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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO


ESCOLA DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SAÚDE
Curso de Psicologia

ANA CAROLINA CAINÉ CANASSA


CAMILA SCOMPARIM SIARVI
PALOMA DE OLIVEIRA REIS

CONSEQUÊNCIAS DO TRAUMA DE INFÂNCIA EM ASSASSINOS EM SÉRIE A


PARTIR DE UMA ABORDAGEM PSICANALÍTICA

São Bernardo do Campo


2017
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ANA CAROLINA CAINÉ CANASSA


CAMILA SCOMPARIM SIARVI
PALOMA DE OLIVEIRA REIS

CONSEQUÊNCIAS DO TRAUMA DE INFÂNCIA EM ASSASSINOS EM SÉRIE A


PARTIR DE UMA ABORDAGEM PSICANALÍTICA

Trabalho de Conclusão de Curso de Psicologia


da Escola de Ciências Médicas e da Saúde da
Universidade Metodista de São Paulo –
UMESP.
Orientador: Profº. Dr. Antonio de Pádua
Serafim.

São Bernardo do Campo


2017
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FICHA CATALOGRÁFICA

Canassa, Ana Carolina Cainé


C16c Consequências do trauma de infância em assassinos de série a
partir de uma abordagem psicanalítica / Ana Carolina Cainé Canassa,
Camila Scomparim Siarvi, Paloma de Oliveira Reis. 2017.
25 f.

Monografia (graduação em Psicologia) –Escola de Ciências


Médicas e da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo,
São Bernardo do Campo, 2017.
Orientação de: Antonio de Pádua Serafim.

1. Trauma 2. Infância 3. Serial killer 4. Experiências


traumáticas I. Siarvi, Camila Scomparim II. Reis, Paloma de
Oliveira II. Título
CDD 150
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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Universidade Metodista de São Paulo e o corpo docente por


proporcionarem a nossa formação e a oportunidade de realizar este trabalho de forma íntegra,
contribuindo para aperfeiçoar nossos conhecimentos e auxiliar na nossa futura profissão.
Agradecemos também ao nosso orientador, Antonio de Pádua Serafim, pela ajuda,
apoio, dedicação e orientação para a produção deste trabalho.
Fica também nosso agradecimento aos nossos familiares pela paciência, incentivo e
motivação durante todos os anos de curso, principalmente na elaboração deste trabalho.
Por fim, agradecemos aqueles que fizeram parte e contribuíram para este trabalho, de
forma direta ou indireta.
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RESUMO

O trabalho apresentado teve como objetivo verificar as experiências traumáticas de infância de


assassinos em série e como isso pode implicar e associar diretamente com o seu
comportamento no futuro. Neste trabalho foi utilizado como estratégia metodológica a revisão
bibliográfica, assim dispondo da oportunidade de acesso ao conhecimento de outros autores
que possuem obras já publicadas sobre o assunto. Então a partir da pesquisa bibliográfica, foi
efetuada uma verificação narrativa de obras sobre o tema, corroborando na pesquisa com aquilo
que já foi estudado e apresentado. Abordando questões sobre o termo Serial Killer, como
podem ser classificados, como agem, mitos sobre eles, características, suas vítimas, por que
eles matam e a partir de uma abordagem psicanalítica analisar como os traumas que esses
assassinos sofreram na infância, podem ter consequências no seu comportamento futuro. A
negligência, abandono e abusos (físicos, sexuais e psicológicos) podem acontecer em diversos
setores da vida do indivíduo, e esses traumas podem ocasionar prejuízos em seu
desenvolvimento. Com isso, existe o Estatuto da Criança e do Adolescente que regulamenta os
direitos da criança e do adolescente. Nesse contexto é importante destacar o papel do psicólogo
tanto na promoção e prevenção de saúde com a criança, quanto em seu comprometimento ético
em ajudar assassinos em série, abusadores, ou aqueles que praticaram um ato ilegal contra a
criança.
Palavras-chave: Traumas, infância, assassinos, Serial Killer, experiências.
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SUMÁRIO

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................................6

2 OBJETIVO..............................................................................................................................14

3 MÉTODO................................................................................................................................15

4 JUSTIFICATIVA, RELEVÂNCIA SOCIAL E CIENTÍFICA.........................................16

5 DISCUSSÃO...........................................................................................................................18

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................21

REFERÊNCIA..........................................................................................................................23

ANEXO...................................................................................................................................... 27
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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Foi utilizado o termo Serial Killer (assassino em série) pela primeira vez nos anos 70
por Robert Ressler, um agente do FBI aposentado e grande conhecedor desse tema. Fazia
parte de um setor do FBI chamado Behavioral Sciences Unit - BSU (Unidade de Ciência
Comportamental), localizada em Quântico, Virgínia (CASOY, 2001).
A divisão continuou o trabalho do psiquiatra James Brussell, percursor no estudo da
mente de criminosos, então o BSU adotou um sistema de organizar uma biblioteca contendo
entrevistas gravadas com Serial Killers sentenciados e presos nos Estados Unidos. Os
investigadores compareciam as penitenciárias em diferentes estados americanos e
entrevistavam os Serial Killers mais conhecidos do mundo. O objetivo desses investigadores
era compreender o que os motivava e estimulava a cometer homicídio (CASOY, 2001).
Casoy (2001) aponta que assassinos em série ou Serial Killers são sujeitos que
acometeram uma série de homicídios em um período de tempo, com alguns dias ou até anos
de intervalo entre os assassinatos. O hiato entre um homicídio e o outro é o que diferencia
assassinos em série de outros indivíduos, aqueles matam diversas pessoas em algumas horas,
são classificados como assassinos em massa.
Muitos confundem assassinos em massa e Serial Killers, o diferencial é que, para
denominar Serial Killer precisa ter pelo menos três homicídios, tem que ocorrer em lugares
diferentes e tem de haver um período calmo, em que se dá o intervalo entre um homicídio e o
outro, pode ser de algumas horas ou vários anos. O assassino em massa geralmente é um
indivíduo suicida que em um momento de fúria extermina um grupo de pessoa de uma só vez,
e depois tira a própria vida (SCHECHTER, 2013).
Aliás, o ponto mais importante para o diagnóstico de um assassino em série é um
padrão geralmente bem definido no modo como ele lida com seu crime. Com
frequência, eles matam seguindo um determinado padrão, seja através de uma
determinada seleção da vítima, seja de um grupo social com características
definidas, como prostitutas, homossexuais, policiais etc., por exemplo. As análises
dos perfis de personalidade estabelecem, como estereótipo dos assassinos em série
(evidentemente aceitando-se muitas exceções), homens jovens, de raça branca, que
atacam preferentemente as mulheres, sendo que seu primeiro crime foi cometido
antes dos 30 anos. Alguns sofreram uma infância traumática, devido a maus-tratos
físicos ou psíquicos, motivo pelo qual têm tendência a isolar-se da sociedade e/ou
vingar-se dela (BALLONE, 2003 apud MARTA; MAZZONI, 2009).
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Segundo Schechter (2013) há um mito de que existem apenas Serial Killers homens,
mas de acordo com as definições mais amplas do FBI e do Instituto Nacional de Justiça
(National Institute of Justice NIJ), existe um número considerável de mulheres qualificadas
como Serial Killers. Casoy (2001) aponta que geralmente as mulheres consideradas
assassinas em série são consideradas “viúvas negras” ou anjos da morte, que matam doentes
terminais, amantes ou até maridos.

É importante para indicar um assassino como serial o motivo do crime. Eles podem ser
divididos em quatro tipos: visionário, missionário, emotivo e libertino. O Serial Killer
visionário é um sujeito alucinado e psicótico, pode ouvir vozes em sua cabeça e geralmente as
obedece, também pode sofrer alucinações ou ter visões. O missionário, não corrobora ser um
psicótico, mas intrinsicamente sente a necessidade de eximir do mundo aquilo que julga
imoral ou indecente, podendo escolher um determinado grupo para matar. O assassino em
série considerado emotivo comete o homicídio por diversão, de todos os quatro o emotivo
realmente sente prazer em matar e geralmente utiliza de comportamentos sádicos e perversos.
Por último, o assassino em série considerado libertino, geralmente são os assassinos sexuais, o
prazer acontece ligado proporcionalmente ao quanto à vítima está sofrendo sob tortura, dois
exemplos desse grupo são os canibais e necrófilos (CASOY, 2001).
Podem ser também classificados como organizados e desorganizados. Os organizados
são indivíduos solitários principalmente por se sentirem superiores e por acreditarem que
ninguém é bom suficiente para eles. Podem ser casados ou socialmente competentes e
aparentam ser confiáveis (MARTA; MAZZONI, 2009).
Para eles, o crime é um jogo: acompanham a perícia e os trabalhos da polícia;
costumam observar de maneira atenta os noticiários e retornar ao local onde
mataram. Ademais, costumam planejar o crime de maneira cuidadosa e carregar o
material necessário para cumprir suas fantasias e, ao interagirem com a vítima,
gratificam-se com o estupro e a tortura. Deixam poucas evidências no local do
crime, escondem ou queimam o corpo da vítima e levam um pertence da mesma
como lembrança (CASOY, 2004, apud MARTA; MAZZONI, 2009)
Aqueles considerados desorganizados são solitários, desorganizados no modo geral em
todos os aspectos da vida, como desorganizados com a casa, aparência, carro, trabalho, etc.
(MARTA; MAZZONI, 2009). Não conseguem planejar um crime de forma eficaz. Segundo
Casoy (2004, apud MARTA; MAZZONI, 2009), em geral agem de maneira impulsiva perto
de casa, utilizando armas e materiais que encontra no local do crime, é frequente manterem
um diário de anotações sobre suas ações e vítimas. Não conseguem manter um emprego fixo,
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e agem de forma furiosa, geralmente cometem estupro ou mutilação após matar a vítima.
Nesse grupo, podem ser encontrados os canibais e necrófilos. “Têm mínimo interesse no
noticiário sobre seus crimes e deixam muitas evidências no local em que mataram” (CASOY,
2004, p 23 apud MARTA; MAZZONI, 2009).
Os Serial Killers possuem seis fases do ciclo:
1. FASE ÁUREA: onde o assassino começa a perder a compreensão da realidade;
2. FASE DA PESCA: quando o assassino procura a sua vítima ideal;
3. FASE GALANTEADORA: quando o assassino seduz ou engana sua vítima;
4. FASE DA CAPTURA: quando a vítima cai na armadilha;
5. FASE DO ASSASSINATO OU TOTEM: auge da emoção para o assassino;
6. FASE DA DEPRESSÃO: que ocorre depois do assassinato. (CASOY, 2002, p. 14
apud MARTA;MAZZONI, 2009)

Assim que o assassino entra na Fase da Depressão, ele volta ao início do processo na
Fase Áurea (CASOY, 2001).
Schechter (2013) ressalta que a partir de uma amostra realizada com 36 sádicos
assassinos sexuais, realizada em Oxford (Inglaterra) por Robert Ressler e John Douglas da
Unidade de Ciência e Comportamento do FBI, juntamente com os professores Ann W.
Burgess e Ralph D’Agostino desenvolveram dez traços característicos de Serial Killers, entre
eles estão:
1. Maioria é formada por homens brancos solteiros.
2. São inteligentes, geralmente com QI médio de superdotados.
3. Mesmo sendo considerados inteligentes, possuem um fraco desempenho escolar,
empregos irregulares e se tornam trabalhadores não capacitados.
4. O ambiente familiar foi conturbado. Frequentemente foi abandonado quando pequeno
pelos pais e amadureceram em lares desfeitos e disfuncionais, usualmente dominados
pelas mães.
5. Histórico de alcoolismo na família, além de passarem por problemas psiquiátricos e
comportamento criminoso.
6. Na infância sofreram consideráveis abusos, de natureza psicológica, física e sexual.
7. Não consegue lidar com figuras de autoridade masculinas por terem adquirido
ressentimento em relação a pais distantes, ausentes ou abusivos.
8. Problemas mentais precocemente.
9. Isolamento social e raiva genérica pelo mundo e por todos. Pode ter tendência suicida
na juventude.
10. E por último uma característica é de apresentar interesse precoce e prolongado pela
sexualidade.
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Em relação aos Serial Killers terem QI acima da média, de certa forma, é inevitável ter
certo grau de inteligência para conseguir escapar sem serem pegos de assassinatos, porém a
mídia tem tendência a exagerar as faculdades mentais dos assassinos (SCHECHTER, 2013).
Em seu narcisismo patológico – sua percepção profundamente distorcida da própria
superioridade -, serial killers gostam de imaginar que são gênios do crime que
podem passar a perna em todo mundo. Assassinos em série com QI de gênio, no
entanto, são praticamente inexistentes. (SCHCHTER, 2013, p. 43)

Os Serial Killers escolhem suas vítimas ao acaso ou por algum padrão que tenha
conteúdo simbólico para ele. A ação da vítima não antecipa a ação do mesmo, eles são
sádicos por natureza e buscam prazeres desumanos ao torturar suas vítimas, em alguns casos
quando a pessoa esta a beira da morte ele tende a deixa-la viva por mais algum tempo para
“brincar” um pouco mais. Seu comportamento é dominador, controlador e de posse da outra
pessoa, quando pratica o ato de matar, são tomados por uma fúria e ódio por si mesmos, e
continuam o ciclo vicioso, parando apenas quando capturados ou mortos (CASOY, 2001).
Para entender se o Serial Killer é psicótico ou psicopata, Ballone (2005 apud
MARTA; MAZZONI 2009) aponta que o assassino em série psicótico comete atos hediondos
e de crueldade devido a seus delírios e sem crítica do que está fazendo. Já o psicopata tem
discernimento das suas atitudes e é mais audacioso, agindo de acordo com sua crueldade. O
psicopata se mostra um indivíduo sedutor, capaz de fingir suas emoções e enganar facilmente
suas vítimas. Então o assassino em série pode ser considerado tanto como psicótico quanto
como psicopata, e conforme a legislação brasileira, em função dos seus atos ele será julgado
como responsável ou não, já que o psicótico apresenta características alucinatórias e delírios,
estes não têm esclarecimentos na realidade.
Um psicopata é considerado insensível em relação aos sentimentos alheios, e quando
esse grau aumenta, o sujeito tende a apresentar uma indiferença afetiva, podendo leva-lo a
adotar um comportamento criminal. “Em relação a características de personalidade, em um
estudo conduzido por Stone, 86,5% dos serial killers preenchiam os critérios de Hare para
psicopatia (...)”(MORANA et. al. 2006).

Quanto à possibilidade de tratamento, a maioria dos serial killers revela-se


psicopata. Muitos enganam as pretensas vítimas e as seduzem para áreas onde elas
não tenham recursos de resistência. Quando presos, eles enganam os funcionários
penitenciários, bem como profissionais de saúde mental, fazendo-os pensar, após
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certo período de tempo, que eles "aprenderam a lição" e que estariam prontos para
serem re-inseridos na sociedade. Tais decisões conduzem a erros tão graves que
custam a vida de novas vítimas (MORANA et. al. 2006).

“Existem vários aspectos psicológicos que os serial killers têm em comum, tanto no
que diz respeito à sua ação quanto ao seu passado” (CASOY, 2001).
Na infância nenhum aspecto define a criança como um assassino em série, mas
existem no histórico de todos eles algumas características, como sadismo precoce, enurese,
piromania, abuso sádico de animais ou de outras crianças e destruição de propriedade
(CASOY, 2001; SCHECHTER, 2013).
Outras características comuns na infância desses indivíduos são: devaneios diurnos,
masturbação compulsiva, isolamento social, mentiras crônicas, rebeldia, pesadelos
constantes, roubos, baixa auto-estima, acessos de raiva exagerados, problemas
relativos ao sono, fobias, fugas, propensão a acidentes, dores de cabeça constantes,
possessividade destrutiva, problemas alimentares, convulsões e automutilações,
todas elas relatadas pelos próprios serial killers em entrevistas com especialistas.
(CASOY, 2001, p. 18)

Para os assassinos em série a fantasia é compulsiva e complexa, se torna o centro do


seu comportamento, ao invés de se tornar uma distração mental. O crime se torna exclusiva
fantasia do assassino, que é planejada e executada por ele na realidade. “A vítima é apenas o
elementos que reforça a fantasia” (CASOY, 2001, p. 19).
A fantasia tem origem da necessidade de controlar a situação. Em relação aos
homicídios, eles ampliam a sensação de controle do assassino sobre sua vítima. Ele demonstra
que está no controle, um meio de estabelecer o controle, é degradar e desvalorizar a vítima
por um grande período de tempo. “Esse objetivo pode ser alcançado fazendo-a seguir um
roteiro verbal, através de sexo doloroso e/ou forçado e pela tortura” (CASOY, 2001, p. 20).
Alguns serial killers não se sentem no controle da situação até a vítima estar morta,
então as matam mais rapidamente. Uma vez morta, começam as mutilações post-
mortem, a desfeminização (grande estrago ou retirada dos órgãos femininos) e
disposição do corpo de maneira peculiar, em geral humilhante (nua, por exemplo).
Esse comportamento estabelece claramente o controle do serial killer sobre a vítima.
(CASOY, 2001, p. 20)
Não existe uma verdadeira explicação da origem do assassino em série, do por que eles
matam, mas existem diferentes teorias que têm sido apresentadas ao longo do tempo, algumas
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são bastante sólidas, porém não existe uma explicação completa e definitiva (SCHECHTER,
2013).
Um exemplo são os traumas infantis que os assassinos em série sofreram na infância.
A psicóloga clínica e forense Maria Adelaide Caires (apud CASOY, 2004, p. 18) identificou
alguns pontos em comum, ao analisar casos brasileiros, por exemplo: violência sexual
precoce, infância negligenciada, inabilidade escolar, sem um agente disciplinador e, muitas
vezes, sem uma casa para morar. Além disso, uma pesquisa realizada aponta que 82% dos
assassinos em série sofreram algum tipo de abuso sexual, físico, emocional ou foram
abandonados e negligenciados em sua infância. Apesar de ser raro um assassino em série que
não tenha passado por experiências traumáticas na infância, uma criança que tenha passado
pelas mesmas experiências não precisa, necessariamente, se tornar um assassino em série.
Casoy (2002 apud MARTA; MAZZONI, 2009) explica que todo assassino em série
passou pela experiência “terrível tríade”, que consiste em três elementos: crueldade com
animais e outras crianças menores, enurese noturna em idade avançada e destruição da
propriedade alheia (ou conhecida também como piromania). Segundo Marta e Mazzoni
(2009) a maneira como eles lidam com as frustrações consequentes dessa tríade insere os
assassinos em um mundo criado por se identificarem com o agressor.
Mesmo não fazendo parte da “terrível tríade” o isolamento familiar/social também é
relatado pela maioria deles. A criança quando é isolada ou deixada sozinha por grandes
períodos de tempo, o que passa a ocupar o vazio são suas fantasias e devaneios (CASOY,
2001).
KEHL (2001, p. 41 apud FERNANDES JUNIOR, 2010) pronunciou diante do
assunto (psicanálise) em questão, sendo um importante colaborador para a compreensão
desse fenômeno, esclarecendo que:
Do ponto de vista do inconsciente, que é o ponto de vista da psicanálise, ninguém é
melhor do que ninguém. O inconsciente é a expressão de nossos desejos onipotentes,
infantis. Quem não reconhece que já teve impulsos de eliminar um rival, quem
nunca pensou em se livrar de alguém que tenha se colocado como obstáculo no
caminho do seu prazer? A psicanálise reconhece o que o inconsciente de um
estuprador não é diferente do de um casto, o de um homem virtuoso não é melhor do
que o de um assassino, um viciado, um pedófilo. O que não quer dizer que a
psicanálise pretenda nos transformar em canalhas. A dimensão moral não está do
lado do desejo inconsciente, mas do que nós fazemos com ele. É melhor admitirmos
humildemente, o mal que nos habita. É a chance de aprendermos a lidar com ele.
Pois parece que quanto mais ignoramos a violência do desejo, mais somos vítimas
de suas manifestações. (KEHL, 2001, p. 41 apud FERNANDES JUNIOR, 2010)
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“Em “O Ego e o Id”, Freud identifica o ideal do ego ao superego, confundindo em


certos períodos a especificidade de cada um. O ideal do ego é a instância pela qual o ego se
guia e cria seu modelo e ideal de perfeição” (LAENDER, 2005).
O superego propriamente dito aparece num momento mais tardio, sendo com certeza
o herdeiro do complexo de Édipo. Um e outro são os lados de uma mesma moeda.
Cada um possui especificidades próprias e maneiras de formação diferentes, e
articulando-se produzem o que há de mais rico na subjetividade humana: as
múltiplas faces dos sentimentos de culpa, moralidade, dever e ideais (LAENDER,
2005).
A criança exige um conjunto de necessidades básicas em relação aos seus
cuidados, para ter um crescimento saudável, transformando-se em um adulto íntegro e
equilibrado. Traumas infantis ou experiências traumáticas entendem-se como violência física,
sexual, psicológica, negligência, abandono ou falta de cuidados do responsável para com a
criança (FLORES, 2008).
Portanto, violência é todo o ato ou omissão – violência psicológica, negligência –
praticados por pais ou responsáveis, que podem causar dano físico, sexual e
psicológico à vítima, que implicam uma transgressão do poder e uma negação dos
direitos da criança e do adolescente (AMAS, 2000; EPOCH, 1993; FARINATTI, e
colaboradores, 1993; PIRES, 1999, apud ALBORNOZ; NUNES, 2004, p. 214).
A falta de proteção, negligência e a imprudência com a criança acontecem em diversos
setores, como escola, família e sociedade, podendo contribuir para a desestruturação
psicossocial do indivíduo (FLORES, 2008).
Os registros latentes dos sofrimentos e traumas causados pela família, pela
influência dos meios de comunicações, pelas Instituições educacionais e religiosas,
ficam no inconsciente do indivíduo, e repercutem em todos os seguimentos e etapas
da sua existência (FLORES, 2008).

Um ambiente familiar inadequado influencia em todos os sentidos na vida da criança e


do adolescente, “na escola, nas relações interpessoais, e principalmente na vida adulta, pois
ocasionam traumas que irão prejudicar o seu desenvolvimento” (CENTEVILIE et al, 1977, p.
100 apud FLORES, 2008).
Experiências predominantemente traumáticas abrangem um nível de angústia
intolerável ao ego de forma que podem promover a destruição completa ou parcial do
aparelho psíquico que pode estar em desenvolvimento ou já desenvolvido (ALBORNOZ,
2001, apud ALBORNOZ; NUNES, 2004).
A intensa e irremediável dor, expressão do estado de desprazer presente nas
experiências traumáticas, consiste na irrupção de uma estimulação excessiva e
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contínua e numa falha significativa dos mecanismos de proteção, sendo causadora


de dano ao aparelho psíquico (FREUD, 1920/1980b apud ALBORNOZ; NUNES,
2004, p. 212).

O valor que se da ao trauma vivido pela criança, deve-se levar em consideração o


funcionamento a posteriori do psiquismo. A violência na infância pode acarretar sequelas no
desenvolvimento global do sujeito (ALBORNOZ; NUNES, 2004).
Conforme as ideias apresentadas anteriormente, o abuso e a negligência são
considerados falhas empáticas traumáticas que podem ter um longo impacto no
desenvolvimento. Essas experiências, por sua vez, engendram intensas emoções
negativas que fazem com que os sentimentos apropriados e suas necessidades sejam
ignorados, invalidados ou violados. Nos ambientes abusivos, há uma comunicação
limitada e um apoio restrito, o que dificulta o entendimento e a apropriada expressão
das experiências emocionais. As crianças apresentam dificuldades para administrar
suas intensas emoções negativas, o que resulta num descontrole ou num excessivo
controle das emoções (PAVIO; LAURENT, 2001 apud ALBORNOZ; NUNES,
2004, p. 214).
Alguns psicanalistas indicam que negligência e abandono na infância, podem
determinar a formação de um psiquismo frágil, que futuramente pode ocasionar quadros
psicopatológicos graves (psicose, personalidade antissocial e personalidade borderline)
(WINNICOTT, 1988; OGATA e colaboradores, 1990, apud ALBORNOZ; NUNES, 2004).
Violência física sofrida na infância pode resultar num crescimento de impulsos hostis,
em que a criança pode se tornar agressiva com outras crianças e também pode desenvolver
condutas antissociais, “(...) bem como as predispõem a serem violentas com seus filhos e
esposas (os) na idade adulta” (ALBORNOZ, 2001; BARNETT, 1997; BOLLAS, 1992;
EPOCH, 1993; PIRES, 1999; SPITZ, 1988 apud ALBORNOZ; NUNES, 2004, p. 215).
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2. OBJETIVO

Objetivo geral: Identificar e pesquisar as experiências traumáticas de infância de


assassinos em série e como elas podem implicar em seu comportamento destrutivo atual.
Objetivo específico: Investigar e obter os resultados a partir de análise bibliográfica
de estudos de caso sobre como os traumas infantis podem influenciar o comportamento de
assassinos em série no futuro, e sua postura perante as vítimas. Identificar como os abusos
(psicológicos, físicos e sexuais) infantis, assim como a negligência ou abandono tiveram
repercussão no comportamento desses assassinos em relação à escolha das vítimas e os
procedimentos e técnicas que utilizam para tortura-las e cometer o homicídio.
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3. MÉTODO
Este estudo apresenta uma pesquisa bibliográfica, com abordagem descritiva, a partir
de leituras de obras e artigos científicos na área da psicologia sobre o tema assassinos em
série. A pesquisa bibliográfica possui o benefício de conceber uma cobertura extensa dos
fenômenos estudados. O levantamento bibliográfico das obras selecionadas foi realizado a
partir de obras já publicadas com bases de dados brasileiros e internacionais. Desse modo,
utilizou-se o tema “assassinos em série” e “psicanálise” para selecionar os autores e obras
para corroborarem, atendendo a problemática da pesquisa.
O critério de exclusão e não disponibilidade da obtenção de dados foi de que não
poderia amparar a pesquisa se não fosse artigo científico como teses, ou livros escritos por
profissionais da área de psicologia, ou qualquer área que não tivesse associada à saúde, crimes
e homicídios. Foi estipulado a partir do ano de publicação 2000 até 2017 de artigos científicos
ou da obra como critério para inclusão ou exclusão dos mesmos na pesquisa. Foram utilizados
periódicos PePsic, RevPsi, SciELO, UniSul, PsiRev e RevUSCS, entre outros.
Como a pesquisa decorrerá de análise bibliográfica através de artigos e obras já
publicadas, não existe risco, pois não existirão sujeitos participando da pesquisa, apenas o
levantamento de dados já obtidos em outros estudos.
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4. JUSTIFICATIVA, RELEVÂNCIA SOCIAL E CIENTÍFICA

O tema em questão foi definido a partir do interesse de compreender o funcionamento


psicológico dos assassinos em série e o que provoca esse tipo de comportamento, tendo como
principal foco os traumas de infância.

Com base nisso, uma pesquisa aponta que “a grande maioria dos Serial Killers (cerca
de 82%) sofreu abusos na infância. Esses abusos foram sexuais, físicos, emocionais ou
relacionados à negligência e/ou abandono” (CASOY, 2001, p. 32). Por essa razão, também foi
levantada a necessidade de considerar a influência e significado desses traumas no período de
desenvolvimento da criança.

Ademais, houve o interesse por parte das integrantes em entender o motivo dos
assassinos em série praticarem seus homicídios e atrocidades de forma cruel e impiedosa, bem
como compreender a causa da ausência de empatia em suas ações.

Foi estabelecida a abordagem psicanalítica, pois se trata da abordagem a qual as


integrantes mais se identificam diante do tema escolhido.

A investigação desse tema é importante para que haja um cuidado e atenção maior em
relação às vivências de uma criança, bem como seu convívio familiar. De maneira que haja
atuação direta na prevenção de negligência e abusos físicos, sexuais e psicológicos, para que
sejam evitadas experiências traumáticas ao longo da infância que podem, futuramente,
acarretar consequências psicológicas severas e prejudicar o seu desenvolvimento e
comportamento no decorrer de sua vida. Nesse sentido, a relevância está implicada
diretamente em garantir os direitos e deveres da criança, para promover uma infância
saudável.

Além disso, também é importante um olhar para o agressor que procura ajuda, no
sentido de escuta e compreensão da justificativa de seus atos, para que, a partir disso, o
oriente e auxilie a prevenir que esses comportamentos ocorram novamente, mesmo que para
isso seja necessária a punição através da Lei.

Por fim, o tema investigado apesar de muito atual, é pouco estudado e aprofundado no
âmbito da Psicologia, o que dificulta, muitas vezes, os profissionais atuantes na área a agirem
18

da maneira recomendada, por falta de conhecimento do tema e por isso também o mesmo
pode ser considerado relevante.
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5. DISCUSSÃO
A criança para ter um desenvolvimento saudável e se tornar um adulto íntegro precisa
de um conjunto de necessidades básicas quanto aos seus cuidados. Quando essas necessidades
não são atendidas, pode gerar prejuízos no seu desenvolvimento (FLORES, 2008).
As experiências traumáticas que a criança presencia podem acontecer em diferentes
contextos. Esses traumas podem ocasionar sequelas no desenvolvimento global do sujeito, e
podem contribuir para sua desestruturação psicossocial (FLORES 2008; ALBORNOZ;
NUNES, 2004).
A partir do quanto a criança consegue elaborar da situação ocorrida, ele pode se tornar
agressivo com outras crianças e também desenvolver condutas antissociais (ALBORNOZ,
2001; BARNETT, 1997; BOLLAS; 1992; EPOCH, 1993; PIRES, 1999; SPITZ, 1988 apud
ALBORNOZ; NUNES, 2004).
Dependendo da intensidade do trauma, e a formação do psiquismo, os sujeitos que
vivenciaram esses traumas, podem desenvolver quadros psicopatológicos graves
(ALBORNOZ; NUNES, 2004).
Casoy (2002 apud MARTA; MAZZONI, 2009) aponta que nem toda criança que
vivenciou experiências traumáticas irá se tornar um assassino em série, no entanto a maioria
dos assassinos em série tiveram situações de trauma na infância.
Segundo a teoria freudiana a precariedade do equipamento inato de adaptação do bebê
que destinaria o laço social, assim determinaria a importância fundamental das primeiras
experiências e das relações no processo de constituição de seu psiquismo e de sua
sexualidade. (SHINE, 2000 apud SILVA, 2015). Esse laço social se trata da entrada na
cultura como um todo, tanto na sociedade quanto convívio dentro de casa, e essa função é
simbolizada pelo pai ou mãe.
É comum que as pessoas que tiveram uma infância traumática e conturbada
apresentem um prejuízo na estruturação do Édipo, pois esse é um estágio muito importante do
desenvolvimento da criança que irá constituir o seu funcionamento. O Édipo é a hipótese da
teoria Freudiana para explicar como os limites que a cultura impõe à satisfação pulsional
levam à identidade sexual e à escolha objetal. (FARIA; REIS, 2011).
Ao analisar o histórico de alguns assassinos em série, é possível identificar que a
maioria deles tem traços de uma infância traumática, tanto por abusos quanto por
abandono/negligência (CASOY, 2004).
20

Além disso, o perfil de um assassino em série envolve impulsividade, falta de


sentimento de culpa, de arrependimento entre outras características. Podemos perceber que é
onde o ID, um dos conceitos freudiano, predomina. O ID é basicamente formado pelas
vontades e pulsões, onde a única coisa que importa é o próprio prazer (LAENDER, 2005).
Esse conceito explicaria o fato dessa falta de “empatia” com as vitimas, e principalmente a
falta de culpa ao tortura-las.
Seguindo essa linha de raciocínio, podemos levar em consideração a ideia de que em
algum momento o indivíduo “se depara com um ego coagido por algo que o faz agir como se
estivesse sendo censurado, observado, criticado e, algumas vezes, mortificado” (LAENDER,
2005, p. 63) e, por essa razão, ocasiona um Superego mal elaborado ou a ausência dele. O
Superego é a parte da consciência responsável pela idealização, perfeição e que discerne o
certo do errado, logo, a ausência dele, ou o prejuízo de seu desenvolvimento explica a falta de
empatia e culpa advindas do ID, aspectos característicos de assassinos em série.
Deve-se levar em consideração que a ausência de empatia pode ser relacionada aos
traumas ocasionados na infância que abrangem um nível de angústia intolerável ao ego
provocando uma falha no funcionamento e danos no aparelho psíquico que pode originar, ou
não, transtorno de personalidade e psicopatia (ALBORNOZ, 2011 apud ALBORNOZ;
NUNES, 2004).
Segundo Morana et. al. (2006) os transtornos de personalidade não são considerados
propriamente uma patologia, mas sim anomalias do desenvolvimento psíquico, sendo
considerados como uma perturbação mental.
Por outro lado, a psicopatia é caracterizada por insensibilidade aos sentimentos
alheios e quando esse grau eleva-se, o indivíduo passa a apresentar uma indiferença afetiva,
de maneira que possa até adotar um comportamento criminal recorrente (MORANA et. al.
2006).
A partir de um estudo dentro de um sistema carcerário pontua-se que 75% dessa
população pode manifestar psicopatia (GREBB; KAPLAN; SADOCK, 1997 apud LAGOS;
SCAPIN, 2017). Além disso, uma pesquisa realizada também aponta que 86,5% dos
assassinos em série estudados se enquadravam nas características da psicopatia segundo Hare.
(MORANA et. al. 2006).
No entanto, apesar dos dados expostos, é necessário enfatizar que nem todo homicida
em série é considerado um psicopata, da mesma forma que um psicopata não é considerado,
necessariamente, um homicida em série (MORANA et. al. 2006).
21

Nesse sentido, é papel do psicólogo propiciar assistência e disponibilidade de escuta


psicológica tanto para o agressor, quanto para a vítima, promovendo acolhimento para o
paciente/cliente.
Para esse tipo de atendimento, a psicanálise propõe algumas técnicas de intervenção
para a melhoria dos sintomas daquele que procura ajuda. A maioria das técnicas é específica
para cada caso, tendo em vista que todos têm a sua singularidade. Contudo, o principal
objetivo é fazer com que o paciente/cliente chegue ao insight. Esse termo psicanalítico diz
respeito à “capacidade de compreensão súbita de uma situação, no decurso da aprendizagem
por ensaio e erro” (ABEL, 2003, p. 23), ou seja, fazer com que o paciente/cliente elabore uma
compreensão absoluta do contexto que está inserido, com base em suas próprias reflexões.
Nessa lógica, o insight pode ser, ou não, um fator de mudanças, isto é, a partir da
compreensão súbita da situação em que o indivíduo se encontra, o mesmo pode utilizá-la
como um estímulo para melhora de sua saúde mental, mas não significa que isso ocorrerá
necessariamente em todos os casos, principalmente se tratando de assassinos em série.
22

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através desse trabalho, foi possível constatar o quanto às ações desmedidas dos
assassinos em série estão, na maioria das vezes, relacionadas a questões de seu passado e, por
essa razão, o quanto é necessário promover uma infância saudável para que evite prejuízos no
desenvolvimento da criança futuramente.
A negligência e os abusos são frequentes principalmente dentro de casa e por ser o
primeiro contato da criança no convívio social, se torna uma experiência traumática.
Pensando nisso, na tentativa de evitar acontecimentos dessa natureza e garantir um
futuro satisfatório para a criança, o ordenamento jurídico brasileiro instituiu em 13 de julho de
1990 a Lei nº 8.069 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que regulamenta os
direitos das crianças e dos adolescentes, bem como a proteção integral dos mesmos, com base
nas diretrizes da Constituição Federal. Além disso, a Lei também dispõe sobre os deveres da
família, comunidade e sociedade perante a criança e ao adolescente, conforme o Art. 4º do
ECA (Lei 8.069, de 13 de julho de 1990) “É dever da família, da comunidade, da sociedade
em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária.” (BRASIL, 1990, p. 20)
Existem alguns órgãos espalhados por todo o país responsáveis por garantir
diretamente que essa Lei seja cumprida, como por exemplo, o Conselho Tutelar, que é um
órgão de administração pública municipal que atua para zelar o cumprimento dos direitos da
criança e do adolescente estipulados pela Lei 8.069 e, caso haja real violação da mesma, de
qualquer natureza, o órgão responsável pode tomar medidas de punição.
A partir disso, constata-se que é utópico imaginar que a existência do Estatuto da
Criança e do Adolescente garanta, na prática, todos os direitos de todas as crianças do país, no
entanto, o fato da mesma existir e ser fiscalizada por município ameniza o número de casos de
traumas dessa natureza.
Também é possível destacar o quanto o psicólogo tem um papel importante dentro
desse contexto, sendo para acolher uma criança e ajuda-la a passar por momentos difíceis, ou
sendo para servir de escuta psicológica para um agressor que procure ajuda. O papel do
psicólogo, nesse âmbito, deve prevenir esse tipo de acontecimento e promover saúde para
ambos os lados, da maneira mais correta possível.
23

O profissional da área de Psicologia por meio de seu comprometimento ético e seu


conhecimento teórico está submetido a ir de encontro com a Declaração Universal de Direitos
Humanos, tendo em vista que trabalha diretamente com o ser humano, independente de
condição econômica, idade, gênero, etnia, religião, etc. Todavia, caso o psicólogo não se sinta
apto ou a situação não vá de encontro com seus valores, é possível realizar o encaminhamento
para outro profissional da área.
É válido ressaltar que para assumir determinados casos dessa natureza, o psicólogo
deve ter ciência da gravidade do caso, de modo que garanta sua estrutura psicológica para
poder atender da melhor maneira possível.

Por fim, pode-se concluir que existem inúmeras possibilidades de intervenção dentro
desse tema que podem ser desenvolvidas e estudadas com mais profundidade para evitar que
haja novos casos de assassinos em série, não só no Brasil, mas pensando de maneira mais
ampla, no mundo como um todo.
24

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