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XVII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA

HISTÓRIA E UTOPIAS
Associação Nacional de Professores Universitários de História (ANPUH)
São Paulo 18 a 23 de julho de 1993
Prédio de História e Geografia da USP

PROGRAMA E RESUMOS

Sumário

Progralna ............................................................................................................................................. 1

Resulnos ............................................................................................................................................ 25

Índice .............................................................................................................................................. 152


Associação Nacional de Professores Universitários de História - ANPUH lFundadu em 1961'1

Diretoria Biênio (1991/93)

Presidente Afonso Carlos Marques dos Santos


Vice Presidente Holien Gonçalves Bezerra
Secretário Geral Enio de Mesquita Samara
Tesoureiro Ilana Blaj
lº Secretário Michel Zaidan Filho
2!l Secretário Luiz Carlos Soares
2º Tesoureiro Euclides Marchi

XVII Simpósio Nacional de História

Comissão Organizadora

Afonso Carlos Marques dos Santos


John Manuel Monteiro
Ilana Blaj
Holien Gonçalves Bezerra
Circe Maria Fernandes Bittencourt
Luiz Carlos Soares
Mariza Saenz Leme
Zilda Márcia Gricoli Iokoi
Thereza Aline Pereira de Queiroz
Esmeralda Blanco Bolsonaro

Apoio

CNPq
FAPESP
Reitoria da USP
Banespa
Coordenadoria de Comunicação Social da USP
Núcleo de História Indígena e do Indigenismo da USP
PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA

CC04 História e Produção Intelectual: O Autor,


DOMINGO 18/7
sua Obra e seus Interlocutores (Geografia 6)
18h ABERTURA: CENTRO UNIVERSITÁRIO José Carlos Sebe Bom Meihy (USP)
MARIA ANTONIA DA USP Coordenador
Adriana Justi Monti (USP) Nos Des-Camillhos de
SEGUNDA FEIRA 19/7
Euclides da CUl/ha
Ana Lúcia Lana Nemi (USP) José Ortega y Gasset:
10h CONFERÊNCIA INAUGURAL
Escrever e CircuI/stal/cializar
o Brasil Como Utopia, Afonso Carlos Marques dos Lilian Lisete Siqueira de Sousa (USP) Haydel/
Santos - UFRJ (Anfiteatro da História) White e a Meta-História: Um Estudo da Obra lia
História
/13h30 COMUNICAÇÕES COORDENADAS
CC05 História e Utopias - Experiências Estéticas
de Vanguarda: KoellreuUer, Maiakóvski e
CCO! Cultura e Utopia (Geografia 1)
Eisenstein (Caio Prado Jr)
Helena Isabel Mueller (UFF) - Coord.
Arnaldo Daraya Contier (USP) - Coord.
Helena Isabel Mueller (UFF) Imigração e Utopia -
Alcides Freire Ramos (Universidade Federal de
Mlllldo Velho Sem Porteira!
Uberlândia) Eisellsteil/: A Utopia de 1/1/1 Cillema
José Neves Bittencourt (Instituto Brasileiro de Revoluciollário
Patrimônio Histórico) Utopia e Represelltação: O
Arnaldo Daraya Conticr (USP) Utopia Música e
DiSCllrso Museológico lia Primeira ,\letade do
História: Koellrelllter e o Jdal/ovismo //0 Brasil
Século XX
Rosângela Patriota (Universidade Federal de
Rosangela de Oliveira Dias (UFF) Revisitalldo a
Uberlândia) "Os Bal/hos": Dilemas Político-
Utopia - O ISEB e o CPC lia COlljuIIl/lra do II/ício
Estéticos de Vladimir Maiakóvski
dos AI/os 60
CC06 Imigração no Sul do Brasil (Geografia 7)
CC02 EducaçflO, Leitura e Utopia (Geografia 4)
José Roberto Braga Portella (UNIOESTE e
Afrânio Mendes Catani (USP) - Coordenador
FACIMAR) "Ficalldo Rico" ou Alltodestntição //0
Afrânio Mendes Catani (USP) A Revista de Cllltllra Oeste do ParaI/á
Allhembi e a Educação (1950-1962)
Regina Weber (UNIOESTE e FACIMAR)
Cynthia Pereira de Souza Vilhcna (USP) Brasilidade X Etl/icidade - Os "Telltos" e o Estado
Prescrição de Leituras e Modelagem de Leitoras: Novo
Educação e Imprel/sa Católicas (1920-1950)
René Ernaini Gertz (PUC-RS - UFRGS) O
Denice Bárbara Catani (USP) Saberes Pedagógicos Partido Colol/ial e as Associações Colol/iais 1/0 Rio
e Leituras de Professores: Revista Edllcaçâo (1927- Gral/de do Sul//O II/ício da República
1961)
CC07 Memória e Política no .Brasil Pós-64
Maria Cecilia Cortez Christiano de Souza (USP) (História 15)
Leitllra e Utopia em Joaqllim Nabllco
Marcos Francisco Napolitano de Eugênio (USP) -
CC03 Festas Populares e Construção Cultural coord.
(Ciências Sociais 100)
Célia Costa Cardoso (PUC-SP) O Jomalismo
Maria Bernadete Flores (UFSC) - Coordenadora Altemativo //0 COl/te.xto do Autoritarismo: O Jomal
Movimel/to e a Problemática do Brasil (1975-1981)
Élio Cantalício Serpa (UFSC) A Ronumização -
Comemoração Imagil/ário e Poder Jorge Manuel Pereira Nunes (USP) Liberalismo
Brasileiro //Os AI/OS 80
Jaime de Almeida (UNB) Festas em Tempos de
Bncras Lucileide Costa Cardoso (PUC-SP) Memória e
Poder: As Criações memorialísticas e o Regime de
Maria Bernardete Ramos Flores e Cristina Scheibe
64
Wolff (UFSC) Eles e Elas lia Oktobcrfest -
COllstntção Cllltllral de Gêllero em lima Festa
Tellto-Brasileira
2 XVII Simpósio Nacional dc História

Marcos Francisco Napolitano de Eugênio (USP) O CC12 A Pesquisa Fora do Departamento de


Protcsto cm Massa contra o Rcgimc Militar na História (História 14)
Grandc São Paulo (1977-1984)
Dora Shellard Corrêa (ECOPLAN) - Coord.
CC08 Metamorfoses de uma Cidade: São Paulo no
Concessa Vaz de Macedo (CEDEPLAR e UFMG)
Início do Século XX (Geografia 8)
Tecnologia c Trabalho Fcminino 110 Brasil Colonial:
Beatriz Scigliano 'Carneiro (Universidade Paulista) Vma Tentativa dc Intcrprctação
Mctamorfoscs da Silhucta: O Vcstuário 110 Início do
Dora Shellard Corrêa (ECOPLAN) História e
Século
Planejamcnto Ambiental: Vma Descrição Sócio-
João Antônio Ferreira (PUC-SP) O Mcccnato Econômica da Área de Proteção Ambiental de
Paulista Tcjupá
Paula Ester Janovitch (PUC-SP) No Tcmpo dc Elizabeth Filippini (USP) História c Museu: A
Pommcry .ou os Obscuros Descjos dc uma Cidade Presença do Núcleo Barão de Jundiaí
cm Crcscimcnto
Flávia R. B. Pereira e Maria Elizabeth Totini
Renata Viana de Barros (UNICAMP) Paulicéia (USP) Memória Emprcsarial
Desvairada: A São Paulo dc Mário dc Andradc
CC13 Sobre Moços Vadios, Vagabundos e
CC09 Normatização e Cotidiano nos Documentos Malandros: a vadiagem de Portugal ao Brasil (sec.
Oficiais (Joaquim Barradas) XIII-XX) (Geografia 1m
Laura de Mello e Souza (USP) - Coordenadora Marcelo Badaró Maltos (UFF) Coord.
Diogo Manoel Santos da Silva (USP) O "Novo" e a Mário Jorge da Molla Bastos (UFF) Sobre Moços
Rcsistência cm São Paulo Sctcccntista Vadios, Vagabundos c Malandros
Geraldo Silva Filho (USP) Aspectos Corporativistas Muza Clara Chavez Vclasquez (UFF) Sobre Moços
dos Ofícios Mccânicos: Minas Gerais Século XVIII Vadios. Vagabundos e Malandros
Iris Kantar (USP) Tiranias da etiqueta nas Minas CC14 A Utopia da Grande Literatura (História
seteccntistas 12)
Rosemcri Maria da Conceição (USP) O Arerê das Nelson Schapochnik (UNESP-Franca) - Coord.
Ruas: A História de Revoltas Cotidianas lia
Francisco Alambert (UFF) Modem os, Extemos e
Salvador do Século XVIII
Etemos: Reflexões sobre Literatura e História em
CC10 Ontologia, História e Política (Anfiteatro da tomo de O Perfeito Cozinheiro das Almas dcstc
História) Mundo
Lúcio Flávio de Almeida (PUC-SP) - Coordenador Karen Macknow Lisboa (USP) Frey Apollonio: Vm
Romancc do Brasil?
Antônio Rago Filho (PUC-SP) A COllcepção
Marxialla da História Nelson Schapochnik (UNESP-Franca) Como se
Escrcvc a História?
Dolares Prades (FSA) A Nalllreza Ontológica do
Pcnsamcnto dc Karl Marx CC15 Utopias e Resistências no Mundo Ibérico e
Colonial (Reinaldo Pessoa)
Paulo Douglas Barsolti (FGV) A DctenllinaçAo
Onto-Negativa da Política em Marx Ronaldo Vainfas (UFF) - Coordenador
CCll Organização da Produção Capitalista em Célia Cristina da Silva Tavares (UFF) Padre
Pernambuco (Geografia 9) Gabriel Malagrida c a Inquisição (século XVIII)
Clara Suassuna Fernandes (ANPlJH IPE) Jacqueline Hermann (lJFF) As "Trovas" de
Pcnsamcnto de Hcnriquc Augusto Alilet (1870-1890) Gonçalo Annes Banda"a (Ponugal, Século XVI)
Luís Manuel Domingues do Nascimento Rogério de Oliveira Ribas (UFF) O Problema do
(UNICAP) Mercado Intemo e Industrialização em Cripto-Islamismo na Inquisição Ponuguesa
Pemambuco (1850-1920)
Tereza Baumann (UFF) O Jardim do Édcn nas
Severina Barbosa Leal (lJNICAP) A R\periência Índias Pcrcgrinas do Novo Mundo
Fe"oviária no Contexto da Economia
Pcmambucana
Programa e Resumos 3

CC16 Visões da Cidade: Londrina 1930-1975 Anlonio Carlos de Souza Lima (Museu Nacionalj
(Geografia 11) UFRJ) Fomwção do Estado e CO/lStntção da
Nação - Poder em Cena na Primeira República: O
José Miguel Arias Nelo (UE Londrina) A
SPI e o Exercício do Poder Tutelar
Constntção do Eldorado: Londrina 1930-1975
Sonia Regina de Mendonça (UFF) Estado, Poder e
Rosimeire Aparecida Angelini Caslro (UE
Saber na Primeira República
Londrina) O Cotidiano e a Cidade: Práticas e
Representações Femininas (1930-1960) CC20 Das Utopias à História: A Sociedade Rio·
Platense Colonial (Ciências Sociais 1(9)
Sônia Maria S. L. Adum (UE Londrina) LOlldlllw:
Ordem e Desordem 1930-1960 Arno Alvarez Kern (PUC-RS e UFRGS) - Coord.
CC17 Vozes Dissonantes: Utopias e Mulheres Arno Alvarez Kcrn (PUC-RS e UFRGS) Utopias
(História lO) Utopismo e Missões JesuÍtico-Guarallis
Leila Mezan Algranli (UNICAMP) - Coord. Eduardo Neumann (UFRGS) A Participaçiio
Guarani-Missiolleira na Vida Colollial Rio-Platense
Carla Sílvia Beozzo Bassanezi (UNICAMP)
Cannen da Silva a Revista C/audia e as Relações Naida Menezes (UFRGS) Pulperías: Dominaçiio
Homem-Mulher (Primeira Metade dos Anos 60) versus Resistência
Karla Adriana Marlins Bessa (UNICAMP) Utopia CC2l Abordagens do Feminino sob a Ótica da
da Moralização dos "Costumes": O Poder Judiciário Histúria Cultural (CiêncÍ<ls Sociais 118)
e a Constntção do Feminino/Masculino na Década
Bealriz Kushnir (UFF) As Polacas do Brasil
de 1950
RacheI Soihet (UFF) Mulher e História: Trajetória e
Leila Mezan Algranli (UNICAMP) Educação
Atualidade dos Estudos lia Brasil.
Feminina: Vozes Dissollalltes 110 Século XVIII e a
Prática Colollial Sonia Regina Rebcl de Araújo (UFF), Entre a
Igreja Católica e o Estado: A CO/lStituiçào de uma
Susana Maria Moreira (UNICAMP) Introduçâo à
Identidade Feminina no Brasil de Pós-Guerra
uma História de Vida e Obra Pictórica: Helena
Pereira da Silva O/wshi Sucly Gomes Cosla «UFF) O Diário de uma e
outra Meninas (Aportes Teóricos sobre o Cotidiano
CC18 Perfis Femininos: Verso e Reverso (Ciências
Feminino. Diamantina. fins do Século XIX).
Sociais 108)
Dulce da Silva Ramos (PUC-SP) Verso e Reverso: 116h COMUNICAÇÕES LIVRES
As Soldadeiras na Idade Média Ibérica
CLOl Brasil Colonial: Economia e Sociedade
Maria Angélica Solcr (PUC-SP) Ação e
(Ciências Sociais 1(0)
Reconstntção: Mulheres no Paraguai de 1890 a I920
Cláudia Pastor Almeida Soares (USP) Jesuítas e
Maria Izilda Santos de Matos (PUC-SP) Em Busca
Franceses lia Fl/Izdaçiio do Rio de Janeiro
da Án'ore das Patacas: O Cotidiano e o Trabalho de
Homens e Mulheres Imigrantes Portugueses lia Irene Rodrigues da Silva Fernandes (UFPB) A
Brasil 1890-1930 Fonnação da Propriedade Privada I/a Paraíba: O
Sistema Sesmarial
Yone de Carvalho (PUC-SP) Amores e Mito no
l\lundo Medieval: Tristão e Isolda Maria RacheI Fróes da Fonseca (Fundação
Oswaldo Cruz) A Sociedade Literária do Rio de
CC19 Cultura Política na Primeira República
Janeiro e a D~rusão das Luzes (1786-1794)
(Ciências Sociais 110)
Maria Regina Celeslina de Almeida (UFF)
Sonia Regina de Mendonça (UFF) - Coord.
Ocupação Portuguesa na Amazônia Ocidental: A
Adriana de Rezende Barrello Vianna (Museu Falácia do Pm'oamellto - Crescem os Povoados e
Nacional/UFRJ) Vale o Escrito: Cultura Extinguem-se os Povos
Administrativa e Relações Pessoais na Primeira
Thais Luzia Colaço (UFSC) Fragmentos do
República
Cotidiano das Fortificações da Ilha de Santa
Ana Maria Souza Andrade Essus (UFF) O Poder Catarina
em Foco: A Produção da Imagem Fotográfica pelo
Estado na Primeira República
4 XVII Simpósio Naciollal de História

CL02 Construindo e Reconstruindo o Urbano CLOS Ensino da História: Práticas e Reflexões


(Ciências Sociais 1(2) (Ciências Sociais 110)
Beatriz PiccoloUo Silveira Bueno (USP) A Edileuza Moura da Silva (Departamento Regional
Aplicação de Modelos Ideais lias Cidades da de Educação) Quem COllduz o Ellsillo de História
América Espanhola e Portuguesa em Sala de Aula?
Cristina Meneguello (UNICAMP) Cidade Ledonias Franco Garcia (UFG) Por uma Outra
Sofisticada ou Cidade Impossível? Impasses lia História da América: O Reellcolltro dos Caminhos
Apreensão dos Espaços Urbanos Contemporâneos
Mar\y Therezinha Germano Perecin (EEPSG Sud
Dennison de Oliveira (UFPR) COllstmilldo uma Mennucci) O Romallce Histórico como
Cidade Modelo: Um Estudo de História de Políticas Assessoramellto ao Emillo da História
Públicas Urbanas (Curitiba no Filiai do Século XX)
Regina Célia Gonçalves (UFPB) História Local:
Gisafran Nazareno Mota Jucá (UFCE) Verso e Nova Metodologia do Emillo de Base
Reverso do Perfil Urbano do Recife e de Fortaleza t
Zuelcide Casagrande de Paula (Faculdade
1945-60
Estadual de Ciências e Letras C. Mourão) O
Maria Auxiliadora de Freitas (UFMT) Resgate Cotidiallo da Escola Pública em Busca de uma
Urballístico e Arquitetôllico de Cuiabá 110 Período Nova Prática
do Estado Novo (1937-1945)
CL06 Escravidão no Brasil (Ciências Sociais 11H)
Zita Rosane Possamai (UFRGS) Espaço Urballo e
Marcos Magalhães de Aguiar (USP) A
Controle Social: Porto Alegre (1924- 1928)
Sociabilidade COllfrarial elltre Negros e Mulatos em
CL03 Cultura e Política na Idade Média (Ciências Vila Rica 1/0 Século XVIII
Sociais 10H)
Maria José Pinheiro (UNICAP) A ImlOlldade de
Cláudia Bucceroni Guerra (UFRJ) A IlIquisição Nossa Sellhora dos Homells Pretos em Pemambuco
Contra o Catarismo no Sul da França do IIIício do
Marília Conforto (PUCjRS) Sellhores e Escravos
Século XIV
Miridan Britto Knox (UFRJ) Utopia X História: A
Cybelc Crossetti de Almeida (UFRGS) Relações
Constmção da Escravidão Branda "0 Sertão do
de Poder em Colônia lia Idade Média
Piauí
José Rivair Macedo (Universidade Mogi das
CL07 Fontes e Arquivos (Ciências Sociais 120)
Cruzes) Imagillário Camavalesco Riso e Utopia 110.1'
Fabliaux Medievais Alcilene Cavalcante de Oliveira (UFOP) O
Recmtamellto de Padres lia Arquidiocese de
Miriam Lourdes Silva (UFF) Represelltatividade
Man"alla 110 Século XVIII
Nacional e Utopia: As Cortes Portuguesas dos
Séculos XIII e XIV Elizabeth da Costa Leal (UFRGS) Levalllamellto
acerca da Presença Feminina 110 Prata: 1776-1830
CL04 Ensino da História: Discurso e Prática
(Ciências Sociais 1(9) Maria Celma Borges (UEM) Acesso ao Banco de
Dados: O Arquivo PartiC/llar de 001011 Mader
Joana Neves (UFPB) O Ellsillo da História II0S 1º
(Político Parallaellse dos Anos 50-60 j
2º e 3º Graus: Trabalho Igual e Carreira Única para
os Professores Roberto Jorge Chaves Araújo (UFPE) Allálise do
COllteúdo Programático-Bibliográfico dos Cursos de
Ney Moraes Filho (PUCjSP) Uso de Recursos
Teoria e Metodologia da História: 1973 a 1980
Audio-Visuais no Ensino da História
CU)H História e Artes Plásticas (Ciências Sociais
Sc\va Guimarães Fonseca (UFU) Caminhos da
122)
História Ellsillada
Gisele Madeira (PUCjSP) O Social e o Pictorial:
Sônia Maria Leite Nikitiuk e Marcc\o de Souza
Uma Lillguagem Brasileira
Magalhães (UFF) Entre o Discurso e a Prática:
Repellsar a Fon7lação de Professores de História da Maria Lúcia Bastos Kern (PUCjRS) Ulliversalismo
UFF Constmtivista e suas Aspirações Utópicas
Regina Aída Crespo (UNESP-Marília) Arte e
Política: Um Eswdo do Muralismo Mexicano
Programa e Resllmos 5

CL09 História e Literatura I (Geografia 1) Ana Cláudia Fonseca Brefc (UNICAMP)


Memorialistas Palllistallos: A COlIStÍluição da
Antônio Celso Ferreira (UNESP-Assis) São Paulo
Metrópole sob o Ideal do Progresso
dos Espetáclllos de Massa (1930- 1940): Um Roteiro
Cinematográfico de Oswald de Andrade Eliana Regina de Freitas Dutra (UFMG) Arte e
Pallteão: História e Memória lia Literatura de
Denise Aparecida Campos (PUCjSP) 1912: O Eu
Almallaque
de Allgllsto dos Anjos na Imprensa Carioca
Mariuza de Paula Casagrande (Casa da Cultura de
Maria de Lourdes Elcutério (USP) O Matriarcado
Campo Mourão) Memória Histórica: A Fomzação
de Pindorama: Uma Utopia Oswaldiana
de lima Identidade Coletiva
CL10 Historiografia, Imaginário e ImigraçflO no
CL14 Mercado de Trabalho, Organização e
Brasil (Geografia 4)
Cultura do Trabalho no Brasil (Geografia 9)
Heliane Prudente Nunes (UFGO) Tendências da
Ariane Norma de Menezes Sá (UFPB) A
Historiografia Brasileira sobre o Tema Imigração
Fonllação do Mercado de Trabalho Livre lia
Maria de Fátima Quitéria Soares Narciso Ferreira Paraíba (1850-1888)
(UNESP-Assis) Imagens da Emigração na
Célio José Losnak (UNESP-Bauru) FomlOr Corpos
Literatllra Portllguesa
e COllsciêllcias
Maria ManucIa Ramos de Souza Silva (UFRJ) O
Davi Felix Schreiner (UFSC) Práticas e
Sentimento Anti-Lllsitano nos Primeiros Anos da
Represelltações na Fonllação de lima Cllltllra do
Reptíblica Velha: Imaginário e Práticas
Trabalho
CLlI Intelectuais e História (Geografia 61
Liliana Bueno dos Reis Garcia (UNESP-Rio
Antônio Vitorio Ghiraldello (PUCjSP) O Institllto Claro) Rio C/aro e as Oficinas da Companhia
de Sociologia e Política e a Segllrallça Naciollal Paulista de Estrada de Fe"o: Trabalho e Vida
Operária 1930-1940
Denise Rollemberg Cruz (UFF) A Idéia de
Revolução: da Luta Anllada do Fim do Exílio CL1S Política Brasileira no Império (Geografia
( 1961/1979) lO)

Jaldes Reis de Meneses (UFPB) Questões sobre a Jurandir Malerba (USP) A Casa Grallde do Rei:
Produção Intelectual AlIlollomista Reflexões sobre o Caráter Patriarcal do Estado
Imperial Brasileiro
João Alberto da Costa Pinto (PUCjSP) Caio
Prado Jtíllior e a URSS Stalillista Luz Maria Guimarães da Silva (UFSC) O Poder
Público diante da Doença: O Colera Morbus e a
CL12 Marginalidade, Vadiagem e Controle Social
Disputa Política em Deste"o no Séclllo XIX
no Brasil (Geografia 7)
Suzana Cavani Rosas (UFAL) A COllciliação em
Arselle de Andrade da Fontoura (UFSC) O
Pemambuco: A Eleição do Círculo de 1856
Tratamellto da Loucura em Porto Alegre [rellte ao
Processo de Modemização ocorrida na Passagem do CLl6 Política Brasileira nos Anos 301M
Século XIX para o XX (Geografia 11)
Isabel Cristina Ribeiro Cunha Fontana (USP) O João Fábio Bertonha (UNICAMP) O Allti-
Mellor Margillalizado em São Palllo: Cotidiallo e Fascismo COllcelltraciollista de São Paulo (1927-
Sobrevivência de Criallças e Adolescelltes Pobres lia 1934)
Metrópole (Anos 60 e 70)
Katianne Bruhns (UFSC) Ruptura do Processo
Letícia Vidor de Souza Reis (USP) A Capoeira: De Cultural de Joillvi/le a partir da Campallha de
"Doellça Moral" à "Gymllastica Naciollal" Nacionalização de 1938
Margareth da Silva (UFRJ) PUllição à Vadiagem Lucília de Almeida Neves Delgado (UFMG) Frellte
Parlamentar Naciollalista: Utopia e Cidadallia
CL13 Memória e Patrimônio Histórico
(Geografia 8) Maria Regina Nina Rodrigues (UFMA) O
Marallhão e o Estado Novo: Os ll1telectuais e sua
Ana Célia Rodrigues (Centro de Memória
Importâllcia lia Legitimação do Novo Regime
Santista) Uma IlIiciativa Mllnicipal de Presermção
da Memória: O Celltro de Memória Salltista
6 XVII Simpósio Nacional de História

Raimundo Barroso Cordeiro Junior (UFPB)


TERÇA FEIRA 20/7
Legião Cearense do Trabalho: Uma Utopia de
Sociedade Integral
8h CURSOS
CLt7 Trabalho Urbano e Condições de Vida dos
Trabalhadores no Brasil (História lO)
CR07 Utopias Amcnl/dias de 1871 à AllIalidade.
Anna Beatriz de Sá Almeida (Fundação Oswaldo Resp: Jaime de Almeida (terça a sexta 8h-1Oh
Cruz) Condições de Saúde dos Trabalhadores nos Ciências Sociai~ 100).
anos 30 e 40: As Doenças do Trabalho
CROS As Utopias Aboliciol/istas. Resp: Humherto
Esmeralda Blanco Bolsonaro de Moura (USP) Fernandes Machado (terça a sexta 8h-1Oh Ciências
Acidente do Trabalho e Condição Operária em São Sociais 102).
Palllo (1890-1920)
CR09 Uma II/trodução aos Temas da História
José Rogério da Silva (EEPG Luiza Mendes Africal/a. Resp: José Flávio Sombra Saraiva (terça
Corrêa de Souza) Condições de Vida da C/asse a sexta 8h-lOh Ciências Sociais 108). ,.t-
Trabalhadora em São Paulo durante o Estado Novo
CR 1O Retalhos: Fragmentos Curiosos e Il/teressal/tes
Paulo Fernando de Souza Campos (UEM) para lima História de Santa Catarina. Resp: Luiz
Trabalho Urbano e Disciplina: O Estlldo de lima Felipe Falcão (terça a sexta 8h- JOh Ciências Sociais
População Asilar na Década de 80 109).
CRll Utopias I/a Europa Medieval. Resp: Vânia
118h CONFERÊNCIAS
Leite Froes (terça a sexta 8h-1Oh Ciências Sociais
110).
Canlldos em Perspectiva Comparada, Rohert M.
Levine - University of Miami (Anfiteatro da CRl2 A Utopia Socialista e a Social-Democracia
História) Ellropéia: 189()-1918. Resp: Daniel Aarão Reis
Filho (terça a sexta 8h-1Oh Ciências Sociais 118).
A DelemlÍnaçao Negativa da Politicidadc cm Kar/
Marx, José Chasin - UFMG (Ciências Sociais 14)
I 9h30 ENCONTRO
I 18h30 CURSOS ENOI Encontro NUPEHC: Conferência
CROl Modemidade e Utopia. Resp: Antonio Paulo Medicina,. Tradição e Protesto Popular: O Problema
de Morais Rezende (segunda a quinta 18h30-20h30 da Vacina AI/ti-Variólica 110 Rio de Jal/eiro. 1894-
Ciências Sociais 1O~). 1904 (História 15)
CR02 Os Métodos de Avaliação 1/0 Ensil/o de Conferencista: Sidney Chalhoub (lJNICAMP)
História e sllas Perspectivas de AlieI/ação 011 de
Debatedores: Suely Gomes Costa (UFF) e Magali
Emal/cipação do SlIjeito. Resp: Sinésio Ferraz
Gouveia Engel (lJFF)
Bueno (segunda a quinta 18h30-20h30 Ciências
Sociais 102).
I 9h30 MESAS REDONDAS
CR03 Mimesis e História. Resp: Michel Zaidan
Filho (segunda a quinta 18h30-20h30 Ciências MROl Memilria e Utopia (Ciências Sociais 14)
Sociais 108).
Antônio Torres Montenegro (UFPE) - expositor,
CR04 História e Gênero. Resp: Maria Izilda Matos Maria de Lourdes Monaco Janolli (PUCjSP) e
(segunda a quinta 18h30-20h30 Ciências Sociais Tânia Regina de Luca (UNESP-Assis)
109).
MR02 Cidade: As Utopias Criadoras (Anfiteatro
CROS História Oral e Memória. Resp: Antonio da Histúria)
Torres Montenegro (segunda a quinta lSh30-20h30
Ítalo Tronca (UNICAMP) - expositor, Maria
Ciências Sociais 110).
Slclla Martins Brcsciani (UNICAMP) - Coord.,
CR06 Questão do Tempo 1/0 Ensil/o de História. Carlos Roberto Andrade (USP) e Marisa
Resp: Zilda Márcia Gricoli Iokoi (segunda a quinta Carpintcro (UNICAMP)
18h30-20h30 Ciências Sociais 118).
Programa e Resumos 7

MR03 Históriu e Cotidiuno: Usur sem Runulizur CC24 As Utopias da RazflO e suus Perspectivas da
(Cuio Prado Jr) Históriu (Histúria 12)
Jaime Pinski (UNICAMP) - expositor. Zilda Edgar Salvadori De Decca (UNICAMP) - Coord.
Gricoli lokoi (USP) e Circc Maria Fernandes
Edgar Salvadori De Decca (UNICAMP) As
Bitteneourt (USP)
Desavenças da História com a Memória
MR04 A ProduçflO do Conhecimento Histórico no
Edson Passetti (PUCjSP) Utopia e Justiça
Livro Didático: A ExclusflO du Experiência e da
Utopia (Geogrufia 1) Iara Schiavenalto de Souza (UNESP-Assis) Brasil:
EI/tre a História e a Utopia
Luis Manuel Domingues do Nascimento
(UNICAP) - Expositor, Maria Angela de F. Grillo Ivonne Gallo (UNICAMP) A Utopia em C/wr/es
(UFPE) e Edilcuza Moura da Silva (SEjPE) Fourier
MR05 Imuginários da ExclusflO (Geogrulia 9) Luzia Margareth Rago (lJNICAMP) Utopias
Femil/istas da História: Amor ( Se.\ltalidade no
Antonio Jorge Siqueira (UFPE) - Expositor,
Discurso da Emancipação da Mulher
Marilda Aparecida de Meneze~ (UFPB) c
Frederico de Castro Neves (UFPB) CC25 Cinco Faces da Utopiu no Brasil Coli)nia
(Histúriu 14)
MR06 Utopias Iluministas na Educução (Ciências
Sociais 8) Laura de Mello e Souza (USP) - Coordenadora
Celso Favarelto (USP) - Expositor, Modesto Flávio de Campos (USP) Utopia e Política em
F1orenzano (USP) e Antonio Joaquim Severino Antôl/io Vieira
(USP)
Joaci Pereira Furtado (USP) Uma Utopia para o
Passado: A II/col/fidência Mil/eira I/as Leitllras das
/13h30 COMUNICAÇÕES COORDENADAS
Cartas Chilel/as (1845-1940)
CC22 América Latina: Imugens femininas na Maria da Glória Porto Kok (USP) Horizollles da
construção de utopius (Anfiteutro du HistÍlria I Terra Sem Mal
Maria Ligia Coelho Prado (USP) - Coord. Patrícia Albano Maia (USP) O Paraíso Celeste e
sI/a Imagem para a Manutel/ção da Ordem Político-
Maria Helena Rolim Capelalo (USP) Imagel/s da
Social do Brasil Colônia
América Latil/a Associados ao Femil/il/o
Plínio Freire Gomes (USP) A Metrópole e o
Maria Izilda Santos de Matos (PUC-SP) Imagel/s
Cativeiro de Deus: Uma Dialética da Colonização
Perdidas 1/0 Rio de Amazonas: COl/qllista e Gêl/ero
1/0 Século XVIII
Maria Ligia Coelho Prado (USP) As Mulheres I/as
CC26 Cristandade Tridentina e Utopia (Histúria
Lutas pela Independência da América Latina: O
15)
Femil/il/o e o Naciol/al
Anderson José Machado de Oliveira (UFF)
CC23 As Exposições Universuis e a RepresentaçflO
Devoçâo e Caridade: Irmal/dades e Cotidial/o 1/0
da Utopiu do Progresso (Históriu lO)
Rio de Jal/eiro do Sécl/lo XIX
Moysés Kuhlmann Jr. (UNESP-Araraquara) -
Francisco José Silva Gomes (UFF) A Refon11O
Coord.
Tridel/til/a e a Cristal/dade: Entre o Mito e a Utopia
Almir Pita Freitas Filho (UFRJ) Imagel/s de
Lana Lage da Gama Lima (UFF) Roteiros da
Persuasão da Modemidade I/a Exposição II/dustn'al
Alma: Os Manllais de Confissão Tridentil/os e a
de 1881
NOn1lOlÍzação da Vida Cristã
Marcos atender (UFJF) A Corte e a Primeira
Pedro Marcelo Pasche de Campos (UFF) A
Exposição Naciol/al 1/0 Império do Brasil em 1861:
Inquisição e a NOn1lOtização da Fé: Um Estudo de
Exercício Utópico de uma Nação em COl/Stntção
Caso
Moysés Kuhlmann Jr. (UNESP-Araraquara) As
CC27 Exclusão Poder e Controle Social no Brasil
Exposições Universais e a Utopia do Controle Social
Urbano (Geogratiu 1)
Sandra Jatahy Pesavento (UFRS) Imagil/ário do
Gizlene Neder (UFF) - Coord.
Progresso: As Represel/tações das Máquinas nas
Exposições Parisienses do Século XIX
8 XVII Simpósio Naciollal de História

Ana Maria Souza Andrade Essus (UFF) O Espelho CC31 Institucionalização das Ciências no Brasil
da Cidade: Fotografia e Sociabilidade Urballa 110 (Geografia 7)
Rio de Jalleiro da Belle Epoqlle
Maria Amélia Mascarenhas Dantes (USP) - Coord.
André Luiz Vieira de Campos (UFF) Políticas
Heloísa M. B. Domingues (USP) A
Públicas COlltrole Social 1I0S Estados UI/idos e
Descontinllidade Histórica e a IlIstituciollalização
Brasil lia Década de 1960
das Ciências Naturais 110 Brasil: O Caso do Jardim
Gizlene Neder (UFF) COlltrole Social e Cidadal/ia Botânico do Rio de Janeiro
Rio de Jalleiro
110
Maria Elizabeth Lunardi (SEP-Paraná) IlIstitllcio-
Humberto Fernandes Machado (UFF) Elltre a nalização da Ciência 110 Parallá: O Papel do IBPT
MOllarqllia e a República: A Trajetória de 11m
Maria Angélica Campos Resende c Walkiria Costa
Aboliciollista do Rio de Jalleiro
Fucilli Chassot (USP) A Ciêllcia lia Facilidade de
CC28 Igreja e Movimentos Sociais: Testemunho e Filosofia, Ciências e Letras
Imagem nas Perspectivas de Investigação
Maria Margaret Lopes (UNICAMP) A
(Geografia 4)
COlltribllição de Clzarles F. Hartt aos Mllsells
Vara Maria Aun Khoury (PUCjSP) Brasileiros de História Natllral
Coordenadora
CC32 A Luta pelo Espaço: Dimlmica e Fontes da
José Renato PolIi (PUC/SP) Os Movimel/tos de Problemática no Cumpo Paraibano (Geografia 8)
Ellcontro da Juventllde Católica: A R\]Jeriência do
Irene Rodrigues da Silva Fernandes (UFPB) -
MOJUC em Jlllldiaí SP (1968-1983)
Coord.
Luiz Cláudio Silva Oliveira (PUCjSP) Opas
Eliete de Queiroz Gurjão Silva (UFPB) Os
Vennelhas e Fitas AZllis: A Presença da Legião de
Registros de Te"a - Uma Abordagem sobre a
Man·a em Uberlâlldia (1945- 1965)
Estn/tllra Flllldiária da Paraíba
Marcelo Flório (PUCjSP) Jocistas e a Constn/ção
Emilia de Rodat Fernandes Moreira (UFPB) A
de Dimellsões do Viver Urballo lia Cidade de São
LWa pela Te"a 110 Campo Paraiballo
Palllo (1930- 1950)
Laura Helena Baracuhy Amorim (UFPB) A
Rinaldo José Varussa (PUCjSP) A Pastoral
Divisão do Trabalho e a Qllestão Agrária lia
Operária lia Arqllidiocese de São Palllo: Década de
Paraíba: Aspectos Históricos
1970
Therezinha Gloriete Pimentel Rodrigues (UFPB)
CC29 Igreja, Modernidade e Utopias (Ciências
FOlltes sobre os Movimelltos Sociais 110 Campo
Sociais 110)
Paraiballo
Augustin Wernet (USP) Coord.
CC33 Modernização e Modernidade: Umu Utopiu
Euclides Marchi (UFPR) A Utopia das na História do Chile'! (Geografia 9)
Desigllaldades Hamlôllicas
Alberto Aggio (UNESP-Franca) - Coord.
Ivan Aparecido Manoel (UNESP) Catolicismo e
Alberto Aggio (UNESP-Franea) O Modemo como
Edllcação 110 Brasil 1850-1950
Utopia de Civilização: As Fomllllações e Projetos de
Maria Aparecida Junqueira V. Gaeta (UNESP- Pedro Aglli"e Cerda e a fuperiêllcia da Frellte
Franca) As Utopias de 11m Catolicismo Oficial Face Poplllar
à Religiosidade Poplllar
Gilberto Lopes Teixeira (OS EC) Liberalismo e
CC30 Imigração Alemã: Aspectos da Utopia do Utopia lia Trajetória da Sociedad de la Igualdad
Novo Mundo (Geografia 6)
Gonzalo Cáceres Q. (PUCjSantiago do Chile) La
Eunice Sueli Nodari (UFSC e UNIVALI) Utopia Modemizadora de la Derec/za Chilella (1970-
Realidade e Utopia: A Propaganda do Brasil na 1989j: Democracia o Alltoritarismo?
Alemallha 110 Séclllo XIX
CC34 A Metáfora do Progresso (Geografia lO)
João Klug (UFSC) O Projeto Escolar Alemão em
Lúcia Helena Gaeta Alcixo (UFMT) DisCliJlilla e
Desle"o (Florianópolis)
COlltrole: O Trabalhador de MaIO Grosso (1890-
Roscli Zimmer (UFSC) Represelltalldo a 1930)
Gennanidade na Cidade Mais Alemã do Brasil: O
Desfile das Sociedades de Caça e Tiro
Programa e Resumos 9

Maria Inês Malta Castro (UFMT) Mato Grosso: Eduardo Victório Morellin (USP) O Cillema como
Gigante Adonllecido Fonte Histórica na Obra de Marc Ferro
Regina Beatriz Guimarães Pinto (UFMT) A Estevão Lukács Junior (PUCjSP) Telellovela
Província e o Artifício do Progresso Modemização e Ideologia
CC35 A Utopia da Arte Popular: Teatro Popular Wi\liam Reis Meire\les (Universidade Estadual de
do SESI Teatro de Arena e o CPC Revisitado Londrina) Indústria Cultl/ral e Cultl/ra Popl/lar 110
(Geografia 11) Brasil 1946- 1964
Alcides Freire Ramos (UF Uberlândia) - Coord. CL19 Antônio Vieira (Ciências Sociais 1(0)
Alcides Freire Ramos (UF Uberlândia) Cabra Luís Palacin (UFG) O QI/illto Império: Utopia de
Marcado Para Morrer: O CPC Revisitado I/mSéculo Férreo
Robson Corrêa de Camargo (Universidade Federal Sezinando Luiz Menezes (UEM) Padre Alltôllio
de Uberlândia) O Teatro Popl/lar do SESI: Uma Veira e a Sociedade Portl/guesa 110 Sécl/lo XVII
Trajetória elltre o Patrollato e as Massas
Valmir Francisco Muraro (UFSC) Vieira: Elltre a
Rosângela Patriota (Universidade Federal de Profecia e o Utopismo
Uberlândia) Teatro de Arella: Elltre o Naciollal e o
CL20 Aspectos da Sociedade Colonial (Ciências
Popular lia Busca de um Teatro de Tral/sformação
Sociais 1(2)
CC36 Vigência Histúrica da Utopia na América
Carlos André Macêdo Cavalcanti (UFPB)
Latima (Joaquim Barradas)
Inquisição e Crimes Religiosos nas Ordells Régias
Fernando Torres Londoiio (PUC/SP) - Coord. do Arquivo de Pemambuco
Elma Vasconce\los da Silva e Zoraide Gomes Helcn Osório (UFRGS) A COllstituição do Gmpo
Carvalho (PUCjSP) Messial/ismo e Utopia fia dos Estallcieiros fIO Rio Grande Séc. XVIII
América Latilla
Rosemeri Maria da Conccição (USP) A Bahia de
Fernando Torres Londoiio (PUC/SP) Vigêl/cia e Todos os Pobres: A Pobreza Baial/a lia Obra de
Crise da Utopia I/a América Dois Letrados Se/ccel/tistas
Sandra Z. Sant'Anna (PUCjSP) História e Utopia: Virgínia Maria Almoêda de Assis (UFPE) As
O Projeto Político Martil/iallo de uma Nação Imwl/dades Religiosas do Recife e as Relaçôe.\ c
Americalla Poder
CC37 Cultura e Identidnde: Práticas, Vnlores e CL21 Brasil Colonial: Economia e Sociedade 11
Sonhos (Ciêncins Sociais 109) (Ciências Sociais 1(8)
Zélia Lopes da Silva (UNESP-Assis) - Coord. Maria Regina Nina Rodrigues (UFMA) O
Maral/hão Colol/ial: O Projeto Político Mercalllil
Ana Cristina Teodoro da Silva (UNESP-Assis)
EI/ropeu e sua Implal/tação em Terras Maral/hel/ses
QI/em Pillta a Cara dos Cara-Pilltadas?
Miguel Arcanjo de Souza (UFRJ) O Comércio
Maria de Fátima Salum Morcira (UNESP-
elltre Rio de Jalleiro e BI/eflos Aires fiOS Séculos XVI
Presidentc Prudentc) Cultl/ra e Idel/tidade
e XVII
Ferroviária
Odaléa da Conceição Diniz Bianchini (UFRJ) Os
Sílvia Helcna Zanirato Martins (UEM) Homel/s
Primórdios da E\]Jloração da Erva-Mate 1/0 Novo
Pobres, Homells Perigosos: Leituras Divergelltes
MUI/do: Uma Avaliação Histórica
sobre a Cultllra Popular
Tarcísio Rodriguc5 Botelho (U niversidadc
Zélia Lopes da Silva (UNESP-Assis) Tipos e
Estadual de Montcs Claros) Tropas e Tropeiros I/a
Figllras do Camaval Paulista f/OS Allos 20 e 30
Millas Oitocel/tista
116h COMUNICAÇÕES LIVRES CL22 Cultura e Resistêncin Escrava (Ciências
Sociais 109)
CL18 Histórin, Cinema, Televisão e Indústria
Benares de Oliveira Gomes (UFPE) Resistência
Cultural (Histórin 15)
Escrava em Pemambl/co 110 Século XIX
Cristina Mcnegue\lo (UNICAMP) Poeira de
Estrelas: Cillema Hol/ywoodiallo lia Mídia
Brasileira das Décadas de 40 e 50
lO XVII Simpósio Nacional de História

José Roberto Goés (UFF) O Cativeiro Imperfeito: CL26 História Econ{,mica Brasileira (Geografia 1)
A Escravidão 110 Rio de Janeiro lia Primeira Metade
Clotilde Andrade Paiva (CEDEPLAR,IUFMG)
do Séclllo XIX
"E/lge/lheiros" Mineiros do Séclllo XIX: A Trajetória
Marco Antônio Lírio de Mello (UFRGS) O de AI"'IIIIS Proprietários de Engenl/Os de Cana-de-
Batuque e a ClIltura de Resistência 110 Cotidiano Açúcar em Minas Gerais
Escravista
Denise Monteiro Takeya (UFRN) Europa, França
Sylvana Maria Brandão de Vasconcelos (UFRO) e Ceará: A E.:rpansão Comercial Francesa no Brasil
Ventre Livre - Mãe E.\·crava e as Casas Comerciais
CL23 História Agrária (Ciências Sociais 110, Flávio Azevedo Marques Sacs (USP) Capitais
Franceses no Brasil até a Primeira GlIe"a MlIndial
Maria Thereza Miguel Peres (USP) O Trabalhador
RI/ral e os Ambientes Constituídos pelos José Evaldo de Melo Doin (UNESP-Franca) A
Empresários do Açúcar entre 1930 c 1950 segunda Fonnação do Estado-Nação. a Gênese da
YIIas práticas Modemizadoras (Re/dão de Modemização Conservadora e a Dívida Pública
Piracicaba) Extema: QlIestões Preliminares
Paulcte Maria Cunha dos Santos (UFSC) O Marcelo Magalhães Godoy (CEDEPLARj
Interesse do Poder Público na Modemização da UFMG) Engenhos do Dezenove: A Agroindústria da
Agricllltura Cana-de-Açúcar em Minas Gerais
Priscila Raucci da Mata Kodama (EMPS D. CL27 História, Saúde, Medicina e Higiene Pública
Allegretti) A Te"a na Primavera: A Luta dos no Brasil (Geografia 4)
Posseiros pela Desapropriação e Assentamento na
Almir Leal de Oliveira (UFCE) Progresso
Região de Adamantina SP (1978-1984)
Civilização e Pel/samel/to Escravista: Higiene
CL24 História do Teatro e da Música Brasileira Pública e Reformas Sócio-Ecol/ômicas do Vale do
(Ciências Sociais 118) Paraíba (1880-1890)
Avelino Romero Simões Pereira (UFRJ). Por lima Clara Suassuna Fernandes (ANPUH-PE) A
História Social da Música. Homeopatia em Pemambuco entre os Séculos XIX e
XX
Maria de Fátima Cunha (UNESP-Assis) Eros e a
Esquerda: A Linguagem da Tropicália Eduardo Vilela Thielcn (Fundação Oswaldo Cruz)
Imagel/s da Saúde 110 Brasil
Maria de Fátima Fontes Piazza (UFSC) Em BlIsca
do Brasil: País e Nação Enezila de Lima (UEM) Memória da COllstituição
da Prática Social Médica em LOlldrilla
Sandra de Cássia Araújo Pelcgrini (UEM)
Movimento Tropicalista: Teatro e Música 1/0Final Karen Christine Rechia (UFSC) Lembranças
dos Anos 60 ÍI/timas da Millha Avó: Um Estudo das Parteiras
pelo Conhecimento Médico-Hospitalar em Treze de
Sérgio Alves de Souza (USP) E a Gente Fazendo
MaioSC
Conta Pro Dia que Vai Chegar: Uma Utopia
Musical Brasileira (1964-70) Isabel Cristina Martin~ Guillen (Fund. Joaquim
Nabuco) Saúde e COl/trole da Mão-de-Obra: A
CL25 História e Religião I (Ciênci~ls Sociais 122)
Criação do Serviço Especial de Saúde Pública
Artur Cesar Isaia (PUCjRS) CalOlicismo
CL28 História: Revendo Conceitos (História 12)
Missionário e Messianismo CastilllÍsta: A "Salvação
Sacia/" em Projetos Coexistentes na República Velha Antônio Jorge Siqueira (UFPE) Cotidiallizalldo °
Gaúcha °
Patrim 011 ialism
Cláudia Regina Amaral Affonso (UFF) Entre o Jozimar Paes de Almeida (Universidade Estadual
Tempo e a Etemidade: O Discurso Social do de Londrina) O E"allte 1/0 Campo da Razão: O
Episcopado Nacional nos Anos 40 lllédito na História
Jacqueline Guerreiro Aguiar (UFRJ) Utopia Marco Antônio Mondaini de Souza (lJESB) Breves
Milenarista /1O Brasil CO/ltemporâneo Reflexões sobre ° Conceito de Populismo:
Esclarecimento 011 Obscurecimento da História
Maria Irani Boldrini (PUC-SP) O Mm'il7le/lto
Pentecostal em São Paulo Ricardo Roman Blanco (Museu Paulista) Um
Nom Tratado de Tordesillzas de 1494 Descollhecido
Programa e Resumos 11

CL29 Imigraçflo Italiana (Geografia 6) Pedro Rubens, Nei Vargas c Carlinda Fischer
Mattos (Museu Júlio de Castilho) Nova História e
Ana Maria Marques (UFSC) Toda ImaJ;em é Boa
Nova Museologia
para IlIduzir a Virtude
CL33 Memória Urbana e Regional (Geografia lO)
Clcci Eulália Fávaro (UNISINOS) "Far la Mérica":
A Utopia dos Emigrantes Italianos Francisca Simão de Souza (UFCE) História e
Memória de Fortaleza
Lucy Cristina Ostetto (UFSC) Reflexões Sócio-
Culturais da Colônia Italiana de Nova Veneza SC Frederico de Castro Neves (UFPB) O Nordeste da
Memória e a Memória do Nordeste
Sandra da Silva Careli e Simone Kich Haillo\
(Colégio Anchieta) Colollização Italialla 110 Rio Gerson Rodrigues de Albuquerque (UFAC)
Grallde do Sul: Política e Admillistração lias Seabra Tarauacá: Memórias
Colôllias COlide d'Eu e Dona Isabel 1874-1884
Gilval Mosca Froelieh (PUCjSP) A Cidade de 1/110
CL30 Índios na História do Brasil e da América Solteira: História e Memória 1967-92
(Geografia 7)
Maria Rosa de Belém Baptista (USP) Rio C/aro, as
Claudete Maria Miranda Dias (UFPI) Memória Pedras da Cidade
Escondida de uma Sociedade: A Dizimação dos
CL34 O Espaço Urbano no Século XIX (Geografia
Ílldios do Piauí
11)
Edinaldo Bezerra de Freitas (UFRO) Desa!deados:
Cláudia Heynemann (Arquivo Nacional) Jardins
Os Índios e a Colonização Recellte em ROlldôllia
Româllticos: Uma Utopia Civilizatória
Marina Evaristo Wenceslau (UFMS) O FomlOl e o
Maria do Carmo Teixeira Rainho (Arquivo
Não-FomlOl lia Educação IlIdígena
Nacional) A Cidade c a Moda: Novas Pretellsões
Norby Margoth Andrade Alvarez (UNESP-Assis) Novas Distillções
Os IlIdígellas de Nariiío e os Cofltexto Colollial da
Núncia Santoro de Constantino (PUCjRS) Porto
Nova Granada
Alegre na Noite Iluminada
CL31 Lutas Sociais na Cidade (Geografia 8)
Sebastião Rogério de Barros da Ponte (UFCE)
Eliana Tadeu Terci (USP) A COllstntção da Mundanismo Chique X Irreverência Chocante:
Hegemollia da C/asse Proprietária Piracicabana 110 Ordenação Urbana e Resistência Social em
COlltextO dos Conflitos Sociais Presell/es lia Primeira Fortaleza na Virada do Século
República e lia Revolução de 30
Terezinha Alves de Oliva e Lenalda Andrade
Fábio Gutemberg Ramos Bezerra de Souza Santos (UFSE) AracajIÍ um Espaço de Utopias
(UFPB) Os Paradoxos de um Processo de
CL35 Política Brasileira na Primeira República
Urbanização: o Caso de Campina Grande
(História 10)
Márcio Cleber Martins Lanna Junior (UFF) A
Cláudio Pereira Elmir (ULBRAjUNISINOS)
Política do Abastecimellto e as Revoltas pelo
Olhares sobre si e o Outro: As Várias Faces do
Alimellto 110 Brasil
Coronelismo
Maria da Guia Santos Gareis (UFPB) Movimentos
Loiva Otero Félix (UNI SINOS) A Distribuição do
Comullitários e Partidos Políticos: A E\]Jeriência
Poder Regional no Rio Grande do Sul na Primeira
das SABs de Campilla Grallde
República
CL32 Memória e Patrimônio Histórico 11
Luiz Felipe Falcão (lJNIVALI) O Público e a
(Geogrufia 9)
República (O Público 110 Discurso das Liderallças
Dilma Andrade de Paula (UFRJ) Na COlltramão Republicanas)
da Utopia: A Memória da Destntição da Cidade de
-Maria da Glória Dias Medeiros (UNICAP) O
São João Marcos (1941-1945)
Processo Político em Pemambllco lia Primeira
Dorothea Voegeli Passetti (PUC-SP Museu da Metade do Século XX
Cultura) Museu Não é Lugar de Velharia
Renato Luis do Couto Neto e Lemos (Museu da
Joselina Eloína Ribeiro (USP) Cemitérios Casa Benjamin Constant) Benjamin Constant e a
Paulistallos: História, Arte e Patrimôllio Histórico República: História e Historiografia
12 XVII Simpósio Nacional de História

CL36 América: Idéias e História I (HistÍlria 12)


9h30 ENCONTRO
Clcber Cristiano Prodanov (USP) A Utopia
Americana ENOl Encontro NUPEHC: Mesa Redonda
Edna Maria dos Santos e Carmem Lúcia Tindó História da Cultura: Ret1exi)es Teóricas e
Secco (UERJ e UFRJ) Uma Alegoria da América: Algumas Abordagens (História 15)
O Vazio das Linguagens e das Utopias
Maria Clementina Pereira Cunha (Unicamp)
Enrique Amayo Zevallos (UNESP) Economia Batalhas sem COI/Ieee: Em Tomo de Velhos
Andina, Cultura e Utopia Camavais
Lúcio Flávio Vasconcelos (UFPB) Pent: Utopias Rachei Soihet (UFF) O Camaval Carioca como
Políticas e Tral/sição Democrática Espaço de Luta e de Interpenetração cultural ( 1890-
1945)
CL37 América: Idéias e História 11 (História 14)
Magali Gouveia Engcl (UFF) Buscas e Caminhos
Nicélio César Tonelli (UERJ) O Boicote
da História da Cultura
Intemacional e as Perspectivas da Revolução
Cubal/a
Sady Carlos de Souza Junior (USP) O Significado
I 9h30 MESAS REDONDAS
da América em Santos Dumollt MR07 América Latina: Do Barroco Cultural ao
Barroco na Políticu (Anfiteatro da Históriu)
Walmir José Rampinelli (UFSC) Relações dos
Estados Unidos com a América Latina: História Janice Theodoro da Silva (USP) - Expositora,
Política e Estratégia (1945-1990) Héctor Hernán Bruit (UNICAMP) e Elisa Angotti
Kossovitch (UNICAMP)
116h ENCONTRO
MR08 Umu Nova HistÍlria: Hermenêutica e Utopiu
(Ciências Sociais 14)
EN02 Encontro de Coordenadores de PÍls-
Graduação em História (História 19) Michel Zaidan Filho (UFPE) - Expositor, Luís M.
Domingues do Nascimento (UNICAP) e Severina
118h CONFERÊNCIAS Barbosa Leal (UNICAP)
MR09 Propostas Curriculares no Ensino de
A Detemzinação Ontológica da Ideologia, Ester
História (Geografiu 1)
Vaisman - UFMG (Ciências Sociais 14)
Ernesta Zamboni (UNICAMP) e Kátia Maria
O Declínio da Utopia Socialista Século XX: Uma
1/0
Abud (UNESP-Franca)
Crise Tenninal? Daniel Aarão Reis Filho -
UFF (Anfiteatro da História) MRI0 Estado Amplo e Economia dos Conflitos
Sociais: Uma Discussão acerca do Roteiro Teórico
18h ENCONTRO de João Bernardo (Geografia 9)
José Geraldo de Mello Doin (UNESP-Franca) -
EN03 Encontro da Associação Nacional de
Expositor, Lúcia Bruno (USP) e Clcusa Saccardo
Pesquisadores de História Latino-Americana e
(USP)
Caribenha - ANAPHLAC (Caio Prado Jr)
MRll Saúde e Ecologia Indígenas (Ciêncius
18h30 CURSOS (ver segunda feira neste horário) Sociais 8)
Carlos Coimbra (FIOCRUZ) - Expositor, José
QUARTA FEIRA 21/7 Carlos Sebe Bom Meihy (USP) - Coord., Walter
Neves (USP) e Cláudio Bertolli Filho (USP)
8h CURSOS (ver terça feira neste horário) MR12 Utopias na Passagem do Império para a
República (Caio Prado Jr)
8h ENCONTRO Izabel Andrade Marson (UNICAMP) - Expositora,
Sueli Roblcs Reis de Oueiroz (USP) c Maria de
EN04 Encontro de Pesquisadores da Área de Lourdes Monaco Janolli (PUC-SPc USP)
Ensino de História (Geografia 7)
Programa e Resumos 13

Sérgio Armando Diniz Guerra (Universidade do


131130 COMUNICAÇÕES COORDENADAS
Estado da Bahia) Refazendo a Utopia
CC38 Utopias e Representações na Velhice Trípoli Gaudenzi (Universidade do Estado da
(Reinaldo Pessoa) Bahia) Memorial de Canudos
Dulce Maria Pamplona Guimarães (UNESP- CC42 Cidade, Economia e Cultura nos Séculos
Franca) O Tempo Maravilhoso que Passou: As XVIII e XIX (Histórh, 14)
Festas de Outrora
Maria Inêz Machado Borges Pinto (USP) - Coord.
Hercídia Mara C. F. Lambcrt (UNESP-Franca)
Lilian de Cássia Lisboa Miranda (USP:1 São Paulo
Festas Políticas e Utopias
1/0 Setecel/tos: Vida Material e Imagil/ário das
Maria Aparecida Junqueira Veiga Gaeta (UNESP- Camadas Médias Paulistas
Franca) A Memória do Sagrado: Mitos e Utopias na
Lilian Santos Mattos (USP) Oficiais Mecânicos no
Lembrança de Velhos
Rio de Jal/eiro
CC39 Estado Novo: As Utopias do Bom Brasil
Maria Inêz Machado Borges Pinto (USP) Rewl/do
(Ciências Sociais 14)
a Relação Memória e História
Maria Helena Rolim Capclato (USP)
Wilson Tolcdo Munhós (USP) Sociedade e
Coordenadora
Demografia: Sal/tos el/tre 1876 e 1887
Cláudia Schemes (Rainha da Paz) A Festa e a
CC43 Cultura e Experiência Social I (Histúria 15)
Utopia da Sociedade Feliz
Carlos Eduardo dos Reis (PUC-SP) Coordenador
Claudio Aguiar Almeida (USP) Da Missa ao
Cinema: A Utopia Positivista da Criação de um Carlos Alberto Alves de Souza (PUC-SP)
Novo Brasil "Varadouros da Liberdade": Cultura e Identidade
dos Seril/gueiros e Brasiléia AC I/a Luta pela Posse
Jorge Luiz Ferreira (UFF) A Utopia do Homem
da Te"a í 1972-1990)
Novo I/a Cultura Comul/ista Brasileira ( 1930-1956)
Carlos Eduardo dos Reis (PUC-SP) Rubem
Nasr Fayad Chaul (Universidade Federal de Goiás)
FOI/seca: Imagel/s Fascil/al/tes de um Caótico
Goiâl/ia: A Utopia do Progresso I/a Marcha para o
Caleidoscópio
Oeste
Maurides Batista de Macedo F. Oliveira (PUC-SP)
CC40 As Utopias na Transição Brasileira do
Araguaia: Do Diamal/te à Pecuária
Século XIX ao XX (História lO)
Olga Brites (PUC-SP) Imagel/s da II/fância em São
Sônia Regina de Mendonça (UFF) - Coordenadora
Paulo AI/OS 50
Lincoln de Abreu Penna (UFRJ) O Protesto
CC44 Cultura em Minas no Século XVIII
Popular 1/0.1' Tempos de Florial/o: Um Fel/ômel/o de
(Geografia 1)
Ideologia II/erel/te
Laura de Mello e Souza (USP) - Coordenadora
Marcos Olcnder (UFRJ) As Utopias do Progresso
na SeguI/da Metade do Século XIX: O Império do Carlos Martins Versiani dos Anjos (USP) O
Brasil e as Exposições Uniwrsais e Imemaciol/ais Espetáculo e o Público I/a Sociedade Mil/eira
Colonial
Nísia Trindade e Nara Britto (Casa de Oswaldo
Cruz) Ciência e Constntção da Nacionalidade: A Marco Antônio Silveira (USP) Símbolos e
Campanha do Saneamento Rural Instituições I/as Mil/as Seteeel/tistas
CC41 Canudos: Utopia e Saga Sertaneja (Sala de Maurício Monteiro (USP) Música e Músicos em
Vídeo) Mil/as Colol/ial
Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros Sônia Maria Fonseca (USP) Oriel/talismos I/a Arte
(UFRJ jUERJ) Um Fuzil da Gue"a de Cal/udos: Colonial Mineira
Memória de Violência na Paz do Conselheiro
Yacy-Ara Fre)Oer Gonçalves (USP) Vaidade das
Manoel Antonio dos Santos Neto (Universidade do Vaidades: O Imaginário da Morte I/a Sociedade
Estado da Bahia) O Cemenário da FUI/dação de Colol/ial Mineira
Cal/udos: A Contntção da Utopia
14 XVII Simpósio Naciol/al de História

CC45 A Doença e a Cura na História do Brasil Carlos Alvarez Maia (Observatório Nacional)
(Geografia 4) Combates pela História: História Social 011
Sociológica?
Maria de Fátima Rodrigues das Neves (CEDHAL)
- Coord. Luiz Carlos Soares (UFF) A COl/stmção do
Paradigma Raciol/alista-Mecanicista e a Hegemonia
Álvaro Carlini (USP) Mtísica e Cura: PSiCOfán1wCO
de U11l Projeto de Ciência: 1600- 1780
o Remédio da Alma
Manoel Luís Lima Salgado Guimarães (UFRJ)
Denise Duarte Malta (USP) Mezil/has Vil/das da
História da Ciêl/cia e História Social das Idéias: Um
Mata
Diálogo Possível'!
Henrique Soares Carneiro (USP) Sobre o
CC49 A História Indígena no Brasil (Geografia 7)
Empirismo Rel/ascentista e a Regulamentação do
Uso de Drogas 1/0 Período Colol/ial John Monteiro (CEBRAP) - Coord.
Márcia Moisés Ribeiro (USP) Os Jesuítas e a Antônio Carlos de Souza Lima (UFRJ) Da Guerra
Botica Mágica de Conquista ao Poder Tutelar
CC46 Economias Exportadoras e Sociedade: Francisco José Pinheiro (UFCE) ,'1/undos em
Persistência e Novas Formas de Produção COl/frol/to: Povos II/dígel/as e Colol/izadores I/a
(América Latina Séculos XVI-XIX) (Anfiteatro da Di!!.puta pelo Território
História)
Maria Sylvia Porto Alegre (UFCE)
José Jobson de Andrade Arruda (USP) - Coord. Desaparecimel/to dos Povos II/dígellas: -Revisitalldo
a História Regiol/al
Eni de Mesquita Samara (USP) A Casa e o
Trabalho: Latinas das Américas 1/0 Século XIX Patrícia Maria Melo Sampaio (Universidade do
Amazonas) Senhores e ÍI/dios lia Amazôl/ia do
José Jobson de Andrade Arruda (USP) Colôllias
Século XIX
como Investimel/tos Mercal/tis (1500-1808)
CC50 Memória, Identidade de Professores e
Maria Izilda Santos Matos (PUC-SP) Estratégias de
Qualidade de Ensino (Geografia 8)
Sobrevivência: Um Estudo sobre o Trabalho
Il/fon1wl na Segunda Metade do Século XIX Elza Nadai (USP) - Coordenadora
Vera Lúcia Amaral Ferlini (USP) Estmtura Agrária Elcny Mitrulis (USP) Os Últimos Baluartes:
e Relações de Poder em Sociedades Escravistas Tral/sfon1wções I/as Práticas de Impeção Escolar e
Supervisão Pedagógica
CC47 O Espelho Partido: Refletindo sobre a
Identidade Política da Cidade do Rio de Janeiro Maria Regina Nina Rodrigues (UFMA) O EI/sino
(Caio Prado Jr) FUl/damental e as Práticas Pedagógicas
Desenvolvidas 1/0 Maral/hão 110 Decorrer do Estado
Américo Oscar Guichard Freire (UFRJ) EI/tre o
Novo
Federal e o Local: Os Partidos Políticos Cariocas na
Primeira Reptíblica - Primeira Abordagem Ricardo Ribeiro (UNESP-Araraquara) Memória e
História
Karina Kuschnir (Museu Nacional/UFRJ)
Município e Nação: Notas sobre a Cultura Política CC51 Mitos, Autos e Tragédia: Matérias-Primas
do Vereador Carioca para o Historiador (Geografia 9)
Marieta de Moraes Ferreira (FGV) O Rio de Edgar Leite Ferreira Neto (UFF) Os Autos de José
Jal/eiro COl/temporâl/eo: Historiografia e FOII/es. de AI/chieta e a Dil/âmica dos Contatos Religiosos
1930-1975 na América Portuguesa lia Século XVI
Marly Silva da Motta (CPDOCjFGV) Cabeça da Marcos Alvito Pereira de Souza (UFF) A!!.pectos
Nação Teatro do Poder: A Cidade-Capital como Trágicos na Obra de Tucídides
Objeto de Investigação Histórica
Maria de Fátima Silva Gouvêa (UFF) Mito e
CC48 Estudos da História Social da Ciência Realidade 110 COllte.xto dos Movimentos
(Geografia 61 Antic%l/ia;s 110 Pem Seteccl/tista
Luiz Carlos Soares (UFF) - Coord. CC52 O Modernismo Carioca dos Anos 2(1 e 30
(Geografia 10.1
André Luiz Faria Couto (UFF) Hierarquia
Programa e ResulIlos 15

Ângela de Castro Gomes (UFF) Essa Gellte do Rio José Roberto dos Santos Pereira (PUC-SP)
... Os Illtelectl/ais Cariocas e o Modernismo Percepção Representação e Participação da
Cidadal/ia em São Pai/lo
Lia Calabre de Azevedo (UFF) A II/telectllalidade
Carioca e o Modernismo: A Lal/terna Verde Maria Stella A. de Lima dos Santos Pereira (PUC-
SP) Satíde Ptíblica e Cidadal/ia à LI/z da Imprellsa
Maria Marta Araújo (UFF) A Estética Modernista
Periódica Paulistalla
no Rio de Janeiro
Yvone Dias Avelino (PUC-SP) Políticas de Satíde
Tânia Cecília Pacheco da Silva (UFF) 01clI
Ptíblica para a Cidade de São Paulo
Extático elltre as Metrópoles
CC57 Tempo Utópico e História Política (Ciências
CC53 Morte e Utopia no Mato Grosso (Geogratia
Sociais 110)
11)
Luiz Vitor T. Azevedo (UFOP) - Coord.
Edir Pina de Barros (UFMT) A .~fortc e os Mortos
lia Sociedade Bakairí Adriano Gama Cerqucira (UFOP) As Utopias /UI
Europa Moderna: Uma Abordagem Política
Leny CaseIli Anzai (UFMT) A Idéia da Morte 110
Imagil/ário Social CI/iabal/o José Carlos Reis (lJFOP) A COllcepção do Tempo
Hislórico dos "41/Ilale.\'
Luiza Rios Ricci Volpato (UFMT) A Morte
Higiel/izda: O Cemitério da Piedade em Cuiabá Luiz Vitor T. Azevedo (UFOP) CI/ltura Política e
Imaf.,';lIário Popular 110 Segundo Governo Vargas
CC54 Morte e Utopia: Os Monumentos
Funerários no Brasil (Ciências Sociais 1110) Marco Aurélio Santana (UFOP) A Teoria I/a
Prática Pode Ser Ol/tra OI/ a Política Coml/I/ista /la
Josefina Eloína Ribeiro (USP) - Coord.
Base Metaltírgica do Rio de Jal/eiro ( 1947-1964)
Mariza Guimarães Dias (Museu Nacional de Belas
Rodrigo P. Sá Motta (UFOP) O MDB e a
Artes) Cemitérios: Patrimônio Esquecido
(Re)Emergência da Sociedade Civil
Harry Rodrigues BeIlomo (PUCjRS) A ESCllll/lra
CC58 Utopia e Imigração Alemã (Ciências Sociais
FI/I/erária em Porto Alegre
118)
Josefina Eloína Ribeiro (USP) Victor Brecheret:
Arthur Blasio Rambo (UNISINOS) - Coord.
Um Escultor Modernista e sI/a Arte FI/I/erária
Arthur Blasio Rambo (UNISINOS) Utopia e
Maria Elízia Borges (UNAERP) Arte Funerária:
Imigração Alemâ
Produção de Maior Demallda de Uma Marmoraria
( 1890-1930) Lúcio Krcutz (UNISINOS) A Questão Escolar
el/tre Imigral/tes Alemães
CC55 Paraíba 1990: Rearranjo ou Reestruturação
das Forças Políticas? (Ciências Sociais 1(2) Martin Oreher (lJNISINOS) A Utopia de Hemlal/ll
Gottlieb Doll/lIS
Maria Ângela Sitônio Wanderley (UFPB) - Coord.
CC59 Utopias Agrárias na América Latina
Armando Albuquerque de Oliveira (UFPB)
(Ciências Sociais 120)
Paraíba 1990: A FreI/te Paraíba Popl/lar
Marco Antônio Villa (UFOP) - Coord.
Felicidade Lúcio Ribeiro (UFPB) Paraíba 199(}: O
Processo Eleitoral Canrobert Costa Neto (UNB) Reforma Agrária I/a
Bolívia (1952-1964): Uma Reinterpretação do
Maria Ângela Sitônio Wanderley (UFPB) Paraíba
Processo
1990: A Visão dos Eleitos
Marco Antônio Villa (UFOP) Canudos: Uma
Waldeck Pinheiro Coelho (UFPB) Paraíba 1990:
II/terpretação
As Repercl/ssões do Resl/ltado Eleitoral/lO Processo
Político Ricardo José de Azevedo Marinho (UFF) Utopia
Agrária em A Gue"a do Fim do MUI/do de Mário
CC56 Saúde Pública e Cidadania (Ciências
Vargas L/osa
Sociais 108)
Adilson José Gonçalves (PUC-SP) O Nascimelllo
da Clíl/ica e a Satíde em São PaI/lo
16 XVII Simpósio Naciollal de História

CC60 Utopias da CivilizaçflO no Brasil (Joaquim CL39 Crime. Criminalidade e Instituições


Barradas) Penitenciárias no Brasil (Ciências Sociais 1(2)
Afonso Carlos Marques dos Santos (UFRJ) Do Cleuza Marina Pinheiro (UFOP) Crime e
Projeto Político ao Civilizatório: Uma Cone lias Crimil/alidade em Marialla 110 Século XIX: Um
Trópicos Estlldo das Tel/sôes Sociais Ocorridas em Millas
Gerais lias Oitocel/ios
Dilma Fátima Avelar Cabral da Costa (Arquivo
Nacional) Cidade e Civilidade Gláucia Tornai' de Aquino Pessoa (Arquivo
Nacional) A Utopia da Prisão Ciel/lífica 110 Século
Maria Aparecida Rezende Mota (UFRJ) Utopia e
XIX: O Modelo Aubumial/o lia Casa de Correção
Pesadelo: Nação e Civilização em Sílvio Romero
da Cone
Maria Eurydice de Barros Ribeiro (UNB) Naçiio e
Luiz Eduardo Calta (UNIOESTEjFACISA) O
Civilização 1/0 Brasilll/depel/del/te
Cotidial/o I/a Frol/teira: Crimil/alidade e COl/trole
CC61 Utopias e Tensões Sociais na Colônia Social
(Ciências Sociais 122)
Solimar Oliveira Lima (PUCjRS) Cativos do
Maria Fernanda Bicalho (UFF) - Coord. Coração: Crimes Passiol/ais de Escravos 110 Rio
Gral/de do Sul 17ófi-1822
Luciano Raposo de Almeida Figueiredo (UFF)
Fisca/idade e Utopia: Protestos AI/{((iscais 110 Brasil CIAO Economia e Snciedade no Nordeste
Colôl/ia Brasileiro (Ciências Sociais 11)8,
Maria Fernanda Bicalho (UFF) O Rio de fal/eiro Fernando Diniz Moreira (lJFPE) Higicllismo
uma Cidade Sitiada: A Ollipresellça do Medo e as Ellqual/to Prática UrbOllÍstica: O Exemplo do Recife
II/vasões Fral/cesas 1/0 II/ício do Século .
Oswaldo Munteal Filho (PUC/RJ) A Utopia Fernando Roherto Barros Patriota (UFPB) Coroá,
Liberal da Academia Real das Ciêl/cias de Lisboa II/dústria da Seca
lia Crise do A litigo Sistema Colol/ial Luso-Brasileiro
Josemir Camilo de Melo (UFPB) Os Ellgel/lleiros
Paulo Knauss de Mendonça (UFF) A Fral/ça I/a Fonnação da C/asse Média Nordestil/a
Alllánica e sllas Utopias
Laura Helena Baracuhy Amorim (UFPB) Aspectos
Históricos das Relações Sócio-Ecol/ômicas lia
116h COMUNICAÇÕES LIVRES
Paraíba 1970-90
CL38 Abolição e Pós-Abolição no Brasil (Ciências ClA1 Estudos de História Social no Brasil
Sociais 1(0) (Ciências Sociais 1091
Lídia Nunes Cunha (UFPE) O Imagil/ário Social Célia de Bernardi (USP) O Lel/dário Mel/eghetti:
sobre o Negro 1/0 Romal/ce de 30 Imprel/sa Memória e Poder
Maria Ângela de Faria Grillo (UFPE) Ave José Vieira Camelo Filho (PUC/SPl Lampião o
Libenas: Mulheres Aboliciollistas de Pemambuco Senão e sua Geme
Maria Therezinha Janine Ribeiro (PUC/SP) A Sérgio Luiz Ferreira (UFSC) O Bal/ho de Mar 1/0
"Mone" lia Rememoração de Famílias Negras de Ilha de Sal/ta Cataril/a
São Palllo
Virgínia Alhuquerque de Castro Buarque (UFRJ)
Marinalda Garcia (USP) A (Des) COlIstntçiio da MUlldallismo: Brisa Rellovadora: Poder e Moral 110
Idelltidade do Negro: Um Estlldo Comparativo elltre Rio de fal/eiro Imperial
o Brasil e os Estados UI/idos
Yonissa Marmilt Wadi (UNIOESTE) A História
Regina Célia Xavier Freire (UNICAMP) Os de uma Cena COl/ceição: Os Embates pela
Camil/llos da Liberdade COllstntçiio da Nonl/alidade Moral e Idel/tidade de
Gêllero
Zita de Paula Rosa (PUC-SP) e Maria de Lourdes
Monaco Janotti (USP) Famílias Migralltes Negras ClA2 História da Educação (Ciências Sociais 110)
1/0 Estado de São Paulo (1940-1980)
Arilda Inês Miranda Riheiro (UNESP-Presidente
Prudente) A Educação Femillil/a I/a Cidade de
Campil/as duraI/te o Séc/llo XIX através de Canas
Diários e fomais
PrOf...'f{II1U1 (' Res/lmos 17

Cecilia Himna Mate (UNESP-Presidente ClA6 Histúria e Transportes no Bnasil (Ciências


Prudente) Escola para Todos ... ou Todos para uma Sociais 122)
Escola: A Década de 20 e a Obrigatoriedade Escolar
Paulo Roberto Cimó OueilOz (U FMT) As Curvas
Marilda Aparecida Soares (USP) A do Trem e os Mealldros do Poder: () Nascimellto da
Democratização do Ellsillo: Debates Políticos Estrada de Fe"o Noroeste do Brasil (]904-1908)
durallte as Décadas de 30 e 40
Simone Narciso Lcssa (llNICAMP) Fe"ovia:
Marisa Bittar (UFMS) História, Educaçiio e Utopia da Era Industrial
Trallsiçiio em Mato Grosso do Sul ( 1977- 1990)
Sucly Creusa Cordeiro dc Almeida (llNICAP) A
Sonia de Deus Rodrigues Bcrcito Companhia Pemambucal/u de Navegação Costeira
(CONDEPHAAT) Educação Física e a COIISlntção
ClA7 Histúria, ProstituiçflO e Sexualidade no
da Naciollalidade Brasileira
Brasil (Geografia 1)
ClA3 Histúria e Imprensa: Século XIX/Início do
Antônio Paulo Bcnaui (UEL) A Orgia do Café:
Século XX (Ciências Sociais 118)
Boemia Prostituiçiio e Jogo em Londrina na Década
Ana Luiza Martins (CONDEPHAAT) MOIllando de 19S0
um "Quebra-Cabeças": Periódicos no BrasÍÍ (1800-
Celestc Maria Baitelli Zenha Guimarães
1930)
(llNICAMP) Homosse.\1Ialismo: Combates e
Joana Maria Pedro (UFSC) Nas Tramas entre o Invenções
°
Público e Privado: A Imprensa de Desterro (1831-
Edmeia Aparecida Ribeiro (UNESP-Assis)
1889)
Juvelltude e Se.m: COl/hecimento e Prática
Marc Jay Hoffnagel (UFPE) A Utopia da
Ivonete Pereira (UFSC) Imagells de Prostituta: Um
Trabalho: Uma Visão Brasileira dos Estados Unidos
Enfoque da Sociedade de Floriallópolis 110 IlIício do
no Início da Era IlIdustrial
Século
ClA4 Histúria e Literatura 11 (Histúria 14)
C lAS Historiografia e Teoria da Histúria
Antônio Jorge Siqueira (UFPE) O Direito da Fala: (Geografia 4)
Violência e Política em Vidas Secas
Márcia Mansor D'Alcssio (PllC/SP) A Produção
Noé Freire Sandes (UFGoiás) Naçiio e Utopia: Acadêmica da Pós-Graduação em História da PUC-
Monteiro Lobato de Untpês ao Sítio do Picapau SP
Amarelo
Paulo Cavalcante de Oliveira Jr. (UFRJ) Afollso
Raymundo Carlos Bandeira Campos (PUCjSP) d'E. Taullay: Revisiol/ista Histórico ou COllstnttor
Retrato do Brasil e SOllho Americano: Idéias de da Memória?
Progresso lia Obra de MOllteiro Lobato
Sílvia Rcgina Ferraz Peterson (llFRGS) A Crise da
ClAS Histúria e Religião 11 (Ciências Sociais 12m Modemidade e o Conhecimellto Histórico
Carlos de Faria Junior (UFRJ) Igreja Céu e Infemo Virgínia Fontes (UFF) História e Democracia lias
(Segullda Melade do Séc/llo XIX) Ciências Sociais: que Utopias?
José Carlos Barreiro (UNESP) Se.x:o, Moralidade e ClA9 Imigração Alemã e Suiça (Histúria 12)
Trabalho: COlltatos Científicos e C/lllI/rais dos
Cynthia Machado Campos Lillguagem e
Metodistas e Católicos Estrallgeiros com o Brasil/lO
Resistêllcia: Um Estudo sobre as Populações
Século XIX
Catarillellses de Origem Estrallgeira lias Décadas de
Lúcia de Fátima Guerra Ferreira (UFPB) Origem 30/40
Social do C/ero Paraibano 1894- 1910
Jorge Miguel Maycr (UFF) Trajetória de 1/1110
Mariangel de Faria Vieira (PUCjSP) Uma Colôl/ia de Imigral/tes lia Províl/cia do Rio de
Devoção Estratégica: O Culto à Nossa Senhora Jal/eiro: A Colônia de Nova Friburgo /lO Séclllo XIX
Aparecida (1960-1989)
Marcos Tramonlini (llNISINOS) O SO/ll!o do
Vivianc Cavalcanti Galvâo (UFPE). Inj7uência Imigrallte
Social e Religiosa lia Evoluçdo dos Costumes
FUI/erários /10 Brasil
18 XVII Simpósio Nacional de História

CLSO Imprensa e História: Século XX (Geografia Regina Maria Rodrigues Behar (UFPB) PCB:
6) Política e Cultura
Evangelia Aravanis (UFRGS) Utopia e História: A Sérgio Corrêa Vai' (Associação Brasileira de
Utopia Libertária em Porto Alegre (1906-/91]) Entidades de Planejamento Familiar) Utopia
Liberal e Utopia Socialista no Brasil Recel/te: O
Jussara Parada Amed (PUCjSP) Humor como
Segundo Tumo das Eleições Presidel/ciais de 1989
Resistência: O Jomal 'j4 Manha" com o Barão de
Itararé (1926-1930) Zilda Márcia Gricoli Iokoi (USP) A Luta
AntiJascista no Brasil: Os Judeus Comullistas e a
Marco Antônio Lírio de Mello (UFRGS) Memória
Organização da Casa do Povo, 1935-50
e Constmção da Etnicidade: Os Negros e o Jomal
'j4 Alvorada" (1907-56) em Pelotas CLS4 Processos Migratórios no Brasil (Geografia
10)
Sheila Maria Castro Brasiliense Gentilc (PUC/SP)
O Papel da Imprensa durante o Segundo Governo Beatriz Biltencourt Coller Hanrf (UEM) Favelas
de Vargas em Curitiba
CLS1 Independência e Formaçáo dos Estados Célia Regina Pereira de Tolcdo Lucena (PUCjSP)
Latino-Americanos (Geografia 7) As Representações do E!>paço Urbano Paulista lia
Memória de Miwalltes
Antônio Carlos Amador Gil (UFES) A Dualidade
Discursiva de Sanniento Marilda Aparecida de Menezes (UFPB) Trajetórias
Migratórias e Representações dos Pequellos
Eduardo José Reinato (Universidade Católica de
Prodl/tores
Goiás) Bolívare a Utopia Romântica
Ronaldo Aurélio Garcia (UNE~P-Franca)
Josefa Gomes de Almeida e Silva (UFPB) As
Memória e Utopia: MigraI/te.\' Milleiros 1111/1/0
Independências na América Latina: Historiografia e
Cidade IlIdustrial (Frallca NMJ-19BO)
Participação Popular
Silvanir Marcelino de Miranda (PUCjSP) O Vai-
Kátia Gerab (USP) A Questão Nacional em Porto
Vem da Sobrevivência
Rico: O Partido Nacionalista (1922-1954)
CLSS Teoria da História (Geografia 11)
Nicélio César Tonelli (UERJ) Venezuela e SimólI
Bolívar: O Culto ao Herói Oculto Almir de Carvalho Bueno (UFRN) Os Positivistas
Revolucionários lia Trallsição Império-República
CLS2 Memória e Cidadania (Geografia 8)
Holien Gonçalves Bezerra (PUCjSP) Leituras do
Antônio Clarindo Barbosa de Souza (UFPB) Os
Positivismo lia Década de 60
Duzentos Anos da Outra Revolução Fral/cesa
João Azevedo Fernandes (UFPB) O Trabalho e a
Helcnita Prado Lott (FFCL Itajubá) O Imaginário
Origem da Sociedade: Uma Revisão Evolucionista
Feminino na Cidade de Itajubá
de F. Ellgels
José Ricardo Oriá Fernandes (UFCE) O Resgate
Modesto Florenzano (USP) O Debate Burke-Paille:
da Memória Histórica na Constmção da Cidadallia:
Conservadorismo 110 Interior do Liberalismo'!
O Direito ao Passado
Paulo Donizeti Siepierski (UFPE) História e
William Reis Meirelles e Gilmar Arruda
Utopia nas Sociedades Emergentes
(Universidade Estadual de Londrina) Memória e
Cidadania: As C/asses Populares em LOl/dril/a e CLS6 Trabalhadores, Movimento Sindical e
Região Partidos (História lO)
CLS3 Partidos e Política no Brasil Pós-30 Amarildo Ferreira Junior (UFMS) A Luta Sindical
(Geografia 9) dos Professores Públicos Estaduais e Transição
Democrática em Mato Grosso do Sul 1979-86
Lucília de Almeida Neves Delgado (UFMG)
Partido Comunista Brasileiro: Militâllcia. Memória e João Pinto Furtado (UFOP) Trabalhadores:
História Histórico da UTE e Mapeamento do.\' Parceiros
Neli Márcia Ferreira (EEPSG Prol' Tarcísio Laura Morais e Lígia de Oliveira Czesnat (UFSC)
Alvares Lobo) O MDB da Freguesia do Ó: Estudo Memória do Sindicato dos Trabalhadores da
da Participação Política 1/0 COl/texto Urbano Indústria de Energia e Eletricidade de Florial/ópolis
Programa e Resumos 19

MR17 Cultura e Utopia (Anfiteatro da História)


16h ENCONTRO
Antônio Pedro Tota (PUC/SP) - Expositor,
EN02 Encontro de Coordenadores de Pós- Antônio Paulo de Moraes Rezende (UFPE) e
Graduação em História - Continuação (História Máreia Mansor D'Alessio (PUC/SP)
19)
MR18 Adendo à Discussão da Abrangência Social
da Inconfidência Bahiana de 1798 (Geografia 1)
118h CONFERÊNCIAS
István Jancsó (USP) - Expositor, I1ana Blaj (USP)
Utopias da Razão, Utopias do Devir, Maria Odila e Afonso C. Marques dos Santos (UFRJ)
Leite da Silva Dias - USP (Anfiteatro da História)
Anarquismo: Utopia das Utopias, Helena Isabel
I 13h30 COMUNICAÇÕES COORDENADAS
Müller - UFF (Ciências Sociais 14)
CC62 As Terras de Mato Grosso: Ocupação e
Conflito (Geografia 1)
18h30 CURSOS (ver segunda feira neste horário)
Carmen Lúcia Senra Itaborahi de Moura (UFMT)
Homens sem Terra para Terras sem Homens: Os
QUINTA FEIRA 22/7
Posseiros da Gleba Cascata Rondollôpolis MT
1975-1985
8h CURSOS (ver terça feira neste horário)
Geraldo José de Almeida (UFMT) A Conquista da
Terra: A Resistência dos Posseiros 110 Estado de
8h ENCONTROS Mato Grosso
João Antônio Botelho Lucídio (UFMT) Nos
ENOl Encontro NUPEHC: ReuniflO de Grupos de
Confins do Império: Um Deserto de Homens
Trabalho (Hist6ria 15)
Povoado por Bois (A Ocupação do Planalto Sul
EN05 Encontro: Preparando o 11 Seminário Mato Grosso 1830-1870)
Perspectivas do Ensino de Hist6ria (Geografia 7)
Nicozina Maria Campos Gontijo (UFMT) O
EN06 Encontro do Projeto de Pós-GraduaçflO da Eldorado Mato-Grossellse: Poxoréo
ANPUH (Geografia 8)
CC63 O Brazil não conhece o Brasil: Cultura,
I 9h30 MESAS REDONDAS Política e Utopia nos Anos 60 e 70 (Geografia 4)
Manoel Luís Salgado Guimarães (UFRJ) Coord.
MR13 Utopias na América Latina (Ciências
Carmela Roseli Palmieri Parente Fialho (UFRJ)
Sociais 14)
Tropicália ou Panis et Circensis 110 País do Rei da
Ronaldo Vainfas (UFF) - Expositor, RacheI Soihet Vela
(UFF) e Eliane Dayrell (UFRJ)
Marco Aurélio Lopes Fialho (UFRJ) Imagens da
MR14 As Relações Internacionais do Brasil - de História: O Cinema de Glauber Rocha e a
1930 aos Nossos Dias (Geografia 9) Participação Política dos Intelectuais lia Década de
60
José Flávio Sombra Saraiva (UNB) - Expositor,
Amado Luiz Cervo (UNB) e Clodoaldo Bueno Wolney Vianna Malafaia (UFRJ) De Chumbo e de
(Unesp) Ouro: Política Cultural de Cinema em Tempos
Sombrios í 1975-1980)
MR15 Utopias na Construção do Império no
Brasil (Caio Prado Jr) CC64 Cidadania, Sociedade e Cultura: São Paulo
1850-1930 (Anfiteatro da História)
Izabel Andrade Marson (UNICAMP) - Expositora.
Maria de Lourdes Lyra (UFRJ) e Cecília Helena Maria Odila Leite Dias (USP) Coordenadora
de Salles Oliveira (USP)
Elias Thomé Saliba (USP) A Macarrônea dos
MR16 História Oral: Uma Utopia'! (História 14) Desenraizados: O Humor Paulista na República
Zita de Paula Rosa (PUC-SP) e Maria de Lourdes Maria Inês Borges Pinto (USP) Cotidiano e Cultura
Janotti (USP) - Expositoras, Tânia Regina de Luca Popular: São Paulo 1890-1920
(UNESP-Assis) e Teresa Maria Malatian
(UNESP-Franca) Nicolau Sevcenko (USP) Vórtice de Projeções
Exóticas: São Paulo 1914-30
20 XVII Simpósio Nacional de História

Raquel Glezer (USP) As Definições de Área Gisálio Cerqueira Filho (UFF c VERJ) Idéias
Urbana da Cidade de São Paulo Jurídicas e Polícia
CC65 Criuções Históricns du Marginalidade Marcia Maria Menendes Malta (UFF) Entre a
(Geogrufiu 7) História e o Direito: A Lei de Te"as de 1850
Maria Luíza Tucci Carneiro (USP) - Coord. CC69 O Imaginário e o Ensino de História
(Geografia 11)
Adriano Luiz Duarte (USP) Espaços Ptíblicos:
Conslntíndo as Exclusões Ernesta Zamboni (UNICAMP) Coordenadora
Carlos Martins Junior (USP) Instauração da Dulce Pompeo de Camargo (UNICAMP) Sem
Sexualidade Nomza/ e Marginalidade Título
Raquel de Azevedo (USP) A Imagem da Greve e Luiz Villalta (UFOP) Minas Gerais e o Imaginário
do Anarquista 110 Jomal O Estado de São Paulo Social do Diabo
Regina Célia Pedroso (USP) Teoria e Prática 110 Maria Carolina Bovério Galzerani (lJNICAMP)
Adl'ento da Prisão 110 Brasil Sem Título
CC66 Culturn e Experiência Social 11 (Geografia CC70 Imprensa e Classes Populares em Porto
6) Alegre (História 10,
Carlos Eduardo dos Reis (PUC-SP) Coordenador Adhemar Lourenço Junior (UFRGS) Para Além
da Imprema Operária DO/l trin ária: Mobilizações
João Bosco Sandor de Castro (PUC-SP) O PCB e
Populares e Grande Imprensa - Porto Alegre 1917-
os Comitês Populares Democráticos
19/9
Laura Antunes Maciel (PUC-SP) A Comissão
Anderson Zalcwski Vargas (lJFRGS) Moralidade,
ROlldoll e a COlIStntção da Naciollalidade
A/ltoritarismo e Controle Social lia PQrto Alegre da
Selmane Felipe de Oliveira (PUC-SP) Tradição e Virada do Séc/llo XIX
Vangllarda: Os Govemos Mineiros e a Ditadllra
Cláudia Maueh (ULBRA) T/lrb/llentos e Pop/llares
Militar (1961-84)
na Imprensa Porto-Alegrense I/a Década de 1890
CC67 Estudo Compurativo dus Historiografias
Paulo Roberto Staudt Moreira (Arquivo Histórico
Argentina, Uruguaia, Brasileira e Rio-Grandense
do Rio Grande do Sul) O Direito à Preguiça versus
sobre a Formação Econômica-Social e Cultural da
o Dever ao Trabalho: Os Rep/lblicanos e a
Regii'1O Platim, (Geografia 9)
Constntção dos Libertos Dependentes lia Década de
Ieda Gutfreind (UFRGS) Coordenadora 1880
Carla Beatriz Meinerz (UFRGS) Regiâo Platina: CC71 Minns Gerais: Política e Sociedade Através
Historiografia Untg/laia da História Oral (Histórh, 12)
Carlos Bertolazzi (UFRGS) Regiâo Platina: Rodrigo Pato Sá Mota (lJFOP) Coordenador
Ecossistemas e Tecl/ologia Agrária - Novos Temas
Antônio Augusto Moreira de Faria (lJFMG)
da Historiografia Argellfina Recellte
Lnstianismo e Marxismo em Dois Discursos sobre
Eduardo Kersting (UFRGS) Regiâo Platina: Trabalhadores: Anllal/{/o Ziller e Vinícills de Morais
HislOriografia Argel/til/a
Lígia Maria Leite Pereira (UFMG) Naciollalismo e
Rosangela M. dos S. Lima (UFRGS) Historiografia Desellvolvimellto: O Pellsamellto da Elite Milleira
Brasileira e Riograndense II0S AliaS 50

CC68 Idéias Jurídicas e Poder no Brasil Lucília de Almeida Neves Delgado (lJFMG) A
(Geografia 10) Utopia Nacionalista: Memória de Militalltes
Silldicais Milleiras
Gizlene Neder (UFF) Coordenadora
Thaís Velloso Cougo Pimentel (UFMG)
Angela Mendes de Almeida (UFRJ) Oj' Bacharéis
Fragmentos Urbanos: Memória de Moradores
e a Família 110 Brasil do Sécl/lo XIX
CC72 Os Quinhentos Anos du Descoberta da
Carlos Henrique Aguiar Serra (UFF) As Idéias
América e o Colégio Magister (Históri" 14
J/lrídicas e o COlltrole Social no Brasil de 1945 a
1964 Dora Maria de Almeida Prado Montenegro
(Colégio Magister) Os QlIillhelltos AIlOS da
Prof,..Tfama e Resumos 21

Descoberta da América como Tema de Discussão Questão da Teoria e Prática da Representatividade


Imerdisciplinar: Coordenação Pedagógica na República Velha
Fernando José Amed (Colégio Magister) Os Tania Maria Tavares Bessoni da Cruz Ferreira
Quinhentos Anos da Descoberta da América como (UERJ) A Cidade das Letras c Livros no Rio de Fi"
Tema de Discussão Interdisciplinar: História de SiecJe
Maria Regina Albuquerque de Qucirm (Colégio CC76 Trnbalho e Sindicalismo (Ciências Sociais
Magister) Os Quinhentos Anos da Descoberta da 102)
América como Tema de Discussão Interdisciplinar:
Alexandre Fortes (UNICAMP) A Greve dos
Portllgllês
Padeiros de Porto AIC1,Tfe
Ulisses Ambrósio do Carmo (Colégio Magister) Os
Antônio Luigi Negro (UNICAMP) Ford/Wil~ys 68:
Quinhentos Anos da Descoberta da América como
A Fábrica e o Sindicato nas Origens do Novo
Tema de Discussão Interdisciplinar: Geografia
Sindicalismo
CC73 Pedugogiu Cristã e Idolutriu Indígenu (Cuio
Fernando Teixeira da Silva (Universidade
Prndo Jr)
Metodista de Piracicaha) A Carga da Culpa: Os
Heetor Bruit (UNICAMP) - Coord. Doqueiros do Porto de Santos (/959-/964)
Hector Bruit (UNICAMP) A Retórica Cristã de Hélio da Costa (UNICAMP) Militância Comunista
Frei Diego Valadés e os Sindicatos Oficiais em São Paulo 1945-/952
Maria Tereza Toríbio (VERJ) Dominação e Paulo Roherto Ribeiro Fontes (UNICAMP) O
Resistência da Sociedade Asteca Novo Olha Para Trás: a História como anna nas
disputas sindicais 1/0 início dos anos oitenta
Philomena Gebran (UFRJ) Idolatria e
Evangelização: As Múltiplas Fomws da Dominação CC77 Utopia. Imagem e HistÍlria (HistÍlria 15)
CC74 A Pequena Produção Mercantil e o Mundo Ana Maria Mauad de Sousa Andrade Essus (UFF)
do Trnbulho nu Paraíba e Pernambuco: Séculos - Coord.
XIX e XX (Ciêncius Sociais lO.,)
Ana Maria Mauad de Sousa Andrade Essus (UFF)
Acácio José Lopes Catarino (UFPB) Aprelldizes da Na Mira do Olhar: A Utopia Burguesa I/{fS Re~'istas
Ordem: O Arsenal de Gue"a 110 Recife Colollial Ilustradas Cariocas lia Primeira Afetade do Século
XX
Fernando Roberto Barros Patriota (VFPB) Notas
sobre a Pequena Produção Mercantil no Serttio de Rosângela de Oliveira Dias (UFF) Utopia e
PE e PB 110 Séclllo XIX Cillema Novo
Marc Jay Hoffnagcl (UFPE) Trabalho e Cidadania: Sônia Cristina da Fonseca Machado Lino (UFF)
Os Artesão de Recife IS50-18S0 Eisensteín: A Revoluçâo I/as Telas
Regina Maria Rodrigues Behar e Regina Célia CC78 História das Disciplinas: Abordagens e
Gonçalves (UFPB) Atividades Pré-Industriais lia Pesquisas (Ciências Sociais 1081
Paraíba: O Mundo do Artesanato Têxtil
Circe Maria Fernandes BiUencourl (USP) - coord.
CC75 Rio de Janeiro: Retrntos em Branco e Preto
Circe Fernandes BiUencourt (USP) O Percurso da
Novas Fontes Novas Indugações I (Jmuluim
História I/a Escola Brasileira: COl/cepçôes, Fontes e
Barradas)
Métodos de Pesquisa
Fernando Antônio Faria (VERJ e VFF) - Coord.
Clovis Pacheco Filho (USP) A Sociologia: Uma
Fernando Antônio Faria (UERJ e VFF) Questão de Indefinição ( /880-/930)
Homeopatia e Política no Rio de Janeiro Imperial
Luiz Reznih (PUe-RJ) História e Ensino: 1930-
Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves (VERJ) As /945
Bernardas do Rio de Janeiro na Época da
Selma Rinaldi de MaUos (PUC-RJ) A História lia
Independência: Motins Militares ou MOl'imentos
Obra de Joaquim Manuel de Macedo
Popu lares?
Veríssimo Lopes Pires (USP) O Ellsillo de História
Lúcia Maria Paschoal Guimarães e Antonio Carlos
lWS Primeiras Séries do Ellsillo Fundamelltal lias
Pinto Peixoto (UERJ) Com en túrios sobre a
Décadas de 40 e 50
22 XVII Simpósio Naciollal de História

Maria Ignês Carlos Magno (PUC-SP) Revista


16h ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA DA
Clima: A Crítica 111/111 Tempo de Homells Partidos
ANPUH
CC80 Ensino Superior e Pesquisa em São Paulo:
Natureza e Relevância (Caio Prado Jr)
18h30 CURSOS (ver segullda feira lIeste Izorán"o)
Elza Nadai (USP) Coordenadora
SEXTA FEIRA 23/7 Marina Corrêa Vaz da Silva (ESPSP) A Escola
Livre de Sociologia e Política de São Paulo:
Piolleirismo e Modemização
8h CURSOS (ver terça feira lIeste I/Orán"o)
Niuvenius Junqueira Paoli (UNICAMP)
IlIstituciollalização da Pesquisa Edu cacioll 01: O
9h30 MESAS REDONDAS
Celltro de Pesquisas Educaciollais de São Paulo
MR19 Os Guarani (Ciências Sociais 14) Regina Cândida Ellero Gualtieri Gonçalves
(CENP) IlIstituto Butal/tã e Políticas de Saúde
Carlos Moreira Neto (Museu do Índio), Darey
Pública
Ribeiro (Senado Federal) e John Monteiro
(CEBRAP) CC81 Exclusão e Poder no Brasil Rural
(Geografia 6)
MR20 Utopia e Modernidade (Anfiteatro da
História) Ana Maria dos Santos (UFF) Saber e Poder 110
Trallsição Brasileira: A Visão das Elites Políticas
Franeiseo José Calazans Fa\con (UFRJ jPUC-RJ) -
Flumillel/ses
Expositor, Antonio Edmilson Martin~ Rodrigue~
(PUC-RJ jUERJ jUFF) e Margarida de Souza Márcia Maria Mencnde~ Motta (UFF) Um
Neves (UFF jUERJ) COI/f1ito sem Regras: Fazel/deiros e Lavradores 1/0
Províllcia Flumil/ense //'i22-/850
MR21 Razão e Paixão na Política (Geogralia 1)
Sonia Regina de Mendonça (UFF) Estado e
Maria Stella Martins Bresciani (UNICAMP) -
Exclusão Social 110 Brasil Agrán"o: Um Esllldo sobre
Expositora, Vavy Pacheco Borges (UNICAMP) e
a Pn"meira República
Jacy Alves de Seixas (UNICAMP)
Théo Lobarinha~ Pinero (UFF) Escravidão:
MR22 Utopias Totalitárias e Racionalizaçflo
Resistêl/cia e COl/trole
(Ciências Sociais 8)
CC82 Fronteiras (Geografia 7)
Adalberto Marson (UNICAMP) - Expositor,
Álvaro Tenca (UNESP-Rio Claro) e Augusto Denise Maldi (UFMT) Exércitos e Índios: Dos
Zanetti (UNICAMP) Gelltios a Vassalos
MR23 Utopias Educacionais Anarquistas Luiza Rios Ricci Volpato (UFMT) A Frol/teira 1/0

(Geografia 9) Imagillán"o Popular Cuiabal/o


Miriam Moreira Leite (USP), Circe Fernandes Maria de Fátima Gomes Costa (UFMT) Viajalltes
Bittencourt (USP) e Flávio Luizetto (USP) do Século XIX e a FUI/dação da Paisagem Mato-
Grossellse (1822-/889)
1131130 COMUNICAÇÕES COORDENADAS
Tomás de Aquino Silveira Boaventura (UFMT) Os
"II/fil/dos" Limites da COl/stmção Ideológica e
CC79 Diálogos e Linguagens Frente a Diferentes
Mel/tal de Frol/teira 110 Mato Grosso C%llial
Momentos Autoritários do Estado Brasileiro
IGeogralia 4) CC83 Imagens do Socialismo (Anti teatro da
História)
Anclise Maria Muller de Carvalho (PUC-SP) O
Estado, o Naciollal e o Popular 1105 Livros Jacob Gorender (ANPUH-SP) Coordenador
Didáticos dos AllOS 30/40
Francisco C. Alamhert Jr (UFF) Sérgio Mil/iet e o
Maria Aparecida de Aquino (USP) Discurso Socialismo Democrático
IlIdetenllillado: As Relações COlltraditón"as elllre a a
Lincoln Ferreira Seeco (USP) R. Kwz: O Colapso
Imprellsa Escn"ta e o Estado Auton"tán"o Brasileiro
da Modemização
pós-64
Programa e Resumos 23

Maria Cristina Cardoso Pereira (UNICAMP) CC88 Representaçi)es du América (Histilria lO)
Gramsci e a Revolução Russa (Allálise da Produção
Marcioniro Celeste Filho (USP) - Coord.
Até 1918)
Cecilia da Silva Azevedo (UFF) Sob o SigilO da
Paulo Henrique Martinez (ESPSP) Caio Prado
Aliallça: o Projeto Kel/llc{(~' e as represel/tações da
JÚllior e o Socialismo Real
América
CC84 A Integração Latino-Americunu e u Questão
Marcioniro Celeste Filho (USP) A Ullidade Latillo-
Nacional (Geogrufia 8)
Americalla Ilas Primeiras Décadas do Século
Cesar Augusto Bareellos Guazzelli (UFRGS)
Marta Cam pos Abreu (UFF) Illdepel/dêllcia e
América Latilla: IIItegração verS/lS Desilltegraçâo
Americal/idade
Claudia Wasserman (UFRGS) A Problemática
CC89 Rio de Janeiro: Retratos em 8ranco e Preto
Naciollal e a Questâo da Idelltidade Latillo-
Novas Fontes Novas Indagaçi)es 11 (Joaquim
Americalla elltre 190() e 1930
8urradas)
Susana Bleil de Souza (UFRGS) A Frollteira Sul 110
Fernando Antonio Faria (UERJ e UFF) - Co(m!.
Fillal do Século XIX: Trocas e Núcleos Urballos
Fernando Antonio Faria (UER./ c UFF) Os
CC85 Lutus Sociuis e Poder Político no 8rasil
Mal/dachuvas da República
11950-1980) IGeografiu 9)
Lená Medeiros Menezes (UER./) A Camillho da
Márcia Mansor D'Alessio (PUC-SP)
Periferia: RefonlUi Urballa e Prostituição 1/0 Rio de
Coordenadora
Lima Barreto
Antônio Rago Filho (PUC-SP) As Lutas Operárias
Luiz Edmundo Tavares (lJERJ) O Méier - Algul/s
Allos 78-80 e a AlIlo-Relonlw da Ditadura
IIOS
A~pectosda ma Histólia
Lúcio Flávio de Almeida (PUC-SP) O
Nicélio César Tonelli (UERJ) A Q/lestão do Acre e
Naciollalismo Popular e a Crise do Populismo 1/0
a Imprellsa Carioca (1898-1903,1
Illício dos Allos 60
CC90 Sociedade Colonial: Olhares e Percepçi)es
Vera Lúcia Vieira (PUC-SP) Resistêllcia e
(História 12)
Cooptação: Ideologia do Trabalhador em Sâo Pauio
( 1945-50i Afonso CarIo~ Marques dos Santos (UFRJ)
Coordenador
CC86 Memória e Históriu Local como
Metodologia para o Ensino de História (Geografia Ângela Maria Vieira Maia (UFRJ) Um Modelo
lO) Colollial de COllvivêllcia
Ana Maria Lucchesi Carvalho (FDE) Proposta Daniela Buono Calainho (UFRJ) Em Nome do
Curricular de História a Partir de Eixos Temáticos Sallto Ofício: Familiares da Inquisição Portuguesa
no Brasil Colonial
Célia Regina Toledo Lucena (FDE) Memória c
História Local: Uma Articulação elltre o Ellsillo e a Marcus Alexandre Molla (UFRJ) Por onde se deve
Pesquisa SOllhar: A Colônia e o Reillo em Antônio Vieira
CC87 Olhando pura os Telhados ... 8usca de uma Paulo Cavalcante de Oliveira Júnior (UFRJ)
Identidade Histórica (Geografia 11) Balldeirallte: O Herói em Questão
Lídia Maria Viana Possas (Univ. Sagrado Coração) CC91 Utopias e Histilria Regional (História 14)
- Coord.
Albene Miriam Ferreira Menezes (UnB) - Coord.
Lídia Maria Viana Possas (Univ. Sagrado Coração)
Albene Miriam Ferreira Menezes (UnB) Utopias e
A Observação como Elemellto da Pesquisa
Imigração: O Caso da Colôllia Almui de Ulla-
Histórica
Bahia
Nair Leite Ribeiro Nassarsala (Univ. Sagrado
Maria Elizabeth Marcico da Costa e Ana Paula
Coração) Cotidiallo: Memórias de Brillcadeiras
Alvin (UnB) As Telldêllcias Utópicas 110
Nilson Ghirardello (UNESP-Bauru) A Departamellto de História da UnB
Trallsfon1/ação do Urballo "0 Espaço Público: A
Paulo Bertran Wirth Chaibub (UnB) Eco-História
Praça MUI/icipal de Baun/
e Topol/ímia Regiollal
24 XVII Simpósio Naciollal de História

CC92 O Vale do Ribeira: Um Paradigama de


16h30 CONFERÊNCIA
Modernidade (História 15)
Zilda Márcia Gricoli Iokoi (USP) Coordenadora Eppllr se MIIOI'e: () Tcmpo e a História, Silvio
Frank Alem - UFPB (Anlit(;atro da História)
Lourdes de Fátima Bezerra Carril (USP) O
Impacto da COllstntção de Hidroelétricas em Terras
de Negro 110 Vale do Ribeira
IIHh CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO
Maria Cecilia Martinez (USP) O Modemo e o Razão, Utopia e Mcmória lia Modemidade, Edgar
Arcaico: SlIbmissão e Resistêllcia 110 Vale do DeDccca - UNICAMP (Anfikatro da História)
Ribeira (1968-1988)
Odair da Cruz Paiva (UNICAMP) A SecretanOa da
Agricllltllra e a Colollização Oficial 110 Litoral SlIl e
Vale do Ribeira de Igllape 1930-1945
RESUMOS

Acácio José Lopes Catarino (UFPB) Aprendizes da sociedades do século XX, quer sejam democráticas
Ordem: O Arsenal de Guerra no Recife Colonial. A ou totalitárias.
ser apresentada proximamente como dissertação,
esta investigação busca localizar no contexto do Adhemar Lourenço da Silva Junior (UFRGS) Para
Recife da crise do sistema colonial a constituição Além da Imprensa Operária Doutrinária:
de políticas ativas de gerenciamento das crescentes Mobilizações Populares e Grande [mprensa. Porto
massas de moradores urbanos pelo Estado. Estas Alegre 1917-1919. O papel de~(;mpenhado pela
iniciativas repõem questões acêrca da constituição imprensa dos trabalhadores na constituição de uma
dos aparatos institucionais que conformaram a cultura e identidade operárias na República Velha
ordem imperial, permitindo incorporar além das tem sido destacado de tal forma que passa a se
elites outros setores como interlocutores. constituir como o discurso legítimo por excelência
Particularmente significativa!' foram as para o estudo de tais objetos. Mas não é possível
investigações no sentido de suprir cromcas afirmar com segurança algo sobre o sucesso desse
carências do abastecimento, afetando de modo discurso legítimo. Em momentos de grandes
inusitado setores situados marginalmente com mobilizações populares, como a Greve de 1917 em
relação à propriedade mercantil e ao uso intensivo Porto Alegre, o esforço das lideranças operárias
do trabalho escravo. Entendendo-a não como mero em conter os ammos exaltados sofre, em
rellexo de acomodação às mudanças nos contrapartida, uma reinterpretaçao por parte dos
intercâmbios mundiais mas como fruto de populares que põe a nu a distância entre a
negociações e conllitos entre os diversos associação de dominação sindical e sua base.
construtores da urbe, a incorporação dos artífices Nessas circunstâncias, a utilização de fontes da
ao programa de construção da nascente ordem grande imprensa se mostra imprescindível. A
pós-colonial (materializada de várias formas) barbáric das mobilizações populares, obviamente
sugere mudanças tanto ao nível das definições omitida pela imprensa operária, passa a ser um dos
sobre o virtual estatuto reservado aos tema~ recorrentes na grande imprensa. Mas essa
trabalhadores livres quanto no espaço das barbárie, se nos afastarmos das concepções de Le
experiências cotidianas de convivência e trabalho. Bon sobre as multidõe~, são indícios de uma
racionalidade inapreensível só pela utilização da
Adalberto Marson (UNICAMP) Utopias imprensa operária doutrinária. Sabotagens, quebra-
Totalitárias e Racionalização. Escrita em 1921, a quebras, circulação de boatos, nos revelam algo
obra do engenheiro e poeta russo Eugene mais do que explícito pela documentação.
Zamiatin, Nós, é um texto instigante para se
discutir as relações entre utopias, totalitarismo e Adilson José Gonçalves (PUC-SP) O Nascimellto
racionalização. Embora suas alusões mais da Clíllica e a Ação da Saúde Pública em São
evidentes remetam à Revolução de 1917 e à época Paulo. A análise dos vetores do discurso médico e a
do "comunismo de guerra" o tema da práxis de seus profissionais apontam para o
racionalização (mais especificamente, o método significado da Clínica, a institucionalização dos
Taylor) ocupa um lugar central. Dentro de uma Seviços de Saúde, bem como a configuração de um
construção narrativa que inverte os cânones do projeto de Saúde Pública. Elementos estes, que
pensamento utópico, o texto é aberto a muitas marcam e representam a vivência de ethos da
leituras, que podem tanto assumir percepções paulistaneidade, através da busca do entendimento
realistas e simétricas entre os enunciados temáticos dos problemas relativos a Saúde, a Doença e a
nas analogias aparentes da realidade, quanto Morte. Identificam-se períodos significativos na
explorar apreensões contraditórias e assimétricas, expressão das modalidades distintas das
fundadas em sentidos ambíguos, paródicos e formulações discursivas, das práticas profissionais
satíricos. Movendo-se nas conlluências do associadas ao poder público no âmbito dos serviços
acontecimento e da ficção, do total e do relativo, de saúde e momentos que marcam a complexidade
do trágico c do cômico, a crítica de Zamiatin é crescente das interações: discurso-práxis;
considerada precoce, por ter inspirada as obras de instituído/instituinte; formação e performance
Orwell e Huxley. O que nos interessa, profissionais; especialização e demandas por
particularmente, é mostrar outra dimensão dessa tratamentos multiprofissionais, e. Serviços de
precocidade: a que problematiza a idéia de um Saúde demandas sociais.
taylorismo difuso e universal ("está em toda parte e
em lugar nenhum"), adotada por um grande Adriana de Resende Barretto Vianna (Museu
número de historiadores e analistas da Nacional-UFRJ) Vale o Escrito. Cultura
racionalização, como a matriz de todas as formas Admillistrativa e Relações Pessoais I/a Primeira
de controle social e de organização do trabalho das
26 XVII Simpósio Nacional de História

República. A presente comunicação se organizou Adriano Luiz Duarte (USP) Espaços Públicos:
em torno basicamente de uma problemática: a de COlIStmílldo as Excll/sõoes. As décadas de
como as relações construtivas do Estado brasileiro 1930/1940, foram fundamentais para a constituição
na Primeira República encontram-se marcadas por do Brasil atual. Lá foram travados os embates que,
uma dinâmica interpessoal;dinâmica essa que não de forma decisiva, moldaram a cidadania que hoje
parece ser periférica os desviante de normas vivenciamos. O período conhecido como "Estado
padronizadas, mas ela mesma é um padrão de Novo" foi, sem dúvida, o mais marcante e
funcionamento do espaço público. Ou seja, a significativo destas duas décadas, talvez porque aí
questão que nos interessa principalmente discutir é se forjaram com maior eficiência e determinação
a da não separação efetiva entre público e privado algumas imagens e práticas que ainda hoje
no Estado brasileiro, configurando-se um modl/s determinam uma certa noção de cidadania. Por ser
operandi administrativo e um sistema de um momento fulcral na nossa constituição como
representações acerca do funcionamento dos nação é que se faz necessário desvendá-lo,
aparelhos de poder que passam a orientar a ação interpretá-lo e conhecê-lo. A compreensão deste
da burocracia e seu público. Para tanto, partimos período se fará estabelecendo em contraponto
de um conjunto documental centrado em cartas entre o desejo do poder de modelar uma sociedade
trocadas entre funcionários de escalões variados de ideal. E a forma como a população pobre da
um aparelho estatal, o SPI, responsável direto pelo cidade vivenciou este desejo. Inseridos nesta
contato e "administração" das populações relação de forma dramática estavam os japoneses
indígenas. Tais cartas apontam, por um lado, para que, durante o "Estado Novo" foram encarados
a importância dos vínculos pessoais e das redes de como a expressão da diferença e da diversidade
favores na definição de condutas desses que o projeto autoritário desejava apagar. E
funcionários, compondo uma dinâmica própria e através da vivêneia dos japoneses, na cidade de São
ordenada, embora nem sempre explícita. Por outro Paulo, nestes duros anos, que pretendemos
lado, permitem que se pense a composição de um compreender melhor a constituição de um espaço
grupo específico no interior do Estado, formado público no Brasil, nestes últimos cinquenta anos ..
basicamente por militares positivistas, com laços
bastante estreitos entre si, que procura definir e Adriano Sérgio Lopes da Gama Cerqueira
implementar um projeto ordenador da Nação, de (UFOP) As Utopias lia Europa Modem a: Uma
caráter francamente tutelar no que diz respeito às Abordagem Política. O objetivo do trabalho é o de
populações indígenas, colocando-se em disputa investigar algumas importantes manifestações
com outros grupos no interior dos órgãos de culturais ocorridas no período próximo da História
Estado e mesmo para além deles. Moderna, notadamente as relacionadas com o
tema da utopia. O foeo principal da análise
Adriana Justi Monti (USP) Nos Des-Cami"hos de localiza-se na interrelação possível de ser
EI/c1ides da CI/llha. Procurando emprecnder uma estabelecida entre o posicionamento social dos
análise que estabeleça articulações entre um autor atores e as redentoras mensagens de esperanças
e sua obra, pretende-se traçar alguns dos caminhos presentes em alguns escritos utópicos, como o
da trajetória intelectual de Euclides da Cunha, poema inglês so século XIV, TlIe Lalld of
reveladores de possíveis ajustamentos existentes Cokayglle. Consequentemente, o trabalho
entre o homem, seus temas e suas aspirações. procurará empreender uma investigação nos
Ajustamentos estes criados a partir das diversas marcos da história política. dentro de um recorte
experiências no início do século, que () levaram a temático que privilegia aspectos culturais, no
entrar em contato com o "novo". com o entendimento de que tal esforço pode resultar em
"desconhecido", e tornaram suas palavras veículo importantes contribuições para o desenvolvimento
de denúncia e exaltação. Numa outra perspectiva, da denominada "História Política".
pretende-se compreender a obra euclidiana como
produtora de determinados leitores e projetos Afonso Carlos Marques dos Santos (UFRJ) Do
sociais, a qual habilita seus críticos, ao analisarem Projeto Político ao Civilizatório: Uma C011e IIOS
ou mesmo tomarem como referência os Trópicos. A cidade do Rio de Janeiro, Capital do
paradigmas dessa produção, a participarem Império luso-brasileiro a partir de lH08, constitue-
mutuamente Je sua vigência e de sua permanente se em espaço privilegiado para o exame do
invenção, deixando-a "contaminada" pelos seus cruzamento do projeto político de Império com o
diversos ambientes históricos culturai~ e projeto civilizatório evidenciado com a vinda da
reabilitando-a para novas significações. Missão Francesa em l8lü. Ao longo da primeira
metade do século XIX. a Cidade vai sofrendo
profundas alterações quanto ao seu papel e
Prof['ama e Resl/mos 27

significado, tanto do ponto de vista urbanístico medidas governamentais do Estado da Bahia e as


como nos aspectos institucionais e simbólicos. Este gestões diplomáticas do Ministro das Relações
trabalho busca apreender a Corte Imperial como Exteriores do Brasil junto as autoridades da
uma estrutura significante, no plano do imaginário Alemanha para promover a imigração alemã para
e do simbólico, através da análise textual das o Sul da Bahia com a intenção de alargar as
narrativas dos viajantes estrangeiros, das fontes fronteiras agrícolas visando promover o
administrativas locais, do discurso médico e do crescimento econômico regional. Analisado é
discurso literário. A questão civilizatória é também o confronto das posições românticas das
abordada, neste sentido, no período compreendido partes envolvidas com a realidade encontrada.
entre 1808 e a década de 1860, abrangendo desde a
Chegada da Corte até a consolidação política do Alberto Aggio (UNESP-Franca) O Moderno Como
Estado Imperial. Utopia de Civilização: As JOnll/llações e Projetos de
Pedro Agl/irre Cerda e a Experiêl/cia da FreI/te
Afrânio Mendes Catani (USP) A Revista de Cultura Popl/lar. A Frente Popular formada no Chile em
AI/hembi e a Educação (1950- 1962j. Ao longo dos 1936 e alçada ao governo em 1938 mediante
144 números da revista de cultura AI/hembi. eleições presidenciais, das quais saiu vencedor
editados mensalmente entre 1950 e 1962, seu Pedro Aguirre Cerda, constitui um fato de
editor, Paulo Duarte, sempre procurou seguir o profunda significação na história do Chile. Abre-se
objetivo básico da publicação, qual seja, o de em definitivo com ela <1 período conhecido como
"colaborar na obra aparentemente impossível da nacional-desenvolvimentismo que efetuou
elevaçao do nível cultural do Brasil..." AI/hembi se modificaçõoes profundas nas estruturas e relações
considerava o veículo da elite paulista capaz de sociais da sociedade chilena. Esta comunicação
mostrar à nação brasileira o caminho do seu pretende discutir algumas das formulações básicas
futuro, num momento em que São Paulo, tentava que deram suporte a esta experiência através das
recuperar o predomínio político, uma vez que o idéias e projetos de Pedro A. Cerda, já expostas
econômico lhe pertencia, no panorama nacional, anteriormente em dois de seus principais livros - O
pois a partir do início da década de 30 sua Problema Agrário (1929) (; O Problema II/dl/strial
hegemonia sofrera abalos significativos. Calcada (1 (33) -, de forma a possibilitar uma reflexão
nos moldes de publicações francesas (como acerca da noção de modernidade e de
L'Esprit eLes Temps Modems) , cada número de modernização que deram suporte ao governo da
AI/hembi continha artigos de autorc~ renomados, Frente Popular. No~ âmbitos da economia e da
além de seções dedicadas aos campos da literatura, política ambas noções aparecem recortadas pelo
teatro, música, artes, cinema, esportes c ciências. espírito do tempo que carrega suas chaves nos
Localizamos cerca de 80 matérias relativas à conceitos de "eficiência", "organização" e
educação, de autoria de, entre outros, Florestan "dirigismo", consubstanciando uma modalidade
Fernandes, Almeida Jr., Jaime Abreu, Fernando de específica de ação política.
Azevedo, Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira, J.
Querino Ribeiro, Octávio Ianni, Luís Pereira, Alcides Freire Ramos (UFU) "Cabra Marcado para
Marialice Foracchi, Jairo Ramos, C. Corrêa Morrer": O CPC Revisitado. 1964: Eduardo
Mascaro, J. Reis, Fernando Henrique Cardoso, Coutinho iniciou as filmagens de Cabra marcado
João E. R. Villalôbos, além de uma série de 10 para morrer, baseado no assassinato de João
editoriais a respeito da "Situação do Ensino no Teixeira(1962), líder de uma Liga Camponesa na
Brasil". A educação. de acordo com a linha política Paraíba. O filme é interpretado pela viúva
da revista, consistia em poderoso instrumento em Elizabeth Teixeira e participantes do movimento.
direção ao "socialismo democrático", utópica Cabra foi produzido nos quadros do CPC da UNE.
alternativa entre que Paulo Duarte entendia ser as Por isso, a observação das cenas filmadas em 1964
políticas norte-americana e a soviética, "símbolos mostra que este filme foi pensado com intenções
extremamente vesgos" de potências totalitárias, didáticas, e o estilo neo-realista usado pela equipe
"ambos falsos, ambos errados, ambos obsoletos". do CPC contribuiu para tal fim. O golpe de 1964
interrompeu as filmagens;o filme ficou incompleto
Albenc Miriam Ferreira Menezes (Universidade e algumas das sequências rodadas foram
de Brasília) Utopias e imigração: o caso da colôl/ia preservadas. A família Teixeira se dissolve e
Alemã de UI/a-Bahia. Abordagem do tema Elizabeth, entrando para a clandestinidade, adota o
ImIgração sob o prisma das especlativas dos nome de Marta. 1981:após a anistia decretada pelo
imigrantes de etnia alemã, refugiados da Gal. Figueiredo, Coutinho parte em busca dos
Revolução Russa na Lituânia, em busca do camponeses-atores do primeiro Cabra, e, quando
e1dorado amerIcano. Enfocando também as
28 XVII Simpósio Naciol/al de História

os acha, mostra-lhes o filme de 17 anos como a ilusão dos trabalhadores com a política de
atrás;encontra Elizabeth que retoma seu nome colaboração de classes varguista transformou-se
real;e procura a família espalhada pelo país. É em impotente revolta frente à não efetivação dos
assim que o segundo Cabra começa a tomar forma. direitos consagrados na nova legislação trabalhista.
O objetivo desta exposição é discutir, estética e O preço dessa "ilusão" teria sido a incapacidade do
ideologicamente, o sentido desta retomada do CPC sindicalismo em barrar a implantação de um
da UNE. projeto sindical corporativo e atrelado ao Estado,
que posteriormente se cristalizaria na CLT.
Alcides Freire Ramos (UFU) Eisel/steil/: A Utopia Através da análise da estrutura organizativa, da
de 11111 Cil/ema Revoluciol/ário. Em 1926, o cineasta cultura política e dos diferentes projetos político
russo S. M. Eisenstein recebeu uma encomenda do sindicais dos trabalhadores gaúchos deste período,
governo soviético: produzir um filme o trabalho procura reinterpretar sua relação com o
comemorativo ao aniversário de dez anos da Estado e o papel que a greve dos padeiros e outros
Revolução. Durante as filmagens, porém. conflitos desempenharam na própria definição da
Eisenstein enfrentou vários problemas. Entre eles estrutura sindical. Neste sentido, busca-se, no
o mais importante foi ter de retirar, por pressão de cotidiano organizacional do movimento, a
Stalin, as figuras de Trotsky, Zinoviev e outros compreensão de como demandas e concepção
dirigentes revolucionários da versão definitiva do relativas ao papel do sindicato influenciaram a
filme. Ademais, quando o filme foi veiculado nos implantação dessa estrutura, entendida não como
cinemas, em 1928, surgiram críticas de Kulechov e arcabouço jurídico, mas como expressão de um
Pudovkin. Segundo eles, S. M. Eisenstein tinha imaginário político construído relacionalmente na
cedido à experimentação vanguardista. Apesar das luta dos trabalhadores por seus direitos. Nesse caso
condecorações, Eisenstein morreu em 1948 sem ter específico, procura-se compreender porque a luta
conseguido o espaço que desejava junto ao Estado dos padeiros foi capaz de catalizar um processo tão
Soviético, já que a partir de 1933 instaurou-se o amplo e com repercussôes políticas tão profundas a
chamado realismo socialista. Nesta exposição. será ponto de englr-se em marco histórico da
analisado um dos momentos mais significativos da redefinição das relações entrc operariado e Estado.
trajetória deste cineasta russo - as filmagens de
Outubro. Em outros termos, trata-se de discutir a Almir de Carvalho Bueno (UFRN) Os Positivistas
proposta estética de um cinema intelectual Revoluciol/ários I/a Tral/sição Império-República. A
(nascido como recusa do cinema narrativo clássico comunicação tem por objetivo contribuir para um
de D. W. Grifftth) e as dificuldades de viabilização conhecimento mais amplo das idéias e da ação
deste projeto durante o período Stalinista. política de Silva Jardim e Aníbal Falcão, líderes
dos "positivistas revolucionários" dentro do Partido
Alcilene Cavalcante de Oliveira (UFOP) O Republicano, da época da propaganda até o início
Recnttamento de Padres 1/0 Arquidiocese de do novo regime (1870-1900), com a perspectiva de
Marial/a 1/0 Século XVIII. Pesquisa em andamento não se continuar apagando do cenário histórico
sobre os De Gel/ere Et Moriblls depositados na protagonistas que viviam os problemas de seu
Arquidiocese de Mariana. Foi efetuado um tempo e tinham propostas para superá-los.
levantamento estatístico da frequência de pedidos Estabelecer-se-á, através das obras doutrinárias e
para ordenação no clero de Mariana durante todo propagandísticas dos dois representantes, as
o século XVIII (1822 processos), bem como da matrizes de seu pensamento político, o conceito que
origem geográfica dos pretendentes. tinham de político, de revolução de república, fruto
da leitura que faziam do positivismo e discute-se a
Alexandre Fortes (UNICAMP) A Greve dos idéia de "ditadura republicana" com a qual
Padeiros de Pono Alegre (1933-1934). Entre polcmizaram com os republicanos liberais. Analisa-
dezembro de 1933 e janeiro de 1934, durante a se a visão de sociedade, de povo, de pátria, desses
gestão de Salgado Filho no Ministério do Trabalho, positivistas que chegaram a elaborar uma "fórmula"
Indústria e Comércio, os trabalhadores em para a civilização brasileira; a que camadas sociais
padarias de Porto Alegre realizaram uma greve de específieas dirigiam seus discurso e o espaço que
54 dias pela jornada de trabalho diurna e repouso disputaram dentro odo Partido Republicano.
dominical. O caso serviu como estopim para a Sugere-se, por fim, como o sentimento de desilusão
ruptura das relações entre a Federação Operária que acompanhou os úlLimos anos da trajetória
do Rio Grande do Sul e Inspetoria Regional do política de Silva Jardim e Aníbal Falcão parece ser
Trabalho, e abriu um período de radicalização na uma "recorrência histórica" que continua rondando
luta sindical do estado. Esse movimento tem sido
citado em diversos estudos como caso exemplar de
Programa e Resumos 29

a vida política do país, prevalecendo, em épocas de Janeiro e as características da tecnologia agrícola e


transição, as propostas mais conservadoras. das atividades industriais ali apresentadas.

Almir Leal de Oliveira (UFC) Progresso, Álvaro Carlini (USP) Música e Cura: PsicofámlOco.
Civilização e Pensamento Escravista - Higiene o Remédio da Alma. A psicofarmacologia é uma
Pública e RefomlOs Sócio-Econômicas no Vale do área médico-científica que estuda alterações
Paraíba (1880-1890). Em 1864 o objetivo do comportamentais resultantes da utilização de
principal empreendimento capitalista do Segundo drogas psico-ativas. No entanto, a etimologia deste
Reinado era realizado com a inauguração da vocábulo nos indica um outro sentido. Psico-
primeira estação da Estrada de Ferro de D. Pedro farmacologia é um binômio constituído por Psico,
11 no vale do rio Paraíba, na localidade da Barra do isto é, a alma, o espírito, juntamente com fármaco,
Piraí. Daí em diante esta ligação ferroviária com a elemento de ligação que significa medicamento.
Corte seria o principal instrumento de Nesse sentido, é lícito supor que
desenvolvimento da produção cafeeira. O pequeno Psicofarmacologia, ou melhor dizendo,
povoado da Barra do Piraí vivenciaria nos anos Psicofármaco, é algo como um remédio da alma,
seguintes uma rápida expansão em suas atividades significando talvez alguns rituais de purificação do
comerciais e no seu desenvolviment urbano" um espírito. Nos rituais fúnebres encontrados em todas
crecimento rápido e desordenado que logo as tradições. a música desempenha uma importante
apresentaria vulnerabilidade através de conflitos função. sendo realizada em diferentes momentos,
políticos, desordens administrativa!>, epidemias e inclusive naqueles que antecedem a morte
ainda com uma revolta escrava em l&~O. O objetivo propriamente dita. Durante a agonia, aos pés do
deste trabalho é a análise das iniciativas das moribundo, são entoados cânticos que têm como
lideranças escravistas locais, no saneamento, função ajudar o agonizante na passagem vida-
embelezamento e controle daquele centro urbano morte, funcionando como um elemento
nascente, inserindo-o no âmbito de suas propostas terapêutico. Por outro lado, nos rituais de feitiçaria
de reformas sócio-econômicas para a região. encontramos a associação da música com plantas
medicinais. Nesses dois casos, a música exerceria
Almir Pita Freitas Filho (UFRJ) lmagef/s de papel fundamental, funcionando como um
Persuasão da Modemidade na E-rposição Industrial Psicofármaco.
de 1881. Do mesmo modo que suas congêneres
européias, as Exposições Nacionais realizadas no Amarílio Ferreira Junior (UFMS) Lllta Sindical
Brasil a partir de meados do século XIX possuíam dos Professores Públicos Estaduais e Transição
significados tanto econômicos quanto simbólicos. Democrática em Mato Grosso do Sul: 1979/1986. A
Embora funcionassem na maioria das vezes como modernidade acelerada das relações capitalistas de
amostragens parciais e incompletas das diversas produção, inaugurada com o novo ordenamento
atividades produtivas desenvolvidas na sociedade jurídico que o Estado assumiu após o golpe militar
brasileira de então, tais eventos tentavam mostrar de 1964, engendrou uma série de novos fenômenos
as realizações e indicar os caminhos que o país sociais no âmbito da estrutura de classes da
deveria seguir em direção à modernidade. Para sociedade brasileira contemporânea. Neste
tanto contavam com a presença de um incansável contexto histórico, o modelo de desenvolvimento
grupo de promotores que, convencidos da capitalista do chamado "milagre econômico", na
importância e da urgência do Império escravista virada das décadas de 60 e 70, foi capaz de
adotar o paradigma burguês de "progresso", viam produzir, entre outras questões SOCIaiS, um
naquelas ocasiões uma oportunidade ímpar para crescimento heterogêneo e complexo das classes
exercerem uma ação persuasiva, através da médias. Em Mato Grosso do Sul, parte constitutiva
exibição de determinados instrumentos dotados de desta conjuntura nacional, esse novo fenômeno
uma forte dose de convencimento: as máquinas, a ocorrido com as classes médias se manifestou
moderna tecnologia agrícola e os produtos da através da interpolação da luta sindical dos
indústria fabril. Tratava-se de um conjunto de professores públicos estaduais de I!! e 2\1 graus
elementos de grande significado simbólico capazes organizada pela Federação de Professores de Mato
de, por si só, indicarem as reais possibilidades de se Grosso do Sul (FEPROSUL). Os acontecimentos
alterar o perfil de uma sociedade tida como sociais protagonizados por esses atores sociais -
essencialmente agro-exportadora. Avaliar a assembléias, passeatas. atos públicos e greves -
dimensão dos esforços desses progressistas e a contribuiram para dar uma nova dinâmica à
ressonância no meio social em que militavam será anatomia da sociedade civil sul-mato-grossense,
o objetivo dessa comunicação, tomando por base a inserindo-os, desta forma, no plano geral das
Exposição Industrial de 1881 realizada no Rio de
30 XVII Simpósio Nacional de História

reivindicações pelas liberdades democráticas que do presente, tentando dar conta das ininterruptas
marcaram a história da sociedade brasileira na transformações que se processam no cenário
década de 80. Todavia, essa trajetória sindical, urbano. O nosso objetivo aqui é indicar que a
plasmada pelas questões corporativistas suscitadas cidade que emerge dos escritos memorialistas está
na luta econômica, foi incapaz de apresentar um diretamente vinculada aos im perativos do
programa educacional alternativo à crise que progresso, ou seja, à idéia de que o progresso é o
assolava o ensino público em Mato Grosso do Sul. elemento transformador da ordem estabelecida.
Sob esse novo ideal procura-se demarcar a
Américo Oscar Guichard Freire (UFRJ) Entre o identidade urbana da capital paulistana de modo
Federal e o Local: Os Pattidos Políticos Cariocas na que as memórias da cidade funcionem como uma
Primeira República-Primeira Abordagem. A ordenação do espaço em transformação.
bibliografia sobre a política carioca na primeira
república pode, em linhas gerais, ser dividida em Ana Cristina Teodoro da Silva (UNESP) Quem
duas vertentes: de um lado existem os estudos de Pinta a Cara dos "Cara-Pintadas"?-Cultura e
caráter biográfico, com um forte viés apologético;e Identidade na Era dos Meios de Comunicação. A
de outro uma produção que cxamina a arena juventude "cara-pintada" tem, nos últimos meses,
formal da política carioca em seu sentido negativo lugar de destaque dentre as inúmeras imagens e
na medida em que a considera sem substância, sem sons que nos são impostos. Podemos rememorar,
legitimidade. Essa última vertente propõe de imediato, sua presença no processo de
exatamente que se privilegie a análise de uma outra impeachment e do plebiscito, bem como nas
cidadania presente na cidade e suas práticas discussões decorrentes destes fatos (somente para
informais. Mesmo os trabalhos que se detém na citar exemplos políticos). É curioso perceber que
análise dos partidos políticos possuem essa lados antagônicos destes processos apropriam-se
perspectiva. O que estamos sugerindo é examinar do poder simbólico dos "cara-pintadas",
as instituições políticas formais cariocas, e no caso relacionando a um "comportamento combativo" e
os partidos políticos, através de um enfoque que ao "vigor" e "esperança" oriundos da juventude.
procure recuperar sua historicidade, percebendo-se Empreender uma discussão sobre o significado .das
sua dinâmica e suas relações seja com o sempre práticas e representações destes jovens exige
presente governo federal seja com os diversos debater cultura e sua constante reformulação, que
grupos sociais, organizados ou não. estão, na sociedade contemporânea,
profundamente imbricadas com as relações
Ana Célia Rodrigues (Centro da Memória estabelecidas pelos meios de comunicação. Os
Santista) Uma Iniciativa Municipal de Preservação meios de comunicação têm um projeto de ação e
da Memória: O Centro da Memória Santista. Esta reação para a juventude, que passa pela
comunicação possui uma dupla finalidade: 1 - construção, podemos dizer ideológica, de sua
Apresentar à comunidade acadêmica o trabalho identidade. No entanto, a comunicação, assim
que vem sendo desenvolvido pelo Centro da como a cultura, atua em caráter de circularidade,
Memória Santista, notadamente no âmbito da fazendo com que todos os seus elementos estejam
história oral e da sistematização de arquivos. 2 - sempre em re-e1aboração.
Relatar as experiências acumuladas pelo Centro da
Memória Santista no relacionamento tanto com a Ana Lucia Lana Nemi (USP) José Ortega y Gasset:
Prefeitura Municipal de Santos - da qual é parte Escrever e Circunstancializar. Partindo-se da
integrante - quanto com diversos setores da premissa de que através de uma autobiografia, é
comunidade local. possível encontrar as características históricas de
um período por meio da experiência humana nela
Ana Claúdia Fonseca Brefe (UNICAMP) sugerida: e considerando-se a autobiografia como
Memorialistas Paulistanos: A CO/lStituição da um texto no qual se articulam mutuamente vida,
Metrópole sob o Ideal do Progresso. A narrativa obra e mundo, pretende-se apresentar a obra do
memorialistas é constituída por relatos sobre a intelectual espanhol José Ortega y Gasset a partir
cidade de São Paulo realizados por observadores de duas perspectivas complementares, quais sejam:
que lá viveram, nos fins do século passado e nas Ortega preocupou-se em definir sua obra como
primeiras décadas do nosso século e que "circunstancial". Neste sentido, seus textos
procuraram preservar a memória do espaço que refletiram sempre um enfrentamento intelectual
habitavam e, nesse sentido, contribuíram com o "destino espanhol" e suas implicações
intensamente no delinear da idéia de metrópole políticas e sociais. É possí"vel portanto, sugerir a
moderna. A maior parte destes relatos procura partir de seus textos. elementos característicos da
descrever a evolução da cidade do passado para a
ProbTfanUl e Resumos 3J

"experiência espanhola" durante a primeira metade Santa Catarina. Na esperança de uma vida melhor,
do século Xx. A obra orteguiana estabeleceu um tiveram que enfrenLar o novo com uma identidade
diálogo entre o pensador e seu público que permite trentina. A cidade, chamaram-na de Nova Trento.
afirmar a "recriação" do leitor e do escritor através Ali construíram um espaço culturalmente
dela. Da mesma forma, as leituras posteriores aos caracterizado por uma forte religiosidade. A
debates que engendraram a obra, possibilitam a Companhia de Jesus, congregação que
"recriação" da obra e dos novos leitores. acompanhou a formação da cidade, serviu como
elemento pedagógico, já que tratava de assuntos
Ana Luiza Martins (CONDEPHAAT) MOlltalldo administrativos, escolares c do culto religioso.
U11l "Quebra-Cabeças": Periódicos 110 Brasil (1800- Pretendo, então, comunicar sobre o imaginário dos
1930j. A "utopia" do levantamento exaustivo dos ítalo-brasileiros, transparecido nos seus
periódicos no Brasil é o projeto maior que visa comportamentos, falas e mitos. Imaginário este
subsiadiar análises temáticas pontuais da nossa representado pela veneração aos santos, pelas
história cultural. Esbarrando em dificuldades de numerosas construções religiosas (igrejas, capelas,
toda ordem, desde a dispersão geográfica das oratórios, capitéis) e pelos discursos proferidos.
publicações ao desaparecimento de muitos Tenciono falar da construção deste imaginário que
exemplares, procuramos sistematizar em chaves sofreu seus embates no choque entre duas culturas.
temáticas o arrolamento realizado até o presente.
Os erros e acertos da busca de uma metodologia Ana Maria Mauad de Souza Andrade Essus (UFF)
para organização do material já coletado, é o que Na Mira do Olhar: A Utopia Burguesa lias Revistas
pretendemos expôr como modelo de organização Ilustradas Cariocas lia Primeira Metade do Século
de um "arquivo produzido", suporte imprescindível Xx. As revistas ilustrada~ com fotografias datam da
para estudos desta natureza, ou seja, da história do segunda metade do século XIX. Entretanto, no
impresso no Brasil. O período trabalhado se Brasil, este tipo de ilustração só seria utilizado a
estende de 1800 a 1930. partir de 1900, com a publicação do primeiro
número da Revista da Semana. Cerca de sete anos
Ana Maria dos Santos (UFF) Saber e Poder IUI depois, o público carioca já estava acostumado aos
Trallsição Brasileira: A Visão das Elites Políticas diferentes estil;os das revistas ilustradas. Todos os
Flumillenses. A Lei do Ventre Livre, a que se sábados seus nomes engraçados eram cantados
juntariam mais tarde as pressões abolicionistas e a pelos pequenos vendedores ambulantes
resistência escrava, Im porta aos proprietários encarregados de sua distribuição. Ao longo da
fluminenses duas novas realidades: a primeira metade do século XX, só na cidade do
inevitabilidade do fim da escravidão e a Rio de Janeiro, mais de 500 títulos de periódiocos
emergência de um mercado de trabalho livre como ilustrados foram lançados. Uns com uma
única fonte para o recrutamento dos trabalhadores. perenidade maior que outros, como por exemplo as
Começava-se a temer pela sobrevivência da grande revistas Careta, FOII-FolI, O Malho, O Cmzeiro e a
lavoura fluminense em uma situação de trabalho própria Revista da Semalla que circularam por
livre, onde tanto fazendeiros como trabalhadores mais de sessenta anos. Tais periódicos, enquanto
estariam influenciados por um passado escravista e uma das principais agências de produção da
pelo sistema de plantation. A presença pertubadora imagem fotográfica, contribuíram para a
dos ingênuos e libertos em meio aos escravos era divulgação, aceitação e naturalização de um modo
uma ameaça palpável aos olhos dos senhores que, de vida associado a signos de distinção e
por isso mesmo, julgavam imperioso combatê-Ia. representação social tipicamente burgueses. Nesse
Quanto a este aspecto, uma solução, em particular, sentido, conformaram maneiras de ser e agir, até
destacou-se em meio aos debates travados no seio então associadas a um padrão de comportamento
da elite política provincial: a educac;iio af.,Tfícola. tradicional, à uma nova lógica comportamental
Considerada um instrumento capaz de apagar os relativa às transformaçôes na dinâmica do próprio
efeitos da escravidão das mentes dos trabalhadores capitalismo internacional.
brasileiros, ela era vista não apenas como um
mecanismo de construção de uma nova "ética do Ana Maria Souza Andrade Essus (UFF) O Espelho
trabalho", como também de exercício de uma da Cidade: Fotol-Tfajia e Sociabilidade Urballa 110
transição controlada. Rio de Jalleiro da Belle Epoqlle. As imagens
fotográficas produzidas ao longo das primeiras
Ana Maria Marques (UFSC) Toda Imagem é Boa décadas do século XX, na cidade do Rio de
para IlIduzir a Virtude. Imigrantes vindos de Trento, Janeiro, refletem o interesse da classe dominante
na Itália, para o Brasil, no final do século XIX. em construir uma determinada sociabilidade a
estabeleceram-se numa pequena localidade de
32 XVII Simpósio Naciollal de História

partir do controle dos códigos de comportamento e assistência, integraram e controlaram as ações de


de representação social no espaço urbano. Dentre seus aliliados junto ao corP() social. O século XIX
as agências de produção da imagem fotográfica o coloca para essas instituições novas realidades,
Estado, representado pelo poder federal e como a formação e consolidação do Estado
municipal, destaca-se tanto pelo montante Nacional, a Reforma Católica, e um movimento de
siginificativo de sua produção, como pela variedade secularização, que mesmo não dominante já se faz
de temáticas registradas. Fotografa-se o que foi e o presente na sociedade. É em meio à ação das
que será reformado, retira-se minuciosamente o Irmandades no contexto promovido por essas novas
processo de modernização da cidade, captura-se o realidades que pretendo, através do binômio
deleite da "flanerie" vespertina das filhas e senhoras devoção e caridade, vislumbrar o papel
de comendadores abastados. A fotografia é o desempenhado por essas instituições no cotidiano
documento incontestável do progresso nacional. Ao religioso e social de seus membros, na cidade do
mesmo tempo que, a imagem fotográfica oficial, Rio de Janeiro; percebendo até que ponto ocorrem
reflete aquela que por seus cronistas foi chamada continuidades e descontinuidades no movimentar
de "Paris dos Trópicos", retrata o espaço popular dessas instituições em meio a um novo contexto
de ladeiras estreitas, dos "freges imundos", dos político e social.
cortiços e dos negros de pés descalços. Neste
sentidos, a análise das fotografias produzidas pelo Anderson Zalewski Vargas (UFRS) Moralidade,
Estado, revela tensões de uma sociabilidade que Alltoritarismo e Controle Social na Porto Alegre da
empenha-se por tornar-se hegemônica. Virada do Séclllo XIX. A comunicação consiste na
apresentação dos principais aspectos da
Ana Maria Souza Andrade Essus (lCHF-UFF) O dissertação, de mesmo título, baseada na análise de
Poder em Foco: A Prodllção da Imagem Fotográfica materias do jornal O Independente. Durante as
pelo Estado lia Primeira República. Durante a primeiras década~ destl: século, período em que
Primeira República, a imagem fotográfica circulou em Porto Alegre, o jornal foi canal de
produzida pelo Estado brasileiro recuperou a elite expressão do pensamento autoritário e moralista
política na sua ação, no seu envolvimento e de intelectuais que refletiam primordialme!lte
movimento no espaço da cidade compreendida sobre a sociedade porto-alegrense, dividida
como paleo do exercício de poder. Um poder que sumariamente em duas partes: o escol social e os
estende sua hegemonia através da criação de inferiores. Na busca da resolução para o problema
códigos de comportamento e de representação social, do entendimento do mundo circundante,
social que servem de guia paraseus pares e de cada vez mais amplo, complexo e perturbador, os
medida para o restante da população. Quais os jornalistas d'O Independente encontraram no
elementos que estruturam as representações sociais pensamento reacionário europeu os elementos que
de comportamento eleboradas pelo poder? Como corresponderam as suas expectativas, necessidades
tais mensagens são transmitidas e recebidas pelo e desejos. Os inferiores, vistos com temor e
conjunto da população, especialmente pela classe preconceito, foram razão c objeto de um
dominante que compete com o Estado no exercício pensamento descontente que recorreu à idéia de
deste poder? A busca da compreensão de como decadência para desclassificar a realidade
uma certa imagem de poder associada a observada e à idéia de natureza para afirmar que
determinados signos foi sendo ao longo do LCmpo ela podia e devia ser diferente. Ao longo do
criada e recriada pelo dever histórico, contribui período estudado, sob a influência das idéias anti-
para a compreensão de como imagem fotográfica liberais européias e dos acontecimentos do país e
influencia a formação e conformação de uma do mundo, o conservadorismo autoritário dos
determinada opção política por parte da intelectuais do jornal tornou-se explícito, tendo
população. Compreendida desta maneira, a apresentado, entre os anos de 1916 e 1919,
imagem é, tanto a síntese atualizada de uma considerável similaridade com a ideologia dos
expectativa geral, captada por uma "objetiva sagaz", "críticos autoritários" então em gestão no centro do
como o agente que cria opinião e molda país.
comportamentos.
André Luiz Faria Couto (UFF) Hierarqllia.
Anderson José Machado de Oliveira (UFF) Hierarquia: revista carioca que circulou entre
Devoção e Caridade: Imlalldades e Cotidiallo 110 agosto de 1931 e abril de 1932, tendo chegado até
Rio de Janeiro do Séclllo XIX. As irmandades no ao seu número 5. Foi fundada e dirigida por
Brasil, desde o Período Colonial, tiveram uma Lourival Fontes. Cada exemplar da revista era
importância destacada no cotidiano religioso da composto de aproximadamente 150 páginas
população. Como instituições devocionais e de
Programa e Resllmos 33

contento um número significativo de artigos. Os sohrevivência. Formou-se assim um modelo de


seus colaboradores eram, na sua grande maioria, coexistência e cooperação na sociedade. Cada
de tendência conservadora e compartilhavam com homem, cada mulher independente de sua origem
Lourival Fontes um grande entusiasmo pela era, naquela circunstância. importante para o
experiência fascista que então se desenvolvia na sucesso e a própria existência de todo o grupo. A
Itália. Podemos citar como exemplo desses Visitação inquisitorial feita nas Capitanias do
colaboradores: Azevedo Amaral, Oliveira Viana, Açucar entre 1591 e 1595 desarticulou esse modelo,
Plínio Salgado, Otavio de Faria, Belmiro Valverde, trazendo de novo à tona os preconceitos,
San Thiago Dantas, entre outros. Apesar do largo enfrequecendo a estrutura social e tentando com
predomínio de expoentes do pensamento isso tornar a Colônia mais obediente aos
conservador e autoritário, a revista abre espaço parâmetros e modelos de estruturas mentais e
também a intelectuais de outras tendências comportamentais estahelecidos pela Metrópole. A
políticas tais como Anísio Teixeira, Barhosa Lima reflexão sobre o cotidiano colonial integrado e
Sobrinho, Sérgio Buarque de Holanda, Sobral cooperativo desarticulado pela pressão do medo, é
Pinto. A temática predominante é a dc conteúdo o ponto central deste trabalho.
político, com enfoque na análise do facismo e da
crise dos valores e instituições liberais, além do Angela Mendes de Almeida (UFRJ) Os Bacharéis
combate ao comunismo soviético. Há espaço, e a Família 1/0 Brasil 1/0 Século XIX. Tem sido
todavia, para outros assuntos como educação, estudada já, abundantemente, a veiculação de
ciências naturais e cultura. O movimento editorial idéias de modernidade relativas ao padrão familiar
do período no Brasil também é analisado, com e à função materna da esposa, durante o século
destaque para a resenha de obras que guardam XIX no Brasil, através das teses de medicina e de
identidade com a orientação política da revista. higiene defendidas nas Faculdades da Bahia e do
Rio de Janeiro. No entanto, conhecida que é a
Anelise Maria Muller de Carvalho (PUC-SP) O enorme influência das Faculdades de Direito na
Estado, o Naciol/al e o Popular I/OS Lil'ros formação da "intelligentsia" brasileira até os 30
Didáticos dos AI/OS 30/40. Esta comunicação deste século, o que não tem sido estudado é a
pretende discutir a importância dos livros didáticos participação, ou a resistência, nos meios jurídicos
dos anos 30/40, apreendidos como suportes às idéias de modernização da família. Este texto
condutores de uma cultura nacional. Na tenta dar um passo no sentido de colocar em
diversidade e multiolicidade de seus textos foram debate a família ideal preconizada nas Faculdades
sugeridas e encaminhadas novas práticas sociais. de Direito e a sua conexão com os novos padrões
objetivando criar um outro caráter brasileiro em morais e sentimentais para a família, que então
todo o país mediante a difusão de novos hábitos, começavam a ser veiculados. Para tanto retoma o
comportamentos e valores relativos à família, à padrão de direito civil das Ordenações e confronta-
pátria e ao trabalho. No entender dos setores o com as idéias revolucionárias do direito natural
comprometidos com a edificaç!ao dessa nova moderno e burguês, hem como as influências
ordem, as camadas populares precisavam ser modernizantes do Código Civil Napoleônico.
reeducadas e regeneradas propiciando a
reconstrução da nação brasileira em termos de Anna Beatriz de Sá Almeida (Casa Oswaldo Cruz/
"engrandecimento e progresso". Fund. Oswaldo Cruz) Condições de Saúde dos
Trabalhadores I/OS aI/os 30 e 40 - As Doel/ças do
Angela Maria Vieira Maia (Rede Estadual de Trabalho. O trabalho que ora apresentamos é parte
Ensino) Um Modelo Colonial de Convivência. Um da pesquisa que realizamos para a elaboração da
dos aspectos a serem notados na sociedade colonial Dissertação de Mestrado em História,
do século XVI é a forma de relacionamento desenvolvida na Universidade Federal Fluminense.
cotidiano entre cristãos velhos e cristãos novos. O objeto da pesquisa é o debate em torno da
Afastados na realidade européia tanto por um relação doença & trabalho, fundamental na
agudo preconceito quanto por uma legislação constituição do campo das doenças profissionais. A
excludente, na América portuguesa esses grupos associação doença & trabalho já vinha sendo
viviam uma situação diferente. A terra era nova e objeto de debate e reivindicação por parte de
selvagem, a colonização se iniciava. Os cristãos médicos e trabalhadores desde o início do século.
novos haviam acorrido a ela, alguns por vontade Nos anos 30, no conjunto das políticas
própria e outros degredados pela Inquisição implementadas pelo Governo Vargas, o campo da
instalada em Portugal desde 1536. Os cristãos medicina e higiene do trabalho também foi sendo
velhos mesmo mantendo antigos preconceitos, constituído, no qual destacamos a questão das
tornavam-se secundários diante da necessidade de
34 XVII Simpósio Naciol/al de História

doenças profissionais. Na nossa pesquisa assentado nesta forte oposição que lhe é cssencial,
buscaremos acompanhar a constituição d(l campo na medida em que ao pretender em última
das doenças do trabalho, destacando enquanto instância negar o mundo da "bárbarie" c substituí-lo
atores fundamentais neste processo, médicos c a partir de modelos europeus, tcm que trabalhar
juristas. Como fontes, privilegiaremos o trabalho tendo como ccntro este mundo da "bárbarie". No
com os periódicos Boletim do Mil/istério do caso de Sarmineto, é interessante ressaltar quc em
Trabalho, Indústria e Comércio, a Revista do sua obra Facundo, há uma clara divisão entre um
Trabalho e a Revista Forense. que serviam de primeiro momento descritivo da vida do caudilho, c
veículo de divulgação do conhecimento e do~ um segundo momento que define um projeto para
debates na área. a Argentina, assumindo um caráter utópico. A
idéia de civilização sc associava freqüentemente
Anna Maria Lucchesi Carvalho (FDE) Proposta com a tentativa de implementação dos modelos
Curricular de História a Partir de Eims Temáticos. liberais europcus que encontravam uma realidade
A História vivida e a experiência acumulada do~ muito diferente, marcada por um legado colonial
professores e alunos servirá de ponto de partida que gcrava grande!> contradiçôes. Nestc sentido.
para a construção de enfoques que lhe permita alguns projetos de construção do Estado tentaram
trabalhar com os dados de observação, pensar uma série dc reformas quc diminuisscm o
ultrapassando a aparência da realidade e peso desta hcrança, o que efctivamcnte não
desenvolver uma prática comprometida com os ocorreu durantc o século XIX.
questionamentos colocados pelas atuais condições
de vida e de trabalho. As pesquisas serão Antônio Carlos de Souza Lima (UFRJ) Da Gue"a
direcionadas a partir de eixos temáticos que de Conquista ao Poder Tutelar. As relações entre
poderã0 ser divididos em subtemas. Os eixos etnicidade c Estados Nacionais têm ganho
temáticos geradores são: Terra, Propriedade e considerável importância no quadro das ciências
Poder; A Cidade e as Fábricas; A Cidadania e a sociais contcmporâneas. Dcntro deste contexto se
Participação Política: Cultura e Identidade. situa a problemáticLi abordada por .::sta
comunicação, qual ~eja a dos relacionamentos dc
Antônio Augusto Moreira de Faria (UFMG) poder estabelecidos por um Estado que sc
Cristianismo e Marxismo em Dois Discursos Sobre representa enquanto nacional com as populações
Trabalhadores: Annando Ziller e Vil/ícills de nativas ao continente americano incluidas dentro
Moraes. Análise de dois discursos cujo tema é o do espaço geográfico politicamente delimitado
desenvolvimento da consclencia política em como do Brasil. Destacar-se-á o período
trabalhadores: uma entrevista autobiográfica do republicano e a implantação do Serviço de
mais destacado sindicalista bancário de Minas Proteção aos Índios e Localização de
Gerais até 1964, Armando Ziller, e um poema de Trabalhadores Nacionais em 1910.
Vinícius de Moraes, "O Operário em Construção".
É analisada a estratégia persuasiva que. para Antonio Carlos de Souza Lima (Museu Nacional-
apresentar afinidades entre a doutrina cristã e a UFRJ) Poder em Cella lia Primeira República: O
Marxista, organiza as duas doutrinas como Serviço de Proteção aos ÍI/dios e o Exercício do
personagens discursivas compartilhando quatro Poder Tutelar. A presente comunicação parte do
núcleos temáticos: solidariedade, altruísmo, justiça material empírico referente ao Serviço de Proteção
social e descoberta da verdade. A análise expõe aos Índios e Localização de Trabalhadores
também uma diferença entre os dois di~cursos no Nacionais (após lIJIX somente SPI), aparelho de
emprego dessa estratégia pcrsuasiva: s6 a poder instituído em 1910, soh a sigla úo Mil/istério
entrevista explícita cristianismo c marxismo como da Agricultura, II/dústria e Comércio (MAIC). com
personagens discursivas (polifonia nítida);o poema a auto-atribuída função de transformar as
deixa clara apenas a perspectiva cristã, fucando a populações nativas em território brasileiro em
marxista somente delineada (polifonia sugerida). trabalhadores I/aciol/ais. Para tanto utilizar-se-ia
um conjunto de estratégias e táticas. apoiadas sob
Antonio Carlos Amador Gil (UFES) A Dualidade um sistema de c1assificaçõcs das populações e de
Discursiva de Samliento. Ao analisarmos as formas porções do espaço brasilciro a~ quais podem ser
discursivas de divcrsos escritores do século XIX. intcrpretadas enquanto constitutivas de uma dada
dentre as quais podemos destacar a de Domingo forma de ação estalaI sobre as ações do!' povos
Faustino Sarmiento, podemos perccber alguns nativos. a qual chama-sl: aqui de poder tutelar.
aspectos da construção de algumas categorias Através destas estratégias e táticas o SPl levou aos
sociais. de modo particular as de "civilização" e mais longiquos confins do espaço juridicamente
"bárbarie". O discurso civilizatório se cncontra
Programa e Resumos 35

definido enquánto brasileiro, mas nem sempre exercício da política. Necessário se faz que a
ocupado por populações que se vissem enquanto pesquisa historiográfica se esforce por tornar o
representadas por aparelhos de poder de um mais claro possível, através de fontes não
Estado nacional. Na prática o SPI agiu formando o exploradas, como se operava e se dava esta relação
Estado ao colocar nestes locais a presença de de posse e de poder, se possível no seu cotidiano. A
circunscrições administrativas ligadas a redes de presente comunicação baseia-se na leitura das
relações estatizadas dsitintas das existentes nestes memórias de um autor pernambucano, coronel da
locais, terminado por articulá-las, construindo a Guarda Nacional, a partir do espaço privado do
burocracia com alianças clientelísticas c alpendre de sua Fazenda Sertaneja.
personalizadas, ao mesmo tempo ampliando seu
espectro de ação. Por outro lado, por meio de uma Antonio Jorge Siqueira (UFPE) O Direito da Fala:
série de técnicas específicas encenou para povos Violência e Política em Vidas Secas. Busca-se
nativos e populações dispersas uma dada Imagem aprofundar os mecanismos de representação dos
de nação. múltiplos e variados símbolos através dos quais se
estrutura e se internaliza a exclusão nos
Antonio Celso Ferreira (UNESP) São Paulo dos diferenciados sentido que esta última adquire em
espetáculos de massa (1930-1940): Ulll roteiro diversas regiões do Brasil, especialmente no
cinematográfico de Oswald de Andrade. Um roteiro Nordeste. O ponto de vista da Política tem um
cinematográfico escrito por Oswaldo de Andrade significado crucial para a explicitação destes
em 1938, pouco mencionado pela crítica horizontes de exclusão. Neste sentido, a capacidade
especializada, põe em movimento a São Paulo dos ou a incapacidade da fala sinalizam uma realidade
espetáculos de massa, nos anos 1930-1940. muito próxima da cultura da maioria das pessoas,
Centrando o enredo em Genuca - um jogador de em nosso país e que deveria ser vista como um dos
várzea, negro e pobre -, o autor recria o ambiente elementos constantes da Ética das prioridades com
multifacetado da metrópole paulista, numa época vistas à educação para uma efetiva prática da
em que o, o cinema e o futebol passavam a exercer cidadania. A fala é um elemento emblemático no
enorme fascínio sobre as multidões urbanas. imaginário da exclusão. O tema, tal como
Pretende-se destacar os principais temas Graciliano Ramos trata em Vidas Secas, adquire
apresentados pelo autor no roteiro, na perspectiva uma dimensão social e humana de significação
de abordagem de uma "história sóciocultural". universal, mas que tem tudo a ver com nossa
dimensão cultural, local e nacional.
Antonio Clarindo Barbosa de Souza (UFPB) Os
Duzentos Anos da "Outra" Revolução Francesa. Em Antonio Luigi Negro (UNICAMP) FordjWil/ys 68:
1989 foram comemorados e discutidos no Brasil, e A Fábrica e o Sindicato I/aS Origens do Novo
em boa parte do mundo, os duzentos anos da já Sindicalismo. A unidade fabril de São Bernardo do
clássica Revolução Francesa de 1789, que instalou Campo do grupo Willys Overland do Brasil
a burguesia francesa no comando político da (adquirida. em 1967, pela Ford Motors Company)
França. Neste ano de 1993, todavia, haverá nenhum ocupa lugar especial na historiografia sobre classe
tipo de comemoração ou destaque pela chegada ao trabalhadora bem como na própria história do
poder da facção jacobina dos revolucionários trabalho. Foi no interior de suas instalações que se
franceses que, em 1793, tomaram para si o controle realizaram inúmeras (e marcantes) pesquisas sobre
da revolução e implantaram aquilo que ficou a formação e o destino do operário industrial
conhecido como o "período do terror". A presente brasileiro. Cita-se, a exemplo, os trabalhos de
comunicação visa indagar o porquê deste aparente Leôncio Rodrigues (IlIdustrialização e atitudes
esquecimento. operárias, SP, Brasiliellse, 1970) e John Humphrey
(Fazendo o "milagre". Controle capitalista e luta
Antonio Jorge Siqueira (UFPE) Cotidianizalldo o operária I/a indústria automobilística brasileira,
Patrimonialismo. Ultimamente voltou-se a debater. Petrópolis, VozesjCebrap. 1982), investigações
no país, a natureza das relações entre os espaços fundamentais para o próprio debate político e
"público" e "privado". Tanto no que se refere ao acadêmico. No campo histórico, tal unidade fabril
exercício da política, quanto no que diz respeito às tem se notabilizado por servir, frequentemente,
obrigações governamentais, o debate pressupõe como modelo de ação sindical, constituíndo-se
que sejam revisitadas na sua historicidade a gênese como referência dita "combativa" da base do
destas realções instituintes do que seja particular e Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. De
coletivo, no Brasil. A cultura patromonialista um lado, foi a primeira empresa a ter uma
explicita a exacerbação do mandonismo, das Comissão de Fábrica no ABC, em 1981. E, de
relações sociais excludentes. especialemtne no
36 XVII Simpósio Nacional de História

outro lado, destacou-se, durante os anos 80, por ser mítica capaz de tirar-nos de uma possível letargia
um "laboratório" de movimentos grevistas. Tal cultural e econômica, trazendo desta forma um ar
unidade tem sido, ainda, uma das principais escolas modernizante sobre a sociedade brasileira. Minha
de profissionais da área de recursos humanos do hipótese é que o "choque cultural" provocado pela
grupo Ford, diferenciando-se por uma (por estes penetração dos meios de comunicação norte-
mesmos) advogada "liberalidade" quanto às suas americanos não deterioraram nossa cultura, mas
relações de trabalho. A presente comunicação provavelmente acabaram por produzir novas
demonstrará a relação existente entre estes ítens, formas de manifestação cultural.
baseando-se na resposta à seguinte pergunta: o que
os trabalhadores faziam dentro dessa fábrica além Antonio Rago Filho (PUC-SP e Fundação Santo
de trabalhar? André) A Concepção Marxiana da História.
Contraposto ao idealismo, a ciência unitária da
Antonio Paulo Benatti (UEL) A Orgia do Café: história pretendida por Marx refuta toda fiI;osofia
Boemia, Prostitllição e Jogo em LOlldrilla lia da história. que tenha por base a lógica. Negando,
Década de 1950. De "boca do sertão" nos anos 30 à assim, a transformação das legalidades objetivas e
"Capital do Café" e novo Eldorado nos anos 50, a tendências cspecçificas do desenvolvimento
cidade de Londrina, no norte do Paraná, foi palco histórico numa teoria histórico-filosófica geral, na
de profundas e bruscas transformações, entre elas a qual se enquadrem ou deduzam as particularidades
urbanização acelerada e o aburguesamento da históricas. A instauração marxiana da história, ao
sociedade de pioneiros; a intensificação do fluxo romper com todo finalismo do evolver histórico,
migratório; o aparecimento dos bolsões de miséria; afirma a não arbitrariedade da práxis humana, uma
o crescimento populacional e a explosão da vez que são os homens os produtores de sua
periferial; o "boom" das atividades ilícitas. própria história, não em condições escolhidas, mas
principalmente da prostituição e do jogo. Em que encontram diante de si. Nossa exposição
suma, o núcleo urbano planejado segundo a pretende mostrar como a partir destes
racionalidade do capital colonizador, vê-se às pressupostos, esta teoria, com base no exame das
voltas, na década de 50. com a falência da utopia da determinações rellexivas entre teleologia e
cidade ideal. A ampla política de restauração da causalidade histórica, permite captar as dimensões
ordem, levada a efeito pelos podere~ urbanos, objetivas do scr social. Demarcado, assim o esforço
engendrará práticas de higienismo social e o papel crucial do pensamento de Marx eomo
características das metrópoles, bem como contraponto à usina do falso que permeia as
mecanismos de repressão e controle dos reflexões da historiografia contemporânea
fenômenos de marginalidade, sempre em nome de pontificadora da perda de nexo do homem e da
noções como trabalho. progresso, civilização e humanidade que induzem ao perverso círeulo do
modernidade. Os espaços "decaídos" (baixo futuro ausente ou, ao que dá no mesmo, ao "fim da
meretrício, botequins, bilhares e locais de jogos história" para a longa vida do capital.
populares) serão os objetos priviligidos da
repressão. Ao contrário, a prostituição elegante. os Antonio Rago Filho (PUC-SP) As Lutas Operárias
bordéis e salões de jogos por onde circulava a elite IIOS Anos 78-80 e a Auto-Reforma da Ditadura.
boêmia chegarão mesmo a possuir uma relação Nesta comunicação pretendemos resgatar o
positiva com o poder, ao menos enquanto eram significado histórico-social das jornadas
úteis à sociedade dominante. Esta pesquisa procura democráticas das massas trabalhadoras no período
desvendar, no cotidiano da cidade, como as forças 78-80, no momento de crise do sistema. A partir do
de exclusão e as forças de integração que golpe de 1964, a dominação autocrática, em sua
funcionam simultaneamente no social constroem o forma bonapartista, acelerou () processo de
estatuto ambíguo do marginal. "modernização sem ruptura" subordinada ao
capital financeiro internacionaL Com a crise do
Antônio Pedro Tota (PUC-SP) Cllltura e Utopia. A "milagre econômico brasileiro". a partir de 1973,
"americanização" da sociedade e da cultura cresce o desencontro do~ setores do capital que
brasileiras via meios de comunicação de massas é bradam por uma "ahertura'" e pregam o liberalismo
um tema bastante controvertido nos meios econômico. Enquanto as oposições íicarm pre~as
acadêmicos brasileiros. As aspas na palavra ao ardil politicismo, promovendo a separação entre
"americanização" têm pois sua razão de ser. O luta econômica e luta política, a classe operária
conceito é ora interpretado como um grande irrompe no cenário histórico com as greve~ de
perigo reacionário destruidor da nossa cultura, massas no ABC paulista, soterrndo na prática as
influenciando-a negativamente; ora de forma leis repressivas e sinalizando um projeto
oposta. a "americanização" é vista como uma força
Programa e Resumos 37

econômico alternativo. Naquela oportunidade encaminharam, nas décadas de 60 c 70, para a


histórica, o movimento democrático de massas implantação do estado da Segurança Nacional.
apontava para a possibilidade da conquista da
democracia da perspeetiva do trabalho. Ariane Norma de Menezes Sá (UFPB) A
Fonllação do Mercado de Trabalho Livre na
Antonio Torres Montenegro (UFPE) Memória e Paraíba (1850-1888). A comunieação tem por
Utopia. O debate acerca da Memória tem recebido linalidade discutir os elementos que possibilitaram
nos últimos anos uma atenção especial de diversos a organização do mercado do trabalho livre na
territórios da sociedade civil, os movimentos Paraíba. A questão histórica fundamental do século
preservacionistas tem de forma constante se XIX no Brasil foi a do trabalho. Tratava-se da
voltado para esta temática. Muitos fatores poderão necessidade de universalização do trabalho livre
ser associados ao fato da memória ter adquirido numa sociedade em que base produtiva era a
esta dimensão. Poder-se-ia escolher alguns escravidão e onde a maioria dos homens pobres
aspectos para análise à partir da velocidade como não havia ingressado nas lileiras do trabalho
vem se operando as mudanças nas referências disciplinado e regular. De acordo com os
fundantes da cultura ocidental, produzindo uma proprietários rurais nortistas, era necessano
inquietação constante acerca do sentido do futuro aprovar-se leis que obrigassem os homens libertos
que se gera de forma estonteante no presente. Esta e livres a trabalharem. Fazia-se necessário também
nova forma como vem se delineando uma outra uma nova ideologia do trabalho, pois se até então
concepção do tempo histórico, antecipa um fazer este tinha-se pautado na violentação do
cultural, social, político indissociável da própria trabalhador, através da escravidão, a partir de
maneira de operar da sociedade tecnológica agora o trabalho deveria ser considerado
informatizada. Esta dimensão técnica recebe dignilicador. A criação na Paraíba da Escola de
outros contornos, quando as próprias experiências Educando Artifíces, Casas de Caridade e Colônias
históricas que fundam o projeto de sociedade Agrícolas foram tentativas de formalizar esta nova
estruturado na cooperação, na solidariedade, na mentalidade. Vários fatores concorreram para o
socialização das riquezas assistem a uma profunda declínio da escravidão na Paraíba: as epidemias, o
crise. Face a este cenário mundial, a realidade trálico interprovincial de eseravos c a grande seca
histórica do Brasil apresenta algumas de 1877-78. As formas de exploração dos homens
especilicidades que se delinem pelo quadro de pobres coloeadas historieamente na região gerou
incomensuráveis desigualdades sociais associado, duas revoltas sociais de peso: o Ronco da Abelha e
agravado e imbricado no cerceamento do direito a o Quebra-Quilos. São revoltas coletivas que
educação básica para grande parcela da população. respondem ao alto grau de exploração a que estes
Memória e utopia resgatam a reinvenção do homens estavam submetidos.
passado indissociável de projetos de futuro,
fundados em princípios e valores, que apesar de Arilda Ines Miranda Ribeiro (UNESP /
irrealizados historicamente, constituem-se em UNICAMP) A Educação Feminina lia Cidade de
desalios na busca da produção de um outro Campillas Durallte o Século XIX, Através de Cartas,
mundo. Diários e Jamais. O presente trabalho trata-se de
uma tese de doutoramento desenvolvida na
Antonio Vitoria Ghiraldello (PUC-SP) Instituto de FEjUnicamp sobre a educação feminina na cidade
Sociologia e Política e a Segurança Nacional. Essa de Campinas durante o século XIX. Para tanto
pesquisa teve como objetivo descrever os caminhos utilizei-me de documentação existente em jornais
vislumbrados pelo Instituto de Soeiologia e Política, (A Gazeta e o Diário de Campillas) cartas e diários
órgão criado pela Federação do Comércio do relativos ao Colégio Florence, de nível secundário.
Estado de São Paulo (1952-58), para execução de Fundado em 1863, pela esposa do descobridor da
determinados procedimentos que eompletassem a fotografia, Hércules Florence, essa institutição foi
realização da coesão política nacional. Baseada nas uma das mais duradouras no século passado e
fontes produzidas pela própria Federação e pelo fundada pela iniciativa individual. Destinado às
Instituto, a pesquisa foi realizada a partir da "análse famílias abastadas, ensinava além de música,
do diseurso" onde, através desse procedimento línguas e trabalhos manuais. Para além disso,
técnico-metodológico, procurou-se checar as ciências naturais, geometria, história universal e
orientações políticas implícitas e explícitas contidas possuía uma pedagogia pautada em Pestalozzi. Foi
nas mesmas. Acredita-se que este trabalho possa visitada duas vezes por D. Pedro 11, que descobriu
reorientar a discussão sobre a efetiva participação entre as alunas uma cantora lírica, que enviou, às
do Comércio, em espeeial o sindicalizado, nas suas expensas, para a Europa. Em seu corpo
diretrizes políticas que se formaram em 50 e que se
38 XVII Simpósio Nacional de História

docente, além de Hércules Florence e sua esposa sob o ponto de vista técnico-estético. Outras
Carolina, encontrei perceptoras alemãs, Rangel internalizaram verdadeiros pastichos das canções
Pestana, Julio Ribeiro e João Kopke. Através das folclóricas. Entretanto, as marcas ideológicas dessa
cartas de pais, professoras, alunas e parentes foi produção, ora, aproximavam-se de uma
possível descobrir o imaginário de uma época, a interpretação marxista leninista sobre o tema da
mentalidade contidade na esfera privada, na revolução, ora, reproduziam um viés romântico-
intimidade do cotidiano da instituição. conservador oriundo dos ideais liberais da
revolução democrático-burguesa (França, 1789).
Armando Albuquerque de Oliveira (UFPB) Em síntese, o ponto nodal desse imaginário
Paraíba 1990: a frente Paraíba popular. Este apoiava-se numa utopia de matizes totalitárias que
trabalho é parte da comunicação "Paraíba 1990: privilegiava o Estado como sujeito da História e o
Rearranjo ou reestruturação das Forças Políticas?" intelectual como o porta-voz do povo.
constituindo-se em um dos textos do relatório da
pesquisa "Processo Político e Eleições de 1990 na Arno Alvarez Kern (UFRGS-PUCRS). Utopias,
Paraíba". Ele pretende mostrar como a partir de Utopismo e Missões Jesuítico-Guaranis. As missões
uma experiência política de caráter nacional - a Jesuítico-Guaranis do Rio da Prata colonial
Frente Brasil Popular -, as forças progressivas do oportunizaram uma farta bibliografia, de
Estado, organizadas sob a bandeira da Frente qualidades e características muito diversificadas.
Paraíba Popular, pretendiam ampliar o seu espaço Uma das vertentes dessa prdução desigual, são os
político-eleitoral visando o pleito de 1990. ensaios que tentaram comprovar a implantação dos
Fundamentada em um ideá rio de cunho socialista, modelos existentes na utopias literárias da época,
a Frente Paraíba Popular propugnava um junto à etnia dos Guarani missioneiros. A
programa político voltado para os grandes República de Platão, a Utopia de Tomas Morus, a
problemas da classe trabalhadora e das camadas Cidade do Sol de Tomás Capanella, são algumas
desassistidas da população. E, exatamente junto a das obras literárias que teriam servido de modelo
estes segmentos sociais, a Frente iria buscar apoio aos mlSSlOnanos jesuítas. Outros autores
às suas proposições. Assim, este texto é uma afirmaram que os modelos haviam sido realidades
tentativa de analisar a Frente Paraíba Popular a sociais do passado, tais como as comuniddes dos
partir da sua composição, da sua performance cristãos primitivos ou o Império Incaico. Afirmou-
eleitoral e, principalmente, de sua contribuição se mesmo que esses pueblos de indios missioneiros
numa perspectiva da participação popular no platinos teriam sido a própria utopia na História, e
processo político. portanto a prova de que as utopias são possíveis. A
análise da documentação da época propicia uma
Arnaldo Daraya Contier (USP) Utopia, Música e comparação entre as características dos modelos
História. Koe//reuller e o Jdanovismo no Brasil. As utópicos e as realidades existentes entre o discurso
principais divergencias estéticos-políticas utópico e a reconstituição histórica objetiva. A
intensificaram-se entre os compositores brasileiros revisão crítica dessas teorias não nos impede de
(1946-63), devido às polêmicas afloradas nos compreender quais as aspirações utópias da
campos do experimentalismo (herança das idéias sociedade plantina colonial, face aos interesses as
de Arnold Schoenberg, Anton Webern, Alban metrópoles.
Berg) e da arte politicamente engajada (teses
defendidas por Jdanov, Congresso de Praga, 1948). Arselle de Andrade da Fontoura (UFSC) O
O envolvimento de H. J. Koellreutter com o Tratamento da Loucura, em Porto Alegre, RS,
realismo socialista é explicado, de uma lado, pela Frente ao Processo de Modenzização Ocorrido na
sua defesa, um pouco genérica, da "função social da Passagem do Século XIX para o Xx. O processo de
arte" como uma etapa na passagem de uma urbanização de Porto Alegre, capital do Rio
sociedade capitalista para uma sociedade "sem Grande do Sul, estabeleceu novas relações sociais
classes", e de outro, pela sua concepção formalista de produção. O ideário da modernidade utilizou-se
da Arte Culta, como uma utopia a ser aceita pelas do saber científico para organizar racionalmente o
massas. Durante a década de 50, o nacionalismo cotidiano. O discurso de "ordem" e "progresso"
musical (modernista e jdanovista), de colorações vizava a modernização, desempenhou papel
neo-românticas e clássicas, tornou-se o projeto fundamental no controle da disciplina cotidiana, da
hegemônico da arte erudita no Brasil. Sob o normalização e no enquandramento das camadas
impacto da "re-democratização" do País e do urbanas que ameaçavam as novas formas de
nacional-desenvolvimento, foram escritas centenas organização do convívio social. É, neste contexto,
de obras por C. Guarnieri, F. Mignone, C. Santoro, que se insere a questão da loucura como problema
G. Peixe. Algumas dessas obras foram elaboradas
Prol-Tfama e Resumos 3Q

social, sob a égide do cientificismo. Torná-se Contra essa prática historio!!ráfica, propomos uma
necessária tratá-Ia através de uma política médica e História Social da Música, que, calcada em outra
de higienização, pois a cientificidade contribuiu concepção do fenômeno musieaI. dê conta das
para a elaboração de novas concepçôes e práticas intrincadas rclaçôes entre os homens e a música c
de saúde, para a criação de novas instituiçôes ds relaçôes dos homens entre si. enquanto
penais e educacionais, auxiliando para um amplo mediadas pela música. Ao repensarmos o fazer
processo de disciplinarização. história da música, repensamos música e história.
Trazer a música para a história é ahrir o campo dos
Arthur Blásio Rambo (UNISINOS) Utopia e estudos históricos. propondo-lhes um novo tema c
Imigração Alemã. Migração, imigração, emigração novos objetos e, pois, novas fontes e abordagens.
c utopia são realidades indissociáveis. Com os Sob o viés da investigação histórica, a música pode
ImIgrantes alemães ocupando consideráveis se despir de sua atribuída "neutralidade" diante do
espaços nos estados do sul do Brasil, não foi mundo e das sociedades humanas. Intenta-se, com
diferente. Optaram pelo Brasil, porque () Brasil isso. mostrar como um fato de eultura - strieto e
lhes foi pintado como a terra capaz de resolver lalo se/lSIl - pode se insinuar por entre os campos
todos os problemas. Chegados aqui os imigrante!' tradicionais de atuação do historiador. A música
alemães trataram a utopia do teuto-brasileirismo, pode apontar tanto () político-ideológico, quanto as
cujos componente!' principais foram o esforço de condiçôes mentais e econômicas que a produzem.
preservar uma identidade étnico-cultural-lingüística Aponta, em suma, a própria história,
e, ao mesmo tempo, assumir-se eomo cidadãos compreendida na totalidade social.
brasileiros plenos. Na concretização desse projeto,
recorreram a uma série de mecanismos c Beatriz Billencourt Coller Hanf (Univ.Est de
estratégias próprias: organizaram-se comunidades Maringá) Favelas em Curitiba. Este trabalho faz
solidamentl: estruturadas; praticaram uma intensa parte da tese de doutoramento que e'itú sendo
vida religiosa; erradicaram o analfabetismo com as realizado na pue - São Paulo, e vem se propondo
escolas por eles mesmos criadas c mantidas; estudar a população de migrantes que alluiram,
fizeram do associativismo o principal meio para nos últimos 40 ano~, para a .:idade de Curitiba.
resolver problemas os mais diversos: criaram uma cor respondendo a uma necessidade de formação
imprensa rica, variada e de grandes proporçôes. A do exército industrial de reserva e a íalta da divisão
utopia do teuto-brasileirismo foi inviabilizada pelo social do lraball1() no campo grandes e médias
Estado Novo no final da década de 1!J~{O. A cidades brasileiras. Inicialmente tem sido levantado
retomada dessa utopia, após a guerra, mostrou-se o percurso habitacional deste tipo de população
efêmera e sem perspectivas de êxito, devido à através dos diferentes planos habitacionais
mudanças circunstânciais havidas. implantados nos níveis federal, estadual e
municipal de governo c, as rclaçôes que se
Artur Cesar Isaia (PUC-RS). CatolicislI/o estabelecem destas comunidades eom o Estado e a
Missio/lário e Messiallismo Castilhista: a "Sall'açiio sociedade. Pretendc ainda identificar as
Social" em Projetos coe.xistêllcia lia República Velha representaçôes feitas por esta população da sua
Gaúcha. Essa comunicação tem por objetivo posição enquanto migrante e elemento constituinte
perseguir as aproximaçôes existentes entre dois de uma cidade cuja imagem criada e "vendida" é a
projetos de "salvação social", embasados em de uma cidade de primeiro mundo. voltada ao
leituras peculiares da realidade: a do catolicismo atendimento da classe média, sem os grandes
mlSSlOnano, de cunho recristianizador c a contrastes SOCIaIS das grandes cidades,
eastilhismo, de inspiração comtista, portador da higienicamente tratada c traçada, uma espécie de
idéia de uma regeneração moral da sociedade pela "Suiça" brasileira; e analisar a representação que a
ação estatal. sociedade curitibana, através de seus
representantes políticos, faz dos bolsôes de pobreza
Avelino Romero Simôes Pereira (UFRJ) Por lima inseridos em seu centro administrativo ou na sua
História Social da Música. Coube à historiografia periferia.
romântica da música. surgida na Europa do séc.
XIX e no Brasil dos anos 20, a construção de Beatriz Piccolollo Siqueira Bueno (FAU jUSP) A
"gênios solitários", heróis de uma "História da Aplicação de Modelos Ideais lias Cidades da
Música" limitada entre suas vidas e obras. Ao América Espallhola e POl1ugllesa. U ma das maiores
romantismo une-se um positivismo estéril, preso às "utopias" do século XVI: a aplicação de modelo~
"certezas empíricas" da recolha de documentos e do ideais nas cidades novas criadas na América
estabelecimento de "fatos'·, que alinhavam Espanhola e Portuguesa. Pretendemos proceder a
cronologicamente as grandes vias e grandes obras.
40 XVII Simpósio Naciollal de His/()ria

um estudo comparativo, analisando as das lutas camponesas com o movimento operário


caraclerísticas peculiares ao urbanismo aplicado mineiro, em lermos da questão agrária. Através
por Portugal em suas Colônias e aquele aplicado das vinculaçôes entre estes diversos aspeetos,
pela Espanha. Pretendemos analisar as estaremos visando a uma interpretação da história
convergências e divergências entre ambos e recente dos movimentos sociais agrários e seus
sobretudo focalizar as fontes que lhes serviam de efeitos em relação às políticas de Estado levadas
inspiração. adiante na Bolívia nas décadas de 1950 e 1960, da
Revolução Nacional de 1952 até o golpe militar de
Beatriz S. Carneiro (Universidade Paulista) 1964.
Metamorfoses da Silhl/eta: O Veslllário !lO Illício do
Sécl/lo. Ser cosmopolita passava antes de tudo por Carla Beatriz Meinerz ver Ieda Gutfreind
se mostrar cosmopolita. A alteração dos modelos
de vestuários ano à ano acompanhava as Carla Sílvia Beozzo Bassanezi (UNICAMP)
vertiginosas transformações da vida cotidiana da Canl/ell da Silva, a Revista C/aI/dia e as Relações
cidade de São Paulo. Homem-MI/lher (primeira metade dos alias 60). As
distinçôes de gênero que constituem o modelo
Benares de Oliveira Gomes (UFPB) Resistêllcia dominante das relaçôes homem-mulher, nos anos
Escrava em Pemambl/co do Sécl/lo XIX. O objetivo 50 e na segunda metade da década seguinte,
deste trabalho é procurar desmistificar a figura do delegam aos homens autoridade e poder sobre as
negro/escravo dócil, submisso, incapaz de reagir à mulheres e determinam a estes o papel de
dura vida que lhe fôra imposta. Para tanto, fez-se provedores do lar e elemento ativo nos
necessário a busca de mecanismos que levaram relacionamentos com o sexo oposto, enquanto que
esses mesmos escravos a se rebelarem e negarem o às mulheres os papéis tradicionais de mãe, dona de
sistema que os oprimia. A resistência escrava, em casa e esposa dedicada e contida sexualmente.
Pernambuco, do século XIX, tem muito a nos Neste contexto, Carmen da Silva - uma voz
revelar das facetas do escravo, que procuram dissonante e inovadora para os padrões da época -
demonstrar o quão foi relevante seu papel, seja surge com novas propostas em questôes de
individual ou coletivo, para o processo de corrosão relacionamento homem-mulher, sexualidade,
do sistema escravista. O assassinato, como uma das condição feminina, moral, amor, convívio social,
formas de rebeldia, foi, aqui, resgatado para casamento etc. Expressando-se em uma revista
afirmar a intolerância do negro face aos seus feminina - Cial/dia - que, em geral, veicula e
algozes, fossem eles senhores, feitores. capitães-de- alimenta o modelo dominante, Carmen da Silva
mato-, etc. A documentação que vcm !'endo provoca polêmica com seu discur~o ousado e
utilizada pertence ao acervo do Arquivo Público feminista. Dentro dos limites (; Ja~ po~sibilidade~
Estadual de Pernambuco, consta de relatórios e de um meio de comunicação como C/aI/dia, a
ofícios de Chefes de Polícia, bem como autos de autora se preocupa em desenvolver um trabalho
Inquérito que fazem parte da documentação da constante junto às leitoras em busca de uma vida
antiga Casa de Detenção do Recife. melhor, de um maior auto-conhecimento, de uma
integração satisfatória com os mundos doméstico e
Canrobert Costa Neto (UDF) Refomra Agrária lia extra lar e de um diálogo mais rico no
Bolívia (1952/64j: Uma R eillterpretação do relacionamento homem-mulher. Combate mitos e
Processo. A revolução Boliviana de 1952 inaugurou estereótipos arraigados. Procura favorecer a
o processo de grandes transformações na questão subjetividade feminina sem deixar de propor às
da posse da terra naquele país. Durante mais de mulheres um maior compromisso social.
uma década, camponese~ (colonos e coml/lleras)
enfrentaram "acelldados e Icgislaçôe~ agrárias na Carlos Alberto Alves de Souza (PUC-SP)
tentativa de cumprir o antigo lcma de muitos "Varadollros da Liberdadc": ClIltllra e Idelltidadc
movimentos camponeses, anteriores mesmo ao dos Seril/gl/eiras de Brasiléia-Acre. I/(J LI/ta pela
desenlace pós-colonial, que era o de "terra para os Posse da Terra (1972-/990). Esse projeto de
índios". Procuraremos analisar as característica~ pesquisa, inserido no contexto acadêmico do
mais marcantes do período, levando em conta os Programa de Estudos Pós-Graduados em História,
seguintes elementos: o movimento de tomada de da PUC-SP, tem por objetivo estudar o processo
terra, organizado pelas bases camponesas, antes do histórico de "como" que os seringueiros de
estabelecimento da lei de Reforma Agrária;a Brasiléia-Acre, no período de \972 a 1990,
própria lei promulgada pelo Estado revolucionário conseguiram oragnizar suas forlnas de resislência~,
e suas consequências para proprietários de terra~, na Juta pela pos~e da terra, por ocasião da
camponeses e empresas agrícolas no país;relação
Programa e Resumos 41

penetração do capital agropecuário naquela região. c Tecnológico - CNPq, o levantamento do tema


Neste processo, pretende-se investigar as Inquisição, Estado c Crimes Religiosos na Coleção
"experiências"políticas vividas por tal movimento das Ordens Régias do Arquivo. Estc trahalho
social de seringueiros, na construção de sua apresenta os resultados promissorcs destc primeiro
identidade cultural quando da organização das ano de pesquisa. Vários casos que relacionam o
lutas pela manutenção de suas posses. A Estado com ações inquisitoriais e repressão a
problemática desse projeto é tentar chegar a crimes religiosos foram localizados. Além disso, a
conclusões de "como" que os scringueiros da região pesquisa fornecerá a" Arquivo Púhlico de
de Brasiléia-Acre, no processo da lUla pela posse Pernambuco um bane<' de dados indicativo da
da terra, conseguiram organizar mecanismos de documentação pesquisada. Para (\ estudo da
resistências na defesa de sua "identidade" cnquanto Inquisição, este Projeto abre a possibilidade da
parte do conjunto dos "povos da Floresta". análise do tema através de um tipo de
documentação até agora não utilizado.
Carlos Alvarez Maia (Ohservatório Nacional)
Combatcs pcla Hó·tória: Hi.\·tória Social 0// Carlos Bertolazzi ver Ieda (iutfreind
Sociológica? Durante os anos 20/30 o mundo
franco-germâniw testemunhou dois atrevimentos Carlos de Faria Júnior (UFRJ) I!!rcja. Céll c
teóricos na ciência histórica, ambo~ C(Jmbativ()~ e II/[enw (Scglll/da /\1etadi' do Século XIX). Nosso
inovadores, aparelhados c preocupados na trabalho refere-se aos postulados teológicos da
conquista de novas terras e ferramentas para Igreja Católica que dizem respeito a dois mundos
análise histórica (scnsibilidades, colctividades, distintos: o céu e o inferno. A análise central
estruturas de pensamento, etc. ). Entretanto com a direciona-se às formas de pensamento, no
consolidação de somente uma dcssas propostas Ocidente cristão, contrárias aqueles postulados.
historiográlicas (institucionalizada nos "Annales") a Em outros termos. pretendemos nos referir à
atividade de historiar perdeu um valioso crítica excrcida por reprcscntaçôes do pensamento
instrumental orientado para evidenciar a cristão contra as p()stura~ dogmáticas da Igreja
historicidade daquelas atividades, vistas como Católica. privilegiando-se o período da segunda
independentes do devir social. Se por um lado a metade do século XIX. No que concerne à base
História Social de Febvre contentou-se com a idéia crítica a qm: nos referimos anteriormente,
de "uUilagc mCl/ta!", por outro lado, L. Fleck destacamos os espiritistas francese~ e a obra
ultrapassava-a com os conceitos de: "Del/hti/l" e literária do poeta português (,uerra Junqueiro,
"Dcl/kkolctiv". Com Fleck, os estudos das bem como as respectivas conjunturas, em relação
manisfestações culturais recebem o apOlO com o tema por nós escolhido.
sociológico na identilicação das rede~ de
pertencimento social dos indivíduos com ênfase em Carlos Eduardo dos Reis (PUC-SP) Rubcm
suas práticas coletivas. Com a exclusão da segunda FOI/scca: lIlW!!i'I/.1 Fascil/al/tcs de um Caótico
tendência (Fleck), uma ampla gama de objetos Caleidoscópio - Cidades/Cultura. A proposta da
históricos deixaram de receber atenção dos pesquisa é perceber os modos de constituição do
historiadores, por ausência de uma base teórico- urbano, através da ohra literária de Rubem
conceitual mais especílica, como é o caso da Fonseca - perceber como o autor com sua
atividade cientílica. Abandonada por historiadores, narrativa, seus personagens, constrói e representa o
as "histórias da ciências" são basicamente mundo urbano, com todas as suas nuâncias e
produzidas fora dos Departamentos de História, contradições - o mundo urbano entendido a partir
confeccionadas nos moldes da antiga História dos processos de construção das condições
Política. Nesta apresentação as obras de materiais de vida, dos modos de viver, tanto quanto
Fleck/Febvre são analisadas comparativamente dos valores. hábitos, comportamentos. atitudes e
como possibilidades teóricas para o historiar as crenças, que o viver, trabalhar e lutar no urbano
idéias. comportam. A obra literária de Rubem Fonseca,
porque esta ofen:ee um painel fascinante - de um
Carlos André Macêdo Cavalcanti (UFP) II/quisi(ão mundo urbano, povoado de um universo liccional,
c Cn'mcs Rcligiosos lias Ordcns Régias do Arquivo onde seus personagen~ deslilam num universo
Público dc Pcmambuco. O acervo do Arquivo caótico que se transforma incessantemente a cada
Público Estadual de Pernambuco apresenta uma momento sua narrativa clara, seca. por vezes
grande riqueza documental ainda não totalmente mórbida, apresenta o mundo da cidade do jeito que
conhecida. Baseados nesta constatação, iniciamos ele é - violento humano, solitário, erótico, caótico.
em março de 1992, com financiamento do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientílico
42 XVII Simpósio Nacional de Hislória

Carlos Henrique Aguiar Serra (UFF) As Idéias Teatro-Religião, presentes nas formas de inserção
Jurídicas e o COlltrole Social 110 Brasil dc 1945 a cultural da Igreja e do Estado dentro das principais
1964. Objetivamos estudar as estratégias de áreas urbanas. Visualizar na redefinoção da arte
controle social e de punição formuladas pelo teatral e dos papéis SOCiaiS uma face do
pensamento jurídico-penal no Brasil no período de rompimento com a ordem barroca e estamental.
1945 a 1964. A história das idéias jurídico-penais Tentar conhecer os novos limites do público e do
nesta conjuntura traduz-se na reformulação das privado, demarcados pelo amalgamento c
estratégias de controle social adotadas na Primeira entrelaçamento das diversas camadas sociais. Sob o
República. Neste sentido, interessa-nos renetir signo da decadência aurífera e do desejo de
acerca da relação entre o sistema penal (: o autonomia, econômica e social, perceber como se
mercado de trabalho que se complexifica com o articulavam em novos espaços os atores urbanos,
crescimento industrial. Destacamos o trabalho de "nacionais" e mulatos.
Gizlene Neder ("Criminal idade, Justiça e
Constituição do Mercado de Trabalho", Tese de Carmela Roseli Palmieri Parente Fialho (UFRJ)
Doutorado, USP), que analisa delalhadamenle a Tropicália 01/ PaI/i.\' et Circcnsis no País do Rei da
formação dos bacharéis/juristas e das Escolas de Vela. A produção cullural pós-golpe de 1964, se
Direilo no Brasil e relaciona o pensamento jurídico encaminhou para um repensar do papel do arlisla
brasileiro com o processo de conslituição do na sociedade brasileira. Nesse contexto, a
mercado de trabalho. Observamos que a queslão Tropieália significou a construção de uma imagem
do controle social não pode ser analisada deswlada de Brasil antropafágico, capai', de devorar o arcaico
da conjunlura hislórica. Desla forma, lJ estudo das c o moderno, num processo conlínuo de recriação.
estratégias de conlrole social t: da punição O que unia os diferenles setores artístico~ (cinema,
formuladas pelo pensamenlo jurídico-penal no lealro, arles plásticas e música) era a UlOpia de
período de 1945 a 1964 é rico e complexo. que através da culLura brasileira aulêntica era
possível superar o subdesenvolvimento.
Carlos Marlins Junior (USP) InsUlllraçâo da
Sc.\1Ialidade "Nonlwl" c ll{a,!:inalit/at/c. A partir do Carmen Lúcia Sema lLaborahi de Moura (UFMT)
eSludo da fala jurídica produzida sohre honra da Homcl/s Sem Terra Para Terras Sem Homel/s: Os
mulher pelo grupo pelo grupo de juristas que se Posseiros da Gleba Casca/a, ROI/t!OIlÔpo!iS, .Mato
diziam inlegranles da chamada Nova Escola Penal, Grosso, 1975-/985. "Homens sem terra para lerras
esle arligo prelende sugerir algumas pislas para a sem homens: os posseiros da Gleha Cascata,
compreensão do processo de normalizaçüo das Rondonópolis. Malo Grosso, 1l)75-1l)~5" é um
relaçôes afelivas e sexuais enlre as camadas trabalho que lenla rccuperar a hislória de
populares no período de implanlaçüo e numerosos lrabalhadores ruraisque duranle várias
consolidação do regime republican(\ no Brasil. Seu décadas, em levas sucessivas, huscam os "espaços
objetivo hásico é o de perceber como, a partir de vazios" do centro-oeste, movidos pelo sonho de
enunciados genéricos, o corpo jurídico da época possuir uma lerra onde possam viver e trabalhar.
define uma imagem de sexualidade "normal" como Procura reconstllulr a trajelória de luta e
eslralégia de conslrução de um esquema de resislência que enfrenlaram para permanecer na
policiamenlo e punição aos considerados gleba que ocuparam alé oblerem a titulação de
"anormais", visando a disciplinarizaçiio e mesma e as novas lulas que desenvolveram para
subordinação dos populares à ordem burguesa em melhoria de suas condiçôes de vida e de trahalho.
implantação no país. Destaca também a conlribuição do sonho c da lula
para o conjunto de eSlratégias, experiências e
Carlos Martins Versiani dos Anjos (USP) O prálicas polílicas que os lrabalhadores rurais eslão
Espetáculo e o Público lia Sociedade Mincira acumulando e que apontam para uma esperança de
Colollial. O objetivo da comunicação é discutir as lransformação de nossa sociedade.
manifestaçôes teatrais em Minas no século XVIII,
atentando para o redimensionamento do espaço Cecília da Silva Azevedo (UFF) Sob o Sigl/o da
público e das representaçôes sociais a partir da Aliallça: O Projeto Kel/I/C((~I e as Represel/tações da
década de 70. Trata-se de uma pequena análise América. Logo ao iniciar seu governo, o presidenle
sobre o Teatro enquanto atividade prolissional Kennedy lançou um amhicioso plano de
autônoma, quando da criação das primeiras Casas cooperação inleramericana - a conhecida Aliança
de Ópera e dos primeiros grupo!> teatrais para o Progresso. ESla comunicação prelenderá
Itmerantes. De como essas manifestaçôe!> enfocar os discurssos de Kennedy ao apresenlar o
substituem a nível do imaginário social a explicação programa aos corpos diplomálicos das nações
totalizadora do Barroco, o Teatro-Mundo e o
Programa e Resllmos 43

latino-americanas e ao Congresso dos Estados caracterizar este lipo de prática como naturalmente
Unidos, com vistas a levantar as representações em humana, nem tão pouco em indicar como ela foi
torno da América, dos Estados Unidos, da alvo de reflexões e procedimentos morais ao longo
América Latina, do desenvolvimcnto e da da história. Não perseguimos o momento ou a
democracia. Buscarei identificar a forma pela qual autoria "originais" desta invenção, pelo contrário,
o governo Kennedy se apropria de planos e numa perspectiva arqueológica procuramos
conceitos latino-americanos antcriormente promover articulações entre diferentes discursos
propostos, numa tentativa de incorporar o discurso através de enunciados, seus correspondentes
dos parceiros para deles se aproximar. Meu conceitos, objetos e lugares de onde diversos
objetivo será. assim. perceber como as imagens sujeitos falaram do homossexualismo e assim
relativas ao eu e ao outro são reconstruídas nesse estabeleceram relações de poder sobre os corpos
processo. O caráter de exportação da Revolução que frequentaram dispositivos lais como a prisão, o
Americana de que se reveste tal programa será asilo, o consultório, o hospital e a escola. O
igualmente considerado. observando-se portanto homossexualismo foi localizado num espaço de
não só seus aspectos heterodoxos naquela dispersão onde suas diferenças transitam por
conjuntura, mas também, numa mais longa múltiplos saberes. A delimitação desta topografia
duração, os Clementos que remetem a certa se define na repetição dos enunciados que
tradição republicana. Seguindo a perspectiva de M. possibilitam a produção científica do
Sahlins, segundo a qual os significados são homossexualismo.
reavaliados quando realizados na prática, atentarei
para a ocorrência simultânea de reprodução e Célia Costa Cardoso (PUC-SP) O lomalismo
mudança nessa dinâmica simbólica. Altemativo 110 COlltexto do Alltoritarismo: O lomal
Movimellto e a Problemática do Brasil (1975- 1981).
Cecília Hanna Mate (UNESP-Presidente MOVIMENTO nasceu em 7 de julho de 1975 em
Prudente) Escola para todos ... ali todos para lima um momento de claras dificuldades econômicas
escola: a década de 20 e a obrigatoriedade escolar. causadas pelo fim do "milagre econômico" e
Em diferentes rcgistros relativos a educação na norteado pela descrença na via armada para a
década de 20 em São Paulo (vozes institucionais, derrocada da ditadura civil-militar, pOIS as
empresariais, intelectuais, tecno-científicas) notei guerrilha!> urbanas e rurais foram aniquilada!> no
forte tendência de organizar uma nova educação. período de maior repressão política do governo
então chamada "científica" e "moderna·'. Neste Médici. Seguiu uma linha editorial de combate ao
diálogo percebi a complexidade de problemas que Poder Executivo e às Forças Armadas e apoiou
o tema da educação sugere, uma vez que as manifestações de caráter oposicionista. Os seus
questões de âmbito escolar traduziam lUlas em colaboradores expressaram em linhas gerais o
torno da reorganização e controle do processo de inconformismo e (I anseio de transformar a
trabalho e revelavam diferentes expressões sócio- sociedade. Retrataram temáticas que poderiam
culturais aí presentes. Elegi para essa comunicação passar despercebidas pelo público leitor.
um dos aspectos do problema: a obrigatoriedade Desvendaram realidades que, com certeza, apesar
escolar. Ao investigar as estratégias usadas em São da censura, dificultaram a atuação do Estado
Paulo na construção de projeto pedagógico que autoritário. Revelaram utopias c projetos de uma
lançasse as bases para uma escola padronizada que geração. A análise da coleção do jornal, composta
se ampliasse para toda a nação, percebi o tema da por 334 exemplares. parte da identificação das
obrigatoriedade escolar como questão para debate. principais temáticas veiculadas pelo semanário nos
O significado da obrigatoriedade escolar, anos setenta, orientadas segundo os valores e
precisamente na Reforma de 1920. junto a outras comportamentos de sua época. O exame do jornal
iniciativas como o Inquérito da Instrução Pública Movimellto de 1975, sugeriu a reIlexão sobre as
Paulista de 1926, trazem para essa discussão pontos representaçãoes criadas por jornalistas,
que permitem um diálogo mais estreito entre colaboradores e leitores de Movimel/to do tema
pesquisadores de história com pesquisadores da Brasil/Brasileiro no período do regime militar.
educação cujo intercâmbio precisa ser estimulado. Esta temática funciona como fio condutor dos
aspectos políticos, sociais e culturais e está sendo
Celeste Maria Baitelli Zenha Guimarães captada nos exemplares de 1975 a 1981, quase
(UNICAMP) Homossexllalismo: combates e sempre mutilados pela censura nos primeiros anos
illvellções. A questão que este trabalho pretende do governo Geisel.
cnfrentar não é a da exislencia anti-diluviana de
práticas sexuais entre seres humanos do mesmo
sexo, não estamos preocupados em apontar ou
44 XVII Simpósio Naciollal de História

Célia Cristina da Silva Tavares (UFF) Padre Pesqllisa. A construção da História de Vida dos
Gabriel Malagrida e a IlIqllisição (Séclllo XVI/lj. O próprios alunos e. das dos moradores e de suas
jesuíta Gabriel Malagrida, missionário no Brasil relações sociais possibilitam a reconstrução da
(1721-1754), confessor da rainha Maria d'Austria história local. Se a história por períodos, seriada,
mãe de D. José I (1754-1757), foi executado em 21 caminha do todo para as partes, do geral para o
de setembro de 1761, resultado de processo particular, do passado para o presente, o ensino, a
iniciado por denúncia feita pelo próprio Marquês pesquisa e a reflexão a partir da localidade pode
de Pombal à Inquisição. As acusações se indicar um caminho diverso. O eSllldo do lllgar tem
fundamentavam na autoria de duas obras: Vida um papel essencial no ensino de História, como
heróica e admirável da gloriosa Santa Alia. ditada espaço onde ocorre as manifestações do cotidiano
por Jeslls e sua Sallta Mãe e Tracado sobre a vida- e como ponto de partida para a construção do
reillal/te do AI/ticristo, de autoria de Malagrida. conhecimento. A memória possibilita luzes para
Junto a isso um padre companheiro de prisão uma metodologia de pesquisa, baseada na história
acusou-o de ser escravo de costumes infames. de vida dos sujeitos, estabelecendo um diálogo
Anteriormente, em sua passagem pelo norte e entre lembranças vividas e ações coletivas.
nordeste do Brasil, o jesuíta tinha adquirido a fama
de fazer milagres e tcr premoniçõcs. Além disso, Célia Regina ToledCl Lucena (PUC-SP) As
Malagrida escreveu um livro dando uma explicação Represel/tações do Espaço Urbal/o Palllista I/a
mística para a ocorréncia do terremoto de Lishoa Memória de Migral/tes. Nesta pesquisa
( castigo divino), se contrapondo à versão olicial de delimitaremos nossa análise a um bairro de
ter sido um fenômeno natural (elaborada pelo periferia - Vila Barbacena -, cuja origem remete a
Marquês de Pombal). O processo, a condenação e dimensão de migrantes mineiros que se instalaram
execução de Gabriel Malagrida marca um no local. procurando entender, através da história
importante momento dos conflitos entre a Coroa do lugar, a lógica da vida e identidade dos
Portuguesa e a Companhia de Jesus. moradores. Analisaremos a experiência de vida da
população no local em que habita, considerando
Celia de Bernardi (USP) O Lel/dário Mel/eghetti: que o lugar onde a população se concentra é um
Imprel/sa, Memória e Poder. Este trabalho insere-se espaço que lhe é próprio e onde se constitui a
na perspectiva das novas abordagens da história expressão mais clara de seu modo de vida. No
utilizando-se de uma figura lendária que marcou urbano buscaremos concepções teóricas sobre o
época em São Paulo: Gino Amleto Meneghetti. quadro cultural, sobre a~ lutas sociais e algumas
Reune várias versões produzidas a seu respeito explicações do setor econômico da vida de São
pela imprensa, literatura, fontes oliciais, cinema, Paulo, nas décadas de 40 e 50. Nos movimentos
memórias e depoimento orais, evidenciando as migratórios buscaremos a compreensão das
proporções assumidas por uma personagem que representações sobre a migração e a organização
até hoje é tomada como parâmetro da do grupo migrante no espaço urbano. Na memória
criminalidade urbana. Através de um estudo de buscaremos luzes para uma metodologia de
caso foi possível realizar uma leitura do social na pesquisa baseada em história de vida dos sujeitos.
perspectiva da pluraridade de versões, salientando- estabelecendo um diálogo entre lcmhrança~
se nelas as representações da imprensa. do poder e individuais e as ações coletivas.
das reminiscências orais. Desde os anos vinte
diversos mel/egllettis foram construídos e. neste Célio José Losnak (UNESP /BAURU) FOn/wr
percurso, constatam-se as manobras do poder, as Corpos e Consciências. Estamos desenvolvendo
opiniões dos diversos setores da sociedade, de uma pesquisa sobre a formação dos prolissionais
juristas e criminalistas, transformando-o num caso em Serviço Social na cidade Bauru. A principal
polêmico. Paralelamente a estas versões destaca-se documentação utilizada são os Trabalhos de
o COl/tradiscurso de Meneghetti composto pelos Conclusão de Curso dos alunos da Faculdade de
seus depoimentos e entrevistas aos jornais, cartas, Serviço Social de Bauru, referentes ao período de
memórias, além dos argumentos que utilizou 1966 a 19X3. Nesta comunicação, vamos abordar
perante as instâncias julgadoras registradas nos apenas uma temática: () estágio de formandos da
autos. Finalmente, do conjunto destas construções Faculdade em empresas c instituiçôes voltado para
se impôs a heroicização do bom ladra0, ligura a formação de trabalhadores. A~ erianças pobres
lendária preservada nas reminiscências paulistanas, são objetos de atenção do Serviço Social em
vencedora na memória coletiva. diversas árca5. Uma dela~ é o preparo para o
trabalho, através de informações técnicas e.
Célia Regina Toledo Lucena (FDE) Memória e principalmente. disciplinar e moral. Quanto aos
História Local: Uma Articulação EI/tre EllSil/o e
Programa e Resumos 45

trabalhadores adultos em empresas e fábricas, a uma verdadeira e desejável integração para o


atenção volta-se para o aprimoramento das continente.
relações interpessoais cordiais, preocupação com a
produtividade, ênfase no respeito a disciplina e Circe Fernandes Bittencourt (USP) O Percurso da
hierarquia, controle da vida fora do trabalho e na História na Escola Brasileira: Concepções, Fontes e
administração das reivindicações. Será que nessas Métodos de Pesquisa. As atuais propostas
intervenções podemos identificar características curriculares para o ensino de história têm sido
referentes não somente à cidade como também às objeto de polêmicas provocando reflexões
instituições nacionais c estratégias universais do importantes quanto às concepções que envovlem a
Capital? construção de uma disciplina escolar e o papel que
desempenha na formação de crianças e
Celso Fernando Favarello (USP) Utopias adolescentes. Inserindo-se ons debates que
Iluministas na Educação: a questão do pós- envolvem as questões de rcformulações de
modemo. Na situação pós-moderna o saber deixa conteúdos e métodos de ensino, a história da
de ser magnetizado por uma Idéia, como aquela, disciplina torna-se uma área importante de
iluminista, de emancipação da razão e da liberdade pesquisa contribuindo para aprofundar e ampliar a
humana e do progresso indefinido da razão na dimensão do conhecimento histórico difundido
história. As transformações contemporâneas, pela instituição escolar. A história das disciplinas
evidenciadas em discursos diversos, - filosóficos, escolares tem sido objeto de investigação nos
científicos, artísticos. etc. -, embora incidindo últimos anos tanto no Brasil quanto no exterior,
fortemente nos projetos educacionais, não situação que merece uma reflexão uma vez que se
provocaram até agora reflexóes relevantes segundo trata de um campo de pesquisa recente.
as perspectivas do debate sobre o pós-moderno. A Pretendemos, assim, situar parte dessa produção,
crítica aos pressupostos da modernidade vem especialmente na história do ensino da história,
repercutindo sobre o empenho moderno de buscando identificar os diferentes enfoques e
conferir um sentido totalizante às coisas, atingido abordagens, as fontes que têm sido utilizadas e a
que foi pela indeterminação e heterogeneidade das diversidade do tratamento metodológico para a
atividades contemporâneas. O debate sobre o pôs- pesquisa. Pretendemos igualmente apresentar as
moderno incide exatamente na crítica do ideal de concepções de disciplina escolar e a relação entre
progresso e no finalismo dos projetos modernos. conhecimento erudito e o escolar no sentido de
Trata-se, então, de pensar as repercussões desse aprofundar a reflexão histórica sobre o ensino e a
debate no campo educacional, pois neste vigem aprendizagem no Brasil.
discursos que pretendem, acima de tudo, afirmar
valores consensuais provenienles de totalizações Clara Suassuna Fernandes (ANPUH/PE)
pedagógicas. Pensamento de Henrique Augusto Milet (1870-
1890). A nossa exposição tem como principal
Cesar Augusto Barcellos Guazzelli (UFRS) propósito abordar a forma como Henrique
América Latina: Integração Versus Desintegração. A Augusto Milct, personagem de peso para a história
integração latino-americana é propalada nos dias de Pernambuco. compreendeu o processo de
atuais como uma das tantas panacéias capazes de constituição do espaço capitalista do Nordeste.
colocar os países do subcontinente no mundo Milet, um francês que tempos depois se
desenvolvido. Tratada apenas de um ponto de vista naturalizou, adotando a província como sua terra,
comercial, de mercados consumidores potenciais, a atuaou em diversas categorias desde de engenheiro
integração proposta nega as condições históricas de civil de estrada de ferro (como contratado pelo
desintegração e a articulação das nações latino- governo provincial) até como deputado anos
americanas ao mundo capitalista que as desenhou depois. As suas obras analisadas em nossa pesquisa
competidoras entre si. Sem um desenvolvimento eram de ordem econômica, política e/ou social.
auto sustentado que garantisse sólidos mercados Em quase todas analisou a questão da emissão de
internos, sem uma complementaridade nas suas papel moeda; a cobrança de impostos: a crise
produções, com carências extremas em relação a monetária; a situação do açúcar como produto de
subsídios dos países centrais, os projetos atuais exportação; a mão-de-obra em Pernambuco e no
parecem mais uma das tantas formas de Império; e o movimento "Quebra-Quilos", que
reordenamento das relações de dependência da ocorreu em certas províncias do nordeste. O nosso
América Latina. Para que se possa refletir propósito foi vê-lo no contexto, tentando perceber
criticamente sobre este quadro, é fundamental uma a sua visão diante dos acontecimetnos e criticar a
revisão em nosso histórico de desintegração, forma como interpretou o processo de constituição
buscando a partir daí o que seriam as raízes de
46 XVII Simpósio Naciol/al de História

do espaço capitalista tanto em Pernambuco como existem estatísticas sobre essa população, apenas
no Império. uma idéia aproximada, relacionando tribos e
nações que habitavam o baixo, médio e delta do rio
Clara Suassuna Fcrnandes (ANPUH-Núcleo PE). Parnaiba, cabeceiras do rio Gurguéia e sua
A Homeopatia em Pemambuco el/tre 0.1" SéclIlos extensão, serra da Ibiapaba, cabeceiras do rio
XIX e XX. Vendo os jornais poucos anos antes do Piaui, vale do Gurguéia, foz e cabeceiras do rio
meado século XIX, localizamos anúncios de Poty, limites com Pernambuco e região central do
médicos oferecendo seus serviços à população da Piauí. Eram aproximadamente 40 a 50 tribos ou
cidade do Recife. através de meios homeopáticos. nações, com nomes variados e bonitos como
Isto nos chamou atenção, pois só nos anos RO, do Pimenteiras, Tremembés. Crateus. Acroás,
nosso século, é que esta prática médica começou a Precatis. Anapurus, Gue,guês. Tabajaras, Jaicóis,
ser utilizada em grande escala. Ainda hoje, existe Xerentes, entre outros. Apesar de: ter sido um dos
preconceito entre os médicos tradicionais e os últimos estados brasileiros a ser colonizado, o Piauí
naturalistas, mas acreditamos que este já está foi o primeiro a exterminar sua população nativa,
sendo quebrado, mesmo que em ritmo lento. A devido à violenta guerra contínua e prolongada
nossa proposta de estudo é analisar a saúde da empreendida contra ela, e da vitória das armas de
província desde de 1845 até o início de 1<JXO, fogo contra o arco, LI tlexa c tacape. Sendo o PiaUÍ
quando foi criada em Pernambuco a Sociedade de a região mais antiga do continente americano, o
Homeopatia. Sabemos que o Século XIX foi um primeiro a extinguir com sua população nativa,
período onde as epidemias e os surtos endêmicos apesar de ser um dos últimos a ser colonizado,
eram uma constante, provocando a morte de reforça o interesse um desvendar como esses
milhares de pessoas. independente da classe social. aspectos interferem na história do estado mais
O que fazer e quais os meios de salvar a população atrasado e pobre do Brasil. Este trabalho surgiu em
das diversas doenças? Neste quadro queremos 1<J~O quando elaboravamos a dissertação de
observar o papel do médico homeopático c sua mestrado sobre a Balaiada, um movimento popular
aceitação, ou não, no quadro social. Será que esta ocorrido no Piauí e Maranhão durante as lutas pela
"nova" atividade era, ou é, uma utopia à saúde'! independência do Brasil, quando publicamos um
artigo com o mesmo título deste resum(l e só agora
Claudete Maria Miranda (UFPI) Memória o lemos tempo de aprofundar as pesquisas em
Escol/dida de Uma Sociedade: a dizimação dos fomes primárias.
ÍI/dios do PiauÍ. A historiografia brasileira, até os
anos 70, privilegiou as classes dominantes na Cláudia B. Heynemann (Arquivo Nacional e PUC-
análise ou descrição da sociedade. imperando uma RJ) Jardil/s româl/ticos. lima IItopia civilizatória. A
história linear, sem conflitos ou violência. Uma proposta deste trabalho é de apresentar as
história vista a partir das reglOes mais concepções urbanísticas e paisagísticas que à panir
desenvolvidas, relegando a história regional. A da segunda metade do século XIX propuseram
partir da história social, difundida no Brasil mudanças na capital do Império, em um Rio de
durante os anos 80, foram descortinando-se Janeiro cuja paisagem se enlaçava com o desenho
pesquisas e estudos sobre uma história urbano nas palavras de Sérgio Buarque de
marcadamente violenta e repleta de contradições Holanda, c que oferecia aos visitantes o espetáculo
escamoteadas pelo saber dominante. contribuindo das persistentes características coloniais e das
para a manutenção de uma mentalidade autoritária relações mercantis-escravistas. A natureza,
e e1itista, permanente e secular. A maioria da grandiosa e selvagem ganha um contorno
população brasileira, só agora, 500 anos depois, é civilizador da paisagem urbana sob a forma dos
que tem a chance de questionar a chegada de jardins, síntese de cultura e meio natural, fusão da
Pedro Álvares Cabral e sua frota, aqui em específica natureza tropical, traço distintivo que
Pindorama, a terra das palmeiras. hoje Brasil. garante a igualdade com as demais nações
Mesmo assim perdura a verdade de que o Brasil foi civilizadas com a perspectiva amena, socÍabilizantc
descoberto ... O processo de ocupação, conquista e e salubre da vegetação ordenada c reconstruida. O
colonização do Brasil pelos europeus, é visto aqui modelo dos jardins ingleses para Joaquim Manuel
neste trabalho, a partir da violência do colonizador de Macedo, dentro do melhor espírito romântico.
para com as populações nativas do Piauí, que era o que produzia as mais "agradáveis e completas
fervilhavam como formigas às margens dos rios e ilusões", seria predominante no período. aliado ao
vales: no final do século XVIII e começo do XIX, desenvolvimento da silvicultura e da engenharia
praticamente não havia mais nenhuma nação florestal, a face mais material mais nào menos
indígena no Piauí que não tenha sido extinta. utópica de um tempo assinalado na paisagem.
expulsa, aldeada, aculturada ou escravizada. Não
Programa e ReSltl1/os 47

Claudia Bucccroni Guerra (UFRJ) A IlIquisição rever (I papel destes jesuítas no processo de
cOlltra o Catarismo 110 Sul da Frallça do início do expulsão dos franceses do Rio de Janeiro,
século XlV. No início do século XIV, um grande conversão do~ Tamoios e fundação da cidade do
processo foi instaurado pela Inquisição com o Rio de Janeiro.
objetivo de combater os últimos focos da heresia
Cátara, a qual, scgundo os historiadores, estaria Claudia Regina Amaral Affonso (UFF) Entre o
baseada em antigas correntes gnósticas c Tempo e a Etemidade: o discurw social do
maniqueístas do Oriente. Em última análise, a episcopado nacional I/OS anos 40. As primeiras
missão do tribunal do Santo Ofício era romper décadas do século XX assitiram, no Brasil, a um
com um quotidiano herege fortemente arraigado acelerado processo de modernização em vários
nas relações sociais das populações do Sul da setores. A crescente laicização do Estado e da
França. sociedade e a perda de "espaço" por parte da Igreja
Católica, integram esse quadro. Já no início dos
Cláudia Mauch (ULBRA) Turbulelltos e Populares anos 20 veremos a Igreja encaminhar soluçôes para
na Imprensa Porto-Alef.,'fellse na Década de 1/)90. esse seu problema, ela buscará o apoio de
Na década de 1890 alguns jornais porto-alcgrenses intelectuais para o seu projeto de recristianização
se cmpenharam em uma cam panha pelo da sociedade (a fundação do Centro D. Vital, é um
saneamento moral da cidade. Esses periódico~ se exemplo), paralelamcnte formam-se diversos
colocavam perante o público- leitor como grupos católicos com o mesmo objetivos (os
representantes legítimos do Zé Povinho mas, por Círculos Operáríos Católicos, a Conferência
maÍs próximos que estivessem ou pretendessem Católica Brasileira ... ) c em 1(H.') é criada sob os
estar do homem comum, os textos dos jornais não auspfcíos de D. Leme a Ação Católica Brasileira.
são expressão da cultura popular. Mesmo um órgão destinado a atuação conjunta de leigos
utilizando significadso sociais gcrais, os jornais nos sob a direção da hierarquia eclesiática. Falta, no
falam do "povo" como um Oll/ro, não sendo por este entanto, organicidade ê unicidade à direção
produzidos. Então, trata-se de investigar que tipo Episcopal. Só em 1939 aconteceu o 1º Concílio
de relação essas fontes estabelecem com este Plenário Nacional que produzirá, ao longo da
outro, tomado aqui como o popular c/ou () década de 40, um comportamento mais homogênio
/llrbulento. Sabe-se que trabalhar com textos da elite eclesiástica e consequentemente, do
jornalísticos significa trabalhar com as movimento do~ leigos. O fim do Estado Novo
representações sobre s sociedade vigentes num Varguista, a reconslitucionalização do Brasil em
dado período. Ma medida em que as }I)45, o avanço do Comunismo, o estabelecimento
representações sobre o mundo social são elas da Guerra Fria, além dos crescentes movimentos
mesmas constituintes da realidade social, as de defesa das liberdades individuais, aprofundarão
notícias expressam, por um lado, como os a necessidade de um novo posicionamento dos
contemporâneos interpretavam alguns católicos frente à realidade cada dia mais dinâmica.
acontecimentos e práticas de sua época e, por Assistiremos ao esforço renovado da hierarquia
outro, como eles interferiam na sociedade através católica na tentativa de, criticando, opinando,
da construção e reelaboração de estigmas e publicando artigos ... dar forma a esse novo tempo -
imagens marcantes cm nossa cultura, como a figura fosse ele a modernidade Católica. A materialização
do suspeito. desse plano da Igreja Católica virá em 1952 com a
fundação da Conferência Nacional dos Bispos do
Cláudia Pastor Almeida Soares (USP) Jesuítas e Brasil (CNBB), um vigoroso núcleo de decisão
Fral/ceses lia FUI/dação do Rio de Jal/eiro. Durante colegiada sob a incontestada liderança de D.
a primeira melado do século XVI, a região da Baía Hélder Câmara, que daí por diante, estará presente
da Guanabara constituia-se no grande "foco" de em todas as discussôes políticas relevantes de nossa
franceses a ocupar a colônia. Aliados aos Tamoios, História recente.
navios franceses entravam e saiam tranquilamente,
do Brasil para a Europa, carregados Claudia Schemes (USP) Festas Cívicas 110
principalmente de Pau Brasil. A necessidade de Varguisll/o e Perol/islI/o: A Utopia do Povo UI/ido e
fundação dc uma vila na região da Bafa era vista Feliz. Quando analisamos o varguismo e o
para manutenção da área sob domínio português. peronísmo fica clara a tentativa dos ideólogos
Essa idéia era defendida por vários colonos e desses regimes de produzir uma imagem de
principalmcnte pelos missionários jcsuítas, que unidade, harmonia c felicidade reinantes nesses
chegam ao Brasil a partir de 1549. Utilizando períodos. A ênfase na eliminação dos conflitos
basicamente a documentação deixada pelos Padres entre as classes para a constituição da sociedade
Manoel da Nóbrega e José de Anchieta, vamos
48 XVI! Simpósio Nacional dc História

fraterna, constituem elementos chaves no~ realidade miserável e subde~envolvida, forjaria as


discursos da época. As festas cívicas conliguravam- utopias de um novo Brasil. Em nossa comunicação
se como rituais nacionais responsáveis pela criação nos debruçaremos sohre a utopia positivista,
do momento coletivo e do universo como analisando a estratégia de grupos que, nos
totalidade, idéias tão caras aos regimes por nós primórdios da República e no Estado Novo,
analisados. A festa será a grande responsável pela procuraram as classes populares em seus projetos
utopia da sociedade coletiva, harmônica e feliz. de construçã(, de uma grande Naçüo. Adaptando
cllltos que, recorrendo às "artes quc se bazcião na
Claudia Wasserman (UFRS) A Problcmática audição e na visão", fossem capazes de "dispertar
Nacional e a Questão da Idcntidade Nacional entre emoções altruístas em todos os assistentes"
1900 c 1930. A questão nacional tem sido (Teixeira Mendes), llS discípulos de Auguste-
amplamente discutida por diferentes autores, Comte partiriam da missa, chegando até o cinema,
sempre relacionada à dominação imperialista que na busca de instrumentos que pudessem difundir e
se estende por todo século XX. Entretanto, pouca consolidar sua doutrina junto ao povo brasileiro.
atenção se dá à relação fundamental para discutir a Em no~sa comunicação, procuraremos recuperar
prohlemática nacional latino-americana, que diz alguns passos da trajetória acima indicada,
respeito às minorias oprimidas, mestiços, índios e contribuindo para a interpretação das relaçôes
negros. Para estudar a questão nacional na entre religião, cinema e política no período em
América Latina, é fundamental contemplar a questüo.
relação etnia-classe que se constitui na chave dos
problemas de dominação. É através deste estudo Cláudio Pereira Elmir (ULBRAjUNISINOS)
que se pode entender a origem geo-histórica dos Ollrares solHe si c () outro: As várias faces do
povos latino-americanos e a consclencia de corollelismo. Neste texto, em que trabalho
pertencer a uma comunidade mais ampla que a basicamente com (,7 cartas pessoais recebidas por
local. Será importante ressaltar também o papel um coronel do RS, tento fazer uma análise das
que exerceu a formação dos Estados Nacionais imagens construíds pelo~ subalterno!>. acerca de um
latino-americanos neste processo, e verilicar o mandatário local, com o objetivo de diferenciar
caráter de classe destes Estado~, que passam por uma prática fotmada como homogênea e inOexível
alto da problemática nacional, promovendo uma - a do mando incontesle -, mostrando que esta
integração e centralização forçadas com a visüo esbarra na própria leitura dos "agregados", ao
finalidade de garantir o intercâmbio comercial com mesmo tempo em que analiso a prática coronelisla
o capitalismo europeu. As tarefas capitalistas dos atravéds das noçôes de "poder simbólico" capital
Estados Nacionais, como a formação dc um simbólica e "Campo Político" de Pierre Bourdieu.
mercado de terras e organização de um mercado
de trahalho, foram realizadas em prejuízo da~ Cleber Cristiano Prndanov (USP) .4 Utopia
terras indígenas e da autonomia popular. Isso deu Americana. A construção do mundo americano
origem a uma resistência econômica, política c pós-colombiano, repre!>.entou para alguns povos
social que acabou por estabelecer a formulação de curopeus e especialmente ibéricos. a oportunidade
outra integração nacional-popular. Este movimento de realizar o sonho de construir uma Nova
aparece com clareza entre 1900 e 1930 em lodo sociedade, idealizada em suas fantasia;, e desejos
continente e especialmente na Rcvolução mais remolos. A América surgida ou inventada a
Mexicana, Reforma Universitária e organizaçôes partir de 14()2 recebcu um contingente importante
socialistas. Os latino-americanos experimentam a de homens c idéias que lizcram nascer um mundo
sensação de pertencer a uma tradição hisi órica Novo c diferente do idealizado pelos europeus e
cultural comum, colocando-se a questão da daquele inicialmente encontrado na América. A
identidade. Ulopia européia se transformou em em mundo
Novo e diversificado.
Claudi(l Aguiar Almeida (USP) Da Missa ao
Cincma: A Utopia Positivista da Criac;iio de Um Clcci Eulalia Favaro (UNISINOS) "Far La Mérica":
Novo Brasil. Na própria origem do termo, o a l/lopia dos cmiwal/tcs italial/os. A partir da
conceito de utopia se remete a um país imaginário, segunda metade do ... éculo XIX, uma vasta
VtOpllS, onde um governo, organizado da melhor literatura foi produzida para acender e alimentar a
maneira possível, proporcionaria ótimas condições imaginação da~ populações pobres a Itália em
de vida a um povo equilibrado e feliz. Ao longo da relação às possibilidade~ dc enriqueciml:nto que (l
história hrasileira, esta busca de um Estado Continente Americano oferecia a quem quisesse
próximo da perfeição seduziu diversos grupo!>. de emigrar. Entre os intressad()~ (;stavam, de um lado.
políticos e intelectuais que, incomodados por uma
Pro!!ral1/a e Resumos 49

os governos de Estados jovens, como o Brasil, a UG8/4O) c as "Relaçôes de engenhos e casas de


Argentina, o Uruguai, os Estados Unidos da negócios;' constituem a base empírica consultada. A
América do Norte 'Im:, necessitando de braços partir da "reconslituiçã(," de proprietários de
para () trahalho agrícola, fahril ou na mineração. engenhos, quando reunimos informaçôes para o
estimulavam seus prepostos. os agl:nciadon.:s (; as princípio, meio c final da década de 30,
companhias de navegação, para qlW atraíssem com acompanhamos as transformaçôes c/ou
oÍertas sl:dutoras os desesperados c despossuídos. permanência~ ocorridas com os elementos
Dl: outro, a Igreja Católica, que através dos demográficos e econômicos constituintes destas
sermões dominicais ou dos jornais, ma l:stimulava, unidades.
ora desaconselhava os camponeses a emigrar. Uma
dura realidade, no entanto. esperava O~ fatigados Concessa Vai' de Macedo (FACE/CEDEPLAR/
viajantes, logo à chegada: o sonho de "Far la UFMG) Tecllologia c Trabalho Femil/il/o 110 Brasil
Mérica" se desfazia rapidamentl:. Na Colollial - Uma Telltativa de llltcrpretaçiio. A
correspondência com os familiares qUl: ficaram e participação das mulheres no trabalho produtivo
nas canções populares, a desilusão e () desespero tem sido vista de uma forma inadequada por
mostravam que entre o imaginado e (l real, entre muitos daqueles que se interessam pelo mundo do
pobreza c SUCl:SSO, a distãncia era bem maior dp trabalho no período pré-maquinaria. Ofu~cado~
que ..:ntre a América e a Itália. pela ideologia dominante que cultua LI

domcslicidade da mulher. ou não as enxergam


Cleuza Marina Pinheiro (UFOP) Crime e enquanto produtoras por excelência, ou o fazem
Crimil/alidade em Marial/a 1/0 SéCIIlo XIX: Um sem a persplcaCla usualmente dirigida aos
estl/do das tel/sões sociais ocorridas em /\fil/as trahalhadores do sexo masculino. Revisitar a nossa
Gerais I/OS oitocel/tos. O objetivo da comunicação é história, despida das visôes que suportam as
o de apresentar os resultados preliminares dos análises dirigidas para condições econômicas e
levantamentos em curso sobre o estudo do criml: e sociais diversa~. constitui o objetivo do presente
da criminal idade em Mariana - Seculo XIX. Os trabalho. Pretende-se. deste modo. resgatar a
dados foram extraídos da análise quantitativa, que importância do trabalho feminino na construção de
representa uma primeira etapa deste trabalho, até nossa riqueza econômiea, hem como destacar a
então realizada junto ao fundo documental especificidade da mulher enquanto força de
constituído por processos criminais pertencentes ao trabalho distinta daquela do sexo masculino.
10 e 20 ofícios do Arquivo da Casa Setecentista de Advoga-se que, no período pré-maquinaria, onde a
Mariana - (ACSM). Basicamente procuramos manufatura e/ou o trabalho artesanal prevalecem,
rastrear o fundo documental "processos crimes" sendo o ofício a base de todo o processo de
evidenciando os tipos de crimes que foram produção, as habilidades especificamente femininas
registrados pelas autoridades judiciais e a se associam e se utilizam em determinadas funções
participação dos diferentes segmentos da sociedade prescritas pela tecnologia empregada. As indústria~
mineira no quadro da criminalidade registrada manufatureira do açucar c a artesanal domiciliar de
oficialmente durante o século XIX. Desta maneira tecidos eonstituem o objeto central de nossa
procuramos preencher uma pequena parte da investigação, amba~ as mais expressivas de nossa
lacuna existente na historiografia de Minas do economia colonial.
se cu lo XIX, especialmente dos estudos do~
aspectos sociais e suas tensões internas, como Cristina Meneguello (IFCM-UNICAMP) Poeira de
também divulgar o levantamento sistemático dos Estrelas: cil/ema IlOlIVlVoodiallo lia mídia brasileira
processos eriminais do ACSM (com a construção das décadas de 4{) e 50. Apresentando alguns
de índices, tabeles e gráficos), que poderá ser útil resultados de minha dissertação de mestrado, o
con1(\ instrumento de trabalho, ou ponto de objetivo é oferecer uma fala que enfoque a
partida, para futuras pesquisas na área da História construção utópica do passado recente. Constatar a
de Minas oitocentista. importância da inserção do cinema americano na
vida cotidiana das populaçôe~ urbana~ brasileiras
Clotilde Andrade Paiva (CEDEPLARjFACE/ nas décadas de 40 e 50 permite perceber a
UFMG) "EI/Rel/hciros" Mil/eiros do Século XIX: A íórmação de um público envolvido l:steticamente c
trajetória de alRl/l/s proprietários de el/Rel/I/Os de afetivamente com esse cinema, fenômeno este
cal/a-de-açlÍcar I/a década de 30. Esta com unicação, complexificado pela própria atuação da mídia. É
inscrevendo-se nos estudos relativos as minas vital definir a relaçôo cinema-espectador diferente
oitocentista. objetiva expor os primeiros resultados de uma de influências determinantes ou de
da superporsição de três importanle~ conjuntos inversôes de valores, para pressupor u espectador
documentais. Dois censos populacionais ( I X31 /32 e
50 XVII Simpósio Nacional de História

em seu universo que ultrapassa o do lilme e se grupos sociais nas instituiçôes enfatizando o
estende aos temas do cinema americano que movimento da sua interação. Parte da
ensinam seu olhar propondo ideais de amoroso e compreensão que, se é verdade que os grupos
felicidade. Ou seja, o espectador não é pólo da sociais são afetos pelas estruturas de poder
relação mas constituído nela, na circulação das existentes, são também elementos constitutivos
mensagens. Entender o fenômeno da mídia na destas mesmas estruturas, às quais buscam
década de 50. porém, obriga abordar imprimir uma dinâmica própria. Estudos neste
especificamente o modo idealizado e utópico pelo sentido têm sido desenvolvidos por Bulst (1982),
qual esta década é entendida - e construída - Autrand (1 (86), Sleh-Burens (1986) entre outros.
dentro das historiografia c mídia atuais. A
construção de uma idéia de romântico e nostálgico, Cynthia Machado Campos (UFSC) Linguagem e
reiterada pela mídia, passa a ser entendida, melhor Resistência: um estudo sobre as populações
que desmascarada, como história ou seja, o clichê é catarinenses de origem estrangeira lias década de
também histórico. 30/40. Este trabalho pretende estudar as formas de
afirmação da língua nacional sobre as populações
Cristina Meneguello (UNICAMP) Cidade de origem estrangeira na sociedade catarinense nas
SoJisticada 0/1 Cidade Impossível? Impasses na décadas de 30/40, apreendendo as formas de
apreensão dos espaços urbanos contemporâneos. O resistência expressadas por essas populações. A
tema da intervenção urbana na cidade afirmação da língua nacional poderá ser estudada a
contemporânea está marcado pela idéia de uma partir da apreensão do investimento em
cidade impossível - apenas de fachadas c, portanto, instituições feitas pelo Estado catarinense na
"Pós-Moderna" - à qual não haveria eontraposição época, sobretudo em uma rede escolar oficial, que
ou sequer possibilidade de recuperação de pretendeu referenciar a educação de jovens nos
sociabilidade ou espaço público e político. Tal mal- princípios da brasilidade. Por um lado será
estar, ao revelar a utopia deeadente de uma eidade- evidenciada a maneira pela qual o Estado recorreu
clausura, consequêneia da cidade moderna permanentemente ao escrito. através de uma série
máquina e monstro, acaba por engendrar outras de textos científico~ ou de propaganda oficial,
utopias de recuperação das comunidades ou ainda difundidos entre as populações. Por outro lado,
de uma revitalização da história que os arquitetos e parece ser possível captar as forma~ de resistência
urbanistas julgam - erroneamente - empreender das populações às imposições da língua. Nesse
através da mera eitação nostálgica do passado. sentido ganham import.lneia tanto o~ movimentos
Cabe então, anterior a constatar a existência da urbnos, como aquele ocorrido na cidade dc
cidade sofisticada, perceber como ela foi colocada Blumenau em ]934, quando a população fechou o
enquanto problema, especificamente através das comércio ensaiando uma espécie de greve geral,
intervenções no tecido urbano propostas para São eomo também as formas de resistêneia cotidianas,
Paulo contemporânea no sentido de buscar expressadas pelas populações.
ordenar ou reinventar esta cidade, seja através da
atuação do patrimônio histórico, seja através da Cynthia Pereira de Souza Vilhena (USP)
alteração da malha urbana. Prescrição de Leituras e Modelagem de Leitoras:
Educação e Imprensa Católicas (1920/1950). A
Cybele Crossetti de Almeida (UFRGS) Relações pesquisa destina-se a contribuir para a constituição
de poder em Colônia na Idade Média tardia: um do campo da história da educação feminina no
estudo prosopográJico. Este trabalho é o projeto de Brasil, que está em processo de estruturação, por
pesquisa (ainda em fase de levantamento meio da investigação histórica de questôes ligadas
bibliográfico) desenvolvido sob a orientação do ao ato de ler, suas práticas e representações no
professor Neithard Bulst, da Universitat Biclefeld, interior do laicato católico, especialmente o
Alemanha. Tem como objeto de análise as relações feminino. No âmbito das diversas formas de educar
de poder na cidade de Colônia dos séculos XIV e inclui-se a literatura de formação do público
XV. Visa realizar um estudo do cruzamento das feminino, prescrita e normatizada pela Igreja, que
esferas pública e privada no exercício do poder a sempre pretendeu o monopólio da leitura legítima.
nívc\ da cidade, tendo como premissa que a Duas são as vertentes a explorar: a da imprensa e a
intersecção desta duas esferas é caraeterística e do colégio, espaços nos quais se dá a produção,
constitutiva da sociedde medieval. Para a divulgação, circulação, prescrição e imposição de
apresentação será dado um destaque especial ao textos e leituras cujas finalidades últimas sào a
aporte prosopográfico, pouco conhecido ainda em promoção de um determinado modelo de
nosso meio. A prosopografia é uma tentativa de formação/educação;a ampliação de seu campo de
compreensão global do papel dos indivíduos c
Programa e Resu/llos 51

abrangência e o estabelecimento de formas de estudo sobre a Revista Educação (1927-1961), que


controle sobre os usos da leitura c do livro, quando se originou da iniciativa autônoma de um grupo de
julgados "mal dirigidos" ou "pouco saudáveis". educadores, sendo posteriormente absorvida pela
Secretaria da Educação. à época Diretoria geral da
Daniela Buono Calainho (UFRJ) Em Nome do Instrução Pública de São Paulo, Esta investigação,
Santo Ofício: Familiares da Inqllisição Portllgllesa que se propõe a estabelecer e analisar o ciclo de
no Brasil Colonial. O trabalho que tencionamos vida do periódico c sua vinculação a diferentes
apresentar relaciona-se, de um lado, ao projetos político-educacionais do período,
funcionamento do aparelho inquisitorial português desdobra seus núcleos de análise em três direções:
no Brasil e, de outro, às relações entre o Santo em primeiro lugar, pretende caracterizar as
Ofício e a sociedade colonial. O aprofundamento diversas modalidades de controle que o Estado
destes dois eixos de reflexão centraliza-se. pois, no exerce sobre a formação dos professores mediante
estudo dos Familiares, categoria de funcionários da a divulgação de um saber "ideal" a ser incorporado
Inquisição que, em troca de inúmeros privilégios, à prática dos indivíduos. Em segundo lugar,
eram incumbidos de prestar serviços policiais e propõe-se a apreender características dos saberes
investigatórios à máquina do Santo Ofício, tanto no pedagógicos que constituem as leituras
próprio Reino, como em todo o ImpérÍ0 colonial recomendadas pela própria Revista. Finalmente, a
português na Época Moderna. O ingresso dos pesquisa busca conhecer o lugar ocupado pela
Familiares no quadro de oliciais da Inquisição imprensa periódica no campo prolissional dos
obedecia a critérios de "pureza de sangue", e o educadores nos diferentes momentos de existência
estudo dos processos de habilitação a que os da Revista Educação.
postulantes submetiam-se permite-nos avaliar o
grau de preconceito religioso e racial existente em Denise Aparecida Campos (PUC-SP). 1912: o EU
Portugal e no Brasil colonial. Avaliando também a de Allgusto dos Anjos na Imprensa Carioca.
atuação dos Familiares na sociedade é possível Desenvolvemos atualmente pesquisa que objetiva
entrever o grau de arbítrio que sua ação podia elaborar estudo sobre a obra - EU - de Augusto
atingir, espelhando o próprio caráter da Inquisição dos Anjos de modo a observar com ela o processo
enquanto aparelho de poder no mundo ibérico e de transformações ocorridos no espaço urbano do
em suas colônias. Rio de Janeiro na transição do século XIX para o
século XX. Aqui, nos limitaremos a fazer breve
Davi Felix Schreiner (UFSC) Práticas e análise da repercussão da obra quando de sua
Representações na Fonllação de lima Cllltllra do publicação em 1912, através das resenhas
Trabalho. O estudo analisa a noção de trabalho, no aparecidas na imprensa carioca. Este resgate faz-se
Extremo-Oeste do Paraná (1970-1988), na fala dos importante porque colabora para o
trabalhadores, dos empresários e dos discursos desevendamento de um dos personagens mais
oliciais, numa abordagem que procura entender a incógnitos da história da literatura brasileira.
construção de práticas e representações na Incógnito porque sua poética apresenta na época
formação de uma cultura do trbalho. Até a década formas de expressão "inclassilicáveis", de uma
de setenta, na região, trabalho era uma expressão ousadia rara, causadoras das mais díspares
unida à agricultura e a pequena propriedade - opiniões dentro do ambiente literário reinante.
discurso que exaltava o crescimento econômico e
cultural; o homem ordeiro, honrado e trabalhador. Denise Duarte Malta (USP) A Doença e a Cura na
Com as mudanças sócio-econômicas dos anos 70 e História do Brasil. O impacto causado pela
80, acontece a proletarização de famílias rurais e a diversidade da flora e fauna da Colônia estendeu-se
adoção do "modelo fábrica-vila operária" por desde a produção cultural metropolitana até às
empresas. O discurso do trabalho é recolocado em práticas cotidianas do homem ibero-americano.
outro patamar pelos pronunciamentos oliciais e Neste sentido, as curas e a busca de novas
empresanals, não deixando de incorporar as mezinhas, surgidas a partir das misturas de plantas
tradições culturais dos trabalhadores rurais. Os e animais bastante diferentes dos já conhecidos no
operários, se por um lado são objetos deste Velho Mundo, foram tema de profundo interesse
discurso, por outro, se apropriam de a sua maneira, de médicos e homens da ciência dos séculos XVII c
constituindo-se como sujeitos na medida em que XVIII, séculos da consolidação da conquista e
elaboram um outro discurso, próprio, diferenciado. assimilação dos territórios ultramarinos no
repertório do Imaginário europeu. Entranhand0 no
Denice Barbara Catani (USP) Saberes Pedagógicos universo fantástico. muitas das atribuições curativas
e Leitllras de Professores: Revista Edllcação (1927- identilicadas às espécies nativas ligaram-se ao olhar
1961). O trabalho aqui apresentado descreve um
52 XVII Simpósio Nacional de História

analógico, ao julgamento cristão - elemento com a anistia em 1979. Trabalhamos com dois sub-
ordenador da caótica onda de novas informações períodos; o primeiro vai de 1961 (surgimento da
que a colonização trouxe em seus avanços - e da primeira organização que se deiine como
interação entre o conhecimento médico europeu e alternativa ao peB) até 1971. quando ficou
a tradição indígena. Nesta comunieação evidente a derrota da luta armada e o
pretendemos enumerar alguns aspectos e aniquilamento das organizações políticas. Outro
características maléficas ou curativas que o mundo momento inicia-se com esta realidade e com o
natural colonial passou a envergar sob a ótica exílio, que só terminarj em Jln9. Para o primeiro
médico-religiosa colonizadora. período, foram estudados trê~
organizações/partidos políticos leninistas, surgidos
Denise Maldi (UFMT) Exércitos de Ílldios: Dos na década de 60 pretendendo ser alternativa ao
Gentios a Vassalos. Uma das primeiras fronteiras PCB; a Organização Revolucionária Marxista-
definitivas do Brasil foi foi definida ao longo do rio Política Operári41 (ORM-POLOP - 1(61). o
Guaporédurante o século XVIII. A fronteira do Partido Comunista do Brasil (pedoB) - 19(2) e a
Guaporé reflete os elementos medievais c de Vanguarda Popular Revolucionária (VPR - I96S).
modernidade presentes no arcabouço mental dos O período correspondente ao exílio foi visto através
seus idealizadores, construtores e mantenedores: da revista Debate, publicada em Paris e que foi um
homens que, situados numa ponte entre o medieval veículo de expressão importante de parte da
e o moderno, iriam pilhar. construir feitorias, fazer esquerda emigrada aberta à autocrítica da
"guerra justa" ao índio e cooptá-lo para a guarda experiência passada, propondo um projeto político
fronteira. O trabalho analisa a concepção do índio bem definido. Com a Debate, pudemo!.
pelo estadista setecentista na fronteira, seu ideá rio acompanhar a idéia de revolllção, da esquerda
a respeito e as consequências da!> atitude~ ditadas brasileira que viveu a luta política nos anos 60 e
por esse ideário nas situações de tensão. chegar a algumas conclusôes a respeito da idéia de
revolllção quc informava estes militantes no
Denise Monteiro Takeya (Univ.Fed. Rio Grande momento da volta do exílio, quando se preparavam
do Norte) Europa, França e Ceará: A expansão para a reintegração à nova realidade hrasileira.
comercial francesa 110 Brasil e as casas comerciais.
As relações comerciais entre o Brasil e a França Dennison de Oliveira (UFPR) COl/stnlÍl/do lima
tiveram um grande desenvolvimento a partir de Cidade Modelo: 1/11/ estlldo de história de políticas
meados do século XIX e, nesse contexto, casa~ públicas /lrbal/as (ClIritiba 110 filiai do séc/llo XX).
importadoras-exportadoras instalaram-se no país. O início da década dc 1990 propiciou a (re)
Em nosso trabalho, analisamos essa "Expansão cmcrgência da imagem da cidade de Curitiha como
Comercial Francesa" como parte integrante da uma cidade-modelo. Não se trata, contudo, de um
divisão internacional do trabalho, que então se fenômeno original. Desde meados da década de
estruturava. Nesse processo, as easas comerciais 1970 a cidade vem se destacando no campo das
atacadistas tiveram uma importância fundamental, inovações urbanas. Contudo. a conjuntura atual irá
na compra de manufaturados pelo Brasil e na dar uma ressonância inusitada ao modelo
venda de suas matérias-primas. A especificidade curitibano. É que. ao lado do interesse pclas
regional que existiu nessa expansão indica que é soluções urbanística~ adotadas aqui, verificam-se
necessário relativizar a idéia da pouca importância outras duas ordens de fatores: 1) a crise de
da presença francesa no mercado brasileiro, hegemonia que leva as classes dominantes a
comparativamente à inglesa. Neste sentido, o pensarem na sociedade, capazes de inspirar algum
Ceará é um caso exem piar: a análise das atividades tipo de sociedade ondc prcdomine () consenso e: 2)
de uma casa importadora-exportadora francesa a ação auto-promocional dos personagcns tidos
nessa província/estado, entre 1872 e 1930, indica o como responsáveis por estc sucesso, esforçando-se
papel que desempenhou na articulação de uma por mostrar suas realizações na cidade como a
economia agro-exportadora às correntes do prova maior da sua competência e credencial para
comércio internacional e revela os caminhos de sua pleilear cargos mais importantes. A pe~quisa adota
conquista da hegemonia no mercado cearense. um enfoque histórico, ahrangendo as experiência~
anteriores a cidade no campo do planejamento
Denise Rollemberg Cruz (UFF) A Idéia de urbano (Plano Alfrcd Agache. I(J40 - Plano Jorge
Revolução da Luta Am/Oda ao Fim do Erí/io Whilhem - 1965) c político. reconstitituindo n
(1961/1979). A nossa dissertação de mestrado, processo de discussão. planejamento e
defendida em outubro de 1992, pretendeu implementação das políticas públicas urbanas em
acompanhar a idéia de revolução em parte da Curitiha nos últimos 20 anos.
esquerda brasileira dos anos 60, até o fim do exI1io,
Programa e Resumos 53

Dilma Andrade de Paula (UFRJ) Na COlltramão conduta cristã, os habitantes, de São Paulo se
da Utopia: A Memória da Destntição da Cidade de deparam frente a um dia-a-dia de regras, normas,
São João Marcos (1941-1945). A temática da condutas. Valores que são apresentados,
comunicação é a recuperação e análise da divulgados e muitas vezes impostos. A resistência
memória da comunidade expropriada de São João será a manifestação corriqueira diante desse novo
Marcos, cidade destruída na década de 40 por uma cotidiano. É objetivo aqui, utilizando-se de
multinacional do setor elétrico, visando a processos-crimes da justiça Eclesiástica, apresentar
implementação de um projeto de aproveitamento a resistência dos paulistas do novo, ao até então
hidráulico. O objetivo da comunicação é apresentar muitas vezes desconhecido. Concubinato,
o recurso à história oral como técnica fundamental feitiçarias, divórcios e excomunhões são alguns
para a recuperação da memória dessa comunidade, crimes que dantes faziam parte da prática diária
identificada com aquele espaço social e territorial desses homens e que agora as normas religiosas
que deixa de existir. Assim procedendo, poderemos proibem.
verificar a visão particular de algumas das pessoas
que vivenciaram o processo e, também, a Dolores Prades (Fundação Santo André) A
contraposição de seu discurso ao da versãn oficial Nalllreza Olltológica do Pellsamellto de Karl Mar.x.
desse acontecimento. O propósito desta comunicação reside na
exposição do pensamento de Marx enquanto um
Dilma Fátima Avelar Cabral da Costa (UFRJ) complexo teórico que envolve e congrega
Cidade e Civilidade. A Cidade do Rio de Janeiro dimensões múltiplas interligadas, e dispostas em
vive, no século XIX, as contradições oriundas de torno da questão central e irredutível que é a luta
seu papel de capital do Império e vitrine das pela emancipação humana. Responsável pela
virtudes nacionais, ainda que sua estrutura urbana instauração de um 11 ovo fato teórico, Marx instaura
nõa dê conta da complexidade advinda com o seu uma ontologia que, rompendo com a tradição
rápido crescimento. A Cidade que deveria especulativa anterior, afirma a prioridade do
testemunhar a vitória do empreendimento mundo real e a possibilidade deste ser reconhecido
colonizador europeu nos trópicos, símbolo da na sua integridade. A supremacia do ser se torna
civilização ocidental, expressa no imaginário do aqui chave para a real possibilidade do
período o dilema do universo urbano, a desvendamento da realidade concreta. Responsável
representação da barbárie. O discurso médico. por uma configuração radical do modo de ver o
legitimado pelo progresso científico, identifica no conjunto dos fenômenos existentes, a nova postura
próprio sítio urbano a causa das doenças físicas e teórica de Marx instaura uma nova filosofia, uma
morais que aprisionam a Cidade e seus habitantes nova forma de saber, uma nova forma de
numa rede de degeneração que identifica o Rio de objetividade. É assim que o pensador alemão, com
Janeiro como a metrópole da morte. Assim, a base na análise objetiva do mundo concreto.
Cidade do Rio de Janeiro será aprisionada numa desvenda, ao longo de sua obra um conjunto de
produção discursiva que não apenas identifica os determinaçôes fundamentais do modo de ser
perigos do espaço urbano, mas alimenta imagens social.
que aliam higiene e civilidade. Nada escapa aoa
olhar classificador de médico: em seu discurso, a Dora Maria de Almeida Prado Montenegro
arquitetura, a história, o clima e a localização física (Colégio Magister) Os 50() Allos de Descoberta da
são elementos explicativos da barhárie e do atraso América Como Tema de Discllssuo 111 terdisciplill ar.
da Cidade. Como coordenadora pedagógica, Dora participou
ativamente do trahalho sendo a pessoa que
Diogo Manoel Santos da Silva (USP) O "Novo" e a conheceu todos os procedimentos de cada um dos
Resistêllcia em São Palllo Setecelltista. O século participantes. Preocupava-se principalmente com a
XVIII na capitania de São Paulo é caracterizado apresentação aos alunos, fornecendo-nos bagagem
por uma efetiva ação militar frente à expansão de conceitual-pedagógica. O apoio logístico desse
fronteiras desejadas por espanhóis. Recrutamento, trabalho também foi de sua responsahilidade. Dora
expedições, diserções marcam o dia-a-dia dos pode relatar como foi o trabalho de coordenação
habitantes desta capitania, na medida que o pedagógica desse trabalho.
recrutamento é obrigatório e a deserção é crime. A
criação do Bispado em São Paulo, em 1745, vai Dora Shellard Corrêa (ECOPLAN) História e
significar a ampliação da rede religiosa na colônia. Plallejamento Ambielltal. Uma descrição Sócio-
Rede que procurava abraçar os confins da Ecollômica da Õrea de Proteção Ambiental de
capitania levando a fé cristã. Portanto seja sob o Tejupá. A Área de Proteção Ambiental de Tcjupá
aspecto da construção de milícias armadas, seja na
54 XVII Simpósio Nacional de História

foi criada no início da década de 1980 englobando parte dos depoimentos coletados é marcado pela
os mumClplOS de Tejupá, Timburi, Taguaí, oposição entre o antigamente e o hoje. Aí
Taquarituba, Sarutaiá, Piraju, Fartura, Coronel captamos uma idealização não só das festas como
Macedo, Barão de Antonina, Itaporanga. Desde o também das relações sociais vividas no passado
final do século XIX, esses dez municípios se como se fossem uma paraíso perdido, momentos
diferenciaram quanto a sua estrutura de produção utópicos. Diz um dos depoentes: "Ah eu posso
e forma de integração no mercado estadual. dizer que no meu tempo havia mais paz, mais
Aqueles localizados à norte de Fartura participam consciência, mais fidelidade acima de tudo". Era
do mercado exportador de café, este cultivo em um tempo de "fartura" onde "não se passava
grandes propriedades trabalhadas por mão-de-obra dificuldades". Entre as pessoas havia maIs
assalariada;enquanto que os do sul, desde os anos "respeito" e "confiança". Elas eram mais "simples",
50, se destacam na cultura do feijão desenvolvida "ingênuas", "boas", "amigas", etc. Trabalhar com
em pequenas propriedades trabalhadas pela mão- depoimentos de velhos é interpretar o que passou
de-obra familiar. O objetivo desta comunicação é conforme a experiência vivida atualmente. No caso
descrever os reflexos das transformações ocorridas da maior parte de nossos informantes o que
na economia paulista à partir dos anos 60, percebemos é que a vivência atual de momentos de
particularmente a modernização agrícola, sobre a privação material, de discriminação, de abandono e
estrutura de produção e sobre a paisagem desses de perda de papéis sociais suscitam a lemnrança
municípios à norte e à sul da APA. daqueles períodos passados como um tempo
"maravilhoso" .
Dorothea Voegeli Passeui (PUC-SP) Museu I/ão é
lugar de velharia. A dinâmica museológica Dulce Aparecida da Silva Ramos (PUC-SP) Ve/:w
contemporânea requer frentes de atuação que e Reverso: Imagel/s de Soldadeiras I/a Idade Média
culminam com sua função comunicativa. Assim, a Ibérica (século XIII). Nossa pesquisa sobre as
apresentação de determinado tema para o público mulheres ibéricas medievais defronta-se com
em geral passa a ser priorizada, de modo que este imagens de mulheres desfocadas na documentação
tenha condições de dialogar com as informações do período. No entanto, as soldadeiras, ao
científicas-culturais-artísticas expostas. O ambiente contrário, aparecem satirizadas em imagens bem
museal será o responsável para a eficácia da nítidas e identificáveis nas cantigas de escárnio e de
exposição. Para tal, é imprescindível que ocorra o mal dizer. Soldadeira (ou jogralesa) era a
planejamento e a execução tarnsdisciplinar e por designação dada às artistas remuneradas a soldo,
multimeios, criando possibilidades para os diversos servidas por uma criada, que acompanhavam
tipos de público (infantil, escolar, acadêmico, geralmente os jograis em espetáculos itinerantes,
"popular", especializado, ... ) encontrar, no museu, de corte em corte, de cidade em cidade da Penísula
uma forma de aquisição de informações e de Ibérica, como cantadeiras e ocasionalmente como
acesso a emoções sensíveis, reagindo a ele por tangedouras do grupo musical. Eram mulheres que
esses dois vetores interrelacionados. O museu não se enquadravam dentro de uma estrutura
deixará de carregar o estigma de local de velharia familiar tradicional, pois viviam com clérigos,
quando conseguir ser objeto de interesses tinham filhos etc. Por vezes, eram marginalizadas e
múltiplos. sem atingir apenas o público consideradas prostitutas pela vida itinerante e
especializado, quando não exclusivamente o boêmia que levavam.
pesquisador de acervos. A velharia pode assim
transformar-se em patrimônio histórico-cultural e Edgar Salvadori de Decca (UNICAMP) A Utopia
ser apresentado ao público de modo interessante. /Iumil/ista: Do Cosmos ao MUI/do Histórico. No
século XVIII, período do iluminismo, o
Dulce Maria Pamplona Guimarães (UNESP- pensamento humano julgava-se capaz de conhecer
Franca) O Tempo ''Maravilhoso'' Que Passou: As o conjunto do universo por meio da Física e da
Festas de Outrora. Trabalhamos, nas memórias de Matemática. Este nosso racionalismo. que tem em
velhos francanos, obtidas de dpoiemntos pessoais, Newton e Leibnitz os seus grandes momentos,
as suas representações de festas profanas reelabora a idéia de razão herdada do século XVII
vivenciadas no seu "footings", das bandas no coreto, e por meio da intervenção metódica e experimental
do namoro, dos bailes, das visitas, dos jogos, das na natureza, julgam alcançar as leis que governam
serenatas, dos circos, das relações de vizinhança, o universo. Esta utopia mecanicista que por meios
dos piqueniques, do cinema, etc. Pressupomos racionais enuncia os princípios que regem a
dessa forma, uma concepção ampla de festa, ou natureza não tinha ainda conseguido conquistar o
seja, a consideramos como o espaço e o tempo do mundo histórico. Nossa proposta é a de analisar de
lazer, do "não trabalho" >. O discurso de grande
Programa e ReS/lmos 55

que maneira, em autores como Montesquieu, concretiza vlsao de mundo e orienta práticas
Voltaire, Herder, entre outros, a razão iluminista sociais mantenedoras do status quo.
vai aos poucos conquistando o mundo histórico,
através do exercício do método e da teoria, Edinaldo Bezerra de Freitas (UFRO) Desaldeados,
chegando ao ponto de elaborar uma liIosofia de os fndios e a Colonização Recente em Rondônia. A
história e problematizar as possibilidades do devir fronteira de expansão do processo colonizador
humano. brasileiro nestas últimas décadas avança sobre o
território amazônico. A criação do estado de
Edgard Leite Ferreira Neto (UFF) Os Autos de Rondônia em 191'1 testemunha a "integração
José de Anchieta e a Dinâmica dos Contatos nacional" pela rota da BR-364. Esta área passou a
Religiosos na América Portuguesa 110 Século XVI. A receber neste período milhares de migrantes
comunicação pretende, através de uma análise provindos de outras regiões do país, atraídos pelos
semiótica do Auto Na Festa de Natal de José de programas de distribuição de terras, pelas
Anchieta, explorar as possibilidades de utilização oportunidades cconomlcas, pelo "sonho do
das fontes quinhentistas, principalmente da Eldourado". Questionando sobre o "destino"
documentação jesuítica, no estudo das relações reservado aos povos indígenas de Rondônia,
religiosas entre europeus e tupinambá no século deparamo-nos com aqueles mesmos aspectos
XVI. O presente estudo enfatiza a importância da ocorridos a partir dos primeiros séculos do período
análise do processo de trocas simbólicas na colonial brasileiro: genocídio e etnocídio.
compreensão dos mecanismos de estahelecimento Registramos assim de população, aculturação,
de relações de autoridade dos jesuítas sobre os decuIturação. Uma das principais consequências
indígenas no decorrer das atividades catequéticas. deste processo é o desaldeamento indígena. Os
índios são "empurrados" para as cidades, onde
Edileuza Moura e Silva (Secretaria de Educação- passam a compor parte da população periférica
PE) Quem Conduz o Ensino de História em Sala de que sobrevive em situação de exploração e
Aula? Esta Comunicação objetiva apresentar os pobreza. Porto Velho, por exemplo: a capital de
caminhos que o ensino de História tem percorrido Rondônia comporta um grande número destes
em sala de aula através de profissionais que se desaldeados. São Karitiana, Karipuna, Parintintim,
colocam como aptos a exercê-Ia. Embora a ete. Sabemos de sua existência. mas, quantos são?
pesquisa ainda esteja em andamento, já tivemos Que procedências? Que fazem na cidade? Que
oportunidade de fazer várias visitas às escolas pensam sobre sua própria condição? Projetamos
públicas, onde foi possível entrevistar professores e estudar o fenômeno. pondo em perspectivas sua
alunos sobre a condução do ensino de História em importância e as dimensões da problemática.
sala de aula. Este trabalho foi iniciado após a
abertura dos espaços de Capacitação em Serviço Edir Pina de Barros (UFMT) A Morte e os Mortos
pela rede pública, onde foram discutidas na Sociedade Bakairí. Os Bakairí - povo de língua
coletivamente com os professores alternativas que Karíb - vivem em duas Ôreas Indígenas situadas no
busquem reformulações acerca de questões que cerrado norte mato-grossense, ao sudoeste do Alto
vão, desde o repensar da sala de aula, passando Xingu. Na sua sociedade, os mortos e a morte
pelo papel da Escola, à identificação das desempenham papel fundamental. São os mortos
concepções que norteiam o ensino de História. que controlam as estações do ano e o ciclo de uma
Entretanto o processo de capacitação em serviço, substância vital denominada ekunl que permeia as
não foi entendido por grande parcela do referências espaço-temporais, os sistemas de
professorado, tendo em vista as resistências e classificação e as interações estabelecidas com os
incompreensões dos mesmos, o que os levou a principais componentes do meio ambiente. A vida,
observar os caminhos da prática pedagógica nas em última instância, depende das relações
escolas, levando em consideração que os vivos/mortos. A morte é. portanto, mais que a
professores convidados em sua maioria não morte, na medida em que se integra na cadeia
comparecem aos encontros de capacitação. organizadora da vida através de interações
Analisamos entrevistas de alunos e professores, dialéticas entre vivos e mortos. A morte,
procurando o que havia em comum nas suas falas. escatologia, cosmologia e etnoecologia são temas,
O que consideramos importante não é o que as portanto, pertinentes à comunicação que será feita
pessoas estão dizendo, mas, o que significa a fala e ao "pape r" que será produzido.
delas no processo do ensino de História. O que
está em questão é o ensino de História que Edmeia Aparecida Ribeiro (UNESP-Assis)
contribua para desmistificar a História que Juventude e sexo: conhecimento e prática. Em nossa
56 XVII Simpósio Naciollal de História

sociedade o sexo sempre foi muito reprimido sendo são retomados ideais nacionalistas/particularistas,
que a opressão maior fica no campo feminino, pois rearticulam-se mais uma vez, os Imaginários sobre
além de tudo, as mulheres estão sujeitas a a unidade da América, e em especial a de raízes
preconceito a proibições. Nesse sentido, durante latinas. O que intentaremos nesse ensaio será, além
muito tempo, elas tiveram oportunidade de de pontuar as origens desse Imaginário, marcar a
conhecer melhor o sexo somente depois do convergência entre o ideá rio bolivariano de
casamento. Na contemporaneidade podemos unidade latino-americana e a formulação, à época
perceber uma transformação nesta mentalidade, da independência, de um Imaginário Utópico
embora conserve permanências. A juventude, mais romântico.
precisamente a feminina, tem uma liberdade maior
para aprender e questionar a prática sexual. No Eduardo Neumann (UFRGS) A Participação
entanto, a vivência desta sexualidade apresenta Guarani-Missiolleira lia Vida Colollial Rio-Platellse.
contradições, visto que ainda persistem casos que Durante os séculos XVII e XVIII, foram
indiquem ingenuidade e desconhecimento. Isto nos constantes as requisições para que os guarani
leva a questionar a relação conhecimento/prática, mlssloneiros aldeados sob a tutela jesuítica
levando em conta a idealização por muitos jovens prestassem serviços ao poder público colonial. A
de uma vida comum com a pessoa escolhida. participação destes guarani na vida provincial
rioplatense foi de extrema importância, quer como
Edna Maria dos Santos (UERJ-USU) e Carmem "tropa auxiliar" defendendo as cidades coloniais
Lucia Tindó Secco (UFRJ) Uma Alegoria da tanto dos ataques lusitanos, como dos "índios
América: o vazio das lillguagells e das utopias. A infieis" ou como força de trabalho nas obras
desmitificação da história sem utopias, o públicas, edificando prédios e fortificações, além
desvelamento da face indefinida da América dos trabalhos de construção naval e transporte de
alegoria, ruína e paródia em "a Guarac"a dei mercadoreias para o abastecimento dos mercados
Macho CamacllO de Luís Rafael Sánchez. Crítica a internos coloniais. Diante da precária oferta de
dependência e ao machismo Latino-Americano. O trabalhadores para a execução dos "ofícios
processo corrosivo da ironia. A fragmentação da mecânicos" os guarani missionairos constituiram-se
linguagem e a "desfetichização" da canção porto- na alternativa predominante e largamente utilizada
riquenha. A denúncia do impedimento na pelo poder público colonial para suprir csta
comunicação causado pela mídia a necessidade de deficiência. A necessidade de braços qualificados c
novas reterritorializações. disciplinados para o trabalho regular detcrminou a
constante presença dos guarani missionciros no
Edson Passetti (PUC-SP) Utopia e Justiça. O perímetro das principais cidadcs coloniais
anarquismo como crítica à sociedade orientou-se, rioplatenses pois os guarani de ofícios trabalhavam
fundamentalmente, pelo pensamento de Proudhon quase regularmente para as obras públicas do
e Bakunin cosntruídos sob os efeitos da Revolução governo.
Francesa. Hoje em dia, quando a crítica à
sociedade vem se tornando cada vez mais presente, Eduardo Victório Moreuin (USP) O Cillema como
o pensamento anarquista novamente apresenta-se FOllte Histórica lia Obra de Marc Ferro. O trabalho
ao debate. Propomos então, retomá-lo a partir de de Marc Ferro permanece, ainda hoje, uma
uma obra fundante, pouco divulgada no Brasil, referência obrigatória nas discussões sobre a
escrita entre os anos anteriores e subsequente à relação entre cinema e história, tanto no quadro
Revolução Francesa. Trata-se de Ali Ellqlliry teórico europeu, quanto brasileiro. Vários de seus
cOllcemillg political Jllstice alld its IIIflllellce 011 artigos vêm sendo publicados no Brasil, como a
Moral alld Happilless, de William Godwin, de 1793. mais recente tradução de Cilléma et Histoire. Para
Neste ano portanto, completa-se 200 anos da este autor, uma Nova História seria construída
publicação de um livro que marca a influência como ajuda do filme, visto como uma "arma de
crítica do anarquismo. combate", já que suas imagens trariam à tona,
quase que involuntariamente, os elementos de uma
Eduardo Kersting ver Ieda Gutfreind "contra-análise" da sociedade. A nossa
comunicação analisará os desdobramentos
Eduardo José Reinato (Univ. Católica de Goiás) metodológicos desta idéia-chave, relacionando-a
BoUvar e a Utopia Româlltica. Quantos de nós já com outros temas presentes na sua obra, como a
não se deixou empolgar pelo sonho de unidade objetividade, a autenticidade, a representação da
latino-americana? Nos dias de hoje, quando se história no cinema, o papel da análise fílmica, etc.
discute na América e na Europa, projetos de Ressaltará, também, a maneira pela qual se efetiva
unificação econômica e cultural e da mesma forma,
Programa e Resllmos 57

a relação cinema e história a partir do estudo de social e histórica e contém um discurso formador
alguns dos objetos examinados pelo autor, como os da sociedade histórica. Nesse perspectiva a análise
filmes da República de Weimar e A Greve (1924), dos seus conteúdos nos permitirá tratar e alcançar
de Sergei Eisenstein, por exemplo. as diferenciações sociais e as configurações
culturais neles contidas.
Eduardo Vilela Thielen (FIOCRUZ) Imagells da
Saúde do Brasil. A pesquisa tem como objetivo Eliana Tadeu Terci (USP) A COlIstmçiío da
analisar e articular historicamente fotogralias Hegemollia da C/asse Proprietária Piracicaballa 110
antiga~ e investigar o papel que desempenharam no COlltexlo dos COllflito!, Sociais Presentes lia Primeira
processo social que seus temas abordam: A República e lia Revolll(ao de 30. Tendo o
constituiçõo e intervenção nacional da movimento operário como elemento balizador das
administração sanitária republicana e da sua disputas políticas das elites piracicaba nas para para
principal instituição cienLílica nas três primeiras a eonstrução da hegemonia, pode-se identificar
décadas do século XX. Estuda-se o código e o dois momentos distintos na sua atuação durante a
contexto de existência dessas fotogralias para Primeira República. No período que se extende até
revelar possíveis sentidos políticos e narra-se csta a primeira quinzena do presente século, a elite
história com as próprias imagens, procurando piracicabana organizada no PRP busca a
desenvolver seus signlicados. A fotogralia é técnica construção da sociedade harmônica investindo
incorporada às pesquisas cienLílicas, memona tanto na cooptação dos conservadores quanto da
institucional e propaganda das vitórias da saúde classe operária para sua proposta de sociedade.
pública, trazendo a marca de cópia da realidade. Isto se explica por ser este um momento em que a
Algumas imagens, porém, resgatam o signilicado Luta operária circunscrevia-se a esfera privada
iniludível da fotografia como representação onde os despossuidos resistiam a condição de mão-
imaginária do mundo. de-obra. Neste sentido a união das elites era
fundamental minimizar a Força operária ficando
Elcny Mitrulis (USP) Os Últimos Baluartes: velados os conflitos entre os segmento5. das c1ite~.
Trall.\fomwções lias Práticas de IIIspeçiío Escolar (' É a partir de meados dos anos de 1910, quando a
Supcrvisiío Pedagógica. O objetivo da exposição é Luta dos despossuidos no sentido exposto liea, de
examinar as transformações que ocorreram nas carta forma equacionada, assumindo um caráter
práticas de orientação do ensino elementar no rcivindicatório e político que os conflitos entre os
período que antecede a implantação da Lei 5.692. segmentos da classe proprietária vem a tona,
tendo-se como perspectiva as disputas no cam po, refletindo dois pólos distintos de divergências: a~
em torno de um novo conceito de Escola Primária greves e o "administrativismo" local.
e de qualidade do ensino. Mediante depoimcnto~
de "velhos professorcs", que lizcram carreira no Elias Thomé Saliba (USP) A "Macarrtmea" dos
magistério, procura-se esboçar um quadro Desellraizados: O Humor Paulista lia Primeira
aproximativo das práticas de ensino e da República. O "macarrônico", no mesmo ~cntido
oricntação do ensino no período de 1945 a 1970. renascentista original de A MacarrÔllea, d() monge
Como correlatos das práticas são examinados Teófilo Folengo, pode servir como guia para
alguns aspectos das lutas por introduzir mudanças compreender parte da produção cultural paulista
nos Programas Escolarcs, na Carreira Docente, no no início do século, para além de consagrados
Sistema de Promoção de Alunos e no Processo de "ismos" literários, como "regionalismo" ou "pré-
Assistência aos Professores. modernismo". Alguns estudos literários, calcados
numa concepção prescritiva e normativa de cultura.
Eliana Regina de Freitas Dutra (UFMG) Arte e aplicaram-se em mostrar o quanto o verbalismo
Pallteão: História e Memória lia Literatllra de dialetal de alguns autores como Léo Vaz e
Almallaqlle. O trabalho que nos propomos a Waldomiro Silveira disfarçou a penúria do
apresentar é resultado de uma pesquisa que vimos conteúdo ficcional, cnquanto o humor macarrônico
realizando sobre a literatura dos Almanaques, a apenas reiterava o mau-gosto lipico do
qual partiu do pressuposto inicial de quc os regionalismo ornamental. A estilização caricatural
Almanaques participam da construção da do caipira, a crítica velada a um certo moralismo
sociedade histórica. Tomando como referência xenófobo e a busca de uma tradição popular foram
almanaques luso-brasileiros publicados entre uno os traços marcantes e peculiares do humor paulista
e 1920, analisamos o seu conteúdo textual e extra no período, numa atmosfera cultural de forle
textual com o objetivo de demonstrar que o~ desenraizamento. Numa São Paulo sem lastro
Almanaques além de possuirem eles próprios uma idiomático-principal (mas, não único) sintoma de
história social, são depositários de uma memória
58 XVII Simpósio Nacional de História

desenraizamento cuItural-Juó Bananére, por "indestrutibilidade" que "nada tem a ver com o
exemplo, talvez tenha sido o mais ilustre futuro que está aberto a todas as indeterminações".
representante de uma larga tendência de humor Ela visa legitimar novos sujeitos e novas relações
macarrônico. Tendência que se traduziu num na esfera do religioso e, concomitantemente,
esforço de construir, pela via do lastro linguístico legitimar relações de poder também na esfera
rebuscado, a identidade possível de São Paulo na temporal.
"belle époque".
Elisabete da Costa Leal (UFRS) Levantamento
Eliete de Queiroz Gurjão Silva (UFPB) Os acerca da Presença Femil/il/a 110 Prata: 1776-1830.
Registros de Te"a - lima abordagem sobre a Esta comunicação visa informar sobre um
estmtura fundiária na Paraíba. A presente levantamento documental e bibliográfica acerca da
comunicação visa realizar, em consonância com os presença da mulher em Buenos Aires e
objetivos do Projeto "Ocupação e Organização do Montevidéu, extensivo também à reglao da
Espaço Agrário Paraibano", uma reflexão sobre os campanha. O trabalho realizou-se em instituições
Registros de Terra, a partir da sistematização dos de pesquisa de Porto Alegre e tem como objetivo
seguintes dados: data, proprietário(s), local, coletar material para uma pesqUisa que
denominação, espécie, superfície, demarcação c pretendemos dar continuidade. Existe uma
modalidade de aquisição. A pesquisa está sendo consagrada historiografia sobre o gaúcho, que de
realizada no Arquivo Histórico da Paraíba, que uma certa forma tem a pretensão de retratar a vida
conta com um bom acervo de milhares de na campanha, ignorando a presença feminina.
Registros Paroquiais referentes às Freguesias do Encontramos principalmente nos relatos de
interior paraibano, complementando-se com dados viajantes estrangeiros, uma variada gama de
fornecidos pela obra de João de Lyra Tavares, informações sobre estas mulheres que viviam em
Apontamentos para a História Territorial da um espaço dito por excelência do homem/gaúcho.
Paraíba, que trata de sete freguesias localizadas no Para delimitarmos temporalmente nosso
litoral paraibano. A documentação em foco levantamento, tomamos como marco 1776-1830,
constitui um excelente veio que, dúvida, propiciará período em que Buenos Aires é instituída capital
instrumentos que viabilizarão o resgate de do Vice-Reinado do Prata, e momento de
signficativa parcela do processo histórico de consolidação do processo revolucionário de
ocupação do espaço paraibano. independência. Este recorte aparentemente
político possue para nós um outro significado, a da
Élio Catalício Serpa (UFSC) A Romal/ização: crescente afirmação da classe proprietária rural,
Comemoração, Imaginário e Poder. A entrada através do processo de privatização das terras e a
solene na catedral e posteriormente as visitas sofisticação do aparato jurídico-policial para
pastorais de D. José de Camargo Barros e D. João controle social, atuando de forma repressiva e
Becker, foram feitas num clima de festas. Estas moralizadora dos costumes.
assumiram características que se investem de
grande importância porque foi o momento de Elizabeth Filippini (USP) História e Mllseu: A
apresentação pública daqueles que regiam os Presença do Núcleo Barão de Jllndiaí. "Cem anos
destinos das dioceses, e, portanto, nas festas de imigração Italiana em Jundiaf surgiu da
esboçavam, através de símbolos e rituais suas iniciativa do Museu Histórico e Cultural e do Vice-
relações, visão de mundo. expectativas e () recado Consulado da Itália, em Jundiaí, em homenagem
de que é "assim que as coisas devem ser, é esse o ao Núcleo Colonial, hoje o Bairro da Colônia. O
padrão de vida social'; e porque não religiosa. O artigo "O Núcleo Colonial Barão de Jundiaí e a
ritual da festa é preparado pçor elementos Cidade", presente neste livro surgiu como fruto de
pertencentes a hierarquia eclesiástica. É. um trabalho de pesquisa que se desenvolvia para o
deliberadamente aculturadora, foge da festa Mestrado, na Universidade de São Paulo. O texto
espontânea onde há participação coletiva. Evita-se abrange, numa linguagem direta e coloquial, o
as possibilidades de transgressão. Na festa está cotidiano dos imigrantes e os integra no contexto
previsto o controle do público que é reduzido à de ligação Núcleo Colonial e Cidade. Este
condição passiva de espectador. Os lugares de trabalho, ao mostrar concretamente o interesse que
classe e gênero são previamente definidos. Os tiveram tanto o Museu como o Vice-Consulado,
supostos atores assumem posição de destaque, são abre novas perspectivas de trabalho para o
modelos a serem seguidos e são sacralizados pesquisador.
pessoas, espaços e relações. A festa tem caráter
pedagógico disciplinador mas há espaços para
transgressões. Ela aponta para a "imortalidade" e a
Programa e Resumos 59

Elma Vasconcellos da Silva ver Zoraide Gomes Rey (em espanhol, rei). Este mito concentra a
Carvalho visão dos índios andinos de hoje da conquista e de
suas conseqüências. Esse mito diz qua a conquista
Elza Nadai (USP) Memória, Identidade de foi uma confrontação entre dois deuses: o andino e
Professores e Qualidade de Ensino. O trabalho o cristão. Mas os deuses do panteão andino podem
pretende analisar os elementos, o alcance e os (e devem). por ser deuses, corporificar-se em
limite~ da identidade docente, caracterizado por homens. Assim, o último imperador andino, O Inca
um núcleo essencial de relações, onde a coesão, a Alahualpa, representava também o deus andino
solidariedade, as permanências e o uso de certas que se confrontou com o conquistador Pizarro,
práticas embasaram um determinado conceito de corporificação do deus europeu; Atahualpa
qualidade. Nesta perspectiva, sem descurar de finalmente foi decapitado. Porém, os mcas
fontes escritas de variada natureza, foram acreditavam na reencarnação mas. para que isso
privilegiados depoimentos com professores que fosse um fato, o corpo do morto tinha que estar
atuaram em diversas posições da carreira do completo; se não a alma ficaria procurando até
magistério a partir dos anos trinta. encontrar as partes que faltavam para poder se
reencarnar. E dizem os índios andinos de hoje que
Enezila de Lima (Univ. Estadual de Londrina) Atahualpa foi decapitado porque os espanhóis
Memória da Constituição da Prática Social Médica como Pizarro, já sabiam e tinham que evitar que o
em Londrina. Em 1925 os ingleses constituíram a corpo do morto ficasse completo. Senão, no
Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP) segundo dia o povo inca diria que o Inca voltou a
para implantar um projeto de colonização na nascer, em outro lugar, e poderiam começar uma
região, tendo por base a pequena propriedade. rebelião. E Pizarro sabia desses perigos e para
Entre 1925/27 a CTNP adquiriu do governo fazer com que a reunião fosse impossível, mandou
paranaense 515 mil alqueires de terras c a Cia. enterrar o corpo de Atahualpa em Cajamarca e a
Ferroviária São Paulo-Paraná. Assim, da cabeça, em Cuzco, a 800 Kms de distância. Mas o
associação dos fatores terras, capital c ferrovia teve mito diz que O Inca, ainda que tarde, aprendeu que
início a implantação desse projeto imobiliário. A o deus branco lutou sempre com truques. Então,
cidade de Londrina se desenvolveu rapidamente tem que evitar ser visto pelos brancos por isto, sua
acusando, entre 1935-1940 um crescimento procura é feita por baixo da terra. Quando
demográfico da ordem de 101,85% no total e finalmente se encontrarem o corpo com a cabeça,
163,27% na zona urbana. Esse crescimento vai aparecer um novo período na história andina.
propiciou o aparecimento de funções urbanas, Aparecerá INCARRI, o Inca Rei, grande
principalmente no setor de serviços. Buscar a reorganizador, que trará equilíbrio à sociedade
memória da constituição da prática social médica eliminando a fome e a pobreza, impondo também a
na dimensão histórica da cidade, é o objetivo deste justiça social. O deus andino apenas em aparência
estudo, que utilizará como fonte~ primárias a foi derrotado pelo europeu. Esse mito está
imprensa local, a documentação da Associação presente e ativo no Peru destes dias c é elemento
Médica de Londrina e depoimentos de fundamental da UTOPIA ANDINA que considera
profissionais que aqui chegaram desde suas origens que a sociedade inca e seu imperador foram
e posteriormente. fundamentalmente justos pois essa sociedade não
tinha fome nem seus derivados, as doenças, e por
Eni de Mesquita Samara (USP) A Casa e o isto tinha que voltar a ser construída. Essa
Trabalho: Latinas das Américas no Século XIX. O UTOPIA foi-se construindo no percurso de um
projeto estuda comparativamente as mulhcres na caminho de séculos e nossa comunicação tentará
sociedade latino-americana so século XIX, explicar esse processo de construção.
procurando integrar a vida doméstica no universo
do trabalho. Em função da natureza e Esmeraldo Blanco Bolsanaro de Moura (/USP)
complexidade do enfoque, a pesquisa está dividida Acidente do Trabalho e Condição Operária em São
em três partes: A mulher na historiografia recente- PaI/lo (1890-1920). A presente comunicação
encaminhamentos teórico metodológicos da pretende analisar a questão da segurança no
pesquisa; Condição feminina, direitos e cidadania; trabalho industrial nas primeiras décadas
A casa e o trabalho-integração e impasses. republicanas, enquanto um dos aspectos cruciais na
emergência da questão social em São Paulo. A
Enrique Amayo Zevallos (UNESP). Economia abordagem não se restringe ao âmbito das
Andina. Cultura e Utopia. Neste momento existe, condições de trabalho propriamente mas, procura
entre os povos andinos, um mito importante, enfatizar. extra-trabalho. a relação entre a
INCARRI, que mistura Inca (que é qucchua) com
60 XVII Simpósio Nacional de História

incidência de trabalhadores acidentados e as predomínio de uma ordem centrada nos


condições materiais de existência da classe operária paradigmas católicos.
em São Paulo. Considerando fenômenos de
trabalho e fenômenos de não-trabalho, a análise do Eunice Sueli Nodari (UFSC c UNIV ALI)
acidente permite trazer à tona a problemática da Realidade e Utopia: A Propaganda do Brasil lia
condição operária em São Paulo em sua tOlalidade Alemanha 110 Século XIX. Vários grupos na
e resulta na compreensão ampla de todo o Alemanha estavam interessados em promover a
significado que há por detrás de um descuido. de emigração alemã para o Brasil. Entre eles
uma distração e mesmo de uma brincadeira diante podemos destacar os agentes brasileiros, os agentes
da máquina. de navegação, as organizaçôes privadas e as
sociedades de emigração e colonização. Todos eles
Estevão Lukács Junior (PUC-SP) Telenovela, utilizavam os mesmo métodos de propaganda para
Modemizaçào e Ideologia (1970-1978). A pesquisa espalhar imagens positivas a respeito do Brasil. Um
constitui uma tentativa de desvendar a confluência dos mélodos mais utilizados por estes grupos eram
da realidade construida por telenovelas no período, os jornais, que alcançavam as zonas rurais mais
com outras construções da realidade, representadas remotas na segunda metade do século XIX. As
pelo discurso e ação do regime, objetivando uma palestras proferidas por membros das sociedades
modernização conservadora. As fontes principais de colonização eram outra fonte de propaganda. A
são as próprias lelenovelas. A pesquisa procurará eficácia das informaçõcs orais. poemas c canções
elucidar sua imbricação com um projcto sócio- são mais difíceis de serem provadas, mas
econômico sustentado pelo discurso dominanle. continuam sendo importantes fontes, já que
Esse, por sua vez eslá sendo apreendido mediante depoimentos de emigrantes provam a sua eficácia.
a análise de discursos e entrevislas com figuras Grupos de emigrantes cantando canções
proeminentes oficiais do período, manifestaçôes da atravessando as vilas eram com uns. Portanto uma
imprensa diária, além de publicações de análise destes discursos. poemas, cançôes e
instituiçôes ligadas ao regime militar (ESG, IPGS anúncios dos jornais c do papel desempenhado
etc). Através da análise e cruzamento dessas pelos inúmeros agentes e sociedades nos fornece
fontes, envolvendo a detecção de funçôes uma "visão" entre a "realidade" e a "utopia" destas
ideológicas, espero poder demonstrar a confluência informações transmitidas aos futuros emigrantes.
entre construções de realidade de origem e
natureza diferentes. Aspecto~ metodológicos serão Evangelia Aravanis (UFRGS) Utopia e História: A
ilustrados através de um breve texto experimental Utopia Libertária em Portn Alegre. (1906- 19 11).
ao longo da comunicação. Trata-se de uma leitura da utopia lihertária em
Porto Alegre através de um jornal de propaganda
Euclides Marchi (UFPR) Igreja, Modemidade e anarquista, onde tem-se por objetivo analisar a
Utopia. No final do século XIX e início do XX. a participação desta utopia no período de ascenso do
Igreja católica envolveu-se num acirrado debate movimento operário em Porto Alegre (1906-1911).
que resultou na condenação geral do "mundo
moderno". Todavia essa atitude não a desestimulou Fabio Gutemherg Ramos Bezerra de Souza
de perseguir a utopia de salvar a humanidade (UFPR) Os Paradoxos de 1/111 Processo de
"perdida, afastada de Deus e da religião". Pio X, Urballização: o Caso de Campil/a Gral/de.
sem abrir mão do~ princípios conservadores e Pesquisando em cerca de tres décadas de jornais
repudiando os esforços de aproximação com a diários de Campina Grande (Diário da Borborema
modernidade, transformou-se no arauto da e fomal da Paraíba) sohre "a luta por moradia e
redenção como o lama: "Instaurare omnia in urbanização", n()~ deparamos, num primeiro
Christo". O nó górdio dessa proposta estava na momento, com reportagens e artigos que se
necessidade de justificar uma ação restauradora, utilizam de termos e expressôes que chamam a
sem alterar as bases constitutivas da sociedade, atenção pela sua recorrência: "barracos". "casebres"
marcadas por uma profunda desigualdade social. c favelas "sem planejament('" e "desorganizadas",
Partindo do pressuposto de essa desigualdade pode "infectadas por dm:nças contagiosas", marcadas
ser interpretada como manifestação de uma ordem pela "falta de higiene" e "antros de proslituição" c
natural e histórica e de que a única igualdade "marginais". No final da década de 1970, a partir da
possível é a da origem divina dos homens, a Igreja ocupação de um terreno denominado "Pedregal"
implantou uma ação católica pela restauração da (hoje, um bairro da cidade). pertencente a
sociedade em Cristo, fundada na utopia da particulares, a imprensa campinense ao se referir
convivência harmônica entre os desiguais e no pela primeira vez um termo que vai se tornar nos
Programa e Resllmos 61

80 para designar ações semelhantes "invasão". implantado em 1889 trouxe para o primeiro plano a
Acompanhando o surgimento e redefinição de plutocracia, ou seja, o império do dinheiro que
alguns termos e expressões, podemos perceber abrigou uma gama de novos mandachuvas.
como a construção e organização do espaço Joaquim Murtinho foi um deles. Homem público
urbano em Campina Grande é um momento de muitas atividades, catedrático da Escola
crucial para a compreensão de sua história mais Politécnica c homcopata atuante, com algumas
recente e como espelha e traduz contradições e incursões malogradas na política durante o período
conf1itos protagonizados por alguns personagens imperial, destacou-se como senador (três
até então "desconhecidos" ou inexistentes para mandatos), ministro de Estado (duas gestões),
certos compêndios de história do município. membro do diretório nacional do Partido
Republicano e empresário de companhias
Felicidade Lúcio Ribeiw (UFPB) Paraíba 1990: o privilegiadas pelo governo federal. Esta
processo eleitoral. Este trabalho é parte da comunicação se propõe a examinar o eonjunto das
comunicação "Paraíba 1990: Rearranjo ou ações que projetou Joaquim Murtinho na vida
reestruturação das Forças Políticas'?" constituindo- nacional no período em que ocupou a pasta da
se em um dos textos do relatório da pesquisa Fazenda no ministério de Campos Salles. Para
"Processo Político e Eleições de 1990 na Paraíba". tanto, tentamos recuperar sua biografia com o
O texto analisa as articulações polítieas objetivo de entrelaçar as idéias c as obras com as
relacionadas ao lançamento de candidaturas, práticas que transcendessem a esfera pública e
majoritárias e proporcionais, formação de incorporassem os amIgos, os parentes e os
coligações, dissidências, adesões. Analisa também o negócios.
desenvolvimento da campanha onde se expressam
de forma bastante explícita as rupturas, contlitos, Fernando Diniz Moreira (UFPE) Higiellis17lo
enfrentamentos e o tipo de envolvimento dos Ellquallto Prática Urballística: O Ete17lplo do Recife
governos federal e estadual no processo político, 110 IlIício do Século. O presente texto pretende
bem como os grupos econômicos atuantes. As contribuir para o debate sobre o projeto de
fontes utilizadas para o trabalho são dados higienização implantado nas grandes cidades
primários e secundários, coletados no decorrer do brasileiras entre o final do século passado e o início
processo eleitoral. deste. A cidade do Recife passa por um amplo
processo de modernização urbana através da
Fernando Antonio Faria (UERJ /UFF) Reforma Urbana do Bairro do Reeife (1909-1913),
Homeopatia e Política 110 Rio de Jalleiro Imperial. do Projeto de Reaparelhamento do Porto (1909-
A reforma dos estatutos do Instituto 1926) e do Plano de Saneamento da Cidade (1909-
Hahnemanniano Fluminense, rcalizada em agosto 1915). Acompanha estes planos a reestruturação e
de 1~~0, deu origem ao Instituto Hahnemanniano criação de alguns órgãos que lidam com a questão
do Brasil, tanto um como outro, associações que urbana e a emergência de ideais higienistas mais
congregavam pessoas "que por sua dedicação, luzes arrojados. Neste sentido, através da Inspectoria de
e meios", contribuíssem para a expansão da hygiene, inaugura-se um momento de profundas
"doutrina dos semelhantes". Os meios para a redefinições na atuação da saúde pública do
concretização dos fins propostos eram as Estado: são organizados comitês, efetuadas visitas,
discussões entre seus membros, a sustentação de intimações, notificações e registros sanitários. São
um jornal e a função de uma eseola homeopática". criados o Instituto Vaccinogênico, o Desinfetório, o
Além de ter sido mantido no cargo de Primeiro Dispensário do Derby e a Liga Pernambucana
secretário da nova diretoria, Joaquim Murtinho foi Contra a Tuberculose, além de uma série de
eseolhido para ser o redator do órgão de campanhas de vacinação c de desifccção de
publicidade do recém criado Instituto, função que logradouros. Paralelamente inicia-se uma série de
desempenhou através dos "A Pedidos do Jomaí do questionamentos acerca do relacionamento entre
Commercio e dos A1/Iwes de Medicilla as epidemias e as condiçi)es do espaço urbano. Aos
Homeopatlzica. A análise das posições assumidas e poucos. vai emergindo uma consciência de
dos interesses defendidos pelo príncipe da conceber o urbano com um campo a ser
homeopatia, enquanto porta-voz do Instituto disciplinado pela atuação médico-sanitária imposta
Hahnemanniano do Brasil, durante os anos iniciais através de práticas profiláticas policiais.
da década de 1880, constitui o núcleo central desta
comunicação. Fernando José Amed (Colégio Magister) Os
Quinhentos Allos da Descoberta da América como
Fernando Antonio Faria (UERJ e UFF) Os Tema de Discussão 111 terdi.I"CIJ}lin ar: História. No
Malldaclzuvas da ReplÍblica. O regime político
62 XVII Simpósio Nacional de História

projeto, coube ao professor de história a acreditamos que essa posição proeminente


organização dos conhecimentos específicos sobre o contribuiu para eclipsar a importância das
instante da descoberta da América. Todas as atividades desenvolvidas por parte importante da
disciplinas constantes da grade curricular de 5ª a 8ª população: os homens pobres e livres.
séries estiveram por no máximo duas semanas e no
mínimo uma, voltadas para esse assunto. Cada uma Fernando Teixeira da Silva (Universidade
desenvolveu os conceitos pertinentes ao tema. O Metodista de Piracicaba) A Carga da Culpa: Os
professor de história desenvolveu especificamente Doqueiros do Porto de Salltos (1959-1964). Grande
o conteúdo histórico do período em apostilas parte dos estudos sobre o movimento operário
previamente elaboradas. procurou encontrar as causas que explicassem a
suposta falta de autonomia da classe operária no
Fernando Roberto Barros Patriota (UFPB) Coroá, Brasil durante o "período populista". Enfocarei a
Indústria da Seca. Esta comunicação trata da abordagem que coloca em destaque as orientações
industrialização do caroá, uma planta nativa dos ideológicas de determinados grupos políticos
sertões nordestinos. Este processo ocorreu com a envolvidos no movimento operário. Segundo esta
passagem do artesanato sertanejo à produção abordagem, as orientaçôes político-ideológicas da
fabril, entre as décadas de 1930 a 1960, esquerda conduziram à "glorificação" do Estado e,
representado pelo surgimento das usinas assim teriam sido responsáveis pelo caráter
desfibradoras de caroá, encravadas na caatinga. subordinado do "sindicalismo populista". Segue-se
Esta atividade florescia sobretudo na estação seca, toda uma relação de causalidades sequenciais e
quando estiolava a economia agropecuana estruturadas a partir de oposições binárias: o
tradicional do Semi-árido, economia típica da movimento sindical nacionalista atuou
estação chuvosa. Desse modo, atenuava a preferencialmente nos setores tradicionais e
desorganização periódica que o mercado de públicos, em detrimento dos modernos e privados,
trabalho local sofria, cuja consequência social o que eorrespondeu a uma "politização" do
inelutável era o êxodo rural. Com as usinas movimento operário c a uma queda das lutas
desfibradoras de caroá, ocorria a metamorfose dos reivindicativas, rcdundando no afastamento das
lavradores e camponeses em proletários do caroá. cúpulas dirigentes em relação às bases. Prova
Contraponho assim à conhecida e pejorativa máxima da lógica dcste modelo: quando o regime
expressão "indústria da seca" enquanto populista caiu, faltou a esperada reação operária
manipulação de recursos públicos pelas classes que, por isso, desceu rumo ao mesmo abismo para
dominantes do Nordeste, o caroá como a legítima o qual foi atirado seu suposto maior parceiro: o
indústria da seca, no sentido positivo que a governo. Pretendo confrotar pontualmente tais
economia política lhe aribui, enquanto produção pressupostos a partir do estudo sobre um grupo de
fabril envolvendo o capital industrial e o trabalho trabalhadores do porto de Santos, os doqueiros,
assalariado para a produção de mercadorias em entre 1959 e 1964. O enfoque privilegiado centra-se
plena caatinga. na análise de inúmeras greves, sobretudo as
caracterizadas como "poIíticas"( relacionadas com
Fernando Roberto Barros Patriota (UFPB) Notas as denominadas "questões nacionais") e greves de
Sobre a Pequena Produção Mercalltil 110 Sertão de solidariedade entre as mais diversas categorias da
PE e PB 1/0 século XIX. É um consenso entre os cidade de Santos.
estudiosos que a história econômica do Nordeste
apoia-se desde a origem na agro-indústria Fernando Torres Londoi'io (PUC-SP) Vigêllcia e
mercantil-exportadora como atividade dominante Crise da Utopia 110 América. Os sonhos utópicos
e, secundariamente complementada pelas assim têm percorrido a história do continente. Da crença
chamadas atividades de subsistência. É nosso no retorno de Ouetzatcoatl que instauraria a gloria
propósito levantar dados para o estudo do outro perdida de Tula, à luta pela construção de
lado da formação econômica regional buscando sociedades socialistas em Cuba ou Nicarágua,
conhecer alguns elementos constitutivos do passando ainda pela Revolução Mexicana, a
mercado interno, em Pernambuco e Paraíba do convicção de que é possível que as coisas sejam
século XIX. Abordaremos o problema da pequena diferentes na América ao que são, tem sido algo
produção mercantil, vale dizer, a indústria que não ha deixado de apresentar-se n()~ últimos
doméstica e artesanal por um lado e a agricultura sete ou oito séculos de história Americana.
de alimentos por outro. Embora aceitemos a Resgatada como memória a ser recreada por
primazia do setor agro-exportador sobre o setor de diversas coletividades, essa convicção tem servido
subsistência como atividade dominante do ponto de de base para muitas das propostas de
vista da formação da renda mercantil regional.
Programa e Resumos 63

transformação do continente. Porém, não são português. Vencer as dificuldades que se abatiam
poucos os que hoje, como ontem, duvidam da sobre o reino exigia também uma série de medidas
vigência da postulação da utopia na América. Esse pragmáticas que muitas vezes viriam a se chocar
confronto nos leva em este trabalho a considerar, com os interesses de determinados grupos
mesmo que de forma rápida, várias das expressôes nobiliárquicos. A linguagem messiânica, a defesa
utópicas na história da América, visando apontar dos cristãos-novos e a tributação da nobreza
suas particularidades e avaliando também a despertaram a oposlçao dos setores mais
continuidade da utopia entre nós. conservadores. Do outro lado do Atlântico. a
utopia milenarista de Vieira tinha como alicerces o
Flávia R. B. Pereira e Maria Elizabeth Totini trabalho eseravo dos africanos. Além das
(USP) Memória Empresarial. O resgate e a justificativas para a escravidão, há em Vieira uma
preservação da memória de empresas têm se visão política imperial, um projeto para o Estado
mostrado, cada vez mais, importantes instrumentos português superar suas agruras. Em tal projeto os
para a gestão de negócios e para a compreensãCl de pontos de atrito com os senhores de escravos
aspectos da história sócio-econômica do país. A também emergem, salientando a preocupação do
reconstituição da história das empresas permite jesuíta com o fortalecimento do absolutismo
recuperar a identidade do empreendimento, suas monárquico.
origens e trajetórias, contribuindo para o
planejamento de estratégias e análises de mercado Francisco C. Alambert .Ir. (UFF) Modemos,
e para o conhecimento e o gerenciamento da Extemos e Etemos: Re.f7exões sobre Literalllra e
cultura. Neste contexto, o trabalho do historiador é História em tomo de O Perfeito Cozillheiro das
imprescindível. Cabe a ele eumprir seu papel Almas deste MUlldo. Se num primeiro momento a
social, fazendo vir à tona a dinâmica sócio- Semana de Arte Moderna quis fazer história, num
econômica e a "história não revelada". segundo, passou a escrever sua própria história.
Quase toda a historiografia sobre () Modernismo e
Flávio Azevedo Marques de Saes (USP) Capitais a Semana de 22, aé bem recentemente, havia sido
Frallceses 110 Brasil até a Primeira Guerra MUlldial. escrita, reescrita e disputada por seus próprios
Nas relações econômicas internacionais do Brasil, a artífices. No geral foram eles mesmos que
França sempre assumiu posição secundária. No decretaram o que se deveria lembrar ou não da
plano comercial, a Inglaterra suplantou largamente famosa Semana, recic1aram os conteúdos do
o comércio francês ao longo do Século XIX. N0 Modernismo eonforme seus interesses e fissuras
começo do Século XX, Alemanha e Estados dos grupos fundadores e contribuíram para que nCl
Unidos também aparecem como concorrentes processo de recepção da criação cultural posterior
comerciais para a França. Em relação aos capitais a 22, se institucionalizassem os nomes c as obras de
investidos no Brasil, a supremacia inglesa também alguns autores em detrimento da própria
é evidente, seja por meio de empréstimos públicos historicidade do Modernismo. Historieidade esta
e privados, seja por empresas que aqui se que nos remete à questão da autoria coletiva
instalaram. Há, no entanto, um breve período - subjacente a qualquer produção intelectual e
aproximadamente os dez anos que antecedem o artística e que se coloca como fundamental para
início da Primeira Guerra Mundial - em que compreender obras como O Perfeito cozil/heiro das
capitais franceses fluíram intensamente para o almas do mundo, atribuída a genialidade de
Brasil, com base na emissão e lançamento de Oswald de Andrade, porém escrita por outros
títulos na Bolsa de Paris. Na comunicação, autores que se não conseguiram se tornar eternos,
procuramos traçar um quadro geral desse foram modernos, apesar de considerados como
movimento de capitais franceses para o Brasil. externos ao Modernismo.
identificando seu impacto $obre a economia
brasileira e também as razões pelas quais a Francisco C. Alambert Jr. (UFF) Sérgio Milliet e o
influência francesa no plano econômico manteve-se "Socialismo Democrático". Intelectual pioneiro nos
bastante limitada. debates modernistas da década de 20, Sérgio
Milliet ensaiou, junto com alguns de seus colegas
Flavio de Campos (USP) Utopia e Política em de geração c outros mais jovens (Antonio Candido
Alltollio Vieira. A utopia de Vieira recobria em c Luís Martins, entre outros), a elaboração de uma
Portugal sob o quimérico manto do Quinto proposta ética c teórica para um possível
Império Bíblico. Elaborada e divulgada nos anos "Socialismo Democrático" que enfrentaria os
que se seguiram à: Restauração, tal .representação impasses tanto do Stalinismo quanto da Soeial-
conferia legitimidade à nova dinasti~ bem como Democracia. Algumas destas propostas, que talvez
procurava fortalecer o poder do Estado Absolutista
64 XV/! Simpósio Nacional de História

possam ainda ser aproveitadas para uma reflexão utópiea. Além dessa concepção tridentina da
sobre os caminhos do socialismo hoje, scrão objeto temporalidade como categoria antropológica e
de minha análise. moral, desenvolveremos na nossa comunicação
algumas consideraçôes sobre o novo momento
Francisco José Pinheiro (UFCE) Ml/lu!m, em histórico da reflexão tcológico-moral, o da época
Confronto: Povos Indígenas e Colonizadores IUI da Segunda Escolástica e do modelo da moral
Disputa pelo Território. Este artigo faz uma anúlise casuística, censurando o processo de separação da
do confronto entre os povos indígenas e as frentes dogmática católica da ética teológica, produtora
de expansão da pecuária, no sertão do Nordeste, dos manuais de coniissão.
em fins do século XVII e início do século XVIII.
Confronto que teve como móvel principal a dispUla Francisco Simão de Souza (UFCE). História e
pela terra. Para que fosse possível () Memória de Fortaleza. Pelo relato de histórias de
estabelecimento das fazendas de gado, era vida, pretende-se desvendar o cotidiano da cidade
fundamental, para os "colonizadores", "limpar" a de Fortaleza, suas transformaçôes sócio-culturais,
terra. Porém, os povos indígcnas rcsistiram através de lembranças de pessoas que, de alguma
tenazmente à ocupação do sertão, que forma, vivenciaram as mudanças ocorridas na
representava um dos últimos refúgios para esses cidade a partir dos anos 20. A periodização dos
povos no Nordeste. Abordamos, inicialmente, o anos 20 até os nossos dias, objetiva contar com
confronto armado entre índios e colonos aliados ao narradores que se dispôem a falar de suas
Estado português, para, num segundo momento, lembranças, trazcndo à tona uma memória
nos determos na discussão do papel da Igreja no aparentemente esquecida. Para quc essas
processo de "convencimento" dos grupos indígena~ experiências vividas não se percam no tempo,
a se submeterem às condições imposta~ pelos torna-se necessário a reconstrução dessa história
interesses metropolitanos. Nessa análise, destaca-se através da memória. Os depoimentos trabalhados
o papel dos aldeamentos indígenas que, do nosso são de pessoas que, como centenas de outras,
ponto de vista, tiveram pelo menos duas funçôes: viram a cidade de Fortaleza se transformar, a
restringir os territórios dos índios e atuar l:Omo exemplo da Praça do Ferreira, centro da cidade,
importante fonte de força de trabalho. Deste enquanto lugar de referência para as conversas,
modo, buscamos estabelecer um diúlogo com os lazer, movimentos políticos, etc. Fortaleza, que a
estudos que levam em conta não só as formas de partir da década de 30, através dos códigos de
resistências no âmbito da cultura mas, sobretudo, posturas e planos urbanísticos, vai racionalizando o
aqueles que dizem respeito à reprodução da uso dos espaços públicos, controlando e
subsistência desses povos. disciplinando esses espaços, em nome do progresso
e da civilidade. Ouvir dos diversos narradores suas
Francisco José Silva Gomes (UFF) A Refon1w experiências sociais é o objetivo precípuo desta
Tridentina e a (nstandade.· Entre o Mito e a Utopia. pesquisa.
O processo reformador e o projeto de
reestruturação do sistema de cristandade nos Frederico de Castro Neves (UFPB). O Nordeste da
séculos XVI e XVII na época dita tridentina Memória e a Memória do Nordeste. Propomos que
estavam estabelecidos sobre alguns pressupostos a região Nordeste se institui (tanto geográfica e
no que diz respeito ao nível das representaçôes e juridicamente, quanto real e imaginariamente) em
dos discursos. Ao privilegiar as práticas sociais e função da construção de uma memória social que a
religiosas e sua articulação com as mentalidades e identifica com o atraso econômico, social e político.
as culturas, as atitudes e sua articulação com as Atraso que se manifesta em três conjuntos de
crenças, decidimos enfatizar a reflexão teológico- imagens: 1) a referência à significação imaginária
moral como o lugar por excelência dessa central para () capitalismo - a noção de que o
articulação. As açôes morais participam da desenvolvimento ilimitado das capacidade~
tridimensional idade própria do homem enquanto produtivas é a razão e o objetivo da sociedade -
ser temporal c histórico. Os cristãos vivem e orienta uma geopolítica c a estabelecer
pensam a tensão temporal de um modo particular. determinados padrôe~ para as relaçôes com a
Na época tridentina o passado é idealizado c natureza - c com a seca - (transformando-a em
mitizado como narrativa das origens: as origcns "recursos naturais") que não são alcançados na
apostólicas e/ou da Cristandade Medieval. A região, revelando uma relaç;io tradicional com o
saudade das origens - do Paraíso-sobredeterminava estrato natural; 2) a invenção do emergencialismo
a permanente e particular tensão escatológica do como norma de ação para () desenvolvimento,
cristianismo, a tensão entre o já e o ainda não. A devido às carências urgentes - desertificação,
dimensão mítica sobredeterminava a dimensão
Programa e Resllmos 65

despovoamento e degradação eugemca -, que Gerson Rodrigues de Albuquerque (UFAC)


anula, neutraliza ou dcspolitiza () debate em torno Seabra Tarallacá - Memórias. Seabra Tarauacá -
dos objetivos sociais e da superação destas Memórias, é o resultado parcial do Projeto de
carências, revelando pequeno progresso Pesquisa "Construindo a História de Tarauacá",
tecnológico que possa superar os entraves naturais; desenvolvido pelo Departamento de História da
3) a existência, ou a "permanência", de um modelo Universidade Federal do Acre, no período julho a
de ação da população pobre - as invasões e os dezembro de 11)92. Trata-se de depoimentos e
saques - incompatível com as modernas instituições relatos de vida dos habitantes do Município de
representativas, mas que mantém forte Tarauacá, Estado do Acre, onde destacam-se os
legitimidade social, incorporando demandas e mais idosos. A base de sustentação desse trabalho
relações características de relações SOCiaiS é a narração, onde busca-se transformar a
mercantis, mesmo orientando-se por um padrão lembrança-memória individual, coletivizando-a em
paternalista, revelando um descompasso político forma de cadernos. São dezenas de entrevistas que
com os avanços da cidadania em todo o mundo. visam tirar a história de Tarauacá da solidão e do
Assim o Nordeste emerge como uma região esquecimento tornando-a acessível à toda
culturalmente pobre. tecnologicamente ineficaz e comunidade. É uma tentativa de "golpear" o
politicamente atrasada. oficialismo da história regional, pela voz daqueles
que por ela foram marginalizados.
Geraldo José de Almeida (UFMT) A Conquista de
Terra: A Resistência do.\" Posseiro.I' 1/0 Estado de Gilberto Lopes Teixeira (OS EC) Liberalismo e
Mato Grosso. Esse trabalho tem como objetivo o Utopia I/a TraJetória da Sociedad de la Igualdad.
estudo da formação dos movimentos de resistência Analisando o caso do Chile el11 meados do século
no campo, no Estado de Mato Grosso. A aplicação XIX procuraremo~ investigar um tipo muito
da polítiea agrária do regime militar, através do particular de projeto político de repúhlica
Estatuto da Terra, gerou resistência por parte dso substancíado nas propostas da Sociedad de la
pequenos prodUlores e trabalhadores rurais, Igllaldad. O caso a ser analisado é um bom
possibilitando sua reorganização em novas bases. exemplo da forma como a construção dos Estados
Dentro desse processo, a Igreja Calólica SI: Nacionais latino-americano~ foram baseadas numa
constituiu em aliada c inlelectual orgânico desse luta política acirrada em torno de diferentes
segmento social. No Estado de Mato Grosso, o propostas. Os liberais chilenos da Sociedad de la
movimento de resistência dos possciros se destacou Igllaldad atuaram politicamente no Chile entre os
como o prineipal foco de oposição à política anos de lS4S a IS50 c nessl: período a Europa
agrária. encontrava-se convulsionada pela chamada
"Primavera dos Povos". É importante reconhecer as
Geraldo S. Filho (USP) Aspectos Corporativistas familiaridades enlre o pensamento desse~ liberais
dos Ofícios Mecânicos - MG - Século XVIII. A chilenos e do~ pensadores europeu~ que viveram
transmigração das estruturas administrativas esse momento, mas sobretudo faz-se necessário
portuguesas para a colônia brasileira sofreu, entre apontar a especificidade na esfera de reflexão e de
nós, adaptações singulares. Tais adaptações se dão ação da Sociedad de la Igualdad. Assim,
em momentos e graus, variáveis, segundo as poderemos resgatar a dimensão utópica de um
formações soclO-econômicas que vão se entre tantos projetos na constituição do Estado
estabelecendo na colônia. Reportemo-nos ao caso Nacional chileno.
dos ofícios mecânicos nas Minas setecentista. Ali a
prática destas atividades configurou-se diferenciada Gilval Mosea Froelich (PUC-SP) A Cidade de Ilha
de suas similares portuguesas - as corporações de Solteira: História c Memória - !9ó7/1992. A
ofícios, marcadas por traços de monopolismo e intenção do presente trabalho é analisar a
inflexibilidade de seus integranles. Em Minas são formação e o desenvolvimento da cidade de Ilha
as câmaras Municipais as responsáveis pela Solteira, localizada no Estado de São Paulo.
organização do juizado de cada ofício mecânico. distrito do munidpio de Pereira Barreto até dez. n
Os oficiais mecânicos só se reunem, enquanto e munidpio independente a partir de jan. 93. Serão
segmento corporativo, quando questões específicas considerados pelo menos trés grandes períodos: 1)
se lhes apresentam, cotidianamente. problemáticas 1967-1972: surgimento e expansão da cidade
para o exercício de suas atividades. Esla enquanto acampamento de obras da
comunicação visa precisar os instanles em qUI: CespjCamargo Correia, visando à
aqueles profissionais são levados a ensaiar certas aproximadamente ao período do chamado
atitudes corporativas, além de discutir a idéia da "milagre" brasileiro; 2) 1973-1')S6: estabilização da
aversão branca pelos trabalhos manuai~. cidade em meio à indc1iniçiio l/llanto ao seu futuro,
66 XVIJ Simpósio Naciol/al de His/ória

correspondendo ao período de desenvolvimento e pode ser deixado de lado quando se busca o


crise da economia brasileira; 3) 19R7-1992: objetivo de uma polícia investigativa, técnica,
emancipação da cidade, na fase de crise e recessão humana e mais eficiente, capaz de zelar pelas
da economia brasileira. O trabalho será garantias individuais e coletivas do povo. Nesta
desenvolvido em dois níveis; 1) pesquisa de comunicação discutimos duas hipóteses: I - a
documentação histórica, especialmente na Cesp, na necessidade, para evitar a constituição de uma
prefeitura de Pereira Barreto e na Assembléia subcultura policial, da formação e capacitação dos
Legislativa do Estado de São Paulo; 2) pesquisa recursos humanos serem realizadas, em parte na
com moradores da cidade, migrantes em sua quase Universidade e, em parte, em Escolas de Polícia; 2
totalidade, com o objetivo de surpreender nos - a insuficiência da formação estritamente jurídica
depoimentos orais as representações que criaram no sentido de forjar uma consciência profissional
sobre o passado, o presente e as perspectivas de capaz de realizar a crítica da arbitrariedade e
futuro do lugar onde habitam, destacando a~ truculência no exercício da atividade policial. A
lembranças sobre o mundo rural em confronto com dogmática jurídica e a ideologia que lhe é correlata
o urbano, a valorização dos espaços públicos e funcionam mais como antolhos do que como
privado e o contraste entre viver em uma cidade viseira nas ações operacionais da polícia.
empresarial em relação a uma cidade normal.
Gisele Madeira (PUC-SP) () Social e o Pic/orial -
Gisafran Nazareno Mota Jucá (UFCE) Verso e U/1/a li/lguagem brasileira. Enfocar um artista
Reverso do Perfil Urba/lo do Recife e de Fortaleza: plástico brasileiro, Emmanuel Nery (filho de
1945- 1960. Partindo da proposição - modernização Ismael Nery), com especificação de uma exposição
no NE no período 45-60 - tomamos por base a ocorrida em 19SR no MASP jSP, resultado de
comparação do crescimento espaciaí da cidade do expenencias com mestres como: De Chirico,
Recife com o ocorrido em Fortaleza. Propomo~ Salvador Dalí, Diego Rivera, Frida Kahlo,
demonstrar os caracteres comuns e as diferenças Portinari, Guignard, entre outros. Um dos pontos
de cada uma delas, no intuito de revelar fecundos deste trabalho de pesquisa está no vínculo
argumentos que comprovem a existência de idéias embrionário do olhar cidadãojartista e, por
relacionadas a uma modernização. Optamos por conseguinte, a reciprocidade argumentação ditada
uma subdivisão em cinco capítulos, de acordo com pelas relações SOCIaIS, perfil histórico. que
a pertinência estrutural. O primeiro apresenta a comporão a fusão de idéias na produção do
abordagem acerca da origem e formação das duas material artístico. A própria exclusão do nome do
capitais, além de um confronto estabelecido entre artista em questão faz-nos ater questões a cerca
os bairros mais ricos e os mais pobres. O segundo dos espaços de produção e apresentação das artes
relaciona-se com a análise da situação econômica, plásticas. Pelo mesmo prisma de exclusão. pela
onde é mostrada a determinação do problema da "memória genética" brasileira do meio artístico. o
mão-de-obra barata e das limitações do salário próprio Ismael Nery é exemplo - a renegação de
mll1lmO e do subemprego. O terceiro visa seus trabalhos em tempos aureos de sua curta
comprovar a ineficácia da política do Estado frente vida, e a consagração póstuma associada a
às necessidades básicas da população, envolvendo o especulação do mercado das artes. Se insere
problema habitacional, a formação das associações também uma pesquisa dos olhares observadores;
e bairros e as contradições do assistencialismo esta pesquisa resultará em discursos a serem
dispensado aos flagelados. O quarto concentra-se analisados.
no estudo do funcionamento dos recursos básicos,
como transportes urbanos, iluminação, saneamento Gizlene Neder (UFF) CO/l/role Social e Cidada/lia
e também na análise comparativa das limitações c /Ia Rio de Jal/eiro. As estratégias formais de
contrastes dos portos do Recife e de Fortaleza. O controle social no Estado republicano forjaram.
último traz uma amostragem do cotidiano urbano desde 1890-91, e mais elaboradamente a partir da
através do enfoque das condições de lazer e da década de 1920 (a partir do exercício da Chefia de
prostituição, acrescida com a abordagem crítica da Polícia da Capital Federal por Aurelino Leal), um
situação do menor abandonado e dos mendigos. /1/odus vivel/di no Rio de Janeiro garantidor da
exclusão dos trabalhadores pobres e negros que
Gisálio Cerqueira Filho (UFF jUERJ) Idéias são apartados da cidade, nos morros e periferia.
Jurídicas e Polícia. Todas as recomendações dos Criou-se, assim, uma forma específica de
organismos nacionais e internacionais voltados relacionamento entre a "cidade quilombada" e a
para as questões da violência, direitos humanos e "cidade européia" inscrito sobretudo num padrão
da segurança pública contemplam a formação e a racista, repressivo-inibidor do livre trânsito de
reciclagem dos policiais como um tópico que não
Programa e Resumos 67

todos os "cidadãos brasileiros" pela cidade. Estado y durante las fases reactiva y fundacional
Destarte, a "cidade européia" pouco conhece da deI régimen militar chileno. De otra parte la
"cidade quilombada". O mesmo não se pode dizer comunicación, junto con precisar algunas de las
do contrário. Os trabalhadores pobres geralmente características má signilicativas de la
negros são obrigados a trasitar pela cidade em "contrarevolución monetarista". compara las
função do trabalho e mecanismos de controle prpuestas políticas elaboradas por la derecha bajo
social repressivos (policial e judicial) são eregidos eI nacional-desarroIlismo con las neuvas "ide as"
traçando barreiras invisíveis entre as duas cidades. formuladas durante elliberalismo real.
Objetivamos neste trabalho identilicar a construção
do "paredão da ordem", que delimita as fronteiras Harry Rodrigues Bellomo (PUC-RS) A Estatllária
desses espaços com a construção de várias FUllerária em Pono Alegre (1900-1950). O presente
delegacias de polícia, do Instituto Médico-Lega. trabalho tem os seguintes objetivos: 1 - fazer um
quartéis e presídios. levantamento das obras signilicativas existentes nos
cemitérios de Porto Alegre: 2 - estabelecer uma
(Jláucia Tomaz de Aquino Pessoa (Arquivo tipologia que permita uma análise das obras
NacionaljUSP) A Utopia da Prisão Ciellt(fica 1/0 estudadas; 3 - descrever o processo de produção da
Séc/llo XIX: o modelo a/lb/lmiallo lia Casa de estatuária funerária no período de 1900-1950. A
Co"eção da Cone. A Casa de Correçã() da Corte, comunicação começa por apresentar uma rápido
criada pelo Ministéri() da Justiça em U';50. é um resumo de evolução da arte funerária através dos
marco importante na história das prisiies no Brasil: tempos, dcsde o Egito antigo até os dias de hoje. A
ela inaugurou a crença em uma prisão que seguir é apresentada a atuação dos principais
ressocializava o criminoso. A organização e ateliers e artistas vinculados a produção da arte
distribuição do espaço interno, a arquitetura. a funerária em Porto Alegre. Na interpretação desta
preocupação com a edilicação em um terreno com produção foram usadas as seguintes variáveis: a
as mínimas condições de salubridade e a obrigação evolução sócio-econômica de Porto Alegre: a
da disciplina do trabalho foram algumas das ideologia cristã da sociedade portoalegrense: a
questôes abordadas pelos médicos e ideologia positivista. A análise das obras é feita a
penitenClanstas envolvidos no projeto de partir das tipologias criadas para este fim: a
construção da primeira penitenciária do império. tipologia alegórica. a tipologia cristã e a tipologia
Segundo o regulamcnto de 1850. a Casa de cívica-celebrativa.
Correção destinava-se ao cumprimento da pena de
prisão com trabalho prevista no Código Criminal Héctor H. Bruit (UNICAMP) A Retórica Cristã de
de 1830. Como se organizou o trabalho carcerário? Frei Diego Valadés. Na tarefa de cristianizar os
Qual o modelo de encarceramcnto celular adotado: índios da América, os franciscanos desenvolveram
o de Filadéllia ou o de Auburn? Este trabalho tem métodos pedagógicos variados. As diliculdades da
por objetivo apresentar esse debate tendo como evangel;ização residiam em duas questões básicas:
fonte os relatórios dos diretores da Correção e dos a variedade de línguas e a idolatria indígena. Em
penitenciaristas que no século XIX visitaram as relação a primeira barreira. os religiosos
pnsoe~ norte-americanas e européias. e elaboraram as primeiras gramática~ dessas línguas
participaram de congressos e reuniões num esforço de alfahetizá-Ios e faciliatr seu
internacionais sobre o tema. aprendizado, ou em seu defeito, esperar que os
índios aprendessem o castelhano. O ensino do
Gonzalo Cáceres Q. (PUC-Santiago do Chile) La evangelho foi o instrumento para combater a
Utopia Modemizadora de la Derecha Chilella ( 1970- idolatria. Nesse labor, a Retórica Cristâ de Frei
1989): Democracia o Al/toritarismo'! EI proyecto Diego Valadés tem uma importância especial.
modernizador elaborado por la derecha chilena Publicado em latim em 179, permaneceu quase
durante el nacional-desarrollismo (1 ()38-1973) se desconhecido por mais de quatrocentos anos. A
modilicó notablemente aI iniciar-se la dictadura recente edição castelhana de 1989, feita no México.
militar. Uno de los factores esencialcs aI momento vem a enriquccer nosso conhccimento sobre a
de cvaluar el cambio de orientación en las ideas pedagogia franciscana no ensino do Evangelho. A
derechistas lo constituye el papel ocupado por un rica iconogralia que acompanha o texto, permite
elenco de tecnócratas neoliberales. Por esa razón, observar entre outras COIsas, os métodos
la atención analítica de la presente comunicación se nomotécnicos para ensinar o alfabeto latino aos
concentra en el particular discurso político índios: as formas como () imaginário espanhol da
desplegado por un grupo de prolisionalcs y época representava as artes mágicas dos indígenas.
empresarios conocidos comunmcntc como
"C/licaRo Boys"-, con anterioridad aI golpe de
68 XVII Simpósio Nacional de História

Helen Osório (UFRGS) A Constituição do Gmpo respondidas para a maioria dos historiadores
dos Estal/cieiros110 Rio Grallde Século XVII/. A contem porâneos.
comunicação tratará da constituição do grupo
social dos estancieiros - criadores de gado - no Heliane Prudente Nunes (UFGO) Tendência
espaço colonial do Rio Grande de São Pedro, no historiográfica sobre o tema imigração. A presente
século XVIII. Este grupo. plenamente dominante comunicação é parte de uma pesquisa de
no século XIX, tendo promovido a Revolução doutorado em História econômica. que vem sendo
Farroupilha, não teve ainda sua formação realizada sob a orientação do Professor Df. José
suficientemente estudada. Do confronto de um Jobson de Andrade Arruda, do Departamento de
corpo documental variado - inventários, cartas de História da FFLCH-USP, sobre: "A Imigração
sesmaria e papéis administrativos - rastreia-se a Árabe em Goiás - I ª metade do Século XX". Trata-
diferenciação desse grupo em relação aos se de um estudo acerca das tendências
comerciantes, seu crescente poder econômico, sua historiográficas e mclodológicas sobre o tema
trajetória de ascensão social, suas pautas de imigração, resgatando as diferentes posições
consumo, formas de vida e sociabilidade. ideológicas produzidas pela historiografia
brasileira. Os primeiros estudos priorizaram
Helena Isabel Mueller (UFF) Imigraçiio e Utopia - basicamente dois aspectos: a relação imigração
Mundo Velho Sem Porteira! A imigração pode ser versus desagregação do tráfico de escravos e. a
considerada como uma expressão da pulsão relação imigração versus povoamento de áreas
utópica quando a utopia é vista através de seu viés desabitadas no Sul do Brasil. Recentemente as
de ruptura com a história, no caso, a história do pesquisas dedicadas à imigração no Brasil
migrante. Quando à pulsão de ruptura com uma voltaram-se para a análise das condições de
história "individual" agrega-se ao desejo de trabalho enfrentadas pelos imigrantes assim como
construção não só de uma nova história, mas de as suas formas de resistência à exploração c
uma nova sociedade -mais precisamente uma dominação. As atuais tendências metodológicas
sociedade outra- temos uma dupla pulsão utópica. que tem estimulado m. estudos históricos presentes.
A pesquisa que ora apresentamos trabalha com foram analisados a partir de leituras c discussões
essa dupla pulsão, examinando a trajetória de um realizadas durante o curso, "História Econômica:
grupo de migrantes e em especial seu Historiografia, Métodos c Técnicas", ministrado
organizador, Giovanni Rossi - que, em fin~ do pela profesosra Dra. Vera Lúcia do Amaral Ferlini,
século XIX, construiram a Colônia Cecília. no curso de Pós-Graduação de História Econômica
da USP, no lI! semestre de 1992. Tal curso,
Helcnita Prado Lotti (FEPI) História e Memória: o forneceu os subsídios de apoio metodológico aos
imaginário feminino na cidade Itajllbá. Resgatar a diferentes interesses da pesquisa. resultando na
memória de uma classe social, como das mulheres seleção do método comparativo para o estudo do
acima de setenta anos, por que muitos séculos. tema proposto.
esteve à margem da História, enquanto produtora
de cultura, não é uma tarefa das mais fáceis. É Hélio da Costa (lJNICAMP) Militância Comunista
preciso, para tal, distinguir história externa, que e os Sindicatos Oficiais em Siio PaI/lo (J945-1952).
verifica a consistência dos fatos e reúne e controla O objetivo desta comunicação é analisar a relação
os testemunhos, de uma história interna, que entre a militância comunista e os sindicatos oficiais
encontra os motivos e os significados dos fatos na de 1945 a 1952. Esse período se caracterizou por
consciência de quem os viveu ... Como era o modo dois momentos bastantes distintos na orientação
de viver e de pensar das mulheres da terceira política do Partido Comunista Brasileiro, com
idade, suas lutas, suas experiências vividas nos repercução direta na sua estratégia sindical. No
diversos grupos dos quais fizeram parte? Que primeiro momento (1945-1947) o partido se pautou
significados teriam para elas a casa e a família, a pela política de "União Nacional" cuja prioridade
rotina doméstica, a religião, a política, o lazer, a era a luta contra o nazi-fascismo. As greves e
comunidade, o trabalho, o casamento. a manifestações de protestos eram desaconselhados
sexualidade, etc. São algumas das indagações que e a democratização das entidades sindicais deveria
me intrigam no momento das entrevistas. Separar e ser feito através das disputas no seu interior. A
unir o público e o privado e perceber o que partir de 1948, inaugura-se uma outra fase com o
determina a existência da forma; do lado de cá, o partido na clandestinidade, a estratégia se orientará
espaço finito, delimitado, construido ... do lado de pela tomada direta do poder através das Frentes de
lá, o infinito, o ilimitado. A memória oral pode ser Libertação Nacional (FDLN). No plano sindical
um método de abordagem que permite a significou um combate ostensivo à estrutura
reconstrução de espaços e de vida, ainda não
Programa e Resumos 69

sindical o/icialatravés do combatc ao imposto pretende esboçar uma periodização das


sindical, organizações de comissões de fábrica, e transformações do saber herbário, da mentalidade
criação de sindicatos paralelos. Queremos chamar da época acerca das práticas desse saber c da
atenção para o fato de que nas duas orientações o normatização institucionalizadora e repressiva por
Partido Comunista padecerá dos mesmos ele sofrido.
problemas em relação às suas bases, que se
orientarão menos pela sua política o/icial e mais Hercidia Mara C. Lambert (UNESP-Franca)
pela dinâmica do mivimento operário que quase Festas Políticas e Utopias. Os depoimentos sobre
sempre a empurrava para o lado oposto. festas permitiram o contato com as representações
elaboradas pelos idosos a respeito de seus
Heloisa Maria Bertol Domingues (USP) A momentos de comemoração. Ao falar das festas
Descolltilluidade Histórica e a Imtituciollalização políticas, os depoentes, na maior parte das vezes,
das Ciêllcias Naturais 110 Brasil: O Caso do Jardim localizam no passado e existência de uma política
Botâllico do Rio de Jalleiro. A visão de que a mais quali/icada. O Brasil e os brasileiros são
institucionalização das ciências está inserida no descritos como tendo perdido, em algum momento,
processo geral da produção cultural do país, bem a oportunidade de encontrar o "bom caminho".
como a dcscontinuidade do mesmo, pode ser Buscando utopias neste material, deparamo-nos
constatada a partir dos primeiros resuhados de com esta representação recorrente: a idealização
uma pesquisa sobre a história das ciências naturais do passado como um "tempo melhor". A partir
no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. durante o daqui pudemos avaliar a relação indivíduo-Esatdo,
Governo Imperial. A instituição, criada ainda no a presença do político na vida do homem comum, o
tempo colonial, vive naquele período dois alcance das liçôes de moral e civismo ensinadas nas
momentos estruturalmente diferentes, afetando as escolas, a e/ieácia da ideologia, entre outros.
práticas que alí se realizavam. O corte se deu em Acreditamos que a contribuição deste estudo está
lR60, após a criação do Ministério de Agricultura. precisamente na possibilidade de resgatar aspectos
Comércio e Obras Públicas e do Imperial Instituto da percepção do político de uma parcela da
Fluminense de Agricultura. O Jardim Botânico, até população. Esta percepção, evidentemente,
então sob a administração do Ministério dos informa a ação ( ou não-ação) destas pessoas, é
Negócios do Império, passou à subordinação condição para um agir utópico.
daqueles novos órgãos políticos. Este que até
aquela data tivera suas práticas voltadas para a Holien Gonçalves Bezerra (PUC-SP) Leituras do
botânica e era conduzido por especialistas destas positivismo lia Década de 1960. Em pesquisa
ciências, passou a ser dirigido por um estrangeiro. realizada para analisar as grandes tendências das
reconhecidamente agrônomo, que implantou novas obras escritas nas décadas de 60 e 70 no Brasil,
práticas científicas na instituição, buscando chamou-nos a atenção o tema do Positivismo.
responder a problemas mais diretamente ligados à Nesta comunicaçõo propomo-nos a apresentar os
agricultura e apresentados por um grupo específico resultados da pesquisa. A amostragem recaiu sobre
de grandes proprietários rurais. as obras de três autores: Antonio Paim, Roque S.
M. de Barros e Miguel Reale. Com intensidade
Henrique Soares Carneiro (USP) Sobre a diferente nos três autores, as tônicas comuns
Regulamelltação do Uso de Drogas 110 Período puderam ser agrupadas em torno de () temáticas: 1
Colollial. As fontes médico-farmacêuticas do - referências aos pensadores positivistas; 2 -
período colonial podem desvelar, além de uma descrição e características; 3 - questões /ilosó/icas;
terapêutica, uma moral reguladora do uso das 4 - análise e comentários; 5 - a influência atual: 6 -
drogas. A transformação do pecado, normatizado positivismo e militares. Pode-se constatar uma
pela Igreja, em doença, normatizada pela medicina grande diversidade de pontos de vista entre os
e pelo Estado, reflete a instauração de uma autores ao tratar dos temas, preponderando uma
nosologia moral no Ocidente. As disposiçôes postura crítica de dois autores e a complacência de
disciplinadoras dos costumes emanadas do Concílio outro. São autores, conhecidos no meio letrado
de Trento não deixam imunes os hébitos de brasileiro, o que aponta para uma constatação de
consumo de plantas psicoativas. Os séculos XVI e que a amostragem analisada representa uma
XVII serão ricos em cronistas das novas drogas. concepção sobre o positivismo que é a maIS
Garcia da Ona na Índia; Nicolas Monardes na comum na literatura brasileira do período.
América espanhola e Guilherme Piso no Brasil,
são os autores cotejados para o estabelecimento de Humberto Fernandes Machado (UFF) E1Itre a
uma história da regulamentação do consumo de MOllarq/lia e a República: A Trajetória de /1111
drogas no período colonial. Essa comunicação
70 XVII Simpósio Naciol/al de História

Aboliciol/ista do Rio de Jal/eiro. A Repúbliea era de cada um destes estados nacionais (Argentina,
apresentada, no final do século XIX, como um dos Uruguai e Brasil), destacar autores e correntes
símbolos da "modernização" do Brasil, vinculada às historiográficas no que diz respeito ao tratamento
idéias de "civilização" e "progresso". Assim, nada dado a temas contemplados na pesquisa, tais como
mais natural que muitos dos abolicionistas do Rio área geográfica (visão de região), produção
de Janeiro se identificassem com a propaganda pecuária, comércio, o tipo característico. o gaúcho
republieana, embora os seus defensores tenham e cultura popular. Buscamos o estabelecimento de
assumido posições bastante ambíguas em relação à relações, a busca de identidades ou oposições, a
luta antiescravista. As atitudes tímidas dos partir da elaboração de um quadro comparativo da
republieanos, no que concerne ao cativeiro, história escrita do passado colonial. de forma
ensejaram reações por pane de setores seletiva, apenas destacando os temas acima
abolieionistas, entre os quais José do Patrocínio explicitados. Ao trabalharmos no campo da
(1853-1905). Apesar de ardoroso defensor da Historiografia reconhecemos alguns aspectos
República e opositor contumaz do regime comuns no discurso dos historiadores sobre a
monárquico, sempre priorizou nos seus escritos a formação histórica do Prata. Entre estes aspectos,
campanha contra a escravidão. Com a extinção podemos ressaltar o caráter nacionalista da
legal do trabalho compulsório, Patrocínio, construção historiográfica noa âmbito da
inicialmente, apoiou os grupos marginalizados da consolidação do Estado e é nesta idéia -
Corte que defendiam a continuidade do regime nacionalidade - que centramos o estudo.
monárquico.
Irene Rodrigues da Silva Fernandes (UFPB) A
Iara L. Schiavenatto de Souza (UNESP-Assis) Fomwção da Propriedade Privada lia Paraiba - O
Brasil: EI/tre a História e a Utopia. Há um grande Sistema Sesmarial. A presente comunicação
esforço, no início do século XIX, em promover e objetiva expor sobre a implantação do Sistema
delinear o Brasil enquanto nação. Ato contínuo, Sesmarial na Paraiba. através da análise de 1138
define-se para o Brasil uma história que respalde a cartas de Sesmarias. Pretende-se dimensionar a
sua dimensão nacional. Neste debate, inscreve-se. importância da fonte para identificar as fases do
muitas vezes, os textos de Karl Philipp Von processo de ocupação e organização do espaço
Martius a ponto do seu plano para a história do paraibano: caracterizar a distribuição temporal das
Brasil ser reconhecido e laureado pelo I.H.G.B. na atividades produtivas, aferindo as formas de posse
década de 1840. Trata-se, aqui, de perceber a partir e uso da terra. A análise das cartas de sesmarias
de uma passagem de Frey Apollonio - UIII será conduzida à busca da apreensão do processo
Romal/ce do Brasil, que se assemelha a uma de formação da propriedade privada na Paraiba,
narrativa utópica, as relações necessariamente em contraponto com o processo de apossamento
postas, pelo autor entre utopia e história para de terras.
instaurar o Brasil; como a história vai emprestando
temas da utopia para esboçar o passado do país, Iris Kantor (USP) Festas Ptíblicas lias Millas
entender seu presente e desenhar um futuro. Setecelltista. Os festejos públicos por ocasião dos
Conjungando história e utopia, Von Martius efetiva coroamentos, casamcntos, nascimentos e mortes
um tempo da nação. dos soberanos lusos eram ordenados pela coroa a
todas as partes do Império Português. sendo que a
Ieda Gutfreind (UFRGS) Estudo Comparativo das realização de tais cenmomas ficava sob a
Historiografias Argelltilla, Umguaia, Brasileira e Rio- responsabilidade das câmaras em cada localidade.
Grandel/se sobre a Fon1/ação Ecollômico-Social e Promovidas pela iniciativa da metrópole, as festas
Cu lw ral da Região Platilla. As comunicações visavam o reconhecimento da soberania lusa na
propostas fazem parte da pesquisa "Região Platina: colônia. Nos territórios ultramarinos a distância
Conceito e Realidade", que se propõe a estudar os física e geográfica entre () rei e os súditos colocava-
sub-espaços compreendidos pelas campanhas do se como um problema para a legitimidade
Rio Grande do Sul (BR), Uruguai e Argentina, monárquica. Por ter sido um dos centros urbanos
durante os séculos XVII e XVIII, a fim de melhor mais importantes da América Latina no século
compreender o que se identifica como Região XVIII, a sociedade mineira desenvolveu uma
Platina. Nosso entendimento implica uma noção de sociabilidade festíva intensa e extremamente
região não só vinculada à idéia de um Modo de elaborada. Nessa comunicação objetiva-se
Produção comum, mas também a uma compreender a implantação e a adaptação dos
identificação da estrutura sócio-cultural que festejos públicos monárquicos. Explorando a
contribuem para uma visão de Totalidade. documentação das câmaras municipais relativas à
Objetivamos. através do estudo da Historiografia
Programa e Resumos 71

organização das festas procurou-se observar as reconstituir o papel histórico-social de crianças e


tensões engendradas pela "Col/diçüo C%I/ia/". A adolescentes provenientes das camadas mais baixas
problemática do exercício do mando nas Minas da população a partir do conhecimento do modo
Setecentista será discutida a luz dessa peculiar dc inserção desse grupo nos múltiplos
documentação. espaços sociais cm que convivem c interagem.
Dividiremos no~sa exposição em duas partes: 1 -
Isabel Cristina Martins Guillen (Fund. Joaquim Faremos um breve comentário sobre essa
Nabuco) Saúde e COII/role da Müo-de-Obra: a historiográfia, tanto do ponto de vista teórico como
Criaçüo do Serviço Especial de Saúde PlÍhlica. Em metodológico. 2 Discorreremos sobre os
decorrência da assinatura dos Acordos de desdobramcntos c problemas enfrentados pela
Washington, no início de 1942, o Estado Novo se pesquisa (fontes pcsquisadas e conclusões).
comprometeu a aumentar a produçüo de matérias
primas vitais para a guerra, destacando-se a István Jancsó (USP) Adel/do à Discllssüo da
borracha. Visando aumentar a sua produçüo, o Abral/gêl/cia ,r.,·ocial da II/col/fidêl/cia Bahial/a de
governo federal lançou o plano dc Valorização 1798. A abrangência social da Inconfidência
Econômica da Amazônia, incentivando a migração, Bahiana de 179~ continua sendo questão aberta.
principalmente de nordestinos, para aquela região. Kenneth M axwe 11. em A Devassa da Devassa, situa
Foram criados vários órgãos governamentais que radicalmente o movimento IHl âmbito dos homens
dariam o suporte para o aumento da produção, pobres (livres. forros ou escravos), no âmbito da
inclusive o Serviço Especial de Saúde Pública, cujos plebe urbana, recurso, talvez, para conferir maior
propósito~ e atuação serão objeto de análise neste força à sua leitura da Inconfidência Mineira. Luis
momento. O contexto em que o Serviço Especial Henrique Dias Tavares debate-se com a questão
de Saúde Pública roi criado aponta para sua em seus vários trabalho~ acerca do movimentos.
existência estratégica enquanto órgiio optando por uma justificada prudência ditada pelas
racionalizador, incumbindo-se de avaliar evidentcias da documentaçã(l posta ú luz, c essa
tecnicamente os posslvels migrantes que tem sido a postrua da grande malona dos
receberiam incentivo para a migraçiio, separando historiadores que aboradaram. ainda que
os aptos e não aptos para o trabalho nos seringais. tangencialmentc, () evento. Não se trata de questiio
Ao mesmo tempo procurava criar na Amazônia de somenos importüncia: o que se coloca é a
condições ambientais propícias à otimização da natureza do metabolismo político da sociedade
força de trabalho, atuando no combate à malária e colonial ou, meis precisamente, da sociedade
outras doenças, saneamento da rcgiiio e criaçiio de baiana de fins d(l século XVIII. O gigantesco
condiçóes mínimas de higiene entre sua populaçiio esforço de rccolha de documl:ntação relativa ao
Brasil produzida pela Inquisiçiio portugucsa. levada
Isabel Cristina Ribeiro da Cunha Frontana (USP) a cabo pcla professora Anita Novinsky permitiu
O Mel/or Margil/alizado em São Palllo: cotidial/o e avançar no desvendamento da complexidade das
sohrevivêl/cia de crial/ças e adolescel/tes pobres I/a relaçôes sociais envolvidas, assim como da maior
lIletrópe (aI/os 60 e 70). Alguns trabalhos amplitude dos referenciais ideológicos que
historiográficos, na área da História Sócio-cultural, informavam a visão de mundo dos que viveram
têm como preocupação central reconstituir as aquela história. O documento da Inquisição de
formas de improvisação de papéis sociais por Liboa n. 16.805 (Arq. Nacional da Torre do
grupos oprimido~ e alijados do poder nas Tombo) é, aparentemente, uma investigação
sociedades modernas. A importância desses rotineira envolvendo falsificação de dinheiro
trabalhos reside na tentativa de compreender o envolvendo dois súdituos ingleses, em Lisboa. Mas
sentido sociológico da diversidade de ponto~ de do episódio surgem José Borges de Barros e a
vista e de opinióes que ocorrem no mesmo meio necessidade de se repcnsar aspectos da
social num determinado momento do processo Inconfidências Bahiana de 179K
histórico, buscando, para tanto, o conhecimento
das l11ediaçóes sociais continuamente improvisada~ Ítalo Tronca (UNICAMP) Cidade. História c
no processo global de tensões e conflitos que Utopia. Todas as utopias comportam uma parccla
compóem a organização das rclaçóes de produção, de provocação. Que tipo de cidade desejamos
o sistema de dominação e as formas de construir? De que maneira queremos viver? Os
estruturação do poder. Esta com unicaçiio será utopistas reagem contra a sociedade de seu tempo:
sobre o projeto de pesquisa para dissertação de criam um sistema de imagens capaz de alimentar
mestrado que estamos desenvolvendo e que se os sonhos. de mobilizar as energias c forjam assim
enquadra dentro desta perspectiva de análise uma arma de longo alcance. Em consequêneia
histórica. Esta pesquisa tem por objetivo resgatar e
72 XVII Simpósio Nacional de História

estabeolecem-se relações complexas entre a utopia com todas as suas implicações. os objetos de nossa
e a História. A cidade ideal, para os utópicos, se pesquisa.
consuma através das lutas sociais: a festa da
Federação francesa estava ligada às utopias de Ivonne Gallo (UNICAMP) O Novo Mundo na
1789; os homens de 1848 e da Comuna quiseram Perspectiva de Fourier. O pensamento de Fourier
edificar a sociedade sonhada pelos sansimonianos, inaugurou no seu tempo novas perspectivas de
Fourier e Victor Considérant. A harmonia é interpretação da história e da~ relações sociais ao
alcançada e o tempo como que suspenso. Essas projetar a organização societária como um
"cidades de nenhum lugar" são geralmente situadas caminho possível ou quase inevitável a ser criado
em ilhas e formam identidades autônomas, pela humanidade na construção de seu próprio
separadas do mundo exterior. São concebidas destino. O desabrochar de um mundo perfeito,
como uma totalidade. Não existe aí a ameaça de sistêmico e infinitesimalmente calculado ocorre em
uma nova opressão? Mas pouco import se as meio ao caos do mundo presente, minado pela
cidades ideais são irrealizáveis. Seu verdadeiro miséria moral e material substituindo as privações
interesse é outro. São algumas dessas questões que e os infortúnios pela abundância e pela plena
pretendemos debater, tendo como pano de fundo o realização da potencialidade criativa dos homens.
incomensurável potencial do imaginário social
como institiuinte da História. Izabel Andrade Marson (UNICAMP) Utopia na
Passagem do Império para República. Esta
Ivan Aparecido Manoel (UNESP) Catolicismo e apresentação destaca uma fase da participação de
Educação 110 Brasil 1850-1950. Entre HlS9 e 19S9. Joaquim Nabuco na política imperial - 1878-1885 -
as congregações e ordens religiosas católicas, período em que disputou campanhas eleitorais,
aportadas no Brasil, criaram 873 escolas de 2U grau. atuou no parlamento e criou um projeto de
Apenas no Estado de São Paulo foram instaladas remodcJação da monarquia constitucional no
139 dessas escolas. No total, a Igreja controlava Brasil. Apoiando-se em discursos e conferências
diretamente 40,4% de todas as escolas secundária~ proferidos por Nabuco, assim como em sua obra
particulares, sem contar as escolas primárias e mais conhecida - O Abolicionismo - esta rellexão
aquelas controladas indiretamente. O presente busca esclarecer: 1) A historicidadc da~
texto discute as linhas gerais da teoria educacional proposições deste estadista no debate político
da igreja no período assinalado, procurando vivido por republicanos. liberai~ e conservadores.
entender as razões que levaram a aloigarquia, seja ou. as razôes do engendramento de um projeto
a brasileira, seja particularmente a paulista, remodelador das práticas monarquistas liberais no
supostamente modernizante, a aceitar essa teoria Brasil; 2) Os pontos essenciais deste projeto: a
educacional marcadamente conservadora. defesa da emancipação dos escravos existentes no
Império; a criação de uma "classe média"; a
Ivonete Pereira (UFSC) Imagens de prostituta: um descentralização política c a cJeição direta baseada
enfoque da sociedade de Flon'allópolis no início do no sufrágio dos cidadãos alfabetizados; 3) Os
século. Florianópolis, a partir do século XX, com o recursos de método, imagens, temas c argumentos
desencadeamento de seu processo de urbanização, que o discurso de Nabuco constituiu neste período,
a exemplo de outras cidades brasileiras, passou a destacando a instrumentalização da escravidão
ter novas preocupações e a reinventar antigos como causa ongmana dos problemas da
preconceitos. Com o objetivo de reformular, num monarquia, e a reapropriação de imagens e idéias
todo, o meio urbano e estender a "civilização" que inscritas no passado, sua recriação e inserção no
almejavam à toda sociedade, a elite que detinha o confronto político da década de 18~m.
poder econômico e político, a qual, na ocasião, era
formada por comerciantes e armadores que Izabel Andrade Marson (UNICAMP) Utopias na
ocupavam, também, cargos no poder público - Constmção do Império no Brasil. O tema desta
pretendeu remover os "entraves sociais" que apresentação recorta um período do processo de
impediam tal desenvolvimento. Assim, o poder constituição do Estado Monárquico no Brasil, mais
público, valendo-se de diferentes meios, como a especificamente a década de 1840-1850. Tem como
força policial, as práticas judiciais, a imprensa e objetivo mais amplo apoontar o caráter
ainda as práticas higienistas procuraram tirar da instrumental das utopias liberais no jogo político
área urbana os "inconvenientes". entre os quais as que engendrou o Estado Nacional: e como
prostitutas. Estas eram alvo de maiores atenções, preocupação específica esclarecer os fundamentos
principalmente, pelo fato de que seu e contradições de projetos políticos emergentes na
comportamento não condizia com os parâmetros primeira metade do século XIX. Para atingir tais
idealizados para as mulheres. São estas imagens,
Programa e Resumos 73

proposições resgata as circunstâncias históricas que diferentes formuladores. De repente. a agenda de


deram origem ao projeto de reforma da Monarquia um imperador romano, ou vinte e quatro horas
Constitucional apresentado pela revista O numa fazenda de café viraram modelos
Progresso - projeto posteriormente considerado historiográficos e pesadas estruturas de uma
como divulgador das idéias socialistas no Brasil; e história pseudo-dialética foram trocadas por
também analisa as categorias básicas do cromcas picantes ou simplesmente insossas.
pensamento liberal inscritas neste projeto: política, Entrou-se no mundo da banalidade em nome de
liberdade, propriedade, ordem e progresso. uma pretensa modernidade. A idéia da mesa é
discutir a historicização do cotidiano, isto é sua
Jacqueline Guerreiro Aguiar (UFRJ) Utopia "desbanalização", através de uma história
Milel/arista 110 Brasil COl/temporâl/eo. A partir de comprometida com o externo e o interno, com o
referencial teórico utilizado por diversos autores social e a humanização do sujeito histórico.
para análise dos chamados Novos Movimentos
Sociais, pretende-se relletir acerca de um Jaldes Reis de Meneses (UFPB) Questões sobre a
Movimento Religioso presente no Brasil desde a produção il/telectual autol/omista. Análise crítica e
déeada de 30 o movimento denominado esboço de periodização da produção intelectual do
UNIVERSO EM DESENCANTO quc autodenominado "Coletivo Autonomista" (que
reatualiza a tradição messiânica e a utopia reuniu, entre outros, Edcr Sader, Marilena Chauí,
milenarista dando-lhe conteúdo singulares, Marco Aurélio Garcia), início dos anos HO. O artigo
notadamente a utilização da linguagem escrita procura estabelecer liames entre a prática política e
como instrumento de persuasão. a rellexão acadêmica do grupo, contextualizada na
temporalidade dos anos gO, no Brasil.
Jaime de Almeida (UNB) Festas em Tempos de
BnLtas. A sentença da Inquisição de Lisboa contra Joaci Pereira Furtado (USP) Uma Utopia Para o
Soror Maria do Rosário, nascida Maria Teresa Passado: A II/col/fidêl/cia Mineira nas Leituras das
Ignácia, condenada a sair no Auto-de-Fçc de 20-10- "Cartas Chilenas" (/845-/940). Esta comunicação é
174g com carocha e rótulo de feiticeira, mostra parte de um trabalho mais amplo, que analisa as
uma intrigante marcação do tempo. Destacarcmos leituras do poema satírico de Tomás Antônio
do texto a primeira sequência de depoimentos, Gonzaga no âmbito de três temas que lhes são
levados à Mesa do Santo Ofício por terceiros, recorrentes: história, política e literatura.No que se
relatando supostos milagres e arroubos místicos: refere à Inconlidência Mineira, assunto prioritário
praticamente todos estes prodígios são sempre que se considera o signilicado histórico das
expressamente referidos - pela acusada, por seus "cartas" de Critilo, essas interpretações identificam
denunciantes, ou pelo escrivão? - e festas, dias na sátira gonzagueana a insatisfação que
santos ou horas canônicas. Os seceSS1VOS desaguaria na conjura de Minas, como se ela fosse
depoimentos da acusada, aparentemente, uma espécie de "prefácio" à conspiração delatada
estilhaçam essa primeira marcação do tempo. em 1789.Demonstrando tais construções
Procuraremos identificar o tempo destas duas argumentativas, em geral insensíveis aos aspectos
narrativas. Uma Notícia Curiosa, provavelmente lusólilos e legalistas das Cartas Chilenas,
redigida pelo padre José Caetano de Almeida, pretendemos apontar a interrelação desse discurso
bibliotecário de D. José I, estabelece de novo um com a edilicação da história olicial da
nexo entre a bruxaria e o tempo extraordinário. Inconlidência. que assim encontra outro elemento
Condenada à prisão perpétua, Maria Teresa de Iegitimação.Acreditamos que a relevância
Ignácia escapa das masmorras do Santo Ofício posteriormente atribuída ao contexto limitou o
graças ao terremoto de 1-1-1755 ... horizonte interpretativo do poema no que se refere
à perspectiva histórica, tornando seus versos
Jaime Pinski (UNICAMP) História e Cotidial/o: credores de uma utopia própria do olhar que se
Usar Sem Bal/alizar. A obsolescência de antigas volta mais para o passado do que para o futuro.
form ulações teórico-metodológicas, como o
marxismo tradicional, levaram muitos professores a Joana Maria Pedro (UFSC) Nas Tramas entre o
situações difíceis, uma vez que não encontraram Público e o Privado: a imprensa de Deste"o (1831-
material que permitisse, tanto do ponto de vista de /889). Em Desterro, atual Florianópolis. capital de
pesquisa quanto do ensino, um substituto à altura Santa Catarina, na segunda metade do século XIX,
de conceitos antes utilizados. Dentre as novas o crescimento de atividades ligadas ao comércio e
propostas apresentadas apareceu uma certa ao transporte marítimo proporcionou as
"história do cotidiano" que, de modo oportunista, possibilidades de constituição de uma esfera
apresentava diferentes faces em função de
74 XVIl Simpósio Nacional de História

pública burguesa, a qual se cxpressava, da integralidade do pensamento e obra de~te que é


principalmente, através da imprensa. Nas páginas um dos grandes pensadores hrasileiros. Veremos
dos periódicos divulgava-se uma ideologia burguesa nelas alguns tópicos que matrizam a sua construção
que se espalhava, a partir da Europa, na esteira da tcleológica de história, tais como: "ditadura do
internacionalização do capital, incluindo a rígida Estado"; "altruismo social"; "natureza do homem
separação entre o setor privado e a esfera do poder socialista"; "o herói do trabalho" e a "liberdade no
público, bem como a construção da esfera íntima socialismo". Em suma. estaremos apresentando a
familiar. Entretanto, na concretude do cotidiano, análise positiva do Autor quanto aos principais
estes jornais mantiveram bastante fluídos os limites fatos constituidores do mundo ~ocialista
entre os setores público e privado, pois sua sedimcntado por Stálin no começo dos anos trinta.
sobrevivência dependia, muitas vezes, do poder
público, através dos contratos de publicação dos João Antônio Botelho Lucídio (UFMT) No!;'
atos oficiais. Além disso, por se vincularem à COl/fills do Império: Um DesCl10 de Homel/s
política partidária, ficavam subordinados às Povoado por Boi.1 (a OCl/j){/{,;üo do piaI/alto SI/i
diretrizes dos chefes políticm., o que signilicavil Mato-Grosso 183{)- 1870). Esll: estudo visa rl:gistrar
limites à autonomia da redação desses periódicos o mundo de materialidade construído pelos
c, portanto, à formação da opinião pública. homens que se afazl:ndaram no planalto ao sul da
província lk Malo (irossu entre IK~() a 1~70. O
Joana Neves (UFPB) O Ensil/o de História: ]!1, 2!1 (; povoamento fez-sl: a partir de uma estratificação
3fl gralls. Trabalho igllal, Carreira ÚI/ica para os social anterior que procurou. ao transplantar,
professores. A ANDES/SN - Sindicato Nacional instaurar uma íorma de organizaç<io ,;conômica,
dos docentes as IES-, em seu XII Congresso (:2..'>/02 social c política com base em seu modelo de
a 05/03/93), realizado em Manaus/AM, aprovou origem. Os moradores que comandaram a
proposta de uma nova carreira para os docentes. ocupação possuíam experiência e técnicas de
Um dos principais e polêmicos conteúdos dessa organizaçãn material e espiritual anteriores, além
proposta é o fato de se propor que a carreira seja de, em muitos casos, uma longa vivência política. A
IÍl/ica para os docentes de todas as Instituiçóes de reprodução da vida feita com base em expaiências
Ensino Superior - públicas e privadas - e dos três anteriores implicavam na manutençüo dl' contato
níveis de ensino: 1!!, 2!! e 3!! graus. O objetivo deste com as regiôes de origem, l:ontrihuindo para a
trabalho é analisar as rcpercussóes de uma tal formação e expansüo do mercado interno. Na
proposta na problemática do ensino de história. passagem do estatuto Colonial ao Nacional, (l Mato
considerando-se a formação e a atuação dos Grosso inseria-se na dinâmica escravista c, após
professores. Para esta análise serão discutidas duas um lento reordenamento de suas forças produtivas,
questóes básicas: a formação dos professores de acomodava SUil economia, buscando na
história - que, há muito tempo, a ANPUH propóe diversificação (produção de subsistência c pecuária
que seja a mesma do pesquisador c a integração hovina) novas forma~ de aculllulaç<io. Produzindo
ensino-pesquisa, que, como se demonstrará no bens realizáveis na órbita dl' mercado interno. seu
decorrer da Comunicação, deve estar colocada no relacionamento com o mercado externo l:ra apenas
ensino de história do 1!! ao 3!! grau. Com a langencial.
discussão desses dois problemas espera-se concluir
que a proposta de uma Carreira ÚI/ica para João Antonio Ferreira (PUC-SP) O Mecel/ato
docentes dos I!!, 2!! e 3!! graus é válida e viável e sua Paulista. Essa comunicação tenta alinhavar um
adoção (melhor seria constn/çào) representaria um percurso do mecenato paulistano do início do
avanço para o ensino de história, em todos os século. para isso vai resgatar três personalidade
níveis. marcantcs desse pcríodo: Dona Veridiana Prado, o
Senador José de Freitas Valle e Dona Olívia de
João Alberto da Costa Pinto (PUC-SP) Caio Prado Guedes Penteado. Esses três nomes estão
JlÍl/ior e a URSS Stalil/ista. Caio Prado Júnior IIltlluamcnte ligados com a profunda
publicou duas obras que apresentam análise sobre transformação que a cidade passou nesse período.
o mundo do socialismo soviético dos anos trinta bl:m como tem um papel decisivo nas mutaçôes
aos anos sessenta. Estas obras são Urss: Um Novo que ocorrem na produção cultural paulislana.
MUI/do (1934) e O Mundo do Socialismo (1%2).
No conjunto da obra do Autor são trabalhos hoje João Azcvedo Fernandes (UFPA) O Trabalho e a
esquecidos, que no entanto revelam aspectos Origem da Sociedade: uma revisüo evoluciol/ista de
fundamentais para o conhecimento de seu F. EI/gels. Esta pesquisa tem como objetivo
pensamento. Nosso trabalho aqui é apresentá-Ias retomar um quase esquecido artigo de F. Engels,
de modo a contribuir com o resgate tão necessário
Programa e Resumos 75

"O Papel do Trabalho na Transformação do antifascismo na coletividade italiana no entre


Macaco em Homem", de 1876. Neste artigo Engels guerras), estamos estudando a ação desse grupo de
defende a tese de que o evento fundador da antifascÍstas no Brasil, visando entender sua visão
soeiedade humana é a emergência da eco/lomia, de fascismo e de sociedade, suas táticas e
isto é, do intereâmbio de produtos entre homens e estratégias de luta e sobrevivência frente ao
mulheres. Nossa pesquisa tentará demonstrar que fascismo e aos outros grupos antifascistas atuantes
esta tese vem sendo confirmada pelos trabalhos no Brasil, sua penetração social, etc. É nossa
mais recentes a respeito da origem da nossa intenção que, com este estudo da ação fascista e
sociedade. Para isso utilizaremos os dados da antifascista em são Paulo entre 1919 e 1945,
sociobiologia e da etologia comparada possamos entender melhor tanto o processo de
(especialmente a teoria do equilíbrio, de Michael integração dos italianos em São Paulo como o
Chance), procurando relacionar o surgimento da próprio contexto político social do entre guerras. A
economia com alguns comportamentos típicos dos presente comunicação pretende apn.:sentar o
primatas e sugerindo que este fato foi motivado por estágio atual da pesquisa.
importantes pressôes evolutivas que modificaram
radiealmente tais eomportamentos, o que coloca João Klug (UFSC) O Projeto Escolar Alemâo em
problemas novos para a teoria marxista, já que aí Desterro (Floria/lópolis). Uma das principais
está a origem do modo de produção de caça-colela, preocupações que acompanhava os emigrantes
soh o qual vivemos por mais de 90o/t) de nossa alemães que vieram para Santa Catarina no século
história. XIX dizia respeito à escolaridade de seus filhos.
Era praticamente inconcebível que a família alemã
João Bosco Sandor de Castro (PUC-SP) Estudo da deixasse seus filhos alheios a cultura e a língua da
Proposta em Educaçâo dos Comitês Populares pátria-mãe. Assim sendo, é possível verificar
Democráticos Criados pelo PCB /la Década de 40. através de um rico acervo de fontes primárias,
Desde a sua fundação em 1922 e, particularmente enormes esforços visando suprir esta necessidade.
da déeada de 40 o Partido Comunista Brasileiro Neste trabalho queremos examinar o projeto da
(PCB), desenvolveu uma série de atividades Escola Alemã de Desterro, iniciado em 1868, que,
educaeionais específicas sob seu controle político e além de atender as necessidades básicas de
administrativo, uma delas foram os comitês alfabetização, visava ser o espaço por excelência
populares democráticos, criados no período de onde pudessem ser preservados e cultivados os
legalidade, entre 1945 e 1947. Nosso objetivo será valores culturais alemães. Queremos examinar a
demonstrar que apesar do discurso politizador, dinâmica da escola alemã, inserida num contexto
podemos dizer que nos comitês populares eminentemente luso, o que apontava para a grande
democráticos as preocupaçôes com a educação não possibilidade dos jovens teutos serem rapidamente
iam além de estudar a situação da educação nos absorvidos culturalmente. Sobressaíam as
bairros e pequenas cidades, visando aumentar o dificuldades que eram diversas: vinda de
número de eleitores e influenciar na escolha dos professores alemães, finanças, questões
representantes polítieos na constituinte de 1945/46. pedagógicas. Em 1868, por exemplo, constatava-se
que o clima quente do~ meses de verão dificultava
João Fábio Bertonha (UNICAMP) O a/ltifacis/Ilo o apredizado, daí a urgente necessidade de se criar
co/lce/ltracio/lista de Sâo Paulo (1927-1934). uma "pedagogia alemã tropical". Tal projeto se
Durante 25 anos, o fascismo italiano atuou de insere nas utopias dos primeiros emigrantes e que
maneira sistemática visando a conquista da em parte chegou a ser realizado.
coletividade italiana de SP. Filmes, jornais,
cerimônias ( ... ), nenhum esforço foi poupado para João Pinto Furtado (UFOP) Trabalhadores:
a conquista do consenso fascista entre os ítalo- Histórico da U. T.E'; ''Mapeame/lto'' dos parceiros.
paulistas. Os fascistas se defrontam desde logo, O trabalho procura enunciar, em linhas gerais,
porém, com uma obstinada resistência por parte de alguns dos principais dados apurados quanto à
grupos antifascistas italianos organizados em São dinâmica histórica e estrutura organizacional
Paulo. Um dos grupos mais relevantes dentro do segundo as quais se deenvolve e se articula o
universo antifascista italiano no Brasil foi a movimento docente, que se reporta à V.T.E.
chamada "Concentrazione d'Azione antifascista". (União dos Trabalhadores do Ensino), na Rede
Surgida na França em 1927, a ConcentrazÍone - um Pública Estadual de Minas Gerais. Nesse aspecto,
dos principais movimentos antifascistas não o que se procurou examinar na pesquisa foi,
comunistas - teve sua sessão brasileira reconhecida sobretudo, o processo de institucionalização, que se
.já em 1928. Dentro de um plano de trabalho maior verifieou a partir de 1979 e no começo dos anos
(que visa compreender o choque fascismo X
76 XVII Simpósio Naciollal de História

oitenta, em suas relações com o cenário específico condicionado, é claro, pelas suas peculiaridades -
de Minas Gerais, bem como as relações entre a ao mesmo processo, evidenciado no período de
U.T.E. e outras organizações de caráter estadual e redemocratização. No Estado de São Paulo -
nacional, notadamente aquelas em que se verifica embora certamente não se tenham limitado a ele -
forte presença da militância comunista. onde se concentra o segmento mais poderoso da
classe empresarial brasileira, que lhes deu grande
Jorge Luiz Ferreira (UFF) A Utopia do Homem apoio, o discurso e as propostas liberais adquiriram
Novo lia Cultura Comunista Brasileira (1930-1956). maior consistência e tiveram mais repercussão.
O desmantelamento dos regimes comunistas, no Manifestaram = se concretamente e de maneira
leste europeu e na antiga URSS, propiciou não organizada através de algumas entidades voltadas
apenas um reordenamento da política para a sua promoção e divulgação. Tais entidades,
internacional, mas tabém o fim de uma das mais com propostas específicas de atuação em diferentes
fortes utopias do mundo contemporâneo: o planos da sociedade, constituem o foco da minha
comunismo. Entretanto, ser comunista, desde os análise. São elas: o Instituto Liberal, fundado em
anos 20, diziam eles de si mesmos, era ser o 1983; o Partido Liberal, fundado em 1985; o
melhor, o mais consciente, o mais avançado Movimento Democrático Urbano, fundado em
politicamente, com a firme e sólida crença de que 1987; e o Movimento de Convergência
sua concepção de mundo era científica, tendo a Democrática, criado em 1989.
certeza de estar sempre com a verdade. Ser
comunista era ser marxista e, portanto, científico. Jorge Miguel Mayer (UFF) Trajetória de ulI/a
Contudo, mesmo com os argumentos de Colôllia de imigral/tes livres 110 mUI/do escravista da
autoridade fundamentados na ciência, eles também Províllcia do Rio de Janeiro 1/0 século XIX. Em
passaram a defender uma moral, uma ética c uma pleno início da ocupação do interior da então
rígida conduta pessoal. Ao propagarem um modelo Capitania do Rio de Janeiro (Un9) foi instalada
de vida regrado e moralizado, os comunistas uma colônia de povoamento constituída por
incentivaram o surgimento de um homem novo, imigrantes suíços em lR19 e acrescida de alemães
transformado, livre de todos os vícios da sociedade em 1824. Sua formação apresentou uma singular
capitalista. Por esta abordagem, tentamos resgatar característica: integrada por homens livres,
atitudes, crenças, códigos de comportamento, distribuídos em pequenas propriedades, numa área
idéias, o modo de vida e a maneira como os cujas condições topográficas e climáticas não
militantes comunistas organizaram a realidade favorecia a produção de "gêneros tropicais".
social em suas mentes entre 1930 e 1956. Uma de Contrastava com a forma dominante de ocupação
nossas conclusões, ainda que parcial, é que se os do interior fluminense. marcado pela fazenda
comunistas se propuseram a revolucionar o mundo, escravocrata de produção cafeeira. Qual a evolução
incluíndo aí os costumes, não conseguiram superar seguida pelos colonos de Nova Friburgo? Por quê o
aspectos dos valores que circulavam na sociedade modelo de colônia de povoamento foi praticamente
em que viviam, onde a ciência e a moralidade (e abandonado? Quais as implicações sociais e
mesmo a religião) orientavam a vida dos homens. ambientais da constituição da Colônia de Nova
Friburgo? A abordagem do tema tem uma direta
Jorge Manuel Pereira Nunes (USP) Liberalismo relação com a situação do campesinato livre no
Brasileiro 1I0S Anos 80. Durante a recém-finda mundo escravista, com a produção de gêneros
década de 80 ocorreu uma vigorosa recuperação do alimentícios no século XIX e com o lado da
liberalismo no cenário internacional. A América economia do século XIX voltada para o mercado
Latina não ficou alheia ao fenômeno, que teve um interno no Brasil.
impacto considerável dentro das suas fronteiras. O
chamado "caminho da modernidade", que já havia José Carlos Barreiro (UNESP) Sexo, Moralidade e
sido despoticamente implantado no Chile, ganhou Trabalho: Contactos Cielltíficos e Culturais de
a retórica e os programas de jmuitas forças Metodistas e Católicos Estrangeiros como o Brasil
políticas em diversos países ao longo dos últimos 110 século XIX. O quadro histórico novo inaugurado
anos (Argentina, Venezuela, México, Peru, etc.). em fins do século XVIII. decorrente do
Ao mesmo tempo, vários intelectuais e grupos rompimento eom a Metrópole e da Formação do
organizados da sociedade civil passaram a defender Estado Naeional, suscita uma espécie de
a adoção de "receitas" liberais como solução dos redescoberta e revisitação do Brasil pelos viajantes.
problemas nacionais dos seus respectivos países. O Procuramos aqui refletir especialmente sobre o
Brasil, com uma sociedade e uma economia mais trabalho desenvolvido por viajantes religiosos. O
complexas e diversificadas do que a média das seu discurso e sua prática. são expressões vivas do
latino-americanas, também esteve sujeito
Programa e Resumos 77

confronto através do qual se estabe\ccia no Brasil o substituirá paulatinamente a burguesia na


movimento internacional de constituição das bases apropriação da mais-valia global.
ideológicas das concepções liberais de propriedade
e trabalho, bem como os mecanismos concretos José Evaldo de Melo Doin (UNESP-Franca) A
para vencer a resistência à interiorização dessas Fonnação do Estado-Nação, a Gênese da
noções. Modemização Conservadora e a Dívida Pública
Extema: Questões Preliminares. As principais
José Carlos Reis (UFOP) A Concepção do Tempo diretrizes que nortearam a feitura deste artigo
Histórico dos ''A nnales". A "nollve//e h istoire " foram, em primeiro lugar, o estabelecimento das
realizou uma "mudança substancial" na forma de passagens e conexões entre a crise do antigo
compreensão do tempo histórico. O que explica sistema colonial e a emersão do estado naeional e
este "evento epistemológico" é a mudança de seu rol de consequências político-econômicas em
inspiração teórica da história - ela recusa, então. as relação à suas necessidades de afirmação e
influências da filosofia e da teologia e opta por se consolidação; em segundo lugar procuramos
associar teoricamente às novas ciências sociais. Sob estabelecer os pontos de articulação entre a
a influência das ciências sociais, o tempo histórico é expansão do capitalismo inglês, em busca da
percebido como uma desace\cração cautelosa, ampliação de mercados e da divisão internacional
"reacionária". A vitória da "longa duração", a do trabalho, e suas relações mais estreitas com a
superação do evento, a construção da nova situação política latino-americana, em
simultaneidade na sucessão, levou o historiador a especial a brasileira.
outros objetos, outras fontes. outros conceitos,
outra periodização. outra relação com o passado. José Flávio Sombra Saraiva (UNB) As Relações
Mas, a construção deste tempo novo não é In tem acion ais do Brasil, de 1930 aos nossos dias. A
homogênea entre os membros dos "Annales". A exposição a ser feita na mesa redonda versará
diferença entre e\cs quanto a esta construção sobre uma pesquisa integrada em andamento, com
revela uma periodização da história dos "Anna\cs". financiamento do CNPq e Universidade de
Brasília, que reúne seis pesquisadores de diferente~
José Evaldo de Melo Doin (UNESP-Franca) centros de estudos brasileiros vinculados à área da
Estado Amplo e Economia dos Conflitos Sociais - história das relaçõe5. internacionais. A pesquisa foi
Uma Discllssão acerca do Roteiro Teórico de João iniciada há cerca de um ano e terá o prazo de
Bemardo. A perplexidade c as movediças duração de três anos. O resultado final estará
perspectivas que atingiram as correntes teóricas "de publicado em obra coletiva assinada por todos os
esquerda", em especial aqueles que abraçam mais seis pesquisadores e professores. O objetivo da
nitidamente o materialismo histórico, "depois da mesa redonda será o de apresentar os primeiros
queda", impõe uma profunda reflexão sem resultados da pesquisa em andamento. Buscar-se-á
preconceitos ou limites, para aqueles que mostrar, em uma versão moderna que supere os
consideram o edifício epistemológico alicerçado em limites da tradicional análise diplomática, uma
vigas pacientemente construídas por Marx, capaz nova história da inserção brasileira no cenário
de enfrentar os modismos e as violentas internacional desde a década de trinta até nossos
transformações provocadas pelo vendaval da dias. Isso se fará através do estudo sistemático de
história. As contribuições e a instigante percepção novas fontes, da crítica dos esquemas analíticos da
de João Bernardo vem responder por esta "história diplomática", na perspectiva de se
demanda por novos caminhos. A obra de João produzir uma obra de síntese, integrada entre as
Bernardo é uma fértil retomada do materialismo partes. Ao mesmo tempo. capítulos especiais serão
histórico, buscando um novo universo conceitual a dedicados às relações internacionais do Brasil em
partir da linhagem marxista, sua produção se uma perspectiva evolutiva, com seus diferentes
equipara à de Gramsci ou à da escola crítica de modelos; à participação brasileira no sistema
Frankfurt. Os estudos bernardianos estão multilateral; às relações do Brasil com a América
centrados em torno das formações burocráticas Latina, Estados Unidos, Europa, África c Ásia.
que emergem na etapa de formação do capitalismo
monopolista. promovendo profundos José Jobson de Andrade Arruda (USP) Colônias
transformações nas estruturas do Estado em sua como Investimentos Mercantis (1500-1808). No
forma "clássica" e a imersão do Estado Amplo, quadro da formação histórica dos Impérios
fruto das ligações e entrelaçamentos entre a Comerciais, a ênfase recai sobre o Império Luso-
crescente burocracia estatal e a das grandes Brasileiro. a partir do qual buscamos estabelecer
corporações e oligopólios. provocando o relações comparativas com os demais Impérios
nascimento de uma nova classe: a dos gestores. que
78 XVII Simpósio Nacional de História

Coloniais. Através da aferição dos índices José Renato PoJli (PUC-SP) Os Movimentos de
econômicos, estuda-se a questão da rentabilidade Ellcolltro da Juvel/tude Católica - A R\periêllcia do
das colônias e seu papel no processo de MOJUC em JlIIuliaí-SP-( 1968-19/)3). Dentre as
acumulação de capitais. varias correntes pastorais na igreja católica no
campo da juventude, na década de 70 destacou-se
José Miguel Arias Neto (UEL) Visões da Cidade: um tipo de proposta considerada "espiritualista", a
LOlldrilla 1930- 1975. Esta comunicação pretende dos Movimentos de Encontro. É uma linha de
analisar as representações da cidade de Londrina, atuação baseada em encontros de conversão.
conhecida nos anos 50 e 60 como Nova Canaã, Tendo observado a inexistência de pesquisas que
Eldorado, Terra da Promissão. De um lado abordem estas experiências, acreditei ser
examina-se a cidade enquanto construção importante um trabalho de investigação sobre este
orientada por um projeto racional que pretendia tema. Neste sentido, meu trabalho é uma tentativa
organizar e moldar os homens no presente e no de resgate da experiência do MO.JUC - M(wimento
futuro, este também sonhado de forma planificada. de Jovens Unidos a Cristo - em Jundiaí-SP, entre
No entanto, em contradição com o projeto, a os anos de 1968 a )983. Mediada por diferentes
eonstrução da cidade, com seus personagens práticas e concepções, a proposta do movimento
diversos em seu jogo de forças quotidiano mostram atinge milhares de jovens que prontamente
a negação da ordem sonhada. Por outro lado, responderam aos seus apelos. O objetivo é
busca-se captar a construção do Eldorado como observar as formas de vivência da juventude
representação da cidade na Memória e na História. católica em Jundiaí neste período, seus valores e
sob dois aspectos. Em primeiro lugar, pretende-se experiências:em que medida esses valore~ foram ns
investigar na documentação escrita a construção da valores propostos pela doutrina e ideologia do
idéia de Eldorado como discurso público de uma movimento. Tais valores traduzem-se na
elite cafeeira e, em segundo, até que ponto os sexualidade, nas questões de família, ambientes de
vários grupos sociais assumem e reproduzem ou trabalho e de escola, que tentaremos observar
questionam e reinterpretam as representações do através de registro~ escritos e depoimentos.
poder no processo de rememoração de sua vivência
na cidade. José Ricardo Oriá Fernandes (UFCE) O Resgate
da Memória Histórica lia COllstnlção da Cidadallia:
José Neves Bittencourt (IEPe) Utopia e o direito ao passado. A presente comunicação
Represelltação - O Discurso Mllseológico lia pretende, numa perspectiva interdisciplinar,
Primeira Metade do Século Xx. A utopia pode analisar, com base nos textos, documentos legais e
manifestar-se de diversas formas, inclusive ser livros (Constituição da República Federativa do
representação de uma realidade dinâmica em sua Brasil-1988, leis infraconstitucionais, documentos
concretude. O objetivo desta pesquisa é abordar governamentais, políticas públicas etc) a atual
esta questão pela via das instituições que produzem política cultural do país, no que concerne à
e divulgam certos aspectos da cultura. No caso preservação do Patrimônio Histórico-Culural
específico, estaremos lidando com os museus, em Brasileiro e de como a mesma vem sendo
função do tipo particular de discurso neles implementada enquanto possibilitadora do
produzido. Esse tipo específico de discurso é exercício de nos~a cidadania. Para tanto,
construído por intermédio de objetos recolhidos na trabalhamos, com base em um novo referencíal
sociedade, e tem como base o arcabouço ideológico teórico, ao repensar os conceitos de cultura
vigente no momento da construção. Sua eficácia (Marilena Chauí), patrimôllio histórico (Hugues de
reside no fato de que a instituição muscológica Varine-Boham), memória (Jacques Le Goff) e
consegue tornar visíveis e apreenssíveis a~ duas cidadallia (T.H. Marshall, Hannah Arendt e
categorias históricas básicas: tempo e espaço. Uma Claude Lefort) e podermos inferir que todo
instituição museológica em particular será tomada cidadão tem direito à cultura, na sua acepção mais
como modelo: o Museu Histórico da Cidade do ampla, c, por conseguinte, à nu;mória coletiva e ao
Rio de Janeiro. Fundado nos anos 30, por iniciativa passado. A memória histórica, evidenciada através
do prefeito Pedro Ernesto, o MHCRJ, ao longo de dos registro~, vestígio~ c fragmentos do passado,
40 anos, veiculou uma visão que certos extratos da constitui-se em referencial de nossa identidade
classe dominante tinham da então capital federal, cultural e instrumento possiblitador do exercício da
sua história e função. Extremamente conservador, plena cidadania.
odiscurso era, por outro lado, eficaz e conseguiu
dar sentido ao museu ao longo de todo (} período.
Pro~rama e Resumos 79

José Rivair Macedo (Univ. Mogi das CruzesjUniv. José Roberto dos Santos Pereira (PUC-SP)
Braz Cubas) Imagil/ário Camava/esco, Riso e Percepção, Represel/tação e Participação da
Utopia I/OS FabIiUlL,( Medievais. O pensamento Cidadal/ia em São Pau/o. Quando se estuda as
cristão medieval, inspirado, criado e divulgado transformações por que passou São Paulo, no
pelos integrantes da Igreja, teve profunda período de 1850-1940 depara-se com o problema
repercussão sobre a sociedade, imprimindo códigos da cidadania frente a sua percepção, representação
de conduta, regras morais e sistemas de valores e participação na vida comunitária. Se por um lado
imbuídos de uma visão ascética da vida e do examina-se as estratégias e perspectivas das
homem. No complexo de imagens proposto pelos diferentes classes, pode-se sugerir que elas se
representantes da cultura clerical letrada o espaço deparam com, pelo menos dois tipos de
reservado para as idéias em torno do pecado. da necessidades: A necessidade óbvia de sobrevivência
queda e da redenção resultou em um ideário da física - que abarca a alimentação, trabalho e
dor e do sofrimento. Malgrado a influência dos moradia - como seus aspectos mais prementes,
modelos clericais, manifestações culturais de além de saúde, vestuário, documentos, educação,
inspiração popular desenvovleram-se no Ocidente. como aspectos subsequentes. O segundo tipo de
dando mostras de perspectivas divergentes de necessidade poderia ser chamado de necessidade
interpretar o mundo. Não raro, tais manifestações de interpretar o contexto social. Ela envolve fazer
revelam-nos os sonhos e as utopias dos homens do sentido e entender as regras do meio urbano e suas
medioevo. Por intermédio dos fabliaux, contos relações vigentes, a fim de se organizar e
cômicos do século XIII, pretendemos apontar sobreviver culturalmente. Os diferentes modos de
alguns aspectos das manifestações utópicas na enfretar tais necessidades são frequentemente
Idade Média, visualizadas em imagens de festa, rotulados de "problemas urbanos". Em realidade
comilança e bebedeira, em que a inversão paródica são "soluções", embora precárias. Apesar de
e utópica do cotidiano dão os contornos a um parecerem discrepantes dos modos racionais de
imaginário carnavalesco medieval. resolver problemas, em realidade são parte
integrante da lógica do sistema que impõe aos
José Roberto Braga Portella (UNIOESTEj cidadãos soluções para trabalhar, habitar, tratar da
FACIMAR) "FicaI/do Rico" ou Autodestl1lição 110 saúde, lidar com a morte, frequentemente de
Oeste do ParaI/á. Tem-se como clássica a idéia de maneira informal. Seria então estranho que
que "os movimentos transoceânicos de populações usassem modos formais de lidar com o cotidiano,
européias", ocorrido a partir de fins do século iste é, com procedimentos "racional-burocráticos"
XVIII, foi a contrapartida do desenvolvimento dos quais é muito difícil fazer qualquer sentido
econômico que não só os exigia como facilitava-os, para elas e que, de qualquer maneira não levaria a
criando assim uma espécie de "cavalaria ligeira" do nada. Apontar esses problemas ou soluções é a
capital em fluxo expansional. Por outro lado, temos razão deste estudo.
a presença da imagem do "fazer a América",
reposição da busca pela "terra prometida". O José Roberto Góes (UFF) O Cativeiro Imperfeito: a
investimento na realização desse "sonho" mostra-se escravidão do Rio de Jal/eiro I/a primeira metade do
incessante quando o grupo migrante vê-se às voltas século XIX. Apresentação dos resultados obtidos
com a necessidade de buscar novas fronteiras e pela análise de três tipos de fontes - registros
territórios, expandindo a cartografia do capital, paroquiais, processos-crime e relatos apresentada a
ocupando e valorizando terras antes marginais. A UFF. A pesquisa, voltada para o Rio de Janeiro na
migração para colonização de Mal. Cândido primeira metade do século XIX, indica que
Rondon, por parte de descendentes de imigrantes batismo cristão foi um meio pelo qual os
alemães localizados nas áreas coloniais do Rio trabalhadores africanos puderam ressocializar-se
Grande do Sul, insere-se nessa perspectiva. Para (recriação de laços entre si, com outros escravos e,
Jean Raison, o imigrante encontra-se preso a "dois de maneira menos acentuada com lihertos e
universos, aquele no qual se está inserido, mas homens livres). Através desses rituais católicos, os
também aquele que se deixou, ... " - o que "implica escravos lograram estabelecer um parentesco não
sofrimento e divisão". A estes sofrimento e divisão consagüíneo, putativo. O escravo do Rio de Janeiro
pode-se agregar muitas vezes a frustação por não construiu uma comunidade, ao menos em três de
se encontrar "o objeto perdido", alvo do mito do seus atributos; laços sociais, espaço geográfico e
"pioneiro"ou herói da fronteira. A elevada taxa de identidade cultural. A ressocialização dos africanos
suicídios existentes em Mal. Cândido Rondon em uma comunidade, mediante o compadrio. foi
permite pensar algumas hipóteses a partir dos um momento importante do processo em que se
elementos expostos acima. produziu o escravo africano.
80 XVII Simpósio Naciol/al de História

José Rogério da Silva (EEPG Luiza Mendes trabalho é () mesmo que aprescntamos a nível de
Corrêa de Souza) COl/dições de Vida da Classe Pôs a respeito deste a!->sunto.
Trabalhadora em São Paulo DuraI/te () Estado
Novo. O estudo procura investigar como vivia a Joscfa Gomes de Almeida e Silva (UFPB) As
classe trablhadora, na cidade de São Paulo, durante II/depel/dêl/cias Na Aménúl Latil/a: Historiografia e
o Estado Novo, observando se houve mudança Participação Popular. Pretende-se neste estudo
significativa no Padrão de vida que poderia sugerir identificar o tratament(l conferido às camadas
uma melhoria nas condições materiais de existência populares pela historiografia que trata do processo
da classe trablhadora, destacando dois aspectos: o das independências da América Latina. Através de
"morar" operário e a carestia de vida. O primeiro um processo de lutas intensas e permanentes, os
aspecto refere-se a análise da dinâmica da moradia Estados nacionais que ora conhecemos,
coletiva (cortiços, porôes e vilas) e da moradia nos substituiram um sistema de poder e administração
casehres dos loteamentos suburbano~ c rurai~, colonial baseado nos vice-reinados. A esta
procurando ressaltar a problemática que essa translçao se denomina como o prol:l:SSO de
condição de moradia carregava, nas sua~ possívei~ independências nacionais. Qual o tratamento
conexôes com uma política social que tinha () dispensado pela historiografia üs camadas
trahalhador como eixo principal. O segundo populares durante e~te período'! As obras que
aspecto refere-se a investigação do padrão de vida foram pesquisadas. sekcionadas a partir do critério
da classe trahalhadora, que, marcado pela de difusào l:ntrl: os estudantes, tratam as camada~
deterioração das condiçôes de vida, teve a l:arestia populares como setores dependentes de uma
da vida e a fixação de salários como deciframento direção externa (quer realista, quer nacionalista),
dos conflitos e tensões provocados por um discurso perdendo assim as suas identidadcs culturais
que procurava inferiorizar a classe trabalhadora: A específicas em facl: da utilização de títulos
Democracia Social Estado Novista. generalizantes do tipo "índios". "ncgros" etc. Esse
tratamento pode ser rc~umido em dois pontos: 1) a
José Vieira Camelo Filho (PUC-SP) Lampião. () desqualificação das camadas populares como
Sertão e sua Gel/te. Neste trabalho procuramos de sujeito da história, apresentadas como objeto da
forma suscinta fazer a genese de Lampião e do manipulaçào das elites criollas ou metropolitanas;
cangaço. O cangaço surgiu bem antes do Rei do 2) supressão completa do homem pobre, livre, das
Sertão, apresentamos de maneira simples a origem lutas de independências. Detectados llS prohlemas
de Virgulino Ferreira da Silva O Lampião (quando acima citados, podem(J~ perceher que, em face da
iniciou e porque recebeu esta denominação, assim existência de uma diversidade cultural (que é
como a origem do cangaço). Com relação à anterior à própria colonização) relativamente
Lampião, vamos apresentar a sua origem, o estruturada e autônoma, o projeto nacionalista
período em que viveu e as causa~ que levaram a sempre encontrou ohstúculos para incorporar as
sua entrada no cangaço, as consequências deste camadas populares no processo de independência.
fato, tanto política como social e cultural para a Esta realidade lorna-se conllitante a partir da
população sertaneja por onde o cangaceiro atuou incapacidade deste projeto cm absorver as
num longo período de 20 ano~ (1')lx-l<)3~). lradiçôe~ comunitárias e sua~ forma~ de
Procuramos também situar a população nesta organizaçào econômica c política. Resulta daí um
questão, levando em conta tanto a sua aprovação e proccsso violento de exclusão social das camadas
admiração pelo capitão Virgulino Lampião, wmo populares, inibindo as tentativas de participação
também a reprovação e condenação ao cangal:eiro autônomia dessa~ camadas. A hisloriogralia em
c sua turma. ainda com relação a Lampião. fizemo~ questão, ao assumir uma posiçüo nal:ionalista
um relato da tragédia familiar que dragou todos os identificada ao moderno dcsenvolvimento de uma
membros de sua família de forma direta ou indireta nova ordem ccon(lmica internacional. termina por
em razão de sua entrada no cangaço. Tamhém reafirmar a posiçüo das elites criollas que
procuramos tratar da relação de Lampião wm pretendiam uma autonomia nacional em
Maria Bonita que virou seu inseparúvel contraposiçüo ús au! onom ias l:omunitárias comuns
companheira, embora não fosse l:asado de papel ;h formas de organizaçiio social das camadas
passado, como se diz lá no sertão. Ainda Jlopulare~. Daí a supressüo o desqualificação das
apresentamos os fatos que se deram ou se camadas populares no trabalho historiográfico que
sucederam depois de sua morte como o processo trata da~ independências na América Latina. ()
de captção, de sua cabeça e de seu grupo, além de povo. de uma maneira geral. não tem vez nem na
uma crítica a respeito do processo de vingança que Historia-aconteciml:nto. nem na História-
perdura desde a época em que viveu Lampião até conhecimento.
hoje. Lembramos também que o título deste
Pf()!!rama i' ResulI/os 81

Josefina Eloína Ribeiro (USP) Cemitério.\' artística e a ligação que tevcr com () movimento
Pau listaI/os: história, arle e patrimôI/io histórico. modernista: serão salientadas suas ohras
Este trabalho tem como objeto o estudo da funerárias, jé que comumente costuma-se estudá-lo
mentalidade através da exploração da arte tumular pelo üngulo dos monumentos púhlicos. A
e inserições funerárias e manifestaç(ies de comunicação compreende os seguintes itens: I)
religiosidade popular, reveladoras das atitudes dos Parte expositiva rcfen.:nte à "Trajetória artística de
paulistanos perante a morte, no período de IXfiO a Brecheret e sua ligaçãp com () movimento
1960. Através de trabalho de campo, leituras modernista"; 2) Projeção c análise de ,Iidc~ de suas
bibliográficas, artigo~ de jornais c cntrevistas. obras funerárias, para ilustrar (I assunto ahordado.
procuro identificar as concepções artísticas e Nosso objetivo é demonstrar que os <:cmitérios são
religiosas dos paulistanos que deixaram sinais de importantes fontes doeumentais para estudos da
sua existência nesses locais. o!\ \:emitérios arte, inclusive a modernista.
pesquisados foram os da Consolaç.lo, dos
Protestantes, do Redentor, da venerável Ordem .Josemir Camilo de Melo (UFPB) Os EI/gel/hciro.\'
Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo e I/a Formaçâo da Classc Média Nordestil/a. A
o de Santana (Chora Menino). Os estilos de arte burguesia nordestina em processo de formação no
existentes nesses locias permitem aeompanhar século XIX, através da presença de investimentos
mudanças na simbologia, que talvez reflitam ingleses em ferrovias e melhoramentlls, teve seu
alteraç(ies na forma de encarar a morte. A suporte eomo dasse social na categoria do~
ohservação da arquitetura tumular neste trabalho. engenheiros civis. LlIgl' ap{)s a independêneia. as
possibilitou a recuperação das mudanças ocorridas obras eram tocadas soh a direçã(l de cl1!!cnheiríls
em objetos concretos. a comunicaçã(1 cOll1pn.:endc militares. conw n ,demão Major João 810cl11. Ihlr
os ~eguil1les itens: 1) A evolução da atitude em volta de uno c, ainda nos anos IX50. pelo Capitão
relação à morte na cidade de São Paulo: 2) .João Ernesto Virial() de Medeiros, nu UIll
História, arte c patrimônio histórico. Pretendo Beaurepaire Rohan. já nos Ik70. A partir da
mostrar que os cemitérios são importantes íontes década de uno é que li bacharel em matemática
documentais para estudos de arte tumular. pela Escola francesa, Francisco do Rego Barros
devoções populares, crenças religiosas e contratra uma equipe de engenheiros franceses,
recuperação da mentalidade em relação à morte. dirigida por Louis Léger Vauthier que tinha
Alguns deles possuem características de museus e. quadros como Henri Auguste Milet, Buessard,
como tais, obras de arte que merecem ser Bolitreau, Portier, MoreI e outros. A partir daí
preservadas, integrando o patrimônio histórico e formou-se no Brasil uma eategoria de engenheiros
artístico da cidade e constituindo parte de sua civis que se transfere ideologicamente para a esfera
História. dos ingleses, na segunda metade do século XIX,
mas que apresenta um forte componente
Josefina EloÍna Ribeiro (USP) Victor Brechcret: nacionalista. Os ingleses foram chegando
Um Esc/lltor Modemista e sua Arle FUI/erária. Este timidamente como o engeheiro August Kerstling
resumo é parte do projeto "São Paulo, I <J20-I%O: contratado para abrir rodovias e depois o serviço
Escultores Italianos e sua Contribuição à Arte de iluminação pública. A partir da implantação da
Tumular", Doutorado em História social na ferrovia britünica Thc Recife-São Francisco
FFLCHjUSP, financiada pelo CNPq. A Railway, os engenheiros começaram a chegar em
comunicação tem como objeto o estudo da arte do massa, para diversos setores. Posteriormente,
escultor Victor Breeheret, abordando um aspecto ingleses como Charles Neate, Law e Bloutm,
pouco analisado de suas obras - os monumentos Penniston, Lowden, W. Martineau, c.B. Lane,
funerários. Para a realização da pesquisa foram Jol1l1 Hawkshaw, E. O. Mann c os irmãos Edward
utilizados trabalhos de campo, bem como leituras e Aldred de Mornay, anglo-franceses também
bibliográficas em monografias e periódicos. Os como Ernest Denis Street, foram substituídos por
cemitérios pesquisados forma os da Consolação, brasileiros, principalmente nas ferrovias, apoiados
Araçá e São Paulo. É neles que encontramos as oeka keu de 1~74 que reservava o mcreado il1lerno
prinicpais obras de escultores estrangeiros que, a para engenheiros nacionais naquele .<,etor. Os
partir da década de 20, tiveram como clientes não engenheiros no Nordeste, principalmente em
apenas tradicionais famílias paulistas, mas também Pernambuco são o elo de ligação entre os
imigrantes afluentes, quase sempre de origem investimentos estrangeiros, ingleses maIs
italiana. Nesse conjunto de artistas avulta a figura exatamente e as oligarquias locais de onde
de Victor Brecheret, por sua importância na provêem, como Manuel Buarque de Macedo, José
História da Arte Brasileira. Através das obras de Alves Mamede Ferreira, F. Raphac\ de Mello
Brecheret, pretendemos recuperar sua trajetória
82 XVII Simpósio Naciol/al de História

Rego, Felipe Figueiroa e outros e que se exportador, a organização da produção


aperfeiçoaram trabalhando com Vauthier como assemelhava-se a do OIKOS da Antiguidade
Francisco de Barros Barrcto. Estes engenheiros Clássica, onde a presença do cativo fazia
não são meramente os técnicos do progresso concentrar-se nas mãos do senhor um poder
positivista, mas êles mesmos acionistas de irreplicável, base da configuração patriarcal. A
ferrovias, de companhias de navegação, de homologia estrutural entre a Casa e o Estado
abastecimento de água, luz e esgoto, engenhos escravista explica a recuperação ampla do direito
centrais açucareiros e demais obras públicas. A romano na construção das instituições jurídicas
transição aristocracia açucareira (oligarquia rural) brasileiras.
burguesia industrial não se teria dado sem a
intermediação dos engenheiros civis. Jussara Parada Amed (PUC-SP) Humor como
Resistêl/cia - O fomal "A Mal/ha" com o Barão de
Jozimar Paes de Almeida (Univ. Esl. de Londrina) Itararé (1926-1930). Os grandes jornais na década
O E"al/tel/o Campo da Razão. O il/édito I/a de 20 e 30 encontravam-se muitos comprometidos
História. "Venho de um tempo, que inexistia o eom os governos vigilantes, coube aos jornais
tempo, de uma esfera de lisura perfeita, insondável. marginas e pasquins abordarem assuntos mais
imponderável, exemplar do Um e do Múltiplo, polêmicos abrangendo a política à temas mais
pulsando energias nucleares indescritíveis, "leves" como fofocas sobre as elites c suas atuações
congregando toda a matéria cósmica em um na política ou vida social. Através da abordagem
turbilhonamento universal, é de onde venho. Vou humorística as elites eram caricaturadas e
caminhar por onde não há caminhos, atravessar tornavam-se desta forma maIS "tocadas"
clandestinamente fronteiras, descansar do sol (vulneráveis) à opinião pública. Com o Barão de
escaldante na sombra de meu discurso, secar () Itararé (jornalista de nome Aparício Torel1y), em
suor do meu rosto no vento da incerteza, refrescar suas sátiras. as elites tornavam-se "íntimas",
meu corpo extenuado na torrente da cachoeira, esc rachadas, e suas transações cram desnudadas
aquecer-me estasicamente nas línguas do fogo. quando denunciadas através de scus artigos
"omente para caminhar, é por isso que vou. Levo lrolllCOS e sal1ncos. Aqueles governantes e
no alforje um prisma singular, transparente, de formação liberal sabiam que a imprensa era um
geometria irregular, mutante, meu instrumento de meio importante para a formação da opinião
orientação pois nunca me indica a certeza, e a cada pública, e por este motivo, muitos dos pasquins
momento que o uitilizo mostra-se uma tiveram suas máquinas quebradas e
transformação constante do mundo no qual estou, frequentemente eram perseguidos pela polícia e
é uma permanência de impermanência. a cada censura.
instante vivido e de fugazes encontro~ com outros
andarilhos, o prisma se transforma apresentando- Karen Christine Réchia (UFSC) Lembrallças
me através dele outra dimensão do mundo." ílltimax de mil/ha avó-um estudo da sllbstillição da
'jJrática" das paneiras pelo "col/hecimelllo" médico-
Jurandir Malerba (USP) A Casa Gral/de do Rei. I/O!.pitalar em Treze de Maio-Se. A preocupação
Reflexões sobre o caráter patriarcal do Estado central nesta pesquisa em andamcnto, é perceber o
Imperial Brasileiro. A construção do Estado processo em que as parturientes de Treze de Maio
Nacional brasileiro, distiguindo-se das vizinha~ (sul do estado de SC), trocam a "prática" da~
repúblicas espanholas, pagou tributo de sua parteiras pelo "conhecimelllo" médico-hospitalar. O
herança lusitana. Em nome da Unidade, estudo se situa por volta da década de 50 e
preservaram-se a Escravidão e a Monarquia. pretende, entre outras coisas, verificar a existência
alicerces econômico e político da situação de de um discurso acerca do conhecimento médico-
véspra. A continuidade da Instituição Monárquica, científico sobre {) corpo feminino, identificar o
orgânicamente vinculada à Escravidão, não se pode perlil sócio-econômico e cultural das parteiras e
dar como mera Estratégia conjuntural. Antes, principalmente das parturientes que passam a
obedece a dois fundamentos de temporalidades frequentar o hospital e dar visibilidade à esta
distintas de longuíssima duração. Primeiro. a prática de mulheres através de suas falas (parteiras
monarquia brasileira é filha da portuguesa, que, e parturientes), a qual se encontra pouquíssima
guardadas as nuances da tradição ibérica, foi uma referência em livros, documentos e relatos: espaços
genúina casa senhorial ao molde das sociedades eminentemente masculinos.
absolutistas européias. Em segundo, a configuração
crucial que modelou o império brasileiro adequava- Karen Macknow Lisboa (USP) Frey Apollollio -
se perfeitamente a lógica da Unidade Agrária VIII Romallce do Brasil'! Entre lX24 c UGI, os
lípica do Brasil Escravista. No latifúndio agro-
Programa e Resumos 83

naturalistas alemães Spix e Martius publicam, em Kátia Gerab (USP) A Queslâo NaciO/UlI em Porto
Munique, a obra Reise ill Brasiliell (Viagem pelo Rico: o Partido Naciol/alista (1922-1954). Nosso
Brasil).Resultante da famosa expedição de 1817 a trabalho tem por objetivo a análise da trajetória e
1820, na qual os dois cientistas percorreram mais do significado político e ideológico do Partido
de 1O.OOO km por vastas regiôes brasileiras, este Nacionalista de Porto Rico (PN). Pretendemos
relato encontra-se parcialmente ficcionalizado sob indicar os elementos a partir dos quais o partido
autoria de Martius.No mesmo ano em que é construiu seu conceito de nacionalismo e deu
lançado o último volume da Viagem, o autor embasamento para 'iua prática política. Nossa
finaliza o romance Frey Apol/ollio - eiJl RomaJl aus busca das matrizes ideológicas do partido responde
Brasiliell, que até 1992 permaneccu incógnito. a uma necessidade de identificar qual nacionalismo
Inspiração nos acontecimentos da viagem, Martius abraçou e defendeu e que projeto tinha para Porto
reconstrói em Frey Apol/ollio a expedição Rico após a independência. Este estudo
amaZOnIca num universo romântico, cUJOS compreende o período que vai de 1922, ano da
personagens e açôes traduzem o foco do olhar fundação do PN, a 1954. ano dl' último ato de
europeu do início do século XIX no Novo Mundo. grande repercussão por parte dos nacionalistas: o
Ouestiona-se, pois, a razão de Martius não ter assalto ao Congresso dos Estados Unidos. A
publicado este "romali ce do Brasil" e como referência fundamental do nacionalismo porto-
considerar uma obra anterior à "geração" dos riquenho é. o anti-imperialismo. Todos os
românticos brasileiros, mas que aguardou mais de elementos que compôem o ideário do PN (o
160 anos para sua edição e tradução. catolicismo), () hispanismo, () militarismo. o anti-
imperialismo) banham sustentação a partir da
Karina Kuschnir (Museu Nacional/UFRJ) resistência ao colonialismo e da luta pela
MUIlicípio e Nação: Notas sobre a Culfllra Política independência. O Partido Nacionalista se
do Vereador Carioca. Esta comunicação parte dos apropriou de idéias teoricamente excludentes mas
dados levantados no trabalho de campo que venho que, contraditoriamente, se entrelaçam nesse
realizado desde março de 1992 na Câmara nacionalismo. O objetivo, no entanto era explícito:
Municipal do Rio de Janeiro. No decorrer da a independência de Porto Rico. O anti-
pesquisa, pude observar que o Plenário desta Casa, imperialismo é o ponto de união.
além de ser o local óbvio do exercício do poder
oficialmente delegado, é também um local onde Katianne Bruhns (UFSC) Ruptura do Processo
estão em contato mundos culturais distintos. A Cultural de Joil/ville a partir da Campal/ha de
questão do papel do vereador é uma das que Naciollalizaçâo- 1938. Este trabalho está sendo
melhor coloca em evidência a complexidade deste desenvolvido para Universidade Federal de Santa
contato. A despeito das atribuiçôes regimentais do Catarina, para a conclusão do curso de pós-
parlamentar municipal - a saber, a elaboração de graduação a nível de mestrado, na án:a de História.
leis e a fiscalização do poder executivo - cada O movimento cultural na então colônia Dona
vereador terá um entendimento particular da Francisca - hoje Joinville -, a partir da década de
função do seu mandato. Um dos papéis mais 1880 era muito significativo, havendo manifestaçôes
importantes, e unanimemente apontado pelos no teatro, na música, cultivo de flores, imprensa e
próprios vereadores, é o do vereador como debates políticos. Toda esta produção
illtenllediário entre a população c o poder materializou-se na língua mais falada na
executivo. Esta definição nos dá a oportunidade de comunidade, o alemão. Com o crescimento
explorar o exercício da vereança como um populacional e uma urbanização mais acentuada,
instrumento efetivo de comunicação entre a intensificou-se o comércio embrião da acumulação
população de uma grande metrópole como o Rio de capital, com o que simultaneamente, vai ocorrer
de Janeiro e s esfera pública, neste caso, a industrialização. No entanto, este itinerário
corporificada pelo poder executivo-municipal. O tradicional da evolução da cidade, foi
vereador poderia ser visto, então, não apenas como violentamente interrrompido em decorrência da
intermediário, mas principalmente como um "Campanha de Nacionalização" (1938), decretada
intérprete cultural de uma determinada por Getúlio Vargas. A língua alemã foi proibida,
comunidade e as instâncias de poder envolvidas no fechou-se escolas, c o estado policial abateu-se
caso em questão. Desta forma, o estudo da Câmara sobre J oinville. As manifetações culturais em
Municipal do RJ revela-se uma boa oportunidade língua estrangeira foram proibidas, a partir daí,
para sintetizar questôes teóricas muitas vezes tentaremos. identificar e dimensionar o que foi a
mantidas em domínios distintos, como aquela~ da Campanha de Nacionalização em JoinvilIe, a partir
já clássica antropologia das sociedades complexas e do colapso do movimento cultural.
aquelas da ciência política.
84 XVII Simpósio Naciollal de História

Lana Lage da Gama Lima (UFF) Roteiros da conteúdo da sua divisão interna do trabalho e que
Alma: Os Mal/uais de COl/fissão Tridel/til/os e a há uma estreita relação entre essas modificaçôes e
Nonllafização da Vida Cristã. A difusão da prática a "volta" da questão agrária na Paraíha. A presente
da confissão através da cristandade foi comunicação objetiva discorrer sobre () andamento
acompanhada por uma progressiva subjetivação do - indagações, levantamento, reflexões e conclusões,
sacramento da penitência, mediante a ênfase no em caráter preliminar -, a que chegou o grupo de
exame de consciência e no pesquisa sobre Ouestão Agrária na Paraíha
arrependimento. Paralelamente, crescia a (UFPB-NDIHR), no que se refere ao caráter e a
importância dos confessores na comunidade dos direção que () de~envolvimento, na Paraíha,
fiéis, como os únicos com o poder de conceder a imprime c as marcas que, consequentemente,
absolvição, fonte direta da graça divina e da resultam da relação Homem X Natureza, mediadas
salvação. O Concílio de Trento enfatizou a pelo Estado, tornam-se elemento essencial para a
necessidade da confissão e serviu de estímulo à apreensão do estágio da questão agrária, bem
publicação de manuais destinados a orientar os como, para o elemento essencial para a apreensão
confessores na delicada tarefa de perscrutar as do estágio da questão agrária, bem como, para o
almas em busca dos pecados. Os manuais de estabelecimento de perspectivas futuras do
confissão elaborados sob o signo da Reforma problema agrário no espaço paraibano.
Tridentina manifestam certa uniformidade que
reflete o projeto de reestruturação da cristandade Laura Helena Baracuhy Amorim (UFPB) Aspectos
concebido nos Tempos Modernos. Ao condenar Históricos das Relaçôes Sócio-Ecollômicas lia
certas práticas, crenças e modos de pensar e Paraíba - I 97()- /990. O panorama econômico
valorizar outros, os manuais constroem um modelo recente da Paraíba expressa uma situação de
ideal de vida cristã, desqualificando o cristianismo involução que confude ao observador, criando um
tradicional e propiciando a homogeneização estado de perplexidade, especialmente ao se
cultural da cristandade. constatar a reduação violenta da participação da
agricultura na formação do PIB estadual. Num
Laura Antunes Maciel (PUC-SP) A Comissão estado de fortes características de economia
ROl/dol/ e a COl/stntção da Naciol/alidade. O tema agrícola, onde são dispendidas grandes quantias
nacional ou a questão da formação da Nação para apoio às políticas de desenvolvimento de
brasileira e a consequente superação de atividade, particularmente nas duas últimas
"problemas" como a escravidão, a diversidade racial décadas, observa-se que o espaço produtivo não
e a própria identidade da Nação - discutidos desde "oferece" respostas efetivas e, cada vez mais, tendo
o Império, tiveram que ser enfrentados pelos dificuldades de preencher as carências do mercado
republicanos já no início do novo regime. Foi interno. considerando que a relação Homem x
também com a República que o ideal abstrato de Natureza conforme a construção dos espaços
"levar a civilização até as úlLimas fronteiras" do país produtivos, este trabalho visa aprofundar a busca
se traduziria em medidas concretas como a de respostas à situação econômico-social descrita c
construção de ferrovias e de linhas telegráficas, incorporar os aspectos históricos que envolvem a!-
forjando a "necessidade"imperiosa do progresso. O articulações HOMEM-NATUREZA-ESTADO,
objetivo deste trabalho, ainda em fase preliminar, é no sentido de resgatar, no período histórico
investigar o significado da atuação da Comissão apontado, a luta desenvolvida pelas classes e suas
Construtora de Linhas Telegráficas (1890-1915) ou frações objetivando a realização de suas aspirações.
Comissão Rondon, como ficou conhecida, no Tais esforços tendiam a buscar o Estado, que
extremo noroeste do Brasil enquanto a tradutora através dos governos da União e dos estados,
destes ideais de integração nacional. Através dos concentrava toda a dinâmica do processo de
estudos, diários de campanha, fotografias e desenvolvimento. A busca e apreensão do processo
documentários produzidos ao longo do histórico paraibano recente visa contribuir para
assentamento das linhas, pretendo acompanhar o uma interpretação científica da dinâmica que rege
seu papel na construção de uma "imagem" do as relações políticas, sociais e econômicas na
Brasil e na formação de uma consciência da Paraiba.
nacionalidade brasileira.
Laura Morais e Ligia de Oliveira Czesnat (UFSC)
Laura Helena Baracuhy Amorim (UFPB) A Memória do Silldicato dos Trabalhadores da
Divisão do trabalho e a questão agrária lia Paraíba: IlIdústria de Ellergia Elétrica de Floriallópolis -
aspectos históricos. Constata-se que o espaço SINERGIA. Por solicitação c interesse do próprio
paraibano, a partir de meados dos anos de 1%0 sindicato, o projeto visa analisar c descrever a
passa a vivenciar rcformulação que alteram o
Programa e Resumos 85

trajetória desta éntidade desde sua fundação, em colonos conseguiram, através de subterfúugios,
1960, até os dias de hoje. Para entender esta fundar instituições leigas que serviram tanto como
trajetória é necessário perceber as correlações do espaços de devoção e de asilo para mulheres, como
sindicato com as conjunturas do país neste período, locais para a educação de meninas: os chamados
bem como levantar suas lutas e conquistas, seus recolhimentos femininos. O trabalho a ser
embates internos e as transformações pelas quais apresentado desenvolve a idéia de que, desde
passou. Neste sentido estão sendo utilizados meados do século XVII até o final do período
diversos tipos de documentos, desde os do próprio colonial, os recolhimentos femininos tornaram-se a
sindicato até a imprensa estadual e cntrcvistas de ul11ca forma institucional dsiponível para as
história oral. meninas adquirirem alguma instrução. Realizaram,
ainda que palidamente, o sonho da educação
Ledonias Franco Garcia (UFGO) Por uma outra feminina defendido por vozes dissonantes tanto na
Hiscória da América: o reencontro dos caminhos. Europa como na América setecentistas. A
Por longos anos quase que nos habituamos a igualdade de educação entre os sexos-fruto do
conviver, principalmente no~ Cur~os de História, pensamento de vanguarda do final do século XVIII
com a História da América mai~ ou menos - poderai ser uma utopia, mas algo começava a
apagada. Na maioria das vezes relegada aos cantos mudar lentamentc na chamada "Era das Luzes".
dos currículos, como alguma coisa que incomodava
e acabava por criar constrangimentos. Percebe-se Lená Medeiros Menezes (VERJ) A Caminho da
que agora esse quadro sofre alterações. Aqueles Periferia: Reforma Urbana e Prostitllição 1/0 Rio de
conteúdos desinteressantes, desprezados pelos Lima Barreto. Dos conventilhos da rua da Carioca
professores porque difícies, sem grandes atrativos, ao esplendor da Lapa e a segregação no Mangue a
com bibliografia inacessível na maioria dos casos, prostituição no Rio de Janeiro conheceu sucessivos
com velhos temas surrado~, distantes c sem deslocamcntos pela ação policial. Descartada a
novidades, reaparecem agora com grande força e opção pela implantação do regime de tolerância,
revestidos de interesses multi-disciplinares. É um consagrou-se a política de segregação nas áreas
novo tempo sem dúvida, pelo menos para os que se periféricas. A política de abertura de grandes
dedicam a esta área de estudo~. Este trabalho avenidas, com a concentração do comércio e das
pretende ser uma abordagem desse novo fôlego finanças ao redor da avenida Central, correspondeu
extremamente bem vindo. Procuro refletir sobre os a ação policial no sentido da transferência das
caminhos que nós professores de América estamos "casas suspeitas" para a área situada nas fraldas do
encontrando pela frente. Sobretudo evidencio o morro de Santa Teresa e Catumbi. Este
momento dos 500 Anos, como espaço e ambiente deslocamento pode ser reconstituído a partir de
onde os estudiosos tiveram a oportunidade para se processos policiais e da obra de Lima Barreto,
debruçarem sobre os velhos e novos temas criando "colunista maldito" que retratou, com cores
um painel variadíssimo de produção que sem realistas e muito humor, a forma como o progresso
sombra de dúvidas, está sendo a maior afetava os excluídos. A partir destas fontes, a
contribuição recebida pela História da América comunicação busca ilustrar este momento
nos nossos meios acadêmicos. Procuro, também, privilegiado de mudanças na vida carioca, traçando
ajudar a encontrar caminhos para que essa a geografia da prostituição e tangenciando o tráfico
produção chegue às mãos dos professores de I e 11 das brancas, no qual o Rio de Janeiro teve papel de
graus e na~ salas de aulas, para que os aluno;, destaque.
tenham acesso a esses novos enfoques, novos
objetos c outros olhares. Lenalda Andrade Santos e Terezinha Alves de
Oliva (UFSE) Aracaju, /lm espaço de /ltopias.
Leila Mezan Algranti (UNICAMP) Educação para Fundada em lX55, a cidade de Aracaju, capital de
Meninas: Vozes Dissonantes no Século XVIII c a Sergipe, foi-se constituindo em um projeto de
Prática C%l/ial. Desde o início da colonização do modernidade das elites sergipanas, que passam a
Brasil, a Coroa Portuguesa estabeleceu uma ver na nova capital não apenas a possibilidade de
política em relação às mulheres brancas na qual melhor porto e comunicação direta com o exterior,
não havia espaço para a Educação. Esperava-se com autonomia na exportação do açúcar, mas a
que elas se tornassem mães e esposas, ajudando a realização de um sonho de progrcsso para a
povoar o vasto território. Dessa forma, a Coroa pequena Província. Te11lado é várias vezes fruslado.
adiou a construção de convento;, (tradicionais () projeto modernizador encontra momentos
centros de educação feminina nos países católicos significativos na República Velha, quando a cidade
na época), proibiu a saída de mulheres para o assumc o seu papel de centro administrativo e
Reino e não fundou cscola~ para meninas. Mas os
li6 XVII Simpósio Nacional de História

coração político do Estado. O crescimento da Lia Calabre de Azevedo (li FF) A IllIclecllIalidade
cidade e a instalação de fábricas, aliado ao êxodo Carioca e o ModemislI/o - A Lalltema Verde. A
rural que traz a Aracaju uma população em busca comunicação terá como tema principal a
de melhoria de vida, fazem surgir contradições. localização da Sociedade Felipe d'Oliveira no
pois começa a gestar-se o sonho de organização de universo intelectual carioca c mais especificamente
um operariado nascente, que também vê a cidade no que se denomina a segunda fase do Movimento
de Aracaju como espaço da sua manifestação. O Modernista. Esta Sociedade Literária foi fundada
contraste entre os dois projetos é o que aborda este em agosto de 1933 c fez sua última aparição
trabalho. pública em 1944. Será apresentado um
mapeamento das pnnClpalS atividades
Leny Caselli Anzai (UFMT) A Idéia da Morte no desenvolvidas pela Sociedade, da poslçao
Imaginário Social Clliabano. O objetivo do trabalho intelectual da maioria de seus membros frente ao
é resgatar a imagem da morte no imaginário social Modernismo, da relação estabelecida entre seus
desde os primeiros tempos do cristianismo, que representantes e () meio intelectual - nacional e
permitam compreender as mudanças que foram se internacional. A pesquisa teve como fonte principal
processando ao longo do tempo e influenciando na a Revista Lanterna Verde, órgão de divulgação da
mentalidade. Serão discutidos os rituais, as crenças Sociedade. que foi lançado com o objetivo de
que acompanhavam os ritos e os sentimentos inaugurar um "espaço aberto" onde as diversas
coletivos de morte, num mundo onde as fronteira~ tendências. literárias e culturais cm geral.
entrc o natural e o sobrenatural eram, pudessem se expres~ar.
frequentemente, tênues. Pretende contribuir para
uma discussão de como sentimentos já arraigados Lidia M. Vianna Possa (Univ. do Sagrado
na mentalidade coletiva justificam a reação Coração) A observação como elemel/to de pesq/lisa
negativa que tiveram os moradores de Cuiabá, na histórica. Tendo a "observação" como ponto de
segunda metade do século XIX, quando das novas partida do trabalho de pesquisa histórica,
disposições sobre os sepultamentos em cemitérios, elaboramos enquanto membro da Equipe Técnica
de conformidade com um projeto de higienização da Divisão Regional de Ensino de Bauru, o Projeto
em andamento. "Olhando para os Telhados - a Busca da Identidade
Histórica". Trata-se de um trabalho que prioriza as
Letícia Vidor de Sousa Reis (USP) A Capoeira: de experiências vividas pelo aluno no seu cotidiano em
"doença moral" à ''gyml/astica nacional". Embora sua íntima relação com o espaço visto como
sempre perseguida ao longo de todo o período construção social em diversas dimensôes e
imperial, será apenas em 1890 que a prática da contradições do tempo sem no entanto, perde de
capoeira será criminalizada, permanecendo como vista a totalidade histórica. Tomamos a praça,
tal até a década de 1930, quando será liberada pelo cnquanto objeto de investigação, espaço onde as
governo de Getúlio Vargas. O significado social relações sociais múltiplas podem ser evidenciada~ c
dessa prática cultural de raízes negras se modifica, o tempo percebido em suas dimensôes mais
conforme se operam mudanças no lugar social do individualizadas. Coletamo~ dados, ricos pclo~
negro na sociedade brasileira. Assim se, em 1878, o depoimentos c memória o que n()~ possibilitou uma
chefe de polícia do Rio de Janeiro, imbuído dos outra construção da história do lugar, mais
pressupostos evolucionistas de sua época, dinâmica onde os anônimos puderam assumir o
considerava a capoeira como "lima doel/ça moral papel de sujeitos históricos, contrapondo à história
que prolifera em nossa civilizada cidade", pouco oficial.
depois, por volta de princípios de nosso século,
intelectuais e militares, preocupados com a Lídia Nunes Cunha (UFPE) O Imaginário Social
viabilidade da nação brasileira e informados pelos Sobre o Negro lia romance de 30. Utilizando-se do
princípios da medicina higienista, verão na contexto histórico da década de 30 e partindo da
capoeira uma "I/lcta I/aciol/al" e "excellellle aceitação do imagmano como ideologia de
gyml/aslica". Portanto, a partir da análise das dominação, o trabalho desenvolvido coletou. a
transmutações do significado social da capoeira partir da leitura dos romances de José Lins do
entre finais do século passado e começos do século Rego, Graciliano Ramos e José Américo de
XX, indagaremos acerca do processo de Almeida, produzidos no intervalo daquele período.
"higiellização" desta manifestação popular de as formas de se referir ao negro em suas obras.
origem negra, no interior do qual se opera, Esta necessidade partiu do princípio de que sendo
paulatinamente, a metamorfose de um símbolo o Romance de 30 diferenciado da~ outras correntes
étnico em um símbolo nacional. do mesmo período e escolas anteriores por sua
postura de denúncia frente ao quadro social
Programa e ReslImos 87

vigente, passando a registrar o cotidiano das proliferação excedentes sociais. Violência e tensão
massas oprimidas, a presença do ncgro será tornaram-se, ao longo do período colonial,
marcante nesta literatura pois a maioria da elementos integrantes do dia-a-dia dos homens
população negra pertence as classes oprimidas que livres pobres. O relacionamento dessa camada se
se pretendia resgatar. Partindo-se dessas caracterizou, assim pelo conflito em variados
considerações, perguntamos: - As formas segund() níveis, onde lutas com a sociedade escravista
as quais os personagens negros são representados estamental. geraram os desclassificados e conflitos
pelos autores, seriam representações que dentro do próprio grupo dos excedentes. Em São
denunciam a opressão do negro? - A presença dos Paulo, durante os Setecentos. o cotidiano das
personagens serve para modificar a imagem do populações coloniais foi tenso e cmplexo. A
negro no cotidiano da socieade brasileira ou improvisação de papéis às fímbrias do sistema foi a
consolidar os papéis exercidos por ele até então'! - regra de sobrevivência. A cidade de São Paulo
Será que houve um rompimento com o antigo na como palco de disputas, querelas e animosidades
representação do negro no Romance de 30'! O sociais ofereceu um panorama rico da situação dos
trabalho desenvolvido tentou lidar com essas homens livres pohres na colônia.
questões. colocando-as não apenas no âmhito da
literatura, mas vendo-a em um contexto maior. Lilian Lisete Siqueira de Souza (USP) Hayden
White e a Meta-História: Um Estlldo da Obra na
Ligia de Oliveira Czesnat ver Laura Morais História. Esta comunicação pretende acompanhar
algumas das proposições sugeridas pelo trabalho de
Ligia Maria Leite Pereira (UFMG) Nacionalismo e Hayden White, Meta-História - A Imaginação
Desenvolvimentismo: O Pensamento da Elite Histórica do Séclllo XIX. por entender que se trata
Mineira nos Anos 50. As entrevistas realizadas na de um método de análise que pode fornecer
primeira fase de implementação do Programa de subsídios para os debates sobre as relações entre
Hist. Oral da UFMG, sugeriram a existência de autor e obra. Nesse trabalho, Hayden White
uma forte corrente nacionalista no interior da elite analisa os tropos de linguagem utilizados por
mineira, constituída a partir dos anos 30 quando autores como Michelet, Ranke, Tocqueville e
começa a formar-se um grupo de empresários e Buckhardt, demonstrando que tais historiadores so
técnicos reunidos em torno da As~ociaçã() século passado exibiam concepções diferentes,
Comercial e da FIEMG (fundada em 1933), da alternativas, tanto no que diz respitos ao processo
Sociedade Mineira dos Engenheiros e do Jornal histórico quanto à reflexão histórica. Neste sentido,
Infonlwdor Comercial (posteriormente Diário do o método de Hayden White permite ampliar o
Comércio), que se firmou nos anos 40 e 50, dabate pretendido pela mesa, redimensionando o
notadamente em face da questão do petróleo. A papel do "discurso narrativo" do trabalho histórico.
tese mineira do petróleo, defendia o monopólio
estatal, em franca divergência com outra cogêneres Lilian Santos Mattos (USP) Oficiais Mecânicos no
de outras regiões do país. Foi evidenciada também Rio de Janeiro. Da cidade dos vice-reis a integração
a importância do Centro de Estudos Econômicos na economia aberta do período pós lHOH, o Rio de
de Minas Gerais - uma associação criada em 1951, Janeiro viveu o seu destino de grande centro
por empresários, técnicos e intelectuais -. eomo um comercial da colônia. Capital, que apesar de todo o
dos principais núcleos de formação do pensamento seu crescimelllo, conviveu por muito tempo com o
nacionalista mineiro. Assim é que o material obtido caráler meio rural das roças e das chácaras que se
por meio de entrevistas orais apontou para a espalhavam pela cidade. O selor do comércio de
necessidade de uma investigação mais ampla, que artesanato e de prestação de serviços cresce,
permitisse o aprofundamento da questão, com o ocupando as camadas médias e baixas da
objetivo de buscar os fundamentos do pensamento população livre e liberta. e desenvolvendo-se nos
nacionalista da elite mineira, as idéias que o quadros da sociedade escravista. Na lransição para
compunha, quais temas e questóes que a economia de mercado, o setor da pequena local
mohilizaram o grupo nacionalista, bem como o se veria sob a dupla contingência da expansão sem
perfil de seus mais expressivos representantes. Para precedentes do mercado e da presença ainda mais
isso, procedeu-se à realização de novas entrevistas marcante da concorrência estrangeira.
e de pesquisa documental em arquivos.
Liliana Bueno dos Reis Garcia (UNESP-Rio
Lilian de Cassia Lisboa Miranda (USP) Ercedentes Claro) Rio C/aro e as Oficinas da Companhia
Sociais em São Paulo Colonial. A cidade de São Palllista de Estrada de Ferro: Trabalho e vida
Paulo durante o século XVIII foi palco de uma operária- 1930- 1940. O objetivo deste trabalho está
complexa situação social onde remava a
88 XVII Simpósio Nacional de História

fundamentado no estudo sobre a organização do ideológicas. Estes cidadãos traziam consigo o que
trabalho nas olicinas da Companhia Paulista de Rudé chamou de ideologia do protesto popular que
Estrada de Ferro, localizada na cidade de Rio reune o que ele deline de "elemento inerente" ou
Claro, Estado de São Paulo, nas décadas de 1930- tradicional, baseado na experiência direta c própria
1940. Visa o resgate da implantação pela ferrovia, da vivência desses cidadãos, e outro, uma
já a partir de 1928, com a Reforma Administrativa, imposlçao de cima para baixo, mercê dos
dos métodos de racionalização fundados nos mecanismos usuais da visão de mundo das classes
princípios tayloristas de organização do trabalho. políticas dirigentes.
Esta reconstituição foi obtida através dos
depoimentos dados pelos ferroviários e a história Lincoln Ferreira Secco (USP) R. Kurz: O Colapso
que emergiu foi a história da vida e do trabalho dos da Modemização. O ano de 1992 foi marcado pelo
ferroviários, ao se submeterem às normas rígidas lançamento de um livro ainda carente de
de controle e opressão. Estas surgiram em defesa aprofundadas perqUlnçoes: O Colapso da
da margem de eliciência e de organização Modemização de Robert Kurz. Cabe entendê-lo
espelhada pela ferrovia no período analisado. O como um decurso da empresa teórica de Karl Marx
resultado foi a aceitação das normas disciplinares e em Das Kapital e como tentativa de analisar o
o desenvolvimento de um sentimento arraigado sistema mundial de produção de mercadorias na
pela ferrovia, e o orgulho de pertencer a mesma e época de sua crise global. Ao fundar as bases de
de ser ferroviário. A ideologia do trabalho incutida uma crítica ecerba ao "socialismo de caserna"
pela Companhia Paulista nos ferroviários, moldou- vigente no leste europeu até a dcbacle de 1989,
lhes a visão do mundo, resultando em indivíduos Kurz o considera como recpitulação, num lapso de
que pouco lizeram para reverter essa situação. O tempo menor, do mesmo processo multissecular de
objetivo da Companhia Paulista era disciplinar e acumulação primitiva ocorrido no ocidente.
organizar o trabalho, porém, mesmo impondo
normas rígidas de trabalho, não conseguiu Loiva Otero Félix (UNISINOS-RS) A Distribuição
neutralizar a ação resistente do ferroviário. Essas do Poder Regiol/al 110 Rio Gral/de do Sul I/a
não se manifestaram coletivamente, mas estiveram Primeira República. A Comunicação pretende
presentes em cada ferroviário, em seus atos e em esboçar um quadro referencial das diferentes
seus sentimentos. formas de relacionamento do poder local, regional
e estadual no Rio Grande do Sul do período
Lincoln de Abreu Penna (UFRJ) O Protesto borgista. Propomo-nos a apresentar nossas atuais
Popular I/OS Tempos de Florial/o - Um Fel/ômel/o reOeões decorrentes de análises desenvolvidas
da Ideologia IlIerel/te. Trata-se de um estudo sobre relações de poder no RS, desde a tese de
preliminar das manifestações públicas ocorridas doutorado, duas novas pesquisas que realizamos
durante o governo do Marechal Floriano Peixoto e após (com apoio CNPq), e a incorporação de
de seus desdobramentos nos anos subsequentes, recentes contribuições historiográlicas de outros
por ocasião do período presidencial exercido por pesquisadores. O objetivo central será demonstrar
Prudente de Moraes Barros. Tomamos como como o PRR (Partido Republicano Rio-
periodização os anos que se estendem de 1893 a Grandense), através da articulação de uma política
1897, assinalados por dois acontecimentos que de caráter ideológico bem delinida (castilhista),
caracterizam esta fase cruenta da história com O conhecimento das diversidades regionais do
republicana: (1) a irrupção da Revolta da Armada, estado (formação histórica, composição étnica,
e (2) o Atentado a Prudente. O propósito desta atividade econômica, estruturações de classe) no
comunicação consiste em demonstrar que em meio período conseguiu obter a hegemonia, valendo-se
aos grupos políticos e ideológicos que apoiaram da utilização de diferentes variáveis intervenientes
Floriano, tais como os integrantes da jovem em tais relações de poder.
olicialidade militar impregnados pela doutrinação
positivista ortodoxa, e os jacobinos, coexistiu um Lourdes de Fátima Bezerra Carril (USP) O
contingente social que denominamos de Impacto da COl/stmção de Hidrelétricas em Terras
"Oorianistas de rua", com peculiaridades próprias de Negro 1/0 Vale do Ribeira - SP. Neste trabalho
que diferem dos Oorianistas de governo egressos pretendemos expor a problemática da construção
daqueles dois grupos acima mencionados. de barragens sobre comunidades negras
Consideramos que os "Oorianistas de rua" tipilicam remanescentes de quilombos e doações de terra no
o que George Rudé deliniu como o "menu peuple Vale do Ribeira, no Estado de São Paulo. O
urbano", o povo comum, isto é, cidadãos processo de industrialização tardia no Brasil, tem
desprovidos do ideário convencional dos grupos como padrão, a necessidade de desenvolver e
políticos organizados e identilicados às matrizes
Programa e Resumos 89

incorporar regiões consideradas mais pohrcs, mas necessidade de manutenção dos níveis mínimos de
que possuem recursos naturais de grande subsistência, os homens pobres se curvaram às
importância para indústrias modernas nos centros imposições das regras patrocinadas pelo jogo do
econômicos. Tal aspecto tem implicado numa poder.
apropriação da natureza, desconsiderando os
desdobramentos sobre outros grupos que Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves (UERJ) As
produzem diferentemente o espaço, e vem Bemardas do Rio dc Jal/eiro na Época da
provocando conllitos intensos, a julgar pela In depel/dência: Motins Militares Oll Movimentos
situação que iremos apresentar. Isso se rellete no Poplllares? Durante o período de 1820 a 1823, o
Vale do Ribeira onde o poder público, através da termo bemardas era utilizado no Brasil, para
CESP - Companhia Energética de São Paulo, identificar os pronunciamentos resultantes de
associado a interesses privados como, por exemplo, conspirações militares em especial das tropas
a CBA - Companhia Brasileira de Alumínio, portuguesas, a favor do constitucionalismo. As duas
projetou a construção de hidrelétricas. Os projetos bemardas do Rio de Janeiro, a de 26 de fevereiro e
remontam a 1950. No entanto, aqucles a de 5 de junho de UQ I, foram patrocinadas pela
agrupamentos vêm, gradativamcnte, se Divisão Auxiliadora Portuguesa, com o objetivo de
mobilizando e iniciando um movimcnto para exigir o juramento da futura Cosntituição a ser
garantir a sua permanência nas terras. elaborada pelas Cortes de Lisboa e de garantir a
fidelidade de D. Pedro às bases da Constituição
Lúcia de Fátima Guerra Ferreira (UFPB) OriE;cm recentemente recebidas de Portugal. Apesar da
Social do C1cro Paraibal/o: 1894/19 J(). Esta palavra significar, nas publicações de época, uma
comunicação visa apresentar alguns dados da expressão da vontade da tropa. um folheto político,
pesquisa para a tese de doutorado, em andamento, no entanto, as considerava como "novidades e
intitulada "Igreja e Liberalismo na Paraíba: 11'194- mudanças que se faziam do Rossio", por meio da
1910", sob a orientação do Prof. Dr. José Sehastião tropa e do povo. A preocupaçiío central dessas
Witter, na USP. Um do~ elementos fundamentais manifestaçôes militares era a de assegurar a nova
para a compreensão da relação Igreja-Libcralismo ordem constitucional, vitoriosa em Portugal com o
é o estudo do clero, com a identificaçiío dc suas movimento revolucionário de 1820. Por outro lado,
origcns sociais bem como, de sua formação elas trouxeram à cena política novos atores, como
eclesiástica. As principais fontes documcntais funcionários, pequenos comerciantes, artesãos,
utilizadas são os processos de ordenaçiío dos caixeiros e soldados rasos, categorias que na época
sacerdotes, além de documcntos sobre o eram identificadas como formando o povo. Dai a
Seminário, biografias e outras fontes secundárias. indagação: foram as bemardas motins militares ou
() estudo do clero paraibano apresenta elementos movimentos populares?
que possibilitam uma discussão mais ampla sobre o
clero brasileiro, como também das especificidades Lucia Maria Paschoal Guimarães (UERJ) Cidade -
do clero regional nordestino. Mão-de-Obra - ImiE;ração. Os estudos de história
regional têm contribuído para alteração do
Lucia Helena Gaeta Aleixo (UFMT) As Vozcs 1/0 panorama historiográfico. No que se refere à
Sertão (SlIbordil/ação, Rcsistêl/cia e Trabalho cm historiografia imigração, as pesquisas sobre a
Mato Grosso - 1888-1930). Esta comunicação, tem Cidade do Rio de Janeiro demosntram que uma
como proposta discutir de que forma a construção nova vertente deverá ser melhor explorada, a partir
do progresso encaminha o final da escravidão e, da análise da imigração espanhola para o Rio.
proporciona a absorção da mão-de-obra livre, em Diferente do que a historiografia tradicionalmente
Mato Grosso, partir do final do século XIX. considera, a imigração não está ligada somente aos
Acostumados com a escravidão, os proprietários problemas de substituição da mão-de-obra escrava
lançaram mão da violência como meio de controle pelo trabalho assalariado, nem à questão da
e subordinação. Apoiados pela ação repressora da colonização de terra, no sul do país. No caso do
política, pelos discursos moralizadores, pela Rio de Janeiro, os espanhóis que aqui aportarm, no
ideologia do trabalho, e pela construção da ordem período 18S0-1914, constituem um contingente de
progressista, ordenaram a mão-de-obra existente, mão-de-obra que concorre com os libertos, forros
encaminhando-a para o trabalho assalariado. e setores mais subalternos da população carioca na
Mecanismos de controle foram empregados para disputa pelo mercado de trabalho.
manter o trabalhador ligado à produção. O
recursso do poder político caracterizou um Luciano Raposo de Almeida Figueiredo (UFF)
instrumento extremamente eficaz para que esta Fiscalidade e Utopia: Protestos Allt([iscais 110 Brasil
situação se consolidasse. Subjugados pela
90 XVII Simpósio Nacional de História

Colônia. Elemento central de sustentação do memorialísticas. Ao articularem múltiplas


sistema colonial, a brutal fiscal idade despejada representações da atuação do regime militar no
sobre o Brasil a partir de século XVI representou Brasil numa intricada composição de
papel vital na transferência da riqucza colonial. rememorações "pessoais" c "exteriores", fornece
Reis, Rainhas, governadores, Câmaras estruturam uma resposta particular às exigências do passado
ao longo dos tempos coloniais uma rede de rememorado. Assim, o objetivo é apreender nos
obrigações fiscais sob a forma de direitos, escritos as diversas construções da memória,
subsídios, donativos e tributos de todo tipo que captando tanto os elementos comuns como as
empurra para o empobrecimento camadas sociais divergências. situando os autores, associados às
variadas, de proprietários a trabalhadores livres, de suas obras com o caráter dos projetos políticos da
prostitutas a vadios e desclassificados. Para o época.
momento, tentaremos discutir as linhas gerais desta
fiscal idade naquilo que se relaciona com os Lucilia de Almeida Neves Delgado (UFMG) A
protestos soeiais entre o século XVI e XVIII. Utopia Nacionalista: Memória de Militantes
Protestos, a bem dizer, sussurros, motins, rebeliôes Sindicais Mil/eiras. Trata-se de apresentação de
e mumeras manifestaçôes que marcam a resultados parciais de pesquisa de história oral
resistência do colono diante da tributação realizada por pe~quisadores da UFMG. Os
excessiva, daquilo que aparece na documentação depoimentos de história de vida e as entrevistas
adjetivado de "vexoso aos povos". Mas, à medida temáticas, demitantes sindicais c partidários, que
que os impostos não são simplesmente (como pode tiveram atuação nos anos 50 e 60, demonstraram
se supor) mecanismos econômicos, pois traduzem, que, principalmente a partir da segunda metade
também, o exercício da dominação política, sua dos 50 ativistas partidários e sindicais de Minas
constatação desperta para o reconhecimento de Gerais se envolveram, de forma acentuada nas
tensôes nas relaçôes colônia-metrópole. Vale lutas nacionalistas e reformistas que contagiaram o
portanto visitar algumas contestaçôes fiscais, no imaginário de expressivos segmentos da população
Rio de Janeiro (século XVII), na Bahia (século brasileira, que apostavam na superação do
XVII-XVIII) e em Minas Gerais (século XVIII) desenvolvimento e na construção de uma
onde se reconhece o nascimento da utopia do fim democracia social através da im plementação de um
do imposto. Se demonstraram relativa capacidade programa reformista-nacionalista. De fato, para os
de gerar novas concepçôes da ordem política e depoentes, a questão nacional não se colocava
social, puderam também supor uma realidade sem como a questão central de suas lutas antes de 1956.
tributos e taxas, utopia que esbarrava frontalmente No período da campanha do petróleo, o
com os sustentáculos básicos do sistema colonial. nacionalismo não tinha para eles a mesma
importância que passou a ter a partir do programa
Lucileide Costa Cardoso (PUC-SP) Memória e de internacionalização da economia desenvovido
Poder: As Criações memorialísticas e o Regime de pelo govenro JK. A partir dessa conjuntura a
64. A partir do "processo de abertura" controlada utopia reformista mescla-se com a utopia
pelos militares emergiu no país uma cspécie de nacionalista, partidos políticos como o PTB e o
"surto memorialístico", revelador do afrouxamento PCB, envolvem-se no grande movimento nacional
do permanente sistema de controle e "pela implemcntação das reformas de base" e "pela
homogeneização da memona histórica tão proteção dos interesses nacionais". As lideranças
característico dos anos anteriores. No interior deste sindicais mineiras do período alcançaram grande
"surto" rememorativo que constitui um vasto projeção no cenário nacional defendendo as
conjunto documental selecionamos onze livros de bandeiras nacionalistas. Todavia, não foram só
memórias de caráter auto-biográfico como objeto personalidades de destaque nos movimentos sociais
de investigação da pesquisa. Estes livros são que encamparam essa bandeira. Os anônimos que
representativos de grupos que constróem diferentes acalentavam sonhos de transformações foram os
representações sobre o passado. De um lado temos maiores defensores do nacionalismo.
escritos que exercem a função de legitimar, no
presente, a memória histórica quc se pretendeu Lucília de Almeida Neves Delgado (UFMG) FreI/te
dominante no período. Do outro. relatos que ao Parlamel/tar Naciol/alista: Utopia e Cidadania.
criarem diferentes representaçôes do passado Trata-se de pesquisa sobre a Frente Parlamentar
permitem preservar uma memória social que Nacionalista, entidade supra partidária, que atuou
dispões de diversos mecanismos de sobrevivência no Congresso Nacional entre os anos de 1956 e
para escapar à dominação. A defvesa ou a 1964. A FPN congregou parlamentares de vários
condenação do regime autoritário constitui o viés partidos políticos, que tinham como objetivo
ideológico presente nestas criaçõe5
Programa e Resl/mos 9J

comum desenvolver esforços para que leis de apresenta três problemas que devem ser
caráter nacionalista e reformista fossem aprovadas enfrentados para que se avance no estudo do tema:
no parlamento. A hipótese principal da pesquisa é 1) no que se refere às relações internacionais, fica-
a de que a FPN, atuou como canal de ligação entre se demasiado restrito à dicotomia connito-
os movimentos organizados da sociedade civil e o complementaridade; 2) centra-se o foco na relação
Estado, sendo portanto um forte instrumento de (apresentada como real ou imaginária) entre a
manifestação da cidadania da população. A ideologia nacionalista e um único autor político na
hipótese subsidiária é a de que a FPN constituiu-se sociedade brasileira, o qual é visto como dotado de
como elelmento e de expressão do projeto homgeneidade ao longo de todo o período
nacionalista reformista que representava o populista; 3) carece-se de uma concepção teórica
imaginário utópico de expressivos segmentos da mais ou menos rigorosa acerca do fenômeno
população brasileira nos anos 50 e início dos anos nacional e, mais especialmente, do nacionalismo.
60. A pesquisa está sendo realizada em jornais da Minha comunicação visará contribuir para o
época, em documentação de organizações da enfrentamento desses três problemas, por
sociedade civil e nos Anais do Cong4rcsso intermédio da análise dos impactos que a ascensão
Nacional. Além disso entrevistas de História Oral do nacionalismo popular produziu sobre a
estão sendo realizadas com ex-participantes da ideologia e a política populistas, contrihuindo para
FPN, ex-militantes do movimento sindical, da imprimir uma determinada configuração à crise
UNE, de CEBs e de outras organizaçôes da brasileira do início dos anos 60.
sociedade civil. A pesquisa encontra-se em fase de
pesquisa documental. Lúcio Flávio Vasconcelos (UFPB) PCnI: Utopias
Políticas e Transição Democrática. A Comunicação
Lucilia de Almeida Neves Delgado (UFMG) pretende analisar os projetos envolvidos nos
Partido Coml/nista Brasileiro: militância, memória c processo de transição política no Peru (1977-80).
história. Trata-se de pesquisa de história oral Depois de um período relativamente longo, onde
incluída no Projeto de Pesquisa "Minas Gerais: os militares assumiram o poder e colocaram em
Política e Sociedade através da História Oral", prática uma sene de medidas reformistas
financiado pelo CNPq e desenvolvido por caracterizadas pelo papel fundamental do Estado
pesquisadores dos Departamentos de História, como condutor do processo, o regime político
Sociologia e Ciência Política no Centro de Estudos oligárquico foi definitivamente superado. Mas, com
Mineiros da UFMG. A parte de pesquisa relativa a a crise do modelo militar, novos grupos políticos
partidos e sindicatos concentrou-se, estruturaram projetos alternativos de poder, e
principalmente, na recuperação das lutas do somaram-se aos já existentes. O projeto populista
Partido Comunista Brasileiro, em Minas Gerais, no do APRA e o projeto democrático liberal do PDC
período de 1945 a 1964. O objetivo principal das disputaram na Assembléia Constituinte a
entrevistas temáticas e de história de vida é o de hegemonia política com a Esquerda Unida,
reconstituir a memória da militância comunista detentora de um projeto institucional de
através da fala de antigos membros do partido. O transformação da sociedade. À margem da
critério de seleção dos entrevistados segue duas transição parlamentar, emergiu um projeto político
orientações: ex dirigentes do partido e militantes radical de esquerda, organizado pelo Sendero
anônimos (que não tinham cargos de direção). A Luminoso e defendendo a total reestruturação da
proposta é de se proceder a uma comparação dos sociedade a partir da violência.
depoimentos para então se analisar os elementos
constitutivos do imaginário comunista no período, Lúcio Kreutz (UNISINOS) A Ql/estão Escolar
além de se identificar as principais motivações das entre Imigrantes Alemães. O teuto-brasileiro dava
lutas do Partido Comunista nesse efervescente especial ênfase à questão escolar. Na década de
período da história republicana brasileira. O 1930, havia no RS 1140 núcleos (comunidades)
Projeto data do início de 1990, até a presente data rurais de imigrantes alemães em que praticamente
já foram realizadas cinco histórias de vida, num se extirpara o analfabetismo, quando a média
total de 125 horas de gravação e cinco entrevistas nacional, em região rural, ainda passava de setenta
temáticas, num total de 20 horas de gravação. por cento. Havia diretriz de que a escola partisse
da realidade do aluno, preparando-o para a efetiva
Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida (PUC-SP) O inserção na mesma. Em decorrência, produzia-se
Naciollalismo Popl/lar e a Crise do Popl/lismo no material escolar específico para esta escola (até o
Início dos Anos 60. Grande parte das análises momento foram localizados e fichados 98 manuais
acerca do caráter (conteúdo ideológico e bases didáticos), e criava-se estruturas de apoio à escola
sociais) do nacionalismo populista no Brasil
92 XVII Simpósio Nacional de História

e ao professor como, por exemplo, a Associção de desenvolvimento a existência de um conjunto de


Professores Teuto-Brasileiros, o Jornal do forças produtivas, capitais disponíveis e mercado
Professor, fundo próprio de pensão e consumidor alocados pelo processo de constituição
aposentadoria, Semanas de Estudo e Assembléias do mercado intra-regional local.
de Professores. Também há indícios, nas fontes, de
que a diretriz metodológica nesta escola, a partir Luis Manuel Domingues do Nascimento
de 1887, era a lição das coisas (método indutivo) (UNICAP) A Produção do Conhccimcnto Histórico
uma tentativa de superação de tradicionalismo no Livro Didático. A partir de meados da década
pedagógico. O Núcleo de Estudos Teuto- de 80, inspirado nos estudos preocupados em
Brasileiros do Mestrado em história da revelar os valores, preconceitos e concepções nos
UNISINOS, RS, tem por objetivo resgatar esta livros didáticos, a produção de conhecimento
memória, dando prioridade à localização, didático vem experimentando algumas revisões em
lichamento e informartização das fontes seu conteúdo. Fazendo contraponto à produção
relacionados com o tema, possibilitando, em que enfatiza os papéis reservados pela produção
conseqüência, o suporte empírico para novas capitalista aos agentes sociais, esta revisão vem
pesquisas históricas. Entendemos que este é um encampando a tarefa de moldar uma compreensão
fato singular em nossa história da educação. crítica da História. Contudo, os estudos e as
revisões citadas estão mais orientadas a fornecer
Lucy Cristina Ostello (UFSC) Reflexõcs Sócio- respostas aos prohlemas da apredizagem arhitrados
Culturais da Colônia Italiana dc Nova Vcncza - pela modernização da economia capitalista no
Santa Catarina. Na perspectiva da construção de Brasil. Dentro deste contexto, a revisão do
uma história cultural onde homens e mulheres se conteúdo. didático histórico vem reforçando a
façam presentes, este projeto de pesquisa, busca exclusão da c~pcriência (recorrer à memória do
resgatar as práticas sócio-culturais presentes no conteúdo do passado com outros do coletivo) e da
cotidiano dos imigrantes italianos que se lixaram utopia (conservação das forças da remem oração
na colônia Nova Veneza - SC, fundada em 1891. capazes de desenvolver questões, prohlemas e
Compreender o universo cultural desses atores, tarefas histórica~ delegados pelo passado) na
totalmente desconhecidos, torna-se aqui História. Em nossa exposição ahordaremos eomo
imprenscíndivel, de modo que a pesquisa eorre esta exclusão possihilita a banalização do
atrás de vestígios que ainda são compartilhados conhecimento histórico via livro didático e auxilia
pela colônia, como músicas, provérbios, festas na exacerhação da massificação do ensino de
religiosas, neste sentido o recurso à memória viva História, ocultando neste a experiência, a utopia e
torna-se fundamental para resgatar os elementos a crítica.
que possam traduzir o cotidiano desses homens e
mulheres. Luis Palacin (UFGO) O Quinto Império, utopia dc
um século férrco. O século XVII foi um século
Luís Manuel Domingues do Nascimento extremamente duro, "Thc lrall CCl/twy" na
(UNICAP) Mcrcado Intemo e Industrialização cm conceituação de Kamen. A prática deliberada da
Pemambuco (1850-1920). A constituição do razão de estado e o mercantilismo mais agressivo,
mercado interno no Brasil ocorreu em duas etapas: identificado com o ethos do estado moderno,
a primeira, a nível intra-regional, a partir de 1850, e promoveram um estado de guerra até a exaustão
a segunda, a nível inter-regional, a partir de 1920. das nações. Neste ambiente tomado pela loucura
Em Pernambuco, a formação do mercado intra- da guerra, surgem ao Império, arrasado pela
regional subordinou relações de produção passagem contínua dos exércitos durante a Guerra
existentes, alterou outras e formou novas relações dos Trinta Anos, as denúncias mais caústicas sohre
de produção que possibilitaram a geração de mais- a ação desumanizadora da guerra nas páginas do
valia para acumulação capitalista. No geral, a aventureiro Simplicisimus e na série de pinturas de
constituição do mercado interno possihilitou a Callot sohre "Os males da guerra". Mas junto a esta
formação do capital industrial. O processo de nova vIsa o, pensadores e humanistas C0l110
industrialização se estendeu inicialmente de 1890 a Montaigne e Bacon continuam exaltando de acordo
1920, marcado por um caráter descentralizado e com a visão aristocrática da vida - as conquistas
uma predominância das indústrias de bens de como a grande vocação das nações e o exercício
consumo não-duráveis e com a realização do seu das armas como fonte de enobrecimeto. Esta
capital voltado para os seus espaços matriz. No diticomia se comunica inconscientemente ao
caso de Pernambuco, o estabelecimento das pensamento de Vieira: como profeta denunciador
indústrias de bens de consumo não-duráveis teve dos males de "este miserável século" estigmatiza a
como pressuposto à sua formação e
Programa e Resllmos 93

guerra - "aquele monstro que se sustenta das teóricos de ciência ocidental. No início do século
fazendas, do sangue, das vidas .... " -, como arauto, XVIII, a visão newtoniana de um universo infinito,
porém, do Quinto Império, conclama os cujos corpos celestes sc comportavam como partes
portugueses à conquista militar do mundo e de uma imensa e perfeita máquina criada por
apresenta as batalhas, as conquistas, os reinos Deus, começou a ser associada à visão cartesiana
subjugados, como a realização da História. de um conhecimento inteiramente racional. Esta
síntese, realizada pelos filósofos da Ilustração no
Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros (UERJ) Um decorrer do século XVIII, formalizou a
Fllzil da Glle"a de Call1ldos: Memória de Violêllcia constituição de um paradigma racionalista-
lia Paz do COllselheiro. O conhecimento da mecanicista, que se transformou num projeto de
existência de um fuzil da guerra de Canudos, numa ciência hegemônico até o início do século atual.
herança familiar, estimulou-me uma pesquisa, "em
busca da história" desde o sertão alagoano das Luiz Carlos Villalta (UFOP) Millas Gerais e o
barrancas do São Francisco até Canudos, onde 1magillário Social do Diabo. A porção brasílica da
registrei o depoimento de um informante de ~n América desde muito cedo foi comprreendida
anos cuja família lutou, com algumas baixas, na como um domínio de Satanás. O cotidiano das
"guerra do Santo Conselheiro". Através da Minas Gerais, na segunda metade do século XVIII,
memória dos velhos, das lembranças de relatos de não foi exceção. A presença de Satã era
família, tentei reconstituir a longa caminhada do visulmbrada em vários momentos da vida cotidiana,
primeiro proprietário do fuzil. O encadeamento da do dia-a-dia, dos comportamentos sociais aos
história se completa com o depoimento do embates políticos. O propósito dessa comunicação
informante de Canudos, depositário das memórias é, primeiramente, identificar os momentos, os
maternas do tempo da guerra. Articulando embates, e os comportamentos em que se via a
fragmentos da memória, comparando relatos, tento presença do Diabo e, poleo negativo ou pela
conectar os elos da História Oral de episódios inversão, as arenas e os protagonistas das hostes
significativos para a compreensão das relaçôes divinas. Pretende-se, igualmente, atingir os
sociais de Canudos antes da guerra, em busca do significados político-estratégicos implícitos na
deciframento do "mundo utópico" de Antonio utilização desses elementos do imaginário.
Conselheiro.
Luiz Claudio Silva Oliveira (PUC-SP) Opas
Luiz Carlos Soares (UFF) A COllstmção do Ven1/elhas e Fitas AZllis: a presellça da Legião de
Paradigma Raciollalista-Mecallicista e a Hegemollia Maria em Uberlâlldia (1945-1965). Ao me voltar
de 11m Projeto de Ciêllcia: 1600-1780. Neste para o estudo do movimento "Legião de Maria" em
trabalho, procurarei apresentar a constituição de Uberlândia, duas questões básicas norteiam minhas
um paradigma ou modelo de ciência, a partir do reflexôes: que significado esse movimento assume
século XVII, que articulava elementos da filosofia na perspectiva de seus militantes? Que efeitos
racionalista e da visão mecanicista de universo. A culturais essa prática religiosa imprime na vida
filosofia racionalista, herdeira direta do humanismo dessas pessoas e como elas se articulam com o
renascentista, teve como seu maior nome, no meio social mais amplo? Mulheres constituem
século XVII, o filósofo René Descartes, que predominantemente esse movimento. Organizadas
apontava para a necessidade de um método de pelo "sistema legionário", elas rezam e militam em
conhecimento científico inteiramente racional, um regime corporativo quase secreto e militarizado
separado completamente dos sentidos e da emoção por um ritual disciplinar, pregando a seus
do ser humano, como única alternativa para o interlocutores, os "outros", a validade da doutrina
conhecimento da verdade; ou seja, as leis objetivas católica, a importância dos valores sociais com a
que governavam o universo e a natureza criados família o casamento fiel, a paternidade responsável
por Deus. Embora Descartes tenha se aventurado, e outros valores e crenças. Recupero dimensôes do
com a sua "filosofia corpuscular", a apresentar uma fazer-se dessas mulhres que procuram plasmar
interpretação do mundo físico, da natureza e do maneiras de viver por vezes contestadas por outros
universo, as idéias logo foram rebatidas por sujeitos. Malgrado o meu interesse pelos
aqueles que se inspiraram na obra de Galileu componentes simbólicos e imaginários, não faço
Galilei e na sua interpretação mecanicista do uma investigação sobre "mentalidade" mas
universo. Entre os seguidores dos caminhos abertos problematizo práticas de um determinado grupo,
por Galileu, encontrava-se Isaac Newton, que com que se forja, quer em sintonia, quer
sua obra não só consolidou a visão mecanicista de antagonicamente a interesses e valores de outros
universo, como também estabeleceu os referenciais movimentos c segmentos religiosos e sociais.
94 XVII Simpósio Naciollal de História

Luiz Edmundo Tavares (UERJ) O Méier - algl/llS A questão interessante, entretanto, é que tudo isto
aspectos da sua história. Considerado um dos se dava em meio a duas novidades no cenário
principais bairros do Rio de Janeiro, o Méier político e social brasileiro: de um lado, a crescente
apresenta características de verdadeira cidadc, com presença e afirmação de um setor público que
intensa influência sobre as comunidades mais retirava seguidamentl: dos proprietário privados
próximas. Sua denominação atual data de 13 de algumas prerrogativas qUl: lhes eram tradicionais.
maio de 1889, quanfo foi inaugurada a estação De outro, a emergência na vida pública de setores
ferroviária. responsável pelo desenvolvimento da das classes subalternas que, também elas,
ocupação humana, anteriormente relacionada a buscavam uma auto-idelllificação a partir de
agricultura, principalmente à lavoura canavieira. noções de trabalho, civilização e progresso. A
Duas fazendas foram o embrião do bairro: a impossibilidade de eliminar esta incômoda
Fazenda do Camarista Méier e a Ouinta dos presença, lado a lado com a dificuldade em aceitá-
Duques, atual Engenho de Dentro, unidas graças la, foi motivo de profundas tensões no âmbito das
ao casamento de herdeiros dos proprietários das mais diferentes correntes c lideranças republicanas.
terras já aludidas. Os meios de transporte, tiveram
influência decisiva no seu progresso, sendo os Luiz Reznih (PUC-RJ) A História do Brasil 110
bondes responsáveis pela ligação com quase toda a EI/sillo Sec/lndário: 1930- 1945. O currículo de
cidade. É objetivo desta com unicação resgatar a História para o ensino secundário - conformado
influência dos bondes na ocupação dos bairros, a por pontos programáticos e seriação uniformizados
partir da contribuição legada por Lima Barreto. nacionalmente - estabelecido pela Lei Orgânica de
1942, permaneceu, em maior ou menor grau, até
Luiz Eduardo Calta (UNIOESTEjFACISA) O pelo menos os fins da década de 70. Recriar a sua
Cotidiano lia Fronteira: Crimillalidade e Controle gênese possibilita uma melhor compreensão do
Social. A fronteira do Brasil com o Paraguai e processo de formação dc tantas "almas", assim
Argentina, passou a partir da década de setenta, como estabelecer um acerto de contas com uma
por um rápido processo de crescimento, motivado herança tão enraizada na historiografia didática.
principalmente, pela construção da Usina Do ponto de vista do conteúdo, um discurso sobre
Hidrelétrica de Itaipu. Com o verllgmoso a história do Brasil vem sendo constituído desde o
desenvolvimento, transformações de todos os níveis século passado, com a sua "tradução" específica
vão ocorrer na sociedade local e na região, para o espaço escolar. O passado brasileiro é
proporcionando mudanças radicais no cotidiano de construído de forma a moldar a nacionalidade. A
sua população. A cidade, que até então mantinha recuperação histórica de valores que são
muitas das características ongmais de sua considerados essenciais é um procedimento que
colonização, e que vivia basicamente do turismo às pretende afirmar uma determinada ordem do
Cataratas do Iguaçu da agricultura, convive, a mundo presente, explicar as suas possibilidades e
partir da instalação de Itaipu (adicionada à limitações. De outro modo resta compreender
formação de um frenético comércio de fronteira), como esse mesmo discurso ganha foro de
com um acelerado incremento da marginalidade c legitimidade no interior do currículo global da
da criminalidade, o que redunda na formação de escola. Neste aspecto, a construção do discurso
um aparato repressivo e controlador, que se historiográfico no ensino secundário deve ser
extende por vários níveis, alterando de forma analisada através dos embates para a constituição
significativa, o dia-a-dia de sua gente. da disciplina História do Brasil.

Luiz Felipe Falcão (UNIVALI) O Público e a Luiz Vitor T. Azevedo (UFOP) Cultura Política e
República (o público 110 discurso das lideranças Imaginário Popular 110 Segundo Govemo Vargas.
republical/as). A implantação da República no Partindo do conceito de cultura política como o
Brasil aconteceu em meio a um processo de conjunto de crenças, normas, atitudes,
afirmaçôo de identidade por parte de um setor compartilhadas pelos membros de determinada
emergente da elite, onde a noção de trabalho sociedade e tendo como objeto fenômenos políticos
Gunto a outras como civilizaçõo e progresso) (Norberto Bobbio), pretende-se neste trabalho
constituia uma espécie de emblema de auto- destacar articulaçôes entre elementos populares
representação. Ao mesmo tempo, ao levantarem a vinculados a uma tradição político-religiosa e a
bandeira da república, as lideranças afinadas com virtualidades do chamado "compromisso populista"
esta concepção política expressavam uma durante o segundo governo Vargas (1951-1954).
determinada maneira de ver o público, de perceber Esta abordagem destaca a presença no imaginário
o público, maneira esta que para a maioria delas popular de uma certa caracterização ritualística da
excluía a população do país quase como um todo.
Programa e Resumos 95

liderança polítiea encarnada em ('elúlio. Luz Maria (,uil11aráes da Silva (lJFSC) O Poder
simbolizada por três temporalidades básicas: a Púhlico dia/lte (/ Doellça: o coléra-morhus e a
espera, a provação e a glorilicação. Este disputa política em Desterro /lO século XIX. O
perspectiva analítica tem por objetivo recuperar a ambiente urbano de 1~55. a cidade emergente, a
dimensão política em articulação com noção de cidadania agindo na postura das pessoas,
manifestações ideológicas de valores simbólicos a ação dos periódicos. Todos estes pontos fazem
vinculados ao processo de consolidação do Estado parte deste estudo, que tem como discussão central
Nacional e do desenvolvimento do capitalismo no as políticas em relação à epidemia de cólera na
Brasil. pequena cidade de Desterro. Desterro passou por
uma série de alteraçôes na segunda metade do
Luiza Rios Ricci Volpato (UFMS) A morte século XIX, e os jornais nos revelam mais o
h igiellizada: o cemitério da Piedade cm ClIiahá. cotidiano da cidade, com suas disputas médicas e
Durante o século XIX, com o aprofundament() das políticas, seus medos e incertezas. Nesta pesquisa,
relaçôes capitalistas e ampliação do a principal fonte de informaçôes foram os
desenvolvimento cienlílico no Brasil, Il discurso periódicos, além dos relatórios dos presidentes da
médico-higienista teve grande importância no província.
processo de reordenação das cidades e suhmissào
das camadas populares ao assalariamento. Entre as Luzia Margareth Rago (UNICAMP Utopias
diversas transformações vividas pela cidade neste Femillistas da História: Amor e Sexualidade 110
período uma delas foi a implantação dos cemitérios DisCllrso da Emallcipaçâo da Mulher. Enquanto
e de uma forma mais higiênica e civilizada de se corrente de pensamento que orienta prÚlicas
realizar os sepultamentos. O presente traballw se individuais e movimentos coletivos. o feminismo
propõe a estudar a implantação do primeiro emerge no mesmo campo epistemológico,
cemitério de Cuiabá. Os conOitos e disputas integrando o mesmo universo de crença e valores
gerados pela pressão das autoridades na criação que o "socialismo utópico". Pensa a emancipação
dos cemitérios e a resistência da~ irmandades da humanidade a partir da emancipação da mulher
religiosas e da população mais pobre da cidade. e da conquista de igualdade entre os sexos. A
Tendo por preocupação central analisar a nova colllrário das utopias do trabalho, propí)e o
forma mais higienizada de realizar os deslocamento da atenção da prod/lçâo delinidora
sepultamentos novos ritos no relacionamento do das diferenças classistas para o camjJo da /latureza,
homem com a morte. lugar onde se instalam as diferenças biológicas que
fundam as desigualdades sexuais. Contudo, são
Luiza Rios Ricci Volpato (UFMT) A Fro/lteira /lO muitos os pontos de contaclo com as outras
Imagillário Popular Cuiahallo. A vida da população utopias: como os anarquistas, o feminismo aposta
cuiabana durante os dois primeiros séculos de sua na educação como forma de superação dos
existência esteve sempre ligada à questüo de entraves colocados ü mulher pela natureza e pelos
fronteira. A preocupação máima das autoridades mitos do patriarcado, e na construção de um
coloniais e posteriormente nacionais vinculava-se sujeito racional capaz de orientar o curso de
primordialmente à defesa e ampliação dos limites a história. Apesar de descrêr do sentido teleológico
Oeste do Brasil. Esta preocupação constitui-se em da história, o feminismo aponta para () potencial
um componente importante do cotidiano c do revolucionário da percepção feminina, capaz de
imaginário da população cuiabana, em grande reinterpretar o mundo e de criar novas
parte composta por soldados e seus deseentdentes: possibilidades para o dever.
a elite local eonsiderando a presença de oliciais do
Exéreito em sue seio como uma forma de Manoel Antonio dos Santos Neto (UEB) O
"nobilitar-se" e as camadas poplares assimilando Celllel/án'o da F/ll/daçâo de Cal/udos: A COl/tmçüo
regularmente os militares à força que iam servir da Utopia. A Comemoração do Centenário da
em Mato ('rosso. O presente trabalho se propôe a Fundação de Canudos em 13 de junho de 1993 Dia
estudar esta condição especílica da realidade de Santo Antonio () Santo Protetor de Antonio
cuiabana como um elemento importante para a Conselheiro e Padroeiro de inúmeras eidades na
compreensão de sua realidade, buscando estudar região de Canudos e do Nordeste Brasileiro -
como a condição de fronteira se expressava nas resultou de uma deliberação da I Semal/a de
buscas de alternativas para a melhoria das C/lltura de Cal/udos que optou por festejar o
condições de vida dessa região pobre e interiorana momento el11 que o peregrino do Nordeste firmou
do Brasil. nas margens do Vaza-Barris, a cidade da utopia do
homem nordestino, onde a igualdade c o trabalho
coletivo construiam a abastança e a felicidade de
96 XVII Simpósio Nacional de História

todos. Não esquecendo a guerra cruel, o massacre efeitos nocIvos do sistema escravista constituiram
insano e o genocídio físico e cultural do povo questões que permeavam o discurso do jornal.
nordestino em sua Terra Prometida, revolvcmos em Atribuindo o rápido progresso material alcançado
nosso calor quotidiano da pesquisa histórica e pelos Estados Unidos a partir da Ciuerra Civil ao
abrindo documcntação do Exército Brasileiro fato de que a sociedade norteamericana honrava e
cedida em microfilmcs ao Ccntro de Estudos remunerava o trabalho, O Novo MIII/do culpava
Euclydes da Cunha, provocar a revisão crítica deste tanto implícita como explicitamente, a escravidão
episódio. Porém, como cidadão do Brasil pelo atraso do Brasil. É importante salientar,
nordestino celebramos principalmente a fundação porém, que as imagens dos Estados Unidos pós-
de Canudos - a CONSTRUÇÃO DA UTOPIA. escravista serviam para demonstrar que a
eradicação do sistema servil não significaria a
Manoel Luiz Lima Salgado Guimarães (UFRJ) destruição da ordem social brasileira.
História da Ciência e História Social da:; Idéias: 11/11
diálogo possível? Os desdobramentos da 2ª Guerra Marc .Jay Hoffnagel (UFFPE) Trabalho e
Mundial, que resultaram num reordenamento das Cidadal/ia: Os Artesüos de Recife, /850-/880. Com
sociedades em escala global, colocaram a estas poucas exceções, a produção historiográfica sobre
mesmas sociedades questões atinentes à vida o Império tem tratado a questão do trabalhador
política, econômica e certamente também à vida livre quase que exclusivamente dentro do contexto
cultural. No interior de uma crítica à cultura, que do problema da desagregação do sistema
teria propiciado a grande debalde do século XX, escravista. Em geral, estudos sobre este tema
insere-se em dúvida um questionamento acerca dos focalizavam as dificuldades enfrentadas por uma
rumos tomados pela ciência para as sociedades elite que, ansiosa de encontrar um substituto para a
contcmporâneas. Quer tomemos Karl Jasperem força de trabalho escrava, considerava os homens
seu texto de 1960 por ocasião das comemoraçôes livres como sendo avessos ao trabalho. Este estudo
dos 600 anos da Universidade da Brasiléia, que nos procura examinar a questão do trabalhador livre
debrucemos sobre os escritos de sua discípula nacional não a partir da análise do discurso das
Hanha Aredndt com a crítica que formula à visão elites, mas através do discurso daqueles que
de História enquanto apenas legitimadora do pertenciam ao mundo do trabalho.
progresso - isto para ficarmos com apenas dois Especificamente, trata-se dos artesãos que
exemplos dentre outros possíveis - insinua-se com exerceram uma militilncia política em Recife
clareza na reflexão intelectual aquilo que durante a segunda metade do século XIX, e a
poderíamos denominar uma historicização da forma pela qual eles encararam questôes como
ciência como forma de conhecimento. A presente "trabalho", "progresso", "liberdade" e "cidadania". O
comunicação visa apresentar algumas questões que núcleo documental utilizado na elaboração deste
nos parecem frutíferas no sentido de aproximarmos trabalho consiste dos jornais panfletários e
uma escrita da História da Ciência de uma História folhetins redigidos por artesãos durante as décadas
social das Idéias, sinalizando assim uma possível de 50, ()Q e fíO do século passado.
contribuição do historiador de ofício à reflexão
sobre a ciência. Marcelo Badaró Mattos (U FF) Sobre "moços
vadios", "vagablll/dos" c "'/{Ilal/dros"... O processo
Marc .Jay Hoffnagel (UFPE) A Utopia do de criminalização de determinados
Trabalho: lima visão brasileira dos Estado.\" Unidos comportamentos sociais pressupiie, ao menos em
//0 início da era indllstrial. Este trabalho tem como sociedades que possuem um Estado, a existência de
objetivo central tecer algumas consideraçôes sobre leis que definam o crime e suas penas. em
as imagens e representações transmitidas pelo sociedades de passado colonial, a origem de certos
jornal O Novo MIII/do. Publicado em Nova Iorque dispositivos legais pode acabar por conduzir ií
e redigido em português, o jornal, nas palavras do legislação da antiga metrópole. Nesta comunicação
seu proprietário, José Carlos Rodrigues, pretendia pretcndemos justamente abordar a figura do vadio,
"ministrar ao Brasil notícias Circunstanciadas da definido como tal a partir da legislação de
vida política, moral, literária e industrial dos repressão ií vadiagem. Considerando que, no caso
Estados Unidos do Norte". Circulando no Brasil de brasileiro. a dclinição legal da vadiagem é parte do
uno a 1879, O Novo Mllndo abordava temas arcabouço jurídico português exportado no
especialmente relevantes para um púhlico de processo de colonização, propomo-nos a avaliar o
leitores que participava no clima de reformismo porquê da permanência quase inalterada de uma
que caracteriza o Império nas décadas linais do definição legal em situaçôes históricas
século XIX. Os benefícios do trabalho livre c os significativamente distintas, ainda que tal origem
Pro""ama e ReslImos 97

luso-medieva não explique futuras ênfases na caça escrava), geradora de expressivos excedentes que
aos vadios. A sociedade port uguesa dos séculos não só abasteciam o mercado interno, mas eram
XIII e XVI, o Brasil escravista dos séculos XVIII e também exportados para outras reglOes do
XX e o último século da nossa história süo os três império, além de ter desempenhado o papel de
recortes aqui privilegiados. A identilicaçiio. uma das atividades que articulava/integrava este
criminalização e repressão dos que eram dcfinidos vasto e com plexo sistema eeonôm ico. Esta
como vadios nestes três contextos históricos comunicaçüo pretende divulgar alguns resultados
distintos servirá de ponte para um mdhor preliminares de nossa invcstigaçüo relativa a esta
entendimento da diferentes visôes acerca do atividade e, principalmente, apresentar a
trabalho que orientaram a criminalização dos metodologia de trabalho adotada, próxima da idéia
diverso~ "não-trahalhadores", assim como dos de uma "História Regressiva".
diferentes mecanismos policiais-repressivos que
tiveram desde sua criação, entre suas atribuiçôes Márcia Mansor D'Aléssio (PUC-SP) A Prodllçâo
principais, a vigilúncia e repn:ssüo aos vadios. Acadêmica da Pós-Gradllaçâo em História da PUC-
SP. A produç,io historiográfica acadêmica é o
Marcelo Flório (PUC-SP) Jocistas e a CO/lstl1l(ÚO ohjcto desta pesquisa quc tem como corpo
de DimclIsôes do Viver Urballo lia Cidade de ,)'úo documental as dissertaçôes e teses produzidas na
Palllo (1930/50). Em meu trahalho de pesquisa PUC-SP de 19-15 ii I()()O. A preocupação
busco apreender e recuperar concepçiíes, projetos fundamental da investigaçüo foi a de renetir sobre
e práticas articuladas por militantes jocistas, as tendência~ historiogrúficas reveladas por essa
forjadas no seu fazer-se con1(l movimento, produção e na relaçüo com o movimento geral da
contribuindo na construçüo de modos de viver historiografia. rcllexüo que se insere no debate da
urhano~ na cidade de Süo Paulo nas décadas de crítica histórica contemporünea. A abordagem
IIHO-1950. Essa militúncia, preocupada em intervir quantitativa organizou o material que loi abordado
na formação das consclencias populares, ii luz dos referenciais teórico-mctodológicos que
objetivando construir um "novo homem" mais mais marcaram os estudos históricos em nossa
humanizado, moralizado e respons{lvel, incorpora época. O desenvolvimento da pesquisa revelou a
saberes médicos, higienistas e educacionais da necessidade de se observar as eondiçôes materiais
época e com eles se articula na disciplinarizaçüo e da produçüo de trahalhos na PUC-SP, o cotidiano
normalização dos sujeitos socias na cidade. Através das atividades acadêmicas, o caritter ou a natureza
do estudo de peças teatrais, conjuntos fotográlicos, de uma produçüo gerada em um espaço
comentários sobre o cinema e de narrativas orais, institucional, percepçlies que compuseram, junto
recolho imagens e valores procurando observar, com a análise interna das ohras, o perfil dos
particularmente como jocistas e Igreja Católica trabalhos da área de História da Instituiçüo.
ajudam a tecer formas de "higienização das
consciências" e dos comportamentos sociais. Marcia Maria Menendes Motta (UFF) Entre a
História e o Direito: A Lei de Terras de 1850. A
Marcelo Magalhães Godoy (CEDEPLAR/FACE/ historiografia brasileira tem insistido na estreita
U FM G) EIIKel/hos do Dezellove: A aKroilldústria da vinculaçüo entre a Leis das Terras de 1~50 e a
calla-de-açúcar cm Millas Gerais. Depois de uma cessaçüo do trMico negreiro do mesmo ano. Em
década de vigoroso e instigante debate em torno da geral, os autores vêm na aprovaçüo da Lei das
natureza da economia e sociedade mineira Terras o resultado da necessidade de impedir o
provincial, consolidaram-se uma série de elementos apossamento por aqueles que viriam substituir o
caracterizadores desta realidade. A rejeição da cativo. Ambas as leis são, em suma, compreendidas
"visão tradicional" que situava Minas como regiüo enquanto marcos inaguradores da transiçüo do
decadente e com uma "economia de subsistência", trabalho escravo para o livre. Em nossa pesquisa
teve eomo-contrapartida a afirmação de uma apresentamos uma nova abordagem acerca da Lei
economia em constante crescimento, dinâmica e de Terras, inserindo-se no contexto dos conflitos
diversifieada, da presença da maior populaçüo livre agrários da primeira metade do século XIX. A
e escrava de todo período imperial, e do nosso ver, é preciso resgatar a ambigüidade da
desenvolvimento de uma série de atividades (de referida lei, discutindo as suas complexas e vagas
transformação sobretudo) que não eneontram determinaçôes. Para tanto. o trabalho analisa o
paralelo em outros povos do país. A agroindústria tema proposto com base nos estudos dos juristas
da cana-de-açúcar constituia-se em uma das especialistas em Direito Agrário e dos argumentos
atividades mais disseminadas pela província, de E. P. Thompson sobre legislação.
grande empregadora de müo-de-obra (livre e
98 XVII Simpósio Nacional dc História

Márcia Maria Mcnendes Motta (UFF) Um necessidae de maior integração latino-americana é


Conflito Scm Rcgras: fazcndciros c lavradorcs IUI uma constante nas páginas da grande imprensa.
Província Flumincnsc (1822-1850). O trahalho Esta comunicação visa analisar as diferentes
analisa o universo rural da Província do Rio de ahordagens dos jornais hrasileiros sohre () tema da
Janeiro - em particular o município de Paraíha do unidade latino-americana nas primeiras décadas
Sul - entre lS22 (fim do sistema de sesmarias) e deste século, possibilitando reconstituir uma visão
ISSO (ano da aprovação da Lei de Terras). Este da América de vida hastante longa.
período é, portanto, marcado pela ausência de uma
legislação agrária reguladora da apropriação do Marco Antonio Lirio de Melo (UFRS) O Batuquc
principal meio de produção da agricultura. c tJ clIltllra de resistência no cotidiano escravista.
Importa-nos discutir o processo de expulsã(l dos Este traballw insere-se (lentnl de uma pesquisa
pequenos lavradores pelos grandes fazendeiro~ mais ampla, que procura investigar () processo de
regionais, bem como a resistência dos primeiros exploraçüo e dominaçiío do trahalho escravo em
em manter a posse de suas terras. Nes[(; sentido, Pelotas-RS. no úmhito urhano e nos charqueados
objetiva-se investigar as diversas interpretaçôes com o ohjetivo maior de resgatar as manifcstaçlies
acerca do direito à terra ocupada. No jogo das de resistência dos escravos ú escravidiio e as
partes envolvidas nos conflitos - presentes nos condiçlies que ela impunha. Além da reaçüo
processos cíveis de embargo - nos é possível frontal, articulada e intencional dos escravos,
delinear {) esforço dos fazendeiros em forjar um fortemente comprovada coexistiram uma gama
mecanismo legal inibidor da apropriação da terra diversificada c rica de 111ccanislllos de
pelos homens livres pobres e a luta destes últimos insubordinaçiio e inOexiio no interior do sistema:
em assegurar suas pequenas parcelas, com hase em pequenos e grandes furtos, sahotagens, jogatinas,
uma tradição cultural que consagra () direito à fugas "controladas", festas profanas e o hatuque -
posse. evidenciando que a luta dos escravos não se
esgotava na defesa de padrlies materiais de vida.
Márcia Moisés Ribeiro (USP) Os Jcsuitas c a mas incluiam também a defesa de uma vida
Botica Mágica. Nas diversas partes do Império espiritual c lúdica com relativa autonomia.
Colonial Português a ação dos irmüos da
Companhia de Jesus na prática médica foi decisiva. Marco Antonio Lirio de Mello (UFRS) McmfÍria c
Distantes do Reino, aqueles que seriam os CO/lslmçâo da Et/licidadc: os "c,;/'OS (' o jOl'l/al "A
"médicos da alma" viram-se também obrigados a Alvorada" (1907-J956) cm Pelotas. A formaçüo
ser os médicos do corpo. Possuindo rudimentares histórica da cidade de Pelotas- RS é caracterizada
conhecimentos de medicina. os filhos de Santo pela importância que assumiu como principal
Inácio procuraram combinar os medicamentos de centro charqueador gaúclH1 no século XIX,
proviniência européia com os produtos dos reinos subsidiária em relaçüo ao mercado interno,
animal, vegetal e mineral que estivessem ao seu especialmente às regiôes produtivas com base na
alcance. Os resultados desta combinação de mão-de-obra escrava. Por esta razão
ingredientes terapêuticos eram, muitas vezes, concentravam-se milhares de negros trabalhadores
difundidos em forma de tratados ou farmacopéias no núcleo cidatino, que constituiu-se como um
que eram enviados aos diversos colégios e grande pól() escravista. No Século XX, com o
enfermarias. Além dos remédios mais usuais, crescimento urhano accntuado a partir do
oriundos do reino vegetal, nesses receituários surgimento de uma classe média emcrgente de um
aparecem outros exóticos aos nossos olhos que novo papel que passam a cumprir as cidades e do
revelam uma face da mentalidade mágica dos novo período político, se ahrem promissoras
jesuitas perante a doença e a cura. perspectivas de desenvolvimento cconômico e de
melhores condiçôe~ de vida. Entretanto, para os
Mareioniro Celeste Filho (USP) A Unidadc Latino- negros, isso não significou oportunidade de
Amcricana nas Primciras Décadas do Século Xx. trabalho e novos patamares de convivência social.
Com a invasão norte-americana ao porto de Vera Com uma trajetória marcada pela resistência
Cruz em 1914, Argentina, Brasil e Chile (A.RC) aberta ou "surda" e mesmo a acomodação, a
tornam-se intermediúrios nas negociaçôes entre população negra reagiu ao alijamento social que
México e Estados Unidos. Os jornais noticiam este para jogada, inclusive dessacralizando instrumentos
acontecimento como o marco inaugural da que fugiam ao seu domínio. como a palavra escrita.
atividade conjunta dos principais países da América O objetivo dessa pesquisa é resgatar a trajetória da
Latina enquanto interlocutores diretos da grande Imprensa negra pelotense através do jornal A
potência da América do Norte. Desde então, a
discussão sobre o ibero-americanismo e a
Programa e Resumos 99

Alvorada analisando o poder de construçã() e tanto com os modelos da "civilização", quanto com
manutenção de uma identidade étnica. os paradigmas mais popularl:s e antigos. Sua idéia
central consiste em definir a experiência histórica
Marco Antonio Mondainide Souza (UESB) Breves engendrada nas Gerais a partir do conceito de
reflexões sobre o cOl/ceito de populismo: "indistinção".
esclarecimel/to 0/1 obscurecimel/to da história! Não
consistiria em nenhum tipo de exagero a afirmação Marco Antonio Villa (lJFOP) Cal/udos, uma
de qUl: os acontecimentos que giraram em tono do il/terpretação. Cem após a criação do arraial,
desmoronamento do socialismo realmente erigido Canudos continua sendo interpretado como um
nos países do leste europeu e na extinta URSS movimento messiânico, milenarista, sebastianista,
repercutiram amplamente numa série de idéias que socialista utópico ou monarquista, dependendo do
ao long0 do~ anos de vigência do "absolutismo estudioso. Na maIOria das vezes, estas
teórico-político marxista-Ieninista" eram conceituações partem de interpretações
consideradas como sendo intocáveis. O repúdio às apriorísticas baseadas em modelos consagradas
tentativas de revisão das noçôes de classe social e pela Antropologia, Sociologia ou História, que
consciêneia de classe até bem poueo tempo se estão muito distantes da complexidade dos
impõe como exemplo de um período que não nos fenômenos sociais do sertão brasileiro. Esta
deixa saudades. A velha dicotomia entre "falsa comunicação. com base nas pesquisas qUl:
consciência" e "real consciência" construída pela desenvolvo para (l projeto de doutorado sobre
ortodoxia marxista - e, como corolário, a história Canudos, pretende rediscutir estas interpretaçôes.
noção de "desvio" - colocar-se-ia, outrossim, na
base de lJ1umeros outros conceitos que se Marco Aurélio Lopes Filho (UFRJ) Ima~el/s da
cristalizaram com o passar do tempo. Um retrato História: O Cil/ema de Glau/Jer Rocha c a
perfeito dessa constatação pode ser indicado, a panicipaçâo política dos intelectuais IUI década de
nosso ver, na idéia de populismo. Tal categoria óO. O Cinema de (ilauber Rocha, produzido nos
com o passar dos anos, ao invés de esclarecer o anos sessenta, apresenta-se como um mosaico de
concreto vivido (um determinado projeto político e nossa cultura, vislumbrando uma imagem de Brasil
uma fase específica da história brasileira e Iatino- naquilo que ela possui de mais arcaico e, ao mesmo
americana), passou a obscurecê-lo. Na presente tempo, de mais revolucionário, verdadeiramente
comunicação, tentaremos dcscrever alguma~ radical. Dentro de uma nova concepção estética,
definições do conceito de populismo estabelecida~ abordando temáticas não exploradas pela
por autores de tradição marxista na América filmografia até então produzida, (,Iauber insere-se
Latina, prioritariamente no Brasil, tecendo, a no rico dehate promovido no~ ano~ sessenta.
seguir, em forma de conclusão, um esboço de colocando o intelectual. e a sua produção, C0\110 o
crítica a essas distilllas tipologias. cerne da questão.

Marco Antonio Silveira (USP) Sím/Jolos c Marco Aurelio Santana (UFOP) "A Teoria IW
il/stituiçôes I/as Mil/as Setecel/tistas. O trahalho visa Prática Pode ser Ol/tra" OI/ a Política COII/ullista IUI
discutir a sociedade mineira setecentista, Base MetallÍ'Rica do RJ (1947-1964). O presente
compreendendo-a como inserida no que Norhert trabalho tem como finalidade analisar a tentativa
Elias denomina de "processo civilizador". Partindo do Partido Comunista do Brasil (PCB) de se tornar
do conceitual antropológico. objetivamos analisar a na conjuntura 1947-11)(.4, a direção política dos
cultura mineira, concebendo-a como a articulação trabalhadores metalúrgicos do Rio de Janeiro.
de vários níveis. Desta forma, a instabilidade das Partindo da discussão sobre os mecanismos
estrutura sócio-econômicas, a difusão de diferentes utilizados pela agremiação partidária para
modelos comportamentais e valorativos e a tluidez cfetivaç.io de sua linha política geral, analisaremos
entre os espaços público e privado são questões e\11 que medida o partido conseguiu ou n;lO seu
vistas como parte constitutiva de um sistema intento, isto é, transformou diretrizes e orientaçôes
cultural mais amplo. Ancorado em análise gerais de ação em aç;lo política eoncreta em
documental realizada no Museu da Inconfidência setores específicos. Um est udo com este recorte
Casa do Pilar (MICP) e na leitura de fontes pode contribuir ao dehate acerca de estudos
impressas na RAPM, o trabalho apresentado volta- histÍlricos gerais e específicos no interior da
se para o entendimento da dinâmica relativa às história política, rediscutindo, entre outras, a
práticas e valores vividos no cotidiano. Neste questão da periodizaçáo, da ação política na
sentido, procura avaliar os discursos de história, bem como da construção e desconstrução
memorialisas e funcionários reais e suas relaçôes de imaginários políticos.
100 XVII Simpósio Naciollal de História

Marcos Alvito Pereira de Souza (UFF) Aspectos como espaço específico da construção da
trágicos lia obra de Tucídides. Ícone da sociabilidade entre negros e mulatos. Emerge daí
historiografia positivista, apenas recentcmente uma dinâmica de conJlitos, mudanças e
Tucídides sofreu uma reavalização critica, a qual acomodações, reveladora de alguns traços do
desmistificou a pretensa "neutralidade" da sua obra. comportamento, atitudes e visões de mundo desses
Reaberta a interpretações, a História da (,uerra do grupos sociais durante o período colonial.
Peloponeso, presta-se a discussões relevantes
acerca daquilo que Peter Gay qualificou de "estilo". Marcos Olender (lJ F./ F) A Col1e (' a Primeira
Afinal, por detrás do pretenso distanciamento e da Exposição Naciollalllo Império do Brasil, em 1861:
severa frieza com que Tucídides habilidosamcnte exercício utópico de lima Ilação em cOl/stnlçâo. Foi
veste a sua narrativa, oculta-se um narrador que em um Rio de ./aneiro tensionado pela
domina como ninguém as emoções dos leitores. coexistência, de um lado, de equipamentos dignos
Em pleno apogeu da tragédia, Tucídides não perde de uma metrópole do seu tempo, de atraentes
de vista este referencial, por demais presente na vitrines e de costumes europeus e, de outro lado,
visão de mundo dos atenienses do século V. de heranças coloniais que se deu a inauguração da
Explora-o, sobretudo, fazendo da polis um herói primeira mostra nacional: A Exposiçôo Nacional
trágico, pleno de ambiguidade, carregado de hybris. de Produtos Naturais e Industriais de 1861. Aberta
A derrota frente aos lacedemônios e fruto do ao público no dia 2 de dezembro, dia do
próprio etho~ ateniense, impetuoso e arrogante. aniversário natalício de D. Pedro 11; saudada, entre
Assiste-se à sua "barbarização". Ao mostrar os outros, por um jovem Machado de Assis como
atenienses cada vez mais semelhantes aos persas, "uma verdadeira força de progresso e de
Tucídides inverte a mensagem de Heródoto, e civilização"; abençoada pelo anjo do progresso
aponta para o fim do sonho helênico. pintado na fachada principal, a Exposição Nacional
de 1861 foi considerada um sucesso pelos seus
Marcos Francisco Napolitano de Eugênio (USP) () organizadores. Comparada, por estes
Protesto em Massa colllra o Regime Militar IW organizadores. com as primeiras exposlçoes
Grallde São Paulo (1977-1984). A partir de 1977, é nacionais de outros países, sobretudo com a
notória a reocupação e a repolitização do espaço francesa, esta primeira mostra nacional serviu para
público no Brasil. A sociedade civil volta a ressaltar o otimismo da elite dirigente de um país
protestar publicamente contra o regime militar que embora assumisse, conscientemente seu lugar
instaurado em 1964, pela primeira vez desde a no passado na linha evolutiva da civilização e do
promulgação do AI5, em 1968. O primeiro progressso, apostava em um lugar destacado para
segmento a protestar foram os estudantes, atravé~ este no "livro do futuro".
de vanas jornadas de protestos duramente
repreimidas pelo governo. Ao longo dos anos, até Marcos Olender (UF./F) As Utopias do Progresso
1984, o protesto público contra o regime foi se lia Segllllda Metade do Séclllo XIX: () Império do
ampliando, envolvendo outros segmentos Brasil e as Exposições Ulliversais e Illternaciol/ais.
populares, culminando com a participação massiva Durante o século XIX a noção de civilização se
do Movimento Diretas-Já. Em todos estes aproxima, cada vez mais, da noção de progresso.
protestos o mote era a redemocratização do Progredir e civilizar-se aparecem, inclusive e
Estado e da Sociedade. O que gostaríamos de frequentemente, como sinônimos, sendo o nível de
ressaltar, através de nossa pesquisa, além do "te los" progresso e (ou) civilização de um povo medido
histórico que sugere um sentido para o período, é a em uma única linha evolutiva de caráter temporal.
emergência de uma nova cultura política no Brasil. As exposições universais e internacionais do século
onde a democracia e a cidadania são os eixos passado foram convites às naçôes para que elas se
básicos, compartilhada por diversos atores sociais. colocassem explicitamente e espacialmente nesta
linha evolutiva de caráter temporal, medidora do
Marcos Magalhães de Aguiar (USP) A seu grau de civilização e (ou) de progresso. Nesta
Sociabilidade COllfrarial elltre Negros e Mulatos em linha, o presente, é claro, pertencia a Europa. O
Vila Rica 110 Século XVIIl. O objetivo desta Império do Brasil aceitou, a partir de lS62 - e não
comunicação consiste em fornecer subsídios para a aceitou antes por falta de condiçôes concretas e
discussão do papel das irmandades de negros e não por falta de vontade - este convite, e se
mulatos na sociedade colonial mineira. Através da localizou, conscientemente, em seu lugar no
análise da estrutura administrativa, da composição passado naquela linha evolutiva. Porém, já desde
social e sua evolução, das relações com autoridades aquela primeira vez, ele se preocupou em anunciar
eclesiásticas e régias, da vida religiosa e outras a todas as naçôes possíveis, seu sonho de grandeza:
questões afins procura-se abordar a vida associativa
Prof!,Tama e Resumos 101

grandeza esta localizada, imaginava, em um de especificar o legal e o ilegal no mundo do


horizonte virtual do futuro. trabalho se confronta com a fluidez entre trabalho
e crime até o momento em que se delimita uma
Marcos Tramontini (UNISINOS) O SOl/ho do delinquência totalmente distinta dos trabalhadores,
ImigraI/te. Analisando as canções, cartas, diários e assumindo importância a edição de códigos que
outros relatos dos imigrantes alemães para o Rio descrevem as ilegalidades populares e impõem as
Grande do Sul na primeira metade do século XIX, punições da maneira mais precisa possível. No
buscamos compreender as motivações e as Brasil, a partir da Abolição, a punição à vadiagem
projeções dos mesmos. Acreditamos que estas emerge como um problema de combater a
imagens, projeções utópicas da nova terra foram ociosidade de largas parcelas da população,
fundamentais na própria reorganização desse lançadas no mesmo público heterogêneo - ex-
grupo, tanto como parâmetro do que buscavam, do escravos, brancos livres e pobres da cidade e do
que tentaram construir, dos seus ideais, como para campo, os imigrantes - tornando mais complexos a
compreender suas frustações. E, se por um lado, utilização de mecanismos de dominação e
estas imagens utópicas devem ser entendidas a manutençao da ordem. Tratava-se de demarcar
partir de uma realidade de transformações vividas quem era vadio e, portanto, delinqüente e quem
pela Europa, dela também participam as era trabalhador, distinguindo o proletariado da
campanhas publicitárias das companhias de marginalidade sujeita à perseguição e à punição
imigração, relatos e cartas. Muitas vezes, mais que pelo aparato legal e judiciário.
padrões culturais específicos que tentam
transplantar para a nova pátria, estas projeções Maria Ângela de Faria Grillo (UFPE) Ave
falam de carências vividas na terra de origem, para Libertas: mulheres aboliciol/istas de Pernambuco. É
as quais projetam solução neste mundo na década de 1880 que o movimento social em
desconhecido. Por último, a análise busca salientar favor do fim da escravidão, desenvolvido pelas
que o grupo ImIgrante é extremamente camadas médias, entrará em lutas constantes com a
heterogênio, portanto, não existe uma única classe dominante e o Governo, discordando da
imagem do novo país. Assim, conforme o grupo forma lenta e gradual como o fim da escravidão
social, político ou econômico a que pertence o vem sendo encaminhado. Observa-se, então, um
imigrante a projeção sobre a terra desconhecida é crescimento do número de Associações
distinta. Emanicipacionistas, em Pernambuco, e o aumento
desse movimento, que toma um caráter
Marcus Alexandre Motta (UFRJ) Por OI/de Se fundamentalmente abolicionista. Em 1884 o Recife
Deve SOl/har: a colôl/ia e o reil/o em Al/tôl/io Vieira. já contava com cerca de trinta Sociedades
Para Antônio Vieira, a Colônia e o Reino Abolicionistas, que vão promover libertações
portuguesa ultrapassam a esfera dos projetos através de meios legais e ilegais. Dentre estas
pragmáticos. Antes, são o próprio lugar dos sonhos sociedades, duas tiveram maior destaque: Club do
cuja existência (material e imagética) é tributária Cupim e Sociedade Ave Libertas, ambas fundadas
da Missão, substrato ontológico do destino de neste mesmo ano. Esta última, composta somente
Portugal. Devem servir à materialização da por mulheres, tinha como objetivo promover a
Restauração do pensar religioso, imprimindo libertação dos escravos. Inicialmente, utilizou-se de
direção às atitudes do homem português de terras, meio lícitos e legais. Posteriormente, auxiliando
mares e futuro. Só assim, a agonia do projeto outra Sociedade - o Club do Cupim - contribuiu
missionário da Companhia de Jesus consegue dar com a fuga de inúmeros cativos. Cabe ressaltar,
vida nova à imanência da fé. Como lugarcs de que esta Sociedade mantinha profundas relações
sonho, a Colônia e o Reino conduzem Portugal à com Joaquim Nabuco que, quando no Recife,
memória do Sagrado cristão. escolhia sua sede para proferir palestras.

Margareth da Silva (UFRJ). PUl/ição li Vadiagem. Maria Ângela Sitônio Wanderley (UFPB) Paraíba
A legislação punitiva imposta aos vadios se revela 1990: Rearral/jo 011 reestn/tllaçõo das forças
como um problema de longa duração; desde que o políticas'! Esta comunicação é parte de um projeto
trabalho e a vida ativa se constituíram como um que integra-se a uma atividade sistematicamente
dos principais valores do Ocidente, a ociosidade realizada pelo Núcleo de Documentação e
passou a ser um alvo privilegiado das instituições Informação Histórica Regional (NDlHR) desde
judiciárias e dos textos legais no sentido de coibir [982: o acompanhamento das eleições na Paraíba.
esta prática, procurando demarcar as esferas do O estudo pretende, tomando por base as eleições
lícito e o ilícito quanto ao trabalho. Esta obsessão de 1990 e através de ~lIülise quantitativa e
J02 XVII Simpósio Naciol/al de História

qualitativa, apreender a dinâmica do poder político Maria Apareçida de Aquino (USP) DisCI/I:\'O
local, bem como a visão dos políticos e do ll/detenllil/ado: as re!açôe.\' cOl/traditórias el/tre a
eleitorado, tanto do processo eleitoral, quanto das imprel/sa escrita e () Estado Alltoritário brasileiro
relações de poder local. Este texto é o resultado pós-64. Os projetos presentes no discurso da
preliminar da pesquisa e pretende responder imprensa, jornalistas processados
algumas questões ligadas às relações de poder local institucionalmente, a construçiio das
expressas no processo eleitoral; ao peso e ao representaçôes de homens e mulheres que
significado da participação popular no prO<.:esso vivenciaram experi12nçias com a repre~siio do
político e ao papel das elites políticas tradiçionais Estado Autoritário brasileiro pós-04. Estes
no pleito. elementos ajudam a çompor um quadro do
çomportamento da imprensa escrita e suas
Maria Angélica Campos Resende e Walkiria Costa contraditórias/ conflituosas relaçôes com os
Fucilli Chassot (CAPH/USP). A CúJI/cia na governos militares nos anos de 1904 a 197(). O
FaCilidade de Filosofia, Ciêl/cias e Letras. Já tem Estado Autoritário brasileiro instalado em 1904
sido estudada e divulgada a cooperação das ancora-se na busca de sua legitimação, em
missões francesas e italianas na criação da segmentos significativos da sociedade civil, dentre
Faculdade de Filosofia, Ciência~ e Letras, da eles, expressivos setores da im prensa escrita. A
Universidade de São Paulo, em 1c)~4. O relaçiio do Estado com estes setores niio se efetua,
desenvolvimento e desdobramento da Fawldade e entretanto, de forma linear que possa ser definida
sua divisão na Reforma de 1968, quando ela se pela fórmula simples situaçii%posição. A
transformou na Faculdade de Filosofia, Letras e ambiguidade, a indefinição, as osçilaçôes de
Ciências Humanas, separando-se dos Institutos de perçurso. caracterizam a construção deste
Físiea, Química, Biologia e Psicologia e çomportamento. Captar este quadro é um dos
apronfundou o esquecimento em que caiu a pleiade objetivos norteadorcs deste projeto.
de professores de Ciência~, arrancado~ de seus
laboratórios e Universidades pelo nazismo. Como Maria Aparecida Junqueira Veiga (,aeta (UNESP-
ocorreria quarenta anos depois, com a exportação Franca) As Utopias de 11m Catolicismo "Oficia/"
de cérebros provocada pela ditadura militar no Face à Religiosidade Poplllar. A partir da segunda
Brasil, a Universidade de São Paulo se beneficiou, metade do século XIX. um novo modelo eclesial
na década de trinta, com cientistas de primeira começava a ser implantado no Brasil: o ultra-
grandeza vindos da Alemanha que, ultrapassando a montanismo. Com raízes çonservadoras e
barreira da língua (muitos estudaram português na autoritárias, nasçido sob o impacto de revoluçôes
viagem) estabeleceram os fundamentos de uma liberais européias, esse catoliçismo estruturava-se
ciência brasileira. O Projeto Memória, ao organizar numa reafirmaçiio doutrinária e teológiça
os inventários dos professores da Faculdade de tridentina, ancorada no pensamento aristotélico-
Filosofia, recupera a institucionalização da Ciência, tomista. O ultramontanismo foi engendrado com a
e o florescimento da pesquisa e do ensino em níveis mesma concepção medieval unitária do Universo e
ainda não alcançados. Será apresentada aqui a nessa cosmovisão imaginava-se com o único agente
trajetória do Pro f. Hans Stamreich, de físico- da ordem, da verdade e da salvaçiio. Esta utopia
química, cujo inventário pode ser consultado no universalista e teocrática liquidava com a dualidade
Centro de Apoio à Pesquisa em História, Depto. com dissidência e com a alteridade, até mesmo,
de História, Faculdade de Filosofia. dentro das fileiras do próprio catolicismo. O
"outro", não ultramontano, era combatido em
Maria Angélica Solcr (PUC-SP) Ação e nome da integridade de um corpo místico perfeito.
Recol/stmção: Mlllheres 1/0 Paragllai de 189()-1920. Nesta comuniçação refletiremos sobre o confronto
A participação feminina na reconstrução do destas utopias com as práticas de religiosidade
Paraguai depois da Guerra da Tríplice aliança foi popular tradicionais brasileiras vigentes desde o
elemento substantivo, contudo pouco âmbito período colonial. Um catolicismo leigo, devocional
intelectual e educacional temos como destaque a e eivado de exterioridades roi diuturnamente
figura de Serafina Davalos, que juntamente çom expurgado em nome de uma centralização na
outras mulheres intelectuais, artistas e mestra~ ortodoxia romana.
propuseram uma reorganização do ensino feminino
no Paraguai. Esta çomunicação se propôe a Maria Aparecida Junqucira Veiga Gacta (UNESP-
recuperar o papel e a ação desse grupo de Franca) A Memória do Sagrado: mi/o.l' c lItopias lia
mulheres e as resistências por elas enfrentadas. Icmbrallça de velhos. Relletindo sobre os
significados simbólicos que as festas religiosas
engendraram na memória de velhos moradores da
pl'(}Rrall/(/ e ResulI/os 103

cidade de Franca, foi possível captar um imaginário a percepção visual dessas transformaçôes
ligado ao passado mediado por mitos e utopias. ocorridas, através de fotografias da época, e de
Estas festas são exaltadas, embekzadas. documentaçüo oral. pois Cuiabá passa a dar lugar a
idealizadas e Ouem carregadas de nostalgia de um um estilo muito peculiar de construção, ocupando
tempo visto c pensadp como m;ígico. Repontam a os espaço~ no panorama 'iingular da capital de
um tempo c um lugar onde a felicidade cxistia l: a~ Mato (,rosso, dando-lhe aspectp de cidade
contradiçôes se mostram opacas. As imagcm de progrcssisla. A derrubada dos casariíes, o
um "mundo perfeito" onde "cmpregados c patriícs crescimento desordenado, a cidade enquanto
unidos pela fé" rcuniam-sc para trabalharem nas produto de construtores, entre outros, são de suma
bandciras de Reis; de um tl:mpo onde a importüncia para rellcxüo e estudo dos
fraternidade. a hierarquia e a harmonia do acontecimcntos que agitaram \l período.
catolicismo eram forças capazes de assegurarcm
uma sociedade pautada pela rcspcito c pela Maria Cecilia Cortez Christiano de Souza (USP)
responsabilidade, povoam as IemhralH;as dos Lei/lira e Utopia ell/ jO(/(luill/ Nahllco. Muito mais
velhos. As utopias de um passado de abulldúncia. que se prestar ao rastreamento de autores e livros
de tranquilidade e de amor empanam vivências que deram sustentação a cnnvicçôes ideológicas, o
pobres. carregadas de dominação c dc pn:conCl:itos exame da questün da leitura na biografia de
sociais. Joaquim Nahuco possibilita observar. de forma
exemplar, (l impacto dc uma detcrminada prática
Maria Aparecida Rezende Mota (UFRJ) U/opi(/ e dc leitura na formação de um intelectual brasileiro
Pes(/delo: /l(/ÇÜO e ci\'Ílizaç'üo em .'·ji/l·io Romel'(}. do final do ~~culo XIX. Acompanhar. nos seus
Silvio Romero integrou a chamada "( in;u;;io de 7()" livros. na auto-biografia e cartas, sua trajetória
do século XIX e, tal como muitos intelectuais da como kitor, começando pela dispersüo das leituras
época, ocupou-se em definir fi "verdadeiro Brasil" e de juvcntude, continuando pelas oposiçôes e
cm propor soluçôes para scus problemas. Sua obra relaçôes que estabelccc entre viagens e leituras,
expressa dos connitos e dilemas enfrentados pelas autores e leitores. rcfcrências nacionais c
elites letras numa conjuntura marcada por européias, permite compreender n papel que a
transformaçôes sóeio políticas e por um ideário leitura desempenhnu como instrumento
orientado pela noção de progresso. Com um privilegiado. mas contraditÍlrio. de sua procura da
discurso fincado por contradiçôes c ambigüidades. identidade nacional. Por outro lado, ao se tentar
Silvio Romero tentava adequar conccitos conl(l desvendar a razão da leitura se apresenta para ele
nação e civilização, plasmados nos csq ucmas do como prátic;l conllitiva com a realidade social e
pensamento europeu, a uma realidade social vivida cultural do país. entende-se a importüncia dada por
e percebida por ele como o lugar mcsmo da Nabuw ao livro e ;l difusüo da leitura nas
ausêneia dessas idéias práticas. O exame de tais transformaç(les educacionais que propôe, nüo só
conceitos, hcm como de suas matrizes teorias como forma de conferir cidadania aos libertos e
revela a permanente tensão do texto romeriana: à brancos pobres, mas de mudar principalmente a
utopia civilizatória representada pela Europa mentalidade das oligarquias nacionais.
anglo-saxôniea, contrapunha-se () pesadelo o
"estado horroroso" do Brasil, cuja transformação Maria Cecilia Martinez (USP) () Moderno e o
demandava uma militância constante, marca Arcáico: submissüo t: resi.l'/ê/lcia /lO Vale do Riheira
daquela geração de intelectuais que buscou em (1968-1988). O Vale do Ribeira de Iguape é uma
seus projetos, não raros equivocados, aproximar o região marcada pela Illultiplicidade dos tempos
Brasil da modernidade ocidental. históricos. Nesta região convivelll úreas produtivas
que se utiliz;lI11 da mais moderna tecnologia, com
Maria Auxiliadora de Freitas (UFMT) Re.lga/e áreas onde ainda se pode observar o uso de
Urba/lís/ico e Arqlli/e/ô/lico de ClIiabá /lO período técnicas arcáicas. A intensificaçüo da penetraçüo
do Es/(/do Novo (N37- 1(45). Considerando esse, do grande capital no Vale data dos anos 70,
um importante período histórico nacional. em que, incentivada pelo governo como forma de ocupar a
no país, muitas mudanças foram engendradas. em área para impedir o surgimento de novo~ focos
Cuiahá as' mudanças naCionais. tamhém guerrilheiros, como o criado por Carlos Lamarca.
oportunizaram mudanças locais. O modelo liderança da Vanguarda Popular Revolucionária.
arquitetônico foi muito inOuenciado, com Esta forma de ocupação esteve baseada na
profundas alteraçôes no casario, no traçado das Doutrina da Segurança Nacional c
ruas, nas praças e na implantação de pontes. É Desenvolvimento, que afirmava estar garantida a
muito importante. o registro dessas modificaçôcs, e segurança no país somente com I) desenvolvimento,
/04 XVII Simpósio Naciol/al de História

identificado com a ampliação de investimcntos questóes gerais relacionadas aos debates


movidos pelo grande capital. Nos anos que se contemporâneos no campo da história cultural.
seguiram ao fim da Ditadura Militar, percebe-se
que o Vale continou sob o controle das Maria Cristina Cardoso Pereira (UNICAMP)
agroindústrias ali estabelecidas, apesar do discurso Gramsci e a Revolução Russa (al/álise da produçiio
governamental defender a solução dos problemas até 1918). A exposiçüo deverá concentrar-se
sociais. A manutenção de um modo-de-vida ligado privilegiadamente na produçüo (iramsciana dos
à tradição camponesa, identificada a uma íntima anos próximos à fundaçüo do Estado Operário
relação homem/natureza, onde o tempo dc Soviético (até 1915). Ser,io abordados 4 pontos
produção não é o mesmo da reprodução do grande centrais: 1 - A Revoluçüo Russa vista a partir de
capital, pode ser entendida como uma forma de uma teoria do estado em (iramsci. 2 - A
resistência à penetração do grande capital que originalidade da Revoluçüo Russa na criação de
expropria as antigas comunidades ali residentes. uma vontade coletiva do povo russo. 3 - A
democracia soviética analisada do ponto de vista do
Maria Celma Borges (Univ. Estadual de Maringá) "governo do consenso" ou o que seria para
Acesso ao BOI/co de Dados: O arquil'o particular de Gramsci, a Real Democracia Socialista. 4 - O
0(//01/ Mader (política paral/el/se 110.1' aI/os 50 e 60). conceito de utopia em (iramsci e a revoluçüo.
O objetivo desta pesquisa consiste em interpretar
os documentos, entrar em contato com o fichário e Maria da (ilória Dias Medeiros (UNICAP) O
desenvolver o que se denomina revisão, que se Proccsso Político cm PCl7/ambuco 1/(/ Primcira
fundamenta não em um simples manuseio de Mctadc do Século Xx. A Proclamação da
documentos, mas a análise, reflexão e República exigiu da sociedade pernambucana uma
interpretação histórica, proporcionando condiçóes transformaçüo no processo político-econômico-
para se delimitar um objeto de estudo para social e uma reestruturação de forças políticas,
pesquisas posteriores. No decorrer e antes formada por conservadores e liberais,
desenvolvimento da pesquisa percebemos que percebe-se um certo despreparo político e social
analisar os documentos historicamente que atingia, praticamente, a todos os grupos
compreende apreendê-los tendo em vista o políticos inclusive os repuhlicanos que, naquele
entendimento de seu todo, no qual as relaçóes momento, nüo conseguiram assumir o poder. A
sociais, políticas, econômicas, culturais, etc., não necessidade de uma reorganizaçüo política acirrou
podem ser analisadas enquanto fragmentos, e sim a luta entre os antigos conservadores, liberais,
como complementares para a compreensão da lucenistas e repuhlicanos. Essa luta favoreceu a
realidade na qual estão inseridas. Os documentos facção liderada por Rosa e Silva em detrimento do
históricos estão sendo processados mediante PRP (Partido Republicano de Pernambuco) que
análises e compreensão de todo o conteúdo. No não conseguiu apoio suliciente, pois faltava-lhe
decorrer do desenvolvimento da pesquisa, novos identidade com as lideranças locais e regionais.
aprendizados foram surgindo provenientes da Nesse momento, é possível perceber que o poderio
necessidade de suprir as dificuldades encontradas rosista foi permitido pela própria oposlçao
quanto a preocupação em apreender de forma pernambucana que não consegue se estruturar
precisa o conteúdo dos documentos. O trahalho de eficientemente para enfrentá-lo, faltava-lhe
iniciação científica desenvolvido pela pesquisa, ao unidade político-partidária e coesüo interna capaz
proporcionar o processamento das fontes, vem de impedir o avanço das forças situacionistas no
contribuir efetivamente para uma reflexão sentido de controlar o Estado em todas as esferas
direcionada à interpretação histórica. É importante do poder.
ressaltar que os documentos estudados não
simbolizam meros materiais inertes, ou Maria da Glória Porto Kok (USP) Horizol/tes da
representações, posições e ações de homens que Tc"a scm Mal. A presente comunicaçüo tem como
viveram e fizeram a História. objetivo tratar de um tema em torno do qual
gravitava a religiüo Tupi-Guarani: a busca
Maria Clementina Pereira Cunha (UNICAMP) incessante de um paraíso na terra, a Terra sem
BotaI/ias sem cOI/!ete: em tomo de velhos camavais. Mal. Todas as atençóes dos vivos convergiam para
Como parte de uma pesquisa em andamento sohre este lugar. onde residiam os antepassados. Havia
o carnaval carioca no período lS70-1920, pretende- duas vias pelas quais os Tupi-Guarani supunham
se tomar aspectos específicos da festa nas últimas poder ingressar na terra sagrada: através da
déeadas do século XIX para discutir algumas das experiência da morte e pela negação completa da
vida social. O primeiro caso remetia ao
Programa c Rcsumos /05

coroamento dos guerreiros valorosos no post- será discutir algumas questões, já coloeadas pela
mortem, enquanto o segundo, ao deslocanH.:nto de produção literária e historiográfica, sobre as
aldeias inteiras conduzidas por profetas. A chegada principais preocupaçf1es da Tropicália, como por
dos agentes colonizadores, em \:'í4CJ, inscriu as cxemplo, a necessidade de revolucionar o corpo, o
migrações tupis num outw contexto, jú quc comportamcnto e () discurso tcúrico.
pa;.saram a scr gcradas com o intuito de escapar ao
domíni(l dos brancos, dc modo a garantir a Maria dc Fútima ('omes Costa (U FMS) Viajal/tcs
sobrevivência da cultura indígcna. do Século XIX c (/ FUl/d(l(;âo da Paisagcm Mato-
Grosscl/se (1822-/889). Durante o século XIX as
Maria da Guia Santos Ciareis (UFPB). /I!(JI'imcl/tos tcrras brasileiras foram visitadas por diversas
Comul/itários c Partidos Políticos: a c.\]Jcriêl/cia das cxpcdições nacionais e principalmente estrangeiras
SABs dc Campil/a Gral/dc. Em Campina Grande, a que, com objetivos distintos (científicos,
relação entre os movimentos comunitários e os explorados, aventureiro etc) mapearam o espaço
partidos políticos, sobretudo os partidos nacional, ao tempo de decodificarem a natureza e
considerado~ de esquerda, existem desdc os cnsinaram a sua Icit ura, tanto pcla iconografia
primórdios das primeiras organizaçõcs dc como pelos seus rclatos. Como observou Flora
moradores na década de lCJúO. Os partidos políticos Süssckind (I')c)() "as pranchas do pintor viajante
aparecem na história das SABs em Campina nüo só figurou um Brasil como ensinou a figurá-lo,
Grande como um dos principais inccntivadorcs c a descrevê-lo". Assim (l cspaço nacional roi scndo
articuladores da organização dos moradores dos classificado, ordcnado, organizado em mapas e
bairros de periferia. Esses partidos sc articulavam coleçôe~ que "fundavam'· a nossa paisagem. Fundar
com as SABs com o intcresse de inccntivar os paisagcm equivalc a domesticar, a colonizar, criar o
morados de cnarem uma organização com código que possa traduzir aquela natureza
capacidade de reivindiear junto aos Podercs intcgrando-a ao mundo civilizado, vulgarizando-a,
Públicos melhorias de vida. No início da década de ao tempo quc a instrue e mapea. O relato de
1%0 o PCB predominava como principal força viagem passa ser o instrumento que estimula a
junto aos movimentos populares no Brasil. Em colonização. Numa anúlisc rápida dos relatos
Campina C'randc e1c dividia cssc podcr dc pncebc-sc que além da pedagogia do olhar e do
articulação cntrc as camadas popularcs com a projeto colonizador há uma difnenciação ao tratar
Escola de Serviço Social e a Igreja Catúlica. A o homcm e natureza. Esta sempre pródiga, farta,
prescnça de instituições oficiais nos movimcntos a fértil c cxuberante ü espera do e1cmento civilizador
comentários se deu sobretudo, com o intuito dc sc que possa "cultivá-Ia", transformá-Ia. Em
criar um contra-ponto ao PCB num momcnto ondc contraponto o homcm local é rude, incivilizado e
as classes subalternas começavam a se radicalizar, preguiçoso quc precisa do elemento branco-
especialmente no cam po com as Ligas europeu para "domesticá-lo" e/ou substitUÍ-lo.
Camponesas, e além do mais era preciso não só Outro ponto comum nas divcrsas narrativas de
deter os movimentos dos trahalhadores rurais, mas viajantes sobrc Mato ('rosso é a necessidade de
também evitar que os "podres das cidades" fundação de paisagem ao tempo quc ncga esta
recorressem aos mesmo métodos e radicaiizasscm fundação.
sua luta.
Maria de Fátima Quitéria Soarcs Narciso Fcrrcira
Maria de Fátima Cunha (UNESP-Assis) "Eros c (I (UNESP) Imagcl/s tia Emigraçiio /w Litcratura
Esqucrda" a lil/guagcm da tropiuília. Portugucsa. Ao longo dos anos, principalmente
Principalmente após a experiência revolucionária naquelcs quc acompanharam a última virada do
do CPC na década dc úO, c a conseqüente século, as aldeias portuguesas viram-se assoladas
descrença num possível projeto de transfOrmaç,io por um fenômeno que mesclava tragédia e
da realidade brasileira, o debate cultural esperança: a emigração. A tragédia consistiu nos
direcionou-se para um outro tipo de proposta, fatores quc Icvaram seus habitantes a abandonar a
expresso principalmente no movimento tropicalista. terra onde cstavam fincadas as suas raízes - fome,
() movimento tropiealista colocará em discussão miséria, desamparo. A esperança residia no oposto,
um novo tipo de linguagem que recusará tanto o () descjo dc conquistando uma nova terra,
discurso populista, quanto o discurso da esquerda reconquistar sua humanidade. Os homens
tradicional, colocando em questão uma crise de tornaram-se gado: o gado humano que deixou
valores que Ira desdobrar-se estimulando () perplcxos políticos, escritores e historiadores,
surgimento posterior de novas formas mais radicais cmbarcando cm navIOs prccários cm busca do
de atuação cultural. A intenção desta comunicação sonho. Por scr um sonho, talvez, passou
106 XVII Simpósio Nacional de História

despercebido aos olhos dos historiadores, muitas Homem para um ciclo coletivista. mas usufruindo
vezes desacostumados a sonhar. Por ser um sonho, da revoluçüo teCl1olúgica. A fascinanll' construçüo
talvez, cravou-se fundo no pensamento dos homem desse mundo e como, através dele, Oswald critica a
sensíveis de sua época, tornando-se um tema História, ~ o que se pretende discutir na
fundamental para a literatura portuguesa. com unicaçüo livre.

Maria de Fátima Salum Moreira (UNESP) Cultura Maria de Lourdes Monaco Janolli (USP) e Zita de
e Identidade Ferroviária. A experiência vivida por Paula Rosa (PUC-SP). História Oral: Uma Utopia '!
ferroviários, no período pós 30, é discutido a partir O trabalho de História Oral se prop'-les como uma
do estudo dos seus fazeres e signilicaçôes que lhes alternativa üs interpretaçôes estruturalistas e como
eram atribuídas em relação às várias dimensões um contraponto ao discurso homogeneizador, que
que envolviam suas vidas. Busea-se apreender a nün reconhece a pluralidade das diferentes vcrsôes
identidade social da categoria através do estudo das sobre os acontecimentos. No entanto, cabem
práticas, valores e expectativas que expressam em perfeitamente interprdal/H:s generalizantes aos
suas manifestações, na conjuntura em que as depoimentos pessoais encontradas nas três
classes dominantes projetalll para (l Brasil uma principais vertentes conceit uais que os utilizam:
sociedade moderna e sem conflitos, baseada em culturalista, sociologizante e a da psicologia social.
princípios técnicos e racionais. Dotadas de força narrativa, apresentando aspectos
da realidade nün "uspeitados pelo investigador, as
Maria de Fátima Silva Gouvêa (UFF) Mito e história~ L: rdatos de vida nüo são para muitos
realidade no contexto dos movimento.l· anticoloniais fontes doculllL:ntais, mas a Histúria em si: uma
1/0 Pent setecel/tista. A com unicação discutirá a história-combate. a voz dos venL:idos. Convém,
diversidade cultural que envolve o mito inkarri com portanto, questionar esse L:aráter utOplCO e
relação a dois dos principais movimentos messiânico que a História Oral vem assumindo.
anticoloniais no Peru setecentista. As rebeliões
lideradas por Tupac Amaru e por Tupac Katari. Maria do Carmo Teixeira Rainho (Arquivo
revelaram diferentes formas de interpretaçüo e de Nacional) A Cidade e a Moda: 1I(}1'a.\' pretellsôes,
materialização do mito acerca do retorno do "inea novas distinçiJes. A partir da "L:gunda metade do
rei". Esse processo de permanência e de século XIX, o Rio de Janeiro tornou-se o cenário
transformação cultural, marcado pelo confronto de por excelência da difusão da moda. Uma "érie de
culturas diversas, foi, em grande medida, a razão transformaçôes em seu espaço urbano, a circulaçüo
mais fundamental a concorrer para a especilicidade de pessoas em focais como teatros, lojas e
peruana, no que se refere a magnitude desses restaurantes e a intensilicaçüo da vida social com a
movimentos no contexto mais amplo da crise do proliferação de festas e bailes na Corte, fazem com
sistema colonial na América espanhola, no período que a cidade comeCL: a perder seus ares coloniais.
linal do século XVHI. Se por um lado o mito Os trajes da moda passam a ser indispensáveis,
fornecia um elemento catalisador das insatisfações pois ao contrário das roupas simples do dia-a-dia,
populares naquele momento, por outro, as estes trajes ajudavam a compor o perlil daqueles
diferenças nas formas de interpretaçüo do mito que desL:javam ser recohecidos como civilizados,
revelaram também as fraquezas da reheli,io ou, por outras palavras, dclinidos como membros
popular naquela conjuntura. O permanência mito da chamada "boa sociedade". Assim, a moda
fornecia, assim força e debilidade as revoltas juntamente com o requinte nas maneiras e a
anticoloniais peruanas. corrL:ção nos modos, entre Olltros aspectos, torna-
se insígnia de classe e marca de distinção social,
Maria de Lourdes Eleutério (USP) () Matriarcado caracterizando-se como elemento de uma
de Pil/dorama, /li/UI utopia ()slValdial/a. Segundo o sociabilidade moderna. () objetivo desta
escritor Oswald de Andrade, "A geografia da comunicaçüo é discutir o sentido que a moda
Utopias situa-se na América". Ele compõe um possuía para a "boa sociedade" do Rio de Janeiro
amplo e polêmico painel sobre a utopia em "A na segunda metade do século XIX, a partir de uma
marcha das utopias". Inquiridor de tudo, (l Autor, série de discursos que foram produzidos tentando
além de analisar utopias e utópicos: Platüo Morus, apreendê-Ia.
elc ... , de maneira peculiar, compõe a sua
concepção de utopia, a tcr "lugar" no Matriarcado Maria Elisabete Marcico da Costa c Ana Paula
de Pindorama, onde o Homem reenconlraria o Alvin (UnB) Telldêl/óa.\· utópicas //(/s pes{/ui.Hls do
prazer que perdera com o advento do poder DeplO. de História da UIIB. Análise do
patriarcal. Oswald de Andrade Pindorama, leva o levantamento dos temas de pesqllIsa em
Programa e Resumos ]()7

andamento no Departamento de História da Unh. artesão. podemos considerar que os marmoristas


aferindo as tendência~ utópicas. especialmente em se encontravam nunw poslçao privilegiada.
História Regional. O conceito, pode ser observado Tratava-sc do período áureo de ~lIa profissão, pois
nos trahalho~ dos professore~ em "ndamentp na~ prestavam .~erviç()s aos lI1umeros cemitérios
categorias de História Social, Política Externa secularizados c às cOl1struçôl:s ecléticas que foram
Brasileira, Política Interna, História da surgindo, como fruto do apogeu cconômico
Mentalidades, c Cultura Brasileira. Na~ demais advindo da monocultura cafeeira. Podemos definir
categorias: idéias, Arte, Imaginário, e Educação uma marmoraria, conformc o organograma, como
não foi constatada nenhuma tendência utópica. No uma firma industrial. comcreial e de importaçüo.
que se refere aos mestrandos, as pesquisas em Cahe aqui frisar a impnrUincia e () funcionamento
desenvolvimento se deixam c1assilicar el11 Política das olicinas de arquitetura, dc marmoraria e de
Interna e Política Externa, <;endo que apenas os cantaria, responsável pela construçüo do túmulo.
trabalhos da úrea de Política Interna apresentam Havia nessas firma~ uma organizaçã() hicrárquica,
tendências utópicas, aferindo-se deste quadro que fundada na divisún e integraçiio das atividades
tendências utópicas em trahalhos de História produtivas, que dava grande valor ús hahilidades
Regional são menos presentcs. técnieas d() artista-artcs;lo. Os projetistas, os
desbastadores. os scarpellinos, os lustradores, os
Maria Elisabeth Totini ver Flávia Pereira pedreiros, os fcrreiros ... cnfim, cram todos
responsáveis por uma produçüo industrial
Maria Elizaheth Lunardi (Secrctaria do vinculada ao fazer artístico. a serviço da hurgucsia
Plancjamento do Paraná) A Instituciona/iza(tlo da e dependentes da importaçã(l da matéria-prima - o
Ciência no Paraná: o caso do 18PT. Pesquisas mármore de Carrara.
recentes têm salientado a relevância do estudo das
instltulçoes técnicp-cienlÍlicas, enquanto /OCUS Maria Eurydicc de Barros Riheiro (UnB) Naçiio l'
privilegiado para p desenvolvimento das idéias e Cil'i/izaçiin 110 8rasii II/depel/dente. O Brasil
das atividades cientílicas c tecnológicas. independente além de garantir a liherdade rccém-
Diferentemente dos países avançados, onde este conquistada. tem diante de si um triplo desalio:
ti!lP de estudo tem merecid(l destaque na assegurar a administração do Estado. construir a
historiogralia das ciências. nos países sub- nação, civilizar () país. Até que ponto a construçâo
desenvolvidos. apesar de sua importância, csta~ da nação e () projeto de civilizaçiio ~e encontram?
investigações têm sido pouco exploradas. Com o Num país onde a cor da pele tcm peso social
intuito de eomeçar a preencher este "espaço oeo" importante, quem fa/. parte da Nação? A quem é
na historiogralia da ciência n(l Paraná, é que necessário civilizar'! Um projeto dc civilizaçüo
tomamos eomo ohjeto de análise o Institut() de baseado nos critérios europeus. nüo estaria
Biologia e Pesquisas Tecnológicas do Paraná buscando trazer também para o Brasil, a
(IBPT), atual Tecpar, fundado cm 1')40. Apesar de amenização de um dos pontos de frustação da
sua marcante atuação para a formação dc sociedade. isto é, (l fato de não sermos todos
pesquisadores e para a introdução de métodos de hrancos? O projeto de civilização não pertenceria a
pesquisa em várias áreas do conhecimento no um imaginário que procura compensar uma
estado, durante o período 1940-1960, a história do realidade que está distante dos padrões da
IBPT nãp ligura nos registros das instituições de civilização européia? No país real de mestiços,
pesquisa nacionais. Com isso, esperamos fornecer através de um projeto dc civilização não haveria a
subsídios para a compreensão mais ampla dos procura de um país ideal, composto somente de
processos de institucionalização da ciência np brancos? Uma Utopia?
Brasil. a partir da incorporação das experiências
regIOnaIs. Maria Fernanda Bicalho (UFF) () Rio de Janeiro
lima Cidade Sitiada: A Onipresença do Medo e as
Maria Elízia Borges (Secretaria da Cultura de Invasões Francesas. A leitura da crônicas, relatos
Ribeirão Preto e Instituto Moura Lacerda) de viagens, mel1l0nas. consultas. bandos e
Mam/Orarias e w1e Jilllerária 1/(/ região de Ribeirão correspondêneia referentes aos século XVII e
Preto (189()-193(). A com unicação se restringe a XVIII nos remete ao sentiment<l generalizado de
um aspecto que parece oportuno enfocar: a feitura insegurança e medo dos habitantes e autoridades
dos túmulos em marmorarias italianas instaladas do Rio de Janeiro diante da possihilidade sempre
no interior do Estado de São Paulo (Ribeirão presente de ameaças externas, sobretudo de
Preto), no período da Primeira República. Nessa invasôes francesas. Quase sempre fantasiosas, as
época, no transcorrer da polêmica sobre o papel do notíeias de um iminente ataque corsário bastava
]()R XVII Simpósio Nacional de História

para causar pertubação, inquictação (; motim. político dessas representaçôes qm: assoCIam
Nocivos ao poder metropolitano, os culpados por imagens da América Latina ao feminino.
tais boatos tornaram-se alvo das mesmas penas e
castigos impostos aos "tumultuários e sediciosos". Maria Ignês Carlos Magno (PUC-SP) Revista
Esta comunicação pretende discutir o imaginário e Clima: "A crítica /111m Tempo de Home/ls Parlidos".
as tensões dellagradas numa cidade que viveu o Desde que fundaram a Revista Clima. maio dc
sentimento de um constante estdo de sfLio. Se o~ 1941. no intuito de expor idéias e pensamentos, a
fantasmas sempre presentes de assaltos t: invasôes crítica foi o elemento aglutinadO! e formador dos
ameaçavam subverter a ordem, as medidas dos Chat-Boys. Crítica, que pensada a princípio como
governadores revelavam o imperativo da segurança instrumento de análise das linguagens artísticas,
frente ao perigo eterno e interno. A análise de acabou por se tornar a produção e a marca de um
documentação permite compreender como se grupo, que iniciou sua vida intelectual numa época
teciam as representaçôes sobre a cidade, o poder e traduzida por Carlos Drumond de Andrade como
as tensôes da sociedade colonial. As invasôes de sendo de partidos e de Homens Partidos - O
1710 e 1711 esfumaçam a tênue fronteira entre Estado Novo. Esta comunicação pretende mostrar
fantasia e realidade, aprofundando as contradiçôes como o "grupo de Clima" trouxe e discutiu através
do viver em colônia. da atividade crítica. por meio de linguagens
artísticas, algumas das muitas preocupaçôes que o
Maria Helena Rolim Capelato (USP) Imagens da momento histórico apresentava, hem e em que
América Latina associadas ao feminismo. A medida a contemplação estética aparece como
idealização da mulher na América Latina se faz. possibilidade de discutir e desvendar as
sobretudo, pelo encontro de duas correntes - a ambiguidades de um Estado que ao incorporar
positivista comteana e a catúlica. A mescla de questrles de ordem política. cultural, social,
amba~ produz a imagem da mulher redentora e estética. educacional num corpo sutíl de práticas c
resignada, modelo ideal que se coaduna com (J doutrinas, apresentava-se como "democrático" e
lema "ordem c progresso". A mulher (esposa e moderno, mas guardava em sua essência o
mãe) é depositária dos valores eternos e representa autoritarismo. O "grupo de Clima" era formado por
a estabilidade, a continuidade, a ordem. Mas é, Antonio Candido, Décio de Almeida Prado,
também, regeneradora, porque partilha da missão Lourival Gomes Machado. Paulo Emílio. entre
de conduzir a humanidade no caminho do oUlro!,.
Progresso e do Amor. Essa imagem se insere na
utopia progressista, muito disseminada na América Maria Inês Malta Castro (UFMS) Mato Grosso:
Latina, nas primeiras décadas deste século. Mas. Gigallte Adormecido. O estabelecimento de vias de
num outro registro, que enfatiza a América Latina comunicação com o Centro-Oeste foi encarado,
dominada e dependente, a identificação com o desde meados do século XIX, como condição sillc
feminino ganha outro sentido. A mulher, "ser q/la 110/1 para ocupação eletiva de suas terras c sua
inferior", não tem vida própria nem identidade; sua inserção no mcrcado nacional e internacional.
existência depende do homem. Por analogia Nesse contexto, a ferrovia era aclamada como o
cósmica, essa figura de mulher não busca, mas instrumento capaz de abrir uma nova era para a
atrai. É foco emissor passivo que tem como centro região, caracterizada pelo aproveitamenlo de suas
de atração seu sexo oculto; ao entregar-se à quem riquezas naturais, pela abundância, prosperidade e
atrai, passa a ser possuída. As metáforas trabalho. A elaboração da imagem da ferrovia
astronômicas e sexuais justificam a inferioridade e como símbolo do progresso foi fundamental para a
consequente dominação. Representação análoga se expansão capitalista do mundo todo, encobrindo
faz da América Latina dependente - astro sem luz um processo de violenta exploração da mão de
que gravita em torno do sol o centro obra, bem como a destruição sistemática de
desenvolvido. Dele depende a sua existência c populaçôes c culturas tradieionais. Este trabalho
identidade. As riquezas naturais do Continente. analisa a maneira como a construção da Estrada de
muitas delas ocultas no âmago da terra, atraem os Ferro Noroeste do Brasil (1 ()OS/14). considerada
países desenvolvidos que penetram na América como uma alta expressão de descnvolvimcnto
Latina ai estabelecendo uma situação de posse. técnico, progresso e civiliação, sujeilou milhares de
Também neste caso a "inferioridade" justifica a trabalhadores às mais degradantes condiçôes de
dominação, mas ai já se encontram os elementos trabalho e levou ao extermínio dos índios
para a construção de uma utopia de revolução camgangues.
redentora. Procurarei desvendar o significado
Programa e Resllmos 109

Maria Inez Machado Borges Pinto (USP) Maria Izilda Santos de Matos (PUC-SP) Em Bllsca
Cotidial/o e Cllltllra Popl/lar: Silo Palllo 1890, 192(). da Arvore das Patacas: O Cotidial/o e o Trabalho de
O objetivo deste trabalho é contribuir para o Homem e .MIIIh eres Imigral/te.l· Portl/glleses 1/0
debate atual das ciências sociais sohre os Brasil 189()-1930. O objetivo deste artigo é levantar
trahalhadores urbanos - sua história, suas formas algumas reflexôes sobre a saga de homens e
de vida, sua cultura, suas formas de luta, num mulheres imigrantes portugueses no Brasil.
momento crucial de abertura de novas dimensôes Particularizada nas cidades de S,io Paulo e Santos,
pela história sócio-cultural. Por trás do enterro dos no período entre 1~90 e 1930, a análise procurará
velhos esquemas interpretativos, quando, cnlim, se também recuperar a teia de relaçôes cotidianas
reconhece que os sujeitos históricos têm emoçôes, desses imigrantes e suas dimensôes de experiência
experiências, tradiçôcs c valores próprios que os no mundo do trabalho, recohrando a diversidade e
colocam numa relação consigo mesmo, a dinâmica das ocupaçôes que os absorviam. As
diferenciada e se projetando no tempo há uma recentes preocupaçôes da historiogralia com a
redescoherta do cultural como central ao descoberta de "outras histórias", vêm f4lvoreeendo
entendimento da dominação e da resistência - algo os estudos que contemplam as abordagens de
que não se esgota na ideologia, ou nas lógicas e gênero e étnicas, por outro lado esses trabalhos
necessidade5 da produção e do poder, embora as tem contribuido signilicativamente para a
suponham. renovação temática c metodológica, redelinindo c
ampliando noçôes tradicionais, permitindo o
Maria Inêz Machado Borges Pinto (USP) Revel/do questionamento das polarização e categorias
a Rclaçilo Memón"a e História. O estudo da abstratas e universais, além de abrirem as
memória coletiva é um dos modos fundamentais de possibilidades para o privilcgiamento da
abordar os problemas do tempo e da História, experiência do cotidiano. O estudo sobre a
relativamente aos quais a memória está ora em presença lusit4ln4l, em particular com uma
retraimento, ora em transhordamento. A memória abordagem dc gênero, se torna necessário,
é um elelmento essencial para a construção da portanto, para peflllltlr reavali<lr poslçoes
identidade individual ou coletiva. Do mesmo modo frequentemente 4lssumidas, além de enriquecer e
a preservação de um modelo de memória coletiva ampliar as questôes em torno do processo de
foi posta em jogo de forma importante na luta das constituição do mercado de trabalho paulista
forças sociais pelo poder. Tornar-se senhores da vinculado ao desenvolvimento da cafeicultura.
memória e do esquecimento é uma das grandes
preocupações das classes, dos grupos, dos Maria Izilda Santos Matos (PUC-SP) Estratégias
indivíduos que dominaram e dominam as De Sobrevivêl/cia - Um estl/do sobre o trabalho
sociedades históricas. Os esquecimentos e os il/formal I/a seglll/da metade do séC/llo XIX (18S()-
silêncios da História são reveladores desses 19(7). Objetiva reconstituir a singularidade do
mecanismos de manifestação da memória coletiva. processo de formação dos grupos assalari4ldos e de
trabalhadores em setores informais, bem como
Maria Irani Boldrini (PUC-SP). O Movimento recuperar a diversidade de ocupaçôes que
Pelllecostal em São Palllo. A proposta desse absorviam as classes trabalhadoras, no complexo
trabalho é a de que ele possa acrescentar uma processo de transiçüo da mão-de-obra escrava para
contribuição à análise de como está se processando a livre no Brasil. Pretende também especilicar as
a instalação e o desenvolvimento das religi()es atividades informais em função do sexo, da cor, da
pentecostais "recente" em São Paulo. Trata-se de idade e da nacionalidade dos agentes envolvidos,
descobrir na lil/gllagem dessas religiôes particularmente os concentrados nas cidades de
(contextualizada diariamente nos meios de São Paulo e Santos. Procura recuperar a
comunicação), a presença de determinados códigos ambigüidade de uma trajetória que,
que envolvem um signilicildo e uma ação sim ultaneamente englobou participação-exclusão
subseqüente. Esse repertório, elahorado a partir da na construção das relaçôes de trabalho num
distinção entre "pecado/salvação", tem por objetivo momento particular - a segunda metade do século
não só (l despertamento pessoal, como também XIX, caracterizado pelos confrontos em torno da
fazer do convertido um novo agel/te eval/gelizador. aceleração da desagregação da ordem escravista e
Para melhor compreender o conjunto das da formação do mercado de trabalho livre.
representações da "nova linguagem pentecostal, e
sua receptividade no espaço urbano, pretendemos Maria Izilda Santos de Matos (PUC-SP) Imagel/s
acompanhar mais de perto uma de suas Igrejas Perdidas /lO Rio de AIIIlIZO/las: CO/lf/llista e Gêl/ero.
representativas: a Igreja Universal do Reino de O presente trabalho pretende ser lima diligência na
Deus. tentativa de recuperar c reflctir sobre () universo
I lO XVII Simpósio Naciona! dc História

cultural na época da conquista, através de seus Maria Ligia Coelho Prado (USP) As II/l/Ihercs IWS
mecanismo de construção das identidades dc lutas pela /ntlependôlcia da América Latina: o
gênero. Trabalharei com o imaginário masculino fcmil/il/o c () I/aciol/al. Pretendo apresentar aqui os
expresso por alguns cronistas e seus relatos de resultados iniciais de uma pesquisa sobre a
expediçôes ao Amazonas, entre eles Frei (;aspar de participaçáo das mulheres nas lutas pela
Carvajal (1541-2) e Padre Acuila (J(í3S-9). A independência na América Latina. Este tema tem
importância que procurou-se dar ao Mito das sido pouco trahalhado pela historiografia, ainda
Amazonas localiza-se em se apresentar uma qtH; tenha havido uma efetiva participação das
sociedade habitada exclusivamente por mulheres, mulheres, particularmente na América de
através da idealização de uma organização colonização espanhola, pois lá a guerra se estendeu
identificada com a "desordem". Esses relatos por mais de 15 anos. Pretendo negar a idéia, em
expressam as representaçôes do masculino- geral aceita, de que as mulheres ficavam dentro de
feminino que condicionaram as relaçôes de gênero casa, alheias ao que se passava na esfera púhlica,
no Novo Mundo. Nesta ótica algumas questóes nos enquant!\ apenas os homens se interessavam pela
foram colocadas: a historicidade das relaçrles de política e guerreavam. No Brasil, () símbolo
gênero, a dinâmica na construção das imagens de feminino da independência é a baiana Maria
identidade masculina-feminina através de um Ouitéria, mas o significado de sua atuação foi
processo interno de influência mútua ahsorvido e se confunde com a versão oficial da
simultaneamente constituintes e constituidm, as independência. montada ainda no século XIX. A
permanências e modificaçóes por que passam, participação política de sua~ companheiras
como circulam numa sociedade cuja normatização hispano-amerieanas confere outra dimensão e seus
estava sendo encaminhada, como tecem os fios das atos l: fa/. pl:nsar o tema de maneira hastante
relaçóes de poder, como o imaginário relaciona-se diversa. A segunda parte de minha apresentação
com experiência social e podendo vir a relletir, pretende analisar a utilização da mulher como
expressar e/ou ocultar suas contradiçóes. símbolo da con~trução e unidade nacionais e a
figura feminina como (l elemento unilicador da
Maria José Pinheiro (UNICAP) A Irmandadc de família. vale dizL:r, da n;u;ão. Pretendo trahalhar,
Nossa Scnhora dos Homcns Prctos cm PernamlJllco. tamhém. nas narrativa ... tradicionais sohre a vida
O nosso trahalho se propôe a mostrar que a tlessas mulheres, as relaçlies estahelecidas entre as
Irmandade de Nossa Senhora dos Homens Pretos, qualidades a elas atrihuídas - sacrifício, dedieação,
através de um proccsso cocrcitivo conseguia discreção, lealdade - e a legitimidade da fundação
induzir os prctos a alcançar, a semelhança dm das jovens naçóes.
brancos no que diz rcspeito à moral religiosa.
Assim procedendo os fazia esquecer em parte as Maria Lúcia Bastos Kern (PUC-RS) Universalismo
suas raízes africanas. A participação do negro na COl/stl1ltil'ista c SIIl/.1 Aspiraçacs Utôpias. A presente
Irmandade, dependia de suas posses. Isto era comunicação tem em vista analisar os discursos
facilitado com a aquiescência do senhor que teóricos e plástico do artista uruguaio .Joaquin
assumia os compromissos de ordem econômica ou, Torres-García sohre o "Universalismo
aproveitando as fases de declínio da produção Construtivista", nos anos 10. Considerar-se-á o seu
açucareira onde parte da escravaria era deslocada projeto de modernidade para a América, como o
para a agricultura de subsistência, quando a rigidez lim de atingir a unifieação da mesma. por meio da
do sistema tornava-se mais amena. O objetivo é arte total, e construir um mundo novo e
mostrar que a existência da irmandade dos negros harmônico, isento de inlluências estrangeiras.
era uma necessidade dentro do sistema escravista
de produção, com a finalidade de controlar m Maria Manuela Ramos de Sousa Silva (UFRJ) O
impulsos de rebelião, segundo m sCl/timcl/to al/ti-Illsital/o I/OS primciro.1 (/l/OS da
condicionamentos analisados np Livw de República Velha. /ma!!il/ário c Práticas sociais
Compromisso "ajudando o negro" a esquecer a sua cotidial/as. (/8<,·)1)-1895). A presente Comunicação
função de objeto. Ajudando o negro, estaria tem por objetivo alinhavar de forma sistemática, os
atingindo o seu objetivo primeiro, que era o resultados preliminare~ e, portanto, parciais e
mantenimento da ordem social, e as irmandades provisórios, de uma primeira ahordagem ao nosso
desempenhavam o papel de guardiães das normas atual tema de pesquisa, () sentimento anti-lusitano
aceitas pelo grupo dominado em funçãp dos durante a Repúhlica velha. Procuramos nesta
senhores escravista. primeira leitura desvelar o sentido/sentidos que se
desprendem das práticas sociais cotidianas, "topos"
til: constante~ conllitos. tensôes e ressentimentos
opondo naCIOnaiS a súditos portugueses.
ProRrallUl e Resumos III

Pretendemos, desta forma, dar continuidade ao encaminha a um cenário bastante enriquecedor no


projeto que temos vindo a desenvolver há já alguns que se refere à história da prática científica.
anos sobre a imigração portuguesa no Rio de Associaçôes como a Sociedade Literária do Rio de
Janeiro em finais do século XIX, privilegiando Janeiro, criada em 17Xó, sob a direção do cirurgião
agora o período subsequente relativo à Repúhlica Ildcfonso José da Costa e Abreu, proporcionaram
Velha, momento em que as relaçôes de convivência um ambiente estimulante para o debate e para a
entre brasileiros e portugueses se deteoram a tal produção intelectual, apresentando seçôes de
ponto, que passam a ser constantes as perseguiçôes medicina, matemática, cirurgia, história natural,
e atos de aberta violência. física, química, história, geografia e letras. Atuou
igualmente como ponto de referência para o
Maria Margaret Lopes (UNICAMP) A processo de organização dos cientistas como um
COl/tribuição de C/rar/es F. Hartt aos museus grupo social específico. Inseriu-se num verdadeiro
brasileiros de História Natural. A contribuição de movimento de renovação científica pautado por
Charles F. HarU (lH40-1H7H) à Geologia brasileira uma atitude de oposição à mentalidade jesuítica e
foi bastante significativa. Seus trabalhos são pela adoção de concepções inovadoras. Por outro
inumeráveis vezes mencionados na literatura lado, esta renovação científica transfigurou-se em
brasileira sobre a história das ciências geológicas. uma renovação espirituaL ao conferir ao homem
particularmente nn que se refere ~l Comissão brasileiro o eonheeimento c o domínio da natureza
(ieológica do Império (IH75-1H7X). Conhecida em que o rodeava c ao aproximá-lo da vida política e
menos detalhe é sua contribuição e vinculação aos social brasileira.
Museus de História Natural do país, os quais
tiveram uma atuação duradoura e decisiva para o Maria Re!!ina Albuquerque de Queiroz (Colégio
desenvolvimento das ciências geológicas no Brasil, Magisler) 0.1' 500 mIO.\" de descoberla da América
no século passado. Este trabalho traz à lu/' mais como tema de discl/ssão illlerdisciplinar. No
alguns aspectos de sua intensa atividade em prol projeto, a professora de Português analisou cartas
das ciências geológicas no Brasil, bem eomo e documentos de epóca quanto ao sentido e
comenta aspectos da questão da transferência e da significado das palavras. Foi levada aos alunos com
adaptação de modelos institucionais de pesquisa. o intuito de se observar as diferenças com a
atualidade bem como com o objetivo de interpretar
Maria Marta Araújo (UFF) Uma "Estética" os significados presentes.
Modernista /w Rio de Janeiro. A revista carioca
Estética, órgão naeional do movimento modernista Maria Regina Celestina de Almeida (UFF)
em sua"segunda fase", circulou de setembro de Ocupação Portl/gllesa na Amazônia Ocidental: A
1924 a junho de 1925 sob a direção de Prudente de Falácia do Povoamento - crescem os povoados e
Moraes Neto e Sérgio Buarque de Hollanda. extingl/em-se os povos. A partir do cruzamento, de
Cumprind() o destino da maior parte das revistas, fontes primárias, basicamente mapas estatísticos de
Estética tevc vida efêmera, sendo publicados população, de produção e de descimentos,
apenas três números. Estética, numa filiação direta procuramos destaear as características gerais da
da revista paulista KlaxolI (1922/23), está inserida ocupação do espaço nos vales dos rios Negro e
no circuito das revistas literárias modernistas Solimões, ressaltando as diferenças entre as sub-
publieadas no Brasil na década de vinte. O trabalho regiôes e. sobretudo, demonstrar a falácia do
que estamos realizando com Estética, mais do que crescimento populacional. O número crescente de
estabelecer um contato com o ideá rio modernista habitantes nos povoados, longe de evidenciar
procura perceber o próprio movimento, e como crescimento vegetativo, aponta para grandes
interagiu o grupo de intelectuais modernistas no movimentos de migração interna. A análise dos
Rio de Janeiro e nas suas iigaçôes com o resto do dados revelou lima intensa Outuação populacional
país. É principalmente tomando a revista enquanto na capitania do Rio Negro. que foge
estrutura de sociabilidade que procuramos uma completamente aos padri)es demográficos do
aproximação com a ambiência intelectual do século XVIII e só pode ser explicada pelos
modernismo no Rio de Janeiro. eonstante~ deslocamenlos de população: as fuga~ e
os descimentos foram os movimentos migratórios
Maria Rachei Froes da Fonseca (Casa de Oswaldo earacterísticos do período colonial na Amazônia
Cruz/Fundação Oswaldo Cruz) A Sociedade Ocidental. Manter os níveis populacionais nos
Literária do Rio de Janeiro e a difusão das "Luzes" povoados foi o maior desafio que os colonizadores
(1786-1794). A análise das associaçôes e das tiveram que enfrentar. As características
agremiaçôes científicas e literárias brasileiras nos demográficas da região constituem um fator
112 XVII Simpósio Nacional de Histária

essencial para a compreensão do prec{trip que pode ser chamado de lima eletiva aristocracia
funcionamento daquela sociedade. agrária. A organização social escravocrata. sc por
um lado foi responsávcl em tornar c, Maranhão, no
Maria Regina Nina Rodrigues (UFMA) () Ensil/o século XVIII e parte do ~éeul(l XIX. um dos
Fundamel/tal e as Práticas PedaRáRica.\ Estados do país mais pr{)speros c hem situado
DescI/volvidas 1/0 Maral/hão 1/0 Decorrer do Estado economicamente, por outro, foi responsável
Novo. É analisada a prática educacional instituída também, peltl seu declínio e pela decadência
no país no decorrer do Estado Novo e sua econômica visto que, os fazendeiros maranhenses
utilização como um dos mais importantes suportes não trataram de se reorganizar soh novas
na construção da unidade brasileira. A educação modalidades de trabalho, implant<Jndo medidas
foi considerada base na formação da alternativas que viessem substituir a organização
nacionalidade. Dentro desta perspectiva lhes foram social desenvolvida em bases escravagistas. Diga-se
atribuídos propósitos muito mais amplos dl' que a que (l desenvolvimento econômico no Maranhão
mera tarefa de transmissão de conhecimentm. colonial, na sua condição de setor subsidiário da
Teria que ser organizada com vistas exatamente a economia mercantil metropolitana cumpriu semprc
se obter uma uniformidade, padronizando todas as sua função mais importante, qual seja. a de
informações que através delas seriam veiculadas. O contribuir efetivamente para a expansão do
caráter de brasilidade deveria se fazer presente em comércio da metrópole e. por conseguinte para a
todas essas práticas. É discutido () papel do acumulação de capital.
professor maranhense, seu fazer pedagógico na
legitimação dessas práticas. O professor er<J 11m Maria Regina Nina Rodrigues (UFMA) O
agente da maior importância 11(\ processo Mara/llujo e () Estado .'\iOI'(): OS IllIelectllais e sI/a
educacional. Foi-lhe atribuído a tarefa e a Imp0l1â/lcia /la Legi/illuu;ão do Novo Regime. Este
responsabilidade de preparar indivíduos cônscios texto discute o projeto político-ideológico imposto
dos seus deveres para com a Pátria brasileira. por Vargas ao país, com vistas a garantir c
Discute-se, também o livro didático, instrumento legitimar as práticas sociais implantadas pelo
da maior importância na veiculação da visão de presidente e pelos intelectuais do novo regime.
mundo do governo ditatorial. A cultura hrasileira Resgatar o passado adquiriu ênfase em seus
foi extremamente valorizada nos compêndios discursos, em referência sempre ao modo como
escolares, considerada base para a ação essas práticas SOCIaiS eram dcsenvolvidas
nacionalizante pretendida por esse governo. anteriormente (Primeira República) segundo eles,
Analisam-se os conteúdos contidos nos livros ineficientes no atendimento aos direitos da
didáticos (contidos nos livros didáticos) produzidos população destituída de recursos sócio-
por intelectuais e docente maranhenses, cujo cconômicos. O Estado Novo é colocado como
objetivo era disciplinar e moldar o~ alunos dentro divisor de águas entre os "Velho Brasil" e o "Brasil
dos valores e sentimentos cívicos-patrióticos, além Novo". O Estado Nacional foi apresentado como
de fornecer uma base comum, uma unidade com humano, ou seja. deveria proporcionar à população
vistas a unificar o país. brasileira em geral, bem estar c uma melhor
qualidade dc vida, sobretudo aos mais pobres. No
Maria Regina Nina Rodrigues (UFMA) O propósito de "humanizar" residia toda a proposta
Maral/hão Colol/ial: O projeto político mercal/til . nacionalista. As medidas "humanizantes", a rigor,
europeu e sua implal/tação em terras maral/hel/ses. não deixavam de visar a manutenção da "ordem" e
É analisado o quanto as influências externas foram da "harmonia" do novo regime. Coube aos
determinantes na organização da sociedade intelectuais arregimentados por Vargas a nível
maranhense no decorrer do período colonial, cuja nacional c pelo interventor maranhel1se Paulo
cultura e valores europeus influenciaram, Ramos. a nível local. legitimar () pensamento
determinando de modo expressivo as priíticas autoritário do novo regime, empenhados que
sociais desenvolvidas nessa sociedade, econômicas, estavam na implantação da pretendida unificação
políticas, culturais e educacionais. Foi visto o modo da Nação brasileira.
como era organizada a economia. a qual ~(;
fundamentava na grande propriedade, na Maria Rosa de Bclem Baptista (USP) Rio Claro. as
monocultura e no trabalho escravo. A estrutura Pedras da Cidade. Dissertação de mestrado que,
social era formada por proprietários rurais por um tendo como objeto de pesq uisa a cidade de Rio
lado, e trabalhadores braçais por outro; essa Claro. procurou conhecer qual () papel
estrutura deu origem a uma formação social desempenhado pela memória no processo de
fundamentalmente escravocrata. formando assim o construção c reproduç;io de um ideário que se
ProRrall/a e Resl/mos 113

desenvolveu paralelamente à expansão da Iavnura Maria Stella Martins Bresciani (UNICAMP)


cafeeira na região, constituindo-se no que Razão e Paixão I/a Política. Temas longamente
passamos a denominar "memória do apogeu". Esse marginalizados pela política despertam, nos
ideário, que visou principalmente legitimar o lugar últimos anos, um interesse novo. Utopias,
ocupado pelo fazendeiro de café na sociedade que sel/till/el/tos e pairôes políticas, temas até então
se formava, foi pesquisado através de fontes vistos como o ol/Iro lado, antagônico e irredutível
escritas e orais, permitindo estabelecer (o meramente imaginado), da razão fundante das
comparações entre a imagem da cidade registrada sociedades, apare<.:em revitalizando cünones rígidos
na documentação escrita e a que apareceu refletida da historiografia política. Entretanto, a questão
nas rememorações de seus moradores. O trabalho não é nova. Entre os iluministas, Rousseau discutiu
com a memória trouxe à tona um senli!1H:nto de a amhiguidade das paixi)es: interagindo com a
frustração detectado nos depoimentos. onde o razão, elas constituem o fundamento do corpo
progresso da cidade transforma-se em uma utopia, político. Esta mesa redonda pretende jogar no
responsável pelo surgimentp de uma idéia de centro dos debates a seguinte hipótese: os
atraso que se ineorpora ao presente dos estudiosos da política S;lO frequentemente presas
entrevistados. A partir dessa contradição, fáceis da armadilha montada pelos próprios
elahoramos uma série de questões que passam a pressupostos filosóficos da forma como os homens
fazer parte do universo da pesquisa. sse organizam em sociedade, forma essa ditada
circunstanciadas no ohjetivo de conhecer como, pelos interesses e paixôes individuais em torno de
quando c por essa idéia de atrasso passou a fazer cada cidadão. À proposta filosófica da organizaçüo
parte da memória da cidade. racional da vida da coletividade, os estudiosos
respondem com a avaliação racional, objetiva, do
Maria Stella A. de Lima dos Santos Pereira (PUC- comportamento dos homens em sociedade, ou seja,
SP) SalÍde PlÍblica e Cidadal/ia à LI/z da III/prel/sa a relação entre a regra/modelo e as atividades
Periódica PaI/listaI/a. Procura-se detectar como (açôes)/comportamentos. Se a paixüo é relegada
foram enunciados na imprensa periódica paulistana ao campo da desraz;io ou da irracionalidade,
as diferentes avaliações da realidade sócio-cultural nenhum espaç() lhe sobra nessa rede de
brasileira no período lH50-1 ()40 e os possíveis sociabilidade racional, daí, ser pensada como
vetores de trahalho e cura. O conceito de cidadania marginal, patológica, anômica, negativa e seus
é algo adquirido pelos indivíduos de acordo com as portadores, os inimigos da polis, da cité. Em
diversas posiçôes que ele ocupa no interior da vida resumo, nossa problemátrica consiste em trazer
social. O grau de cidadania adquire diferentes para o debate algo que consideramos essencial: as
tonalidades por exemplo, conforme 1) o "situs" paixões políticas, em sua articulaçüo com a utopia
geográfico da residência; 2) a situação jurídico- dos sonhos racionais.
constitucional que define os seus direitos e deveres;
3) a sua participação na vida da comunidade; 4) a Maria Sylvia Porto Alegre (UFCE)
hierarquia de classe; 5) as circunstâncias que Dcsaparccimellto dos Povos II/dígel/as: revisital/do a
permitem ou não a obtenção de uma presença história reRiollal. Este estudo propõe uma
médica; etc. Por outro lado, a partir das correntes indagaçüo sobre o silêncio que cobre o destino dos
ideológicas em voga, o conceito da cidadania povos indígenas do Nordeste, após a extinção
também sofre alterações que tornam esse termo definitiva dos antigos aldeamentos missionários,
rico de características definidoras e ao mesmo em meados do século XIX. A historiografia fala
tempo restrito na sua ahrangência social. Na num "desaparecimento", resultado do longo
filosofia positivista, o critério c1assificatório será processo de dispersão espacial, miscigenação racial
sem dúvida connitante com os princípios ético- e aculturação. Entretanto. a emergência recente de
religiosos; da mesma forma na área médica, movimentos de reafirmação étnica, por parte de
sanitarista, higienistas, psiquiatras vêem o grupos considerados extintos, atesta as
"cidadão" por outra ótica, assim como as idéias possibilidades de sobrevivência de vários desses
nacionalistas têm o seu cidadão definido por linhas povos, que vivem há séculos em intenso contato
étnicos-sociais. Tal espectro permite a convivência com a sociedade circundante. Os processos sociais
de uma enorme gama de variantes para definir o de recuperação da intensidade somam-se à
mesmo termo. Essas variantes podem convergir ou vitalidade atual dos estudos de história indígena,
não entre si, pelas similiaridades das conclusões ou baseados em novas fontes documentais, para
dos critérios e, porisso mesmo, abrem caminho a colocar na ordem do dia a pergunta: o que de fato
um amplo estudo, através dos discursos expressos aconteceu com os povos indígenas do Nordeste? A
na imprensa periódica paulistana. complexidade que envolve essa questão torna
indispensável uma revisão da tese do
114 XVII Simpósio Nacional de História

"desaparecimento" e estimula novas análises dos andamento e que devem nortear a comunicação
processos históricos regionais, em suas articulações proposta.
com a problemática indígena nacional. A partir
desse questionamento buscamos um melhor Maria Therezinha .Janine Ribeiro (PUC-SP) A
entendimento dos processos sociais em curso no "Morte" na rememoraçâo de família.\' negras de São
presente, e suas implicações para o futuro dos PaI/lo. O que é a morte? a cessação delinitiva da
grupos indígenas remenescentcs na região. vida. O homem - essa é a condição humana - tem
consciência deste lim inexorável. A constatação
Maria Tereza Toríhio (UERJ) Dominação e dela como fato físico obedece a uma continuidade.
Resistência da Sociedade Asteca. O reexame das Em contrapartida, a relação homem/morte sempre
fontes dos cronistas espanhóis do século XVI nos diferiu no tempo e no espaço. Captar estes II/odl/s
remete à análise dos processo pedagógicos I'il'ef/(li é fazcr História, é per~eguir o imaginário.
utilizados pelos franciscanos para a evangelização Nosso tema aí se encaixa de vez que estamos
das sociedades nativas. Este estudo visa a revisão fazendo uma reflexão sobre a morte e suas
das obras de Frei Toribio Motolinia, André de representações a partir de depoimentos colhidos
Olmos, Bernardino de Sahagún entre outros, para em 19R7/R)) entre descendentes de escravos. A
maior compreensão do processo educacional estes, é consenso, negava-se ou, avançando mais,
desenvolvido pelos franciscanos no México. Os procurava-se apagar qualquer referência a laços
colégios franciscanos não serivram apenas para a familiares, laços tribais - pois os escravocratas os
evangelização, mas sobretudo para implantar queriam sem idcntidade, sem referenciais. Como
formas pedagógicas que visavam acabar com a sua prole e as proles de suas proles percebem seus
resistência indígena, fortalecida por suas práticas antepassados, seus ascendentes é () que cstamos
idólatras. Pedagogia e idolatria, processos levantando. O componente idealização entra com
simultâneos desenvolvidos, () primeiro pelos força nas rememorações. É onde nosso projeto se
espanhóis com a linalidade de dominar pela encaixa com o tema principal do Simpósio: utopia
educação e evangelizar os nativos e o segundo é, também, fruto de imaginação, só que com os
consistiu na forma encontrada pela sociedade olhos voltados para o futuro. Nosso estudo
asteca para manter seus costumes, preservar sua privilegia os devaneios virados para o passado.
cultura e resistir à dominação estrangeira.
Mariangela de Faria Vieira (PUC-SP) VII/a
Maria Thereza Miguel Peres (USP) O Trabalho devoção estratégica - () CI/lto a Nossa Senhora
ntral e os ambientes constitl/ídos pelos empresários Aparecida (1960-89). Esta pesquisa é o resultado de
do açúcar entre 1930 e 1950 segl/ndo sI/as práticas um estudo sobre o culto a Nossa Senhora
modemizadoras" (Região de Piracicaba). Na Aparecida a partir do .Jornal Santuário de
discussão sobre modernização, dois aspectos Aparecida, que tem como objetivo principal a
fundamentais tem sido preservado: manutenção do promoção desta devoção. A análise realizada
controle do processo produtivo exercido pelos evidenciou um processo crescente de perda de
empresários desde os tempos dos senhores de poder vivenciado pela Igreja, que articula uma
engenho e manutenção do poder e apoio político- reação, construindo uma auto imagem e uma
linanceiro através do Estado. Diante disto, os prática pastoral voltada para os pobres. Como
conflitos sociais decorrentes da expansão decorrência de seus pencionamentos a Igreja,
açucareira no Brasil, vão sendo enfrentado!' por portadora da mensagem salvilica passa a sofrer
medidas paliativas que assumem a partir de uma perseguições. A devoção a Nossa Senhora
determinada conjuntura, uma imagem Aparecida é usada como estratégia para a
modernizadora, através da iniciativa de assistência recuperação da innuência da Igreja na sociedade,
social do usineiro para com os seus trabalhadores abrindo para a Igreja um espaço de fortalecimento
(aproximadamente a partir de }930), inicialmente entre seus fins, criando para o jornal, condiçôes de
de forma espontânea e mais adiante formalmente penetração entre os devotos. Porta voz da Igreja, o
explícita na legislação. Alinal de contas, como tem jornal divulga princlplo~ c valores por ela
sido historicamente compatibilizado os planos de defendidos, fortalecendo () seu crescimento.
assistência social com o tratamento dado a questão Levando-se em conta () papel relevante da
da modernização? Quais foram suas implicações religiosidade popular na sociedade brasileira, esta
regionais em relação a estruturação dos ambientes pesquisa pode constituir-se como uma contribuição
rurais e urbanos'! Que consequências trouxe para a para a compreensão dos variados aspectos das
relação empresário e trabalhador rural? Essas são relações sociais na história recente do país.
perguntas suscitadas pela investigação ora em
Programa e Resumos 115

Marieta de Moraes Ferreira (Fundação Getúlio Marília Conforto (PUCjRS) SeI/h ores e Escravos.
Vargas) O Rio de Jal/eiro COl/tcmporâl/eo: A comunicação trata das caractnÍsticas da
Historiografia e FOl/tes, 1930-1975. O objetivo desta sociedade no período de JX44 a JXXX. Como fonte,
comunicação é analisar a vida política da cidade do utilizamos os romances escritos neste período. O
Rio de Janeiro, enquanto capital federal de 1930 a uso da literatura constitui um objeto de estudo
1960. As interpretações correntes sobre o assunto pouco trabalhado ainda pela história. Entretanto,
enfatizam sempre as características nacionais da ela se mostrou reveladora e representativa do
elite política carioca e seu desinteresse pelos período enfocado. É verdade que a visão do
problemas específicos da cidade. Nossa proposta escritor sobre a sociedade c a escravidão difere da
de trahalho visa relativizar essa "nacionalização" da ótica dos terratenentes e dos comerciantes de
política do Rio de .I aneiro e chamar atenção para escravos. Mas, levando-se em consideração que o
as lutas existentes em torno da construção de uma escritor era uma parte daquela ~ociedade e que
identidade política específica traduzida pelos não dependia diretamente do trabalho do braço
movimentos autonomistas da capital. escravo, nos interessou estudar como ele
apreendeu a realidade que () cercava.
Marilda Aparecida de Menezes (UFPB) Traietórias
migratórias e reprcsel/taçôes dos pequeI/os Marina Corrêa Vaz da Silva (ESPSP) A Escola
produtorcs. Os pequenos produtores rurais Livrc de SocioloXia e Política de São Palllo:
(morador, parceiro, rendeiro, foreiro) no Nordeste piol/emslIlo e lIlodemizaç{/o. A presente
tem suas histórias de vida marcadas pela migração com unicaçiío pretende abordar o pionelflsmo nas
de algum. membros ou de toda a família. Isto é pesquisas de campo da Escola Livre de Sociologia
uma estratégia utilizada para garantir a e Política de São Paulo. A fundação desta
sobrevivência da família e a reprodução da instituição, em JIJ3J, voltada para o ensino de
condição de pequeno produtor. Na sua trajetória sociologia e de pesquisa, sú poderia ter acontecido
migratória os trabalhadores rurais vivenciam em São Paulo, o mais importante Estado da União
experiências de vida e trabalho diferenciadas. É e que reunia as melhores condiçôes de propor um
propósito nosso nesta comunicação analisar em modelo para a construção do Estado Nacional.
que medida as representações dos trabalhadore~
rurais sobre as relações de dominação existentes Marina Evaristo Wenceslau (UFMS) O formal e o
nas relações de trabalho no campo expressam a I/{/O formal IUI edllcaç{/o i"díxeIUl. H oje, no Mato
multiplicidade de experiências em outras relaçúes (,rosso do Sul os Guarani-Kayowá reivindicam
de trabalho e em espaços sócio-culturais uma escolarização dentro de seu~ próprios
diferenciados. Por exemplo, a existência do~ sistemas. Com prolcssorcs eleitos pela própria
"direitos" no Sudeste é uma referência recorrente comunidade, caracterizando assim o papel da
na representação sobre as relaçúes de trahalho no família que é a base da sua organização social.
campo. Utilizaremos como material emplflco Segundo Paulo Bororo, a escola deve ser feito pelo
histórias de vida e entrevitas com trabalhadores Índio, conservando sua cultura e língua. É uma
rurais da região Agreste da Borborema no Estado histúria principalmente e riquíssima a que () Índio
da Paraíba, os quais tem uma rica trajetória tem. Entã() ele deve primeiro conhecer a sua
migratória, seja para outras regiúes do Brasil seja própria história para depois conhecer a do branco.
dentro do próprio nordeste. O respeito a autonomia cultural e os direitos dos
índios apoia-se nas lutas pela sobrevivência física e
Marilda Aparecida Soares (USP). A cultural. Estas escolas comunitárias tem a
democratização do EI/sil/o: debates políticos durallte responsabilidade de manter a língua materna
as décadas de 30 e 40. Esta comunicação através de um processo próprio de aprendizagem
apresentará alguns resultados parciais do projeto que irá fortalecer a preparação da comunidade e
de pesquisa "Escolaridade e Democratização: o sua atuação política. Os guaranis. os mais antigos
processo de ampliação das oportunidades habitantes da região do Mato Grosso do Sul,
educativas em São Paulo-SP". Nesse sentido, tentam hoje encontrar espaço junto à sociedade
retomará as discussões sobre a formação de uma envolvente. Para que a escola comunitária torne
racionalidade instrumental no ensino e o papel do realidade seus currículos requerem regime escolar
Estado no controle dos meios de produção e diferenciado respeitando as normas da educação
reprodução do saber. Enfocará, ainda, os debates brasileira.
políticos em torno da democratização do acesso à
educação, buscando contextualizar o objeto e, no Marinalda Garcia (USP) A (Des) COl/stntção da
plano histórico-conceitual, compreender as suas Idelltidade. Um projeto comparativo das cultllras
dimensões ideológicas e sociais. políticas lia história do Negro Brasil & Estados
116 XVll Simpósio Naciol/al de História

UI/idos. Análise das principais matrizes culturais em ascensão. Tais contradiçiies evidenciaram-se
que norteiam a questão da negritude, nos EUA e nas açiies dos partidos políticos. da imprensa, dos
no Brasil. A partir das tradiçiies, díspares desses poderes executivo e legislativo e das entidades civis.
dois países traçar um perfil do desenvolvimento das A pesquisa revelou, ainda, a educação pública
sociedades e a relação com a raça negra. As como palco das manifestaçiies mais contraditórias
últimas três décadas e os movimentos sociais, numa da época. Estes fenômenos da recente história de
relação de construçiio ou deseontruçiio da idéia de Mato (,rosso do Sul são aqui compreendidos como
cidadania, aí imhricando, a luta de classes c o expressiies de avanço e de continuidade que
direito, nos dois países. marcaram a transição democrática.

Mário Cleber Martins Lanna Junior (UFF) A Mariuza de Paula Casagrande (Casa da Cultura-
Política de Abastecimel/to e as Revoltas pelo Campo Mourão). Memória Histórica: a formaçiio
Alimel/to 1/0 Brasil (1952 a 1962). No período de uma idelltidade coletiva. Esta comunicaçiio trata
estudado, o órgão governamental responsável pela da primeira fase de um projeto de pesquisa
política de abastecimento era a Comissão Federal dividido em seis fases. Partindo do pressuposto de
de Abastecimento e Preços (COFAP), uma que a principal maneira de se preservar a memória
autarquia dentro do Ministério do Trabalho com histórica de um povo se dá através da educação, ()
poderes de tabelar, comercializar e desapropriar resgate da memória histórica da cidade de Campo
estoques de alimentos. Considerando que o Mourao, região Noroeste do Paraná, tem como um
abastecimento dos centros urbanos era um dos dos veículos as cscolas municipais. O eixo central
mais graves prohlemas enfrentados na época, todo de nossas atividades, estabelece um diálogo com a
o poder da Cofap foi usado pelos governos como comunidade no que refere a sua memória. Tendo
um importante instrumento para conquistar a como intermediador deste diálogo, os alunos do 1!.'
massa consumidora como aliada. De 1952 a 1962, Grau das escolas muncipais, ao mesmo tempo a
as crises no abastecimento foram constantes. imbricação entre teoria e prática é estimulada na
Existia uma carestia crônica e generalizada e medida em que foram criados grupos de estudo ara
escassez periódica de alguns alimentos, como a explicitação junto aos professores da prátiea do
arroz, carne, feijão, manteiga, trigo e banha, resgate da memória. Esses, por sua vez, monitoram
apenas para citar os mais recorrentes. Por vezes, as os alunos no trabalho de resgate. A bibliografia
crises tinham causas concretas, ou seja, queda na diseutida, o suporte teórico e a metodologia
produção interna ou produção insuficiente, como utilizada, tem como inspiração as obras de Jacques
por exemplo, o caso do trigo, outras vezes, os Le Goff, P. Thompson, Ellea Bosi ... Este trabalho
motivos eram especificamente comerciais. procura oferecer aos educandos, condiçiies para
eonhecer, valorizar e preservar o patrimônio
Mário Jorge da MoUa Bastos ver Marcelo Badaró histórico, contribuindo para a formação da
Mattos identidade coletiva.

Marisa BiUar (UFMS) História e Educação em Mariza Guimarães Dias (Museu Nacional de Belas
Mato Grosso do Sul (1977-1990). Mato Grosso do Artes) Cemitérios: patrimôllio esquecido. Os
Sul foi criado por um decreto da ditadura militar cemitérios são grandes depósitos de bens culturais,
em 1977. Seu primeiro governo instalou-se em 1979 verdadeiros patrimônios de nossa sociedade. As
sob o mesmo regime. Lutas acirradas entre facçiies necrópoles merecem uma maior atenção de nossas
da classe dominante pelo poder estadual marcaram autoridades, pois lá encontramos fontes de
aquele começo: de 1979 a 1981 Mato (Jrosso do Sul pesquisa das mais variadas áreas cientílicas. Os
teve três governos, todos impostos pela ARENA. cemitérios refletem usos c costumes de geraçôes
Após esses golpes palacianos, a normalização passadas, revelando a sociedade à qual servem. Nos
institucional só foi possível com o governo de 83- cemitério~ podemos detectar ainda hábitos e
86, o primeiro eleito na história de Mato Grosso do valores tradicionais, a religiosidade do povo, a
Sul e circunscrito ao cenário geral desenhado, em comercialização dos funerais e a genealogia de
1982, pelas primeiras elciçiies diretas para famílias brasileiras através de um estudo heráldico
governadores desde 1965. A análise deste governo, dos brasõe~ esculpidos nos monumentos.
contem porâneo das diretas já e da mobilização Entretanto, fatores como a especulação
popular pelas liberdades democráticas, revela um imobiliária, dilapidaçiies e roubos, ameaçam este
quadro complexo de contradiçiies entre o Estado, patrimônio. As demolições se aceleram, os roubos
composto por forças políticas heterogêneas acompanham o caos social do país, colocando em
advindas da frente democrática, e a sociedade civil risco estes espaços culturais, além de alterar o
Programa l' Rl'.\ilI1l0S 117

traçado urbanístico dos cemitérios. É necessário Yguatemi (não editado). aborda-se a eqratégia
que os órgãos responsáveis pelo patrimol1lo ofensiva-defensiva na fronteira paraguaIa. Em
artístico e cultural dispensem atençiio imediata aos Candeias ell/ Espelho d>.iglla, Loyo!a, !l)I)O,
cemitérios brasileiros, auxiliando a preservação da aborda-se as manikstaç(-les diversas daquela
memória nacional. sociedade, durante a primeira melade do século
XIX, particularmente. () .,cu comprometimento nos
Marly Silva da Motta (CPDOCjHiV) "Cabeça da projetos de construç;io da nacionalidade e na
Naçôo. Teatro do Poder": a cidade-capital COJIIO Revolução Liberal de 11'1·+2.
objeto de investigaçôo histórica. Estudos e trabalhos
sobre a cidade do Rio de Janeiro destacam a Marlha Campos Abreu (lJ FF) IlItll'li(>lIt1êllcia c
singular identidade política da ex-capital federal. Se Americal/idade. Levando em conla as mais
o modelo de organização político-administrativa de conhecidas cxplicaç(les sobre a independência da
dupla face - a municipal e a federal - imprimiu-lhe América Espanhola, procurarci relletir sobre um
um caráter todo especial, deve-se destacar como aspecto não muito deseI1\'()lvido nas discussões
poderoso componente dessa identidade os sobre o assunto; como no momento das
atributos que o imaginário político reserva à independências construíram-se importantes
"cabeça da nação", garantidora da "unidade da identidades que é ,er americano. E. associado a
pátria". Sede da autoridade do Estado, dos órgã()~ este aspeclo. de que formas as antigas colônias
do governo e da administraç<io púhlica. participaram do que ~e celehriz()u chamar a "era
comandando o movimento militar c controlando as das revoluções". Alra\'l~S dos escritos político~ de
principais rotas de comércio e a distribuiçiio de Bolívar e San Marlin podemns avaliar a
recursos financeiros, a cidade-capital foi, acima dc singularidade do pemamento da emancipação em
tudo, núcleo de sociabilidade inte\cc\ual e da relaçiio ao Iluminismo curopeu c o sentimento de
produção simbólica. Discutir a capital como "foco americanidade por eles defendido. Certamente os
de civilização", "núcleo da modernidade", "teatro do processos de independência não foram apcnas um
poder", e "lugar de memória", é o principal ohjetivo mero renexo dos acontecimentos europeus, os
deste trabalho. "americanos" (crio/los, índios. mestiços c negros)
lizeram leituras próprias destes acontecimentos e
Mar1y Therezinha Germano Parecin (EEPS(i Sud dos conceitos gerais de liberdade e igualdade. Se
Mennucci) O ROJllance Histórico como considerarmos que as "independências nacionais"
assessoramcnto ao ensino da História. A foram inventadas na "américa", podemos supor que
apresentação deste comunicad() bascia-sc na a "crisc do Antigo Rcgil11c" teve múo dupla. Aliás,
experiência do Romance Histórico enquanto havia começado do lado de di, e 111 177(l, com a
considerado um produto teórico e prático, seja declaração de independência dos EUA. Também
utilizado na comunicação do conhecimento, na neste novo país a liberdade teve diferentes leituras
mediação passado-presente, na operacionalização e foi construído um significado especial c religioso
da Memória, seja como performance. Nesta para a "América". Era uma outra "América" dentro
construção narrativa a dissertação cientílica, da HAmérica" ...
viabilizada sobre o repertório documental c de
fontes diversas, não se opõe ao dissertativo Martin Norberto Dreher (UNISINOS) A lItopia de
liccional, pois este também aparece como uma Hen/wl/l/ Gol/liab DO/III/s. No grupo de imigrantes
representação sobre os modelos "reais". A minha alemães chegado ao Brasil a partir de 1R24, os
experiência particular nesta linha de produção. luteranos formaram úO'»; do contigcnte. Foram os
revelou-me que a iniciativa surte elicácia no ensino primeiros protestantes no país, sendo
formal (eomo guia em sala de aula) c no informal marginalizados por razões de ordem econômica,
(eomo entretenimento c prazer), podendo atingir religiosa, étnica e cultural. Cada uma dessas causas
um público mais vasto do que o acadêmico. A de marginalidade gerou utopias. Basta lembrar a
minha contribuição ao romance histórico regional utopia teuto-hrasileira de Carlos Von Koseritz e a
paulista tem se limitado a duas obras: Encol/tro das utopia religioso-cultural de Wilhelm Rotermund.
Águas (2 volumes) e Candeias em Espelho d'Água. Nos anos posteriores à Primeira (;uerra Mundial
Na primeira, amostram-se as diversa~ formas nova utopia foi gestada, desta vez sob a orientação
participativas da sociedade paulista do Vale Médio e coordenação de Hermann Gottlieb Dohms
do Tietê na política do Morgado de Mateus, (lRR7-1956). Natural de SapirangajRS, com
especialmente, as de resistência. No lU vol., Ypié formação lilosólica e tetológica universidades
(Maria dos Anjos), ed. prcf. M. de Piracicaba, alemãs e suíças. Dohms idealizou a utopia de uma
1992, aborda-se a política povoadora. No 2U vol., pátria brasileira na qual fosse possível a valorização
118 XVII Simpósio Naciollal de História

ética da etnia, seguindo aqui a reflexão filosófica de existem, como pela riqueza do cotidiano dessa
Herder. Para pôr em prática essa utopia, publicou sociedade ''sui genesis" que formou-se na micro
desde 1919 Deutselle Evallgelisclle Bldller Fir região do Alto-Araguaia, com indivíduos de todas
Brasi/icII, revista mensal, na qual discutia temas as proccdências, com leis e costumes próprios, não
históricos, filosóficos e políticos, além de queslóes escritos, válidos entre seus componentes, que
teológicas. Além disso, tornou-se criador de um satisfaziam o complexo de relaçóes humanas ali
complexo escolar, por meio do qual buscava formar travadas. onde houve manifestaçóes de todas as
lideranças para a concretização dos ideais utópicos. naturezas, destacando-se a ambição e o
Em sua utopia, Dohms advoga que ao lado do "ilus despreendimento, tornando-a singular dentro do
soli" se adote no Brasil o "ius mllguillis", que contexto qual do Estado, dai a importâneia de~se
permitiria o surgimento no Brasil do respeito por estudo.
tradições de outros grupos e pessoas, enquanto o
Brasil só admitia a negação do outro, forçando Michel Zaidan Filho (UFPE) Uma Nova História:
uma brasilidade, que nada mais era que negação de Hermellêutica e Utopia. () tema dessa mesa
identidade. O tema volta a ser atual não só em redonda relaciona a mudança do conceito de
virtude da discussão do direito das minorias, mas História com a crise do pensamento modernos,
também em virtude das colocaçóes de Contardo apontando para a necessidade de recriação de um
Calligaria a respeito do Brasil. novo paradigma para o conhecimento histórico,
baseado num olhar Iremlellêutico (ou
Mauricio Monteiro (USP) Música e Músicos em desconstrutivo em relação à tradição
Millas Colollial. A música religiosa em Minas historiográfica) e utopista (dirigido para o campo
colonial foi de intensa atividade durante o século dos possíveis na História). A refundaão do conceito
XVIII e na primeira metade do século XIX. de História imitaria assim o modelo de uma certa
Usando de uma linguagem essencialmente crítica literária, reconstruindo a História a partir
européia e de um estilo predominantemente das virutualidades (ruinas) liberadas pela operação
homofônico, essa música está muito mais associada crítica e projetando a(s) História(s) que poderiam
à sua funcionalidade social do que às cruzadas ter sido e não foram.
estéticas. As categorias funcionalidade social do
que às cruzadas estéticas. As categorias envolvidas Miguel Arcanjo de Souza (UFR.JjCEFr-R.J) ()
no fazer musical eram homens (mestiços) que Comércio elltre o Rio de Jalleiro e Buellos Aires lias
estavam filiados às associações religiosas de leigos. séculos XVI e XVII. Dentre as diversas regióes que
Na irmandade de São José dos homens pardos e na Portugal e Espanha conquistaram e colonizaram na
Confraria de Santa Cecília se encontram o maior América do Sul, a região do Rio da Prata e
número desses músicos. Essa última agremiação adjacências sempre foi um ponto de contato
criou estatutos que fiscalizavam a atividade bastante intenso entre os súditos das coroas
musical; vigiava, punia e remia. A prática da portuguesa e espanhola. Neste sentido,
música se tornou tão cotidiana quanto a própria pretendemos fazer uma análise das atividades
prática do catolicismo. A linguagem dos músicos comerciais daquela região dentro de um contexto
coloniais, mesmo de caráter tonal, assumiu político-econômico que envolvia as relações
algumas características, próprias do viver em diplomáticas das coroas ibéricas. sobretudo se
colônias. observarmos os interesses econômicos das pessoas
que viviam nas cidades do Rio de Janeiro e Buenos
Maurides Batista de Macedo F. Oliveira (PUC-SP) Aires que estavamm expostas ao controle político e
AraR/laia: do Diamallte a Pecuária. A pesquisa administrativo das suas espectativas metrópoles,
pretende reconstituir a história da micro-região do que nem sempre estavam preocupadas em atender
Alto-Araguaia desde a exploração diamantífera às reivindicaçôes dos habitantes daquele eixo
(década de 20), à passagem dessa atividade para a comercial das partes meridionais da América do
agropecuana até sua definitiva implantação Sul.
(agropecuária) nas décadas de GO, 70 e XO.
Procuramos mostrar a história dos garimpos e da Miriam Lourdes Ipellizieri Luna da Silva (UFF)
agropecuária no Araguaia como atividades Represe/ltatividade Nacio/lal e Utopia. //111 Erelllplo:
econômicas que refletem o contexto SOCIO- as cones ponuguesas dos séculos XIII e XlV.
econômico de guias nas décadas em estudo e que Resultantes das tranformaç<)es sofridas pela antiga
se apresentam através desse período como um Curia Regia ao longo da segunda metade do século
processo heterogêneo: tanto pela diversidade de XIII, as Cortes Portuguesas, mais que uma
regimes e relações de trabalho, que existiram e instituição jurídica devem ser entendidas e
Programa e Resumos 119

estudadas como uma instituição política. desnecessária" 101 construída sem respaldo
Reunindo-se a cada vez que os interesses da realiza científico histórico.
determinassem visto nunca ter tido um
Regimento -, concernia a aquela última, por Modesto Florenzano (USP). O Debate Burke-
direito, convocá-Ias. A partir de 1254, foram Pail/e: cOl/servadorismo e radicalismo /lO interior do
compostas por memhros dos três estados - clero, liberalismo? As Refle.xões sobre a Revolução em
nobreza e povo - que, embalados pela utopia da França (1790) de Edmund Burke e Os Direitos do
representatividade nacional, ouviam, discutiam, Homem (1791-2) de Thomas Paine são de longe, os
propunham mudanças, formulavam pedidos. Ao mais importantes, entre os numerosos, textos
rei, sua figura principal e centro das decisôes, cabia políticos que o impacto da Revolução Francesa
responder às petiçôes conforme lhe aprouvesse, suseitou na Inglaterra na década de 1790. Ambos
mas sempre baixo o argumento de que assim agia tiveram pleno êxito no propósito político de atingir
em nome da justiça e do bem comum. Inseridas em e influenciar suas respectivas audiências: a
o contexto de um Estado que nascia e se aristocraeia e o povo. Ambos foram o mais longe
organizava, as Cortes dos séculos XIII e XIV, em possível em termos de defesa e condenação da
Portugal, acompanham a sua evolução, destacando- "Constituição" Inglesa à luz da Revolução
se como um espaço de debate, fomentador de Francesa. Ambos revelaram-se dois publicistas de
idéias e criador de fatos, dinâmico como o país que gênio e eclipsaram tudo o mais que na Inglaterra se
julgava retratar. escreveu contra e a favor da constituição inglesa e
da Revolução Francesa. Ambos ostentam visões
Miriam Moreira Leite (USP) Utopia Educaciol/al antagônicas sobre o homem, a política, a história, a
de Maria Lacerda de Moura. Rediscutir-se-á a moral e a religião. E no entanto, há um aspecto em
Utopia Educaciol/al de Maria Lacerda de Moura que ambos teriam permanecido no nH.:smo terreno:
(1887-1945), recuperada dessa década de vinte o da economia (de mercado). Será ele suficiente
prolífica em utopias de maior e menor impacto. para, como querem alguns, considerar que tanto
Como grande parte das formas de imaginário Burke quanto Paine pertencem, não obstante, os
coletivo, essa utopia caracterizou-se pelo seus respectivos conservadorismo e radicalismo -ao
racionalismo, pelo voluntarismo e pelo campo do liberalismo?
cientificismo. Não supunha uma ruptura da ordem
estabelecida, mas era um projeto alternativo, que Moysés Kuhlmann Jr. (UNESP-Araraquara) As
procurava se desenvolver em oposição à sociedade Exposições UI/iversais e li Utopia do COl/trole
em que viviam seus participantes. Implicava numa Social. As exposições internacionais, além da
confiança acrítica na educação, que buscava formas produção econômica, deram um destaque
não reprodutoras da sociedade capitalista- privilegiado à exibição de propostas e IIllCtatlvas
industrialista que desagua sempre na guerra entre voltadas para uma idealização das relações sociais,
nações. Numa comunidade de iguais, sem visando especialmente a população pobre a
diferenças entre proprietário e mão-de-obra, entre trabalhadora. São difundidas medidas consideradas
o trabalho intelectual e manual, entre homem e apropriadas a um padrão "moderno", adequadas ao
mulher - superando hierarquias e a dicotomia entre capitalismo industrial c à vida urbana, compatíveis
o público e o privado, preparar-se-ia a geração com a imagem do progresso, configurando uma
futura dedicada ao trabalho e ao bem coletivo. utopia do controle social. Essas propostas podem
ser identificadas na forma de organização das
Miridan Britto Knox (UFRJ) Utopia X História: A exposiçôes, tanto na classificação em grupos -
COl/st11lçâo da Escravidâo Bral/da 110 Serlâo do como o de Economia Social quanto na
Piauí. Este trabalho, fruto de pesquisas em vasta organização espacial dos eventos onde a
documentação em Arquivos e Bibliotecas no Piauí distribuição dos diferentes lugares representa uma
e do Rio de Janeiro pretende ser uma síntese das perspectiva de manulenção da ordem sociaL
idéias da minha tese de Doutorado na USP sob a
orientação de Maria Luiza Marcílio. Os princípios Muza Clara Chavez Velasquez ver Marcelo Badaró
básicos que nortearam o trabalho foi a Maltos
comprovação de uma escravidão com
especificidades demográficas específicas, com Nair Leite Ribeiro Nassarala (Univ. do Sagrado
grande proporção de mulheres e crianças, fruto de Coração) Cotidiallo: Memórias de Bril/cadeiras.
diferente organização do trabalho e condiçôes Reconstrução etnográfica das brincadeiras
sociais que marcaram o "sertão". A utopia de uma folclóricas de Bauru e trabalho histórico de
"escravidão mais branda" ou de uma "escravidão reconstrução do cotidiano de cidadãos bauruenses,
120 XVII Simpósio Naciol/al de História

através de depoimentos de pessoas (homens e ambiguidades da temática nacional e da "cultura


mulheres), que tem hoje mais de (,0 LInus e que auditiva" redundaram no anonimato de alguns
passaram sua infância em Bauru, eis um resumo do homens de letras (Sousândrade e Qorpo Santo) e,
que foi trabalhado em termos teóricos e práticos por outro lado, consagraram as recepção de
com professores de História da rede estadual de Alencar, Macedo c (Jonc,:alves Dias.
ensino. Conseguimos com isso resgatar através da
memória parcelas da História da cidade no início Ney Moraes Filh" (PUC-SP) Uso de reclIrsos
do século (década de 20, 30 e 40). (//ulio l'iSlI ais 1/(1 c/lsil/o de' His/ória. Esta
comunicaçã() vai tratar de temas relacionados com
Nasr Fayad Chaul (UFG) Goiâl/ia: a lItopia do as propostas escolannvistas para a utilização em
progresso /Ia marcha para o Oeste. A construç;i(l de classe de recursos audiovisuais, a partir das
Goiânia, simbolizou, no boj(l das transformaçúes primeiras décadas do séuclo XX, articulando
dos anos 30, um ideal político, uma estratégia de discursos e práticas cducacionais tendo cm vista a
poder de Pedro Ludovico Teixeira, I nter"entor formação disciplinar e moral de um I/m'o homem,
Federal, e serviu de espinha dorsal para todas as adaptado à socicdade racionalmente organizada.
discussôes político-partidárias da época. A idéia de Visando a produção de um novo modo de
mudança da Capital foi uma handeira empunhada relacionar-se com as formas de percepção, os
como argumento, defendida como necessidade, e~colanovista!'> elahoraram e aplicaram técnicas de
posta como anseio de um povo, requisitada como ensino por mcio de audiovisuais pretcndendo
fundamento e representatividade de um Estado educar () scntido da Vlsao, padronizar as
carente de uma capital à altura de seu pretendido sensihilidades e acuidadcs dos alunos. As questôes
salto político-econômico. Feita um nome do tratadas nesta comuniC<I~·ün fazem parte de nossa
progresso, da esperança e do pretenso "novo", di!o,sertação de mestrado. em elahoraç,io junto à
traduziu-se na utopia do povo de um lugar nos anos PUC-SP, soh a orientaçúo de Maria Antonieta
30. Foi (l espelho que melhor refletiu os ideais Martinez Antonacci.
preconizados por Vargas na "Marcha para o
Oeste", foi a arquitetura dos anos 30 concn:tizada Nicélio César TOl1elli (lJ ERJ) A QI/estelo do Acre e
em pleno Centro Oeste do país, o contraponto a Imprel/sa Carioca (/898-/903). A "Questão
mais radical edificado contra o passado deposto Acreana", litígio fronteiriço entre o Brasil c a
pelo movimento de 30. Bolívia, foi tema de grande importância no cenário
político que se travou cm torno da política exterior
Neli Marcia Ferreira (EEPSG ProL Tarcisio hrasileira. Visto ser o Rio de Janeiro capital
Alvares Lobo) O AlDB da FrC/..,'IleSÚI do (J: eS/lIdo nacional, significativos órgãos da imprensa carioca
da participação polí/ica 1/0 cOI//ex/o lIr/Jal/o. O como o ]ofl/a/ do COII/mcrcio, a Gaze/a de Notícias,
projeto de pesquisa em curso trata do estudo da O Paiz. n Correio tia Mal/lul e A Imprel/sa se
trajetória política do Diretório Distrital do posicionaram de m(ldo bastante enfático diante do
Movimento Democrático Brasileiro (MDB) de descnrolar do litígio, respaldando ou não a política
Nossa Senhora do Ó (São Paulo, Capital) no governamental , apresentando críticas, ressalvas e
período de 1975/19HO, e pretende demonstrar a sugestôes. A an,ílise das distintas posturas da
especificidade de sua atuação no trabalho. imprensa carioca se constitui na preocupação
central deste trabalho cujo intuito maIor é
Nelson Schapochnik (UNESP) A Utopia da Grallde demonstrar, ao contrário das afirmaôes da
Li/era/lira: cOl/sagração, dissol/âl/cia e al/ima/o I/a historiografia oficialista, que a imprensa não foi
li/era/lira româ/l/ica brasileira. A atuação dos unânime na defesa do "direito brasileiro ao Acre".
homens de letras românticas se insere em um
quadro marcado por um desejo de corroborar, no Nicélio César Tonelli (lJ ER.J) Vel/ezl/ela e SimólI
plano da produção simbólica, com o processo de Bolívar: o culto ao herói oClIlto. Considerado o "Pai
emancipação política. Este ajustamento parece ter da Pátria" na Venezuela, Similn Bolívar tem sido
deixado cicatrizes profundas tanto na produç,io cultuado e quase santificado por todo o país. Este
literária quanto na recepção destas obra!'>. Ao se culto, patrocinado por diferentes inslltlllçocS
converter em critério temático para a produçún governamentais com interesses bem delineados, se
literária do período, como também para a seleção desenvolveu em momentos muito específicos: IH42
c organização das histórias literárias, o canto da (translado dos restos mortais de Bolívar da
nacionalidade obliterou projetos de Colômbia para a Venezuela), lXi-!3 (centenário de
experimentação de caráter eminentemente nascimento), lIJ30 (eentenário de morte), 1942
estético. As tentativas de romper com as (centenário de translado) e ]1).1{3 (bicentenário de
Programa (' Resumos 121

nascimento). A proposta do presente trabalho é Nicozina Maria Campos (Jontijo (UFMS) ()


demonstrar de que modo se manifesta este culto no "Eldorado" I1/atol!1'Osse/lsc: Poxoréo. () objetivo do
cotidiano dos venezuelanos, salientando-se as presente trahalho é proceder a uma análise
distorçôes da imagem do "herói", as quais se histórica da exploração de diamantes el11 Poxoréo,
inserem em eontextos de crise sócio-cconôm ica c município situado a sudeste do Estado de Mato
polítiea e de busea de uma identidade nacional que Grosso, Brasil, esclarendo o proeesso de formação
sirva de amortecedor dos connitos int rínsecos ao e seus problemas de infra-estrutura do núcleo de
sistema capitalista vigente na Venezuela. garimpeiros nesta regiiio. Ao mesmo tempo, tenta-
se procurar uma resposta para o porquê da idéia
Nicélio César Tonelli (UFRJ) () boicotc do "eldorado", ou da riqueza fáeil, atrair uma
i/ltemacio/la! e as perspectivas da Rel"Oll/(.;iío grande leva de nordestinos, sobretudo na déeada
Cuba/la. A queda do muro dc Bcrlim e as rápidas de 40.
transformaçôcs ocorridas nos países da Europa
Oriental, tendo em vista o grande impacto Nilson (;hirardello (UNESP) A Tral/.\járll/açiío do
provoeado no mundo. trouxeram. também, para url}(IIl0 /lO espaço plÍlJIico: a praça IIIlIllicipal ele
Cuba importantes questiíes que não estavam na Balln/. O objetivo deste trabalho é analisar a
pauta d() Pcc. O fim do auxílio soviético. a perda transformação de um espaço púhlieo, central e
de aliados e o crescente boicote econômico vital, localizado na cidade de Bauru. que sofre
internacional não só criam problcmas cotidianos drástica intervenção modernizadora no começo do
para o conjunto da sociedade cubana (falta de século XX. Essa transformar;ão se manifesta
alimentos, matérias-primas, etc.), mas. em especial. c1aramentL: nas formas de apropriaçün do espaço,
provocam discussôes sobre as perspectivas futuras eminentemente sacro, destinado a uma capela e
da Revolução Cubana. Assim, visamos abordar os seu largo, no século XIX, transfigurando na prar;a
problemas mencionados e os possíveis rumos do municipal do século XX, símholo da nova ordem
governo de Fidcl Castro, sabendo-se que () país se republicana c do prestígi() das atividades sociais e
encontra cada vez mais isolado no contexto políticas locais. Estas. representaçiies na própria
mundial. constituição física do recém cOBstruído espaço
público, c SL:U entorno.
Nicolau Sevcenko (USP) Vórlice de Projcçáes
Eróticas: Siío Paulo 1914-30. Como parte da Nisia Trindade e Nara Britto (FIOCRUZ) Ciêllcia
urbanização particularmente acelerada de São e COIl.\"In/(âo da Naciollalidat/e: a call1pllllha do
Paulo, ocorrem ao mesmo tempo uma sallClllllellto n/ral. () trahalho a ser apresentado
intensificação dos ritmos tanto nos meios de pretende examinar algumas questl)eS suseitadas ao
transporte quant() nos de comunicação. Niio sú longo do desenvolvimento du projeto "A Trajetúria
ambos esses meios se multiplicam e se diferenciam. da Liga Prú Saneamento do Brasil: Concepçôes,
como passam a instituir uma nova percepç,io do Propostas e Atuaç,io Política (I ()JK- 1')20)"
espaço e do tempo. No âmbito das comunicaçôes realizado na Casa de Oswaldo Cruz/FIOCRUZ.
não só surgem inúmeros novos jornais e revistas. Seu principal ohjetivo é focalizar a concL:pção de
assinalados por uma nítida ênfase sobre uma ciência c o papel atribuído à Higiene na proposta
abundância de imagens artísticas e fotográficas, de construção da nacionalidade formulada por
como se abrem também as dimensôes em polgantes médicos e intelectuais participantes da eampanha
do cinema e da indústria fonográfica, convertendo pelo saneamento do Brasil. Identificando o quadro
instantaneamente Icgiôes de aficionados. Por trás de endemias do interior conw o mais grave
desses am pIos fenômenos de massas, de alcancc problema nacional c atribuindo à melhoria das
cultural e psicológico, se rede finem os imaginários condiçôes de saúde um papel chave na afirmação
das populações agora submetidas ao bombanleio d" Brasil como nação, os defensores do
cotidiano de imagens estereotipadas, que procuram saneamento rural entendiam o movimento como
configurar uma suposta alma da nova cidade. Esse corolário da tradiçiio do Instituto Oswaldo Cruz e
núcleo simbólico deveria represcntar a fonte das suas expediçóes científicas realizadas entre os anos
energias de que se nutre o dinamismo da urbs, mas de 19 II L: l')j 2. Mais do que proposiçôes
deveria também revelar o seu limiar de especificamente relacionadas à resoluçôes do
transcendência. Dos elementos heterogêneos que problema repesentado pelas endemias, os
se cruzam no vértice dessa bifurcação, seriam defensores do saneamento rural idealizavam uma
criados os repertórios simbólicos destinados à nova ordem social, em que a racionalidade
mobilização política dos grupos sociais. científica deveria se constituir na base de uma nova
ordem em que a ral.áo pn;valecessc sobre os
impulsos, instintos c emoçôes.
122 XVIl Simpósio Nacional de História

Niuvenius Junqueira Paoli (UNICAMP) pressõcs e restnçao às c1asscs suhordinadas que,


lnstitucionalização da pesquisa educacional: o por sua vez, acionam mecanismos de resistência. ()
Centro de Pesquisas Educacionais de São Paulo. medida que a nova luz se expande, ambientes
Nesta comunicação apresentarcmos um diversificam-se o tcmpo noturno tem
mapeamento das atividades de "pesquisa empírica e aproveitamento ampliado, vencendo a resistência
reflexão crítica" desenvolvida pelo Centro Regional dos costumes arraigados, expressos sobretudo nos
de Pesquisas Educacionais de São Paulo no seu escritos de cronistas de época. O processo de
primeiro período de existência (195ô-1961). Nesta transformação da noite porto-alegrense é
época, o Centro contou com pesquisas a partir de impulsionado pelos novos grupos sociais que se
um "stafP' próprio de pesquisadores organizados formam na cidade e, sohretudo, pela presença de
em duas Divisões: Pesquisas Educacionais e grandes contingentes de imigrantes na zona
Pesquisas Sociais; financiou projctos de urbana, contrariando (l objetivo da política
investigação a ele apresentados; e organizou um imigratória.
grande Simpósio sobre os Problemas Educacionais
Brasileiros, realizado em 1959. O parâmetro para o Odair da Cruz Paiva (UNICAMP) A Secretaria da
delineamento do mapa será a proposição de Agricultura e a Colonização Oficial no Litoral Sul e
questões que possam dar condições de análise Vale do Ribeira de 19uapc 1930- 1945. No discurso
dessa produção intelectual procurando perceber os oficial, encontramos o processo de colonização
seus diversos sentidos naqucle dado momento ligado, desde o seu início às necessidades de
histórico. distanciamento dos centros urbanos através do
encaminhamento dos "sem trahalho" para o meio
Noé Freire Sandes (UFGO) Naçüo e Utopia: rural; às preocupações de caráter eugênico, onde as
Monteiro Lobato - De Umpês ao Sítio do Picapau- áreas de colonização serviriam de instrumento de
Amarelo. A construção da nação envolve uma depuração da raça; às preocupaçóes sobre a
diversidade de fatores que se entrecruzam ao criar necessidade do fomento ao pequeno produtor dada
na consciência coletiva a idéia de pertencimento do a paulatina redução da produção do café e o
homem à terra e a sua gente. A nação ganha uma consequente questionamento do modelo agro-
dimensão utópica como enunciação de um projeto exportador. Estes elementos explicitavam
capaz de produzir um sentimento de solidariedade determinadas demandas do Estado no período às
que homogeniza, agrega e dá sentido ao viver quais a colonização era chamada a dar respostas.
coletivo. Esta dimensão utópica percorre uma Uma das preocupações centrais deste estudo foi o
direção temporal que unifica passado, presente e entendimento da colonização enquanto uma
futuro grando um "sentido explicativo" (histórico e dimensão constitutiva da política agrária naquele
mítico) do processo vivido pela coletividade. período e a desmistificação do discurso explicativo
Encontramos na obra de Monteiro Lobato oficial para a mesma. Neste sentido, o
elementos representativos desta elaboração utópica desevendamento dos interesses que levaram a
que ora designamos de consciência nacional. O Secretaria da Agricultura a proceder aquele
confronto entre Urupês e o Sítio do Picapau reordenamento fundiário levou-nos à sua ligação
Amarelo é um registro fundamental dos impasses direta com os interesses do capital bananicultor
de intelectualidade brasileira na construção da que se implantava concomitantemente na região.
idéia de nação, na primeira metade do século.
Odaléa da Conceição Deniz Bianchini (UFRJ) Os
Norby Margoth Andrade Alvarez (UNESP-Assis) Primórdios da Exploração da Erva-mate no Novo
Os indígenas de Nariiío e o contexto colonial da Mundo: Uma Avaliação Histórica. Este trabalho
Nova Granada. Este estudo se apresenta como prende-se ao estudo da exploração ervateira, nos
uma abordagem histórico, específico sobre a seus primórdios, ocorrida no Novo Mundo, que
realidade SOCIO-economlca das comunidades mais tarde, no século XIX. seria iniciada no sul de
indígenas nos Andes do Sul, da Colômbia. Com Mato Grosso. Poder-se-à ver que aquela
isto se pretende divulgar as lutas dos indígenas exploração envolveu não só elementos laicos, como
daquela região pela posse da terra com o objetivo também religiosos, representados. principalmente,
de sobreviver, pois a terra para eles constitue-se na pelos padres Jesuítas. Através da exploração
essência de sua existência. ervateira, mostrar-se-à como os espanhóis
conseguiram, temporariamente, expandir suas
Núncia Santoro de Constantino (PUC-RS) Porto fronteiras, graças à organização das reduções
Alegre na noite iluminada. As transformações pelas Jesuíticas, penetrando em território longínquos,
quais passa a cidade no final do século XIX (hoje sul de Mato Grosso), auxiliados pela mão-de-
antigem formas de sociabilidade, desencandeando
Programa e Resumos /23

obra indígena, representada principalmente, pelos social no Brasil Colônia. Publicou-se em lnx a
índios Guarani. Por outro lado, tomando-se por primeira edição do Compêndio Narrativo do
parâmetros os imaginários laico e religioso, ver-se- Peregrino da América, onde o autor, Nuno Marques
à também, o grau da mentalidade com que os Pereira, descreve e comenta a sociedade colonial
europeus recém chegados viam as coisas do Novo brasileira. Pretendemos demonstrar nesta
Mundo. comunicação, que a utopia de que o Paraíso
terreno encontrava-se no Brasil foi deslocada no
Olga Brites (PUC-SP) Imagens da Infância em São Compêndio ... para o plano celeste sob a forma de
Paulo, {//IOS 50. Este trabalho discute imagens da um Reino cristão-católico. E que a imagem
infância na cidade de São Paulo nos 50, período de apresentada por Nuno Marques Pereira deste reino
grande expansão industrial, também marcado pelas é semelhante se não igual a das sociedades
comemorações do Quarto Centenário da cidade e européias de monarquia absoluta.
pela criação de novas memórias sobre seu trajeto.
Ele trabalha com grandes revistas nacionais, como Patrícia Maria Melo Sampaio (Universidade do
Cntzeiro e Manchete, materiais de propaganda de Amazonas) Sel/hores e í"dios I/a Amazôl/ia do
grandes indutsrias (Nestlé e Johnsnn, p. ex.) e Século x/X. Pesquisas recentes afirmam que, no
órgãos governamentais que construíram imagens Brasil do século XIX, e questão indígena desloca-
da infância (saudável, integrada na família, se, de forma gradativa, do problema da
participando do incentivo ao consumo) na cidade, escravização para transformar-se em uma questão
reforçando argumentos presentes na sociedade de terras. Chamam a atenção também para a
brasileira desde o início do século XX. A pesquisa existência de exceções regionais. A Amazônia
explora dimensões das relações entre cidade e constitui-se, neste momento, em uma das mais
criança, realçando a importância da última na evidentes exceções. A questão da incorporação e
constituição daquele espaço social. controle da mão-de-obra indígena persiste na
região ao longo de todo o século XIX, através da
Oswaldo Munteal Filho (PUC-RJ) A Utopia liberal recriação de práticas de tipo colonial que alcançam
da Academia Real das Ciências de Lisboa na crise até mesmo, () início do século XX. A criação dos
do Antigo Sistema luso-brasileiro. Pretende-se Corpos de Trabalhadores em lX3~, a implantação
enfocar as conexões entre a visão do mundo das Diretorias Parciais de Índios em IX45 e sua
ilutsrado-naturalista da Academia Real das permanência. apesar de sua extinção oficial em
Ciências de Lisboa, corporificada na produção 1866, são alguns dos elementos que nos permitem
memorialista de sua primeira geração (1779-1XI5), avaliar o peso e a importância da mão-de-Obra
e as estratégias de superação da crise econômica e indígena para a Amazônia. Além dos textos legais,
diplomática do final do consulado pombalino. Nos os relatos de época também se configuram como
propomos aqui a compreender os elementos uma importante fonte para o estudo desta
constitutivos desta cultura ilustrada e das propostas problemática na Amazônia.
de eliminação do isolamento científico e atraso
econômico de Portugal, formuladas pelo sub-grupo Paula Ester Janovitch (PUC-SP) No Tempo de
ilustrado da Academia vinculado à reflexão sobre a Pommery ou os ObsC/lros Desejos de lima Cidade
história natural. Essa vertente do reformismo em Crescimel/to. A comunicação pretende abordar
ilustrado português, formada por cientistas e/ou a obra literária i\1adame Pommel)' de Hilário
membros do grupo dirigente luso pós-pombalino, Tácito, publicada em 1')20 pela Ed. do Brasil cm
sugeriu reformas para um melhor uso das sua relação com o crescimento urbano da cidade
"produções naturais" das colônias, sobretudo do de São Paulo. Madame Pommery é uma obra que
Brasil. Aqui, o pensamento econômico dos sócios nos dá a possibilidade de analisarmos as várias
da Academia encontrou tomadas de consciência da faces das transformaçôes culturais, sociais c
crise ajustadas às necessiades do Império luso- espaciais que ocorriam na cidade de São Paulo nas
brasileiro, principalmente pela atuação dos sócios- primeiras décadas do nosso século.
correpondentes moradores do Brasil. Acoplado à
essas reflexões, as autoridades metropolitanas Paulete Maria Cunha dos Santos (UFSC) O
redefiniam os mecanismos de extração do Interesse do Poder Público na Modemização da
exclusivo: o primado da circulação cedia espaço Agricultura. Este estudo busca visualizar. em
para o da produção. Palotina, Estado do Paraná. na década de 70. o
interesse do poder público em tornar relevante
Patricia Albano Maia (USP) O Paraíso Celeste e alguns selores da iniciativa privada, como por
sua Imagem para a Manutenção da Ordem Po/ítico- exemplo () cultivo da terra c as implicações sociais
124 XVII Simpósio Naciol/al de História

que acarretou. Através de fontes impressas como mais ampla, profunda e significativa: a construção
jornais e revistas percebe-se a construção de um da memória bandeirantl:. Quando Taunay pensava
discurso que enaltecia a modernização da que fazia história, por amparar-se exaustivamente
agricultura palotinense. A constituição desse em documentos, na realidade fazia história-
discurso e as implicaçôes sociais decorrentes, são memória. Por ter como preocupação primordial a
os objetos deste trabalho. l:xtração da verdade histórica do documento
verdadeiro, por desejar a recuperação integral do
Paulo Bertran Wirth Chaibub (PUe-CiO) Éco- que foi, termina por mitificar lugares, eventos e
História e Topollimia Regiollal. Éco-História ou personagens. O rio Tietê foi o lugar, o veículo por
ecologia histórica é uma vertente disciplinar com excelência da penetração no interior; as expedições
diversas aplicações em história regional, à exemplo desbravadoras do sertão (bandeiras) são {) exemplo
do que lizeram Croneon e Crosby na Inglaterra e da batalha da construção territorial; os
Estados Unidos. Em suas pesquisas Paulo Bertran, protagonistas destes eventos (os bandeirantes) são
introdutor do conceito no país (Ciêllcia Hoje, os heróis que contra tudo lutam antecipando as
1989), utiliza-se de velhos estudos de toponímia glórias da nação.
como elementos novos para a informação da Éco-
História - no caso do Distrito Federal - fazendo Paulo Donizeti Siepierski (UFPE) História e
recurso à etimologia para a interpretação do seu Utopia lUIS Sociedades Emergentes. O iluminismo se
meio ambiente natural ao tempo da colonização no caracterizou pela ênfase nos aspectos utópicos e
século XVIII. leleológico da história. Afirmando sua crença na
razão, ele vaticinou que o progresso téenico-
Paulo Cavalcante de Oliveira Junior (UFRJ) científico levaria a humanidade ü uma situação de
Balldeirallte: o herói em qllestão. O bandeirante é fruição. Enquanto o marxismo se beneficiava da
um personagem bastante controverso da história física social positiva para a concepção dialética da
colonial brasileira. Qual foi efetivamente o história, tendo como paradigma a produção e como
resultado da sua ação? A configuração aproximada sujeito o proletário, visando a transformação da
do atual território ou o assassinato e escravização realidade pela consciência e prática em busca de
de milhares de indígenas? Dependendo da opção uma sociedade sem classes, () liberalismo
escolhida teremos o herói ou o vilão. A maior parte aereditava que o progresso moral levaria ao
do!' eruditos e historiadores de São Paulo eolonial respeito às liberdades e que a ampliação da
que construíram o tema das Bandeiras escolheram dignidade acarretaria a busca da igualdade. Hoje,
a primeira opção. O herói deve reunir um amplo diante do fraeasso do comunismo, neo-liheralismo
espectro de atributos positivos, deve incumbir-se de se arvora como o verdadeiro realizador das
tarefas realmente desafiadoras, deve superá-Ias aspiraçôes iluministas, apontando a sociedade neo-
com bravura e distinção. Dessa forma, o herói liberal das democracias ocidentais desenvolvidas
bandeirante desenvolveu apções civilizadoras, foi como o processo final da evolução social c,
um bravo aventureiro no Novo Mundo, perseguiu a consequentemente, o fim da utopia c da teologia na
riqueza que a todos engrandeceria, construiu o história. Tal posição é falaciosa pois ignora os
território do qual tanto nos orgulhamos, etc. A desníveis econômieos e o consequente conllito
mitificação do bandeirante construída pela entre as sociedades em vias de fruição e as
historiografia acalenta e conforta mas não nos sociedades que ainda não alcançaram a satisfação
fornece o agente social, o personagem histórico, de suas necessidades. Mais ainda. o neo-liberalismo
temos apenas uma imagem idealizada com seu se esqueee que a utopia é necessária para a fruição
efeito simbólico. e integração humana, conforme apregoado pelo
próprio iluminismo. Assim, a tarefa da história nas
Paulo Cavalcante de Oliveira Junior (UFRJ) sociedades em vias de acenos do falso progresso
Affollso d'E. Tallllay: Revisiollista Histórico 011 euro-americano e promover o ressurgimento das
COllstnttor de Memón'a? O historiador José utopias como necessidade essencial para as
Honório Rodrigues, em vários momentos, referiu- sociedades emergentes.
se a Affonso d'Escragnolle Taunay como legítimo
representante de uma tendência que chamou Paulo Douglas Barsoui (HiV jFund. Santo André)
"revisionismo histórico". Consideramos que a A Deten1lil/ação OI/to-Negativa da Política em
produção historiográlica de Taunay, em especial Marx. A necessidade do resgate da determinação
aquela vinculada ao tema das Bandeiras, não onto-negativa da política em Marx, é
constituiu um esforço de revisão factual. Na absolutamente significativo para a compreensão de
realidade, ela eorresponde a uma empresa muito toda a trajetória do movimenlo do trabalho após a
Programa e Resllmos 125

sua morte. Sua concepção política foi a partir da 11 disciplinares que procuram contralar suas
Internacional simplesmente ignorada ou adulterada resistências e movimentos sociais.
através de "complementaçôes" ou "reformas", que
obedeciam as demandas deste ou daquele setor da Paulo Henrique MartinCi' (Escola de Sociologia e
esquerda. Resgatar as principais detcrminaçôes da Política) Caio Prado JIII/ior e () Socialismo Real. A
concepção política de Marx - que é, desde logo, partir da leitura de duas obras de Caio Prado .Ir.
crítica da política - nos remete a sua genêse em voltadas exclusivamcnte para o problema da
1R43/44, momento de ruptura crítica e acerto de realização do Socialismo, URSS: 11m Novo MIII/do
contas com as concepçôes dos tempos da Gazeta (1934) e () MIII/do do Socialismo (1962), este
ReI/aI/a. A natureza alienada e limitada da política trabalho tem como objetivo: I) Contribuir para a
c do estado, bem como os indicativos para a sua História da formaçã(l do pensamento político de
superação, são desvendados nos trabalhos esquerda no Brasil. 2) Apreender as formas de
publicados nos Anais Franco-Alemães de IR43, e assimilação da Revolução Russa e da URSS no
desdobrados em dois outros textos, invariavelmente desenvolvimento da esquerda brasileira. Pensador
"esquecidos" ou ignorados, as "Glosas Críticas marxista pioneiro ("intdcctual revolucionário",
Marginais" ao artigo O Rei da Prússia e a Reforma introdutor do materiaíismo histórico e da luta de
Social. Por um Prussiano: (I e lI) publicados n(l classes" na análise da FI istória do Brasil), Caio
Vonviil1s. Neles encontramos uma crítica violenta e Prado Júnior revda. em suas ohras. a imagem do
uma denúncia violenta da parcialidade e limites do Socialismo como passagem para "um novo mundo"
entendimento e da prática política para a resolução (1'>34) para, 2X anos depois, expressá-lo como "um
dos problemas sociais. Trazer a tona estas outro mundo" ( 11)(,2).
queslôes, centrando-nos basicamente nestes
artigos, inéditos em língua portuguesa, constitui a Paulos Knauss de Mendonça (UFF) A Fral/ça
finalidade desta com unicação. AI/tártica e mas Utopias. O movimento de
ocupação do Novo Mundo, no início da época
Paulo Fernando de Souza Campos (Univ. Fed. Moderna, favoreceu a renexão sobre um mlll/do
Maringá) Trabalho Urbal/o e Disciplil/a. () estllda alterl/ativo, permitindo a atualização de referências
de lima poplllação asilar I/a década de 80. O culturais européias instauradoras de novas utopias.
objetivo desta comunicação é apresentar alguns O evento da França antártica, ou seja, a tentativa
resultados da pesquisa em andamento que de ocupação francesa, na haía de Guanabara, em
problematiza as rclaçôes que se estabelecem entre meados do século XVI, ilustra esse esforço de
a sociedade do trabalho e "loucura", em uma região construção de uma rmlidade alte/1/ativa possível.
de povoamento com características urbanas No interior do estahelecimento colonial francês na
recentes do Norte do Paraná, procurando baía de Guanabara confrontaram-se diferentes
compreender os mecanismos de dominação e projetos sociais para a vida européia no Novo
exploração que esquadrilha e exclui os que Mundo. Ao final, a empresa francesa seria
escapam aos padrôes comportamentais desejáveis derrotado pela ação das forças militares e
ao ritmo de produção capitalista. Com base portuguesas.
documental definida, arrolamos aleatoriamente
uma amostra de 300 fichas nominais de pacientes e Paulo Roberto Cimó Queiroz (UFMS) As curvas
fragmentos de suas histórias pessoais do trem e os meal/dros do poder: o I/ascimel/to da
(prontuários), extraídos dos arquivos do Hospital Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (]904-/908). A
Regional do Vale do Ivai, tendo como única Noroeste do Brasil começou a ser construída em
preocupação separar os documentos daqueles Bauru (SP) em 1905, devendo dirigir-se a Cuiabá
homens c mulheres pertencentes às classes (MT). Em 1907 o ponto final foi mudado para
trabalhadoras e que deram entrada no Hospital na Corumbá (MS). Em 1914 foi concluído o treeho
década de 80. () percentual da amostra, se principal, de Bauru às margens do rio Paraguai
comparado ao total da população asilar do período (Porto Esperança). Dois aspectos chamam a
delimitado, revela um índice de 1.62%. As atenção na história dessa ferrovia: o fato de ser o
informaçôes contidas nas fichas nominais de resultado de cerca de meio século de projetos e a
paciente foram pacificadas e, com o auxílio de radical mudança do traçado aCIma referida.
"softwers", transformadas em gráficos que Desenvolvemos nossa pesqUIsa como uma
demonstram que os números sangram, permitindo interrogação sobre o sentido dessa construção e o
a inferência de que as classes trabalhadoras modo como ela se inseriu no contexto da época. A
continuam sendo alvos visados de tecnologias bibliografia, majoritariamente, conferia à
construção um sentido político-estratégico: uma
126 XVll Simpósio Nacional de História

vertente menor ligava a obra a interesses sujeitados a uma autoridade direta. O rótulo de
imperialistas situados em Mato Grosso e no vadios, na maioria dos casos, parece ter sido
Sudeste brasileiro. No decorrer do estudo dirigido aos que não obedeciam as regras vigentes
verificamos que a construção da ferrovia refletiu, de dependência pessoal. Eram homens sem
de fato, os impasses e dilemas vividos pela elite governo, servidores de ninguém, assim "constituíam
dirigente do país na época. Ela evidenciou por um anomalias, um elemento potencial de dissoluação
lado os temores das elites quanto à estabilidade de da sociedade" (Hill, 1987:(5). A Federação, jornal
seu regime de dominação (ameaçado por republicano, pode ser utilizado para ilustrar as
movimentos separatistas e por perspectivas de visões, imagens e expectativas (regras de conduta)
alLeraçãono equilíbrio internacional de poder na das elites locais com relação as classes populares,
região platina) e, por outro, a obsessão pelo na década de 1880.
moderno, que elegia as ferrovias como símbolo
máximo do progresso. Pedro Marcelo Pasche de Campos (UFF) A
Inquisição e a NOnJwtização da Fé: U11l estuda dc
Paulo Roberto Ribeiro Fontes (UNICAMP) O caso. A Igreja católica, dentro de seu esforço
Novo Olha Para Trás: a História como arma nas homogeneizador e aplainador de culturas,
di!JjJutas sindicais no início dos anos oitcnta. O final mentalidades e práticas sociais e religiosas, teve na
da década de 70 foi marcado pela entrada dos I nq uisição um poderoso instrumento. O Santo
trabalhadores na cena política brasileira após Ofício e a vida de redução da massa dos fiéis
vários anos de ditadura. A eclosão de dezenas de católicos a parâmetros comuns de atitudes e
greves e mobilizações sociais em todo o país crenças. Redução esta que, por sua vez, era
alLerava os rumos da "abertura lenta, segura e orientada no sentido de normatizar os fiéis, de
gradual" levada a cabo pelo regime militar. Neste modo a produzir um tipo ideal de crente - situado
processo, o movimento sindical assume um papel dentro das normas de conduta e religião da Igreja.
significativo e de ponta no conjunto das Aqui, analisam-se casos que mostram uma etapa
mobilizações sociais do período. Este trabalho dessc processo normatizador, através da repressão
procura compreender melhor as raízes do "Novo Inquisitorial às práticas religiosas não ortodoxas. O
Sindicalismo", evitando as contra-posiçôes Santo Ofício reprime a bruxaria e a feitiçaria pelo
simplistas e ahistóricas entre "novo" e "velho" desvio em relação à norma da ortodoxia que tais
movimento sindical, como mostram os novos práticas representam. Por lim, uma análise de caso:
estudos e pesquisas. Além disso, procura enfatizar a questão da magia e da fcitiçaria na visitação
do discurso histórico nas disputas sindicais no fim inquisitorial ao Grão-Pará c Maranhão (1763-
dos anos 70 e início dos 80. 17(1).

Paulo Roberto Staudt Moreira (Arquivo Histórico Pedro Rubens Nei F. Vargas e Carlinda Fischer
do RS) O Direito à Preguiça X o Dever ao Trabalho: Mattos (Museu Júlio de Castilhos-SEDACjRS
os republicanos e a cOllStmçãos dos "Iibcltos Museu de COlllun. Hipólito da Costa) Nova
depcndcnles" na década de ISSO. Com a História e Nava MuscoloKia: Uma aproximação
proximidade da abolição, as elites provinciais Possível. Este texto pretende mostrar as
mostram-se atemorizadas com a possibilidade da "articulaçôes entre os diversos caminhos da
perda de controle sobre os trabalhadores, antes pesquisa histórica contemporânea (Le Goff &
presos aos laços compulsórios da escravidão. A Nora, p. 12) "e os debates e pesquisas no seio da
existência dos contratados como estágio área l11useológica. A construção de novos
intermediário entre o cativeiro e a liberdade pressupostos l11useológicos começa a ser erguida
possibilitaria a conservação dos laços de na segunda metade deste século, quando () conceito
dependência entre senhor e o ex-escravo e a de patrimônio é revisto e ampliado, "englobando-se
mobilização do Estado, no sentido de elaborar o meio ambiente, o saber e o artefato" (Santos,
novas formas de controle social (como os p.ll). A oscilação fundamental, à nível
Regulamentos de Criados e a reestruturação da epistemólógico, entre a história vivida e a história
polícia). Mas forças os indivíduos ao trabalho construída, "sofrida e fahricada" (Le (,off & Nora,
regular não correspondeu unicamente a uma op. cil.), se materializa no projeto e montagem de
função econômica, ou seja, transformá-los em exposiçôes que buscam o pluralismo como base de
trabalhadores úteis, aptos a venderem sua força-de- um processo de identificação. Às identidades
trabalho. Era também produto do temor do povo étnicas, de gênero, de classe, é dado costurar a
anônimo, cujos integrantes deveriam ser obrigados trama histórica com os fios de sua mcmória. Ncstc
a se inserirem em uma estrutura de poder, caso, contar a história assume contornos de rc-
Programa e ReslImos /27

significação. Este trabalho é ha~L:ad() na alegorias de Henequim ensaiavam um componente


experiêneia no trabalho diário em mu~eu~ de político que ainda pode ser res~atad(). Articulando
história. c(lnceito~ místicos inteiramente .:stranhos à
realidade du exploraçüo l11ucantilista, ek elaborou
Philomena (,ehran (UFRJ) Idolatria e uma notüvel cosmologia na qual se invertiam os
Eval/~elização: as múltiplas formas c/a c/omil/(I~·âo. laços tk dependência entre Brasil e Portugal. Mas,
A organização da invasão espanhola na América acima lk tudo, as suas rellcxões sugerem a
íoi realizada através da sistematização de prÚlicas existência de correntes utópicas assnciadas ao
repressiva~. E para melhor cumprir essa~ prútica~ a sebastianismo que começavam a remeter suas
Espanha criou os vice-reinados americanos (; esperanças para as terras do Novo Mundo.
contou com a indispensável eolahoraçã(\ da Ign:j,t
que possuia "refinados" mecanismos de controle Priscila Raucci da Mata Kobama (Rede Munieipal
ideológico sobre a populaçõo nativa. Entre lanto~, de Ensino SP) '~4 Terra I/a Primavera" - A LlIta dos
um desses mecanismos consistia na perseguição Posseiros pela Dc.\'apropri{[(.;iio e assclI(anu'II/O IIlI
religiosa ii lodos o~ hahitantes que se conservavam rcgiiio de 4l/dradillu-SP (JQ78-N84). A Luta dos
fiéis a seus antigos ídolos mitológicos. Essa posseiro~ na Fazentb Primavera Andradina - SP
idolatria era insuportável para a Nova Ordem está ligada a realidade contemporiilH:a dos homens
colonial c religiosa qll(: se queria impor nit l' mulheres no campo ~ suas relaçiies com as
América. A repressão passou a ser ulllhecida. formas de dominaçüo capitalista caracterizada pela
principalmente, no Peru como "extirpaç<io de submissiio dc diversas relações sociais com
idolatrias" e vinha, tamhém, mascarada pela especialidade c temporalidade diferenciadas,
"docilidade" dos colonizadores, como principalmente pela vida de migrante da maioria. O
evangelização. que pode se tradlllida como estudo do ml'vimento que ocorreu na Fazenda
perseguição constante, repressão, tort uras e Primavera em fins da década de 70 e início de RO,
violência. Os incas possuiam esquemas de ra/' parte da compreensiill de uma realidade
organização sócio, político, econômico e cultural específica dentro do quadw da luta pela posse da
hastante complex()~ c sofisticados. que dilicullavam terra IHl Brasil. Discutimos a transformação de
a compreensão dos espanhôis, acostumados a uma moradores suhordinados a um fazendeiro. até
forma de pensamento mais linear e simplificadora. tornarem-se protagl'nistas de um movimento
As complexas estruturas mentais criadas pelos criador de novas relações políticas, econôm ieas e
antigos eonfundiam c aumentaVam a eulturais, redciinindo sua identidade política em
incompreensão espanhola sohre os sistemas contraponto a denominaçüo exercida pelo pretenso
elahorados pela cultura incaica. Era, portanto, uma proprietürio da Fazenda, .1..1. Abdalla. Quando. dá
questão de honra para os espanhóis, acahar com o tentativa de expulsar os posseiros da fazenda e
"pecado" da idolatria incaica. transformú-Ia em pastagens, estes descohriram a
irregularidade da titulação de .1..1. Ahdalla.
Plínio Freire Gomes (USP) A Metrópole c a Entraram el11 contato com advogados, grupos da
Colol/izaçdo do Edel/: o aI/tiNO sistema colol/ial soo Igreja c dl' Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
a ótica do sa~rado. Em 1740, quase meio século Andradina. A luta pela cfetivactão do direito de
apôs a morte de Vieira, a Inquisição de Lisboa posse e autonomia produziram uma relaçüo entre a
recebeu vMias denúncias contra um homem que memória e a luta política onde a construção da
vivera nos dOl11ínio~ uItramarino~ durante vinte identidade dos moradores, enquanto posseiros,
anos. Chamava-se Pedro de Rates Henequim e, aparece coml' ekmentl' definidor para o
entre muitas outras abominações, dizia que os enfrentamento e conquista da terra. Esta
jardins do Eden foram plantados em solo identidade era () contraponto a subordinação que a
brasileiro. Acreditava tamhém que o Brasil seria situaçüo de arrendatário de J . .1. Abdalla impunha
uma ilha suspensa sobre roda~, escapando intacto à dos moradore~. A identidade construída diante das
destruição provocada pelas águas diluvianas. Esses diversas formas de atuação e relação eom a terra
privilégios tinham a sua justifieativa: para ele, a conquistada com a desapropriação da fazenda em
colônia era () local onde estaria colocado o Trono julho de I<)~O. não mediou os conllitos entre os
de Deus. Aliás, aquela remota possessüo moradore~. Esta situação. em parte. sustentou a
portuguesa (vinculada de maneira tão estreita à rearticulaçüo de forma~ de dependência política e
idéia de soberania divina) havia sido destinada a econômica baseadas num paternalismo autoritúrio
realizar as profecias do Quinto Império. Breve caraeterizado na atuação do INCRA (Instituto
chegaria o momento em que ela se converteria no Nacional de Colonízaç<io e Reforma Agrária).
reino de touos os reinos. Apesar de excêntricas, a~
128 XVIl Simpósio Naciol/al de História

Rachei Soihet (UFF) MIIllrer e História: Traietória e Raquel Glezer (USP) As Defi/liçôe.l' de Área
Atllalidade dos Estlldos 110 Brasil. Fornecer um Urba/la da Cidade de Süo Palllo. A historiografia
panorama da produção historiográlica sobre a brasileira, via de regra. quand\l tem cllmo nhjeto de
mulher no Brasil constitui-se no objdiv(l desta estudo a lerra. detem-se demoradamente na
comunicação. Nesse sentido, releva discutir questão da propriedade territorial, percorrendo a
questões ligadas à renovação teórica ao legislação que criou o sistema territorial nacional,
refinamento dos métodos e técnicas, ;1 delinindo que os prohlemas contemporüneos siio
inventividade com relação às fontes, lkstacando decorrência da t:specilicidade legal, que na prática
sua importância na recuperação da HistÍlria desses vedou o acesso à terra a maioria dos hahitantes.
segmentos. Culmina este debate Bit atualidade, Este estudo está centrado na conceituaçiio de área
com a primazia do com:cito de gêl1l:ro. Em urbana, percorrend() os textos doculllentais que
consequência, se deverá apresentar as diferentes permitiram a diferenciação dela da área rural,
dimensões focalizadas sobre a mulher ao longo do especialmente no caso da cidade de São Paulo.
tempo, desde sua abordagem soh uma Íltiea Percorremos a definição legal de lerll/o e de rossio.
masculina, restrita à sua atuação na esfera púhlica, e ;:studamos a primeira delinição de perímetro
até o advento da Nova História, particularmente. urbano. Icita at rav{;s da Décill/a UrlJ ali a .
da Históira Cultural: nesta, a emergi:ncia do Acompanham()~ a sequência de perímctro~ até a
privado e do cotidiano como foco de interesse da década de lO do pre~ente século, mostrando C.)lHO
História fazem emergir com toda força os diversos se deu o proces~(l de cre~cil11ento da área urhana
aspectos da atuação feminina. paulistana, c de COIlHl as terras púhlicas foram
sendo paulatin.lll1t:ntc apropriada!- ,: destinadas a
Raimundo Barroso Cordeiro Junior (UFPB) oulras linalidade.~.
LCRiüo Cearellse do Traballro: lima IllOpia de
sociedade il/teRral. Este trabalho 'lhjetiva analisar Raymundo Carlos Bal1lkira Camp()~ (PUC-SP)
os ekmentos constitutivos do discurso mohilizador Retrato do Brasil e Sonlro Americal/o: idéias de
da Legião Cearense do Trabalho (\I)J 1-19J7). proRresso /la obra de MO/lteiro Lo!J(l/o. Trata-se de
entidade de natureza associativa, que investiu seus trabalho no campo da histúria social da~ idéias, de
recurso!- de convencimento na organi/ação de uma leitura de e~l;fito~ lohatiano~ O~ mais diversos
trabalhadore~. Antecessora da Ação Integralista I: da elaboração de uma biografia intelectual do
Brasileira, a Legião do Trabalho se instituiu com() escritor em presário. Esta leitura, de aspectos da
alternativa política ao Liberalismo c ao vida, da~ atividades empresariais e principalmente
Comunismo, propondo a construçãll de um" da boa escrita, procurou rcter as visôes sociais,
sociedade integral e corporativa. cujas base~ de culturais e políticas de Lohato, a gênesc e as
afirmação se davam na valorização do Trabalho e transformaçóes do seu pensamento, hem como as
no reconhecimento do Trabalhador. suas idéias de modernidade e progres;,o em face d(l
atraso c estagnaç~io presentes na sociedade
Raquel de Azevedo (USP) A Imaliem tia Greve e brasileira. O desenvolvimento dessas idéias foi
do A/larqllista /lO Jomal "O Estado de Süo Palllo". pesquisado num período que praticamente coincide
Pretendo tratar, em minha exposição, da imagem com o da Primeira República, ao mesmo tempo em
do operário anarquista elaborada pelo .iornal () que se procurou entender as suas interaç(-)es com o
EI,tado de São Palllo no interior dos relatos a movimento geral da sociedade, com fraçôes da
respeito das greves de trabalhadores durantc o classe média e da hurguesia. Procuramos
pcríodo de 1927 a 1935. A qualilicação das atitudes invesligar. em especial, a simbiosc entre (l homem
grevistas apresenta-se sob a earacterizaçãll de letras c I) empresário que procurou fazer
dicotômica da greve pacífica e da greve violenta. história por meio dos seus neg(lCios.
segundo critérios que se sobrep()em aos fatos Principalmente as atividades empresariais levaram
narrado~. O papel dos agentes anarquistas nestas Lohato a desenvolver um pensamento liheral.
greves é acentuado como ameaça mais profunda à marcado pela ideologia do americanismo-fordisl11o.
ordem constituída diante da qual, justilicam-~e as que aparece claro na adesão do ./eca Tatú ao
atitudes repressivas ou mesmo a~ açôe~ de american way, ao tinal da célehre historinha.
violência arbitrária. A wnstruçiio do perigo
anarquista, de forma simultânea ao complô Regina Aída Crespo (UNESP) Alte e Política: 11m
comunista, soma-se à criminalidade da paralisação estlldo do II/llralisll/o II/exical/o. N um momento
e impedimento do trabalho nos piquetes como (l atual. em quc artistas e intclectuai~
organizados pelos operários. costumam ser catologadlls de acordo com o
"politicamente correto", e em que hú,
simultaneamente. uma descrença generalizada nos
Pro;:mma (' Rcsumo.\' 121)

princípios da chamada "arte engajada", recuperar a organizaram as atividades científicas que realizava
experiência do muralismo mexicano é fundamental. e se efetivou " profissionalizaçüo de seus
Movimento de forte apelo popular. num país recém investigadores. fatores decisivos para a solidei' e a
saído de uma revolução, o muralísmo tinha na sua continuidade institucional. O presente trabalho
própria forma de produção e divulgaçüo (a!> procura mostrar as especificidades existentes no
paredes dos edifícios oficiais) facilidade de Butantã que contrihuiram para a sua relevância
inserção junto ao público. Possuia a chancela do social e científica. em especial em São Paulo, no
Estado. na figura do ministro da cdueaçün José início d(l século.
Vasconcelo~ que. em seu projeto dc ",alvaç,ín ç
regeneração nacional", dera carta branc,j a pintores Regina Célia (;onçalves (UFPB) História Local:
como Orozco, Rivera c Siqueiros (os dois últimos Nova Metod%f.!ia do EI/sil/o de Base. Esta
ligados formalmente ao partido comunista). comunicação trata de projeto em desenvolvimento
Procurava retratar temas da cultura nacional no Núcleo de Documentação e Informação
mexicana (das festas religiosa!> ii.s tradições Histórica Regional da UFBh, que objetiva a
indígenas) com forte conotação política. numa cíaboração de materiais didáticos e a reciclagem
tentativa de arregimentar as massas num projeto do~ docentes da rêde pública de IV e 2t! graus na
simultaneamente nacionalista e revolucionário. Paraíha. A metodologia utilizada para a elaboração
Entre as questões que (l moviment(l suscita, esta dos materiais tem como ponto de partida a
comunicação objetiva trabalhar a~ seguintes: i) participaçüo direta da comunidade através de uma
nÜ(l se trata de um paradox(' uma arte série de atividades (gineana~, entrevistas,
simultaneamente revolucionária e estatal. como exposiçôes. redaç()e~ sohre história de vida)
foi-se configurando o muralismo? 2) é legítimo organizadas com a detiva colaboração do
eXigir dos movimentos artísticos e de seus município, tanto as da rêde estadual quanto os da
componentes um projeto político ou a ligaçüo municipal, na úrea urbana e no campo. A coleta de
partidária? 3) como tratar, nesse sentido. a dados é completada pelo trabalho da equipe de
oposição "arte engajada" verSl/S "arte alienada",! 4) investigação junto à~ fontes primária~ e
como compreender e avaliar o caráter didático da secundúrias. A reCiclagem dos professores é
arte engajada'! 5) finalmente, como equacionar artc compreendida como um processo contínuo, isto é.
e nacionalismo (se é que isso é realmente IJ1ICIa-S(; com a participação do docent(; na
possível)'! Na abordagem destas questões, as organização e execução das atividades de coleta de
renexões de autores como Octavio Paz, Jean informações junto à comunidade. passa pela sua
Franco e Carlos Monsiváis serão imprescindíveis. avaliação do resultado da sistematização destes
dados e é concluída com o treinamento para a
Regina Beatriz Guimarães Neto (UFMS) A utilização. em sala de aula, dos recursos didúticos
províl/cia e o artifício do progresso. Esta produzidos. O objetivo geral do projeto é, através
comunicaçüo tem como objetivo apresentar a da participaçüo dos professores, capacitá-los a
experiência social registrada pela pequena cidade transformarem-se em agentes que contribuam, com
do interior de Mato Grosso. região garimpeira, a utilização do material didático que ajudaram a
pelas décadas de 30 e 40. pretende discutir, elaborar, para a formação de uma noção de
particularmente, a pequena cidade, a corrutela do cidadania plena nas crianças e na comunidade el11
sertão, como núcleo aglutinador de uma que atuam.
determinada vida cultural, propiciadora de
disciplinas e comportamentos considerados Regina Célia Pedroso (USP) Teoria e Prática 1/0
civilizados, soeiedades do progresso. Advento da Prisiio /1O Brasil. A criação das
instituições penitenciárias no Brasil coincide com o
Regina Cândida EIIero Gualtieri Gonçalves ideal dos juristas do século XIX, de que livrariam
(FEUSP) Instit/lto B/ltantã e políticas de saúde os bons homens dos perigos que circulavam
pública. O Butantã, organizado em 1901 para visivelmente pelas ruas das grandes cidades. A
produzir soros e vacinas, tornou-se, nas primeiras pena de restrição de liberdade, a punição por
décadas do século, uma instituição de central excelência, exclui definitivamente o criminoso do
importância para a implementação das políticas de ambiente de convívio social. A utilização do
saúde pública, que visavam, principalmente, ao aparelho carcerúrio comporta uma perversidade
saneamento ambiental - condição necessária à desde a sua implantação. A meta apregoada jamais
realização do projeto de moderniz,u,-üo da foi a da recuperação do preso. Os relatos das
sociedade. Simultaneamente, desenvolveu um prisões mostra-nos que a detenção do indivíduo
projeto de pesquisa original, a partir do qual se não passava de uma forma de punição quer seJa
J30 XVII Simpósio Naciollal de História

física ou moral. Ao encarcerado tudo era m:gado, suspensão, um tempo intermediário, pedagógico e
até as mínimas condições de sobrevivência. Esse transitório. Os libertos tiveram diversas
trabalho pretende mostrar a inoperância e o expenencias da liberdade dependendo da forma
descaso dessa instituição pública - o presídio - que como a conquistaram. O intuito do trabalho é
funcionou em pról da mentalidade autoritária da reOetir sobre estas diferenças.
epóca, e vice-versa; enfocando para a criação de
lugares excludentes do mundo "civilizado". Regina Maria Rodrigues Behar (UFPB) PCB.·
Política c Cultura. A comunicação trata da política
Regina Célia Gonçalves c Regina Maria Rodrigues cultural do PCB durante o período que se estende
Behar (UFPB) Atividades Pré-Illdllstriais lia de 1945 a 195~, quando verifica-se que duas
Paraíba: o mll/ld(l do ar/esallto têxtil. Esta tendências deram o tom da orientação partidária
investigação busca identilicar. no estado da aos quadros intclectuais da agremiação. U ma, a de
Paraíba, situaçõe~ em que (I arte~anato tcxtil formação/de "frente" com outras tcndências
sobrevive ou revivc enquanto estratégia de poííticas, com enfase na "culturu nacional" e sua
sobrevivência que dá sustentação econômica a democratização, interrompida, durante os anos de
diversas comunidades. O trabalho artesanal tem maior intensidade da guerra Fria peln isolamento
conhecidas c peculiares características que () que se caracterizou pela defesa intransigente do
difcrenciam do trabalho fabril, não só no que di! realismo socialista como mélodo de criação
rcspcito a utilização dc instrumentos como no que artística e litcrúriu, voltando a vigorar d partir de
se refere a disciplina, ritmos e rigidcz dos horários 1')54 com u reorientação que se seguiu ;1 morte de
dc trabalho. Ao menos tcoricamcnte, o artesão é o Vargas. a tendência ü constituição de "frente" no
dono dos meios de produção c a ausência de uma "front" intelectual revigora-se tendo como eixo
divisão técnica do tipo capitalista que lhe permite unilicador a ideologia nacional-desenvolvimentísta.
a manutenção de um saber pcrdido pelo opcrário Durantc todo o períodt' verilica-se que a
fabril. A propósito do tema que nos proP()1110~ a orie11laçãl' dl' Partido em relação à questão
estudar - o artcsanato têxtil - ele percorreria a via cultural muda ao sahor de conjunturas c das linha~
clássica sendo absorvido pela indústria capitalista. políticas gerais que determinam tais mudanças. O
A existência de alguns trabalhos acadêmicos a vles instrumentalizador é, pois. característica
propósito da temática é indicativo de que esta pode permanente da relação entre () PCB e a eultura.
ser uma situação mais frequente do que se poderia
supor. Assim ~endo, o mapeamento dai> atividades Regin<J Wcher (UFRJ) Brasilidalll' X EtlliCldadc:
artesanais, a nível da Paraíba, pode representar Os 'Telllos" (; o ES/(Ido Nol'o. Nos anos vinte. a Vila
uma importantc fontc dc conhccimento sobre a Ijuhy era exaltada por sua pacatez e pelo "labor
economia paraibana. progressista" dos seus habitantes. os descendentcs
de imigrantes alemães. No início da década de
Regina Célia Xavier Freire (UNICAMP) Os trinta, a "sociedade nacional" l: a de outras "origens"
caminhos da liberdade. O trabalho a ser (alemãcs, austríacos), poloneses, italianos) podel11
apresentado porcura analisar as liberdades ser vistas pitorescamente CI11 seus c1ubcs e
concedidas em testamentos e algumas açôes de associações de contornos étnicos ou, por outro
liberdade no período de uno à 1888. A experiência lado, em casamentos mistos. Mas no linal da
do ex-escravo que era contemplado nos década, recém-chegados e visitantes reclamam que
testamentos era diversa dependendo do tipo de no município de Ijuí o alemão é mais falado que ()
liherdade que lhe era concedida. Estudaremos português, que súo poucos O~ enalecs entre
então as diversas formas dc liberdade, sejam brasilciros e o tcuto-hrasileiros, que nas e~colas as
aquelas concedidas sem ncnhuma condição ou crianças entoam hinos alem<les. Os queixosos S<lO,
ônus scjam aquclas concedidas condicionalmente. na verdade. os vulgarizadores das idcdologias do
A prcocupação é pcrceber quc tipo de relação sc Estado Novo. dentre elas, a da formação da
estabeleeia cntre o senhor c seu cscravo, assim nacionalidade hrasileira, que vem acompanhada do
como as cxpcctativas existentes em torno da enaltecimento da ligura do trabalhador e da
libcrdade. As liberdades condicionais previam em necessidade de excrclclos físicos. O projcto
muitos casos um limite temporal. A liberdade nacionalista, na forma como foi implementado,
poderia licar suspensa por um tempo determinado, encontrou rcsistências culturais, quc os incidentes
contado a partir dos anos de serviço a ser prestado da guerra só vieram a agravar. entre os teUlo-
ou por um tempo indeterminado, como no caso da brasileiros, ainda que esses [ossel11 1rahalhadores
espera da morte de um senhor. ReOetiremos sobrc disciplinados e bons ginastas. Atraves de jornais e
a função deste tempo, que dcixava a liberdade em
PnJ}?rama e Resumos 131

entrevistas podemos visualizar () cotidiano destes Liberal. Com a procíamação da Repúhlica o


tem pos de connitos. Partido Liheral fica na oposição e pouco mais de
melO ano depois Koseritz morre como
Renata Viana de Barros (UNICAMP) Paulicéia consequencia segundo voz corrente das
desvairada: a Siío Paulo de Mário de Andrade. Essa perseguiçôes sofridas. Teuto-brasileiros católicos
fala busca discutir o processo de modernização de fundam () Partido do Centro ou Partido Católico
uma cidade que passa repentinamente de província para enfrentar o ateismo e a perseguiçüo religiosa
à metrópole, e que a partir da década de 20 do movida pelos repuhlicanos positivistas liderados
nosso século, assume papel predominante no por Júlio de Castilhos. Oulros ficam na oposição
ingresso do país para modernidade. Podemos abrigados no Partido Liheral, mas descohrem que
destacar essa modernidade nos signos da produção com o desaparecime11lo de KoseriLZ a elite
de Mário de Andrade. seja ela ficcional ou partidária liberal não etá mais disposta a garantir
ensaística, que nos revela uma modernidade um espaço privilegiado para a popula<;ão de origem
particular. mesclada de forças arcaIcas e alemã dentro do partido. Dentro des:.a situaçüo
cosm()p()lita~. A cidade se revela portanto, não começa a tomar I:orpo a idéia de criar Assucia<;óes
apena~ como uma construção material (edifícíos, Coloniais (K%lliCl'ercinel. A 'colônia" deveria
avenidas), mas tamhém comp um~1 COl1struçúo despolitizar-se em laVOf dessas associaç()es com
"ideal". Ser moderno naquela época era antes de ohjetivos exclusivamente econômicos e
mais nada, construir um "ambiente" moderno. A administrativos. E nesse sentido certamente se
modernidade se colocava como uma quest,in de pode afirmar que se tratava de propor uma utopia.
"atitude'. A mobilizaçiio e nrganizaçãp nessa din:çüo
estende-~e até a cclosün da Revolu<;ü(l Federalista
Renato Luis do Couto Neto e Lemos (Museu da de IX\)3 e sua história pode se reconstruída a partir
Casa de Benjamin Constant) Benjamin Conslanl c dos dois grandes jornais de língua alemü editados
a ReplÍblica: hislória e hisloriografia. O tema desta em Porto Alegre, a Deulsehc Zeilung e a Koseritz'
comunicação é o projeto de pesquisa em DClllsehe Zeitung.
andamento no Museu Casa de Benjamin Constant
em torno da trajetória política de Benjamin Ricardo José de Azevedo Marinho (CEDAE)
Constant Botelho de Magalhães (IX37-IX()\). Agrária em A Guerra do Fim do MUI/do de Mario
Oficial do Exército brasileiro, professor de Vargas Llom? O avanço do neoliberalismo no
matemática, divulgador do positivismo, chefe do cenário ibero-americano vinha recolocando em
movimento militar que depôs a Monarquia e disussão a opção do capitalismo agrário como a
memhro do Governo Provisório republicano - foi organização social que expressava de maneira mais
segundo vice-presidente e titular, sucessivamente, clara a sua identidade. O escritor peruano Mario
da~ pasta~ da Guerra e da Instruçüo Pública. Vargas L10sa ao romancear a história de Canud()~,
Correios e Telégrafos -, a sua biografia interage reiterpreta-a com sua camera numa direção
com as principais linhas de força da conjuntura em próxima ao roteiro neoliberal. Essa articulação
que se operou a transição da Monarquia para a será por nós trabalhada buscando explicitar os
República no Brasil. O objetivo central do projeto problemas ligados a ficção e a história. A questão
é analisar a trajetória política de Benjamin da narrativa será abordada. O aspecto da posiçüo
Constant de um ponto de vista que integre, como que a A Guerra do Fim do Mundo ocupa na
fatores explicativos, particularidadcs da sua história da literatura sobre Cal/udos; sua relação
biografia e aspecto~ da conjuntura histórica. tanto com Os SCl1õcs de Euclides da Cunha. A história
relativos ao período da sua vida quanto à de sua feitura, suas inOuências liccionais
elaboraçüo simbólica voltada para a sua imagem. (cinematográficas c literürias) e histCiricas (a
Com essa discussão, que tem como hase m. comparação de Canudos com a Comuna de Paris
arquivos deixados por Benjamim Constant e sua de lX71): a recepção pela crítica da obra
lamília, pretende-se revisitar questões essenciais do (particularmente o ensaio de Angel Rama). que
processo histórico brasileiro na mudança de regime segundo Vargas L10sa foi a melhor crítica que seu
político. romance havia recehido). sao alguns do~ l110mentm
de nossa tomada. E, finalmente. a percepção do
René Ernaini Gertz (PUC-RS) O Partido Colonial debate travado por americanistas. iberistas e
e as Associações Coloniais 1/0 Rio Grande do Sui jacobinos sobre O~ rumo~ do Brasil no final do
no II/ício da ReplÍblica. No final do Império Karl século XIX entre as alternativas agrárias e
von Koseritz mobiliza as regiões dl: colonizaçüo industriais para () país. Neste ponto esboçaremos o
alemã do Rio Grande do Sul através do Partido caráter "utópico" atual do capitalismo agrári()
132 XVII Simpósio Naciollal de História

frente ao novo ordenamento internacional pós- formas. a luta dos trabalhadores. Dentro disso, o
guerra fria, e quais as possibilidades concretas de que pretendo é acompanhar a experiência da
resolução da questão agrária brasileira. Pastoral Operária na Arquidiocese de São Paulo,
na década de llJ70, enquanto um .:spaço construído
Ricardo Ribeiro (UNESP) Memória, idelltidade de a partir de diferentes posturas (movimentos)
professores e qllalidade de emillo. O trabalho com a assumidos pela Igreja (clero-leigos) com relação
memória de antigos profissionais do Magistério aos trabalhadores ao longo de sua história.
constitui-se numa forma muito rica de produção de Trabalhando a partir dos relatos produzidos na
documentos sobre um universo que dispõe de pastoral bem como com depoimentos de atuais e
escassas fontes documentais. Informaçôes sobre o ex-militantes, a temática centra-se na conceituação
cotidiano das escolas, organização, práticas que a pastoral construiu a respeito do trabalho e do
docentes, formas de funcionamento, etc. Não são sindicato.
fáceis de encontrar, pela falta ou até mesmo
desaparecimento de documentos dentro das Roberto Jorge Chave~ Araúj" tUFPE) Os
escolas, delegacias de ensino e até mesmo a COlllelÍdos Programático-Bibliográfico dos Cursos
própria Secretaria de Educação. Outro aspecto que de Teoria e Metodologia da História: ICJ73-1980. O
também merece destaque no trabalho com as presente trabalho de pesquisa pretende uma
memórias de professores da escola primária é a análsise crítica, marxista-gramsciana, dos
preservação de determinadas práticas elaboradas conteúdos programático-bibliográficos dos cur~os
no cotidiano desse~ professores nas escola!>. que de Teoria e Metodologia da História, lecionados
esse trabalho pode garantir. nos programa!> de pós-graduação na~ universidades
públicas brasileira num período de conteúdo
Ricardo Román Blanco (Museu Paulista-USP) Um político diferenciado, a partir de 1973 até 1980.
Novo Tratado de Tordesilhas de 1494 Emende-se que o estudo do objeto em questão nos
Descollhecido. Os Tratados de Tordesilhas de 1494. trará uma visão geral do trabalho desenvolvido por
são DOIS e não apenas um como estudávamos: um professores nos cursos de pós-graduação e nas
que já conheciamos e que chamamos (11) c um áreas especificadas. Esta visão geral apreenderá
outro que nos descobrimos e que chamamos (I). O aspectos institucionais, regionais, nacionais e
(I) por nós descoberto é de fato o primeiro a ser internacionais. Procuraremos entender qual o
negociado e o mais importante. O (11) é apenas significado das indicaçôes bibliográficas em geral,
complemento do (I). como veremos em seguida. nos termos de uma relação entre atividades
Ambos foram negociados no mesmo dia, no intelectuais. a instituição da pós-graduação e a
mesmo ano, na mesma cidade de Tordesilhas e articulação destas com as classes sociais numa
pelos mesmos plenipotenciários, porém, sociedade integrada mundialmente, nos termos do
completamente diferente um do outro. O assunto modo de produção capitalista. Assim entende-se
principal negociado em Tordesilhas não foi a que os programas de curso são instrumentos
partilha de América e sim o "Perigo Turco" e a técnicos de trabalho de uma camada social
"Batalha de LepanlO". Nela lutou e perdeu um específica - os intelectuais - os quais se inserem no
braço Cervantes o autor do Quixote. O problema nível superestrutural da sociedade e que
das Malvinas, também foi abordador neles: "nem correspondem a determinadas necessidades
Inglaterra, nem Argentina". O dono das Malvinas é históricas de caráler polílico-ideológico e
o Brasil, como já publicamos, em 1982, no jornal O econômica de uma classe social, a qual se vincula
Estado de São Palllo. A íntegra do~ DOIS organicamente.
TRA T ADOS, em edição facsimilar, paelográfica,
com as respectivas transcrições e comemários Robson Corrêa de Camargo (UFU) O Teatro
publicamos-las em Um Novo Tratado de "Popular" do SESI: //I/UI trajetória el/tre patrol/ato e
Tordesi/l/Os de 1494. Descollhecido. as massas. As concepçôes européias de "teatro
popular" influenciaram alguns elencos nacionais e
Rinaldo José Varussa (PUC-SP). A Pastoral foram traduzida~ no país de duas maneiras. Por um
Operária lia Arqllidiocese de S. Palllo - Década de lado línhamos o Teatro de Arena e de outro o
197(J. Tendo presente as dificuldades enfrentadas Teatro Popular do SESI (TPS). Este desenvolveu,
pelas organizações dos trabalhadores no aual de forma particular, os pressupostos do TNP na
momento. seja pelo próprio crescimento dessas vida teatral brasileira. O TPS se orientou na
seja pelo~ novos problemas enfrentados, este tentativa de popularizar as proposta!> estéticas que
trabalho busca estabelecer um diálogo com sujeitos se firmaram com os amadores e o Teatro
que experimentaram, de diferentes e variadas Brasileiro de Comédia. Mas. contraditoriamente, o
ProR'Wlla e Resul1/os /33

TPS foi obrigado, na sua prática artística, a Ronaldo Aurélio Ci. (iareia (UEP) Mcmória e
resgatar outros procedimcntos cstéticos. Ao Utopia: migral/tes mil/ciros I/llma cidadc il/dllstrial.
oferecer um teatro gratuito üs camadas populal"l:s o Fral/ca (Nbf)-11)80). Durante os anos de JI)(I{) a
TPS utilizou as convençôes dl' teatro musical e de !'JXO, a cidade Franca, no int erim de Súo Paulo,
costumes e de outras forma~ populares de teatro vivl:ncioll um int(;ns(l proccsso dl: industrializaçúo.
que bu~cavam uma interação com o público. E, Calçado, destinado ao mercad(l internacional, foi ()
justamentc, a tradição tcatral bra~ileira principal produto fabricado. Tal expansúo da
incorporada no gosto das massas era a do teatro indústria I(Kal contou i;om amplo apoio dos
ligeiro, da improvisação. da ausCncÍa de governos militares que através de incentivos fiscais
aprolundamento psicológico da personagem l: da (; suh.'iídios propiciaram LI exportaçúo do calçado,
paródia paródia. O objetivo desta exposiç<in é que atl' aquele momentr. atendia apenas ao
interpretar a experiCneia dI' TPS ú luz das mercado interno. Com a industrializaçúo em
cxperiCncia~ correlatas. massa, surgiram vúrios prohlemas urhanos típicos
de um desenvolvimento que não cont(lU com um
Rodrigo P. Sá Motta (UFOP) () !IIDB c a mínimo de planejamento. Grande parte da múo-
(Rc )Em crxêllcia da socicdadc dl'ii. O ,)hjetivo do de-obra utilizada pela indústria local veip de
trabalho será discutir a relaçãl' estahelecida \:ntre (I pequenas cidades mineiras pr{lxlmas ~I fronteira
partido das oposiçôcs e as organizaçóe~ sociais que com (I Estado de Súo Paulo. Estes novo" IlperúrÍos
a!loraram na cena política nos anos 70. O~ "novo~" eram na sua maioria ex-trahalhadores rurais ou
movimentos sociais trouxeram ú baila um conceito pequenos proprietários que foram obrigados a
e uma prática democrática diferentes, e istll vai se abandonar suas terras c migraram para a cidade
relletir no campo institucional. Procurar-e-á em rápido processo de industrializaç,io. O principal
analisar as tentativas e os projetos dl: ligar as objetivo deste trahalho será resgatar, através dos
entidades SOCiaiS ao partido, a partir do "relatos orais destes migrantes, entre outras
crescimento eleitoral c político vivido pelo MDB questôes as utopias que motivaram a husca do
após 1974. Mesmo que não tenha sido estabelecida espaço urbano como meio de sohrevivCncia e as
uma relação estreita entre dois "atores", o partidl' diversas estratégias de adaptaçúo na cidade.
íoi utilizado para testar e experimentar lideranças Buscaremos também elucidar os mecal1lsmos
de extração popular na política institucional. Por ideológicos aos quais o migrante mineiro foi
seu turno, o partido buscou se legitimar e aumentar suhmetido no sentido de esquecer a sua antiga
seu cacife eleitoral através do contato com as identidade rural e assumir o ... valore~ culturais da
organizaçôes sociais. cidade.

Rogério de Oliveira Ribas (UFF) () Problcma do Ronaldo Vainfas (UFF) Utopias /w América
CriplO-lslamismo lia IIIquisição P0I1ugucsll. A Latil/a. O chamado descobrimento e pfllcesso de
presente comunicação integra projeto de colonização européia na América fizeram hrotar e
doutorado intitulado "O Islamismo na Inquisição abortar toda sorte de utopias. Utopias no sentido
Portuguesa nos séculos XVI e XVII". Nele se clássico de Mannheim, isto é, projetos voltados
procura examinar as visões cristãs acerca do islão e para a transformação da realidade histórica.
os mouriscos na Península Ibérica, a repressão Utopias no sentid(l que lhes dcu (l. Puenlc Oiea,
inquisitorial do cripto-islamismo e a disseminação ou seja, como horizonte utópico das ideologias. As
da própria cultura islâmica entre mOUriSCOS, utopias de origem européia se confundiram, muitas
cnstaos e até judeus conversos. As fontes vezes, com as próprias motivaçôes da cxpansüll
inquisitoriais que nos servem de base indicam uma marítima c da colonização: a husca nbsessiva do
riqueza extraordinária de situações para uma paraíso terrestre; o projeto castelhano de cruzada;
pesquisa historico-antropológica. É o caso dos as idéias e prúticas missionárias. À elas se
renegados, isto é, dos cristãos que, passados ao opuseram utopias que chamariamn... de afw-
domínio muçulmano, abandonaram o catolicismo e americanas: os quilombos, de um lado. c a~
abraçaram o islamismo. É também o caso dos idolatrias, de outro, atitudes de resistCncia núo raro
mouriscos, forros ou escravos, que, apesar de ligadas ü recriação de um passado destruído pelo
batizados no catolicismo, persistiam nos costumes eolonialismo. Grandes utopias, sem dúvida, que
muçulmanos. A pesquisa, inscrita no âmbito da todavia não obscurecem () sonho de desertores,
história cultural, pretende contribuir para o náufragos e deserdados, para não falar dos
aprofundamento da história ibérica no contexto da mamelucos, homens culturalmente híhridos, que
aculturação posta em prática entre fins da Idade adotaram a cultura ihérica sem renunciar il
Média e inícios dos Tempos Modernos. indígena. Nos dois últimos casos, o da "cnlonizaçü(l
acidental" ((;iucci) c li dos mamelucos, pl'quena~
134 XVJl Simpósio Naciollal de História

utopias que realçam, no entanto, os processos de cll1ema que fosse capaz de transformar a
transculturação característicos da história latino- sociedade, e os meios usados para tal, serão o tema
americana. central do debate qUl: esta t.:umunicação pretende
suscitar.
Rosangcla de Oliveira Dias (UFF) Revisitando a
utopia - o lSEB e o CPC na conjuntura do illício Rosangcla M. dos S. Lima ver Ieda (iutfreind
dos alias 60. O objetivo desta comunicação é
analisar o conceito de cultura que permeou as Rosangela Patriota (UFU) Teatro de Arena: entre °
discussões dos intelectuais durante os ano~ (,0. A nacional e () pop/llar na "/Isca de /Im leatro de
idéia básica então em tela concebia a cultura como t/"{/ltI/orma(üo. O teatro de Arena· de S;io Paulo
elemento de transformação econômica. Duas surge int.:ialmente t.:omo um novo espaço de
instituições foram porta-vozes dessa idéia: o trahalho. Mas, a apartir de sua fusão com (l Teatro
Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), e Paulista do Estudante, com a inauguração dos
o Centro Popular de Cultura (CPC). Ambas as Seminários de Dramaturgia e com a incorporação
instituições acreditavam na possibilidade de de figuras como (,. (;uarnieri. Oduvaldo Vianna
transformar o Brasil através das idéias da arte e da Filho, Augusto 80al, entre outros. verticalizou a
cultura. O ISEB pensava utilizar a racionalidade e sua proposta de trabalho na bust.:a de uma
o conhecimento para dar conta da realidade dos dramaturgia que se traduzisse t.:omo "nat.:ional"
anos 50 e 60, período de industrialização e através de temáticas vislumhrada~ como "popular".
desenvolvimento. A idéia de que o pab vivia um A partir destas proposiçi)cs. () Teatro de Arena
descompasso entre o universo cultural interno e (l consolidou-se na historiografia do tealro hrasilcirp
equipamcnto tecnológico existente era comum como o momento fundanle de um teatru nacional
entre os isebianos. Para o CPC, a arte funcionaria onde a busca de um ideal de "povo" e de arte eonlll
como veículo de militância política transformadora. instrumento para a const.:ientização política do país
A realidade do país vazaria amplamente através de tornaram-se molas propulsoras deste grupo teatral.
filmes, peças teatrais e música popular. Os pontos Nesse sentido, partindo destes eixos temúticos, esta
comuns entre o ISEB e o CPC, que foram t.:omunicação procurará repensar o momento
elaboradores dessaspráticas, e a inlluência que conjuntural em que este projeto estético e político
exerceram sobre o contexto intelectual c político da se viabilizou ao mesmo tempo em que articulará os
época, são a algumas das questões levantadas nesta pressupostos teóricos que possihilitaram uma
pesqUIsa. determinada leitura de processo histórico aliada a
uma intenção de intervenção no ümbito das
Rosangela de Oliveira Dias (UFF) Utopia e relaçi)es sociais.
Cillema Novo. Brasil, início dos anos 60, momento
de ebulição cultural. Transformação no teatro, nas Rosangela Patriota (UFU) "Os Banhos": Dilemas
artes plásticas e na música popular. Jovens que Político-Estéticos de Vladimir Maiakóvski. "Dar .1
discutem cinema resolvem fazê-lo com pouco Revolução os mesmos nomes que a bem-amada no
dinheiro c muitas propostas. É a "estética da fome". primeiro dia... Dos t.:éus da poesia preeipito-me
Mais do que filmar, querem transformar o país, para o comunismo porque sem ele porque sem ele
usar a câmera como uma caneta, de forma pessoal não há para mim amor". (Wladimir Miakóvski). É
e única". As imagens seriam uma forma de neste fervor em busca do novo e da transfórmação
denúncia e um caminho para a conscientização, que Maiakósvski funde a sua poesia e o seu teatro
entendida como forma de conhecimento sobre () t.:om um momento revoluciOlürio onde I) futuro
real país em que vivíamos. Trata-se de um cinema estava aberto e os sonhos c as ulopias faziam-sc
pedgógico que pretende auxiliar a transformar o possíveis. Com esta pcrspectiva. nesta t.:omunicação
Brasil numa nação, acabar com a fome, a miséria, iremo~ discorrer sobre os an~eio~ e cxpet.:tativas
o analfabetismo. Para este projeto nossos cineasta~ que envolveram Maiakóvski durante o~ primeiro~
voltam-se, não só para o moderno cinema europeu. anos da Revoluçüo Russ~a de 1')]7 em contraponto
como também c, principalmentl:, para o cll1ema com a crítica ao ESlado Soviético ap[c~entada na
produzido na Rússia soviética nos anos 20; peça Os Banhos de t ()2() ao lado da grande
Eisenstein é o exemplo a ser seguido. As idéias esperança mantida num futuro longínquo. Neste
sobre a montagem cinematográfica e o filme sentido, a partir deste texto teatral, pensad(, como
pensado como literatura, são algumas de suas documento histórico, hu~carem{)s rel1etir acerca
"regras·' que nossos cineastas, como C1lauber e das nuance~ que envolvem a idéia de
Leon, "sabiam de cor". A utopia que alimentava transformação mediada pelas opçi)es históricas que
nossos cineastas na década de 60; fazem um se vislumbraram no horizonte da luta política e
Programa e Resumos 135

pelas utopias que impulsionam os projetos e as Rosemeri Maria da Conceição (USP) O '~rerê"
práticas sociais. das mas: a hist6ria de revoltas cotidianas na
Salvador do século XVIII. Esta comunicação faz
Roseli Zimmer (UFSC) Representando a parte da dissertação de mestrado que
gennanidade na cidade mais alemã do Brasil: o desenvolvemos sobre os populares e a aplicação da
desfile das Sociedades de Caça e Tiro. Têm-se justiça na Salvador do século XVIII. A
apontado Pomerode, em Santa Catarina, como a documentação pesquisada - cartas régias, processo
cidade mais alemã do Brasil. Anualmente as criminais e cartas de perdão e fiança - introduziu-
dezesseis Sociedades de Caça e Tiro fazem o nos no mundo das ruas e ajudou-nos a situarmos a
desfile folclórico na Festa Pomerana. Neste desfile, importância das relações raciais e sociais, que
representam a cultura da comunidade com bandas serviram de amálgama para a criação de uma
de música, trajes típicos, instrumentos de trabalho cultura de resistência. A defesa militar da cidade
e elementos do período da colonização, etc. do Salvador foi uma preocupação constante da
Através das fitas de vídeo dos desfiles realizados metrópole e ocupou boa parte da correspondência
entre 1987 a 1993, pretendo perceber como as oficial. Nem sempre, porém, dizia respeito apenas
categorias sociais, classe, gênero, geração, etc, à defesa contra agentes externos. à medida que se
estão organizadas e classificadas. Pretendo também aCirravam os interesses divergentes entre a
perceber, na perspectiva apontada por Hobsbawn e metrópole e os colonos se afirmava como
ranger em "A Invenção das Tradições", como no indispensável a submissão dos mesmos. Várias
desfile a cultura é representada simbolizando a instruções e relatórios às autoridades coloniais do
germanidade e ajudando a criar a imagem da século XVIII mencionam tanto a necessidade de
cidade mais alemão do Brasil. tropas para a defesa das partes do Sul e/ou dos
portos marítimos, quanto a importância da
Rosemeri Maria da Conceição (USP) '~ Bahia de administração da justiça e do controle dos
Todos os Pobres": a pobreza baiana na obra de dois moradores. Na atividade exploratória dos discursos
letrados setecentista. A cidade do Salvador capital e pareceres dos "homens D'EI Rei" uma grande
da colônia até 1763, teve durante o século XVIII surpresa: a constatação prática de que resistir a um
vertiginoso crescimento populacional, chegando a tipo específico de dominação significa impor
contar em 1775 com cerca de 35.000 habitantes. limites; se acomodar, se submeter ou se rebelar de
Centro comercial e exportador atraía para si acordo com as necessidades e coveniências. à
pessoas dos mais diversos lugares, que de passagem aplicação desigual da justiça, ao inúmeros corpos
ou em definitivo, ajudavam a imprimir-lhe uma setenciados, a população respondia com
idéia de dinamismo e riqueza. Contudo, para além recrudescimento de seus laços, com levantes e
do fausto a cidade lançava luzes sobre o contraste: quebra-quebras. Este trabalho virá reconstituir
senhoras ricamente vestidas passavam em esses embates cotidianos.
palanquins ostentatoriamente decorados, enquanto
que o povo se revoltava pela escassez de alimentos. Rosimeire Aparecida Angelini Castro (UEL) O
Na avaliação conservadora da época, o crescimento Cotidiano e a Cidade: práticas e representações
do número de libertos, aliado à enorme quantidade femininas (1930-1960). Nas três últimas décadas
de brancos pobres servia para tornar real o assiste-se a uma atenção sistemática de
fantasma da desordem urbana que se manifestava historiadores, sociólogos e antropólogos à história
assustador nos inúmeros mendigos que vagam social e cultural das mulheres, ao concentrarem-se
pelas ruas. Neste século, em diferentes momentos nos seus papéis informais e simbólicos, bem como
dois Letrados - Nuno Marques Pereira (1728) e nas mediações sociais. A partir desta abordagem
Luís dos Santos Vilhena (1799) - serviram-se de desencadearam-se muitos estudos históricos no
suas penas para entre outras preocupações sentido de documentar e "construir culturalmente"
denunciar o que lhe afligia: uma "congregação de estes papéis femininos. O tema proposto insere-se
pobres" que enfestava a cidade e o recôncavo. A nesta perspectiva, pois emprende um esforço em
partir da análise dessas obras será possível a resgatar o cotidiano feminino-sexualmente,
discussão preliminar de duas ordens de questões. A casamento, relações ilícitas - e, vinculá-lo à
primeira refere-se a como esses intelectuais organização e ordenamento da cidade de Londrina,
representaram os pobres e o tema da pobreza. A de 1930 a 1960, que implicará em pensar seu
segunda diz respeito às soluções por eles propostas: zoneamento urbano, transformações sociais e
a exaltação da necessidade do uso do braço econômica, a ação e interesse do poder público em
armado no combate ao que foi denominado como manter a "civilização" próspera afastada da imagem
"pobreza ociosa". das "zonas" proscritas da cidade - cabarés, casas de
tolerância e bares. A documentação utilizada -
136 XVII Simpósio Naciol/al de História

jornais e processos criminais revela a forma, os movimentos artísticos tem se vinculado


possibilidade do desvendamento de construçôes, as transformaçôes ocorridas no âmbito das
que, por décadas, povoaram o imagin:.rio c (l sociedades. Nesta direç.io, o estudo da literatura,
discurso da sociedade. Demonstra, também, que o introduz a um tipo de manifestação hislórico-
processo de ocupação e urbanizaçiío foi permeado cultural, n.lo limitada apenas ii resistência, ii
pelo conflito e violência. E, permite resgatar a contra-corrente das idéias, remete-se a uma
presença de mulheres sós c casadas pobres, lutando percepçüo diferente de mundo: a do artista. Esta
pela sobrevivência, assumindo funçôes domésticas - comunicação visa, portanto, estabelecer uma
ordenando o privado, o familiar - trabalhand() nil relaçã<) entre histúria c cultura, rel1etindo sohn;
lavoura, ou como lavadeira~, cozinheiras: vieram alguns aspectos do Moviment<) Modernista e suas
cafetinas, prostitutas, proprietárias de casas de relaçôes com o movimento artístico, emergente
tolerância, que denotam suas práticas cotidi,lIlas quarenta unos mais tarde: I.) tropicalismo. Releva-
uma vlsao de mundo particular, com suas se nu rel1exüo, que o Movimento Tropicalista,
representações próprias, e que impnmlram uma emergente na muslca popular brasileira, na
outra dinâmica à cidade. segunda metade da década de úO, extrapolou a
esfera da musicalidade e manifestou-se em outros
Sady Carlos de Souza Júnior (USP) () SiNl/ificado cumpos du urte, entre eles, u drumaturgia.
de "América" em Sal/tos Dumol/t. Dcntre todos os
grandes personagens históricos brasileiros, que Sandra Jatahy Pesavento (UFRS) IlIIaNil/úrio do
contribuiram para a conscientização da Pro!:resso: as repre.\"(!l/ta(âcs das /JUítjlÚl/aS lUIS
responsabilidade substancial do ser homem c.\]J()sic;âes parisiel/ses do século XIX. No século
americano frente ao seu continente, eSlá, em XIX, as máquina~ se conligurariam como o
primeiro lugar, o "pai da aviação" Santos Dumonl. exemplo mais bem acahado de um novo
Podemos recolher situaçôes e fatos que sugerem a imaginário: o progresso ilimitado, sustentado pela
possibilidade de vinculação do famo~o aeronauta a ciência, pela razão c pelos avanços da tecnologiu. O
uma atitude de distinção, quanto ús suas imagmuno, enquanto representação do real, se
preoeupaçôes mais gerais, do tratamento das coisas expressa por imagen~ c discursos e1ahorados com
do Velho Mundo frente as coisas do Novo Mundo. muterial de fundo simbólico. Ou seju, as
Foi um dos únicos brasileiros, se houveram outros, representuçôes do imuginúrio possuem um caráter
que sempre se manifestou a favor da integridade metafórico/alegórico, no qual ocorre a revelação
panamerieana como um valor, de certa forma até de um sentido subjacente ao que se vê, se lê ou se
superior ao de um patriotismo específico. escuta. Neste contexto, a máquina foi objeto de
discursos e imagem; que comportavum um outro
Sandra da Silva Careli e Simone Kich Haillol sentido c/ou conteúdo além do manifesto
(Colégio Anchieta) Colol/ização Italial/a 1/0 RS: (elevação da produtividade. lucro, rapidez). No
Política e Admil/istração I/as Colôl/ias de COl/de decorrer do ~éculo passado, as cxposiçôes
D'Eu e DOI/a Isabel: 1874-/884. O trabalho propôe- Ul1lverSaIS foram um veículo eficiente puru
se a análisar os problemas administrativos difusão/aceitação dus imugens, ideais e crençus
ocorridos em duas das principais colônias italianas pertinentes ao etllos hurguês. Em especial, as
fundadas na segunda metade do século XIX no Rio exposiçôes parisiense~ constituíram um palco de
Grande do Sul - Conde D'Eu e Dona Isabel. Tais exibição do novo imaginário social que se
problemas ocorreram como conseqüências de articuluva.
relaçôes descontínuas estabelecidas entre as
diferentes instâncias administrativas encarregadas Sandra Zilda Sant'Annu Marques (PLJC-SP)
de gerir a organização e desenvolvimento dos História e Utopia: () projeto político martillial/o de
núcleos coloniais. O período analisado compreende lima Ilação amcrical/a. A lulu pela independência
os anos de lX74-1H84, em virtude das citadas datas contra a opressão externa foi uma constunte
eorresponderem, respectivamente, ú fundaçiio c durante o século XIX. Vários foram os projetos
elevaçiio do núcleo~ colonais citados ú categoria de políticos de libertação nacional, onde u idéia de
freguesia. progresso para alguns, ~e constituía numa melu a
ser alcançmlu, cuja orienl<tção seria dadu por
Sandra de Cássia Araújo Pelegrini (LJE Maringá) modelos externos. Essa trajct()ria permanece
Movimel/to Tropicalista: teatro e mlÍsica 1/(/ .fil/al vigente até ugora. As proposta~ de José Murtí
dos aI/os 60. A historicidade dos fenômenos representaram uma alternativa a estes projetos.
políticos e sociais, têm sido colocada pela literatura Fundindo a história do continente com a
brasileira nas suas várias nuances. Da mesma formuluçüo de uma ulopia para América. Martí
Prowamtl e Resumos /37

apontava para um futuro de transformaçãoes que Instnu.;iio Primária - ohras de perfil conservador,
se projetava na alirmação do passado continental. elas lixaram para sucessivas geraçóes de "boa
Retormar o pensamento de MarlÍ através de seus sociedade: imperial conteúdos, métodos, valores e
escritos políticos e jornalísticos para mostrar a imagens de uma História do Brasil que cumpria o
articulaçüo de seu projeto político e a interaçüo papcl dc não apenas legitimar a ordem imperial,
entre a história c a utopia é o objctivo deste mas também e sohretudo de pôr em destaquc o
trabalho. lugar do Império do Brasil no conjunto das
"Naçócs Civilizadas" e o lugar da "hoa sociedade"
Sebastião Rogério dc Barros da Ponte (LJFCE) no conjunto da sociedade imperial, permitindo,
Mundanismo Chiquc x Irrcverência Chocalllc - assim, a construçün de uma identidade.
Ordcnaçiio Urhana c Rcsistência Social em
Fortalcza IUI Virada do Século. Na virada do século Selmane Fclipe de Oliveira (PUC-SP) Tradiçiio c
XIX, a cidade de Fortaleza atravessa um crescente Vanxuarda: os KOI'CI1/0S ",inciros e li ditadura
processo de expansão urbana, econômica e social. ",ilitar: 196/-/984. O nosso ohjctivo é trahalhar
A partir de então, a cidade foi alvo de recorrentes com a recente história política de Minas Gerais,
discursos e práticas visando ordená-Ia segundo os tel1lando entendcr a participação desse estado nos
valores e padrôes de modernização urbana vigente governos militares. Pretendemos analisar a
na Europa. No interior desse movimento participaçüo de Minas (ierais no golpe de (,4,
ordenador, as novas elites econômicas se colocam levando em consideração sohretudo a postura dos
como vanguarda da apregoada necessidade de governantes e dos partidos políticos. Queremos
civilizar a sociedadc. nesse sentido, produzem um também entender como foi a atuação dos governos
inédito mundanismo elegante através da adoção de estaduais mineiros durante a ditadura. Finalmente,
novas relaçóes de convívio público e privado. Esse prclendemos estudar o processo de composição de
cosmopolitismo burguês traduziu-se sob inúmeras forças que levou um governador mineiro,
formas de fruição, como. por exemplo, a inserção Trancredo Neves, a ser eleito presidente civil em
de modas e modismos chiqucs, consumo de 19H5 e, ao mesmo tempo. implantar a chamada
novidades importadas, europeização de condutas, Nova Rcpúhliea.
novas práticas esportivas, criaçüo de clubes
elegantes e solisticação de festividades populares Selva GuimafÜes Fonseca (UFU) Call/il/ho.\' da
como o carnaval. Além da análise sobre a História Ensil/at/a. O ohjetivo desta comunicação é
constituição e os efeitos sociais desse processo refletir sohre os limites e possibilidade do renovar
civilizatório, a pesquisa procura tamhém dar conta em Ensino de História. no interior das mudanças
da emergência de comportamentos irreverentes c políticas e culturais. Nas duas última!>. dl:cadas da
debochado!> - a existência do que foi denominado, á história brasileira ocorreram inúmeras
época, de "Ceará Moleque" -, enquanto singular transformaçóes nos diferentes aspectos
forma de resistência popular contra a ordenação constitutivos do ensino de História. A formaçüo
sócio-urbana pretendida para Fortaleza, naquele dos professores, o lugar ocupado pela disciplina no
período. currículo escolar, as formas de produção e difusüo
do conteúdo de História a ser ensinado, na
Selma Rinaldi de Mattos (PUC-RJ) O Brasil cm dimensão em que foram projetadas a partir dos
Liçõcs - a História do Ensino na Ohra de Joaquim anos 60 constituíram-se em ohjetos de discussóes e
Manuel de Macedo. Esta comunicação trata polêmicas no meio acadêmico. Os anos HO são
daqueles que são considerados os principais marcados pela alirmaçüo de outras eonstruçôes
compêndio~ didáticos de História do Brasil do leOflcas e políticas sobre História,
século XIX. A construção do Estado Imperial eonsubstanciadas nos novo!>. currículos de História,
provocou signilicativas mudanças nas vidas de no matcrial de dil'usüo alternativo e em inúmeras
muitos componentes da "boa sociedade", dentre experiências de ensino divulgadas entre nós. Ao
eles os próprios dirigentes imperiais. Uma destas resgatar este processo, pretendemos refletir sobre
vidas foi a de Joaquim Manuel de Macedo - a historicidade da História Ensinada e sobre as
professor do principal colégio do Império, autor perspectivas de renovação atualmente em debate
dos mais importantes compêndios de história do no Brasil.
Brasil do século XIX e divulgador de um método
de ensino adotado por inúmeras gerações de Sérgio Alves de Souza (USP) "E a xel/te fazel/do
professores. Lições de História do Brasil para uso cOl/ta pro dia qlle vai chegar": lima IItopia mllsical
dos alunos do Imperial ColéXio de Pedro /I e Liçôc.\' hrasileira (/964-/970). A partir de meados da
de História do Brasil para uso das escolas de década de r,o, várias cançôes produzidas pelo
138 XVII Simpósio Nacional de História

circuito de então chamada "Moderna Música utopia quanto aos projetos liberal e socialista, pois
Popular Brasileira" articulam um universo temático um e outro são modelos imaginários que não se
relacionado à derrocada da ditadura e ao advento realizaram em seus termos propostos, aos menos
de um novo tempo, comumente expressos na no Brasil. Ao tentar transmutar estas utopias em
fórmula "o dia que virá". Analisando algumas projetos viáveis, cada candidato não só atenuou seu
canções que participam da produção de tal programa original, como até adquiriu traços das
temática, procuro estabelecer semelhanças e propostas e do discurso oponentes. A história do
diferenças entre formulações do "dia" (que se Brasil recente pode ser compreendida não só pela
apresentam na forma de seu advento, nas trajetória de suas forças econômicas e políticas,
atividades reservadas para o "dia" e em mas também pelo modo de produção imaginário
manifestações que tendem à construção de uma deste confronto. E se explicada também pelo modo
distopia) e suas articulações com o processo de veiculação/reprodução / construção deste
político. embate pelos meios de comunicação de massa.

Sérgio Armando Diniz Guerra (UFB) Refazendo a Sergio Luiz Ferrreira (UFSC) O Banho de mar na
utopia. A intervenção do Centro de Estudos Ilha de Santa Catarina. O banho de mar é uma
Euclydes da Cunha, Órgão Suplementar da atividade social e de lazer que na Europa começou
Universidade do Estado da Bahia, no município de a ser praticado no século XVIII. No Rio de Janeiro
Canudos visa por um lado a reconstrução da somente no final do século passado. Em
revisão sobre o espisódio de Canudos, realizando Florianópolis somente neste século. O mar desta
junto com a Secretaria de Educação local, um forma deixa de ser somente um local de trabalho
projeto de elaboração de uma Cartilha Histórica (pesca, extração) e meio de transporte, para
que, utilizada por toda a rede escolar, permite uma tornar-se um espaço de lazer socializado. As
melhor percepção da saga canudense. E por outro relações, então, mudam. O banhista que no século
lado viabilizando, uma série de ações onde se passado seria preso por desacato ao Código de
destacam a Cartilha de Educação e Saúde, o I Posturas Municipal, passa agora a ter a primazia na
Seminário de Desenvolvimento Sócio-Econômico e água, inclusive sobre os barcos. O banho de mar
a Semana de Cultura de Canudos Gá em sua traz novos hábitos e muda também a mentalidade
terceira edição) que pretendem interagir com a da sociedade. A princípio, banho de mar era coisa
realidade local, alterando as condições de vida da de vagabundo, depois torna-se chique, símbolo do
população regional. O título desta comunicação homem civilizado. O discurso médico ajuda na
retrata a luta destes técnicos em aliança com valorização do lazer à beira-mar.
intelectuais e artistas de diversas áreas que seguem,
pouco a pouco, no quotidiano da sobrevivência Severina Barbosa Leal (UNICAP) A Experiência
dentro do aparelho do Estado: REFAZENDO A Fe"oviária no Contexto da Economia
UTOPIA. Pemambucana. O marco teórico deste trabalho
será indicar as vigas mestras da "modernização" de
Sérgio Corrêa Vaz (ABEFP) Utopia Liberal e Pernambuco, dentro da expansão imperialista do
Utopia Socialista no Brasil Recente, - o segundo século XIX e início do séuclo XX, exemplificada na
tumo das eleições presidenciais de 1989. A presente alocação e reprodução do capital financeiro, em
comunicação pretende abordar o significado para a forma da instalação e exploração de ferrovias.
história imediata do Brasil do confronto entre as Temos de considerar que o processo de
concepções liberal e socialista apresentada pelos reprodução é por si mesmo desigual e combinado,
então candidatos Fernando Collor e Luís Inácio levando a certas formas de "homogenização" que
Lula da Silva. E analisar também o papel que os justificariam a teoria de "áreas dominadas" no
meios de comunicaçõo de massa tiveram neste processo econômico. A ideologia do progresso,
confronto. Nunca como antes, em eleições parte integrante da ideologia capitalista, é fator
presidenciais, duas concepções se confrontaram de preponderante na aceitação e até mesmo na
forma tão cristalina. O candidato do PRN, a partir exigência da modernização como elemento de
de algumas preocupações liberais genéricas e complementaridade do sistema, por parte dos
descosturadas, foi atrás de um programa de países periféricos dos centros dinâmicos do
governo com um mIDlmo de coerência. O capitalismo industrial e financeiro. A
candidato do PT, a partir de uma definição pouco "modernização" das áreas complementares dos
substancial de socialismo pós burocrático e não referidos centros satisfaz às necessidades de
autoritário, esforçou-se a precisar um programa de expansão, alocação e reprodução dos mesmos. O
reformas e mudanças para o país. Falamos de neo-colonialismo do século XIX prepara o terreno
Programa e Resumos 139

para a fase do Imperialismo. Esta fase é sobre a opmJao pública e o jornal Última Hora
demonstrada pelas novas formaas de acumulação, procurava reverter o processo a favor de Vargas.
pelos investimentos em infra-estrutura nos países Assim, tanto a Folha como a Última Hora
periféricos. . participaram ativamente do processo político que
culminou com o suicídio de Getúlio Vargas, e é a
Sezinando Luiz Menezes (UEM) Padre Antônio essa participação que pretendo analisar mais
Vieira e a Sociedade Portuguesa no Século XVII. O profundamente.
século XVII constitui um momento decisivo no
processo de consolidação da sociedade burguesa. Silvanir Marcelino de Miranda (PUC-SP) O Vai
"Época de transição", de contradições, produziu o Vem da Sobrevivência. Esta Comunicação é
surgimento dos primeiros téoricos da sociedade resultado de uma pesquisa elaborada com o
burguesa e, concomitantemente, um objetivo de compreender o aspecto migratório da
recrudescimento de idéias vinculadas à antiga sociedade rural, marcado por conflitos de várias
sociedade. Em Portugal esta "época de transição" naturezas, originados na questão da posse e
assume particular dramaticidade. Os portugueses propriedade da terra. Para tanto, partiu-se do
que haviam produzido a expansão marítima e trabalho realizado pelo CEM - Centro de Estudos
organizado o comércio mundial mergulham, ainda Migratórios e pelo SPM - Serviço Pastoral dos
o final do século XVI, numa decadência que Migrantes que, a partir de uma "Teologia das
atravessa todo o século seguinte e parece se Migrações", visa, através de um trabalho de
eternizar. O estado miserável do Reino provoca o conscientização, estruturar a organização dos
surgimento de uma série de estudos, cujo principal migrantes, considerada elemento fundamental no
objetivo é descobrir as causas dos problemas e processo de resistência. A partir do trabalho da
apontar alternativas para a reabilitação de Pastoral dos migrantes, delineia-se uma sociedade
Portugal. O resultado desse esforço intelectual rural marcada pelo desenraizamento, pela
inclui desde trabalhos de caráter moralista, onde se etinerância e pela exclusão. sem possibilidade de
atribui os problemas à corrupção e aos maus acesso real à terra, o homem do campo migra
costumes, até estudos onde se pregava a compulsóriamente para as fronteiras agrícolas,
necessidade de transformação da sociedade a partir para as cidades, migram temporariamente ou se
da organização da produção no Reino. É neste proletarizam no campo, etc.
contexto social que vem à tona as propostas do
Padre Antônio Vieira (1608-1697) de uma Sílvia Helena Zanirato Martins (Univ. Estadual de
reestruturação da tributação a partir da discussão Maringá) Homens Pobres, Homens Perigosos:
sobre o papel social da nobreza lusitana. leituras divergentes sobre a cultura popular. Nos
anos 30/40, o Estado varguista enseja construir
Sheila Maria Castro Brasiliense Gentile (PUC-SP) uma sociedade harmônica, ignorando as
O Papel da Imprensa durante o segundo Governo de desigualdades sociais. Como pilar de sustentação
Vargas. Meu projeto tem por objetivo a análise da dessa harmonia está o exercício do trabalho, que
atuação da imprensa durante o segundo governo de deixa de ser uma prerrogativa do indivíduo para
Vargas (1951-1954). Analisar de que forma ela tornar-se um dever social. Nesse entendimento, o
atuou nesse processo político que atingiu seu não exercício do trabalho regular adquire o
clímax com o suicídio de Vargas. Pretendo estatuto de crime contra o Estado e a repressão a
trabalhar principalmente com dois jornais, que esse comportamento VaI reCaIr violenta e
considero fundamentais para a compreensão do exclusivamente sobre os homens pobres
processo em questão: A Folha da Manhã e a desocupados, considerados então como "vadios".
Última Hora. São jornais com posturas totalmente Através de fontes policiais e judiciárias procuro
antagônicas no que diz respeito a Vargas e seu verificar como esses homens foram pensados na
governo. A Folha da Manhã fazia uma crítica conjuntura onde se buscou discriminar e reeducar
intransigente ao governo Vargas. Procurava suas atitudes, seus valores, seu modo de vida. Ao
noticiar somente os fatos negativos e muuitos mesmo tempo busco percebercomo os mesmos se
pontos positivos não eram mencionados. É inegável viam ao serem reprimidos e estigmatizados, Parto
que teve um papel de destaque no processo político do princípio que as práticas cotidianas, os valores e
que levou à queda de Vargas. Já a Última Hora, as representações sociais elaboradas por esses
nasceu justamente para quebrar o silêncio. E homens pobres e desocupados permitem vê-los
assim, caímos no outro extremo. Era um jornal à como uma identidade mais do que a da classe
serviço de Getúlio Vargas. Vargas sabia que a operária, isto é, como trabalhadores urbanos
imprensa tinha um enorme poder de manipulação pobres.
140 XVII Simpósio Nacional de História

Silvia Regina Ferraz Petersen (UFRS) A Crise da prática muito vinculada a de seu país de origem, a
Modemidade e o Conhecimento Histórico. Este Rússia, num dos momentos mais turbulentos de
trabalho tem por objetivo analisar as características sua história: o período revolucionário. A produção
que vem assumindo a crise da modernidade e seus teórica e prática de Eisenstein teve seu
efeitos na produção do conhecimento histórico. Se desenvolvimento nas décadas de 20 e 30. Neste
observamos algumas manifestaçôes das diferentes texto serão utilizados como fonte três filmes de três
tendências da chamada nova história, podemos momentos diferentes de sua obra para se
identificar no seu bojo a presença de múltiplas estabelecer os pontos de contato entre o momento
questôes que nos seus limites nos remetem à crítica histórico e pessoal que viveu, as imagens
da epistemologia racionalista, das explicaçôes concebidas e a relação com a concepção de cinema
sistêmicas, da cientificidade do conhecimento. O teorizada por ele.
estatuto do discurso histórico, do sujeito e sua
ação; a fragmentação de "campos" cognitivos e as Sonia de Deus Rodrigues Bercito
elaboraçôes inter ou transdiciplinares; todo um (CONDEPHAAT) Educac;üo Física e a constl1/(,;üo
elenco de temas, pequenas narrativas e da naciol/alidade brasileira. Os caminhos recentes
experimentos de investigação são questôes que da produção historiográfica no Brasil tem
estão na ordem do dia da historiografia f(;cente. apontado para variadas direçôes diversificando os
Pretendo neste trabalho examinar um pouco o objetos de pesquisa e os enfoques sohre o social.
estado destas discussôes no conhccimento Pouca atençüo, no entanto, tem recebido o tema da
histórico, as novas frentes de renexão que sc abrem Educação Física por parte dos historiadores.
para o historiador e as dificuldades que ele Durante a década de 30 e primeira metade dos
enfrenta neste momento de transição. anos 40 no Brasil apontava-se para a disseminação
da Educação Física como uma questão relevante a
Simone Narciso Lessa (UNICAMP) FerrOl'ia: ser enfrentada pela sociedade brasileira gerando
Utopia da Era fndustrial. Neste trabalho falaremos diversas iniciativas nesse sentido. Ao mesmo
sobre a ferrovia, primeiro veículo com tração tempo. a consolidação do regime estadonovista
mecânica, a partir do século 19 Industrial, ou seja. acabou por conferir um colorido particular a essa
a conquista de novos mercados e territórios que prática. A ela atribuía-se amplamente uma
viabilizassem a expansão da produção, do consumo capacidade "regeneradora" do indivíduo c, a partir
e das áreas de innuências das potências industriais. dele, do povo e da Naçüo. Seu espa~o de atuaçüo
Ao longo de décadas a ferrovia se expandiu por compreendia a regeneração física'· do povo
todo o planeta levando eonsigo esta imagem de brasileiro - afastando os efeitos danosos da
mensageira do progresso e civilização. Conquistou mestiçagem - em busca do desenvolvimento social.
território e mesmo criou novos territórios. Vista Mas ambicionava também conduzir sua
como um prodígio da técnica a ferrovia passará a "regineração moral". dessa forma a ela reservava-se
ser vista como um símbolo de sua época. Símbolo o papel de adequar os indivíduos "interna" e
que incitará os sonhos de progresso e "cxternamente" aos avanços da ordem capitalista:
desenvovimento por selvas, sertôes e planícies tornando-os fortes, sadios, eugenizados, úteis,
inópitas de nosso planeta. Nos sonhos de seus produtivos, obedientes, disciplinados. Do esforço
contemporâneos ela trazia a urbanidade, o de compreender-se o papel então conferido a essa
conforto e a salubridade prometida pela civilização prática no âmbito do Estado Autoritário avulta a
industrial. instrumentalização política de que foi objeto:
tratava-se de integrá-Ia num projeto de construção
Sonia Cristina da Fonseca Machado Lino (UFFl da Nação e da nacionalidade hrasileira.
Eisenstein: a revolução nas telas. Através de um
cineasta em particular, busca-se rever as relaçôes Sonia Maria Fonseca (USP) Oriel/talisll/o l/{f Arte
entre cinema e história preservando-se, no entanto, Colol/ial Mil/eira. Esta com unicação faz parte de
as especificidades de cada área. Eisenstein foi um projeto maIs amplo: "Representaçôes do
escolhido para análise por várias razões. Primeiro Oriente na Arte Colonial Brasileira" onde
por ter desenvolvido uma forma de montagem que buscaremos fazer a análise iconográfica e
estabeleceu uma aproximação entre filme e iconológica das representaçôes pitóricas e
discurso. Depois por ter, paralelamente a sua escultóricas que referem a temática e técnicas da
filmografia, formulado um arcabouço teórico que arte oriental, sobretudo a chinesa, japonesa e
marcou não só a história do cinema como também hindu; bem como os mecanismo de sua produção e
várias geraçôes de cineastas que o sucederam em veiculação na sociedade colonial. No caso de
várias partes do mundo, inclusive no Brasil. E, por Minas, as "chinoiseries" são o tipo de orientalismo
fim, por ter sua produção tanto teórica quanto
ProKrallw e Resul1lo.\" /4 J

que encontramos nas principais matrizes (Sé de procura-se contrapor a dimensão do social vivida
Mariana, Matriz de Nossa Senhora da Conceição por vanos atores a esta ordem sonhada,
em Sabarú) construídas na 1il metade do século evidenciando, portanto, os limites desta mesma
XVIII. As "chinoiseries" ou "chineseces" são ordem e abrindo caminhos para o desenvolvimento
pinturas que retratam cenas pastoris, onde os de reflexôes acerca do progresso.
personagens são representados como vestimenta à
moda oriental, além de estruturas arquitclônicas; Sonia Regina de Mendonça (UFF) Estado e
utilizando de cores quentes como o vermelho o Erclusâo Social no Brasil AKrário: um estudo .mlu·e
azul e a laca dourada. a Primeira República. O estudo visa analisar os
mecanismos através dos quais uma agência do
Sonia Maria Leite Nikitiuk e Marcelo de Souza aparelho de Estado criada neste período - o
Magalhães (UFF) Entre o Discurso e a Prática: o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio -
repensar a fomiaçâo de professores de história da foi capaz de consagrar, mediante a difusão de
UFF. A formação do licenciando está geralmente práticas a um só tempo simbólicas e efetivas, uma
associada ao acréscimo de disciplinas pedagógicas imagem de produtor rural "moderno", responsável
ao curS() de origem do aluno, sendo (J ênfas(; maior por inclusões e exclusões no tocante às suas
dada as disciplinas Didática e PrÚlica de ensino, políticas. Tomando semelhante idealização como
vistas como as principais responsáveis por sua critério para a concessão de benefícios tais como
formação. Procuramos a partir de uma pesquisa auxílio técnico, fornecimento gratuito de insumos
em desenvolvimento no SPE-UFF, rcpensar esta e/ou distribuiçüo de informações qualificadas, o
formação tendo como referência: a relação entre () Ministério conseguiu perpclrar a exclus,io no
discurso e a prática vivenciada no Departamento mundo agr{lrio brasileiro, mediante a consolidaçüo
de História e na Faculdade de Educação; e a daquele~ atores sociais definidos como portadores
experiência iniciada de uma Didática e PrÚlica de do arquétipo da '"modernidade'"; os proprietários de
ensino com abordagem construtlvlsta. Este médio e grande porte.
trabalho nos proporciona uma reflexão sobre o
construtlvlsmo como elemento essencial na Sonia Regina Mendonça (ICHF-UFF) Estado,
formação do educador, nos leva a refletir sobre o Poder e Saber na Primeira Reptíblica. O objetivo do
tipo de historiador-professor que se forma c/ou se trabalho é analisar a rede de conexões entretecidas
pretende formar, e nos leva a rever o compromisso entre o ensino superior agronômico nos primórdios
político global da licenciatura com a questão da de sua implantação no Brasil, as relaçi)es de poder
educação. dele decorrentes e a formação de quadros técnicos
para agências governamentais do período. Para
Sonia Maria Sperandio Lopes Adum (Universidade tanto, elegeu-se como objcto empírico da pesquisa
Est. de Londrina) Londrina: ordem e desordem - o estudo comparado das dua~ principais
1930/1960. Esta comunicação examina a cidade de instituiçi)es de ensino de agronomia da época - a
Londrina enquanto cidade construída sob Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
orientação de um projeto racional prévio. que (ESALQ) de Piracicaba c a Escola Superior de
pretendia organizar e moldar homens no presente Agricultura e Medicina Veterinária (SEAMV) do
e no futuro, este, também sonhado de forma Rio - de modo a desvendar os mecanismos pelos
planificada. Para a concretização do projeto, quais o processo acima apontado verificou-se na
constatou-se a eXlgencia de uma nüxima sua concretude. Trata-se, pois, de analisar até que
concentração de poder nas mãos dos agentes que ponto ambas as escolas contribuíram - e em que
lideraram o processo, no caso, a Companhia de medida - para a reprodução social, através da
Terras Norte do Paranú, empresa de concepção e reprodução cultural de frações da classe
capital inglês. A máscara deste poder foi a idéia de dominante, processo este aqui percebido a partir
progresso, que tinha como eixo de sua de sua diferenciação inserçüo junto a uma agência
concretização a fundação de uma sociedade específica do aparelho de Estado repuhlicano: o
ordenada e disciplinada. No entanto, em Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio
contradição com o projeto, a construção da cidade (MAIC) no período compreendido entre II)()<)-
com seus personagens diversos em seu jogo de 1934).
forças cotidiano, mostram a negação da ordem
sonhada. Deste modo, enfoca-se por um lado a Sonia Regina Rebel de Araujo (UFF) Entre a
dimensão do simbólico sobre a cidade, bem como lK'eja Católica e () Estado: a constitlliçâo de lima
o plano elaborado para ela. como elementos identidade feminina 110 Brasil de pós-gllel7·a. O
constitutivos de uma ordem sonhada. Por outro, presente estudo proeura discenir a constituição de
142 XVII Simpósio Nacional de História

uma identidade feminina no Brasil sob as do equipamento somados aos novos interesses
influências do catolicismo e do regime autoritário ingleses em Pernambuco, como desenvolver a
intituído em 73. Tratava-se de implementar um malha ferroviária, levaram ao fracasso esta
projeto cultural para a sociedade, concebido pelos experiência, invializando quase que completamente
ideólogos do Estado Novo com a colaboração de a navegação de cabotagem na região norte.
líderes católicos. Este projeto previa a participação
ativa das mulheres na sua implementação e, para Suely Gomes Costa (UFF) O Diário de uma e
pleno êxito, estas deveriam ser preparadas e Outras Meninas. (Aportes teóricos sobre o cotidiano
educadas dentro de princípios católicos e feminino. Diamantina, fins do século XIX). Trata-se
nacionalistas. Após a análise de pensadores e de sugestões teóricas sobre o cotidiano doméstico
tendências como Rousseau, Augusto Comte e os feminino, escrito por uma menina-moça em
positivistas, Lombroso, e os médicos hegienistas do Diamantina, Minas Gerais, entre 1893 e 189.5).
início do século, onde procurei ressaltar o núcleo Examina intimidades e rupturas de padrões
comum a respeito do sexo feminino e do seu papel comportamentais femininos, num tempo
social que unifica estas diferentes posições, procuro imediatamente após A abolição da escravidão.
demonstrar sua influência sobre os ideólogos Remete a problemas cruciais na esfera da
católicos e autoritários brasileiros de meados do reprodução humana: a) a instabilidade financeira
século. Assim, nas décadas mencionadas, aquele de uma família da região de mineração; b) os
substrato ideológico ressaltando a biologização das "ritmos naturais" do trabalho doméstico dentro de
características femininas, informou a educação que certas relações com a natureza; c) a ambiência
os agentes católicos estado-novistas prepararam ruro-urbana como uma expressão dessas relações;
para criar uma identidade feminina útil a seus d) a continuidade de proteção e dependências
propósitos. Por isso, a educação revelou-se o locus forjadas no espaço doméstico sob a escravidão
privilegiado onde se forjou a mãe-professora, a recriadas após a abolição; e) as prisões do tempo
abnegada mulher do lar, religiosa e competente da mulher; f) a construção de sujbetividade
para cuidar da família e perpetuar os valores da feminina na vida familiar.
religião e da nacionalidade.
Susana Bleil de Souza (UFRS) A Fronteira Sul no
Suely Creusa Cordeiro de Almeida (UNICAP) A Final do Século XIX' trocas e núcleos urbanos.
Companhia Pernambucana de Navegação Costeira. Nosso objetivo é examinar as relações de troca que
O processo de expansão que se desenvolveu a se estabeleciam na fronteira sul no final do século
partir da segunda metade do século XIX no Brasil XIX. O espaço econômico recortado abarca a área
em suas principais cidades, deve ser analisado não ocidental sul-rio-grandense em estreito contato
só em nível de dinâmica interna, mas através de com a porção territorial uruguaia acima do Rio
uma relação íntima entre "colônia" e "metrópole". Negro, constituíndo-se ambas numa sociedade de
O espaço geográfico sobre o qual nos debruçamos criadores e proprietários de terra que se utilizavam
é o da cidade do Recife, o aspecto principal da da mesma via de escoamento e abastecimento: o
análise que implementamos o da expansão desta porto de Montevideo. Interessa-nos examinar a
cidade, sua urbanização e a relação causa e efeito organização interna deste espaço em relação às
entre os investimentos de capital inglês e o trocas e onde, segundo o geográfo francês R.
surgimento de companhias prestadoras de serviço Pebayle, dois fluxos podem ser percebidos: por um
como fruto direto destas inversões no Recife. A lado, o comércio legal, visível, limitado pelas
Companhia Pernambucana de Navegação nasceu injunções fiscais; por outro, o fluxo invisível, mais
das necessidades de transporte de cabotagem para rentável e mais adaptado a um espaço econômico
as províncias próximas de Pernambuco. Recife, de profunda unidade. Esta dinâmica de trocas é
neste período, era o centro aglutinador de capital, proporcionada pelas cidades geminadas, bicéfalas
neste contexto a companhia passou a atender uma no plano administrativo. mas perfeitamente
dupla exigência, de comunicação, abastecimento e complementares do ponto de vista econômico.
escoamento de produtos das cidades costeiras e
províncias vizinhas, como também, as de exportar Suzana Cavani Rosas (UFAL) A Conciliação em
capitais, tecnologia e manufaturados ingleses. Pernambuco: A eleição do Círculo de 1856. Este
Criada a partir de uma imposição externa ao seu trabalho analisou o significado da Lei do Círculo de
espaço geográfico a companhia encontrou terreno 1855 para o conflito político-partidário em
fértil para seu desenvolvimento, no entanto, a Pernambuco durante a eleição dos deputados
inadequação de seus vasos, as péssimas condições gerais de 1856 no período da Conciliação de
dos portos locais, a impossibilidade de manutenção Paraná. De maneira geral a historiografia tem
Programa e Resumos 143

considerado esta eleição como um marco da Igreja Católica, como a principal mediadora dos
política da conciliação, principalmente, porque a conflitos, também serão enfocados como objetos
nova legislação eleitoral (Lei do Círculo) teria de estudo. A província de Pernambuco e os seus
favorecido em todo o país a vitória dos candidatos representantes parlamentares é o palco privilegiado
liberais. Neste sentido, esta pesquisa procurou como enfoque dentro da História Regional. O
reconstituir a história desta eleição em arcabouço teórico metodológico pode ser inserido
Pernambuco tentando verificar se de fato os nos pressupostos da Nova História.
praieiros foram beneficiados por essa nova
legislação e se seus candidatos derrotaram os Tânia Cecília Pacheco da Silva (UFF) Orfeu
conservadores naquela disputa eleitoral de 1856. Extático entre as Metrópoles: e a correspondência de
Os resultados desta pesquisa indicam que em Mário de Andrade e Manuel Bandeira. A partir das
Pernambuco essa eleição representou uma grande cartas escritas por Mário de Andrade e Manuel
vitória dos conservadores, apesar dos esforços dos Bandeira, busco investigar a relação estabelecida
liberais e da Lei do Círculo do Gabinete Paraná. entre os modernistas do Rio de Janeiro e de São
Além de assinalar o poder dos conservadores em Paulo. O estudo compreende um universo de 127
Pernambuco, a eleição de 1856 marcou a derrota cartas, escritas entre 1922 e 1935, e é
dos que defendiam uma política de conciliação complementado por anotações de Bandeira, a elas
entre os partidos, do grupo chefiado por Paraná na referentes, por outros escritos seus e de Mário,
Côrte, pois a famosa "Oposição Parlamentar" ao sobre o período em questão e sobre as relações
ministério era liderada pelos deputados guabirus e estabelecidas entre eles e os demais modernistas, e
a maioria deles foi reeleita na província. por trabalhos de outros autores, abordando o
mesmo assunto. Também estão sendo levadas em
Suzana Maria Moreira (UNICAMP) Introdução a consideração, para efeito da análise, suas
uma História de Vida e Obra Pictórica - Helena respectivas biografias, os loci de sociabilidade por
Pereira da Silva Ohashi. Helena foi pintora mais à eles freqüentados e as redes tecidas pelos
semelhança de companheiro do metier, nascida na modernistas, nos anos 20 e 30. A escolha do
virada do século passado, é praticamente período a ser estudado corresponde à hipótese de
desconhecida do público brasileiro. Ainda de forma ser durante essas duas décadas que se criam as
semelhante à maioria das pintoras da mesma época matrizes da tradição intelectual brasileira.
teve no âmbito familiar o início e o incentivo à sua Tradição permeada por intensa polarização
formação. Filha de pintor, foi europeu seu política e por mudanças estruturais profundas, num
aprendizado mais sistemático, complementado cenário em que o Brasil dá início ao seu caminho
significativamente pela convivência profícua com o para constituir-se como nação, e os modernistas
marido - o pintor japonês Riokai Ohashi, ocupam lugar destacado. A formação da concepção
pautando-se pelas longas estadias fora do Brasil. O de mundo da intelligentsia brasileira - objeto maior
trabalho pictórico que desenvolveu é amplo e de minhas pesquisas passam aSSim,
diversificado, e apesar de pouquíssimo divulgado obrigatoriamente, por essa investigação.
nas obras encontradas revela a artista de
sensibilidade apurada. Além de suas pinturas Tania Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira
temos ainda uma auto-biografia, que embora não (UERJ) A Cidade das Letras e os intelectuais no
apresentando grande interesse literário ilumina a Rio de Janeiro no início do século xx. Para Angel
compreensão da trajetória da artista ao trazer à Rama o final do século XIX e o início do século
tona, entre outros aspectos, a visão de Helena XX é o triunfo da Cidade das Letras, aquela que
sobre a sociedade onde viveu e tentou exercitar-se desde o início da colonização na América está
como pintora. sendo delineada, mas não tinha ainda a
oportunidade de definir seus contornos, seu
Sylvana Maria Brandão de Vasconcelos (UFRO) discurso autônomo, seu próprio discurso
Ventre Livre Mãe Escrava. A Política historiográfico, seus valores e símbolos, sua visão
Emancipacionista encetada pelo Governo Imperial de ordem e progresso, sob a perspectiva de
a partir de 1865, materializada com a promulgação maturação nacional. A Cidade das Letras era o
da Lei do Ventre Livre em setembro de 1871, por espaço adequado ao desempenho do setor letrado
força de uma habilidosa articulação entre o poder acadêmico que usava a Universidade como ponte
central e os poderes provinciais, constitui o eixo para nela transitar mais facilmente e ocupar esferas
central deste trabalho. O processo de aquiescência de poder só acessíveis aqueles de formação
dos escravizados à desescravização em curso, privilegiada. Dentro desta perspectiva,
dirigida pelo estado e o papel desempenhado pela
144 XVII Simpósio Naciollal de História

examinaremos o papel dos intelectuais no Rio de Terczinha Alves de Oliva e Lenalda Andrade
Janeiro no início do século XX. Santos (UFSE) Amcajll, um eS[J{/(.;o de utopias.
Fundada em 1855, a cidade de Aracaju, capital de
Tarcísio Rodrigues Botelho (Univ. Esl. de Montes Sergipe, foi-se constituindo em um projeto de
Claros) Tropas e Tropeiros I/a Mil/a.l· Oitocel/tista. modernidade das elites sergipanas, que passam a
Nesta comunicação, pretendemos eontribuir para a ver na nova capital não apenas a possibilidade de
compreensão do papel desempenhado pelo melhor porto e comunicação direta com o exterior,
tropeiro na sociedade mineira nas primeiras com autonomia na exportação do açúcar, mas a
décadas do século XIX. Para tanto, nos realização de um sonho de progresso para a
utilizaremos de livros de controle da entrada de pequena Província. Tentado e várias vezes frustado,
mercadorias no Registro de Rio Pardo, no extremo o projeto modernizador encontra momentos
norte da então Capitania de Minas Gerais nas significativos na República Velha, quando a cidade
décadas de 1810 a 1820. Iniciamos com uma ligeira assume o seu papel de centro administrativo e
discussão acerca da economia mineira do século coraçã() político do Estado. O crescimento da
XIX e da figura do tropeiro neste quadro. Em cidade e a instalação de fábricas, aliado ao êxodo
seguida, a partir dos livros de controle da entrada rural que traz para Aracaju uma população em
de mercadorias, analisamos o tamanho das tropas e busca de melhoria de vida, fazem surgir
o tipo de mercadorias transportadas. Cruzando os contradições, pois começa a gastar-se o sonho de
nomes constantes desta documentação com listas organização de um operariado nascente, que
nominativas existentes para a década de 1830, também vê a cidade de Aracaju como espaço da
vamos caracterizar melhor os tropeiros através do sua manifestação. O contraste entre os dois
resgate de seus domicílios. Com isto, queremos projctos é o que aborda este trabalho.
compreender melhor este grupo profissional e sua
inserção econômica. Thais Luzia Colaço (UFSC) Fragmel/to.l' do
cotidial/o das fOltijicaçôcs da "ha de Sal/ta
Tereza Baumann (UFF) O Jardim do Édel/ lias Cataril/a. As fortalezas catarinenses sempre
ÍI/dias: Peregril/as do Novo MUI/do. Motivo de despertaram interesse e fascínio, n.io só pela sua
inquietantes buscas, incentivado por inúmeros expressão arquitetônica como pelos episódios
textos que afirmavam a sua existência e, sobretudo, históricos que envolvem a sua existência. As
pelas imaginárias peregrinações de São Brandão, o publicações sobre os fortes catarinenses até o
sonho do Paraíso Terreal se transferiu para o Novo momento, contemplam principalmente os aspectos
Mundo onde, desde Colombo até Pedro Rates históricos, do pont() de vista político, diplomático,
Hanequim no século XVIII, muitos sonharam em arquitetônico e artístico. A carência de referências
encontrá-lo. Entretanto, ninguém o procurou com quanto ao cotidiano das fortalezas motivou a
mais obstinação que o Licenciado Antonio León solicitação desta pesqUIsa, visando sobretudo
Pinelo. Segundo consta, Pinelo, teria nascido em subsidiar roteiros para interpretações cênicas. O
Valladolid em 1596, não obstante considerar-se objetivo principal foi resgatar o cotidiano das
peruano. Educado por jesuítas, Pinelo acumulou pessoas que viveram nas fortilicaçôes catarinenses,
prodigiosa erudição e ocupou altos cargos como () nos séculos XVIII e XIX, para que estes elementos
de Conselheiro Real de Castela e o de Ouvidor sirvam de argumento na reconstrução da
Geral da Casa de Contratação das Índias. Dentre ambientação social, trazendo a vida do passado
muitas obras de sua autoria, destaca-se a para os monumentos de pedra e cal. As fontes
monumental EI Paraíso el/ e/ Nuevo MUI/do: eonsultadas documentam especialmente as
Comel/tário Apologético, História Natural y questões relacionadas à manutenção das fortalezas:
peregril/a de las lI/dias occidell/ales ... Concluída em soldos, alimentação, vestuário, utensílios
1650, essa obra permaneceu inédita até 1943. empregados. saúde, manutenção dos edifícios,
Obsecado pela convicção de que o Paraíso se assistência religiosa, movimento de pessoal,
encontrava na América, Pinelo dedicou quase 1000 hierarquia militar, infraçôes e puniçôes e rclaçôes
páginas para demonstrá-lo, discutindo e refutando com a comunidade. Embora as informaçúes
dezessete teorias sobre a sua localização; (;otejada~ não permitam reconstituir todos os
amparado por vastíssima bibliografia, não só aspectos do cotidiano, s.io referências que reunidas
medieval mas também de autores seus e organizadas permitem intepretações mais fiéis
contemporâneos, Pinclo concluiu que o Paraíso quanto ao papel das personagens que viveram nas
Terreal se encontrava na Amazônia peruana, no fortalezas catarinense.
centro da América do Sul que, por esse motivo,
teria a forma de um coração Thais Velloso Cougo Pimentel (UFMG)
Fragmel/tos urbano.\': mcmórias de II/oradorcs. A
Prof!.rama e Resumos 145

capital planejada de Minas Gerais tem sido ohjeto compreensão dos aspectos econômicos c políticos
de interesse de estudiosos e pesquisadores de que envolvem os conflitos pela posse da terra os
várias áreas do conhecimento. Este trahalho tem, quais estão intrisecamente ligados à questão
na história oral, um recurso a mais para a fundiária e à política agrária do país.
compreensão da complexa relação dos moradores
de Belo Horizonte com a imagem da cidade Tomás de Aquino Silveira Boaventura (UFMS) Os
forjada pelos seus planejadore~ e administradores. il/fil/dos limites da cOlIstnu;üo ideolóf!.ica e melltal
As diferentes experiências vividas neste espaço de frol/teira 110 ,".fato Grosso Colol/ial. A noção de
urhano produzem memonas divesas que, se fronteira enquanto lugar desconhecido, exótico,
algumas vezes eonfirmam uma imagem concstruída "maravilhosamente" desigual e desafiador está
sohre a cidade, outras muito se distanciam dela, arraigada de maneira indelével na formação do
propiciando novas leituras e novas imagens da pensamento ocidental. A evolução deste pensar a
cidade. fronteira pode ser contada historieamente e
oportuniza um riquíssimo debate em torno do
Théo Loharinhas Pil1ciro (UFF) Escrm'idüo: tema. Apenas como fonte histórica.
resistêllcia e cOlltrole. Este trahalho analisa os
diversos instrumentos de manutenção da Trípoli (,audenzi (Universidade do Estado da
suhordinaç,io do cativo, quer no interior da fazenda Bahia) Memorial de Calludos. Vídeo de 30 minutos
escravista, quer no campo mais amplo da utilizando-se () sistema VHS. Foram usadas.
sociedade, onde ganharam relevo as forças policiais aproximadamente, 350 ilustraçóes a côres e em
e a legislação. A vigilância tem um duplo caráter, preto-e-hranco, realizadas nas mais variadas
visando a manutenção da "ordem" escravista: o técnicas. A figuração narrativa seguiu um roteiro
primeiro aponta diretamente para a "disciplina do haseado na ohra de Euclydes da Cunha Os Sel1(}es
trahalho", compelindo o escravo a produzir. O sendo. ainda, agregadas informaçóes de outras
segundo liga-se à reiteração da suhordinação do fontes, notadamente do Núcleo Sertão (UFBA) e
eativo, tentanto evitar qualquer tipo de reação. Já o do CEE (UNEB). Trata-se, em suma, de um
Controle Social tem como referência () potencial de trabalho experimental que deverá servir de base
revolta existente na sociedade escravista, gerando para futuras pesquisa~ em projetos mais eompletos
mecanismos para controlar a vida do escravo e e com delalhamento lécnico mais perfeito. ()
tentar evitar conturbações na "ordem" púhlica. A objetivo do trabalho é de caráter eminentemente
legislação busca não só controlar a população didático, para difusão em escolas de 2\1 grau,
escrava, como também incorporar neste controle, Universidades e Centros de Estudos.
cada vez mais, os setores livres e não proprietários
da sociedade. Por outro lado, as forças policiais se Ulisses Ambrósio do Carmo (Colégio Magister) Os
incumbem não só da "manutenção da ordem" e da 500 aI/os de t!esco!Jel1a da América como tema de
repressão aos movimentos violentos dos cativos, disclIssüo il/terdisciplil/ar. Como professor de
como ainda suprem a incapacidade dos senhores de geografia, Ulisses participou deste projeto levando
controlar diretamente seus escravos. aos alunos discussôes aeerca dos mapas existentes
na época e de como se modificaram. Coube a área
Therezinha G\oriete Pimentel Rodrigues (UFPB) de geografia a análise da geopolítica do período
FOl/tes sobre os movimelltos sociais 110 campo com ênfase a destruiçüo deOagrada pelos europeus.
paraibal/o. Como integrante do projeto de pesquisa
intitulado "Resistência ao Processo de Valmir Francisco Muram (UFSC) Vieira: el/tre a
Modernização Agríeola: os recentes conflitos de Profecia e o Utopi.\"II/O. A questão da Utopia nos
terra na Paraíba",pretendendo abordar o aspecto escritos de Vieira ainda can:ce de esclarecimentos,
relativo ao tipo de fonte documental possível de ser bem como todo o universo simbólico e profético
utilizada em pesquisas que tratem sobre história que utilizou na tentativa de explicar os fenômenos
dos MS no campo bem como sobre onde encontrar sociais, políticos e econômieos da época em que
tal documentação e a forma de melhor usá-Ia. A viveu. O "Quinto Império" foi acentado numa base
referida documentação encontra-se dispersa nos predominantemente utópica, bem como sua
arquivos de entidades sindicais, de assessoramento arquitelura fantástica. Dentre as dificuldades
a órgãos públieos e nem sempre devidamente apresentadas pelo texto do autor da "História do
organizada, exigindo um traalho exaustivo do Futuro", destaca-se a questão dos conceitos e,
pesquisador. Apesar da dispersão e inexistência de matéria fundamental, o signlicado de Utopia.
muitos documentos, o resultado foi compensador Apesar de reconhecer o valor do signficado literal e
pOIS ofereceu subsídios para uma melhor clássico de Utopia destaca-se a valorização do
146 XVII Simpósio Nacional de História

termo a partir da década de 1960, quando passou a judiciais, foram alguns dos fatos que sinalizaram os
ser entendido como um projeto factível. A partir de limites a "real democratização" do período 1945-50.
então passou a merecer uma reflexão Minha comunicação visará contribuir para o
intelectualizada. A Utopia passou a ser vista como desvendamento da' ideologia dos trabalhadores a
projeto político viável e até como o sonho partir de suas manifestações no período,
impulsionador de diferentes movimentos e de manifestações nas quais se expressaram distintas
diferentes gerações. O termo Utopia também foi formas de resistência: reações individuais, revoltas,
aplicado a possibilidade de uma sociedade melhor, greves de grandes dimensões, depredações, ações
sem levar em consideração as suas chances de judiciais, etc ... Qual o imaginário que se constrói
realização. Envolve a oposição às relações sociais nessas múltiplas formas de resistência? Quais os
existentes e a proposição de outras mais adequadas nexos entre estas e aquele? As respostas a essas
às necessidades humanas fundamentais da época. perguntas requerem uma análise que recupere
A análise dos escritos de Vieira torna visível a duas dimensões de um mesmo universo, a urbana e
existência de um projeto utópico no sentido que o a fabril, cujas especificidades implicam abordagens
termo Utopia assumiu na sua evolução. particularizadas, mas organicamente articuladas
em um mesmo referencial teórico.
Vera Lucia Amaral Ferlini (USP) Estrntura agrária
e relações de poder em sociedades escravistas. A Veríssimo Lopes Pires (USP) O Ensino de História
grande propriedade açucare ira escravista, nas Primeiras Séries do Ensino Fundamental nas
fundamentou a exploração colonial do Brasil. Décadas de 40 e 50. O objetivo desta comunicação
Forma adequada aos interesses da Coroa consiste em analisar historicamente o ensino de
Português, podia satisfazer às necessidades fiscais História de 1iI a 4i! série nas décadas de 40 e 50.
do Reino, ordenar-se à dinâmica mercantil e Nesta perspectiva, resolvemos investigar a memória
garantir a ocupação e defesa do território. histórica veiculada, por ser nessas séries que a
Escravos e terras, a sua base a concentrar renda e escola é a mais frequentada e por ser nessa faixa
poder, a estabelecer liames de compromisso entre etária que a história que nos é contada tende a
o rei, os mercadores e senhores de escravos; a deixar marcas mais profundas. Como o projeto
configurar, na Colônia, ordem social reprodutora histórico dos grupos dominantes sempre foi o de
da exploração metropolitana, reservando a poucos construir uma única memória, a visão do passado
a vinculação direta ao estado e seus benefícios; a que passa a ser transmitida é uma visão filtrada e
constituir-se em barreira interna à proletarização distorcida que se impõe sobre os demais naquele
do trabalho. A presente pesquisa enfoca quatro momento. Por isso, ocupam' o aparelho do Estado
questões: o aprofundamento do estudo sobre a e o procuram através da organização dos
organização social da colônia, seus referenciais e currículos, produção de livros didáticos, leis,
suas relações com o imaginário estamental europeu revistas, intervir de forma a dar uma certa
e a concretude da plantation escravista; o universo "unidade" ao sistema. Evidentemente que tal
social dos "pobres do açúcar", isto é, a massa de "unidade" é artificial. Nesse sentido procuramos
homens livres não proprietários ou pequenos captar através da análise da literatura educacional,
proprietários, que vivia nas regiões açucareiras: da produção didática, da memória dos que viveram
pequenos produtores de gêneros de subistência, esse momento e da análise do discurso produzido,
oficiais de açúcar, feitores, marceneiros, quais os interesses que moveram tais grupos e
carpinteiros, etc.; os níveis de violência entre esses estão "ocultos" não só na disciplina História, como
grupos e os de grandes proprietários; as suas nas demais que fazem parte do currículo, tais como
formas de solidariedade, de arranjo social e de a Língua Pátria e Instrução Moral e Cívica. Assim,
estratégias de lutas e sobrevivência. não podemos desvincular o ensino de História do
contexto mais amplo que constitui o próprio
Vera Lúcia Vieira (PUC-SP) Resistência e universo do ensino fundamental e suas principais
Cooptação: ideologia do trabalhador em São Paulo questões: currículo, alunos, professores,
(1945-50). O governo Dutra, apesar de considerado escolarização, métodos de ensino, etc. O período
democratizante por boa parte da historiografia, escolhido obedece a um momento peculiar da
exerceu severa repressão aos trabalhadores. As expansão do ensino primário, entendido enquanto
persseguições ao Partido Comunista e outras expansão da escola universalizada e que
organizações de "esquerda", as proibições de corresponde ao momento em que o estado passa a
quaisquer reumoes, o intenso processo de dominar a organização escolar e a intervir mais
cooptação dos sindicatos, a não regulamentação eficaz e diretamente no sistema. A análise do
das leis trabalhistas, a parcialidade nas decisões discurso produzido, via programas de ensino ou
Programa e Resumos 147

memona oral, visa a apreender alguns conceitos democracia informaram as concepções (ou teorias
históricos fundamentais, tais como, os de implícitas) de história no Brasil contemporâneo,
temporalidade, sociedade, questão nacional. enfatizando a necessidade da permanente
reelaboração consciente e consequente das teorias
Virgínia Albuquerque de Castro Buarque (UFRJ) históricas.
Humanismo: Brisa renovadora - poder e moral do
Rio de Janeiro Imperial. É usual, hoje, a referência Virgínia Maria Almoêdo Assis (UFPE) As
a uma "crise de valores", expressa na mídia e em Innandades Religiosas do Recife e as Relações de
diferentes meios sociais. Esse destaque convida a Poder. Fundamentada em documentação primária,
uma problematização dos valores e de seu é objetivo primordial desta pesquisa a análise do
potencial de dotar de sentidos a vida social. A papel desempenhado pelas irmandades religiosas
discussão sobre a moralidade não mais se restringe formadas por leigos no processo de
às esferas religiosa e filosófica; ela é pensada como desenvolvimento histórico porque passou a
produto de seu tempo, elemento fundamental na Formação Social brasileira a partir da implantação
construção do sonho de uma ordem e de um poder. do projeto colonial português. Para este estudo
É justamente a relação entre moral, sociedade e adquiriu valor de exemplo as irmandades de Nossa
dominação que pretendo abordar, em um Senhora do Rosário dos Homens Pretos e a do
momento específico da realidade brasileira - Santíssimo Sacramento do Recife, no quadro das
meados do século XIX - quando intensificaram-se relações sociais de das contradições contidas no
os dilemas de um modelo de modernidade. Como bojo destas relações na sociedade escravista
articular uma moral que se constituía, mundana, pernambucana ao século XVIII. Nas análises
que valorizava a aparência, o entretenimento e o efetivadas foram pressupostos teóricos básicos: a
prazer, com a construção de um projeto estreita vinculação entre poder eclesiástico e civil,
conservador de Nação, impulsionado pelo Estado produto das injunções do Padroado português que
Imperial, e a inserção do país em uma divisão definiu as diretrizes da política religiosa adotada
internacional do trabalho, promovida pelo por Portugal para com a sua colônia americana, e a
capitalismo em ascensão? Esse problema permite intermediação exercida pelas irmandades neste
um outro questionamento, voltado à própria contato Igreja-Estado. Surgidas do sentimento
história: a discussão dos valores torna-se essencial religioso coletivo foram estas associações em sua
a um conhecimento que, ao recriar o real, através origem, organismos sociais dinâmicos e canais
de sua escrita, o dota continuamente de novos privilegiados de expressão popular, o Estado
significados. absolutista português como Estado de equilíbrio
das forças sociais dimensionou com exatidão o
Virgínia M. G. M. Fontes (UFF) História e poder destes grêmios tratando de incorporá-los à
Democracia nas Ciências Sociais - que utopias? A sua política de ultramar, o que fez destas
adoção e generalização de ideários democráticos corporações um dos setores em que mais se
transformou o panorama das Ciências Sociais evidenciava o controle do Estado, razão de
brasileiras entre 1977-1985. Alguns paradoxos, constantes lutas nas relações de poder entre Igreja
entretanto, permearam esse processo, pela estreita e Estado, foco central desta pesquisa.
relação das Ciências Sociais com as complexas
conjunturas políticas do período. Ora, a construção Viviane Cavalcanti Galvão (UFPE)~ Influência
de utopias (como a democrática) não é mera Social e Religiosa na Evolução dos Costumes
transcrição do desejo, mas implica uma Funerários no 'Brasil. A lei proibindo os enterros
compreensão histórica capaz de apontar as vias do óas igrejas, e concedendo a particulares o
possível. Houve uma modificação das < concepções monopólio para a exploração dos cemitérios
de história> (no sentido proposto por Josep secularizados, entraria em vigor no dia 20-10-1830.
Fontana), originárias de diversas áreas das Ciências Tanto a proibição quanto a concessão provocaram
Sociais, onde os historiadores não ficaram imunes. senos desentendimentos na sociedade, e
Algumas dessas concepções incorporaram noções promoveram uma curiosa revolta popular: a
francamente anacromcas, em especial a de cemiterada. Os costumes funerários além da
< < caráter nacional> >. Em contradição com o influência ideológica que receberam através da
princípio do conflito que embasa e justifica a idéia religião, foram fortemente direcionados pela
de democracia, a noção de caráter nacional apaga economia, política e interesses da sociedade a que
os conflitos e constrói uma identidade fictícia e estavam ligados. As estruturas fúnebres
niveladora. Analisaremos de que maneira as encontradas pelos arqueólogos, contém
transformações e paradoxos na idéia de informações que, coadunadas com a documentação
/48 XVII Simpósio Naciol/al de História

textual. podem geral subsídios que permitam uma ocupação da Europa peb Alemanha e da Ôsia pelo
melhor compreensão da sociedade estudada. O Japão.
Laboratório de Arqueologia da UFPE, vem
desenvolvendo estudos sobre a evolução dos William Reis Meirclle~ {UE Londrina) IlIdtístria
háhitos de sepultamento no Brasil. U ma das melas Cllltl/ral e CI/ltl/ra Popular 1/0 Brasil: /946-l964.
deste projeto é a montagem de um hanco de dados Nas últimas décadas o cn:scimento acelerado da
sobre o assunto, que virá a bencliciar diversos reprodutihilidade técnica - o filme, o videotape, a
projetos, uma vez que a sua estrutura permite fotografia, () disco - contribuiu para a multiplic;H;ão
acesso à abrangência da~ formas de inumação dos suportes de memória. A apropriação dessas
praticadas no Brasil, incluindo aquelas anteriores novas linguagens por diversos segmentos da
ao contato. ~ociedade favoreC(; I) início do rompimento do
monopólio das construçôes históricas umas
Waldeck Pinheiro Coelho (UFPB) Paraíba J990: impostas pela classe hegemônica. O
As repercllssôes do resllltado eleitoral 110 processo reconhecimento do cinema como importante
político. Este trabalho é parte da comunicaç,io testemunho da história por instituiçócs do porte da
"Paraíba 1990: Rearranjo ou reestruturação das UNESCO, ou por trahalhos desenvolvidos por
Forças Políticas?" constituindo-se em um dos textos historiadores, como Marc Ferro, justificam a
do relatório da pesquisa "Processo Político e importiincia do filme C(lnHl suporte de memória
Eleiçôes de 1990 na Paraíba". A partir dos privilegiado, registro muitas vezes único de uma
resultados oficiais das eleiçôes e com base na nova dimensão da histúria. O cinema, assim como
votação obtida pelos candidatos, prOl:ura-se outras formas de manifestação da indústria
identificar os grupos de maior peso político nas cultural, onde a cult ura popular, abrindo flancos,
diversas micro-regiôes do estado da Paraíba. O penetrou marcand(l sua presença demonstrando
objetivo é, de um lado, traçar um quadro das forças ..... a vontade explícita (de uma classe) de revelar o
políticas atuantes no momento, no Estado e de funcionamento oculto de uma sociedade". A
outro, detectar possíveis modificaçôes ou mudança pesquisa que está sendo desenvolvida tem por
na com posiçüo dessas forças. objetivo estudar as relaçeies entre a indústria
cultural c a cultura popular no Brasil durante o
Waldir José Rampinelli (UFSC) Rela(ôcs dos período de 194ú a I()(14, buscando demonstrar
Estados UI/idos com a América Latilla: Histúria. como esta última aparece como rompimento do
Política e Estratégia ( /945-/9901. As grandes monopólio da história instituída.
definiçôes da segunda pós-guerra - quer no campo
econômico (Brellon Woods), quer no político William Reis Meirelles e (iilmar Arruda (UE
(ONU), quer no militar (OTAN) - deram-se entre Londrina) Memúria e Cidadallia: as c/asses
os Estados Unidos, a Europa e a União Soviética. poplllares em LOlldrilla e Regiiío. Esta pesquisa está
A América Latina partiCipava apenas como sendo de~envolvida a partir da análise dI: jornais de
subcontinente que deveria dar seu total apoio a Londrina, existentes no acervo do Centro de
Washington, sendo obrigada a alinhar-se ao lado Documentação e Pesquisa em História, visando
do mesmo na guerra fria com Moscou. Os Estados n:cuperar a memória das c1a~ses populares, criar
Unidos adotaram uma política reacliva com a um arquivo para consulta úgil através de fichas e
América Latina, interessando-se pela mesma catalogaçüo sistemática de assuntos. () objetivo da
somente quando da existência de alguma crise, pesquisa é demonstrar que a imprensa, em
como a de Arbenz na (iuatemala, a de Castro em Londrina, sempre foi um meio de difusão pdo qual
Cuba. a de Caamatlo na República Dominicana, a a classe dominante dabora e impóe o seu
de Allende no Chile. a dos Sandinistas na imaginúrio, cuja~ represl:ntaçôes procuram
Nicarágua e a das guerrilhas em geral na América legitimá-Ia como classe hegemônica. A pesquisa
Central. Com o passar dos anos e () fim dos efeitos pretende situar-se no resgate das quesllies
benéficos da Segunda Guerra Mundial, presentes no cotidiano da cidade fazendo uma
Washington começa a perder hegemonia no leitura a eontrapdo das construçiies que () discurso
subcontinente e passa a ser desafiado cada vez com hegemônico dabora de seu olltm, fatos pontuados
maior intensidade. Recorre, então a uma nova no dia-a-dia da imprensa, que permite perceber o
estratégia: montar e aplicar uma política mais ativa movimento, a continuidade de desejos,
e menos reativa para continuar influenciando a preocupaçôes, interdiçóes e recusas que constituem
história das nações ao sul do rio Bravo. Com a a cidade no seu pulsar.
formação do mundo em mcga-blocos, a América
interessa mais aos Estados Unidos, devido a
Programa e Resllmos /49

Wilson Toledo Munhós (USP) Sociedade e autoridade, o pe~o do abs()luti~n1() e a força das
Demografia: Sal/tos el/tre /876 e /887. Esta instituições leigas. () dislanciamento cronológico
comunicação procurará expor os resultados de das duas obras em questão. propiCia uma
pesquisa de fonte primária intensiva. Trata-se de percepção das mudanças significalivas de
certidões de óbito da cidade de Santos, para o comportamento social, presentes nas formas, nas
período de lS76 a lSS7, encontradas no Arquivo composições e na seleção temÚlica, registrando os
Histórico de Prefeitura Municipal. Constatamos programas diferenciais.
alguma~ evidências de como as dramáticas
condições de vida urbana afetavam os diferentes Yara Maria Aun Khoury (PUC-SP) Igreja e
segmentos da sua população. Movimel/tos Sociais: testellllll/ho e imagem I/as
perspectivas de il/vestigaçâo. Nas pesquisas que
Wolney Vianna Malafaia (UFRJ) De Chllmbo e de vimos realizando em torno do tema procuramos
Ollro: política cllltllral de cil/ema em tempos recuperar modos de constituição e significados da
sombrios ( /975- /980). Analisando a política atuação social e política de militantes da Igreja
cultural desenvolvida na área da produção Católica na realidade hrasileira em diferenles
cinemalográfica durante os anos de 1975 a 1()SO, () conjunturas. Adotamos, nesse lrabalho, uma
lrabalho procura traçar o ilinerário desenvolvido compreensão ampla da aluação de cristãos,
pelos inlelectuais/artistas do Cinema Novo que enquanlo militantes e enquanto sujeitos vivendo as
partem de um projeto cujas raízes se encontram diversificadas dimensôes do cotidiano. num fazer-
nos movimenlos polares e culturais anleriores ao se não só solidário e/ou articulado, mas também
golpe militar de 1964 e terminam por reforçar a conflituoso. Partindo do suposto que os
proposta de polílica cultural desenvolvida pelo movimentos são construídos pelos militantes
Minislério da Educação e Cultura no governo segundo o modo como interprctam a doutrina, a
Geisel (1974-1979) e cujo principal Instrumento na função do movimento na realidade social c sua
área cinematográfica é, certamente, a função nele, e quc esses movimentos, atentando
EMBRAFILME. O desenvolvimenlo dos conceitos para prohlemáticas vividas, mediadas por
de nacional, popular, cultura nacional, identidade interesses. aspiraçiies, valores, princípios
nacional ele., misluram-se nesse momento singular !-'entimenlos compartilhados ou em conllilo. Nesse
proporcionando não só a construção de uma idéia estudo, dedicamos especial alenção à
de Brasil como, tmbém, reforçando todo um documentação oral e iconográfiea, tanto quanlo à
processo político de distensão lenta c gradual textual.
desenvolvido pelo governo militar, em busca da
afirmação de uma nova conjuntura hegemônica na Yonissa Marmiu Wadi (UNI OESTE) "A História
sociedade brasilerira. de I/Il/a Certa COl/ceição". Os Embates pc/a
COl/stnu;âo da Normalidade Moral (' h/elltidade de
Yacy-Ara Froner Gonçalves (USP) Vaidade das Gêl/ero. Venho desenvolvendo junto ao Programa
Vaidades: o inUlgil/ãrio da n/Orte I/a sociedade de Pós-Graduação em História da UFRGS uma
colol/ial mil/eira. Este trabalho tem por objetivo pesquisa, cuja preocupaçüo central é compreender
apresentar as composições artísticas caracterizadas como se dá a conslruçüo de parâmelros de
como "Vanitas", exislentes na Malriz de N.S. da normalidade e anormalidade para o gênero
Conceição de Sabará e São Francisco de Assis de feminino no RS. entre I~S4 e 11)40. Tomando como
Ouro Preto, produzidas na primeira metade do referência o discurso médico, especialmente o da
século XVIII e primeira metade do século XIX medicina psiquiátrica, produzido dentro de Porto
respectivamenle. Estas composições fazem parte Alegre -, busco perceber o "jogo de um saber cm
do projeto de pesquisa "Os Símbolos da Morte e a suas relações com instituiçôes e os papéis que aí
Morte Simbólica", sendo um estudo comparativo süo prescritos" (Foueault, 19l-\4:XIII). O objetivo
entre o~ discursos funerários e as obras de arte desle trabalho é relletir sobre a construção de tais
produzidas em Minas Gerais nos períodos de anos, branca, solteira, internada em 15.IO.19X3, no
opulência e decadência desta sociedade colonial. Hospício São Pedro de Porto Alegre. A partir do
Desta forma as produções artísticas são utilizadas pronluário de Conceição que contém a observação
como fonles documenlais imprescindíveis ao psiquiálrica, lima ficha somática, dados sobre seus
eSludo histórico. A vida cotididana da sociedade antecedenles pessoais. heredilários. ele, e uma
colonial, expressa no espelho da fé, manifesta e carta escrita pela própria interna, hu~co
cristaliza seu modo de ser e pensar na obra de arte. compreender o conjunto de elementos que agem
Integrada à celebração da vida e da morte, esta ao mesmo tem po e em senlidos diversos (~uas
arte ocupa um espaço didático, doutrinúrio, fixações, continuidades e rupluras) no discurso dos
condensando os princípios de hierarquia e
150 XVII Simpósio Nacional de História

médicos e no de Conceição. Ambos buscando articulador da resistência da esquerda judaica no


conformar objetivamente (classificando, período de 1930 a 1950, quando a necessidade de
hierarquizando, comparando, excluindo, enfrentamento tanto do Estado patrimonialista,
diferenciando ...) a normalidade e a anormalidade. quanto da elite agrária impunha-se aos inúmeros
Tento perceber, também, disputas que se contigentes de imigrantes europeus que se
estabelecem em torno da construção de uma deslocavam para o país. Inicialmente procuraremos
"identidade" do gênero feminino. destacar os grupos que vieram para São Paulo,
analisando suas reflexões teóricas, suas estratégias
Yvone Dias Avelino (PUC-SP) Políticas de Saúde e táticas e a interelação desses grupos com
Pública para a cidade de São Paulo. Esta vertente problemas gerais das classes subalternas em
da pesquisa vai procurar estudar a Saúde Pública conflito no período. Através da recuperação da
nas tramas da conjuntura de um Imp~rio que vai se memona dos participantes das lutas anti-
apagando e de uma República que se prepara para capitalistas e anti-oligárquicas organizadas na Casa
surgir, mas que carrega toda uma problemática do Povo, procuraremos demonstrar sua
político-econômica. Identificar as fontes passíveis especificidade em relação às várias posições da
de serem resgatadas para análise da evolução das esquerda, dividida naquele período em grupos e
políticas de saúde que se dicotomisam em ações subgrupos, onde as diferenças teóricas
chamadas de Saúde Pública e em Assistência entrecruzaram-se com as religiosas, constituindo-se
Médica individualizada. Em São Paulo as práticas em paradigma central para o entendimento do
sanitárias eram organicamente ligadas às práticas dogmatismo e do centralismo que fazem o perfil
sociais que construiram a relação de dominação dominante daquela ação.
das oligarquias com os outros grupos sociais. O
Estado passou a assumir a responsabilidade pelas Zita de Paula Rosa (EEPG "Calhim Manuel Abud"
medidas de saúde pública e saneamento, mas isto e PUC-SP) Famílias migrantes negras no Estado de
ficou muito aquém das verdadeiras necessidades do São Paulo (1940-1980). Desde fins do século XIX,
cidadão. São Paulo vem atraindo migrantes, procedentes de
diferentes pontos do país e do exterior, por causa
Zélia Lopes da Silva (UNESP) Tipos e figuras do de seu grande desenvolvimento nos setores
carnaval paulista nos anos 20 e 30. Pierrots, industrial e de serviços. Tornou-se a cidade de São
Colombinas, Arlequins, Dominós e "Melindrosas" Paulo o grande centro dinâmico do capitalismo
são alguns tipos que aparecem nos carnavais dos brasileiro. A memória de famílias negras,
anos vinte e trinta do século XX, em São Paulo. registrada em um acervo de aproximadamente sete
Personagens que remetidos à tradição buscam mil páginas de transcrições, é a fonte examinada
legitimar-se enquanto figuras emblemáticas de com o intuito de compreender a percepção utópica
aspirações existentes no universo social daquela de seus sujeitos quanto às possibilidades de
época. Tais projeções aparecem expressas em melhoria de vida. Os negros, depois da Abolição,
diferentes linguagens estéticas, no campo das artes foram, dos membros de grupos nacionais, os que
como a pintura, o desenho e a caricatura e no das mais migraram. Expulsos das fazendas, das
letras, na ficção e crônica jornalística. Em algumas pequenas cidades, impedidos de permanecer por
dessas expressões reitera-se a tríade vivificada pela muito tempo no mesmo trabalho, foram
tradição carnavalesca em torno das personagens geralmente obrigados a migrar. Suas recordações
Colombina-Pierrot-Arlequim, temário submetido revelam o imaginário criado sobre as cidades de
ora a uma percepção liríco-amorosa, ora a sua onde chegavam, as relações no trabalho, o universo
reelaboração para se adequar aos novos tempos. O simbólico expresso pelas aspirações que adquirem.
reverso dessa elaboração lirico-amorosa aparece Além das dificuldades encontradas pelo
na caricatura que se utiliza da mesma "irreverência" trabalhador negro na busca de sua identidade
do folião para castigá-lo em suas pretensões de social, são consideradas também suas percepções
quebra da ordem. sobre os espaços urbano e rural, nas esferas pública
e privada.
Zilda Márcia Gricoli lokoi (USP) A Luta
Antifascista no Brasil: Os Judeus Comunistas e a Zita Rosane Possam ai (UFRS) Espaço Urbano e
Organização da Casa do Povo, 1935-50. O presente Controle Social: Porto Alegre (1924-1928). O
trabalho é parte de uma pesquisa sobre a ação da trabalho a ser apresentado analisará um dos
esquerda judaica no Brasil no período de 1930 a aspectos da modernização da cidade de Porto
1970. Nesta comunicação pretendemos analisar a Alegre, qual seja, a reforma urbana implementada
organização comunista na Casa do Povo, eixo pelo poder público municipal no período
Programa e Resumos 151

reforma modificou sensivelmente as feições da área a discussão acadêmica uma experiência realizada
central da cidade, apagando muitos dos seus traços por profesosres de 12 e 22 graus, no ano de 1992
coloniais e dotando-a de características que hoje em uma escola de ensino público na cidade de
ainda marcam o seu traçado urbano. Chama a Campo Mourão, no Estado do Paraná. A escola
atenção a eliminação, principalmente, dos becos, pública de 12 e 2º graus atravessa nesse estado,
que são substituídos por amplas e iluminadas uma profunda crise, porque sente em suas
avenidas. O objetivo da exposição é verificar em entranhas a contradição do velho e do novo, como
que medida esta remodelação do espaço citadino reflexo da decomposição que perpassa as relações
constituiu-se em elemento disciplinador da urbe e humanas neste final de milênio. E, é dentro desse
da população porto-alegrense, mais acontecer histórico, que os professores das
especificamente dos moradores dos becos do disciplinas de História, Geografia, Português e
centro da cidade. Primeiramente, será focalizada a OSPB reunidos, levaram à prática da
relação entre as mudanças ocorridas no espaço interdisciplinaridade o mesmo eixo temático: o
urbano e o ideal de cidade proposto pelo poder Brasil nos 500 anos de América, dentro dos
público e elites. Num segundo momento, serão conteúdos trabalhadores. Assim, a preocupação
buscadas as imagens construídas sobre os becos do dos professores envolvidos, foi no sentido de levar
centro da cidade na imprensa do século XIX e o aluno à busca de sua identidade latino-americana
início deste e, na tentativa de relacioná-las aos e no resgate da cidadania através da prática da sala
objetivos e pressupostos norteadores da reforma de aula com base no cotidiano. Objetivou-se
urbana implementada pela Intendência Municipal. também a quebra do ensino voltado para o
mecanicismo, visando a formação crítica do aluno.
Zueleide Casagrande de Paula (Fac. Est. de Este trabalho procurou instrumentalizar-se de
Ciências e Letras de Campos Mourão) O práticas pedagógicas prazerosas, considerando as
Cotidiano da Escola Pública: em busca de uma dificuldades próprias da escola pública, fez uso dos
nova prática. Esta comunicação procura trazer para mais variados recursos.
ÍNDICE DE PARTICIPANTES

Acácio José Lopes Catarino, CC74 Anelise Maria Muller de Carvalho, CC79
Adalberlo Marson, MR22 Ângela de Castro Gomes, CC52
Adhemar Lourenço Junior, CC70 Ângela Maria Vieira Maia, CC90
Adilson José Gonçalves, CC56 Angela Mendes de Almeida, CC68
Adriana de Rezende Ba"etto Vianna, CC19 Anna Beatriz de Sá Almeida, CL17
Adriana Justi Monti, CC04 Antônio Augusto Moreira de Faria, CC71
Adriano Gama Cerqueira, CC57 Antônio Carlos Amador Gil, CL5l
Adriano Luiz Duarle, CC65 Antonio Carlos de Souza Lima, CC19, CC49
Afonso Carlos Marques dos Santos, Conferência, Antonio Carlos Pinto Peixoto, CC75
CC60, CC90
Antônio Celso Fe"eira, CL09
Afrânio Mendes Catani, CC02
Antônio Clarindo Barbosa de Souza, CL52
Albene Miriam Femira Menezes, CC91
Antonio Edmilson Marlins Rodrigues, MR20
Alberlo Aggio, CC33
Antonio Joaquim Severino, MR06
Alcides Freire Ramos, CC05, CC35
Antônio Jorge Siqueira, CL28, CL44, MR05
Alcilene Cavalcante de Oliveira, CL07
Antônio Luigi Negro, CC76
Alexandre FOrles, CC76
Antônio Paulo Benatti, CL47
Almir de Carvalho Bueno, CL55
Antônio Paulo de Moraes Rezende, MRl7, CROl
Almir Leal de Oliveira, CL27
Antônio Pedro Tota, MR17
Almir Pita Freitas Filho, CC23
Antônio Rogo Filho, CCIO, CC85
Álvaro Carlini, CC45
Antonio To"es Montenegro, CR05, MROl
Álvaro Tenca, MR22
Antônio Vitorio Gltiraldello, CLll
Amado Luiz Cervo, MR14
Ariane Nonna de Menezes Sá, CL14
Amarildo Fe"eira Junior, CL56
Arilda Inês Miranda Ribeiro, CL42
Américo Oscar Guichard Freire, CC47
Annando Albuquerque de Oliveira, CC55
Ana Célia Rodrigues, CL13
Amoldo Daraya Contier, CC05
Ana Cláudia Fonseca Brefe, CL13
Amo Alvarez Kem, CC20
Ana Cristina Teodoro da Silva, CC37
Arsel/e de Andrade da Fontoura, CL12
Ana Lúcia Lona Nemi, CC04
Arlhur Blasio Rambo, CC58
Ana Luiza Marlins, CL43
ArlUr Cesar [saia, CL25
Ana Maria dos Santos, CC81
Augustin Wemet, CC29
Ana Maria Lucchesi Carvalho, CC86
Augusto Zanetti, MR22
Ana Maria Marques, CL29
Avelino Romero Simões Pereira, CL24
Ana Maria Mauad de Sousa Andrade Essus, CC19,
Beatriz Bittencourl Coller Hanff, CL54
CC27, CC77
Beatriz Kusltnir, CC21
Ana Paula Alvin, CC91
Beatriz Piccolotto Silveira Bueno, CL02
Anderson José Machado de Oliveira, CC26
Beatriz Scigliano Cameiro, CC08
Anderson Zalewski Vargas, CC70
Benares de Oliveira Gomes, CL22
André Luiz Faria Couto, CC52
Canroberl Costa Neto, CC59
André Luiz Vieira de Campos, CC27
Programa e Resumos 153

Carla Beatriz Meinen, CC67 Cláudia Schemes, CC39


Carla Sílvia Beozzo Bassanezi, CC17 Claudia Wassennan, CC84
Carlinda Fischer Mattos, CL32 Claudio Aguiar Almeida, CC39
Carlos Alberto Alves de Souza, CC43 Cláudio Bertolli Filho, MRll
Carlos Alvarez Maia, CC48 Cláudio Pereira Elmir, CL35
Carlos André Macêdo Cavalcanti, CL20 Cleber Cristiano Prodanov, CL36
Carlos Bertolazzi, CC67 Cleci Eulália Fávaro, CL29
Carlos Coimbra, MRll Cleusa Saccarolo, MR10
Carlos de Faria Junior, CL45 Cleuza Marina Pinheiro, CL39
Carlos Eduardo dos Reis, CC43, CC66 Clodoaldo Bueno, MR14
Carlos Henrique Aguiar Se"a, CC68 Clotilde Andrade Paiva, CL26
Carlos Martins Junior, CC65 Clovis Pacheco Filho, CC78
Carlos Martins Versiani dos Anjos, CC44 Concessa Vaz de Macedo, CC12
Carlos Moreira Neto, MR19 Cristina Meneguello, CL02, CL18
Carlos Roberto Andrade, MR02 Cristina Scheibe Wolff, CC03
CamJela Roseli Palmieri Parente Fialho, CC63 Cybele Crossetti de Almeida, CL03
CamJem Lúcia Tindó Secco, CL36 Cynthia Machado Campos, CL49
CamJen Lúcia Senra Itaborahi de Moura, CC62 Cynthia Pereira de Souza Vilhena, CC02
Cecilia da Silva Azevedo, CC88 Daniel Aarão Reis Filho, CR12
Cecilia Hanna Mate, CL42 Daniel Aarão Reis Filho, Conferência
Cecília Helena de Salles Oliveira, MR15 Daniela Buono Calainho, CC90
Celeste Maria Baitelli Zenha Guimarães, CL47 Darcy Ribeiro, MR19
Célia Costa Cardoso, CC07 Davi Felix Schreiner, CL14
Célia Cristina da Silva Tavares, CC15 Denice Bárbara Catani, CC02
Célia de Bernardi, CL41 Denise Aparecida Campos, CL09
Célia Regina Toledo Lucena, CC86, CL54 Denise Duarte Matta, CC45
Célio José Losnak, CL14 Denise Maldi, CC82
Celso Favaretto, MR06 Denise Monteiro Takeya, CL26
Cesar Augusto Barcellos Guazzelli, CC84 Denise Rollemberg Cmz, CL11
Circe Maria Fernandes Bittencourt, MR03, MR23, Dennison de Oliveira, CL02
CC78
Dilma Andrade de Paula, CL32
Clara Suassuna Fernandes, CCll, CL27
Dilma Fátima A velar Cabral da Costa, CC60
Claudete Maria Miranda Dias, CL30
Diogo Manoel Santos da Silva, CC09
Cláudia Bucceroni Gue"a, CL03
Dolores Prades, CCiO
Cláudia Heynemann, CL34
Dora Maria de Almeida Prado Montenegro, CC72
Cláudia Mauch, CC70
Dora Shellard Co"êa, CC12
Cláudia Pastor Almeida Soares, CL01
Dorothea Voegeli Passetti, CL32
Cláudia Regina Amaral Affonso, CL25
Dulce da Silva Ramos, CC18
154 XVII Simpósio Nacional de História

Dulce Maria Pamplona Guimarães, CC38 Fábio Gutemberg Ramos Beze"a de Souza, CL31
Dulce Pompeo de Camargo, CC69 Felicidade Lúcio Ribeiro, CC55
Edgar Leite Fe"eira Neto, CC51 Femando Antônio Faria, CC75, CC89
Edgar Salvadori DeDecca, Conferência, CC24 Fernando Diniz Moreira, CL40
Edileuza Moura da Silva, MR04, CL05 Femando José Amed, CC72
Edinaldo Beze"a de Freitas, CL30 Fernando Roberto Ba"os Patriota, CC74, CL40
Edir Pina de Ba"os, CC53 Femando Teixeira da Silva, CC76
Edmeia Aparecida Ribeiro, CL47 Fernando To"es LondOlio, CC36
Edna Maria dos Santos, CL36 Flávia R. B. Pereira, CC12
Edson Passetti, CC24 Flávio Azevedo Marques Saes, CL26
Eduardo José Reinato, CL51 Flávio de Campos, CC25
Eduardo Kersting, CC67 Flávio Luizetto, MR23
Eduardo Neumann, CC20 Francisca Simão de Souza, CL33
Eduardo Victório Morettin, CL18 Francisco Alambert Jr, CCI4, CC83
Eduardo Vilela Thielen, CL27 Francisco José Calazans Falcon, MR20
Eleny Mitmlis, CC50 Francisco José Pinheiro, CC49
Eliana Regina de Freitas Dutra, CL13 Francisco José Silva Gomes, CC26
Eliana Tadeu Terei, CL31 Frederico de Castro Neves, MR05, CL33
Eliane Dayrell, MR13 Geraldo José de Almeida, CC62
Elias Thomé Saliba, CC64 Geraldo Silva Filho, CC09
Eliete de Queiroz Gurjão Silva, CC32 Gerson Rodrigues de Albuquerque, CL33
Élio Cantalício Serpa, CC03 Gilberto Lopes Teixeira, CC33
Elisa Angotti Kossovitch, MR07 Gilmar A rrn da, CL52
Elizabeth da Costa Leal, CL07 Gilval Mosca Froelich, CL33
Elizabeth Filippini, CC12 Gisafran Nazareno Mota Jucá, CL02
Elma Vasconcellos da Silva, CC36 Gisálio Cerqueira Filho, CC68
Elza Nadai, CC50, CC80 Gisele Madeira, CL08
Emitia de Rodat Femandes Moreira, CC32 Gizlene Neder, CC27, CC68
Enezila de Lima, CL27 Gláucia Tomaz de Aquino Pessoa, CL39
Eni de Mesquita Samara, CC46 Gonzalo Cáceres Q., CC33
Enrique Amayo Zevallos, CL36 Harry Rodrigues Bellomo, CC54
Emesta Zamboni, MR09, CC69 Héctor Hemán Bmit, MR07. CC73
Esmeralda Blanco Bolsonaro de Moura, CL17 Helen Osório, CL20
Ester Vaisman, Conferência Helena Isabel MiU/er, Conferência, CCOl
Estevão Lukács Junior, CL18 Helenita Prado Lotti, CL52
Euclides Marehi, CC29 Heliane Pmdente Nunes, CLlO
Eunice Sueli Nodari, CC30 Hélio da Costa, CC76
Evangelia Aravanis, CL50 Heloísa M. B. Domingues, CC3l
Programa e Resumos 155

Henrique Soares Carneiro, CC45 Jorge Miguel Mayer, CL49


Hercídia Mara C. F. Lambert, CC38 José Carlos Barreiro, CL45
Holien Gonçalves Bezerra, CL55 José Carlos Reis, CC57
Humberto Fernandes Machado, CR08, CC27 José Carlos Sebe Bom Meihy, MRll, CC04
Iara Schiavenatto de Souza, CC24 José Chasin, Conferência
Ieda Gutfreind, CC67 José Evaldo de Melo Doin, MRI0, CL26
Ilana Blaj, MR18 José Flávio Sombra Saraiva, CR09, MR14
Irene Rodrigues da Silva Fernandes, CC32, CLOl José Jobson de Andrade Amtda, CC46
lris Kantor, CC09 José Miguel Arias Neto, CC16
Isabel Cristina Martins Guillen, CL27 José Neves Bittencourt, CCOl
Isabel Cristina Ribeiro Cunha Fontana, CL12 José Renato Polli, CC28
István Jancsó, MR18 José Ricardo Oriá Fernandes, CL52
1talo Tronca, MR02 José Rivair Macedo, CL03
Ivonete Pereira, CL47 José Roberto Braga PorteI/a, CC06
Ivonne Gal/o, CC24 José Roberto dos Santos Pereira, CC56
Izabel Andrade Marson, MR12, MR15 José Roberto Góes, CL22
Jacob Gorender, CC83 José Rogério da Silva, CL17
Jacqueline Guerreiro Aguiar, CL25 José Vieira Camelo Filho, CL41
Jacqueline Hennann, CC15 Josefa Gomes de Almeida e Silva, CL51
Jacy Alves de Seixas, MR21 Josefina Elo/na Ribeiro, CC54, CL32
Jaime de Almeida, CR07, CC03 Josemir Camilo de Melo, CL40
Jaime Pinski, MR03 Jozimar Paes de Almeida, CL28
JaldeS Reis de Meneses, CLll Jurandir Malerba, CL15
Janice Theodoro da Silva, MR07 Jussara Parada Amed, CL50
Joaci Pereira Furtado, CC25 Karen Christine Rechia, CL27
Joana Maria Pedro, CL43 Karen Macknow Lisboa, CC14
Joana Neves, CL04 Karina Kuschnir, CC47
João Alberto da Costa Pinto, CLll Karla Adriana Martins Bessa, CC17
João Antônio Botelho Lucídio, CC62 Kátia Gerab, CL51
João Antônio Ferreira, CC08 Kátia Maria Abud, MR09
João Azevedo Fernandes, CL55 Katianne Bruhns, CL16
João Bosco Sandor de Castro, CC66 Lana Lage da Gama Lima, CC26
João Fábio Bertonha, CL16 Laura Antunes Maciel, CC66
João Klug, CC30 Laura de Mel/o e Souza, CC09, CC25, CC44
João Pinto Furtado, CL56 Laura Helena Baracuhy Amorim, CC32, CL40
John Monteiro, MRI9, CC49 Laura Morais, CL56
Jorge Luiz Ferreira, CC39 Ledonias Franco Garcia. CL05
Jorge Manuel Pereira Nunes, CC07 Leila Mezan Algranti, CC17
156 XVII Simpósio Nacional de História

Lená Medeiros Menezes, CC89 Luiz Reznih, CC78


Lenalda Andrade Santos, CL34 Luiz Vil/alta, CC69
Leny Caselli Anzai, CC53 Luiz Vitor T. Azevedo, CC57
Letfcia Vidor de Souza Reis, CL12 Luiza Rios Ricci Volpato, CC53, CC82
Lia Calabre de Azevedo, CC52 Luz Maria Guimarães da Silva, CL15
Lídia Maria Viana Possas, CC87 Luzia Margareth Rago, CC24
Lídia Nunes Cunha, CL38 Magali Gouveia Engel, ENOl
Lígia de Oliveira Czesnat, CL56 Manoel Antonio dos Santos Neto, CC41
Lígia Maria Leite Pereira, CC71 Manoel Luís Lima Salgado Guimarães, CC48,
CC63
Lilian de Cássia Lisboa Miranda, CC42
Marc Jay Hoffnagel, CC74, CL43
Lilian Lisete Siqueira de Sousa, CC04
Marcelo Badaró Mattos, CCJ3
Lilian Santos Mattos, CC42
Marcelo de Souza Magalhães, CL04
Liliana Bueno dos Reis Garcia, CL14
Marcelo Flório, CC28
Lincoln de Abreu Penna, CC40
Marcelo Magalhães Godoy, CL26
Lincoln Ferreira Secco, CC83
Márcia Mansor D'Alessio, MRI7, CC85, CL48
Loiva Otero Félix, CL35
Marcia Maria Menendes Motta, CC68, CC81
Lourdes de Fátima Bezerra Carri4 CC92
Márcia Moisés Ribeiro, CC45
Lúcia Bnmo, MRJO
Márcio Cleber Martins Lanna Junior, CL31
Lúcia de Fátima Guerra Ferreira, CL45
Marcioniro Celeste Filho, CC88
Lúcia Helena Gaeta Aleixo, CC34
Marco Antônio Lírio de Mel/o, CL22, CL50
Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves, CC75
Marco Antônio Mondaini de Souza, CL28
Lúcia Maria Paschoal Guimarães, CC75
Marco Antônio Silveira, CC44
Luciano Raposo de Almeida Figueiredo, CC61
Marco Antônio Vil/a, CC59
Lucileide Costa Cardoso, CC07
Marco Aurélio Lopes Fialho, CC63
Lucília de Almeida Neves Delgado, CC71, CL 16,
CL53 Marco Aurélio Santana, CC57
Lúcio Flávio de Almeida, CCIO, CC85 Marcos Alvito Pereira de Souza, CC51
Lúcio Flávio Vasconcelos, CL36 Marcos Francisco Napolitano de Eugênio, CC07
Lúcio Kreutz, CC58 Marcos Magalhães de Aguiar, CL06
Lucy Cristina Ostetto, CL29 Marcos Olender, CC23, CC40
Luis Manuel Domingues do Nascimento, MR04, Marcos Tramontini, CL49
MR08, CCll
Marcus Alexandre Motta, CC90
Luís Palacin, CL19
Margareth da Silva, CL12
Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros, CC41
Margarida de Souza Neves, MR20
Luiz Carlos Soares, CC48
Maria Amélia Mascarenhas Dantes, CC31
Luiz Cláudio Silva Oliveira, CC28
Maria Angela de Faria Gril/o, MR04, CL38
Luiz Edmundo Tavares, CC89
Maria Ângela Sitônio Wanderley, CC55
Luiz Eduardo Catta, CL39
MariaAngélica Campos Resende, CC31
Luiz Felipe Falcão, CRIO, CL35
Programa e Resumos 157

Maria Angélica Sóler, CC18 Maria Inêz Machado Borges Pinto, CC42, CC64
Maria Aparecida de Aquino, CC79 Maria Irani Boldrini, CL25
Maria Aparecida Junqueira Veiga Gaeta, CC29, Maria Izilda Matos, CR04, CC18, CC22, CC46
CC38
Maria José Pinheiro, CL06
Maria Aparecida Rezende Moto, CC60
Maria Ligia Coelho Prado, CC22
Maria Auxiliadora de Freitas, CL02
Maria Lúcia Bastos Kem, CL08
Maria Bemadete Flores, CC03
Maria Luíza Tucci Cameiro, CC65
Maria Carolina Bovério Galzerani, CC69
Maria Mamle/a Ramos de Souza Silva, CL10
Maria Cecilia Cortez Christiano de Souza, CC02
Maria Margaret Lopes, CC31
Maria Cecilia Martinez, CC92
Maria Marta Araújo, CC52
Maria Celma Borges, CL07
Maria Odila Leite da Silva Dias, Conferência, CC64
Maria C/ementina Pereira Cunha, EN01
Maria Rachei Fróes da Fonseca, CL01
Maria Cristina Cardoso Pereira, CC83
Maria Regina Albuquerque de Queiroz, CC72
Maria da Glória Dias Medeiros, CL35
Maria Regina Celestina de Almeida, CL01
Maria da Glória Porto Kok, CC25
Maria Regina Nina Rodrigues, CC50, CL16, CL21
Maria da Guia Santos Gareis, CL31
Maria Rosa de Belém Baptista, CL33
Maria de Fátima Cunha, CL24
Maria Stella A. de Lima dos Santos Pereira, CC56
Maria de Fátima Fontes Piazza, CL24
Maria Stella Martins Bresciani, MR02, MR21
Maria de Fátima Gomes Costa, CC82
Maria Sylvia Porto Alegre, CC49
Maria de Fátima Quitéria Soares Narciso Fe"eira,
Maria Tereza Toríbio, CC73
CL10
Maria Thereza Miguel Peres, CL23
Maria de Fátima Rodrigues das Neves, CC45
Maria Therezinha Janine Ribeiro, CL38
Maria de Fátima Salum Moreira, CC37
Mariangel de Faria Vieira, CL45
Maria de Fátima Silva Gouvêa, CC51
Marieta de Moraes Fe"eira, CC47
Maria de Lourdes Eleutério, CL09
Marilda Aparecida de Menezes, MR05, CL54
Maria de Lourdes Janotti, MR16
Marilda Aparecida Soares, CL42
Maria de Lourdes Lyra, MR15
Marília Coriforto, CL06
Maria de Lourdes Monaco Janotti, MR01, MR12,
CL38 Marina Co"êa Vaz da Silva, CC80
Maria do Canno Teixeira Rainho, CL34 Marina Evaristo Wenceslau, CL30
Maria Elizabeth Lunardi, CC31 Marinalda Garcia, CL38
Maria Elizabeth Marcico da Costa, CC91 Mário Jorge da Motta Bastos, CC13
Maria Elizabeth Totini, CC12 Marisa Bittar, CL42
Maria Elízia Borges, CC54 Marisa Carpintero, MR02
Maria Eurydice de Ba"os Ribeiro, CC60 Mariuza de Paula Casagrande, CL13
Maria Femanda Bicalho, CC61 Mariza Guimarães Dias, CC54
Maria Helena Rolim Capelato, CC22, CC39 Mar/y Silva da Motta, CC47
Maria Ignês Carlos Magno, CC79 Marly Therezinha Gennano Perecin, CL05
Maria Inês Malta Castro, CC34 Marta Campos Abreu, CC88
158 XVII Simpósio Nacional de História

Martin Dreher, CC58 Paulo Douglas Barsotti, CCI0


Maurício Monteiro, CC44 Paulo Femando de Souza Campos, CL17
Maurides Batista de Macedo F. Oliveira, CC43 Paulo Henrique Martinez, CC83
Michel Zaidan Filho, CR03, MR08 Paulo Kllauss de Mendonça, CC61
Miguel Arcanjo de Souza, CL21 Paulo Roberto Cimó Queiroz, CL46
Miriam Lourdes Silva, CL03 Paulo Roberto Ribeiro Fontes, CC76
Miriam Moreira Leite, MR23 Paulo Roberto Staudt Moreira, CC70
Miridan Britto Knox, CL06 Pedro Marcelo Pasche de Campos, CC26
Modesto Florenzano, MR06, CL55 Pedro Rubens Nei Vargas, CL32
Moysés Kuh/mann Jr., CC23 Philomena Gebran, CC73
Muza Clara Chavez Velasquez, CC13 Plínio Freire Gomes, CC25
Naida Menezes, CC20 Priscila Raucci da Mata Kodama, CL23
Nair Leite Ribeiro Nassarsala, CC87 Rachei Soihet, MR13, CC21, ENOl
Nara Britto, CC40 Raimundo Barroso Cordeiro Junior, CL16
Nasr Fayad Chaul, CC39 Raquel de Azevedo, CC65
Neli Márcia Femira, CL53 Raquel Glezer, CC64
Nelson Schapoclmik, CC14 Raymundo Carlos Bandeira Campos, CL44
Ney Moraes Filho, CL04 Regina Aída Crespo, CL08
Nicélio César Tonelli, CC89, CL37, CL51 Regina Beatriz Guimarães Pinto, CC34
Nicolau Sevcenko, CC64 Regina Cândida Ellero Gualtieri Gonçalves, CC80
Nicozina Maria Campos Gontijo, CC62 Regina Célia Gonçalves, CC74, CL05
Nilson Ghirardello, CC87 Regina Célia Pedroso, CC65
Nísia Trindade, CC40 Regina Célia Xavier Freire, CL38
Niuvenius Junqueira Paoli, CC80 Regina Maria Rodrigues Behar, CC74, CL53
Noé Freire Sandes, CL44 Regina Weber, CC06
Norby Margoth Andrade Alvarez, CL30 Renata Viana de Barros, CC08
Núncia Santoro de Constantino, CL34 Renato Luis do Couto Neto e Lemos, CL35
Odair da Cruz Paiva, CC92 René Emain; Gertz, CC06
Odaléa da Conceição Diniz Bianchini, CL21 Ricardo José de Azevedo Marinho, CC59
Olga Erites, CC43 Ricardo Ribeiro, CC50
Oswaldo Munteal Filho, CC61 Ricardo Roman B/anco, CL28
Patrícia Albano Maia, CC25 Rinaldo José Varussa, CC28
Patrícia Maria Melo Sampaio, CC49 Robert M. Levine, Conferência
Paula Ester Janovitch, CC08 Roberto Jorge Chaves Araújo, CL07
Paulete Maria Cunha dos Santos, CL23 Robson Corrêa de Camargo, CC35
Paulo Bertran Wirth Chaibub, CC91 Rodrigo Pato Sá Motta, CC57, CC71
Paulo Cavalcante de Oliveira Júnior, CC9O, CL48 Rogério de Oliveira Ribas, CC15
Paulo Donizeti Siepierski, CL55 Ronaldo Aurélio Garcia, CL54
Programa e Resumos 159

Ronaldo Vainfas, MR13, CCI5 Sonia Regina Rebel de Araújo, CC2I


Rosangela de Oliveira Dias, CCOI, CC77 Sueli Robles Reis de Queiroz, MRI2
Rosangela M. dos S. Lima, CC67 Suely Creusa Cordeiro de Almeida, CL46
Rosângela Patriota, CC05, CC35 Suely Gomes Costa, CC21, ENOI
Roseli Zimmer, CC30 Susalla Bleil de Souza, CC84
Rosemeri Maria da Conceição, CC09, CL20 Susana Maria Moreira, CC17
Rosimeire Aparecida Angelini Castro, CC16 Suzana Cavani Rosas, CL15
Sady Carlos de Souza Junior, CL37 Sylvana Maria Brandão de Vasconcelos, CL22
Sandra da Silva Careli, CL29 Tânia Cecília Pacheco da Silva, CC52
Sandra de Cássia Araújo Pe/egrini, CL24 Tania Maria Tavares Bessolli da CntZ Ferreira.
CC75
Sandra Jatahy Pesa vento, CC23
Tânia Regina de Luca, MROI, MRI6
Sandra Z. Sant'Anna, CC36
Tarcísio Rodrigues Botel/lO, CL2I
Sebastião Rogério de Barros da Ponte, CL34
Teresa Maria Malatian, MRI6
Selma Rinaldi de Mattos, CC78
Tereza Baumann, CC15
Selmane Felipe de Oliveira, CC66
Terezinha Alves de Oliva, CL34
Selva Guimarães Fonseca, CL04
Thais Luzia Colaço, CLO 1
Sérgio Alves de Souza, CL24
Thaís Ve//oso Cougo Pimentel. CC7I
Sérgio Annando Diniz Guerra, CC4I
17téo Lobarinhas Piíiero, CC8I
Sérgio Corrêa Vaz, CL53
Therezinha Gloriete Pimentel Rodrigues, CC32
Sérgio Luiz Ferreira, CL4I
Tomás de Aquino Silveira Boaventura, CC82
Severina Barbosa Leal, MR08, CCII
Trípoli Gaudenzi, CC4I
Sezinando Luiz Menezes, CLI9
Ulisses Ambrósio do Canno, CC72
Shei/a Maria Castro Brasi/iense Genti/e, CL50
Valmir Francisco Muraro. CLI9
Sidney Chalhoub, EN01
Vânia Leite Froes, CRII
Silvanir Marcelino de Miranda, CL54
Vary Pacheco Borges, MR21
Silvia Helena Zanirato Martins, CC37
Vera Lúcia Amaral Ferlilli, CC46
Silvia Regina Ferraz Peterson, CL48
Vera Lúcia Vieira, CC85
Silvio Frank Alem, Conferência
Veríssimo Lopes Pires, CC78
Simone Kich Hail/ot, CL29
Virgínia Albuquerque de Castro Buarque, CL41
Simone Narciso Lessa, CL46
Virgínia Fontes, CL48
Sinésio Ferraz Bueno, CR02
Virgínia Maria AlmoMa de Assis, CL20
Solimar Oliveira Lima, CL39
Viviane Cavalcanti Galvão, CL45
Sônia Cristina da Fonseca Machado Lino, CC77
Waldeck Pinheiro Coelho, CC55
Sonia de Deus Rodrigues Bercito, CL42
Walkiria Costa Fucil/i Chassot, CC3I
Sônia Maria Fonseca, CC44
Walmir José Rampinel/i, CL37
Sônia Maria Leite Nikitiuk, CL04
Walter Neves, MRII
Sônia Maria S. L. Adum, CCI6
Wi//iam Reis Meire//es, CLI8, CL52
Sonia Regina de Mendonça, CCI9, CC40, CC81
160 XVII Simpósio Nacional de História

Wilson Toledo Mtmhós, CC42 Zélia Lopes da Silva, CC37


Wolney Vianna Malafaia, CC63 Zilda Márcia Gricoli Iokoi, CR06, MR03, CC92,
CL53
Yacy-Ara Froner Gonçalves, CC44
Zita de Paula Rosa, MRl6, CL38
Yara Maria Aun KhoulJ, CC28
Zita Rosane Possam ai, CL02
Yone de Carvalho, CC18
Zoraide Gomes Carvalho, CC36
Yonissa Mamlitt Wadi, CL41
Zueleide Casagrande de Paula, CL05
Yvone Dias Avelino, CC56

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