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Simone Almeida Gavilan2, Fúlvio Aurélio de Morais Freire3, Sergio Maia Queiroz Lima4, Carlos
Eduardo Rocha Duarte Alencar3, Helenice Vital5, Patrícia Pinheiro Beck Eichler5, Renato
da Silva Carreira6, Rivelino Martins Cavalcante7, Adrian Pereira da Silva8, Clara de Souza
Melo8, Gabriel Dutra Teixeira8, Luanna Tereza Barbosa Andrade8, Lucas Paiva8, Luís Phelipe
Rodrigues da Fonseca Campos e Silva Filho8, Salu Coelho8, Lígia Moreira da Rocha1.
1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN, Depto. Ecologia, Laboratório do Oceano - LOC.
2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN, Depto. de Morfologia, Laboratório de Morfofisiologia de Vertebrados - LABMORVE
3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN - Laboratório de Biologia, Ecologia e Evolução de Crustáceos - LABEEC
4 Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN, Depto. de Zoologia e Evolução, Laboratório de Sistemática e Evolução - LISE
5 Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN, Depto. de Geologia, Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha e Monitoramento
Ambiental - GGEMMA.
6 Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Depto. de Química, Laboratório de Estudos Marinhos e Ambientais - LabMAM
7 Universidade Federal do Ceará/UFC - Instituto de Ciências do Mar/LABOMAR, Laboratório de Avaliação de Contaminantes Orgânicos - LACOr
8 Bolsista na Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN.
1ª edição
RN Editora
NATAL/RN
2022
ISBN: 978-65-996489-6-0
Coordenação Técnica: Liana de Figueiredo Mendes
Editora: RN Editora
Fotos: Alex Barbosa de Moraes, APC Cabo de São Roque, Carlos Eduardo Rocha
Duarte Alencar, Gabriel Dutra, Gleyciane Katielle Cortês Ferreira, Helenice Vital,
Liana de Figueiredo Mendes, Lígia Moreira da Rocha, Luísa Medeiros, Mauro
Sergio Pinheiro Lima, Otoniel Santana, Patrícia Pinheiro Beck Eichler, Pedro
Paulo de Andrade Santos, PCCB/UERN, Renato da Silva Carreira.
G943 Guia para avaliação de contaminação por petróleo na biota marinha e sedimentos./ Liana
de Figueiredo Mendes...[et al.], Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Projeto INCT AmbTropic. Natal/RN: RN Editora, 2022.
ISBN: 978-65-996489-6-0
CDU 504.054:665.6/.7
“Este trabalho foi realizado no âmbito do
inctAmbTropic Fase II (Processo CNPq
465634/2014-1) vinculado à Ação emergencial ao
combate do derrame de óleo de 2019 do MCTI.”
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ............................................................................. 7
CAPÍTULO 1
IMPACTOS POR PETRÓLEO E AMBIENTES MARINHOS............... 11
Principais hidrocarbonetos de petróleo................................................. 13
Impactos do Petróleo ........................................................................... 16
Estuários e manguezais........................................................................ 21
Praias Arenosas.................................................................................... 24
Ambientes recifais................................................................................ 26
CAPÍTULO 2
METODOLOGIA DE TRABALHO.................................................... 31
Registro das localizações impactadas com petróleo.............................. 31
Descontaminação prévia do material para coleta em campo................ 35
Protocolo de segurança em campo....................................................... 37
Procedimento de coleta das amostras .................................................. 38
CAPÍTULO 3
ANÁLISES MACROSCÓPICAS E MICROSCÓPICAS DE
AMOSTRAS BIOLÓGICAS.............................................................. 51
Avaliação Morfológica Externa................................................... 51
Biometria básica e pesagem....................................................... 52
Avaliação morfológica interna de peixes.................................... 56
Análise de conteúdo gastrointestinal em peixes ........................ 56
Análise Histopatológica............................................................. 58
CAPÍTULO 4
ANÁLISE DE SEDIMENTOS............................................................ 63
Análises granulométricas, mineralógicas e quantificação de
carbonato e de matéria orgânica (MO) ..................................... 63
Análise de microfósseis foraminíferos........................................ 66
CAPÍTULO 5
ANÁLISE QUÍMICA DE CONTAMINANTES ................................... 69
Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) e
elementos traço ........................................................................ 69
Análise para detecção hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos (HPAs)..................................................................... 70
Determinação de mercúrio total (HgT)...................................... 75
Determinação de cádmio (Cd), cobre (Cu), prata (Ag),
selênio (Se) e vanádio (V)........................................................... 76
Análise química de sedimentos................................................... 76
CAPÍTULO 6
ASSIMETRIA FLUTUANTE - ANÁLISE INDIRETA........................... 85
Armazenamento, tratamento e padronização das amostras
para os procedimentos de Morfometria Geométrica................... 88
Conceitos básicos em Morfometria Geométrica......................... 93
Assimetria Flutuante da Forma e análise estatística................. 100
7
O Guia está estruturado em nove seções. No Capítulo 1 é apre-
sentado um resumo sobre o desastre com petróleo ocorrido na costa
do Brasil em 2019, os prejuí�zos conhecidos que o petróleo e seus de-
rivados causam na biota, além das caracterí�sticas gerais de ambientes
costeiros acometidos como praias arenosas, estuários, manguezais e
ambientes recifais. O Capítulo 2 apresenta protocolos metodológi-
cos necessários ao desenvolvimento do trabalho de campo em situ-
ações de acidente com petróleo, como procedimentos básicos para
preparo de material, coleta, acondicionamento das amostras bioló-
gicas e de sedimentos e procedimentos de envio das mesmas, caso
seja necessário. O Capítulos 3 descreve análises macroscópicas e
microscópicas, respectivamente. No primeiro caso, as análises focam
na descrição morfológica do organismo e no exame da situação geral
do indiví�duo, como inspeção inicial visual externa, biometria e ava-
liação de órgãos. Em seguida são abordadas análises histopatológi-
cas com o objetivo de verificar alterações patológicas que possam ter
sido provocadas pela contaminação. No Capítulo 4 são apresentadas
análises de sedimentos, envolvendo granulometria, matéria orgânica
e micro fósseis. Já no Capítulo 5 são descritos procedimentos para
avaliação quí�mica de contaminantes como hidrocarbonetos policí�cli-
cos aromáticos (HPAs) e elementos-traço como mercúrio total (HgT)
cádmio (Cd), cobre (Cu), prata (Ag), selênio (Se) e vanádio (V) em
amostras biológicas e sedimentos. No Capítulo 6 é abordado o estu-
do de assimetria flutuante como uma análise indireta para avaliar o
estresse na biota marinha. Por fim, seguem Considerações Finais,
Referências Bibliográficas e Anexos.
Este trabalho foi elaborado a partir da experiência acumula-
da de pesquisas conduzidas na Universidade Federal do Rio Gran-
de do Norte (UFRN) com apoio da Pró-reitoria de Pesquisa (Pro-
pesq/UFRN) e do Projeto INCT em Ambientes Marinhos Tropicais
8
– AmbTropic – fase II (Processo CNPq: 465634/2014-1, vigência
23/11/2016 a 30/11/2022, GT 4.0) no litoral do estado do Rio
Grande do Norte, após desastre socioambiental ocorrido com der-
ramamento de petróleo em 2019. Na UFRN, o Laboratório do Ocea-
no (LOC), Laboratório de Morfofisiologia de Vertebrados (LABMOR-
VE), Laboratório de Biologia, Ecologia e Evolução de Crustáceos
(LABEEC), Laboratório de Sistemática e Evolução (LISE) e Labora-
tório de Geologia e Geofí�sica Marinha e Monitoramento Ambiental
(GGEMMA) participaram na elaboração deste guia. Colaboraram
ainda o Laboratório de Estudos Marinhos e Ambientais (LabMAM)
da Pontifí�cia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio),
Laboratório de Avaliação de Contaminantes Orgânicos-LACOr/LA-
BOMAR da Universidade Federal do Ceará/UFC e Laboratório de
Recifes de Corais e Mudanças Globais da Universidade Federal da
Bahia, na Coordenação do Projeto INCT em Ambientes Marinhos
Tropicais – AmbTropic – fase II e apoio financeiro.
9
CAPÍTULO I
IMPACTOS
POR PETRÓLEO
E AMBIENTES
MARINHOS
IMPACTOS POR PETRÓLEO E
1
AMBIENTES MARINHOS
O
petróleo que acometeu a costa do Brasil no segundo semes-
tre de 2019 se dispersou por 3.600 km do litoral brasileiro,
alcançando 1009 praias,130 municí�pios e 11 estados, do
Maranhão ao Rio de Janeiro (IBAMA, 2020). Os maiores aportes de
petróleo foram observados na região Nordeste e em menor quanti-
dade em dois estados do sudeste do paí�s, além de alguns registros
na costa Amazônica (Figura 1.1). Este evento é considerado o mais
extenso e grave de contaminação registrado na história do Brasil,
bacia do oceano Atlântico Sul e regiões costeiras tropicais do mun-
do (Campelo et al., 2021; Soares et al., 2022). Foram retiradas das
praias brasileiras 5,38 mil toneladas de petróleo (UOL, 2021).
a c
Figura 1.2: Litoral sul do Rio Grande do Norte atingido pelo petróleo
do desastre de 2019. Petróleo ao longo da linha d’água - Praia de
Camurupim (a), folhas do mangue recobertas pelo petróleo (b) e
mancha de petróleo recobrindo parte das formações recifais areníticas
e vegetação de praia (c). Município de Nísia Floresta. Fotos: autor
desconhecido (a), Luísa Medeiros (b) e (c).
Impactos do Petróleo
O petróleo é constituí�do por inúmeros compostos e apresen-
ta hidrocarbonetos policí�clicos aromáticos (HPAs), uma classe de
compostos que se destaca por serem ubí�quos, persistentes, bioa-
cumularem e terem alto potencial carcinogênico (Manoli e Samara,
1999). Desta maneira são diversos seus efeitos deletérios. Estes po-
dem ocorrer, por exemplo, pela ação fí�sica como o sufocamento de
organismos e sombreamento de habitats, por modificação quí�mica
de habitat (devido à diminuição do pH e do oxigênio dissolvido) e
diminuição da disponibilidade de alimentos pela redução das po-
pulações por ação tóxica (Hoffman et al. 2005). Organismos que ti-
veram contato direto com o petróleo e não morreram incorporarão
os contaminantes por meio das membranas e tecidos (Cedre, 2007;
Albers, 1995), podendo haver prejuí�zos no metabolismo celular e ati-
vidades diárias indispensáveis aos seres vivos (Buskey et al., 2016;
Barroso, 2010). Sabe-se que HPAs de quatro, cinco e seis anéis aro-
máticos têm maior potencial carcinogênico, ampliado em função da
exposição à radiação ultravioleta solar (Ren et al., 1994; Arfsten et
al., 1996), desencadeando mutações e malformações no desenvolvi-
mento, além de formação de tumores e câncer (Santodonato, 1981;
Varanasi, 1989).
A partir do momento que o petróleo atinge o meio ambiente,
passa a sofrer alterações da sua composição original decorrente do in-
temperismo causado por processos fí�sicos, quí�micos e biológicos. Tais
alterações dependem do tipo de petróleo e das condições ambientais
b c d
Figura 1.4: Ocorrências de fragmentos de petróleo bruto, no início de
novembro de 2021. Praia de Cotovelo (a), pelotas na Praia de Búzios (b)
e coleta de amostras (c) e visitantes com pés manchados na Praia de
Cotovelo (d). Foto: Liana Mendes (a, c e d) e PCCB/UERN (b).
Estuários e manguezais
As regiões estuarinas e manguezais são áreas de transição en-
tre corpos d’água doce continentais e águas salgadas do ambiente
marinho, caracterizadas pelo baixo hidrodinamismo, acúmulo de
sedimentos trazidos pelos rios e alta influência das marés. Embora
nem todo estuário abrigue um manguezal, todo manguezal se situa
no estuário de um rio. Para que se estabeleça um manguezal são ne-
cessárias condições especí�ficas de volume e deposição de sedimen-
to. Esses ambientes estuarinos onde se concentram os manguezais
acumulam mais matéria orgânica, permitindo um ecossistema mais
rico intimamente associado ao terrestre e marinho. No caso de der-
ramamento, os derivados do petróleo podem ser dispersos a partir
da linha de costa em direção ao continente via estuários e mangue-
zais, auxiliado pela movimentação das marés baixas e dispersão de
animais (Figura 1.6).
b c
Figura 1.6: Manguezais nos municípios de Baía Formosa (a) e Nísia Floresta
(b). Detalhe do tronco de mangue com manchas de petróleo (dois anos
após desastre de 2019) e molusco gastrópode (Littoraria angulifera) com
a concha impregnada por petróleo (c). Fotos: Mauro Lima.
3 Iliófagos são peixes que ingerem substrato formado por lodo ou areia, nos quais podem ser
encontrados organismos microscópicos de superfície, matéria coprogênica e diversos detritos de
origem planctônica, macroflora, de fauna nectônica e bentônica, detritos orgânico e inorgânicos.
a b
c d
Figura 1.8: Mariscos (Anomalocardia flexuosa) (a); sururus (Mytella strigata) (b);
caranguejo uçá (Ucides cordatus) (c) e camarão (Xiphopenaeus kroyeri) (d).
Fotos: Lígia Rocha (a e b), Carlos Eduardo Alencar (c) e Alex Moraes (d).
Praias Arenosas
As praias arenosas marcam a transição entre o continente e o am-
biente marinho (Figura 1.9). São zonas em que ocorrem múltiplos pro-
cessos fí�sico-quí�micos com alta instabilidade do substrato e alto hidro-
dinamismo com diversas espécies marinhas e terrestres. A maioria dos
organismos bentônicos que utilizam a areia para garantir abrigo são
principalmente crustáceos, moluscos e anelí�deos (Mclachlan e Brown,
2006; Matthews-Cascon e Lotufo, 2006; Santos e Ferreira, 2019).
a b
c d
Figura 1.9: Praias do litoral do RN com diferente hidrodinâmica. Praia tipo
arenosa reflexiva com forte ação de correntes, ondas e vento (Praia
de Búzios) (a); praia arenosa abrigada com baixo hidrodinamismo e
próxima à desembocadura do Rio Pirangi (b); praia arenosa com baixo
hidrodinamismo e presença de recifes (Barra de Tabatinga) (c) e praia
com presença de mancha de petróleo um ano após o evento (Praia do
Giz) (d). Municípios de Nísia Floresta e Tibau do Sul. Fotos: Mauro Lima.
a c
Figura 1.10: Peixes que habitam estuários e zonas de arrebentação
de praias. Tainhas (Mugil curema) (a), sardinhas (Harengula sp.) (b) e
bagre (Sciades herzbergii) (c). Fotos: Mauro Lima (a e b) e Wikipédia, a
enciclopédia livre (c).
Ambientes recifais
Os ambientes recifais apresentam alta diversidade biológica
devido à complexidade estrutural, fornecendo alimento e abrigo
para inúmeros organismos marinhos (Connel, 1978). Diante dessa
importância ecológica, o risco da contaminação por petróleo atin-
ge não só o crescimento e reprodução de espécies bentônicas, mas
se desdobra também nas cadeias tróficas das comunidades depen-
dentes dos recifes (Blackburn et al., 2014).
No Brasil os recifes são diversos em composição e contam
com um alto número de espécies endêmicas, e em muitas regiões
são caracterizados pela presença predominante de macroalgas na
cobertura de substrato (Figura 1.11). Apresentam considerável
abundância de peixes herbí�voros como cirurgiões (acanturí�deos),
donzelas (pomacentrí�deos) e budiões (scarí�deos), além daqueles
que se alimentam de invertebrados como as xiras e cocorocas (ha-
emulí�deos) (Feitosa e Ferreira, 2014, Laborel-Denguen et al., 2019;
Zilberberg, Abrantes e Marques, 2016; Ferreira et al., 2004).
a b
c d
Figura 1.13: Peixes recifais. Vermelhos (Lutjanus alexandrei) (a), garoupa
gato (Epinephelus adscensionis) (b), Budião batata (Sparisoma axillare)
(c) e xiras (Haemulon aurolineatum) (d). Fotos: Liana Mendes.
METODOLOGIA
DE TRABALHO
METODOLOGIA DE TRABALHO
2
Registro das localizações
impactadas com petróleo
N
o caso de derramamento de petróleo no litoral é importante
ressaltar que cada ocorrência deve ser imediatamente infor-
mada aos órgãos fiscalizadores nas diferentes esferas de po-
der (federal, estadual e municipal), seguindo as orientações do Plano
Nacional de Contingência (PNC4) para Incidentes de Poluição por Ó� leo
em Á� guas sob Jurisdição Nacional. Este Plano fixa responsabilidades,
estabelece estrutura organizacional e define diretrizes, procedimentos
e ações. Tem o objetivo de permitir a atuação coordenada de órgãos da
administração pública e entidades públicas e privadas para ampliar a
capacidade de resposta em incidentes de poluição por óleo que pos-
sam afetar as águas sob jurisdição nacional, além de minimizar danos
ambientais e evitar prejuí�zos para a saúde pública (Decreto nº 8.127,
de 22 de outubro de 2013). A Lei Federal nº 9966/2000 complementa
a legislação, dispondo sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da
poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas
ou perigosas em águas sob jurisdição nacional.
a b
Figura 2.2: Aplicativos para “smartphones” disponíveis gratuitamente
na internet permitem o registro de resíduos nas praias com informação
sobre a localização (satélite), data e hora. Aplicativos Mar Limpo (a) e
Timestamp Camera Free (b).
a b
Figura 2.5: Materiais estéreis, isolados em papel alumínio, prontos
para acondicionamento de amostras para análise de HPA (a). Luvas
e máscara com filtro químico utilizadas para coleta de amostra de
petróleo (b). Fotos: Mauro Lima.
5 No Rio Grande do Norte o atendimento pode ser realizado pelo telefone 0800 281 7005 (das
7 h às 18 h) e pelos Whatsapps 24 h (84) 98125-1247 ou (84) 98803-4140.
a b
b c
Figura 2.7: Preparo e acondicionamento de organismos utilizando
material estéril. Tainha (Mugil curema) (a), caranguejo (Ucides cordatus)
(b) e amostras de tecidos e organismos devidamente etiquetados e
acondicionados para envio para laboratório de análises químicas (c).
Fotos: Mauro Lima (a, c) e Marina Viana (b).
• COLETA DE SEDIMENTOS E
PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS
Para a coleta de sedimento superficial poderão ser utiliza-
das dragas, tubos de alumí�nio/inox, colheres de alumí�nio e/ou es-
pátulas previamente descontaminados (ver procedimentos para
descontaminação antes da coleta e descontaminação em campo).
Quando for utilizada draga/pegadores de fundo, os sedimentos
para análise deverão ser retirados da parte central do material co-
letado. Quando utilizadas colheres e espátulas, deverá ser coletada
sempre a camada mais superficial de sedimento (cerca de 1 cm).
Em cada região de amostragem, deverão ser coletados sedimentos
em três pontos, com distância de 1 a 5 metros entre si, preferencial-
mente na margem do manguezal e linha de faixa do mesolitoral de
praia arenosa (Figura 2.8).
a b
a b
• COLETA DE MICROFÓSSEIS
FORAMINÍFEROS (POTE PLÁSTICO)
A coleta de sedimento para a análise de foraminí�feros neces-
sita de cerca de 50 g (metade do pote). A coleta deve ser realizada
na camada superficial do sedimento que foi coletado pela draga.
O primeiro centí�metro é o ideal. Raspa-se o sedimento superficial
com a espátula e este é depositado dentro do pote. Adicionar ao
pote o corante Rosa de bengala diluí�do em álcool (1 grama para 1
litro de álcool 70 %), fechar a tampa e sacudir vigorosamente para
misturar o corante ao sedimento coletado (Figura 2.10). O corante
vai colorir os tecidos dos indiví�duos que estão vivos distinguindo
os dos mortos.
b c
Figura 2.10: Sedimento depositado na bandeja (a) e pote com
sedimento (b). Corante rosa de bengala e álcool sendo adicionado ao
pote (c) (Pirangi 2013, 2014 e 2019). Fotos: Patrícia Eichler.
• CUSTÓDIA, TRANSPORTE E
ARMAZENAMENTO DE AMOSTRAS
Todas as amostras deverão ser acondicionadas e devida-
mente identificadas com etiquetas à prova d’água ou canetas
permanentes, exibindo objetivamente as seguintes informações
(Figura 2.11):
a b
Figura 2.11: Etiqueta de identificação (papel vegetal) dos sacos de
amostras escritas a nanquim e acondicionada em saco plástico (a) e
exemplares de budião (Sparisoma sp.) com identificação (para análise
de HPA) (b). Fotos: Marina Viana.
ANÁLISES
MACROSCÓPICAS
E MICROSCÓPICAS
DE AMOSTRAS
BIOLÓGICAS
ANÁLISES MACROSCÓPICAS
3
E MICROSCÓPICAS DE
AMOSTRAS BIOLÓGICAS
A
avaliação macroscópica dos organismos deverá ser reali-
zada em laboratório a partir da análise morfológica cor-
poral dos organismos, verificando a presença ou não de
petróleo cru, dedicando especial atenção para as mucosas oculares
e cavidade oral. Somente após a realização desta etapa procede-se a
realização da biometria, que é especí�fica para cada grupo taxonômi-
co. Deverão ser utilizados equipamentos como lupas, paquí�metros
digitais, pinças, cabos e lâminas de bisturis, rotulador, lacres plásti-
cos numerados, formol 10 %, tesouras de ponta fina, recipientes de
vidro e os materiais de alumí�nios descritos no tópico anterior.
Para cada grupo de organismos analisados é preciso exami-
nar diferentes aspectos. No caso da investigação de organismos
bentônicos sésseis como corais e porí�feros, inicialmente deverá ser
verificada a presença ou resquí�cios de óleo sobre os animais e pos-
teriormente estes deverão ser devidamente acondicionados (con-
forme tópicos anteriores) e submetidos às análises quí�micas. Para
peixes, moluscos e crustáceos a presença de resquí�cios de óleo de-
verá ser examinada na parte externa e interna, incluindo cavidade
CAPÍTULO 3
Guia para Avaliação de Contaminação por
Petróleo na Biota Marinha e Sedimentos
51 Análises macroscópicas e microscópicas
de amostras biológicas
oral, urogenital e brânquias (Figura 3.1). O exame macroscópico do
tecido branquial deverá verificar tanto a presença ou não de óleo
como o estado do tecido (Bernardi et al., 2013). Deverão ser anali-
sadas possí�veis alterações morfológicas causadas pela substância
e/ou existência de patologias.
a b
Figura 3.1: Exame visual da cavidade oral (a) e brânquias (b).
Fotos: Lígia Rocha.
CAPÍTULO 3
Guia para Avaliação de Contaminação por
Petróleo na Biota Marinha e Sedimentos
52 Análises macroscópicas e microscópicas
de amostras biológicas
É� necessário o estabelecimento prévio de um protocolo de
biometria com materiais e equipamentos para o registro de medi-
das e observações necessárias a futuras comparações e análises. Os
espécimes coletados deverão ser pesados, medidos, identificados
até o ní�vel taxonômico mais especí�fico, etiquetados e catalogados. A
biometria necessitará de materiais para medição como fita métrica,
paquí�metro ou ictiômetro. A pesagem com balanças deverá ter pre-
cisão de 1 g, pelo menos.
A biometria das amostras deverá seguir o registro das variáveis
descritas em planilha de campo (Anexo 3) considerando que cada gru-
po de organismos possui um protocolo especí�fico descrito a seguir:
• PEIXES:
Os peixes podem ser medidos com auxí�lio de ictiômetro ou
fita métrica em centí�metros (cm) registrando o comprimento total
(Ct) e comprimento padrão (Cp). O peso total por indiví�duo será
obtido através de balança com precisão de 1 g (Figura 3.2).
a c
Figura 3.2: Biometria de peixes em laboratório (a). Comprimento total (Ct)
e Comprimento padrão em centímetros (Cp) (b) e pesagem total em
gramas (c) de exemplar de ariocó - Lutjanus synagris. Fotos: Mauro Lima.
CAPÍTULO 3
Guia para Avaliação de Contaminação por
Petróleo na Biota Marinha e Sedimentos
53 Análises macroscópicas e microscópicas
de amostras biológicas
• INVERTEBRADOS:
a) Bivalves:
A biometria de invertebrados bivalves (e.g. Crassostrea rhi-
zophorae, Anomalocardia flexuosa e Mytella strigata) deverá con-
templar o comprimento e altura da concha (milí�metros) seguindo
os métodos de Seed (1976) (Figura 3.3).
b) Crustáceos:
Para crustáceos deve-se registrar peso total e se o indiví�duo
está em muda. Em cada grupo de Decapoda existe um protocolo
diferente listado a seguir
• Caranguejos - registrar o peso total (balança de preci-
são de 0,01 g) e medidas corporais básicas como com-
primento, largura, altura do cefalotórax (Ivo et al., 1999)
(Figura 3.4);
CAPÍTULO 3
Guia para Avaliação de Contaminação por
Petróleo na Biota Marinha e Sedimentos
54 Análises macroscópicas e microscópicas
de amostras biológicas
Figura 3.4: Caranguejo (Ucides cordatus). Medidas biométricas: largura
da carapaça (Lc) e comprimento da carapaça (Cc). Foto: Mauro Lima.
CAPÍTULO 3
Guia para Avaliação de Contaminação por
Petróleo na Biota Marinha e Sedimentos
55 Análises macroscópicas e microscópicas
de amostras biológicas
Avaliação morfológica interna de peixes
A etapa seguinte de avaliação morfológica consiste em análi-
ses especí�ficas de órgãos que serão removidos após incisão longitu-
dinal na região ventral do indiví�duo. Na dissecação deve-se utilizar
materiais cirúrgicos limpos. Durante a avaliação deve-se verificar
indí�cios de resí�duos de contaminantes na cavidade interna do ani-
mal. A análise do sistema digestório inclui a avaliação de conteúdo
no esôfago, estômago e intestino (Figura 3.6). Deve-se avaliar o es-
tado de repleção do estômago, o sexo e estágio de maturação gona-
dal macroscópico, segundo Vazzoler (1996).
a c
Figura 3.6: Inspeção interna de espécime de peixe: cavidade
abdominal (a), vísceras (b) e musculatura com indícios de
contaminação (c). Pontos pretos na musculatura e material escuro nas
vísceras deverão ser registrados. Fotos: Lígia Rocha.
CAPÍTULO 3
Guia para Avaliação de Contaminação por
Petróleo na Biota Marinha e Sedimentos
56 Análises macroscópicas e microscópicas
de amostras biológicas
Com o auxí�lio de um estereoscópico deverão ser identificados
os grupos taxonômicos encontrados na dieta dos organismos coleta-
dos, além da busca ativa por vestí�gios de petróleo (Figura 3.7). Quan-
tifica-se a porcentagem de ocorrência e de volume dos itens do con-
teúdo estomacal, segundo metodologia proposta por Hyslop (1980).
Determina-se o Í�ndice de Repleção Estomacal (IR), que é dado
pela razão entre o peso do estômago e o peso total do peixe.
CAPÍTULO 3
Guia para Avaliação de Contaminação por
Petróleo na Biota Marinha e Sedimentos
57 Análises macroscópicas e microscópicas
de amostras biológicas
Figura 3.7 Visualização em microscópio de porções do trato
gastrointestinal e conteúdo estomacal. Fragmento do intestino (ariocó -
Lutjanus synagris) com presença de pontos escuros (A); parede interna
do esôfago com camadas escuras (setas brancas) no tecido (ariocó -
Lutjanus synagris) (B, C); fragmento escuro junto ao conteúdo alimentar
no estômago (bagre - Sciades herzbergii) (D). Fotos: Gabriel Dutra.
Análise Histopatológica
Alterações morfológicas podem auxiliar em investigações da
toxicidade de compostos quí�micos e na observação de efeitos agu-
dos e crônicos em ambientes poluí�dos ou contaminados. Assim,
deve-se realizar análises histológicas de alguns tecidos (Lupi et
al., 2007). O tecido do trato gastrointestinal dos peixes deverá ser
submetido a análise histopatológica sendo então fixado em for-
mol a 10 %. Posteriormente o tecido será submetido ao tratamen-
to histológico (Tolosa et al., 2005) para a produção de lâminas que
serão analisadas por meio de microscópio óptico. A morfometria
das estruturas visualizadas será analisada utilizando programas
especí�ficos. Esta é uma ferramenta bastante eficaz em identificar
CAPÍTULO 3
Guia para Avaliação de Contaminação por
Petróleo na Biota Marinha e Sedimentos
58 Análises macroscópicas e microscópicas
de amostras biológicas
efeitos tóxicos que possam afetar tecidos animais e a histopatolo-
gia mostra a resposta biológica de tecidos que foram expostos à
agressão e estresse (Lins et al., 2010).
Para avaliação histopatológica os tecidos biológicos deverão
ser removidos em autólise mí�nima, ou seja, em poucas horas após o
óbito. O material removido deverá ser etiquetado e fixado em solu-
ção aquosa de formaldeí�do a 10 % (Figura 3.8).
a b
c d
Figura 3.8: Remoção de órgão internos para análises histopatológicas e
de estágio de maturação gonadal (a), acondicionamento em solução
aquosa e formol (b), tecido muscular (c) e acondicionamento das
amostras por local (d). Fotos: Mauro Lima.
CAPÍTULO 3
Guia para Avaliação de Contaminação por
Petróleo na Biota Marinha e Sedimentos
59 Análises macroscópicas e microscópicas
de amostras biológicas
o xilol como substância intermediária para depois realizar a impreg-
nação com parafina.
Em todas as etapas, os tecidos biológicos deverão permanecer
submersos durante 1 hora em cada banho ou de acordo com adap-
tações de métodos dependente do tipo e tamanho do tecido. Após
a impregnação, inicia-se a etapa de inclusão na qual os fragmen-
tos teciduais são adicionados em um molde de bloco e infiltrados
com parafina lí�quida. Após formação do bloco, o material deverá
ser seccionado no micrótomo (Leica RM 2235) em espessura de 5
µm. Os cortes deverão ser submetidos ao método de coloração de
rotina por Hematoxilina-Eosina (H.E.) (Tolosa et al., 2005) e, quan-
do necessário, pela coloração de ácido periódico-Schiff (PAS) com
hematoxilina férrica (Tolosa et al., 2003) (Figura 3.9).
CAPÍTULO 3
Guia para Avaliação de Contaminação por
Petróleo na Biota Marinha e Sedimentos
60 Análises macroscópicas e microscópicas
de amostras biológicas
Figura 3.10: Microfotografia em corte transversal de trato gastrointestinal
de tainha (Mugil curema). Visão geral das camadas que compõem o
intestino (A), camada mucosa (1), camada submucosa (2), camada
muscular (aumento em 10 x) (3). Vilosidade Intestinal (aumento 40x) (B),
Camada muscular e Serosa (aumento 10 x) (C). Fotos: Pedro Santos.
CAPÍTULO 3
Guia para Avaliação de Contaminação por
Petróleo na Biota Marinha e Sedimentos
61 Análises macroscópicas e microscópicas
de amostras biológicas
CAPÍTULO IV
ANÁLISE DE
SEDIMENTOS
62
ANÁLISE DE SEDIMENTOS
4
Análises granulométricas, mineralógicas e
quantificação de carbonato e de matéria
orgânica (MO)
O
s sedimentos coletados deverão ser lavados sucessivamen-
te com água destilada utilizando-se centrí�fuga ou baldes
para retirada do conteúdo de sal. Em geral três sessões de
lavagens são suficientes para a remoção total dos sais. Após esta
etapa, os sedimentos deverão ser secos em placas aquecedoras sob
temperatura média de 60 ºC ou em estufa de secagem e esteriliza-
ção por aproximadamente 24 horas, com temperatura controlada
de 60 ºC. Posteriormente, o material deverá ser quarteado para as
análises de matéria orgânica (MO, 10 g), granulometria (50 g) e de
CaCO3 (10 g), constituindo o peso inicial. Para a análise de CaCO3, as
amostras deverão ser tratadas com ácido clorí�drico (HCl) diluí�do a
10 % para eliminar o CaCO3; posteriormente deverão ser lavadas e
secas em placas a 60 ºC, sendo feita nova pesagem para mensurar a
massa de carbonato perdida (Figura 4.1).
Para a análise granulométrica, a matéria orgânica das amos-
tras é eliminada utilizando peróxido de hidrogênio (H2O2) diluí�do
em água destilada (100 ml de H2O2 para 900 ml de água destila-
da). Após este procedimento, as amostras deverão ser lavadas e
posteriormente secas em placas a 60 ºC. Eliminada a MO, a análise
d e
f g
a
b b
Figura 4.2: Processamento das amostras com peneiramento úmido (a), triagem
e identificação de espécies em lupa binocular (b). Fotos Patrícia Eichler.
ANÁLISE
QUÍMICA DE
CONTAMINANTES
68
ANÁLISE QUÍMICA DE
5
CONTAMINANTES
50 °C durante 5 min
Programa de 50 °C min-1 até 80 °C
temperatura 6 °C min-1até 280 °C durante 20 min
12 °C min-1 até 305 °C durante 10 min
Volume de Injeção 1L
• ETAPA DE CLEAN UP
Antes da construção da coluna de clean-up (purificação), a
sí�lica gel e a alumina serão ativadas em estufa a 200 °C por 12 h.
A coluna de clean-up será preparada a partir da solução de 8g de
sí�lica gel, seguida de 2 g de alumina em hexano. Em seguida será
colocado 1 cm de Na2SO4, conforme método USEPA (EPA-3630C
e EPA-3610B). Lavar a coluna de clean-up preparada com 10 mL
de hexano, sem deixar que a mesma se esvazie, para evitar cami-
nhos preferenciais.
• DETERMINAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO
Para a etapa de determinação: a fração F1, contendo os HAs e
MCNR, será usada CG-DIC e a F2, contendo os HPAs, será por meio
de CG-EM, conforme condições similares às da Tabela 5.3. Todos
os analitos de interesse, bem como seus respectivos PS e PI serão
determinados pelo tempo de eluição pré-estabelecido de cada um
deles. Em adição a determinação de HPAs, a identidades dos com-
postos serão confirmadas pelo uso da biblioteca National Institute
of Standards and Technology ou similares.
• CONTROLE DE QUALIDADE
Todas as etapas realizadas em laboratório serão acompa-
nhadas por procedimentos criteriosos de controle de qualidade.
Ensaios de recuperação usando adição de padrões surrogates, se-
rão realizados para avaliar a eficiência de extração dos analitos de
investigados. A fim de eliminar problemas de contaminação, serão
analisados brancos (Br) da etapa de extração (1Br/7 amostras) e
também da coluna cromatográfica (1Br/15 injeções).
A limpeza de vidrarias deve ser um dos focos na preparação
do material usado em todas as etapas de determinação dos hidro-
carbonetos de interesse. Primeiramente, as vidrarias serão deixa-
das em banho de detergente (extran a 20 %v/v) por pelo menos
4 horas, sendo em seguida abundantemente enxaguada em água
corrente, água de alta pureza, e então colocada em banho de ácido
ní�trico (HNO3 a 5 %v/v) por 4 horas. Em seguida, as vidrarias se-
rão novamente enxaguadas em água corrente, água de alta pureza
e deverão ser mantidas em estufa a 450 °C por um perí�odo de no
mí�nimo 4 horas.
A quantificação dos hidrocarbonetos será realizada usando
uma curva de calibração de 7 pontos pelo método do padrão in-
terno. Baseado na curva de calibração será verificado as principais
figuras de mérito analí�ticas como: linearidade, precisão, limite de
detecção e quantificação. A eficiência do método de extração dos
• AVALIAÇÃO AMBIENTAL
Para fortalecer as evidências de impactos nas áreas avaliadas,
serão confirmados se os ní�veis de HPAs presentes são oriundos de
atividades petrogênicas, através do uso de razões de diagnóstico
(Tabela 5. 4) (STogiannidis e Laane, 2015; Wang et al., 1999).
A MCNR, a qual é extraí�da com os HAs, é certamente uma
das principais evidências geoquí�micas da contaminação por pe-
tróleo (Reddy et al., 2000). Nesse sentido, serão usados os ní�veis
da MCNR (>10 µg/g), bem como o í�ndice preferencial de carbono
(IPC) e í�ndices relativos entre carbonos í�mpares e pares para con-
firmar a contaminação por petróleo, aumentando assim as evi-
dências (Tabela 5.4).
ASSIMETRIA
FLUTUANTE,
ANÁLISE INDIRETA
84
ASSIMETRIA FLUTUANTE
6
- ANÁLISE INDIRETA
O
ní�vel de alterações morfológicas em uma determinada po-
pulação é uma forma de examinar a qualidade ambiental e
a instabilidade no desenvolvimento dos indiví�duos (Weller
e Ganzhorn, 2004; Beasley et al., 2013). Um indicador desta insta-
bilidade é o estudo de Assimetria Flutuante (AF), capaz de medir
e analisar os pequenos desvios aleatórios da simetria bilateral de
organismos, identificadas a partir de baixos ní�veis de assimetria do
indiví�duo (Palmer e Strobecke 1986; Palmer, 1994). Esta é conside-
rada uma técnica eficaz para detecção de estresse ambiental.
Conforme já foi mencionado, o petróleo possui em sua compo-
sição elementos (e.g. HPAs) que, quando liberados na água, podem
gerar perturbações no equilí�brio do ecossistema (Lopes, 2007).
Assim, uma das formas de avaliar a presença dessas perturbações
no ambiente pode ser realizada a partir da análise da mudança no
ní�vel de desenvolvimento de espécies diferentes, uma vez que or-
ganismos bilaterais simétricos, por exemplo, deveriam se desenvol-
ver de forma idêntica em ambos lados corporais (Hoog et al., 2001
apud Sanseverino e Nessimian, 2008).
A Assimetria Flutuante pode ser utilizada por meio da medição
de caracterí�sticas, discretas e/ou contí�nuas, de ambos lados dos indi-
ví�duos de uma mesma espécie. Isso determinará se ocorreu alguma
a b
c
Figura 6.1: Armazenamento dos
exemplares para posterior extração de
tecido mole: ariocó (Lutjanus synagris)
sem empilhamento e devidamente
identificados para congelamento (a),
após congelamento (b), organização
de caranguejos (Ucides cordatus)
individualizados, com etiqueta (c) e
remoção de tecidos internos de bivalve
(análise de HPA) e separação das valvas
de bivalves para as análises de Assimetria
Flutuante (d). Fotos: Mauro Lima.
d
b
a
d
c d
Figura 6.2: Procedimento fotográfico padronizado com altura fixa da
câmera, sobre a mesa estativa (a), controle de iluminação nas áreas de
marcos anatômicos (b), foto final de exemplar de ariocó (Lutjanus synagris)
para marcação do pontos (c) e preparação de exemplar de caranguejo
(Ucides cordatus) em bandeja com substrato maleável, para estabilizar o
espécime e proporcionar contraste de cor (d). Fotos: Mauro Lima
107
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
ambiente marinho envolve uma ampla gama de ecossis-
temas altamente complexos nos quais as flutuações na
abundância e diversidade de espécies são caracterí�sticas
de sua dinâmica. O ambiente marinho também apresenta a capa-
cidade de recuperação frente a perturbações causadas por fenô-
menos naturais, o que potencialmente pode ocorrer em casos de
derramamento e desastres com petróleo. No entanto, nos diferen-
tes acidentes com petróleo ocorridos pelo mundo, verifica-se sé-
ria falta de conhecimento básico sobre as condições prévias (ba-
seline) ambientais, socioeconômicas e de saúde da população, de
maneira que se possa comparar às condições pós acidente. Assim,
considera-se fundamental que sejam estabelecidos sistemas que
investiguem e monitorem as condições ambientais e socioeconô-
micas envolvidas, tanto para estabelecimento de baseline quanto
para avaliações após derramamentos.
Desastres com petróleo em áreas marinhas causam sérios
impactos, considerando os efeitos fí�sicos e quí�micos associados.
A intensidade dos danos pós evento depende diretamente do tipo
e quantidade de petróleo presente, da sensibilidade dos organis-
mos e ambientes afetados, das condições ambientais no perí�odo.
Há que se considerar ainda que, ao longo do tempo, as caracte-
rí�sticas do petróleo mudam e, portanto, os impactos associados
111
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Reunião Anual da SBPC. São Paulo: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, 1999.
124
ANEXO 1 - Materiais e equipamentos necessários para
coleta da biota
Material de campo Justificativa
Caixas térmicas Acondicionamento e transporte de peixes e invertebrados
Sacos plásticos Acondicionamento e transporte de peixes e invertebrados
Potes plásticos Acondicionamento e transporte de peixes e invertebrados
Potes vidros Acondicionamento e transporte de peixes e invertebrados
Acondicionamento e transporte de amostras biológicas sem
Gelo em esfera reutilizável
formar agua de degelo
Paquímetro digital Biometria de peixes e invertebrados
Máscara N95 EPI
Reservatório de alumínio (tipo Acondicionamento de peixes e invertebrados para análise
alimentício) de HPA
Espátula de inox Manipulação de peixes e invertebrados para análise de HPA
Bandeja metálica (inox ou
Manipulação de peixes e invertebrados para análise de HPA
alumínio) tipo assadeira
Detergente Extran MA02
Esterilização de reservatórios e materiais em alumínio
Neutro - Merck
Luva nitrílica sem talco Manipulação de peixes e invertebrados para análise de HPA
Cabo bisturi (N 4) de inox Dissecação de peixes e invertebrados
Lâminas de bisturi (Caixa com
Dissecação de peixes e invertebrados
100 lâminas)
Tesoura cirúrgica (reta/fina) 17cm Dissecação de peixes e invertebrados
Pinça ponta fina Dissecação de peixes e invertebrados
Formol PA 1000 ml Fixação e preservação de amostras, peixes e invertebrados
Álcool absoluto 95 1000 ml Fixação e preservação de peixes e invertebrados
Xilol Análise histopatológica
Entelan Análise histopatológica
Corantes Histológicos Análise histopatológica
Parafina Análise histopatológica
Lâminas e Lamínulas Análise histopatológica
Papel vegetal Etiquetagem de indivíduos e amostras
Lacre plástico numerado Etiquetagem de indivíduos e amostras
Caneta nanquim Etiquetagem de indivíduos e amostras
Equipamento de Laboratório
Mufla Esterilização de reservatórios e materiais em alumínio
Estufa Esterilização de reservatórios e materiais em alumínio
Balança Biometria de peixes e invertebrados
Freezer Acondicionamento e transporte de peixes e invertebrados
Capela Preparação soluções
Micrótomo Análise histopatológica
Banho maria Análise histopatológica
Lâminas e lamínulas Análise histopatológica
Microscópio Análise histopatológica
Estereomicroscópio Análise histopatológica e macroscópica
Máquina fotográfica Digital Análise de assimetria flutuante
Sexo
biológicas e de sedimento
(cm)
ct
Dados necessários para regis-
tro das amostras (biota e sedimen-
(cm)
cz
to) por ordem de código (cód.), data
Ambientes costeiros
e hora, respectivas coordenadas ge-
de origem
ográficas (latitude e longitude - lat
e long) preferencialmente padroni-
zadas para o sistema UTM e datum
Preservação
SIRGAS 2000 com zona especí�fica de
trabalho (e.g. litoral oriental do RN
utiliza-se a zona 25M). Para amos-
Análise
- cz = comprimento zoológico e ct
= comprimento total), sexo e está-
Data
taxonômico trabalhado.
Local
Cód.