Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Fascículo 5
1
2
SUMÁRIO
3
4
A INTERVENÇÃO COM
PLANO DE SEGURANÇA
PARA O PACIENTE SUICIDA
Dra. Barbara Stanley
Faculdade de Medicina e Cirurgia da Universidade
Columbia. Instituto Psiquiátrico do Estado de Nova
York, Estados Unidos
5
atitudes inconsistentes com o tratamento de longo
prazo.3 Além disso, quando apresentam melhora do
humor, é difícil para eles imaginar que poderiam piorar
novamente.3 Sabe-se que até 60% dos pacientes que
tentaram suicídio se apresentam somente por uma
semana para tratamento pós-internação no setor de
emergência.1 Dentre os pacientes que atendem ao tra-
tamento, 38% o descontinuam no período de três me-
ses.1,2 Esses dados estatísticos são particularmente
problemáticos, porque é durante os três primeiros me-
ses que se seguem a uma tentativa de suicídio que os
pacientes apresentam risco maior de conduta suicida
adicional.1 Após um ano, 73% dos indivíduos que ten-
taram o suicídio já não estão sob nenhum tratamento.3
6
devem ser consideradas como apenas um aspecto da
prevenção ao suicídio.3 Uma das intervenções breves
empregadas com frequência é a de correspondência
de contato.4 Nesse tipo de intervenção, uma carta é
enviada ao paciente a cada intervalo de um ou quatro
meses durante um período de contato.4 Nessa carta,
pergunta-se ao paciente se ele deseja enviar alguma
informação ao hospital/grupo terapêutico.4
8
Porcentagem acumulada de suicídios
3 M
2
0
0 1 2 3 4 5
Anos em risco
Adaptado de: Motto JA, et al. Psychiatr Serv. 2001;52(6):828-33.4 Quadro 1
7
A intervenção com plano de segurança constitui também
um dos vários componentes da prevenção ao suicídio.1 Tra-
ta-se de uma intervenção breve que reduz o risco iminente
de suicídio, estimula a busca de ajuda e fornece uma rede
de segurança no acompanhamento do paciente.1
Tempo
Adaptado de: Stanley, et al. Cogn Behav Pract. 19(2):256-64.1 Stanley B. Disponível em:
http://www.texassuicideprevention.org/wp-content/uploads/2013/06/TexasSuicidePrevention-
SymposiumPresentations-BriefInterventionsAndSPI-2013-07-09.pdf.3 Brown GK. Center for the
Prevention of Suicide. Department of Psychiatry. Perelman School of Medicine, University of
Pennsylvania, 2015. Disponível em: https://deploymentpsych.org/system/files/member_resource
/Safety_Plan_Intervention_Handout.pdf.5 Quadro 2
8
intervenções breves é deter a escalada da curva de
risco antes que se alcance o ponto máximo, quando se
desencadeia o suicídio. É importante considerar que,
se o suicídio não ocorreu ou foi impedido, o impulso
suicida pode eventualmente diminuir ou desaparecer,
mas, quando não se atua por meio de uma interven-
ção, esse impulso reaparece. Deve-se instituir ainda,
em conjunto, o tratamento do transtorno subjacente
que estimula o impulso suicida e pode levar o paciente
a risco elevado nesse sentido.1,3
9
fácil de ler que usa as próprias palavras do paciente;
d) pode servir para motivar as pessoas a comprome-
ter-se com o tratamento se o plano for considerado útil; e
e) pode ser utilizado como intervenção de sessão
única.1,3
10
suicídio; b) têm ideação suicida, em particular os que
se encontram na categoria de risco moderado ou alto;
c) apresentam doenças psiquiátricas que aumentam o
risco de suicídio; e d) estão determinados, de alguma
outra forma, a expor-se ao risco de suicídio.3
11
conduta suicida no passado.3 Além disso, o paciente
e o terapeuta devem colaborar na determinação das
estratégias cognitivo-comportamentais que permitam
ao paciente o controle das crises suicidas.3,6
12
aumento escalonado do nível de intervenção.1 Esse
processo deve ter início no íntimo da própria pessoa,
ampliando-se até a busca de ajuda de fontes exter-
nas, tais como serviços de emergência psiquiátrica.1
O plano é escalonado, mas o indivíduo pode avançar
diversas etapas sem ter completado totalmente as
anteriores, até mesmo no caso de estes não estarem
disponíveis. A intervenção com plano de segurança
pode ser realizada em sessão breve e modificada no
transcurso do tempo.1
13
No quadro 3, podem-se visualizar os sintomas de
alarme presentes com maior frequência nos pa-
cientes que estão em risco de suicídio. 3
36% Irritabilidade/ira
7% Dor física
7% Ansiedade
7% Dificuldade de concentração
14
Estratégias de enfrentamento interno
43% Ler
7% Cozinhar
15
companheiro, ou seja, trata-se de uma colaboração
entre paciente e médico. A chave é a psicoedu-
cação, já que se deve: a) explicar como as crises
suicidas aparecem e desaparecem; b) descrever a
curva de risco de suicídio; c) explicar como o pla-
no de segurança ajuda a prevenir as más condutas
nos momentos de sentimentos suicidas; d) expli-
car quando o plano de segurança deve ser utilizado;
e) explicar como utilizar as estratégias, o que estimula
a autoeficácia e o sentimento de autocontrole; e f) não
supor nada sobre a forma como as coisas se interconec-
tam nem sobre o significado de cada coisa, e sim fazer
sempre perguntas.1 É importante obter o relato das cri-
ses suicidas para entender os sintomas de alarme/aviso;
para isso, deve-se começar ouvindo o paciente contar a
história completa de sua crise suicida para identificar os
sintomas de alarme e desenvolver um plano adequado
para ele.1
16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Stanley B, Brown GK. Safety planning intervention: a
brief intervention to mitigate suicide risk. Cogn Behav
Pract. 2012;19(2):256-64.
17
DE QUE MODO É REALIZADA
A INTERVENÇÃO COM
PLANO DE SEGURANÇA?
Dr. Gregory Brown
Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia,
Pensilvânia, Estados Unidos
18
Formulário do plano de segurança
PLANO DE SEGURANÇA
Passo 1. Sinais de alarme
1. Tocar violão M
3.
Adaptado de: Stanley B, et al. Cogn Behav Pract. 2012;19(2):256-64.1 Quadro 1
19
Deve-se ouvir atentamente como a crise evoluiu e como
diminuiu. A narrativa da crise ajuda a identificar os sinto-
mas de alarme.1
20
paciente: “O que você sente quando começa a pen-
sar em suicídio ou quando está angustiado?.”1,3 Se os
sintomas de alarme forem vagos, deve-se pedir que o
paciente seja mais específico, explicando como isso
é importante, já que torna mais provável o reconheci-
mento do começo de uma crise.1,3 Deve-se usar as pa-
lavras do paciente e ajudá-lo com sugestões baseadas
no relato dele sobre a crise.1,3
21
em nenhuma.1 Os cuidadores também podem ajudar
nessa tarefa.3 É preciso garantir que as estratégias se-
jam seguras e não aumentem a angústia. Em relação à
estratégia, deve-se perguntar ao indivíduo: “Qual seria
a probabilidade de você ser capaz de fazer isso durante
o período de crise?.” Ou ainda: “Isso é possível?.”3
22
ir para estar com pessoas que o distraiam de seus
sentimentos suicidas?.”3 Diante de cada uma das res-
postas, deve-se perguntar: “Com que probabilidade
você seria capaz de conversar com alguém/ir a algum
lugar durante o período de crise?.”3 Caso surjam dú-
vidas em relação ao uso da estratégia, deve-se per-
guntar: “O que poderia impedi-lo de procurar contato
com alguém ou de frequentar um ambiente social?.”3
É importante identificar formas de resolver bloqueios
e apontar alternativas.3
23% Livrarias/bibliotecas/cafeterias
23% Academias
M
23% Shopping centers
23% Parques
M
23% Igrejas
Adaptado de: Stanley B. Apresentação em 2013 Texas Suicide Prevention Symposium; 2013 jul 10-11;
Texas, Estados Unidos.4
Quadro 2
23
O quarto passo do formulário de SPI corresponde à bus-
ca de contato com pessoas que possam dar suporte
em momentos de crise.1,2 Para isso, deve-se começar
explicando ao paciente que, se o terceiro passo não di-
minuiu o risco, ele deve avançar para o quarto passo.1
Deve-se perguntar: “Em relação aos adultos nos quais
confia, com quem você poderia entrar em contato para
que o ajude durante uma crise?.”3 Também é possível
formular a seguinte pergunta: “Que adultos o apoiaram
na vida e com quem você pensa poder conversar quan-
do estiver com estresse ou sentimentos de suicídio?.”3
24
profissionais de saúde mental que você pode identifi-
car para incluir em seu plano de segurança?.”3
25
tem acesso a esse método?.” É importante assegurar-
-se e perguntar sobre o acesso a métodos letais tanto
dentro quanto fora de casa.1
26
Medidas de restrição mais frequentes
Dar os comprimidos para que um amigo ou familiar
50%
os guarde
Adaptado de: Stanley B. Apresentação em 2013 Texas Suicide Prevention Symposium; 2013 jul 10-11;
Texas, Estados Unidos.4
Quadro 3
27
passos desse plano e perguntar sobre a probabilidade
de utilizá-lo.1 Deve-se pedir aos pacientes que revisem
o plano de segurança em conjunto com um profissional,
determinando o que foi útil e o que não teve utilidade.1
28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Stanley B, Brown GK. Safety planning intervention: a
brief intervention to mitigate suicide risk. Cogn Behav
Pract. 2012;19(2):256-64.
29
RISCO DE SUICÍDIO NOS
CASOS DE DOENÇA
PSICÓTICA
Dr. Yael Holoshitz
Centro de Treinamento e Pesquisa Psicanalítica,
Universidade Columbia, Estados Unidos
30
desafiar os delírios, e sim aceitá-los tais como são); e c)
incorporar familiares e outras pessoas significativas.
31
em gerar formas de distrair-se nem em buscar a ajuda de
outras pessoas. Houve, portanto, o foco concreto no pas-
so 6 do formulário da SPI,1 avaliando-se como manter o
senhor V. longe das pontes. O paciente mencionou: “cada
vez que penso em uma ponte, vou a um parque”.
32
piora relevante do delírio, o que afetou ainda mais sua
percepção da realidade.
33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Stanley B, Brown GK. Safety planning intervention: a
brief intervention to mitigate suicide risk. Cogn Behav
Pract. 2012;19(2):256-64.
34
35