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ENTENDENDO SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Objetivo: Revisar os conceitos básicos de sistema de informação.

O que é Sistema de Informação: Conceitos, definições, tipos e


características dos sistemas de informação.

Quando falamos em tecnologia no agronegócio, abre-se um leque de


diferentes tipos de aplicações tecnológicas que envolvem desde a tecnologia
em produtos, máquinas, sensores, análises de dados, gestão, entre tantas
outras. Por isso, muitas vezes ao usar esse termo, existe confusão sobre o que
exatamente está se falando, ou sobre qual tipo de tecnologia está sendo
abordada. O fato é que todas estas tecnologias convergem no sentido de gerar
informações para tomada de decisões.

Segundo O’BRIEN (2004) sistema de informação é um conjunto


organizado de hardware, software, redes de comunicação, dados que são
coletados e transformados em informações dentro de um ambiente
organizacional além de pessoas.

Hardwares são os equipamentos físicos usados para atividade de


entrada, processamento e saídas de um sistema de informação, ou seja, são
os computadores, os smartphones, os equipamentos de redes, as impressoras,
os leitores de código de barras, entre diversos outros. Em resumo, é aquilo que
pode-se pegar com as mãos.
Os softwares são os conjuntos de informações que dizem ao
computador o que ele deve fazer. São os sistemas operacionais, os aplicativos,
os programas, os protocolos de comunicação, os antivírus, as soluções de
ERP, os certificados digitais, e as tecnologias, como Blockchain, entre outros. É
o que habitualmente chama-se de sistema.

Já as redes de comunicação possuem como função realizar trocas e


transporte de dados. Essas transações ocorrem a partir de um conjunto de
maquinários e equipamentos que se interligam entre si, ou seja, permitem que
os dados sejam transferidos de uma localização física para a outra. Ex: a
internet e o GPS.

Os dados são fatos brutos que representam eventos. O dado é um fato


bruto que, se visto de forma isolada, não tende a fazer sentido. Por exemplo,
as palavras soltas: quantidade de produção, área plantada, litros de
combustível.

ATENÇÃO: dado é diferente de informação. O tratamento ou a análise


combinada de vários dados que passam a fazer sentido, são uma informação.

Dados podem ser divididos em dois tipos: dados estruturados e não


estruturados
Dados estruturados: são aqueles que possuem um padrão e/ou uma
estrutura. Foram pensados para ser daquela forma. Nesse caso, o sistema não
permite que dados diferentes do que foram pré-estabelecidos sejam
carregados.
Exemplo disso é o registro de uma nota de compra de produto; se o
sistema trabalha com campo de valor considerando quatro casas decimais, não
é possível colocar um número com quantidade maior de casas decimais.

Dados não estruturados: ao contrário dos estruturados não possuem


padrão. Podem ser compostos de elementos diferentes dentro do todo.
Exemplo: As redes sociais.

Em resumo:

Os sistemas de gestão administrativa utilizam o modelo de dados


estruturados, onde os dados são inseridos no sistema de uma forma
pré-estabelecida. Por isso, ao querer mudar algumas coisas no sistema, o
usuário encontra dificuldade. Nestes existe uma estrutura principal que
sustenta a armazenagem de dados e que foi pensada para ser daquela forma.
As pessoas, são quem vão efetivamente criar, operar ou se beneficiar
das informações que os sistemas oferecem. São os usuários finais que fazem o
uso das informações para tomada de decisão e os especialistas, os
desenvolvedores de sistemas.
Os sistemas de informações são inúteis sem pessoas gabaritadas para
desenvolvê-los e mantê-los, uma vez que a tecnologia por si só não dá
resultado. Os sistemas dependem das pessoas para definir seus parâmetros e
analisar as informações que são geradas por ele.

Característica do sistema de informação

O sistema de informação baseado em computação dispõe de uma


estrutura básica onde tem-se as entradas, o processamento, as saídas e o
feedback.

O momento de entradas, que é o input de dados, é a inclusão, captura,


ou coleta de dados brutos dentro das organizações ou no seu ambiente externo
e a partir desse input o programa ou sistema, converte esses dados brutos em
uma forma mais significativa, ou seja, processa esses dados através das
rotinas, dos programas gerando relatórios, das consultas, dos gráficos, das
análises que são direcionadoras para a gestão (sendo essas as saídas).

A análise desses dados gerados ajuda a corrigir ou melhorar o estágio


de entrada, o que chamamos de feedback.

Tipos de sistema de informação

Considerando os conceitos da literatura, pode-se dividir os sistemas de


informação em dois grandes grupos, os sistemas de suporte operacional e
os sistemas de suporte gerencial.
Os sistemas de suporte operacional são basicamente de sistemas que
dão suporte à operação. Dentro deles, pode-se destacar os sistemas de
processamento de transação (são aqueles que capturam e registram as
transações operacionais da organização), que contribuem com tarefas
essenciais na empresa, tais como, processamento de dados e verificação com
exatidão da real situação do negócio. Esses sistemas garantem a integridade
dos dados e informações, gerando documentos e relatórios como por exemplo
o controle de estoque, a folha de pagamento, a logística, o financeiro, entre
outros.
Sistemas de controle de processos controlam os processos estruturados
e repetitivos. São utilizados para gerir as atividades com o objetivo de otimizar
o fluxo de produção. Por exemplo, no processo de monitoramento de
máquinas. Controladores lógicos programáveis que obtêm e transmitem dados
além de controlar máquinas e processos em diversas apresentações.
Além disso, tem-se os sistemas de colaboração empresarial que
aprimoram a comunicação e a produtividade do trabalho em equipe. Por
exemplo, o correio eletrônico, o e-mail, a videoconferência e as redes internas.
Nesse contexto, os sistemas colaborativos são softwares com o objetivo
de otimizar o trabalho em equipe. Hoje existem diversas ferramentas
colaborativas, inclusive gratuitas no mercado, como Trello, Monday, entre
outras.
Os sistemas de informações gerenciais, também conhecidos como
SIG, são sistemas que consolidam informações em relatórios explicativos de
apoio tático, nível de gestão, envolvendo problemas estruturados. Um SIG
pode incluir software que auxilia na tomada de decisão, em sistemas
especialistas, em sistemas de gestão de pessoas, em gestão de projetos e em
todos os processos informatizados que permitem que a empresa funcione de
forma eficiente.
O sistema de suporte de decisão é aquele que simula cenários e oferece
suporte interativo aos processos decisórios, como por exemplo um sistema de
gestão de risco. Pode-se considerar aqui também um sistema de
monitoramento climático, porque a partir de parâmetros ele gera previsões para
o campo e para o gestor na organização das atividades e das equipes. Nesses
modelos de sistema tem se inserido também o uso da inteligência artificial.
Tem-se ainda os sistemas de informação executiva que integram
diversos sistemas para dar suporte às decisões estratégicas. Um grande
exemplo desse sistema de informação executiva é o BI, que capta informações
de diversos lugares para gerar informações mais estruturadas, direcionadoras
de decisões estratégicas.
Sistemas de processamento especializado são sistemas de suporte a
atividades gerenciais com elevado grau de especialização, ou seja, são
sistemas especialistas em determinado ponto. Exemplos disso são um sistema
para gestão de segurança do trabalho, um sistema de avaliação de
desempenho ou de análise de perfil profissional, entre outros.

Evolução da agricultura e da Tecnologia da Informação

TI é a sigla de Tecnologia da Informação. Esta tecnologia é um conjunto


de soluções que utilizam recursos computacionais visando a geração e gestão
da informação. Esse conjunto de soluções tem no seu composto básico o
hardware e o software. Dessa forma, o sistema de informação que estudado
anteriormente está dentro da TI.

Fonte:
https://www.freepik.es/vector-gratis/desarrolladores-web-dibujados-mano-trabajando_12063788
.htm

No início, a tecnologia que começava a invadir as empresas não era


conhecida como TI, tinha outros nomes, como computadores, sistema de
tratamento de informação e informática, e eram utilizadas com uma visão
restrita ao processamento de dados.
Pensando na evolução da TI nas organizações dentro de grandes
blocos, tem-se quatro grandes etapas.
Primeiro, a era da informação em papel.
Entre 1960 e 1970 quando a tecnologia chegou nas empresas havia
uma certa resistência na sua implementação As empresas que iniciaram nessa
jornada de computadores comerciais, instalaram uma central onde todas as
máquinas ficavam em uma sala e somente as pessoas que trabalhavam
naquela sala tinham acesso ao sistema. Essa sala era conhecida como sala de
informática que, posteriormente passou a ser chamada de CPD (Centro de
Processamento de Dados).
Essa nomenclatura permaneceu sendo utilizada por muito tempo, uma
vez que nessa sala, trabalhavam as pessoas que cuidavam da parte de
hardware, manutenção dos equipamentos, infraestrutura e as que faziam o
processamento dos dados da empresa, por isso o nome CPD.
O processo acontecia da seguinte maneira: a empresa trabalhava
normalmente durante o dia, rodava todo o seu processo em papel, ao final do
dia esses documentos eram enviados para o CPD para que os dados fossem
digitalizados. Normalmente esse setor trabalhava vinte e quatro horas, com
equipes de dois turnos para ter os dados atualizados com o menor atraso
possível. As grandes empresas foram as pioneiras nesse processo.

Segundo, sistemas modulares: em 1970, com o advento da internet e a


partir de 1980 com o início da era da difusão do computador pessoal tornou-se
possível que os lançamentos em papel pudessem ser substituídos pelos
lançamentos direto no sistema. O uso do sistema passou a ser não mais
apenas dentro do CPD, mas foi expandido para a empresa como um todo.
Chama-se sistema modular, pois cada setor possuía um sistema
diferente sem conexão entre eles: financeiro, contábil, estoque, fiscal e assim
por diante. Cada área da empresa era atendida por um módulo específico do
sistema. Sendo esse um grande problema, se existir um documento, algum
dado que precisasse ser registrado em várias áreas, ele tinha que ser
registrado várias vezes.
Por exemplo, uma nota fiscal: quando recebe-se a nota, ela precisa
transitar pelos diversos setores da empresa e ser lançada por cada
departamento. Passaria pelo financeiro, pelo contábil, pelo fiscal, pelo estoque,
para que cada área fizesse o registro do documento.
Além de ainda ter um retrabalho operacional, os problemas de
divergência da informação entre os setores são comuns nesse modelo, quando
a informação é inserida em momentos diferentes em cada módulo.
Nessa fase retira-se o trabalho do papel, mas ainda continua-se tendo o
trabalho de registrar um documento em vários lugares. Frente a esses
gargalos, evoluiu-se para sistemas de gestão integrados.

Terceiro, sistemas integrados: 1990-2000.


A partir desse ponto, os processos também precisaram evoluir para se
encaixar nesse novo modelo. Sem contar que por muito tempo as empresas
trabalharam com a ideia de um único software, atendendo todas as atividades,
o que facilitava bastante a gestão dos fornecedores de sistema. Muitas
empresas encararam o desafio de montar uma equipe e desenvolver um
sistema próprio.

Quarto, a partir de 2010, entra-se na era da mobilidade, com a


computação em nuvem e o uso do smartphone.
Este modelo é muito semelhante ao modular. Isso porque ter um único
sistema que administre tudo por si só, considerando a diversidade de
atividades também acabou tornando-se complexo.
Então, é comum que haja sistemas especialistas em cada uma dessas
áreas, o sistema que controla o drone é diferente do sistema que gera o mapa
de recomendação de aplicação, por exemplo. Entra-se na fase atual, onde
tem-se um aplicativo para praticamente qualquer coisa que quisermos. Há hoje
micro serviços especializados e tecnologia de integração de dados que permite
uma troca facilitada de dados entre sistemas diferentes.

Evolução da agricultura
Fonte: https://agroadvance.com.br/o-que-e-agricultura-4-0-digital-e-de-precisao/

No início, a relação com a agricultura e a criação de animais permitiu


que as populações tivessem alimentos em escala, o que fez com que
deixassem de ser nômades e fixassem nos territórios criando sociedades. Era
uma agricultura totalmente de subsistência que dependia de grande esforço de
todos para produção de alimentos. Considera-se essa fase como um primeiro
marco: agricultura 1.0.
Após a Revolução Industrial, temos a agricultura 2.0, que, com motor à
combustão, trouxe os tratores que substituíram algumas atividades realizadas
por pessoas, dando agilidade e facilitando o processo de cultivo.
Por volta de 1970, começou a Revolução Verde que marcou a
agricultura 3.0. Essa fase trouxe novos manejos e tecnologias, especialmente
no campo dos agroquímicos.
Na década de 90, entra-se na agricultura 4.0 e, em todos os campos, a
evolução tecnológica vem sendo muito rápida. Essa fase trouxe, além dos
avanços na biotecnologia genética (culturas geneticamente modificadas),
também as tecnologias digitais (agricultura de precisão, o uso de sensores, os
drones, as imagens, etc.).
Acredita-se que se está perto da agricultura 5.0, que promete ser ainda
mais tecnológica. Seu objetivo é customizar o cultivo das plantações de modo a
suprir as necessidades e resolver problemas em tempo real. Por exemplo,
passou-se de uma manutenção corretiva em uma máquina para uma
manutenção preventiva que já trouxe ganhos. Agora, caminha-se para uma
manutenção preditiva, onde a peça será substituída não mais de acordo com o
manual, mas somente no final da sua vida útil. Porém, apesar de saber-se de
toda essa possibilidade tecnológica, ainda não é possível acompanhar, tem-se
dados, mas não informações, pois ainda não consegue-se compartilhar e
analisar de forma 100% eficaz.
Principais tecnologias que compõem a nossa fase atual do sistema de
informação:
● Os aplicativos ou apps;
● Computação em nuvem;
● A internet das coisas;
● Big Data;
● API.
O principal desafio do produtor rural é produzir mais com a mesma área.
Assim, a busca de tecnologias vêm nesse sentido de auxiliar o produtor a
melhorar os seus resultados no campo. Por outro lado, a questão ambiental
também vem muito forte, a sustentabilidade é um dos pilares da agricultura 5.0.

A Tecnologia Dentro da Porteira e suas interações Fora da Porteira.

De acordo com a classificação do índice de confiança no agronegócio,


as atuações dentro da cadeia do agronegócio são três:

Atuação antes da porteira: é tudo aquilo que é necessário para


produção agrícola, mas não está na propriedade (as agroindústrias, as
cooperativas, as revendas).
● 12% das AGTECHS mapeadas pela ABStartups oferecem
soluções para esse grupo de empresas.

Atuação dentro da porteira: está tudo que acontece dentro da


propriedade. Então, é tudo aquilo que se refere à produção e a gestão agrícola,
como plantio, manejo, colheita, beneficiamento, manutenção da máquina,
equipamento e mão de obra. Ou seja, envolve diretamente os produtores
agropecuários.
● 69% das startups oferecem soluções para dentro da porteira.
Atuação depois da porteira: é tudo que acontece após a ação do
produtor agrícola. Armazenagem e distribuição, são exemplos disso, além da
indústria de alimentos, de energia, as cooperativas, os armazenadores e os
operadores logísticos.
● 19% das AGTECHS oferecem soluções para esse elo da cadeia.

As principais soluções dentro da porteira são aquelas de gerenciamento


de propriedades, de drones e de sensores (44%). Agropecuária de precisão
aparece em seguida com 32,5% e máquinas e equipamentos com 7%. Então,
inseridos nos 69% de tecnologia dentro da porteira oferecido pelas AGTECHS
grande parte está relacionado à questão de sensores, de monitoramento e de
análise de indicadores.
Percebe-se que quando se fala em startups do agro encontram-se
poucas voltadas especificamente à gestão administrativa. A grande maioria são
empresas que promovem tecnologias que auxiliam, e muito, na eficiência
operacional do campo e, que geram dados de gestão que ajudam nas decisões
e projeções para safras futuras.
Contudo, há necessidade de controlar todos esses aspectos também: as
compras, as vendas, o estoque, e também acompanhar o fluxo de caixa,
controlar as contas a pagar e a receber e gerar e acompanhar indicadores de
gestão.
Por mais que tenha-se um sistema de telemetria, de agricultura de
precisão, que ajude a executar a operação de forma mais assertiva, é preciso
trazer essa informação para um contexto de gestão. É necessário gerenciar
toda a interação com o que acontece fora da porteira e grande parte disso é
feito com o auxílio desses sistemas de gestão.

A Conectividade e Integração de Dados ainda são um desafio para a


utilização das tecnologias no campo. Em muitas propriedades não há cobertura
de sinal ou essa cobertura é parcial, o que inviabiliza a utilização de sistemas
que dependem dessa conexão. A troca de dados entre sistemas e aplicativos
esbarra, além da questão de conectividade, na diversidade de fornecedores de
soluções.
Questões para reflexão:
● Quão preparadas as propriedades rurais estão para receber essa
tecnologia toda que está sendo disponibilizada no mercado?
● Será que efetivamente estamos preparados para assimilar esse
novo contexto?
● Será que temos uma estrutura organizacional preparada para
esse modelo de gestão?
● Como escolhemos um sistema, uma nova tecnologia?

Considerações Finais

Nesta aula, vimos os conceitos básicos, as características e os tipos de


sistemas de informação. Aprendemos como ocorreu a evolução da agricultura
e da tecnologia no agronegócio, como ambas se relacionam e os desafios
advindos dessa evolução. E, por fim, abordamos sobre o momento da gestão
agrícola, as atuações dentro da cadeia do agronegócio (antes, dentro e depois
da porteira), a importância de soluções tecnológicas, principalmente para a
atuação dentro da porteira, e alguns desafios para a utilização da tecnologia no
campo. Todo esse conhecimento é essencial para ajudar a compreender se as
propriedades rurais estão preparadas para o recebimento de novas tecnologias
e na seleção de soluções que mais se adequem à realidade dessas
propriedades.

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