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1. Introdução: visão conceitual de trabalho de comando.

O conceito do que vem a ser trabalho de comando é bastante difícil de


ser estabelecido, vez que a doutrina aplicável às corporações policiais militares
é bastante restrita e insipiente, apesar do grande avanço dos estudos ligados à
área, notadamente nos últimos trinta anos. Ainda assim, muitos conceitos
utilizados pelas polícias militares são adaptados daqueles existentes na Força
Armada Terrestre: o Exército Brasileiro (EB).
Contudo, nem mesmo nossa “Força-Mãe” fornece todos os elementos
necessários para formar esse conceito à Polícia Militar. Segundo o EB20-MC-
10.211 (Manual de Campanha – Processo de Planejamento e Condução das
Operações Terrestres), “trabalho de comando de subunidades” é uma das três
metodologias de planejamento existentes. Segundo o mencionado Manual:

3.2.7.4 Trabalho de Comando de Subunidade e Escalões Inferiores


3.2.7.4.1 Trabalho de Comando é o ciclo de atividades realizados pelos
comandantes de subunidades (SU) e escalões inferiores que tem início com o
recebimento da missão. Compreende a preparação da tropa, o planejamento, a
execução e a avaliação da operação.
3.2.7.4.2 O Trabalho de Comando é um processo dinâmico que obedece à mesma
metodologia de solução de problemas militares do Exame de Situação, guardado o
nível de detalhamento adequado ao escalão. Nas subunidades, nos pelotões e nas
pequenas frações todo o encargo de planejamento e execução é de seus
comandantes.

Esse mesmo conceito é replicado no EB60-ME-13.301 (Manual de


Ensino – Trabalho de Comando).
A Resolução nº 140 de 06 novembro de 2001 institui o Manual de
Trabalho de Comando da Polícia Militar de Rondônia (MTC). Curiosamente, a
norma não conceitua o termo pelo qual o Manual é nominado. Traz, conduto,
alguns dizeres que podem ser utilizados para nosso estudo:
APRESENTAÇÃO
A disciplina TRABALHO DE COMANDO foi introduzida pela primeira
vez no CADOF - Curso de Adaptação de Oficiais em 1994, com o
objetivo de dar ao ex-oficial R/2 do Exército e futuro Oficial de Polícia
Militar uma noção básica sobre os trabalhos executados pelos
Oficiais do Estado-Maior, bem como a sua organização e atuação.
Para tanto fornece também alguns conceitos básicos e princípios
gerais empregados no dia-a-dia da nossa profissão, como
naturalmente, noções sobre Responsabilidade e Autoridade, sobre
Planejamento e Planos, e mostra alguns procedimentos para a
confecção de Trabalhos e Documentos de Estado-Maior.

Agora com a realização do CAO - Curso de Aperfeiçoamento de


Oficiais na Polícia Militar de Rondônia a matéria TRABALHO DE
COMANDO tornou-se imprescindível ao Aperfeiçoamento de nossos
Oficiais e daqueles oriundos de outros Estados que nos dão a honra
de tê-los sob nossa responsabilidade para habilitá-los no
desempenho de funções de Assessores no Estado-Maior e a
conseqüente promoção ao posto de Major PM, ascensão funcional ao
oficialato superior da Corporação
Porto Velho-RO, 30 de Agosto de 1999.
JOÃO CARLOS SINOTT BALBI - Cel PM
Subcomandante da PMRO

Diante da dificuldade de delimitar o conceito, não nos resta alternativa,


senão ditarmos, nós mesmos, o que vem a ser “Trabalho de Comando”.
A nosso sentir, Trabalho de Comando é a forma de atuação ordenada
desenvolvida pelos órgãos que compõem a Polícia Militar, decorrente das
implicações cotidianas dos institutos da hierarquia, disciplina e costumes
militares, baseado a partir de sua principal característica, qual seja a
estratificação.
Certo, admito que isso ficou um pouco “teoricão” e pouco entendível.
Mas explico: Trabalho de Comando é apenas a manifestação palpável do
exercício do comando. “Comando”, segundo O MTC, “é o conjunto de ações
desenvolvidas pelo Comandante e seus assessores (Estado-Maior ou Staff),
visando atingir os objetivos da organização”. Implica dizer que um comando,
independente do grau que ocupar na escala hierárquica militar ou
organizacional, é composto do comandante e seus auxiliares (seu Estado-
Maior), e, juntos, executam as missões institucionais que lhes são conferidas
pelas normas em vigor ou pelas autoridades constituídas.
A expressão “atuação ordenada” tem relação com o fato de cada
componente da Corporação sabe seu papel e o desempenha na exatidão que
os regramentos lhes permitem. É “desenvolvida pelos órgãos que compõem a
Polícia Militar” porque cada Unidade Policial Militar (OPM) possui uma função
específica. A “decorrência da hierarquia, disciplina e costumes militares” vem
da exigência de acatamento integral aos regulamentos policiais militares
imposta a qualquer PM. E a “estratificação” mencionada se refere tanto à
estratificação da estrutura organizacional corporativa quanto dos graus
hierárquicos militares, em que ambos trazem como consequência a
subordinação e o dever de obediência às determinações estabelecidas por
aquele de maior grau àquele de menor grau hierárquico.

2. Fatos históricos sobre o Estado-Maior: O Estado-Maior no mundo e no


Brasil.
O Manual de Trabalho e Comando da PMRO traz um excelente resumo
acerca do contexto histórico da criação, evolução e consolidação do Estado-
Maior no Brasil e no mundo.

2 ESTADO MAIOR
2.1 O Estado Maior no Mundo
Da Antiguidade e Idade Média tem-se a notícia de alguns grupos de
conselheiros (assessores) que auxiliavam grandes generais na
administração dos exércitos na condução da guerra, contudo, não se falava
de um Estado-Maior organizado para esse mesmo fim.
Os textos bíblicos fazem menção aos espiões de Josué, isto no século XII
AC. Em Atenas e Esparta, tem-se a figura dos Conselhos de Generais que
assessoravam o Estrátego – Chefe. Também encontra-se Conselhos
semelhantes nas grandes conquistas de Felipe, Alexandre, Júlio César e
outros grandes guerreiros da antiguidade.
Na Idade Moderna e Contemporânea surgem os primeiros sinais de uma
estrutura moderna de Estado-Maior. O surgimento dos “Corpos de
Assessores” de elite que posteriormente evoluíram para os modernos
Estados-Maiores, aconteceu após o surgimento do canhão e da pólvora,
com a consolidação dos Exércitos Nacionais e quando as guerras se
tornaram mais complexas.
A ideia de se estruturar um corpo de oficiais de elite, verdadeiros cientistas
da guerra, provavelmente tenha surgido nos primórdios do século XVII na
Suécia, com Gustavo Adolfo, quando da assunção ao trono no ano de 1611.
Ele tinha o hábito, antes de uma campanha e outra, de se reunir com os
seus comandantes de cavalaria, de infantaria, da tropa reserva e da
artilharia. Para cada batalha, estudava com seus generais, os passos e
comandos a serem dados com vista a uma perfeita sintonia da ação tática a
ser desenvolvida, preconizando que a ciência do comandante está em:
- conduzir a tropa com habilidades;
- reunir os meios necessários;
- ter uma tática de marcha antes do combate; e
- conhecer a arte dos movimentos de grande envergadura sobre os flancos
ou a retaguarda dos adversários.
As verdadeiras raízes do moderno Estado-Maior são identificadas
no Exército Prussiano, que é produto de uma fase específica do
desenvolvimento da Europa. O Estado-Maior Prussiano surgiu da
combinação da monarquia absoluta com um exército permanente, tendo a
sua história, estrutura e evolução ligada indissoluvelmente a quatro nomes:
Scharnhorst, Gneisenau, Von Massembach e Clausewitz.
Gerhard Johann Scharnhorst (1801) propgnou por um Estado Maior a
quatro seções: Estratégia e Tática; Administração Interna; Reforços; e
Artilharia e Munições. Articulou os exércitos em divisões compostas de
todas as armas, lançando os fundamentos do Estado-Maior Operacional.
Cercou-se de brilhantes oficiais para proceder a um ousado programa de
reformas e cristalizar um novo pensamento militar.
August Wilhelm Von Gneisenau (1813), pôs em execução a ideia de um
Estado-Maior permanente, atuando mesmo em tempos de paz.
Von Massembach foi o grande impulsionador da ideia do Estado-Maior
como centro de planejamento em tempos de paz. Redigiu as instruções
relativas ao serviço de Estado-Maior Especial. Propôs um programa de
treinamento integral para os oficiais, com jornadas, de trabalho para o
reconhecimento em regiões de prováveis operações e um rodízio entre
Estado-Maior e Tropa.
Carl Von Clausewitz conviveu com grandes teóricos do Estado-Maior da
Prússia, tornando-se, talvez, o maior teórico da guerra.
Após esta fase inicial, Von Muffling tornou-se um reorganizador do Estado-
Maior Alemão, dotando-o de três Divisões principais: 1ª Pessoal; 2ª
Organização, Instrução, Manobras e Planos de Mobilização; 3ª Questões de
Técnica e Artilharia.
O Estado-Maior atinge o seu apogeu com Moltke (1857 a 1888), quando
sob sua chefia, teve acrescentada em sua estrutura as Seções de História,
Cartografia e Ferroviária. Tornou-se um centro de planejamento na guerra e
na paz. Foi considerado o pai do moderno Estado-Maior e, após a vitória
Prussiana de 1870 sob a França, o Estado-Maior de Moltke passou a ser
visitado por diversas missões militares de vários países, servindo de modelo
a sua organização. Países como a Rússia, Japão, China, Turquia, Chile,
Argentina, buscaram assessores prussianos para a reorganização de seus
exércitos, bem como a própria França, após vencida, estruturou seu Estado-
Maior de acordo com o modelo prussiano.
Na França com o advento de Napoleão, o Estado-Maior Francês, graças a
influência e a ação de Berthier e Thiebault, assume grande proeminência,
surgindo o conceito da “Nação em Armas” e o modelo da guerra de
movimento, baseada em um planejamento científico e analítico, calcado em
uma judiciosa norma de trabalho de Estado-Maior. Berthier deixou uma obra
sobre “Técnicas de Serviço de Estado-Maior” e Thibault o “Manual de
Estado-Maior”.
O grande cérebro do Estado-Maior Francês foi Antonie Henri Jomini que
,juntamente com Clausewitz, é considerado fundador do pensamento militar
moderno. Foi o arquiteto de Napoleão em suas campanhas e ensinava que
a função do Chefe do Estado- Maior era a de “... assistir o General na
preparação de seus planos, e dar informação deles aos subordinados, em
ordens e instruções a explicá-los e mesmo a superintender a sua execução,
tanto no conjunto quanto nas minúcias.”
Em 1931, Jomini rompeu com Berthier, seu Chefe do Estado-Maior e
colocou-se à disposição do Czar da Rússia onde juntamente com
Clausewitz, organizou o Estado-Maior Russo. Após Jomini, o Estado-Maior
Francês entrou em declínio, até a reorganização segundo o modelo
prussiano.
O Exército Americano floresceu sob o influxo do pragmatismo das ideias de
Jomini. Até a guerra hispano-americana não cuidou de estruturar um
Estado-Maior e isso lhe serviu de grande lição, uma vez que, face ao mau
planejamento, o exército enfrentou sérios problemas no desembarque em
Cuba: usavam uniformes de lã numa região de clima tropical; os navios não
tinham informações sobre a profundidade dos canais e a natureza dos
portos; a tropa desconhecida o roteiro adequado. Esse conjunto de falhas
de planejamento levou o Exército Americano a adotar, a partir de 1902, na
sua organização, o Estado-Maior Geral com as funções precípuas de:
colher informações, apresentar planos e alternativas; e preparar os
pormenores de planos selecionados.
Assim, uma vez solidificada e cristalizada a inovação na administração
militar, as organizações civis (públicas e privadas), assimilaram-na, e hoje
vê-se, em qualquer empresa de porte médio, o elemento chamado “staff ”,
isto é, o corpo de assessores altamente qualificados.

2.2 O Estado-Maior no Brasil


O Brasil custou a assimilar os princípios de Estado-Maior vigentes na velha
Europa em razão de não envolver-se frequentemente em guerras,
consequentemente por não ter uma tradição guerreira.
Na primeira organização formal do Exército Brasileiro, isso em 1824, não se
vislumbrou um Estado-Maior. Com as sucessivas reorganizações vai-se
tendo uma idéia pálida de Estado-Maior.
Em 1839 a reorganização acolhe um Estado-Maior General e em 1842, cria
um Corpo de Estado-Maior com uma estrutura desdobrada em Estado-
Maior General, Estado-Maior de 1ª Classe e Estado-Maior de 2ª Classe.

Na década de 1850, reorganizações se sucedem, por força da influência de


Caxias que, nas campanhas que comandou, procurou dar uma organização
mais dinâmica ao Exército. No afã de alcançar a desejável
operacionalidade, no próprio decorrer da Guerra do Paraguai, foram feitas
outras reorganizações.
Em 1896, ocorre uma substanciosa reorganização das forças terrestres,
surgindo um Estado-Maior organizado num gabinete de quatro Seções, com
atribuições assim definidas:
a) Prover a organização de Exército, a direção e a execução das operações
militares;
b) Organizar o plano geral de defesa da República, distribuição e colocação
das tropas, da hierarquia militar e da composição dos quadros do pessoal
do Exército;
c) Organizar o plano geral de mobilização, de concentração e de
transportes;
d) Propor ao Ministro da Guerra todos os meios necessários à instrução e
disciplina das tropas.
Motivado pela 1ª Guerra Mundial, procedeu-se em 1918 novas e
importantes modificações da estrutura do Exército Brasileiro, ficando o
Estado-Maior com as funções anteriores, mais aliviado de certos encargos
administrativos.
Com a vinda ao Brasil da Missão Francesa e a criação da Escola de
Comando e Estado-Maior no Rio de Janeiro, sedimentou-se uma
mentalidade de Estado-Maior no Exército, sendo novamente reorganizado,
passando a ter duas subchefias:
a) A primeira, incumbida das questões concernentes ao preparo dos planos
de operações e da instrução;
b) A Segunda, encarregada dos assuntos atinentes à organização,
mobilização e serviços.
Em 1926 o Estado-Maior acompanhava muito de perto o trabalho das
Escolas, particularmente daquelas que eram orientadoras pela “Missão
Francesa”. Nessa época eram-lhe diretamente subordinado o Gabinete
Fotográfico, a Imprensa Militar e o Serviço Geográfico. Até 1932 continuou a
reorganização ainda sob o influxo da Missão Militar Francesa.
Com a participação brasileira na 2ª Guerra Mundial através da Força
Expedicionária Brasileira – FEB, passa a estrutura de nosso Exército e, em
particular, o Estado-Maior, a sofrer influência doutrinária dos Estados
Unidos.

Vejamos, também, Prefácio contido no EB60-ME-12.401 (MANUAL DE


ENSINO - O TRABALHO DE ESTADO-MAIOR.):
O início dos trabalhos de Estado-Maior tem origem no Exército Prussiano
com Frederico II, o Grande. A Alemanha implantou pioneiramente a
metodização. Já no final do Século XIX, a França amadureceu o ensino
para a formação do oficial de Estado-Maior de forma exemplar. A vinda da
família real portuguesa para o Brasil, em 1808, com os mais elevados
escalões de comando das Forças Armadas, permitiu a criação de estruturas
de defesa, como o Quartel-General da Corte. Neste, funcionava um órgão
de assessoramento e apoio, com tarefas parecidas às dos estados-maiores
napoleônicos, contemporâneos aos portugueses. Iniciou, embora
timidamente, as atividades de Estado-Maior no Brasil. A sistematização
evoluiu do estudo dos fatores da decisão dos Estados-Maiores prussiano e
alemão, e “pedra de toque”, do estudo de situação francês. Sob a influência
norte-americana, o estudo de situação compreendia sete parágrafos,
culminando com a decisão do comandante. Em 1839, no Largo de São
Francisco, na Corte, surgiram os primeiros cursos de Estado-Maior de 1ª e
de 2ª classes. Eram realizados após a formação de alferes (atual aspirante
a oficial), selecionados conforme o nível de desempenho alcançado na
escola. O curso tinha duração de um ano, habilitando os de 1ª classe ao
desempenho de assessoramento superior e os de 2ª classe ao apoio de
atividades auxiliares do órgão. Caxias impulsionou notavelmente a evolução
do Estado-Maior em campanha. Ao planejar a manobra militar, não
dispensava a opinião de seus auxiliares do Estado-Maior, considerando-
lhes, entre outras qualidades, a experiência, o conhecimento, a nobreza de
caráter, o sentimento nacional, o espírito militar e o senso de
responsabilidade. O Pacificador verificou a necessidade de ter militares com
tarefas específicas, que pudessem apoiá-lo nas atividades de planejamento,
logística e mobilização. O Exército Brasileiro, atualmente, prepara seus
oficiais para desempenharem as funções de Estado-Maior de Organização
Militar, nível Unidade, na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, e os das
Grandes Unidades, dos Grandes Comandos Operativos e dos Comandos
Militares de Área na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Esta
preparação permite a especialização dos trabalhos rotineiros do dia-a-dia
nos tempo de paz e, em caso de guerra, mantém o nível operacional e
logístico da tropa a ser empregada. O trabalho de Estado-Maior é
permanente e contínuo e evolui em harmonia com a sociedade e com as
novas necessidades. Assim sendo, o correto trabalho de Estado-Maior é a
forma de adequar as necessidades com as disponibilidades, ser um
instrumento de apoio à decisão e proporcionar ao Comandante o caminho
para a vitória.

3. Organização de um Estado-Maior

A organização formal é um meio de permitir a qualquer instituição o


atingimento de seus objetivos através da minimização de esforços e a
maximização dos resultados. Ela representa um conjunto de encargos
funcionais e hierárquicos a que todos os seus componentes devem conhecer e
obedecer.
As instituições civis e militares se organizam, se estruturam, em
função dos seus objetivos, do seu tamanho, da conjuntura que atravessam e
dos resultados que desejam alcançar. Por isso, as organizações divergem de
uma instituição para outra e de órgão para órgão.

3.1 Princípios e Conceitos


Para melhor compreendermos a organização do Estado-Maior se faz
necessário elucidarmos alguns Princípios e Conceitos. Como já foi dito
anteriormente o Estado-Maior é um conjunto simples e coeso, cuja finalidade é
auxiliar o comandante no cumprimento de sua missão.

3.1.1 Princípio da Divisão do Trabalho


A estrutura da organização deve dividir suas atividades de maneira que
contribuam mais eficientemente para alcançar os objetivos da mesma. Este
princípio está intimamente ligado à especialização.

3.1.2 Princípio da Departamentalização


É o agrupamento lógico das atividades da instituição ( por funções,
territórios, processo, volume, trabalho e combinações), dando origem aos
órgãos que irão formar a sua estrutura. Implica em identificação e
reconhecimento das atividades, enquadramento e localização da atividade em
sua estrutura e determinação das relações. Deve levar a constituição de uma
estrutura que dê o menor número possível de problemas de coordenação e
controle e tirar proveito da especialização.

3.1.3 Princípio da Unidade de Comando


A multiplicidade de funções não pode causar confusão e dispersão
da autoridade e responsabilidade. Operacionalmente, diz-se que a missão é
melhor cumprida quando se designa um só Comandante para a operação, o
que possibilita a unidade de esforço, pela aplicação coordenada de todos os
meios.
3.1.4 Princípio da Amplitude de Controle
Se refere ao número de subordinados que um Comandante ou Chefe
pode dirigir com eficiência, simplificado racionalmente a administração.
Segundo Graicunas, o número de subordinados que um Comandante ou Chefe
pode dirigir com eficiência está entre 03 e 06.

3.1.5 Princípio da Hierarquia


A existência de uma pluralidade de funções na organização,
devidamente estruturadas, implica no aparecimento da função de comandante,
que tem a missão de dirigir, controlar e coordenar as atividades para que
cumpra seus objetivos. Em toda a organização formal existe uma hierarquia.
Este princípio está intimamente relacionado com os conceitos de “escalões”,
“canal” e “cadeia de comando” já apresentados.

3.1.6 Organograma
É a representação gráfica da estrutura de uma instituição, configurando
seus diversos órgãos, com os respectivos níveis, linhas formais de autoridade e
subordinação e itinerário das comunicações.

3.2 Estrutura de Estado-Maior

3.2.1 Estrutura Clássica


A estrutura clássica de Estado-Maior, representa uma combinação de
elementos de Estado-Maior Geral, ou de coordenação, de Estado-Maior
Pessoal, assim definidos:
a) Estado-Maior Geral (ou De Coordenação): é o que trata de
assuntos referentes aos campos gerais das atividades de comando: pessoal,
informações, operações, logística, comunicação social e outras. É organizado
em Seções que, geralmente, correspondem aos diversos campos de atividade
da organização. Realiza uma coordenação do conjunto. Os integrantes deste
tipo de Estado-Maior assessoram o Comandante, coordenando e controlando
as atividades fundamentais da organização.
b) Estado-Maior Especial: é o que trata de assuntos referentes ao
campo técnico-profissional, mais restrito que os campos tratados pelo Estado-
Maior de Coordenação. Abrange um campo limitado. É estruturado em Seções,
Subseções, Serviços, Turmas, geralmente, em função das especialidades
essenciais ao cumprimento da missão da organização.
c) Estado Maior Pessoal: é o que trata dos assuntos de natureza
pessoal do Comandante, Diretor, Chefe ou daqueles assuntos que o
Comandante resolver, coordenar e administrar diretamente. É composto
normalmente de comissões, secretários, assistentes e ajudante de ordens.

3.3 Organização do Estado-Maior da Polícia Militar do Estado de Rondônia

3.3.1 Estado Maior Geral

a) Finalidade: O Estado-Maior é um conjunto simples e coeso cuja


finalidade é auxiliar o comandante no cumprimento de sua missão. Os
princípios de comando e de direção, amplitude de controle, delegação de
competência e agrupamento de atividade compatíveis e relacionadas lhe são
aplicáveis. O Estado-Maior é organizado e opera tendo em vista:
1) Atender imediatamente às necessidades do comandante e das
organizações subordinadas;
2) Manter-se informado sobre a situação e estudar todos os fatores
com ela relacionados;
3) Reduzir o tempo necessário para controlar, integrar e coordenar
operações;
4)Diminuir as possibilidades de erro;
5)Aliviar o Comandante da supervisão de detalhes em assuntos de
rotina.

b) Missão: A missão do comando é a consideração fundamental na


organização de um Estado-Maior e determina quais as atividades necessárias
ao cumprimento da missão. Estas atividades, por sua vez, determinam os
interesses do comando e Estado-Maior e influenciam a delegação de
competência pelo Comandante.
c) Atribuição Funcional: O Comandante pode desejar exercer o
controle pessoal sob certas áreas funcionais que considere particularmente
importantes. Nesse caso, o Oficial do Estado-Maior responsável, entende-se
diretamente com o Comandante. Entretanto, isso não o isenta da
responsabilidade de manter o Chefe do Estado-Maior informado.
O Estado-Maior assessora o Comandante coordenando os planos,
funções e operações dos elementos do comando. Também coordena as
atividades para assegurar o mais eficiente emprego da força como um todo. É
organizando as seções que, geralmente, correspondem aos campos gerais de
atividades do Comando. Compõem-se dos Chefes de Seção, chamados de
Oficiais do EMPM e de seus Oficiais Adjuntos.

d) Organização: O Comandante segue os princípios de uma boa


organização de Estado-Maior quando:
1) Atribui claramente as responsabilidades;
2) Delega competência aos Oficiais do Estado-Maior para que tomem
decisões, nos níveis apropriados de atividades, compatíveis com as
responsabilidades que lhes forem atribuídas;
3)Grupa atividades correlatas para poupar tempo e trabalho;
4)Estabelecer um eficiente grau de controle.

e) Atividades: Pela missão da Polícia Militar as atividades do


Comando Geral são divididas em cinco (05) largos campos: pessoal e
legislação (PM-1); informações (PM-2); operações, instrução e ensino (PM-3);
logística, planejamento administrativo e orçamentário (PM-4); assuntos civis
(PM-5). Nos comandos intermediários e de UOp as atividades são divididas em
04 (quatro): pessoal, legislação e assuntos civis (P-1); informações (P-2);
operação e instrução (P-3); logística (P-4).

3.3.2 Estado-Maior Pessoal

Assessora o Comandante Geral nos setores profissionais, técnico e em


outras áreas funcionais mais restritas do que dos campos gerais de atividades
do EMPM. São os seguintes os Oficiais do EMPM pessoal:
a) Chefe de Gabinete do Cmt Geral, ou Secretário;
b) Assessorias;
c) Ajudante de Ordens;
d) Comissões;
e) Conselhos.

3.3.3 Estado-Maior de Comandos Intermediários e Unidades Operacionais

O Quadro de Organização para cada tipo de comando especifica a


organização e a composição do seu Estado-Maior. Todavia, observadas as
limitações do efetivo previsto, o Comandante pode organizar seu EM de
acordo com as suas necessidades específicas.
As funções de Estado-Maior nos comandos intermediários são
geralmente as mesmas do EMPM. Entretanto, a natureza operacional das
missões desses escalões exigem algumas modificações. Nos Estados-Maiores
dos Comandos Operacionais as atividades de assessoramento, planejamento,
coordenação e supervisão são imediatas, porém os objetivos básicos e as
relações de Estado-Maior permanecem semelhantes àquelas do escalão
superior.

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