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ARAUJO, Danieli Barbosa de.

Geo[Grafias]Poéticas: entre educação e


modos sensíveis de habitar. 2022. 142 fls. Tese (Doutorado em Geografia) –
Departamento de Geociências, Universidade Estadual de Londrina, Londrina,
2022.

Imersos em uma experiência primitiva e telúrica da terra, experimentamos sua


intimidade material, um enraizamento, uma espécie de fundação da realidade
geográfica, reafirmando que o espaço geográfico não é somente superfície,
implica profundidade (DARDEL, 2011) dada não somente pela percepção
cognitiva, mas encontrada em experiências sensíveis corporificadas. A presente
tese busca inquietar o legado colonial da objetividade, que fomenta a visão
dicotômica sujeito-objeto, oferecendo a possibilidade de (re)pensar um habitar
poético da terra, por meio de um fazer geográfico perpassado pela geopoética. O
fio condutor desta tese está no entendimento de que a geopoética imprime em si
uma educação estética de mundo, uma educação dos sentidos e da percepção
sensorial, capaz de reinventar e fazer emergir novos modos de pensar e habitar
os ambientes. Enquanto ferramenta para compreender e expressar nossa
relação com o mundo, a geopoética permite acessar os simbolismos e
significações inerentes à paisagem e reconhecê-las enquanto base fundante do
conhecimento, reafirmando que nossa relação terrestre não pode ser
inteiramente compreendida por leis invariáveis e universalmente válidas. A
problemática da pesquisa busca elucidar: quais as possíveis contribuições da
geopoética na constituição de um fazer geográfico atravessado por um senso
estético, poético e pedagógico de mundo? Neste exercício, comungando do
desejo de encontrar formas genuínas de se conectar a terra, vislumbro pela
geopoética, na linha formalizada por Kenneth White e relida em uma
aproximação com a Geografia, em especial com a geograficidade dardeliana,
caminhos para promover um fazer geográfico que resgate nossa inteligência
nativa com a Terra, um habitar com intencionalidade original. Esta pesquisa
qualitativa de natureza exploratória, em uma perspectiva da Geografia
Humanista, envolveu pesquisas bibliográficas e de campo de forma
amalgamada. Como resultados, essa tese apresenta um esforço narrativo de
fundar mundos para além de interpretações sentimentais, com atravessamentos
entre relações particulares com os lugares e experiências coletivas que revelam o
“espírito do lugar”, no campo de uma ética que reconhece um solo comum
(Terra) e modos inteligentes de habitá-lo. Com a geopoética convidamos a uma
imersão ao nomadismo intelectual, um encontro físico com os lugares e um
novo modo de caminhar no/pelo mundo.

Palavras-chave: educação dos sentidos; experiências urbanas; habitar;


geograficidade; deambulares.

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