SEU

NEGÓCIO NO PRÓXIMO NÍVEL

^
INTELIGENCIA
ARTIFICIAL INTERNET
DAS COISAS

COMUNICAÇÕES
UNIFICADAS
CIBERSEGURANÇA

BIG DATA

O futuro que
CLOUD
COMPUTING
já é presente
Produzido por Como esses avanços tecnológicos
estão revolucionando e vão mudar ainda
mais a cara dos negócios
 CEO EMBRATEL Jose Formoso
DIRETOR EXECUTIVO DE MARKETING E NEGÓCIOS Marcello Miguel
DIRETORA DE COMUNICAÇÃO Mariana Abreu

DIRETOR-GERAL Frederic Zoghaib Kachar

DIRETOR DE AUDIÊNCIA Luciano Touguinha de Castro
DIRETORA DE MERCADO ANUNCIANTE Virginia Any
DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO COMERCIAL E DIGITAL Tiago Joaquim Afonso
DIRETOR DO G.LAB Edward Pimenta
COORDENAÇÃO PROJETO EMBRATEL Adriana Sales Schroder
EDITOR Ricardo Donisete
DIREÇÃO DE ARTE Ricardo Miura e Danilo Vieira
REVISÃO Ana Netto
SERVIÇOS EDITORIAIS Pesquisa Cedoc/Globopress
MERCADO ANUNCIANTE
SEGMENTOS – TECNOLOGIA. TI, TELECOM, ELETRÔNICOS, COMÉRCIO E VAREJO: DIRETOR DE NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA:
Emiliano Morad Hansenn GERENTE DE NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA: Ciro Horta Hashimoto EXECUTIVOS
MULTIPLATAFORMA: Christian Lopes Hamburg, Cristiane Paggi, Jessica de Carvalho Dias e Roberto Loz Jr.
SEGMENTOS – BENS DE CONSUMO, ALIMENTOS E BEBIDAS, MODA E BELEZA, ARQUITETURA E DECORAÇÃO: DIRETORA DE
NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA: Selma Souto EXECUTIVOS MULTIPLATAFORMA: Eliana Lima Fagundes, Fátima Regina
Ottaviani, Giovanna Sellan Perez, Paula Santos Silva, Selma Teixeira da Costa e Soraya Mazerino Sobral
SEGMENTOS – MOBILIDADE, SERVIÇOS PÚBLICOS E SOCIAIS, AGRONEGÓCIOS, INDÚSTRIA, SAÚDE, EDUCAÇÃO, TURISMO,
CULTURA, LAZER E ESPORTE: DIRETOR DE NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA: Renato Augusto Cassis Siniscalco EXECUTIVOS
MULTIPLATAFORMA: Cristiane Soares Nogueira, Diego Fabiano, João Carlos Meyer e Priscila Ferreira da Silva
DIRETORA DE NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA: Sandra Regina de Melo Pepe EXECUTIVOS DE NEGÓCIOS
MULTIPLATAFORMA: Dominique Petroni de Freitas e Lilian de Marche Noffs
SEGMENTOS – FINANCEIRO, LEGAL, MOBILIÁRIO: EXECUTIVOS MULTIPLATAFORMA: Ana Silva da Costa, Milton Luiz Abranches
ESCRITÓRIOS REGIONAIS DIRETORA DE NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA: Luciana Menezes Pereira
GERENTE MULTIPLATAFORMA: Larissa Ortiz
UNIDADES DE NEGÓCIO – RIO DE JANEIRO GERENTE MULTIPLATAFORMA: Rogério Pereira Ponce de Leon
EXECUTIVOS MULTIPLATAFORMA: Daniela Nunes Lopes Chahim, Juliane Ribeiro Silva, Maria Cristina Machado e
Pedro Paulo Rios Vieira dos Santos
UNIDADES DE NEGÓCIO – BRASÍLIA GERENTE MULTIPLATAFORMA: Barbara Costa Freitas Silva
RMA: Camila Amaral da Silva e Jorge Bicalho Felix Junior
OPEC OFF-LINE Carlos Roberto de Sá, Douglas Costa e Bruno Granja
OPEC ON-LINE Danilo Panzarini, Higor Chabes e Rodrigo Pecoschi
PARA ANUNCIAR, LIGUE
São Paulo: tels. (11) 3736-7128 / 3767-7942 / 3767-7889 / 3736-7205 / 3767-7557
Rio de Janeiro: tel. (21) 3380-5930 / 3380-5923
Brasília: tel. (61) 3316-9584
NOSSOS ENDEREÇOS
São Paulo: Av. Nove de Julho, 5229, São Paulo, SP – CEP 01407-200 – Tel. (11) 3767-7188
Rio de Janeiro: Praça Floriano, 19, 8ºandar, Centro, Rio de Janeiro, RJ – CEP 20031-050 – Tel. (21) 3380-5909,
fax (21) 3380-5901
NA INTERNET: http://www.editoraglobo.com.br
A NOVA CARA DOS NEGÓCIOS
Inteligência artificial, internet das coisas (IoT),
big data, comunicações unificadas, cloud computing e
cibersegurança. Esses seis temas de inovação são
definitivos (e indispensáveis) ao futuro dos negócios.
E a revista que você começa a folhear se debruça
exatamente sobre o impacto deles no dia a dia das
empresas e na vida dos consumidores.
As reportagens apresentam e discutem não só
avanços e ganhos, mas também os desafios trazidos
pelo avanço tecnológico. É o caso, por exemplo,
da tecnologia que vai colocar a internet em todas
as coisas – do uniforme dos funcionários aos carros
nas ruas, e até na geladeira de casa.
Ao mesmo tempo em que permite a conexão de
diferentes objetos à rede, a IoT também os deixa
expostos às ameaças virtuais. Um tipo de ataque, o
ransomware, inclusive coloca as organizações na
parede, ao “sequestrar” seus sistemas e exigir regaste
para liberá-los. Como vencer um problema desta
magnitude? Um breve spoiler: é preciso investir cada vez
mais em ajuda especializada que proporcione soluções
de cibersegurança atualizadas permanentemente, na
velocidade cada vez mais rápida dos hackers.
Atualização constante em alta velocidade, aliás,
é o modo de ser da era digital. Só permanece imóvel
a certeza de que é preciso inovar para não perder
relevância e continuar avançando no mercado.
E isso vale para empresas de todos os tamanhos,
independentemente do setor onde atuem.
A boa notícia é que os seis temas citados no início desse
texto trazem um mundo de oportunidades, como você
perceberá ao virar as próximas páginas. Boa leitura!
5
SUMÁRIO
12
SMART
14
BIG
18
ALERTA DE
24
SMART GRIDS
26
A ERA DA
32
INDÚSTRIA
40
AC/DC:
46
REI DA INTERNET
SPEAKERS DETETIVE? SEGURANÇA Redes COLABORAÇÃO DO FUTURO Cloud computing Vídeos dominam
Gigantes da Como o Big Data Sem proteção inteligentes Impulsionado Fábricas marca transição o tráfego online,
tecnologia está ajudando eficiente, revolucionam o pela inteligentes vão entre o modelo mas exigem
disputam para ver no combate ao equipamentos consumo de comunicação favorecer a do “construir” soluções
quem vai ser o crime em com IoT podem energia, dando em cloud, o customização de para o do tecnológicas
principal player da cidades como trazer riscos em mais controle de trabalho será produtos e terão “consumir” na capazes de
era do comando Nova York e Los lugares como gastos aos cada vez mais contato em tecnologia da suportar alta
de voz Angeles hospitais e consumidores remoto, flexível tempo real com informação demanda
estradas e integrado fornecedores

6
FUTURO É HOJE
CARROS MAIS
INTELIGENTES
Internet das coisas, conexão máquina a máquina e redes de alta
velocidade permitem serviços inovadores e mais proteção
E
m três anos, um em cada cinco carros
no mundo fará parte da internet das
coisas (IoT). Ao todo, serão 250 mi-
lhões de veículos conectados circulan-
do nas ruas e estradas do planeta, segundo a
Gartner. Só em 2017, 21 milhões sairão das
fábricas com a tecnologia. Volume que saltará
para 61 milhões em 2020, de acordo com a
empresa de pesquisa e consultoria.
O que diferencia esses automóveis inteligen-
tes dos convencionais é a capacidade de man-
ter comunicação bidirecional com rede externa
sem fio. Essa conexão é usada para transmissão
de dados de telemetria captados por sensores
instalados no veículo e para monitoramento,
controle e gerenciamento remotos dos seus
sistemas e funcionalidades. Ela também per-
mite acesso a diversos conteúdos e serviços
digitais, muitos mediante comando de voz.
Essas inovações inauguram a chamada era da
mobilidade inteligente. Traduz-se por uso conver-
gente de nuvem, sensores, GPS (satélite), comu-
nicação máquina a máquina (M2M) e redes
móveis para conectar todo tipo de carro. “Milha-
res de dispositivos IoT já são usados na produção
de veículos no Brasil”, diz Ney Acyr Rodrigues,
diretor de negócios de IoT da Embratel.
A Embratel é fornecedora de IoT instalada em
500 mil veículos. A empresa é a líder em SIM
cards no segmento de carros conectados do país.
A solução combina conexão via chip (SIM card)
embutido no carro, armazenamento e tratamento
de dados em nuvem, entre outras tecnologias.
Por meio do SIM card, os carros conectados
enviam dados para uma central 24 horas da
8 9
IoT
montadora. A transmissão pode ser manual,
quando o condutor aciona um botão porque
precisa de ajuda médica ou técnica, por exem-
plo; ou automática, quando sistemas e sensores
enviam dados, como notificação de colisão
disparada quando há acionamento de airbag.
O motorista acessa funcionalidades do carro
digital por meio de smartphone ou relógio inte-
ligente (smartwatch). Ele pode, à distância, tra-
var e destravar portas e ligar ou desligar o carro
e o ar-condicionado.
Consegue consultar
dados importantes Em caso de acidente, uma central
para manutenção do é alertada pelo carro conectado.
veículo, como calibra- Ambulância e guincho são
gem dos pneus e volu- acionados rapidamente para prestar
me de óleo, e acessar socorro aos passageiros
conteúdos, como dicas
sobre tráfego e restaurantes próximos. Também
é capaz de receber e fazer chamadas com viva
voz por meio dos alto-falantes do veículo.
Com rastreamento por satélite, não há chan-
ce de o motorista esquecer onde estacionou.
Em rotas perigosas, ele pode pedir para a cen-
tral acompanhar todo o percurso. Se houver
roubo, o veículo é travado remotamente, e, no
caso de pane, o sistema provê diagnóstico pré-
vio e a central entra em contato para prestar
ajuda. O sistema reconhece em caso de aciden-
te — quando airbag e pré-tensionadores de
cintos de segurança são ativados — , e a central
pode acionar guincho ou ambulância e falar
diretamente com os passageiros.
A IoT é realidade em vários outros segmentos
que fazem uso de carros, de frotas a Fórmula 1.
FUTURO É HOJE
DISSOLVENDO
BARREIRAS
Conectando pessoas e serviços em tempo real, cloud
computing diminui fronteiras dentro das cidades
T
ocar na tela do smartphone, liberar uma
bicicleta e sair pedalando em minutos.
Esse gesto simples e prático, que já faz
parte do cotidiano de várias capitais
brasileiras, tem tudo a ver com o cloud compu-
ting, mesmo que muitos não se deem conta
disso. Traduzida em português como computa-
ção na nuvem, a tecnologia traz benefícios não
só para a mobilidade urbana – ao facilitar o
compartilhamento do veículo. Grande parte das
plataformas online atualmente faz uso da ino-
vação para compartilhar e gerenciar dados, sof-
twares e serviços sem precisar ter um servidor
próprio, necessitando apenas de uma boa cone-
xão de internet. A informação fica na “nuvem”
e pode ser acessada via computador ou celular.
O cloud computing se aproveita da conexão
entre cada dispositivo para fornecer, em segun-
dos, serviços que antes necessitavam de maior
tempo ou sequer poderiam existir sem essa rede.
Autor do livro “Cloud Computing: nova Ar-
quitetura da TI” e doutor em Administração
pela USP, Manoel Veras destaca o avanço que
a tecnologia proporcionou ao superar as limi-
tações físicas.
— Cloud é um serviço compartilhado, uma
solução em rede que independe de local. Todas
as informações podem ser acessadas de fora da
instalação física. Essa é uma tecnologia que
tem avançado rapidamente e mudado a cultu-
ra dentro das empresas. Ao colocar arquivos na
nuvem, as barreiras de localização são dissol-
vidas — explica o especialista.
O foco em armazenamento de dados na
computação em nuvem permite que a tecno-
10
CLOUD COMPUTING
logia seja aplicada, dos projetos mais simples
até plataformas em grande escala. No caso das
bicicletas compartilhadas, a Serttel, empresa
de tecnologias de mobilidade e segurança, uti-
liza cloud computing para coordenar em tempo
real o uso de mais de 3,5 mil unidades para
cerca de três milhões de clientes em cidades
do Brasil. A partir de um centro de controle, é
possível administrar as estações, o número de
veículos ocupados, vagas disponíveis e dados
sobre os consumidores.
Em parceria com a Embratel, que fornece o ser-
vidor na nuvem para outras companhias, a Serttel
recebe cada solicitação do celular de usuários na
central de controle, que,
por sua vez, envia o co-
mando para a estação, Tecnologia cloud facilita o
liberando uma das bi- gerenciamento do serviço de
cicletas para uso. Para bicicletas compartilhadas disponível
Israel Araújo, diretor em diferentes capitais brasileiras
comercial da empresa,
o serviço é inovador por ter sido implementado
numa época em que aplicativos e smartphones
ainda não eram tão populares.
— Contratamos a Embratel para hospedar os
dados dos nossos serviços em sua cloud. Assim,
podemos controlar em tempo real não só as bici-
cletas compartilhadas, mas também outros pro-
jetos nossos, como carros elétricos compartilhados
e um projeto de otimização do tempo de semáfo-
ros com base em dados de celulares do Google.
Para isso tudo acontecer, um volume enorme de
informações é transmitido para o servidor e, ins-
tantaneamente, os clientes já têm uma resposta
à requisição deles — conta o executivo.
11
FUTURO É HOJE
GIGANTES DISPUTAM PRIMAZIA
NO COMANDO DE VOZ
Players de tecnologia se enfrentam pelo melhor smart speaker e para
ganhar espaço nas casas e no mercado de inteligência artificial
É
uma briga das boas, daquelas com lan-
ces eletrizantes. No centro do ringue,
gigantes como Google, Amazon, Face-
book, Sony, Samsung e Apple dispu-
tam para ver quem terá o smart speaker mais
cobiçado do mercado. Essas caixas de som in-
teligentes, baseadas na inteligência artificial,
estarão cada vez mais presentes nos lares. Com
elas será possível não só escutar a música esco-
lhida com um rápido comando de voz, mas tam-
bém controlar diversos dispositivos – geladeira,
máquina de lavar, TV etc. – dentro de uma casa
conectada e interagir com assistentes virtuais,
como Google Assistant e Apple Siri.
De acordo com relatório recente da consul-
toria britânica Strategy Analytics, só no último
quadrimestre de 2017 devem ser vendidos 12
milhões de smart speakers em todo o mundo.
No ano inteiro, o número deve totalizar 24 mi-
lhões de unidades.
Por enquanto, segundo a Strategy Analytics,
a Amazon está vencendo o jogo por um placar
bem elástico. O assistente virtual da empresa
de e-commerce, o Alexa, estará presente em
68% dos smart speakers vendidos globalmente
em 2017. Bem distante, em segundo lugar, vem
o Google Assistant, com 20% do mercado.
Uma vantagem crucial da Amazon é ter
sido a primeira a lançar uma caixa de som
inteligente, o Echo, em 2015. Mas a Ever-
core apontou que esta primazia também tem
sido construída com smart speakers vendi-
dos com preços entre 10% e 20% abaixo do
custo de produção. De acordo com a consul-
toria, a intenção da empresa do bilionário
Jeff Bezos é popularizar ao máximo o uso
dos dispositivos, que custam entre US$ 50 e
12
IoT
US$ 150 nos EUA, a ponto de eles se torna-
rem onipresentes nas casas.
Aliás, estudos apontam que o foco não só
da Amazon, mas de empresas como Google e
Apple está longe do hardware. Elas têm fomen-
tado o uso das caixas de som inteligentes para
que os seus assistentes virtuais ganhem força
e se tornem o sistema operacional dominante
na era do comando de voz.
“É como tentar ser o Google ou o Windows dos
sistemas de voz”, avaliou o analista do banco RBC
Mark Mahaney sobre a estratégia da Amazon, em
entrevista ao Financial
Times. Para ele, a em-
presa está conduzindo Com assistentes pessoais virtuais
o mercado e reforçan- e speakers, players disputam para
do os seus laços com os saber quem será o Google ou o
consumidores, que ao Windows da era do comando de voz
usar o Alexa para ver o
que está faltando no refrigerador de casa, por
exemplo, vai pavimentar o caminho para a loja de
e-commerce vender seus produtos. “É como o
cavalo de Troia que a Amazon está usando para
entrar nas geladeiras”, comparou Mark.
Mas os concorrentes não estão dormindo
diante deste domínio. No último mês de outu-
bro, o Google fez barulho ao lançar duas ver-
sões do seu smart speaker, uma compacta, o
Google Home Mini, e outra maior e mais po-
derosa, o Google Home Max. Em 2017, a Apple
também entrou na disputa ao lançar a sua ver-
são de caixa de som inteligente, o HomePod.
Mark Zuckerberg também está de olho numa
fatia deste mercado. Segundo a Bloomberg, o
Facebook estaria produzindo um gadget para
bater de frente com os concorrentes. É esperar
para ver os próximos lances desta disputa.
13
FUTURO É HOJE
BIG DETETIVE?
Como o armazenamento e a análise de dados Big Data
ajudam cidades pelo mundo no combate ao crime
P
oliciais em Nova York (EUA) recebem
via smartphone um alerta de disparos
em uma residência. No local, eles en-
contram projéteis de balas e, nova-
mente com a ajuda do celular, descobrem que
havia um mandado de prisão para um dos mo-
radores. Rapidamente, conseguem autorização
para fazer buscas na casa do suspeito, onde
acham armas e fazem as devidas prisões.
Parece uma cena de série na TV, mas é o
Big Data combatendo o crime. Em Nova York,
isso acontece graças ao sistema Domain Awa-
reness System (DAS), que entrega informações
da central telefônica da polícia aos agentes, em
tempo real. A interface é o smartphone que
todos os 35 mil policiais nova-iorquinos carre-
gam no bolso. O projeto, iniciado em 2008, se
conecta a 6.000 câmeras de vídeo na cidade
para identificar, por exemplo, pacotes suspeitos
não identificados.
Memphis, também nos EUA, foi uma das
primeiras cidades a fazer uso dos dados na área
de segurança pública, no projeto pioneiro Blue
CRUSH, em 2005. A ideia era coletar infor-
mações sobre ocorrências policiais, padrões
dos criminosos e locais dos crimes. Mas a
maior sacada foi não tratar da mesma forma
todas as regiões.
Mesmo naquelas mais perigosas é possível
encontrar um microcosmo específico, ao ha-
bilitar filtros por bairro, rua, tipo de crime e
até o clima no dia da ocorrência – os crimes
diminuem quando chove. A polícia de Mem-
phis afirma que, graças ao Big Data, a inci-
dência de crimes sérios diminuiu 30% e os
episódios violentos reduziram em 15%, nos
primeiros seis anos.
No Rio de Janeiro, o Big Data foi recente-
mente incorporado na segurança pública, em
parceria com o Instituto Igarapé e recursos da
iniciativa privada. Cerca de 78 mil policiais
podem atualizar um mesmo sistema com mais
de 40 tipos de crimes, separados por área e por
tipo de ocorrência. Para se ter uma ideia, me-
14
BIG DATA
tade dos assaltos na região metropolitana ocor-
reu em apenas 2% do território em 2016.
BENEFÍCIOS E CRÍTICAS
Outro possível benefício do Big Data é a eli-
minação da parcialidade, já que o algoritmo
não inclui informação pessoal dos criminosos,
como raça ou condição socioeconômica.
No entanto, um estudo da Universidade de
Michigan State, conduzido pelo PhD em Ci-
ências Políticas William Isaac indica que os
critérios de análises sofrem com as informa-
ções parciais, sim. Os obstáculos não são os
cálculos matemáticos, mas a necessidade de
dados qualificados. Locais com mais chamadas
policiais não são, necessariamente, aqueles
com mais crimes. O estudo indica que algumas
práticas policiais reforçam o preconceito, mais
do que ajudam a extingui-los.
Outra crítica ao Big Data está na falta de pri-
vacidade. Ainda que as
instituições afirmem
que o objetivo não é a Em cidades dos EUA, o Big Data
vigilância pessoal, há coleta e cruza informações sobre
quem diga que o Big ocorrências policiais, padrões dos
Data é, na realidade, criminosos e locais dos crimes
um “Big Brother”.
O fato é que um dos grandes atrativos do
Big Data é o “mapa do crime inteligente” de-
senvolvido pela norte-americana PredPol. Em
Nova York e Los Angeles, os dados são abertos
ao público, que pode assim “filtrar” as áreas
mais seguras. O sistema gerencia três níveis de
informação: o local exato da ocorrência; a data
e hora; e o tipo de crime cometido.
Além da prevenção ao crime, o grande
benefício parece ser o uso correto da força
policial. No Reino Unido, estudos indicam
que a facilidade em prever um local de crime
é 10 vezes maior com análise de dados do
que com policiamento. Em regiões conheci-
das pela falta de orçamento em segurança
pública, como o Brasil, o Big Data traria uma
enorme contribuição.
15
FUTURO É HOJE
A CORRIDA CONTRA O
RANSOMWARE
Empresas mudam políticas e investem
em segurança após explosão de ataques
2
017 ficará marcado como a primeira vez
que muita gente no mundo ouviu falar
em ransomware, um tipo de malware
que sequestra dados das vítimas e exige
pagamento de um resgate. Isso porque foram
registrados no período diversos ataques de gran-
de porte com essa técnica, como o WannaCry,
que atingiu sistemas de hospitais, escolas e ser-
viços diversos em cerca de 150 países.
O Brasil, por sua vez, deve fechar o ano
como o país mais afetado por ataques de ran-
somware na América Latina. Segundo um es-
tudo divulgado em setembro pela Kaspersky
Lab, o país concentrou em torno de 55% do
total de ataques com esse tipo de malware na
região em 2017, bem à frente do México, por
exemplo, com 23%.
Apesar de todo o aspecto negativo e dos pre-
juízos para os afetados, esses eventos podem
impulsionar mudanças positivas de comporta-
mento entre as empresas. Segundo o gerente
de Pesquisa e Consultoria de Software e Ser-
viços da IDC Brasil, Luciano Ramos, o já cita-
do WannaCry e o Petya, entre outros, fizeram
com que as companhias voltassem a discutir
segurança com mais força, incluindo rever os
investimentos na área.
“As empresas perceberam primeiramente
que as suas políticas de avaliação de critici-
dade e de aplicação de correções de segu-
rança estão equivocadas ou deficitárias e
que precisam trabalhar isso de maneira mais
efetiva. E também que trabalhar com siste-
mas operacionais desatualizados ou fora de
suporte é o mesmo que deixar uma porta
aberta o tempo inteiro”, alerta o especialista
da IDC, revelando ainda que os gastos com
segurança no Brasil, incluindo hardware,
16
SEGURANÇA
software e serviços, devem ultrapassar R$ 1
bilhão em 2017.
Já o advogado especializado em direito digital
Rony Vainzof, do Opice Blum, Bruno, Abrusio e
Vainzof Advogados Associados, destaca a impor-
tância de realizar uma análise mais profunda para
se proteger melhor contra ameaças do tipo. “A
gente faz o chamado data protection impact as-
sesment, que é uma avaliação jurídica do nível
de sensibilidade dos dados tratados pelas empre-
sas para que elas consigam enxergar o nível de
segurança necessário de acordo com a sensibili-
dade e a quantidade dos seus dados”, explica.
Além de possíveis vulnerabilidades não cor-
rigidas em sistemas, os ataques de ransomwa-
re também podem
infectar os computa-
dores por meio de ar- Brasil deve fechar 2017 como o
quivos com código país mais afetado pelo ransomware
malicioso distribuídos na América Latina, concentrando
via e-mail ou mensa- 55% dos ataques desse malware
gens. Por isso, tam-
bém é muito importante evitar que o usuário
seja infectado, o que pode ser feito por meio de
campanhas de conscientização e boas práticas
com os funcionários, como explica a analista de
segurança do CERT.br, Miriam von Zuben.
A especialista lembra ainda que pagar o res-
gate solicitado pelos hackers não apenas não
garante ter os dados de volta, como pode in-
centivar os criminosos a realizarem novos pe-
didos de extorsão. Apesar disso, as vítimas de
ransomware pagaram aproximadamente US$
25 milhões em resgates para os cibercrimino-
sos nos últimos dois anos, segundo levanta-
mento divulgado em julho pelo Google em
uma parceria com Chainalysis, UC San Diego
e NYU Tandon School of Engineering.
17
SEGURANÇA
SEGURANÇA,
O MAIOR DESAFIO DA ERA
DA INTERNET DAS COISAS
Na medida em que as conexões chegam a aparelhos médicos, automóveis,
sensores e câmeras, possíveis ataques à privacidade se tornam um grande risco
M
arcapassos que enviam relatórios
automáticos do paciente para o mé-
dico e avisam toda vez que o coração
começa a se comportar de forma
perigosa. Geladeiras que formam suas próprias
listas de compras. Sensores de frigoríficos que
garantem a temperatura constante e alertam para
variações que possam colocar a comida em risco.
Veículos que dirigem sozinhos. Calças que avi-
sam que você está sentado há muito tempo e
deveria caminhar um pouco.
Nada disso é ficção científica. A Internet
das Coisas, IoT na sigla em inglês, já está bem
estabelecida como tecnologia e agora vem ga-
nhando escala. Mas existe um calcanhar de
Aquiles gravíssimo: os protocolos de segurança
para a IoT ainda não foram bem delimitados.
Dessa forma, um hacker poderia, em tese, ga-
nhar poder sobre a vida humana: ele não teria
mais acesso apenas a contas de email e a sites
de bancos. Seria capaz de matar centenas de
pessoas à distância, simplesmente ao provocar
uma pane geral de uma linha inteira de mar-
18
SEGURANÇA
capassos – em agosto, aliás, o governo ameri-
cano pediu o recall de 465 mil aparelhos desse
tipo, precisamente porque eles apresentavam
brechas na segurança.
MERCADO
EM EXPANSÃO Sem sistemas de proteção
Desenvolvida ao longo e segurança eficientes,
da última década, a equipamentos com IoT de um
Internet das Coisas hospital podem ser invadidos por
consiste basicamente hackers, colocando vidas em risco
na implementação de
sistemas de comunicação via web para aparelhos.
Assim, podem enviar dados, mas também rece-
bê-los, permitindo a uma pessoa, 15 minutos
antes de chegar em casa, acionar sua cafeteira
remotamente e tenha café pronto e fresco assim
que passar pela porta – que, aliás, vai usar uma
fechadura inteligente, capaz de identificar os
usuários autorizados a entrar.
Esse conceito não tem limites. Um aquário
pode ser mantido por sistemas de sensores, que
evitam que um descuido humano deixe a água
19
SEGURANÇA SEGURANÇA

insalubre para os peixes. Um agricultor pode

implementar sistemas inteligentes, que fazem
fertilização e irrigação sempre que o solo exigir.
A consultoria Gartner estima que, neste mo-
mento, existam no planeta 8,4 bilhões de obje-
tos conectados à internet. Em 2016, eram 6,4
bilhões. Em 2020, serão mais de 20 bilhões.
O problema é que, com isso, num futuro
muito próximo, todos os detalhes sobre a vida
das pessoas e a rotina de seus trabalhos esta-
rão online. É possível garantir que tantas in-
formações, tão cruciais, não sejam roubadas
ou manipuladas?

MAIS ATAQUES
Em janeiro deste ano, a empresa de tecnologia
Tripwire entrevistou 403 profissionais de TI
americanos que trabalham com segurança di-
gital. E 96% deles declararam que esperavam
por um aumento dos ataques contra sistemas
de IoT. Mais da metade, 51%, declarou que não
está totalmente preparada para essas ações
maliciosas. Em alguns casos, os aparelhos co-
nectados podem não
extrair informações
A consultoria Gartner estima pessoais de seus usu-
que existem hoje em todo ários, mas acabam
planeta 8,4 bilhões de objetos sendo manipulados
conectados à internet. Em para promover ata-
2020, serão mais de 20 bilhões ques contra outras
empresas. Em muitos
casos, os aparelhos simplesmente não são se- É crucial que os aparelhos sejam capazes tamar de US$ 50 bilhões a US$ 200 bilhões No caso de um país que ainda está se orga-
guros o suficiente. Além disso, diferentes pa- de identificá-los, reportá-los e reagir rapida- anuais – o cálculo é feito com base na estima- nizando para esse mercado, a questão da segu-
drões e protocolos dificultam o estabelecimen- mente a eles. tiva do McKinsey Global Institute, que estima rança apresenta desafios específicos. O prin-
to de padrões globais de segurança. E a que o impacto de IoT na economia global será cipal deles é acelerar a regulação para garantir
quantidade de novos dispositivos online apre- PLANO NACIONAL de 4% a 11% do produto interno bruto do pla- a privacidade num mercado que já está cres-
senta dificuldade extras. O Brasil corre para se posicionar nesse merca- neta em 2025, e que as economias emergentes cendo por conta própria. O Brasil já é, por
Apesar disso, existem produtos que garan- do. Tramita no Congresso a Lei Geral de Pro- serão alvo de até 40% desses valores. O plano exemplo, o quarto país que mais dispara ata-
tem a proteção e já estão disponíveis no mer- teção de Dados Pessoais, debatida pela Secre- prevê várias políticas públicas que estimulem ques DDoS partindo de dispositivos IoT.
cado. Os principais, segundo a Forrester Re- taria Nacional do Consumidor (Senacon) este tipo de investimentos no Brasil – afinal, “Essa estratégia regulatória poderia ter vá-
search, são: desde 2010 e que estabele novos padrões de como aponta o relatório, “a disseminação e o rios desencadeamentos. Um deles, talvez o
Segurança da conexão: as ferramentas tradi- privacidade para um mundo em transformação. uso massivo de Internet das Coisas irá trans- principal, é que privacidade e proteção de da-
cionais, como antivírus e firewalls, são úteis O projeto lista os direitos dos cidadãos e das formar a economia e o dia a dia da população dos pessoais passariam a ser encarados como
para impedir que os atacantes tenham acesso empresas sobre seus próprios dados e apresen- de maneira tão ou mais impactante do que um elemento de competitividade e vantagem
aos aparelhos e objetos ligados à internet. ta maneiras como eles poderiam ser compar- robótica avançada, tecnologias Cloud, e até econômica”, sugere o mestre em direito e pes-
Encriptação de alto padrão: uma estratégia há tilhados, sempre com o consentimento dos mesmo do que a internet móvel”. quisador da Rede Latino-Americana de Estu-
anos usada em aparelhos conectados, como os cidadãos. A maneira como esse consentimento dos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade
smartphones, é garantir que as informações se- vai se dar, na prática, é um dos maiores focos ESPECIFICIDADES DO BRASIL (LAVITS), Bruno R. Bioni, em artigo publica-
jam embaralhadas enquanto estão transitando. de debates entre os legisladores. Os investimentos podem melhorar a eficiência do no jornal Valor Econômico.
Autenticação rigorosa: muito além de senhas Com base nesse suporte jurídico, quando da iluminação pública, um fator crucial para a Seria uma forma de tirar o atraso e garantir
digitáveis ou pins, equipamentos como auto- ele for aprovado, seria possível implementar o segurança. Também seriam capazes de melho- a privacidade dos dados num mundo em que
móveis conectados precisam de certificados passo seguinte: o Plano Nacional de Internet rar a eficiência da agricultura, da indústria e tudo vai estar online. “O Plano Nacional de
digitais e biometria. das Coisas. Apresentado no início de outubro, do comércio, além de auxiliar na implementa- IoT parece ser uma excelente janela de opor-
Monitoramento de status: mesmo com toda ele prevê que, em 2025, a injeção de investi- ção de programas de saúde pública que visem tunidade para tanto”, afirma o especialista.
segurança disponível, ataques acontecem. mentos em IoT no Brasil terá alcançado o pa- a prevenção de doenças crônicas. “O Brasil poderia ser disruptivo”.

20 21
SEGURANÇA
ATAQUES QUE
PREJUDICAM
LUCROS
Soluções anti-DDoS evitam saturação da banda de
internet em caso de ataques de negação de serviço
P
eríodos de vendas especiais, como
Black Friday, Natal e liquidações de
início de ano, trazem um alerta para
o setor de e-commerce: garantir a
segurança das plataformas de comércio on-
-line é fundamental para que a esperada alta
nas vendas não seja prejudicada. O prejuízo
nos negócios pode
ser causado por ata-
Além de prejuízos financeiros, os ques de negação de
ataques resultam em danos à serviços, conhecidos
imagem das empresas de pela sigla em inglês
e-commerce junto aos consumidores DDoS. Eles ocorrem
quando um site ou
servidor são sobrecarregados propositalmen-
te por um tráfego malicioso, inviabilizando
a comunicação com os clientes.
Além da segurança, as redes devem ter
flexibilidade em sua infraestrutura para su-
portar o aumento no volume do tráfego que,
especialmente em promoções, costuma ser
bem maior do que o de costume. Aliás, o
22
comércio eletrônico cresce a cada ano no
Brasil. Só em 2016, as vendas on-line avan-
çaram 17% em relação ao ano anterior, de
acordo com a empresa de monitoramento do
comércio eletrônico Ebit. O total geral de
pedidos do ano passado – 2,92 milhões –
também foi maior em relação a 2015, uma
alta de 4%.
Filtrar todos os acessos, identificando o
que é ou não ataque, também ajuda a garan-
tir a segurança dos consumidores legítimos,
que confiam seus dados pessoais às plata-
formas de e-commerce. Os ataques podem
inclusive vir de qualquer lugar do planeta,
partindo de um computador remoto na Ásia
ou Europa, por exemplo.
Nos ataques, softwares maliciosos atu-
am a partir de máquinas de usuários co-
muns. Sem que estes saibam, elas são
manipuladas para agir de forma simultâ-
nea, gerando tráfego intenso. É como se
milhares de carros chegassem a uma úni-
ca avenida ao mesmo tempo. Incapaz de
lidar com a demanda artificial gerada, a
página alvo é bloqueada, tendo seu fun-
cionamento prejudicado.
Os prejuízos não se resumem às vendas
não realizadas por conta dos ataques DDoS,
já que a confiança do consumidor também
fica abalada, quando não consegue realizar
suas compras e ainda tem a possibilidade de
ver seus dados expostos.
Empresas de e-commerce, não importa
o tamanho delas, devem investir em servi-
ços anti-DDoS para evitar prejuízos finan-
ceiros e de imagem. Soluções disponíveis
no mercado garantem o fluxo seguro e
constante de dados, mesmo nas situações
de maior pressão. É fundamental, por
exemplo, usar plataformas confiáveis, com
conexões de segurança reforçada, em es-
pecial nas áreas de cadastro e de pagamen-
to. Exigir senhas fortes dos clientes, esta-
belecer rotinas de controle de acesso e
SEGURANÇA
fazer backups frequentes dos bancos de
dados do site também ajuda.
A Embratel está entre as empresas que
oferecem esses serviços. O Anti-DDoS de
Volumetria, por exemplo, evita a saturação
da banda de internet durante um ataque, e
assim identifica e descarta o tráfego mali-
cioso antes que ele chegue à rede do cliente.
Já o Anti-DDoS de Aplicação protege todos
os elementos de infraestrutura, e assim ga-
rante que os serviços continuem disponíveis.
Ambos os produtos apresentam, entre seus
Empresas de diferenciais, a capacidade de identificar e
e-commerce mitigar ataques em até 15 minutos.
de todos os Com a proteção assegurada, as empre-
tamanhos sas podem garantir seu espaço não só nos
devem investir períodos de vendas especiais, mas duran-
em serviços te todo o ano, em um mercado bilionário.
anti-DDoS para Para 2017, de acordo com dados do rela-
evitar prejuízos tório Webshoppers da Ebit, a previsão de
financeiros faturamento para o e-commerce no Brasil
e de imagem é de R$ 48,8 bilhões.
23
IoT
SMART GRIDS
REVOLUCIONAM
O CONSUMO DE ENERGIA
Redes inteligentes trazem uma série de vantagens para companhias,
consumidores e o meio ambiente, num mercado que vai chegar a US$ 1,5 trilhão
T
ecnologias que permitem a imple-
mentação de redes inteligentes de
distribuição elétrica estão revolucio-
nando o mercado de energia no mun-
do e prometem, em um futuro próximo, conso-
lidar de vez a era das cidades inteligentes e da
Internet das Coisas. Batizadas de smart grids,
essas redes possibilitam uma eficiência operacio-
nal maior da infraestrutura energética nos gran-
des centros urbanos, conectividade com redes de
outros serviços (trans-
porte e telecomunica-
Consumidor terá controle mais ções, por exemplo),
preciso sobre gastos, podendo além da produção de
desligar equipamentos remotamente energia em residências
e acompanhar as informações da – em um mercado
sua conta em tempo real mundial estimado em
bilhões de dólares.
“Atualmente, a energia é a base da nossa so-
ciedade moderna e a primeira camada crítica
de conforto para uma cidade verdadeiramente
conectada. Nesse contexto, as smart grids sin-
tetizam um conjunto de tecnologias recentes
que inclui medidores inteligentes, sistemas de
alta performance e armazenamento, além de
dispositivos para geração de energia renovável
em pequena escala”, descreve Cyro Boccuzzi,
24
sócio-diretor da consultoria ECOEE e presiden-
te do Fórum Latino-Americano de Smart Grid.
“Essas redes representam uma grande mudança
de paradigma no setor energético em todo o
mundo porque, ao trabalharem de forma inte-
grada, trazem inúmeros benefícios a distribui-
doras, consumidores e meio ambiente.”
Apesar do seu caráter futurístico, as redes
inteligentes já são uma realidade em cidades
de diversos países, como EUA, Itália, Espanha,
Portugal, Japão e, em certa medida, até no Bra-
sil. De acordo com Boccuzzi, esse mercado
movimenta centenas de bilhões de dólares
anualmente e deve superar a marca de US$ 1,5
trilhão em todo o mundo até 2020. Por aqui,
um relatório publicado em junho de 2016 pela
Agência Brasileira de Promoção de Exporta-
ções e Investimento (Apex-Brasil) estima que
esse mercado irá variar entre US$ 11 bilhões
e US$ 18 bilhões até 2025.
Um dos pontos centrais para a implementação
dessas redes é a substituição dos tradicionais reló-
gios de luz analógicos por equipamentos digitais
bidirecionais. Esses novos medidores permitem o
envio de dados em ambos os sentidos entre distri-
buidoras e consumidores, realizam uma gestão
mais eficiente da energia e ainda conseguem gerar
informações de consumo em tempo real. Com
isso, companhias elétricas podem criar tarifas di-
nâmicas que variam de acordo com os perfis dos
seus clientes, otimizar sua infraestrutura de dis-
tribuição e dar mais transparência ao seu serviço.
Em estados americanos como Nova York,
Texas e Califórnia, por exemplo, as distribui-
doras já são capazes de ofertar planos persona-
lizados com base nos horários e nos hábitos de
consumo dos seus clientes. Já os consumidores
têm um controle mais preciso sobre seus gas-
tos, pois podem desligar equipamentos remo-
tamente e acompanhar as informações da sua
conta em tempo real, por meio de aplicativos,
sites e agências digitais – uma grande evolução
em comparação com a limitada consulta men-
sal permitida pelos medidores analógicos.
De olho nos benefícios das redes inteligentes
de energia, a Itália foi o primeiro país europeu a
realizar uma adoção maciça de medidores digi-
tais, no início dos anos 2000. Em cerca de 5
anos, os italianos substituíram mais de 30 mi-
lhões de dispositivos analógicos pelos novos mo-
delos, numa operação cujos custos se pagaram
em menos de 5 anos devido à economia obtida.
Capazes de integrar outras fontes de ener-
gia em sua rede, como painéis solares, as
IoT
smart grids também tornam possível a con- Smart grids reúnem
avanços como medidores
sumidores de baixa tensão, como pequenos inteligentes, sistemas
comerciantes e residências, gerarem a ele- de alta performance
tricidade necessária para o seu próprio con- e tecnologias para
energia renovável
sumo. O excedente dessa produção pode
então ser revendido para as distribuidoras,
reduzindo custos na conta de luz e os im-
pactos ao meio ambiente, além de alimentar
um novo tipo de economia local. Trata-se de
uma realidade cada vez mais acessível
diante da evolução e do barateamento das
tecnologias de geração de energia eólica e
solar de pequeno porte.
“Mesmo no Brasil já é possível notar mudan-
ças nesse sentido. Há dez anos, um sistema de
automação de energia residencial começava na
faixa dos R$ 40 mil. Hoje, você consegue en-
contrar sistemas do tipo ‘faça você mesmo’
abaixo dos mil reais”, explica Boccuzzi, que diz
notar uma crescente demanda dos próprios
consumidores por sistemas do tipo para casas
e prédios. “A tendência é que em um futuro
próximo as residências já passem a ser cons-
truídas com algum tipo de sistemas de geração
de energia renovável de pequeno porte. Esse
será o padrão, não mais a exceção”, afirma o
consultor.
25
COMUNICAÇÃO
A ERA DA
COLABORAÇÃO
Avanços nas comunicações e mudanços no mercado de trabalho
colocam o foco das empresas nas capacidades dos funcionários
O
ambiente corporativo mudou radical-
mente no século 21. A revolução tec-
nológica que começou impactando as
comunicações acabou por alterar a
própria estrutura das empresas. As relações
profissionais e trabalhistas já não são mais as
mesmas, e vão continuar mudando rapidamen-
te nos próximos anos.
A mudança mais marcante está na maneira
como a hierarquia é distribuída. No formato
antigo, pessoas mais velhas, mais capacitadas,
mais experientes, comandavam grandes grupos
de funcionários. Todos tinham carteira assina-
da, horário pré-definido, uma mesa de trabalho
fixa. A cadeia de comando era vertical e valo-
rizava-se o profissional que começava em pos-
tos mais baixos e, depois de décadas de dedi-
cação e estudos, chegava ao fim da carreira em
postos de maior responsabilidade.
Agora compare esse formato com o modelo
atual: parte cada vez maior da força de trabalho
nem precisa morar na mesma cidade onde fica a
sede da empresa. As reuniões acontecem em pla-
taformas on-line, assim como os dados sobre a
26
COMUNICAÇÃO
companhia e seus clientes estão disponibilizados
na nuvem. Pessoas de perfil mais diversificado,
que contam com uma vasta gama de cursos com-
plementares (realizados no ambiente de ensino a
distância), fornecem insights e soluções inovado-
ras, para problemas que antes nem sequer exis-
tiam – qual empresa, por exemplo, imaginaria há
dez anos, que precisaria de profissionais capacitados
para interagir constante-
mente com clientes nas
redes sociais? “Desafio agora é gerenciar talentos
“Tradicionalmen- que atuam em células, de forma
te, as organizações colaborativa” - Dave Ulrich, professor
mantinham hierar- da Universidade de Michigan
quias com papéis e
responsabilidades bem estabelecidos. Hoje, as
organizações precisam focar não na estrutura,
mas nas capacidades”, diz Dave Ulrich, pales-
trante e coach, professor da faculdade de ad-
ministração da Universidade de Michigan.
“Isso significa que a organização precisa focar
no que é conhecida por fazer bem. Interna-
mente, o desafio agora é gerenciar talentos que
atuam em células, de forma colaborativa”, afir-
27
COMUNICAÇÃO
ma o professor, que está escrevendo um livro
sobre o assunto.
Esse novo perfil de profissional, com experi-
ências diversas e vínculo menor com uma com-
panhia específica, não aceita modelos rígidos de
hierarquia. Essa rede de profissionais agrega
valores importantes às empresas. E elas, por sua
vez, precisam se adaptar a uma nova rotina que
eles apresentam.
A NOVA ORGANIZAÇÃO
Segundo um estudo divulgado em 2016 pela
consultoria Deloitte, o relatório Global Human
Capital Trends, quatro fatores estão alterando
o local de trabalho, a força de trabalho e o
trabalho em si.
Mudanças demo-
gráficas: na medida
Feito com sete mil profissionais em que a idade média
de 130 países, estudo apontou da população aumen-
que ajustar estrutura das empresas ta, cresce também o
é uma prioridade crítica número de pessoas
para 92% dos entrevistados mais velhas que conti-
nua no mercado de
trabalho. Por outro lado, essa geração é desafia-
da pelos milenials, os profissionais que nasceram
entre meados dos anos 1970 e meados dos anos
1990 e que cresceram ligados à internet. Eles
exigem novos padrões profissionais e não se con-
formam em seguir processos decisórios rígidos.
Tecnologia digital difundida: não são apenas
os smartphones ligados à internet, mas as im-
pressoras 3D, a inteligência artificial, o Big
Data e a internet das coisas que estão revolu-
cionando a maneira como empresas produzem
28
e comercializam. Essas mudanças alteram o
modo de uma corporação trabalhar, seus obje-
tivos principais, seu foco. Para dar conta desses
novos desafios, é fundamental contar com
equipes colaborativas.
Alterações aceleradas: há uma década, a in-
ternet das coisas ainda parecia coisa de ficção
científica. De repente, parece que o empresário
que não aderir a ela vai ser expulso do mercado.
Qual será a tendência que está surgindo agora e
será obrigatória nos próximos anos? Apenas com-
panhias dinâmicas serão capazes de lidar com
esse ritmo acelerado de mudanças, identificar
tendências e encontrar os profissionais mais ca-
pacitados para lidar com cada uma delas.
Novo contrato social: de um lado, os profissio-
nais jovens não têm, em geral, o menor interesse
em passar a vida inteira numa única companhia.
Nem querem horários rígidos de trabalho – mas
tampouco reclamam de trabalhar nos fins de
semana quando necessário. Por outro lado, as
companhias podem contar com profissionais
dispostos a regras flexíveis de trabalho, mas pre-
cisam lidar com a dificuldade em manter próxi-
mos seus melhores quadros.
O estudo é resultado de pesquisas com 7
mil profissionais de 130 países. E 92% dos en-
trevistados responderam que ajustar a estrutu-
ra das organizações é uma prioridade crítica.
Desse total, 39% está realizando uma reestru-
turação neste momento. E essas mudanças
caminham na direção de criar redes de times.
Como o relatório define, são formadas por com-
panhias que “constroem times que trabalham
em projetos profissionais específicos”. O estu-
do compara esse processo à forma como os
filmes são produzidos em Hollywood. “As pes-
soas se aproximam para participar de projetos
específicos, depois se desmobilizam e seguem
para novos trabalhos”.
É o que está tentando, por exemplo, a Zappos,
uma companhia americana de comércio eletrô-
nico. Desde 2014, a empresa não tem mais ne-
nhum grau hierárquico entre seus 1500 funcio-
nários. Trocou essa estrutura por grupos
circulares, dedicados a projetos específicos e com
o mesmo poder – é a chamada holocracia.
TRABALHO REMOTO
Nesse contexto, é natural que o home office se
torne uma tendência cada vez mais expressiva.
Nos Estados Unidos, 35% dos profissionais são
freelancers, segundo um levantamento da Fre-
elancers Union datado de 2016. São 55 milhões
de profissionais. No Brasil, esse cenário também
já se estabeleceu. O total de freelancers subiu
186% em 2016, de acordo com o Relatório de
Trabalho Independente e Empreendimento, um
levantamento realizado pela empresa Workana.
Neste momento, 20% dos profissionais brasilei-
ros atuam como freelancers em tempo integral
e outros 22%, em meio período.
As vantagens desse cenário são claras. Tanto
para as empresas quanto para os colaboradores,
representam custos menores e maior flexibilidade
nas relações profissionais. A possibilidade de tra-
balhar de qualquer lugar, de acordo com o volume
de demanda, com flexibilidade de horários, pode-
ria reduzir um problema sério de insatisfação que
as companhias enfrentam hoje: segundo a versão
COMUNICAÇÃO
de 2017 do estudo State of the Global Workplace,
realizado pelo instituto de pesquisa Gallup, ape-
nas 15% dos trabalhadores do mundo inteiro se
dizem engajados em seus empregos.
SERVIÇOS EM CLOUD
As tecnologias de comunicações em cloud são
parte crucial nesse cenário. Elas fornecem a
infraestrutura necessária para que as empresas
abandonem padrões rígidos e garantam a qua-
lidade dos processos. Pensando na importância
dessa inovação, a Embratel disponibiliza solu-
ções de Comunicações Unificadas e Colabora-
ção, que oferecem o
mais moderno em
tecnologia, atendendo O home office é uma tendência
aos desafios atuais das forte ao redor do mundo. Nos EUA,
comunicações. 35% da força de trabalho, cerca
São soluções como de 55 milhões de profissionais,
Comunicações Unifi- já atua como freelancer
cadas, o Hosted Con-
tact Center (HCC) e a Telepresença como
serviço (TPaaS). Esses produtos garantem que
pessoas de diversos grupos dentro da empre-
sa possam interagir com clientes e parceiros
utilizando as mais modernas ferramentas,
trazendo agilidade e produtividade adicionais
ao seu dia a dia. Tais como: acesso persona-
lizado, ciclo de vendas reduzido, redução nos
custos de viagens, melhoria na experiência do
usuário, rápida resolução de problemas e ace-
leração dos projetos.
São serviços que garantem às empresas de
diferentes portes a participação neste cenário
corporativo do século 21.
29
COMUNICAÇÃO
ADEUS AO
VELHO MODO
DE TRABALHO
Executivo de companhia líder em comunicações unificadas revela
como essa solução vai influenciar na produtividade e qualidade de vida
C
om quase 20 anos de trajetória, a com-
panhia norte-americana Broadsoft é
a maior referência internacional quan-
do se fala em comunicações unifica-
das. Atuando em mais de 80 países, junto aos
maiores players de telecomunicações do mun-
do, a multinacional é parceira da Embratel no
Brasil. Marcelo Kopczynski, vice-presidente
regional da Brazil Broadsoft, vê essa tecnologia
baseada no cloud computing crescendo cada
vez mais no país, mudando de forma definitiva
a comunicação corporativa nas organizações,
não importa o tamanho delas. “A nuvem con-
segue fornecer soluções tecnológicas que al-
guns anos atrás só seriam possíveis para as
grandes empresas”, pontua Marcelo.
Para o executivo, um dos grandes benefícios
das comunicações em cloud é a popularização de
ferramentas tecnológicas essenciais para as em-
presas na era digital. “De forma simples e prática,
hoje qualquer empresa consegue fazer videocon-
ferência, com compartilhamento de documentos,
por um valor bem econômico.”
Na entrevista a seguir, Marcelo fala como essas
ferramentas tecnológicas vão impactar no modo de
trabalho, inclusive como esses avanços vão resultar
em mais produtividade para empresas e melhor
qualidade de vida para os seus colaboradores.
De que forma os avanços tecnológicos
em comunicações vão alterar
o dia a dia do trabalho?
Com o caráter colaborativo das comunicações unifi-
cadas, somado à disponibilização da conectividade
30
em todos os lugares, a rotina do trabalho que co-
nhecemos se transformará. Ou melhor, já está
se transformando. Nossos escritórios e salas de
reunião estarão 100% do tempo disponíveis, em
qualquer lugar. Isso aumentará a produtividade
e a qualidade dos nossos serviços.
Essas transformações de qualidade de vida e
produtividade são para um futuro próximo?
Acredito que esta tecnologia será rapidamente
adotada, pois companhias, como a Embratel, já
a disponibilizam para seus clientes. Com isso,
teremos grande aumento de produtividade, com
o consequente au-
mento da qualidade
de vida. Qual é a solu- “Ganharemos muitas horas
ção para o trânsito da adicionais, que poderemos gastar
cidade de São Paulo? com mais trabalho ou convivendo
Há vários anos, foi o mais tempo com nossas famílias”
rodízio de placas. – Marcelo Kopczynski
Mas, contraditoria-
mente, isso ajudou a vender mais carros, pois
todos precisavam ir até o escritório, o transpor-
te público não era eficiente e muitas pessoas
precisaram comprar o segundo carro. No entan-
to, se você possui ramal de trabalho em sua casa,
podendo fazer reuniões on-line com demais
colaboradores da empresa, fornecedores ou
clientes, em qualquer lugar, realmente não pre-
cisaremos sair de casa todos os dias para traba-
lhar. E se contarmos quantas pessoas gastam
duas horas por dia indo e voltando para o escri-
tório, eu diria que no futuro próximo, ganhare-
mos, no mínimo, muitas horas adicionais, que
poderemos gastar com mais trabalho ou convi-
vendo mais tempo com nossas famílias.
A comunicação em nuvem traz um
melhor custo benefício para as empresas?
A nuvem, devido à economia de escala ineren-
te a sua característica, além da disponibilidade
e segurança, consegue fornecer soluções tec-
nológicas que alguns anos atrás só seriam pos-
síveis para as grandes empresas, porque eram
alternativas de alto custo. De forma simples e
prática, hoje qualquer empresa consegue fazer
videoconferência, com compartilhamento de
documentos, por um valor bem econômico.
Quais as maiores vantagens do
uso da nuvem para as corporações?
As grandes características da nuvem são o au-
mento de produtividade com baixo custo, fle-
xibilidade de crescimento e redução, alta dis-
ponibilidade e segurança.
Como tem sido a implementação das
comunicações unificadas no Brasil?
Comunicação em nuvem ainda está no come-
ço aqui no Brasil e a Embratel foi a primeira a
lançar o serviço de comunicações unificadas.
Ou seja, o Brasil ainda está aprendendo todo
o potencial desse serviço.
COMUNICAÇÃO
E quais os setores da economia nacional
Um dos grandes têm adotado mais a solução tecnológica?
benefícios das Comunicações unificadas são uma ferramen-
comunicações ta que estará presente no dia a dia de todas
em cloud é a as empresas, principalmente pelo fato de
popularização empresas como a Embratel terem a solução
de ferramentas em seu portfólio. Com relação à adesão, em-
tecnológicas presas multinacionais e companhias do setor
essenciais para de tecnologia aderiram mais rapidamente.
as empresas
Quais são as maiores dúvidas dos
empresários brasileiros nesse sentido?
Como atualmente a solução de voz predo-
minante no mercado é composta por vá-
rios PABX, sendo um em cada localidade
da empresa, as maiores dúvidas são pro-
venientes da tecnologia em uso. Por exem-
plo, se há possibilidade de fazer chamadas
entre ramais de localidades diferentes e
se estas serão sem custo, se é possível
manter o número telefônico em qualquer
lugar e não apenas dentro do escritório.
Mas após uma pequena demonstração da
sala de reunião virtual, onde com um sim-
ples arrastar de contatos cria-se uma reu-
nião com áudio, vídeo e compartilhamen-
to de documentos, eles entendem o
grande valor em flexibilidade e produtivi-
dade que a solução oferece.
31
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
QUAL SERÁ
A CARA DA
INDÚSTRIA
DO FUTURO?
Erguida sobre os benefícios ofertados pela tecnologia digital,
Indústria 4.0 aponta para a automatização dos processos e cria fábricas inteligentes
S
e, no século 18, durante a 1ª Revolução
Industrial, o carvão mineral era a prin-
cipal matéria-prima na geração da
energia que movimentava as inovado-
ras máquinas que fomentavam os processos
produtivos, hoje, os dados, devidamente ana-
lisados e operacionalizados, alimentam redes
de máquinas autônomas, compondo o insumo
mais importante nas chamadas fábricas inte-
ligentes, que ganham substancialmente em
eficiência e produtividade. É a Indústria 4.0
— a quarta etapa da Revolução Industrial ini-
ciada há mais de 250 anos e, também, a mais
revolucionária —, que já está em pleno desen-
volvimento no mundo todo.
Desde a adoção da energia elétrica ou da
inserção da informática nos processos produ-
tivos não se via algo tão revolucionário. Tudo
começou na Alemanha, em 2011, quando o
governo destacou um grupo de trabalho para
desenvolver as bases do que viria a ser a In-
dústria 4.0. O relatório final foi apresentado
32
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
na Feira de Hannover, em 2013, e os concei-
tos de “manufatura avançada” passaram a ser
disseminados nos mais diversos setores. Em
alguns casos, há até fábricas que funcionam
sem a presença de pessoas (não há necessi-
dade nem sequer de acender as luzes), em um
sistema de autoges-
tão, inclusive com
serviços de manu- A indústria 4.0 vai muito além da
tenção programados substituição de homens por robôs.
e correção de possí- Ela é fortemente embasada nas
veis falhas. inovações da tecnologia digital
NÃO SE TRATA SÓ DE ROBOTIZAÇÃO
O conceito da indústria 4.0, no entanto, vai mui-
to além da substituição de homens por robôs nas
linhas de produção. Fortemente embasada na
tecnologia digital e nas facilidades que ela pro-
move, esta nova indústria está diretamente liga-
da à inovação. Até porque não seria possível
integrar de outra forma todas as etapas da cadeia
produtiva, inclusive fora dos limites físicos da
33
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
empresa, já que alguns dos benefícios da Indús-
tria 4.0 estão relacionados à customização de
produtos para o cliente final e ao contato em
tempo real com fornecedores, uma vez que tudo
está integrado.
Se, hoje, um consumidor interessado na com-
pra de um carro pode
“montar” o produto de
Líderes do setor industrial acordo com suas espe-
pretendem investir US$ 907 bilhões cificações no site da
até 2020 na “digitização” de montadora e encami-
funções essenciais de suas cadeias nhar o pedido à con-
cessionária mais próxi-
ma, na Indústria 4.0 essas informações vão
direto para a planta, que, integrada à cadeia de
fornecedores, vai processar o pedido em menos
tempo, com menos custos e dentro de um fluxo
que evitará gargalos no estoque (evitando, por
exemplo, a falta de determinadas peças). O clien-
te só precisará ir até a concessionária para retirar
o veículo e, muito provavelmente, dentro de um
prazo menor que o atual.
Da mesma forma, graças a um conjunto de
sensores e impressoras 3D, provar uma roupa
terá outro significado dentro de algum tempo.
34
Bastará ficar em frente ao espelho no provador
da loja de uma confecção, onde as medidas
do seu corpo serão escaneadas e enviadas para
a impressora, que fará os moldes. Ah, você
poderá escolher a cor da roupa ali mesmo,
tocando no espelho (na verdade, uma tela).
Caberá à costureira apenas juntar as peças e
dar o acabamento final. E, em questão de
minutos (ou poucas horas, dependendo da
demanda), sua roupa estará pronta. Sob me-
dida. Nunca o cliente interferiu tanto na linha
de produção, concorda?
Mas e onde entram os trabalhadores nesse
novo contexto? Eles continuarão sendo funda-
mentais, sim, porém em funções diferentes das
que desempenham hoje. Às empresas, além de
adequar suas linhas de produção às bases da
Indústria 4.0, será necessário investir na capa-
citação de profissionais para supervisionar to-
dos as etapas da cadeia produtiva. Isso envolve
também requalificação. Um mecânico ou uma
costureira, por exemplo, precisarão fazer um
curso de automação para atuar nesse novo mo-
delo de fábrica. Do contrário nem empresas
nem profissionais serão competitivos. Um es-
tudo recente do Sistema Nacional de Aprendi-
zagem Industrial (Senai), inclusive, alerta que
o Brasil terá de qualificar 13 milhões de traba-
lhadores em ocupações industriais até 2020.
INVESTIMENTO EM “DIGITIZAÇÃO”
Os resultados da Pesquisa Global Indústria 4.0,
feita pela consultoria PwC em 26 países com
2 mil empresas, 32 delas no Brasil, mostram
que líderes do setor industrial pretendem in-
vestir 5% da sua receita anual na “digitização”
de funções essenciais das cadeias vertical e
horizontal de suas empresas, totalizando US$
907 bilhões até 2020. No Brasil, onde os níveis
de digitização ainda são baixos (9%, de acordo
com a pesquisa), a expectativa é que ele chegue
a 72% daqui a três anos. Esse mesmo estudo
aponta que 93% dos entrevistados acreditam
que, nesse período, dados serão essenciais para
a tomada de decisões. Em tempo: digitização
é o termo utilizado pela PwC para representar
a transformação das empresas por meio das
ferramentas digitais.
A internet das coisas (IoT, na sigla em in-
glês) é outro paradigma da Indústria 4.0. Por-
que, se a automação industrial já era uma
realidade, agora é necessário monitorar não só as
máquinas, como também diferentes softwares e
dispositivos. Entram em cena impressoras 3D
para o desenvolvimento de produtos mais efi-
cientes e menos onerosos, sensores para
acompanhamento da linha de produção em
tempo real e eventual detecção de problemas
e computação em nuvem para o armazena-
mento e gestão de dados, os quais, como já se
viu, são essenciais no todo da operação. A
propósito, as informações armazenadas po-
dem ser analisadas e retrabalhadas para me-
lhorar a produtividade posteriormente, numa
busca contínua pela excelência.
É assim que companhias de ponta estão
transformando seus negócios. A Indústria 4.0
já deixou de ser uma tendência para compor
uma realidade que afetará a vida de todos
(empresários, trabalhadores e consumidores),
de maneira muito rápida — aliás, que já está
afetando. Da mesma forma, esse novo mode-
lo industrial envolve diferentes áreas, que se
tornam convergentes. Lidar com essas con-
vergências e, principalmente, estarmos pre-
parados para as novas demandas que esse
cenário fascinante embute, talvez seja o prin-
cipal desafio da revolução que todos estamos
sendo convocados a participar. Não tem como
ficar fora dessa.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
DE 1760 ÀS DÉCADAS A mecanização da produção foi o marco
DE 1820/1840 da 1ª Revolução Industrial, que surgiu na
Inglaterra e tinha como vetores o uso de
água e carvão em novos processos de
manufatura, com destaque para a criação
de máquinas a vapor.
DOS ANOS 1850/1870 O uso da energia elétrica facilitou
À SEGUNDA GUERRA o processo de produção em massa,
MUNDIAL (1939-1945) demarcando a 2ª Revolução Industrial.
As máquinas eram agora alimentadas
também pelo petróleo, o que as tornavam
mais potentes. Surgiram navios a vapor
e as estradas de ferro se expandiram.
Além disso, o aço substituiu o ferro
como matéria-prima nas indústrias. Os
avanços foram observados, sobretudo, na
Inglaterra, nos Estados Unidos, na França
e no Japão.
DAS DÉCADAS DE Uma automatização ainda maior da
1940/1950 ATÉ HOJE produção aconteceu com a 3ª Revolução
Industrial, com forte emprego da
tecnologia da informação. O grande motor
desse período é o conhecimento, com o
desenvolvimento de tecnologias de ponta
em todas as fases do processo produtivo.
A expansão das telecomunicações, a
disseminação de computadores e a
utilização da robótica na indústria, a partir
dos EUA e de alguns países europeus,
promovem uma grande modernização no
mundo todo.
HOJE EM DIA Está em franco desenvolvimento a 4ª
Revolução Industrial, a Indústria 4.0, com
a implantação de fábricas inteligentes.
35
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
O DOMÍNIO
ESTÁ SÓ
COMEÇANDO
Com inteligência artificial, chatbots trazem avanços como melhora
no relacionamento com clientes e redução de custos
U
m robô assume o papel de assistente
pessoal, responde a perguntas e au-
xilia na realização de tarefas, como
compra de passagens aéreas, por
exemplo. Essa ideia não é futurismo, mas uma
realidade em empresas que implementaram
chatbots e assim passaram a se comunicar
melhor com os clientes. Considerada a tecno-
logia do ano, o chatbot – soma das palavras
chat (conversa) e bot (robô) em inglês – pro-
mete crescer a ponto de criar uma nova era
TECNOMAGIA para os negócios, repetindo o que aconteceu
com os aplicativos.
Converse com Usando inteligência artificial (IA) para si-
o bot da mular conversas com humanos, esses robôs
Embratel sobre aprendem frases e até identificam emoções,
comunicando-se de maneira natural, em uma
temas da pequena demonstração de como o avanço dos
transformação serviços cognitivos vai revolucionar a comuni-
digital cação. Assim, as vantagens da tecnologia vão
desde o estreitamento do relacionamento com
clientes até a redução de custos com atendi-
mento. Também são muitas as possibilidades
de uso dos chatbots, que podem atender clien-
36
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
tes, funcionar como FAQ, oferecer serviços,
sugerir produtos e finalizar compras.
Plataformas de mensagens como Facebook
Messenger, Skype, Slack, Telegram e o chinês
WeChat já contam com Interfaces de Progra-
mação de Aplicativos
(APIs) para a imple-
mentação de chat- Chatbots podem ser usados
bots, e o WhatsApp para atender clientes,funcionar
vem testando seu ser- como FAQ, oferecer serviços,
viço em empresas, sugerir produtos e finalizar compras
como o Itaú.
Em países como China e Estados Unidos, o
uso de bots já está mais maduro, enquanto no
Brasil é algo ainda recente. A tendência, porém,
é que mais marcas usem bots, como prevê a pes-
quisa Chatbot Survey 2017, realizada pela consul-
toria MindBowser em parceria com o Chatbots
Journal. O estudo global mostrou que 96% dos
executivos acreditam que os chatbots vieram para
ficar, e 67% consideram que eles vão superar os
apps em performance dentro de cinco anos.
Para Pedro Rocha, pesquisador da área de
inteligência artificial, os bots, no entanto, não
37
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

CHATBOT SURVEY 2017

ONDE CHATBOTS
TRARÃO MAIS BENEFÍCIOS
67% 96% 92%
Pesquisa conduzida
pela consultoria
MindBowser, em
parceria com o 1 E-COMMERCE
Chatbots Journal,
ouviu 300 líderes consideram que os dos executivos dos executivos escolhem
chatbots vão superar os acreditam que o Facebook Messenger 2 SEGUROS
empresariais
apps em performance chatbots vieram como plataforma favorita
em 5 anos para ficar para construir chatbots
Participaram do estudo 3 ASSISTÊNCIA MÉDICA
executivos de ........................................................................................................................
segmentos variados,
como aviação, 4 VAREJO
ELES CONVERSAM E RESOLVEM POR VOCÊ
marketing, hotelaria, FUNÇÕES É comum ver assistentes pessoais que são robôs ou
educação e MAIS ATENDIMENTO AO CLIENTE E VENDAS/MARKETING
máquinas em obras de ficção, como é o caso dos
BENEFICIADAS 5 HOTELARIA
e-commerce personagens Jarvis, de “Homem de Ferro”, e Rosie, de “Os
Jetsons”. Mas a automação doméstica nunca esteve tão perto
de se tornar realidade. A partir da “conversa” entre bots e
outras interfaces e dispositivos, é possível usar comando de
voz para trancar a casa, ajustar a temperatura, controlar
lâmpadas e outros aparelhos, além de pedir informações
sobre temperatura e notícias.
devem causar a extinção dos apps. “Chatbots são gram o meio escolhido para que o consumidor conta Bruno Ely, CEO da Zaply. Segundo o exe-
ótimos para cenários onde a rapidez é o ponto possa comunicar falta de energia e pedir ligação cutivo, a ideia é que no futuro as compras sejam Tudo isso pode ser feito com os aparelhos Amazon Echo e
crítico, mas existem momentos em que precisa- elétrica, por exemplo. No Skype, o chatbot do finalizadas através do bot, a partir da integração Google Home, por exemplo, que devem ser integrados a um
mos de maior controle na maneira que exibimos pesquisador de passagens aéreas Skyscanner vai com mercados. Para o projeto avançar é preciso smartphone. Eles ainda não são vendidos oficialmente no
o conteúdo”, avalia o especialista. Ele alerta ain- além do texto, exibindo um carrossel com botões, que a tecnologia dê mais alguns passos. O Mes- Brasil, mas têm em comum o fato de usarem a inteligência
da que o avanço dos bots ameaça aplicativos em que o usuário pode criar alerta de preço e senger já conta com uma plataforma nativa de artificial de assistentes pessoais - Alexa e Google Assistant.
baixados para usar só uma vez, já que ações rá- escolher entre opções de voos. pagamento, mas que ainda não chegou ao Brasil. O dispositivo da Amazon pode ser acionado à distância,
pidas poderão ser realizadas através do bot. O chatbot ainda ajuda a entender todas as Enquanto países como a China já estão bastante através de controle remoto com microfone. Também usando
O uso dos chatbots vem sendo discutido em transformações que a tecnologia está promoven- avançados na questão das transações financeiras comando de voz, o Google Home pode iniciar a exibição de
grandes eventos de marketing digital como o do no mundo. Desenvolvido pela Embratel, o através de bot, por aqui poucas empresas - como conteúdo na televisão via Netflix ou YouTube.
Search Marketing Tecnomagia proporciona uma imersão rápida o ShopFácil - oferecem a facilidade.
Expo (SMX) East neste universo, usando conceitos educacionais A segurança é que ainda pode ser uma preo- Outra vantagem dos dois aparelhos é a integração com a Uber,
Plataformas como Messenger e 2017, em Nova York, modernos aliados a elementos de game. cupação dos interessados no assunto. Mas, para disponível nos Estados Unidos. Ao ativar a opção, a assistente
Skype têm exigido que empresas que em outubro levou Além de engajar, explicar e fidelizar clientes, implementar chatbot em plataformas como Mes- virtual da Uber é acionada para dar prosseguimento ao pedido
criem uma política de privacidade ao palco Geoffrey Co- o chatbot pode ser uma oportunidade de negó- senger e Skype, as empresas precisam cumprir do carro, o que demonstra a eficiência da “parceria” entre
antes de implementar o chatbot lon, designer de comu- cio, como é o caso da startup Zaply, criada para exigências, como a criação de uma política de assistentes e bots. Também nos EUA, a Echo permite comprar
nicação e marketing ajudar pessoas a encontrar ofertas em supermer- privacidade, que passa por aprovação para garan- produtos pela internet, com pagamento feito através de um
da Microsoft, para demonstrar o bot do buscador cados da sua região. O bot, ainda em fase beta, tir que dados de usuários não sejam usados de cartão previamente cadastrado.
da marca, o Bing. Com ele, será possível criar funciona no Messenger e já contava com mais maneira indevida. As chances de um ataque
um robô que pode ser acessado através dos re- de 10 mil usuários em mais ou menos quatro hacker, ou a criação de mecanismos para coletar No Brasil, o mais comum é o uso de assistentes pessoais como
sultados de busca por um estabelecimento co- meses. Testado em Porto Alegre, Gramado e São informações pessoais, é basicamente a mesma Google Assistant e Siri no smartphone. Por meio do comando
mercial ou empresa, encurtando o caminho Paulo, a abrangência da Zaply foi ampliada para em apps, e-mails ou em chatbots, o que requer de voz das aplicações é possível realizar tarefas como
entre a marca e o consumidor. mais 300 cidades brasileiras, o que promete ala- atenção dos usuários: “não entre em links de pesquisar contatos. Em outubro, o Google anunciou uma
No Brasil, grandes varejistas como Magazine vancar o crescimento até o fim de 2017. chatbots que você mal conhece”, alerta Pedro solução para pagamentos on-line, junto com uma série de
Luiza já implementaram a tecnologia em canais “É possível aproveitar as novas possibilidades Rocha. Além disso, as plataformas determinam parceiros que incluem iFood, Hotel Urbano e Magazine Luiza, o
como Facebook Messenger. Na Companhia para criar relacionamento um para um, persona- regras para que os bots não enviem muitas men- que pode agilizar compras iniciadas com ajuda da assistente.
Energética de Minas Gerais (Cemig) foi o Tele- lizando o atendimento de forma automatizada”, sagens seguidas, caracterizando spam.

38 39
CLOUD COMPUTING
AC/DC:
ANTES E DEPOIS
DA CLOUD
Computação em nuvem marca transição entre o modelo do
“construir” para o do “consumir” na tecnologia da informação
A
computação em nuvem deve fechar 2017
registrando crescimento. A Gartner pre-
vê que, apenas no Brasil, o investimento
em cloud computing vai superar a mar-
ca dos US$ 4,5 bilhões—e a tendência é de
alta. Para 2020, a mesma consultoria vê o
número chegar a US$ 20 bilhões. A onda é
mundial: os gastos globais previstos para 2017
superam em 18% os do ano passado, chegan-
do perto dos US$ 250 bilhões. Os valores
expressivos são justificados pelos claros be-
nefícios trazidos pela adoção da tecnologia.
Ela traz agilidade, praticidade e custos que
cabem no orçamento de empresas de diferen-
tes tamanhos.
Com essa transição, se desenha um mundo
diferente no campo da TI. É o que a consul-
toria McKinsey chamou de mudança do
“construir” para o “consumir” como modelo
para equipes de TI. Uma comparação entre
investimentos em 2015 e 2018 mostra que o
interesse pelo desenvolvimento de sistemas
tradicionais de infraestrutura vem caindo. Por
40
CLOUD COMPUTING
outro lado, a empresa prevê crescimento em
Investimento áreas de infraestrutura como serviço (IaaS)
em cloud ou nuvens privadas. “Embora o custo seja mui-
computing tas vezes percebido como o principal motor
no Brasil deve dessa mudança, nossa pesquisa mostra que
superar a marca os benefícios em tempo de mercado (time to
dos US$ 4,5 market) e qualidade estão direcionando a acei-
bilhões em tação da nuvem”, afirma a McKinkey em seu
2017. Serão relatório. A transição é, portanto, de uma
US$ 20 bilhões era do hardware, do “construir”, para a era
em 2020 do software, do “consumir”.
Um dos temas centrais desse modelo e que
causa grande atração é a flexibilidade. As so-
luções de computação em nuvem diferem de
outras tradicionais por um motivo: permitem
a contratação de produtos personalizados de
acordo com a necessidade, porte e outras ca-
racterísticas do negócio. Quem contrata ser-
viços na nuvem tem maleabilidade para deci-
sões sobre a quantidade de processamento de
dados necessários, as características de segu-
rança adequadas, mobilidade, escalabilidade,
entre outras.
41
CLOUD COMPUTING
As necessidades das empresas não são
iguais — e a oferta de produtos em cloud ofe-
rece soluções certas para problemas variados.
Se o lançamento de um produto está para
ocorrer, por exemplo, basta contratar mais
espaço e processamento na nuvem. O momen-
to de necessidade era apenas passageiro? Sem
problemas, assim como é possível aumentar
a contratação, a empresa pode escolher por
retrair a sua deman-
da sem grande com-
plexidade.
94% dos empresários que O levantamento
adotam soluções relacionadas da McKinsey mostra
à nuvem percebem aumento que essa transição
em sua segurança digital para a nuvem é am-
pla, atingindo desde
grandes empresas até pequenos e médios ne-
gócios. É claro que as soluções escolhidas e
o investimento realizado pelas companhias
são diferentes, dependendo do seu porte. O
que a consultoria enxerga, no entanto, é que
mesmo as organizações médias ou PMEs pas-
sam por essa mudança com a contratação de
infraestrutura como serviço, nuvem privada,
entre outras coisas.
42
A nuvem é a promessa de fim do tempo
ocioso. Uma companhia não paga pela ener-
gia elétrica que não consumiu. A contrata-
ção de poder de processamento ou de outros
serviços depende da demanda. A flexibili-
dade de aumento ou retração no serviço
contratado deixa o orçamento mais eficien-
te. Foi exatamente essa uma das respostas
de profissionais questionados sobre os im-
pactos do cloud em suas empresas. A pes-
quisa McKinsey foi conduzida pela IDG
Enterprise com mais de 1.600 profissionais,
que citavam diminuição nos custos e na
complexidade da área de TI de suas organi-
zações. Por outro lado, entre as caracterís-
ticas em alta, os entrevistados citaram prin-
cipalmente agilidade da área de TI (63%),
inovação da área de TI (61%) e acesso a
dados e aplicações cruciais em seus merca-
dos (58%).
De acordo com a McKinsey, os principais freios
na hora de adotar soluções em nuvem são segu-
rança e compliance. Mas na verdade não deveria
haver tanta preocupação com esses tópicos.
Uma pesquisa realizada pela RapidScale
verificou que 94% dos empresários que imple-
mentaram soluções relacionadas à nuvem
estavam percebendo um aumento em sua se-
gurança digital. Mais da metade dos entrevis-
tados (56%) disseram que recorriam ao cloud
para armazenamento e segurança de arquivos
e dados confidenciais.
Além disso, muitas provedoras de serviços em
cloud oferecem ferramentas de segurança com
uma cópia de segurança na nuvem, como é o
caso do Backup Online, da Embratel. Essa cópia
é essencial nos casos recentes das pragas virtuais
“ransomware”, que sequestram o computador e
exigem resgate em moedas virtuais. Empresas
de segurança digital alertam para o aumento de
ataques dessa modalidade nos últimos tempos.
Outro benefício é a chegada de ferramentas
que antes estavam indisponíveis para alguns ne-
gócios. A consultoria Forrester Research diz que
soluções na nuvem “devem ser ‘top of mind’ para
empresas que querem entregar ideias de negócios
aprofundadas e diferenciadas”. Cloud computing
é uma solução para problemas modernos.
Um dos benefícios que a computação em
nuvem traz é a liberdade para que os funcio-
nários trabalhem de qualquer lugar. Com as
comunicações em cloud, um colaborador
CLOUD COMPUTING
pode, por exemplo, transferir o ramal do es-
critório facilmente para o seu celular, conti-
nuando uma reunião por conferência, mesmo
estando em movimento. Esse é o caso da so-
lução de Comunicações Unificadas da Em-
bratel, por exemplo.
Integrações com a nuvem devem fazer
cada vez mais parte das empresas de qual-
quer setor. A Gartner prevê que, em 2020,
empresas que não tiverem integração com
serviços cloud serão tão raras quanto empre-
sas com políticas “anti-internet” no mundo
de hoje. “A nuvem será cada vez mais a opção
padrão para a implantação de software”, es-
creveu o vice-presidente de pesquisas da
Gartner, Jeffrey Mann.
Os impactos da cloud se acumulam e
estão longe de se esgotar. A Gartner vê
decisões relacionadas, direta ou indireta-
mente à computação em nuvem, influen-
ciando o investimento de mais de um US$
1 trilhão até 2020 em assuntos relaciona-
dos à TI. “Estratégias de cloud-first são a
fundação para continuar se mantendo re-
levante em um mundo de ritmo tão ace-
lerado”, concluiu a consultoria.
43
CLOUD COMPUTING
CASO E-FRETE:
COMO A TECNOLOGIA
APOIA O SURGIMENTO
DE NOVOS NEGÓCIOS
Empresas colhem os benefícios de terem
seus serviços em computação na nuvem
2
017 marcou o aniversário de 10 anos
de um lançamento revolucionário: o
smartphone. Há uma década, a Apple
apresentava o iPhone, dispositivo que,
além de revolucionar o universo dos celulares,
mudou a forma de comunicar, consumir entrete-
nimento e fazer compras. Um exemplo clássico
da capacidade de disrupção de inovações tecno-
lógicas, que criam ou redesenham produtos,
abrindo mercados inéditos. Com uma maneira
mais simples e produtiva de gerenciar e armazenar
dados, o cloud computing é visto por especialistas
como uma inovação com essa capacidade revolu-
cionária de gerar novos negócios e oportunidades.
A vice-presidente da consultoria Gartner,
Donna Scott, afirmou, em relatório recente da
empresa de pesquisa, que atuar com compu-
tação na nuvem é indispensável para as com-
panhias, não importa o tamanho delas, caso
queiram ser ou se manter relevantes na era
digital, marcada pela necessidade de velocida-
de e agilidade. “Ter uma estratégia de cloud
permite que você atinja rapidamente os seus
44
objetivos e com menos atrasos, acelerando as-
sim a chegada dos melhores resultados comer-
ciais”, garante a executiva.
O Brasil é um dos polos de investimento em
cloud, segundo estudo recente da americana Dell.
Diversas empresas brasileiras já se atentaram para
essas oportunidades,
migrando seus antigos
e custosos data centers “Ter uma estratégia de cloud
para serviços de com- permite que você atinja rapidamente
putação na nuvem. seus objetivos” – Donna Scott,
Muitas delas, inclusi- vice-presidente da Gartner
ve, já nasceram dentro
de um ambiente que desconsidera a necessidade
de ter uma infraestrutura física própria.
Entre as organizações brasileiras que deci-
diram apostar no cloud, está o Sistema
e-FRETE, que utiliza os serviços da Embratel
em computação na nuvem. Inicialmente volta-
da para contratação de terceiros para o trans-
porte rodoviário e serviços relacionados a essa
atividade, a empresa desenvolveu um sistema
de pagamento eletrônico no negócio de fretes.
Diariamente, a empresa administra mais de
3 mil pagamentos. Para processar toda essa in-
formação, é utilizada a tecnologia de armazena-
mento na nuvem. A solução resolveu o problema
de ter que investir repetidamente em TI para
acompanhar o crescimento das transações, pro-
porcionando flexibilidade para expandir (ou
mesmo reduzir) os serviços. “Temos uma deman-
da flutuante, então faz muito mais sentido que
a nossa TI também seja flutuante”, diz Ivan Gil-
berto Ponciano, sócio-diretor da e-FRETE.
O contratante usufrui de uma operação ágil
e segura, além de um sistema de pagamentos
informatizado. O envio de documentos da car-
ga é simples e rápido. Os caminhoneiros tam-
bém sentem as vantagens. Por meio de um
aplicativo, eles recebem os pagamentos dos
fretes diretamente em conta. Com o crédito
acumulado, é possível comprar e pagar com o
próprio app. O benefício ajuda quem viaja pelo
interior do país, onde nem sempre é fácil en-
contrar um caixa eletrônico.
95% das transações da e-FRETE são feitas
CLOUD COMPUTING
via celular, totalizando cerca de R$5 milhões
diários em pagamentos, feitos por mais de 200
mil usuários. “A operação ficou mais rápida,
limpa e barata”, conclui Ivan.
PARCEIRA NA CLOUD
A Embratel é uma das grandes fornecedoras
de soluções de cloud no Brasil, atendendo mais
de 60 mil clientes, como a NET, maior opera-
dora de TV por assinatura do Brasil, e o Gru-
po Serttel, que atua
com mobilidade e
tecnologia. A empre- “A operação ficou mais rápida, limpa
sa disponibiliza para e barata” - Ivan Gilberto Ponciano,
parceiros de todos os sócio-diretor do Sistema e-FRETE
tamanhos o seu servi-
ço de ponta em computação na nuvem.
Entre os diferenciais da Embratel, estão a
abrangência nacional, que proporciona maior
velocidade e menor latência, e a segurança,
referendada por uma rede protegida contra ata-
ques e intrusão. O data center e toda a infra-
estrutura da empresa também são próprios.
45
CDN
NA TERRA
DA INTERNET,
O VÍDEO É O REI
Vídeos avançam rapidamente na dominação do tráfego online, gerando
a necessidade de tecnologias capazes de suportar essa demanda
V
ídeos têm uma capacidade única de
transmitir informações com objeti-
vidade e rapidez. São facilmente
compartilháveis e podem ser assis-
tidos de qualquer plataforma, incluindo os smar-
tphones. Para completar, ainda são capazes de
condensar mensagens com eficiência – uma
análise da empresa de pesquisa Forrester estima
que um minuto de vídeo é equivalente, em ca-
pacidade informativa, a 1,8 milhão de palavras.
Por conta de tudo isso, não é à toa que esse
tipo de conteúdo vem avançando avassalado-
ramente a cada ano rumo ao protagonismo na
web. Em 2021, segundo um levantamento da
Cisco, ele representará 82% de todo o tráfego
da internet, contra 73% em 2016. Recuando
um pouco mais, exatamente para julho de
2013, é impressionante notar que os vídeos
representavam apenas 15% do total, como
apontou o estudo Ooyala Global Video Index.
Apenas 18 meses depois, em janeiro de 2015,
a porcentagem triplicava para 45%.
A demanda por vídeos que pudessem ser
assistidos a qualquer hora, de acordo com o
46
desejo e a necessidade do consumidor não é
nova, mas esbarrava nos impedimentos tecno-
lógicos. Prova disso está nos anos 1980, quan-
do os videocassetes se espalharam pelo mundo.
Quando a tecnologia evoluiu, esses dispositivos
(hoje pré-históricos) foram superados pelos
DVDs e, alguns anos depois, pela era do vídeo
on demand (VOD). O comando nunca esteve
tão na mão de quem está do lado de cá da tela.
A tecnologia permitiu ainda o fenômeno do
Broadcast Yourself, onde crianças sonham, sem
cara feia dos pais, com a profissão youtuber. Na
era em que cada um pode ter e ser a sua própria
emissora de TV, outro sintoma da força dos ví-
deos é a facilidade que cada um de nós tem para
transmitir ao vivo no Instagram e Facebook.
O já citado estudo da Cisco indica que, en-
tre 2016 e 2021, o uso de banda de internet
especificamente para a transmissão de vídeos
ao vivo crescerá 15 vezes, alcançando 13% de
todo o tráfego da web no mundo.
Toda essa força inegável dos vídeos traz
oportunidades de negócios, mas também exige
uma infraestrutura tecnológica que dê suporte
para gerar e transmitir arquivos com qualidade
e velocidade crescentes. Esta é uma demanda
Quem entrega de mercado. Quem entrega vídeos pesados, ou
vídeos pesados que demoram demais para carregar, vai perder
acaba perdendo clientes para a concorrência.
clientes para a “Os usuários de hoje não toleram uma expe-
concorrência riência ruim ao assistir um vídeo online e logo os
abandonam, gerando perda significativa de trá-
fego e, consequentemente, receita para o prove-
dor de conteúdo”, pontua Mário Rachid, Diretor
Executivo de Soluções Digitais da Embratel.
A melhor solução está nas redes de distri-
buição de conteúdo (Content Delivery Ne-
twork, em inglês). Entre 2016 e 2021, segundo
a previsão da Cisco, seu uso vai quase dobrar
e alcançar 71% de todo o tráfego da internet,
o que vai gerar em dados o equivalente a 7,2
bilhões de DVDs por mês.
CLOUD VIDEO DELIVERY
A Embratel tem uma solução exclusiva para a
distribuição de vídeos na internet, ideal para
os segmentos de comunicação (TVs, portais de
Internet, provedores de vídeo on-demand),
CDN
educação (instituições de ensino à distância)
e provedores de serviços de streaming.Trata-se
Vídeos devem do Cloud Video Delivery.
representar 82% Funciona do seguinte modo: réplicas dos
de todo o tráfego vídeos são mantidas em servidores distribuídos
da web até 2021 em diferentes lugares. Assim, fica garantida a
entrega mais rápida, graças à redução do ca-
minho percorrido entre o usuário e o vídeo na
rede. Isso garante que o conteúdo seja distri-
buído com agilidade e a satisfação do usuário.
A solução tem vantagens como a capilari-
dade – garantida pelos 19 servidores da Em-
bratel distribuídos de acordo com as regiões
de maior concentração de tráfego – e a redu-
ção de custos, já que uma carga mais bem
distribuída demanda menor uso de banda.
Sendo exclusivo para vídeo, o Cloud Video
Delivery ainda evita a concorrência com do-
wnloads de softwares e páginas.
“Por termos a visibilidade de rede fim a fim,
contamos com pontos de distribuição posicio-
nados estrategicamente nas áreas onde se
concentra 97,6% do tráfego de internet nacio-
nal”, finaliza Mário Rachid.
47
BIG DATA
REVOLUÇÃO DOS
DADOS NA SAÚDE
Pílula que coleta informações do organismo e outras inovações
prometem mais eficiência no uso de recursos na medicina
O
Big Data vem mudando a forma como
as empresas interagem com o consu-
midor. Com base em variáveis com-
portamentais já é possível determinar
qual tipo de automóvel terá mais chances de
conquistar compradores, por exemplo. Mas
para além do aspecto comercial, a ciência de
dados também avança em outros setores com
grande impacto em nosso dia a dia, como a
saúde. Uma revolução inclusive está em curso
na medicina, por conta do machine learning e
sua capacidade de produzir modelos de apren-
dizagem para as máquinas.
O uso inteligente dos dados avança em todo
o mundo. A Universidade de Stanford (EUA),
em conjunto com o Houston Methodist Rese-
arch Institute, descobriu uma conexão entre o
uso de antiácidos e ataques cardíacos. De acor-
do com os resultados obtidos por meio do Big
Data, esse tipo de medicamento pode aumen-
tar em até 16% as ocorrências no coração. A
conclusão se baseou em evidências extraídas
do cruzamento de 16 milhões de documentos
clínicos de quase três milhões de pacientes.
A Propeller Health integra grupo das star-
tups autodenominadas como ‘digital therapeu-
tics’. O termo refere-se a métodos que lançam
mão da tecnologia para potencializar tratamen-
tos preventivos e, consequentemente, diminuir
o uso de medicamentos.
A ideia da empresa, voltada aos asmáticos,
funciona da seguinte forma: o paciente conec-
ta um pequeno sensor com GPS ao seu inalador
(a chamada ‘bombinha) e baixa um aplicativo
no smartphone. Uma vez acionado, o inalador
48
transmite ao app informações sobre a utilização
do medicamento: local, data, hora, volume con-
sumido e prováveis gatilhos de crise.
Os gatilhos são listados com base nas con-
dições ambientais. Uma vez conectado ao
serviço de inteligência climática, o sistema
mapeia a presença de pólen, umidade relativa
do ar, nível de poluição entre outros. À medi-
da que coleta dados, o programa gera insights
em tempo real e dicas de prevenção. O rela-
tório também aponta evidências que permi-
tem ao médico perso-
nalizar o tratamento.
A empresa afirma Em 2021, a produtividade em
que seu produto pode organizações de saúde vai aumentar
diminuir em até 50% em até 20% com a adoção da
o número de ataques tecnologia cognitiva
de asmas.
PÍLULA DIGITAL JÁ É REALIDADE
Recentemente, o setor de saúde deu um gran-
de passo com a aprovação da pílula digital pelo
regulador norte-americano, a FDA. O Abilify
MyCite é a versão tecnológica do aripiprazol,
droga usada para o tratamento da esquizofre-
nia, de episódios agudos de mania e ocorrên-
cias associadas à doença bipolar.
Embutido no comprimido, o sensor ingerível
entra em funcionamento quando em contato
com o suco gástrico, transmitindo data e hora
de sua ativação. Porém, para que a ‘mágica’
aconteça, é preciso que o indivíduo utilize um
pequeno adesivo colado ao corpo.
O objetivo da pílula digital é monitorar o uso
do medicamento e antecipar possíveis crises em
decorrência do abandono da droga. Dados e aler-
tas são acessados via smartphone ou computador
por paciente, médicos e familiares – desde que
haja autorização prévia dos envolvidos.
IMPACTO ECONÔMICO
Se a pílula digital realmente conseguir poten-
cializar a aderência aos tratamentos medica-
mentosos, os cofres públicos americanos de-
vem economizar uma fortuna. Especialistas
estimam que o uso negligente da medicação
prescrita custa cerca de US$ 100 bilhões por
ano ao governo. A descontinuidade terapêutica
gera mais casos de emergências e internações,
impactando toda a cadeia de atendimento.
De acordo com dados estatísticos divulgados
pela Mckinsey, o potencial de largada das no-
vas tecnologias para a economia americana
seria a redução em 17% do total gasto com
saúde pública.
O setor hospitalar está especialmente aten-
to às facilidades tecnológicas. Quatro unidades
do Assistance Publique-Hôpitaux de Paris evi-
tam o desperdício de dinheiro ao escalar suas
equipes apoiadas na análise de dados. É pos-
sível determinar quantos funcionários devem
BIG DATA
trabalhar em cada setor durante o plantão com
base na demanda dos últimos dez anos.
Outros recursos causarão impacto em hos-
pitais e centros médicos, uma vez que o mun-
do caminha para a digitalização e integração
dos registros. Europa e EUA já adotam massi-
vamente o Electronic Health Record (EHR).
Além do potencial preditivo gigantesco que o
prontuário eletrônico deve gerar em alguns
anos, o registro centralizado tende a reduzir o
tempo das consultas, aumentar a produtivida-
de das atividades mé-
dicas e evitar que
pacientes refaçam Estimativa é que novas tecnologias
exames ainda válidos. reduzam em 17% os gastos com
De acordo com re- saúde pública nos EUA
cente estudo do In-
ternational Data Corporation (IDC), a medi-
cina verá a influência das máquinas aumentar
rapidamente no futuro próximo. Em 2021,
organizações de saúde alcançarão entre 15% e
20% mais produtividade por meio da adoção
da tecnologia cognitiva e, em três anos, 25%
dos dados coletados em consultas, exames e
internações serão compartilhados com siste-
mas interligados de saúde e o próprio paciente.
49
BIGDATA
APOSTA NOS “5 VS”
Integrar os pilares volume, velocidade, variedade, veracidade e valor
é fundamental para um Big Data que gere não só dados, mas negócios
A
pesar da importância inegável
do Big Data para os negócios,
ainda há uma série de oportu-
nidades inexploradas pelas
empresas, principalmente pela falta de
uma estratégia de trabalho adequada.
Um levantamento da Hewlett Packard
Entreprise revelou que 56% das orga-
nizações não sabem explorar o recurso.
Deste modo, as empresas precisam
antes de tudo investir no Big Data da
maneira certa, obtendo assim resulta-
dos positivos. E os estudos têm apon-
tado que ele é alcançado quando se
aposta na interação dos pilares conhe-
cidos como “5 Vs”: volume, velocidade,
variedade, veracidade e valor.
Quando se fala em volume é preciso
considerar um acúmulo de dados cada
vez maior, o que antes era considerado
grande se torna pequeno com o avanço
do tempo. Não é à toa que se fala cada
vez mais em zettabytes. O segundo V,
o de velocidade, se debruça sobre a
necessidade de se levantar e analisar
informações com rapidez, sob pena de
elas ficarem obsoletas. Sem falar na
vantagem competitiva de saber antes
do seu concorrente.
50
Já o pilar variedade marca o desafio
de se lidar com informações vindas de
diferentes fontes, especialmente no
terreno das redes sociais, que ainda por
cima é um ambiente fragmentado. Na
sequência, a veracidade pede um Big
Data com dados confiáveis e relevantes
ao negócio em que está sendo aplicado.
Por fim, os empresários e gestores
devem buscar informações que notada-
mente gerem valor para os seus negócios.
Acumular dados sem aplicação prática
só vai gerar custos desnecessários.
VISÃO 360
Para Samir Palma, professor de Big
Data da pós-graduação da Escola Su-
perior de Propaganda e Marketing
(ESPM), é fundamental que as empre-
sas abracem a ferramenta de forma
corporativa, não departamental.
“É o tipo de modelo que só faz sen-
tido se tiver a participação de todas as
áreas, não apenas do departamento de
tecnologia e analytics, como costuma
acontecer. Todas as áreas de uma em-
presa, de finanças ao marketing, de-
vem ser integradas ao Big Data”, alerta
Samir, que completa dizendo que essa
integração “vai proporcionar uma visão
360 graus do negócio, não apenas de
um setor isolado”.
O especialista recomenda ainda
que as empresas invistam no Big Data
com um objetivo claro. Entendendo,
por exemplo, como o cliente está in-
teragindo com os canais de comuni-
cação da companhia e como essas
informações são usadas para a geração
de novos negócios.
Na sequência, é preciso mapear
quais são os dados envolvidos. Saber
se eles já fazem parte da corporação,
se estão estruturados ou dispersos. A
tecnologia precisa interpretar não ape- Esta revista apresentada pela
nas números, mas também dados ge-
rados em mensagens de texto e conver- Embratel foi produzida pelo
sas gravadas de callcenter. GLAB, estúdio de conteúdo
Esses primeiros passos já vão ajudar,
segundo o professor da ESPM, a dese-
da Infoglobo, Valor
nhar a solução. No entanto, o especia- Econômico, Editora Globo e
lista alerta: “Esses projetos de Big Data Edições Globo Condé Nast.
têm de ser feitos de forma rápida para
não perder o timing. Se tiver de errar,
que o erro seja identificado logo e cor- Cria, conecta e entrega.
rigido para não encarecer demais o
projeto. O importante é saber o que se
pretende com o Big Data”. glab.globo.com