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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU


SEGURANÇA PÚBLICA E FRONTEIRAS

RÁDIO DIGITAL COMO FERRAMENTA DE TRABALHO NA PRF: A PERCEPÇÃO DOS POLICIAIS


RODOVIÁRIOS FEDERAIS QUE ATUAM NAS DELEGACIAS DE FRONTEIRA DO ESTADO DE
MATO GROSSO DO SUL ACERCA DA RELEVÂNCIA E UTILIDADE DESSA FERRAMENTA.

Autor: Antonio Gilson Soares Santana


Policial Rodoviário Federal - DPRF
e-mail: estudo.santana@gmail.com

Orientador: M.e Murilo Santos Moreira Leite


Professor convidado na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
e-mail: murilo.leite@prf.gov.br

SUMÁRIO – 1. Introdução; 2. Referencial Teórico: 2.1 Faixa de Fronteira e sua relevância para
segurança pública, 2.2 Sistemas de rádio e o Rádio Digital na Polícia Rodoviária Federal. 2.3 Sistema
de radiocomunicação e sua influência na atividade policial; 3. Desenvolvimento da pesquisa: 3,1
Metodologia, 3.2 Resultados; 4. Conclusão; 5. Referências.

RESUMO: O presente artigo propõe-se a analisar como os policiais rodoviários federais que atuam
nas delegacias de fronteira do Mato Grosso do Sul avaliam a relevância e utilidade da ferramenta rádio
digital. Como suporte teórico a pesquisa aborda a classificação legal de Faixa de Fronteira e sua
relevância para segurança pública, o conceito de sistema de radiocomunicação e sua influência na
atividade policial e por fim são apresentadas características da instituição locus da pesquisa, a Polícia
Rodoviária Federal. Caracterizada como uma pesquisa de abordagem qualitativa e classificada como
descritiva quanto aos seus objetivos, valeu-se de pesquisas documentais e bibliográficas, bem como da
aplicação de entrevista semiestruturada e análise de seu conteúdo para verificar as opiniões de
agentes da PRF sobre o sistema de radiocomunicação da instituição. Resultados obtidos trazem indícios
que o sistema tem uma boa aceitação, mas carece de melhorias, conforme será exposto.
Palavras-chave: Radiocomunicação. Rádio Digital. Eficiência. Polícia. Fronteira. Polícia de Fronteira.
Polícia Rodoviária Federal.
ABSTRACT: This article aims to analyze how federal highway police officers who works in border police
stations in Mato Grosso do Sul assess the relevance and usefulness of the digital radio tool. As
theoretical support, the research addresses the legal classification of what is Border Strip and its
relevance to public safety, the concept of radio communication system and its influence on police
activity, and finally, characteristics of the institution locus of research, the Federal Highway Police, are
presented. Characterized as a research with a qualitative approach and classified as descriptive in
terms of its objectives, it used documentary and bibliographic research, as well as the application of
semi-structured interviews and content analysis to check the opinions of PRF agents about the radio
communication system of the institution. Results obtained show that the system has a good acceptance,
but needs improvement, as will be explained.
Keywords: Radio comunication. Digital Radio. Efficiency. Police. Border. Border Police. Federal
Highway Police.
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1. Introdução

Ainda que tenhamos um mundo extremamente conectado, com várias opções tecnológicas tais
como celulares e aplicativos de comunicação instantânea, o Rádio Digital é uma ferramenta que visa
prover comunicação em situações onde as outras opções não estejam disponíveis, sendo o Rádio
Digital permite a troca de mensagens de voz, mensagens de texto e até mesmo georreferenciamento
dos equipamentos atendendo às necessidades de Comando e Controle.
O presente artigo tem por finalidade analisar a percepção dos policiais rodoviários federais
lotados nas Delegacias PRF de fronteira do Estado de Mato Grosso do Sul quanto a relevância e
utilidade da ferramenta rádio digital.
Nesse contexto serão apresentados os conceitos relacionados a Faixa de Fronteira e sua
relevância para a segurança pública, os Sistemas de Radiocomunicação e Tecnologias existentes,
além do conceito de sistemas críticos, para que se possa entender o que vem a ser um sistema
eficiente de radiocomunicação bem como serão descritas características da Polícia Rodoviária Federal
que permitam uma melhor compreensão da questão problema.
Ainda será exposto o desenvolvimento da pesquisa qualitativa e as premissas que a orientaram
para que fossem colhidas impressões e sugestões mais assertivas dos atores envolvidos na demanda
de sistemas desta natureza.
A Polícia Rodoviária Federal, órgão permanente do Ministério da Justiça e Segurança Pública
conforme elencado em sua Carta de Serviços ao Cidadão, indica que: “A evolução da Administração
Pública sinaliza que o momento é de investir na qualidade da gestão. Simplificar a vida do cidadão é,
entre outras ações, uma demonstração de que a instituição entende seu papel social e deseja
cumpri-lo de maneira eficiente.” (CARTA DE SERVIÇOS AO CIDADÃO, 2016).
No estado do Mato Grosso do Sul, a PRF tem uma malha viária de mais de 3.800 (três mil e
oitocentos) km de rodovias e estradas federais, sendo que os principais eixos são as BR 163, BR 262 e
BR 267. Interessante destacar que BR 267 será a Rota Bioceânica ou Rota de Integração Latino
Americana - RILA, importante via que fará com que o Brasil consiga escoar bens e serviços para os
portos do Pacífico, fornecendo produtos e commodities de forma mais eficiente às economias asiáticas,
e reduzindo sobremaneira custos de logística. Neste mister, a UEMS como indutora de mudanças
públicas, vem promovendo seminários e encontros para discutir e preparar o estado para esta
importante via que será implementada em breve.
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Os investimentos realizados pela PRF no estado do MS, para implementação do sistema de


rádio digital são da ordem de aproximadamente, 49 milhões de reais, de acordo com dados obtidos do
sistema SIAFI e Compras Governamentais, sendo que tais investimentos devem ser justificados e bem
utilizados.
Estando neste nível de relevância, surgiu a necessidade de verificar se as entregas executadas
pela PRF atendem a este posicionamento estratégico, e perceber se há diferença entre a relevância
atribuída ao Projeto e a percepção do usuário final, se há questionamentos à sua utilidade e
aplicabilidade e perceber se há resistência do policial em utilizar o recurso, de modo que possamos
entender a ferramenta Rádio Digital, se é devidamente utilizada constantemente e descobrir recursos
para que as atribuições do cargo possam ser bem atendidas com apoio desta ferramenta.
Sendo assim, a pesquisa buscará compreender, por meio de entrevistas com gestores e
demais usuários do Rádio Digital, qual é a percepção geral com relação ao mesmo, se vai ao encontro
do que foi estabelecido para o produto como uma ferramenta auxiliar de Comando e Controle ou até
mesmo se a sensação dos gestores e demais usuários seria de que é uma ferramenta dispensável ou
sem muita utilidade.

2. Referencial Teórico

2.1 Faixa de Fronteira e sua relevância para segurança pública.

Região de Fronteira, é, conforme definição extraída da Constituição Federal, em seu artigo 20


– parágrafo 2º: “a faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras
terrestres”.
A posição geográfica torna o estado do Mato Grosso do Sul rota de tráfico de produtos de
origem ilícita já que faz fronteira com dois países produtores e exportadores de drogas e produtos
diversos utilizados em crimes de contrabando e descaminho, tais como cigarros, drogas e produtos
eletrônicos de grande valor agregado, originários de contrabando e crimes correlatos. Faz divisa com
os estados de Mato Grosso, Goiás e Paraná, estados com grande movimentação financeira e
produtores de comodities do agro negócio, e por outro lado, faz divisa com grandes centros
consumidores de produtos de origem ilícita e drogas, como os estados de Minas Gerais e São Paulo.
O Estado do Mato Grosso do Sul, tem em sua faixa de fronteira, quarenta e cinco municípios
dos 590 no Brasil que são classificados como tal, representando 7,63% dos municípios daquele
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universo. Sendo que, para o estado do MS esses mesmos municípios representam quase 57% do total
de municípios do estado, em uma faixa extensa de fronteira seca, propícia para o trânsito mais
facilitado de pessoas, bens e serviços e cometimento de crimes.
O Estado tem obrigações para com a sociedade, ao tutelar os cidadãos, sendo outorgado
poderes para atuar em nome dos mesmos, com possibilidade, inclusive, de limitar as ações, conforme
a definição de Poder de Polícia extraída do Art. 78 do Código Tributário Nacional, Lei nº 5.172, de 25
de outubro de 1966: “Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que,
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato,
em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina
da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 1966)” (sic)
Ainda, dentro deste escopo, há também a limitação legal imposta por lei aos órgãos, conforme
se depreende do Parágrafo Único do referido Art. 78:
“Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado
pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se
de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.”

2.2 Sistemas de rádio e o Rádio Digital na Polícia Rodoviária Federal

O Sistema de Rádio Digital foi implantado entre 2013 e 2016 na PRF com a relevância devida,
inserido no rol de projetos estratégicos da PRF e do Ministério da Justiça e Segurança Pública,
conforme Resolução CGE nº 13, de 20 de julho de 2021, que aprova e detalha os indicadores, as
metas e os projetos estratégicos constantes do Planejamento Estratégico do MJSP para o período de
2020-2023. Não é o único Projeto Estratégico, da PRF inserido no Plano de Metas do MJSP, mas é o
único que não tem correlação direta com índices de gravidade e fatalidade de acidentes.
Os sistemas de rádio comunicação da PRF utilizados desde os anos de 1990, foram
basicamente três,
Sistema SSB (VHF banda baixa);
Sistema analógico em VHF banda alta;
Sistema Digital.
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O sistema em SSB (VHF banda baixa – 49 a 108 MHz) permitia alcances longos, porém com
bastante chiado e interferências, inclusive com possiblidade de pessoas que não policias, pudessem
escutar a comunicação, além dos equipamentos serem muito grandes, sem possibilidade de uso de
terminais portáteis chamados HT (Hand Talk) ou terminais móveis em viaturas, cabendo apenas a
instalação destes terminais em postos fixos, atualmente Unidades Operacionais ou UOP,
A próxima evolução seria a implantação dos rádio em VHF alta (169 a 216/300 MHz), com a
possibilidade de instalações de rádios UOP, em viaturas e o uso de HT pelos policiais e foi o que
ocorreu, um avanço em termos de cobertura e disponibilidade já que o sistema era dividido por regiões
dentro do estado, permitindo a comunicação entre as UOP de determinada região, viaturas e policiais
que estivessem atuando, sendo que não havia quantidade de HT suficiente para todos os policiais, mas
em determinadas áreas era possível, inclusive, falar com a Central de Operações – CIOP, atualmente
Centro de Comando e Controle Regional - C3R.
A próxima evolução seria uma que envolveu todos os órgãos de segurança pública e a
sociedade como um todo: o avanço das comunicações no Brasil para o padrão digital. Sendo assim, a
PRF iniciou por volta do ano de 2007 estudos para implantação do “Programa que trata da implantação
de um Sistema de radiocomunicação com o uso de tecnologia digital para a comunicação de voz e
dados entre viaturas e unidades operacionais da PRF, garantindo o sigilo e a integridade da
comunicação policial”. (Polícia Rodoviária Federal, 2017).
Os três primeiros estados escolhidos como “piloto” para a implantação desta tecnologia foram o
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, por sua posição estratégica, com uma vasta linha de
fronteira com países produtores e exportadores de drogas e produtos contrabandeados ou falsificados,
que entram no Brasil sem recolhimento dos devidos impostos, sendo que as quadrilhas especializadas
nestes ilícitos utilizam, sobremaneira a infraestrutura de transporte legal, com grande uso do modal
rodoviário.
Conforme o Relatório de Gestão 2017 (Polícia Rodoviária Federal – 2017), o Programa de
Radiocomunicação Digital evoluiu para mais estados, com foco na atuação em regiões de fronteira, e
regiões de interesse da União, sendo que os estados contemplados em aparelhamento e continuidade
de ações são os estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Roraima, Amapá, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Paraná, Distrito Federal, Santa Catarina, Goiás e Rio de Janeiro.
O sistema conta com criptografia, o que garante que nenhum ente externo ao sistema possa
“ouvir” as comunicações, tem georreferenciamento, permitindo ações de Comando e Controle - C²,
possibilidade de envio de Short Message Service – SMS, ou Mensagens de Texto. Permite ainda,
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ações de socorro em casos de emergência em que o operador, caso esteja em uma situação de crise,
possa operar o HT sem a necessidade de utilizar as mãos. O sistema conta também com uma interface
de monitoramento e funciona em um modo que transforma o sinal de rádio em um protocolo IP –
utilizado em internet. Por ser digital, a inteligibilidade quando há cobertura independe da intensidade do
sinal, permitindo que as mensagens sejam compreendidas mesmo que a intensidade do sinal seja
baixa.

2.3 Sistema de radiocomunicação e sua influência na atividade policial.

Braman (2006), destaca que o correto uso da informação pelo Estado reforça o papel do
mesmo na manutenção do poder informacional. Assumpção (2020) destaca que o papel das
telecomunicações em uma operação policial é tão importante e decisivo quanto o armamento e as
viaturas utilizadas.
A segurança pública, dentro do espectro de legalidade, tem peculiaridades definidas por lei e
pela natureza das suas atividades, diferindo de outras atividades estatais, no tocante à execução de
uma atividade em Missão Crítica, onde o tempo de reação e a comunicação e tomada de decisão por
seus agentes pode ser o diferencial entre promover entregas de qualidade à sociedade ou não,
podendo gerar inclusive, danos sociais, tais como a morte de uma vítima de acidente de trânsito devido
à demora no acionamento dos resgates.
Dentro da segurança pública, a atividade policial, tem diversos matizes, que vão desde uma
simples admoestação até a retirada da vida chancelada pelo cidadão ao Estado, enquanto
representado pelo exercício do poder de polícia, anteriormente definido.
Porém, ainda que esteja a atividade policial dentro do escopo de legalidade, modernamente a
sociedade vem clamando por um estado mais eficiente e que preste contas de seus gastos além da
mera legalidade, justificando-os com um retorno social que eleve nossos padrões sociais à bonança
sempre desejada por todos.
A atividade estatal deve cumprir requisitos de atendimento às demandas da sociedade de
modo que se busque utilizar os recursos gastos da forma mais eficiente a que se destinam, com bom
uso e responsabilidade social.
Segundo Marra (2006, p.194), o administrador público, ao gerir a coisa pública, está
representando os interesses de toda sociedade, tendo este conceito sido originado da própria
Constituição Federal em seu Art. 1º § único.
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Modernamente, vem sendo aplicado em políticas públicas o conceito de accountability, palavra


de origem inglesa, porém com raízes latinas que tem sido associada “à transparência, à prestação de
contas e à responsabilização.” (MEC, acesso em 04/06/2021). Este conceito impõe não apenas o bom
uso do recurso público estritamente na visão contábil, mas o bom uso do recurso público com um viés
social, de prestação de contas à sociedade. Considerando estas premissas, a PRF está consciente que
deve realizar suas entregas corretamente e de forma que a sociedade tenha a devida prestação de
contas de suas atividades.
A Polícia Rodoviária Federal - PRF como instituição integrada ao Sistema Nacional de
Segurança Pública, atuando na malha viária federal e em áreas de interesse da União, com ações de
segurança viária e prevenção e repressão qualificada ao crime em mais de 71 mil quilômetros de
rodovias e estradas federais em todos os estados brasileiros, está inserida neste modelo moderno de
governança estatal, sendo sua atividade classificada como de Missão Crítica.
O conceito de infraestruturas críticas no Brasil é definido, precisamente, pelo art. 1º do ANEXO
do Decreto Nº 9.573, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2018 da Subchefia para Assuntos Jurídicos da
Presidência da República, que “Aprova a Política Nacional de Segurança de Infraestruturas Críticas.”.
Segundo o referido Decreto, “...considera-se:
I - Infraestruturas críticas - instalações, serviços, bens e sistemas cuja interrupção ou
destruição, total ou parcial, provoque sério impacto social, ambiental, econômico, político, internacional
ou à segurança do Estado e da sociedade;
II - Segurança de infraestruturas críticas - conjunto de medidas, de caráter preventivo e reativo,
destinadas a preservar ou restabelecer a prestação dos serviços relacionados às infraestruturas
críticas;
III - Interdependência de infraestruturas críticas - relação de dependência ou interferência de
uma infraestrutura crítica em outra ou de uma área prioritária de infraestruturas críticas em outra; e
IV - Resiliência - capacidade de as infraestruturas críticas serem recuperadas após a
ocorrência de situação adversa.”
Já o conceito de Sistemas Críticos vem da área de Engenharia de Software. Segundo
Sommerville (2007), há três tipos de sistemas críticos:
“Sistemas críticos em segurança: (Safety-critical system), onde falhas podem causar perdas
e/ou danos à vida humana e ao ambiente. Como exemplo, um sistema de controle para uma fábrica de
produtos químicos;
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Sistemas críticos de missão: (Mission-critical system), onde falhas podem causar perda (não
cumprimento) da missão. Um exemplo seria um sistema de navegação para uma nave espacial;
Sistemas críticos de negócios: (Business-critical system), onde falhas podem causar perdas
econômicas significativas aos negócios. Um exemplo, um sistema de controle de contas bancárias.”
Ainda que tenhamos evoluções dos conceitos agregados a Telecomunicações, fruto de
revoluções nas maneiras com que nos comunicamos, o conceito é de qualquer “tecnologia que elimine
distâncias entre continentes, entre cidades, entre pessoas”. (Huurderman, 2003). Sendo assim, ao
longo do tempo, as mensagens, como cita Huurderman (2003), precisavam de mensageiros, em uma
relação de mestre-servo. Telecomunicação eliminou esta necessidade, porém trouxe outras, sendo a
principal, quando atuamos com sistemas críticos, a disponibilidade e cobertura adequadas ao serviço.
Desta forma, as estruturas de Telecomunicações inseridas nos serviços de segurança pública,
se inserem no conceito de estruturas críticas, sendo imprescindíveis para alcançar os resultados
esperados de cada instituição.
As instituições de combate ao crime organizado, tanto públicas como privadas, se inserem no
conceito de Missão Crítica, que é o termo utilizado para determinar quando aplicações, sistemas,
serviços e processos nos quais a interrupção mesmo que momentânea ou cessação dos mesmos
podem gerar não só transtornos financeiros, como sociais. Segundo Fernandes (2010)
“Todas as organizações existem para cumprir uma missão. Alguns sistemas presentes numa
organização são críticos para o cumprimento dessa missão. Estes sistemas são chamados
de sistemas de missão crítica, pois se deixam de cumprir sua função por algum motivo então
a missão da organização é imediatamente comprometida.”

Agregado ao conceito de Missão Crítica, há o conceito de Comando e Controle (C²), que é a


utilização por pessoa ou instituição de meios ou recursos colocados à sua disposição, com um objetivo
principal de utilizar de forma racional, rápida e eficiente os recursos operacionais disponíveis (humanos
e materiais) para o cumprimento da missão institucional. Ideia que é muito utilizada em meios militares
e paramilitares.
No Brasil o SISMC² - Sistema Militar de Comando e Controle, do Ministério da Defesa, delineia
de formas gerais, os conceitos agregados e este assunto. Dentro da PRF, a doutrina de comando e
controle está estabelecida no M-090, Manual de Comando e Controle.
Os investimentos em tecnologia da informação que atendem a esta missão crítica, devem ser
feitos de forma coordenada, inserida dentro de um planejamento prévio, de modo a atender às
demandas de seus usuários a fim de não criar obras de infraestrutura e locais em que não haja
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continuidade dos serviços a serem prestados à sociedade, tais como foram os investimentos realizados
ao longo dos grandes eventos ocorridos no Brasil desde 2007.

3. Desenvolvimento da pesquisa

3.1 Metodologia
Dada a relevância de uma comunicação eficiente para a atividade de segurança pública,
destacando-se nesse contexto os conceitos de Missão Critica e Comando e Controle- C² anteriormente
mencionados, e tendo a Polícia Rodoviária Federal investido recursos financeiros, materiais e humanos
no Programa Rádio Digital, a pesquisa foi realizada por meio de análises documentais e bibliográficas,
bem como a aplicação de entrevista semiestruturada em uma amostra não probabilística. O tamanho
da amostra e a escolha dos entrevistados foi definida a partir dos conceitos de níveis organizacionais,
quais sejam, nível operacional, nível tático e nível estratégico. Ressalta-se que a intenção de
estratificar a amostra é analisar se o fato de o servidor ocupar função estratégica, tática ou operacional
influencia na sua percepção quanto a utilidade da ferramenta rádio digital. Como o universo da
pesquisa são as Delegacias PRF cuja circunscrição esteja na região de fronteira do Mato Grosso do
Sul, determinou-se com elementos a serem entrevistados:
1. Nível Estratégico: Chefe da Delegacia ou seu substituto;
2. Nível Tático: Chefe do Núcleo de Policiamento da Delegacia ou seu substituto;
3. Nível Operacional: Servidor lotado há mais de cinco anos na Delegacia estudada e que
tenha utilizado o sistema de rádio anterior.
A PRF tem em faixa de fronteira, cinco delegacias ou Unidades Desconcentradas, quais sejam:
1. Delegacia de Nova Alvorada do Sul;
2. Delegacia de Corumbá;
3. Delegacia de Dourados;
4. Delegacia de Guia Lopes da Laguna;
5. Delegacia de Naviraí.
Desta forma, de acordo com os três níveis de funções elencados anteriormente, foram
entrevistados 15 servidores, que ocupassem as funções elencadas nas cinco unidades
desconcentradas listadas.
A tarefa não foi fácil, haja vista a falta de horários para executar as entrevistas, visto que as
agendas dos escolhidos que se propuseram a participar das entrevistas, não coincidia com a do autor,
por questões principalmente, profissionais.
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Como forma de garantir o sigilo, cada participante foi denominado por um número e criamos
níveis de acesso, classificados da seguinte forma:
- Nível 1: Nível Operacional
- Nível 2: Nível Tático;
- Nível 3: Nível Estratégico.
Desta forma, além de garantirmos o sigilo dos nomes dos entrevistados, estratificamos níveis
para verificar se os dados coletados e seus resultados, de alguma forma seriam planificados, com
resultados comuns a todos os níveis ou ainda, se haveria alguma distinção entre os níveis
estratificados dentro da organização.
As entrevistas foram todas on-line, devido a agendas e questões sanitárias, frente à pandemia
de COVID-19, de modo que houve uma segurança sanitária tanto para o pesquisador, como para os
entrevistados.
Após as entrevistas, as mesmas foram transcritas para textos, resultando em corpora textuais,
que são textos construídos para serem o objeto do pesquisador, sem alterar o significado das falas dos
entrevistados, de modo a serem submetidos ao programa Iramuteq, o qual realiza análises textuais, de
coletas de textos produzidos em diferentes contextos.
A análise textual é comumente aplicada em estudos de pensamentos, crenças e opiniões
produzidas em relação a determinado fenômeno, tema de investigação, permitindo a quantificação de
variáveis essencialmente qualitativas originadas de textos, a fim de descrever o material produzido por
determinado sujeito ou sujeitos (CAMARGO & JUSTO, 2013).
Para se chegar a um corpus representativo é necessário eliminar vícios de linguagem,
comumente manifestados no uso repetido de expressões sem necessidade tais como “né”, “tá”, “tipo”.
Ademais é necessário retirar as perguntas do corpus e inserir as ideias que estão subentendidas nas
respostas de modo a manter a coesão sem alterar a fala do entrevistado. Conectivos em excesso que
também permeiam o uso coloquial devem ser eliminados, como excesso do conectivo “e”. Números
devem ser mantidos na forma numérica (10 e não dez) e os verbos em sua forma pronominal devem
estar em próclise. Nomes de localidades foram marcados com o sinal ”_” antes e após da palavra para
indicar expressões únicas, tais como Murtinho, Guia Lopes. Temos coloquiais como “desenrolar” foram
substituídos para o significado denotativo “resolver”. O Nome próprio do estado do Mato Grosso do Sul
foi substituído pela sua sigla, MS, assim como os nomes dos demais estados citados foram
substituídos pelas siglas. Polícia Rodoviária Federal também foi substituída pela sua sigla: PRF, assim
como Exército Brasileiro foi substituído por “EB". Termos como “buraco”, “gap”, foram substituídos pela
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sua ideia que é a de ausência de comunicação. O pronome “ele” quando se referia à ideia do Rádio
Digital foi substituído pelo termo por extenso, para preservar a ideia e diferenciar de pronomes que se
referenciassem a outros termos.
Esta etapa é extremamente trabalhosa, já que deve garantir uma precisão e uma depuração
textual objetiva, de modo que os corpora que não utilizam a léxica coloquial possam indicar se as
percepções do pesquisador são realmente válidas.
A frequência das palavras está distribuída forma na “Tabela 1 - palavras com frequência acima
de cinco”, sendo que optamos por representar apenas as que são citadas mais de cinco vezes.

ocorrência ocorrência ocorrência ocorrência ocorrência


palavra s palavra s palavra s palavra s palavra s
rádio 257 ver 22 resolver 13 reiniciar 9 instituição 7
comunicaçã
o 135 época 20 via 13 sair 9 internet 7
digital 134 tempo 20 contato 12 segurança 9 operacional 7
sinal 71 atender 19 EB 12 SSB 9 oportunidade 7
funcionar 63 polícia 19 excelente 12 telefone 9 órgão 7
problema 63 coisa 18 utilizar 12 tentar 9 principal 7
conseguir 62 dar 18 vir 12 tínhamos 9 sentido 7
equipament disponibilidad
ficar 52 o 18 e 11 chamar 8 transmissão 7
funcionament
falar 49 exemplo 18 o 11 cidade 8 uso 7
celular 48 lotado 18 lugar 11 condição 8 utilização 7
ocasião 48 situação 18 necessidade 11 deixar 8 veículo 7
questão 48 grande 17 operar 11 evolução 8 acontecer 6
analógico 46 policial 17 passar 11 existir 8 atividade 6
trecho 46 entrar 16 acabar 10 falta 8 certo 6
cobertura 43 manutenção 16 base 10 frequência 8 circuito 6
conheciment
viatura 43 pessoal 16 cair 10 importância 8 o 6
delegacia 42 projeto 16 colega 10 instalar 8 dado 6
sistema 40 próprio 16 dizer 10 lembrar 8 diferente 6
torre 40 antena 15 falha 10 melhor 8 experiência 6
HT 38 começar 15 melhorar 10 operação 8 fantástico 6
ferramenta 32 conversar 15 parar 10 parte 8 federal 6
km 32 importante 15 posto 10 perceber 8 implantar 6
região 31 rede 15 acidente 9 regional 8 inteiro 6
trabalhar 31 área 14 ajuste 9 repente 8 lógico 6
local 30 dia 14 alcance 9 rotina 8 parecer 6
ponto 30 rodovia 14 central 9 caso 7 participar 6
achar 26 serviço 14 certeza 9 contar 7 pedir 6
mesmo 26 acreditar 13 considerar 9 continuar 7 período 6
precisar 26 ano 13 constante 9 deslocar 7 próximo 6
usar 25 chegar 13 implantação 9 distância 7 razão 6
12

dificuldade 24 comunicar 13 maior 9 distante 7 Setic 6


pegar 24 equipa 13 meio 9 fazenda 7 sul 6
bom 22 informação 13 momento 9 forma 7 tender 6
MS 22 longo 13 possível 9 fronteira 7 teste 6
implementa
uop 22 realidade 13 queda 9 r 7 volta 6
Tabela 1 - palavras com frequência acima de cinco

3.2 Resultados

Analisar percepções não é uma tarefa fácil, já que o pesquisador deve se afastar dos
entrevistados e do próprio tema, sem perder o vínculo, para evitar interferências no objeto pesquisado
e ainda, determinar objetivamente as interpretações corretas para uma análise que pode ser
interpretada, inicialmente e de forma rasa como subjetiva.
Para isso, o uso do aplicativo Iramuteq e as interpretações dos resultados apresentados por ele
numa análise léxica das entrevistas foi bastante útil, já que corroborou a impressão do pesquisador
acerca da sensibilidade dos entrevistados, que de forma geral, relataram tanto problemas como
vantagens do produto, chegando, alguns a propor soluções e apresentar alternativas aos problemas
apresentados pelo produto.
As principais reclamações acerca do produto são as de que deveria haver uma melhor
cobertura (área em que o sinal do rádio está disponível), e maior disponibilidade (quantidade de tempo
em que o produto está disponível quando o operador precisa dele). As principais vantagens que os
entrevistados relataram, seriam o sigilo da comunicação (já que o sistema é criptografado) e a clareza
do sinal, sem chiados ou interferências, quando comparado com o sistema anterior, o rádio analógico,
que não dispunha de sigilo (qualquer um poderia captar o sinal) e era passível de interferências de
outros sistemas ou com qualidade de sinal baixo.
O consenso geral dos entrevistados é de que houve uma expectativa muito grande na época
do lançamento do produto, inclusive com alguns testes bastante promissores com relação a alcance e
disponibilidade, sendo que os recursos que foram gastos para implantação do sistema, justificariam a
ativação, para um produto que teria alta disponibilidade, dado ser um sistema de missão crítica,
conforme definimos anteriormente.
Ao longo do tempo de uso, em virtude de falhas de disponibilidade e cobertura, os usuários
relataram que passaram a não utilizar o sistema com a frequência que eles gostariam, em face da
necessidade de rapidez na troca de informações e comunicação entre os agentes.
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Como opções a essas falhas e em virtude dos avanços dos serviços de troca de mensagens
instantâneas foram migrando o uso do rádio para o uso do celular, quer em conexões utilizando as
redes de telefonia 4G, quer utilizando pontos de acesso a redes Wi-fi em locais públicos ou privados,
contando muitas vezes com o apoio de particulares para conseguir se comunicar com outros colegas
que estivessem em serviço, em atendimentos de qualquer natureza, tais como prisões ou atendimentos
de emergências.
Os resultados após inserção dos corpora no programa Iramuteq, nos fornecem resultados
importantes, com relação às frequências de palavras, com resultados gráficos bastante interessantes,
de modo a verificar correlações de linhas de argumentação e relações de proximidades entre alguns
termos, conforme a Figura 1, que representa os termos da tabela 1 distribuídos em uma representação
de Gráfico de Similitude, que traduz a proximidade entre os termos mais citados, como se fossem
ramificações em uma árvore, com ramos mais grossos, dos quais derivam ramos mais finos. Esta
representação gráfica mostra a proximidade entre termos, auxiliando na identificação da estrutura do
conteúdo de um corpus (SALVIATI, 2006). Na Figura 1, os termos “comunicação”, “digital” e “problema”
formam ramos mais “grossos”, todos derivados do termo “rádio” um termo central nessa representação,
sendo citados mais frequentemente e próximos ao termo central.
Para ter um resultado gráfico mais “limpo”, retiramos da análise, palavras com grande
frequência e que são óbvias por serem o objeto de estudo: “rádio” e “comunicação” e as palavras com
frequência menor do que dez, gerando outro Gráfico de Similitude, representado na Figura 2.
Nesta representação nova, em que agrupamos os ramos por cores, há uma indicação gráfica,
onde podemos inferimos que o termo “digital” que provém da pesquisa, como um termo central, tem
forte ligação e proximidade com termos bastante representativos, que são:
● SINAL
● FUNCIONAR (que está mais próximo a “digital” do que os outros)
● CONSEGUIR
● PROBLEMA
● ANALÓGICO
Esta nova representação nos apresenta o termo “funcionar” como mais próximo do termo
digital, que é uma reclamação geral dos entrevistados, em que eles indicam que o sistema deve
funcionar a contento como deve ser uma ferramenta operacional. O termo “sinal” indica a importância
atribuída pelos pesquisados à necessidade de haver sinal disponível pelo trecho e fornecido a contento
pelas “torres”. O termo “conseguir” consta como um grande ramo em virtude da frequência com que é
14

citado a possibilidade ou impossibilidade de conseguir utilizar o produto rádio digital. “Problema” surge
em virtude da própria necessidade e dos comentários que devem ser resolvidos e este termo está
muito próximo ao termo “cobertura”. “Analógico” está como um grande ramo em virtude das
comparações entre o sistema anterior e o atual.

Figura 1 - Gráfico de similitude, mostrando relações entre termos


15

Fonte: gerado pelo autor (2021)

Figura 2 - Análise de similitude por ramos com frequência igual ou superior a dez
16

Fonte: Gerada pelo autor (2021)


17

Para conseguir detalhar as diferenças de sensibilidade entre os níveis hierárquicos,


estratificamos os níveis utilizando as seguintes identificações, para verificar se haveria diferenças de
sensibilidades entre os níveis hierárquicos entrevistados:

NÍVEL HIERÁRQUICO NOME DA VARIÁVEL

Operacional niv_01

Tático niv_02

Estratégico niv_03

Tabela 2 - Variáveis e níveis hierárquicos

Uma ferramenta bastante útil que o programa Iramuteq nos fornece é a Análise Fatorial de
Correspondência (AFC), a qual indica as “relações entre as classes num plano gráfico, apontando,
segundo a “localização” dessas classes, a sua interação” (NASCIMENTO & MENANDRO, 2006).
A contextualização deste tipo de representação gráfica é a de que quanto mais próximos os
termos em quadrantes do plano cartesiano, mais os termos foram citados tendo como balizadores as
cariáveis, que no caso em tela serão os níveis hierárquicos. No caso das análises apresentadas,
conforme representado nas Figuras 4 e 5, a frequência dos termos mais citados pelo Nível Tático
(X_niv_2) tem mais proximidade com os níveis Operacional (X_niv_1) e Estratégico (X_niv_3), do que
entre os níveis Estratégico e Operacional.
Esta proximidade de termos é representada graficamente na Figura 6, onde as cores
representam cada um dos níveis, assim distribuídos:
✔ Termos em azul – Nível Estratégico (X_niv_3)
✔ Termos em verde – Nível Tático(X_niv_2)
✔ Termos em vermelho – Nível Operacional (X_niv_1)
Percebemos, que enquanto os representantes do Nível Estratégico citam algumas vezes o
termo “manutenção”, os do Nível Operacional citam viatura, os quais estão bem distantes na
representação do plano cartesiano.
Quanto mais os termos se aproximam da origem do plano cartesiano, mais comuns aos três
níveis hierárquicos eles serão, de modo que os três níveis hierárquicos se referiram várias vezes a
termos como “ferramenta”, “trecho”, “comunicação”, “conseguir”, “funcionar”, indicando que a despeito
das diferenças nas falas, há também semelhança entre termos, como os citados anteriormente, onde
18

podemos perceber a visão sistêmica do produto como algo que permeia a sensibilidade de todos os
entrevistados.

Figura 4 - Análise Fatorial de Correspondência em colunas entre níveis hierárquicos

Fonte: Gerado pelo autor (2021)


19

Figura 5 - Análise Fatorial de Correspondência em linhas entre níveis hierárquicos

Fonte: Gerado pelo autor (2021)


20

Figura 6 - Análise Fatorial de Correspondência das frequências de termos por níveis

Fonte: Gerado pelo autor (2021)


21

4. Conclusão

Conforme os resultados obtidos, podemos tecer algumas inferências acerca do tema


pesquisado:
● Rádio está relacionado muito fortemente com comunicação e ferramenta, sendo o
maior tronco da análise de similitude;
● Comunicação tem relação com dificuldade, serviço, importante, segurança, telefone,
trecho;
● Já o ramo problema, relacionado a rádio, liga-se a termos como constante, reiniciar,
disponibilidade;
● Manutenção está relacionado muito proximamente a sinal.

De forma que ainda que houvesse uma grande expectativa com relação ao sistema de Rádio
Digital quando da sua implantação, pudemos perceber, por meio de algumas falas dos entrevistados
que o problema principal seria a resolução dos problemas relatados, de forma que houvesse, inclusive,
uma programação de manutenção ou um contrato de manutenção que permitisse reduzir o tempo de
indisponibilidade do sistema, conforme o entrevistado 12:
“...outra coisa que a gente sente muito é de não termos
um amparo de uma empresa terceirizada quando acontece
algum tipo de problema ou seja o próprio policial tem que
descolocar até a antena de uma torre que fica lá no Parque
Alvorada ou que fica numa outra ou em outro bairro na cidade
de Ponta Porã e isso traz um pouco de problema tendo em vista
que o policial vai deixar a atividade-fim para resolver um
problema que a priori não é nosso a questão da manutenção...”

O entrevistado 09 também se manifesta nesse sentido da expectativa “versus” realidade:

“O projeto eu criei muita expectativa, eu tinha muita


confiança que fosse vir bem mais do que estão hoje. Na
22

atividade agora mesmo nós estamos com o pessoal saindo em


campo e a reclamação justamente é essa: até onde a gente vai
conseguir alcançar, as viaturas não podem sair muito longe do
eixo da circunferência da emissão do sinal ficamos muito
dependentes disso.” (sic)
Desta forma, temos fortes indicações de que o sistema atende bem e pode ser utilizado
ferramenta de gestão, porém é necessário melhorar a disponibilidade e cobertura de modo a justificar,
inclusive, os gastos já realizados e a necessidade de gestão com o uso contínuo e efetivo da
ferramenta.
O entrevistado 02, que é do nível tático, tem uma fala que é muito interessante sobre o uso do
rádio como ferramenta:
“Na verdade, o rádio, a comunicação é indispensável
né? A comunicação rádio não tem como você fugir disso uma
boa viatura, armamento e um bom rádio é a base para fazer o
Patrulhamento.” (sic)
Diante dos resultados obtidos, pudemos perceber que os entrevistados relatam que o sistema
é relevante, porém carece de melhorias nos quesitos disponibilidade e cobertura, ainda que pela
necessidade de rápida e eficiente troca de informações, o usuário tenha optado por sistemas
alternativos, como sistemas de mensagens instantâneas de redes sociais, conforme destacado por
alguns entrevistados.
Há ainda relatos dos entrevistados de que quando trabalharam em outros locais do país além
da região de fronteira, perceberam que o sistema de Rádio carecia das mesmas soluções e convergia
para alguns problemas muito semelhantes aos aqui relatados. Conforme fala da entrevistada 14:
“Então eu tive a experiência de trabalhar no Rio de
Janeiro nas olimpíadas e foi um investimento no parque digital
eu acredito que foi por conta das Olimpíadas mesmo e nós
tínhamos bastante dificuldade e eu acho que porque o programa
estava iniciando ainda lá.”
Há uma fala do entrevistado 08, que converge para um problema no mesmo sentido:
“... quando entrei na PRF na Bahia em 2013 a nossa
delegacia ela operava assim como o estado todo operava o
rádio analógico E aí a gente percebia muita deficiência a
23

questão por causa do relevo lá no sul da ... muito montanhoso,


muitos aclives, e a gente tinha muita área escura então a gente
praticamente não conseguia falar com a UOP nos locais mais
altos depois que eu fui da Bahia para o Maranhão o Maranhão
já não tinha mais rádio analógico funcionando porque a PRF
estava com projeto do rádio digital e havia também a promessa
da instalação da rede de rádio digital... porem houve algum
problema já não sei explicar o que o que houve se foi o
orçamento e além de não terem implementado a rede digital...
foi descontinuando a manutenção do analógico então dos seis
anos que eu trabalhei no ... a nossa comunicação era via
“WhatsApp” onde tinha sinal celular não tínhamos comunicação
de rádio.”
Para confirmar ou refutar essa impressão, seria necessária uma pesquisa com uma
abrangência maior, inclusive com uso de indicadores de qualidade, o que não foi objeto da presente
pesquisa.
Sugerimos, para que o sistema atinja o “estado de arte” que justifique as somas investidas,
que seja previsto um programa de manutenção de modo a garantir o melhor aproveitamento do
sistema, até que a implantação do sistema de rede 4G cobrindo todas as rodovias e a rede de
conectividade que será entregue ao governo federal em virtude do recente leilão 5G, regulamentado
pela PORTARIA Nº 1.924/SEI-MCOM, DE 29 DE JANEIRO DE 2021, seja efetivamente implantado.

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