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(D3600)
Programa de Trabalhos
Orientadores científicos:
Endereço luana.lobato@ubi.pt
eletrónico
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2. PROGRAMA DE TRABALHOS
RESUMO
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2.1 - INTRODUÇÃO
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da refexão do texto De Outros Espaços1, escrito por Michel Foucault, onde ele
apresenta o conceito de heterotopia e faz reflexões sobre a mesma,
metaforizando os espaços simbólicos e físicos ao longo da história da nossa
sociedade. Focault problematiza em particular a heterogeneidade do espaço
contemporâneo, e é este que nos interessa pesquisar. Quanto as heterotopias,
Focault argumenta que podem unir múltiplos espaços incompatíveis entre si,
Heterotopias podem conectar diferentes períodos de tempo; Heterotopias são
locais separados da sociedade e com regras limitando a entrada e saída;
Heterotopias têm uma função relacionada ao espaço ao redor. Neste sentido,
partimos da hipótese de que os espaços urbanos, retratados por meio da
fotografia expandida, diferem daqueles que a visão humana reconhece
imediatamente, por isso, denominamos de espaços outros.Podem ser estes
espaços criados, heterotópicos?
A partir da leitura deste texto e em contato com diferentes métodos e
possibilidades de produção de imagens subjetivas, surge a necessidade e
curiosidade por entender como processos fotográficos artesanais em diálogo
com diferentes mídias podem criar espaços outros no contexto urbano da
cidade. A cidade, se configura como um emaranhado de espaços complexos,
territórios heterogêneos, permeado por espaços físicos, subjetivos, simbólicos
e esquecidos. Qual o papel da fotografia expandida no registro e possível co-
criação destes espaços?O que queremos, ao fotografar a cidade?
Em "Des Espaces Autres" ("De Outros Espaços"), Foucalt (1984) diz que:
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Conferência proferida no Cercle d'Études architecturales em 14 de março de 1967, e publicada
originalmente em Architecture, Mouvement, continuité, n.5, outubro 1984, p.46-9.
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as utopias e estes posicionamentos absolutamente outros; as
heterotopias, haveria, sem dúvida, uma espécie de experiência mista,
mediana, que seria o espelho”. (Foucault, 1984, p. 415).
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Heterotopias capazes de conectar diferentes períodos de tempo e tendo o
conceito de fotografia expandida como propositora na modificação das relações
espaço-temporais, ressaltando seu caráter mediador e criador, capaz de
elaborar outras cronologias e planos espaciais para a cidade, propomos
nomear os laboratórios de investigação de Laboratórios Heterotópicos.
Quando utilizamos o conceito de espaço, é preciso levar em consideração a
seguinte reflexão de Focault:
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sazonalidade de pessoas2, entendendo que os Laboratórios possam gerar um
vínculo afetivo com a cidade e por consequência, propor novos lugares de
partilha e bem comum, mesmo que efêmeros.
As propostas dos Laboratórios Heterotópicos, buscarão abordar
conceitos e discussões sobre a ontologia da imagem, o instantâneo versus o
processual na fotografia, a autoria individual em contraste com a coletiva, a
objetividade frente à subjetividade e a realidade versus ficção na imagem. O
projeto entende que é necessário contribuir para o desenvolvimento das
dinâmicas sociais e locais, fortalecendo a relação da cidade com seus
habitantes por meio da Arte.
Dentro do conceito de fotografia expandida, devem ser considerados
todos os possíveis tipos de manipulação da imagem e de interferência nos
procedimentos fotográficos, para este projeto, utilizaremos experimentações
fotográficas com câmeras pinhole3, câmeras escuras4, e possivelmente, alguns
processos fotoquímicos ainda por eleger, à priore, a cianotípia e antotipia. A
intenção é articular estas técnicas com o uso de outras mídias digitais, daí o
conceito de fotografia expandida.
O projeto estético desta vertente da fotografia é exatamente a busca da
diversidade sem limites e da multiplicidade de procedimentos, buscando novas
formas de conhecimento, onde o mundo passa a ser entendido como uma
trama complexa e instável. (Gouvea,2003).
Entendendo que todas as imagens produzidas e criadas acabam sendo
depositadas na rede virtual, também se questionará e invetigará sobre a
inversão de uma imagem artesanalmente produzida, em uma imagem digital.
Nesta cultura altamente tecnológica, não somos apenas consumidores de
media e de imagens, mas também criadores de conteúdos imagéticos e
mediáticos (Burgess &Green, 2009).Desta forma este trabalho vê a importância
entre a produção de imagens fotográficas artesanais com possibilidades de
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A Covilhã abriga a Universidade da Beira Interior, e é a maior cidade da região da Beira Baixa, sendo um
polo estudantil, atrai inúmeros universitários e professores advindos de diversas regiões de Portugal.
Muitos estudantes não permanencem na cidade ao final de seus cursos.
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Pinhole (buraco de agulha) é a fotografia realizada com câmeras de orifício, sem lente e ou botões de
ajuste de velocidade, foco, abertura. O material sensível (negativo ou papel fotográfico) recebe a luz por
um orifício, feito com agulha ou alfinete na frente da câmera. Esse é o formato básico, mas há
experiências com câmeras que possuem mais de uma entrada de luz (não centralizadas), com janelas de
formatos diversos (não retangular).(WANDERLEI,2019)
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Denominação de um aparato óptico, criado no século XVI, capaz de reproduzir artificialmente o
fenômeno da projeção de imagens por orifícios.(COELHO, 2007).
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diálogo e interseção com a produção de imagens digitais. Segundo Fatorelli
(2013), citado por Wanderlei (2019):
Desta forma, nos interessa também, nas observações das propostas dos
laboratórios,o trânsito entre as experimentações analógicas/artesanais e
incursões digitais na imagem, os erros químicos e temporais inscritos por
manchas e tremidos, entre outros resultados plásticos artísticos alcançados
através da exploração de dispositivos estenopoéicos e materiais variados.
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2.2 - DESCRIÇÃO DO ESTUDO EMPIRÍCO
2.2.1. Objetivos
2.2.3.Método
Participantes
Os participantes serão denominados de GEI, grupo experimental de
investigação. Será aberto um formulário de participação e inscrição prévia para
os laboratórios. Priorizaremos sujeitos que trabalham com Arte, Cultura e
Indústrias Criativas e que tenham interesse e noções básicas sobre fotografia,
fotografia experimental e/ou média artes.
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Instrumentos
Para a avaliação da eficacia da proposta de investigação, a cada encerramento
de um laboratório e cronograma pré-delimitado, prevê-se a recolha de dados a
partir de entrevistas semi-estruturadas e a criação de ações colaborativas.
Procedimento
Acontecerão 03 laboratórios ao longo de 12 meses.Cada um com dois
meses de duração e intervalos de 01 mês para execução de possíveis ações e
exposições, assim como análise e sistematização das produções visuais e
correlações teóricas.Os laboratórios, em formato de workshops, serão
ministrados pela própria pesquisadora com possíveis participações remotas de
outros pesquisadores da fotografia expandida e artistas visuais. Os
participantes serão informados dos objetivos de estudo e da
confidenciabilidade de suas respostas, produções e direitos autorais.
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3. RESULTADOS ESPERADOS
4.CRONOGRAMA
Data Etapas/Atividades
Outubro.– 1. Fundamentação Teórica: Pesquisa de literatura,
Abril. delimitação do problema e questões de pesquisa
2023/2024 Definição dos objetivos do estudo a realizar,
conjuntamente com a leitura e síntese de literatura sobre o
tema a investigar;
Fev.- 2. Definição do tipo de estudo e metodologia
Julho.2024 Descrição da natureza do estudo (design);
Definição dos instrumentos a utilizar, em função da
autorização dos respetivos autores;
Pedido de parecer à Comissão de Ética da UBI;
Formalização de colaboração com possíveis Intituições
onde a oficina será implementada
Set -Dez.2024 3. Organização teórica e prática dos Laboratórios
Levantamento metodológico, articulação entre as técnicas
fotográficas, recursos e materiais a trabalhar.
Fev a 4. Comunicações e artigos
Maio.2025 Preparação de uma comunicação e um artigo científico,
centrados na abordagem metodológica a utilizar nos
Laboratórios em articulação com o escopo teórico-
filosófico.
Maio.-Abril. 5. Divulgação da oficina (pré-inscrições) e recolha do
2025/2026 consentimento informado
6. Redação de uma versão preliminar do enquadramento
teórico da Tese.
7. Implementação dos Laboratórios com intervalos
mensais e exposições/ mostras ( ações) de fechamento
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de cada ciclo dos Laboratórios.
Maio- Agosto 8. Análise preliminar (descritiva) de dados/ imagens e
2026 ações.
Set- Dez 2026 Análise qualitativa e preparação de uma comunicação e
artigo científico, relativos aos Laboratórios e ações
desenvolvidas.
Fev.- Redação de uma versão preliminar da Tese
Jun.2027
Ago- Out. Revisão da Tese e entrega.
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REFERÊNCIAS
Burgess, J. & Green, J. (2009). Youtube: online video and participatory culture. Cambridge:
Polity Press
Detoni, L. P., & Rocha, E. (2022). Cidades pequenas: território de um devir menor na
contemporaneidade. Oculum Ensaios, 19, 01-24. https://doi.org/10.24220/2318-
0919v19e2022a5021
Fatorelli, A. Fotografia contemporânea: entre o cinema, o vídeo e as novas mídias. São Paulo:
Senac, 2013.
Renner, E. (2016). Pinhole Photography, Fourth Edition: From Historic Technique to Digital
Application (Alternative Process Photography). Focal Press.
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