Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDC XIII


COLEGIADO DE PEDAGOGIA

AUDERLANIA DE OLIVEIRA BRITO


CAUÃ DE JESUS OLIVEIRA
JOILMA DOS SANTOS RODRIGUES
JORGE LUIS MIRANDA BRITO
KAIO LAGO DE JESUS
TAIS SANTOS DE OLIVEIRA
VANESSA VIANA FERREIRA

ANÁLISE DE LIVRO DE LITERATURA INFANTO-JUVENIL

Itaberaba
2024
AUDERLANIA DE OLIVEIRA BRITO
CAUÃ DE JESUS OLIVEIRA
JOILMA DOS SANTOS RODRIGUES
JORGE LUIS MIRANDA BRITO
KAIO LAGO DE JESUS
TAIS SANTOS DE OLIVEIRA
VANESSA VIANA FERREIRA

ANÁLISE DE LIVRO DE LITERATURA INFANTO-JUVENIL

Atividade apresentada como requisito parcial de


avaliação do componente curricular de Literatura
Infanto-Juvenil, sob orientação do docente Edson
Fernando O. Silva.

Itaberaba
2024
O presente artigo é uma análise do livro “A Flor que Chegou Primeiro” escrito
por Mayara de Aleluia Pereira, revisado pela professora Elisete Tavares, adaptado por
Jessé Andarilho, ilustrado por Ivy Nunes e faz parte do projeto “Leia para uma criança”,
do banco Itaú. É baseado na história vencedora da Olimpíada de Língua Portuguesa de
2016 na categoria “Crônica”.
O cenário da literatura infanto-juvenil se abre a partir do século XX como um
importante aliado no aprendizado e construção da criança. O filósofo e crítico Mikhail
Bakhtin em suas contribuições com a literatura infanto-juvenil ressalta o poder da
literatura como ferramenta modificadora e transformadora na vida do público alvo e na
transformação da concepção do contexto social. Em anuência Lev Vygotsky atribui a
leitura infantil um importante papel na construção da aprendizagem e no desenvolvimento
da criança. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define a criança como ser social
com emoções, afetividade e cognição capaz de imaginar e construir em sua própria
cultura.
A obra retrata a história de uma criança que por meio de questionamentos
descobre a origem do nome da sua cidade, de linguagem acessível ao público infanto-
juvenil. Podendo ser trabalhado na fase dos porquês. Essas inquietação da personagem
possibilita ao público alvo se envolver na história e usar a inventividade e criatividade, o
que auxilia no desenvolvimento cognitivo da criança. Vale ressaltar a extrema
importância dessas inquietações ou “curiosidades” pois segundo Paulo Freire ensinar
exige despertar curiosidades em seus educandos, e nós como educadores devemos
despertar esse lado dos educandos, através dos conteúdos passados, como é no caso do
enredo do livro A Flor Que Chegou Primeiro. Através das observações feitas percebe-se
que a história narrada envolve a criança na leitura, trazendo aprendizados, aguçando seu
repertório linguístico, levando a conclusões de forma leve e divertida.
Reconhece-se a potencialidade do livro ao contemplar três personagens de
diferentes idades, cor e gênero o que reforça para crianças as diferenças, que estarão
presentes durante toda sua vida e é algo natural que deve ser trabalhado com os jovens,
além da integração e a convivência com o outro, evidenciando assim a importância do
ambiente na formação do indivíduo. Retratar esses valores dentro de uma obra infantil é
algo complexo, mas necessário e nesse caso foi feita de maneira magnifica, mantendo a
beleza da obra, cativando leitores de todas as idades e conscientizando através de um
roteiro bem elaborado, além disso, ao trazer como um dos personagens um idoso com
uma vivência e dotado de saber sobre a localidade tem-se uma forte crítica ao fato das
pessoas da terceira idade serem vistas como indivíduos sem utilidade, que muitas vezes
são invisíveis para o olhar da sociedade. Levando assim em conta a valorizando os
conhecimentos e histórias orais que vão de geração em geração, validando a pessoa da
terceira idade como protagonista, por ser uma biblioteca viva, como diz o Griô Amadou
Hampâté Bâ, “Na África quando um ancião morre, é uma biblioteca viva que se queima”,
logo vivo, é uma biblioteca preservada. Ao trazer como protagonista e escritora uma
personagem negra que recebe validação por suas inquietações tem-se um importante
recado aos leitores; o ouvir está obra dá a criança protagonismo e espontaneidade,
segurança para perguntar aquilo que considera devido, e claro, faz com que a criança
negra se sinta representada e acolhida.
O livro apresenta interligação entre o que é escrito e mostrado através das
imagens, conta com boas ilustrações e cores vibrantes, sendo esse ponto preciso pois
palavras, signos e imagens facilitam no processo de aprendizagem. Dessa maneira a
leitura da obra possibilita a criança usar de sua cognição e se apropriar de criatividade
aprendendo sobre as diferenças e o respeito às vivências de modo lúdico e sutil sem trazer
à tona o desinteresse pela história no decorrer da leitura. O autor tem cuidado com as
escolhas das palavras usadas em sua obra, as ilustrações estão bem dimensionadas. São
bem feitas e de grande auxilio para o leitor, segue o tema proposto e tem boa continuidade
e coerência, além de ser indicado para leitura em voz alta.
Vale ressaltar, que essa crônica apresenta uma linguagem muito clara, favorece
para fruição leitora, que estimula uma certa curiosidade, e ao mesmo tempo, cria grandes
imaginações, que nos leva a reflexão ao decorrer da leitura, mostrando símbolos
nostálgicos dos lugar, lugar esse que, marcou vidas, como a do maquinista, que deixou
saudades dos bons e velhos tempos que ficaram para sempre na vida de todos que por ali
passaram.
Contudo esta obra é um tesouro literário, capaz de criar laços entre gerações, e
também preservar a identidade cultural do nosso país. É uma obra encantadora que
mergulha nas raízes daquele pequeno distrito chamado Caraíba, utilizando a flor como
método de incitar nostalgia aos personagens e leitores. Com simplicidade e emoção, o
livro oferece uma narrativa leve, enredo cativante e que prende a atenção do início ao fim,
ótima para ensinar crianças sobre as origens, estimular sua imaginação, criatividade,
aguçar a sua curiosidade, sua capacidade de inventar roteiros e repertório linguístico. Suas
memórias afetivas e a história suave fazem desta obra uma escolha valiosa, prometendo
criar momentos especiais ao ser compartilhada com os pequenos. Uma obra que pode ser
bastante trabalhada com fins pedagógicos, que contempla raça, gênero, ancestralidade,
comunidade e faz tudo isso sem estereótipos, indicada ao público infanto juvenil, mas
capaz de despertar a curiosidade e teorias de adultos e idosos. Uma leitura que transcende
páginas, conectando leitores às tradições e às belezas simples da vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

LIMA, Ana Claudia. O lugar da literatura infantil no espaço educativo: vozes de


professoras. 2019. 98f.dissertação-UNESP. São Paulo, 2019.

ALELUIA, Mayara. Et al. A flor que chegou primeiro. Itaú; 1ª edição (1 março 2021)

Você também pode gostar