Referência: Tabagismo. Por Tarso Coelho, em 2023/01/17.
Se na década de 70 fumar era moda e coisa de grã-fino, hoje, graças ao empenho da
comunidade médica, aliada à casta política, a prática tornou-se quase proibitiva no Brasil. Refiro-me aqui às leis antitabagistas, um conjunto de normas sociais, em vigor desde 2011, que restringem o acesso e o consumo de produtos à base de tabaco. Tais leis contudo, à primeira vista benéficas, atentam gravemente contra as liberdades individuais. A ciência nasce na Grécia como um ideal de conhecimento perfeito, percorre os séculos, e chega à modernidade representado numa ideia de instituição social, isto é, a comunidade acadêmica. Porém, ao passo que admite o seu carácter falseável e transitório, impugnando teses passadas e propondo novas, se apressa também em cristalizar em lei toda e qualquer descoberta recente, avançando contra hábitos socialmente consolidados. É o que tem acontecido no caso da luta contra o tabaco. Se noutros tempos a religião e as ideologias serviram de camisa de força ao Estado contra a população, hoje a ciência ocupa este lugar. Acontece que, a pretexto de cuidar da saúde geral e acomodar tensões entre fumantes e não fumantes, as leis antitabagistas escondem o seu carácter eminentemente corretivo e moralizante. A questão é, devemos permitir que o Estado proíba todo comportamento humano potencialmente danoso a saúde? Se admitirmos que sim, dentro em breve ginástica pela manhã será obrigatória, aos moldes da distopia orwelliana, e amontoar-se-ão os despojos de chocolate confiscados do tráfico ilegal. Portanto, face ao estado de coisas atual, uma solução é torna-se imperativa. Para tanto, é preciso que o Estado recue em leis tabagistas com carácter corretivo e moralizador, permitindo que as pessoas escolham livremente que hábitos perpetuar, a despeito de eventuais males a saúde que só a elas dizem respeito. Estas leis são, a saber, o preço mínimo de venda no varejo e a proibição de fumódromos em estabelecimentos privados. ,