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A importância da liderança dos

Suboficiais para cumprimento das


missões das Forças Armadas
A importância da liderança dos Suboficiais para cumprimento das missões das
Forças Armadas
Resumo

Os Suboficiais ocupam uma posição de destaque no cenário da disciplina e hierarquia no seio de


uma organização militar. Como líderes intermediários entre os Oficiais e os Soldados,
desempenham um papel crucial na manutenção dos padrões elevados de disciplina e conduta. A sua
liderança é um pilar fundamental para a coesão da tropa, exercendo uma influência que vai além do
operacional. Os Suboficiais são os exemplos a serem seguidos, constantemente prontos para guiar e
treinar os subordinados sob sua supervisão. A relevância histórica desse papel encontra paralelos em
vivências da Marinha dos Estados Unidos da América (EUA), onde ao longo da história se
constatou a necessidade vital de um elo sólido entre o Comando e a Guarnição para aprimorar a
capacidade de Comando e Combate de suas embarcações. Essa lição também ecoou no Brasil,
enfatizando ainda mais a importância dos Suboficiais na organização militar. Em meio a esses
fatores, os Suboficiais assumem um papel indispensável para o cumprimento da missão
institucional, contribuindo de forma ímpar para a harmonia e excelência da Organização.

Fatos históricos
As experiências moldadas ao longo da história da Marinha dos Estados Unidos da América (EUA)
evidenciam a necessidade imperativa de estabelecer um vínculo sólido entre o Comando e a
Guarnição, visando aprimorar a eficácia tanto do Comando quanto do Combate em suas
embarcações. Esta necessidade crucial se concretizou na criação da graduação de "Chief Petty
Officer (CPO)" em 1893. O termo "Chief" foi utilizado oficialmente pela primeira vez na Marinha
dos EUA em 1776, durante a Guerra de Independência, quando Jacob Wasbie, um marinheiro
cozinheiro do "USS Alfred", foi promovido a "Chief Cook" para designá-lo como o principal
profissional de sua especialidade a bordo de uma embarcação.

Hoje, a graduação de Chief Petty


Officer desfruta do status de um elo
fundamental, enriquecendo o
relacionamento entre o Comando e a
Guarnição.
Progressivamente, essa designação informal ganhou proeminência à medida que a Marinha dos
EUA crescia, adquirindo navios maiores, tecnologicamente mais avançados e, consequentemente,
com tripulações significativamente ampliadas. A evolução constante levou à formalização da
graduação de CPO, agora reconhecida como a de maior responsabilidade entre todas as demais.
Hoje, a graduação de Chief Petty Officer desfruta do status de um elo fundamental, enriquecendo o
relacionamento entre o Comando e a Guarnição. Sua presença robusta é essencial para assegurar a
capacidade de Comando e Combate em um cenário naval em constante desenvolvimento e desafio.
No caso específico da Marinha do Brasil, a origem da graduação de Suboficial surge quando a
instituição passou por transformações significativas em sua estrutura e organização. A necessidade
de líderes capacitados e experientes para gerenciar as tripulações e operações nas embarcações
impulsionou a criação dessa graduação.
Na Marinha do Brasil, a origem da graduação de Suboficial remonta ao século XX, mais
precisamente ao Decreto nº 19.880, datado de 17 de abril de 1931. Esse decreto estabeleceu o posto
de Suboficial, preenchendo uma lacuna importante na estrutura hierárquica das Forças Armadas.
Antes da promulgação desse decreto, a posição de Suboficial existia de maneira informal, sendo
reconhecida apenas de fato. O Decreto nº 19.880/31 oficializou essa graduação e a inseriu na escala
hierárquica entre os oficiais de patente e os sargentos ajudantes.
De acordo com o artigo 2º do referido Decreto, o posto de Suboficial substituiria a graduação de
sargento-ajudante que até então era atribuída aos suboficiais da Armada. Essa mudança representou
uma reorganização importante na estrutura das Forças Armadas, estabelecendo uma graduação
específica e reconhecida para os Suboficiais.

A Graduação de Suboficial
A posição hierárquica do Suboficial nas Forças
Armadas do Brasil é de extrema relevância,
representando a graduação de não-oficial mais
alta, situando-se diretamente abaixo do
aspirante a oficial. Embora não esteja inserida
no corpo de oficiais, sua influência é inegável,
visto que desempenha um papel vital na
manutenção da disciplina e da hierarquia nas
organizações militares.
A padronização hierárquica das Forças Armadas, delineada pela OTAN (STANAG 2116) para
promover paralelos entre as hierarquias de diferentes nações, classifica o Suboficial como (OR-9 -
Master Chief Petty Officer (equivalente a Suboficial na Navy – EUA). Esse reconhecimento
internacional ressalta ainda mais a importância dessa graduação.

No cenário atual, marcado por desafios


complexos e variados, a importância dos
Suboficiais na disciplina, na hierarquia das
organizações militares e na moral da tropa
é mais relevante do que nunca.
Figura 1: Divisa de Suboficial da Marinha Americana ( Master Chief Petty Officer)

Ao longo dos anos, a figura do Suboficial consolidou-se como um alicerce da hierarquia e disciplina
na Marinha do Brasil. Sua formação transcende o âmbito técnico e operacional, abrangendo
também valores éticos e morais que refletem os princípios fundamentais da instituição. O Suboficial
é um exemplo vivo desses valores, sendo a personificação do compromisso e da dedicação à causa
militar, garantindo assim a coesão e excelência das Forças Armadas.No cenário atual, marcado por
desafios complexos e variados, a importância dos Suboficiais na disciplina, na hierarquia das
organizações militares e na moral da tropa é mais relevante do que nunca. Com suas habilidades de
liderança, experiência acumulada e dedicação inabalável, eles são agentes de estabilidade,
contribuindo para a adaptação às mudanças e para a excelência operacional.
Isso fica evidente ao analisarmos um exemplo recente como a guerra entre a Ucrânia e a Rússia,
onde a moral da tropa russa foi abalada, trazendo dificuldades significativas para as forças russas.
Situações como essa destacam ainda mais a importância dos Suboficiais como líderes que
sustentam a coesão e o espírito combativo das tropas, proporcionando o suporte emocional e
estratégico necessário para enfrentar adversidades tão desafiadoras.

A importância dos Suboficiais


Nesse contexto, a atuação dos Suboficiais vai além
das habilidades técnicas e operacionais, abrangendo a
“O conhecimento, a experiência e a
capacidade de manter a motivação dos soldados
liderança dos suboficiais experientes
mesmo diante de cenários adversos. A presença desempenham um papel integral no
desses líderes experientes e comprometidos é crucial sucesso de nossas forças, para
para garantir não apenas a eficácia das operações, responderem às ameaças comuns no
mas também o bem-estar emocional e psicológico das hemisfério ocidental.”
tropas, assegurando a coesão e a resiliência diante das
adversidades contemporâneas.
Recentemente, um outro evento ilustrou de forma eloquente o reconhecimento da relevância dos
Suboficiais para as organizações militares, ocorrendo aqui em nosso próprio país. Tratou-se da
reunião de Suboficiais e Subtenentes da América do Sul no Seminário de Suboficiais Superiores
2019, realizado em Natal.
Esse importante encontro integrou a Conferência Sul-Americana de Defesa (SOUTHDEC, em
inglês) de 2019, que contou com o apoio do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM) e do Ministério
da Defesa do Brasil. O tema central da conferência foi “A cooperação regional de defesa em
resposta aos desafios do hemisfério”, proporcionando aos Suboficiais e Subtenentes uma plataforma
para compartilhar informações valiosas e lições aprendidas sobre profissionalização e oportunidades
de treinamento regional. Na ocasião o Subtenente do Exército dos Estados Unidos, Danny Gomes,
responsável pelo Programa de Parceria para o Desenvolvimento de Suboficiais do SOUTHCOM,
destacou o objetivo do seminário em promover uma transformação cultural que ampliasse as
responsabilidades dos líderes suboficiais na região.
“O conhecimento, a experiência e a liderança dos suboficiais experientes desempenham
um papel integral no sucesso de nossas forças, para responderem às ameaças comuns no
hemisfério ocidental.” Master Chief Petty Officer Danny Gomes

Esse evento não apenas reforçou a importância desses líderes intermediários, mas também
demonstrou como sua colaboração e troca de expertise têm um impacto significativo na segurança e
na capacidade de resposta em nossa região.

Figura 2: Participants of the Senior Enlisted Leaders Seminar 2019, held during the South
American Defense Conference 2019 in Natal, Brazil. (Photo: Marcos Ommati / Diálogo)

O Suboficial-Mor
Em 1995, a Marinha dos EUA introduziu o Programa “Master Chief Command” (MCM) para
otimizar as comunicações internas e manter elevados padrões profissionais em todos os níveis de
comando. Os MCM atuam reforçando a cadeia de comando e mantendo os comandantes cientes de
questões que possam afetar a missão, prontidão, bem-estar e moral da tripulação.
No Brasil, a função de Suboficial-Mor (SOMor) foi criada em 2015 através da Portaria nº 470/MB,
inspirada no programa “Master Chief Command” dos EUA. O SOMor atua como elo direto entre o
Comando e a guarnição, aconselhando as Praças em questões de bem-estar, disciplina, liderança,
entre outras. Ele também representa as necessidades das Praças perante o Comando, integrando o
Conselho de Gestão e incentivando valores éticos e militares.
O Suboficial-Mor é um assessor direto do Comando da Organização Militar (OM), participando em
honras protocolares e eventos institucionais para destacar seu papel crucial na liderança e
excelência da missão da OM. Sua função reforça a coesão e o profissionalismo na Marinha do
Brasil.
O Militar que conquista essa função, recebe o reconhecimento institucional e o prestígio de ter
posição destacada em todas as oportunidades possíveis, de maneira a ressaltar o seu papel
fundamental na liderança e na busca pela excelência, no desempenho da missão da unidade militar e
no andamento do serviço a bordo.

O Curso de Assessoria em Estado-Maior para Suboficiais (C-ASEMSO)


O C-ASEMSO (Curso de Assessoria em Estado-Maior para Suboficiais foi criado com o objetivo
primordial de aprimorar a capacitação dos Suboficiais na
condução de suas atividades, por meio da expansão de
conhecimentos nas áreas de desenvolvimento gerencial do
pessoal. Esse programa visa, de maneira direcionada,
proporcionar uma formação que permita a esses militares
atuar como assessores competentes dos Oficiais que
estejam desempenhando funções de Estado-Maior.
O curso, estrategicamente projetado, visa fortalecer as
habilidades dos Suboficiais, capacitando-os para
compreender e enfrentar desafios complexos que podem
surgir em posições de assessoria. O C-ASEMSO engloba
uma variedade de tópicos, desde estratégias de
planejamento e liderança até a gestão eficaz de recursos e
tomada de decisões fundamentais. Figura 3: Distintivo de conclusão do
curso do C-ASEMSO.
Ao participar do C-ASEMSO, os Suboficiais não apenas
ampliam seus conhecimentos e competências, mas também se preparam para contribuir
significativamente com os processos decisórios e a execução de tarefas estratégicas de alto nível.
Essa qualificação reflete diretamente na eficiência operacional das organizações militares, uma vez
que esses profissionais estão melhor preparados para fornecer orientações especializadas, análises
fundamentadas e soluções inovadoras aos Oficiais em funções de Estado-Maior.
O C-ASEMSO, portanto, desempenha um papel vital na valorização e no aprimoramento dos
Suboficiais, reconhecendo sua importância como parte integral da equipe de liderança das Forças
Armadas. Essa formação não apenas eleva a qualidade das operações, mas também contribui para a
construção de uma estrutura militar mais robusta, coesa e eficaz, que esteja apta a enfrentar os
desafios dinâmicos e complexos do cenário atual.
O C-ASEMSO, portanto, desempenha
Como se tornar Suboficiais, líderes eficazes um papel vital na valorização e no
•Seja um exemplo a ser seguido. aprimoramento dos Suboficiais,
reconhecendo sua importância como
•Seja disciplinado, honesto e ético. parte integral da equipe de liderança
das Forças Armadas.
•Esteja sempre preparado para orientar e treinar os
Marinheiros.
•Seja capaz de tomar decisões rápidas e precisas em situações de alta pressão.
•Lidere pelo exemplo em todos os momentos.
•Crie um ambiente de confiança e respeito.
•Motive os subordinados a darem o melhor de si.

Conclusão
Em resumo, os Suboficiais são figuras centrais na manutenção da disciplina e da hierarquia nas
organizações militares. Eles inspiram os seus subordinados a construir uma cultura de coesão,
eficiência e sucesso. Eles estão comprometidos com altos padrões de conduta e têm a capacidade de
tomar decisões rápidas e acertadas.
No contexto atual, a importância dos suboficiais é inegável. Eles são fundamentais para o
cumprimento das missões das Forças Armadas e para a garantia da segurança e da ordem da nação.
Sem uma liderança eficaz dos suboficiais, a organização militar perderia sua eficiência e capacidade
de realizar suas tarefas de forma eficaz.
Aos seus liderados, cabe a compreensão de que representam os futuros líderes da tropa. É essencial
reconhecer essa liderança dos Suboficiais com lealdade e proatividade, pois somente ao serem
exemplos de liderança dedicada e comprometida, estarão preparados para se tornarem líderes
excepcionais no futuro.
Portanto, caros Suboficiais dessa inestimável Organização Militar, é com grande honra que
participamos da construção de uma era significativa para a nossa Marinha brasileira, a “Marinha
Nuclear.” Mantenhamos a chama da dedicação acesa e perpetuemos os valores dos nossos heróis do
passado, para que as gerações futuras de marinheiros continuem a trilhar o caminho da Marinha
invicta de Tamandaré.

“O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever!”


Almirante Barroso.

Autor: SO ET-SB MARCOS

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