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March 2, 2018
O artigo “A crise e a cruz” é uma tradução do capítulo 2 do livro “Face to Face“, de Jessie
Penn-Lewis.
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“Pela fé, Moisés… recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser
maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado;
porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas… porque
contemplava o galardão” (Hb 11:24,25).
Deus havia escolhido Moisés! Chegou o tempo em que Moisés deveria escolher a Deus.
Não nos é dito como essa crise começou, sabemos apenas o resultado dela, e que o poder
que o capacitou para tudo foi a fé – fé no Deus de sua mãe, porque Joquebede deve ter
ensinado seu menino em Quem ela confiava. Essa fé derivou de uma calma e quieta
consideração, porque nos é dito que ele “olhou além, contemplou o galardão”, ou “olhou
para outro lado daquilo que estava diante de seus olhos” (Conybeare – tradução nossa). Ele
foi levado a considerar sua posição à luz da eternidade e a fazer uma escolha entre viver
em função do presente ou em função do ganho futuro.
Ele se encontrava rodeado por tudo que um coração desejaria. “Poderoso em palavras e
obras” [At 7:22], ele era honrado e poderoso. A tradição declara que ele era um comandante
de sucesso do exército Egípcio, e que foi apontado que ele não poderia ter dirigido um
exército de israelitas, como fez, sem o domínio de habilidades militares avançadas. De
qualquer maneira, um grande futuro estava diante dele como um filho adotivo da filha de
Faraó. Entretanto, seus olhos foram abertos para ver o que estava “além” desse mundo
presente: uma “recompensa”. Ele encarou isso tudo, calculou os custos, e fez sua escolha
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de viver pela eternidade e por Deus. Sua escolha envolveu uma grande recusa, uma grande
perda no que diz respeito a esse mundo. Todos os “prazeres” e “tesouros” do Egito estavam
ao alcance de suas mãos, mas seus olhos estavam no futuro, e isso o levou a entregar o
ganho presente – ele “recusou ser chamado filho da filha de Faraó” [At 7:25].
Algumas dessas crises vem a cada um de nós, quando a visão celestial do alto, o chamado
de Deus em Cristo Jesus chega até nós. Somos filhos do Rei celestial, mas como aconteceu
com Moisés, estamos sob tutores e aios, até o tempo indicado pelo Pai. Fomos deixados
pelo Senhor em circunstâncias e em arredores que parecem inteiramente deste mundo,
enquanto que, mesmo sem que saibamos, Ele vem nos treinando, na mente e caráter, para
um futuro serviço. Quando o tempo chega, como co-herdeiros com Cristo, devemos
conhecer o nosso alto e santo chamado – a “soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”- e
deliberadamente devemos escolher o caminho da cruz, para que possamos ser
aperfeiçoados como nosso Mestre, porque assim foi escrito Dele: “Embora sendo Filho,
aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (Hb 5:8). Somos “herdeiros de Deus e co-
herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados” (Rm
8:17).
Nos é dito claramente que foi pela “fé” que Moisés pode escolher “aflição” ao invés de
“prazer”, “reprovação” ao invés de “riquezas”. “Ora, a fé é a certeza de coisas que se
esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Hb 11:1).
Infelizmente, quantas vezes temos que dizer dizer das muitas promessas de Deus a nós
que “a palavra pregada não se aproveitou, visto não ter sido acompanhada pela fé” (Hb
4:2)? A Fé coloca à prova as afirmações de Deus e age sobre elas, e nessa ação encontra
sua substância e realidade. Fé testa as coisas invisíveis, e as traz para a experiência real.
Isso foi extremamente real no caso de Moisés. Pela fé ele olhou além das coisas que
estavam diante de seus olhos – ele deliberadamente escolheu recusar os “prazeres” e
“tesouros” do presente. Ele foi conduzido, passo a passo, para longe das coisas visíveis, em
direção à uma comunhão com o Deus invisível, do qual ele não tinha concepção quando fez
sua escolha no Egito.
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Mas não podemos nos esquecer que a fé, que é “provar as coisas que não se veem”,
demanda uma direta comunicação com Deus. Muitas vezes as almas se afundaram neste
ponto. Elas apoiaram sua fé sobre a palavra dita por outros, e não na palavra dita pelo
Próprio Deus em Sua Palavra.
A fé, que pode agir assim como Moisés agiu, deve ter a palavra do Deus Vivo como sua
base – a declaração do Deus Vivo dada em Sua Palavra escrita, mas pelo Espírito Santo
aplicada como Sua palavra direta à cada um de nós. Quando Deus fala, Seus mandamentos
são Sua capacitação. Pela fé gravada em nós por Deus, e pela certeza da recompensa de
conhecê-lo “face a face”, poderemos também nos recusar a ser participantes deste mundo e
também poderemos declarar plenamente que buscamos um lugar melhor, que é celestial, e
também poderemos recusar os prazeres do pecado e da autoindulgência, e escolher o
caminho da cruz. Nós também podemos segurar levemente os “tesouros” que outros se
agarram ao peito, e considerar a reprovação que o mundo tem por Cristo como maior
riqueza do que todos esses tesouros. Uma fé, que considera “reprovação” como “riquezas”,
dará substância a essas contas, e iremos considerar leve nossa aflição, que vai operar
muito mais para o eterno peso de glória que estará diante de nós.
Para Moisés, esses prazeres eram a corte do Egito – seus tesouros, companhias
intelectuais, arredores cheios de cultura. Como o admiramos por sua entrega, e pensamos
que nós também faríamos o mesmo! Mas, o que dizer de nós mesmos? Estamos
escolhendo o conforto ou o caminho da cruz? A trilha da facilidade ou o caminho do
sacrifício? Estamos nos encolhendo diante do sofrimento ou escolhendo as aflições por
amor de Cristo? Estamos nos comprometendo com o mundo ou nos recusando a nos
identificarmos com ele? Estamos nos agarrando aos tesouros da terra ou provendo a nós
mesmos bolsas que não desgastam e um tesouro no céu onde a traça não consome?
Como Moisés, que possamos deixar todas as coisas que estão diante de nossos olhos e
buscar conhecer a face de Deus. Vamos nos determinar a, pela Sua graça, conhecer a Sua
intimidade o máximo possível nessa terra?
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Jessie Penn-Lewis era casada, mas não teve filhos. Apesar de enfrentar diversos períodos
de severas enfermidades, ela ministrou sua mensagem em vários países como Índia,
Canadá, Rússia e Egito, pregou na Convenção de Keswick, iniciou a publicação da revista
The Overcomer (O Vencedor), e publicou livros e artigos sobre diversos assuntos.
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