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A memória evanescente

Conta o mestre Capistrano, que teria encontrado um historiador de moral


duvidosa a queimar documentos para tornar a sua leitura daquelas fontes
imprescindível e definitiva. O tom quase anedótico da narrativa esconde
uma questão importante: o documento é a base para o julgamento
histórico? Destruídos todos os documentos sobre um determinado período,
o que poderia ser dito por um historiador? Uma civilização da qual não
tivéssemos nenhum vestígio arqueológico, nenhum texto e nenhuma
referência por meio de outros povos, seria como uma civilização
inexistente para o profissional de História?

Referência: KARNAL, Leandro; TARSCH, Flavia Galli. A memória evanescente. In: PINSKY, Carla B; LUCA,
Tania Regina de. (Orgs.). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009, p. 9.
ra, se o documento é a pedra fundamental do pensamento histórico, isto
os remete a outra questão: o que é um documento histórico? É notável
omo o historiador resiste em definir seus conceitos de trabalho, mesmo os
undamentais. Discutir o que consideramos um documento histórico é, na
erdade, estabelecer qual é a memória que deve ser preservada pela
istória.

Referência: KARNAL, Leandro; TARSCH, Flavia Galli. A memória evanescente. In: PINSKY, Carla B; LUCA,
Tania Regina de. (Orgs.). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009, p. 9.

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