos Peuple compartilha a alegria de
súditos; seus queridos concidadãos, mas
ele permanecerá sempre
vigilante"
• Maior participação popular (MARAT, Jean-Paul. Artigo publicado no
na política francesa. jornal O amigo do povo)

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Monarquia Constitucional (1791~1792)


“Qual o propósito • Revolução ameaçada:
da ‘Fuga de Varennes?’
Para alguns, o rei iria • Declaração de Pillnitz (1791):
juntar-se aos nobres Áustria e Prússia declaram apoio ao rei
emigrados e preparar
uma invasão da França Luís XVI no combate à revolução;
com o apoio de outros • Tentativa de fuga de Luís XVI para a
monarcas europeus. Para Áustria;
outros, ele esperava
produzir um rompante de • Rei é reconhecido em Varennes
afeição popular e iria encaminhado como prisioneiro para
utilizar sua posição Paris;
privilegiada para
renegociar seus poderes • Batalha de Valmy (1792): Exército
com a Assembleia. Na francês derrota os exércitos
melhor das hipóteses, um absolutistas estrangeiros;
rei indeciso; na pior, um
traidor” • Substituição do modelo monárquico
(CARVALHO, Daniel Gomes de. pelo republicano.
Revolução Francesa)

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Convenção Nacional (1792~1795)


• Radicalização dos sans-cullotes;
• Assembleia Nacional Constituinte é
convertida em Convenção
Nacional;
• Governo republicano construído a
partir do parlamento;
• Novo parlamento escolhido por
sufrágio universal masculino;
• Prisão, acusação e guilhotinamento
da família real;
• Reestruturação e aumento do Execução de Luís XVI, gravura
exército; anônima (1792)

• Continuidade da guerra e expansão


territorial francesa.

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Convenção Nacional (1792~1795)

Eu perdi uma cabeça Eu encontrei uma Diálogo,


charge
francesa,
anônimo
(1793)

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Grupos políticos na Convenção Nacional

Jacobinos (ou Montanheses):


Girondinos:
• À esquerda;
• À direita;
• Propostas radicais:
• Proposta liberais:
governo central forte,
direito à propriedade
voto universal, favoráveis
privada;
a participação popular no
• Propostas elitistas: voto
processo revolucionário;
censitário e contrários à
• Líderes: Maximilien
participação popular na
Robespierre e Louis-
revolução.
Antoine Saint-Just.

• Cordeliers (ou Montanheses): Planície ou Pântano:


• À esquerda; • Ao centro;
• Sans-culottes; • Fisiologismo: sem
• Propostas radicais: fim da posição política
propriedade privada e a definida.
reforma agrária;
• Líderes: Jean-Paul Marat e
Georges Danton.

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Convenção Nacional (1792~1795)


Grupos políticos na Convenção “A questão nevrálgica é a de
definir quem teria o atributo da
Nacional (1792) soberania , o rei ou a Assembleia. Com
isso, ganha adeptos o princípio de que o
povo, detentor de sua soberania nacional,
por meio de seus representantes,
Girondinos 160 delegaria ao monarca o exercício do
poder executivo. O rei teria, no máximo, o
poder de veto suspensivo sobre as leis
aprovadas. Os defensores dessa ideia
acabaram se sentando do lado esquerdo
da sala em relação à mesa do presidente.
Planície 319 Os que se sentam do lado direito da mesa
defendem que o rei, mesmo submetido a
uma Constituição, é a origem da
soberania, tendo, portanto, a
prerrogativa de propor leis à Assembleia.
Montanheses 270 É a partir desse momento que os termos
direita e esquerda passarão a ser
utilizados como formas de identificação
de tendências políticas no mundo
0 100 200 300 400 contemporâneo”
(MORAES, Luís Edmundo. História
Fonte: CARVALHO, Daniel Gomes de. Revolução Contemporânea: da Revolução Francesa à Primeira
Francesa Guerra Mundial)

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Convenção Nacional (1792~1795)


“Esses cientistas • Constituição do Ano 1 (1793):
estavam ansiosos para criar
um novo sistema uniforme
baseado na razão, e não em • Aprovada por referendo
tradições ou na vontade de popular;
autoridades locais. Portanto,
foi determinado que o metro • Formalização da República;
seria baseado puramente na
natureza. Era para ser um
décimo de milionésimo da • Eleições baseadas no sufrágio
distância do Polo Norte ao universal masculino;
equador. A linha de
longitude que vai do polo à • Direito à insurreição popular,
linha do equador, que seria igualdade, assistência pública,
usada para determinar o
comprimento do novo liberdade econômica etc.;
padrão, era o meridiano de
Paris” • Obs.: a palavra monarquia não
(RAMANI, Madhvi. A incrível história aparece no texto
de como a França criou o sistema
métrico decimal) constitucional.

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Convenção Nacional (1792~1795)


“Luís deve morrer porque • Convenção Girondina
é preciso que a pátria viva. [...]
Solicito que a Convenção o (1792-93):
declare, desde este momento,
traidor da Nação francesa, • Ascensão girondina;
criminoso para com a
humanidade, solicito que se dê um • Abolição da Monarquia
grande exemplo ao mundo [...]. Parlamentar;
Solicito que esse evento seja
considerado por um monumento • Conflitos entre Girondinos
destinado a nutrir no coração dos e jacobinos;
povos o sentimento de seus
direitos e o horror dos tiranos; e • Crescimento do prestígio
na alma dos tiranos o terror dos jacobinos;
salutar da justiça do povo”
(ROBESPIERRE, M. Sobre o julgamento • Sans-culottes obrigam a
de Luís XVI) prisão de deputados
girondinos.

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Convenção Nacional (1792~1795)


• Convenção Jacobina (1793-94):
• Completa crise política, econômica
e social na França;
• Comitês de Salvação Pública:
• Colegiado responsável por administrar a
França e defesa externa (Exército);
• Formado por 12 homens, com destaque
de Robespierre.
• Comitê de Salvação Nacional:
• Também chamado de Comitê de
Segurança Geral;
• Responsável pela defesa interna da
Revolução;
• Tribunal Revolucionário: julgar as Maximilien Robespierre, anônimo
“contrarrevolucionários”.
(1790)

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Convenção Nacional (1792~1795)


“Materialmen • Convenção Jacobina (1793-94):
-te, os sans-culottes
muito pouco • Medidas populares:
ganharam com a • Aprovação da Constituição de 1793
revolução: o direito (Constituição do Ano I);
de voto e os • Sufrágio universal masculino;
controles dos preços • Reforma agrária a partir das terras da
dos alimentos foram nobreza;
suspensos antes do • Fim da escravidão nas colônias
fim de 1795 (...) Mas francesas;
deixaram, sem • Lei do Máximo: congelamento do
dúvida, a sua marca preço dos produtos de primeira
necessidade;
nos acontecimentos”
• Ensino primário obrigatório, público e
(RUDÉ, George. Ideologia gratuito.
e protesto popular)

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Convenção Nacional (1792~1795)


• Convenção Jacobina
(1793-94):
• Descontentamento dos
girondinos com o governo
jacobino;
• Enfrentamento de diversas
Guerras Civis;
• Assassinato de Marat;
• Diversas invasões estrangeiras
e convocação militar em massa,
alcançando um exército de 750
mil homens;
• Suspensão da Constituição “até
A morte de Marat, de Jacque- a paz”.
Louis David (1793)

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Convenção Nacional (1792~1795)


• Convenção Jacobina (1793-94):
• O Terror:
• Radicalização contra as conspirações de girondinos e
“contrarrevolucionários”;
• República das Virtudes: Robespierre queria criar um
mundo sem desigualdades;
• Perseguição e aniquilamento dos inimigos da Revolução;
• O Terror em números:
• 500 mil detenções;
• 17 mil guilhotinamentos (inclusive de líderes
revolucionários);
• 23 mil mortos na prisão ou nas guerras.

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Convenção Nacional (1792~1795)


“O governo revolucionário tem
necessidade de uma atividade
extraordinária, precisamente porque
ele está em guerra. Suas guerras não
são uniformes nem rigorosas, porque
as circunstâncias são tumultuadas e
inconstantes [...]. O governo
revolucionário não tem nada em
Folheto satírico da comum a anarquia nem com a
época, Robespierre desordem. Sua meta, ao contrário, é de
está pisando em
duas Constituições
as reprimir para implantar e
francesas enquanto consolidar o reinado das leis”
guilhotina o carrasco (ROBESPIERRE, Maximilien. Discurso diante
após ter guilhotinado
da Convenção)
toda a França

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Convenção Nacional (1792~1795)


“O governo revolucionário tem
necessidade de uma atividade
extraordinária, precisamente porque
ele está em guerra. Suas guerras não
são uniformes nem rigorosas, porque
as circunstâncias são tumultuadas e
inconstantes [...]. O governo
revolucionário não tem nada em
Folheto satírico da comum a anarquia nem com a
época, Robespierre desordem. Sua meta, ao contrário, é de
está pisando em
duas Constituições
as reprimir para implantar e
francesas enquanto consolidar o reinado das leis”
guilhotina o carrasco (ROBESPIERRE, Maximilien. Discurso diante
após ter guilhotinado
da Convenção)
toda a França

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Convenção Nacional (1792~1795)


“O governo revolucionário tem
necessidade de uma atividade
extraordinária, precisamente porque
ele está em guerra. Suas guerras não
são uniformes nem rigorosas, porque
as circunstâncias são tumultuadas e
inconstantes [...]. O governo
revolucionário não tem nada em
Folheto satírico da comum a anarquia nem com a
época, Robespierre desordem. Sua meta, ao contrário, é de
está pisando em
duas Constituições
as reprimir para implantar e
francesas enquanto consolidar o reinado das leis”
guilhotina o carrasco (ROBESPIERRE, Maximilien. Discurso diante
após ter guilhotinado
da Convenção)
toda a França

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Convenção Nacional (1792~1795)


“A França forneceu o
vocabulário e os temas da • Convenção Jacobina (1793-
política liberal e radical- 94):
democrática para a maior
parte do mundo. A França deu • Descontentamento generalizado
o primeiro grande exemplo, o
conceito e o vocabulário do com a Convenção Jacobina;
nacionalismo. A França
forneceu os códigos legais, o • Perda de apoio dos grupos
modelo de organização técnica populares, camponeses e da
e científica e o sistema métrico
de medidas para a maioria dos população em geral;
países. A ideologia do mundo
moderno atingiu as antigas • Aliança entre clero,
civilizações que tinham até monarquistas e burguesia sob
então resistido às ideias liderança girondina;
europeias inicialmente através
da influência francesa. Essa foi
a obra da Revolução • Reação Termidoriana (1794):
Francesa” Golpe articulado pelos
(HOBSBAWM, E. J. A era das Girondinos e Planície, excluindo
revoluções)
os jacobinos do poder.

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Convenção Nacional (1792~1795)


• Convenção Termidoriana “A ideia de
revolução, no seu sentido
(1794-95): mais profundo, ou seja,
mais radical, é tirada,
pelos franceses, do
• Retomada do controle girondino; exemplo americano. Não
se trata mais de uma
• Anulação das decisões jacobinas: guerra ou de uma
Lei do máximo, poder do Comitês, revolução, destinada
educação pública etc.; apenas a fazer o poder
mudar de mãos. Na
França de 1789, como
• Terror Branco: perseguição aos nas colônias americanas
líderes jacobinos e sans-culottes; dez ou quinze anos antes,
a ambição de instituir
• Constituição do Ano III (1795): uma sociedade sob o
princípios burgueses e novo está igualmente no
coração da ideia
estabelecimento do Diretório. revolucionária”
(FURET, François. A ideia
francesa da revolução)

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Diretório (1795~1799)
“A inflação alcançava seu
limite extremo, pouco depois da
• Governo republicano composto
instalação do Diretório. [...] as por 5 diretores;
consequências sociais foram
catastróficas para o conjunto das • Voto masculino e censitário;
classes populares. O inverno do
ano IV foi terrível os assalariados
esmagados pela alta vertiginosa • Abolição da escravidão mantida;
dos preços dos preços. Os
mercados permaneciam vazios: a
colheita de 1795 não fora boa [...].
O Diretório teve de fazer compras
• Defesa dos interesses burgueses;
no exterior e de regulamentar
severamente o consumo. A ração
de uma libra (aproximadamente
• Conflito entre os diretores;
500 gramas) de pão diária caiu,
em, Paris, para 75 gramas; foi • Oposição ao diretório:
completada por arroz, que as Monarquistas, Jacobinos e
donas de casa não podiam cozer
por falta de lenha. Durante todo o Populares;
inverno, os relatórios policiais
relatam, com uma monotonia
fatigante, a miséria e o • Marcado por diversos golpes.
descontentamento populares”
(SOBOUL, Albert. A Revolução Francesa)

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“A
Diretório (1795~1799)
Revolução • Fortalecimento e organização do
Francesa não foi feita Exército:
ou liderada por um
partido ou movimento • Defesa da soberania da França;
organizado (...) nem
por homens que • Conquistas e vitórias impensáveis
estivessem tentando na Itália e Egito;
levar a cabo um • Destaque para o general Napoleão
programa estruturado. Bonaparte;
(...) Não obstante, um
surpreendente consenso
de ideias gerais entre • Crise do Diretório:
um grupo social • Repressão e censura aos
bastante coerente deu opositores;
ao movimento
revolucionário uma • Diretores envolvidos em
unidade efetiva” escândalos de corrupção;
(HOBSBAWM, Eric. A Era das
Revoluções) • Profunda crise econômica.

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Diretório (1795~1799)
• Golpe de 18 Brumário
(09/11/1799):
• Napoleão toma o poder e acaba com o
diretório;
• Apoio de girondinos, militares e
população em geral;
• Consolidação da burguesia à frente da
revolução;
• Fim da Revolução Francesa e início da
Era Napoleônica.

O Imperador Napoleão em seus estudos em Tulherias, de Jacques-Louis David (1812)

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