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2 ESTADO MAIOR
2.1 O Estado Maior no Mundo
Da Antiguidade e Idade Média tem-se a notícia de alguns grupos de
conselheiros (assessores) que auxiliavam grandes generais na
administração dos exércitos na condução da guerra, contudo, não se falava
de um Estado-Maior organizado para esse mesmo fim.
Os textos bíblicos fazem menção aos espiões de Josué, isto no século XII
AC. Em Atenas e Esparta, tem-se a figura dos Conselhos de Generais que
assessoravam o Estrátego – Chefe. Também encontra-se Conselhos
semelhantes nas grandes conquistas de Felipe, Alexandre, Júlio César e
outros grandes guerreiros da antiguidade.
Na Idade Moderna e Contemporânea surgem os primeiros sinais de uma
estrutura moderna de Estado-Maior. O surgimento dos “Corpos de
Assessores” de elite que posteriormente evoluíram para os modernos
Estados-Maiores, aconteceu após o surgimento do canhão e da pólvora,
com a consolidação dos Exércitos Nacionais e quando as guerras se
tornaram mais complexas.
A ideia de se estruturar um corpo de oficiais de elite, verdadeiros cientistas
da guerra, provavelmente tenha surgido nos primórdios do século XVII na
Suécia, com Gustavo Adolfo, quando da assunção ao trono no ano de 1611.
Ele tinha o hábito, antes de uma campanha e outra, de se reunir com os
seus comandantes de cavalaria, de infantaria, da tropa reserva e da
artilharia. Para cada batalha, estudava com seus generais, os passos e
comandos a serem dados com vista a uma perfeita sintonia da ação tática a
ser desenvolvida, preconizando que a ciência do comandante está em:
- conduzir a tropa com habilidades;
- reunir os meios necessários;
- ter uma tática de marcha antes do combate; e
- conhecer a arte dos movimentos de grande envergadura sobre os flancos
ou a retaguarda dos adversários.
As verdadeiras raízes do moderno Estado-Maior são identificadas
no Exército Prussiano, que é produto de uma fase específica do
desenvolvimento da Europa. O Estado-Maior Prussiano surgiu da
combinação da monarquia absoluta com um exército permanente, tendo a
sua história, estrutura e evolução ligada indissoluvelmente a quatro nomes:
Scharnhorst, Gneisenau, Von Massembach e Clausewitz.
Gerhard Johann Scharnhorst (1801) propgnou por um Estado Maior a
quatro seções: Estratégia e Tática; Administração Interna; Reforços; e
Artilharia e Munições. Articulou os exércitos em divisões compostas de
todas as armas, lançando os fundamentos do Estado-Maior Operacional.
Cercou-se de brilhantes oficiais para proceder a um ousado programa de
reformas e cristalizar um novo pensamento militar.
August Wilhelm Von Gneisenau (1813), pôs em execução a ideia de um
Estado-Maior permanente, atuando mesmo em tempos de paz.
Von Massembach foi o grande impulsionador da ideia do Estado-Maior
como centro de planejamento em tempos de paz. Redigiu as instruções
relativas ao serviço de Estado-Maior Especial. Propôs um programa de
treinamento integral para os oficiais, com jornadas, de trabalho para o
reconhecimento em regiões de prováveis operações e um rodízio entre
Estado-Maior e Tropa.
Carl Von Clausewitz conviveu com grandes teóricos do Estado-Maior da
Prússia, tornando-se, talvez, o maior teórico da guerra.
Após esta fase inicial, Von Muffling tornou-se um reorganizador do Estado-
Maior Alemão, dotando-o de três Divisões principais: 1ª Pessoal; 2ª
Organização, Instrução, Manobras e Planos de Mobilização; 3ª Questões de
Técnica e Artilharia.
O Estado-Maior atinge o seu apogeu com Moltke (1857 a 1888), quando
sob sua chefia, teve acrescentada em sua estrutura as Seções de História,
Cartografia e Ferroviária. Tornou-se um centro de planejamento na guerra e
na paz. Foi considerado o pai do moderno Estado-Maior e, após a vitória
Prussiana de 1870 sob a França, o Estado-Maior de Moltke passou a ser
visitado por diversas missões militares de vários países, servindo de modelo
a sua organização. Países como a Rússia, Japão, China, Turquia, Chile,
Argentina, buscaram assessores prussianos para a reorganização de seus
exércitos, bem como a própria França, após vencida, estruturou seu Estado-
Maior de acordo com o modelo prussiano.
Na França com o advento de Napoleão, o Estado-Maior Francês, graças a
influência e a ação de Berthier e Thiebault, assume grande proeminência,
surgindo o conceito da “Nação em Armas” e o modelo da guerra de
movimento, baseada em um planejamento científico e analítico, calcado em
uma judiciosa norma de trabalho de Estado-Maior. Berthier deixou uma obra
sobre “Técnicas de Serviço de Estado-Maior” e Thibault o “Manual de
Estado-Maior”.
O grande cérebro do Estado-Maior Francês foi Antonie Henri Jomini que
,juntamente com Clausewitz, é considerado fundador do pensamento militar
moderno. Foi o arquiteto de Napoleão em suas campanhas e ensinava que
a função do Chefe do Estado- Maior era a de “... assistir o General na
preparação de seus planos, e dar informação deles aos subordinados, em
ordens e instruções a explicá-los e mesmo a superintender a sua execução,
tanto no conjunto quanto nas minúcias.”
Em 1931, Jomini rompeu com Berthier, seu Chefe do Estado-Maior e
colocou-se à disposição do Czar da Rússia onde juntamente com
Clausewitz, organizou o Estado-Maior Russo. Após Jomini, o Estado-Maior
Francês entrou em declínio, até a reorganização segundo o modelo
prussiano.
O Exército Americano floresceu sob o influxo do pragmatismo das ideias de
Jomini. Até a guerra hispano-americana não cuidou de estruturar um
Estado-Maior e isso lhe serviu de grande lição, uma vez que, face ao mau
planejamento, o exército enfrentou sérios problemas no desembarque em
Cuba: usavam uniformes de lã numa região de clima tropical; os navios não
tinham informações sobre a profundidade dos canais e a natureza dos
portos; a tropa desconhecida o roteiro adequado. Esse conjunto de falhas
de planejamento levou o Exército Americano a adotar, a partir de 1902, na
sua organização, o Estado-Maior Geral com as funções precípuas de:
colher informações, apresentar planos e alternativas; e preparar os
pormenores de planos selecionados.
Assim, uma vez solidificada e cristalizada a inovação na administração
militar, as organizações civis (públicas e privadas), assimilaram-na, e hoje
vê-se, em qualquer empresa de porte médio, o elemento chamado “staff ”,
isto é, o corpo de assessores altamente qualificados.
3. Organização de um Estado-Maior
3.1.6 Organograma
É a representação gráfica da estrutura de uma instituição, configurando
seus diversos órgãos, com os respectivos níveis, linhas formais de autoridade e
subordinação e itinerário das comunicações.