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CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM MATEMÁTICA

Disciplina: Investigação em Educação Matemática


Turma: 5º Período – Curso de Matemática (LICENCIATURA)
Acadêmico: Kaiq Gomes de Medeiros
Professor: Edson Crisostomo

SÍNTESE DO CAPÍTULO III: TENDÊNCIAS TEMÁTICAS E METODOLÓGICAS DA


PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

1. HISTÓRIA E TENDÊNCIAS TEMÁTICAS DA PESQUISA INTERNACIONAL EM


EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Para descrever historicamente a pesquisa internacional em educação matemática (EM) e


suas tendências atuais, baseamo-nos, em grande parte, em Kilpatrick( 1994). Esse autor
identifica e descreve as tendências da investigação relativas a sete temáticas consideradas
“em alta” na EM mundial, durante a década de 1990. Essas tendências temáticas são:

. Processo de ensino-aprendizagem da matemática;


. Mudanças Curriculares;
. Utilização de Tecnologias de informação e comunicação (TICs) no ensino e na
aprendizagem da matemática;
. Prática docente, crenças, concepções, e saberes práticos;
. Conhecimento e formação/ desenvolvimento profissional do professor;
. Práticas de avaliação;
. Contexto sociocultural e político do ensino-aprendizagem da matemática;

A seguir, passamos, com base nesse autor, a descrever resumidamente cada uma dessas
temáticas.

1.1 Processo de ensino-aprendizagem da matemática

Nessa temática estão relacionados os estudos que têm como objeto de investigação o
processo de ensino e aprendizagem da matemática. A principal mudança verificada nos
últimos anos é que esses estudos deixaram de focalizar aspectos muito gerais da
aprendizagem e passaram a centrar foco na aprendizagem de conteúdos matemáticos mais
específicos. O foco de estudo mais prestigiado pelas pesquisas tem sido o processo de
contagem, os sistemas de numeração e as operações fundamentais com números naturais,
nas séries iniciais.
Só mais recentemente tem sido dada maior atenção ao estudo dos racionais, da álgebra,
da geometria, da estatística e probabilidade e do cálculo diferencial e integral.

1.2 Mudanças Curriculares

Podemos apontar, além das pressões sociais, econômicas, e políticas em relação à


formação dos novos profissionais, a pressão dos especialistas e acadêmicos em querer
transpor para a sala de aula os resultados de suas pesquisas sobre o ensino da
matemática.Outra mudança no currículo é em razão do uso de novas tecnologias e novas
aplicações no ensino da matemática.
Um terceiro tipo de mudança é atribuído aos professores que, por meio da pesquisa-ação,
tentam, eles mesmos, produzir as inovações curriculares que julgam convenientes.

1.3 Utilização de TICs no ensino e na aprendizagem da matemática


As TICs resultam da fusão das tecnologias de informação,antes referenciadas como
informática, e as tecnologias de comunicação, denominadas anteriormente como
telecomunicações e mídia eletrônica.
As TICs permitem aos estudantes não apenas estudar temas tradicionais de maneira
nova, mas também explorar temas novos como, por exemplo, a geometria fractal.
Apesar dos avanços, pouco ainda se conhece sobre os impactos das TICs em sala de aula,
tanto no que diz respeito às crenças, às habilidades, às concepções e às reações de
professores, alunos e pais, como, também, ao próprio processo de ensino.

1.4 Prática docente, crenças/concepções e saberes práticos

Estudos mais recentes, partindo do pressuposto de que os professores produzem, na


prática, saberes práticos sobre matemática escolar, currículo, atividade, ensino,
aprendizagem, mostram que esses saberes práticos se transformam continuamente,
sobretudo quando os professores realizam uma prática reflexiva e/ou investigativa.
Thompson (1997) deu início às investigações sobre a relação entre as
concepções/crenças dos professores e sua prática pedagógica. Os resultados dos estudos
que se seguiram mostram que o conhecimento e as crenças dos professores se
transformam continuamente, afetando de modo significativo a forma como os professores
organizam e ministram suas aulas.
1.5 Conhecimento e formação/desenvolvimento profissional do professor

Os estudos sobre os saberes profissionais do professor,até início dos anos de 1990, têm
revelado baixos níveis de compreensão e domínio do conhecimento matemático a ser
ensinado. Relacionado a esse problema,ainda continua em alta o debate sobre que tipo de
conhecimento matemático deve ter o professor e como deve combiná-lo com seu
conhecimento pedagógico. Se a pesquisa não pode decidir sobre isso, pelo menos ela pode
aprofundar nossa compreensão sobre como professores utilizam e mobilizam os
conhecimentos quando ensinam matemática em sala de aula.
Os estudos que relacionam ações específicas do professor com o desempenho dos alunos,
muito frequentes na década de 1970, foram aos poucos dando lugar a investigação do tipo:

. Contraste entre professor principiante e professor experiente;


. Tentativas( alternativas) para melhorar a prática pedagógica do professor;
. Descrições de como o professor constrói significados e percebe sua vida profissional;
. Estudo de crenças e concepções do professor;
. Estudo de alguns programas de formação continuada ou permanente;

1.6 Práticas de Avaliação

Verifica-se que poucos os estudos que investigam a avaliação e as políticas públicas têm
sido muito tímidos quanto à análise dos processos de adoção, adaptação ou resistência dos
professores às avaliações externas.
Numa visão mais abrangente do problema,a avaliação no/do processo
ensino-aprendizagem da matemática tem sido muito pouco investigada pelos educadores
matemáticos.

1.7 Contexto sociocultural e político do ensino-aprendizagem da matemática

As investigações que buscam relacionar o ensino-aprendizagem de matemática ao


contexto sociocultural foram a grande novidade da pesquisa em EM a partir dos anos de
1980. Nesse contexto, a matemática e a EM passaram a ser vistas como práticas
socioculturais que atendem a determinados interesses sociais e políticos.
São inúmeras as pesquisas que procuram investigar a relação entre a cultura da
matemática escolar, a cultura matemática que o aluno traz para a escola e a cultura
matemática produzida pelos trabalhadores(adultos e algumas crianças trabalhadoras) ao
realizar suas atividades profissionais.

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