Você está na página 1de 10

http://dx.doi.org/10.

1590/1982-02752017000100003

Linhas paralelas: as distintas aproximações


da Psicologia em relação ao trabalho

Parallel lines: Different ways by which


Psychology has approached work

Marcia Hespanhol BERNARDO1


Fábio de OLIVEIRA2
Heloisa Aparecida de SOUZA1
Caroline Cristiane de SOUSA1

Resumo

Este artigo analisa diferentes aproximações da Psicologia em relação ao mundo do trabalho, trazendo elementos para
o debate sobre a unicidade, ou não, das abordagens construídas ao longo da história dessas aproximações, com foco
nas vertentes da Psicologia Social do Trabalho e da Psicologia Organizacional. Para tanto, buscou-se compreender a
história dessas tradições, suas origens e seu lugar no contexto contemporâneo. Concluiu-se que elas possuem diferentes
abordagens e compreensões sobre o mundo do trabalho, com poucos pontos em comum em seus processos históricos
e em suas expressões atuais, o que sinaliza a impossibilidade de afirmação de um campo unitário. A importância de
demarcar essas fronteiras entre as diferentes vertentes da Psicologia que focalizam o trabalho é possibilitar a identificação
das especificidades de cada uma, bem como apontar a diversidade de objetos de estudo, referenciais teóricos, propostas
metodológicas e posicionamentos políticos que envolvem as pesquisas ou as intervenções.
Palavras-chave: Discurso gerencial; Psicologia crítica; Psicologia organizacional; Psicologia social; Trabalho.

DISTINTAS APROXIMAÇÕES ENTRE PSICOLOGIA E TRABALHO


Abstract

This article analyses different ways by which Psychology has approached the world of work, promoting debate on
whether these strategies constitute a unique or unified approach. Focusing on the branches Social Psychology of
Work and Organizational Psychology, we aimed at understanding the history of these two traditions, their origins, and
their role in the contemporary context. It was concluded that they have different approaches and understandings of
the world of work, and that their historical processes, as well as their representation today, have very little in common.
This indicates that they do not belong to the same field. Establishing boundaries between different approaches of
Psychology that focus on work, enables the identification of their specificities and reveals the diversity of their objects
of study, theoretical framework, methodological proposals, and the political aspects involved in their studies or
interventions.
Keywords: Managerial discourse; Critical psychology; Organizational psychology; Social psychology; Work.

▼ ▼ ▼ ▼ ▼
1
Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências da Vida, Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Av. Jonh Boyd
Dunlop, s/n., 13060-904, Jardim Ipassurama, Campinas, SP, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: M.H. BERNARDO.
E-mail: <marciahespanhol@hotmail.com>.
2
Universidade de São Paulo, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Social e do Trabalho. São Paulo, SP, Brasil. 15

Estudos de Psicologia I Campinas I 34(1) I 15-24 I janeiro - março 2017


Atualmente, no Brasil, podem-se identificar Ainda que, internamente, cada uma delas inclua
posições diversificadas em relação ao trabalho hu- certa diversidade temática e teórico-metodológica,
mano como objeto da Psicologia. Frequentemente, o texto que segue busca apresentar alguns aspectos
essas posições são apresentadas como nuances de históricos relevantes que ajudaram a conformar
uma única área, que costuma ser denominada, nos essas tradições até suas características atuais, po-
campos acadêmico e profissional, como ‘Psicologia dendo ser muito útil para que elas se desenvolvam
Organizacional e do Trabalho’. e cumpram seus propósitos de forma autêntica e
Todavia, considera-se que existem enfoques autônoma.
que tomam o trabalho como objetos de pesquisas A escolha desse caminho tem como refe-
e de intervenções, por vezes, tão diversos que fazem rência as proposições de Kuhn (1987) a respeito da
com que esse agrupamento sob uma designação ciência. De acordo com o autor, o que define uma
única seja artificial e dificulte a identificação das área científica é sua história e sua prática efetiva, e
especificidades de cada uma das abordagens. Isso não regras definidas a priori, como defendem algu-
tem consequências importantes, pois, segundo mas perspectivas filosóficas, especialmente a do
Lhuilier (2014, p.5), “dependendo do sentido e do positivismo. Assim, apesar de o conceito de pa-
alcance dados a essa noção polissêmica de ‘tra- radigma ser o aspecto mais conhecido de seus
balho’, perfilam-se concepções contrastantes de ho- escritos, a importância atribuída à história da ciên-
mem e sociedade, associadas a escolhas ao mesmo cia, também uma das principais contribuições desse
tempo filosóficas e políticas”. filósofo, justifica a presente opção.
Partindo desse pressuposto, busca-se apre- No caso da Psicologia, segundo afirma Smith
sentar a seguir algumas diferenças entre duas pers- (1988), “é notório” que ela não tem “um corpo
pectivas específicas predominantes no Brasil com o unificado de conhecimentos com um núcleo comum
intuito de destacar as características de cada uma de conceitos mutuamente consistentes” (p.154),
e, assim, contribuir para o debate sobre as distintas que poderia ser definido como ‘um’ paradigma. Na
aproximações da Psicologia, enquanto ciência e verdade, essa ciência se caracteriza por ser um con-
profissão, com o mundo do trabalho. junto de paradigmas, e o que possibilita compreen-
Este estudo propõe que é fundamental tratar der esse conjunto é sua história. Latour e Woolgar
essas diferentes abordagens não como pontos de (1997) destacam, ainda, a importância de se avaliar
vista complementares sobre um mesmo objeto, mas conjuntamente o conteúdo científico e como ele é
como tradições que, historicamente, construíram produzido, tendo em vista que existe uma marca
objetos diferentes e que são, de certo modo, irredu- do contexto sobre o que é apresentado como resul-
tíveis uns aos outros. Trata-se de compreender como tado de um trabalho científico.
cada tradição se constituiu a partir dos problemas Assim, as diferenças entre as diversas ‘psi-
que elegeu enfrentar, dos compromissos que as- cologias’ abrangem seus objetos, fundamentações
sumiu e dos horizontes de possibilidades (e impos- teóricas, práticas, bem como suas concepções sobre
sibilidades) que se abrem a partir daí, isto é, suas o que é ciência e, no presente caso, sobre a tessitura
diferenças teóricas, metodológicas e ético-políticas. social na qual se dá o trabalho humano na atuali-
Certamente, as possibilidades de aproxima- dade. Disso deriva que, para entender as relações
M.H. BERNARDO et al.

ção da Psicologia com o trabalho são muitas. Mas da Psicologia com o campo do trabalho, seja no
aqui se optou por abordar, especificamente, duas âmbito da pesquisa ou da intervenção, é funda-
tradições - a ‘Psicologia Organizacional’ e a ‘Psi- mental a compreensão da história de como se
cologia Social do Trabalho’ -, tendo em vista que construíram essas relações, bem como o olhar para
ambas se ocupam de aspectos sociais do trabalho o que efetivamente se faz hoje, seja com relação à
e se destacam na produção científica nacional e produção teórica ou à prática profissional. Todavia,
nos debates a respeito da atuação profissional do tendo em vista que essa empreitada não pode ser
16 psicólogo (Conselho Federal de Psicologia, 2010). apresentada integralmente no espaço de um artigo,

Estudos de Psicologia I Campinas I 34(1) I 15-24 I janeiro - março 2017


optou-se aqui por enfatizar a mirada para a história sem constrangimentos que seu objetivo era “traçar
das duas abordagens focalizadas, trazendo apenas os esboços de uma nova ciência” que fosse “inter-
alguns elementos do contexto atual que demons- mediária entre o moderno laboratório de Psicologia
tram como essas tradições ainda permanecem fiéis e os problemas da Economia”, argumentando que
ao seu desenvolvimento histórico, ainda que, por “a experimentação psicológica deve ser siste-
vezes, de forma menos explícita. maticamente colocada a serviço do comércio e da
indústria” (Braverman, 1987, p.126, grifo nosso).
Bem ao espírito que imperava em sua época,
Trajetórias das diferentes aproximações Münstenberg buscava utilizar técnicas experimen-
da Psicologia com o Trabalho tais que possibilitavam à Psicologia atribuir-se o
status de ciência. O autor partia do princípio de
Sem ter a pretensão de apresentar ‘a’ história
que a industrialização seria a “alavanca de desen-
da relação da Psicologia com o Trabalho, foram
volvimento econômico e social” e, de acordo com
selecionados alguns elementos relevantes que
Spink (1996), ele não levava em conta as conse-
ajudam a compreender como, historicamente, as
quências que esse desenvolvimento poderia trazer
formas como cada um desses enfoques se rela-
para a sociedade e tampouco questionava as
cionou com o trabalho, com os trabalhadores e com
relações sociais que produzia.
as gerências demarcam características suficien-
temente distintas para poder considerá-los como Suas primeiras publicações focalizavam jus-
uma única área. tamente a seleção de pessoal e indicavam com
clareza qual era o propósito dessa nova atividade
da Psicologia científica. O argumento era que o psi-
As raízes da Psicologia Organizacional
cólogo teria um papel relevante tanto para o empre-
desenvolvida no Brasil: a aproximação
gador, como para o empregado, ao encontrar o lu-
com as demandas gerenciais
gar mais adequado às capacidades de cada tra-
balhador. Spink (1996) ressalta que, nesse tipo de
Ainda que o foco deste estudo seja o con- entendimento da sociedade, não se colocavam pro-
texto brasileiro, entende-se que a Psicologia Organi- blemas éticos para a atuação do psicólogo, pois
zacional desenvolvida no país tem sua história es- “qualquer possível tensão entre os valores do psi-
treitamente relacionada com a literatura interna- cólogo e o novo campo em expansão foi aliviada
cional. É por isso que se inicia com uma apresen- por uma ideologia profissional e gerencial voltada
tação mais geral. à importância da satisfação pessoal para o indivíduo

DISTINTAS APROXIMAÇÕES ENTRE PSICOLOGIA E TRABALHO


Há um consenso (Braverman, 1987; Malvezzi, alocado num posto de trabalho que seria o melhor
1999; Spink,1996; Zanelli & Bastos, 2004) de que para suas habilidades” (p.179).
o primeiro psicólogo a escrever sistematicamente Münstenberg abriu, assim, um novo campo
sobre o tema trabalho foi Hugo Münstenberg. Seu de atuação para a Psicologia junto às gerências. E,
livro intitulado “Psicologia e eficiência industrial” vale dizer, ainda nos tempos atuais, a seleção de
costuma ser considerado “o primeiro esboço siste- pessoal é uma das principais atividades exercidas
mático da Psicologia Industrial” (Braverman, 1987, pela Psicologia Organizacional. Malvezzi (1999)
p.126). também afirma que a história da inserção da Psico-
Esse livro foi lançado na Alemanha em 1912 logia no campo do trabalho “revela uma trajetória
e publicado em inglês no ano seguinte (Braverman, de interdependência com as necessidades, valores
1987), momento em que a concepção positivista e expectativas do processo de industrialização”
dominava o campo científico, e a economia capita- (p.313). E pode-se acrescentar que, tendo sua
lista, baseada na produção em série nas grandes origem no período de expansão industrial, ela nasce
fábricas, estava em franca expansão. Foi esse con- com o propósito de atender às necessidades colo-
texto que possibilitou que Münstenberg afirmasse cadas por tal setor. Por isso, a denominação desse 17

Estudos de Psicologia I Campinas I 34(1) I 15-24 I janeiro - março 2017


enfoque que predominou por décadas em diversos trabalho” (p.37). Em uma perspectiva semelhante,
países foi “Psicologia Industrial” (Sampaio, 1998). Huczynski (1993) conclui que a Escola de Relações
Posteriormente, a inserção da Psicologia no Humanas, fundada por Mayo, representa, na verda-
campo do trabalho ampliou-se, mas manteve a de, apenas “uma mudança nas táticas gerenciais
proximidade com a perspectiva gerencial. Os famo- em vez de alguma transformação fundamental nos
sos e polêmicos experimentos de Elton Mayo, reali- objetivos” do trabalho (p.16).
zados na década de 1920, compõem um dos ele- Assim, se Münstenberg teve grande influên-
mentos históricos mais determinantes para essa cia no desenvolvimento inicial da Psicologia que,
ampliação. A partir deles, a Psicologia começava a até os dias atuais, se ocupa da seleção de pessoal,
incluir as relações interpessoais no local de trabalho as ideias de Mayo fundamentaram várias correntes
entre seus objetos de interesse, filiando-se à cha- que se desenvolveram posteriormente com foco nas
mada “Escola de Relações Humanas”. É relevante relações interpessoais no trabalho, permitindo
destacar que o discurso de Mayo era o de que bus- ampliar consideravelmente as possibilidades de
cava recuperar o lado humano e social do trabalho, atuação de psicólogos junto à gestão de empresas.
perdido com o tecnicismo e o individualismo dos Huczynski (1993) cita autores proeminentes, tais
modelos de organização do trabalho predominantes como Maslow, Likert e Argyris, como exemplos
na época. Ele salientava a importância dos senti- dessa influência e os inclui em uma mesma corrente
mentos e das relações humanas dos trabalhadores descendente das ideias de Mayo, que denomina
entre si e com os gerentes. Neo-Human Relations. Essa trajetória indica que,
Mas essa “humanização” desconsiderava os em tal perspectiva, não caberiam ao psicólogo
efeitos da atividade laboral propriamente dita sobre muitos questionamentos sobre as relações de tra-
os trabalhadores. A proposta era, basicamente, balho para além das dinâmicas grupais tomadas em
aplicar técnicas que promovessem relações sociais si mesmas. O contexto social mais amplo em que
mais amigáveis no local de trabalho, elevando a elas ocorrem, por sua vez, acaba sendo tratado
“motivação dos assalariados” (Seligmann-Silva, “quase como um fenômeno natural” (Bernardo,
2011), sem mudar o ambiente material ou a orga- Sousa, Pinzón, & Souza, 2015) e, portanto, não pas-
nização dos processos de trabalho. Por isso, essa sível de intervenção.
abordagem sofreu e vem sofrendo severas críticas. Esse breve apanhado histórico mostra que a
Prilleltensky (1994), por exemplo, afirma que Mayo relação dessa vertente da Psicologia com o mundo
tinha “a convicção de que relações humanas coope- do trabalho nasceu e se consolidou pela sua prática
rativas entre trabalhadores e empresários eram a vinculada às necessidades gerenciais de cada época,
chave para a produtividade e a tranquilidade indus- “trabalhando a partir do pressuposto de que estão
trial” (p.132). Assim, “promoveu a técnica através simplesmente oferecendo um serviço apolítico que
da qual os administradores seriam capazes de con- irá atingir favoravelmente proprietários e trabalha-
quistar a confiança dos trabalhadores e prevenir os dores por igual” (Prilleltensky, 1994, p.148).
conflitos nas indústrias” (p.132). Parece não haver dúvidas de que tais ca-
Seligmann-Silva (2011) ressalta que, apesar racterísticas foram decisivas na conformação da
de ser diferente na aparência, essa proposta apenas Psicologia Organizacional tal qual é conhecida hoje.
M.H. BERNARDO et al.

complementa os princípios de organização da pro- Não se pode afirmar que ela seja a mesma desde a
dução fundamentados no taylorismo e o modelo sua origem, pois, certamente, em mais de um século
de seleção de pessoal de Münstenberg. Enquanto de existência, ocorreram inúmeras transformações
estes traçam “o caminho da disciplinarização plane- e adaptações em suas práticas e concepções. Na
jada, a psicossociologia, que se apoia nas ideias de atualidade, observa-se a inclusão de outros temas,
Mayo e seus seguidores, procura garantir a suavi- tais como qualidade de vida no trabalho, clima or-
zação e a dissimulação das coerções embutidas nas ganizacional, cultura organizacional, liderança, equi-
18 formas de gerenciar e estruturar a organização do pes de trabalho, análise de competências,

Estudos de Psicologia I Campinas I 34(1) I 15-24 I janeiro - março 2017


empreendedorismo (Bendassolli, Borges-Andrade, e o objetivo de fornecer ferramentas de gerência,
& Malvezzi, 2010; Zanelli, 2002). Também vale des- sem envolver mudanças nas metas produtivas, no
tacar que a ideia de ‘organizações’ é utilizada para ritmo de trabalho ou no modelo técnico do processo
indicar que o foco não é mais apenas a empresa produtivo e, muito menos, na assimetria de poder
privada (Associação Brasileira de Psicologia Orga- entre trabalhadores e gerência (Padilha, 2010).
nizacional e do Trabalho, 2009; Zanelli, 2002, p.26), Assim, a modificação discursiva observada não pare-
mas diferentes “formatos organizacionais” (Silva, ce refletir uma transformação essencial nos pres-
2008, p.22), construídos por meio do compartilha- supostos que caracterizaram a Psicologia Organi-
mento de valores e visões de mundo a fim de orien- zacional ao longo de sua história, com práticas e
tar o comportamento no contexto de trabalho. produções teóricas essencialmente vinculadas à
Apesar dessa ampliação do foco, parece persistir o gestão.
alinhamento com a gerência, ainda que tal proxi-
midade não seja mais explicitada de forma tão direta As raízes da Psicologia Social do Trabalho:
como o fez Münstenberg. a aproximação com os movimentos de
Com relação ao contexto brasileiro, o que trabalhadores
se nota é que a Psicologia Organizacional produzida
mantém uma proximidade com o que é realizado Se, no apanhado histórico da Psicologia
em outros países, especialmente os de língua in- Organizacional sintetizado acima, partiu-se do con-
glesa, o que se pode observar em livros de referência texto internacional, aqui, o foco é essencialmente
da área, como Zanelli, Borges-Andrade e Bastos o Brasil. Deve-se assinalar que a Psicologia Social
(2007) e Borges e Mourão (2013), bem como em do Trabalho desenvolveu-se em um período bem
artigos publicados em revistas brasileiras de Psi- mais recente e assumiu características marcada-
cologia. mente locais no país. Apesar disso, sua história está
É importante destacar que, em um manifesto em consonância com um movimento mais geral e
publicado no sitio eletrônico da Sociedade Brasileira internacional da Psicologia Social, sobretudo aquela
de Psicologia Organizacional e do Trabalho inti- desenvolvida na América Latina.
tulado “Psicologia do trabalho e das organizações: Inicialmente, deve-se dizer que apenas a de-
não atuamos pela cisão”, é afirmado que “aqueles nominação Psicologia Social do Trabalho (vale
que atuam com tais objetos [os da Psicologia Orga- sinalizar que outra denominação também em uso,
nizacional], por serem historicamente alvos de ‘Psicologia Social Crítica do Trabalho’, seria igual-

DISTINTAS APROXIMAÇÕES ENTRE PSICOLOGIA E TRABALHO


críticas, talvez sejam os que mais incorporaram tais mente adequada) não é suficiente para definir o
críticas, aproveitando-as de modo frutífero para enfoque discutido neste artigo, tendo em vista que
repensar seus princípios, valores, teorias e métodos” a Psicologia Social também se caracteriza pela diver-
(Associação Brasileira de Psicologia Organizacional sidade de perspectivas epistemológicas e políticas,
e do Trabalho, 2009, p.1). Esse esforço para repensar além de não se configurar como um ramo da Psi-
a área a partir das críticas pode ser encontrado, cologia que tenha um campo claramente delimitado
por exemplo, em Bastos, Yamamoto e Rodrigues para a prática profissional (Montero, 2011). Ainda,
(2013). Também não é incomum que artigos e livros a própria Psicologia Organizacional, em muitos
dessa vertente partam, inclusive, de uma crítica com casos, apoia-se decisivamente em certas tradições
relação ao modelo social vigente. A recorrente epistemológicas da Psicologia Social, como mostram
referência a aspectos psicossociais do trabalho ou Bendassolli et al. (2010).
à qualidade de vida dos trabalhadores parece tam-
No entanto, o presente estudo mantém a
bém evidenciar essa mudança discursiva. denominação Psicologia Social do Trabalho para
Entretanto, o que se vê é que ainda predo- marcar a ênfase dessa vertente no não-individualis-
mina a ideia de neutralidade do psicólogo - criticada mo e para expressar um convite de retorno à Psi-
por autores como, por exemplo, Prilleltensky (1994) -, cologia Social de caráter mais crítico, não alinha- 19

Estudos de Psicologia I Campinas I 34(1) I 15-24 I janeiro - março 2017


da às demandas gerenciais. Cabe, então, apresentar sionada pela contestação da situação de opressão
aspectos relevantes dessa história com vistas a sofrida pelos povos da região (Lima, Ciampa, & Al-
delimitá-la, iniciando-a com a própria Psicologia meida, 2009).
Social. Já no Brasil, a Psicologia Social teve origem
Farr (2004) lembra que, historicamente, as a partir da vertente americana. Entretanto, segundo
primeiras publicações identificadas como Psicologia Lima (2010), posteriormente, ela sofreu influência
Social também datam do período em que o posi- das correntes contra-hegemônicas, por meio das
tivismo era hegemônico. Sua história, especial- quais foi possível elaborar propostas diferenciadas
mente, nos Estados Unidos, é marcada por estudos que levaram ao desenvolvimento de uma Psicologia
experimentais voltados para mudanças de atitudes, Social Crítica também aqui.
contribuindo para o desenvolvimento de meca- Essas breves considerações esclarecem a
nismos de controle sobre grupos humanos. perspectiva a partir da qual se constrói a Psicologia
Contudo, nas décadas de 1960 e 1970, em Social do Trabalho no Brasil. Ela se desenvolveu
diversos países, passou a haver um questionamento orientada por uma Psicologia Social de cunho so-
mais enfático desse referencial teórico-metodo- ciológico, que propõe a reflexão acerca das conse-
lógico e uma aproximação da Psicologia Social a quências políticas de sua produção acadêmica, bem
enfoques sociológicos críticos com relação ao sis- como das intervenções realizadas pelos pro-
tema social vigente e suas iniquidades. Nesse pe- fissionais.
ríodo, congressos realizados por órgãos de repre-
Sato (2010) lembra que, já na década de
sentação da Psicologia Social na América Latina
1970, é possível identificar estudos que utilizam um
consolidaram-se como espaços de discussão sobre
enfoque semelhante para analisar o trabalho. Eles
a possibilidade de uma Psicologia Social voltada para
foram realizados por psicólogos sociais que não
as condições específicas dos países latino-ameri-
eram “especialistas” nessa temática, mas que as-
canos (Montero, 2011). Assim, conquista-se o re-
sumiam uma análise crítica das questões sociais e
conhecimento do caráter político das práticas psi-
tinham os problemas humanos no trabalho entre
cológicas a partir do desenvolvimento de uma
Psicologia Social “Crítica”. De acordo com Montero seus objetos de investigação. Trata-se de estudos
(2011), importantes, no âmbito da Psicologia, que focali-
zaram o universo social, os valores, as trajetórias e
A Psicologia Social Crítica teve seu início no
as aspirações de trabalhadores das classes popu-
fim dos anos 60, quando alguns psicólogos
lares, em ambos os gêneros. A autora destaca tra-
sociais na Europa e EUA buscavam produzir
formas de conhecer e interpretar a sociedade
balhos como os de Carvalho (1981), com operários,
que permitissem trabalhar de maneira efetiva de Mello (1988), com empregadas domésticas, e
sobre os problemas que a afligiam. Foi tam- de Rodrigues (1978), com operários e funcionários
bém quando, na América Latina, começava públicos, que focalizam a vivência de trabalho e a
a existir um inconformismo com uma psico- condição de trabalhadores na sociedade hierar-
logia acadêmica incapaz não só de solu- quizada. Entre as referências mais importantes que
cionar problemas sociais, mas até mesmo de consolidam as bases históricas da Psicologia Social
reconhecê-los como objeto de estudo. Nesse
M.H. BERNARDO et al.

do Trabalho, também estão os diversos estudos


período, a obra transformadora e crítica de empreendidos por Peter Spink, desde a década de
Paulo Freire, assim como os trabalhos ino- 1970, sobre aspectos psicossociais que envolvem o
vadores da Sociologia Crítica, já faziam sentir trabalho. Esses estudos abordam o trabalho como
suas conquistas (p.90). um fenômeno genuinamente psicossocial, e seus
Portanto, a construção da identidade política objetos de pesquisa não derivam dos problemas
dos psicólogos sociais latino-americanos foi atra- apresentados aos gestores em sua prática. Talvez
20 vessada por seu compromisso com a práxis, impul- por isso, a maior parte desses autores tenham se

Estudos de Psicologia I Campinas I 34(1) I 15-24 I janeiro - março 2017


mantido afastados das denominações de Psicologia Em síntese, é possível dizer que uma das
Organizacional/Industrial ou mesmo de Psicologia características do desenvolvimento histórico do
do Trabalho. enfoque da Psicologia Social do Trabalho é que ela
sempre buscou tomar o trabalho como um
É a partir do final da década de 1980, após
fenômeno psicossocial, encarado de modo crítico,
a chamada crise da Psicologia Social (Montero,
complexo e determinado pelas relações de poder
2011), das intensas críticas à Psicologia Organiza-
que configuram o contexto social mais amplo. Desse
cional (Figueiredo, 1989) e da consolidação dos
modo, os pesquisadores e profissionais que adotam
campos da Saúde do Trabalhador (Sato, Lacaz, &
essa perspectiva assumem como base o caráter
Bernardo, 2006) e da Economia Solidária (Oliveira,
histórico, heterogêneo, contraditório e conflituoso
Esteves, Bernardo, & Sato, 2015) no Brasil, que estu-
da relação capital-trabalho, entendendo que, com
dos críticos de psicólogos sociais sobre o trabalho
esse posicionamento, dificilmente seria possível
passam a ter uma expressividade numérica. Em atuar ao lado da gerência (Bernardo et al., 2015).
1998, por exemplo, começou a ser editado um pe- As intervenções a partir desse enfoque têm sido,
riódico específico, denominado “Cadernos de Psico- então, direcionadas a contribuir com a transforma-
logia Social do Trabalho”. Em seu primeiro editorial, ção das condições de exploração dos trabalhadores
afirma-se que, para compreender e equacionar os em campos de atuação bastante diferentes das
problemas presentes no mundo do trabalho, empresas tradicionais, tais como sindicatos, as-
... é necessário recorrer a uma Psicologia que sociações, cooperativas populares, empresas auto-
incorpore questões relativas à constituição gestionárias, os serviços de saúde do trabalhador
dos sujeitos sociais, a partir de uma com- na saúde pública etc. (Bernardo et al., 2015).
preensão que permita reconhecer o papel Também vale destacar que algumas formas de
do contexto na conformação de relações, inserção dos indivíduos no trabalho pouco
de visões de mundo, de criação de estra- abordadas pela Psicologia Organizacional são caras
tégias e táticas que fazem os “modos de à Psicologia Social do Trabalho, como o desem-
andar a vida”, como nos fala Canguilhem prego, o trabalho informal e o trabalho rural.
(Sato & Oliveira, 1998, p.VII). Com relação ao contexto mais recente, po-
É interessante observar que, da mesma for- de-se observar, nos últimos anos, um crescente
ma como ocorreu com a Psicologia Organizacional, número de publicações em revistas de Psicologia
a intervenção e a pesquisa também mantiveram que assumem essa perspectiva. Seu foco, em geral,
são os processos de subjetivação de trabalhadores

DISTINTAS APROXIMAÇÕES ENTRE PSICOLOGIA E TRABALHO


uma relação intrínseca ao longo da história da Psi-
cologia Social do Trabalho. No entanto, se aquela em variados contextos, partindo da análise do coti-
nasceu como uma prática profissional em um mo- diano e da perspectiva dos próprios sujeitos, toman-
mento de intensificação da industrialização e inti- do como pano de fundo a assimetria de poder no
mamente ligada às demandas colocadas pela gestão campo do trabalho, bem como as práticas de resis-
tências dos trabalhadores. Observa-se que, com fre-
de empresas, a Psicologia Social do Trabalho tem
quência, tais publicações não se furtam a criticar
sua origem em um momento histórico de abertura
fortemente os modelos gerenciais predominantes
política no Brasil, quando os preceitos capitalistas
na atualidade, relacionando-os com as caracterís-
passam a ser fortemente criticados. Desse modo,
ticas e os interesses do capitalismo. Muitos também
os pesquisadores conheceram o trabalho a discutem a necessidade de mudanças estruturais
partir do olhar e das vivências dos trabalha- na sociedade visando à superação da relação desi-
dores e se envolveram nas lutas destes últi- gual entre capital e trabalho. Tais estudos estão,
mos, seja no enfrentamento do desempre- assim, em consonância com a afirmação de Gardiner
go, na negociação em prol da saúde dos (2000), que, ao destacar a importância de se obser-
trabalhadores ou na tentativa de viabilização var o cotidiano nos estudos sociais, lembra que é
da autogestão (Oliveira et al., 2015). preciso se preocupar em analisar “as relações de 21

Estudos de Psicologia I Campinas I 34(1) I 15-24 I janeiro - março 2017


poder assimétricas que existem entre um dado sis- aos diferentes elementos?” (p.93); “Por que as pes-
tema burocrático ou institucional e seus usos” (p.7). soas que sofrem injustiça e opressão não atuam
mais ativamente para transformar a sua situação?”
(p.94) e “Como se manifestam as formas de resis-
Por que linhas paralelas, afinal? tência às situações de desigualdade?” (p.94).
Esse tipo de indagação que visa à compreen-
O já citado manifesto da Associação Brasi-
são das situações de desigualdade e à sua superação
leira de Psicologia Organizacional e do Trabalho
não parece ter sentido no âmbito de atuação junto
(2009) visava argumentar em favor da compreensão
à gestão do trabalho (especialmente em empresas
do conjunto de todos os enfoques da Psicologia
privadas), que tem sido o foco da Psicologia Orga-
que têm como objeto o trabalho como sendo uma
nizacional ao longo de sua história, pois o poder na
única área do conhecimento ou campo de atuação.
‘gestão de pessoas’ sustenta-se justamente pela
Entretanto, neste ensaio, buscou-se mostrar que
desigualdade e assimetria, ainda que, muitas vezes,
existem, pelo menos, duas abordagens da Psicologia
associado ao discurso de participação e autonomia
que se constituíram historicamente em linhas para-
(Bernardo, 2009). Por outro lado, essas indagações
lelas e assim se mantêm até a atualidade.
fazem total sentido para uma Psicologia que parte
Apesar de tanto a Psicologia Organizacional da crítica ao modelo social de trabalho vigente na
como a Psicologia Social do Trabalho não serem in- atualidade, como tem sido o caso da Psicologia So-
ternamente homogêneas, o processo histórico de cial do Trabalho.
constituição de cada uma delas, bem como sua Assim, a divulgação da ideia de que existe
expressão atual, permitem identificar poucos pontos um campo unificado de uma “Psicologia do Tra-
em comum entre ambas. Basicamente, compar- balho e das Organizações” - incluindo todo tipo de
tilham apenas o fato vago de focalizarem alguma pesquisa e atividade profissional, desde aquelas
dimensão da existência humana no trabalho em relacionadas à gestão de pessoas até as que criticam
suas pesquisas e intervenções. Já os objetos, proble- radicalmente os modelos de trabalho no sistema
mas, compromissos e horizontes de possibilidades capitalista -, parece servir apenas para borrar as fron-
apontam abordagens muito distintas. teiras entre as diferentes abordagens da Psicologia
Pode-se indagar, então, como identificar com relação ao trabalho.
quando se trata de um ou outro enfoque. Montero Já a explicitação das diferenças históricas e
(2011), ao apresentar a Psicologia Social Crítica atuais com relação à Psicologia Organizacional e a
latino-americana, ajuda a pensar em respostas. Ela Psicologia Social do Trabalho (certamente, há
afirma que uma maneira de identificar se uma outras), possibilita demarcar as diferenças entre duas
perspectiva da Psicologia pode ser classificada como perspectivas tão contrastantes desde seus primór-
“crítica” ou não “é destacar quais são os aspectos dios até a atualidade. Entende-se que essa delimi-
que constituíram sua preocupação e para os quais tação não é uma proposta de cisão, visto que, con-
dirigiu suas ações” (p.92). Para tal, a autora apre- forme foi apresentado neste artigo, nunca houve
senta algumas “perguntas básicas” a serem respon- uma unicidade entre tais vertentes. Também não
didas. Apesar de não estar se referindo especifi- cabe realizar julgamentos de valor, classificando
camente à relação da Psicologia com o trabalho, é uma como melhor do que a outra. Compreende-se
M.H. BERNARDO et al.

interessante destacá-las, pois parecem também pos- que essa diferenciação é importante tão somente
sibilitar a delimitação dos dois enfoques discutidos para que profissionais e pesquisadores da Psicologia
neste artigo. São elas: “Quais são as origens psi- tenham clareza da diversidade de objetos de estudo,
cossociais das situações de desigualdade e de opres- referenciais teóricos, propostas metodológicas e
são?” (p.92); “Como se produzem as mudanças posicionamentos políticos que envolvem as pes-
sociais e psicossociais?” (p.93); “Quais são os signi- quisas ou as intervenções relacionadas ao mundo
ficados que dão os diferentes atores sociais imersos do trabalho e, assim, possam definir com tranqui-
22 em um mesmo problema social a esse problema e lidade qual caminho querem traçar.

Estudos de Psicologia I Campinas I 34(1) I 15-24 I janeiro - março 2017


Colaboradores Huczynski, A. (1993). Management gurus. London:
Routledge.
Todos os autores contribuíram na concepção e Kuhn, T. S. (1987). A estrutura das revoluções científicas.
desenho do estudo, análise de dados e redação final. São Paulo: Perspectiva.
Latour, B., & Woolgar, S. (1997). A vida de laboratório.
Rio de Janeiro: Relume.
Referências Lhuilier, D. (2014). Introdução à psicossociologia do
trabalho. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho,
Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do 17(N. Esp.1), 5-19.
Trabalho. (2009). Psicologia do trabalho e das Lima, A. F. (2010). Gênese, desenvolvimento e redefinição
organizações: não atuamos pela cisão. Recuperado da psicologia social: da separação epistemológica ao
em janeiro 15, 2012, de http://www.sbpot.org.br/ compromisso com a práxis. Revista Psicologia e Saúde,
sbpot2/pdf/ manifesto_psicologia-do-trabalho-e- 2(1), 72-79.
organizacoes_SBPOT.pdf Lima, A. F., Ciampa, A. C., & Almeida, J. A. M. (2009). A
Bastos, A. V. B., Yamamoto, O. H., & Rodrigues, A. C. A. psicologia social como psicologia política? A proposta
(2013). Compromisso social e ético: desafios para a de psicologia social crítica de Sílvia Lane. Psicologia
atuação em psicologia organizacional e do trabalho. Política, 9(18), 223-236.
In L. O. Borges & L. Mourão (Orgs.), O trabalho e as Malvezzi, S. (1999). Psicologia organizacional: da
organizações: atuações a partir da Psicologia administração científica à globalização, uma história
(pp.25-52). Porto Alegre: Artmed. de desafios. In C. G. Machado, M. Melo, V. Franco, &
Bendassolli, P. F., Borges-Andrade, J. E., & Malvezzi, S. N. Santos (Orgs.), Interfaces da Psicologia. In Actas
(2010). Paradigmas, eixos temáticos e tensões na PTO do Congresso Internacional “Interfaces da Psicologia”
no Brasil. Estudos de Psicologia (Natal), 15(3), 281-289. (Vol.2, pp.313-326). Évora: Universidade de Évora.
Bernardo, M. H. (2009). Discurso flexível, trabalho duro: Mello, S. L. (1988). Trabalho e sobrevivência: mulheres
o contraste entre a vivência de trabalhadores e o no campo e na periferia. São Paulo: Ática.
discurso de gestão empresarial. São Paulo: Expressão Montero, M. (2011). Ser, fazer, parecer: crítica e libertação
Popular. na América Latina. In R. S. L. Guzzo & Lacerda Júnior,
Bernardo, M. H., Sousa, C. C., Pizón, J. H., & Souza, H. F. (Orgs.), Psicologia social para América Latina: o
A. (2015). A práxis da psicologia social do trabalho: resgate da psicologia da libertação. Campinas: Alínea.
reflexões sobre possibilidades de intervenção. In M. Oliveira, F., Esteves, E. G., Bernardo, M. H., & Sato, L.
C. Coutinho, O. Furtado, & T. R. Raitz (Orgs.), Psico- (2015). Psychologie Sociale du Travail: rencontres entre
logia social e trabalho: perspectivas críticas (pp.16-39). recherche et intervention. Bulletin de Psychologie,
Florianópolis: Abrapso. Tome 68(2), 536.
Borges, L. O., & Mourão, L. (2013). O trabalho e as orga- Padilha, V. (2010). Qualidade de vida no trabalho num
nizações: atuações a partir da psicologia. Porto Alegre: cenário de precarização: a panaceia delirante. Tra-
Artmed. balho, Educação e Saúde, 7(3), 549-563.

DISTINTAS APROXIMAÇÕES ENTRE PSICOLOGIA E TRABALHO


Braverman, H. (1987). Trabalho e capital monopolista: a Prilleltensky, I. (1994). Morals and politics of Psychology:
degradação do trabalho no século XX. Rio de Janeiro: Psychological discourse and the status quo. Albany:
Guanabara Koogan. State University of New York.
Carvalho, M. C. R. G. (1981). Fábrica: aspectos psico- Rodrigues, A. M. (1978). Operário, operária. São Paulo:
lógicos do trabalho na linha de montagem (Dissertação Símbolo.
de mestrado não-publicada). Universidade de São
Paulo. Sampaio, J. R. (1998). A Psicologia do trabalho em três
faces. In I. B. Goulart & J. Sampaio (Orgs.), Psicologia
Conselho Federal de Psicologia. (2010). Psicologia crítica do trabalho e gestão de recursos humanos: estudos
do trabalho na sociedade contemporânea. Brasília: contemporâneos. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Autor.
Sato, L. & Oliveira, F. (1998) Apresentação. Cadernos de
Farr, R. M. (2004). As raízes da Psicologia social moderna. Psicologia Social do Trabalho, 1(1), VII-VIII.
Petrópolis: Vozes.
Sato, L. (2010). Psicologia, saúde e trabalho: distintas
Figueiredo, M. A. C. (1989). O trabalho alienado e o psi- construções dos objetos “trabalho” e “organizações”.
cólogo do trabalho: algumas questões sobre o papel In Conselho Federal de Psicologia. Psicologia crítica
do psicólogo no controle da produção capitalista. São do trabalho na sociedade contemporânea. Brasília:
Paulo: Edicon. Conselho Federal de Psicologia.
Gardiner, M. E. (2000). Critiques of everyday life. London: Sato, L., Lacaz, F. A. C., & Bernardo, M. H. (2006). Psi-
Routledge. cologia e saúde do trabalhador: práticas e investi- 23

Estudos de Psicologia I Campinas I 34(1) I 15-24 I janeiro - março 2017


gações na Saúde Pública de São Paulo. Estudos de Zanelli, J. C., & Bastos, A. V. B. (2004). Inserção profissional
Psicologia (Natal), 11(3), 281-288. do psicólogo em organizações e no trabalho. In J. C.
Seligmann-Silva, E. (2011). Trabalho e desgaste mental: Zanelli, J. E. Borges-Andrade, & A. V. B. Bastos (Orgs.),
o direito de ser dono de si mesmo. Rio de Janeiro: Psicologia, organizações e trabalho. Porto Alegre:
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Artmed.
Silva, N. (2008). A organização como um fenômeno Zanelli, J. C. (2002). O psicólogo nas organizações de
socialmente construído. In J. C. Zanelli & N. Silva. Inte- trabalho. Porto Alegre: Artmed.
ração humana e gestão: a construção psicossocial das
organizações de trabalho. São Paulo: Casa do Psi- Zanelli, J. C., Borges-Andrade, J. E., & Bastos, A. V. B.
cólogo. (2007). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil.
Porto Alegre: Artmed.
Smith, R. (1988). Does the history of psychology have a
subject? History of the Human Sciences, 1(2), 147-177.
Spink, P. K. (1996). Organização como fenômeno psi- Recebido: dezembro 15, 2014
cossocial: notas para uma redefinição da psicologia Versão final: julho 16, 2015
do trabalho. Psicologia & Sociedade, 8(1), 174-192. Aprovado: outubro 2, 2015
M.H. BERNARDO et al.

24

Estudos de Psicologia I Campinas I 34(1) I 15-24 I janeiro - março 2017

Você também pode gostar