Você está na página 1de 1

2.

o mito segundo Camões e Fernando Pessoa


Camões vê Portugal como cabeça da Europa (Canto III, estâncias 17, 20 e 21); Fernando Pessoa
valoriza o seu papel na civilização ocidental ao colocá-lo como o rosto "com que fita" o mundo ("O
dos castelos");

O épico fala dos heróis que construíram e alargaram o Império Português, para que a sua memória
não seja esquecida, enquanto Pessoa escolhe aquelas figuras históricas predestinadas a essa
construção imperial (D. Afonso Henriques, D. Dinis, D. João, o Primeiro...) mas, através delas, procura
simbolizar a essência do ser português que acredita no sonho e se mostra capaz da utopia para a
realização de grandes feitos. N'Os Lusíadas há a viagem à Índia; na Mensagem temos a avaliação do
esforço, considerando que a glória advém da grandeza da alma humana, apesar das vidas perdidas e
toda a espécie de sacrifícios dos nautas mas também de mães, filhos e noivas;

A fantasmagoria do Adamastor mostra que o homem tem de superar-se para ultrapassar os


problemas com que se depara, enquanto o Mostrengo permite contrapor o medo com a coragem que
permite que o homem ultrapasse os limites;

Camões fala de Ulisses e de outros mitos, mas Pessoa mostra a importância do mito como um nada
capaz de gerar os impulsos necessários à construção da realidade ("Ulisses"); os mitos permitem a
Pessoa fazer a apologia da sua missão profética (basta recordar os mitos do Sebastianismo, do Quinto
Império, do Santo Graal, das Ilhas Afortunadas e do Encoberto). Pessoa considera-se investido no
cargo de anunciador do Quinto Império.

Você também pode gostar