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Resistência de Aterramento e
Diferenças de Potencial de Passo
e de Toque para Sistemas de
Aterramento Empregados em
Redes de Distribuição Rural
Autores:
Luiz Abel Alves dos Santos - FPLF (Fundação Padre Leonel Franca)
Data:
29/11/2000
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO_____________________________________________________________ 1
2. RESISTIVIDADE DO SOLO __________________________________________________ 2
2.1 ESTRATIFICAÇÃO DO SOLO EM DUAS CAMADAS HORIZONTAIS _________________ 4
2.2 RESISTIVIDADE APARENTE _________________________________________________ 5
2.3 MEDIÇÃO DA RESISTIVIDADE DO SOLO PELO MÉTODO DE WENNER ____________ 6
2.3.1 SOLO UNIFORME __________________________________________________ 7
2.3.2 SOLO ESTRATIFICADO EM DUAS CAMADAS HORIZONTAIS _____________ 8
2.3.3 EQUIPAMENTO PARA MEDIÇÃO _____________________________________ 9
2.3.4 CUIDADOS NA MEDIÇÃO ___________________________________________ 9
2.3.5 ESPAÇAMENTO ENTRE AS HASTES ________________________________ 10
2.3.6 DIREÇÕES A SEREM MEDIDAS_____________________________________ 10
2.4 MODELAGEM DO SOLO EM DUAS CAMADAS HORIZONTAIS ___________________ 11
2.4.1 MÉTODO SIMPLIFICADO ___________________________________________ 14
2.4.2 MÉTODOS USANDO TÉCNICAS DE OTIMIZAÇÃO ______________________ 17
3. CÁLCULO DA RESISTÊNCIA DE ATERRAMENTO PARA SISTEMAS DE ATERRAMENTO
TÍPICOS RURAIS _________________________________________________________ 18
3.1 SISTEMAS DE ATERRAMENTO FORMADOS POR UMA HASTE OU UM CABO
HORIZONTAL_____________________________________________________________ 18
3.1.1 HASTE __________________________________________________________ 18
a) Solo Uniforme_____________________________________________________ 18
b) Solo Estratificado Em Duas Camadas Horizontais _______________________ 20
3.1.2 CABO HORIZONTAL _______________________________________________ 22
a) Solo Uniforme_____________________________________________________ 22
b) Solo Estratificado Em Duas Camadas Horizontais _______________________ 23
3.2 SISTEMAS DE ATERRAMENTOS FORMADOS POR HASTES INTERLIGADAS EM
PARALELO ______________________________________________________________ 24
a) Solo Uniforme_____________________________________________________ 29
b) Solo Estratificado Em Duas Camadas Horizontais _______________________ 30
4. CONSIDERAÇÕES DE SEGURANÇA PESSOAL _______________________________ 30
4.1 DIFERENÇAS DE POTENCIAL DE PASSO E DE TOQUE E CORRENTE MÁXIMA
PERMITIDA ______________________________________________________________ 30
4.2 DETERMINAÇÃO DOS VALORES MÁXIMOS ADMISSÍVEIS DAS DIFERENÇAS DE
POTENCIAL DE PASSO E DE TOQUE ________________________________________ 31
5. PROGRAMA PARA CÁLCULO DA RESISTÊNCIA DE ATERRAMENTO E DAS DIFERENÇAS
DE POTENCIAL DE PASSO E DE TOQUE PARA SISTEMAS DE ATERRAMENTO TÍPICOS
RURAIS _________________________________________________________________ 35
1. INTRODUÇÃO
Por outro lado, no caso da linha monofilar com retorno por terra - MRT -, na qual o solo é o
“condutor” de retorno da corrente, o sistema de aterramento instalado conduz a corrente de
carga do circuito tanto quanto qualquer corrente de curto na linha, o que leva à necessidade
de atenção especial para o aterramento das linhas MRT. Pode vir a acontecer que, em
algumas regiões, em que os solos apresentem alta resistividade, sejam necessários
complexos sistemas de aterramento, o que aumentará consideravelmente os seus custos
e poderá vir a inviabilizá-los economicamente.
• No caso de linhas com fase(s) e neutro físico, garantir a eficiência dos mesmos,
limitando em valores adequados os deslocamentos do neutro, por ocasião de
ocorrência de faltas à terra.
Com isso, quando pretende-se buscar um baixo valor da resistência de aterramento, pode-
se evitar erros primários, como, por exemplo, utilizar hastes profundas em solos com
segunda camada de resistividade maior do que a primeira. Nessa situação de solo, num
caso mais extremo, tem-se aquele de tentar-se instalar hastes em um solo com uma
camada boa sobre rocha, no qual melhor seria instalar cabos horizontais. Analogamente,
outro caso comum, é quando do cravamento de muitas hastes curtas num solo onde a
camada menos resistiva encontra-se a uma profundidade maior, onde melhor seria partir
para um tratamento do solo com gel ou concreto ou empregar hastes profundas.
Vale também ressaltar que, às vezes, é mais interessante optar por soluções que priorizem
a redução das diferenças de potencial na superfície do solo a valores aceitáveis, e não a
redução da resistência de aterramento.
Presentemente, estes e outros itens, como, por exemplo, as metodologias para a medição
da resistência de aterramento e das diferenças de potencial de passo, aterramento de linha
primária, para o aterramento de equipamentos, entre outros, estão sendo tratados no
relatório técnico [23 ], ainda em fase de desenvolvimento.
No entanto, enquanto esse relatório não é concluído, visando fornecer subsídios imediatos
aos profissionais do ramo de projeto de sistemas de aterramento, apresenta-se neste
documento algumas equações para o cálculo da resistência de aterramento de alguns
sistemas de aterramento simples e uma técnica para a modelagem do solo em duas
camadas horizontais. Além disso, em função das facilidades computacionais atuais, essas
equações e outras mais abrangentes encontradas nas referências [3 ,4 ,16 ] foram
implementadas na versão 1.0 do programa computacional ATERURAL, desenvolvido em
linguagem Microsoft FORTRAN. Com esse programa pode-se calcular para oito sistemas
de aterramento típicos, instalados em um solo estratificado em duas camadas horizontais,
a resistência de aterramento e os maiores valores das diferenças de potencial de passo e
de toque na superfície do solo.
2. RESISTIVIDADE DO SOLO
Como o solo é o meio no qual ficam imersos os eletrodos que compõem o sistema de
aterramento, o conhecimento de suas características é de fundamental importância,
podendo-se destacar a resistividade elétrica do solo como o parâmetro principal. Como
exemplificação, para um sistema de aterramento sob um solo considerado uniforme,
quanto maior a resistividade do solo, maior será a resistência de aterramento do sistema.
• Tipo de solo: lama, húmus, limo, argila, calcário, granito, basalto, etc.
• Compactação e pressão.
corrente pelo solo se faz pelo processo eletrolítico, que necessita de água para sua
realização.
ρ [Ωm]
ρ [Ωm]
3
ρ [Ωm] 10 -
2 3 2
10 - 10 - 10 -
2
10 - 10 - 10 -
1- | | | | 10 - | | | | 1- | | | | |
0 5 10 15 0 10 20 30 -20 0 20 40 60
o
Concentração de sal [%] Umidade [%] Temperatura [ C]
(a) (b) (c)
Figura 1 - Exemplo de variação da resistividade do solo com a concentração de sal (a), umidade (b) e
temperatura (c)
Assim sendo e com vistas a utilizar as metodologias de cálculo disponíveis, o que se faz
na prática é estabelecer faixas de variação de resistividade por tipo de solo (vide Tabela 1)
e definir uma estrutura de um modelo equivalente para o solo local. A estrutura definida
deve proporcionar um desempenho semelhante ao da estrutura real. Para fins de cálculos
usuais, como o solo dificilmente é homogêneo, isso tem sido alcançado pela estratificação
do solo em camadas horizontais, em particular, duas camadas.
∗∗
A resistividade da água pura é quase infinita, ou seja, a água seria um isolante perfeito caso não
contivesse sais que, através da ionização, permitem a condução de correntes elétricas.
TIPO DE SOLO ρ [ Ω m]
lama 5 a 100
húmus 10 a 150
limo 20 a 100
Nesse modelo, quando da injeção de corrente no solo através de um eletrodo situado junto
a sua superfície, o comportamento dos fluxos de dispersão de corrente no solo é função
da resistividade das camadas, como pode ser visto na figura a seguir.
Tem-se então:
• Em solo uniforme:
R = ρ ⋅g 1 . (2.2-1)
R = f (ρ1 , ρ 2 , h , g 2 ) . (2.2-2)
Sendo:
Fazendo-se na equação (2.2-1) a resistividade aparente ρ a ser igual a do solo uniforme, isto
é, ρ=ρ a , após aplicar esta igualdade na equação (2.2-2) tem-se:
g1
ρa = . (2.2-3)
f (ρ1 ,ρ 2 , h, g 2 )
Existem diversos métodos para a medição da resistividade do solo. Esses métodos podem
ser enquadrados basicamente em duas classes: medições diretas e medições indiretas
[1 ].
As medições indiretas são baseadas em uma certa “resposta” do solo a uma certa
“excitação”. Entre os vários métodos que empregam medições indiretas, tem bastante uso
no Brasil o Método de Wenner [1 ,7 ]. Tal método emprega um arranjo de quatro eletrodos,
sendo que cada par de eletrodos serve respectivamente para injeção de corrente no solo e
medição de diferença de potencial induzida no solo.
U P1P 2
=R . (2.3-1)
I
C1 P1 P2 C2
I
A
V
a a a
P2 C2
C1 P1
q
U P1 P2
= R = ρ a ⋅ g1 , (2.3-2)
I
2
2 + 2 1 + a
2q
a
2 2
U P1P 2 ρ a a
=R = ⋅ 2 ln + 2 1 + − 2 1 + − (2.3-3)
I 2πq a
2
q 2q q
1 + 1 +
q
U P1 P 2 1
= R = ρ⋅ . (2.3-4)
I 2 πa
ρa = 2 πa ⋅ R . (2.3-5)
Essa equação traduz o comportamento dos quatro eletrodos cilíndricos verticais como o
de quatro eletrodos pontuais na superfície do solo. Note-se que, sob essa aproximação, a
resistividade é somente função do espaçamento a entre os eletrodos.
Para esta modelagem de solo, considerando que os quatro eletrodos para o arranjo de
Wenner podem ser representados por eletrodos pontuais na superfície do solo e
empregando-se a metodologia apresentada em [4 ], tem-se:
ρ1 ∞
n
∑
U P1 P 2 1 1
=R = 1 + 4 µ − , (2.3-6)
I 2πa
2 2
n =1 2 nh nh
1 + a 2 1+
a
ρ1 − ρ 2
µ= . (2.3-7)
ρ1 + ρ 2
∞
n
∑
1 1
ρ a = ρ1 1 + 4 µ − . (2.3-8)
2 2
n =1 2 nh nh
1 + 2 1 +
a a
Essa equação será muito útil para a determinação dos parâmetros ρ 1, ρ 2 e h em função
dos valores de resistividade aparente medidos pelo método de Wenner, como será visto no
item 2.4.
Conectando-se duas hastes C1 e C2 aos terminais de corrente do aparelho, este faz circular
uma corrente produzida por uma fonte interna e processa a leitura da tensão entre as duas
hastes P 1 e P 2, que devem ser conectadas aos seus dois terminais de potencial (vide
Figura 4).
q
a a a
• A condição do solo (seco, úmido, etc.) durante a medição deve ser anotada.
• Não devem ser feitas medições sob condições atmosféricas adversas, tendo-se em
vista a possibilidade de ocorrência de raios.
• O local escolhido para medições deverá ser sempre longe de áreas sujeitas a
interferências, tais como torres metálicas de transmissão, cabos contrapesos,
pontos de aterramento de sistemas com neutro aterrado, torres de
telecomunicações, solos com cabos ou canalizações metálicas, cercas aterradas,
entre outros.
As medições da resistividade do solo pelo Método de Wenner podem ser feitas visando
determinar variações horizontais ou verticais da resistividade.
localização do sistema
de aterramento
1 1
2 1
2 3
Ao final, para cada espaçamento, deve-se tirar a média (ρ am média) após eliminar, sob algum
critério, as medições errôneas. Um critério razoável é eliminar as medidas com desvio (em
módulo) acima de 40% em relação à média. O exemplo da tabela a seguir ilustra melhor
essa situação, na qual pode ser constatada a eliminação dos valores 1040 e 330.
ρ am média − ρ am
Desvio = 100 ⋅ [%] (2.3-9)
ρ am média
Tabela 2 - Valores de resistividade medidos em três direções e valores médios após a eliminação de
algumas medições
Resistividade Medida ρ am [Ω
Ω m] e Desvio [%]
Espaçamento
Direção 1 Direção 2 Direção 3 Média após a
a [m]
eliminação
ρ am Desvio ρ am Desvio ρ am Desvio
No exemplo (a) está claramente visível que o solo é razoavelmente uniforme e tem
portanto uma única resistividade ρ. Esse caso uniforme, entretanto, não é muito comum. A
presença normal, por exemplo, de camadas de areia, argila, calcário, rocha, etc.,
separadamente ou misturadas entre si, resulta um solo não homogêneo, que pode ser
estratificado, por exemplo, em camadas aproximadamente horizontais e paralelas à
superfície. Isso pode ser visto nos exemplos (b) e (c), os quais caracterizam um solo
tipicamente estratificado em duas camadas horizontais. No exemplo (d) mostra-se um
caso de solo estratificado em várias camadas horizontais.
ρam
a
ρam ρam
(a) solo praticamente uniforme
ρ1
ρ2
ρ2
ρ1
a a
(b) solo em duas camadas ( µ<0) (c) solo em duas camadas ( µ>0)
ρam ρam
a a
• Método simplificado.
Este método oferecerá resultados razoáveis somente quando o solo poder ser considerado
estratificável em duas camadas, isto é, quando a curva ρ am x a tiver o aspecto dos
exemplos (b) e (c) da Figura 6, nos quais observa-se uma considerável tendência de
saturação assintótica nos extremos e paralela ao eixo dos espaçamentos.
Como já foi assinalado nessas figuras, a assíntota para pequenos espaçamentos é típica
da contribuição da primeira camada do solo; já para espaçamentos maiores, tem-se a
penetração da corrente na segunda camada, e sua assíntota caracteriza nitidamente um
valor diferente de resistividade. Isso resultaria em uma primeira aproximação dos
parâmetros ρ 1 e ρ 2. Mesmo assim, ter-se-ia ainda que calcular o valor da espessura da
primeira camada h.
A idéia deste método simplificado se baseia em variar o espaçamento das quatro hastes do
modelo de Wenner, tal que o espaçamento seja exatamente igual a espessura h. Assim,
como a=h, a expressão (2.3-8) torna-se mais simples e igual a:
ρ a ( a = h) ∞
∑
1 1
= M ( a =h ) = 1 + 4 µ n − . (2.4-1)
ρ1 n =1 1 + 2 n
2
2 1+ n2
Na figura a seguir está mostrada a variação da função M(a=h) com o fator de reflexão µ.
Note-se que esta curva pode ser facilmente interpolada pela seguinte equação do 2o grau:
a qual tem utilização muito mais simples quando comparada com a expressão (2.4-1).
1,6
1,4
1,2
1,0
M (a=h) 0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0
µ
Figura 7 - Variação da função M (a=h) com o fator de reflexão µ
ρ2 − ρ1
4. Calcular o fator de reflexão µ = .
ρ 2 + ρ1
6. Calcular: ρ a ( a =h ) = ρ1 ⋅ M ( a =h ) .
Exemplo:
a [m] Ω]
R [Ω ρ am(a) [Ω
Ω m]
1 160,7 1010
2 77,5 974
4 35,4 890
6 18,5 696
8 9,9 500
12 5,0 380
16 2,8 280
22 1,7 230
32 1,0 210
1200
1000
800
ρam (a) [Ωm]
600
400
200
0
5
0 10 20 30 40
a [m]
200 − 1010
4. Cálculo do fator de reflexão µ: µ = = −0,669 .
200 + 1010
Resultado:
ρ 1 = 1010 Ωm
ρ 2 = 200 Ωm .
h = 5,0 m
Os métodos que usam técnicas de otimização têm sido alvo de muitos pesquisadores nos
últimos anos, pois, uma vez que elabora-se o processo computacional e em face das
facilidades computacionais atuais, obtém-se resultados com maior rapidez e
confiabilidade.
∑ [ρ (a ( ) ) − ρ (a ( ), ρ , ρ , h)] ,
m
f o (ρ1 ,ρ 2 , h ) = am i ac i 1 2 (2.4-3)
i =1
sendo:
m - número de medições;
ρ ac(a(i), ρ 1,ρ 2,h) - resistividade aparente calculada para o espaçamento entre eletrodos
para determinada medição e para valores específicos de ρ 1, ρ 2 e h [Ωm]. O cálculo é
feito empregando-se a expressão (0-8).
ρ1 = 1014 ,6 Ωm
ρ 2 = 204 ,2 Ωm .
h = 4,85 m
• Resistência formada pelo solo que envolve os eletrodos, isto é, resistência oferecida
pelo solo à dispersão de corrente dos eletrodos para o solo.
3.1.1 HASTE
a) Solo Uniforme
t ρ
2r
Figura 9 - Haste em solo uniforme
ρ 4L 1 + t / L t 4 t / L + 4(t / L )
2
R 1h = ln − 1 + ln + ln [Ω]; (3.1-1)
2 πL r 1 + 2t / L L 1 + 4 t / L + 4(t / L)
2
ρ 4L
R 1h = ln − 1 [Ω] , (3.1-2)
2 πL r
Significam:
2r
S S
Figura 10 - Seção transversal das hastes circular e cantoneira
É importante esclarecer que, tal critério de equivalência de área não é recomendável para a
definição de hastes alternativas, ou para a substituição de cantoneiras por tubos ou vice-
versa. Na verdade, para os comprimentos usuais de hastes, em face da pequena influência
do raio equivalente das mesmas no valor final da resistência de aterramento, deve ser
sempre padronizado o menor raio compatível com o grau de dificuldade previsto para a
cravação da haste no solo.
Exemplo:
100 4 ⋅ 2,4
R 1h = ln − 1 = 41,9 [Ω].
2 ð ⋅ 2 ,4 0,5 ⋅ 0,0254 ⋅1 / 2
Na prática, nem sempre o emprego de uma única haste fornece o valor de resistência de
aterramento desejado. Assim sendo, analisando-se a equação (3.1-2), pode-se concluir
que as seguintes opções acarretam a redução da resistência de aterramento:
Por outro lado, com vistas a se ter valores aproximados, pode-se empregar a fórmula de
Hummel [5 ] e estimar a resistividade aparente do solo para a haste cravada pela seguinte
equação:
L1 + L 2
ρa = , (3.1-3)
L1 L 2
+
ρ1 ρ 2
sendo:
t
L1 h ρ1
L2
∞
ρ2
2r
Pode-se então, com esse valor de resistividade, empregar as equações para solo uniforme
(3.1-1) ou (3.1-2) e determinar a resistência de aterramento da haste:
ρ a 4L
R 1h = ln − 1 [Ω] . (3.1-4)
2 πL r
Exemplo:
1,5 + 0,9
ρa = = 72,7 [Ωm];
1,5 0,9
+
50 300
72 ,7 4 ⋅ 2,4
R 1h = ln − 1 = 30,5 [Ω].
2 ð ⋅ 2 ,4 0,5 ⋅ 0,0254 ⋅1 / 2
Da mesma forma, obteve-se para este exemplo pelo sistema computacional WMALHA
[Error! Reference source not found.] o valor 33,3Ω.
nh
+ 1
ρ1 4 L ∞
µn L
R1 h = ln − 1 +
2 πL r ∑ ln
2 nh
[Ω] .
(3.1-5)
n =1
− 1
L
ρ1 1 + µ 2 L ∞
2 nh + L
R1 h = ln + µn ln
∑ [Ω] . (3.1-6)
2 πL 1 − µ + 2µ h r n =1 (2 n − 2 )h + L
L
a) Solo Uniforme
t ρ
2r
L2 + r 2 + L L2 + r 2 + 4 t 2 + L
ρ L ⋅ ln ⋅ + r + r 2 + 4t 2
R 1c = r r + 4t
2 2 . (3.1-7)
2 πL2
− L2 + r 2 − L2 + r 2 + 4t 2
ρ 2L
R 1c = ln − 1 , (3.1-8)
πL r ′
r ′ = r, para t = 0
sendo: . (3.1-9)
r ′ = 2 rt, para t > 0
Significam:
Exemplo:
100 2 ⋅ 3,0
− 1 = 39,2 [Ω].
R 1c = ln
π ⋅ 3,0 2 ⋅ 0,3 ⋅ 0 ,01 ⋅ 0,5
No entanto, para cabos enterrados na primeira camada do solo, visando obter-se valores
aproximados, pode-se empregar a equação proposta por Tagg [8 ]:
ρ1 2L
R 1c = ln − 1 + R m c , (3.1-10)
πL r ′
sendo:
2
1 + 2 nh + 1
ρ1 ∞ n
2
L 2nh
∑
8 nh
R mc = µ ⋅ 4 ln + −4 + 1 . (3.1-11)
2πL n =1 h L L
2n
L
Exemplo:
ρ 2 − ρ1 300 − 50
µ= = = 0 ,714
ρ 2 + ρ1 300 + 50
2 n ⋅ 2,0
2
1 + + 1
50 ∞ 3,0 8n ⋅ 2,0 2 n ⋅ 2,0
2
R mc = ∑
2π ⋅ 3,0 n =1
0,714 n ⋅ 4 ln
2,0
+ −4
3,0
+ 1 ≅ 4,9
2n 3,0
3,0
50 2 ⋅ 3,0
− 1 + 4 ,9 = 24,5 [Ω].
R 1c = ln
π ⋅ 3,0 2 ⋅ 0 ,3 ⋅ 0,01 ⋅ 0,5
Sejam as figuras a seguir, nas quais mostram-se para duas hastes paralelas em solo
uniforme as suas linhas equipotenciais isoladas e do conjunto. Em ambas as figuras não
se supôs que os cabos de interligação estavam enterrados.
R 11 ⋅ I1 + R 12 ⋅ I 2 + L + R1 n ⋅ I n = V
R ⋅ I + R ⋅ I + L + R ⋅ I = V
21 1 22 2 2n n
, (3.2-1)
M
R n 1 ⋅ I1 + R n 2 ⋅ I 2 + L + R nn ⋅ I n = V
sendo
I1 + I 2 + L + I n = I . (3.2-2)
Significam:
Rii - resistência de aterramento própria do eletrodo “i”, que é a que foi calculada no item
anterior;
R 11 ⋅ I1 + R 12 ⋅ I 2 = V
, (3.2-3)
R 21 ⋅ I1 + R 22 ⋅ I 2 = V
R 11 ⋅ R 22 + R 12
2
R 2e = . (3.2-4)
R 11 + R 22 − 2 R 12
Se esses dois eletrodos forem duas hastes idênticas sob o solo, com resistência de
aterramento de cada uma igual a Rp e resistência mútua entre ambas igual a Rm, vem:
Rp Rm
R2 h = + . (3.2-5)
2 2
2.0
1.8
1.6 a
1.4
R3h /R3 h i n f
1.2
1.0
0.8
0.6
0.4 sem cond. interlig.
com cond. interlig.
0.2
0.0
0 1 2 3 4 5 6 7
a [m]
Figura 15 - Variação da relação R3h/R3h inf com o espaçamento entre hastes 3m x 5/8” a 0,5m de
profundidade
Note-se da curva cheia dessa figura que, para espaçamentos maiores do que 3m, começa
a ocorrer um efeito de saturação da redução da resistência do conjunto das 3 hastes. Por
outro lado, quando se considera o efeito do cabo de interligação entre as hastes, a redução
é bem mais acentuada. Apesar disso, na prática, o procedimento usual para a estimativa
do espaçamento mínimo entre hastes tal que o efeito das resistências de aterramento
mútuas seja reduzido, ou para a estimativa da resistência de aterramento total do conjunto
de hastes, não considera a contribuição dos cabos de interligação, e, dessa forma, indica o
emprego do espaçamento mínimo entre as hastes igual ao comprimento das hastes. O
efeito dessa consideração é que os resultados são sempre conservativos e, portanto, estão
a favor da segurança.
A prática recomenda uma distância a ser mantida entre o poste e a haste mais próxima
com um valor mínimo de 1 m.
• hastes alinhadas:
2 a 5 hastes alinhadas.
Essas geometrias estão apresentadas nas Figura 16 a Figura 19 a seguir, sendo nessas
figuras:
a 2r
a
L
2r
t
a
2r
Figura 18 – 4 hastes formando um quadrado com 1 haste no centro
t
a
2r
Figura 19 – 6 hastes formando um hexágono com 1 haste no centro
a) Solo Uniforme
M
Rp + ∑R mi
R Nh = i =1
, (3.2-6)
N
sendo:
N (N − 1)
M= , o número de combinações de resistências de aterramento mútuas
2
possíveis;
Para o caso particular das hastes ao redor de um círculo, ainda sem considerar o efeito
dos cabos de interligação entre as hastes pode-se usar a fórmula de Schwarz [18 ]:
R Nh =
ρ 4L
ln − 1 +
2πLN r
2,74 ⋅ L
( 2
)
N −1 ; (3.2-7)
A
sendo:
N – número de hastes.
Para o caso particular das hastes ao redor de um círculo, sem se considerar o efeito dos
cabos de interligação, há também a opção de se utilizar as fórmulas de Nahman [19 ,20 ],
que são uma extensão da fórmula de Schwarz [18 ], mas são equações de uso mais
dificultado e, portanto, não serão aqui apresentadas.
Na prática, isso tem sido solucionado por meio da especificação de diferenças de potencial
máximas admissíveis, as quais uma pessoa possa ser submetida, quais sejam: máxima
diferença de potencial de passo e máxima diferença de potencial de toque.
É a diferença de potencial entre os dois pontos na superfície do solo tocados pelos pés de
uma pessoa que caminha no interior da área sobre o sistema de aterramento, sem que a
É a diferença de potencial entre um ponto de uma estrutura aterrada no qual uma pessoa
toca com ambas as mãos e o ponto na superfície do solo tocado pelos seus pés.
Conforme os estudos de Dalziel [13 ,14 ], os quais são usualmente empregados, na faixa
de duração de 0,03 a 3,0s a máxima corrente permissível Imax para que não ocorra
fibrilação ventricular é dada por:
k
I max = [A], (4.1-1)
t
sento t o tempo do choque e k igual a 0,116 e 0,157 para pessoas com respectivamente 50
e 70 kg de massa.
Cumpre comentar que, a equação anterior é discutida por diversos autores [22 ],
principalmente para valores de t menores que o ciclo cardíaco, que é da ordem de 0,8s.
Além disso, para valores elevados de t, superiores a alguns segundos, indica-se que se
use como valor máximo permissível a corrente de tetanização muscular, que é
sensivelmente inferior ao limiar de fibrilação ventricular; por exemplo, conforme [15 ], é da
ordem de 10mA.
1 1
US1 ,S2 α − , (4.2-1)
S1 S 2
Para fins práticos, os pés de um indivíduo quando caminha são considerados afastados de
1m um do outro. Assim fazendo-se, coloca-se na Tabela 4 duas situações para as
distâncias S1 e S2:
U(S)
Upasso
S
S1 S2=S1+1m
U(S)
Utoque
S
S1
No entanto, é freqüente desprezar Rco, que é pequeno quando comparado com Rch e Rcp, e
desprezar Rl e Rsm, o que de certa corresponde a incorporar os valores respectivos, em
termos estatísticos, num critério em que se considerem valores típicos mínimos de Rch, no
sentido de ser um valor com elevada probabilidade de ser excedido, para efeito de cálculo
de segurança de pessoas. Nessas condições, tem-se na Figura 22 os circuitos elétricos
representativos quando um indivíduo é submetido às diferenças de potencial de passo e de
toque.
Ich RTch
RTch/2 RTch/2
Ich
Rp Rp Rp Rp
Rm
Rm
Utoque Upasso
Ras
≅ 1m
≅ 1m
Figura 22 - Circuitos elétricos equivalentes para o cálculo das diferenças de potencial de toque e de
passo
Significam:
• I - corrente que é injetada no solo através do sistema de aterramento [A], o qual tem
resistência de aterramento Ras. Eletricamente, tal corrente dependeria das resistências
RTch e da resistência da combinação entre Rp e Rm, mas em função dos altos valores
dessas resistências, praticamente não sofre influência.
• RTch - soma entre a resistência das luvas e as resistências de contato das mãos da
pessoa, a resistência equivalente do corpo humano e a resistência dos sapatos e das
meias [Ω].
ρ 1 ∞
µ1
n
Rp = ⋅ 1+ 2 ∑ , (4.2-3)
4b n =1 1 + (2 nh b )
2
ρ
Rc = . (4.2-4)
4b
Sendo:
ρ2 − ρ1
µ - fator de reflexão: µ = .
ρ 2 + ρ1
• Rm - parcela mútua da resistência oferecida pelo solo aos fluxos de corrente oriundos
dos dois pés [Ω]. Conforme [21 ], para um solo estratificado em duas camadas
horizontais é dada por:
ρ1 ∞
µ1
n
Rm = ⋅ 1+ 2 ∑ , (4.2-5)
2πd n =1 1 + (2 nh d )
2
ρ
Rm = , (4.2-6)
2 πd
Vem então, após a resolução dos dois circuitos elétricos da Figura 22:
Rp + Rm
U toque = R Tch + ⋅ I ch
2 . (4.2-7)
U [ ( )]
passo = R Tch + 2 ⋅ R p − R m ⋅ I ch
Os valores máximos das diferenças de potencial de toque e de passo, Utoque máx e Upasso máx,
podem ser obtidos substituindo-se no grupo de equações (4.2-7) b=0,08m, d=1,0m (passo)
ou d=0,5m (toque) e a corrente Ich pela máxima corrente permissível tal que não ocorra
fibrilação ventricular. A definição da geometria adequada de um sistema de aterramento
instalado sob um determinado solo deve então ser feita tal que as maiores diferenças de
passo e de toque induzidas na superfície do solo não sejam superiores a esses valores
máximos.
Tendo em vista disponibilizar de forma prática aos diversos profissionais do ramo uma
forma de calcular as resistências de aterramento e os maiores valores das diferenças de
potencial de passo e de toque para alguns sistemas de aterramento típicos rurais,
desenvolveu-se em linguagem Microsoft FORTRAN a versão 1.0 do programa ATERURAL.
1. 1 haste vertical.
Para cada execução do programa ATERURAL, faz-se os cálculos para os oito sistemas de
aterramento mencionados. Além disso, pode-se considerar ou não nos cálculos o efeito
dos cabos de interligação entre as hastes.
1. Calcula-se uma grade de potencial, onde a grade é formada por quadrados com
0,5x0,5m em cujos vértices se calcula o potencial induzido.
3. Acha-se a maior diferença de potencial entre dois pontos com afastamento próximo
de 1m. Esse valor é tido como a maior diferença de potencial de passo.
Como é esperado que tais valores máximos não ocorram muito distantes da região
delimitada pelas hastes e em função da simetria das linhas equipotenciais em relação a
uma linha de centro que divide o sistema de aterramento em duas partes iguais, estipulou-
se as seguintes localizações das grades de potencial:
1m
x haste
1m
Dist y
Dist
Linha de centro do
sistema de aterramento
Linha de centro do
sistema de aterramento
1m x haste
y
A distância Dist é calculada como o maior valor obtido entre o comprimento da haste, o
espaçamento entre as hastes e o valor 5m.
Note-se nessas duas figuras a origem dos eixos x e y, sendo o eixo x positivo para cima e
negativo para baixo e o eixo y positivo para a direita e negativo para a esquerda.
Para o caso de hastes de 1/2”, instaladas a 0,5m da superfície do solo, com comprimento
de 3,0m e espaçadas de 3,0m, tem-se∗∗ :
∗∗
Obs.: Raio da haste com diâmetro 1/2” = 0,5x1/2x2,54cm = 0,635cm.
Na tela que surge na seqüência, caso que se queira considerar os cabos de interligação,
devem ser introduzidos os seus dados, isto é, o raio e a profundidade de instalação.
Usando-se cabos com raio de 0,3cm e instalados a 0,5m da superfície do solo, vem:
Neste ponto, todos os dados já foram introduzidos e então surge a seguinte tela, apenas
para efeito de verificação dos valores:
Nas telas que surgem em seguida, são mostrados os resultados para cada um dos oito
sistemas implementados.
Figura 37 - Resultados para o sistema com 4 hastes ao redor de um círculo e 1 haste no centro
Figura 38 - Resultados para o sistema com 6 hastes ao redor de um círculo e 1 haste no centro
6. CONCLUSÕES
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
1 EPRI - Transmission Line Grounding - Relatório Final EPRI EL-2699, vol.1, outubro,
1982.
3 Salari Fo, J.C.; Dart, F.C. - Aterramento à Freqüência Industrial - Equações Básicas e
Eletrodo Pontual - Relatório Técnico DPP/TEQ no 425, CEPEL, 1997.
6 Leite, C.M.; Pereira Fo, M.L. - Técnicas de Aterramentos Elétricos - Editora Officina de
Mydia, 2a edição, São Paulo, 1996.
12 Dalziel, C. F. - Effect of Wave Form on Let-Go Currents - AIEE Transactions, vol. 62,
1943, págs. 739-744.
14 Dalziel, C. F.; Lagen, J. B.; e Thurston, J. L. - Electric Shock - AIEE Transactions, vol.
60, 1941, págs. 1073-79.
15 IEC - Effects of Current Passing Through the Humam Body - IEC Report, publicação
no. 479-1, 1984.
18 Schwarz, S.J. – Analytical Expression for the Resistance of Grounding Grids – AIEE
Transactions, vol. 73, agosto, 1954, págs. 1011-1016.
20 Nahman, J.; Salamon, D. – Analytical Expressions for the Resistance of Rodbeds and
of Combined Grounding Systems in Nonuniform Soil – IEEE Transactions on P.D.,
vol. 1, no 3, julho, 1986, págs. 90-96.
21 Heppe, R.J. -Step Potentials and Body Currents Near Ground in Twolayer Earth - IEEE
Transactions on P.A.S., no 1, 1979.
23 Salari Fo, J.C.; Santos, L.A.A.; Nascimento, J.M.L. - Aterramento de Sistemas Elétricos
de Distribuição à Freqüência Industrial - Relatório Técnico ADG-A/PER a ser emitido.