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"O opressor não seria tão forte se não tivesse

cúmplices entre os próprios oprimidos"


Simone de Beauvoir

GUIA PARA

DESMENTIR
ANTIFEMINISTAS

CAROLLINE SARDÁ

Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113


Prazer, eu sou Carolline Sardá!

Tenho 25 anos, sou militante no coletivo Movimento


Feminista pela Diversidade, faço parte do time do
Slam Guará que produz batalhas de poesia em
Joinville e sou criadora de conteúdo de militância
feminista nas redes sociais.

Meu propósito com esse e-book é te ajudar a desmentir


com facilidade as principais mentiras criadas e
propagadas por antifeministas, principalmente porque
a cada momento são criadas novas mentiras e mais
distorções sobre o feminismo, sobre nossas pautas e
sobre as teóricas que embasaram as teorias do
movimento.

Sabemos a necessidade que existe em rebater o


antifeminismo para que nossas pautas floresçam
dentro da sociedade e superemos o patriarcado, porém
será que você sabe como rebater um argumento
antifeminista? E perceber que é uma mentira?

Nas próximas páginas, irei te ajudar com isso!

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Acesso fácil aos assuntos

Os tipos de antifeministas...................................................08

“César Zama foi o pioneiro do voto feminino no


Brasil!”.............................................................................13

“As mulheres não conquistaram voto nenhum!”....................14

“A ação das mulheres nunca passou de uma agitação


simbólica; só ganharam o que os homens concordaram
em lhes conceder; elas nada tomaram; elas receberam!"..........15

“Celina Guimarães foi a primeira eleitora e foi


graças ao seu marido!”........................................................17

“Celina Guimarães nunca conheceu as sufragistas!”...............18

”As mulheres nunca lutaram pelo sufrágio


no Brasil!”.........................................................................19

“As sufragistas faziam algazarra e ninguém


queria ser como elas!”........................................................20

“Emmeline Pankhurst tinha servas!”....................................21

“O feminismo quer destruir a família!”.................................22

“O feminismo quer acabar com a maternidade!”....................23

“Toda feminista segue uma cartilha!”..................................24

“Não existem vertentes no feminismo,


é tudo igual!”.....................................................................25

03
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“Feministas são contra a feminilidade!”..............................26

“Feminismo é um movimento maléfico


para a sociedade!”.............................................................27

“As feministas lutam por direitos iguais,


mas não querem deveres iguais!”........................................28

“As mulheres não querem ir pra Guerra porque


são fracas e preguiçosas!”...................................................29

“Mulheres não lutam pelo alistamento obrigatório!”............30

“Se os homens se recusarem a ir para


a Guerra serão fuzilados!”..................................................31

"O direito ao voto estava atrelado


ao dever da Guerra!”.....................................................32-33

“Feministas não queriam morrer


para ter direito ao voto!”...................................................34

“Margaret Sanger queria exterminar os negros!”..................35

“Tem foto da Margaret Sanger na Ku Klux Klan!”.................36

“Margaret Sanger falava que as pessoas


pobres eram ervas daninhas!”............................................37

“Simone de Beauvoir era pedófila e


abusava de crianças!”........................................................38

“Simone assinou um documento


para legalizar a pedofilia!”.............................................39-41

"Simone era nazista!"....................................................42-43

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"Mulheres são privilegiadas porque são as primeiras
a serem retiradas de zonas de bombardeio!".......................44

"Mulheres são privilegiadas porque se aposentam


antes que os homens!".................................................45-46

“Mulheres são privilegiadas porque possuem


licença maternidade!”.................................................47-48

“Se você é feminista e não segue o que as teóricas


falavam antigamente, você não é uma
verdadeira feminista!”.....................................................49

“O feminismo nunca conquistou nada!”.........................50-55

“Feministas querem investir na educação


pública para afastar pais de seus filhos!”............................56

“Educação sexual nas escolas é para


ensinar crianças a fazer sexo e ver pornografia!”.................57

“Feministas são frustradas, fracassadas e


traumatizadas! Ninguém quer ser como
uma feminista!”..............................................................58

“Não foram as feministas que


conquistaram a educação igualitária!”...............................59

"Feministas são abortistas"...............................................60

"Feministas são a favor do aborto".................................61-62

“Aborto é assassinato e feministas


são assassinas!”...............................................................63

"Aborto não é uma questão de saúde pública"......................64

“Para diminuir os abusos, não precisamos


de educação sexual nas escolas e sim de armas!”..................65

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“A frase 'Não se nasce mulher, torna-se' é
sobre ideologia de gênero”....................................................66

“Para ser feminista você precisa deixar de


ser feminina.”......................................................................67

"Feministas não podem casar, são contra


o matrimônio!"....................................................................68

"Feministas são contra a maternidade e


não querem ter filhos!".........................................................69

"Feministas querem a superioridade da mulher"......................70

"Não pode ser feminista e cristã!"............................................71

“Mulheres negras não podem ser feministas!".....................72-75

“O feminismo não acolhe todas as mulheres!”.........................76

“O Femen queria acabar com o alistamento


obrigatório na Ucrânia porque não querem
deveres iguais, querem privilégios!”...................................77-78

“A Marcha das Vadias é para as mulheres


se orgulharem em ser vadias!”...............................................79

Mensagem Final..................................................................80

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Introdução
Neste guia você irá conhecer de perto as maiores
mentiras criadas por antifeministas, além de
entender o que elas pensam sobre o feminismo, o que
elas acreditam que é o movimento feminista e
principalmente: como desmentir o que elas falam.

É importante saber que existem pessoas


antifeministas de todos os gêneros, porém devemos
nos preocupar principalmente com as antifeministas
mulheres, pois são essas que estão sendo enganadas
com mentiras e difamações sobre o movimento
feminista.

O antifeminismo é uma erva daninha perigosa que tem


se impregnado na sociedade afim de destruir tudo que
as mulheres (não apenas as feministas) conquistaram
depois de tantos anos de luta e reivindicação.

As feministas da quarta onda precisam começar a se


preocupar com o surgimento de antifeministas nos
seus meios sociais e nos seus ambientes profissionais,
além do debate político. Elas estão começando a se
multiplicar.

Precisamos estar cientes: quanto mais repetem uma


mentira várias vezes, ela começa a se transformar em
uma verdade. Então precisamos desmentir antes que
acreditem.

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Os tipos de antifeministas

Existem três tipos comuns de antifeministas:

RELIGIOSA
FUNDAMENTALISTA
Apoia-se no fundamentalismo religioso para fomentar
o ódio ao feminismo e seu medo é que o feminismo
distancie as mulheres da Igreja e da missão divina das
mulheres.

Seu propósito é demonizar o feminismo para criar


um temor e obrigar mulheres a irem para a Igreja se
salvar desse "pecado da imoralidade" que é a
“libertinagem e a perversão” feminista.

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POLÍTICA
CONSERVADORA
Apoia-se na ideologia conservadora para fomentar o
ódio ao feminismo, seu medo é que o feminismo force o
Estado a ter políticas públicas para as mulheres e mude
a estrutura social conservadora.

Seu propósito é atrapalhar a criação de políticas


públicas que beneficiem as mulheres, além de
conservar as estruturas patriarcais dominantes.

E temos, por fim, a última antifeminista para compor


nosso quadro de tipos de mulheres contra o
movimento feminista.

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EMPRESÁRIA
NEOLIBERAL
Se apoia no capitalismo para fomentar o ódio ao
feminismo e seu medo é que o feminismo supere o
sistema capitalista para obter o fim da exploração do
mercado neoliberal.

Seu propósito é evitar que o capitalismo seja superado


e destruir a imagem dos movimentos sociais para
gerar lucro, afinal “lucro acima de tudo”, são contra
direitos trabalhistas femininos pois "geram prejuízo
para o bolso do patrão".

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Na maioria das vezes, antifeministas utilizam alguns
elementos de debate clichês como:

Falácias Argumentativas: geralmente criam boatos e


fofocas sobre a vida pessoal das feministas, na grande
maioria das vezes são falácias ad hominem, do
verdadeiro escocês, da falsa causalidade, do apelo à
autoridade…

Negacionismo Científico: se recusam e negam a


realidade cientificamente comprovada, ou seja, negam
o método científico.

Revisionismo Histórico: é padrão que antifeministas


analisem tudo por outra perspectiva os fatos históricos
que circundam as conquistas femininas, como se as
mulheres nunca tivessem conquistado nada, ou até
mesmo, dizendo que tudo foi "dado de presente pelos
homens", sem sequer haver reivindicações por parte
das mulheres, apagando toda a história da luta
feminina e analisando a história por uma perspectiva
androcêntrica.

O propósito das antifeministas é difamar o feminismo,


dizendo que "o feminismo quer o desentendimento e a
crescente amargura entre os sexos, que quer acelerar a
desagregação familiar, induzir à eterna insatisfação e a
libertinagem sexual".

O propósito das antifeministas é difamar o feminismo,

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Agora você conhecerá as 50 maiores mentiras
antifeministas resumidas em um único e-book para
você desmentir com argumentos o que as pessoas que
são contra o feminismo falam sobre o movimento!

12
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“César Zama foi o pioneiro do voto
feminino no Brasil!”

Isso é mentira, quem encabeçou o voto feminino antes


de César Zama foram José Bonifácio e Manuel Alves
em 1831.

"Manuel Alves Branco e José Bonifácio


buscaram inspiração em projeto
semelhante que havia sido discutido na
assembleia francesa no início daquele
mesmo ano. O art. 3º do projeto
propunha que as mulheres na situação
de chefes da família (fossem viúvas ou
separadas dos seus esposos) pudessem
votar nas eleições primárias, nas quais
eram escolhidos os membros das
assembleias locais, uma espécie de
conselho de governo local."
p.30 - O Voto Feminino no Brasil

Porém Nísia Floresta já falava sobre direito ao voto


feminino em 1832. César Zama só surgiu com seu
projeto em 1890 e também foi negado por ser
incompleto. Anos depois, quem encabeçou no Partido
Republicano Feminino, foi Leolinda Daltro em 1910.

FONTE

13
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“As mulheres não conquistaram
voto nenhum! Foi tudo concedido
pelos homens! QUASE UM
PRESENTE!”

Essa argumentação apenas comprova


a existência de um patriarcado, onde
os interesses dos homens estão acima
dos interesses das mulheres.

As mulheres fizeram reivindicações


(manifestações, atos, petições,
congressos, partidos, federações), se
nunca tivesse acontecido essas
reivindicações, elas jamais teriam
conquistado.

Não foi uma mera “concessão”, ou um


"presente", houve uma reivindicação
para que isso ocorresse, por isso diz
que é uma conquista.

FONTE

14
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“A própria mãe do feminismo,
Simone de Beauvoir, disse que elas
não conquistaram nada: A ação
das mulheres nunca passou de
uma agitação simbólica; só
ganharam o que os homens
concordaram em lhes conceder;
elas nada tomaram; elas
receberam!"

Ou seja, exatamente o que foi respondido na mentira


anterior: o patriarcado existe, a dominação masculina
está explícita quando as mulheres precisam reivindicar
para receber.

As mulheres precisaram fazer uma agitação simbólica


(manifestações, atos, petições, congressos, partidos,
federações) para obter seus direitos.

O apelo à autoridade de dizer “a mãe do feminismo”


também deve ser rebatido, pois mesmo sendo a
precursora da teoria de raiz sobre "o que é ser mulher",
a filósofa existencialista não ditava o que as mulheres
do movimento feminista conquistavam em suas
reivindicações.

Agora compare as frases:

15
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"Apresentando-se como sujeitos, eles transformam em
"outros" os burgueses, os brancos. As mulheres — salvo
em certos congressos que permanecem ma- nifestações
abstratas — não dizem "nós". Os homens dizem "as
mulheres" e elas usam essas palavras para se designarem
a si mesmas: mas não se põem autenticamente como
Sujeito. Os proletários fizeram a revolução na Rússia,
os negros no Haiti, os indo-chineses bateram-se na
Indo-China: a ação das mulheres nunca passou de
uma agitação simbólica; só ganharam o que os
homens concordaram em lhes conceder; elas nada
tomaram; elas receberam (Cf. Segunda Parte, § 5 ) .
Isso porque não têm os meios concretos de
se reunir em uma unidade que se afirmaria
em se opondo. Não têm passado, não têm
história, nem religião própria; não têm,
como os proletários, uma solidariedade
de trabalho e interesses."

A frase foi tirada deste


contexto inteiro, e está neste
livro: O Segundo Sexo,
volume II - Fatos e Mitos.

FONTE

16
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“A própria Celina Guimarães foi a
primeira eleitora e disse que foi
graças ao seu marido (um homem)
que ela conseguiu votar!”

Na verdade, o voto de Celina Guimarães foi negado


pelo Senado, junto com o de Júlia Barbosa e outras
que tentaram votar naquele mesmo ano.

Já tivemos uma mulher votando no


Império, Isabel de Mattos Dillon.

Anos depois com a instauração da


República, também tivemos Maria
Ernestina Carneiro Santiago
Manso Pereira, conhecida como

Mietta Santiago, que impetrou um


Mandato de Segurança e conseguiu
Sentença após perceber que a proibição do
voto feminino contrariava o artigo 70 da
“Constituição de 1891”, vigente na época.

Isso permitiu votar em si mesma para o


cargo de deputada estadual, tendo o
direito passivo
(de ser votada) e direito ativo (votar)
garantidos.

FONTE
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“Celina Guimarães nunca conheceu
as sufragistas!”

Celina Guimarães conheceu a Federação do Progresso


Feminino junto com Júlia Barbosa, pois as sufragistas
sobrevoaram a cidade de ambas no Rio Grande do
Norte com panfletos sufragistas.
FONTE

A Federação do Progresso Feminino foi fundada pela


bióloga e sufragista Bertha Lutz, que lutava pelo
direito ao voto no Brasil.

FONTE

18
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"As mulheres nunca lutaram pelo
sufrágio no Brasil!”

Isso é completamente equivocado, as mulheres fizeram


petições, fundaram partidos (ex: Partido Republicano
Feminino) e federações (ex: Federação do Progresso
Feminino), reivindicaram por anos pelo voto no Brasil
para diversas vezes terem seus votos negados mesmo
após o título de eleitora feitos (como por exemplo
Celina Guimarães e Júlia Barbosa). Não há como negar
até documentos históricos que comprovam isso.

FONTE

19
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“As sufragistas faziam algazarra e
ninguém queria ser como elas!”

As sufragistas não faziam algazarra, elas realizavam


manifestações reivindicando seus direitos, as
imagens deturpadas feitas delas na época difamavam
suas lutas, fazendo-as parecer malucas, surtadas,
péssimas esposas e mães.
FONTE

Além disso, Millicent Fawcett foi uma sufragista


pacifista, porém suas reivindicações nunca eram
ouvidas exatamente por este motivo.

As manifestações mais agressivas


iniciaram com Emmeline
Pankhurst fazendo greve de fome
e sendo presa pela lei Cat and
Mouse, forçada a comer sopa por
tubos.

FONTE
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“Emmeline Pankhurst tinha
servas!”

Pankhusrt nunca teve servas, a mesma era totalmente


contra a escravidão. Ela deu à luz a cinco filhos num
período de dez anos, tanto ela como Richard eram da
opinião de que ela não se devia dedicar exclusivamente
a tarefas domésticas e deveria ter ajuda.

Assim, o casal contratou uma empregada para ajudar


Emmeline com as crianças enquanto se dedicava à
Sociedade do Sufrágio Feminino.

FONTE

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“O feminismo quer destruir a
família!”

O feminismo não quer destruir a família, o feminismo


busca a superação do modelo tradicional de família
patriarcal (pai+mãe), abrindo possibilidades para
modelos de famílias alternativos, como duas mães,
dois pais, um pai ou mãe solo, avó, tia…

Porém isso não quer dizer que modelos que são pai e
mãe devem acabar, mas não devem ser os únicos
modelos possíveis dentro de uma sociedade livre.

"Enquanto a família, o mito


da família, o mito da maternidade
e o instinto maternal não forem
destruídos, as mulheres
continuarão a viver sob opressão"
- SEX, SOCIETY AND FEMALE
DILEMMA, Diálogo entre Betty
Friedan e Simone de Beauvoir

FONTE

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“O feminismo quer acabar com a
maternidade! Não podemos mais
escolher ser mães!”

O feminismo não quer acabar com a maternidade, mas


com o mito da maternidade. O mito da maternidade
seria que nós temos instinto materno, enquanto
homens não possuem instinto paterno. Simone de
Beauvoir fala da socialização feminina, ou seja,
mulheres socializadas desde pequenas para serem
mães, com bonecas, brinquedos que simulam itens de
casinha e de cozinha.

Somos ensinadas desde pequenas a sermos mães e


cuidarmos de crianças. O que o feminismo luta, é que
não sejamos coibidas a algo, e que seja uma escolha
totalmente voluntária, não compulsória. Mulheres que
querem ser mães, sejam mães, mas não sejam mães por
obrigação e pressão da sociedade.

FONTE

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“Toda feminista é igual, segue uma
cartilha que odeia homem e não é
feminina!”

É praticamente impossível seguir uma cartilha para


ser feminista. O feminismo radical ou de raiz, por
exemplo, fala sobre a abolição do gênero, sendo assim,
muitas não performam a feminilidade como forma de
superar o gênero imposto pela sociedade, isso não
obriga ninguém a fazer isso, depende de cada uma o
que faz com seu próprio corpo.

Você não é obrigada a deixar pelo crescer, nem cortar o


cabelo curto, nem deixar de usar maquiagem ou salto
alto, isso é uma falácia enorme sobre o feminismo.

Quem controla as mulheres com uma cartilha “do que


é ser mulher” é o patriarcado, não o feminismo.

E odiar homem não faz parte de cartilha nenhuma,


muitas vezes é apenas uma reação ao que diversas
feministas já vivenciaram com alguns deles, não é uma
generalização, falamos principalmente do homem
branco, heterossexual, cisgênero e detentor de poder.

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“O feminismo é tudo a mesma
coisa, não existem vertentes!”

Pelo contrário, as feministas são todas diferentes, tem


correntes filosóficas diferentes (liberal, marxista,
radical, pós moderna, ecofeminista, transfeminista,
islâmica, cristã, ateísta…).

O feminismo é um movimento plural, não singular.

Cada corrente filosófica busca uma origem da opressão


diferente para a opressão feminina e acredita em
soluções completamente diferentes entre si, além de
reivindicarem pautas diferentes.

Dizer que feministas são todas iguais é uma falácia que


demonstra ignorância sobre a pluralidade do
movimento feminista e todas as suas correntes
filosóficas.

Cada mulher é diferente, não há como haver um único


feminismo, com uma receita de bolo pronta, são vários
feminismos para haver várias possibilidades de
soluções para acabar com o patriarcado.

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“Feministas são contra a
feminilidade!”

As feministas não são contra a feminilidade, mas a


obrigatoriedade dela para ser considerada “mulher de
verdade”.

Muitas vezes querem impor uma falsa feminilidade às


mulheres, como se uma mulher que não se maquia não
é feminina, uma mulher que não tem cabelos longos
não é feminina, uma mulher tatuada não é feminina,
uma mulher que não usa salto não é feminina, uma
mulher que isso ou aquilo deixa de ser feminina.

Não queremos seguir uma cartilha para sermos


classificadas como mulheres ou simplesmente como
sujeito existente.

Além disso, existem diversas mulheres trans e


mulheres desfeminilizadas que não querem
performar a feminilidade imposta pela sociedade, e
elas não deixam de ser menos mulheres por isso.

Somos contra a imposição de papéis sociais


patriarcais, apenas isso.

26
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“Feminismo é um movimento
maléfico para a sociedade!”

O patriarcado é maléfico para a sociedade, o


feminismo o combate diariamente reivindicando
direitos básicos ao redor do mundo enquanto buscam a
emancipação feminina das estruturas patriarcais. Não
há nada maléfico em querer ajudar as mulheres a se
emanciparem.

Segundo a pesquisa DataSenado sobre violência


doméstica e familiar, uma em cada cinco mulheres já
foi espancada pelo marido, companheiro, namorado
ou ex.

Apesar de conquistas como a Lei Maria da Penha e a


inclusão do feminicídio no Código Penal, ainda existe
muito para ser feito, principalmente porque vivemos
um momento político em nossa sociedade onde o
conservadorismo e ideias retrógradas vêm ganhando
terreno.

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“As feministas lutam por direitos
iguais mas não querem deveres
iguais!”

O feminismo luta por direitos emancipatórios, não


direitos iguais. Até porque somos biologicamente
diferentes dos homens.

As únicas feministas que falam sobre direitos iguais


são as feministas liberais, em sua maioria brancas, que
não veem as diferenças que existem entre homens e
mulheres, e acreditam que tendo os mesmos direitos
civis e oportunidades irão ter a almejada “igualdade de
gênero”, o que outras correntes filosóficas do
feminismo já sabem que não seria possível apenas
reestruturar o patriarcado para as mulheres caberem
dentro dele, precisamos superá-lo.

Além de que “deveres” são atrelados a nós, por isso


buscamos por direitos e não deveres, ninguém busca
por deveres.

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“As mulheres não querem ir pra
Guerra porque são fracas e
preguiçosas!”

Mulheres sempre foram para a Guerra.

Elas estiveram na Revolução Francesa na Tomada da


Bastilha e foram homenageadas pela Comuna de Paris,
estiveram na Guerra de 100 anos liderando tropas,
estiveram na Guerra Civil Americana, na Primeira
Guerra Mundial e na Segunda, além da Guerra do
Paraguai e inclusive nas guerras que ocorreram antes
da Independência do Brasil.

Além disso, de acordo com o decreto-lei 1.187/1939 que


estabelece o Serviço Militar, todo brasileiro maior de 18
anos e até a idade que o governo fixará pode ser
chamado a prestar serviço em defesa da Pátria.
Inclusive, atualmente, as mulheres também poderiam
ser chamadas em caso de Guerra.

Indicação de
leitura sobre
a temática:

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“Mulheres não lutam pelo
alistamento obrigatório!”

Ninguém luta pela obrigatoriedade de nenhum dever.


Os deveres do cidadão são atrelados pelo Estado, esses
são os países que o alistamento é obrigatório.

A obrigatoriedade do alistamento militar começou na


Revolução Francesa, de homens para homens, quando
mulheres ainda não eram consideradas cidadãs
dignas de direitos e deveres civis. O Brasil replicou os
códigos civis franceses e por este motivo, os homens
possuem alistamento militar obrigatório e as mulheres
não. Os homens que deveriam lutar pelo alistamento
facultativo.

FONTE
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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
“Se os homens se recusarem a ir
para a Guerra serão fuzilados!”

O nosso constituinte originário afirma que não haverá


pena de morte, exceto no caso de guerra declarada (art.
5º, XLVII, a, CF/88), sendo que a declaração de guerra
deve ser do Presidente da República (art. 84, XIX).

A pena de morte é prevista para os crimes militares em


tempo de guerra. Sua topografia se apresenta desde o
art. 355, onde o crime inaugural é o de traição, e vai até
o art. 408, todos no Código Penal Militar.

Conforme listado no Código Penal Militar, Decreto-lei


nº 1.001, de 21 de outubro de 1969, em seu artigo 187:

Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da


unidade em que serve, ou do lugar em que deve
permanecer, por mais de oito dias:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a
pena é agravada.

Na maioria dos países que mantêm forças armadas


permanentes, a pena para deserção costuma ser prisão
ou expulsão. Sem fuzilamentos.

FONTE

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"O direito ao voto estava atrelado
ao dever da Guerra!”

Tomando como partido os séculos XVIII, XIX e XX nos


países França, Reino Unidos, Brasil e Estados Unidos,
a resposta é não, nunca esteve atrelado um ao outro.

Em códigos civis, constituições e emendas, o direito


ao voto nunca esteve atrelado ao dever de ir para a
Guerra.

É possível fazer a ligação entre ambas as condições


(votar e serviço militar) estarem sempre atreladas ao
homem, mas não atreladas entre ambas. Porém, como
em todo o período da história, as mulheres fizeram
parte da Guerra e lutaram mesmo sem direito ao voto.

Vamos usar de exemplo os Estados Unidos, a 14ª


emenda da Constituição de 1868 estabelecia que os
homens (exceto indígenas não tributados) tendo mais
de vinte e um anos poderiam participar das decisões
políticas. Entretanto, segundo o Records of the
Selective Service System da Primeira Guerra
Mundial, adolescentes com 15 anos em média estavam
presentes nas trincheiras e não tinham direito do voto
e nem de participar de decisões políticas.

FONTE FONTE FONTE

32
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Clique nas Constituições para ler cada uma e conferir.

Constituições brasileiras

1824 1891 1934 1937

1946 1967 1988

Constituição Constituição
francesa norte-americana

33
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“Feministas não queriam morrer
para ter direito ao voto!”

Primeiro que ninguém deveria morrer para obter


direitos políticos, isso já é um absurdo.

Segundo, em 4 de junho de 1913,


após uma série de ações que foram
tanto destrutivas quanto violentas,
Emily Davison, sufragista inglesa,
se jogou em frente ao cavalo do
Rei Jorge V no Derby Epson
Downs, falecendo em seguida.

Isso tudo chamou atenção para


o sufrágio feminino na Grã
Bretanha, dando visibilidade à
causa das sufragistas da época.

As sufragistas estavam dispostas à tudo pelos seus


direitos. E fizeram de tudo que podiam até conquistá-
los.

FONTE FONTE

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“Margaret Sanger queria
exterminar os negros!”

Isso é mentira, e a explicação é muito simples.


Em 1929, Margaret Sanger abriu uma clínica de
controle de natalidade no Harlem, voltada à
comunidade afro-americana, após James H. Hubert,
secretário do Urban League de Nova Iorque, ver a
necessidade de uma clínica na região devido ao alto
índice de natalidade, e ter pedido à Sanger para abri-la.
Hubert, na época, trabalhava tentando levar direitos
básicos de saúde, moradia e emprego à comunidade
negra e latina do Harlem. A clínica foi inaugurada em
1930, com auxílio do fundo de investimentos
Rosenwald Fund, que investe em empreendimentos de
incentivo à educação e saúde para população negra
norte-americana.

FONTE

A clínica era gerida por um conselho formado por


médicos, enfermeiras, assistentes sociais e jornalistas
negros, além de ter sido divulgada em igrejas com fiéis
majoritariamente negros, e recebeu a aprovação de
responsáveis por jornais de ativismo negro, como de
W.E.B.Du Bois e Martin Luther King Jr, que louvou
seu trabalho com a comunidade afro-americana em seu
discurso de aceitação do prêmio Margaret Sanger
Award, em 1966.

FONTE
FONTE
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“Tem foto da Margaret Sanger na
Ku Klux Klan!”

Na verdade, essa foto é fake e foi analisada pela


Political Fact Check e pela Snopes também.

FONTE FONTE

Além disso, em sua própria autobiografia ela diz que


esteve nos mais diversos lugares falando sobre
controle de natalidade, sem distinguir classe, raça ou
etnia, porém descreve sua experiência em que esteve
coms mulheres da WKKK (Womans of Ku Klux Klan),
onde ela mesma afirma que foi a experiência mais
bizarra que ela já precisou passar para falar sobre
controle de natalidade.

A fonte é ela mesma:

FONTE FONTE

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“Margaret Sanger falava que as
pessoas pobres eram ervas
daninhas!”

Essa frase não existe em nenhum livro ou artigo dela,


muito menos em discursos. Teve uma vez em que ela
usa o termo weeds, e é em seu livro “The Pivot of the
Civilization”, mas não falava nada sobre pessoas
pobres.

A frase era esta:

“This child was found groping his


way down the beet-rows pulling out
weeds and feeling for the beet-
plants—in the glare of the sun he
had lost all sense of light and dark."

“Esta criança foi encontrada


tateando as fileiras de beterraba,
arrancando ervas daninhas e
tateando as plantas de beterraba –
no brilho do sol, ele havia perdido
toda a noção de luz e escuridão.”

E também é desmentido pela


Political Fact Check. ​

FONTE

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“Simone de Beauvoir era pedófila e
abusava de crianças!”

Na verdade, não, não existe nenhum registro de que


Simone de Beauvoir abusava de crianças. Podemos ver
algumas informações que desmentem isso.

O que se tem registro é que em 1990, quatro anos depois


da morte de Beauvoir, sua correspondência com Sartre
e seu "Diário da Guerra'' despertaram o ressentimento
de Bianca Lamblin (1921-2011), principalmente com a
revelação da forma que o casal via suas amantes (eles
tinham um relacionamento aberto e poligâmico).

A autora fez um livro,


chamado “Memórias de
uma Moça Mal
Comportada” (clique no
livro para ler), com
diversa críticas ao
relacionamento dela com
Simone e Sartre. Como
ambos já haviam falecido
no lançamento do livro,
eles nunca puderam se
defender das acusações de
Lamblin, que na época
não era uma criança, ela
começou a ter aulas com
Simone aos 16 anos, no
nLycée Molière em 1937.

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
Além de Bianca, Olga Kosakiewicz (1915-1983) tinha 19
anos quando começou a se relacionar com Simone de
Beauvoir e Sartre. De 1934 à 1935 se relacionou com
Simone e de 1935 a 1937 se relacionou com Sartre.
Também não era uma criança.

Em 1931, com 23 anos, Simone de Beauvoir foi nomeada


professora de Filosofia na Universidade de Marseille,
onde permaneceu até 1932. Em seguida foi transferida
para Ruen. Em 1943, retornou à Paris como professora
de Filosofia do Lycée Molière. Nesse meio tempo, em
1943, Simone teve uma reclamação da mãe de Natalie
Sorokin (1921-1967), que disse que Simone havia
seduzido sua filha, fazendo com que Simone buscasse
outra faculdade para lecionar. Natalie Sorokin tinha 22
anos na época.

Nenhuma delas era criança, ela nunca foi pedófila.

Trajetória e teoria de Simone de Beauvoir:

FONTE

Biografia de Simone de Beauvoir:

FONTE

Livros de Simone de Beauvoir:

FONTE

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“Simone assinou um documento
para legalizar a pedofilia!”

Na verdade, entre 1977 e


1979, enquanto era debatida
uma reforma do código
penal no Parlamento da
França, vários intelectuais
franceses assinaram petições
e cartas abertas solicitando
assinando uma petição
enviada ao parlamento
francês em 1977, assinada
por mais de 70
personalidades.

Dentre eles tínhamos os filósofos Louis Althusser,


Gilles Deleuze, Jacques Derrida, Michel Foucault,
Jean-François Lyotard, Jean-Paul Sartre, André
Glucksmann, Roland Barthes, os escritores Louis
Aragon, Catherine Millet e Philippe Sollers, a pediatra
e psicanalista infantil Françoise Dolto, entre outros.

Clique na petição para acessar o site da psinacanalista


infantil que guarda o arquivo histórico do documento que
foi assinado.

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Na Espanha e nos Estados Unidos, o limite abaixo do
qual uma relação entre um adulto e um menor é
considerada um estupro é de 12 anos; na Alemanha,
Áustria e Bélgica, ele é de 14 anos; na Dinamarca, 15
anos, e na Grã-Bretanha e Suíça, 16 anos.

No Brasil, por exemplo, a idade de consentimento é de


14 anos, conforme o novo artigo 217-A do código penal,
modificado pela lei nº 12.015/2009, artigo 3º, tornando
mais severas as penas para os crimes de estupro e
pedofilia.

O texto criou também o “estupro de vulnerável”,


criminalizando qualquer ato sexual com menores de 14
anos.

FONTE FONTE

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"Simone era nazista!"

Na verdade Simone nunca foi nazista, nem ela e nem


Sartre, em nenhum escrito deles nem em biografias
escritas sobre eles fala sobre qualquer relação com a
ideologia nazista, ambos eram completamente
existencialistas e tudo era questionável,
principalmente o nazismo.

Geralmente atrelam Simone de Beauvoir ao nazismo


por ter trabalhado na Rádio Vichy, durante o domínio
dos nazistas na França. Temos diversas comprovações
de que muitos franceses não eram colaboradores
durante o Regime Nazista simplesmente porque
trabalhavam em lugares dominados pelos nazistas,
mas porque seu maior medo era ser enviado para um
campo de concentração. Diversas pessoas, entre
artistas, escritores, filósofos e estudiosos eram
diariamente enviados para campos de concentração
por questionarem o nazismo.

FONTE

Esse artigo fala sobre as Cartas que Simone e Sartre


trocaram durante a segunda guerra mundial e seu
repúdio ao nazismo:

FONTE

Existe inclusive uma historiadora que afirma que

42
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Simone só trabalhou nessa rádio, porque não tinha
ideologias cristãs e tradicionais para lecionar durante
esse período na França. Além de sua vida pessoal ser
constantemente questionada.

FONTE

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"Mulheres são privilegiadas porque
são as primeiras a serem retiradas
de zonas de bombardeio!"

Existe um motivo bem peculiar para mulheres e


crianças serem as primeiras a serem retiradas de
situações de bombardeios.

De acordo com o coordenador da área de emergências


da Unicef no Brasil, em situações de emergência,
crianças e mulheres são os mais propensos a sofrer
abusos e explorações. Pessoas desse grupo são os
primeiros a perder seus direitos em condições
extremas, assim como os idosos, que também devem
receber atendimento prioritário.

Isso pode ser ilustrado pelo furacão Katrina, que


alagou a cidade de Nova Orleans, EUA, em 2005. Nos
abrigos, mesmo abarrotados de gente, muitas
mulheres sofreram abuso sexual.

Para manter os direitos deste grupo de pessoas,


teoricamente mais frágeis e dependentes, existe a
Declaração sobre a Proteção da Mulher e da Criança
em Estados de Emergência e de Conflitos Armados,
criada pela ONU em 1974 – o texto é reforçado pela
Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989. Isso
não é privilégio, é para garantir a segurança dessas
pessoas que são vulnerabilizadas em situações assim.

FONTE
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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
"Mulheres são privilegiadas porque
se aposentam antes que os
homens!"

A diferença de tratamento para a concessão da


aposentadoria entre homens e mulheres se baseia nos
princípios de seletividade e distributividade
previstos no artigo 194, inciso III da Constituição
Federal de 1988.

Segundo a Constituição, “a prestação dos serviços


precisa ser criada seguindo os fatores econômico-
financeiros dos segurados, baseando-se em um ideal de
justiça social e mirando na diminuição da desigualdade
social”.

Portanto, essa diferenciação não se trata de uma norma


ou regra previdenciária, e sim do conjunto de questões
sociais e econômicas da nossa sociedade.

As mulheres se aposentam mais cedo atualmente por


uma “compensação”, levando em consideração que
elas trabalham mais que os homens, uma vez que elas
agregam o trabalho doméstico ao emprego
remunerado, conhecida como dupla jornada de
trabalho.

De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais –


Uma análise das condições de vida da população
brasileira, divulgada no início de dezembro pelo

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as
mulheres trabalham cerca de cinco horas a mais que
eles por semana.

Por outro lado, como dedicam duas vezes mais tempo


que os homens para as atividades domésticas, o total de
horas trabalhadas pelas mulheres é de, em média, 55,1
horas por semana, contra 50,1 horas deles.

Ainda segundo a pesquisa, na última década, os


homens permaneceram com uma jornada de apenas 10
horas semanais com os afazeres domésticos — o que
prova que aqui pouca coisa progrediu e, apesar dos
avanços das mulheres no mundo corporativo nos
últimos anos, ainda sobra para elas o cuidado da casa e
dos filhos.

FONTE FONTE FONTE

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“Mulheres são privilegiadas porque
possuem licença maternidade!”

O direito de ter um descanso remunerado depois de


passar por um trabalho de parto e estar no puerpério
com seu bebê não deveria ser visto como um privilégio,
mas como um direito.

O ideal mesmo seria que todas as empresas


concedessem 180 dias de licença, pois é o período em
que o bebê se alimenta exclusivamente do leite
materno. Além disso, a licença-maternidade
proporciona uma ligação maior entre mãe e bebê,
principalmente nos primeiros meses de vida, onde a
criança vive uma fase total de dependência.

Vale ressaltar ainda, que o pós-parto é o período de


maior vulnerabilidade psicológica na vida de uma
mulher, e por isso, durante esse período, podem
aparecer transtornos psiquiátricos. Por isso, ter um
tempo para se adaptar a nova realidade é um dos
fatores mais importantes na vida de quem acaba de se
tornar mãe. ​

E mais, não apenas as mulheres têm licença


maternidade, mas os pais também deveriam ter licença
paternidade em todos os países do mundo para poder
dividir igualmente as responsabilidades da criação de
seu bebê recém-nascido.

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
Alguns países inclusive já tem, como no Brasil que são
pouquíssimos dias. Então não, não é privilégio algum.

FONTE FONTE FONTE FONTE

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
“Se você é feminista e não segue o
que as teóricas falavam
antigamente, você não é uma
verdadeira feminista!”

Essa é a falácia do verdadeiro escocês, onde se atrela


uma cartilha ideológica à “verdadeira feminista” e
quem não a segue, não é uma verdadeira feminista.
Quando falamos de teóricas feministas, precisamos ter
a plena consciência de que é uma TEORIA, não um fato
comprovado.

As feministas não tratam a teoria feminista como uma


religião que deve ser seguida a risca, mas como uma
teoria de base para as análises do patriarcado e das
opressões que são vivenciadas.

De acordo com o próprio dicionário: “Teoria indica, na


linguagem comum, uma ideia nascida com base em
alguma hipótese, conjectura, especulação ou suposição,
mesmo abstrata, sobre a realidade. Também designa o
conhecimento descritivo puramente racional ou a forma
de pensar e entender algum fenômeno a partir da
observação.”

Por isso quase nenhuma feminista seguirá o que as


teóricas de 1950 falavam, porque muitas dessas teorias
já evoluíram.

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
“O feminismo nunca conquistou
nada!”

Essa é uma das maiores mentiras antifeministas.

Primeiramente, para haver uma conquista, precisa ter


reivindicações, e podemos citar várias reivindicações
feministas que houveram conquistas em seguida.

Em ordem cronológica:

SÉCULO XVIII
1791 - França - Olympe de Gouges
“Declaração do Direito da Mulher e da Cidadã”

1792 - Inglaterra - Mary Wollstonecraft -


“A Reivindicação dos Direitos da Mulher”

SÉCULO XIX
1851 - EUA - Sojourner Truth - “Aint I a Woman”

1827 - Brasil - Surge a primeira lei sobre educação


das mulheres, permitindo que frequentassem as
escolas elementares; as instituições de ensino mais
adiantado eram proibidas a elas.

1832 - Brasil - Nísia Floresta - “Direitos das mulheres


e injustiça dos homens.“
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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
1879 - Brasil - As mulheres têm autorização do
governo para estudar em instituições de ensino
superior; mas as que seguiam este caminho eram
criticadas pela sociedade.

1893 - Nova Zelândia - sufrágio feminino

SÉCULO XX

1902 - Austrália - sufrágio feminino

1906 - Finlândia - sufrágio feminino

1913 - Noruega - sufrágio Feminino

1915 - Brasil - Foi permitido que as mulheres casadas


possuíssem depósitos bancários em seu nome
quando não houvesse oposição do marido.

1910 - Leolinda Daltro funda Partido Republicano


Feminino

1917 - Daltro lidera passeata exigindo a extensão do


voto às mulheres.

1920 - EUA - sufrágio feminino.

1922 - Bertha Lutz funda a Federação Brasileira


pelo Progresso Feminino (FBPF)

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1928 - Brasil - Eleita a primeira prefeita da História
do Brasil - Alzira Soriano de Souza, Lajes/RN

1932 - Brasil - Getúlio Vargas - novo Código


Eleitoral - sufrágio feminino

1937/1945 - Decreto 3199 - proibia às mulheres a


prática dos esportes que considerava
incompatíveis com as condições femininas tais
como: "luta de qualquer natureza, futebol de salão,
futebol de praia, pólo, pólo aquático,
halterofilismo e beisebol".

1945 - Carta das Nações Unidas - igualdade de


direitos entre homens e mulheres é reconhecida
em documento internacional.

1949 - Jogos de Primavera - “Olimpíadas


Femininas". No mesmo ano, O Segundo Sexo, livro
onde Simone de Beauvoir analisa a condição
feminina é lançado.

1951 - A igualdade de remuneração entre trabalho


feminino e masculino para mesma função é
aprovada pela Organização Internacional do
Trabalho.

1962 - Brasil - Estatuto da Mulher casada: mulheres


não precisavam mais de autorização do marido
para trabalhar, receber herança e em caso de
separação ela poderia requerer a guarda dos filhos.
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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
1975 - Argentina - Assembleia Geral da ONU
proclamou que 1975 seria o Ano Internacional da
Mulher, promovendo a Conferência Mundial
sobre a Mulher, na Cidade do México e criando um
Plano de Ação.

1979 - Brasil - Eunice Michilles (PSD/AM) -


primeira mulher a ocupar o cargo de Senadora e a
Convenção para a Eliminação de todas as Formas
de Discriminação contra a Mulher foi adotada pela
Assembleia Geral.

1979 - Brasil - Equipe feminina de judô inscreve-se


com nomes de homens no campeonato sul-
americano da Argentina. Esse fato motivaria a
revogação do Decreto 3.199.

1980 - Brasil - “Quem ama não mata” -


recomendada a criação de centros de autodefesa
para coibir a violência doméstica contra a mulher.

1983 - Brasil - Fundado o Programa de Atenção


Integral à Saúde da Mulher

1985 - Primeira Delegacia de Atendimento


Especializado à Mulher (SP) e Conselho Nacional
dos Direitos Humanos.

1985 - Nações Unidas - Fundo de Desenvolvimento


das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM)

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
1987 - Brasil - Conselho Estadual dos Direitos da
Mulher/RJ, a partir da reivindicação dos
movimentos de mulheres, para assessorar,
formular e estimular políticas públicas para a
valorização e a promoção feminina.

1988 - Brasil - Lobby do batom (Constituição


Federal) garantindo igualdade a direitos e
obrigações entre homens e mulheres perante a lei.

1993 - Viena - Conferência Mundial dos Direitos


Humanos: em destaque os direitos das mulheres e
a questão da violência de gênero - Declaração
sobre a eliminação da violência contra as
mulheres.

1996 - Brasil - Sistema de cotas femininas na


Legislação Eleitoral, obrigando os partidos a
inscreverem, no mínimo, 20% de mulheres nas
chapas proporcionais.

SÉCULO XXI

2002 - A falta de virgindade deixa de ser motivo


para anulação de casamento.

2006 - Brasil - é criada a Lei Maria da Penha -


aumenta o rigor nas punições das agressões contra
as mulheres.

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
2006 - Paquistão - mudança na lei islâmica sobre
estupro. A lei exigia que as vítimas apresentassem
como testemunhas quatro homens considerados "bons
muçulmanos" ou, caso contrário, enfrentaria
acusações de adultério.

2012 - Brasil - PEC das Domésticas é sancionada.

2015 - Brasil - A lei de Feminicídio é sancionada.

2018 - A lei de importunação sexual é sancionada. -


Lei nº 13.718/2018

2021 - Lei Contra o Stalking/Perseguição: ameaça


à integridade física ou psicológica da vítima,
restrição de sua capacidade de locomoção e
invasão de liberdade ou privacidade.

2021 - Lei da Violência Psicológica: é qualquer


conduta que cause dano emocional e diminuição
da autoestima, prejudique e perturbe o pleno
desenvolvimento da mulher ou vise degradar ou
controlar suas ações, comportamentos, crenças e
decisões.

2021 - Lei da Violência Política: violência política


contra mulher é toda ação, conduta ou omissão
com a finalidade de impedir, obstaculizar ou
restringir os direitos políticos delas.

2021 - Lei Mari Ferrer: que pune quem humilha


vítimas de abuso em tribunal.
FONTE
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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
“Feministas querem investir na
educação pública para afastar pais
de seus filhos!”

Mentira, feministas querem investir na educação


pública porque sabem que o conhecimento liberta as
crianças, que todos devem ter direito ao estudo de
qualidade e do pensar.

Todas as crianças merecem ter o direito de questionar,


de ter professores bem pagos, de materiais de
qualidade disponíveis para uso, de escolas bem
equipadas e de salas com carteiras e quadros novos.

Inclusive, a luta pela educação pública não é só das


feministas, mas de toda e qualquer pessoa que queira
ver crianças com senso crítico desenvolvido e
formadas para o mundo.

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
“Educação sexual nas escolas é
para ensinar crianças a fazer sexo
e ver pornografia!”

Não, educação sexual nas escolas é para ensinar de


forma pedagógica sobre assuntos relacionados à
sexualidade, como consentimento, doenças
sexualmente transmissíveis, métodos contraceptivos,
planejamento familiar, gravidez na adolescência,
gravidez indesejada, etc.

Inclusive, de acordo com dados da Nova Escola,


apenas 20% das escolas aborda a temática da educação
sexual.

A educação sexual nas escolas é exatamente para evitar


que as crianças e adolescentes consumam pornografia
para aprender erroneamente sobre sexualidade,
fazendo comparações sobre seus corpos, vendo
relações sexuais abusivas e se influenciando da
maneira errada.

Além disso, as chances de denúncias de abuso sexual


aumentam quando as crianças aprendem sobre
sexualidade dentro da escola, porque mais de 70% dos
abusos ocorre dentro de casa.

FONTE FONTE FONTE

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
“Feministas são frustradas,
fracassadas e traumatizadas!
Ninguém quer ser como uma
feminista!”

Isso é falácia ad hominem e é utilizada desde a época


que as sufragistas lutavam pelo direito ao voto. As
campanhas difamatórias são sempre ridicularizando
nossas pautas, principalmente quem somos como
mulheres, dizendo que somos frustradas por
querermos direitos, somos fracassadas por não
querermos idolatrar os homens e traumatizadas por
termos sofrido alguma violência na vida.

Tudo isso representa uma fálacia ad hominem,


tentando atrelar problemas a nossa vida pessoal para
atacar nossa argumentação sem focar no argumento,
mas no argumentador.

As campanhas difamatórias feitas contra as feministas


sempre apelam para mulheres desajustadas aos valores
tradicionais patriarcais.

FONTE FONTE

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
“Não foram as feministas que
conquistaram a educação
igualitária!”

Isso é mentira, a maioria das feministas sempre


reivindicou a educação igualitária para as mulheres,
desde Mary Wollstonecraft que escreveu a
"Reivindicação dos direitos da mulher", em 1792.

Mary já falava sobre a importância de uma educação


igualitária para obter espaço no meio público e
político.

Wollstonecraft acreditava que, se as mulheres


tivessem a mesma educação que os homens (ciências,
matemáticas, línguas…), elas teriam acesso às mesmas
oportunidades.

Quem lutou por essa pauta no Brasil, foi Nísia


Floresta, em 1832, quando lançou seu livro “Direitos
das mulheres e injustiça dos homens” e fundou o colégio
Augusto, uma escola que ela ensinava as mais diversas
matérias para as meninas, que até então só podiam
aprender a cozinhar, bordar e servir.

FONTE FONTE

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
"Feministas são abortistas"

Na verdade, as feministas são as que mais lutam para


que haja educação sexual nas escolas para evitar
gravidez indesejada. Até porque, três em cada dez
mulheres grávidas abortam no Brasil. Além disso,
uma pesquisa financiada pela Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres, revelou que, entre 2013 e
2015, 94% das que buscaram pelo aborto legal haviam
sofrido violência sexual.

Então temos que parar de querer criar teorias de que


são as feministas as "principais que abortam", pois na
verdade, as principais a buscarem essa solução são as
vítimas de abuso.

Perfil das mulheres que abortam:

Outras religiões
18 A 19 ANOS 5.3%

20 A 24 ANOS
Protestantes
25 A 29 ANOS 26.3%

30 A 34 ANOS

35 A 39 ANOS
Católicas
0 10 20 30 68.4%

Fonte: Pesquisa Nacional de Aborto

FONTE FONTE FONTE

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
"Feministas são a favor do
aborto"

Feministas são a favor de direitos reprodutivos e a


descriminalização do direito ao aborto está entre eles.

Ser a favor da descriminalização do aborto quer dizer


que mulheres, adolescentes e crianças que optem por
não manter uma gestação, possam ir até um serviço
público ter acesso ao aborto legal e seguro, sem serem
presas ou morrerem na clandestinidade por isso.

A maioria de nós é a favor da descriminalização para


não terem mais e mais vítimas morrendo na
clandestinidade, sendo feito com comprimido e de
maneira segura dentro dos hospitais. Muitas
feministas sequer abortariam, inclusive a maioria têm
filhos e jamais pensariam em abortar, mas elas sabem

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
que não são elas que vão criar os filhos das outras e
reconhecem que os direitos reprodutivos delas são
importantes, o Estado não deve criminalizar algo que é
direito de decisão da mulher.

FONTE

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
“Aborto é assassinato e feministas
são assassinas!”

O aborto só é considerado crime em países que os


direitos reprodutivos da mulher são criminalizados,
em diversos países o aborto já foi descriminalizado e
não é mais considerado um crime, a mulher vai até um
hospital ou centro de saúde e toma a decisão de
interromper a gravidez, isso não faz dela uma
assassina.

Não podemos ter juízo de valor quando estamos


falando de lei. Inclusive, na Inglaterra, Escócia e País
de Gales o aborto não é mais crime desde 1967.

A própria Margaret Thatcher, ídola dos


conservadores, já votou a favor da descriminalização
do aborto até a 28ª semana de gestação no Reino
Unido, por ser a favor da liberdade individual, mas isso
raramente eles vão te contar.

FONTE FONTE FONTE

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
"Aborto não é uma questão de
saúde pública"

Na verdade, aborto é necessariamente uma questão de


saúde pública e a lógica é simples. A partir do momento
que não temos educação sexual nas escolas e uma
instrução do uso de métodos contraceptivos, de nada
adianta termos à disposição camisinhas,
anticoncepcionais, DIU, etc, se a população não foi
instruída como usar corretamente. A maioria dos
métodos contraceptivos não é 100% eficaz, a grande
maioria das gravidez indesejadas ocorre por falha no
método utilizado, ou a camisinha estourou, ou o
anticoncepcional perdeu o efeito com algum
antibiótico que foi tomado junto.

Além disso, falamos que o aborto é uma questão de


saúde pública principalmente porque queremos que
ele deixe de fazer parte do âmbito criminal e volte a
fazer parte do campo da saúde, onde a mulher não será
presa por interromper uma gravidez, mas receberá
auxílio médico.

A lógica é simples.

índices de falhas de
método contraceptivo

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“Para diminuir os abusos, não
precisamos de educação sexual
nas escolas e sim de armas!”

Isso é um absurdo. Mais de 70% dos abusos sexuais são


feitos com crianças e adolescentes, essas vítimas não
têm acesso à armas hoje e também não teriam acesso à
armas se fosse facilitado para menores de idade.

Além disso, 80% desses abusos são feitos pelos


próprios parentes (pais, tios, avós, padrastos,
irmãos…).

Se tivermos facilitação no porte de armas, essas


crianças terão ainda mais medo de denunciar por
serem ameaçadas com uma arma por seus abusadores.
Não há como negar, são dados. Se querem solucionar
os abusos, precisamos falar de educação sexual e não
armas para crianças.

Além disso, diversas pesquisas apontam que com o


aumento da facilitação das armas, ocorre o aumento
exponencial da violência, principalmente da violência
sexual, pesquisas sobre esse assunto:

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
“A frase 'Não se nasce mulher,
torna-se' é sobre ideologia de
gênero”

As feministas radicais/feministas de raíz são as


feministas que atrelam à origem da opressão feminina
ao sexo biológico, enquanto as feministas queer, que
teorizam sobre a Teoria Queer (que chamam de
"ideologia de gênero"), acreditam que a origem da
opressão está na imposição da binaridade dentro dos
sistemas patriarcais. Uma quer abolir o gênero, a outra
acredita na pluralidade das possibilidades de
identidades de gênero que alguém pode ter. Ambas são
completamente diferentes.

Essa frase é de Simone de Beauvoir, que teorizou a


primeira teoria de raiz do feminismo no seu livro
“O Segundo Sexo”, marco da Segunda Onda, falando
sobre a socialização feminina. Essa frase fala sobre
socialização, que nós mulheres somos socializadas
desde pequenas a sermos mulheres a partir do gênero
que nos é imposto desde a averiguação do nosso sexo
biológico. A partir do momento que é verificado que
temos uma vagina e não um pênis, nos é atribuído o
gênero feminino, que deveremos performar
obrigatoriamente ao longo de toda a nossa vida a
feminilidade.

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
Por isso, as feministas radicais discordam da Teoria
Queer, comprovando que essa frase “não se nasce
mulher, torna-se” é sobre a segunda onda feminista,
atrelada principalmente ao feminismo de raíz, não ao
feminismo queer.

Porém, atualmente a Teoria Queer tenta reinterpretar


essa frase com a perspectiva de que podemos então nos
tornar mulher pelas identidades, reinventar o que é
ser mulher e pluralizar essa categoria.

São duas teorias diferentes, não dá para misturar.

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
“Para ser feminista você precisa
deixar de ser feminina.”

Novamente uma falácia do verdadeiro escocês.

Você não precisa mudar seu jeito de ser para ser


feminista, quem obriga mulheres a seguir uma cartilha
para ser definida como mulher de verdade, é o
patriarcado, não as feministas.

A feminilidade não deve ser compulsória e nem


obrigatória. Nós mulheres devemos escolher se
queremos ou não ser femininas e isso não nos diminui
enquanto mulheres. Se eu não uso batom, salto ou me
depilo, isso não me faz menos ou mais feminina que
outra mulher.

Quando pararmos de definir mulher a partir de


feminilidade, entenderemos que basta ser feminista
que você será, não existem regras. Tem vertentes,
como a do feminismo radical, que lutam pela abolição
do gênero e acreditam que subvertendo a feminilidade,
o patriarcado irá ruir, porém existem feministas que
discordam disso e continuam sendo femininas e
lutando normalmente pelo feminismo.

Por isso não dá pra generalizar e nem criar cartilha


dentro do feminismo, existem correntes que pensam
completamente diferente.

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
"Feministas não podem casar, são
contra o matrimônio!"

Mais uma falácia do verdadeiro escocês.

Isso também é uma mentira. As feministas só não


querem que o casamento seja algo compulsório e
forçado desde pequena nas mulheres.

As feministas acreditam que a mulher deve escolher


por livre e espontânea vontade se quer se casar, não ser
influenciada pelos seus pais, familiares, sociedade e
mídia que se ela não casar, ficará para titia e será
sozinha para sempre.

As feministas lutam pelo direito de escolha: quer


casar? Case. Não quer casar? Não se case.

Novamente, quem dita as regras é o patriarcado, de


qual é a mulher certa e errada, qual segue as normas e
qual não segue.

Não são as feministas que delimitam uma cartilha para


você seguir. Teoria feminista nunca foi e nunca será
cartilha, são sínteses e análises do patriarcado, não
regras a serem seguidas.

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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
"Feministas são contra a
maternidade e não querem ter
filhos!"

Mais uma falácia do verdadeiro escocês, como se


"feministas de verdade" não pudessem querer ter
filhos. Novamente, o que ocorre é que as pessoas
acham que as feministas por não quererem ser
coibidas, obrigadas e compulsoriamente forçadas a ser
mãe, acham que elas não querem ter filhos.

Pelo contrário, feministas amam crianças, por isso


zelam tanto pela educação feminista e pela
maternidade feminista. Para que não haja uma
maternidade compulsória, que desde crianças sejamos
instruídas a querer ter filhos, ou obrigadas a acreditar
que mulheres têm um “instinto materno”, enquanto
na verdade são ensinadas a trocar fralda e dar de
"mamá" para uma boneca desde que são muito
pequenas.

Filósofas como Simone de Beauvoir


falam que “o Mito da Maternidade
deve acabar”, porque as mulheres não
devem ser coibidas desde pequenas à
sonharem com uma maternidade que
muitas vezes é completamente utópica.
Inclusive, Simone também fala que
que não pensa que mulheres devam
deixar de ser mães, mas que não devem ser coibidas a
isso desde a tenra infância (clique na imagem)
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"Feministas querem a
superioridade da mulher"

Não existe possibilidade de uma superioridade


feminina numa sociedade estruturalmente
patriarcal.

As feministas lutam pela equidade, pela emancipação


da mulher das estruturas patriarcais, sendo essas
estrutura:
o pai, o marido e o Estado.

Além disso, atribuem a busca pela “superioridade” ao


femismo, mas que também não existe e é uma
invenção para diminuir a luta feminista.

Não existe nenhuma teórica feminista que fale sobre


superioridade, até porque a maioria sabe que não
existe como mulheres tentarem oprimir os homens
dentro de uma sociedade dominada por eles.

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"Não pode ser feminista
e cristã!"

Isso é mentira, inclusive as primeiras feministas eram


cristãs, participavam de convenções dentro de
conventos e de Igrejas, como Marie Maugeret,
Katharine Bushnell, Catherine Booth, Frances
Willard e Elizabeth Cady Stanton.

Existe inclusive um estudo da teologia por uma


perspectiva feminista, a teologia feminista.

Atualmente, existem diversas feministas cristãs, como


Ivone Gebara, Nancy Cardoso, Camila Montovani,
Odja Barros, Pamella Campos…

Novamente, uma falácia do verdadeiro escocês sendo


usado tanto para o feminismo quanto para o
cristianismo “Não pode ser cristã e feminista”.

Uma mentira antifeminista criada apenas para afastar


as cristãs do feminismo.

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"Mulheres negras não podem ser
feministas!"

Pelo contrário, não só podem como já foram durante


toda a história do feminismo, desde sua origem e são
até os dias atuais. Podemos dizer que a pioneira em
abrir portas para o debate racial dentro do feminismo
foi Sojourner Truth, durante a que em 1851 fez um
discurso mundialmente conhecido como “E eu não sou
uma mulher?” na Convenção dos Direitos das Mulheres
de Ohio, em Akron.

O discurso ficou conhecido durante a Guerra Civil


Americana, num contexto de época em que a maioria
dos americanos pensava nos escravizados como
homens e nas mulheres como brancas, Truth
incorporou um fato que ainda vale a pena repetir:
“entre os negros há mulheres; entre as mulheres, há
negros”. Seu discurso exigia direitos humanos iguais
para todas as mulheres.

Além dela, podemos citar deste período algumas das


dezenas de sufragistas negras, que lutavam pelo
abolicionismo e pelo sufrágio feminino como: Frances
Ellen Harper, Ida B. Wells, Mary Church Terrell,
Daisy Elizabeth Lampkin e Nanny Burroughs. Em
1974, por exemplo, o Coletivo Combahee River, um
coletivo formado exclusivamente por mulheres
negras, levantava escreveu uma Manifesto nessa época
que dizia que “a libertação das mulheres negras

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implica a liberdade de todas as pessoas, uma vez que
exigiria o fim do racismo, do sexismo e da opressão de
classe”.

Já no Brasil, o feminismo negro surgiu no final da


década de 50, a partir do processo de abertura política
que permitiu a reorganização de movimentos sociais
como o sindicalista, o estudantil e o movimento negro.
Foi neste mesmo ano que foi fundado o Conselho
Nacional de Mulheres Negras no Rio de Janeiro, sendo
as principais lutas deste conselho: a defesa dos direitos
das empregadas domésticas, atividade executada, em
sua maioria, por mulheres negras. O Conselho contou
com o apoio da Laudelina Campos de Mello, que teve
uma trajetória em prol da valorização do emprego
doméstico, do feminismo e do ativismo pela igualdade
racial.

Um fato importante sobre o feminismo negro é que as


feministas negras argumentam que “as mulheres
negras são posicionadas dentro das estruturas de
poder de maneiras fundamentalmente diferentes das
mulheres brancas”. Resulta daí o foco do feminismo
negro na intersecionalidade, termo cunhado em 1989
pela pela jurista Kimberle Crenshaw, que define
interseccionalidade como a “intersecção entre
diferentes formas de opressão”.

Teorias de feministas negras chegaram a um público


mais amplo na década de 2010, como resultado do
ciberativismo no feminismo de quarta onda. Algumas
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das principais militantes e teóricas do feminismo
negro internacional são: Angela Davis, Bell Hooks,
Chimamanda Ngozi Adichie, Kimberlé Williams
Crenshaw, June Jordan, Patricia Hill Collins e Audre
Lorde.

Já no Brasil temos como destaque: Sueli Carneiro,


Nilma Lino Gomes, Jurema Werneck, Lélia Gonzalez,
Luiza Bairros, Nilza Iraci, Luciana de Oliveira Dias,
Beatriz Nascimento, Djamila Ribeiro e Carla
Akotirene e Marielle Franco.

É uma mentira e tanto que não pode ser negra e


feminista.

"Quando as mulheres negras


forem finalmente livres,
o mundo será livre"
Angela Davis

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“O feminismo não acolhe todas as
mulheres!”

Isso é mentira, até porque o movimento feminista é


enorme, possui diversas vertentes que nascem todos
os dias, além de acolher as mais diferentes formas de
pensar e de ser mulher.

Dentro do movimento feminista tem desde a feminista


cristã, islâmica, espírita, até a ateísta. Tem desde a
feminista indígena, latino-americana, afro-
descendente, até a feminista branca e liberal. Tem
desde a feminista marxista até a anarcafeminista que
quer abolir totalmente o Estado.

Tem desde as perspectivas das feministas ocidentais,


até a perspectiva das feministas orientais, pela visão do
feminismo asiático. O feminismo vai desde as
feministas radicais que querem abolir totalmente o
gênero, até as feministas queer e transfeministas que
falam sobre identidade e novas análises sobre o gênero.

São literalmente mais de 50 correntes filosóficas


completamente diferentes entre si, com pautas e
reivindicações diferentes, para acolher todas as
mulheres.

O que ocorre é que pela desinformação e pela mídia só


dar visibilidade a um tipo de perspectiva do
feminismo, as pessoas só conhecem o feminismo
branco. Por isso estudar feminismo é tão importante.
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Carolline Sardá - suporte@carollinesarda.com.br - IP: 187.255.231.113
“O Femen queria acabar com o
alistamento obrigatório na Ucrânia
porque não querem deveres iguais,
querem privilégios!”

O FEMEN é um movimento ucraniano que luta contra


o turismo sexual, a exploração de mulheres e
crianças, além do tráfico de pessoas. Quando elas
fizeram uma declaração online falando que queriam
reivindicar o alistamento facultativo por não terem os
mesmos direitos, ninguém leu a declaração original e
caiu em fake news, mas elas mesmas explicam na
declaração:

“O FEMEN exige que o presidente Zelensky revogue


imediatamente o decreto que obriga o recrutamento para
mulheres e sua mobilização forçada em caso de quaisquer
guerras. Mulheres e meninas podem participar de
conflitos militares apenas voluntariamente. O governo
não tem direito moral de forçar mulheres a participarem
de guerras. Mulheres ainda não têm direitos iguais aos
homens e por isso também não devem ter obrigações
iguais. Nenhuma de nós começou guerras. Nenhuma de
nós saqueou o Exército! Nenhuma de nós deve morrer.
Tirem as mãos das mulheres!”

Aqui está a declaração do FEMEN original e na íntegra:

FONTE

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O motivo principal disso, é porque feministas são anti-
guerra e antimilitarismo. Além dos abusos sexuais
contra mulheres e crianças aumentarem em tempos de
Guerra.

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“A Marcha das Vadias é para as
mulheres se orgulharem em ser
vadias!”
Isso é mentira. Esse movimento aconteceu como
resposta à uma situação que ocorreu em janeiro de
2011, onde tiveram diversos casos de abuso sexual em
mulheres na Universidade de Toronto. O policial
Michael Sanguinetti fez uma observação para que "as
mulheres evitassem se vestir e se portar como vadias
(sluts, no inglês) para não serem vítimas de abuso".
O primeiro protesto levou 3 mil pessoas às ruas de
Toronto, e a partir daí o movimento se disseminou
no mundo inteiro, articulando jovens feministas em
Marchas.

Por este motivo, elas usam vestimentas provocativas


durante a Marcha, para mostrar que independente da
roupa, não é justificativa para sofrer abuso.

A Marcha de Campinas alcançou um significado


expressivo devido aos numerosos casos de estupro no
distrito de Barão Geraldo, onde fica a Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP). Um dos objetivos
da Marcha é se reapropriar do conceito de “vadia” para
se opor ao estereótipo de culpa que recai sobre
mulheres agredidas em função da exposição de seus
corpos ou de suas sexualidades, defendendo o direito
de autonomia pelos seus corpos.

FONTE FONTE
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Mensagem final

Acredito que ao finalizar a leitura desse e-Book, você


deva ter ficado sem acreditar que tantas mentiras
foram inventadas pelo antifeminismo apenas para
difamar o movimento que luta pela causa das
mulheres.

Ser mulher já não é fácil, criar um movimento sobre


sua luta é mais difícil ainda e pra piorar, ainda temos
que aguentar um grupo de pessoas que tem como
hobby difamar a nossa luta.

Por este motivo, não fique calada quando uma pessoa


antifeminista mentir na sua frente sobre feminismo.
Não deixe que essas mentiras se propaguem e
desmanchem todos os direitos que conquistamos até
agora.

Faça a mensagem do feminismo chegar nas pessoas ao


seu redor, a verdadeira mensagem, não a que o
antifeminismo distorceu.

Seja parte da mudança e ajude o movimento feminista


a continuar sendo uma luta das mulheres pela sua
emancipação.

Eu acredito em você.

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GUIA PARA

DESMENTIR
ANTIFEMINISTAS

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