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Guaratinguetá
2013
CAMILA OMODEI COELHO GOMES
Guaratinguetá
2013
Gomes, Camila Omodei Coelho
G633p Processo de fabricação de tarugos pelo método Hot Top
de ligas de alumínio da série 6XXX e as não conformidades
desse processamento / Camila Omodei Coelho Gomes . –
Guaratinguetá : [s.n], 2013
100 f. : il.
Bibliografia : f. 90-95
A Deus, centro de minha de existência, onde deposito toda minha confiança, peço
discernimento nas minhas atitudes e êxito nas minhas realizações.
A minha família, base da minha vida, onde encontro muito apoio e incentivo para o
meu crescimento profissional. Agradecimento especial aos meus pais, Carlos e Cristina e aos
meus avós, Elpídio e Maria.
Ao meu querido Professor Orientador Peterson, que se mostrou muito “amigo” numa
hora em que eu precisava de apoio e o qual guardarei como exemplo por toda a minha vida.
RESUMO
ABSTRACT
The goal of this work is to report some problems that occur in the in the production of
aluminum billets (series 6XXX) produced by the hot top process in the Alcoa aluminum Inc.
The aluminum fabrication process is described from its first stage, since the mining until the
reduction, smelting and treatment of the metal. One of the plant’s final product, are billets for
clients that produce profiles by extrusion. The product’s final quality highly depends on the
whole production process. Therefore it’s necessary to use good practices in the treatment of
the metal, follow up its fabrication and control its thermal treatment, in order to meet the
required standards to satisfy the clients. The billet’s production method and its variables will
be detailed through temperature and casting speed, cone of water flow, cooling rate, duration
of thermal treatment, degassing and metal “in line “filtering, in other words when it’s still
found in its liquid state. The non-conformities of the process were studied by metallographic
analysis, both macrostutural and microstructural that will be described and discussed in this
work.
Key Words: aluminum billets, smelting, cast house, metallographic analysis and metal
reduction.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................12
1.1. A EMPRESA.....................................................................................................................12
1.2 OBJETIVOS.......................................................................................................................12
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS.........................................................................................12
2.1 O ALUMÍNIO.....................................................................................................................12
2.5 LINGOTAMENTO.............................................................................................................19
3. FABRICAÇÃO DE TARUGOS........................................................................................19
3.2.3 Desgaseificação...............................................................................................................32
4. PROCESSO DE HOMOGENEIZAÇÃO.........................................................................47
5. MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................................56
6. ANÁLISES E DISCUSSÃO...............................................................................................61
6.1.1 Dureza.............................................................................................................................61
6.8 POROSIDADE..................................................................................................................77
6.10.1 Exsudação.....................................................................................................................79
6.10.3 Rugosidade....................................................................................................................80
6.10.5 Zíper..............................................................................................................................81
6.10.6 Agarramento.................................................................................................................82
6.10.7 Sangria..........................................................................................................................82
6.10.8 Empenamento...............................................................................................................83
6.10.9 Bolha..............................................................................................................................84
6.10.12 Porosidade...................................................................................................................86
6.10.13 Ondulação...................................................................................................................87
6.10.14 Trinca..........................................................................................................................87
7. CONCLUSÃO.....................................................................................................................89
REFERÊNCIAS......................................................................................................................90
GLOSSÁRIO...........................................................................................................................99
APÊNDICE..............................................................................................................................98
Apêndice A...............................................................................................................................98
Apêndice B................................................................................................................................99
.
12
1. INTRODUÇÃO
1.1. A EMPRESA
1.2 OBJETIVO
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
2.1 O ALUMÍNIO
O alumínio foi descoberto por Sir Humphrey Davy em 1809, tendo sido isolado pela
primeira vez em 1825 por H. C. Oersted. Porém, apenas em 1886 foi desenvolvido um
processo industrial econômico de redução. Nesse ano, dois cientistas trabalhando
independentemente, Charles Martin Hall, nos Estados Unidos, e Paul Louis Héroult, na
França, inventaram o mesmo procedimento eletrolítico para reduzir a alumina em alumínio
(ABAL, 2004).
O sistema de classificação das ligas de alumínio teve origem com a associação dos
produtores norte-americanos - The Aluminum Association Inc. - e atualmente tem aceitação
mundial. As ligas de alumínio podem ser divididas em dois grupos: as ligas tratáveis
termicamente (destinadas à fabricação de produtos semi-acabados, como laminados planos e
não planos, placas, chapas, folhas, tarugos, barras, perfis extrudados e componentes forjados)
e as ligas de fundição (destinadas à fabricação de componentes fundidos) (BRANDT, 1990).
As ligas de alumínio fundidas foram agrupadas em série, cada uma com quatro dígitos
sendo que o último dígito é separado dos três primeiros por um ponto decimal. Para a série
1XX.X, o primeiro dígito designa o alumínio não ligado, os dois últimos dígitos seguintes
indicam aproximadamente a porcentagem mínima de alumínio que está acima de 99% e o
quarto dígito, após o ponto decimal, indica a forma do produto por exemplo, 1XX.0 se refere
a um produto fundido (DAVIS, 2002). As ligas fundidas são representadas na Tabela 01
abaixo.
Tabela 02 – Sistema de identificação das ligas de alumínio para trabalho mecânico segundo a
American Aluminium Association.
A série 6XXX contém ligas que possuem ligações consideradas de média resistência
mecânica, boa resistência a corrosão, soldabilidade, conformabilidade e usinabilididade. As
ligas produzidas para tarugos são da série 6xxx, ou seja, ligas de alumínio com silício e
magnésio como principais elementos de liga. 70% da produção consistem de 6060 e 6063. Os
30% restantes englobam ligas 6005, 6061, 6101, 6082, 6351 e 6463. Ligas da série 6xxx são
15
As composições dos dois principais elementos adicionados nessa série podem variar
de acordo com a Tabela 03 abaixo:
Tabela 03: Intervalos das quantidades de elementos de liga que devem ser
adicionados.
Figura 03: (a) Cuba eletrolítica selada com aluminia; (b) Representação da cuba eletrolítica
evidenciando a composição e o local onde se coloca o briquete.
18
A Alcoa Poços possui três linhas de cubas, cada uma contendo um total de 96 cubas
sendo que cada cuba é alimentada por 50 pinos, pelos quais são inseridos os briquettes. Em
média, opera-se com um total de 287 cubas/dia, com um plano de produção de 265 ton/dia.
A alimentação das cubas é feita por um operador (Figura 04(a)) ou com um veículo
interno denominado “rodão” (Figura 04(b)) que realizam a selagem de cubas, para que fiquem
sempre abastecidas com alumina. A retirada do metal líquido das cubas (Figura 04(c)), é feita
por sifonação onde é passando o metal para o cadinho. Esses cadinhos chegam ao
lingotamento como uma temperatura de 900 ºC e após pesagem e escumagem (Figura 04(d)),
o cadinho é despejado nos fornos estacionários do lingotamento (ALCOA, 2013).
19
Figura 04: (a) Operador selando a cuba; (b) rodão selando a cuba; (c) cadinho que faz a
sucção do metal das cubas; (d) cadinho sendo escumado.
2.5 LINGOTAMENTO
O lingotamento possui clientes que priorizam a compra de metal líquido como Phelps
Dodge, Mangels e Fábrica de Pó de alumínio (interna da Alcoa). Outros clientes realizam a
compra de tarugos (extrusão) e outros ainda, a compra de lingotes em menor proporção
(Figura 05).
3. FABRICAÇÃO DE TARUGOS
As ligas produzidas para a fabricação de tarugos são da série 6XXX, ou seja, ligas
contendo como principais elementos o silício e o magnésio. O sistema de fabricação de
tarugos utilizado é o método “hot top”, classificado como sistema de fundição semicontínuo e
com capacidade média de produção mensal de 4200 tarugos, possuindo eles, diâmetros de
152 mm, 178 mm e 203 mm. O fluxograma abaixo (Figura 06) será descrito ao longo do
trabalho e representa as etapas que ocorrem para a produção de tarugo e a sequência de
tratamento do metal.
Figura 06: Fluxograma do processo de fabricação de tarugos pelo método Hot Top.
21
O carregamento dos fornos pode ser feito tanto com metal primário, vindo da sala de
cubas, como também com sucata juntamente com metal primário. A refusão do metal e a
adição do metal líquido são feitos de maneira conjunta, sendo proporções de 90% de metal
líquido e 10% de sucata, 80% de metal, 20% de sucata, 70% de metal e 30% de sucata, pois o
metal líquido é transferido diretamente para os fornos e somente após três horas ou mais é que
se pode adicioná-lo ao forno caso o mesmo já contenha sucata evitando assim, possíveis
explosões causadas pela umidade. O carregamento do forno é realizado primeiro com sucatas
mais leves como caixas, limalhas, lingotes e posteriormente com sucatas do tipo pé, cabeça de
tarugos, tarugos não conformes (Figura 07) (GIRARD et al., 2010).
22
As sucatas que são utilizadas devem estar de acordo com os requisitos mínimos de
qualidade, segurança, embalagem, acondicionamento, não sendo permitidas sucatas
contaminadas com outros metais (aço, chumbo, zinco), latas de bebidas, material radioativo,
lubrificantes e qualquer sucata que não seja gerada em processo de extrusão (ATTEMPOHL,
1998).
A exposição do metal líquido na atmosfera faz com que se crie uma fina camada de
óxido de alumínio que protege a superficie do metal agindo como uma barreira e previnindo
oxidações. Quando essa camada protetora é quebrada, o óxido de alumínio e contaminantes
são introduzidos no metal. Por esse motivo, a transferência de metal para os fornos tem
bastante impacto sobre o processo, sendo esta uma etapa crítica, pois podem ser introduzidos
óxidos no material fundido e gerar escória, e quando o metal é despejado de uma altura acima
da desejável (Figura 08), o ar é puxado para baixo da superfície do banho. Esse fenômeno dá-
se o nome de ação cascata, e é quando há o aumento da exposição do oxigênio no metal,
fazendo com que os óxidos permaneçam suspensos na massa fundida. Por isso é necessário
que o metal seja vazado com a mais baixa turbulência possível para que se reduza a formação
da escória, embora ela seja inevitável (GIRARD et al., 2010).
Figura 08: Metal sendo despejado pela porta norte (porta atrás do forno).
23
Fonte: (ALCOA,2013).
Figura 09: Sucatas utilizadas para refusão (a) Sucata de cuba; (b) limalha; (c) pés e cabeças de
tarugos serrados; (d) metal drenado e solidificado; (e) perfis prensados; (f) sucata de cabos.
Um maior contato com a atmosfera causa uma maior perda de fusão, por isso limalhas
devem ser compactadas para conseguir uma densidade elevada e para minimizar a flutuação e
exposição à atmosfera oxidante.
A camada de escória atua como um cobertor, evitando que o calor atinja o material
fundido e crie uma barreira para a dissolução dos elementos de liga. Essa escória é formada
por óxido e alumínio metálicos, tendo em vista que na escumagem a retirada desta camada
arrasta mecanicamente parte do alumínio incorporado na escória e esse processo não deve ser
realizado várias vezes, porque automaticamente surgirão novas oxidações. Esses resíduos são
denominados skim, dross, borra e escória e suas composições variam muito, porém
normalmente são óxidos de alumínio e outros óxidos de metais que compõem a liga como
óxido de magnésio, carbeto de alumínio, nitreto de alumínio, óxido de ferro, entre outros
(ABAL, 2007).
Por exemplo, utiliza-se sais como o NaCl (100%) que funde a uma temperatura de
807ºC e o KCl (100%) que funde à 802ºC. A densidade dessses sais devem ser bem inferiores
a do alumínio líquido para que sobrenadem na forma de banho. Os sais mencionados
apresentam densidade na fase líquida de 1,7 g/cm³ que é bem inferior a densidade do alumínio
líquido (2,36 g/cm³). O sal deve sobrepor-se à carga que esta sendo fundida e deve ter
capacidade para romper a camada de óxido que recobre o metal. O uso do sal a base de
cloreto também é eficiente, pois faz com que as inclusões emerjam na superfície e se
comportem como uma camada de escória (ABAL, 2006).
Um comentário que se aplica a todos os elementos de liga é que o forno deve ser
escumado antes deles serem adicionados, para evitar que fiquem presos na camada de
27
escória, resultando na não homogeneização do forno. A ordem de adição dos elementos deve
ser seguida de acordo com a recomendação dos fornecedores. O magnésio, por exemplo, é o
elemento mais sensível em termos de recuperação e impacto sobre a qualidade do metal e
deve ser adicionado ao forno abaixo de 750°C porque submerge rapidamente e é facilmente
queimado. O manganês deve ser adicionado sozinho e por último, dentres as anteligas e com
o forno muito bem escumado para não deixá-lo ficar na superfície junto com a escória. O
titânio deve ser o primeiro a ser adicionado. Elementos como o manganês, cromo e o níquel
possuem baixa solubilidade e com pontos de fusão superior ao do alumínio, favorecendo
assim, a formação de eutéticos binários, ternários e complexos como Al5FeSi, CuAl2, FeAl3,
Mg2Si (BROWN; WILLEY, 1990)
Em geral, podemos dividir os elementos entre àqueles que conferem a liga a sua
característica principal (resistência mecânica, resistência à corrosão, fluídez no preenchimento
de moldes) e os que exercem função acessória, como o controle de microestrutura, das
impurezas e traços que prejudicam a fabricação ou a aplicação do produto (CORRADI, 2006).
Alguns elementos de liga que podem ser adicionados ao alumínio são o antimônio,
arsênio, berílio, bismuto, boro, cádmio, cálcio, carbono, chumbo, cobre, cromo, estanho,
estrôncio, ferro, fósforo, gálio, índio, lítio, manganês, mercúrio, molibidênio, níquel, prata,
vanádio, zinco, zircônio, titânio. Os dois elementos principais que compõem as ligas da série
6XXX são o magnésio e o silício. (Ver apêndice B).
Figura 12: Elementos de liga (a) barras de magnésio; (b) pepitas de silício.
Após a adição dos elementos de liga nos fornos, outra agitação é necessária a fim de
auxiliar na dissolução dos elementos, atingir a temperatura, composição e homogeneidade do
produto fundido. Observa-se nas Figuras 13(a) e 13(b) imagens de um forno com a escória
(sem ser escumado) e um forno já escumado respectivamente.
Figura13: (a) Forno não escumado (contendo borra superficial); (b) forno escumado, pronto
para iniciar o vazamento de metal.
Primeiramente, o metal segue pela calha atingindo o filtro, chamado de A-622, onde
são realizados os processos de desgaseificação e retirada de álcalis. Logo após, em um novo
intervalo de calha são adicionados vergalhões e varetas como refinadores de grão e por último
é realizada a filtragem do metal, com um filtro de espuma cerâmica. Cada etapa será
esquematizada e descrita com mais detalhes no desenvolver do trabalho, perante parâmetros
importantes do processo. O forno 1, por estar mais distante, provoca maior dissipação de calor
até chegar aos moldes e por esse motivo a temperatura deste forno deve ser de 710ºC,
enquanto o forno 2 necessita atingir apenas 700ºC (Figura 14). O controle da temperatura dos
fornos é realizado pelos maçaricos eos operadores controlam todo o processo por meio de
abertura e fechamento das portas dos fornos.
Figura 14: Representação da Hot Top, desde os fornos até a mesa de tarugos.
O filtro A-622, assim como toda a calha de vazamento e a mesa, são aquecidos antes
do processo por meio de maçaricos (Figura 15(a)). Ao passar pelo filtro, ocorre então a
retirada do gás hidrogênio para obtenção de um metal desgaseificado e a retirada de álcalis
para a obtenção de um metal mais limpo. O A-622, (Figura 15(b)) é formado por um
compartimento interno (box) com um rotor de aço acoplado (Figura 15(c)), onde a escória
ficará aprisionada e por onde serão inseridos os gases (ARANGO; MARTORANO, 2012).
Figura 15: (a) Calha sendo aquecida para iniciar o vazamento do metal; (b) compartimento do
filtro A-622 durante o vazamento de metal; (c) vista lateral.
Através do rotor (Figura 16 (a)), há a inserção de gás cloro e gás argônio que passam
pelo orificio presente na haste do rotor dispersor (Figura 16(b)) até entrar em contato com o
metal.
Figura 16: (a) rotor de aço; (b) vista do orifício presente no rotor por onde são inseridos os
gases.
A remoção dos álcalis é um processo que não requer alto custo e se obtém eficiência
em média de 55% na remoção de inclusões. Para isso, é injetado pelo orifício do rotor, gás
cloro inerte para que as inclusões possam aderir nas bolhas que serão formadas.
Os álcalis (Na, Li e o Ca) acompanham o metal junto ao banho eletrolítico, sujeira das
sucatas, impurezas, inclusões exógenas que incluem partículas refratárias, sílica e partículas
endógenas que são óxidos, espinélios, carbetos, boretos, cloretos (ABAL, 2005).
3.2.3 Desgaseificação
As ligas de alumínio, que estão no estado líquido, são muito suscetíveis à absorção de
hidrogênio. Por ocasião na solidificação, ocorre uma brusca redução de solubilidade fazendo
com que grande parte do hidrogênio seja segregado (CALLISTER, 1997). A absorção de
32
hidrogênio pelo metal líquido ocorre através da redução do vapor de água, conforme a Reação
(10):
Pelo gráfico (Figura 18(a)), observamos que o alumínio no estado líquido (acima de
660°C) apresenta grande solubilidade e à medida que se solidifica, sua solubilidade diminui
drasticamente. Nota-se que na temperatura de 660ºC, a solubilidade do hidrogênio é de
0,04 cm3 e a partir daí, continua a decrescer, a mobilidade dos átomos tende a ser baixa e eles
se juntam para formar o hidrogênio molecular dando origem a cavidades porosas de
hidrogênio molecular no interior do metal líquido. A 850ºC o alumínio é bastante ágil em
solubilizar átomos de hidrogênio absorvendo 2,19 cm3/100 g de Al, e ao abaixarmos a
temperatura para 800 ºC nota-se que a absorção é de 1,70 cm3/100 g de Al.
O processo depende da área total das bolhas do gás, quanto maior a quantidade, menor
o tamanho das bolhas e maior rotação maior será a cinética de desgaseificação. A uma dada
33
vazão, quanto menor o diâmetro do rotor e quanto maior a velocidade de rotação, menor será
a o diâmetro das bolhas, as quais se obtiverem cerca de 5 milímetros de diâmetro podem
conseguir uma eficiência de cerca de 100% (Figura 18(b)). Bolhas menores, causam um
melhor contato com o metal, melhor agitação, lavagem do metal e provocam reações mais
rápidas, assim como o tempo de contato de argônio são determinantes para a eficiência da
desgaseificação (ABAL, 2006).
Figura 18: (a) Gráfico da solubilidade do hidrogênio no alumínio; (b) eficiência do processo
em função de diâmetro da bolha .
A prática de refino de grão utilizada durante a fundição dos tarugos, objetiva uma
microestrutura com grãos globulares, mais homogêneos, equiaxiais, dúcteis e refinados, a fim
de melhorar as propriedades mecânicas e fazer com que sejam isotrópicas e uniformes ao
longo do material (COOPER; HARDMAN; BURHOP, 2003).
Figura 19: Refinadores de grão: (a) varetas de TiBAl; (b) vergalhão de TiCAl.
Quando o metal sai do filtro A-622 e segue pela calha contínua, ocorre a injeção de
vergalhão contra o fluxo do metal (Figura 20(a)), enquanto as varetas já se encontram na
calha antes do vazamento (Figura 20(b)) (HADIA; GHANEYA; NIAZI, 1996).
Figura 20: (a) Vergalhões adicionados durante a passagem do metal (ALCOA) (b) Varetas
inseridas na calha na vertical e na horizontal.
Figura 21: Representação do vazamento do metal com e sem o uso de refinador de grão.
O último estágio, antes de o metal chegar até a mesa de tarugo, é passar pelo filtro
CFF (Ceramic Foam Filter) onde mais uma vez há a retirada de impurezas do metal, através
de uma tecnologia comum, de baixo custo, fácil operação e resultados excelentes. O modelo
tortuoso do filtro é justamente para que o volume do filtrado diminua com o aumento da
velocidade de fluxo, sendo que dentro do filtro há regiões mais turbulentas e regiões cujo
fluxo é laminar, pois os poros mudam de tamanho e quanto mais fino forem, melhor e mais
adequada será a remoção de partículas finas (Figura 22(a)) (MARTINS, 1996).
Figura 22: (a) Filtro já encaixado; (b) Metal sendo vazado, caixa de filtro cheia de metal.
Esse método de vazamento hot top (cabeça quente), é o mais comum de vazamento de
tarugos, onde o alumínio líquido sai dos fornos e é escoado através de uma calha refratária,
até atingir a mesa de tarugos. A calha tem formato de “U”, com composição majoritária de
Al2O3, SiO2 e Fe2O3 totalmente revestida por um composto denominado nitreto de boro, que
é semelhante a uma tinta um pouco mais viscosa, entre outros compostos utilizados para
minimizar os riscos de projeção do metal (Figura 23) (ALFA TREND, 2013).
O termo “cabeça quente” refere-se ao vazamento, cujo topo dos moldes é aberto e
rodeado por um anel refratário. O modelo hot top, se comparado ao convencional, elimina a
necessidade de um controle do nível de banho, reduzindo assim, as perdas de calor,
proporcionando um melhor acabamento superficial nos tarugos e criando uma zona de
segregação inversa menor (Figura 24) (ESKING, 2008).
38
Na Figura 25, estão os componentes de cada molde, que irá fazer parte da fabricação
de um tarugo. A capacidade produtiva da mesa de moldes é de 30 tarugos e devem ser
lubrificados antes do vazamento de metal. Esses moldes, assim como as ferramentas, devem
ser livres de sedimentos, riscos, trincas, as quais podem certamente romper a camada sólida
superficial que formará o tarugo. Os moldes podem ser redondos para produzir tarugos ou
retangulares para produzir placas.
Para a escolha desses materiais deve se atentar ao fato de que eles não podem reagir
com o alumínio, não podem ser suscetíveis a corrosão, necessitam suportar elevadas
temperaturas e lubrificações constantes. Alguns dos materiais que compõem os moldes são:
aço, anel de grafite, material refratário, borracha vedadora, anel de isolamento, entre outros
(LAWRENCE, 1994).
Figura 25: Componentes que formam o molde e o molde que forma a mesa de tarugos.
39
Figura 26: (a) Controle das práticas específicas para cada liga; (b) Acompanhamento do
processo de vazamento de tarugo.
A mesa de moldes é montada e trazida para o local onde se fabricam os tarugos. Ela é
trocada e construída de acordo com o diâmentro do tarugo solicitado. Nas operações da hot
top, cada forno tem metal disponível para duas caídas, ou seja, para fabricar um total de 60
tarugos. (ALCOA, 2013).
O metal, após passar por todos os tratamentos já descritos, atinge a mesa de moldes,
onde o alumínio subvaza por todas as 30 cavidades presentes. Os moldes, todos conectados,
estão sob uma mesma mesa, contendo um pistão hidráulico e a cada sapata, irá descer e
formar um tarugo e esse prcesso tem duração média de 1 hora (Figura 27).
Figura28: (a) calha do metal sendo aquecida com o maçarico; (b) gabarito para
controlar o nível do metal na calha.
Durante o vazamento, todos os tarugos são resfriados pelo cone d’água sob
temperatura média de 17ºC com uma vazão constante, sem oscilações de fluxo, em todos os
pontos da superfície do molde, reduzindo assim as perdas de calor e garantindo uniformidade
e bom acabamento superficial.
Figura 29: Diferentes zonas criadas no tarugo durante o vazamento: (1) piscina de líquido
(zona liquidus); (2) região de transição; (1+2) – poço com 30% de sólido; (2+3) – zona slurry;
(3) zona mushy.
42
Se a temperatura do metal for muito alta vai ocorrer sangria, pois não haverá tempo para o
metal formar a casca do tarugo e então vazará dentro do poço prejudicando, muitas vezes,
todos os tarugos. Caso a temperatura esteja abaixo da ideal, ele tende a sofrer um
43
O nome dendrita, vem do grego “dendron”, que significa ramos de folhas de árvores,
justamente pela semelhança estrutural com a dendrita. O crescimento da dendrita é
cristalográfico e ocorre dentro do grão, o qual contém subdivisões sendo que os cristais são
orientados na mesma direção do braço mais longo da dendrita (FERRARI, 2008).
As dendritas continuam a crescer até seus braços tocarem nas dendritas vizinhas. A
sigla DAS é a representação do espaço medido entre dois braços da dendrita (Figura 30(b) e
30(c)) e essa distância é influenciada pela velocidade de solidificação, tecnologia do molde e
extração de calor. Através desse espaço, pode-se obter a taxa de resfriamento do material
durante a sua solidificação no vazamento e também pode ser um indicador de propriedades
mecânicas, sendo que quanto menor o DAS, maior será a resistência do metal em altas
temperaturas, reduzindo também a tendência de defeitos superficiais (DIETER, 1976).
Figura 30: (a) Distância entre dendritas (metalurgia ABM); (b) distância entre os braços da
mesma dendrita; (c) rede tridimensional de dendrita e a distância média entre eles (500X).
44
Figura31: Taxa de solidificação que ocorre na hot top e formação dos contornos de grão .
Figura 32: (a) metal líquido durante a solidificação, tarugo não homogeneizado e tarugo após
a homogeneização; (b) Gradientes com diferentes composições químicas dentro do grão.
Após o processo de vazamento hot top, realiza-se a sacagem de tarugos (Figura 33)
onde eles são recolhidos através da ponte rolante com cabos de aços e são encaminhados para
a serragem.
Figura 33: Sequência do pós vazamento do metal, sendo esta etapa denominada de sacagem
de tarugos.
46
Após ser serrado, com 5900 mm (Figura 35(a)), o metal desliza sobre o maquinário e
na sequência ocorre a gravação/tipagem da liga, número de fusão e localidade. O registro é
realizado com o instrumento visto na Figura 35(b) abaixo, denominado “pica-pau”
(Figura35(c)) e na sequência os tarugos são encaminhados para a homogeneização.
Figura 35: (a) Tarugo sendo serrado; (b) tarugo sendo automaticamente tipados; (c) tarugos já
tipados.
47
4. PROCESSO DE HOMOGENEIZAÇÃO
O tarugo no estado bruto tem sua composição química não homogênea e possui a
presença de compostos de ferro grosseiro, precipitados de elementos de liga que riscam a
ferramenta no processo de extrusão, presença de partículas com baixo ponto de fusão e
tensões residuais (KRAUSS, 1989).
Tem como objetivo uniformizar a composição química dentro dos grãos. Sob
condições cinéticas e termodinâmicas são dissolvidos os precipitados de baixo ponto de fusão
nos espaços interdendríticos precipitando assim os constituintes e dissolvendo as fases
intermediárias, reduzindo as tensões residuais inertes à solidificação. Também é melhorada a
condutividade elétrica, o processo de extrusão e anodização (BOUDHUS; SAGSTAD, 2000).
Figura 38: (a) Representação das três zonas existentes nas câmaras; (b) vista lateral das linhas
de correntes de fluxo para a direita (aquecimento); (c) vista lateral das linhas de correntes de
fluxo para a esquerda (ventilação).
50
Figura 39: Controle computacional: (a) das resistências; (b) dos ventiladores.
Figura 40: Gráfico esquemático do tratamento térmico: (1) aquecimento (7 a 8 horas), (2)
tempo de encharque (soaking time) (2 horas), (3) resfriamento (5 horas).
Figura 41: Gráfico do tratamento térmico completo e separado em suas três etapas: (a)
aquecimento, encharque e resfriamento; (b) aquecimento (c) encharque e (d) resfriamento.
Outra análise é realizada no ponto quente e no ponto frio da carga, regiões mostradas
na Figura 42. O ponto quente (PQ) é o que atinge a temperatura de encharque mais rápido
dentro do forno e o ponto frio é o que mais demora para atingir essa mesma temperatura.
Neste gráfico nota-se que o ponto quente a um dado tempo, atinge uma temperatura maior que
o ponto frio, o que é esperado e por isso que o tempo de encharque é importante, pois nele os
tarugos estão na temperatura mais igualitária possível.
53
Figura 42: (a) Localização do ponto quente e do ponto frio nas cargas; (b) gráfico do
processo de aquecimento.
Figura 43: (a) Esquema do processo de extrusão direta; (b) perfis extrudados.
Neste gráfico (Figura 44), a parte em destaque se refere ao fato do tarugo necessitar ser
primeiramente homogeneizado para depois ser encaminhado para a extrusão.
Figura 44: Área destacada evidenciando que o processo e o tratamento térmico que devem ser
realizados antes da extrusão (ABAL).
Figura 45: Pós vazamento: (a) Feixe sendo levados para o pátio; (b) tarugos verificados,
identificados e aguardando o embarque.
5. MATERIAIS E MÉTODOS
como é visto na Figura 47(b). As amostras são atacadas de 6 a 8 minutos e após isto, já estão
prontas para serem analisadas (ISHIKAWA, 2008).
Figura 47: (a) 1 litro da solução de Vitória Régia, ou Poulton; (b) amostras durante o ataque
químico.
As três amostras abaixo (Figura 48) são de acordo com a sequência de análise,
partindo a amostra em seu estado inicial.
Figura 48: (a) Amostra limpa; (b) amostra como as três marcas do durômetro; (c) amostra já
reagida como o ataque químico.
Para que seja analisada a microestrutura, é necessária uma preparação mais elaborada
das amostras com os equipamentos laboratoriais vistos na Figura 49.
57
A preparação da amostra é feita cortando-a com a serra de fita e posteriormente com a serra
cut-off, onde se retiram partes (da periferia e do meio raio) conforme vistas abaixo na Figura
50.
Figura 50: (a) Esquema de como são retiradas as amostras do disco do tarugo; ( b) amostra
utilizada para tal procedimento.
São retiradas as rebarbas existentes com a lixadeira e as amostras são envoltas, duas a
duas, por fita crepe para evitar que soltem no processo de embutimento (Figura 51(a)). No
total são duas partes da região de ponto quente e duas partes da região de ponto frio. O
embutimento é realizado através da prensa hidráulica (embutidora), onde ocorre o processo de
polimerização da resina sintética baquelite em torno de 150ºC e como produto obteremos a
amostra pronta para a análise (Figura 51(b)).
Figura 51: (a) amostras que serão analisadas prontas para serem embutidas; (b) amostra já
embutida.
58
Finalmente com o Ácido Fluorídrico 0,5% (0,5 ml de ácido e 99,5 ml de água), ácido
considerado reativo universal para revelar a micrografia de ligas de alumínio, a amostra é
reagiada permanecendo durante 8 segundos sob uma pequena e constante agitação dentro do
béquer. Assim, as amostras estão prontas para serem analisadas de acordo com alguns
parâmetros (Tabela 04):
Parâmetros de Referência
Figura 52: (a) Esquema do processo PoDFA; (b) PoDFA sendo utilizado.
A planta de Poços de Caldas possui impurezas nos metais, mas nada que possa ser
considerado uma não-conformidade. Apenas possuem traços de Al4C3, quantidades muito
baixas de MgO (cubóides), MgAl2O4 (espinélios) e algumas poucas partículas de refinadores
de grão na forma de boreto e carbeto (Figura 53) (ABAL, 2006).
Figura 53: Imagem das inclusões que a análise PODFA detectou do metal da planta.
6. ANÁLISES E DISCUSSÃO
6.1.1 Dureza
Brinell, a superfície da amostra deve ser plana, com espessura adequada e a temperatura entre
18ºC e 20ºC. (Figuras 46(a) e 46(b)). (VÍTOLO; PERDIAGÃO, 1986).
O tamanho de grão é um dos fatores mais importantes para garantir boas propriedades
mecânicas ao material. Ele é calculado confome as normas ASTM E112 e, para tarugos, eles
devem ser de tamanho 3 ou 4 (Figura 54). O material com granulação fina é mais duro e
resistente do que o material que possui granulação grosseira, pois possui maior quantidade de
contornos de grãos, dificultando a movimentação das discordâncias. O refino de grão ajuda
não só a aumentar a resistência do material, como também aumentar a sua tenacidade
(BRAGHETTO, 1994).
8% 5% 38% 1
2
3
49% 4
.1.3 PRÉ-SOLIDIFICAÇÃO
Figura55: Pré-solidificação.
A camada de refusão é também conhecida como shell zone e é a camada do tarugo que
primeiro fica em contato com o molde, sendo que quanto menor a camada de refusão, haverá
menos volume de tarugo com diferença de microestrutura. A camada de refusão possui uma
elevada concentração de fases insolúveis, grosseiras e é uma região de grãos não uniformes,
causada pela mudança na taxa de resfriamento entre a região de resfriamento primário e
secundário, diferenciando-se assim dos grãos do interior do tarugo (CHIAVERINI, 1986).
Graphite Ring
b b
T-Plate Refractary
Aluminum mold
O tempo entre essas duas solidificações também é o tempo necessário para que os
elementos de liga, presentes na composição química do metal, se difundam do sólido da
casca para o interior líquido e novamente se difundam na casca (borda). Neste instante, no
início dessa refusão, é que ocorrem as mudanças cristalinas e o aumento da concentração de
tais elementos nesta área do metal, formando a segregação inversa que será discutida ao longo
do trabalho (Figura 57(a)) (BERGMANN, 1973).
Figura 57: (a) Esquema da ocorrência da camada de refusão; (b) medição da camada de
refusão, como o paquímetro digital.
Quando essa região se solidifica, ela se transforma numa zona bastante heterogênea,
solidificada fora da condição de equilíbrio, com maior concentração de impurezas
interdendríticas e fases insolúveis. Abaixo, podemos observar a região onde ocorre a
segregação inversa (borda do tarugo) e como ela é vista no microscópio (Figura 58 (a) e (b)).
Figura 58: Representação da região em que se encontra segregação inversa (liga 6063); (b)
imagem microscópica da segregação inversa (ampliação 100x).
66
Figura 59: (a) Direção do fluxo do metal; (b) Representação das direções que ocorrem a
segregação.
67
Considerando a solidificação de uma liga metálica com alto volume de soluto, pode-se
esperar que o último metal a se solidificar seja rico em soluto, pois havendo um crescimento
dendrítico pronunciado, há também, um fluxo desse líquido (rico em soluto) se deslocando
entre ramos interdendríticos e em sentido oposto, consequentemente havendo concentrações
muito maiores nas bordas do tarugo (Figura 60).
Na transformação da fase β-AlFeSi para a fase α-AlFeSi é esperado que haja uma
transformação maior ou igual a 90% e, para isso, as condições de tempo e temperatura de
homogeneização devem ser suficientes. O tamanho de fase α-AlFeSi deve ser no mímino
70% menor ou igual a 10 µm e no máximo 30% das partículas devem medir entre 10 µm a
30 µm. A morfologia das fases são alteradas, sendo que as alongadas e retas são
fragmentadas, tornando-se menores, mais arredondadas, evitando pontos frágeis e
concentradores de tensões no material (ALCOA, 2013).
Figura 62: Transformação de fase (aumento de 500x): (a)87 á 88%; (b) 89 á 90%; (c) 91 á
92% aumento; (d) 93 á 94%; (e) 95 á 96%; (f) 97 á 98%
.
70
A composição da escrita chinesa é AlFeSi que é uma fase estável (produto de uma
reação de equilíbrio) alongada, não fragmentada, concentrada, muito ruim para o processo de
extrusão devido ao seu tamanho, morfologia e por comprometer a propriedade mecânica do
71
material com pontos frágeis. Essa fase não desaparece mediante tratamentos térmicos, mas
pode ser parcialmente fragmentada e arredondada a um certo tempo e temperatura
(PADILHA, 2007).
dessas fases podem ser eliminadas ou refinadas na homogeneização, mas outras não se
modificam, devendo-se buscar seu controle durante o vazamento do tarugo, através de
técnicas de fundição (LANGER, 1986).
O ferro, por exemplo, é uma das impurezas mais comuns nas ligas de alumínio e sua
solubilidade em solução sólida (em temperatura ambiente) é muito baixa, assim combinando-
se com o alumínio e com o silício para formar partículas de intermetálico AlFeSi, sendo que
apenas um saldo ficará disponível para o precipitado endurecedor Mg2Si, como é observado
no esquema (Figura 64) (DONS; DALL, 1999).
Figura 65: Visualização das partículas de Mg2Si: (a) em campo claro; (b) em campo escuro.
Figura 67: Gráfico das microestururas contendo de Beta (β) e Beta Prime (β).
São vazios formados por contração na solidificação por faltar alimentação de metal
líquido. A maioria dos metais apresenta aumento significativo de volume durante sua fusão,
porém essa variação de volume manifesta-se como uma contração durante a transformação
inversa do líquido para o sólido, ou seja, quando o metal é resfriado. Se não for dada atenção
suficiente para assegurar que todas as partes da peça fundida estão preenchidas com metal
líquido durante todo o processo de solidificação, as áreas contendo líquido podem ficar
isoladas e aparece então a contração na forma de cavidades com formato irregular. Essas
cavidades são bastante dispersas e localizadas abaixo da superfície do tarugo, sendo portanto
dificilmente detectadas (Figura 68). As possíveis causas são alta velocidade de vazamento do
metal ou então possíveis falhas no sistema de resfriamento (cone d’ água). (CLODE, 1986).
As ligas de alumínio são muito suscetíveis a formação de uma camada fina e contínua
de óxido, devido ao contato com o oxigênio do ar que formam na superfície de banhos. A
partir de operações turbulentas e agitações constantes no metal, pode ocorrer a incorporação
desse filme que após solidificação, passa a fazer parte da peça (GUY, 1980)
6.8 Porosidade
Figura 71: Ocorência de fusão de eutetico, em uma liga 6351 (aumento de 200x) (ALCOA);
(b) Fusão de eutetico, em uma liga 6351 (aumento de 100x).
6.10.1 Exsudação
São fissuras transversais, descontinuidades ou dobras (Figura 73), que podem aparecer
em qualquer parte da superfície do tarugo e são provocadas por solidificação excessiva do
metal líquido dentro do molde, causando dois fluxos de metal líquido que não chegaram a
unir-se. As causas seriam devido à temperatura baixa da água, metal vertido em temperaturas
baixas, rampa de velocidade longa, vazão de água insuficiente ou então devido a um aumento
da velocidade de vazamento do metal (ALCOA, 2013).
6.10.3 Rugosidade
São causados quando o metal se adere no interior do molde (entre o T-plate e o anel de
grafite) e geram defeitos, como observado na Figura 75. As possíveis causas são baixa vazão
de água no molde, molde danificado, trincado, ou inadequadamente lubrificado.
6.10.5 Zíper
6.10.6 Agarramento
6.10.7 Sangria
É uma mudança térmica que ocorre no molde ou no tarugo que faz com que o metal
escape pela superfície e derrame o mesmo para a mesa. A primeira indicação de que está
83
ocorrendo sangria, é dada através do som de um assobio da água e também ocorrem projeções
do metal ((Figura 78). As causas mais prováveis são rompimento da camada de metal
solidificado que sustenta o metal líquido dentro do molde, alta velocidade de vazamento ou
variação brusca de velocidade, troca ineficiente de calor com o molde, entre outras (ABAL,
2006).
Figura 78: (a) Sangria; (b) sangria ao longo de toda circunferência do tarugo.
6.10.8 Empenamento
6.10.9 Bolha
Espaçadores usados na montagem das cargas ficam marcados nos tarugos após o
processo de homogeneização, sendo que a tolerância permitida é de no máximo 3,0 mm de
profundidade e as possíveis causas são dadas pelo contato com a ferrugem dos espaçadores,
suportes com materiais inadequados ou então muito estreitos (Figura 81).
São escórias grudadas na superfície dos tarugos que podem ter cor clara ou escura e
normalmente não se estendem para dentro do tarugo (Figura 82) (ABAL, 2007).
6.10.12 Porosidade
6.10.13 Ondulação
6.10.14 Trinca
Figura 85: Trincas (a) Tarugo homogeizado; (b) tarugo não homogeneizado.
6.10.14.2 Trinca no pé
7. CONCLUSÃO
Esse trabalho obteve caráter bastante expositivo e a finalidade foi descrever e salientar que
boas técnicas de manuseio do metal são necessárias, pois influenciam diretamente no processo
de fundição e atingem também os clientes da produção de extrudados. A utilização de
metodologias e ferramentas de controle de processo auxiliam na tomada de decisões de ações
futuras, visando sempre melhores resultados.
90
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Hall. 1996. USA.
GLOSSÁRIO
Alumínio primário – Metal obtido por redução do óxido de alumínio extraído da bauxita.
Amônia – Gás gerado na reação da umidade do ambiente com escória ou borra preta que
contenha nitreto de alumínio.
Calha – Sulco por onde escorre o metal líquido que sai do forno e vai para o molde.
Escumagem – Operação que visa retirar resíduos de fluxos, impurezas e escória do banho
líquido.
Fundição contínua – Fundição por gravidade, na qual o metal no estado líquido passa de
maneira contínua ao estado sólido, dentro de um molde aberto, resfriado por água.
Refinador de Grão – Qualquer material adicionado ao metal fundido para formar núcleos de
cristalização ou para inibir o crescimento de grão, com o objetivo de obter-se um tamanho de
grão mais fino.
Talão do tarugo – É a porção do tarugo não extrudada, a fim de evitar a passagem para o
perfil de óxidos e impurezas que durante a extrusão vão se acumulando na parte traseira do
tarugo.
Tarugo – Produto de forma geralmente cilíndrica obtido por fundição e destinado à extrusão.
Trepidação – Movimentação do alumínio sólido que está apoiado na sapata devido a ação do
vapor entre os mesmos.
98
APÊNDICE
Número Atômico 13
* a – Parâmetro de Rede
**% IACS – International Annealed Copper Standard (Padrão Internacional de Cobre Recozido).
Apêndice B – Listagem dos possíveis elementos de liga que podem reagir com o alumínio
(MAZOLANI, 1995)
Boro: atua como refinador de grão. Melhora condutividade elétrica via remoção de
elementos formadores de intermetálicos. É utilizado nas ligas de alumínio como refinador de
grão para melhorar a condutividade e atua como precipitador de elementos como Vanádio,
Titânio, Cromo.
Estrôncio: A identificação dos amarrados de estrôncio é feita por uma faixa azul e
outra branca pintadas nas laterais dos mesmos
Prata: aumenta a resistência mecânica. Aumenta a resistência à corrosão das ligas Al-
Zn-Mg.
Titânio: reduz condutividade elétrica. Promove refino de grão. Previne trinca de solda.
Esta anteliga se apresenta em forma de pastilhas.
Zinco: Efeito limitado quando utilizado sem outros elementos de liga. Em conjunto
com outros elementos, promove aumento das propriedades mecânicas e o endurecimento por
precipitação natural e artificial da liga.