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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS – CESC


DEPARTAMENTO DE LETRAS
DISCIPLINA: LITERATURA INFANTOJUVENIL
PROFESSORA: SOLANGE MORAIS
DISCENTE: CLEITON PERREIRA SANTOS

SÍNTESE DO TEXTO “A FIGURA DO IDOSO NA LITERATURA INFANTIL:


UM COMPARATIVO ENTRE AS OBRAS GUILHERME AUGUSTO ARAÚJO
FERNANDES E VÓ, PARA DE FOTOGRAFAR! DE ESTELLA MARIA
BORTONCELLO MUNHOZ E VERÔNICA BOHM”.

CAXIAS, MA.
2024.
O texto aborda a representação da velhice na literatura, destacando obras como
"A máquina de fazer espanhóis" de Valter Hugo Mãe e "As cores do crepúsculo" de
Rubem Alves. Discute como o envelhecimento é influenciado por aspectos
socioculturais, enfatizando a diversidade desse processo. Aborda preconceitos e
estereótipos associados aos idosos, ressaltando a necessidade de compreendê-los de
maneira mais ampla. Explora as transformações nas relações intergeracionais devido ao
aumento da expectativa de vida. Destaca a persistência de representações sociais
homogeneizadoras sobre os idosos, mas destaca que tais ideias estão em evolução. Por
fim, ressalta a importância da literatura infantil na formação das representações sociais
sobre o envelhecimento, exemplificando com a comparação de duas obras ilustradas
brasileiras de diferentes períodos históricos.

A obra "Guilherme Augusto Araújo Fernandes" é um clássico da literatura


infantil, reconhecido pela FNLIJ, que aborda a relação entre um menino e uma idosa
com perda de memória. A história destaca as diferenças entre gerações, simbolizadas
pelo muro que separa a infância ativa do menino e a quietude dos idosos no asilo
vizinho. A narrativa revela a heterogeneidade dos idosos, desafiando estereótipos. Ao
descobrir a perda de memória da idosa, o protagonista busca compreender o significado
da memória junto aos outros moradores do lar, destacando a importância de ouvir os
idosos. O desfecho ressalta a troca intergeracional e a possibilidade de recuperação na
velhice, desafiando estigmas associados à fragilidade. O livro ilustrado enfatiza a
dualidade entre infância e velhice, destacando a conexão emocional entre as gerações.

O livro "Vó, para de fotografar!" da editora Melhoramentos, integrante do


PNLD 2018, apresenta a relação entre uma neta e sua avó, destacando suas diferentes
perspectivas em relação às fotografias. Ao contrário da obra anterior, os personagens
não têm nomes próprios, sendo identificados por seus papéis familiares. A avó é
retratada como alegre e ativa, sempre fotografando momentos importantes, enquanto a
neta constantemente pede para ela parar. A narrativa é enriquecida por ilustrações que
evidenciam a vitalidade da avó e sua participação em diversas atividades. A diferença
entre as gerações é perceptível não apenas visualmente, mas também nas atitudes
opostas em relação às fotografias. A história revela, no desfecho, que a avó estava
construindo um álbum de recordações, destacando a importância de preservar
memórias. A obra atualiza o papel do idoso como contador de histórias, utilizando a
tecnologia para eternizar momentos, e destaca a renovação dos papéis intergeracionais
na contemporaneidade. O livro promove reflexões sobre a velhice, desafiando
estereótipos e ressaltando a importância dos laços familiares.

As duas obras analisadas compartilham a presença de idosos e crianças,


destacando o envolvimento afetivo entre diferentes gerações e exploram a temática da
memória. Ambas abordam o recordar e eternizar lembranças, mas divergem na
representação da memória. Em "Guilherme Augusto Araújo Fernandes," a criança
auxilia a idosa a relembrar momentos passados, enquanto em "Vó, para de fotografar!,"
a idosa, de forma independente, cria um álbum de lembranças. A interação entre
distintas idades promove uma conexão entre infância e velhice, destacando a
importância da memória coletiva e individual. As representações de criança e idoso
diferem nas obras, especialmente na caracterização da velhice, mais ativa e aventureira
na segunda história. A relação familiar é mais evidente em "Vó, para de fotografar!",
contrastando com a ausência de laços familiares em "Guilherme Augusto Araújo
Fernandes." A postura das crianças em relação aos idosos também difere, com o menino
sendo atencioso e prestativo, enquanto a neta está inicialmente contrariada e só muda
sua postura no final. As ilustrações desempenham um papel crucial nas distinções, com
cores mais claras e traços delicados em "Guilherme Augusto Araújo Fernandes," e cores
contrastantes e descontraídas em "Vó, para de fotografar!", reforçando a atmosfera de
cada história. Ambas as obras oferecem espaço para interpretação única pelos leitores,
ressaltando a interação entre palavra e imagem na geração de sentidos.

Ambas as histórias, apesar de diferentes em traços e narrativas, convergem ao


promover uma reflexão sobre interações, sociedade, velhice e família. Com personagens
de diferentes idades, as narrativas destacam a importância da memória na formação dos
sujeitos e na preservação da coletividade. A comparação entre as histórias revela que a
representação do idoso na literatura evolui, sem anular obras antigas, mas evidenciando
mudanças contínuas na sociedade. As concepções de personagens idosos dialogam com
o contexto de suas respectivas épocas, considerando a velhice como um fenômeno
cultural além do biológico. Os ilustradores conferem perspectivas específicas às
narrativas, destacando a segunda obra ao representar a idosa com dinamismo e
independência. A análise ressalta a importância de dar visibilidade aos idosos na
literatura infantil, influenciando a percepção do leitor sobre essa fase da vida e
incentivando uma sociedade mais inclusiva e acolhedora para todas as idades. A
conclusão destaca a necessidade de reconhecer a diversidade na velhice, evitando
rótulos que limitem as possibilidades de viver de maneira autônoma e plural.

Os idosos na literatura infantil deveriam ser representados de maneira


diversificada, escapando de estereótipos e apresentando a velhice como uma fase
multifacetada da vida. As histórias devem explorar a riqueza das experiências,
personalidades e potenciais dos idosos, destacando a sua contribuição à sociedade. Essa
representação inclusiva pode promover uma compreensão mais ampla e positiva da
velhice, enriquecendo a visão das crianças sobre as diferentes fases da vida e
fomentando o respeito pela diversidade.

REFERÊNCIAS

MUNHOZ, Estella; BOHM, Verônica. A figura do idoso na literatura infantil: um


comparativo entre as obras guilherme augusto araújo fernandes e vó, para de
fotografar!. Uniletras, Ponta Grossa, v. 44, p. 1-16, e-17819, 2022. Disponível em:
http://www.revistas2.uepg.br/index.php/uniletras.

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